Edição 40 Do Brasil de Fato MG

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Uma visão popular do Brasil e do mundo Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014| ano 1 | edição 40| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg CIDADES CIDADES MINAS MINAS MINAS 4 4 6 5 7 Reinados da abolição Suco de caixinha é bom pra saúde? Empresas são “Donas do Congresso” Ciganos terão casa fixa Greve continua em BH Há 70 anos, Reinado Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, no bairro Concórdia, festeja a aboli- ção da escravidão. Na missa conga, a igreja também ecoa o tambor Teste prova que as caixinhas não têm frutas suficientes. A dica é pre- ferir o suco natural e, para mudar o hábito das crianças, toda a família tem que entrar na “onda” Site mostra de onde vem o dinheiro usado nas campanhas eleitorais. Empresas “escolhem a música” na política, diz fundador da página Secretaria de Patrimônio se comprometeu, em audiência pública, a garantir o direito ao territó- rio onde 85 famílias ciganas vivem há 30 anos “Todos deveriam receber mais” . Garis contrata- dos pela prefeitura (SLU) denunciam condições de trabalho ainda piores que as dos terceirizados Diante de proposta de conceder metade do reajuste reivindicado - e em duas parcelas - os servido- res públicos de Belo Horizonte votaram pela continuidade da paralisação. Em entrevista, na pági- na 9, presidente do Sindicato denuncia que a PBH usa a Justiça para impedir o direito de greve CULTURA 14 Edição

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Edição 40 do Jornal Brasil de Fato

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Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014| ano 1 | edição 40| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg

CIDADES

CIDADES MINAS

MINAS

MINAS

4

4 6

5

7

Reinados da abolição

Suco de caixinha é bom pra saúde?

Empresas são “Donas do Congresso”

Ciganos terãocasa fixa

Greve continua em BH

Há 70 anos, Reinado Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, no bairro Concórdia, festeja a aboli-ção da escravidão. Na missa conga, a igreja também ecoa o tambor

Teste prova que as caixinhas não têm frutas suficientes. A dica é pre-ferir o suco natural e, para mudar o hábito das crianças, toda a família tem que entrar na “onda”

Site mostra de onde vem o dinheiro usado nas campanhas eleitorais. Empresas “escolhem a música” na política, diz fundador da página

Secretaria de Patrimônio se comprometeu, em audiência pública, a garantir o direito ao territó-rio onde 85 famílias ciganas vivem há 30 anos

“Todos deveriam receber mais”. Garis contrata-dos pela prefeitura (SLU) denunciam condições de trabalho ainda piores que as dos terceirizados

Diante de proposta de conceder metade do reajuste reivindicado - e em duas parcelas - os servido-res públicos de Belo Horizonte votaram pela continuidade da paralisação. Em entrevista, na pági-na 9, presidente do Sindicato denuncia que a PBH usa a Justiça para impedir o direito de greve

CULTURA14

Edição

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Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014OPINIÃO2

jo manifestado pela Fifa. As falcatruas da Fifa, seus es-

quemas de propinas e corrup-ção, documentados em programa jornalísticos em redes de TV co-mo a BBC de Londres e em livros publicados em inúmeros países, contou sempre com o coniven-te silêncio mídia do Brasil. Não é mais segredo a troca de favo-

res e acordos espúrios feitos en-tre a Rede Globo e os “donos” do futebol brasileiro João Havelange e Ricardo Teixeira.

Colunistas dos grandes jornais não hesitam em expressar suas expectativas em torno do fracasso da Copa. Não escondem que de-sejam emplacar candidatos que representem o arrocho, o neoli-beralismo e o entreguismo ao ca-pital internacional.

As lutas populares que devem ocorrer durante a Copa, em sua maioria, são justas e necessárias. Diferentes segmentos sociais in-justiçados e desassistidos de po-líticas públicas querem aprovei-tar o período para ganhar força em suas lutas por direitos.

A atuação dos movimentos po-pulares é uma demonstração do fortalecimento da democracia de um país. É saudável que as ban-deiras vermelhas e os rostos sem máscaras voltem a ocupar as ru-as. As manifestações populares estiveram sempre presentes nas lutas que promoveram conquis-tas que beneficiam o povo brasi-leiro.

Já os que se restringem ao slo-gan “Não vai ter Copa” são tão fu-gazes quanto a duração do tor-neio mundial. Ou alguém imagi-na que continuarão saindo às ru-as para fortalecer as lutas em de-fesa da saúde e educação públi-ca?

As greves se espalham pelo Brasil. Servidores públicos, rodo-viários, garis, professores, traba-lhadores da saúde. Sejam os pa-trões empresários ou os gover-nantes do Estado, uma caracte-rística comum a todas elas é a ju-dicialização, ou seja, os patrões não negociam e recorrem à Jus-tiça.

Desde 2007, o número de gre-ves aumenta progressivamente. Saltamos de cerca de 300 greves ao ano para 873 em 2013. As ra-zões são o crescimento econômi-co e os baixos índices de desem-prego, que aumentam o ânimo e diminuem os medos dos traba-lhadores para a luta.

A greve dos servidores públi-cos municipais de Belo Horizon-te inserem-se nesse contexto. E as ações da PBH para intimidar o

movimento e tentar vencê-lo por ações judiciais são típicas de go-vernantes aliados ao projeto neo-liberal de Marcio Lacerda (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

Foram três as principais medi-das judiciais para sufocar o mo-vimento: primeiro, ação liminar impediu que as manifestações que contam com cerca de 5 mil servidores ocupem mais de um terço das faixas das avenidas, sob multa de R$ 15 mil por faixa ocu-pada; segundo, ação do Tribunal Regional do Trabalho proibiu os trabalhadores da limpeza urba-na de interromperem os cami-nhões de coleta do lixo urbano, sob multa de R$ 5 mil por hora; terceiro, liminar obrigou os servi-ços de saúde a funcionarem com escalas de 50 e 70% dos trabalha-dores, sob pena de multa de R$ 20 mil por dia por serviço de saúde e categoria que não cumpra os ín-

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Fotógrafa: Ana Beatriz Noronha. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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editorial | Minas Gerais

Vai ter CopaGreves e Judiciário

Festas de torcedores de clubes fecham o trânsito,

mas trabalhadores em greve são impedidos

É saudável que as bandeiras vermelhas e os rostos sem máscaras voltem a ocupar

as ruas

editorial | Brasil

dices.Cabe ao povo mineiro refletir:

festas de torcedores de clubes fe-cham o trânsito, mas trabalhado-res em greve são impedidos; os garis efetivos e concursados tra-balham com salários mínimos e recebem menos que os garis ter-ceirizados, mas não podem sair da invisibilidade de seu trabalho; os trabalhadores da saúde preci-sam garantir escalas, mas a pró-pria PBH não garante o número suficiente de médicos, agentes de saúde e profissionais de enferma-gem nos Centros de Saúde, UPAS e Hospital Odilon Behrens.

O compromisso da justiça pa-rece ser mais com os que estão no poder do que com os que lutam. Restam aos trabalhadores a cria-tividade e a força para romper es-sas barreiras e manter viva a lu-ta social. E reforçar a necessida-de de união de forças em torno de uma Constituinte Exclusiva e So-berana para mudar o sistema po-lítico brasileiro e democratizar o poder judiciário.

A poucos dias da abertura da Copa do Mundo de futebol, segue quente o debate sobre as vanta-gens e desvantagens da realiza-ção do maior evento esportivo no Brasil.

A grande imprensa dá demons-trações de jogar pelo fracasso do evento. Com isso, quer resulta-dos eleitorais favoráveis aos par-tidos alinhados aos seus interes-ses. Chegou a apostar que as gi-gantescas mobilizações popula-res do ano passado se repetissem às vésperas da Copa. Não hesi-tou em condenar a repressão po-licial contra protestos, desde que tivessem o carimbo de ser contra a Copa e o governo federal.

Todas as vezes (poucas vezes!) que o governo federal, em defesa dos interesses do país, ousou en-frentar o poderio da Fifa, esta en-controu na mídia um forte aliado. A dobradinha revista Veja e Re-de Globo foi atuante em repercu-tir uma denúncia claramente for-jada contra Orlando Silva, então Ministro dos Esportes. A impren-sa derrubou o ministro, um dese-

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de uma denúncia anôni-ma feita à Prefeitura de Be-lo Horizonte, que encami-nhou representação ao Mi-nistério Público de Minas Gerais. Posteriormente, a investigação teve a coope-ração da PBH e da Polícia Militar, e resultou nas ope-rações Reset e Jardim do Éden, que seguem em an-damento.

PERGUNTA DA SEMANA

Quais as suas expectativas para a Copa do Mundo?

Minha expectativa é a me-lhor possível. Eu vejo as me-lhorias que estão sendo fei-tas hoje, em termos de in-fraestrutura, e que era pra serem feitas 20 anos atrás. São coisas que geram mui-to emprego e que ficam. A ideia agora é dar continui-dade às melhorias

Roberto Durães, trabalha em reciclagem e outros serviços

A Copa do Mundo está a 13 dias de começar, com o jogo de abertura marcado para São Paulo, entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho. Entre prós e contras, dá pra notar que os canais de televisão e os grandes jornais resolveram não fortalecer a torcida pela seleção neste ano.

O Brasil de Fato MG foi às ruas e perguntou:

Elisabeth Candido Pires, agente administrativa

FRAUDE Operação do Ministério Público terminou com quatro presos

Funcionários de confiança da Prefeitura são investigados pelo desvio de R$ 2,2 milhões

Não Move: site reúne reclamações do transporte público em BH

Da redação

Nesta terça-feira (27) o Ministério Público de Mi-nas Gerais realizou as ope-rações “Reset” e “Jardim do Éden”, que recolheu provas e prendeu quatro funcio-nários de confiança da Pre-feitura de Belo Horizonte. Eles e outros são suspeitos de desviar R$ 2,2 milhões do cofre municipal, através de fraude na folha de pa-gamento dos servidores da prefeitura e da liberação de verba para serviço não rea-lizado em parques munici-pais.

Quatro dos funcioná-rios de confiança envolvi-dos com o caso - Cláudio de Morais Bellardini, Giovanni Douglas da Silva Souza, Rita de Cássia Maria do Carmo e Soraia Dalmázio Machado - todos do setor de pagamen-to de pessoal, foram demiti-dos de seus cargos pela Pre-feitura na quarta-feira (28).

A investigação nasceu

Portal Minas Livre

Lançado em abril, o si-te “Não Move” é um exem-plo de denúncia popular que está ganhando adeptos na internet. A página reúne reclamações de usuários do transporte coletivo de Belo Horizonte e as transforma em estatística. Até hoje já fo-ram mais de 50 mil acessos e quase mil reclamações.

“O Não Move tem recebi-do um apoio muito grande da população. O site cresceu sem nenhum investimen-to financeiro e tem atraído pessoas com problemas se-melhantes. O projeto é mo-vido pela insatisfação dos usuários”, explica o funda-dor do site, Luiz Felipe Pe-done.

Pedone acredita que o site pode ajudar a resolver pro-blemas do transporte pú-blico na capital, desde que a prefeitura esteja dispos-ta a ouvir a população. Ele

Particularmente, expectati-va de vitória ou derrota, eu não tenho. Minha expecta-tiva maior é a possibilidade de contaminação vinda do exterior. Eu temo por acon-tecer isso, já que o Brasil não tem um combate cer-to aos vírus. É o mundo que está vindo pra cá.

destaca que o papel do si-te é importante, pois expõe de forma clara e contabiliza o que as pessoas sempre re-clamavam. “Estamos cons-truindo números com a in-satisfação da população: is-so dá transparência ao pro-blema e torna a população ciente”, avalia.

Ele conta que a ideia sur-giu quando ele teve que es-perar cerca de uma hora pa-ra pegar o ônibus para vol-tar para casa. Ao comentar a demora com outro usuá-rio e afirmar que eles deve-riam reclamar na BHTrans, ele recebeu a resposta de que “não dava em nada”. “Aí pensei: que tal criar um si-te onde as reclamações são públicas? Cheguei em casa, criei o site e coloquei no ar”, relata. Ele explica que o no-me “Não Move” é uma brin-cadeira com o nome oficial do BRT e uma crítica aos problemas de mobilidade urbana da capital.

Cargos de confiançaDe acordo com o artigo

37 da Constituição Fede-ral, os cargos de comissões são aqueles indicados pe-los gestores públicos, ou se-ja, não dependem de con-curso. Neste caso, os quatro suspeitos foram escolhidos e nomeados por Marcio La-cerda. O Sindicato dos Ser-vidores Públicos Municipais (Sindibel) destaca, em nota,

4100: a campeãCom pouco mais de um

mês de vida, o site já tem uma linha campeã de recla-mações: a 4100, que foi al-vo de 43 queixas. Logo em seguida vem a linha 2004 e o metrô. O principal moti-vo de reclamação é o des-respeito com usuários, vin-do depois a superlotação e o atraso.

Por meio de sua assesso-ria de imprensa, a Bhtrans informou que tem seus ca-nais para reclamação, que são o telefone 156, o portal do órgão, além do BH Re-solve e da sede da empre-sa. De acordo com o órgão todas as reclamações feitas nesses canais são respon-didas. A assessoria de im-prensa reforçou, ainda, que as reclamações postadas no site Não Move não chegam à BHTrans e, portanto, não são conhecidas e nem res-pondidas.

Reset: desvio de dinheiro do pagamentoOs funcionários que faziam o pagamento dos demais

servidores alteraram o valor repassado ao Banco do Brasil. Assim, conseguiam transferir dinheiro para suas contas pessoais. A auditoria da Prefeitura identificou, até o mo-mento, o desvio de R$ 556 mil. Quatro funcionários envol-vidos estão presos temporariamente.Jardim do Éden: contrato “falso”

De 2010 a 2013, uma empresa de engenharia foi contra-tada para serviços de jardinagem em parques e cemitérios. A empresa não cumpriu o serviço, mas recebeu o valor de R$ 1,7 milhão. São suspeitos do esquema um servidor, o ex-presidente da Fundação de Parques e Jardins e os donos da empresa, cujos nomes ainda estão em sigilo.

Reprodução

Como funCionavam os esquemas

a diferença entre os tipos de cargo: “O fato de eventual-mente serem servidores de carreira não pode ser usado como tentativa de estender a todos os servidores públi-

cos municipais dúvida so-bre a conduta de honestida-de com que a maioria abso-luta exerce suas funções”. O sindicato afirma que defen-de as investigações.

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empresas. “Essa greve es-tá mostrando que a prefei-tura, através da Superinten-dência de Limpeza Urba-na (SLU), é um patrão ain-da mais severo”, afirma o lí-der dos trabalhadores.

“Aos garis terceirizados foi dado um aumento de 14%, e para os trabalhado-res da SLU a prefeitura está oferecendo apenas 7%”, ex-plica. No resultado, os ga-ris terceirizados passaram a receber R$ 1.100, enquanto o salário base dos garis efe-tivados é de R$ 776. Os ser-vidores da SLU recebem be-nefícios como quinquênios e insalubridade, que au-mentam o valor final rece-bido, mas que não contam como salário para o INSS ou aposentadoria.

A desigualdade na nego-ciação, rápida para os ter-ceirizados e inexistente pa-ra a SLU, também tem rela-ção com o público atingido, afirma Israel Arimar, presi-dente do Sindibel. “21 dias de greve e a prefeitura não tem tanta pressa pra nego-ciar por quê? Porque quem está sendo atingido na gre-ve dos efetivos são as pes-soas mais pobres, que têm menos poder de colocar o clamor na mídia”.

A assessoria do sindica-

saber. Fica tudo em cima da gente.

Existem equipamentos de segurança suficientes pa-ra o trabalho?

Os equipamentos são de péssima qualidade, o sa-bonete, as luvas. Tanto é que os meninos quase não usam porque é equipamen-to que complica o trabalho e não que resolve. A coisa boa que aconteceu foi o di-reito de lavar o uniforme na SLU, que melhorou demais pra gente.

Garis continuam com salários baixos

“Tem dia que a gente fica chateado de trabalhar tanto e ganhar tão pouco”

Rafaella Dotta

Para as ruas de BH per-manecerem limpas, os tra-balhadores da limpeza de rua cumprem 13 funções em 8 horas por dia. São qua-se 4 mil funcionários que, ao contrário do que se pen-sa, trabalham e ganham de forma diferenciada. No ge-ral, afirma Robson Rodri-gues, gari aposentado e um dos diretores do Sindicato dos Servidores Públicos de BH (Sindibel), “todos deve-riam ganhar bem mais”.

Em 7 de maio, os servido-res de Belo Horizonte entra-ram em greve reivindican-do melhores condições de trabalho e de salário. Os jor-nais anunciaram, três dias depois, que a greve dos ga-ris havia acabado e tudo re-tornaria ao normal. Porém, garis, varredores, lavado-res, balanceiros, coletores e muitos outros funcionários da limpeza continuaram com o trabalho paralisado por 23 dias. Qual a diferen-ça entre as duas categorias?

Segundo Robson Rodri-gues, cerca de 70% dos fun-cionários da limpeza ur-bana belo-horizontina são terceirizados. Isso significa que eles são administrados não pela prefeitura, mas por

Lula Caetano Barbosa trabalha há 17 anos na SLU como coletor de lixo domi-ciliar e hospitalar. Ele con-ta que houve algumas me-lhorias no trabalho, como poder lavar o uniforme na SLU, mas que, no geral, ain-da há muito descaso com o varredor.

Quantas horas trabalha o coletor de lixo?

No princípio, a gente tra-balhava em um regime pra-ticamente de hora extra. A gente chegava a fazer 110, 115 horas extra, era muito

Rafaella Dotta

LIMPEZA URBANA Greve chamou atenção para a profissão, mas trabalhadores da prefeitura não tiveram melhorias

to dos garis terceirizados, Sindeac, declarou que nes-te ano já conseguiram dois reajustes salariais, totali-zando 30% de aumento. Os terceirizados também con-quistaram o valor máxi-mo da insalubridade pre-vista em lei, que é de 40% do salário. Daqui pra fren-te, o objetivo do SINDEAC é aprovar condições de tra-balho melhores, como ba-nheiros com chuveiros, lo-cais para beber água e pa-ra comer.

Garis da SLU encerram

greve, mas ainda cobram melhorias

Ontem (29), os traba-

lhadores da SLU termina-ram uma greve que durou 23 dias. Na opinião de Rob-son Rodrigues, um dos dire-tores do Sindicato dos Ser-vidores Municipais (Sindi-bel), a categoria realizou um feito memorável. “Pe-la primeira vez na historia da SLU os garis pararam por uma greve tão grande. A úl-tima, há 20 anos, durou 11 dias”, afirma.

Os garis prosseguem na Mesa de Negociação Sin-dical e a PBH irá apresen-tar uma proposta específica para a categoria, como in-formou a assessoria de im-prensa. (Mais informações da greve ao lado)

cansativo. Agora estamos no horário de 8 horas por dia, mas continuamos fa-zendo a coleta em um tre-cho muito grande.

Você está satisfeito com a sua profissão?

Tem dia que a gente fica chateado de trabalhar tan-to e ganhar tão pouco. Sem-pre que precisa arrumar as nossas ferramentas de tra-balho, como o caminhão, a empresa fala que não es-tá consertando. Fica naque-le stress, a empresa põe vo-cê na rua e não quer nem

Por que a sociedade deve-ria apoiar a greve de vo-cês?

Ela tem também uma parcela de culpa. Nós es-tamos trabalhando pesa-do por causa de uma nação que não sabe votar, quer di-zer, não é culpa da gente o governo que está aí hoje. Às vezes deixa até um partido bom de lado porque ele não tem dinheiro. O pobre po-de ser o melhor que for, mas ele é deixado de lado, o po-vo vota no ricão e aí a gen-te padece.

Bráulio Siffert e Edwaldo Cabidelli

Diante da insistência da Prefeitura em buscar criminalizar a greve e em não reconhecer a ne-cessidade de valorização dos servidores, a catego-ria, na quinta (29), deci-diu rejeitar a proposta e manter a greve iniciada no dia 6 de maio.

Os servidores reivin-dicam reajuste de 15% e aumento do vale-ali-mentação para R$ 28, mas a nova proposta é de reajuste de 7% - 3,5% em julho e 3,5% em no-vembro; aumento do va-le em R$ 1,50 a partir de novembro; e abono em parcela única em valo-res que variam de R$ 200 a R$ 600, de acordo com a remuneração. Sobre as reivindicações específi-cas, não houve resposta concreta até o momento.

Na primeira sema-na de junho, serão reali-zadas assembleias para discutir possíveis contra-propostas da PBH.

Garis e caixa escolar suspendem greve

Duas categorias deci-diram suspender a par-ticipação na greve, mas caso os compromissos não sejam cumpridos, podem voltar ao movi-mento.

Os trabalhadores das Caixas Escolares ocupa-ram a Secretaria de Edu-cação e foram recebidos pela Secretária Suely Ba-liza, conquistando a reti-rada das advertências e o não corte dos dias pa-rados. A discussão sobre o vale e outros pontos da pauta se mantêm na Me-sa de Negociação.

Já com relação aos ga-ris da SLU, o Secretário de Recursos Humanos, Gleison Pereira, assu-miu o compromisso de responder oficialmente em 30 dias sobre as rei-vindicações da catego-ria, como melhoria das condições de trabalho e reajuste do auxílio cre-che/educação.

Servidores mantêm greve

Garis efetivos ganham R$ 776 e terceirizados R$ 1.100

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Fotos: Maíra Gomes

DIREITOS 85 famílias que vivem há 30 anos no bairro São Gabriel têm território garantido

Vitória para os povos ciganos

Maíra Gomes

Minas Gerais possui o maior numero de acam-pamentos ciganos do país, segundo levantamento da Associação Internacional Maylê Sara Kali (AMSK), a partir de dados de pesqui-sa realizada em 2011 pelo IBGE. No Brasil, há acam-pamentos ciganos em 291 municípios, 58 deles em Minas, totalizando 420 mil ciganos no país.

Oitenta e cinco famílias ciganas vivem no bairro São Gabriel, na região Nor-deste da capital, há mais de 30 anos, e lutam pela ga-rantia de um território on-de possam desenvolver sua vida e cultura. Diferente do que muitos pensam, os ci-ganos não são nômades (pessoas que não têm re-sidência fixa) por opção, e sim por terem sido sempre expulsos. “Invisíveis ao po-der público, a única política

desenvolvida diretamente para eles é mantê-los sem-pre em movimento, ou se-ja, expulsá-los sempre”, ex-plica o procurador regional dos direitos do cidadão no MPF/MG, Edmundo Antô-nio Dias.

O dia 24 de Maio é con-sagrado o Dia Nacional dos Ciganos e foi comemora-do este ano no dia 26, no

Acampamento Kalon, no São Gabriel. Foi realizada uma audiência pública inti-tulada “Minas Cigana” com o objetivo de coletar infor-mações sobre possíveis vio-lações de direitos humanos

das etnias que compõem os povos ciganos no estado: Rom, Sinti e Kalon.

Vitória histórica“Jesus que botou nós no

mundo, é uma tribo que nem passarinho, nunca te-ve morada. Já sofremos muito, já andamos muito a cavalo, e agora temos des-canso”, conta a cigana kalon Sebastiana Soares, de 78 anos. O local se tornou re-ferência nacional para a lu-ta dos direitos ciganos des-de 19 de dezembro de 2013, quando foi outorgada, pe-la Secretaria do Patrimônio da União (SPU), uma cer-tidão que reconhece que a comunidade ocupa uma área de 21,745 m².

As terras que ocupam são de propriedade da extinta

“É uma tribo que nem passarinho, nunca teve morada. Já sofremos muito, já andamos muito a cavalo, e agora temos descanso”

rede ferroviária nacional, ou seja, são terras públicas, até então sem destinação. Um inquérito civil que trata dos direitos dos povos ciga-nos tramita no MPF, e cita o território como um direito fundamental, como o local onde o modo tradicional de

85 famílias vivem no acampamento há 30 anos, mas ainda falta estrutura

Ainda faltam direitos

Luta por moradia em Montes Claros

35 mil² para os Kalon

Mesmo há 30 anos no local, a comunidade Kalon sofre com falta de sanea-mento e dificuldades com a inserção das crianças e adolescentes nas escolas. “Nossas dificuldades aqui são todas. Nós consegui-mos a luz elétrica há pou-co tempo, estamos com um projeto com a Copasa para colocar água e esgo-

to. A comunidade cigana agora que está melhoran-do”, declara Carlos Ama-ral, líder da comunidade. Eles exigem das autorida-des financiamento para a construção de casas no modelo cigano e a terra-planagem do terreno pa-ra que as famílias possam ter melhores condições de armar suas tendas.

O Fórum de Montes Claros foi ocupado no dia 27, por 250 pessoas da ocupação Santa Cruz, região norte da cidade. Há mais de 15 anos no lo-cal, as 300 famílias têm o apoio do Movimento dos Trabalhadores Desem-pregados (MTD) desde o fim do ano passado. Os manifestantes exigem a suspensão da liminar de despejo que corre des-

Inicialmente, a SPU previa uma área de 17.500 m² pra a comu-nidade, mas um estudo do Núcleo de Estudos de Populações Tradicio-nais da UFMG (NUQ) demonstra que seria ne-cessário o dobro para garantir a reprodução dos modos de viver, fa-zer e criar da comunida-des dos Kalon. O asses-sor da Superintendência do Patrimônio da União no estado de Minas, Jo-sé Osmar Coelho Lins, garantiu que o território já é dos Kalons. Por ser ano eleitoral, ele explica que não será possível fa-zer a declaração de ces-são definitiva das terras este semestre, mas ga-rante que será realizada e serão completados os valores para chegar aos 35 mil m². “Atualmen-te, o processo está em Brasília, a expectativa é que retorne dentro de um mês. Posso garantir com a maior certeza que o terreno é de vocês”, de-clarou, sob aplausos da comunidade.

vida pode ser reproduzido e mantido para futuras ge-rações. O procurador Ed-mundo, responsável pelo inquérito, explica que a ho-mologação já está em pro-cesso de concessão de di-reito real e de uso coletivo.

de o início de fevereiro. A liminar foi pedida pe-la família Pinho Ribei-ro, que alega ser dona do terreno de 33 hectares. O MTD afirma que o ter-reno está abandonado desde 1937 e não possui documento de posse ou propriedade. “Pedimos que aguardassem o re-sultado da ação de ilega-lidade da liminar de des-pejo. Ainda não se sabe a quem pertence a área”, afirma Iasmin Chequer. A juíza da 1ª Vara Cível de Montes Claros, Cibe-le Maria Macedo, afir-mou que não irá revogar a liminar que determina a reintegração de posse e, se preciso for, vai acio-nar a Polícia Militar para retirar as famílias.

Em audiência pública, assessor garantiu que toda a área pleiteada será dos ciganos

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em 2010, foram necessá-rios, em média, R$ 24 mi-lhões. Isso é uma demons-tração de que quem tem dinheiro para uma campa-nha tem chance de se ele-ger. Há uma relação direta: quanto mais se gasta mais votos se têm”, explica o di-retor do Instituto.

Para o auditor, o cresci-mento das doações revela a mercantilização da po-

Quem paga a banda escolhe a música

Marília Cruz

Não é preciso ser do-no de uma empresa ou lo-ja para entender que qual-quer investimento em um negócio tem como objeti-vo obter mais dinheiro, ou seja, lucro. Essa é a lógi-ca do mercado, do chama-do sistema financeiro. E se dentro do jogo de mercado a regra é aplicar dinheiro naquilo que produz retor-no, o que leva empresários bem sucedidos a investi-rem em partidos políticos ou candidatos em campa-nha eleitoral?

Quem faz a pergunta é o auditor fiscal da receita fe-deral, Dão Real, um dos diretores do Instituto Jus-tiça Legal, entidade que acaba de lançar o site “Os Donos do Congresso”, on-de estão disponíveis todos os valores das doações re-cebidas pelos candidatos aos cargos de deputado e senador, durante as elei-ções de 2010. Na página, é possível encontrar ainda as contribuições feitas aos partidos e as principais empresas doadoras. “Sem dúvida, um empresário in-veste na política com a ex-pectativa de ganhos, e nes-se caso o ‘lucro’ significa a defesa de seus interesses no Congresso Nacional”, pontua Dão.

Os números mostram que as eleições no Brasil são mesmo um bom ne-gócio. Segundo Dão Re-al, o gasto com a campa-nha eleitoral em 2010 foi seis vezes maior do que em 2002. “Para se eleger um candidato a governador

ELEIÇÕES Site “Os Donos do Congresso” divulga as doações feitas a políticos em campanha

lítica eleitoral. “O sistema político brasileiro está ab-sorvido pela lógica do ca-pital. É por isso que temos um Congresso Nacional majoritariamente defen-sor dos interesses dos mais

ricos, que são uma peque-na parcela da sociedade brasileira. Hoje, metade dos deputados eleitos fa-zem parte da bancada ru-ralista que defende os la-tifundiários e apenas 20% representam os trabalha-dores. Ora, será que temos mais latifundiários do que trabalhadores no Brasil?”

Dão Real observa ainda a postura dos candidatos que, segundo ele, ficam divididos entre a ideolo-gia política e os objetivos de quem pagou a conta da sua campanha. “Quando os interesses das bandei-ras políticas de um parla-mentar entram em conflito com os interesses de quem

lhe financiou, a decisão desse político deixa de ser independente, pois ele sa-be que vai precisar de um financiamento para se ree-leger”, observa.

O auditor explica que

o objetivo do site é justa-mente fomentar o deba-te da ligação do poder do dinheiro com o voto. “Es-colher um candidato com autonomia é saber todas as informações sobre ele, inclusive quais são os em-presários que estão finan-ciando sua campanha. O eleitor precisa saber quem pagou a conta, já que as eleições brasileiras funcio-nam como a célebre frase de Chico Buarque ‘ quem paga a banda escolhe a música”, diz.

“Para se eleger um candidato a governador, em 2010, foram necessários, em média, R$ 24 milhões. Há uma relação direta: quanto mais se gasta mais votos se têm”

O Tribunal de Justi-ça de Minas Gerais isen-tou, na terça-feira (27), a Cemig da culpa pelo aci-dente que causou a mor-te de 16 pessoas em Ban-deira do Sul, no Sul do es-tado. O caso aconteceu em 2011, quando uma serpentina metálica que foi lançada durante o car-naval atingiu fios da re-de desencapados, pro-vocando um curto que deixou mais de 50 feri-dos. A decisão foi toma-da, em segunda instân-cia, após julgamento de recurso de apelação. Em 1ª instância, a Cemig ha-via sido condenada a pa-gar R$ 255 mil a cada fa-miliar da vítima. Ao to-do, o valor ultrapassava R$ 6,8 milhões. Na épo-ca, a empresa entrou com recurso alegando não ter sido comprovada sua cul-pa no acidente.

Ao meio-dia de sá-bado, (31), a Praça Sete recebe o Abraço Negro. O ato tem como objeti-vo dar visibilidade ao racismo, denuncian-do que ele está presen-te em ações simples e também em agressões físicas e psicológicas que o negro sofre dia-riamente nas ruas, es-colas e trabalho. Deba-tes com membros de grupos de referência na luta contra o racis-mo, como o Bloco das Pretas e Afoxé Banda-rerê iniciarão a ativida-de, seguidos de apre-sentações culturais que trazem a temática afro, como rap, teatro e dança.

TJ isenta Cemig de culpa em acidente

Abraço negro em BH

CURTAS

Mais de 75% das verbas utilizadas pelos partidos na campanha eleitoral de 2010 foram provenientes de doações de empresas

O senador Aécio Neves foi o segundo político que mais recebeu doações para sua

campanha. Ele recebeu R$ 11. 970.313, 79. Desse valor, 73% vieram de empresas e

27% de seu partido, o PSDB.

SAIBA MAIS: donosdocongresso.com.br

Page 7: Edição 40 Do Brasil de Fato MG

Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014 MINAS 7

Em greve desde o dia 21 de maio, os educado-res da rede estadual fize-ram um protesto na ma-nhã de quarta (28) nas BR’s 381 e 040 em Belo Horizonte. Eles cobram uma reunião com o go-verno de Minas para ne-gociar da pauta de rei-vindicações da catego-ria, entregue desde janei-ro. Os servidores da edu-cação reivindicam a im-plantação do Piso Sala-rial Nacional em Minas, o descongelamento da carreira e a instituição de uma mesa de negociação sobre a situação dos pro-fissionais afetados pela Lei 100, que foi conside-rada inconstitucional pe-lo Supremo Tribunal Fe-deral este ano. Assem-bleia Geral da catego-ria realizada também na quarta definiu continui-dade da greve.

Servidores da saúde do Estado de Minas Gerais entraram em greve por tempo indeterminado na terça (27). A categoria co-bra negociação da pau-ta de reivindicações en-tregue ao governo ainda em fevereiro. A exigência é a mesma há três anos, por melhores condições de trabalho e salário dig-no; além da redução da jornada semanal para 30 horas, sem redução dos salários. O servidores da saúde denunciam que o governo mineiro é 24º em investimentos em saúde, e exigem materiais e es-trutura de qualidade pa-ra o povo.

Professores do Estado em greve....

CURTAS

Rafaella DottaReprodução Idec

Divulgação

Sucos de caixinha não passam em teste

Nutricionista defende o suco natural

aLimenTaÇÃo Pesquisa mostra que a bebida tem “frutas de menos” e não é recomendada para crianças

No “suco de caixinha” tem fruta? Um vídeo feito pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) mos-tra a surpresa de crianças ao saberem do que são fei-tas as bebidas que elas con-somem. Os sucos de caixi-nha contêm menos de 10% de frutas e quantidade exa-gerada de açúcar. A inicia-tiva é parte da campanha “Agite-se antes de beber” e alerta que o suco industria-lizado é uma opção pouco saudável.

Uma pesquisa feita em fevereiro deste ano pelo Idec mostrou que 32% dos sucos de caixinha não têm o mínimo de frutas neces-sário, de acordo com a Ins-trução Normativa nº 12, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-

Weverton Assis Silva de Oliveira, de 6 anos, diz que toma suco de caixinha to-das as vezes que a sua avó compra e que, se pudesse, beberia 12 caixinhas por dia “sem problemas”. Ele acha que essa bebida faz bem para a saúde. Já a mãe de Pedro Lucas, de 8 anos, tem certeza que não é sau-dável. “Mas é prático e ele precisa levar de merenda pra escola”, afirma.

A nutricionista Elisabe-th Chiari, diretora do Con-selho Regional de Nutri-ção, lembra que a fase in-fantil é uma das mais im-portantes na formação do corpo humano e que é pre-ciso garantir bons alimen-tos, principalmente frutas e sucos naturais. “As fru-tas vão dar energia, por-que têm complexo B, e for-

talecer o sistema imunoló-gico, dar quantidade de fi-bras pra fazer o intestino funcionar adequadamen-te. Ou seja, vão abastecer o organismo da criança”, ex-plica.

A nutricionista afirma que os sucos de caixinha contêm substâncias quí-micas que o nosso orga-nismo não reconhece, co-mo os conservantes e aro-matizantes que são adicio-nados, assim como uma quantidade muito gran-de de açúcar, para dar sa-bor ao suco. “A longo pra-zo, o consumo pode levar a pessoa a diabetes e a to-das as implicações cardí-acas do sobrepeso e obe-sidade”, alerta. Por isso, a nutricionista recomenda o suco natural.

Para mudar os hábitos de crianças acostumadas com sucos de caixinha, Elisabeth Chiari lembra de dois pon-tos importantes. O primeiro é tratar o regime como uma troca, e não como uma proibição. É preciso que a crian-ça tenha opções saudáveis de alimentação e que come-ce a comer frutas misturadas na sua comida do dia a dia, em sucos, saladas de fruta, com iogurte, por exemplo.

O segundo ponto é o envolvimento da família na mu-dança alimentar. “O que os pais comem, as crianças co-mem também. Por isso, não é fácil mudar o hábito se os pais não estiverem juntos”, afirma. “Essa é uma for-ma de a criança se sentir menos agredida e aceitar me-lhor”, completa.

to. Essa lei regulariza que os sucos tenham entre 10 e 40% de frutas, no mínimo, dependendo do sabor.

As marcas pesquisadas foram: Activia, Camp, Da-fruta, Del Valle, Fruthos, Maguary e Sufresh. Das 31

amostras analisadas, dez foram reprovadas, sendo que a marca Maguary teve o pior resultado.

mudando a aLimenTaÇÃo

....e a saúde também

Page 8: Edição 40 Do Brasil de Fato MG

Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014OPINIÃO8

Leo SimoniniAcompanhandoFoto da semana

No “maio verde”, o povo sai às ruas pedindo pela le-galização da maconha, com motivos de sobra para lu-tar contra a política de drogas proibicionista. A Marcha da Maconha defende o direito daqueles que necessitam da planta para fins medicinais; o fim da racista e geno-cida “guerra às drogas” (ou guerra aos pobres); o res-peito à liberdade individual, que inclui o uso recreati-vo e religioso; o direito ao cultivo caseiro e à informa-ção científica; o uso industrial do cânhamo, bem como diversas outras questões importantes para o progresso social do nosso país.

O debate sobre a legalização nunca esteve tão aque-cido. Enquanto o Uruguai prepara-se para legalizar e os estados norte-americanos de Colorado e Washing-ton analisam os primeiros resultados da regulamenta-ção, o Brasil dá passos iniciais em direção a uma polí-tica de drogas mais racional e humana. Com o levante dos usuários medicinais, o canabidiol (CBD), um dos principais princípios ativos da cannabis, será reclassi-ficado e poderá ser prescrito como medicamento, con-forme declarado por Luiz Klassmann, representante da Anvisa.

Em março, o deputado federal Jean Willys protoco-lou o Projeto de Lei 7270/2014, que regulamenta a co-mercialização, a produção, o cultivo e o consumo me-dicinal e recreativo da maconha. Enquanto isso, no Se-nado Federal um projeto de iniciativa popular que pro-põe a legalização entrou na pauta e será debatido pelos legisladores. O relator, senador Cristovam Buarque, di-vulgou, no início da semana, um estudo de 115 páginas que conclui que a legalização controlada é o caminho mais sensato para a política de drogas brasileira.

O debate avança e o futuro avisa: a cortina de fuma-ça do proibicionismo está caindo.

Lucas Buzatti é jornalista, ativista da Marcha da Maco-nha e do Growroom

O novo projeto implementado em Minas Gerais “Rein-ventando o Ensino Médio” é questionável em vários aspec-tos. O projeto foi vetado em outros estados e adotado pri-meiramente como projeto experimental pelo governo mi-neiro. Mas logo foi expandido em 2014 a todas as turmas de primeiro ano do ensino médio. Me pergunto como nós, alunos, poderemos no futuro usufruir dessa nova moda-lidade de ensino. O projeto obriga professores e alunos a permanecerem por mais tempo na escola para que sejam cumpridos, todos os dias, o sexto horário.

O Reinventando o Ensino Médio não exige professores qualificados, formados e experientes na área, não repro-va e também não exige exame de proficiência técnica, co-mo não garante certificado ou diploma. O programa deve-ria ser opcional e não obrigatório. Outros fatores colocam em xeque a credibilidade da iniciativa. Faltam recursos pa-ra complemento e enriquecimento das aulas teóricas. Há precariedade dos laboratórios de informática para que se-jam ministradas aulas de tecnologia da informação.

A merenda deveria ser mais reforçada, uma vez que a extensão da carga horária compromete tanto o tempo dos professores, quanto os alunos que trabalham ou partici-pam do projeto “Jovem Aprendiz”, sem sequer ser respei-tado seu horário de almoço.

O gasto financeiro seria melhor investido na qualifica-ção do professor e na construção de mais unidades de en-sino visando a uma melhor distribuição de alunos por tur-ma. O espaço físico das salas de aula comporta de 30 a 35 alunos, a realidade que se vê, nas escolas estaduais minei-ras, é de salas superlotadas ultrapassando 40 alunos. É as-sim que vamos mudar a educação em nosso país.

Isabela Neiva é aluna do Reinventando o Ensino Médio em Belo Horizonte

* Este artigo foi enviado para a redação depois que pu-blicamos a matéria “Ensino Médio reinventado?”, na edi-ção 38, disponível em: brasildefato.com.br/node/28570

Pelo fim da guerra às drogas Reinventando o ensino médio?

Lucas Buzatti Isabela Neiva

Na edição 39 ...Juiz afirmou que can-domblé e umbanda “não são religiões”

...E AGORA

Representantes de religiões afrodescen-dentes realizaram ato na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio de Janeiro, para pro-testar contra a cons-tatação preconceituo-sa do magistrado e ma-nifestar a favor da plu-ralidade e laicidade do Estado. Em Belo Ho-rizonte, manifestan-tes também organizam encontro para defen-der as tradições de ma-triz africana. O evento “Contra a intolerância: Xangô é meu juiz” es-tá previsto para acon-tecer na próxima quar-ta-feira (4), às 13h, na Praça da Assembleia.

Na edição 10...Machismo e Polêmica na UFMG

...E AGORA

O professor da UFMG Francisco Coelho dos Santos, que no ano pas-sado foi acusado de abuso moral e sexual, teve rejeitado na Justi-ça seu pedido de inde-nização por dano moral e material. Após ser ino-centado das acusações e retornar à sala de aula, ele entrou com processo contra o Centro Acadê-mico de Ciências Sociais (Cacs) e alguns mem-bros da direção, solici-tando R$ 25 mil de da-nos morais e R$ 1,5 mil de danos materiais.

Final do torneio de futebol amador Corujão 2014, no Campo de Várzea do bairro Santa Cruz, em Belo Horizonte, no dia 27 de maio. Os jogos aconteceram à noite em campos de Várzea de 32 vilas e comunidades da Região Metropolitana. O horário dos jogos privilegia a participação dos trabalhadores nas equipes amadoras e dá vida aos campos, quase sempre esquecidos pelo poder público.

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para [email protected].

Page 9: Edição 40 Do Brasil de Fato MG

Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014 ENTREVISTA 9

nifestação. E é papel do ges-tor, do prefeito, saber conci-liar a administração de for-ma que todos os direitos se-jam garantidos. Em qual-quer capital, existem ma-nifestações, concentrações em praças, e quando acon-tece isso, para garantir o di-reito de manifestação, a ad-ministração desvia o trân-sito, cria rotas alternativas. Em BH, como a prefeitura, nos últimos anos, tem de-

monstrado incapacidade para resolver os problemas da mobilidade, ela vai para o caminho mais fácil, que é usar o judiciário para coibir o direito de manifestação.

A prefeitura tem recursos para conceder esse reajuste solicitado?

Em Belo Horizonte, nos últimos 12 anos, com o crescimento da economia do país, a receita tem cres-

cido muito acima do gas-to com folha salarial. A lei de responsabilidade fiscal prevê que se pode gastar até 53% com folha de salário, e a prefeitura não gasta mais do que 40%. Não adianta fa-zer belos viadutos e belas avenidas que façam o cida-dão se locomover mais rápi-do, se não investir no de ser-viço público, ou seja, UMEI, escola, posto de saúde. E es-ses equipamentos precisam ter condição de atendimen-to, o profissional precisa ter boas condições de traba-lho e salário para atender bem. Então a prefeitura tem que investir na mobilida-de, nas obras, mas também naqueles que assistem o ci-dadão. Existe também um grande mau uso do dinhei-ro, seja por incompetência de gestão, seja até por des-vios. Um exemplo foi a pri-são de quatro gerentes por suposto desvio de dinheiro da folha de pagamento da prefeitura [leia mais na pá-gina 3]. A gente defende as investigações, porque se ti-ver alguém que é mau ser-vidor, mau gestor, é preciso que seja rigorosa a investi-gação. Porque quando há desvio de verba pública, o prejuízo é do servidor, é do cidadão, é da população co-mo um todo.

um real a mais no vale.

A população pode se sen-tir prejudicada com a pa-ralisação de serviços pú-blicos. Como a greve se re-laciona também com a vi-da das pessoas da cidade?

A greve é a última ferra-menta que a gente utiliza. Nenhum servidor gosta de fazer greve, é cansativo, es-tressante, traz prejuízo para o trabalhador e traz trans-torno também para o cida-dão. Mas quando a gente não consegue resolver com negociação algumas coisas tremendamente injustas, a única alternativa é exercer o direito de greve. E aí per-cebemos que, ao invés de tentar resolver o impasse com negociação, a Prefei-tura busca a intervenção da Justiça. Entraram com uma ação que diz que só pode-mos usar uma faixa da ave-nida nas nossas passeatas. Qualquer outra faixa a mais gera uma multa de R$ 15 mil. A justificativa seria ga-rantir o direito da mobilida-de urbana, só que a mobi-lidade em BH já é ruim em qualquer período. Aí en-tramos num paradoxo, um choque de direitos. Porque há o direito da mobilidade, mas tem que ser preserva-do também o direito à ma-

sindicato significou a der-rota de uma chapa liga-da ao prefeito e já come-çou com uma campanha de reajuste salarial. Como foram as negociações até aqui e por que a decisão da paralisação?

Assumimos a atual ges-tão do sindicato em janei-ro, e, no mesmo mês, con-versamos com a categoria para definir uma pauta. No final de fevereiro encami-nhamos essa pauta para a prefeitura. Apesar de fazer-mos isso bem no início do ano, como de costume, não houve um processo de ne-gociação que a gente con-seguisse fechar, sem neces-sidade de ter a greve. Inicia-

mos então a paralisação no dia 6 de maio, reivindican-do 15% de reajuste, um va-le refeição de R$ 28. Mas a prefeitura não abre um pro-cesso conclusivo de nego-ciação com a maioria dos trabalhadores, e, ao mesmo tempo, dá um tapa na cara dessa maioria dos servido-res. Ela aprovou um projeto na Câmara Municipal que concede reajuste de 30% para alguns cargos, que são os de maiores salários, co-mo os procuradores, audi-tores fiscais, fiscais de tri-butos, agentes fazendários. Esse reajuste foi para quem recebe salário acima de R$ 20 mil por mês, alguns, in-clusive, bem acima do teto, pois recebem R$ 37 mil por mês. Além de tudo, o rea-juste foi retroativo a janei-ro. Ao mesmo tempo, apre-sentam para os demais ser-vidores uma proposta de 5,56% de reajuste e apenas

“A Prefeitura deu um tapa na cara da maioria dos servidores”

Joana Tavares

Uma greve pode incomo-dar muita gente. Há menos servidores nas escolas, pos-tos de saúde, órgãos públi-cos. O trânsito pode compli-car com os atos de rua. Mas Israel Arimar de Moura, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Mu-nicipais de Belo Horizonte (Sindibel), explica que es-sa é a última alternativa que os trabalhadores têm para pressionar por suas reivin-dicações. “No final de feve-reiro, encaminhamos nos-sa pauta para a Prefeitura. Mas, como de costume, não houve um processo de ne-gociação”, explica. Os servi-dores pedem 15% de reajus-te salarial, e foram surpre-endidos com a notícia de que alguns de seus colegas - que ganham mais de R$ 20 mil - conseguiram 30%.

Israel afirma que a Pre-feitura não apresenta pro-postas convincentes e ain-da tenta impedir o direi-to de manifestação, ao con-seguir na Justiça liminares que limitam as possibilida-des do protesto. Em assem-bleia nesta quinta (29), a ca-tegoria - que chega a 70% dos 50 mil servidores públi-cos - decidiu pela continui-dade da greve. “Estamos co-brando um novo modelo de negociação, mais perma-nente, que a política de re-ajuste seja retomada, e que seja uma política de médio e longo prazo, para que não haja necessidade de todo ano fazer greve para chegar a uma negociação”, diz.

Brasil de Fato - O Sindibel representa todos os traba-lhadores da Prefeitura? Israel Arimar de Moura - O Sindibel representa 90% dos trabalhadores da PBH. Re-presentamos a área da saú-de, administração geral, fis-calização, as fundações (de cultura, de parques, de jar-dins), as autarquias, ou se-ja, a maioria das categorias. A eleição desta chapa do

GREVE Presidente do sindicato dos servidores questiona reajuste alto para parte dos funcionários, enquanto a maioria não é atendida pela PBH

“Quando a gente não consegue resolver com negociação algumas coisas tremendamente injustas, a única alternativa é exercer o direito de greve”

“A lei de responsabilidade fiscal prevê que se pode gastar até 53% com folha de salário, e a prefeitura não gasta mais do que 40%”

Sindibel

Israel Arimar, presidente do Sindibel

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Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014BRASIL10

TERRAS Depois de 15 anos, Senado aprova medida que garante desapropriação

Movimentos sociais preveem disputa para regulamentar PEC do Trabalho Escravo

Agência Brasil

Nem a demora de 15 anos diminuiu o entusias-mo com que militantes re-agiram à aprovação, na ter-ça-feira (27), da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo no Senado. Aprovado por unanimidade, o texto altera o artigo 243 da Constituição Federal – que já previa a ex-propriação de terras usadas para o plantio de plantas psicotrópicas – autorizan-do o Estado a desapropriar também os imóveis urba-nos e rurais onde for cons-tatada a exploração de tra-balho análogo à escravidão.

Para representantes de entidades ouvidas pe-la Agência Brasil, a disputa agora se dará em torno da

regulamentação da propos-ta em que, entre outras coi-sas, será explicitado o que é trabalho escravo. “A pro-posta de emenda foi apro-vada por unanimidade por-que a bancada ruralista tem

certeza de que, na sequên-cia, conseguirão aprovar uma regulamentação que vai tornar a PEC inócua. O jogo é esse”, disse o coorde-nador da campanha contra o trabalho escravo da Co-missão Pastoral da Terra

(CPT), Frei Xavier Plassat.Após a aprovação da

PEC, o senador Romero Ju-cá (PMDB-RR) afirmou que a regulamentação poderá ir a votação já na próxima se-mana. O senador é o rela-tor do Projeto de Lei do Se-nado 432/13, que discipli-na o processo de expropria-ção de terras, diferenciando o descumprimento da le-gislação trabalhista do que se entende por trabalho se-melhante à escravidão. O projeto de regulamentação também prevê que a expro-priação só seja autorizada depois que o proprietário da área tenha esgotado to-dos os recursos legais con-tra a sentença penal conde-natória.

Presidente da organiza-ção não governamental Re-

pórter Brasil, o jornalista Leonardo Sakamoto clas-sificou a aprovação da PEC do Trabalho Escravo como uma conquista histórica dos trabalhadores brasilei-ros, mas ele também espe-ra uma nova disputa, des-sa vez em torno da regula-mentação. “A regulamenta-

ção é necessária, pois é pre-ciso deixar claro quando e como a terra onde for fla-grada o trabalho escravo e tudo o que houver nela será confiscado e o que será feito desses bens”, disse Sakamo-to, garantindo que não há consenso em torno do pro-jeto relatado por Jucá.

GREVEREDE ESTADUAL DE MINAS GERAIS

em GREVEEDUCAÇÃOA partir de 21/05, pela abertura

de negociações com o Governo

Participe da Assembleia Estadual 28 maio

2014

14 hLocal: Pátio da Assembleia Legislativa/MG

Cam

panh

a Salarial Educacional 2

014

NÃO ACEITAMOSJOGO SUJO!

EXIGIMOS RESPEITO.

Entre 1995 e o final de 2013, a Divisão de Fiscaliza-ção para Erradicação do Trabalho Escravo do Mi-nistério do Trabalho resgatou 46.478 pessoas sub-metidas a condições semelhantes à escravidão. No mesmo período foram inspecionados 3.741 estabelecimentos em todo o Brasil, o que resul-tou em mais de 44 mil atos de infração lavrados no período.

fisCaLizaÇÃo

Aprovado por unanimidade, o texto autoriza a desapropriação de terras com trabalho escravo

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Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014 BRASIL 11

PETROBRAS Para petroleiros, oposição quer desgastar imagem da empresa e retomar entrega das reservas ao capital estrangeiro

Segundo representantes de movimentos, policiais bloquearam passagem e começaram ataque

CPI pode favorecer multinacionais do petróleo

PM descumpre acordo com manifestantes no DF

Pedro Rafael Vilela de Brasília (DF)

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) teme que a CPI da Petrobras no Congresso mude o sistema de exploração do pré-sal brasileiro. O alvo seria o regime de partilha, criado pela lei 12.351/10, que de-termina a Petrobras como operadora única de todos os blocos de óleo e partici-pação mínima de 30% nos consórcios que ganham li-citação das reservas. Es-se modelo regulatório ain-da permite a participação de empresas estrangeiras, mas garante maior contro-le do Estado e uma arreca-dação de recursos supe-rior para os cofres públi-cos em relação ao mode-lo anterior, criado pela Lei do Petróleo, de 1995.

“Os setores privatistas não aceitam o modelo de

Pedro Rafael Vilela de Brasília (DF)

A jornada de mobiliza-ções sociais da Copa do Mundo registrou o pri-meiro confronto grave en-tre policiais e manifestan-tes no Distrito Federal, a 15 dias do início dos jogos. O ato unificado “Copa pa-ra Quem” reuniu mais de três mil pessoas em Brasí-lia, na tarde de terça-feira (27) e terminou com um saldo de manifestantes fe-ridos. Um policial militar chegou a levar uma fle-chada disparada por indí-genas.

O ato foi organizado pe-lo Comitê Popular da Co-pa, o Movimento dos Tra-balhadores Sem Teto e a

partilha porque queriam a entrega total das reser-vas nas mãos das empre-sas privadas estrangeiras. Por isso, desmoralizar a Petrobras é desmoralizar o modelo de partilha, que prevê a estatal como ope-radora única”, afirma José Antonio de Moraes, presi-dente da FUP.

O senador Aécio Ne-ves (PSDB-MG), pré-can-didato tucano à presidên-cia da República e o prin-cipal porta-voz da opo-sição na CPI, já declarou publicamente que, se elei-to, poderá rever o modelo de partilha. A declaração foi dada em reunião com empresários da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), em abril. “Quero ouvir quem vive esse problema. Será que o modelo de concessões pa-ra determinadas áreas não é melhor do que esse que

onera uma Petrobras já tão combalida?”, questio-nou Aécio.

Para Moraes, da FUP, a disputa na CPI também tem conotação puramente eleitoral devido à impor-tância da Petrobras para o Brasil. O conjunto do se-

Divulgação

Midia Ninja

Para presidente do sindicato dos petroleiros, CPI da Petrobras tem conotação “puramente eleitoral”

tor de petróleo e gás, se-gundo o sindicalista, re-presenta 11% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma as riquezas pro-duzidas pelo país. “A Pe-trobras tem sido a gran-de alavanca do desenvol-vimento nacional, respon-

sável pelo maior volume de recursos do Programa de Aceleração do Cresci-mento (PAC), geração de empregos. Parar a Petro-bras é parar o Brasil, quem faz a disputa eleitoral sabe disso”, acrescenta.

Articulação dos Povos In-dígenas do Brasil (Apib). A ideia era promover um “julgamento popular” das

violações cometidas pela Fifa, o governo brasileiro e as empresas envolvidas com o bilionário negócio

da Copa no país. O ato se-guiu pacífico até o traje-to entre a rodoviária cen-tral e o estádio Mané Gar-rincha.

Os manifestantes acu-saram a polícia de des-cumprir um acordo pré-vio. Segundo Tiago Ávi-la, um dos organizadores do ato, houve um diálo-go com o comandante da operação, o tenente-co-ronel Moreno, informan-do o trajeto, que iria até a frente do estádio. “Ele dis-se que não ia ter repressão nem trancamento da nos-sa passagem. Mas, quando estávamos a cerca de 700 metros do estádio, veio a cavalaria da polícia e o batalhão de choque com bombas e gás lacrimogê-

nio. Os manifestantes rea-giram como puderam”, re-latou. Havia pessoas ido-sas e crianças entre os manifestantes. Indígenas usaram arco e flecha para se defender.

Em resposta aos organi-zadores do ato, a PM-DF informou que não foi defi-nido limite até onde o pro-testo poderia chegar e que os militares teriam perma-necido a 200 metros do es-tádio, e não a 700. O Comi-tê Popular da Copa con-vocou novo ato para esta sexta-feira (30) e ainda es-tão previstas mobilizações em todos os dias de jogos, que começa dia 12 de ju-nho. (Colaborou Leonor Costa).

Page 12: Edição 40 Do Brasil de Fato MG

MUNDO12

no final do ano passado, de acordo com o ministro de Interior, Miguel Rodríguez Torres. Segundo ele, a cifra reduziu 17,3% em relação ao ano anterior.

No entanto, o problema é latente. A morte, em janeiro deste ano, da atriz e ex-Miss Venezuela Mónica Spear e de seu ex-marido, em uma estrada do país, trouxe no-vamente a questão da vio-lência à tona. Isso levou o governo de Nicolás Madu-ro a sentar para discutir po-líticas públicas de seguran-ça com prefeitos e governa-dores da oposição, inclusive com o do estado de Miran-da, o ex-candidato presiden-cial e um de seus principais adversários políticos Henri-que Capriles.

“Mão dura”Na avaliação do professor

e pesquisador de criminolo-gia da Universidade Central da Venezuela, Andrés An-tillano, o Executivo tem fei-to “um esforço importante” para construir uma política coordenada com governos e prefeituras.

Os resultados, porém, ain-

Luciana Taddeo de Caracas

“Estão nos matando”. A frase é popular entre os opo-sitores venezuelanos que há mais de três meses ocupam as ruas em protestos con-tra o presidente Nicolás Ma-duro. A violência urbana foi justamente o detonador das manifestações da oposição. E desde o início dos protes-tos, 42 pessoas foram mortas nesse contexto, entre chavis-tas, opositores, transeuntes apartidários e militares.

Embora se estime que o aumento dos índices de vio-lência tenha origem na ex-clusão e na injustiça social, a diminuição da desigualdade socioeconômica durante os anos de governo do ex-pre-sidente Hugo Chávez (1999-2012) não resultou na rever-são automática da crimina-lidade. Ao contrário, o pa-ís atualmente está como um dos mais violentos das Amé-ricas.

Dos poucos dados ofi-ciais sobre a criminalida-de no país, sabe-se que a ta-xa de homicídios para cada 100 mil habitantes era de 39

AMÉRICA LATINA Apesar de redução de desigualdade em anos chavistas, violência ainda é grande no país

Solucionar criminalidade é tarefa pendente na Venezuela

Espanha condena banqueiros por desvio de dinheiro durante crise econômica

PIB dos Estados Unidos cai 1% no primeiro trimestre

Para analista, um fator que explica a não diminuição da criminalidade é a permanência do desemprego entre jovens da periferia

da são duvidosos. A retórica governista, segundo a qual o delito era originado por fato-res estruturais, agora aponta a que este problema se deve a valores morais e, por isso, exigem “mão dura”. A mu-dança resulta no endureci-mento de políticas de segu-rança contra os pobres e au-mento da repressão, geran-do mais violência, segundo o pesquisador.

Para Antillano, outro fa-tor que explica a não dimi-nuição da criminalidade são as novas formas de desigual-dade. Segundo ele, a própria violência aumenta a pobre-za e a desigualdade comba-tidas pelo governo. Entre os exemplos estão encareci-mento de produtos em áreas mais pobres, como uma es-pécie de “taxa” pela insegu-rança, além de menor alcan-ce de políticas de inclusão entre jovens pobres de zo-nas urbanas, mais afetados pelo desemprego. Isso acon-tece, apesar da redução do índice geral de desempre-go, que passou de 15,2% em fevereiro de 1999 a 7,2% no mesmo mês deste ano.

A Justiça da Espanha anunciou na quinta-fei-ra (29) a primeira condena-ção de banqueiros por abu-sos cometidos durante a cri-se econômica. Quatro ex-di-retores da Caixa Penedès fo-ram sentenciados a cinco anos de cadeia.

Durante a última sessão do julgamento no Supremo Tribunal, porém, Ricard Pa-gès, Manuel Troyano, San-tiago José Abella e Juan Ca-ellas se comprometeram a devolver os 28,6 milhões de euros (R$ 86,4 mi) das pen-sões que desviaram quando estavam à frente da entida-de para terem suas penas de prisão reduzidas.

O Produto Interno Bru-to dos Estados Unidos caiu 1% no primeiro trimestre de 2014, de acordo com o De-partamento de Comércio. É a primeira vez que ocorre uma retração em três anos.

A diminuição foi causa-da, entre outros motivos, por um déficit comercial maior

Wikipedia

“Vocês atuaram de forma maliciosa, insidiosa e enga-nosa para a sociedade. Ao burlar os controles da cai-xa de poupança, colocaram os interesses pessoais à fren-te dos sociais, abusando da confiança que haviam de-positado em vocês como di-retores de altos cargos”, dis-se o juiz Jose Maria Vázquez Honrubia aos réus, segundo o El Pais.

O magistrado decidiu considerar como atenuan-te a atitude dos réus de reco-nhecimento dos delitos que cometeram. Como os qua-tro não tinham anteceden-tes criminais, provavelmen-te nenhum deles irá para a

cadeia. De acordo com Váz-quez, com a devolução do dinheiro, “a ordem jurídica será restaurada”.

A Espanha foi um dos pa-íses mais afetados pela cri-se econômica no continen-te europeu. O mal-estar foi agravado pelos constantes cortes de gastos e aumen-tos de impostos que resulta-ram em inúmeros protestos contra medidas de austeri-dade pelo país. Em 2013, o número de desempregados superou a marca de seis mi-lhões de pessoas, ao alcan-çar 27,16% da população ati-va no primeiro trimestre do ano. (Operamundi)

que o previsto e fatores cli-máticos. Por outro lado, um relatório do Departamen-to de Trabalho aponta que o número de solicitações de benefícios para desempre-gados caiu para 300 mil pe-didos na semana passada, o menor nível desde 2007.

(Operamundi)

Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014

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13Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014 VARIEDADES 13

Na época em que Neidinha (Elina de Souza) foi estuprada por três cri-minosos, no final da 2ª fase de Em Família, debati aqui que a trama ain-da ia pegar fogo. Dito e feito. Desco-brimos depois que ela decidiu ter a filha, Alice (Erika Januza), fruto do ato violento, e que escondera dela a verdade sobre sua paternidade. Mais tarde, Alice desvela todo o mistério,

A busca de Alice por justiça

se sensibiliza com a infelici-dade da mãe e se autodele-ga uma missão: encontrar os responsáveis pelo abuso. Es-taria, assim, fazendo justiça. Mesmo tendo se passado 20 anos e o crime já ter prescrito, a moça quer acertar as contas com seu passado.

O tema é bastante comple-xo. Primeiro porque Neidi-nha ainda tem dificuldades de superar o fato, se fechou para relacionamentos e se es-condeu diante da vergonha de ser estuprada. Aos poucos, depois da reação acolhedo-ra da filha, ela vem se abrin-do para a paquera com Theo (Rafael Zulu), seu colega de trabalho, e já deu depoimen-to na ONG de apoio a mulhe-res abusadas que vem dando suporte às duas.

Alice, por sua vez, vive a sa-ga da busca por justiça. Con-ta com a ajuda da ONG e de uma policial e se prontificou a servir de isca para um pos-sível suspeito. Porém, nes-ta semana, Alice tentou fazer justiça com as próprias mãos. A moça perdeu o medo e ao

Solu

ção

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Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais ehorizontais, nem nos quadrados menores (3x3).

identificar um homem com as mesmas características do suspeito, começou a segui-lo. Mas como nenhum bandido é bobo, logo o homem abor-dou a moça com truculên-cia. Ela conseguiu se livrar da ameaça, mas, ao fugir, caiu e se machucou, para desespe-ro de todos que a vêm aju-dando.

Será que ela deve seguir em busca do estuprador? Não estaria entrando num terreno muito perigoso? Nenhum ris-co parece deter Alice da ne-cessidade de tirar a limpo a sua história. Para mim, trata-se de um desejo que se jus-tifica por si só. Acompanhe-mos a história para saber se o criminoso será encontrado. E oxalá que nem a moça nem ninguém saiam machucados dessa complexa investigação.

Estou sentindo fal-ta de sugestões no email: [email protected]

Até semana que vem!Joaquim Vela

A NovELA CoMo ELA é

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Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014CULTURA14

Venda Nova - de 30 de maio a 07 de junho

30/05Abertura: SARAU COLETIVOZ

31/05Espetáculo: PEDAÇO DE HOMEM CERCADO DE OUTRO POR TODOS OS LADOS (Cóccix Companhia Teatral)

1/06Confraternização: CAFÉ DA MANHÃ CULTURALIntervenção: INTERVENÇÃO DE PALHAÇO (Cia Casca)

5/06Espetáculo: MEU CANTO DE GRAÇA (Cóccix Companhia Teatral)

6/06Espetáculo: QUINTAL (Cia Casca)Espetáculo: ÀBÍKÚ (Cia Teatro Negro e Atitude)

7/06 Espetáculo: A LENDA DE ANANSE – UM HERÓI COM ROS-TO AFRICANO (Cia Teatro Negro e Atitude)Espetáculo: PARA SE TÁ MAL, ENSAIO DE UMA MANIFES-TAÇÃO PARA PODER PODER (Cóccix Companhia Teatral)

Festejos da liberdade

O palco é na rua

CULTURA NEGRA Reinados em memória da abolição são tradicionais em BHRafaella Dotta

Divulgação

Rafaella Dotta

Uma pequena casa no bairro Concórdia, na região Nordeste de Belo Horizon-te, abriga uma tradição afri-cana de festa e memória da dor: há 70 anos o Reinado Treze de Maio de Nossa Se-nhora do Rosário celebra a abolição da escravatura.

Dona Isabel Casimira das Dores Gasparino, a única viva desde o início da ati-vidade, conta que sua mãe fundou o Reinado em meio a dificuldades, inclusive fi-nanceiras. “Ela prometeu que faria sete anos segui-dos de festa na primeira quinzena de maio, em ho-menagem a Nossa Senhora do Rosário”, lembra. A fé de toda família ultrapassou a promessa e, neste mês, co-memoraram 70 anos.

Festejos “Do dia 1º de maio até o

meio de novembro tem fes-ta e cada Reinado escolhe uma data que acha melhor para fazer”, explica Ricardo Cassimiro Gasparino, que

comanda a guarda de Mo-çambique no Reinado Tre-ze de Maio. Nas festas, as guardas fazem visitas entre si, em retribuição ou apoio ao outro Reinado.

Em Belo Horizonte, a pri-meira comemoração à li-bertação dos escravos foi em 1944, no Reinado Treze de Maio, conta Ricardo. Ho-je, nessa data é também re-alizada a “missa conga” em uma igreja católica. “Não é uma missa comum, intro-duzimos vários cantos, co-mo o da comunhão, o de entrada, o de louvação”, de-clara.

“No início, a gente ficava com os tambores do lado de fora. Depois de muito tem-po e conversa, o padre per-mitiu que os tambores tam-bém fossem parte da missa”, lembra Ricardo, que diz que isso só foi acontecer a partir de 1980 e que, até hoje, os obstáculos são grandes pa-ra a tradição africana. “A lu-ta do negro é uma luta mui-to difícil. Nós não consegui-mos as coisas facilmente. Seja o candomblé, a dança

Você já viu uma peça de teatro apresentada em um terreno abandonado? Gru-pos culturais de Venda No-va deixaram o palco para se apresentarem em lugares que estão no cotidiano das pessoas, como lotes baldios e bares. A iniciativa faz par-te da “Mostra Puxadinho” e acontece de 30 de maio a 7 de junho nos bairros de Venda Nova.

O tom do cotidiano co-meça pelo nome do festival e se estende para as apre-sentações. A atriz Sinara Teles, da Companhia Coc-cix de Teatro, afirma que “a ideia é fazer dos ‘puxadi-nhos’ lugares que ninguém acha que é pra fazer cultu-ra, espaços para a arte”. Lo-cais como o Bar Peixes Bur-guer, que vai receber a aber-tura do festival, serão utili-

afro ou os Reinados, sem-pre encontramos barreiras maiores que outras tradi-ções”, lamenta.

Hoje, quase todas as igre-jas católicas aceitam a en-trada dos tambores, mas nem todos os padres ce-lebram a missa conga. No Reinado Treze de Maio, a missa é realizada todos os anos na Igreja Nossa Se-nhora das Graças e cele-brada pelo Frei Chico, por quem o Reinado tem gran-de admiração.

História A origem dos Reinados

tem forte relação com Mi-nas Gerais. Chico Rei, um escravo que comprou a sua alforria e depois trabalhou para comprar a liberdade de outros escravos, se tor-nou “rei” em Ouro Preto. De acordo com Dona Isabel, foi nessa época que os negros criaram as festas de Reina-dos, que eram celebrações de união. Assim, Minas Ge-rais acabou sendo o berço dos reinados.

As celebrações e visitas a outros Reinados são caros, diz Ricardo Cassimiro, e quase tudo é custeado com re-curso dos próprios integrantes. Assim, doações, seja em dinheiro ou em material, são bem vindas. O contato é: (31) 3421 7646.

doaÇões para o reinado Treze de maio

zados para mostrar ao pú-blico que a arte pode estar perto dele também.

Os temas das peças são próximos da realidade de Venda Nova: moradia, in-dignação, tradição, exter-mínio de jovens. “A gen-te sempre teve a preocupa-ção de pensar as questões socioculturais que estão no entorno das nossas apre-sentações”, diz a atriz, que vai apresentar a peça “Meu Canto de Graça”.

Para a entrada: poemas inéditos

No primeiro dia, 30 de maio, a Mostra Puxadinho apresenta quatro atrações. Duas intervenções musi-cais, com Marcus Carvalho e Nego Doido. A história do “Capeta do Vilarinho” con-tada pela Companhia Coc-cix de Teatro. E a atração principal da noite, o Sarau Coletivoz, que irá coletar poemas inéditos para o lan-çamento de um livro.

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Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014 CULTURA 15

esporte |

na geral

Às 10h10 deste sábado (31) será realizada na Arena da Barra, no Rio de Janei-ro, a final do NBB Novo Bas-quete Brasil, a liga nacional masculina do esporte. En-tram em quadra o Flamen-go, atual campeão da com-petição, e o Paulistano, que surpreendeu chegando pe-la primeira vez à final, mes-mo tendo apenas o 10º or-çamento da liga. O jogo se-rá transmitido ao vivo pelo SPORTV.

Inscrições para o “Pela-dão”

Começaram as inscrições para a 42ª edição do maior campeonato de peladas do mundo. O “Peladão”, como foi batizado, é um torneio de futebol amador do esta-do do Amazonas, que cha-ma atenção pelo expressi-vo número de times inscri-tos. A edição 2013 chegou a 736 equipes, 23 mil atletas e mais de 2 mil jogos. Além do peladão, categoria prin-cipal, o torneio conta com as modalidades peladinho, até 14 anos, master, acima de 40 anos, feminino e in-dígena (masculino e femi-nino). Longe do padrão Fi-fa, em muitos campos, devi-do ao volume de terra e bar-ro, o uso de chuteiras é dis-pensado para evitar contu-sões. Em nenhum dos jogos o público paga, e o financia-mento das equipes, em ge-ral, é feito pela famosa “va-quinha” entre amigos, fami-liares e os jogadores/as.

Torcedores argentinos organizados na Copa

Membros da Hinchadas Unidas Argentinas (HUA) virão ao Brasil acompa-nhar a seleção de seu pa-ís. A HUA é uma organi-zação não governamental que agrupa torcedores or-ganizados de clubes de to-das as divisões do futebol da Argentina. O governo brasileiro pediu às autori-dades do país vizinho o en-vio de dados pessoais de al-guns membros da HUA. Te-me-se que eles façam par-te das “barras bravas”, de-nominação dada aos torce-dores violentos. De acordo com a advogada da HUA, Débora Hambo, não há ra-zões para uma preocupação policial maior com seus in-tegrantes. Ainda segundo a advogada, os torcedores vi-rão ao Brasil com recursos próprios e receberão aloja-mento de torcidas organi-zadas brasileiras, como a do Internacional.

Brasileirão antes e pós Copa do Mundo

O Campeonato Brasilei-ro de 2014 começou com as principais equipes brasilei-ras obtendo ótimo desem-penho. Ao contrário do Bra-sileirão de 2013 – ano em que o Cruzeiro ganhou com sobras - o de 2014 vem se mostrando um campeona-to bem disputado, com bons jogos, muitos gols e duelos táticos entre os técnicos. É sabido por torcedores e tor-cedoras que o futebol brasi-leiro não passa por seu me-lhor momento técnico. O fa-to de o Brasil não ter mais re-presentantes na Libertado-res (caíram todos antes das semifinais, o que não acon-tecia há 23 anos) pode servir tanto para evidenciar a que-da na qualidade das equi-pes brasileiras, quanto pode ser um dos principais fatores para que o foco fosse desvia-do para a principal competi-ção nacional, resultando as-sim em um bom campeona-to. A tendência é que a pa-rada para a Copa do Mun-do favoreça os times, dan-

???VocêSabia

Final da NBB é neste sábado

O “Novo Basquete Brasil”, a NBB, é a competição que substituiu o Campe-onato Brasileiro de Bas-quete a partir de 2008. É organizado no formato de liga, com 18 clubes fi-liados, e faz alusão ao no-me da NBA, a liga nacio-nal de basquete dos Es-tados Unidos, principal potência mundial do es-porte.

CINEMA aGenda do fim de semana seGunda a quinTa-feiraé tudo de graça!

Mostra “Funk.DOC” exibe filmes que re-tratam a temática e cultura do Funk. Sexta (30) e sába-do (31), das 17h às 21h, no Sesc Palla-dium (Avenida Au-gusto de Lima , 420, Centro).

CINEMA

A banda Constanti-na realiza audição co-mentada do último ál-bum do grupo, Pelica-no, e bate-papo sobre gestão de projetos de música independente. Quarta (4), às 19h30, no Sesc Palladium (Ave-nida Augusto de Lima , 420, Centro).

5ª edição do “Festi-val de Cinema de Fu-tebol - CINEfoot” traz a Belo Horizonte produ-ções audiovisuais sobre futebol. O festival tam-bém apresentará home-nagens, bate-papos, ati-vidades de formação e exposições. De 30/05 a 04/06, diariamente, das 8h às 21h, no Memorial Minas, Museu das Minas e do Metal, Teatro Oi Fu-turo e Ponteio Lar Sho-pping.

A mostra “Imagens são Espelhos”, da artista An-gélica Adverse, explora a relação entre moda e ar-quitetura. Suas peças re-tratam edifícios antigos de Belo Horizonte. Até 08/06, todos os dias da semana - exceto segun-das-feiras - das 9h às 18h, na Casa do Baile (Aveni-da Otacílio Negrão de Li-ma, 751).

LITERATURA

MARACATU FOTOGRAFIA

MÚSICA

Clube da Leitura pro-move discussão so-bre as obras do escri-tor Rubem Fonseca. Sexta (30), às 15h, no Centro Cultural Lin-déia Regina (Rua Aris-tolino Basílio de Olivei-ra, 445, Lindéia).

Apresentação do grupo Trovão das Minas, com participação de Walter França. Domingo (1), às 11h, na praça Dino Barbieri (Aveni-da Otacílio Negrão de Lima, 3000, Pampulha).

Exposição “Luz e Movimento” faz re-corte da produção fotográfica do ar-tista Carlos Guilherme, entre os anos 1970 e 1980. Até 08/06, todas as ter-ças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 17h30, no Memorial Minas (Praça da Liberdade).

Show com Coletivo D’Istante e Thelmo Cristovam, que rea-lizam práticas musi-cais improvisadas e espontâneas, criadas no exato momento da apresentação. Sexta (30), às 20h, no Cen-tro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174, Centro).

MÚSICA EXPOSIÇÃO

do-lhes a chance de recu-perar jogadores lesionados, melhorar problemas no es-quema tático, contratar no-vas pessoas, etc. Fica a torci-da para que os times saibam utilizar desta parada em be-nefício do futebol.

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Belo Horizonte, de 30 de maio a 05 de junho de 2014ESPORTES16

Se só tem tu, vai tu mesmo

Placar imprevisível, jogo previsível

Rogério Hilário

Contra todos os prog-nósticos iniciais e, até a se-mana passada, o descrédi-to dos comentaristas – ape-nas o ex-zagueiro tetracam-peão mundial Ricardo Ro-cha, do canal por assinatura SporTV, alertava para a pos-sibilidade de ascensão do ti-me, por causa da qualidade do elenco - o Atlético con-quistou quatro vitórias em cinco jogos e ficou a apenas dois pontos do líder. Embo-ra ainda seja cedo para falar em favoritismo, é bom reco-nhecer a evolução da equi-pe, ainda que sem Ronaldi-nho Gaúcho, Jô e Fernandi-nho, agora definitivamen-te fora, e mesmo de Guilher-me e Otamendi. O argentino Dátolo vem se mostrando um armador eficiente, tanto nos passes quanto nas fina-lizações. André faz gols deci-sivos e Diego Tardelli voltou a marcar depois de 15 jogos de jejum. E pensar que, pe-lo incidente na partida que eliminou o Galo da Copa Li-bertadores, cogitou-se a saí-da do meia-atacante.

Méritos para o técnico Levir Culpi, antes critica-do pela indecisão em esca-lar e alterar o Galo durante as partidas. Quando se viu privado de 11 jogadores, to-

Wallace Oliveira

Na história do Campeo-nato Brasileiro unificado, a partida da quarta-feira pas-sada (28) marcou o 58º con-fronto entre Cruzeiro e Co-rinthians. O time do Parque São Jorge venceu 22 vezes, o Cruzeiro tem 21 vitórias e os dois empataram em outras 15 oportunidades.

O resultado do jogo era imprevisível, não apenas pe-la tradição. As duas equipes têm pontos fortes que as ha-bilitam a disputar o título. O técnico Mano Menezes es-tá organizando um sistema

OPINIÃO América

dos entregues ao departa-mento médico, e outros em vias de transferência, reno-vação de contrato ou contra-tação definitiva, ele soube usar, como poucos, um dita-do português: “se só tem tu, vai tu mesmo”. E, nesta ba-se, foi moldando os rema-nescentes ao seu estilo, ti-rou a equipe da zona de re-baixamento e, aos poucos, a levou próximo ao G4. E tem condições de elevá-la ain-da mais. Qualquer resultado contra o São Paulo, no Mo-rumbi, na última partida an-tes do recesso imposto pe-la Copa do Mundo, não ser-

defensivo que tem tudo para ser, novamente, um dos me-lhores do Brasil. O Cruzeiro,

Bráulio Siffert

Tradicional berço de cra-ques, o América não podia ficar de fora de ter represen-tantes nas Copas do Mundo. Tostão, um dos mais impor-tantes nomes da conquis-ta do tri de 1970, Éder Alei-xo, da memorável porém derrotada seleção de 1982, e Gilberto Silva, campeão em 2002 e participante de 2006 e 2010, começaram no Amé-rica. Em 2014, o nosso repre-sentante – que aliás também esteve em 2006 – será Fred.

Uma interessante curio-sidade é que também já la-pidamos jogador para outra seleção. Trata-se do japonês Nakasawa, capitão do Japão em 2006, que no início da carreira veio para o América e ficou dois anos, conquis-tando o Mineiro na catego-ria júnior.

imagem de arquivo

Reprodução

Wagner Carmo/Site oficial do Cruzeiro

Reprodução

América nas Copas

Falta agora chegar uma Copa que o América terá jo-gador que esteja atuando no América. Nesse ano, o Ma-theus, de apenas 21 anos, não deixa nada a desejar aos fracos goleiros selecio-nados.

OPINIÃO Atlético

OPINIÃO Cruzeiro

virá para comprovar ou des-moralizar as afirmações fei-tas até aqui. Faltarão ainda a complementação do pri-meiro turno e todo o retur-no. O Atlético tem muito a evoluir, é consenso, mas po-tencial não falta, muito me-nos talento e raça. Também confiança e esperança, que por sinal nunca faltam aos atleticanos.

Aliás, a coluna entra em recesso na próxima semana e retorna após a Copa. Por isso, minha despedida é en-fática: da Copa, da Copa eu abro mão, eu quero investi-mento em saúde e educação.

por sua vez, perde três pon-tos, mas a derrota fora de ca-sa não apaga as virtudes do

ataque azul. Vi muitos torcedores atri-

buírem o mau desempenho cruzeirense à falta de raça, à demora de Marcelo Oli-veira em fazer substituições ou à falha do goleiro Fábio no lance do gol. Ler o jogo desta maneira é subestimar o oponente. No segundo tempo, o Corinthians soube anular o Cruzeiro exemplar-mente. Repetiu, assim, o fei-to do San Lorenzo na Liber-tadores.

No texto que escrevi após a eliminação no torneio continental, disse que o es-tilo do jogo do time estava previsível e que seria preci-so se reinventar para voltar a

vencer. Mantenho o que dis-se. As jogadas com Éverton Ribeiro, Dagoberto, Willian e, principalmente, Ricardo Goulart, estão manjadas, jo-guem eles bem ou mal. Ad-versários taticamente disci-plinados e que saibam mar-car muito bem entram va-cinados contra o ataque do campeão brasileiro, que até o ano passado parecia “im-parável”, para usarmos as palavras do grande radialis-ta Osvaldo Reis, o Pequetito.

Com o recesso para a Co-pa, Marcelo Oliveira precisa encontrar alternativas, criar novas jogadas (a nossa bola aérea já não é mais uma no-vidade) e pedir reforços.