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ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES ANO IV - SÉRIE II REVISTA Nº10 - 2012 3,50 EUR 450 KWZ 5,00 USD ISSN 1647-3574 O seu negócio já foi alvo de socialwashing ou de greenwashig? Conhece os benefícios da boa governança corporativa? Ou as perdas empresariais associadas a uma má participação social? Siga-nos! GUIA PARA SER A MELHOR EMPRESA OBRIGADO! TODOS JUNTOS SOMOS MELHORES ESPECIAL RESPONSABILIDADE SOCIAL

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Número especial de Responsabilidade Social

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ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES

ANO IV - SÉRIE IIREVISTA Nº10 - 2012—3,50 EUR450 KWZ5,00 USD—ISSN 1647-3574

· Nº10

· 2012

O seu negócio já foi alvo de socialwashing ou de greenwashig? Conhece os benefícios da boa governança corporativa?

Ou as perdas empresariais associadas a uma má participação social? Siga-nos!

Guia para SErA MELHOR EMPRESA

OBRIGADO!TODOSJUNTOSSOMOSMELHORES…

EspEcial REsponsabilidadE social

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Esta revista é escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

envie as suas para o seguinte endereç[email protected]

Espaço LEitor—Felicito os americanos por terem dado a vitória a Barack Obama. É uma boa notícia para as democracias e sobretudo para África, que nunca teve tanta voz no mundo como depois da primeira eleição, em 2008. Esperemos que os próximos quatro anos tragam melhores relações comerciais entre os dois continentes. João Lázaro

—Parabéns pela capa com a embaixadora Elizabeth Simbrão. É de facto a nossa embaixadora no centro da Europa, a que nos ajuda a manter a ligação à nossa Terra-Mãe. Um grande orgulho para todos os que estão longe de Angola. Esperamos que um dia a Angola’in chegue às bancas na Bélgica. JúLia araúJo

—A Grande Muralha Verde é um tema que merece destaque em qualquer meio de comunicação social. É urgente que os países africanos concordem e trabalhem em conjunto. E são necessárias mais ideias do género, pelo bem do ambiente. Temos que impedir a desertificação de certas regiões de África e uma barreira verde de 15 quilómetros de largura parece-me uma excelente iniciativa. A ver vamos se terá a aceitação de todos para ser concluída com êxito. Mauro SantoS

—Quero felicitar publicamente a modelo Sharam Diniz. É um dos patamares mais altos que qualquer modelo deseja alcançar. Well done!! akéMia LiMa

78DESPortoFundação Qatar-BarcELona—Sabia que o Barcelona, um dos clubes mundiais mais emblemáticos, é dos poucos que não tem estampada uma marca de uma empresa no seu equipamento? Nesta edição conheça os motivos que levaram o clube a aliar-se à Fundação Qatar, passando a envergar publicidade paga nas suas camisolas. Fique ainda a par dos grandes exemplos de jogadores solidários

SUMÁRIO

18in FoCo

Quanto ganha uma

marca por ser responsável?

—responsabilidade social, ambiental,

desportiva ou cultural. todas estas atividades têm um ganho

empresarial. neste número, conheça de que forma a ação cívica de uma

entidade gera ganhos ou perdas empresariais e económicos.

assista ainda à análise do impacto negativo do greenwashing ou

socialwashing e perceba como todos os stakeholders de um negócio têm uma palavra a dizer neste contexto

SEJa aMigo Da angoLa’in no FaCEbook

E EnviE-noS a Sua oPinião EM

www.facebook.com/aNGoLaIN

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26E&n - CaSH-FLoW

pEtroLíFEras dão o ExEmpLo —a responsabilidade social está em constante mutação e evolução. no brasil, a Petrobras já incluiu o fundamento nos seus estatutos. atualmente, a sociedade e as políticas pressionam cada vez mais as petrolíferas a terem práticas de sustentabilidade, sobretudo ambiental. afinal, a sua fonte de receitas é o património que pertence a todos os cidadãos e há que respeitá-lo. Compreenda como o lucro social é crescentemente mais importante que o lucro financeiro

E&n - outSiDE o QuE é a govErnança coopErativa?Descubra as características que contribuem para que uma empresa possa assumir-se como detentora de uma boa governança cooperativa. o termo remete para a confiabili-dade que o exterior tem num organismo, pelo que as suas ações para com a sociedade são o elemento diferenciador

E&n - banCa & SEguroSa Banca na sociEdadEa atuação da banca está cada vez mais sustentada e acom-panha os desafios do exterior. E desengane-se quem acredi-ta que a responsabilidade corporativa é apenas um conceito presente na banca internacional. Mesmos nos organismos de menor dimensão o pensamento social já incorpora as boas práticas diárias

arQuitEtura & ConStruÇãoHaBitação sociaL?Porque ser responsável para com a sociedade também sig-nifica dar habitação condigna a todos, o empresariado está consciente da necessidade e tem sido um parceiro impor-tante do Executivo

MoSaiCo

inSiDE

MunDo

SoCiEDaDE

FotorEPortagEM

inovaÇão & DESEnvoLviMEnto

CuLtura & LazEr

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www.comunicare.pt

AngolARua Rainha Ginga, nº 228 – 2º andarMutamba – LuandaTEL 923 416 175 / 923 602 924

PortugAlRua Barão de Ferro, nº 104, sala A,4505-025 Sta Maria da Feira

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tiragem10.000 exemplares

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EDITORIAL

Esta revista utiliza papel produzido e impresso por empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000 (Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)06 2012

—ISSN 1647-3574DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09—Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais

Falemos pois de política social.

A política social é, sobretudo, uma polí-tica de ação e controlo sobre as necessi-dades sociais básicas. Esse preceito todos sabemos. O seu ímpeto é mediar as neces-sidades de valorização e acumulação do capital e as necessidades de manutenção da força de trabalho disponível para o mesmo. Nesta perspetiva, a política social é uma gestão estatal da força de trabalho e do preço da força de trabalho, equilibran-do-se, por isso, numa tentativa de encon-trar o grau certo de compatibilidade entre o capital e o trabalho.

Este tipo de política é, na maioria das ve-zes, garantida e efetivada com o custeio dos próprios beneficiários, isto é, dos trabalhadores assalariados. Um recurso apropriado pelo Estado, que visa garan-tir o bom funcionamento da sua política social, gerido pelo próprio poder públi-co, de forma a prestar um serviço. Uma transação que além de exigir uma gestão eficaz dos recursos arrecadados, carece de uma reciprocidade por parte do Estado via serviços e garantias de cariz social, que deve abranger todos sem exceção.

O que esta edição vem provar é que, apesar do importante papel do Governo, é fundamental a participação e o fortalecimento da presença de todos os que se encontram fora dos processos decisórios, que se dão, em última instância, no âmbito político.

Os espaços políticos existentes – sindi-catos, associações, conselhos– devem apoiar a criação de novas formas de par-ticipação, que se possam constituir como um caminho possível de proximidade aos cidadãos, para que estes unidos - como ‘sujeito coletivo’ -imponham mudanças importantes na política social, mudanças essas que venham a favorecer a maioria da população.

O pluralismo social, no qual os indivíduos têm a prerrogativa de influir em matéria do seu interesse é, por isso, fundamen-tal. A participação social, sendo um dos componentes da democracia, carece desse envolvimento como garantia do efetivo exercício dos direitos sociais, num exercí-cio de cidadania saudável.

Porque afinal, social somos todos!

A Direção

Social,somos todos!

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1 Ano 12 números - 42€ 30€

2 Anos 24 números - 84€ 60€

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—Por amor ao próximo—

Responsabilidade social não é apenas um dever do empresariado. É uma ‘obrigação’ de todos os cidadãos. A sociedade civil tem um papel determinante no auxílio dos mais desfavorecidos.Cada vez mais artistas sentem a ‘chamada solidária’ e aliam-se às mais diversas cau-sas. Foi o que aconteceu após a passagem do furacão Sandy, tempestade responsável pela maior paralização de Nova Iorque desde o 11 de Setembro de 2001. Nomes

MoSAiCo Patrícia Alves Tavares

sonantes de Hollywood e da cena musi-cal internacional não hesitaram quando foram convidados para ajudar as vítimas. Uniram-se num evento que visou arrecadar receitas para auxiliar os afetados por aque-la que foi uma das maiores tempestades que passaram pela cidade americana.

Bruce Springsteen, Christina Aguilera, Jon Bon Jovi e Sting foram alguns dos cantores que subiram ao palco e se juntaram a atores e

atrizes consagrados como Tina Fey, Whoo-pi Goldberg, Kevin Bacon e Danny De Vito, que tomaram conta da teleton na NBC. Mais de 50 milhões de euros foram arrecadados e doados à Cruz Vermelha. Entretanto, outras personalidades também se aliaram à causa e tentam reunir fundos através das suas pági-nas oficiais. É o caso do piloto americano da Nascar, Truex Jr. que iniciou uma campanha no seu site para angariar verbas para ajudar os moradores de Nova Jersey.

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inSiDE Patrícia Alves Tavares

1,1 milhões de toneladas—De produtos agrícolas no Kwanza Sul. Esta é a estimativa dos agricultores da região que produzir mais de 1,1 milhões de toneladas distribuídos pela mandioca, abacaxi, banana, batata-doce, milho, entre outras culturas. A época agrícola 2012/2013 irá contar com 620 mil hectares para plantio de diferentes culturas, sendo que 141,8 mil hectares estão reservados para o milho, cuja produção deverá chegar às 102,8 mil toneladas. Está ainda prevista uma produção de 71 mil toneladas de batata e 106,6 mil toneladas de batata-doce.

600 estações meteorológicas—Até 2017 o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (Inamet) planeia construir 600 estações meteorológicas em todo o país. De acordo com o diretor técnico, Sebastião Neto, o projeto está em fase de estudo e ensaio. A concretizar-se, o plano vai permitir resolver a carência de postos de observação em determinadas zonas e evitar que o Inamet tenha que recorrer a estações meteorológicas automáticas, como as do setor da agricultura e das hidroelétricas.

Prata Para angolanos—Um grupo de alunos angolanos, que mora na África do Sul, conquistou o segundo lugar num festival internacional promovido pela faculdade da capital daquele país, a Universidade de Joanesburgo. Os jovens nacionais destacaram-se na dança e culinária, num certame que reúne 40 estudantes de diversos países e que anualmente mostram ao mundo um pouco da sua cultura. O encontro destina-se a promover o intercâmbio de estudantes de várias nações e conta habitualmente com a participação de angolanos que estejam a residir naquela região. Recorde-se que Angola foi campeã duas vezes noutras edições do festival. Este ano, o Zimbabué ficou em primeiro lugar.

aPoio à Produção interna —No discurso de tomada de posse, José Eduardo dos Santos, Presidente da República, prometeu a adoção de “medidas bem doseadas de incentivo e de proteção à indústria interna”. O empenho em criar mais postos de trabalho, mediante políticas de emprego, de combate à pobreza, de fomento e incentivo às oportunidades e fomento dos negócios, foi frisado pelo responsável em diversos momentos do discurso. Para José Eduardo dos Santos é importante garantir a estabilidade do emprego e o ponto de partida será a “ampla discussão” com os parceiros sociais. Com uma taxa de ocupação laboral a rondar os 70%, o governante quer aumentar este valor que conduzirá inevitavelmente a uma maior produção nacional.

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270 milhõesde dólares—Foi quanto custou o recém-inaugurado Aeroporto Internacional de Catumbela, que é apontado como a alternativa ao aeroporto de Luanda. Localizada na província de Benguela, a nova infraestrutura está a 40 minutos da capital e está preparada para receber cerca de 900 passageiros em horas de ponta. As áreas aeronáuticas têm capacidade para albergar eme simultâneo dois aviões do tipo Boing 777-300 e quatro do tipo Boing 767. Inicialmente idealizado para acolher maioritariamente tráfego aéreo militar, o espaço de Benguela foi adaptado à nova realidade económica da região, que é cada vez mais palco de eventos internacionais. Assim, a pensar no crescimento da região sul, o Governo optou por um equipamento aberto à comunidade, sendo o primeiro do país a deter uma manga de embarque e desembarque.

comPetitividade dePende da resPonsabilidade—No último mês o Instituto Angolano de Normalização e Qualidade organizou um seminário em Luanda. O certame abordou a necessidade de implementação de um sistema de gestão, qualidade e responsabilidade social, como forma de aumentar a competitividade das empresas nacionais. Edna Carvalho, economista, foi uma das oradoras convidadas e lembrou que “se vamos abrir o nosso mercado para o mundo, temos que competir de forma minimamente igual. “Isso implica em muitos casos certificarmos alguns processos e produtos, que são aqueles que devem ter vantagem competitiva no mercado internacional”, defendeu.

livros doados Para bibliotecas—“Um livro, uma criança, muitos hospitais” é o título de uma campanha que surgiu na rede social Facebook. A ideia nasceu de um grupo de cidadãos anónimos que propõe a recolha de livros infantis para a criação de pequenas bibliotecas nos hospitais pediátricos. A campanha arrancou em início de setembro e já conta com mais de uma centena de obras, que entretanto já foram doadas ao Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda. Rui Ramos é um dos dinamizadores da iniciativa e explicou que os livros se destinam a crianças hospitalizadas e que a recolha decorre no Facebook e no colégio Nossa Senhora do Bom Sucesso, situado na capital. Benguela e Portugal também aderiram e têm pontos de receção das obras. “Neste momento, estamos a receber livros de cidadãos angolanos residentes na China e que, mal haja transporte disponível, vão ser entregues aos hospitais pediátricos”, contou.

mérito Para ambiente—Angola foi premiada com o Diploma de Mérito do Secretariado do Ozono do Programa das Nações Unidas para o Ambiente. A distinção foi conhecida durante a reunião conjunta de África dos Pontos Focais da Convenção de Viena e Protocolo de Montreal. O trabalho do Governo nacional foi reconhecido pela ONU em virtude do cumprimento da eliminação progressiva dos gases que empobrecem a Camada de Ozono. Também os projetos de sensibilização e educação da população mereceram elogios.

namibe e menongue unidos Pelo comboio—O Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) regressou aos trilhos e assegura o transporte de passageiros e mercadorias entre o Namibe e Menongue (Kuando Kubango), após mais de vinte anos de paralisação. As estimativas indicam que no próximo ano serão transportados mais de um milhão de passageiros. Cerca de 20 comboios diários irão igualmente assegurar a deslocação de quase dois milhões de toneladas de ferro por ano.

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medicina cubana em angola—“Atualmente cerca de quatro mil, estudantes angolanos frequentam estes cursos em Angola e em 2013 se fará a primeira graduação de 306 destes alunos dos quais 111 em medicina, constituindo um momento histórico no reforço da cooperação entre ambos os países”, assinalou a embaixadora de Cuba em Angola, Gisela Rivera. Os alunos em causa estão a frequentar cursos de medicina, análise de laboratório, enfermaria e electromedicina com métodos cubanos. As formações decorrem em cinco faculdades nacionais e diversos politécnicos. É mais um passo no relacionamento com Cuba, uma vez que já existem mais de mil médicos de nacionalidade cubana a trabalhar em várias províncias angolanas.

inSiDE

Paulo Freire ajudado Pelo banc—O piloto angolano Paulo Freire conseguiu garantir a sua participação na edição 2012 do Rally de Portugal graças ao auxílio do Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC). A aposta no atleta faz parte da política de responsabilidade social

da instituição bancária que participa em projetos de diferentes áreas. Quem agradeceu o apoio foram os fãs do piloto que puderam acompanhar o desempenho de Paulo Freire na competição que decorreu nas principais ruas da capital lusa.

seminário aborda causas sociais—Decorreu em outubro o segundo Seminário sobre Certificação de Sistema de Gestão, organizado pela Empresa Internacional de Certificação, cujo tema central deste ano foi a responsabilidade das organizações no seio da sociedade. De acordo com o especialista Nelson Barros, as empresas devem estar conscientes de que as suas decisões e atividades têm impacto na sociedade e no ambiente, pelo que devem transmitir valores que promovam o bem-estar social e o seu crescimento sustentável. Recordou igualmente que responsabilidade social é uma mais-valia para as instituições, uma vez que estas podem implementar políticas e cumprir os seus objetivos adaptando-os às necessidades das partes interessadas. Defendeu ainda que a criação de um sistema de gestão de responsabilidade social certificado garante o cumprimento de princípios internacionais e o combate a problemas como a pobreza, exclusão social, reintegração profissional e social e até criação de empregos.

adra Próximada PoPulação rural—A Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) esteve no último mês no Huambo a promover as atividades humanitárias nas comunidades rurais do município de Caála. A iniciativa enquadra-se no programa nacional de combate à fome e à pobreza e visou o envolvimento das famílias camponesas nos programas de desenvolvimento socioeconómico. O encontro contou com 60 participantes, desde membros da administração do município a cooperativas, autoridades tradicionais e técnicos da Extensão de Desenvolvimento Agrário (EDA). A organização quer estruturar as associações camponesas de acordo com a legislação nacional, de modo a serem capazes de obter créditos e promover as condições de vida das comunidades rurais. A ADRA quer incentivar o progresso social e nesse contexto prestar assessoria técnica para dinamizar a produção agrícola, fomentando o cooperativismo, o associativismo e a sustentabilidade do crescimento económico.

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MunDo Patrícia Alves Tavares

Postal de Natal 2012—A temática do postal de Natal da Xerox Portugal será Responsabilidade Social Empresarial e convida todos os interessados em desenvovler uma proposta conceptual do seu ‘Postal de Natal 2012’

eficiêNciaem cabo Verde —Chama-se Islhágua e é o projeto desenvolvido pelo Instituto Tecnológico Canário (ITC) de Cabo Verde com vista a incentivar o uso eficiente da água. O organismo oferece um curso e-learning em dessalinização e energias renováveis, aberto a toda a população e que visa um melhor conhecimento e controlo da qualidade da água potável. O projeto tem o apoio da Universidade de Cabo Verde, da Associação Nacional dos Municípios, do Instituto Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos e da Comunidade dos Municípios do Sudoeste Gran Canárias. O plano destina-se a reforçar a avaliação das águas potáveis, marinhas, regeneradas e controlar os vertidos, promovendo o uso de tecnologias adaptadas e responsáveis por tratamentos de maior eficiência energética.

aPartameNto Pouco maior que mesa de sNooker—Custa 113 mil euros e tem uma área de 3,15 por 2,54 metros, sendo pouco maior que uma mesa de snooker. Estamos a falar de um apartamento que está à venda em Londres e que na sua curta dimensão consegue oferecer aos futuros habitantes uma casa de banho (chuveiro e sanita ocupam o espaço de um armário) e espaço para uma cama de solteiro. O imóvel está ainda equipado com fogão, forno e lava-loiças. Situada no bairro de Knightsbridge, uma das zonas mais nobres da capital inglesa, o apartamento já foi alvo de vários contactos e a imobiliária acredita que será fácil de vender.

Primeira semaNa da resPoNsabilidade social—Os Açores, região autónoma de Portugal, organizaram este ano a primeira Semana da Responsabilidade Social. O evento contou com a coorganização da Associação Centro Estudos Economia Solidária do Atlântico (ACEESA) e com a parceria da Associação Portuguesa de Ética Empresarial (APEE). O certame é uma referência na área de Responsabilidade Social lusa e percorre há sete anos diversos pontos de Portugal. Este ano deslocou-se até às ilhas onde foi discutido o tema “Mudança e Inovação para Novos Estilos de Vida”. O debate tem como finalidade a promoção da discussão e reflexão das instituições para esta temática, bem como a apresentação das vantagens de incorporar a vertente social no seio das organizações. As sessões focaram temas de Responsabilidade Social no contexto da nova estratégia da Comissão Europeia, a Responsabilidade Social e a Solidariedade Social (Economia Social e Solidária) e ainda a Responsabilidade Social como fator de competitividade.

moçambique Na chiNa—Moçambique está empenhado em promover a sua imagem turística no mundo. Assim, o país vai ter um representante permanente na China que irá promover a nação enquanto destino turístico de excelência. A aposta no mercado asiático deve-se ao facto de este ser um potencial fornecedor de turistas. O país quer contrariar a tendência dos chineses que normalmente escolhem países como a África do Sul e o Zimbabué, preterindo Moçambique devido à sua fraco divulgação em solo asiático. Com o novo representante, o país espera assumir-se como eleito neste segmento.

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semaNa socio-ambiental No brasil—Em outubro decorreu no Brasil mais uma Semana Socio-ambiental, organizada pela Faculdade Network, com vista à comemoração do Dia da Amazónia. O evento promoveu múltiplas atividades coletivas voltadas para a educação sustentável e para a responsabilidade social. A escolha da Amazónia deve-se à importância da região não só no contexto brasileiro, mas igualmente mundial. A universidade integra o programa Carbon Control, que consiste na procura de soluções que neutralizem as emissões de CO2 através do reflorestamento. O certame esteve aberto a toda a comunidade.

cPlP é temade eNcoNtro—O Encontro COM Culturas 2012, que decorre anualmente em Portugal, dedicou a edição deste ano à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Entre 3 e 4 de outubro, especialistas convidados pelo Instituto Politécnico de Beja debateram temas relacionados com a cooperação no domínio da educação. Murade Murargy, secretário executivo da CPLP participou na abertura do certame e foi um dos palestrantes convidados.

caNadá tem boa rePutação—A norte-americana Reputation Institute publicou a lista dos países com melhor reputação em 2012. Canadá surge em primeiro lugar, mantendo a posição do ano passado, seguindo-se a Austrália, que subiu no ranking. Suécia, Suíça e Noruega ocupam igualmente o topo da lista.

500 milhões Por Posição Na olymPus—Foi o valor desembolsado pela Sony para adquirir uma posição minoritária no fabricante da Olympus. A empresa andava à procura de um investidor desde dezembro de 2011 e a Sony acabou por ficar com os 10% da entidade, situação que irá permitir à Olympus equilibrar a sua contabilidade. Contudo, mantém-se a sua intenção de cortar 2700 empregos até 2014.

Judoca Português eNsiNa mais NoVos—É a maior escola de judo de Portugal e trata-se de um projeto social. A Escola de Judo Nuno Delgado (EJND) aposta na formação desportiva, social, cívica e pessoal e funciona em rede e mediante protocolos de parceria. É uma associação desportiva sem fins lucrativos e destina-se a levar o judo às crianças, fomentando a expansão da modalidade. A iniciativa é do maior judoca luso, Nuno Delgado, e apoia mais de mil alunos dos 4 aos 14 anos, na sua maioria residentes em Lisboa. Através das parcerias com entidades empresariais, a escola consegue estar acessível a crianças com dificuldades financeiras ou necessidades psico-motoras especiais, garantindo a sua integração e socialização com a comunidade.

meNos coraisNa austrália—A Grande Barreira Australiana de Coral perdeu mais de metade dos corais nos últimos 27 anos. De acordo com o estudo, a área que é Património da Humanidade desde 1981 tem sido alvo de destruição devido às fortes tempestades dos últimos anos e à presença de coroas de espinhos. As alterações ambientais têm provocado o stress e consequente descoloração dos corais. A pesquisa do Instituto Australiano de Ciências Marinhas indica igualmente que a Grande Barreira necessita de 10 a 20 anos para recuperar os corais e que, caso não seja feito nada em contrário, em 2022, a zona terá perdido metade da sua diversidade.

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MunDo

heiNekeN gaNha cerVeJa tiger—A Heineken conseguiu conquistar o controlo da fabricante de cerveja Tiger, a Asia Pacif Breweries. Os acionistas aprovaram a proposta de 5,6 mil milhões de dólares, pelo que a empresa holandesa passa a deter 95,3% da APB. Antes da oferta a Heineken detinha apenas 55,6% da Tiger. “Valeu cada dólar que pagámos, tendo em conta as oportunidades de crescimento que a região nos dá”, afirmou Jean-François van Boxmeer, CEO da Heineken, em declarações ao Financial Times. O responsável adiantou que prevê um crescimento da cerveja premium de oito por cento ao ano até 2020, só referente à Ásia Pacífico.

brasil iseNta Vistos—O Brasil divulgou que vai publicar um decreto de isenção de vistos para mais quatro países da União Europeia. Os cidadãos de Letónia, Malta, Chipre e Estónia já não necessitam de autorização para entrar em terras de Vera Cruz. As novas nações juntam-se às restantes da UE que já não precisavam desta exigência desde 2010. O acordo destina-se a viagens de curta duração (até três meses) e passa a abranger os países que integraram a Comunidade depois do protocolo de há dois anos. A isenção de vistos pode ser prolongada por mais tempo desde que exista acordo com as autoridades de cada país.

maior roda-gigante em nova iorque—É a maior roda-gigante do mundo e vai nascer em 2015. Será na cidade de Nova Iorque, nos EUA, que a estrutura de 190 metros será montada e que se espera que venha a atrair turistas para Staten Island, ilha a sul de Manhattan. A infraestrutura que irá transformar a região numa “das atrações históricas da cidade e do mundo” vai custar 230 milhões de dólares e inclui a construção de um centro comercial e um hotel ao longo da costa de Staten Island. O projeto irá criar 1,2 mil novos postos de trabalho e a roda-gigante terá 36 cápsulas, cada uma com capacidade para transportar 40 passageiros. Poderá receber 4,5 milhões de visitantes por ano.

água em marte—“Curiosity”, um robô que está em Marte desde 6 de agosto, detetou naquele planeta cascalho que se julga pertencer ao leito de um antigo ribeiro que corria na terra “vermelha”. A observação volta a indicar que no passado existiu água em Marte, já que as imagens captadas são idênticas às de leitos de rios secos na Terra. Analisando o tamanho das pedras, os especialistas acreditam que a água fluía a quase 0,91 metros por segundo e a quase um metro de profundidade. A constatação de vários canais revela que os cursos de água foram contínuos ou frequentes durante vários anos.

ZuckerbergNa rússia

—O fundador da rede social Facebook, Mark Zuckerberg, esteve na Rússia

onde se encontrou com o presidente Medvedev. A visita serviu para

discutir novas perspetivas de cooperação no “setor da Internet”, especialmente em Skolkovo, zona

de Moscovo, onde será construída a futura “Silicon Valley”, um centro de

inovação tecnológica. O presidente russo é um fervoroso adepto das

novas tecnologias e tem apostado no seu desenvolvimento ao longo deste

mandato. Zuckerberg visitou a Rússia pela primeira vez, embora o Facebook

detenha já ligações com o setor empresarial do país.

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in FoCo Manuela Bártolo

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Quanto ganHa uma marca por sEr rEsponsávEL?O atual contexto social em que as decisões e ações empresariais e de gestão ocorrem é, cada vez mais, dinâmico e complexo. Hoje, sabe-se que uma empresa não se resume exclusivamente ao capital e que sem os recursos naturais (matérias-primas) e as pessoas (conhecimento e mão-de-obra) não gera riqueza, não satisfaz as necessidades humanas, não proporciona o progresso e não melhora a qualidade de vida. Razão pela qual, a questão da participação das empresas privadas na solução de necessidades públicas está na pauta dos temas atuais. Embora alguns defendam que a responsabilidade dos organismos privados na área pública deverá limitar-se ao pagamento de impostos e ao cumprimento das leis, crescem os argumentos de que o seu papel não pode ficar restrito a isso, até pela sua própria sobrevivência no mercado. Adotar posturas éticas e compromissos sociais com a comunidade pode, por isso, ser um diferencial competitivo e um indicador de rentabilidade e sustentabilidade a longo prazo. Os consumidores estão gradualmente a valorizar e preferir empresas identificadas como éticas, ‘cidadãs’ ou ‘solidárias’. Ao estar atenta e intervir no seu meio envolvente, o organismo desenvolve valores e práticas com efeitos positivos sobre a sua cadeia produtiva e os seus colaboradores, gerando melhores resultados.

SAbiA quE....—

o retorno social institucional ocorre quando a maioria dos consumidores privilegia a atitude da empresa de in-vestir em ações sociais e o desempe-nho desta obtém o reconhecimento público. Como consequência, a empre-sa torna-se notícia, potencializa a sua marca, reforça a sua imagem, assegu-ra a lealdade dos seus colaboradores, fideliza clientes, reforça laços com par-ceiros, conquista novos consumidores, aumenta a sua participação no merca-do, conquista novos mercados e incre-

menta as suas vendas.

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in FoCo

ganHos EmprEsariais os ganhos empresariais obtidos a partir da respon-sabilidade social são pas-síveis de se revestir de um valor económico direto. Embora a primeira obrigação das empresas seja a obtenção de lucros, estas podem, em simultâneo, contribuir para o cumprimento de objetivos sociais mediante a integra-ção da responsabilidade so-cial enquanto investimento estratégico no núcleo da sua estratégia empresarial, nos seus instrumentos de gestão e nas suas operações. Razão pe-la qual a mesma deve ser con-siderada um investimento e não um encargo. Demonstrar compromisso social deixou de ter uma conotação pura-mente filantrópica e ganhou dimensão estratégica para as empresas, uma espécie de ga-rantia de sucesso económico a longo prazo, até porque atu-almente uma das condições para a empresa obter lucro e ser competitiva é relacio-nar a sua marca a conceitos e valores éticos. Para con-quistar o consumidor, que exerce com mais consciência a sua cidadania, as compa-nhias precisam de comprovar que adotam uma postura cor-reta, tanto na relação com os funcionários, consumidores, fornecedores e clientes, como no que diz respeito às leis, aos direitos humanos e ao meio-ambiente.

As atuações sociais são ati-tudes louváveis e devem ser usadas para a valorização da empresa no mercado. No en-tanto, essa valorização deve associar os valores e objetivos da empresa à ética, gerando resultados que irão, ao mes-mo tempo, colaborar para a melhoria das condições so-ciais da comunidade onde está inserida. As carências e desigualdades sociais existen-tes no país dão à responsabili-dade social empresarial ainda mais relevância, uma vez que a sociedade angolana espera que as empresas cumpram um

novo papel no processo de de-senvolvimento: sejam agentes de uma nova cultura, sejam atores de mudança social e se-jam também construtores de uma sociedade melhor.

Cada vez mais, uma gestão so-cialmente responsável pode trazer inúmeros benefícios às empresas, desde a obten-ção do apoio da sociedade e dos consumidores e da pre-ferência de investidores in-ternacionais até à conquista de um espaço crescente jun-to dos média, um bom clima organizacional e o recruta-mento/retenção de pessoas talentosas.

Esses ganhos com a respon-sabilidade social resultam no denominado retorno social institucional, que se concre-tiza através dos seguintes ga-nhos:

· em imagem e em vendas, pelo fortalecimento e fideli-dade à marca e ao produto/serviço;

· aos acionistas e investi-dores, pela valorização da empresa na sociedade e no mercado;

· em retorno publicitário, advindo da geração de média espontânea;

· em tributação, com as pos-sibilidades de isenções fiscais em âmbito local ou nacional para empresas patrocinado-ras ou diretamente para os projetos;

· em produtividade e pesso-as, pelo maior empenho e mo-tivação dos funcionários;

· em ganhos sociais, pelas mudanças comportamentais da sociedade.

Quando uma empresa atua com responsabilidade social aumenta o seu relacionamen-to com diversos públicos re-levantes (clientes atuais e em potencial, opinião pública, acionistas, investidores, for-necedores, funcionários, go-verno), aumenta a exposição espontânea positiva na comu-nicação social, onde os seus produtos, serviços e marca ganham maior visibilidade e possível aceitação.

pErdas EmprEsariais A disposição dos consumido-res em punir empresas que agem sem responsabilidade social é cada vez mais eleva-da. O consumo ético conscien-te está a aumentar e exige às empresas uma conduta trans-parente e responsável nas suas relações com os stakehol-

A comprovar a alta influência dos consumidores ‘verdes’ estão os decroissants franceses e os scuppies norte-americanos, movimentos de cidadãos orientados por uma ética altruísta em países influenciadores da cultura e da economia mundiais

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ders – clientes|consumidores, funcionários, acionistas, for-necedores, governo, comuni-dade, concorrentes, grupos e movimentos.

o consumidor começa a ter noção do poder e do impac-to transformador do seu ato de consumo e faz as su-as escolhas tendo em consi-deração as atitudes sociais e ambientais adotadas pe-las empresas.

Mas neste aspecto, a questão é que hoje os stakeholders são encarados como uma espécie de sócios do negócio, prontos para compartilhar resultados. A empresa e o empresário que trata os seus stakeholders com negligência, ocasionando pro-blemas económicos, sociais e ambientais, pode pagar muito caro esse preço, ou seja sofrer várias perdas empresariais como:

· má imagem e diminuição das vendas, pelo enfraqueci-mento e boicote à marca e ao produto/serviço;

· queda das ações e afasta-mento dos investidores, pe-la desvalorização da empresa na sociedade e no mercado;

· publicidade negativa, ad-vindo da geração nos média de denúncias e propagandas contrárias às ações da empre-sa;

· reclamações de clientes e perda de futuros consumi-dores, devido à propaganda enganosa e à falta de qualida-de e segurança dos produtos;

· pagamentos de multas e indemnizações, ocasiona-das por desastres ao meio-ambiente, danos físicos ou morais aos funcionários e consumidores, desobediência às leis e escândalos económi-cos e políticos;

· baixa produtividade, pela maior exploração, insatisfa-ção ou desmotivação dos em-pregados.

atEnção aos stakEHoLdErsA responsabilidade social não pode ser apenas um acto de-claratório da empresa junto dos stakeholders. A procura por uma atuação sustentável requer, antes de declarar, es-cutar. Negligenciar esses desafios implica três conse-quências no sucesso de sus-tentabilidade empresarial: 1) investimentos em projetos de atuação errados; 2) sensação de exclusão pelos stakeholders e desconhecimento sobre os processos decisórios da em-presa; 3) greenwashing ou so-cialwashing.

A gestão tem, perante os acio-nistas, a responsabilidade de utilizar os recursos do negó-cio comprometendo-se com atividades desenvolvidas pa-ra aumentar os seus lucros, e com os empregados a obriga-ção de criar condições de tra-balho seguras e produtivas e remunerações justas. A sele-ção dos fornecedores já não se deve processar exclusivamen-te através da apresentação de propostas competitivas. Além de se respeitar os contratos, as relações com parceiros de alianças ou empresas comuns e franquiados são igualmente importantes. A longo prazo, a consolidação dessas relações poderá resultar em expecta

grEEnwAShing—

branqueamento ecológico ou ecobranqueamento (greenwashing

em inglês) é um termo que serve para designar um procedimento de marketing, utilizado por uma organização (empresa, governo,

etc) com o objetivo de dar à opinião pública uma imagem ambientalmente

responsável dos seus serviços ou produtos. no entanto, a organização

tem uma atuação contrária aos interesses e bens ambientais que

comunica.

SoCiAlwAShing —

Esta prática sucede quando a empresa divulga ações socialmente

responsáveis, que utiliza como posicionamento de marketing,

faz inclusive publicidade dessas iniciativas porém não se compromete com resultados. Por um lado, as ações não geram saída para projetos sociais

e, por outro, age de forma antiquada com o seu público interno. Em resumo:

diz-se socialmente responsável, porém apenas cumpre as leis, o que é seu dever ou investe muito mais para divulgar uma ação social do que com

a ação propriamente dita. Fonte: Wikipédia

CuiDADo PArA

nA SuA EMPrESA

não PrAtiCAr

ATENÇÃO!

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tivas, preços e termos equi-tativos, a par de uma entrega confiável e de qualidade. O mesmo se passa com os clien-tes e com a comunidade. Por último, o Governo e socieda-de. A empresa deve manter interações dinâmicas com os seus representantes, visando a melhoria constante das condi-ções sociais e políticas do país. O comportamento ético pres-supõe que as relações entre a empresa e os governos sejam transparentes para a socieda-de, acionistas, empregados, clientes, fornecedores e dis-tribuidores. Cabe à empresa manter uma atuação política coerente com os seus princí-pios éticos e que evidencie o seu alinhamento com os inte-resses da sociedade.

Por último, é de referir a ati-tude mantida com os concor-rentes. Para ser considerada socialmente responsável no aspecto da concorrência a empresa deve evitar práticas monopolistas e oligopolistas, dumping e formação de car-téis, procurando sempre for-talecer a livre concorrência de mercado.

A qualidade dos produtos e serviços devem ser os veto-res soberanos para influenciar o mercado, sendo caracteri-zados como crime e concor-rência desleal as práticas de difamação, espionagem in-dustrial, contratação de fun-cionários de concorrentes para obtenção de informação privilegiada, etc. Sem este ti-po de ações nenhuma empre-sa irá sobreviver num futuro próximo. Senão vejamos a se-guir.

radicaLismo ético ‘vErdE’

A sociedade atual vive o que alguns especialistas intitulam de radical greening, significa-do atribuído a uma tendência de aumento das preocupações ambientais entre os consumi-dores e também os governos. Este radicalismo tem sido apontado como uma das dez maiores ameaças ao futuro dos negócios. Setores como os do petróleo e gás, seguros, energia, saneamento e auto-móvel já começaram a traba-lhar em função de um cenário futuro de forte pressão exer-cida sobre as suas atividades por consumidores|defensores ambientais e regulamentações|leis mais rí-gidas.

Perante esta tendência mun-dial, as empresas mais inte-ligentes já compreenderam que não podem negligenciar a sustentabilidade no quadro das suas estratégias de gestão e relacionamento com os con-sumidores. As que comercia-lizam produtos destinados ao consumidor final não pode-rão, nos próximos anos, igno-rar esse fator como elemento primordial na construção da sua marca, sob o risco de afas-

de tudo, relacionar-se com marcas fundadas em valores e crenças, com empresas que pensam e agem como um in-divíduo decente.Mais do que falar, os consu-midores “éticos” parecem dis-postos a agir. Estima-se que, na média mundial, um terço deles já tenha boicotado pelo menos um produto por causa de um mau comportamento socioambiental. Mais envolvi-do, está também mais atento às mensagens divulgadas pela publicidade ‘verde’. No Reino Unido, o Advertising Standar-ds Authority retirou de circu-lação, em 2007, 19 campanhas consideradas enganosas. Por pressão da sociedade, o gover-no francês acaba de criar uma regulação para campanhas verdes visando coibir menti-ras, promessas vagas, impre-cisões e falsos compromissos. Nos EUA, observa-se um mo-vimento semelhante.Desse quadro novo salta uma reflexão importante. Dada a crescente valorização dos be-nefícios de “ser sustentável” no processo de construção de marca, o desafio de bran-ding imposto será adotar um marketing também susten-tável, baseado, como já afir-mamos em cinco princípios associados à noção de susten-tabilidade: a verdade precisa dos fatcos, a equidade entre os interesses da empresa e do consumidor, a transparên-cia, o não-desperdício nem de insumos, nem de oportu-nidades de promover o de-senvolvimento sustentável, a responsabilidade em relação ao planeta e a coerência entre o que a marca promete e o que efetivamente entrega.

Para ser considerada socialmente responsável no aspecto da concorrência, a

empresa deve evitar práticas monopolistas e oligopolistas,

dumping e formação de cartéis, procurando sempre

fortalecer a livre concorrência de mercado

tar potenciais clientes, cada dia mais exigentes e críticos. As denominadas ‘business to business’ terão de ser susten-táveis se quiserem assegu-rar a sua licença para operar em comunidades, preservar ou fortalecer a sua reputação ou mesmo evitar potenciais focos de conflito sociais e ambientais que possam preju-dicar as suas atividades. A inclusão e expansão da te-mática socioambiental junto dos consumidores, em maior ou menor ritmo, afeta cada vez mais a forma como os profissionais de marketing e os gestores de branding ela-boram as marcas. A escola de pensamento inglesa em branding vê nesse comporta-mento do consumidor a pla-taforma para uma espécie de terceira onda da construção de marcas, posterior à racio-nal (entre os anos 1950 e 1970) e à emocional (entre os anos 1970 e 1990) Denominada ética, ela teria começado nos anos 1990, inaugurando um conceito também conhecido como spiritual brand. A dife-rença para as duas anteriores está no facto de que, além de obter os aspetos funcionais do produto e experimentar as emoções que pode evocar, o consumidor ético quer, acima

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EConoMiA&nEgÓCioS Manuela Bártolo

Caridade,não. obrigado.

as instituições Comunitárias devem apoiar não numa perspetiva de Caridade,mas de solidariedade soCial

—É DO CONHECIMENTO GERAL QUE AS POLíTICAS SOCIAIS, EM PARTICULAR A AçãO SOCIAL, ASSUMEM A FUNçãO DE COMPENSAR AS DESIGUALDADES E DISFUNçõES GERADAS PELOS SISTEMAS ECONóMICOS. ATUALMENTE, OS GOVERNOS SABEM QUE AS RESPOSTAS àS NECESSIDADES HUMANAS DEPENDEM CADA VEZ MENOS DE UMA SÉRIE DE POLíTICAS DIFERENTES E MAIS DE SISTEMAS DE SOLUçõES COORDENADAS E INTEGRADAS. EM ANGOLA, A NOVA VISãO DE POLíTICA SOCIAL, QUE TEM VINDO LENTAMENTE A SER INSTAURADA, TEM COMO PRINCíPIO BÁSICO A INSTITUIçãO DE UM MODELO DE SEGURANçA SOCIAL EQUILIBRADO E SUSTENTÁVEL, QUE COMBINE A RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL E A SOLIDARIEDADE SOCIAL. O OBJETIVO É DIFERENCIAR POSITIVAMENTE A ASSISTêNCIA AOS MAIS DESFAVORECIDOS. NO QUADRO DA NOVA VISãO, PRETENDE-SE UMA PARCERIA ATIVA ENTRE O ESTADO E A SOCIEDADE, ONDE AS COMUNIDADES ASSUMEM UMA RESPONSABILIZAçãO COLETIVA NA CONSTRUçãO DE MECANISMOS DE APOIO AOS GRUPOS MAIS VULNERÁVEIS E àS FAMíLIAS EM SITUAçãO DE RISCO. UMA POLíTICA DE PARCERIA QUE NãO DESRESPONSABILIZA O ESTADO, A QUEM CABE A FUNçãO PRIMÁRIA DE PROTEGER E ASSISTIR OS CIDADãOS MAIS CARENCIADOS.

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A dinâmica visa sobretudo o envolvimento de todos os parceiros sociais, com maior protagonismo para os agentes das instituições comunitárias, públicas e privadas, para que através da dimensão social das suas atividades se possam aproximar dos problemas e serem elementos participantes ativos na inserção social dos grupos hoje excluídos, não na perspetiva de caridade, mas de solidariedade social.

O atual Plano Estratégico de Desenvolvimento de Médio e Longo Prazos, bem como a Lei de Bases de Proteção Social, constituem os documentos legais que norteiam toda a ação social. Por orientação do Governo têm vindo a ser estabelecidas as políticas setoriais dos órgãos da política social, através de um processo participativo entre todos os atores sociais. O processo de elaboração das políticas, de um mo-do geral, tem obedecido a mesma metodologia, ou

seja, apresentação pelo órgão responsável do do-cumento base, que procede à consulta dos parcei-

ros setoriais mais diretos e, posteriormente, mais alargada à sociedade civil organizada, incluindo

os próprios beneficiários. Esse processo nor-malmente inicia internamente, dentro do ór-

gão especializado de determinado domínio ou com a criação de Comissões Técnicas Multisetoriais, com subgrupos temáticos, que desenvolvem o trabalho de desenho e elaboração de propostas, que posterior-mente submetem a discussão alargada.

Embora o país ainda esteja numa fa-se de desenvolvimento da definição de políticas setoriais na área social, foram já estabelecidos importan-tes instrumentos normativos. Entre eles, destaca-se a Política Nacional do Ambiente; Política Nacional de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; Política Nacional para a Pessoa Idosa ; Lei de Bases de Proteção Social; Lei do Jul-gado de Menores; Lei de Bases do Sistema de Educação; Pla-no de Educação para Todos; Plano Estratégico da Saúde; Estratégia Nacional de Segu-rança Alimentar; e Estraté-gia Nacional de Combate a Violência contra a Mulher.

No entanto, na sua maio-ria só estão estabelecidos a nível central. Outros há a realçar que, como experiência singular, a dita coordenação exis-te. Desde 2004, por exemplo, que a mate-rialização das políticas de promoção e defesa dos direitos da criança está a ser implementa-

da. A realização do Fórum Nacional sobre a Criança, revelou-se como um compromisso político ao mais alto nível da governação, assumido pelo Presidente da República.

Reconhecendo a necessidade de garantir a todos os cidadãos uma proteção mais efetiva, o Governo ini-ciou também um processo de reforma do sistema de segurança social, com o intuito de o tornar susten-tável e equilibrado face às necessidades, tendo para isso combinado a responsabilidade do Estado e a participação comunitária.

Nessa perspetiva, aprovou a Lei de Bases da Pro-teção Social, instrumento legal que assenta num conceito extensivo de segurança social e que se pretende adaptado às atuais exigências sociais. Esse documento legal, que tem vindo a tornar-se efetivo com o crescimento da economia nacional, promove na sua essência o bem-estar das populações, assim como estabelece os mecanismos de assistência so-cial aos grupos mais vulneráveis e, as medidas pre-ventivas às situações de desigualdade social.

SAbiA quE...A Comissão para a Política Social traçou como metas

sociais para este anoas áreas do ensino, saúde

e cultura

diferentes meCanismos de Coordenação, artiCulaçãode sinergias e de ConCertação, têm sido ensaiados para a implementação das polítiCas soCiais

Com efeito, constituem objetivos da proteção so-cial, os seguintes:

1. Atenuar os efeitos da redução dos rendimentos dos trabalhadores nas situações de falta ou diminui-ção da capacidade de trabalho, na maternidade, no desemprego e na velhice e garantir a sobrevivência dos seus familiares, em caso de morte;

2. Compensar o aumento dos encargos inerentes às situações familiares de especial fragilidade ou de-pendência;

3. Assegurar meios de subsistência à população residente carenciada, na medida do desenvolvi-mento económico e social do país e promover, con-juntamente com os indivíduos e as famílias, a sua inserção na comunidade, garantia de uma cidadania responsável.

concertação social Este organismo tem já delineado o Plano de Desen-volvimento 2013-2017, com relevância para o com-bate à pobreza. O programa regista uma evolução positiva neste domínio, porém os membros reco-nhecem a necessidade de reajustamento de alguns instrumentos para que os seus resultados tenham um maior impacto na vida das populações. Outro assunto em debate tem sido o projeto de revisão da Lei Geral do Trabalho, um diploma importante com implicações diretas na mobilidade da força de tra-balho e no funcionamento das empresas. O trabalho preliminar já foi realizado, pelo que em breve serão debatidas as bases que possam produzir um diplo-ma de consenso, capaz de estabelecer estabilidade e garantir emprego e melhor funcionamento das em-presas produtivas. A partir do primeiro trimestre de 2013 serão efetuadas uma série de reuniões técnicas para determinar os aspetos que deverão ser altera-dos na Lei Geral do Trabalho.

Uma iniciativa que o presidente da Associação dos Industriais de Angola (AIA), José Severino, já enalte-ceu, considerando que a reformulação desta lei de-verá conciliar os interesses do Governo e dos seus parceiros. Para este responsável, a mesma deve visar a competitividade, defender os direitos fundamen-tais dos trabalhadores, tendo em consideração as questões associadas ao absentismo, indisciplina la-boral e oportunismo por parte de algumas pessoas, visando uma economia capaz de concorrer com os países da região. “O mundo está globalizado e não podemos continuar a aceitar que os outros países se-jam mais competitivos que nós, obrigando a que, por essas razões, tenhamos que recorrer ao sacrifício da pauta aduaneira para sermos competitivos”, disse à TPA. Segundo o mesmo, é preciso criar um ambiente favorável entre as empresas e a classe trabalhado-ra, no sentido de que o empresariado seja motivado a investir cada vez mais e modernizar-se, mediante a capacitação profissional e tornar os funcionários mais competitivos, quer na área dos serviços quer na produção de bens materiais.

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EConoMiA&nEgÓCioS

—LONGE VAI O TEMPO EM QUE AS EMPRESAS PETROLíFERAS TINHAM COMO úNICA PRIORIDADE ATINGIR LUCROS ELEVADOS. HOJE, PARALELAMENTE AO NEGóCIO, COEXISTE UMA POLíTICA ALARGADA DE ATIVIDADE CORPORATIVA, QUE AS OBRIGA A ATUAR DE UMA FORMA SEGURA E RENTÁVEL, COM RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL.

Petrolíferas dão o exemPlo

Contributo multinaCional mais sólido

O rápido aumento da produção petro-lífera e consequentemente das recei-tas do Estado tem, nos últimos anos, apoiado a criação de condições ex-cecionalmente favoráveis para o de-senvolvimento socioeconómico do país. Um propósito que, em Angola, deu origem a um decreto-lei que apli-ca várias regras à indústria petrolífera, com o intuito de que estas contribuam de forma mais veemente para o cres-cimento da sociedade. Os benefícios diretos para os angolanos da ativi-dade petrolífera começam a fazer-se sentir de forma muito lenta, apesar da importância económica do petróleo, que reside quase inteiramente na sua função enquanto gerador de receitas fiscais para o Estado. A qualidade da gestão dos recursos tem sido, por isso, um dos fatores em análise, atraindo o foco para a capacidade do país desen-volver os setores não mineiros da eco-nomia e assim criar emprego e fontes de rendimento para as populações.

A obrigatoriedade das empresas petrolíferas estrangeiras ou multi-nacionais de formarem os seus traba-lhadores nacionais, de modo a que se passem as responsabilidades da em-presa aos angolanos, é uma dessas regras. A outra, assenta no emprego prioritário dos trabalhadores nacio-nais, com o objetivo de que este se possa aplicar a quase todos os níveis de hierarquia. Paralelamente a estas premissas vigentes no documento, existe ainda a responsabilidade so-cial das companhias multinacionais, que se centra na contribuição anual das mesmas através de uma quantia em moeda convertível para a forma-ção na Universidade Agostinho Neto (UAN), Universidade Católica de An-gola (UCAN) e no Instituto Nacional de Formação Profissional (INEFOP).

As empresas são livres de decidir o destino e como aplicar as suas con-tribuições em prol do desenvolvimen-to socioeconómico do país. Cada um dos organismos tem a sua estratégia

de atuação, áreas de intervenção, grau de dedicação e montante a envolver no processo. Quase todas, preferem as áreas em que o governo define no seu documento bienal - Programa Geral do Governo -, como áreas prioritárias e outras da sua preferência, atuando de forma a preencher o ‘vazio’ deixa-do pelo Executivo como consequên-cia da incapacidade deste resolver esta questão unilateralmente. A sa-lientar que, no quadro das responsa-bilidades das empresas, existe ainda uma diferença entre o tratamento aos trabalhadores e as responsabilidades perante à comunidade, ou seja, à so-ciedade em geral. No entanto, em outubro de 2002, o Banco Mundial enviou um grupo no sentido de estabelecer uma parceria com o governo angolano, com o setor privado e com a sociedade civil com o objetivo de prestar assistência técnica para reforçar a problemática da res-ponsabilidade social das empresas no setor petrolífero em Angola.

Manuela Bártolo

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CaSH-FLoW

MuitAs eMpresAs nos seus contrAtos coM o governo são obrigAdAs A AfetAr uMA percentAgeM dos seus lucros pArA o finAnciAMento de AtividAdes eMpresAriAis de responsAbilidAde sociAl (Aers)

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Desde então muito tem sido feito pelas empresas a operar no mercado. Exem-plo desta participação é a Chevron, considerada pelo Conselho Mundial do Petróleo (WPC, na sigla em inglês) como uma das três maiores empresas da indústria da energia na excelência empregue em práticas de responsabi-lidade social. A testá-lo está o impacto positivo do projeto - Iniciativa de Par-ceria com Angola -, criado em 2002, com o objetivo de apoiar os programas do governo no combate à pobreza e desenvolvimento do país. Ao longo da última década, a iniciativa, considera-da inovadora e abrangente, focou-se nos programas de apoio à saúde, edu-cação e redução da pobreza através do desenvolvimento do setor agríco-la e pescas e das micro e PME’s, que inclui ainda o reforço da capacidade das agências governamentais de de-senvolvimento e ONG’s. O enfoque das suas ações é dirigido, sobretudo, para a criação de cadeias de valor e a capa-citação dos diferentes projetos com o objetivo de estimular o mercado e pro-mover a formação de riqueza. Encon-trando-se entre os maiores produtores de petróleo de Angola, os investimen-tos que têm sido realizados fazem da empresa o maior empregador da in-dústria petrolífera estrangeira no pa-

ís, com mais de 3 mil trabalhadores nacionais. Também a brasileira Petrobras, re-fere nos seus estatutos que a função de uma empresa não se resume mais a dar lucros e emprego, pagar impos-tos e respeitar a lei. Para os acionistas, os setores social, cultural e ambiental formam a marca de excelência que a empresa imprime nas suas atividade de petróleo e energia. A administra-ção entende que, ao produzir, interage com o meio ambiente e consome re-cursos naturais, património de todos. Sendo, por isso, ‘um dever prestar con-tas à sociedade quanto ao impacto das suas atividade sobre a biosfera’. Ciente deste aspecto ‘cumpre a sua missão de empresa cidadã, atuando como agente de desenvolvimento humano susten-tável’, defendem os seus responsáveis. Outra ‘contribuinte’ é a TOTAL, que tem prestado o seu contributo ao se-tor industrial não petrolífero através de programas específicos de apoio ao crédito e à criação de emprego, des-tinado a PME’s que, posteriormente, prestam serviço à indústria petrolífera e outras. Com a criação do programa Zimbo, a petrolífera francesa, em An-gola desde 1950, tem podido apoiar diversas empresas de vários tipos de indústria, desde a confeção de roupa,

GRANDE PRÉMIO SONANGOL DE LITERATURACRIADO EM 1992, EM COLABORAçãO COM A UNIãO DE ESCRITORES ANGOLANOS (UEA), ESTE PRÉMIO É O ESTANDARTE DAS DIFERENTES AçõES DA EMPRESA NO QUE CONCERNE AO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA. COM O INTUITO DE FOMENTAR E VALORIZAR A CRIATIVIDADE DOS ARTISTAS NACIONAIS, ESTA DISTINçãO TEM SIDO RESPONSÁVEL POR DAR A CONHECER AO PúBLICO NOVOS AUTORES, OFERECENDO PARA ALÉM DA COMPENSAçãO FINANCEIRA, MAIOR VISIBILIDADE E PROMOçãO DA OBRA E CARREIRA DO PREMIADO. DESDE 2006, ESTA DISTINçãO PASSOU A SER ATRIBUíDA DE CINCO EM CINCO ANOS, TENDO SIDO ALARGADA PARA ALGUNS PAíSES AFRICANOS DE LíNGUA OFICIAL PORTUGUESA (PALOP), CASO DE CABO VERDE E DE SãO TOMÉ E PRíNCIPE. EM 2009, DEPOIS DO êXITO ALCANçADO NESTES TRêS PAíSES, O CONCURSO FOI TAMBÉM ABERTO à PARTICIPAçãO DE ESCRITORES DOS RESTANTES MEMBROS DOS PALOP – GUINÉ BISSAU E MOçAMBIQUE, SENDO DETENTOR DE UM ELEVADO PRESTíGIO ENTRE AS COMUNIDADES LITERÁRIAS ANGOLANA E INTERNACIONAL. A PRóXIMA EDIçãO IRÁ DECORRER EM 2015.

PatroCínio desPortivo

A SONANGOL TEM INVESTIDO DE FORMA SUSTENTADA NA MASSIFICAçãO E DESENVOLVIMENTO DO DESPORTO ANGOLANO ATRAVÉS DE PATROCíNIOS A DIFERENTES EVENTOS DESPORTIVOS, DESDE VÁRIAS EQUIPAS NACIONAIS (FUTEBOL, BASQUETEBOL, ANDEBOL), ATÉ AO PRóPRIO COMITÉ OLíMPICO NACIONAL. NO DESPORTO MOTORIZADO, A EMPRESA APOIA CORRIDAS DE MOTOCROSS E KART, TENDO SIDO DE 2009 A 2010 O PATROCINADOR OFICIAL DA ‘SUPERLEAGUE FORMULA By SONANGOL’. TEM AINDA INSTAURADO O ‘GRANDE PRÉMIO DE ATLETISMO’, UMA PROVA ANUAL DE 7 KM QUE JÁ VAI NA SUA QUINTA EDIçãO.

ApesAr de contribuíreM de forMA positivA pArA o pib e pArA As exportAções do pAís, os projetos petrolíferos existentes AtuAlMente eM AngolA têM AindA índices de iMportAção Muito elevAdos e poucAs ligAções coM As eMpresAs locAis, pelo que o desenvolviMento dependerá seMpre de uMA MAior expressão dos funcionários nAcionAis nA AtividAde dAs operAdorAs internAcionAis e uMA MAis AMplA e AtivA pArticipAção do eMpresAriAdo nAcionAl, de forMA A se criAr uM equilíbrio nA AtividAde.

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CaSH-FLoW

ao acesso à informática e à agricultura. Já a ESSO, envolvida de forma ativa nos programas de desenvolvimento da comunidade, tem, através do Bloco 15 e da Fundação ExxonMobil, contri-buído para um investimento comuni-tário crescente nas mesmas áreas de atuação das suas congéneres.

liderança naCionalPor seu turno, a Sonangol EP, tida co-mo empresa líder no que respeita à in-tervenção social no mercado nacional, tem, para além do seu principal ‘core business’, expandido a sua atividade para áreas como o desporto, ambien-te, cultura, reabilitação de estradas, pescas, telecomunicações, ciência e agricultura, entre outras. A empre-sa defende que o apoio prestado faz parte da natureza da organização, as-sente numa forte interação com a co-munidade. No seu site pode ler-se que ‘o compromisso da Sonangol com a so-ciedade angolana no desenvolvimento sustentado e estabilização de Angola é premissa expressa na sua filosofia e concretizada, inclusive, no seu orça-mento, que prevê anualmente verbas para investimentos na área social’. Incutida do dever de proporcionar melhores condições não só aos seus

trabalhadores, mas também à comu-nidade em geral, a petrolífera tem vin-do a ocupar, cada vez mais, um espaço importante na implementação e ges-tão de políticas efetivas de incentivo à participação e responsabilidade so-cial, contribuindo para o aumento do progresso profissional e social do país. Nos últimos anos, tem-se revelado o esforço realizado na multiplicação das ações da empresa no âmbito partici-pativo, científico, cultural ou desporti-vo, com influência direta na formação de comportamentos e atitudes dos seus empregados, da mesma forma que estes influenciam na formação da cultura da empresa e na solução de parte dos muitos problemas que atin-gem o meio social. O compromisso com as comunida-des e os seus funcionários assenta em vastos projetos de beneficência social enquadrados num programa denominado ‘Juntos com a comuni-dade’. O projeto estende-se a todo o território nacional, tendo sido criada inclusive uma Comissão de Projetos Sociais, cuja missão é o acompanha-mento e regularização da situação contratual dos complexos/condomí-nios patrocinados pela empresa, no âmbito da habitação social. No que respeita à questão da habitabilidade, é incontornável a criação em 2000 da Cooperativa Cajueiro, Sociedade Co-operativa de Responsabilidade Limi-tada, que também inclui funcionários do Ministério dos Petróleos. Transfor-mar os recursos de todos em bem-estar social é o objetivo. A província de Cabinda é disso exemplo, tendo sido alvo da implantação de diversos projetos, orçados em vários milhões de dólares ao longo dos últimos anos. A política de concessão de Bolsas de Estudo é outra aposta da empre-sa, abrangendo, para além dos seus funcionários, todos os cidadãos an-golanos não pertencentes à Sonan-gol, destacando-se neste âmbito não só a formação profissional interna e externa à empresa, mas também no interior e exterior do país. Esta po-lítica tem-se revelado importante e produtiva para o desenvolvimento do setor e de Angola. Estas ações, co-mo outras que destacamos em caixa, têm permitido à empresa consolidar o seu papel de líder e reforçar a sua imagem como promotora do desen-volvimento angolano.

PolítiCa CorPorativade Qssa

A SONANGOL DESEMPENHA TAMBÉM UM IMPORTANTE COMPROMISSO AO NíVEL DA GESTãO DA QUALIDADE, SAúDE, SEGURANçA E AMBIENTE (QSSA), TENDO COMO PRINCIPAL OBJETIVO TORNAR-SE LíDER EM ÁFRICA NESTE DOMíNIO. CONSIDERADA UMA FERRAMENTA IMPORTANTE PARA O SUCESSO DOS NEGóCIOS DA EMPRESA, TEM COMO INTUITO PRIMORDIAL PROMOVER SOLUçõES QUE REDUZAM A OCORRêNCIA DE ACIDENTES. ASSIM, OS GESTORES SãO, POR UM LADO, RESPONSÁVEIS PELA IMPLEMENTAçãO E MANUTENçãO DO SISTEMA E OS COLABORADORES SãO, POR OUTRO, RESPONSÁVEIS PELAS AçõES NECESSÁRIAS à SUA PROTEçãO, PROTEçãO DO PATRIMóNIO DA EMPRESA, DO AMBIENTE, DOS CLIENTES E DA COMUNIDADE EM GERAL.

sabia Que...

O FUNDO DE PENSõES DA SONANGOL FUNCIONA COMO UM SISTEMA DE PREVIDêNCIA PRIVADA, QUE TEM POR OBJETIVO A DEFESA DO TRABALHADOR NO DESEMPREGO, NA DOENçA E NA INVALIDEZ E A GARANTIA DE UMA PENSãO DE APOSENTAçãO OU REFORMA, ENQUADRANDO-SE NO NíVEL DA PROTEçãO SOCIAL COMPLEMENTAR. ESTE PLANO NãO É CONTRIBUTIVO E, POR ISSO, OS SEUS PARTICIPANTES NãO PAGAM DINHEIRO PARA O SEU FUNDAMENTO, NEM PARA A CONSTITUIçãO DAS SUAS PENSõES, SENDO A SONANGOL A úNICA FINANCIADORA DO MESMO.

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UNITEL

“a Responsabilidade social está no nosso adn”

EConoMiA&nEgÓCioS

No âmbito da organização dos seus próprios eventos cultu-rais, destacamos shows ou fes-tivais musicais onde a Unitel, em conjunto com o elenco ar-tístico participante, faz ações de doação de material diverso, em função das carências das instituições. É o caso do show de apoio à participação de An-gola no Afrobasket 2010, com o artista R.Kelly, cujas receitas reverteram para a compra de equipamento desportivo espe-cializado para deficientes no valor de mais de 10 milhões de Kwanzas e que foi entregue ao Comité Paralímpico Angolano. O exemplo do show alusivo aos 11 anos da Unitel, que contou

com a participação dos músicos americanos Wyclef Jean e Trey Song, em que foi feita a doação de material escolar ao Lar Con-soladora dos Aflitos, no valor de mais de 2 milhões de kwanzas, ou a doação de brinquedos ao Hospital Pediátrico de Luanda, em dezembro do ano passado, que contou com a participação do cantor norte-americano Ne-Yo, inserida na realização do Show Boas Festas Unitel.

Mais recentemente, a Unitel doou material escolar ao Lar Santa Bakita, em Luanda, por ocasião das atividades do “Fes-tival Unitel 11 de Novembro”, a realizar no âmbito do 37º Ani-

versário da Independência Na-cional.

A associação da Unitel à músi-ca está intimamente ligada ao apoio e promoção de artistas angolanos, onde se destaca o apoio concedido à Orquestra Sinfónica “Kapossoca”, que foi representada por 50 crianças no IIIº Festival Internacional de Orquestras e Coros Infan-to-Juvenis, na Argentina (Ca-taratas de Iguazú). A Unitel contribui com mais de quatro milhões de kwanzas para co-brir as despesas de participa-ção das 50 crianças e dos seis professores, que permanece-ram na Argentina durante 20

Conscientes da importância do papel da empresa na sociedade, contribuímos para o seu desen-volvimento e enriquecimento, apoiando diversas áreas da vi-da das comunidades, com ações assentes em quatro pilares fun-damentais: cultura, educação, saúde e desporto.No que diz respeito à cultu-ra, as iniciativas da Unitel ba-seiam-se no apoio a ações que têm permitido que cada vez mais angolanos tenham acesso aos mais diferentes eventos cul-turais: espetáculos musicais, ex-posições de arte (pintura, banda desenhada e fotografia), carna-val e à organização dos seus pró-prios eventos.

—A RESPONSABILIDADE SOCIAL FAZ PARTE DO ADN DA UNITEL. DESDE O PRIMEIRO MINUTO QUE, ENQUANTO EMPRESA, A UNITEL ASSUME O DEVER DE CONTRIBUIR PARA UMA SOCIEDADE MAIS RESPONSÁVEL, SOLIDÁRIA E EQUITATIVA EM ANGOLA. CONTRIBUIR PARA O CRESCIMENTO DA NOSSA COMUNIDADE É CONTRIBUIR PARA O NOSSO PRóPRIO CRESCIMENTO.

PROJECTO E-NET- UMA PARCERIA ENTRE A UNITEL, O MINISTÉRIO DA COMUNICAçãO E A HUAwEI

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ca e interacção social.

Outras iniciativas pretendem possibilitar um maior acesso de comunidades desfavorecidas ao conhecimento, como é exem-plo, o convite feito pela Unitel a Lares de Acolhimento de Crian-ças Órfãs e Desfavorecidas para visitar o Stand da Unitel na FIL-DA ou assistirem aos desfiles de Carnaval de Luanda na bancada da Unitel.A Unitel prima também por uma importante preocupação de solidariedade social, junto das comunidades onde se inse-re, fazendo doação de bens nas áreas da saúde, educação e rein-serção social, de acordo com as

dias, e à organização do Festi-val da Canção de Luanda que vai já na sua 15.ª edição.

Contribuir para um maior aces-so da comunidade jovem ao conhecimento é uma das prio-ridades da Unitel, que na área educacional, assinou com o Mi-nistério da Educação da Repú-blica de Angola, um protocolo para a implementação de um projecto denominado: “e-NET nas Escolas”, que pretende, em todo o país, proporcionar gra-tuitamente acesso à internet aos estudantes no 2º ciclo do ensino secundário, em escolas públicas e privadas, como ferramenta es-sencial para pesquisa académi-

necessidades prioritárias das comunidades, sempre que alar-ga a sua rede de distribuição co-mercial ou expande o sinal de rede.

Indiretamente, a empresa apoia as comunidades através da sua pareceria com associações ou instituições que organizam ações de recolha de fundos, que são usados para o desenvol-vimento e implementação de projectos de cariz social, como é o caso da Cruz Vermelha de Angola, Grupo de Amizade (as-sociação que integra as embai-xatrizes residentes em Angola) ou a Mag Golf que apoia as víti-mas de minas.

Para além destas, são inúmeras as doações feitas ao longo dos últimos anos, sobretudo em géneros como equipamento in-formático, material escolar ou cadeiras de rodas, a instituições como a Remar e a direções pro-vinciais de Reinserção Social por todo o país.

Por fim, o nosso quarto foco de atuação no âmbito da Respon-sabilidade Social é o desporto. Na Unitel, acreditamos que o desporto é um factor de desen-volvimento da civilização e de união dos povos, possibilitan-do ainda um contexto de cres-cimento físico e mental para a nossa juventude.

A Unitel desde sempre se asso-ciou ao desporto nacional, pre-cisamente por encontrar neste pilar da sociedade um conjun-to de características que se coa-dunam com a sua identidade e também com o perfil dos nos-sos clientes e dos angolanos – a força, a juventude, a inovação, a alegria, a união.

O desporto é intrínseco à nos-sa política de Responsabilidade Social. Defendemos a sua pro-moção nas mais diversas mo-dalidades de expressão porque entendemos a influência que o desporto tem no desenvolvi-mento e na satisfação das pes-soas, que se reflete no progresso das organizações e no progresso do País. Desta forma, realizamos e via-bilizamos eventos desportivos, apoiamos as seleções nacionais, nas modalidades de ginástica, andebol, basquetebol, voleibol, futebol, hóquei em patins, pes-ca, e os comités olímpicos e pa-ralímpicos.

A Unitel considera fulcral de-volver à sociedade parte da ri-queza que é gerada no âmbito da sua atividade, e assim contri-buir, de alguma forma, para a melhoria da qualidade de vida de muitos angolanos.

a responsabilidade social será sempre um foco essen-cial na actuação daquela que é a maior família de angola.

“a Unitel consideRa fUlcRal devolveRà sociedade paRte da RiqUeza qUe é geRada no âmbito da sUa atividade”

CRIANçAS DO CENTRO ARNALD JANSSEN CONVIDADAS A ASSISTIR O CARNAVAL 2012

DOAçãO FEITA AO LAR NOSSA SENHORA DOS AFLITOS POR OCASIãO DO SHOw UNITEL 11 ANOS

DOAçãO AO COMITÉ PARAOLíMPICO ANGOLANO

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EConoMiA&nEgÓCioS Manuela Bártolo

invEStiDorES PAgAM MAiS 20 A 40% Por EMPrESAS CoM....

Boa governança corporativa —QUAL É O EFEITO DA ADOçãO DAS MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANçA CORPORATIVA NO VALOR DE UMA EMPRESA? SE A RESPOSTA QUE IREMOS DAR A ESTA PERGUNTA O SURPREENDER É PORQUE A SUA EMPRESA AINDA NãO ESTÁ DEVIDAMENTE ENQUADRADA NO MERCADO ATUAL. A VERDADE É QUE INVESTIDORES DE TODO MUNDO AFIRMAM QUE ESTãO DISPOSTOS A PAGAR ENTRE 20 A 40% MAIS POR EMPRESAS COM SóLIDA GOVERNANçA CORPORATIVA. A CONCLUSãO É DADA PELA KORN/FERRy INTERNATIONAL, COM BASE EM DADOS COLETADOS NO MERCADO FINANCEIRO.

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outSiDE

É crescente o interesse por ações de companhias que, além do lucro e re-torno sobre o capital, asseguram o respeito pelos direitos dos acionistas minoritários e a transparência nos atos e resultados da administração. O sistema pelo qual as empresas são di-rigidas, que envolve os relacionamen-tos entre proprietários, conselho de administração, direção e órgãos de controlo, está ‘em alta’ e é suporte pri-mordial na concretização de negócios importantes e subida dos preços das ações. A qualidade dos mecanismos de decisão, fiscalização e solução de conflitos societários das empresas tem, por isso, reflexos bastante posi-tivos no seu valor de mercado.

Um estudo divulgado recentemen-te pela Escola de Negócios Insead revelou as perspetivas para a go-vernança corporativa para 2020 e os dados mostram que as empre-sas, face à evolução do mercado, estão a viver um momen-to de transformação, que exige a reavalia-ção das estruturas. Há efeitos importantes da governança que po-dem influenciar o de-sempenho económico da empresa e, conse-quentemente, as suas cotações em bolsa. Um sistema eficiente pode gerar, além da redução do custo de capital, um conjunto de benefícios internos que melhoram as perspetivas de fluxo de caixa da companhia. Dentre esses benefícios, está o melhoramento do processo decisório da alta gestão e a separação clara de papéis entre acio-nistas, conselheiros e executivos. Também ocorre uma melhoria dos mecanismos de avaliação de desem-penho e recompensa dos executivos e uma diminuição da probabilidade de ocorrência de fraudes e corrup-ção. Em última instância, favorece ainda uma maior institucionalização e melhor imagem da empresa.

Questões deste género são tidas em consideração pelos investidores de longo prazo, especialmente os ins-titucionais, quando definem quan-to estão dispostos a pagar por uma determinada ação. O mercado, para formar o preço, funciona como uma ‘máquina de prémio-desconto’, ex-plica José Guimarães Monforte, pre-

sidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e conselheiro de companhias fechadas e abertas, entre as quais a Natura. De acordo com este responsável, o fator determinante é o risco do negócio. Consoante a perceção do risco maior

ou menor, o investidor estabelece descontos ou prémios para as ações de determinadas empresas”. “A gover-nança bem instalada conduz a uma percep-ção de risco menor de expropriação por parte dos acionistas que não são controladores ou não estão na gestão.” Daí a redução das ta-xas de descontos e a ocorrência de prémios nas ações das compa-

nhias bem avaliadas pelo mercado, explica.

Se não houver confiança nos proce-dimentos da empresa, os investidores retra-em-se. As boas práti-cas geram processos decisórios de melhor qualidade. Há controlo interno e um processo decisório direcionado para o objeto social da companhia. Do ponto de vista externo, existe a questão da equidade entre os sócios, a trans-parência e a prestação de contas. Uma em-presa não consegue, por exemplo, atrair ca-pital se não conseguir comprovar que tem estrutura para garantir o retorno do mesmo. Na ótica do investidor, os

riscos da falta de boas práticas de governança corporativa são eleva-dos, entre eles des-tacam-se as perdas por desvios, a falta de fiscalização, a apro-priação de ativos e a ausência de retorno do investimento por falta de transparên-cia. Além disso, os problemas que gera a ausência do sistema são assinaláveis e in-cluem uma política de dividendos equivoca-da, um processo de-cisório deficitário ou incapaz, a presença de familiares não pro-dutivos na adminis-tração, um desvio de foco na empresa, uma mistura dos ativos da mesma com os do controlador, etc. A má governança provoca também uma grave falta de estratégias e de

crescimento. Aos in-vestidores importa avaliar o alinhamento de interesses.

A divulgação de in-formação e transpa-rência, associadas às boas práticas de go-vernança corporativa também promove in-centivos de mercado para a auto-regulação. A regra é simples: de-finem-se standards e exije-se divulgação (comply or explain). Neste contexto, os in-vestidores e outros

interessados na empresa terão a possibilidade de avaliar a qualidade

do seu desempenho e da sua gestão, de defenderem os seus interesses e

de induzir as mudan-ças societárias que se revelem adequadas. A exposição pública da adoção, ou não, das boas práticas de go-verno societário (na-ming and shaming) introduz uma valên-cia reputacional que pressionará as empre-sas não cumpridoras.

De notar, que as ques-tões de governo socie-tário são igualmente relevantes fora do uni-verso das sociedades cotadas. São príncí-pios importantes para outras organizações tais como empresas e

outras entidades públicas, organiza-ções não governamentais, mercados de capitais, organizações internacio-nais, etc.

Executivos veteranos já sabem, por experiência, que as empresas com melhor governança valem mais. Os investidores premeiam a empresa dando maior liquidez às suas ações, o que, por consequência, provoca o aumento do preço das mesmas.

Um aspecto imediato, que dá segurança ao investidor, é que a empresa com boa governança tem acesso a capital - a capital mais barato. Uma forte vantagem competitiva

Em síntese, a empresa precisa construir uma relação de confiança com os investidores e adotar mecanismos e processos de proteção dos seus direitos para poder aceder ao mercado de capitais com sucesso

SAbiA quE...A preocupação prioritária das boas práticas de governança corporativa consiste em assegurar mecanismos apropriados que promovam o exercício, pelos acionistas, dos seus direitos de propriedade, não só exercendo os seus direitos de voto, mas também através da possibilidade de apresentarem questões e avançarem com propostas nas assembleias de acionistas. Promover-se-á assim uma maior responsabilização da administração.

oS PrinCíPioS DE govErno DAS SoCiEDADES PoDEM ASSEgurAr A ADoção DE boAS PrátiCAS tEnDo EM ConSiDErAção:

- a transparência das organizações e dos seus processos de decisão - a divulgação dos poderes e responsabilidades dos “agentes” - a responsabilização dos gestores e da administração - a prevenção e boa gestão dos conflitos de interesses

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EConoMiA&nEgÓCioS Patrícia Alves Tavares

a outra faCeda banCa

—HÁ MUITO QUE POLíTICA SOCIAL INTEGRA O VOCABULÁRIO DAS INSTITUIçõES

BANCÁRIAS. INFLUENCIADOS PELAS MACROECONOMIAS E LINHAS DE CONDUTA DOS GRANDES ORGANISMOS MUNDIAIS, OS BANCOS NACIONAIS TêM IMPLEMENTADO PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE PARA COM O MEIO EM QUE ESTãO INSERIDOS.

UMA ATITUDE QUE TEM TRAZIDO RESULTADOS FAVORÁVEIS, MELHORANDO A PERFORMANCE ECONóMICA DA BANCA. VALORES QUE COLOCARAM OS BANCOS

ANGOLANOS ENTRE OS MELHORES DE ÁFRICA.

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banCa&SEguroS

de cinco bolsas de estudo para a licenciatura em Contabilidade e Administração no Colégio Uni-versitário Nuno Krus Abecasis. O apoio é anual e destina-se a uni-versitários nacionais.

emPreendedorismo

O Banco de Fomento Angola foi responsável pela realização do primeiro estudo GEM, no país. Em parceria com a Sociedade Portu-guesa de Inovação (SPI) e a Uni-versidade Católica de Angola, o Fundo Social deu vida ao maior estudo independente de empre-endedorismo que alguma vez se realizou e que analisa a relação en-tre o nível de empreendedorismo e o de desenvolvimento económi-co, determinando as condições em que tudo se processa. Já no panorama da solidariedade social, o banco deu especial aten-ção à juventude e idosos. Apoiou o projeto de desenvolvimento ‘Bair-

ro da Graça’ dos Leigos para o Desenvolvimento da Província de Benguela, mediante a concretiza-ção de programas de mobilização, formação, empreendedorismo e emprego junto da comunidade. Este último subdivide-se ainda na aposta no emprego juvenil e cria-ção de estágios. O BFA associou-se no último ano à Jornada Mundial da Juventude em Espanha, dando a possibilidade de 30 jovens da Comissão Episcopal da Juventude da Diocese de Luan-da participarem no evento.

Por fim, além do apoio à Asso-ciação de Amizade e Solidarieda-de para com a terceira idade, foi um agente dinamizador do inter-câmbio de Jovens Universitários Portugueses do GAS África com o Centro de Acolhimento Arnaldo Janssen, que apela ao desenvolvi-mento de competências pessoais e forma os jovens e crianças para uma cidadania responsável.

Responsabilidade social é termo que há muito faz parte do dia-a-dia da banca e das grandes infraestruturas financeiras. O conceito começou a ser implementado no seio da atividade corporativa dos maiores bancos mundiais e rapidamente foi adotado por congéneres que atuam em segmentos mais reduzidos, mas que dispõem de dependências disseminadas por países em desenvolvimento.

Em entrevista à assessora do Banco Espírito Santo Angola (BESA) é fácil compreender que o conceito de responsabilidade social está implícito na atual condução de negócios de uma empresa e que a banca é crescentemente um agente corresponsável pelo desenvolvimento social de um país, visto que movimenta milhões de ativos e é o maior financiador de qualquer economia.

Um organismo socialmente responsável tem a capacidade de ouvir os seus trabalhadores, a estrutura acionista, os fornecedores, os consumidores, o Governo, a comunidade e até os ambientalistas. E é neste diálogo que são planeadas as atividades que irão contribuir para um país melhor e uma sociedade mais equitativa.

Nesta edição, a Angola’in foi descobrir qual o grau de envolvimento dos três maiores bancos de África na ação social. Segundo a revista African Business, o Banco Angolano de Investimentos (BAI) (ainda designado de Banco Africano de Investimentos) é o primeiro da lista de 2012, aparecendo em 27º lugar. O Banco BIC surge na 32ª posição e o Banco de Fomento Angola (BFA) em 38º.

liderança bic

A Academia de Liderança para Jo-vens Angolanos em Portugal é o projeto mais emblemático do ban-co BIC. Em parceria com a PwC, a instituição lançou um programa para finalistas angolanos que re-sidam e estudem em Portugal. O projeto arrancou no ano passado e tem sido um caso ímpar de su-cesso entre a juventude O objetivo do curso consiste em desenvolver as competências de liderança dos estudantes, for-mando novas gerações de líderes capazes de auxiliar o país a man-ter o crescimento económico e os bons laços financeiros e sociais com Portugal.

Os candidatos ultrapassaram lar-gamente o número de vagas (15) e todos foram submetidos a uma fase de seleção. Tem o formato de um programa intensivo off-si-te que inclui workshops, sessões de coaching, debates e estágio para todos os formandos. Os lo-cais escolhidos para receber os finalistas são as instalações das empresas promotoras e dos par-ceiros Hay Group, Gesbanha S.A., SPI - Sociedade Portuguesa de Inovação, Mota-Engil, Visabeira e Auto-Sueco.

A principal missão social do banco BIC passa por preparar os jovens nacionais para liderar as empre-sas angolanas. A edição 2011 da Academia teve mais de meia cen-tena de candidaturas. Em relação ao corrente ano ainda não existem indicações oficiais disponíveis.

Fundo bFa

Por se tratar de uma matéria com-plexa e que exige um mecanismo forte e sustentável a logo prazo, o Banco de Fomento Angola decidiu criar um fundo específico para o exercício da política social. O meio foi criado em 2004, com a finali-dade de auxiliar financeiramente iniciativas nos domínios da saúde, educação e solidariedade.

O Fundo Social é financiado com cinco por cento dos lucros obtidos de cada exercício por um período de cinco anos (de 2004 a 2009). No final do ano passado, o meca-nismo contava com 19,1 milhões de dólares.

Ao longo do último ano, a institui-ção bancária teve a possibilida-de de fomentar as parcerias com organismos de referência, o que permitiu a aposta em projetos de formação e investigação, no âmbi-to da educação.A Faculdade de Direito da Uni-versidade Agostinho Neto foi um dos parceiros, tendo trabalha-do conjuntamente com o BFA na promoção da pós-graduação em Mercados Financeiros, para fazer face aos pedidos dos advogados e juristas que compõem as em-presas das áreas da banca e dos seguros. Também na Universidade Católica foi possível concretizar o mestrado em Gestão para Execu-tivos, que contou igualmente com a colaboração dos agrupamentos de Portugal e do Brasil. As três faculdades criaram as condições necessárias para o êxito do MBA Atlântico.O BFA juntou-se à Fundação Ci-dade de Lisboa para a atribuição

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O Banco de Fomento Angola decidiu criar um fundo específico para o exercício da política social. No final do ano passado, o mecanismo contava com 19,1 milhões de dólares

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Plenitude bai

Este ano, a revista The Banker co-locou o Banco Africano de Investi-mentos (BAI) entre os 25 melhores de África, obtendo um honroso 22º lugar. O resultado deve-se a uma conjugação de inúmeros fatores, entre os quais o forte investimen-to em responsabilidade social.

Os grupos mais desfavorecidos da sociedade foram os visados pela atuação do grupo em 2011, que se dedicou ao patrocínio de ativida-des de diversa ordem e conceden-do doações a alguns projetos. Foi o caso do plano TISA, em Lubango, que recebeu o apoio do BAI para colocar computadores nas salas de aula da cidade e para equipar a sala pediátrica do Hospital Améri-co Boavida.

Por outro lado, manteve as habi-tuais atividades de dinamização dos setores cultural e desporti-vo do país. Voltou a promover o BAI Basket, o BAI Solidariedade e o BAI Arte. Esta última teve como ponto de destaque a organização da 13ª edição do BAI Arte, uma exposição que tem como missão revelar o talento e criatividade ar-tística dos agentes nacionais.

O certame decorreu no Lubango, na Huíla, e contou com a partici-pação de seis artistas, oriundos da província e da capital, que apro-veitaram a ocasião para mostra-rem os seus trabalhos durante uma semana. Vinte quadros sensibiliza-ram os huilianos para a valorização da escultura e da pintura. Pela se-gunda vez, a mostra saiu de Luan-da e foi instalar-se nas províncias, num claro sinal de descentraliza-ção das atividades artísticas e de massificação da cultura, levando-

a a quem não tem oportunidade de se deslocar à capital.

A defesa da cultura faz parte da filosofia do BAI desde a sua fun-dação, há 16 anos. Cientes de que a cultura e a arte guardam a me-mória coletiva da sociedade, os responsáveis pela instituição têm mostrado forte empenho em man-ter vivas as tradições. Veja-se o caso do patrocínio das comemo-rações do Carnaval, que é para os angolanos o apogeu da cele-bração da sua diversidade cultu-ral e social. O BAI foi responsável por institucionalizar o Prémio BAI Canção Carnaval, com o intuito de enaltecer a ‘canção do Entrudo’.Já no plano interno, a valorização do capital humano foi a que mais se destacou nas atividades do banco. No ano passado, a empre-sa inaugurou a primeira fase a Aca-demia BAI, um investimento de 60 milhões de dólares. O objetivo da universidade corporativa consiste em formar os recursos humanos do grupo.

No momento, o público-alvo limi-ta-se aos trabalhadores que ve-rão as suas qualificações sofrer um upgrade, através da formação em competências quantitativas, verbais, comportamentais, ban-cárias, legislação, processos, se-guros, etc. Na segunda fase, está prevista a abertura da academia a todos os candidatos externos que cumpram os requisitos. Tal deverá acontecer quando a instituição for designada de Instituto Superior.

Existem múltiplos exemplos de preocupação social, ambiental e cultural no seio das instituições bancárias. As performances eco-

nómicas destes organismos fa-cilitam a implementação de uma política social sustentada e a lon-go prazo. Apesar de ainda não existir uma legislação específica ou a obrigatoriedade dos grandes grupos económicos olharem para a sociedade, a vontade de investir no desenvolvimento do país onde se inserem é evidente.

No final de contas, quanto melhor for o nível de vida das populações e satisfação da sociedade, melhor será o índice de confiança dos consumidores e o desempenho da economia torna-se mais eficaz.

EConoMiA&nEgÓCioS banCa&SEguroS

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EConoMiA&nEgÓCioS

“não há economiade sucesso em sociedades Que falham”Ambiente, educação e cultura. São os três pilares do BESA, um banco que entende que a sustentabilidade empresarial vai para além do serviço financeiro. A Angola’in falou com a assessora da administração do Banco Espírito Santo Angola, Leonor de Sá Machado, num momento de forte envolvimento em diversos projetos sociais. Consciente de que uma entidade bancária deve ter uma cidadania ativa e uma responsabilidade para com as comunidades que serve, quer estar presente em todas as capitais de província até 2013.

Patrícia Alves Tavares

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banCa&SEguroS

No besa, a responsabilidade social goza de que estatuto? é um elemento denominador na composição dos valores in-trínsecos da marca? Porquê? A sustentabilidade é tudo. Des-de o início da atividade, em 2002, que o BESA tem dedicado uma especial atenção a proje-tos de apoio à comunidade. De facto, este elemento tornou-se indispensável na composição dos valores da marca BESA, pois consciencializar as comunida-des para a sua responsabilida-de com o futuro é sem dúvida a melhor estratégia institucional que uma organização como o Banco Espírito Santo Angola po-de promover.

qual o entendimento do con-ceito e abrangência interna deste tema, cada vez mais pertinente? O princípio do “Private Con-tributor” traduz de forma cla-ra os valores do BESA. Apoiar a comunidade significa estar comprometido com ela e em conjunto trabalhar para o al-cance dos seus objetivos mais importantes.

“sabemos que é necessário desenvolver

uma cidadania empresarial,

através de uma relação de

proximidade com a comunidade,

implementando projetos que conduzam ao

desenvolvimento sustentável”

o que representa a socie-dade civil para o besa? ser responsável e consciente da comunidade onde estão inse-ridos faz parte da vossa atu-ação desde sempre? é uma atividade encarada como uma mais-valia para a em-presa do ponto de vista ético e económico?Sem dúvida! É por sermos res-ponsáveis, conscientes e estar-mos atentos à dinâmica que o país vive, que em Angola a atividade do Banco vai, desde a sua fundação, para além da prestação de um serviço finan-ceiro. Sabemos que é necessá-rio desenvolver uma cidadania empresarial, através de uma relação de proximidade com a comunidade, implementando projetos que conduzam ao de-senvolvimento sustentável, fo-cado em três grandes pilares: Preservação ambiental (BESA-ambiente), apoio social e educa-tivo (BESAsocial) e valorização da cultura angolana (BESAcul-tura).

o vosso contínuo envolvi-mento com a comunidade e ações de responsabilidade social contribuiu para que se transformassem no banco mais rentável de angola?Vários estudos apresentam que existe uma correlação positi-va entre a sustentabilidade e a “performance” financeira cor-porativa. O BESA é uma insti-tuição que atua cada vez mais em várias dimensões, tornan-do a expressão da sua cidada-nia mais completa. Está entre os três maiores bancos no mer-cado angolano, com prestígio nacional e internacional.

sendo esta uma preocupação maior das empresas e estru-turas governamentais, de que forma é que a integram na vossa atuação diária face à exigência de um outro te-ma atual – a boa governança corporativa? Na vossa opi-nião, uma empresa de suces-so tem de conseguir integrar e convergir estas duas áreas? quais os exemplos que vos determinam a este nível?O que fazemos demonstra aqui-

lo que somos e isso traduz de forma clara os valores de boa governança que nos norteiam. Partindo do princípio que não há economia de sucesso em sociedades que falham, o BE-SA através da sua estratégia de desenvolvimento sustentável, aplicada de forma inovadora, incorpora no seu modelo de governação, fiscalização e or-ganização as melhores práti-cas nacionais e internacionais. Aqui inclui-se as emanadas pe-la autoridade de supervisão em Angola, bem como as demais que lhe são aplicáveis por via do Grupo onde se insere.

uma instituição bancária alcança maior sucesso, cre-dibilidade e reconhecimen-to se for um agente ativo de inclusão social, de massifi-cação da educação, do aces-so à saúde, da divulgação da cultura, etc. Na vossa análi-se, esta visão e crítica social que se exerce, cada vez mais, sobre as empresas é a força motriz que falta para que es-tas interajam mais com a co-munidade? de certa forma, é a pressão positiva que fal-tava?Certamente. Angola apresenta ainda características muito es-pecíficas e amplitudes muito marcadas em termos de condi-ções socioeconómicas e educa-cionais. Enquanto instituição financeira, o BESA sempre pau-tou por um compromisso com o desenvolvimento sustentável, pois acreditamos que o cres-cimento económico deve ser acompanhado por medidas efe-

tivas de preservação ambien-tal, apoio social e promoção cultural, que apenas interliga-das, poderão assegurar um fu-turo melhor para o país.

o foco da vossa atuação está voltado para as províncias onde estão implementados. há o objetivo de alargar a vossa ação social a todo o ter-ritório? quando será possí-vel concretizar esse projeto?Temos isso por objetivo. O BE-SA, planeando expandir a sua rede de balcões a todo o terri-tório nacional, pretende estar até 2013 em todas as capitais de província.

quais as ações em curso este ano e quais as áreas abrangi-das? quantas pessoas serão beneficiadas com o vosso ‘trabalho social’?O BESA, em parceria com o Mi-nistério do Ambiente, apoia mais uma vez o projeto “Cam-panha de Educação Ambiental e Cidadania”, concebido para for-mar e informar as crianças para os princípios base inerentes a estilos de vida mais saudáveis, respeitando e salvaguardando a utilização dos recursos natu-rais do planeta. Participamos do Projeto Fundação Kissama, apoiando na impressão de um livro de histórias infantis inti-tulado “Palanca”. Na qualidade de parceiro principal, continu-amos a apoiar o Jornal da Saúde, ação promovida pelo Ministé-rio da Saúde e pela Ordem dos Médicos de Angola, para a di-vulgação de informações sobre prevenção e cuidados de saúde junto das populações com di-vulgação gratuita. Colabora-mos com o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR), garantindo a continuidade da parceria celebrada no âmbito da implementação do progra-ma de reintegração de refugia-dos angolanos. Organizamos ainda a “1ª Conferência Ango-lana sobre a Mulher e a Vio-lência Doméstica”. Pela quinta vez consecutiva, premiamos os maiores talentos nacionais na área da fotografia através do BESAfoto, concurso pro-movido pelo BESA, em parce-

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EConoMiA&nEgÓCioS banCa&SEguroS

ria com a World Press Photo (WPPh). Acrescento que estão em digressão várias exposições desenvolvidas pelo Banco, res-petivamente “Salvar e Preser-var o Planeta Terra” no Norte da Europa e “Mulher Angola-na”, em digressão pelo Brasil.

“falar do besa é falar de am-biente”. de que forma o vosso envolvimento com a preser-vação do planeta alterou o comportamento do banco? Já foram eleitos pela unesco co-mo “banco do Planeta”. foi o reconhecimento do trabalho e um acréscimo de responsa-bilidade para ações futuras?O compromisso assumido pe-lo Banco Espírito Santo Angola, com a indicação de Banco Ofi-cial do Planeta Terra, é a respos-ta às questões que se colocam no percurso que nos conduzi-rá ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. O Banco assume assim um en-volvimento e responsabilidade maior em todas as ações, cujos prazos de implementação são maiores e o impacto atinge um público mais abrangente. A ní-vel da preservação ambiental, as atividades de cidadania em-presarial do BESA, têm como fim promover a gestão de risco ambiental, a proteção da biodi-versidade, o uso racional dos recursos e a adoção de meca-nismos de prevenção e contro-le de poluição. São inúmeras as iniciativas desenvolvidas pelo BESA ao longo dos seus 10 anos de atividade. As mais relevantes são: a Campanha de Educação Ambiental, em parceria com o Ministério do Ambiente, im-plementada com o lançamento

do KIT de Educação Ambiental, a exposição em parceria com a World Press Photo (WPPh) “Sal-var e Preservar o Planeta Terra” e a campanha “Plante uma flor” sob o lema “Ajude o BESA a tor-nar o planeta azul ainda mais verde”.

Já foram considerados best bank in angola 2010 e best commercial bank in angola 2011. as tarefas e projetos sociais contribuíram para o reconhecimento e atribuição destes galardões?Sim. Tais reconhecimentos são fruto da estratégia de de-senvolvimento sustentável do BESA e do seu consequente en-volvimento com a comunidade, aplicada de forma inovadora e incorporada no seu modelo de boa governação.

Nota uma participação ati-va da sociedade nas causas que fomentam? a população angolana mostra preocupa-ção com as necessidades da era moderna, como a susten-tabilidade, a preservação do ambiente ou a educação pela cultura?Embora seja uma preocupação ainda embrionária, notamos uma crescente tomada de cons-ciência sobre o desenvolvimen-to sustentável em Angola.

atualmente um negócio (se-ja em que área for) que não acompanhe as carências da sociedade, não contribua pa-ra as suas causas e não pro-mova políticas de inclusão tem uma longevidade curta?o trabalho social é hoje uma componente indispensável

para o sucesso de uma empre-sa?Os investidores institucionais e os mercados de capital estão cada vez mais atentos aos ativos intangíveis das organizações, sendo que ações de responsa-bilidade social garantem não só o aumento da confiança dos investidores, como potenciam a inovação, a vantagem compe-titiva e aumentam o valor para os clientes, colaboradores e acio-nistas.

considera que as vossas ações já permitiram a mudan-ça de comportamentos não só a nível dos colaboradores in-ternos, mas também da socie-dade angolana?Sem dúvida. Há um amplo tra-balho educacional já feito e as pessoas estão cada vez mais sen-sibilizadas e conscientes para com as causas promovidas pelo BESA.

dois jornalistas especiali-zados nesta matéria afirma-ram que “os funcionários, internamente, e a socieda-de, externamente, são os principais responsáveis pela definição das suas po-líticas de responsabilida-de social”. concorda com a afirmação?Concordamos no sentido em que, para definirmos políticas de responsabilidade social, é acima de tudo necessário um equilíbrio tanto entre o tercei-ro sector (sociedade) e as em-presas.

“o que fazemos demonstra de forma

clara os valoresde boa governança que nos norteiam”

em angola, não existe nenhu-ma obrigação específica im-posta pela lei quando se fala em responsabilidade social das empresas. são de acordo que deva existir uma lei de responsabilidade social no país? que vantagens acarreta?É fundamental. Todas as inicia-tivas para regular a atividade são bem-vindas sendo que um aumento nas ações de respon-sabilidade social das empresas, além de significarem mais bene-fícios para a sociedade, também permitem um maior envolvi-mento com a comunidade.

“Ações de responsabilidade social potenciam a inovação, a vantagem

competitiva e aumentam o valor para os clientes, colaboradores e acionistas”

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2012 41

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EConoMiA&nEgÓCioS

BPA

meCenas da solidariedadeO COMPROMISSO COM A COMUNIDADE É PARTE INTEGRANTE DA ÉTICA E CóDIGO DE CONDUTA DE TODOS OS QUE TRABALHAM NO BANCO PRIVADO ATLâNTICO (BPA). DESDE O CONSELHO DE ADMINISTRAçãO AOS COLABORADORES (SEJA EM ANGOLA OU EM PORTUGAL), TODOS PARTILHAM OS MESMOS VALORES DE INTERAçãO E AUXíLIO àS SUAS COMUNIDADES.PARA O BPA, RESPONSABILIDADE SOCIAL É SINóNIMO DE APOIO à EDUCAçãO, AO DESPORTO, à CULTURA, à SAúDE E AO MEIO AMBIENTE. ESTES SETORES SãO ABRANGIDOS EM PLENO PELO PROJETO LOGOS (LUANDA ORGANIZING GAME ON THE STREET), QUE FOI IDEALIZADO E IMPLEMENTADO EM 2008, TENDO COMO FOCO A JUVENTUDE EM TODA A SUA ABRANGêNCIA. NO âMBITO DESTE PROGRAMA, O DEPARTAMENTO DE MECENATO CRIOU TRêS CENTROS, ONDE OS JOVENS DE MEIOS DESFAVORECIDOS PODEM INTERAGIR EM MúLTIPLAS ATIVIDADES.

SAbiA quE?—

Pode pedir patrocínio ao bPa para os seus projetos?

a Direção de Mecenato Social recebe constantemente propostas e pedidos de

patrocínio para diversas atividades. o organismo

analisa cada solicitação e se correspondem aos critérios definidos pela ação

social do bPa este mostra-se disponível para receber uma proposta completa. assim, os

interessados podem apresentar programas que se incluam nas seguintes áreas:

- Desenvolvimento das comunidades: desde que tenham como finalidade o auxilio às

organizações de apoio às comunidades, mediante assistência técnica e formação especializada ou

programas de formação profissional com o intuito de inserção no mercado de trabalho;

- Educação: programas de alfabetização; de formação financeira para jovens; proposta de

parcerias para dinamizar programas informáticos ou formação de organizações não-governamentais e

instituições financeiras que promovam educação para adultos;

- artes e Cultura: todos os projetos que careçam de financiamento para a criação e partilha de novas

expressões de arte e de documentação das tradições, cultura e história nacional.

Números—

1645 jovens beneficiaram do LoGos, em 2010

36 monitores coLaboraram com o projeto LoGos

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Patrocinaré contribuirMarchas, campanhas e atividades a realizar em dias específicos são alguns dos desafios que a Direção de Responsabilidade Social Corporativa coloca aos seus colaboradores. O BPA orgulha-se de ter uma participação assídua em eventos comunitários e de conseguir envolver os seus trabalhadores nas causas que apoia.

A parceria com o INTASA tem si-do muito profícua, pois tem per-mitido ao banco agir num setor da sociedade que considera fun-damental, que é a educação. E a criação de hábitos de leitura e fo-mento da literacia são considera-dos pela instituição como a base de qualquer formação ou apren-dizagem. “Promover a leitura in-fantil é criar um meio propício ao seu crescimento e desenvol-vimento intelectual, é oferecer à inteligência, o material em quan-tidade e qualidade suficientes pa-ra que a criança construa as suas estruturas de pensamento da me-lhor maneira, com o melhor ti-po de informação e os melhores exemplos possíveis”, refere o BPA.Este é o caminho para formar ci-dadãos e líderes conscientes, ca-pazes de dinamizar o raciocínio e interessados em procurar cons-tantemente a atualização dos seus conhecimentos. Além das ações de voluntariado, o BPA tem participado na criação de biblio-tecas comunitárias para crian-ças e jovens. Para alargar o leque de projetos a auxiliar, o banco dispõe de uma linha de patrocí-nios para as áreas em que atua. Assim, tem assumido o compro-misso de ajudar financeiramen-te programas de organizações ou indivíduos que promovam medidas que vão de encontro ao desenvolvimento comunitário, à educação dos jovens ou à massifi-cação da arte e da cultura.O BPA está sempre atento às no-vas oportunidades e disposto a receber propostas de apoio a planos inovadores. No entanto, o número de projetos a patroci-nar é limitado e só os que apre-sentam múltiplas mais-valias para o seu público-alvo é que são aprovados.

no processo da formação dos jo-vens angolanos, contribuir para a melhoria da sua vida e facilitar a sua inserção social”, sustenta o BPA.

Fazer bemPelos outrosApesar do foco no projeto LOGOS, o Atlântico tem uma visão transversal daquilo que deve ser uma atuação sustentada e cívica. O meio ambiente e o futuro das novas gerações são preocupações evidentes e que compõem o

dia-a-dia dos colaboradores da empresa. Por exemplo, em 2010, os trabalhadores do BPA envolveram-se num programa de voluntariado que culminou com a plantação de 320 árvores no município do Cazenga, em Luanda.

Com esta atividade conjunta, os quadros da empresa compreen-deram que deram um contribu-to importante para a melhoria paisagística da comunidade be-neficiada e para a preservação e equilíbrio do ambiente a mé-dio e longo prazo.Ainda neste capítulo, o banco associou-se ao INTASA, incen-tivando os seus trabalhadores a tornarem-se voluntários na organização que se dedica a criar hábitos de leitura entre as crianças. Todos os sábados, dois colaboradores deslocam-se à instituição para ler e con-tar histórias aos petizes.O voluntariado é a ‘arma’ usa-da pelo BPA para promover o espírito de entreajuda não só a nível interno, mas igualmente com o exterior, envolvendo a sua massa salarial no contribu-to social direto da empresa.

lições de vida a uma juventude que em virtude do meio em que vive tem poucas oportunidades profissionais e sociais. Através da aprendizagem das técnicas do futebol, basquetebol e outras modalidades, o dia-a-dia das crianças e jovens que integram o LOGOS ganham outra dinâmica e encontram um currículo desportivo repleto de atividades multidisciplinares. O curso é monitorizado por um treinador, que durante 10 sema-nas e promove encontros de ho-ra e meia com os jovens, dois dias por se-mana. Além do des-porto, os for-mandos são sen-sibiliza-dos para a impor-tância do meio ambiente, fazem ex-cursões culturais e frequentam atividades de educação preven-tiva. Só em 2010, 1645 rapazes e rapa-rigas foram acompanhados por 36 monitores e líderes comuni-tários, que diretamente partici-param no projeto, dando aulas de desporto, de dança, de músi-ca e de teatro. O LOGOS é a ‘bandeira’ da atu-ação social do Atlântico que encara esta componente como um dos “pilares estratégicos” da conduta do banco. É a mate-rialização da preocupação da instituição em fomentar e de-senvolver “valores tangíveis” junto dos grupos mais desfavo-recidos da sociedade. “Quere-mos participar de forma ativa

Projeto loGosO Luanda Organizing Game On The Street é fruto do “conheci-mento que o Atlântico tem da realidade económica e social do país”. A sua missão consiste em criar programas educativos e desportivos, de modo a promo-ver não só a responsabilidade social da instituição, mas igual-mente a solidariedade e o espíri-to de equipa. O projeto embrionário de 2008 amadureceu e tem tido resul-tados muito positivos. No mês em que assinala mais um ani-versário da sua fundação (24 de novembro), os responsáveis pelo LOGOS orgulham-se de terem criado comunidades sau-dáveis formadas por jovens ati-vos, de terem contribuído para a melhoria da qualidade de vida das crianças mais necessitadas (através de orientação cívica e de encontro de novas oportu-nidades de inserção social) e de conseguirem envolver aqueles que já não estudam em progra-mas de empreendedorismo. Recorrendo ao desporto, a ins-tituição procura implementar valores como a entreajuda, a proximidade, a paixão, a com-petitividade e a solidariedade, através de uma vida saudável. A iniciativa nasceu da vontade da organização em desenvol-ver espaços de informação e lazer onde os mais novos pos-sam ter uma aprendizagem di-ferente que lhes incuta a opção por uma vida positiva a todos os níveis (familiar, profissional e comunitário). Os três centros destinam-se à cultura do civis-mo, da responsabilidade pesso-al e da adoção de uma ética de trabalho.

lição de vida É pela mão do desporto que o Atlântico pretende transmitir

banCa&SEguroS

“sentimos a responsabilidade socialcomo um investimento na sociedadee no futuro”Banco Atlântico Privado

toME notA—PrinCiPAiS árEAS APoiADAS PElo bPA- PROJETO LOGOS- APOIO à LITERATURA INFANTIL- PATROCíNIOS- VOLUNTARIADO

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EConoMiA&nEgÓCioS

EDS

teCnologia a Ponta de lança

completar 12 anos de vida e de ter mudado a vida de muitos jovens carenciados, que encon-traram no clube uma oportuni-dade para mostrar o seu talento e integrar uma comunidade que elege o desporto como lema de vida saudável. A EDS conseguiu assim preen-cher uma lacuna da localidade onde estava inserida, ao criar uma equipa no bairro Nantes. Começaram por participar na terceira edição do Gira – Bair-ro e ainda hoje se mantêm nes-ta competição. Logo na estreia alcançaram o terceiro lugar na tabela classificativa.

A 12 de dezembro de 2000 nas-cia o Nantes Futebol Clube. Contava a EDS – Engenharia e Telecomunicações dois anos de existência quando decidiu incu-tir na sua linha de atuação valo-res sociais e de solidariedade. O desporto foi uma escolha na-tural para os fundadores Sebas-tião Domingos (presidente), Rui Tinta, José Barroso e Gonçalves Mateus.Aficionados pelo futebol, os di-rigentes tiveram a ideia de criar uma equipa numa reunião de bairro. O Nantes Futebol Clube, atualmente S. D. Futebol Clu-be, orgulha-se de estar quase a

a mudançaEm 2007, a direção resolveu mu-dar o nome do clube, após terem sido finalistas na 9ª edição do Gira - Bairro. Foram derrotados pelo Mucondo F. Clube, mas des-de então passaram a envergar o nome S. D. Futebol Clube e, no primeiro ano com a nova desig-nação, ficaram em quinto lugar. A EDS – Engenharia e Telecomu-nicações é ainda responsável por apoiar e financiar toda a estru-tura do clube, desde a oferta de equipamentos a compra de bolas e outro material, pagamento dos subsídios aos jogadores, despe-sas da realização dos jogos, etc.Foi ainda a empresa que asse-

—PORQUE A PROMOçãO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS E A INCLUSãO DE TODA A JUVENTUDE SãO MATÉRIAS INDISPENSÁVEIS PARA A BOA GOVERNANçA DE UM PAíS, A EDS – ENGENHARIA E TELECOMUNICAçõES DESENVOLVEU UM PROJETO INÉDITO E COMPLETAMENTE DIFERENTE DO FOCO DA SUA ATIVIDADE EMPRESARIAL. O DESPORTO FOI A ÁREA QUE MERECEU A ATENçãO DE EDUARDO SEBASTIãO, PRESIDENTE DA COMPANHIA, QUE RESOLVEU INVESTIR PARTE DO LUCRO EMPRESARIAL NO FUTEBOL.

aficionados pelo futebol, os dirigentes tiveram a ideiade criar uma equipa numa reunião de bairro. o nantes futebol Clube, atualmente s. d. futebol Clube, orgulha-se de estar quase a completar 12 anos de vida

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tELECoMuniCaÇÕES

PAlMAréS3ª EDIçãO - 3º lugar 4ª EDIçãO - 5º lugar5ª EDIçãO - 3ºlugar6ª EDIçãO - 6º lugar7ª EDIçãO - 3º lugar8ª EDIçãO - 3º lugar9ª EDIçãO - finalistas10ª EDIçãO - 5º lugar11ª EDIçãO - 3º lugar12ª EDIçãO - 4º lugar13ª EDIçãO - 3º lugar14ª EDIçãO - 5º lugar15ª EDIçãO - 8º lugar

gurou a deslocação do presi-dente do clube ao Campeonato do Mundo de Futebol, que de-correu na Alemanha, em 2006. Uma iniciativa que permitiu a perceção in loco do funciona-mento de um evento desporti-vo de grande dimensão, numa antevisão do que seria o Cam-peonato Africano das Nações de 2010, que decorreu em Angola.

Aliás, por ocasião do CAN 2010, Eduardo Sebastião apro-veitou para sensibilizar a co-munidade nacional para as mais-valias da prática de desporto. “A realização do CAN2010 vai trazer ao país ga-nhos no domínio económico, político e social”, recordou o responsável. Desta forma, o gestor da EDS reiterou que a melhoria das infraestruturas desportivas trouxe benefícios sociais ao criar condições para a prática do futebol junto das comunidades mais desfavore-cidas, gerando por outro lado mais postos de trabalho.

a eds – engenharia e telecomunicações é ainda responsável por apoiar e financiar toda a estrutura do clube, desde a oferta de equipamentos a compra de bolas e outro material, pagamento dos subsídios aos jogadores e despesas da realização dos jogos

SAbiA quE—

A EDS LECIONOU UM CURSO DE GESTãO DO TEMPO E PSICOLOGIA DO TRABALHO AO NíVEL DE CHEFES DE DEPARTAMENTO E DIRETORES

DO MINISTÉRIO DA INDúSTRIA.

Números—

1988fundação da eds – enGenharia

e teLecomunicações

2000 riação do nantes futeboL

cLube

2007 equipa muda de nome para s. d.

futeboL cLube

a emPresaCriada formalmente em 1998, a EDS apenas começou a exer-cer com regularidade as su-as atividades em 2001. Apesar de contabilizar onze anos de implementação no mercado nacional, é constituída por jo-vens nacionais, que trabalham essencialmente nas áreas das tecnologias de informação e co-municação. A sua base de ativi-dade são as telecomunicações e informática, mas ultimamente têm operado igualmente em se-tores como a ciência e técnica, particularmente na construção civil e obras públicas.

Atualmente, a empresa, 100% nacional, tem cerca de 30 tra-balhadores que prestam servi-ço nas divisões de eletrónica e satélite, de tecnologias de informação e na construção/ obras públicas.

Fazer bem Pelos outrosApesar do foco no projeto LO-GOS, o Atlântico tem uma vi-são transversal daquilo que deve ser uma atuação sustenta-da e cívica. O meio ambiente e o futuro das novas gerações

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EConoMiA&nEgÓCioS

Num mundo global e em mudança, em que somos confrontados com ameaças tão distintas como desastres naturais, pandemias, conflitos armados, terrorismo e ataques do ciberespaço, como assegurar a resiliência das empresas angolanas a eventos que podem comprometer a continuidade das suas operações e, no limite,a sua sobrevivência?

riscos gloBais do século XXiO relatório anual Global Risks, do World Economic Forum, analisa o impacto e a probabili-dade de ocorrência de 50 riscos globais nos próximos dez anos. Os riscos globais partilham as seguintes características: âmbi-to geográfico global, relevância em todas as indústrias e níveis elevados de impacto social e/ou económico e são agrupados em cinco categorias: económico, ambiental, geopolítico, societá-rio e tecnológico.

O relatório Global Risks 2012 identifica cinco centros de gra-vidade, que correspondem aos riscos de maior importância sis-témica ou de maior influência por cada categoria de risco:(i) EconómicoDispariDaDes fiscais crónicas(ii) AmbiEntAlemissões De gás com efeito De estufa(iii) GEopolíticofalha Da governação global (iv) SociEtáriocrescimento insustentável Da população (v) tEcnolóGicofalha De sistemas críticos

A figura seguinte representa estes centros de gravidade e os riscos relacionados:

gestão De risco e continuiDaDe De negócio

as empresas angolanas são

resilientes?—

Cristina alberto, DIRETORA DE MANAGEMENT & RISK CONSULTING KPMG ANGOLA

BUSINESS CONTINUITy CONSULTANT OF THE yEAR, CIR MAGAZINE BUSINESS CONTINUITy AwARDS 2012

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2012 47

GLOBALGOVERNANCE

FAILURE

RISING GREENHOUSE

GAS EMISSIONS

CRITICAL SYSTEMS FAILURE

UNFORESEEN NEGATIVE CONSEQUENCES OF REGULATIONS

irremediable pollution persistent extreme weather

failure of climate change adaptation

massive incident of data fraud or theft

massive digital misinformation

cyber attacksterrorism

EXTREME VOLATILITY IN ENERGY AND AGRICULTURE PRICES

MAJOR SYSTEMIC FINANCIAL FAILURE

SEVER INCOME DISPARITY

UNSUSTAINABLE POPULATION GROWTH

CHRONIC FISCAL

IMBALANCES

backdash againstglobalization

unmanageable inflation or deflation recurring liquidity crises

chronic labour market imbalances

prolonged infrastructure neglect

failure of diplomatic conflict resolution

pervasive entrenched corruption

critical fragile states

mismanagement of population aging

mismanaged urbanization

land and waterway use mismanagement

food shortage crises

unmanaged migration

Consultório‘O bom funcionamento da sociedade e da economia, a segurança e a defesa nacional dependem de um conjunto de Infra-estruturas Críticas (ICs) que asseguram o fornecimentode serviços básicos como a energia, água, comunicações, transportes e serviços Financeiros. Qualquer disrupção nestas ICs pode ter um efeito devastador.’

Na análise do panorama de ris-co de 2012, o World Economic Forum propõe três constelações de riscos, que constituem uma séria ameaça para a nossa segu-rança e prosperidade futuras:

conStElAção 1: sementes De DistopiaA palavra distopia, o oposto de utopia, descreve um lugar onde a vida é árdua e sem esperança. Esta constelação agrega os ris-cos fiscais, demográficos e socie-tários emergentes que indiciam a evolução futura de uma popu-lação jovem que enfrenta níveis de desemprego elevados e cróni-cos em oposição a uma popula-ção idosa crescente, dependente de governos endividados e sem possibilidade de cumprir os seus contratos sociais.Uma sociedade que continua a semear sementes de distopia – incapaz de gerir populações envelhecidas, o desemprego dos jovens, desigualdades cres-centes e desequilíbrios fiscais

– pode confrontar-se com fenó-menos graves de instabilidade e agitação social.

conStElAção 2:(in)eficácia Dos mecanismos De proteção e regulaçãoÀ medida que o mundo se torna cada vez mais complexo e in-terdependente, a capacidade de gerir os sistemas que sustentam o desenvolvimento e a segu-rança das nossas sociedades vai diminuindo. Esta constelação agrega riscos relacionados com a ciência e tecnologias emergentes, com-plexidade e globalização do sis-tema financeiro, exploração de recursos naturais escassos, al-terações do clima e redução da biodiversidade, e que expõe a fragilidade dos mecanismos de regulação e proteção existentes – as políticas, os quadros legais e regulamentes, ou instituições que servem como sistema de protecção podem já não ser ade-quadas para gerir recursos vi-

tais, garantir mercados ordeiros e assegurar a segurança pública.Os processos de regulação exis-tentes tendem a focar-se em indústrias, sectores ou acções específicas e são frequentemen-te complicados, inadequados e lentos a responder à mudança. A interdependência e comple-xidade inerentes à globaliza-ção requerem uma mudança de mentalidades que permita o desenvolvimento de políticas e regulação que ofereçam a pro-teção necessária de uma forma mais ágil e coesa.

conStElAção 3:o laDo negro Da conectiviDaDeAs infra-estruturas críticas que suportam as nossas vidas estão cada vez mais dependen-tes de tecnologias e sistemas de informação interligados em re-de. Actualmente, são credíveis cenários em que um pequeno grupo de indivíduos com co-nhecimentos especializados em sistemas de informação e com

motivações políticas, ideoló-gicas e/ou económicas podem comprometer estas infra-estru-turas, de forma remota e anóni-ma, com efeitos potencialmente devastadores. Enquanto no passado seriam necessários recursos materiais e humanos consideráveis para exercer influências a nível polí-tico ou económico a uma escala global, as fronteiras tornaram-se permeáveis à medida que o poder passa do mundo físico para o mundo virtual. Torna-se assim necessário criar um espaço digital seguro que garanta a esta-bilidade da economia mundial e o equilíbrio do poder.A constelação de riscos globais relacionados com o ciberespa-ço expõe o desalinhamento na gestão deste desafio global. Hoje, a segurança dos sistemas de in-formação deve ser considerada um bem público; por outro lado, o sector privado deve desenvol-ver um sentido de urgência para reduzir as vulnerabilidades dos seus sistemas tecnológicos chave.Neste contexto, a sociedade global deve ter a visão e o ins-tinto de sobrevivência que lhe permita definir estratégias de colaboração globais que visem o desenvolvimento da Resiliência dos Estados e das Empresas para enfrentar o panorama de risco dos próximos anos.

1 - centros de gravidade para cada categoria de risco

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resiliência dos estados e das empresasO conceito de Resiliência pode ser definido como a capacidade de resistir, absorver, recuperar ou adaptar-se à adversidade. Um Estado ou Empresa Resilien-te está preparado para enfren-tar desastres, caso os riscos do seu ambiente envolvente se venham a concretizar. O inves-timento prévio em mecanismos de prevenção reduz o impacto dos incidentes, o investimento em soluções de recuperação (re-dundâncias, meios alternativos) e o planeamento e exercício regular dos procedimentos de resposta e recuperação acelera a recuperação, tal como represen-tado na Figura 2.

O bom funcionamento da sociedade e da economia, a segurança e a defesa nacional dependem de um conjunto de Infra-estruturas Críticas (ICs) que asseguram o fornecimen-to de um conjunto de serviços básicos, tais como Energia (Elec-tricidade, Gás, Petróleo), Água, Comunicações, Transportes e Serviços Financeiros. Qualquer disrupção nestas ICs pode ter um efeito devastador a nível nacional e internacional pelo

efeito sistémico no mundo interligado em que vivemos. No actual panorama de risco global, a Protecção de Infra-es-truturas Críticas tornou-se um desígnio comum dos Estados e das Empresas, a nível interna-cional.

Os Estados têm vindo a desen-volver Programas Nacionais de Protecção de Infra-estru-turas Críticas para aumentar a sua Resiliência, assegurando a prosperidade económica e sal-

vaguardando a segurança e a de-fesa nacional. Estes programas são desenvolvidos pelos Minis-térios de Administração Interna em articulação com as autorida-des nacionais de Protecção Civil e com as empresas detentoras de infra-estruturas críticas.As Empresas detentoras de in-fra-estruturas críticas, por seu lado, têm vindo a desenvolver Programas de gestão de risco, segurança e continuidade de negócio para aumentar a sua Re-siliência, recuperando rapida-mente as suas operações críticas em caso de catástrofe e assegu-rando a sua sobrevivência.

estado angolano – gestão do risco de desastres e legislação sectorialPara prevenir a ocorrência de riscos colectivos resultantes de possíveis acidentes graves, ca-tástrofes, calamidades naturais ou tecnológicas e implementar um sistema de apoio à criação do sistema Nacional de Protec-ção Civil o Governo de Angola aprovou a Lei de Bases da Pro-tecção Civil (Lei nº 5/98, de 19 de Junho).

O Plano Estratégico de Gestão do Risco de Desastres (Decreto

Presidencial nº 103/11 de 23 de Maio), visa a implementação de princípios estratégicos e linhas de orientação para o Sistema Nacional de Protecção Civil no período 2010-1014, com ênfase na redução da pobreza e adapta-ção às mudanças climáticas.

O Plano Estratégico de Gestão do Risco de Desastres divide o quadro das principais ameaças do país em três grupos:

1 – AmEAçAS climáticASa) inunDaçõesB) seca

2 - AmEAçAS GEolóGicAS E GEotécnicASa) activiDaDe sísmicaB) ravinasc) Desabamentos

3- AmEAçAS tEcnolóGicAS E AntrópicASa) aciDentes De aviação e marítimosB) incênDios De granDes proporçõesc) granDe aglomeraDos populacionaisd) vih/siDae) cyber – risco

Com o objectivo geral de contri-buir para o processo de desen-volvimento sustentável do país, através da redução das vulne-rabilidades e do impacto dos desastres, o plano identifica três áreas de acção:

A – coordEnAção E promoção dA GEStão dE riSco1) Coordenação, promoção e acções gerais (através do Plano Nacional de Preparação, Con-tingência, Resposta e Recupera-ção de Calamidades e Desastres Naturais elaborado pelo SNPC para o período 2009-2014)2) Gestão do conhecimento, informação, pesquisa e apoio ao sistema de monitoria (através do Sistema Integrado de Gestão de Informação sobre risco, ame-aça e desastres)3) Gestão territorial e adapta-ção às mudanças e alterações climáticas4) Gestão local de risco e siste-mas de aviso prévio5) Gestão informática (Cyber-risco)

EConoMiA&nEgÓCioS

2 – resposta a incidentes de uma organização resiliente

‘Cada organização deve decidir o nível de resiliência que é razoável ter com base numa avaliação custo-benefício dos investimentos necessários face às perdas potenciais.’

100% [NORMAL]

RESILIENTE NÃO RESILIENTE

INCIDENTE

REDUZIR O IMPACTO

ACELERAR A RECUPERAÇÃO

TEMPO

NÍVE

L DE S

ERVIÇ

O

RESPOSTAPREVENÇÃO RECUPERAÇÃO

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2012 49

b – contribuição com A EStrAté-GiA dE combAtE à pobrEzA

c – dESEnvolvimEnto inStitucio-nAl do SiStEmA Entre os objectivos específicos o plano propõe-se mobilizar as instituições nacionais, os secto-res privado, académico e da so-ciedade civil, para a redução das condições de vulnerabilidade do País, nos âmbitos económico, social e ambiental.

Adicionalmente, existem tam-bém em Angola exemplos de legislação sectorial para fazer face a desastres. Angola apro-vou no sector dos Petróleos, em Novembro de 2008, o seu “Plano Nacional de Contingên-cia Contra derrames de petróleo no Mar” e em Agosto de 2009, através do Decreto nº 38/09 de 14 de Agosto, “o Regulamento sobre Segurança, Saúde e Hi-giene nas Operações Petrolífe-ras”. A proposta de Lei Quadro das Comunicações Electrónicas e dos Serviços da Sociedade da Informação de 29.12.2011 aborda a Segurança das redes e infra-estruturas críticas no seu artigo 44º.

empresas angolanas – os sectores críticos são resilientes?No universo das Tecnologias de informação a Continuidade de Negócio é associada a Data Cen-ters redundantes, soluções de replicação de dados, planos de IT Disaster Recovery e testes de recuperação de aplicações em Data Centers alternativos. Mas a capacidade de uma qualquer organização sobreviver a uma grande catástrofe não depende apenas da recuperação dos seus sistemas de informação, motivo pelo qual é fundamental que as Empresas Angolanas estejam atentas a este tema. A norma internacional ISO 22301 define Gestão da Conti-nuidade de Negócio como um processo holístico de gestão que identifica ameaças potenciais a uma organização e o impacto no negócio dessas ameaças e que disponibiliza um framework para implementar resiliência organizacional com a capacidade

de obter uma resposta eficaz que salvaguarde os interesses dos accionistas, reputação, marca e actividades que criem valor.

De acordo com este modelo de referência, cada organização deve analisar o impacto das principais ameaças do meio envolvente para o seu negócio e definir os tempos de recu-peração objectivo para seus processos críticos. O passo se-guinte é definir uma estratégia de recuperação, que assegure a redundância dos recursos ne-cessários (i.e. pessoas, instala-ções, sistemas de informação, comunicações, energia) para assegurar a continuidade dos processos críticos nos tempos definidos. Cada organização de-ve decidir o nível de resiliência que é razoável ter, com base nu-ma avaliação custo benefício dos investimentos necessários face às perdas potenciais.Outro aspecto fundamental da Gestão de Continuidade de Negócio é a Gestão da Crise. Após a evacuação segura dos colaboradores das instalações afectadas e articulação com os serviços de emergência é ne-cessário gerir a comunicação interna, com os colaboradores, e externa, com a comunicação social, e assegurar a coordena-ção de toda a organização na recuperação e manutenção dos processos críticos de negócio, até voltar à normalidade.

No quadro actual de ameaças, a Gestão da Continuidade de Negócio assume um papel rele-vante na protecção das Infra-estruturas Críticas de sectores vitais para a economia e para o bem-estar das populações. Face à nossa realidade em Angola, destacaria as nossas priorida-des nos Sectores do Petróleo, Energia, Água, Comunicações, Transportes e Serviços Finan-ceiros, em que uma adequada Gestão da Continuidade de Ne-gócio, permite às organizações detentoras destas infra-estru-turas dispor de mecanismos de resposta a incidentes e gestão de crise, reduzindo o risco sisté-mico de uma grande catástrofe e tornando definitivamente An-gola num país mais resiliente.

Consultóriogestão de continuidade de negÓcio

NEGÓ

CIO

TEMPO

TECN

OLOG

IA

RESPOSTA DE EMERGÊNCIA

GESTÃO DE CRISE

RECUPERAÇÃO DE NEGÓCIO

RECUPERAÇÃO TECNOLÓGICA

RESPOSTA DE EMERGÊNCIA TIC

POSTOS DE TRABALHO EMINSTALAÇÕES

ALTERNATIVAS

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

EM CPD ALTERNATIVO

INCIDENTES—

Pandemia—

Greves—

Incêndios, Inundações,

Sismos, Tempestades

—Falhas na

Infra-estrutura pública

INCIDENTES—

Actos maliciosos—

Incêndios, Inundações,

Sismos, Tempestades

—Falhas na

Infra-estrutura pública

INCIDENTES—

Falhas na infra-estrutura TI

—Actos maliciosos

—Falha de Fornecedores

—Incêndios,

Inundações, Sismos,

Tempestades—

Falhas na Infra-estrutura

pública

GESTÃO DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIO

COLABORADORES SISTEMAS DE INFORMAÇÃOINSTALAÇÕES

REDUNDÂNCIA DE

COLABORADORES CRÍTICOS

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50 2012

EConoMiA&nEgÓCioS Patrícia Alves Tavares

‘JuntoS’PELOBEM-ESTARDA CRIANçA“NóS RESPEITAMOS O HOMEM E ACREDITAMOS QUE ELE MERECE AJUDA. NóS RESPEITAMO-LO A SI E ACREDITAMOS QUE VOCê, TAMBÉM, PODE AJUDAR”In “Marca Juntos”

Números—

7 saLas recuperadas e equipadas no Lar bakhita

5000 Litros é a capacidade do tanque de combustíveL

doado à instituição

3 orGanismos receberam aLimentos não perecíveis

na campanha ‘ajudar a construir’ de 2011

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2012 51

MarCaS iD

Lar Bakhita, no Gamek, em Luanda, alberga 53 meni-nas dos dois aos 17 anos. Foi aqui que tudo começou! O maior projeto social que envolve as principais mar-cas e as estruturas de marketing mais poderosas de Angola deu o primeiro passo em 2011, na data em que se assinalava mais um Dia Internacional da Criança. Com esta escolha foi fácil compreender qual o foco de atuação desta estrutura de fomento da cidadania e da ação social: a criança.A empresa portuguesa BORN foi a responsável pelo desenvolvimento da marca de responsabilidade so-cial ‘Juntos’, que tem como assinatura ‘Damos o nosso melhor’. A sua maior proeza passou pela capacidade de envolver neste espírito so-cial algumas das principais en-tidades nacionais, que já deram o seu compromisso de auxílio a esta causa.TAAG, Unitel, Zap, YouCall, TGC, LG, Mabílio de Albuquerque, Casa dos Frescos, Escravo do Lazer, Kuia ou Kero são alguns dos pesos pesados dos principais setores de ativida-de do país, que se uniram para juntos melhorarem as condições de vida dos petizes angolanos.A cada dia 1 de junho, os parceiros da marca assumem a responsabilidade de recuperar e auxiliar um lar du-rante os 12 meses seguintes. Desde a criação de um teto à ajuda ao ensino e formação ou distribuição de cabazes alimentares, o centro da vida deste grupo social é a criança. À organização cabe apenas fazer a avaliação da idoneidade dos projetos. Não movimen-ta fundos monetários, apenas bens transacionáveis, fazendo a ponte entre as empresas patrocinadoras e a instituição a apoiar.Trata-se de um projeto de responsabilidade social com uma marca peculiar que tem como missão exclu-siva a recuperação e a remodelação das infraestru-turas das organizações que albergam crianças. Com esta iniciativa, os envolvidos acreditam que estão a contribuir decisivamente para melhorar a educação e formação dos mais novos. Isto porque a ajuda aca-ba por extravasar a essência de melhorar os espaços físicos, uma vez que os envolvidos contribuem com tudo o que podem, desde materiais informáticos a

brinquedos ou alimentos.

LAr BAkhItAA primeira instituição a benefi-ciar do programa ‘Juntos’ foi o Lar Bakhita, no Morro Bento, em Lu-anda, que contou com o apoio da marca durante o último ano e con-seguiu colmatar várias deficiên-cias. No total, foram reabilitadas e equipadas sete salas da instituição que acolhe 53 meninas, dos dois aos 17 anos. O projeto deixou a sua marca ao criar uma sala de computadores com ligação à Internet, uma sala de televisão, outra de estudo, um quarto de arrumos, um refeitório, uma cozinha e uma lavandaria. Fo-

ram dois dias de trabalho intenso que permitiram aos responsáveis do projeto percecionar quais as maiores necessidades de reabilitação. A par das melhorias infraestruturais, ao longo do úl-timo ano têm sido organizadas múltiplas ações de solidariedade. Tudo com o intuito de contribuir para um futuro melhor dos mais pequenos e devolver o sorriso e a esperança a todos os que vivem em lares ou orfanatos.Recorde-se que o lar foi inaugurado em 2009, uma obra financiada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, através do Gabinete do Adido de Defesa da Embaixada americana em Angola. Cons-

truído com o intuito de cuidar e proteger as crianças, oferecen-do-lhes um ambiente seguro e saudável, o espaço tem seis dormitórios e uma equipa mul-tidisciplinar que acompanha de perto cada menina.A primeira ação social arrancou há um ano, no hipermercado

Kero, onde foram recolhidos alimentos não perecí-veis para três organismos: o lar Bakhitas, o orfanato Horizonte Azul e o Instituto Oncológico Angolano. Desde então, multiplicam-se os eventos de respon-sabilidade social, onde os brinquedos não são esque-cidos. Afinal, o público-alvo da marca ‘Juntos, Damos o Nosso Melhor’ são crianças e há muito que a brin-cadeira foi consagrada como um direito.Apesar de a cada ano uma nova instituição merecer o cuidado dos responsáveis por este programa, o apoio é incondicional e o “projeto é para sempre”. Ou seja, o acompanhamento mantém-se após a recuperação do lar selecionado. As empresas têm recursos sufi-cientes para continuar a seguir a educação destas crianças e as constantes campanhas de recolhas de

bens e alimentos servem para isso mesmo: suprir as dificuldades da instituição ao longo dos vários anos.

EmprESÁrIoS SoLIdÁrIoSA causa germinou na mente de um grupo de empre-sários que tinham uma forte vontade de contribuir para o desenvolvimento da sociedade e encontrar um projeto solidário onde pudessem ajudar os gru-pos mais carentes do país. A conjugação de esforços e ideias viabilizou a criação de uma marca própria, que correspondesse às aspirações sociais de cada interveniente.Assim surgiu a ‘Juntos’, uma rede de empresas soli-dárias que auxiliam organismos carenciados. O apoio é permanente e sustentado e, depois de um ano a melhorar infraestruturas, a relação continua no âm-bito do apoio educacional, através da oferta de bens materiais e perecíveis.

hIpErS ‘JuNtoS’A participação na marca ‘Juntos’ é apenas uma das diversas ações sociais que o maior hipermercado do país tem promovido. O Kero tem o seu próprio pro-grama de responsabilidade social, o “Kero Kanden-gue”, que consiste no apadrinhamento de um centro de apoio social específico por cada loja. Diariamente as instituições recebem os produtos frescos que não foram vendidos durante o dia. A empresa apoia o Centro Mamã Muxima (Kero Nova Vida) Obra Caridade Santa Isabel (Kero Combaten-tes); Centro Programa Criança Feliz Bairro Malangi-nho (Kero Cajueiro); Centro de Acolhimento Arnald Janssen (Kero Mártires) e Lar Bakhitas (Kero Kilam-ba). O programa do Kero quer transmitir apoio social às crianças carenciadas, combater a pobreza e promo-ver o desporto. Neste último caso, são responsáveis por organizar o torneio Kero Street Basket, que du-ra dez semanas e tem a participação de Giguba, ex-treinador nacional da modalidade. Outros hipermercados têm aderido à causa da ‘Jun-tos’, conjuntamente com empresas dos setores da comunicação, dos serviços e até da restauração. To-dos participam na principal ação anual: a “adoção” de um orfanato que se dedique em exclusivo às crian-ças, cuja gestão ou acompanhamento esteja ligado à Igreja e que apresentem uma situação legal resolvida. Ultrapassada essa fase, os patrocinadores colocam em prática a sua missão, isto é, “dar educação, dar formação, dar informação”. A primeira instituição a beneficiar do programa ‘Juntos’ foi o Lar Bakhita, no Morro Bento, em Lu-anda, que contou com o apoio da marca durante o último ano e conseguiu reabilitar e equipar sete salas da instituição

ACoMPAnhEno FACEbook

— www.facebook.com/pages/

Projecto-Juntos-Damos-o-Nosso-Melhor/198732053514417?sk=info

quEM Dá o SEu MElhor?—a marca ‘Juntos’ reúne empresas que são referência em angola. born, taag, loja Filhotes, kuia, zaP, uCaLL, unitel, tbWa, kero, tCg, odebrecht, loja Mabílio de alburquerque, rojual, restaurante on.DaH, Escravo do Lazer, Casa Paris, Casa dos Frescos, Frango no Churrasco, rosilvia Comercial, MarkESt e gráfica DaMEr são os patrocinadores do projeto

quEr AjuDAr?—todos podem ajudar a instituição eleita pela marca ‘Juntos’, seja através de doações ou tornando-se voluntário. basta contactar a equipa em [email protected] ou acompanhá-los no Facebook e participar nas recolhas de alimentos ou de brinquedos, que são organizadas com muita regularidade

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EConoMiA&nEgÓCioS

O Lucro da ética nO nEgócio vErdE

—COSMÉTICA E BELEZA NãO TêM QUE SER DE APENAS SINóNIMO DE VAIDADE. NUM MOMENTO EM QUE SE ASSISTE AO CATAPULTAR DE MARCAS INTERNACIONAIS QUE CONQUISTAM ADEPTOS EM TODOS

OS CANTOS DO MUNDO, A ANGOLA’IN OLHA PARA BONS EXEMPLOS DE SUSTENTABILIDADE DE NEGóCIOS QUE JUNTARAM ÉTICA E LUCROS E SãO HOJE RESPEITADOS PELO SEU CóDIGO DE CONDUTA. A INDúSTRIA

DA ESTÉTICA ESTÁ CADA VEZ MAIS EMPENHADA EM PROTEGER O AMBIENTE E CRIAR PRODUTOS QUE RESPEITEM TODAS AS SUAS

NORMAS.

São muitas as indústrias de cosmética que já ultrapassaram o estigma da estética fú-til e desprovida de valores, completamente alheia à sociedade atual. Nos dias de hoje, sustentabilidade é palavra de ordem nas maiores multinacionais e exemplo de res-ponsabilidade para com o meio que tanto lucro lhes dá.É o caso de marcas como The Body Shop (Inglaterra), Natura ou o Boticário (Brasil). Todas se evidenciam por usar princípios ecologicamente corretos e recorrerem a matérias-primas naturais desde a criação do produto à sua testagem.

Pelos direitos humanos“Somos uma empresa de comunicação, com especialidade no ramo de cosméticos, que faz dinheiro com os seus projetos e reinves-te em campanhas pelos direitos humanos”. É assim que Anita Roddick, fundadora da in-glesa The Body Shop descreveu o conceito da sua marca, que sempre deixou claro que o que a empresa “gera de mais importante não são os produtos, mas sim os princípios”.A marca nasceu do sonho de uma ativis-ta, defensora acérrima do meio ambiente, dos animais e da humanidade. Foi fundada em 1976, em Brighton, Londres, numa pe-quena loja que transformava ingredientes oriundos dos quatro cantos do mundo em cremes, loções e shampoos. Partindo de receitas caseiras e ingredientes naturais, nunca ninguém imaginou que o pequeno projeto iria evoluir para uma marca respei-tada mundialmente e em grande parte devi-do à política de responsabilidade para com o meio e com as pessoas que aceitam dar a conhecer as suas ‘mezinhas’. Anita Roddick faleceu em 2007, mas deixou um legado e uma filosofia que são fonte de inspiração para a indústria da cosmética. “O negócio das empresas não deveria ser apenas dinheiro, deve ser também respon-sabilidade. Deveria ser sobre fazer um bem público e não sobre ganância pessoal”, afir-mou a empresária ao longo da sua vida. Ensinamento que ainda hoje está presente nos cinco valores da marca: produtos não são testados em animais; matérias-primas obtidas mediante o comércio justo com as comunidades; defesa dos direitos huma-nos; valorização da autoestima e proteção do planeta. A marca foi a mais inovadora do seu seg-mento, pois muito antes das grandes em-presas assumirem a sua responsabilidade social, já a The Body Shop recorria a ma-térias-primas naturais, participava em cam-panhas ambientais e procurava melhorar o dia-a-dia das comunidades da Ásia, África e América Latina, através da concretização de pequenos negócios.

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MarCaS iD

insPirados na sustentabilidade

É no Brasil que se encontra em maior nú-mero casos de gestão sustentada que têm tido grande sucesso. A marca Grupo Boticá-rio enquadra-se nas multinacionais que têm como lema as ações positivas. Conscientes de que as suas decisões influenciam “uma cadeia de relacionamentos interdependen-tes”, os responsáveis pela empresa procu-ram constantemente uma atitude ética e de promoção de sustentabilidade junto de to-dos os seus públicos, desde os clientes aos colaboradores e representantes. O grupo defende a racionalização do con-sumo de forma a preservar os recursos naturais, pelo que inclui no topo da sua es-tratégia de conceção de produtos a minimi-zação dos impactos ambientais em toda a cadeia de valor dos negócios. A pensar no ambiente, o Boticário tem um programa de ecoeficiência, que consiste na redução da intervenção negativa no meio natural, fruto do seu processo produtivo. O projeto consiste na organização de um con-junto de indicadores de consumo (energia, água e emissão de gases de efeito de es-tufa) e de gestão dos resíduos sólidos. Por outro lado, são responsáveis pela análise do ciclo de vida de todas as embalagens dos seus produtos.Entre as iniciativas para com a sociedade importa destacar o Global Compact (par-ceiros das Nações Unidas para respeitar os valores fundamentais do ser humano na condução dos negócios), a erradicação do trabalho infantil, a criação de instrumentos que assegurem a igualdade de direitos e o empenho na prossecução das metas do Mi-lénio definidas pela ONU.

a Premiada naturaÉ a única companhia brasileira a integrar a lista das empresas mais éticas do mundo, elaborada pelo Ethisphere Institute. O or-ganismo americano estuda a nível mundial quais as entidades mais empenhadas nas ações de responsabilidade social corpora-tiva, sustentabilidade, ética no trabalho e anticorrupção empresarial. A Natura é o maior fabricante brasileiro de cosméticos e produtos de higiene e beleza. A empresa integra ainda o Índice de Susten-tabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo, uma entidade que se dedica a estudar as empresas com melhor desem-penho em todos os níveis. Para a empresa, defender o ambiente é si-nónimo de “contribuir de forma consisten-te para a transformação da sociedade em direção ao desenvolvimento sustentável, criando um modelo de negócios que alie o crescimento económico às necessidades sociais e ambientais”.

A administração implantou uma política de uso sustentável da biodiversidade e do conhecimento tradicional associado, pois acredita que o seu valor empresarial de-pende do desenvolvimento sustentável da sociedade. A sua ação tem como priorida-de a “Amazónia”, “Biodiversidade”, “Educa-ção”, “Gases de Efeito de Estufa”, “Impacto de Produtos” e “Qualidade das Relações”.

Outro fator interessante está no facto de as comissões dos executivos serem atribuídas com base no seu cumprimento da política social e ambiental imposta pela empresa.

São marcas como estas que irão conseguir manter a durabilidade e lucro do seu negó-cio. Afinal, o consumidor está cada vez mais exigente e tem demonstrado a preferência por produtos oriundos de ‘marcas verdes’.

“o negócio das empResas não deveRia seR apenas dinheiRo, deve seR também Responsabilidade. deveRia seR sobRe fazeR Um bem público e não sobRe ganância pessoal”

anita Roddick, fundadora da The Body Shop

a muLtidiscipLina-ridadE da BEnEtton—a Fundação unHatE da uniter Colors of benetton defende, tal como a marca, a aceitação da diversidade. Quase a completar dois anos, a Fundação tem desenvolvido projetos com real impacto e procurado associar-se a organizações que tenham como missão ajudar os mais jovens. além de ter protagonizado o auxílio a planos de reinserção social dos meninos de rua de nova Deli, na Índia, foi responsável por uma iniciativa artística da criação de uma ‘Pomba da Paz’. a associação partiu da reutilização de invólucros de bala, recolhidos em várias zonas de guerra africana, e conjuntamente com estudantes de várias partes do mundo desenharam e conceberam uma pomba que simboliza a paz. a criação foi entregue à população da Líbia no dia em que proclamaram a independência.

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SoCiEDADE

Patrimóniode um País são

os Cidadãos—

SOCIEDADE VEM DO LATIM SOCIETAS, QUE SIGNIFICA “ASSOCIAçãO AMISTOSA COM OUTROS”. É A REDE MAIS COMPLEXA DE UM ESTADO E O SEU RELACIONAMENTO INFLUENCIA TODAS AS POLíTICAS. SAúDE,

EDUCAçãO OU AMBIENTE SãO ALGUNS DOS SETORES PREDILETOS DA MAIORIA DAS EMPRESAS NA HORA DE APOIAR E DISTRIBUIR FUNDOS PARA PROMOVER CAUSAS E VALORES. NESTA EDIçãO, TENTAMOS PERCEBER DE QUE FORMA INSTITUIçõES EMBLEMÁTICAS COMO A FUNDAçãO LwINI, A FESA OU A

SOCIEDADE CATOCA CONTRIBUEM PARA UM MUNDO MELHOR. AFINAL, ESTE É O DESEJO ALQUIMISTA DE QUALQUER CIDADãO.

Patrícia Alves Tavares

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São múltiplas as formas de auxiliar a sociedade ou simplesmente a comu-nidade local onde uma empresa está inserida. Seja através de distribuição de parte dos lucros, da dinamização de projetos económicos ou energé-ticos e de inclusão pelo desporto, é quase regra base para qualquer firma a inclusão de Responsabilidade Social nas suas ações. Mas é sobretudo pela supressão das necessidades básicas do ser huma-no que a maioria das entidades opta. Todos desejam contribuir para uma sociedade mais inclusiva e saudável através do auxílio ou participação (fi-nanceira ou não) em programas de

‘a agricultura é o alvo da atuação do modelo da catoca que é assessorado pela fundação odebrecht que tem experiência neste tipo de programas. o pades tem duas vertentes essenciais: a educativa (ou de conhecimento) e a produtiva’

a ‘nova’ lunda sulO protocolo envolve empresas de re-ferência que têm o mesmo propósito: levar o desenvolvimento económico e social a Lunda Sul. O Governo e a So-ciedade Mineira da Catoca são parceiros em igualdade de circunstâncias e estão desde o ano anterior a trabalhar con-juntamente para implementarem o Pro-grama de Apoio ao Desenvolvimento Económico e Social da região (PADES).A equipa engloba a Odebrecht, Alrosa, Daumonty e Endiama. Quem não pode estar mais satisfeito com a prossecução deste projeto, que foi amadurecido du-rante mais de um ano, é a governadora da região, Cândida Narciso, que acredi-ta que a materialização do programa vai permitir a melhoria da qualidade de vida das populações. “O que devemos fazer é cuidar deste projeto como se fosse nosso, fazer com que daqui saiam ex-periencias que sejam replicadas por to-do o país, diminuirmos as importações e melhorar a renda das famílias”, afirmou na apresentação do PADES.O projeto promete dar uma nova fina-lidade à extração de diamantes: a apli-cação em planos de desenvolvimento do povo. Neste caso, a agricultura é o alvo da atuação de um modelo que é assessorado pela Fundação Odebrecht que tem experiência neste tipo de pro-gramas. O PADES tem duas vertentes essenciais. A educativa (ou de conhecimento) que consiste na formação e especialização do empresariado e que já levou técnicos agrícolas e de pesca ao Brasil para refor-çarem os seus conhecimentos junto dos especialistas da Odebrecht. A produtiva consiste na aposta do cultivo da man-dioca e batatas e na melhor gestão e rendimento das terras que são distribu-ídas pelas associações de camponeses.

intervenção em áreas cruciais de um país desenvolvido: educação, saúde, juventude, inclusão social, desenvol-vimento comunitário e capacitação de organizações.

Para melhor compreender e se es-pecializar na sua ação social, grande parte das entidades criam fundações independentes que se ocupem a tem-po inteiro da resolução dos problemas mais pertinentes da ‘sua’ sociedade. Fundação FESA, Lwini, Kissama ou So-ciedade Mineira da Catoca são as mais emblemáticas no plano nacional. Fa-lar de projetos sociais é incontornável abordar o trabalho destes organismos.

Programa de Distribuição de Leite diariamente 1500 litros de leite e pão de soja são distribuídos por quatro mil crianças que vivem junto da Catoca

Água canalizada garante o abastecimento das casas de seis mil pessoas

Núcleo de Desenvolvimento do Desporto e da Cultura escola de teatro, filmes e aulas de desporto para 400 crianças

Alimentação oito refeitórios servem as refeições a todos os trabalhadores da empresa

Programa de Educação Comunitária trabalho que serve de continuidade à escola I Nível e aos cursos profissionais da região

Programa de Educação de Crianças cinco escolas equipadas para crianças dos dois aos cinco anos que aprendem e recebem alimentação e material escolar

Saúde planos de prevenção da SIDA e doenças sexualmente transmissíveis, planeamento familiar, prevenção do cancro do cólo do útero, da surdez ocupacional e contenção da malária

Agropecuária no último ano foram produzidos 198 mil quilos de verduras, legumes, frutas e grãos; 166 mil litros de leite de vaca; 163 mil litros de iogurte, queijo, carnes e ovos e ainda 236 mil litros de leite de soja

Segurança e Trabalho ações preventivas para segurança e proteção dos colaboradores, bem como preservação do património da companhia

Tecnologia rede wireless nos departamentos de Construção Civil, Energia, Geologia, Formação Profissional e Segurança Industrial

a Comunidade aCima de tudo! Programas apoiados pela Catoca

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insPiração odebreChtO PADES aplica um modelo já existen-te no Brasil e cujo sucesso social tem provas dadas. O Programa de Desen-volvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Bai-xo Sul da Bahia (PDCIS) tem como finalidade a ampliação das oportuni-dades de trabalho, de educação e de rendimentos que podem existir numa região. Acerca da experiência angolana, Cesar Marianetti Braga, diretor da Organiza-ção e Pessoas da empresa angolana, indica que a “Catoca julga que, com a assessoria que tem da Fundação Ode-brecht, será possível alcançar os re-sultados esperados: desenvolvimento social sustentado por meio da geração de trabalho, melhoria de renda da po-pulação e aumento da produtividade local”.“Queremos consolidar um modelo de desenvolvimento e crescimento inte-grado passível de reaplicação em ou-tras regiões”, acrescenta por sua vez Maurício Medeiros, presidente execu-tivo da Fundação Odebrecht, numa entrevista à imprensa brasileira.No caso angolano, o PADES quer es-timular a produção agrícola (mandio-ca e fruticultura) e a piscicultura. Em curso encontram-se a implantação da unidade de piscicultura em Mona-Quimbundo (local onde o plano foi lançado) e a construção de dez tan-ques para receberem os primeiros peixes.

leilões ajudam KissamaEm 1996 um grupo de angolanos e sul-africanos davam o primeiro pas-so na preservação ambiental ao cria-rem a fundação Kissama. Hoje é um dos organismos mais importantes no âmbito da defesa da sustentabilidade ambiental e responsável por reabilitar o parque nacional de Kissama. A longo prazo, o objetivo passa por recuperar outros parques nacionais e os recur-sos do país.A causa mereceu inclusive o apoio do Presidente da República, José Edu-ardo dos Santos, que é o patrono da Kissama. A preservação da palanca negra, uma espécie única que é sím-bolo da nação, tem sido um dos prin-cipais trabalhos desenvolvidos pela fundação. Atualmente é possível afir-mar que a organização é uma associa-ção ambiental, pois este é o foco da sua atuação. Este ano, a fundação lançou uma cole-ção de livros infantis que relatam his-tórias sobre a diversidade da nação. “Estórias para Conservar” tem uma forte componente social. É um proje-

to educativo que pretende aproximar as crianças das questões ambientais e sensibilizá-los para a proteção do ambiente. Cori é a personagem cen-tral, uma tartaruga-de-couro ferida e que é salva por uma criança. Com uma série de mil exemplares, a Fundação Kissama acredita que este é o melhor meio para despertar o lado protetor dos mais pequenos em relação aos animais.Atualmente o nome Kissama é pre-sença nos meios mediáticos mundiais, graças ao interesse das empresas (na-cionais e internacionais) em proteger a reserva natural angolana. Recorde-se que ainda recentemente uma garrafa de 18 litros de vinho tinto Benfeito, da região do Douro, em Portugal, foi lei-loada por um valor recorde de 21.600 dólares. A garrafa foi rematada no restaurante Oon.Dah, propriedade de Isabel dos Santos, filha do presidente, e a recei-ta será aplicada no projeto de conser-vação da palanca negra. Esta matéria tem merecido igualmente o apoio de instituições de áreas tão díspares co-mo as petrolíferas. É o caso da Esso Angola que tem canalizado parte das

suas verbas para a segunda fase de ati-vidades que visam resguardar a palan-ca negra gigante, no Parque Nacional de Cangadala, em Malange. A parce-ria inclui o Ministério do Ambiente e a Fundação Kissama. A petrolífera doou entretanto 600 mil dólares para a con-tinuidade das ações que têm permiti-do salvar a palanca, uma espécie em perigo de extinção.

Projeto Arca de Noé (repovoamento do Parque Nacional da Kissama com animais que desapareceram e que vieram do Botswana e África do Sul)

Combate à caça furtiva (fiscalização do parque, sensibilização das comunidades para preservação da fauna e flora)

Pousada do Káwa em pleno parque está em execução (15 bangalôs, um bar e restaurante, que inclui passeios para observação de animais selvagens)

tome nota… A Fundação da Kissama tem em curso:

‘em 1996 um grupo de angolanos e sul-africanos davam o primeiro passo na preservação ambiental ao criarem a fundação kissama. hoje é responsável por reabilitar o parque nacional de kissama’

“O Estado por si só não será capaz, durante algum tempo, de satisfazer as necessidades de toda a população. As fundações (...) são forças que têm servido para a realização de ações e objetivos de utilidade pública e interesse social”—José Eduardo dos Santos

sabia Que…

O PARQUE NACIONAL DO KISSAMA, NO BENGO, É O MAIOR

DO PAíS. É RESERVA DE CAçA DESDE 1938 E CONSIDERADO

PARQUE NACIONAL DESDE 1957. SãO 9600 KM2 DE BELEZA

NATURAL, CUJA FAUNA E FLORA QUE ESTãO A SER

RECUPERADAS GRAçAS AO TRABALHO DA FUNDAçãO

KISSAMA.

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marCa filantróPiCaCredibilidade e espírito solidário são sinónimos que definem a Fundação José Eduardo dos Santos que, tal co-mo o nome indica, foi fundada pe-lo Presidente da República, em 1996, para estar mais próximo dos seus ha-bitantes e colmatar carências em áreas multidisciplinares cujo orçamento de Estado não consiga resolver. De caracter filantrópico, a FESA de-senvolve atividades e apoia projetos nas áreas técnico-científica, cultural e social. E é no campo da assistência so-cial que as preocupações da fundação mais se concentram. Basta verificar que são responsáveis pela distribui-ção de roupas e alimentos aos mais desfavorecidos, pela assistência mé-dica, construção de escolas, incentivo da prática desportiva, favorecendo o acesso generalizado da população à educação e ao trabalho.É importante realçar que pouco depois da sua criação e até 2002, a Funda-ção conseguiu executar 72 programas de desenvolvimento, o que culminou com um investimento de 1,3 milhões

de dólares. Atualmente o volume de projetos é consideravelmente extenso e a FESA tem capacidade para levar a educação dos seus habitantes a outros patamares de conhecimento.Só no início de setembro 12 jovens con-seguiram uma bolsa oferecida pela FESA e rumaram à Venezuela para se formarem na área petrolífera durante os próximos cinco anos. O acordo com a Universidade Bolivariana da Vene-zuela foi firmado em março deste ano e será renovado no futuro, permitindo que mais angolanos se especializem nas ciências petrolíferas, sobretudo o petróleo, gás, petroquímica e refi-nação. A parceria inclui a curto prazo uma di-versificação das áreas de cooperação de modo a abranger as engenharias e ciências médicas. Fonte da FESA acrescenta que a nova valência pode-rá ser viabilizada em 2013. O valor das bolsas é suportado pela fundação e pelo Ministério dos Petróleos que irão absorver parte dos quadros formados no estrangeiro. O maior parceiro da instituição é natu-ralmente o Governo, que tem conse-guido auxiliar programas para os quais

o Estado não tem verba suficiente. Graças à FESA foram erguidas escolas de todos os níveis básico e médio na maioria das províncias, que posterior-mente foram doadas ao poder público para que o ensino público seja acessí-vel aos estratos mais desfavorecidos da sociedade. Ainda no auxílio aos programas de crescimento governa-mentais, o organismo procedeu por iniciativa própria à implementação de centros de saúde em áreas carentes, como as populações do Cazenga, do Sambizanga ou de Caxito. O trabalho comunitário da FESA ultra-passa fronteiras e existe um protocolo com a Fundação Mundele, no Canadá, que se destina ao desenvolvimento de um plano de desenvolvimento comu-nitário que englobe os setores da saú-de, agricultura, educação e científico. No contexto nacional, a FESA é res-ponsável pela organização do torneio internacional sub-20 de futebol. Este ano, a prova tem a participação das seleções da Namíbia, Zâmbia e Swazi-lândia. Por definir está o calendário da prova, que sofreu atrasos. A seleção nacional conquistou o troféu na edição do ano passado.

Primeira-dama de CausasFoi a visita de princesa Diana, em 1997, a Angola que despoletou a consciên-cia para auxiliar as vítimas de minas terrestres. O mundo conheceu o dra-ma das marcas da guerra e socieda-de sentiu a necessidade de fazer algo para minorar as dificuldades dos afe-tados pelos pequenos mísseis que fi-caram perdidos na imensidão da terra vermelha.A Primeira-Dama, Ana Paula dos San-tos, entendeu nesse dia que tinha a possibilidade de mudar esta realidade e aventurou-se na criação de uma as-sociação sem fins lucrativos e de inte-resse geral. Assim nasceu o Fundo de Solidariedade Social Lwini, em junho de 1998. Embora tenha alargado as suas ações, adaptando-as às novas carências da população, a Lwini continua a ser um marco no apoio às vítimas civis de mi-nas terrestres. É neste âmbito que os fundos arrecadados são aplicados, privilegiando as mulheres e crianças. O país já se habituou a ler nos jornais notícias sobre encontros em que a Pri-

‘a fesa é responsável pela distribuição de roupas e alimentos aos mais desfavorecidos, pela assistência médica, construção de escolas, incentivo da prática desportiva, favorecendo o acesso generalizado da população à educação e ao trabalho’

“O homem é a força motriz, catalisadora do desenvolvimento da sociedade”—Fundação José Eduardo dos Santos

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SoCiEDADE

‘a fundação lwini estuda a criação de uma empresa gráfica especializadana impressão de obras em braille,algo que não existe no país’

meira-Dama distribui cadeiras de ro-das e outros equipamentos a quem viu a sua autonomia desaparecer durante e depois da guerra. É um trabalho multidisciplinar e que não se limita à distribuição de mate-rial aos portadores de deficiência. A sua ação inclui apoio jurídico; sensi-bilização das vítimas, famílias e socie-dade; promoção do acesso à saúde e inclusão profissional; reinserção so-cial; prevenção e alerta para o perigo das minas; alargamento do crédito às mulheres e projetos que resultem em maior rendimento para a comunidade e concessão de microcréditos para as atividades do seu público-alvo.

“raCe to learn”

É o menino dos olhos da fundação Lwini. Incluído no projeto de “Preven-ção Rodoviária”, o programa “Race to Lear” resulta da parceria estabelecida com a Fundação Williams. Desenvol-vido como programa informático para ser aplicado no contexto escolar, tem como finalidade o incentivo do espí-rito de equipa e a formação de pro-fessores para que usem este software interativo como ferramenta de apren-dizagem.

Na fase experimental será aplicado em Luanda, junto de crianças com idades entre os 13 e os 15 anos, que vão apren-der novas formas e técnicas de estudo e melhorar o seu desempenho curricu-lar. A médio prazo poderá ser alarga-do a mais províncias e será lecionado em paralelo com o programa de sen-sibilização para uma boa conduta nas estradas. Para já, as escolas visadas estão a receber o material informáti-co e didático necessário para a imple-mentação efetiva do software.Em paralelo, está em desenvolvimento um plano que irá dar uma nova espe-rança a um apelo que é antigo: adap-tação de livros para braille. A criança com deficiência visual necessita de li-vros que lhe facilitem a leitura e permi-tam a exploração autónoma. Para tal, a fundação estuda a criação de uma empresa gráfica especializada na im-pressão de obras em braille, algo que não existe no país. A ideia consiste em abrir uma infraestrutura que edite li-vros desde a criação à produção final e dê postos de trabalho a portadores de deficiência, que poderão ser forma-dos na Escola Inclusiva “Óscar Ribas”. Este estabelecimento já forma profis-sionais capazes de reparar os equipa-mentos de braille e de editar os livros didáticos que usam no dia-a-dia.

As atividades promovidas por estas instituições são uma lufada de ar fres-co para uma sociedade que ainda se debate com elevados índices de po-breza e assimetrias sociais. São ape-nas alguns exemplos do que melhor se faz pela sociedade. No entanto, existem outras tantas, fundações e empresas privadas, que diariamente encontram novas formas de valorizar o capital humano. Como diz o Presi-dente da República, os organismos que desenvolvem trabalho social são “forças” que querem “fazer bem ao próximo”, afastando a ideia de “que o património serve apenas para satisfa-zer o egoísmo humano de acumular ri-quezas para usufruto individual”.

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Texto Manuela Bártolo e Patrícia Alves Tavares *em colaboração com Lisete Pote Fotos David Oliveira | Direitos ReservadosESPECiAl PréMioS SiriuS 2012

Bons exemplos geram...

Criação de valor

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Bons exemplos geram...

Criação de valor

Excelência na gestão dos seus negócios e nas iniciativas promovidas. Uma frase que traça com exatidão o perfil dos novos laureados com os Prémios Sirius. As boas práticas no setor empresarial angolano foram reconhecidas pelo segundo ano consecutivo, num evento organizado pela Deloitte Angola, que contou com um júri de ‘peso’.

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A sala do Hotel EPIC Sana foi pequena para acolher todos os participantes de mais uma edição dos prémios Sirius, uma iniciativa promovida pela Deloitte. O nervosismo antes do início da gala, que prestigiou as melhores instituições e personalidades nacionais, era evidente. Todos conhecem que a receção de um galardão desta envergadura representa um acréscimo de responsabilidade: fazer ainda melhor no próximo ano, pois todos os olhos estarão voltados para as empresas com melhor desempenho.

ii ediçãoO empresariado já se habituou ao facto de novembro ser o mês do empreendedor, do reconhecimento do trabalho realizado ao longo dos últimos meses. Este ano, a Deloitte escolheu o último fim-de-semana do mês para entregar os já anunciados prémios às figuras e organizações do tecido empresarial que, em 2011, se demarcaram da concorrência pelo talento excecional para desenvolver projetos e pelas boas práticas implementadas na sua governança cooperativa e junto da sociedade.

“A iniciativa, a cumprir a sua segunda edição, é um estímulo à adoção das melhores práticas entre o setor empresarial angolano, distinguindo o que de melhor se faz neste país de grande talento e empreendedorismo”, explicou Rui Santos Silva, Managing Partner da Deloitte Angola, durante a gala, que foi abrilhantada pela atuação de Yola Semedo. Um momento que serviu para homenagear a mulher angolana, cada vez mais interventiva nos diversos setores da sociedade.

resPonsabilidade soCial“Na Deloitte, acreditamos firmemente que o reconhecimento das boas práticas constitui um contributo efetivo para o progresso e para a melhoria contínua. É com esta convicção que desempenhamos a nossa atividade diária e que cumprimos o nosso posicionamento – ser o padrão da excelência”, constatou o responsável. A edição deste ano voltou a premiar a inclusão de uma boa prática empresarial entre os diferentes players das instituições, escrutinando as suas ações sociais. O vencedor da edição 2012,

no que toca à política de Responsabilidade Social, foi a Odebrecht Angola. O trabalho desenvolvido em parceria com outras instituições em prol da Sociedade Mineira de Catoca mereceu o reconhecimento do júri, liderado por Manuel Nunes Júnior.

O galardão atribuiu um estatuto de ‘parceiro da comunidade’ a quem se evidencia pela qualidade e alcance dos seus projetos e iniciativas de Responsabilidade Social. Recorde-se que a empresa brasileira de construção civil tem apostado na capacitação dos habitantes das comunidades onde são desenvolvidas as obras da construtora. Os interessados recebem formação profissional, uma oportunidade para se qualificarem e saírem do desemprego.

emPresas do anoA avaliação da qualidade e do alcance das estratégias e dos projetos, bem como o rigor da gestão e a abrangência da informação publicada contribuíram para que o Banco Angolano de Investimentos (BAI) levasse a melhor sobre os restantes concorrentes.

“ao apostaRmos na inovação do país, estaRemos a apostaR também na excelência da nossa atividade, do nosso posiciona-mento e, em última instância, no conheci-mento”, revela Manuel nunes Júnior, presidente do Júri

ESPECiAl PréMioS SiriuS 2012

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mente, de ter colaboradores desenvolvidos e for-mados permanentemente. Portanto, as diferentes dimensões que são avaliadas no âmbito dos Pré-mios Sírios são as ações que permitem mostrar ao mercado a qualidade de gestão e que favorecem as empresas no ambiente competitivo.

Quais as novas categorias dos prémios e porquê a sua definição? Este ano são duas. A primeira tem a ver com o melhor programa de desenvolvimento do capital angolano. Entendemos que é uma dimensão muito

importante porque é um dos maiores desafios de Angola. Temos que permanentemente desenvolver pessoas, ter indi-víduos, formar trabalhadores e acreditamos que olhar para os melhores exemplos do país e dá-los a conhecer é po-sitivo. Pois vem de encontro a um dos maiores objetivos es-tratégicos da nação. O outro prémio adicional tem como objetivo premiar o melhor relatório de contas (de ges-tão). É um desafio. Ainda não temos uma cultura arreigada de qualidade de produção de

informação de gestão, mas as coisas melhoram de ano para ano. Embora na verdade ainda não exista de uma forma alargada a toda a comunidade em-presarial e, por isso mesmo, decidimos lançar este prémio. É um desafio às empresas, para que olhem para esta dimensão. Quisemos instituir este galar-dão porque acreditamos que é algo que ainda não está muito desenvolvido em Angola, mas que tem que ser fomentado. É uma chamada de atenção neste sentido.

a distinção ao nível público, privado e individual elegida em 2011 focou-se, sobretudo, na diversificação e descentralização económica. este ano, o

Qual é, segundo a organização, a importância da criação dos prémios sirius e quais os objetivos subjacentes à sua promoção no que concerne às especificidades de angola, do seu mercado e respetivos agentes? como classifica a adesão ao projeto?Os objetivos dos Prémios Sirius são dar a conhecer e reconhecer a qualidade da gestão em Ango-la, das empresas angolanas, nas suas diferentes dimensões, seja financeira, de recursos humanos, responsabilidade social, entre outros. Entendemos que a importância do prémio está diretamente relaciona-da com os objetivos, ou seja, estamos numa economia que cresce muito, que veio de um passado turbulento e que hoje apresenta às empresas desafios significativos em termos da sua organização e modernização. Entende-mos e acreditamos que a existência destes prémios vem motivar as empresas a fazerem cada vez melhor, a procurarem o reconhecimen-to, porque todos olham para as organizações que são pre-miadas. No ano passado, tivemos o grato prazer de perceber o reconhecimento geral da comunidade em relação aos premiados. Estes são exemplos que todos querem seguir e achamos que são um contri-buto válido para melhorar ou aumentar a fasquia a que os gestores colocam a si próprios.

acreditam que com este evento conseguem transmitir a ideia de que excelência não é apenas um valor intangível, mas também uma necessidade no mercado atual. a que tipo de critérios recorrem para a avaliar?Sim, claro. Todas as empresas necessitam, por exemplo, de financiamento para funcionar. Elas precisam de ter a sua credibilidade afirmada diaria-

objetivo mantém-se ou irão premiar outros temas em destaque no país?A diversificação económica é um dos grandes desafios do país. O profes-sor Manuel Júnior referiu durante a cerimónia que nos últimos anos o cres-cimento do produto não petrolífero tem sido superior ao petrolífero. O que é uma notícia muito boa. O país precisa disso. E portanto, os critérios que o júri aplica na esco-lha dos premiados implicam também esta dimensão, a de criação de emprego, do lança-mento de projetos em áreas não petrolíferas. Este ponto está relacionado com a diversificação da economia e está presente nos critérios que o júri utiliza para a atribuição de galardões.

anunciam a escolha de um novo elemento do júri. o que motivou à sua escolha e qual será o seu papel?Sentimos que tal como acrescentar dois novos pré-mios era importante para olhar para duas ou três dimensões da gestão que são relevantes. Conside-ramos também que trazer para o júri uma voz que complemente a visão que os quatro membros do elenco do ano passado era uma mais-valia. É im-portante termos o presidente da Associação Indus-trial Angolana, José Severino, no júri, pois conhece muito bem o tecido empresarial angolano. Por isso, achamos que o contributo que ele dá é crítico e foi isso que nos levou a convidá-lo. Ficamos muito gratos por ter aceite o convite.

Minientrevista

“PrémiOs sãO cONtriBUtOPArA AUmENtArA FAsqUiAdOs gEstOrEs”rUi santOs siLva

“As diFErENtEs dimENsõEs qUE sãO AvAliAdAs NO âmBitO dOs PrémiOs síriOs sãO As AçõEs qUE PErmitEm mOstrAr AO mErcAdO A qUAlidAdE dE gEstãO E qUE FAvOrEcEm As EmPrEsAs NO AmBiENtE cOmPEtitivO”Rui SantoS Silva

“Os critériOs qUE O júri APlicA NA EscOlhA dOs PrEmiAdOs imPlicAm tAmBém EstA dimENsãO, A dE criAçãO dE EmPrEgO, dO lANçAmENtO dE PrOjEtOs Em árEAs NãO PEtrOlíFErAs”, diz ReSponSável da deloitte

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elenCo de exCelênCia

José severinomembro Do Júri (noviDaDe na eDição 2012)

Presidente da Associação Industrial de Angola

Vice-Presidente da Confederação Empresarial Angolana

Vice-Presidente da Confederação Empresarial da CPLP

Delegado Provincial da Indústria da Província de Benguela

Vice-Delegado do Comércio da Província de Benguela

Membro do Conselho da República

Membro do Conselho Nacional de Concertação Social

Diretor Geral do Grupo Panga-Panga

Diretor Geral do Grupo ECS

Coordenador Nacional Adjunto do antigo Programa Nacional de Materiais de Construção

laura maria de alcântara monteiromembro Do Júri

Consultora do Governador do Banco Nacional de Angola (BNA)

Vice-Governadora do BNA (2009 a 2010)

Membro do Conselho de Administração do BNA (2006 a 2009)

Diretora do Departamento de Supervisão de Instituições Financeiras do BNA (2003 a 2006)

Diretora do Departamento de Estudos e Estatística do BNA (1993 a 1995 e 1997 a 2003)

Chefe de Divisão de Balança de Pagamentos do BNA (1990 a 1993)

Técnica do Departamento para o Setor Produtivo (1986 a 1990)

Departamento de Financiamento e Contabilidade do Ministério das Finanças (1978 a 1980)

henda esandJu nicolau da silva inglêsmembro Do Júri

Presidente do Conselho de Administração do Instituto para o Setor Público Empresarial

Diretor do Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Económico dos Ministérios da Economia e da Coordenação Económica (2009 a 2011)

Diretor Nacional de Auditoria, Controlo e Fiscalização das Empresas Públicas na Secretaria de Estado para o Setor Empresarial Público (2007 a 2009)

Auditor interno e posteriormente Diretor de Auditoria Interna e Inspeção do Banco Comercial Angolano (2003 a 2007)

Auditor Júnior na Ernst&Young (2002 a 2003)

Consultor na Consult Lda (2002)

manuel nunes JúniorpresiDente Do Júri

Ministro de Estado da Coordenação Económica (2010)

Professor associado da Universidade Agostinho Neto

Coordenador da equipa que elaborou o Programa de Governo do MPLA para 2009/ 2012

Ministro da Economia de Angola (2008 a 2010)Vice-Ministro das Finanças e Secretário do Bureau Político do MPLA para a Política Económica e Social (2003 a 2008)

Presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea (1999 a 2002)

Diretor da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (1986 a 1991)

manuel alves monteiromembro Do Júri

Presidente do Júri do IRGA (Investor Relations & Governance Awards)

Administrador não executivo, Vogal do Conselho Geral, Advogado, Gestor e Consultor de múltiplas empresas

Presidente de Comissões de Vencimento e de Mesas de Assembleias Gerais em várias sociedades

Presidente da Direção do Instituto Português de Corporate Governance (2004 a 2008)

Presidente da Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (1999 a 2006)

Membro do Conselho de Administração das Bolsas de Paris, Bruxelas e Amesterdão, da Euronext NY e do Banco de Compensação Clearnet (1999 a 2003)

CEO da Bolsa Portuguesa e da Interbolsa (1999 a 2003)

Desempenhou cargos em órgãos executivos de organizações internacionais ligadas ao mercado de capitais

O BAI venceu a categoria de Empresa do Ano, no plano financeiro, e a Unitel foi a escolhida no setor não financeiro. A empresa de telecomunicações foi considerada pelo júri a que apresentou desempenhos mais brilhantes. Afinal trata-se da maior operadora nacional com quase nove milhões de clientes.

A aposta em mercados internacionais, bem como a faturação de 1,4 mil milhões de dólares (entre janeiro e setembro de 2012) contribuíram para que a empresa não pare de somar prémios. A sua gestão sustentável permitiu-lhe posicionar-se no top 15 das melhores operadoras de dados em África e no Médio Oriente.

melhor gestor Ganga Júnior é o melhor gestor de 2011. A escolha recaiu no líder da Sociedade Mineira de Catoca, que voltou a ser agraciada com um Prémio Sirius. Recorde-se que esta já tinha sido considerada ‘Empresa do Ano do Setor não Financeiro’ na primeira edição do evento (relativa a 2010). O alcance e a notoriedade do trabalho desenvolvido pelo

responsável pela organização mineira foram critérios decisivos para atribuir o galardão ao presidente do concelho de administração de uma das organizações mais ativas e solidárias com o próximo. Emocionado, Ganga Júnior agradeceu o prémio e salientou que se encontra ainda mais motivado para dar o máximo em prol das boas práticas de gestão.

ESPECiAl PréMioS SiriuS 2012

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emPreendedorismoO Prémio Empreendedorismo é dedicado a empresários, gestores e líderes de organizações que, pela qualidade, relevância económica do desempenho e contributo, pelo potencial de futuro ou pelo papel que atribuem à inovação, contribuem para o desenvolvimento de Angola e, em particular, para a diversificação e/ou descentralização económica do país.

Este ano, Manuel João Fonseca, diretor-geral do Projeto Terra do Futuro, foi o grande vencedor. Terra do Futuro é um plano agroindustrial desenvolvido exclusivamente por trabalhadores nacionais. Tem como grande objetivo a criação de novos empresários através da preparação permanente e da disponibilidade da estrutura agrotécnico administrativa.

O programa foi concebido para se tornar numa referência agrícola, em todo o país, de modo a possibilitar a autossustentabilidade e o desenvolvimento das comunidades. A agricultura é a base e a indústria o fator de desenvolvimento. Arrancou em 2009 e o seu mentor recebe agora o reconhecimento por todo o investimento.

novidades 2012“Ao apostarmos na inovação do país, estaremos a apostar também na excelência da nossa atividade, do nosso posicionamento e, em última instância, no conhecimento”, revelou Manuel Nunes Júnior, presidente do júri. O responsável assegurou que os Prémios Sirius são “uma alavanca para estimular a liderança e a inovação”, salientando o crescimento da iniciativa, que este ano acrescentou duas categorias ao certame.

A necessidade de valorização do capital humano no seio das empresas, bem como a captação e promoção de novos talentos, motivaram a implementação da categoria Melhor Programa de Desenvolvimento do Capital Humano. A Sonangol foi a empresa nomeada, em virtude do bom desempenho na capacitação dos seus recursos humanos. Porque uma equipa satisfeita e motivada representa meio caminho percorrido rumo ao sucesso, a Deloitte considera que é uma vertente a ser mais explorada pelo empresariado nacional.

Em relação à segunda novidade, a criação do prémio Melhor Relatório de Gestão e Contas surge como um desafio às instituições. A Deloitte percebeu que esta

componente está subvalorizada e que são ainda raras as organizações que investem na produção de informação de gestão.

Com o intuito de alertar para este problema e para a necessidade da rápida resolução desta lacuna, foi lançada uma categoria que avalia a qualidade da informação de gestão e financeira que a empresa emite anualmente sobre a sua atividade e performance ao longo do ano anterior. O Banco Regional do Keve levou o galardão para casa.

emocionado, ganga JúnioR agRadeceU o pRémio (melhoR gestoR) e salientoU qUe se encontRa ainda mais motivado paRa daR o máximo em pRol das boas pRáticasde gestão

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estímuloà eConomiaA edição 2011 dos Prémios Sirius permitiu afirmar no plano nacional uma cultura que privilegia a excelência e o talento, sublinhando os valores e princípios que estimulam os agentes económicos.

Nos meses que precederam a entrega dos Prémios deste ano, o júri conseguiu testemunhar e confirmar o que de melhor se faz no país nas matérias que as diferentes categorias de prémios pretendem distinguir.

A segunda edição representou uma afirmação dos valores que estão na génese da iniciativa, nomeadamente a criação de valor. Para tal, contribuiu o empenho e participação de todos os organismos públicos, empresas, gestores, quadros técnicos e superiores.

“Homenagear aqueles que fazem melhor é um gesto que qualifica, distingue e, bem assim, favorece a multiplicação de bons exemplos e a afirmação das melhores práticas”, assegura Manuel Nunes Júnior, presidente do Júri da Deloitte.

A cerimónia terminou em jeito de homenagem, com um momento muito especial dedicado ao poder feminino. Embora os premiados fossem apenas homens de negócios, a Deloitte não esqueceu o contributo da mulher para a sociedade palanca. Após a atuação da cantora Yola Semedo, os resultados das irmãs Kiala (Marcelina, Luísa e Natália) foram aplaudidos pela plateia.

As jovens, responsáveis por elevar o nome de Angola além-fronteiras, representam a Seleção Nacional de Andebol e o Petro Atlético de Luanda. Rui Santos, da Deloitte, frisou que “é um enorme prazer homenagear as três irmãs, em nome das mulheres angolanas” pelo bom desempenho desportivo.

empresa do aNo (SEtor FinanCEiro): banCo angoLano DE invEStiMEntoS

Os preMiadOs

empresa do aNo (SEtor não FinanCEiro)

unitEL

meLhor reLatórIo de Gestão e coNtas

banCo rEgionaL kEvE

meLhor proGrama de respoNsabILIdade socIaL:

oDEbrECHt angoLa

meLhor proGrama de deseNvoLvImeNto do capItaL humaNo

SonangoL

meLhor Gestor em 2011

ganga Júnior (PrESiDEntE

Da SoCiEDaDE MinEira DE CatoCa)

prémIo empreeNdedorIsmo

ManuEL João FonSECa (ProJEto tErra Do Futuro)

ESPECiAl PréMioS SiriuS 2012

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FotorEPortAgEM Texto Patrícia Alves Tavares | Fotografia INTASA

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um mananCial de oPortunidades eduCativasCELEBROU EM OUTUBRO TRêS ANOS DE EXISTêNCIA. UMA VIDA AINDA CURTA, MAS REPLETA DE SUCESSOS E PARCERIAS PROFíCUAS. O INSTITUTO ANGOLANO DE SOLIDARIEDADE ARTES E SABER (INTASA) É UMA ORGANIZAçãO DE NATUREZA FILANTRóPICA, CRIATIVA, CIENTíFICA, ARTíSTICA, LITERÁRIA, CULTURAL E EDUCACIONAL. A SUA MISSãO ASSENTA NO COMBATE à ILITERACIA E NA IMPLEMENTAçãO DE PROGRAMAS LúDICO-EDUCATIVOS. NESTA EDIçãO, OPTAMOS PELA IMAGEM PARA RETRATAR A VASTA OBRA DESTA ASSOCIAçãO, QUE SE EVIDENCIA PELA IMPLEMENTAçãO DE BIBLIOTECAS INFANTIS EM UNIDADES HOSPITALARES. NA CALHA ESTÁ A IMPLEMENTAçãO DE UMA INFRAESTRUTURA DO GÉNERO EM CADA MUNICíPIO. EDUCAçãO EINOVAçãO SãO OS VALORES DO INTASA.

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FotorEPortAgEM

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Patrícia Alves TavaresArquitEturA&ConStrução

o direito a ter

uma Casa—

O DESENVOLVIMENTO HABITACIONAL DOS MEIOS DESFAVORECIDOS É UMA DAS METAS GOVERNAMENTAIS

E INTEGRA OS OBJETIVOS DE COMBATE à POBREZA. AS EMPRESAS, POR SUA VEZ, TêM-SE ASSOCIADO A ESTA

CAUSA, PARTICIPANDO FINANCEIRAMENTE NA EXECUçãO DA POLíTICA DE HABITAçãO SOCIAL. AS PARCERIAS

PúBLICO-PRIVADAS APRESENTAM-SE COMO UMA OPORTUNIDADE PARA O EMPRESARIADO DESENVOLVER

A SUA RESPONSABILIDADE CIVIL, FAVORECENDO AS INFRAESTRUTURAS COMUNITÁRIAS.

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“É uma verdade que o Estado não tem recurso financeiro para executar todos os projetos ou programas”, assumiu no início do ano o diretor-geral do Insti-tuto Nacional da Habitação, Eugénio Correia. Na ocasião o responsável elo-giava as parcerias público-privadas, que facilitavam a execução dos proje-tos de apoio à sociedade. A habitação social é uma das priori-dades do Programa Nacional do Ur-banismo e Habitação, mas igualmente das empresas e fundações. Participar na construção de lares condignos e na diminuição da carência habitacional é um dos alvos preferidos pelos priva-dos na hora assumir a sua responsabi-lidade social. Ajudar a população com menos recursos financeiros através da criação de infraestruturas sociais é uma das missões de muitas fundações.Por exemplo, no município do Kilam-ba, o Governo tem trabalhado em par-ceria com a SONIP, empresa que gere a centralidade da localidade, no sen-tido de erguer casas sociais, a preços inferiores aos das habitações que se encontram no mercado livre. O Estado continua a estudar a generalização do mecanismo nacional de renda resolú-vel que irá facilitar o pagamento dos apartamentos. Para diminuir os custos das obras e, consequentemente, das rendas, o Ministério do Urbanismo vai contando com a colaboração de inicia-tivas empresariais, que em parceria ou a título individual vão tentando mini-mizar a carência habitacional do país.

Petrolíferas PartiCiPam

O acréscimo das receitas petrolíferas está a conduzir este setor a uma aposta nos projetos de construção social e respetiva criação de infraestruturas envolventes. “Há anúncios diários de novos projetos para construir habitação de baixo custo e social, para construir ou recuperar redes de estradas e para abastecer água e eletricidade”, indica o mais recente relatório da Economist Intelligence Unit (EIU).

Por exemplo, no Grupo Sonangol a melhoria das condições de vida, e so-bretudo de habitabilidade, dos seus trabalhadores é uma constante preo-cupação. O Conselho de Administra-ção criou uma comissão de Projetos Sociais que tem como missão ajudar os seus colaboradores na resolução dos problemas. O organismo foi responsável pela

execução e conclusão dos complexos “GEPA” e “Novos Bairros”, localiza-dos no Morro Bento, Corimba e zona do Golfe-Camama. A Sonangol está ainda, à luz da sua política social, a auxiliar a instituição da “cooperativa cajueiro”, uma sociedade cooperativa de responsabilidade limitada.

eQuiPamentos soCiaisPolítica semelhante verifica-se nas petrolíferas SinoHydro (chinesa) e Odebrecht (brasileira) que recebe-ram adjudicações de 200 milhões de dólares para projetos de água e saneamento que irão visar as provín-cias de Malange e Kwanza Sul. Se-gundo o EIU, estes projetos deram novo fôlego ao programa governa-mental “Água Para Todos”. O boom de construções sociais é ainda patente em regiões mais re-motas, nomeadamente Lunda Sul, Lunda Norte, Moxico e Kuando Ku-bango, áreas que têm beneficiado com proporção menor do investi-mento nacional. A Ridge Solutions é outro caso de compromisso social com aceção da responsabilidade para com uma ha-bitação condigna para todos os ha-bitantes. A empresa nacional que detém vários projetos nos mais di-versos setores do mercado angola-no (especialmente no imobiliário de luxo) assumiu desde o início o seu envolvimento com as comunidades. Parte do seu plano de responsabili-dade social integra a parceria com

“há anúncios diáRios de novos pRoJetos paRa constRUiR habitação de baixo cUsto e social, paRa constRUiR oU RecUpeRaR Redes de estRadas e paRa abasteceR ágUa e eletRicidade”, indica o mais Recente RelatóRio da economist intelligence Unit (eiU).

os Ministérios da Juventude e Des-portos, da Integração Social, da Educação, entre outros. Dois dos programas apoiados são a habita-ção de baixo custo e os edifícios da comunidade. No primeiro, têm sido um aliado constante do Executivo no âmbito da edificação de casas de baixo custo. Já no segundo proje-to, a Ridge Solutions optou por um alargar a sua atuação nos projetos de desenvolvimento agrário, onde se in-clui a criação de escolas, centros de saúde, instalações de tratamento de resíduos e desportivos, bem como de centros comunitários.

lado soCial do estadoA aposta de algumas instituições na criação de edifícios da comunidade resulta do trabalho que o Estado tem desenvolvido não só no plano do ur-banismo nacional, mas sobretudo na exploração das capacidades agríco-las como meio de saída da pobreza. Afinal é possível aliar habitação so-cial e agricultura e as empresas têm sabido tirar partido deste facto. Con-fuso? A ligação é simples. Os progra-mas de apoio à agricultura têm como missão o acréscimo e fomento da ca-pacidade produtivas das famílias ru-rais. Se além de criar condições para o desenvolvimento da agricultura, forem implementadas infraestrutu-ras habitacionais e sociais que facili-tem a vida no campo, o crescimento da região será bastante mais eficaz.Os camponeses conseguem obter rendimentos através das suas pró-prias colheitas, conseguindo susten-tar as respetivas famílias e combater a pobreza nas comunidades rurais e melhorar a segurança alimentar. Es-ta evolução traz mais oportunidades de emprego e dinamiza a economia local. No Cunene, está em curso o progra-ma “Dormir Sono” que se carateriza pela construção de mais de quatro mil casas sociais nas sedes munici-pais e comunais da região. A provín-cia assiste ainda à prossecução do plano governamental de edificação de habitações sociais em todo o país e que arrancou em março, pelo que cada município da região já ‘ganhou’ uma centena de casas e foi auxilia-do na reabilitação de estruturas mais antigas. Os programas contemplam a reativação dos serviços terciários e o Hospital Municipal do Cuvelai foi um dos visados, tendo sido ampliado.O papel das organizações da socie-dade civil na implementação dos programas públicos e o seu rela-cionamento com os organismos de concertação social têm sido decisi-vos para um considerável acréscimo das condições de vida das popula-ções. E são cada vez mais as constru-toras que optam por aplicar os seus conhecimentos de mercado na ação social, através do fomento do arren-damento social e das infraestruturas ao serviço das comunidades.

200 Casas soCiais em Cada muniCíPio

o proGrama nacionaL de construção indica que o executivo

edificará 200 casas sociais em cada município do país, bem como

o mesmo número de moradias. o projeto de apartamentos

urbanos de baixa renda está em execução, prevendo-se que

as infraestruturas estarão aptas a serem ocupadas no início

de 2013. cada obra incLui o desenvoLvimento de equipamentos

compLementares, como arruamentos, iLuminação púbLica,

serviços de teLecomunicações e infraestruturas de apoio às

comunidades. em cabinda, à marGem do projeto, já foi possíveL

construir 250 habitações no buco-nGoio e 150 no bairro

cabassanGo.

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inovAção&DESEnvolviMEnto Patrícia Alves Tavares

hub soCial inovadora—A INOVAçãO E AS NOVAS TECNOLOGIAS SãO FERRAMENTAS FUNDAMENTAIS NA DIVULGAçãO DO CONHECIMENTO. É SENSO-COMUM QUE SãO MOTORES DO DESENVOLVIMENTO DE UM PAíS. NO ENTANTO, O QUE MUITOS DESCONHECEM É QUE O SETOR ENERGÉTICO OU MINEIRO PODE CONTRIBUIR COM AS SUAS INVENçõES PARA O BEM-ESTAR DE QUEM MAIS PRECISA. NESTA EDIçãO MOSTRAMOS OS EXEMPLOS DA ELÉTRICA PORTUGUESA EDP E DA DIAMANTíFERA ANGOLANA ENDIAMA, QUE CONSEGUEM ALIAR RESPONSABILIDADE SOCIAL COM CRIATIVIDADE E INVENçãO.

rso em dez tóPiCos

As galerias de exposições no Porto e em Lisboa (Portugal) inaugura-das no ano passado contribuem pa-ra uma fundação sem barreiras que tem levado a arte pública às barra-gens, mediante pinturas de artistas plásticos nas infraestruturas hidro-elétricas. As sinergias e hub social são uma realidade para o grupo EDP, assim como a consagração de novos criadores através do Prémio EDP No-vos Artistas. A saúde não foi esquecida e, em parceira com instituições multidis-ciplinares, desenvolveram uma cam-panha que incentivava a criação de hábitos alimentares saudáveis atra-vés de soluções de baixo custo. Para estimular o empreendedorismo, lan-çaram a segunda edição do Prémio Empreendedor Sustentável Sabor e participaram na angariação de fun-dos junto da sociedade civil com vis-ta à implementação de projetos de energia sustentável em campos de refugiados.

Os empreendedores sociais dos pa-íses de língua portuguesa puderam contar com o programa IES powered by Insead, responsável pela forma-ção daqueles que mais se destaca-ram em iniciativas sociais. Os objetivos da EDP são exemplo po-sitivo de participação social e fazem do organismo uma referência para as congéneres angolanas que procuram contribuir para a inovação de um país sem se esquecer da sua população.

a favor das ComunidadesConduta semelhante tem tido uma empresa angolana, que tem sabido conjugar uma atividade destinada à classe alta com programas de fomen-to do desenvolvimento comunitário. A Endiama (Empresa Nacional de Diamantes de Angola) usa o precio-so valor dos diamantes para investir nas suas maiores preocupações, isto é, o apoio social e cultural. A entidade fundou em 2004 uma ins-tituição única, focada exclusivamen-te na resolução dos problemas que

Em 2011, o grupo EDP, principal for-necedor energético português, inau-gurava a Fundação EDP no Porto e lançava uma dezena de projetos-chave para aquele ano. Uma notícia recebida com grande expectativa, já que existem poucos casos na lusofo-nia de empresas energéticas capazes de criar soluções inovadoras acessí-veis a toda a população. É o caso da Aldeia Solar, projetada no interior de Luanda, que consegue a proeza de colocar uma metodologia inovadora no país ao serviço de uma população rural parca em recursos. Voluntariado é a missão deste grupo que quer abrir-se à sociedade e esta-belecer relações de pertença com a mesma. Assim, cada colaborador da EDP é incentivado a dedicar quatro horas semanais a ajudar os outros. O projeto em curso em Angola in-sere-se no segundo objetivo da EDP que quer promover o acesso à ener-gia nos países em desenvolvimento, com o intuito de quebrar o ciclo de pobreza. O plano tem sido aplicado igualmente em Timor, Moçambique, Brasil e Venezuela.

Os NúMErOs DA FunDAção EDP

22,9 MilhõES

de euros para projetos sociais em anGoLa e venezueLa

55% DE AuMEnto

do orçamento para 2012

40% rECEitAS

externas ao Grupo edp

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afetam os seus trabalhadores e famí-lias das comunidades onde desenvol-ve a exploração mineira. A Fundação Brilhante tem uma função integrante, pois agrega todas aas empresas do setor diamantífero a operar em An-gola que têm uma palavra a dar na definição das políticas de gestão do organismo social. Todas são respon-sáveis por abastecer e canalizar ver-bas para este fundo. A Endiama descreve a Fundação Bri-lhante como a “face social e cultural do Grupo” e o “canal único de apoios socioculturais”. E de facto tem cum-prido a sua missão. Assim que ga-nhou forma, a instituição leva a cabo ações constantes de auxílio às popu-lações e agentes sociais que tenham dificuldades na execução das suas tarefas.

saúde e agriCulturaA diamantífera é uma das empresas parceiras do programa PADES, que tem a assessoria da Fundação Ode-brecht e impulsiona o desenvolvi-mento social sustentado através da atividade agrícola, fonte de rendi-mento, que contribuiu para a produ-tividade das províncias e criação de emprego. Porém, é na saúde que as populações melhor reconhecem a ação da En-diama. Entre a construção de postos médicos, distribuição de materiais ou reabilitação de infraestruturas, a Clínica Sagrada Esperança surge co-mo ex-líbris social. O espaço atende todos os trabalhadores da indústria mineira e dá cursos de primeiros-so-corros gratuitos. Todos os que acor-rem à unidade encontram o apoio médico necessário independente-mente dos seus rendimentos.

aldeia solarde CabiriÉ um novo conceito a testar numa pe-quena vila a 70 quilómetros de Luan-da. A Aldeia Solar é um projeto da elétrica portuguesa Fundação EDP e que será implementado em Angola com o apoio da empresa EIH – Ener-gia Inovação Holding. Se o plano for

EDP prepara-se para erguer uma es-cola como motor do desenvolvimen-to comunitário, pois será aí que se concentrarão as diversas soluções de energia. O estabelecimento será uma mais-valia para a promoção da qualidade do ensino e para dar novas perspetivas profissionais à juventu-de. O planeamento inclui igualmente a construção de 500 casas com aces-so a eletricidade através de sistemas fotovoltaicos unifamiliares com cus-tos adaptados ao rendimento de ca-da família.Serão beneficiadas 2500 pessoas, que verão uma das necessidades bá-sicas resolvidas. O projeto tem ainda a preocupação de respeitar a reali-dade social ambiental e cultural on-de se insere.

ParQue solidárioEste ano a fundação lusa conta com 40% de receitas externas ao grupo EDP. Tudo devido aos projetos simi-lares que estão em desenvolvimento em Angola e na Venezuela. O parque fotovoltaico solidário surge na conti-nuidade de projetos sociais de anos anteriores que absorveram mais de 14 milhões de euros em 2011. Para o corrente ano, a Fundação pre-vê aplicar 22,9 milhões de euros em diversos planos energéticos de apoio à população que têm como nota co-mum a inovação social. As iniciativas relativas às intervenções artísticas e que envolvem instituições de solida-riedade social representam quase metade do orçamento da fundação para 2012. Recorde-se que no ano passado, as suas verbas têm sido distribuídas por projetos de volunta-riado, exposições, ações de ópera e bailado, barragens e o programa EDP Solidária. A par do projeto de eletricidade e for-nos solares a implementar nas zonas mais remotas de Angola e Venezue-la, a empresa quer desenvolver uma central solar fotovoltaica, cujas ven-das de eletricidade sejam aplicadas em descontos nas faturas de eletrici-dade de instituições de solidariedade social. Uma iniciativa que poderá ser futuramente alargada a outros países onde a empresa tem atividade.

fundo distinguido na fimaA FEIRA INTERNACIONAL DE MINAS DE ANGOLA (FIMA 2012) ELEGEU A FUNDAçãO BRILHANTE COMO A QUE OBTEVE A MELHOR PARTICIPAçãO PROJETO SOCIAL, UM TRIBUTO AO TRABALHO PROMOVIDO NO úLTIMO ANO. A ENDIAMA ARRECADOU AINDA O PRÉMIO DE MELHOR PARTICIPAçãO NO EVENTO.

Projetos endiama- REFLORESTAçãO NA ÁREA DO CATOCA, BEM COMO REDUçãO DOS RUíDOS E POLUIçãO- PALESTRAS DE EDUCAçãO AMBIENTAL (AFETA A TODOS OS PROGRAMAS)- SENSIBILIZAçãO PARA A LIMPEZA: PROJETO LUEMBA- DIQUES PARA DRENAGEM DE ÁGUA NO CASSANGUIDE- PLANTAçãO DE ÁRVORES NO ALTO CUíLO E MAR SANTO CASSANGUIDE- PLANTAçãO DE JARDINS E PRESERVAçãO DO ECOSSISTEMA DAS ZONAS MINEIRAS, EM PARCERIA COM UM GRUPO DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS

bem-sucedido será replicável nou-tras zonas do país. A questão que se impõe é de que for-ma este projeto tem influência social. A resposta é simples. Com soluções sustentáveis de energia, a Aldeia Solar irá proporcionar eletricidade ‘limpa’ e mais barata para iluminar escolas, habitações e equipamentos

sociais, bem como melhorar a ilu-minação pública e gerar lampiões solares para estudantes. Por outro lado, serão criados fornos movidos a energia do sol para as famílias e a co-munidade irá ter acesso a formação específica.Para materializar o modelo de acesso universalizado à energia, a Fundação

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KICK-OFFGPS ···················································· 76

Breves solidárias—Fomentar a prática de desporto e de adoção de hábitos saudáveis são as principais missões a que se propõem os maiories clubes de qualquer modalidade. Para técnicos e dirigentes solidariedade social é sinónimo de inclusão desportiva.

FORA DE JOGO ·························· 78

Força social do desporto—Conheça as razões que levaram o clube espanhol Barcelona a incluir nas suas camisolas o logotipo da Fundação Qatar. Um exemplo de clube que se move por grandes causas!

GPS

desporto

despOrtO MOtOrizadO FundaçãO WIllIams em angOla É a primeira do mundo e nasceu na terra vermelha. A Fundação Williams é resultado da união entre um patrocinador oficial da AT&T Williams Formula One Team, a Ridge Solutions (empresa de promoção do desenvolvimento sustentável de comunidades locais) e a AT&T Williams. Esta desenvolve a sua ação junto da juventude, através da promoção de um estilo de vida saudável, livre de drogas e das dependências do álcool. A fórmula é simples: criação de atividades e desportos motorizados, bem como a implementação de programas educacionais e campanhas de segurança rodoviária um pouco por toda a África Subsariana. A Ridge Solutions, parceira da Williams, desenvolve ainda projetos como os Programas Juvenis (que dá abrigo a 200 crianças resgatadas das ruas de Luanda); a Habitação de Baixo Custo (criação de casas para os mais desfavorecidos); Edifícios da Comunidade (apoio aos planos de desenvolvimento agrário) e Torneios de Ténis (o Master Series Ridge Solutions que promove o ténis no continente).

tÉnis nadal vende CarrO para ajudar FundaçãO “KIA PRO CEE’D como novo (um ano), 11 mil quilómetros, com cinco anos de garantia oficial. Pouco usado, os donos estão sempre a viajar. Não deves perder esta oportunidade. Possibilidade de o ver em Manacor”. Foi com este anúncio que Rafael Nadal, tenista internacional, conseguiu angariar verbas para apoiar os projetos que a sua fundação tem em curso, através da venda do seu próprio automóvel. O atleta leiloou o carro e ofereceu de bónus umas raquetas de ténis assinadas para conseguir fundos para as causas da sua organização que apoia crianças africanas.

Patrícia Alves Tavares

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FUndaçãO LeO Messi messI nãO esQueCe argentIna Foi e ainda é no Barcelona que o craque internacional Lionel Messi brilha e mostra o seu talento ímpar no mundo do futebol. Contudo, o menino que chegou ao clube espanhol ainda muito jovem nunca esqueceu a terra que o viu nascer. Criou a Fundação Leo Messi e, em parceria com a Social Team, tem desenvolvido um vasto plano de Trabalho Social, que incide sobretudo no auxílio de milhares de crianças que estão em instituições do solidariedade. A influência da Fundação permite arrecadar apoios e estabelecer parceria com os diversos organismos daquele país. Sempre com o intuito de ajudar através do desporto!

GPS

iniCiativa BOla mágICa Sabia que a Bola Mágica é uma iniciativa local, idealizada por um pequeno clube brasileiro e por uma equipa multidisciplinar de cidadãos? O projeto, que tem o apoio do Clube dos Treze Brasil, é um agregador de recursos para auxiliar os mais desfavorecidos e ao longo dos anos tem provado ser um gerador de empregos para mulheres que estão detidas. A ‘bolinha’, como é conhecido, atua principalmente na prisão feminina do Recife no Brasil, sendo a única receita que estas mulheres têm para ajudar as famílias e uma forma de reabilitá-las junto da sociedade.

sieMens sOlIdarIedade nO mundIal de 2014 A Siemens resolveu aliar a sua responsabilidade social a um dos principais eventos desportivos do mundo. A marca lançou o Siemens Student Award, um concurso que vai eleger as soluções de infraestruturas sustentáveis para criar no Brasil e que perdurem após o Mundial de Futebol de 2014, a decorrer naquele país. O concurso destina-se a todos os universitários (que podem participar em grupos de três ou de forma individual) e parte da pergunta “Que soluções para a Copa do Mundo no Brasil podem ser respostas sustentáveis para o planeta?”. Os projetos podem ser inscritos em seis categorias: assegurar uma oferta segura e constante de água potável; fornecer energia com alta confiabilidade e qualidade; aumentar a acessibilidade da população aos serviços de diagnóstico em serviços públicos e privados; estabelecer um sistema de gestão de resíduos eficiente e funcional; propiciar infraestrutura de mobilidade urbana para pessoas e mercadorias de maneira inteligente e sustentável; e imaginar locais seguros e inteligentes. A Siemens escolherá os dez melhores e uma comissão especial vai selecionar as sete ideias que irão a votação dos internautas. Os finalistas recebem prémios monetários.

distinçãO vICente del BOsQue premIadO O selecionador espanhol de futebol, Vicente Del Bosque, foi distinguido pela Organização Não Governamental ‘Save the Children’ pelo “trabalho social” desenvolvido enquanto embaixador da Fundação Síndrome de Down. A ONG considerou que o responsável é um “acérrimo promotor dos melhores valores associados ao desporto, como o esforço, o sacrifício, o talento, a disciplina, a solidariedade e a modéstia”. Por sua vez, o treinador reiterou a vontade de manter “o compromisso com a sociedade” e o auxílio a causas sociais.

BrasiL supermerCadOs BrasIleIrOs assOCIadOs aO FuteBOlA Associação Catariense de Supermercados (ACATS) tornou-se parceira da empresa Golstore (representante dos produtos dos clubes de futebol brasileiros) para criar embalagens de água mineral personalizadas pelos craques deste desporto. Avaí, Figueirense, Criciúma, Internacional e Grêmio são algumas das equipas que vão juntar-se ao projeto social, cuja parte dos lucros decorrentes da venda destes produtos reverterá a favor da Associação de Reabilitação da Criança Deficiente, sedeada em São Paulo.

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desporto

Foi com o maior acordo publicitário da história do futebol que a Funda-ção Qatar, no Médio Oriente, saltou para as páginas de todos os jornais internacionais. A “publicidade” saiu cara à organização, mas terá certa-mente os seus frutos a longo prazo ao dar a conhecer as atividades da instituição e ao associá-la ao despor-to, especialmente a um clube com longas tradições no apoio à educação e com múltiplas iniciativas de res-ponsabilidade social, implementa-das pela Fundação do FC Barcelona. Em agosto de 2010, o Barça apareceu no jogo da Supertaça europeia (onde defrontam os portugueses do Fute-bol Clube do Porto) com o logótipo da Fundação Qatar, que desde então é estampado em simultâneo com o da Unicef. O acordo com a ONG (Or-ganização Não-Governamental) é válido até 2016 e rende aos espanhóis 40 milhões de dólares por ano. Caiu assim uma história com 111 anos, que contava que o clube era dos pou-cos sem patrocinador.

No caso da Unicef, o logotipo no equipamento nunca teve retorno financeiro e marcou a história do marketing desportivo ao usar-se a marca de uma organização huma-nitária. A parceria, segundo o pre-sidente do clube espanhol, Sandro Rosell, deve-se ao facto de se tratar de “um país que se quer dar a conhe-cer através da educação e do despor-to”. O acordo foi celebrado pouco depois de a organização do Mun-dial 2022 ter sido atribuída ao Qatar. Uma candidatura que teve o apoio do treinador do Barça, Pep Guardio-la.A parceria entre as duas Fundações não se fica pelos patrocínios e ca-misolas. As organizações susten-tam que detêm os mesmos valores e comprometeram-se a trabalhar conjuntamente para desenvolverem programas e projetos que eviden-ciem o potencial humano dos mais novos. O objetivo é melhorar a vida dos africanos através do desporto e dos seus valores positivos.

Qatar abre-se ao mundoA Fundação Qatar tem quase 20 anos de existência. Foi criada em 1995 pe-lo Sheik Hamad Bin Khalifa Al-Thani, emir do Qatar, sendo presidida pela primeira-dama Moza bint Nasser. As suas prioridades são a educação, a ci-ência e o desenvolvimento social. O ensino é o que mais se destaca na imprensa internacional, em parte devido à implementação do primei-ro grande prémio para a educação, que surgiu no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio da ONU, que propõem o ensino univer-sal em 2015.Lançado no ano passado, o galardão reconhece indivíduos ou pequenas equipas que se destaquem no mun-do da educação e contribuam de al-guma forma para diminuir os 800 milhões de analfabetos que existem em todo o mundo.Tem como maior missão a transfor-mação da região do Qatar num líder

Sabia que…

—NOTíCiAS

APONTAM QUe O CORiNThiANS, NO

BRASil, eSTá A NegOCiAR NOvOS

PATROCíNiOS PARA A SUA

CAMiSOlA. UM deleS SeRá O dA FUNdAçãO QATAR, CUjO

lOgOTiPO SeRiA iNClUídO NA FReNTe dO

eQUiPAMeNTO.

FORA DE JOGO

—é DoS raroS CLubES QuE não SE rEnDEu àS tEntaÇÕES Do CaPitaLiSMo. o barCELona,

uM DoS CLubES MunDiaiS MaiS EMbLEMátiCoS, é DoS PouCoS QuE

não tEM EStaMPaDa uMa MarCa DE uMa EMPrESa no SEu EQuiPaMEnto.

aS CaMiSoLaS aPEnaS EnvErgaM o Logo Da uniCEF E, DESDE 2010, o EMbLEMa DE uMa organizaÇão

não-govErnaMEntaL aFriCana QuE ProMovE a EDuCaÇão atravéS Do Maior

agrEgaDor DE MaSSaS: o DESPorto.

o valorsocialde uma camisola

Patrícia Alves Tavares

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um menino chamado meSSi—FAlAR eM BARCelONA é ABORdAR iNeviTAvelMeNTe O CASO liONel MeSSi, O “MeNiNO-PROdígiO” QUe TeM FeiTO hiSTóRiA NO ClUBe e MOSTRA COMO O deSPORTO POde MUdAR A vidA de UMA CRiANçA. O jOveM ATleTA deU OS PRiMeiROS PASSOS AOS SeTe ANOS NO NewellS Old BOyS dA ARgeNTiNA, MAS AOS ONze ANOS FOi-lhe deTeTAdO UM PROBleMA óSSeO QUe ReTARdAvA O SeU CReSCiMeNTO. O PAi de MeSSi CONTACTOU váRiOS ClUBeS MAS TOdOS ReCUSARAM PAgAR O TRATAMeNTO. FOi Aí QUe APReSeNTOU O CASO AO eSPANhOl FC BARCelONA, QUe ReCONheCeU A QUAlidAde TéCNiCA de MeSSi e COMPROMeTeU-Se A PAgAR OS TRATAMeNTOS e A FORMAR O FUTURO jOgAdOR. O APOiO FOi MAiS TARde ReCOMPeNSAdO, POiS liONel MeSSi AiNdA hOje Se MANTéM Fiel A QUeM lhe deU A OPORTUNidAde, SeNdO UM dOS MAiOReS jOgAdOReS dO ClUBe e QUe já FOi CONSideRAdO O MelhOR dO MUNdO POR TRêS vezeS. hOje TeM A SUA PRóPRiA FUNdAçãO QUe Se dediCA A dAR AS MeSMAS OPORTUNidAdeS A TOdAS AS CRiANçAS QUe AlMejeM ReAlizAR OS SeUS SONhOS ATRAvéS dO deSPORTO.

a força da Sidra

—é O SíMBOlO

dA FUNdAçãO dO QATAR e

diz MUiTO dA CUlTURA dO PAíS. A áRvORe SidRA

RePReSeNTA FORçA e CReSCiMeNTO

PARA A POPUlAçãO dAQUele PAíS dO gOlFO PéRSiCO

e é USAdA eM váRiAS áReAS, COMO é O CASO

dA CONSTRUçãO. SABiA QUe O

NOvO CeNTRO de CONveNçõeS

dO QATAR, iNAUgURAdO eM

2011, FOi iNSPiRAdO NA áRvORe e A SUA ARQUiTeTURA TeM AS FORMAS de UM

TRONCO? A áRvORe é CONheCidA PelAS RAízeS

MUiTO FORTeS, O QUe PeRMiTe QUe eSTA CReSçA NAS RegiõeS áRidAS.

em educação e inovação através da atividade de pesquisa. A Fundação é responsável por apoiar uma vasta rede de centros e de estabelecer par-cerias com as maiores instituições mundiais que partilhem o desejo de investir no capital humano. Recorde-se que a Fundação lançou em 2009 o WISE, um projeto apoia-do por uma rede de seis sócios: Agên-cia Universitária da Francofonia, Associação de Universidades da Co-munidade Britânica, Instituto de Educação Internacional, Associação de Presidentes Universitários, Cor-poração Rand e Unesco. Este mês serão conhecidos os vencedores do prémio WISE 2012, que doa 20 mil dólares a cada um dos seis proje-tos inovadores eleitos pela Cúpula Mundial de Inovação para a Educa-ção (WISE) da Fundação Qatar para a Educação, Inovação e Comunidade. O tema deste ano é “Transformando a Educação” e o concurso acolhe anu-almente candidaturas provenientes de vários países.Ainda em 2009, a Fundação inaugu-rou uma estação de rádio sem fins lucrativos, a QF Rádio, que emite regularmente programas sobre edu-cação, ciência, desenvolvimento co-munitário e artes. A difusão além de local inclui emissão online, em que 70% dos conteúdos são apresentados em árabes e o restante em inglês.

cidadeda educaçãoÉ o projeto mais emblemático da Fundação Qatar que tem como lema o princípio de que o maior recurso de uma nação é a sua população. É o maior plano para desenvolver uma sociedade baseada no conhecimento e que se apresenta como um espaço de excelência na área da educação e do conhecimento.A Fundação Qatar tem parcerias com várias joint-ventures e, segundo a página oficial do fundo soberano do país (que movimenta milhões devi-do aos negócios do petróleo), tem como objetivo primário “apoiar o Qatar na sua jornada de uma econo-mia de carbono para uma economia de conhecimento”. Além do investimento na educação, a organização criou uma zona fran-ca de pesquisa e desenvolvimento em Doha, com o intuito de reduzir a dependência do país face aos recur-sos naturais. Ali atuam empresas de renome como a Microsoft e a Shell

e agrega centros de investigação de universidades internacionais como a americana Cornell e a francesa HEC. Em maio, o Fundo Nacional de Pes-quisa do Qatar, membro da Funda-ção, inaugurou o terceiro ciclo do Programa Experiência em Pesquisa para Cientistas Juniores. Cada proje-to apoiado deverá ser da autoria de cientistas nacionais ou expatriados, que estejam a trabalhar numa área da ciência ou tecnologia e que será financiado com 100 mil dólares por ano. Um apoio à inovação e à massa criativa dos investigadores da região que têm até três anos para desenvol-verem as suas propostas.

unicefe a educaçãoA Fundação do clube espanhol é das mais proactivas na promoção da educação. Conscientes de que para mudar o mundo há que começar na base mais importante de qualquer criança, o FC Barcelona assinou uma parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com o intuito de financiar a formação de professores e melhorar as infraes-truturas escolares que se destinam à prática de educação física. O proje-to, que foi apresentado este ano, se-rá aplicado em várias instituições de ensino da África do Sul, Brasil, Chi-na e Gana. No total, serão afetadas 16 mil escolas que vão repartir uma verba anual de 1,5 milhões de euros. O trabalho com a Unicef não é uma novidade para o Barça, que estabe-leceu uma aliança em 2006 com o intuito de fomentar os valores posi-tivos do desporto no mundo. Foi nes-se ano que foi celebrado o primeiro acordo entre as entidades, que in-cluía a incorporação do logotipo da Unicef nas camisolas do clube e em que este se comprometia a doar 1,5 milhões de euros por ano à organiza-ção para apoiar projetos de fomento do desporto pela educação.No ano passado, a parceria foi re-novada por mais cinco anos. Re-corde-se que entre 2006 e 2011, as duas fundações promoveram e im-plementaram uma série de progra-mas de prevenção e luta contra a Sida, com particular incidência em Angola, Malawi e Suazilândia. O clube espanhol tem ainda alianças com a Unesco, a Fundação Pés Des-calços, a Fundação Bill & Melinda Gates e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

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CulturA&lAZEr Patrícia Alves Tavares

mudara faCede angola

tem no seu currículo programas co-mo ‘Salve o coração de uma crian-ça’, em que mobiliza recursos para devolver a esperança e melhorar a qualidade de vida a petizes com pro-blemas cardíacos ou ‘Projeto de vo-luntários em Angola’, que consiste na envolvência de jovens israelitas nas instituições de auxílio a crian-ças, deficientes físicos e vítimas da guerra. O organismo não perde uma oportu-nidade para aproximar os certames culturais dos mais desfavorecidos e é patrocinador de eventos artísticos anuais como a Mostra Mulher, Coo-pearte, Atelier Monumental e ações de promoção do património nacio-nal junto dos mais novos. A Casa da Cultura é uma das obras mais emblemáticas da Fundação que apostou na criação de um es-paço aberto à comunidade, onde existem cursos e oficinas práticas gratuitas e disponíveis para todos os que desejem iniciar-se no mun-do da arte e do empreendedorismo. Com este lar a organização concre-tiza o sonho de ajudar a emergir novos talentos e de promover a in-clusão social graças ao ensinamento de novos ofícios.Mas não é só de arte que a funda-ção leva o seu intento social à co-

munidade. A criança é uma das suas maiores preocupações e sinal da vontade de formar os cidadãos de amanhã. A instituição é responsável por doar e patrocinar ações que vi-sem devolver o sorriso aos meninos dos orfanatos e creches da provín-cia do Huambo. Realizam igualmen-te o Dia da Criança, uma efeméride anual que reúne milhares de petizes desfavorecidos num dia diferente, repleto de atividades e animação.

debater as resPonsabilidades

“A importância do investimento so-cial privado para o desenvolvimento sustentável em Angola”. Foi com es-te mote que a Fundação Arte e Cul-tura apresentou no ano passado a primeira conferência sobre respon-sabilidade social empresarial. Com a medida, a organização procurou alertar as empresas para a impor-

Sabia que em 1970 a França foi um dos primeiros países a incluir a cul-tura no plano nacional de metas? E que os países membros da Unesco têm gradualmente incorporado a cultura nas suas estratégias de de-senvolvimento económico e social? As potencialidades desta atividades têm permitido a transformação de pequenas organizações e funda-ções em autênticas indústrias cultu-rais, que trazem valor acrescentado às comunidades, através da criação de empregos e receitas.Trata-se de um mercado que mo-vimenta artistas e lucros que permitem a estes organismos de-sempenhar uma atitude de respon-sabilidade social, até porque estão bastante envolvidos com as comuni-dades e cientes das suas carências.A Fundação de Arte e Cultura é a eleita desta edição ‘social’. Trata-se de uma entidade privada, sem fins lucrativos, que canaliza os projetos que desenvolve na área da cultura para apoiar e educar a sociedade palanca.

arte soCial

Nasceu em 2006 e é dinamizado-ra de múltiplas atividades de cariz social. A Fundação Arte e Cultura

sabia Que…A FUNDAçãO ARTE E CULTURA REPRESENTA O CONTRIBUTO SOCIAL DO GRUPO MITRELLI EM ANGOLA. É RESPONSÁVEL POR PRESERVAR AS MANIFESTAçõES CULTURAIS, ARTíSTICAS E HISTóRICAS DO PAíS

—UMA SOCIEDADE É MAIS INSTRUíDA E CONSCIENTE QUANTO MELHOR FOR A SUA ATIVIDADE CULTURAL. A SUA RELEVâNCIA DEVE-SE AOS VALORES QUE TRANSMITE, SEJA A IDENTIDADE SOCIAL, A POSSIBILIDADE DE APROXIMAR GERAçõES OU A DE PRESERVAR AS RAíZES DE UMA COMUNIDADE. PARA ALGUNS, CULTURA É SINóNIMO DE TERAPIA, DE RESGATE DA CIDADANIA E DE ENCONTRO ENTRE OS VÁRIOS EXTRATOS SOCIAIS. PARA O EMPRESARIADO DO SETOR, O TERMO REPRESENTA ISTO E MUITO MAIS, POIS TRATA-SE DA SUA RECEITA PARA AJUDAR O PRóXIMO.

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Demográfica, que tem contribuído para o conhecimento da população de 69 bairros das três comunas do município do Dande. O programa foi decisivo para a atribuição de bolsas para estágios nas áreas da engenha-ria geográfica, biologia e medicina e de bolsas de doutoramento para médicos nacionais.Por sua vez, o CISA tem sido um im-portante apoio no funcionamento do Hospital Geral do Bengo, atra-vés da inclusão de vários progra-mas de saúde e tem auxiliado na formação contínua de enfermei-

ros, no re-forço do sistema de informa-ção e orga-nização dos serviços, na elabora-ção do pla-no diretor do hospital e no acompanha-mento clínico dos estudan-tes do Ins-tituto Médio de Saúde do Bengo. A Gul-benkian tem contado com o patrocínio do BFA, da Mota Engil e da Edi-fer na concre-tização deste plano.Até 2010, a cul-tura da institui-ção portuguesa foi a responsá-vel por formar

pro- fessores do en-sino primário, por equipar o centro materno-infantil da Paróquia da Gra-ça, em Benguela, e por melhorar a estrutura funcional e académica do Instituto Médio de Saúde do Bengo.Desta forma, pode e deve-se sa-lientar que o campo artístico ajuda o desenvolvimento social, científico e educativo dos povos. E esta ideia, à semelhança do que acontece nos países desenvolvidos, tem sido co-locada em prática com regularidade. Felizmente, para a sociedade são ca-da vez mais as instituições artísticas que nascem com a vocação de ter uma responsabilidade sustentada na sua comunidade.

tância de terem ações socialmente responsáveis. Esta é a grande bata-lha da instituição sem fins lucrativos que promove frequentemente deba-tes para sensibilizar os que mais po-dem a mudar a “face do país”. Haim Taib, fundador do organismo, continua a defender a concretiza-ção de “parcerias estratégias entre atores privados, públicos e agências internacionais na promoção de mais investimentos sociais”. Localizada nas Ingombotas, em Lu-anda, a Fundação é diariamente fre-quentada por dezenas de crianças e adolescentes que encontram na-quele espaço uma área privilegiada para ler, escrever, desenhar, usar o computador ou simplesmente ouvir histórias. Por outro lado, a entidade defende que a simples mostra de manifesta-ções artísticas pode contribuir para cativar a atenção da sociedade para os problemas que a rodeia. Veja-se o caso da primeira edição da exposi-ção “Verde”, que decorreu no início do ano, em Luanda, e que serviu de alerta para o ‘sofrimento’ do planeta. Duas centenas de pinturas e escultu-ras alusivas à preservação ambiental incentivaram os vis itantes a “refle-tir e a atuar a favor do planeta”. Um evento que envolveu os ‘decisores’ de amanhã, isto é, as crianças que participaram no projeto de educação ambiental Kamba Verde (desenvolvi-do pela fundação) também tiveram

voz na exposição ao apresenta-rem os seus próprios trabalhos artísticos. Partindo da inspira-ção através da arte foi possível vender todas as obras expos-tas e usar as verbas a favor dos projetos sociais da Fundação Arte e Cultura.

gulbenKianem angolaA Fundação Calouste Gul-benkian é uma instituição portuguesa de utilidade pú-blica, que não se concentra apenas na sua região, mas que participa em programas de diversos países. Aprova-da pelo Estado luso em 1956, foi criada por disposição testamen-tária de Calouste Sarkis Gulbenkian e tem como fins estatuários a arte, beneficência, ciência e educação.A organização é bem conhecida dos angolanos, pois é responsável pela aparição do projeto CISA (Centro de Investigação em Saúde em Angola). A criação mereceu inclusive o prémio de Reconhecimento de Boas Práticas em Angola, na categoria de Parce-rias Internacionais, atribuído por or-ganismo independente.Nasceu em 2007, no Caxito (Luan-da), resultando de uma parceria en-tre o Ministério da Saúde de Angola, o Governo Provincial do Bengo, o Instituto Português de Apoio ao De-

senvolvi-mento e a Fundação. O CISA é único em África e tem como ambição a criação de condições necessárias à formação de uma unidade de investi-gação que melhore os níveis de saú-de da população e incentive a cultura científica. Com este centro, os par-ceiros acreditam que será possível aprofundar o conhecimento das do-enças que afetam os países em de-senvolvimento.Com o intuito de se assumir como re-ferência a nível internacional, o CISA tem uma equipa local que em 2011 alcançou a meia centena de cola-boradores, com formação intermé-dia e superior. O projeto já permitiu a criação do Sistema de Vigilância

‘a casa da cUltURa é Uma das obRas mais emblemáticas da fUndação aRte e cUltURa qUe apostoU na cRiação de Um espaço abeRto à comUnidade, onde existem cURsos e oficinas pRáticas gRatUitas’

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black eyed Peas abriram academia de música—Foi inaugurada no ano passado e é a mais recente ação de responsabilidade social de uma das bandas de maior sucesso internacional. Os Black Eyed Peas aplicaram o seu melhor conhecimento, a música, a uma causa nobre e criaram uma academia de música para crianças desfavorecidas. Está localizada em Nova Iorque, EUA, e está aberta a todos os jovens, com idades entre os 13 e os 19 anos e com parcos recursos económicos. Esta é a terceira escola que o grupo abre naquele país.

CulturA&lAZEr Patrícia Alves Tavares

shakira tem Fundação Pies descalzos—A cantora colombiana Shakira é uma das artistas internacionais mais empenhadas em canalizar a sua imagem e respetivos proveitos para causas sociais. Criou a Fundação Peis Descalzos que tem como missão auxiliar as crianças pobres na Colombia e no Terceiro Mundo. “Cresci num país em desenvolvimento e vi injustiça e desigualdades sociais, sempre sentindo que eles poderiam fazer alguma coisa. Assim que tive a oportunidade e algum sucesso, voltei ao meu país depois de 18 anos e estabeleci a minha fundação para criar oportunidades para as crianças sem acesso à educação de qualidade”, explicou por ocasião da apresentação do seu projeto social. Em relação à sua terra-natal, a cantora tem dedicado parte do trabalho a “transmitir uma mensagem através dos meios de comunicação internacionais a Governos e aos políticos para promoverem a educação na primeira infância”.

‘estrelas’ em resPonsabilidade social da Fox—Nos Estados Unidos a campanha da Fox teve como protagonistas o realizador Peterv Jackson, o ilusionista David Copperfield e a banda de rock “The Black Keys”. O objetivo da campanha consiste em incentivar a doação de sangue, através da mobilização dos fãs da série “Walking Dead”, que será transmitida pelo canal de televisão Fox. A mesma ação foi reproduzida em Portugal com atores e atletas lusos. O mote da campanha consiste na mensagem de que para os “zombies” já é tarde, mas que os ‘vivos’ ainda vão a tempo de doar sangue. A escolha desta série em prol da responsabilidade social do canal deve-se ao facto de se tratar de um público que geralmente adere pouco a este tipo de iniciativas.

neymar e lucas juntaram-seà uniceF—Neymar e Lucas, brasileiros, jogadores de futebol, juntaram-se à campanha da UNICEF. O compromisso de lutar contra a discriminação e a favor da infância faz parte dos novos desafios dos jovens atletas da seleção do Brasil. A iniciativa do Fundo das Nações Unidas já mobilizou outros jogadores que vão participar no Mundial de Futebol, como Messi ou Forlán. Com o lema “com a tua assinatura, quem ganha são as crianças”, a organização espera conseguir a rubrica de milhares de pessoas em toda a América Latina que apoiem a causa.

jolie doa dinheiroda venda de joias —A embaixadora da Boa Vontade da ONU, Angelina Jolie, criou uma parceria com o joalheiro Robert Procop para desenvolver uma linha de joias. Intitulada ‘Style of Jolie’, a coleção inclui peças usadas nos Óscares de 2009 e foram vendidas para angariar fundos para um projeto educacional. Após ter visitado vários países em situação de guerra ou pós-conflito e de contactar com as várias vítimas, a atriz resolveu tornar-se designer de joias para poder auxiliar a instituição ‘Education Partnership for Children in Conflit’. O organismo está a erguer uma escola no Afeganistão e o dinheiro da venda dos produtos irá acelerar a concretização deste projeto.

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ANO IV - SÉRIE IIREVISTA Nº10 - 2012—3,50 EUR450 KWZ5,00 USD—ISSN 1647-3574

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