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www.neomondo.org.br NEOMON DO UM OLHAR CONSCIENTE Ano 3 - Nº 23 - Junho 2009 - Distribuição Gratuita EDIçãO ESPECIAL Agenda Criança Prioridade na Amazônia 18 Habitante Consciente Em construções convencionais 82 Podemos Sim, Produzir Água! 40

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www.neomondo.org.br

NeoMoNdoum olhar conscienteAno 3 - Nº 23 - Junho 2009 - Distribuição Gratuita

Edição EspEcial

Dia mundial do

agenda criançaPrioridade na Amazônia

18

Habitante conscienteEm construções convencionais

82

podemos sim, ProduzirÁgua!

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Meio Ambiente

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Material: A

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ontato: (61) 3344-8502

Formato (A

): 410 x 275 mm

Formato (F):

Dê alimentos orgânicospara seus f ilhos.Seus netos agradecem.

Para manter o corpo em equilíbrioe a saúde em dia é fundamentaluma alimentação saudável. Por isso,você precisa conhecer melhor os alimentosorgânicos. São frutas, hortaliças, grãos, laticínios ecarnes produzidos com respeito ao meio ambiente e sem utilizarsubstâncias que possam colocar em risco a saúde dos produtores econsumidores. O resultado são produtos de melhor qualidade, mais nutritivos,que certamente trarão mais saúde para a sua família e para todo o planeta.

MA-0007-09_410x275_anuncio.indd 1 16.06.09 17:52:59

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Formato (A

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Formato (F):

Dê alimentos orgânicospara seus f ilhos.Seus netos agradecem.

Para manter o corpo em equilíbrioe a saúde em dia é fundamentaluma alimentação saudável. Por isso,você precisa conhecer melhor os alimentosorgânicos. São frutas, hortaliças, grãos, laticínios ecarnes produzidos com respeito ao meio ambiente e sem utilizarsubstâncias que possam colocar em risco a saúde dos produtores econsumidores. O resultado são produtos de melhor qualidade, mais nutritivos,que certamente trarão mais saúde para a sua família e para todo o planeta.

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impactos do aquecimento global na economiaPesquisa irá revelar as principais alterações que podem ocorrer nos agronegócios com o aumento da temperatura global.

Seções

registrar para preservaralguns animais que compõem a fauna amazônica sob o olhar de Paula lyn.

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soluções ambientais o que é feito com a água servida?

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mata atlântica - o que restou do paraíso É preciso cuidar dos 7% restantes de um dos mais ricos biomas do Planeta.

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Biopirataria esbarra na falta de um marco legal crime causa prejuízos morais e econômicos ao país.

a criança na agenda amazônica um esforço para incluir a criança na pauta de prioridades.

18

a água nossa de cada dia conheça o caminho que a água percorre até chegar às torneiras.

reserva particular do patrimônio natural sesc pantanal concilia desenvolvimento e preservação ambiental.

raio X da amazônia conheça os principais indicadores da região.

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FLORESTAS

os conflitos do desenvolvimento da amazônia Pesquisa aponta que bioindústrias atuam com bases sustentáveis.

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30 ÁguA 34

36 Podemos sim, produzir água!Facilitando a reposição das águas nosaquíferos e preservando as florestas.

Desafios pela frente não basta ensinar a pescar; é preciso cultivar o peixe.

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nova e promissora fronteira supercomputador integra a estratégia de exploração da Petrobras.

o valor da água no semi-árido do Brasil no país das águas, milhões convivem com a escassez.

amazônia em pleno mar Brasil busca ampliação de seus limites marítimos.

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AquEcimEnTO gLObAL

consumo cidadão aquecedor solar representa ganhos para a comunidade, para o meio ambiente e para o resgate da cidadania.

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Diretor Responsável: Oscar Lopes Luiz

Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Takashi Yamauchi, Marcio Thamos, Terence Trennepohl, João Carlos Mucciacito, Dilma de Melo Silva, e Natascha Trennepohl

Redação:Gabriel Arcanjo Nogueira (MTB 16.586) e Rosane Araújo (MTB 38.300)

Estagiário: Caio César de Miranda Martins

Revisão: Instituto Neo Mondo

Diretora de Arte: Renata Ariane Rosa

Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo

Diretor Jurídico: Dr.Erick Rodrigues Ferreira de Melo e Silva

Correspondência: Instituto Neo MondoRua Primo Bruno Pezzolo, 86 - Casa 1 - Vila Floresta - Santo André – SPCep: 09050-120

Para falar com a Neo Mondo:[email protected]@[email protected]

Para anunciar: [email protected]. (11) 4994-1690

Presidente do Instituto Neo Mondo:[email protected]

Expediente Publicação

A Revista Neo Mondo é uma publicação do Instituto Neo Mondo, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça – processo MJ nº 08071.018087/2007-24.

Tiragem mensal de 30 mil exemplares com distribuição nacional gratuita e assinaturas.

Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.

5neo mondo - Junho 2009

algo de bom no ar empresas adotam dispositivos avançados que as tornam mais competitivas e em dia com a missão ambiental.

leis não bastam País é bom de leis, e na área ambiental não é diferente, mas falta acompanhar o ritmo e a abrangência desejadas.

Vencendo a poluição industrial como o maior centro industrial do país está com a questão da poluição industrial.

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AquEcimEnTO gLObAL

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cOnSTRuçõES SuSTEnTÁvEiS

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sustentabilidade se aprende e se faz na escola educação é matéria prima de mudanças, em que a pesquisa faz a sua parte.

ações pela sustentabilidade exemplos não faltam na iniciativa privada ou pública.

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AnimAiS

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cadê as abelhas? o mundo inteiro está sofrendo com o desaparecimento das abelhas.

habitante consciente em construções convencionais É possível adotar uma postura ambientalmente correta sem ter que reconstruir a casa.

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O despertar da consciência holística tornou-se uma necessidade absoluta e

inadiável em nossas relações com o meio ambiente. Desenvolver uma visão de mundo que, mais do que antropológica, seja ampla e profundamente ecológica, arraigar essa visão nas novas gerações a fim de que as consequências ativas de nosso ser e estar no mundo possam integrar-se num todo harmônico, encontrar o equilíbrio sustentável que garanta desenvol-vimento saudável às populações, tudo isso são urgências e preocu-pações relativamente novas que

exigem reflexão e engajamento por parte de todos.A questão ambiental traz em si a virtude da comunhão espontânea entre os povos. Ela nos convida a um entrelaçamento universal de mãos e nos sugere uma dança telúrica, viva e ritmada, em que os gestos de cada um sejam a um tempo causa e consequência do júbilo de se sentir de fato integrado a esse todo maior ao qual denominamos humanidade.Amor à vida exige razão e solidariedade – atributos necessários a uma sociedade que busca soluções duradouras para a complexa problemática ambiental. Por soluções

Editorial

duradouras não podemos nunca imaginar meios ou métodos definitivos, prontos e acabados. Como tudo o que envolve o humano, trata-se sempre de estarmos atentos ao processo. Só este é permanente. Daí a necessidade constante do aprendizado ambiental, isto é, do vivo interesse na percepção de tudo o que nos rodeia a fim de encontrarmos formas mais elevadas de interação global, não apenas do ponto de vista físico ou material mas também, e principalmente, de uma perspectiva histórica e espiritual.Nesse sentido, os meios de comunicação responsáveis têm

Um olhar consciente...

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UM MUNDO DIFERENTE

www.neomondo.org.br

Ano 1 - Nº 1 - Setembro/Outubro 2008 R$ 8,50

NEOMONDOKids

De olho no UniversoConheça os Animais Astronautas

Gente do BemUm papo com Mauricio de Sousa

Intervalo CulturalDe presente, um divertido jogo radical

06 08

UM MUNDO DIFERENTE

www.neomondo.org.br

Ano 1 - Nº 2 - Novembro/Dezembro 2008 R$ 8,50

NEOMONDOKids

De olho no Universo

O Sol

Gente do Bem

Marcos Ponte

08 10

Especial de Natal

Intervalo CulturalUm jogo de Valor

UM OLHAR CONSCIENTE

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Ano 2 - Nº 22 - Maio 2009 - Distribuição Gratuita

NEOMONDO

do BEM

EDIÇÃO ESPECIAL

Gente

Paulo SkafOs caminhosdo desenvolvimento

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TeatroEm busca da fala

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CRAMI Respeito é bom, e criança gosta!

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Editorial

Um olhar consciente...um importante papel a cumprir. Ao promover a veiculação contínua de informações, propiciam e alimentam qualitativamente o diálogo socioambiental, aprofundando os diversos aspectos envolvidos, sem restringir o debate apenas entre especialistas, mas, antes, convidando a todos à reflexão e à ação.É com esse espírito de seriedade e pioneirismo que a equipe Neomondo elaborou esta edição especial da revista, cujo tema central é o “Dia Mundial do Meio Ambiente”. As matérias a seguir sintetizam mais de três anos de trabalho do Instituto Neo Mondo,

abordando com profundidade temas como aquecimento global, Mata Atlântica, Amazônia, consumo consciente e reuso da água, sumiço das abelhas e seu efeito colateral, construções sustentáveis e habitante consciente, entre outros.Nestas páginas, sem dúvida será possível notar que “um olhar consciente” é, por definição, um olhar sensível e compromissado com a transformação socioambiental.

Boa leitura!

Márcio Thamos

Márcio Thamos é Colunista e Conselheiro da Revista Neo Mondo

Currículo:

Doutor em Estudos Literários. Professor de Língua e Literatura Latinas junto ao Departamento

de Linguística da UNESP-FCL/CAr, credenciado no Programa de Pós-Graduação em Estudos

Literários da mesma instituição. Coordenador do Grupo de

Pesquisa LINCEU – Visões da Antiguidade Clássica.

UM MUNDO DIFERENTE

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Ano 1 - Nº 1 - Setembro/Outubro 2008 R$ 8,50

NEOMONDOKids

De olho no UniversoConheça os Animais Astronautas

Gente do BemUm papo com Mauricio de Sousa

Intervalo CulturalDe presente, um divertido jogo radical

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UM MUNDO DIFERENTE

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Ano 1 - Nº 2 - Novembro/Dezembro 2008 R$ 8,50

NEOMONDOKids

De olho no Universo

O Sol

Gente do Bem

Marcos Ponte

08 10

Especial de Natal

Intervalo CulturalUm jogo de Valor

UM OLHAR CONSCIENTE

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Ano 2 - Nº 22 - Maio 2009 - Distribuição Gratuita

NEOMONDO

do BEM

EDIÇÃO ESPECIAL

Gente

Paulo SkafOs caminhosdo desenvolvimento

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TeatroEm busca da fala

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CRAMI Respeito é bom, e criança gosta!

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neo mondo - outubro 20088 neo mondo - Junho 2009 8

De madeira lilás ( ninguém me crê ) se fez meu coração. Espécie escassa

de cedro, pela cor e porque abriga em seu âmago a morte que o ameaça. Madeira dói?, pergunta quem me vê

os braços verdes, os olhos cheios de asas. Por mim responde a luz do amanhecer

que recobre de escamas esmaltadas as águas densas que me deram raça

e cantam nas raízes do meu ser. No crepúsculo estou da ribanceira

entre as estrelas e o chão que me abençoa as nervuras.

Já não faz mal que doa meu bravo coração de água e madeira.

O Animal da Floresta*

O poeta Thiago de Mello é um pilar da poesia social brasileira. Nasceu na cidade de Barreirinha, no coração do Amazonas, no dia 30 de março de 1926. É conhecido internacionalmente por sua luta em prol dos direitos humanos, pela ecologia e pela paz

mundial. Suas obras foram traduzidas para mais de trinta idiomas. Dentre elas estão: Silêncio e Palavra, 1951 , Faz Escuro, mas eu Canto, 1965; Os Estatutos do Homem, 1977 (com desenhos de Aldemir Martins); Mormaço na Floresta, 1984; Vento Geral – Poesia

1951-1981, 1981; Num Campo de Margaridas, 1986; De uma Vez por Todas, 1996.

Thiago de Mello

* Publicação do poema autorizada e sugerida pelo próprio autor.

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O Animal da Floresta*

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Florestas

os conflitos do

Pesquisa aponta que bioindústrias atuam com bases sustentáveis.Da Redação

desenvolvimento na

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os conflitos do

Pesquisa aponta que bioindústrias atuam com bases sustentáveis.Da Redação

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A necessidade do desenvolvimen-to sustentável da amazônia é um consenso no Brasil. todos os seg-

mentos da sociedade concordam que não há mais espaço para modelos predatórios que contribuem para a destruição dos recursos naturais, até porque a história já provou que essa prática não promove equidade. se exis-te consenso, faltam soluções claras de como aplicar esse novo conceito, que se conven-cionou chamar de sustentável.

o geomorfologista aziz ab’saber, maior referência viva da geografia brasi-leira, em conversa telefônica, disse que uma proposta para a amazônia só será possível, se for efetivamente baseadas no conhecimento das realidades territoriais e sociais. o professor que considera o termo sustentabilidade completamente banaliza-do e inadequado, explicou que para cada uma das 23 células da amazônia é preciso avaliar a saúde, a educação, o transporte, as aspirações das populações, o saneamen-to básico, a produção cultural, etc, com embasamento científico e crítico.

segundo ele, é necessário conheci-mento para respeitar as enormes diferen-ças existentes, e assim, obter um planeja-mento para atingir a “utopia” de máximo desenvolvimento com a Floresta em Pé.

ele fala com conhecimento de quem estuda a região há muitas décadas e rea-lizou um estudo de zoneamento da ama-zônia, conferindo de perto o que a maioria dos brasileiros acompanha pelas notícias: conflitos fundiários, violência, descaso ecológico e os mais altos índices de pro-blemas sociais do país.

essas mesmas notícias mostram que a economia da região amazônica continua a se expandir de modo insustentável nas atividades exploratórias da madeira, na mineração, na agricultura e pecuária.

desenvolvimento naum estudo de uma pesquisadora da

usP, a geógrafa laís mourão miguel, mos-trou, no entanto que dois setores da bio-indústria: cosméticos e fitoterápicos, estão conseguindo desempenhar atividades pro-dutivas em bases sustentáveis, com articu-lações de pesquisa e desenvolvimento com centros e instituições de pesquisa; utiliza-ção de matéria-prima certificada e geração de desenvolvimento para as comunidades tradicionais. suas pesquisas foram realiza-das junto a doze bioindústrias, de diferen-tes portes, instaladas na amazônia.

REdE dE coopERação ciENTÍFicasegundo ela, foi possível constatar a

formação de uma rede de cooperação para pesquisa e inovação pelas principais insti-tuições de pesquisa da amazônia, que pro-movem o aproveitamento do potencial da biodiversidade local. as instituições que mais participam, segundo o estudo, são: o instituto nacional de Pesquisas da ama-zônia (inpa), o centro de Biotecnologia da amazônia (cBa), a empresa Brasileira de Pesquisa agropecuária (embrapa), o mu-seu Paraense emilio Goeldi (mPeG) e a universidade Federal do Pará (uFPa).

a pesquisadora explicou que as em-presas estudadas buscam desde o início da cadeia de produção fazer o uso sustentável da biodiversidade regional, através da certi-ficação da matéria-prima, conhecida como selo Verde. ela constatou ainda que o setor tem inserido nesse processo produtivo, as comunidades tradicionais, que passaram a se organizar em cooperativas de extração, produção e processamento. as matérias-primas amazônicas se transformam em in-sumos para a fabricação de medicamentos fitoterápicos, produtos de higiene pessoal, perfumaria, extratos padronizados, produ-tos alimentícios, enzimas de interesse in-

dustrial, corantes e conservantes derivados de plantas, animais e microrganismos.

sElo VERdEPossuir o selo verde, uma das exigên-

cias do comércio exterior, significa estar dentro de normas e padrões estipulados por organismos nacionais e internacionais que prevêem fatores ambientais, de mane-jo conservacionista e aspectos sociais.

conforme explicou alexandre ha-rkaly, diretor de negócios de certificação, do instituto Biodinâmico - iBD, reconhe-cido internacionalmente, ao buscar esse selo Verde, cria-se um processo de mu-dança da cultura extrativista. É necessário elaborar um projeto de manejo, onde são mapeados, inventariados e estimados a produção, bem como apresentar o estudo dos recursos naturais a serem utilizados. “eles precisam demonstrar que estão res-peitando a capacidade de regeneração natural, sem o risco de exaurir a espécie” – disse.

também é necessário adotar novas práticas, uma vez que não é permitida a queimada da superfície do solo. no caso de ocorrer fogo acidental, a certificação é temporariamente suspensa para discussão junto à certificadora sobre as medidas a serem adotadas. Do mesmo modo, devem ser respeitados os caminhos preferenciais da fauna local, assim como as trilhas e cor-redores de fauna existentes, áreas alaga-das, além da vegetação que os protege.

mas ele diz que há muito ainda o que avançar nessa questão. “além de muito marketing empresarial, ainda há ceticismo nas comunidades sobre a importância da certificação. muitos que sempre viveram da atividade extrativista não entendem que o processo permitirá que a atividade seja feita com mais responsabilidade e

amazônia

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Situada na floresta amazônica do Estado do Amapá, a remota co-munidade de Iratapuru é parceira da Natura. Há várias gerações essa população vive da colheita da casta-nha-do-Brasil. São 30 famílias, que se organizaram através da Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru, e vendem, hoje, óleo de castanha bruto para uma empre-sa beneficiadora que refina a essên-cia e a entrega à Natura, para uso na fabricação de xampus, condiciona-dores e sabonetes. A comunidade é remunerada duas vezes, no começo da cadeia produtiva, a título de for-necimento, pela venda do óleo, e no final, com uma percentagem sobre a venda dos produtos Natura. O pre-ço do insumo e o percentual sobre a venda foram definidos em várias assembléias comunitárias com a par-ticipação de lideranças familiares, de profissionais da Natura e de funcio-nários da empresa beneficiadora.

Em quatro anos, os recursos prove-nientes dos contratos e dos investi-mentos da Natura na comunidade per-mitiram a construção de uma fábrica de extração de óleo na comunidade, processada por ela mesma. A Natura pagou pela contratação da Imaflora, a representante no Brasil da Forest Stewardship Council, que certificou a produção de castanha, com o “selo verde FSC”, em 2004.

Para evitar a dependência da comu-nidade com a empresa, e o risco de uma relação de assistencialismo, par-te do percentual recebido pela venda dos produtos foi direcionada para a criação de um Fundo de Desenvolvi-mento Sustentável. Seu propósito é fomentar outras iniciativas econômi-cas da comunidade, fortalecendo sua capacidade de gestão técnica e co-mercial, traçando suas próprias metas de desenvolvimento sustentável, sem prescindir do apoio da Natura.

Fonte: Natura

caso iRaTapURU

conhecimento” – disse. harkaly explicou que normalmente são as indústrias que re-querem a certificação, mas já há casos de cooperativas e até de comunidades indíge-nas que aderem ao selo Verde.

aspEcTo social – GaNHos paRa a coMUNidadE

um dos demonstrativos mais convin-centes de sustentabilidade está na inserção das comunidades tradicionais no sistema de desenvolvimento. uma das empresas que vem mantendo relacionamentos bem sucedidos com essas comunidades é a bio-indústria de cosméticos natura.

a natura mantém 19 contratos de fornecimento de ativos naturais com comunidades tradicionais da amazônia formadas por grupos de agricultores fa-miliares ou de extrativistas. em agosto, assinou com o Governo do amapá os dois primeiros contratos de repartição de benefícios para acesso ao patrimônio genético do uso da castanha-do-brasil e da copaíba. os recursos serão repassa-dos ao governo estadual e sua aplicação será definida pelo conselho Deliberati-vo, formado por representantes da natu-ra, das comunidades e do Governo, de-vendo obrigatoriamente estar vinculada a iniciativas e projetos de benfeitorias e

desenvolvimento sustentável da reserva de onde serão extraídos os produtos.

a empresa já possui também a autori-zação, junto ao conselho de Gestão do Pa-trimônio Genético - cGem, para utilização e repartição de benefícios de outros ativos: breu branco, candeia, cupuaçu-manteiga, extrato de erva-mate, extrato aromático de erva-ma-te, maracujá-proteína, pariparoba e sesbânia.

“esse processo de reconhecimento do direito de provedor das comunidades re-presentam grandes avanços na afirmação da cidadania e importantes fatores de in-clusão social”, ressalta rodolfo Guttila, di-retor de assuntos corporativos e relações Governamentais da natura.

De acordo com as “Diretrizes para o Padrão de Qualidade Orgânico IBD”, considera-se sustentável a coleta/extra-ção de produtos silvestres ou naturais retirados em quantidades nunca acima do ganho de biomassa do produto co-lhido no período entre ciclos de corte, no caso de material vegetativo. A quan-tidade retirada também não pode com-prometer a freqüência de ocorrência da espécie no ambiente em questão, no caso de coleta de sementes.

Ainda segundo as Diretrizes, não são passíveis de certificação:

a) produtos silvestres coletados em lo-cais onde forem observados sinais de degradação por excesso de população em relação à área de exploração, isto é, que ultrapasse o limite da capacida-de de suporte do ecossistema;

b) produtos coletados em áreas onde não se observe sua regeneração em níveis satisfatórios;

c) produtos cujo manejo prejudique a estrutura ecológica preexistente, in-clusive da fauna;

d) produtos obtidos por meio de pro-cessamento, utilizando substâncias ou benfeitorias que interfiram nega-tivamente sobre o ambiente;

e) produtos oriundos de projetos não suficientemente isolados, que pos-sam permitir a contaminação por pesticidas agrícolas.

Fonte: IBD

cRiTÉRiOS PARA ObTEnçÃO DO SELO vERDE

Florestas

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Florestas

A história da biopirataria no Brasil remonta ao tempo da colonização. Já nessa época, o país provocava a

curiosidade de países estrangeiros, que re-alizavam “aventuras científicas”, coletando amostras e o conhecimento sobre o uso da flora e fauna nacional. os exemplos mais fa-mosos são do pau-brasil, cujo segredo de ex-trair a pigmentação vermelha foi absorvida dos povos indígenas, e o caso das sementes de seringueira levadas pelo inglês henry Wi-ckham para colônias britânicas na malásia, tornando-a a principal exportadora de látex. esses são apenas dois casos, dentre tantos outros, que além dos prejuízos de ordem moral à soberania brasileira ainda abalaram a estrutura econômica do país.

a biodiversidade foi por muito tempo tida como um bem da humanidade. isso mudou a partir da publicação da convenção sobre Diversidade Biológica - cDB”, na eco 92, que passou a considerar biopirataria a apropriação ilegal de diversas formas de vida da flora e da fauna e também dos co-nhecimentos das populações tradicionais, a respeito de ativos e propriedades terapêuti-cas ou comerciais dos recursos naturais.

Desse modo, esses recursos passaram a ser compreendidos como ativos do patri-mônio genético nacional, que entretanto,

BiopiratariaCrime causa prejuízos morais e econômicos ao país.Da Redação

Flor de Árvore Pau Brasil

esbarra na falta de um marco legal

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Biopirataria

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esbarra na falta de um marco legal

necessitam de uma regulamentação de uso, estabelecido pelo país.

É nesse ponto que se concentra um grande problema. Desde 92, o Brasil não conseguiu ainda aprovar uma legislação definitiva e clara sobre o assunto. a ges-tão do patrimônio genético brasileiro está regulada por medidas Provisórias 2.052 -00 e 2.186-16, de agosto de 2001. com elas, criou-se o conselho de Gestão do Pa-trimônio Genético (cGen), colegiado go-vernamental responsável pelo controle do acesso aos recursos genéticos e aos conhe-cimentos tradicionais a eles associados.

a diretora do cGen, celeste emerick, se mostrou bastante contrariada com a de-mora na definição de um marco legal para o assunto. “Vivemos uma insegurança ju-rídica. isso inibe a pesquisa e não protege adequadamente o conhecimento das comu-nidades tradicionais” – disse ela. a difícil interpretação jurídica e as atuais exigências burocráticas para autorização de pesquisas de campo sobre biodiversidade, de acordo com a diretora, desestimulam o desenvol-vimento científico e econômico, impedindo o objetivo maior que é repartir benefícios para todas as cadeias que participaram da geração daquele conhecimento. outro pon-to fraco da medida Provisória é não possuir

interfaces com outras leis como a lei de inovação, dos Fundos setoriais, de Políti-cas industriais. “tudo isso nos coloca numa situação de extrema fragilidade”.

De fato, conforme relatou o presi-dente da onG amzonlink, michel Franz schmidlehner, em 2002, a entidade des-cobriu e denunciou que alguns produtos brasileiros já tinham suas marcas regis-tradas. Foi o caso do “cupuaçu” e “cupula-te”, que já estavam patenteadas na união européia, Japão e eua pela empresa japo-nesa asahi Foods. Descobriu ainda regis-tro da marca “açaí” e de patentes da copaí-ba, andiroba, ayahuasca e outros casos. o fato acirrou as discussões e a indignação dos brasileiros.

em 2003, o governo determinou ao cGen a elaboração de um anteprojeto de lei, aberto à participação da sociedade ci-vil, a ser encaminhado ao congresso. ce-leste disse que o projeto de “lei de aces-so a recursos Genéticos, conhecimentos tradicionais e repartição de Benefícios” foi concluído em 2007 e aberto à consulta pú-blica, para que as comunidades tradicionais e locais, organizações não-governamentais, institutos de pesquisa, empresas, entidades da sociedade civil organizada e provedores individuais encaminhassem suas contribui-

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16 neo mondo - Junho 2009

ções ao novo marco legal. “Foram cerca de 60 respostas, mas houve a solicitação de reuniões presenciais junto às comunidades tradicionais, por dificuldade de acesso das mesmas” – disse. Desse modo, somente após essa consulta presencial, o anteprojeto será encaminhado ao congresso. segundo a diretora, a esperança é que seja apreciada ainda em 2008 e que se sobreponha ao con-flitos de interesses.

a nova lei irá definir o acesso aos re-cursos genéticos e derivados, remessa de material biológico, acesso e proteção de conhecimentos associados, e ainda a ques-tão dos direitos dos agricultores e a repar-tição de benefícios.

ela acredita que a falta de regulamen-tação atual impede até mesmo uma fiscali-zação eficiente e o pior, paralisa a pesquisa científica no Brasil, impedindo o conheci-mento real da biodiversidade e da sociobio-diversidade brasileira, que na amazônia le-gal é representada por mais de 200 etnias, com um conjunto de comunidades indí-genas, quilombolas, ribeirinhas, caiçaras e outros. “nossa produção científica é muito pequena. o Brasil é considerado megadiver-so, mas conhece muito pouco desse imenso potencial natural e cultural” - afirmou.

entidades ambientais estimam que o Brasil perca cerca de 5 bilhões de dó-lares por ano com o tráfico de animais, produtos da flora, madeira e conheci-mentos das comunidades tradicionais. o pior é que para coletar material bio-lógico, não há necessidade de grandes aparatos, basta retirar um pedacinho da planta, acondicionar num saco plástico e pronto. Justifica-se aí a importância do conhecimento da nossa biodiversidade, até para conseguir resguardá-la.

celeste cita como fundamental, além da regulamentação e da fiscalização, a cons-cientização das comunidades tradicionais.

schmidlehner concorda: “a população é o legítimo guardião desse conhecimen-to e deve ser orientado sobre como fazer isso” - defende.

O Brasil é considerado megadiverso, mas conhece muito pouco desse imenso

potencial natural e cultural“

conforme o relatório conclusivo da cPi da Biopirataria, que analisou além dos casos já citados, denúncias de ven-da de animais e madeira, será necessário uma mudança social profunda para elimi-nar esse crime que explora a pobreza, a desigualdade e a exclusão.

O maior problema encontrado, hoje, na Amazônia é a extração ilegal da madei-ra. Cerca de 85% são retiradas da mata de maneira criminosa, o que provoca um desperdício de 70% do produto e ainda destrói tudo que está à sua volta. Para cada árvore extraída, outras 59 são danificadas, abrindo imensas clareiras.Em junho de 2008, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) registrou 612 quilômetros quadrados de desmata-mento na Amazônia Legal. Isso repre-senta um aumento de 23% em relação a junho de 2007 quando o desmata-mento somou 499 quilômetros quadra-dos. No acumulado do período (agosto de 2007 a junho de 2008), o desmata-mento totalizou 4.754 quilômetros quadrados. Segundo dados do IMAZON – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, divulgados em 2007, a floresta já havia perdido quase 20% do seu tamanho original - 700 mil quilômetros quadrados.

Nessa atividade, madeireiros abrem milhares de quilômetros de estra-das não-oficiais em terras públicas facilitando a grilagem (posse de terras alheias). Além da questão do desmata-mento e todas as suas conseqüências ambientais, a atividade ainda aumenta as mazelas sociais. Levantamento do Imazon mostra que os indicadores de qualidade de vida nessas regiões des-matadas em muitos casos são piores que de áreas preservadas. O pseudo-enriquecimento, que na verdade atinge a pouquíssimos, se vai junto com as toras e carvão, deixando no lugar um solo infértil, especulação, assassinatos por disputas de terra e uma pobreza maior do que antes da derrubada da floresta. A comunidade de áreas devas-tadas deixa de ter os serviços gratuitos da natureza como ervas para cura, fribras, frutos, peixes, etc...

Fonte: Dados do IMAZON

MadEiRa ilEGalDa Redação com pesquisa de Caio Martins

Cupuaçú

Açaí

Florestas

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an_planeta_oleo_205x275_af.pdf 19.06.09 10:22:30

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Florestas

A Criança na agenda

da amazônia

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A amazônia legal Brasileira vem sendo motivo de repercussão nos meios de comunicação de

todo o mundo, que volta seu olhar e pre-ocupação para esse ponto verde do pla-neta. mas nem só de florestas, minérios, riquezas e biodiversidades é feito esse lugar. há gente ali no meio. Brasileiros

Um esforço para incluir a criança na pauta de prioridades.Da Redação

de muita dignidade e que vivem diante de desafios que grande parte do país e do mundo nem imagina. a criança talvez seja uma peça fundamental nesse con-texto, pois é a representação óbvia do futuro da região. Garantir seus direitos fundamentais é algo ainda mais comple-xo, em função das especificidades do lo-

Paulalyn carvalho

cal. o unicef – Fundo das nações unidas para a infância, desenvolve na região um trabalho que objetiva incluir a criança e o adolescente na agenda de prioridades da amazônia.

a “agenda criança amazônia” é um processo de mobilização social, onde foram convidados nesse primeiro mo-mento, 70 municípios dos estados do amazonas, Pará e maranhão. ao aderir à agenda, cada município compromete-se a melhorar, até 2012, importantes indicadores sociais, como taxa de po-breza, mortalidade infantil e mater-na, desnutrição infantil, registro civil, acesso ao pré-natal, gravidez na ado-lescência, violência e trabalho infantil, incidência de aids e malária, acesso à água potável, acesso e permanência na escola, entre outros.

diREiTos FUNdaMENTaisQuando se fala em direito à escola

em qualquer outra região do país, são discutidos aspectos como número de va-gas, qualidade de ensino, equipamentos adequados, merenda, transporte escolar, etc. conforme explicou o coordenador do uniceF Belém, Fábio moraes, na amazônia legal a preocupação antecede essas questões e esbarra muitas vezes na impossibilidade de deslocamento por via terrestre, o que impõe a várias comunida-des uma vida de isolamento, sem acesso sequer a informações básicas e onde o principal meio de transporte é a tradi-cional embarcação pluvial. “os conceitos precisam ser repensados sob a ótica do lugar” – explicou ele. “no estado do Pará, a viagem de algumas cidades até Belém, por exemplo, podem levar cerca de 19 ho-ras de barco” – disse moraes.

nesse esforço de entender os de-safios locais, a unicef identificou problemas como as condições das em-barcações utilizadas no transporte de crianças. “Precisamos considerar os cuidados de segurança, evitando no-vos casos de escalpelamento de crian-ças (cujos cabelos e couro cabeludo são arrancados após serem tragados pelos motores das embarcações)” - explicou. o exemplo que pode parecer exótico para as demais regiões do país é uma

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mostra de como os problemas preci-sam ser encarados, analisados e com-batidos de forma singular.

opERacioNaliZaR as idÉiasmoraes traz na bagagem experiência

semelhante desenvolvida há quatro anos no semi-árido brasileiro. ele explica que é um trabalho de mobilização social com a participação efetiva dos atores envolvi-dos. isso significa colocar num mesmo espaço de discussão, autoridades consti-tuídas, entidades e, sobretudo, membros das diversas comunidades. Para ele, de-finir metas, estabelecer soluções é muito bonito no papel, mas a operacionalização disso só é possível com o envolvimento de toda a sociedade local.

entra ai a metodologia da unicef, onde o grande mérito está em esclarecer e tornar acessíveis informações antes inatingíveis para a população. Dessa forma, oferece a

mais poderosa ferramenta social: o conhe-cimento. com a apresentação de forma di-dática, as comunidades passam a conhecer sua situação e a entender que fazem parte das soluções. “o unicef tece redes e oferece condições para que eles próprios encontrem suas saídas” – afirmou.

moraes esclareceu que são defini-dos articuladores, pessoas da comuni-dade, que fazem a ponte entre a popu-lação, autoridade e instituições. nesses encontros estabelece-se o diálogo, onde todos podem ser ouvidos e onde todos passam a ser co-responsáveis pelas me-lhorias e soluções.

coNTRolE socialexemplificando, cita a questão do or-

çamento municipal. “sem conhecimento técnico, um cidadão comum não conse-gue entender o orçamento de um muni-cípio. o que fazemos é decodificá-lo e

Nove milhões de crianças e ado-lescentes vivem na Amazônia Legal Brasileira, representando praticamen-te 40% da população da região – a mais jovem de todo o País. Ao lado do Nordeste, a Amazônia tem hoje os piores indicadores sociais brasileiros, apesar dos avanços nos últimos anos. Enquanto o nível de pobreza das crianças e dos adolescentes – aqueles que vivem com famílias com renda per capita de menos de ½ salário mí-nimo mensal – é de 50% para o Brasil como um todo, esse percentual sobe para 61% na Amazônia Legal Brasilei-ra, chegando em alguns Estados da região a superar 65% (IBGE, 2006).

Com a taxa de mortalidade in-fantil o quadro repete-se: na Região Norte, 25,8 crianças morrem antes de completar o primeiro ano de vida em cada grupo de mil nascidas vivas, sen-do que a média brasileira é de 24,9 e da região Sul é de 16,7.

Em relação ao direito de aprender, a disparidade também permanece: os Estados da Amazônia ainda têm as me-nores proporções de crianças em cre-ches e pré-escolas, respectivamente, 8% e 64,2%. Nessa região, mais de 92,2 mil adolescentes são analfabetos e cerca de 148 mil crianças e adolescentes, entre 10 e 14 anos, estão fora da escola.

Fonte: Unicef

como Vive a criança na amazônia

torná-lo claro para as pessoas” – revelou moraes. assim é feito com todos os de-mais dados e indicadores que envolvem aquela comunidade. são índices de mor-talidade, de analfabetismo, de moradia, de renda, etc.

segundo ele, quando uma pessoa que não sabe sequer ler passa a entender a situação do lugar onde vive, tudo muda! tudo se transforma!

“ela passa a participar como co-res-ponsável pelos esforços dessa melhoria. Passa a ter um sentimento de perten-cimento àquele lugar” – afirmou. Para ilustrar essa compreensão, cita o caso da depredação de escolas e patrimônios públicos, comum a todo país. Quando a comunidade percebe o quanto isso cus-ta e o quanto isso impede a aplicação de recursos para outras necessidades, passa a atuar nessa situação. Da mesma for-ma, na limpeza pública, cujo custo pode ser reduzido com uma nova postura da população. são exemplos simples que servem aos demais aspectos e que per-mitem, segundo moraes, o controle so-cial, que deixa de ser responsabilidade exclusiva da autoridade governamental. as ações junto a essas comunidades também procuram resgatar a história do lugar e os contadores dessas histórias, pessoas que precisam ser valorizadas e que geram à comunidade um acréscimo de auto-estima.

Para o unicef, o mais importante é conseguir com essa mobilização, garan-tir melhores condições para a criança e o adolescente e desenvolver competên-cias locais para a solução dos inúmeros problemas. “Quem mais conhece do lu-gar, são as pessoas do lugar” – enfatiza o coordenador.

Paul

alyn

car

valh

o

Em 2009, será lançado o Selo Unicef Município Aprovado, na Amazônia. Depois de um período de acompanhamento, os municí-pios que demonstrarem avanços na garantia dos direitos da criança e adolescente receberão esse reco-nhecimento do UNICEF. O Selo já é utilizado no Semi-Árido Brasileiro e funciona como um motivador na busca por melhorias contínuas nas políticas públicas.

selo Unicef Município aprovado

20 neo mondo - Junho 2009

Florestas

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15435_afc-10394-24-rvs.neomundo_ibef_jbecolog_205x275_751.pdf May 26, 2009 19:30:39 1 de 1

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Florestas

P or maiores que sejam as informações recebidas sobre as riquezas da região amazônica é no flagrante das lentes

fotográficas e cinematográficas que a exube-rância dessa grande fatia do Brasil chega às demais regiões e ao mundo. o papel desses profissionais em captar a beleza e muitas ve-zes, também o pedido silencioso de socorro dessas espécies, é imprescindível para cons-cientizar sobre a importância de ser manter a floresta em pé. a fotógrafa Paulalyn é uma dessas profissionais que emprestam a sen-sibilidade e técnica, a serviço da defesa do meio ambiente. com um trabalho voltado

à essa causa, vem realizando ensaios e ex-posições sobre o tema. são dela as fotos da fauna amazônica, expostas a seguir. agumas dessas imagens fizeram parte da exposição “sentir Brasil”, que aconteceu em junho na câmara municipal de são Paulo.

a maioria das imagens foi captada no Parque ecológico de Januari, em manaus, no amazonas e no instituto de Pesquisa da amazônia (inPa), em janeiro de 2008.

Paula é motivada pela sua paixão pela natureza. “olho a lua, o sol, o mar, as ár-vores, os rios, os animais, como se os es-tivesse vendo pela primeira vez. são, para

mim, respostas a todas as minhas pergun-tas.” – disse. a fotógrafa acredita que cada um pode contribuir com ações que estão ao seu alcance. “a minha contribuição é através das imagens. Quero poder tocar o coração de cada um através do meu olhar, usar um sentido humano tão valorizado na contemporaneidade para despertar os outros sentidos e a consciência. registrar para preservar” – concluiu.

se o mundo precisa da amazônia para mi-nimizar os efeitos ambientais do aquecimento global. Para esses animais, que somam milha-res de espécies, a Floresta é sinônimo de vida.

Alguns animais que compõem a riquíssima fauna Amazônica.Da Redação

araraAs araras estão entre os pássaros mais belos da fauna brasileira.

São aves grandes e possuem e um bico curvo resistente usado para quebrar frutos e sementes. As araras vivem em casais nas copas das árvores mais frondosas e fazem seus ninhos em ocos de árvores.

Bicho-preguiçaO Bicho-Preguiça é considerado um animal muito sossegado. Dorme o

dia todo nas árvores, pendurado num galho de costas para o chão e com a cabeça pendida sobre o peito. É um mamífero de hábitos noturnos. Orien-ta-se pelo olfato, pois tem uma visão muito fraca. Alimenta-se apenas das folhas, frutos e brotos de algumas árvores. É um animal inofensivo.

Gavião-realO gavião-real, também conhecido como harpia ( Harpia harpyja), é

a maior ave de rapina do Brasil e do mundo, podendo atingir 2,5 m de envergadura. Seus hábitos são diurnos. Alimenta-se de moluscos, crus-táceos e peixes até serpentes, lagartos, alguns pássaros e alguns mamí-feros, como a preguiça (seu alimento favorito) que captura no solo.

Fotografia: PaulaLyn Carvalho

Registrar para pREsERVaR

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neo mondo - Junho 2009 23

Registrar para pREsERVaRJacaré

O jacaré é um dos maiores répteis brasileiros. O jacaré amazônico che-ga a alcançar até 5 metros, mas em geral não ultrapassa 2 metros. A tem-peratura do seu corpo varia de acordo com o meio em que ele está, por isso precisa ficar exposto ao sol a fim de captar calor.

Macaco-aranhaO Macaco Aranha possui como habitat as florestas tropicais chuvosas

e tem hábitos diurnos. Vive em bandos de até 30 indivíduos e pode chegar até 33 anos. Os animais atingem de 6 a 8 quilos. Alimentam-se de frutas, sementes, folhas, insetos e ovos.

Macaco-de-cheiroO Macaco-de-cheiro é um primata que gosta de viver no topo das

árvores mais altas da floresta, geralmente a 30 ou 40 metros do chão. São animais de extrema agilidade. Sua comida preferida são insetos, mas alimenta-se também de frutos e da seiva das árvores. Na Amazônia, os ribeirinhos costumam domesticá-los. São peraltas e brincalhões.

TartarugaA tartaruga da Amazônia passa os dias nos rios de águas calmas, na-

dando, alimentando-se e de vez em quando sai para respirar e tomar um pouquinho de sol a fim de manter a temperatura do corpo São ovíparas, colocando seus ovos nas praias, durante a noite, em buracos que escavam na areia. São animais de vida longa, podendo atingir centenas de anos.

“Um olhar consciente” em “Este Mundo é Meu”

Em continuidade ao projeto “Um Olhar Consciente”, PaulaLyn participará com painéis fotográficos no evento “Este mundo é meu 2008: integração sócio-ambiental”, que irá ocorrer no Centro Cultural São Paulo, de 08 a 29 de outubro de 2.008. Com ênfase nas questões ambientais, nas ações da sociedade em defesa da cidade, de si própria e de tudo que gira em seu entorno. A programação permitirá reflexões por meio de palestras, com convidados de várias especialidades na área de meio ambiente, bem como, oficinas e instalações.

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(143), tocantins (139), maranhão (160) e mato Grosso (141), perfazendo um total de 5.033.072 km2, o que represen-ta 61% do território brasileiro. população: 24,5 milhões de habitantes

correspondendo a 12% do contingente populacional brasileiro. em cada quilô-metro quadrado da região tem-se, em média, 3,3 habitantes enquanto que no restante do país essa proporção é de 21,4 habitantes por km2.

diversidade social: a região é a se-gunda do país em registros de rema-nescentes de quilombos, bem como é onde se concentra a maior parte da população indígena, representando 49% do total. É também onde se en-contra o maior percentual de projetos de assentamentos da reforma agrária e diversas comunidades locais, como: caiçaras, babaçueiros, jangadeiros, ribeirinhos/caboclo amazônico, ribei-rinhos/caboclo não amazônico (varjei-

ro), sertanejos/vaqueiro, pescadores artesanais, extrativistas, seringuei-ros, camponeses.

piB: em 2004, o PiB da região foi de r$ 137,9 bilhões (us$ 64,7 bilhões), o que representa 8% do PiB nacional. idH: em 2000, a região apresentava mé-dio desenvolvimento humano, com um iDh igual a 0,705.

Biodiversidade:• reúne quase 12% de toda a vida natu-

ral do planeta;• concentra 55 mil espécies de plantas

superiores (22% de todas as que exis-tem no mundo);

• 524 espécies de mamíferos; • mais de 3 mil espécies de peixes de

água doce; • entre 10 e 15 milhões de insetos (a

grande maioria ainda por ser descrita); • mais de 70 espécies de psitacíde-

os: araras, papagaios e periquitos;

Estatísticas apontam disparidades entre riqueza

de biodiversidade e indicadores sociais.Da Redação

abrangência: a amazônia é a região definida pela bacia do rio amazonas, que nasce na cordilheira dos andes e estende-se por nove países: Bolívia, Brasil, colômbia, equador, Guiana, Guiana Fran-cesa, Peru, suriname e Venezuela e onde se localiza a maior cobertura vegetal de floresta tropical, a Floresta amazônica.

Bacia Hidrográfica: tem muitos afluentes importantes tais como o rio negro, tapajós e madeira, sendo que o rio principal é o amazonas.

Temperatura: a temperatura média anual é de 28ºc.

amazônia Brasileira: sessenta por cento da amazônia está em território brasileiro, em área chamada amazônia legal , constituída por 750 municípios distribuídos em nove unidades Federa-tivas: amazonas (62), amapá (16), acre (22), roraima (15), rondônia (52), Pará

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Florestas

RX da amazônia

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• Grande variedade de ecossistemas, dentre os quais: matas de terra firme, florestas inundadas, várzeas, igapós, campos abertos e cerrados;

• Jazidas minerais de metais nobres dos mais variados tipos, acumulando recursos da ordem de us$ 1,6 trilhão.

principais ameaças à Floresta: Gri-lagem (posse ilegal de terras mediante documentos falsos), Desmatamentos, Queimadas, atividades extrativistas pre-datórias (madeireiras, pesca, caça ilegais e biopirataria), expansão da fronteira pe-cuária e agrícola (soja, principalmente, no mato Grosso) e Fiscalização insuficiente.

indicadores sociais:• Analfabetismo: entre os maiores

do Brasil, em 2005 chegava a 10,3% (maiores de 15 anos) e 13% (menores de 15 anos).

• Insegurança Alimentar: 35% da população da amazônia viviam, em

RX da amazônia

2005, em domicílios onde havia in-segurança alimentar média ou grave

• Mortalidade infantil: 25,8 crianças na região norte morrem antes de completar o primeiro ano de vida em cada grupo de mil nascidas vivas, sendo que a média brasileira é de 24,9 e da região sul é de 16,7.

• Registro Civil (Certidão de nasci-mento): o estados amazônicos ainda concentram as piores taxas, chegando a superar 40% em algumas regiões.

• Saúde: a taxa da incidência de aiDs , em 2004, subiu dez vezes, chegando a 12,4 por 100 mil habi-tantes. a amazônia responde pela quase totalidade dos casos registra-dos de malária no país. entre 2002 e 2004, o número de casos aumentou 32% e a taxa de incidência subiu 19% na região.

• Saneamento Básico: a porcentagem da população que vive em domicílios com abastecimento adequado de

Fontes de Pesquisa: conservation international, iBama, silvan, câmara dos Deputados, unicef, imazon e Datasus

água aumentou de 48%, em 1990, para 68% em 2005, contra a média de 88% no resto do Brasil. a porcenta-gem da população que vive em do-micílios com instalações adequadas de esgoto na amazônia aumentou de 33%, em 1990, para 48%, enquanto a média brasileira é de 67%, em 2005. somente na amazônia, 11,7 milhões de pessoas vivem em residências sem coleta de esgoto.

• Assassinatos Rurais: a amazônia li-dera casos de assassinatos rurais (60%) dos 386 ocorrências (1997 a 2006).

• Trabalho Escravo: a região é campeã em trabalho escravo, com 66% dos casos. só em 2006 foram libertadas 12 mil pessoas do regime escravo.

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Florestas

Respirar fundo e sentir o frescor su-ave do ar puro que vem da mata, se banhar e refrescar em seus rios e

cachoeiras, se deliciar com seus frutos e se maravilhar com a beleza de seus habitan-tes são privilégios dos brasileiros. regalias glorificadas pelos europeus que chegaram em 1500 a estas terras de muitas riquezas. mistérios escondidos dentre a imensidão, até então, infinita de enormes árvores e vegetação fechada da mata banhada pelo oceano atlântico.

mas, de quê serve os mistérios, se-não para desvendá-los? riquezas, senão para possuí-las? terras férteis, senão

o que restou do paraísoÉ preciso cuidar do que restou de um dos maiores biomas do Planeta.Da Redação

para aproveitar-se delas? Foi este o pen-samento que motivou os desbravadores desta terra e os acompanhou desde a extração do pau-brasil, da mineração, do plantio da cana-de-açúcar e do café, da expansão da pecuária e da agricultura até os dias atuais.

segundo o geógrafo, ambientalista e di-retor de mobilização da Fundação sos mata atlântica, mário mantovani, os responsá-veis pelos ciclos econômicos enxergavam a mata atlântica como algo a ser conquis-tado. e atitudes, que pareciam tão impor-tantes para a prosperidade do homem, o levaram para o caminho da escassez.

neo mondo - Junho 2009 26

MaTa aTlÂNTica

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Foi destruído mais do que o necessário“

”hoje, de toda a imensurável área de

mata atlântica que percorria o Brasil de norte ao sul no período da colonização, que ocupava 15% do território nacional, restam somente derradeiros 7%. ou seja, foi desmatado, queimado, explo-rado e urbanizado, sem manejo adequa-do, 93% da mata, o que a caracteriza como o segundo bioma mais ameaçado de extinção do Planeta, atrás somente das florestas de madagascar, no sul da África. mesmo assim, “até 30 anos atrás o governo brasileiro ainda tinha como improdutivas as áreas florestais, impulsionando, então, o desmatamen-to” - destaca mantovani.

contudo, sua magnitude permanece! e mesmo sofrendo com a imprudência, ela ainda é um dos biomas mais ricos em bio-diversidade do mundo, distribuída em fai-xas litorâneas, florestas de baixada, matas interioranas e campos de altitude. além de ser detentora de sete das nove maiores bacias hidrográficas brasileiras, responsá-

lEi da MaTa

Uma das tentativas de conter a

devastação é a Lei da Mata Atlântica,

sancionada pelo presidente Luís Inácio

Lula da Silva, no final de 2006, que

modernizou e valorizou o controle

socioambiental da Mata.

“Corrigimos aqui um erro histórico.

Antes, contávamos com o Decreto

750 para regulamentar isso de uma

forma muito embrionária e confusa,

o que possibilitou o entendimento

errado de que a Mata Atlântica seria

apenas a franja ombrófila densa.

Como resultado, tivemos a interpre-

tação criminosa dos que continua-

vam desmatando como se as áreas

não fossem Mata Atlântica (e, por-

tanto, estivessem liberadas para o

desmate, principalmente nos estados

da região Sul que se interessavam

em explorar a araucária)” – explica

Mantovani em depoimento ao bole-

tim da SOS Mata Atlântica.

Hoje, o intuito da legislação é preservar

os 7% restantes da floresta, incentivando

a criação de áreas de reserva e proteção

ambiental. “Oitenta por cento do restan-

te da Mata está nas mãos de proprietá-

rios, mas somente 20% são Unidades de

Conservação. A situação é periclitante!

Temos que restaurar e espalhar áreas

não contínuas da floresta, por meio des-

sas ações” – alerta o ambientalista.

27neo mondo - Junho 2009

veis pela distribuição de água potável para 3,4 mil municípios, em uma área onde vi-vem 62% da população brasileira, e para os mais variados setores da economia nacio-nal como a agricultura, a pesca, a indústria, o turismo e a geração de energia. Por isso, não são poucas as intenções de proteção da área existente.

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neo mondo - Junho 2009 28

A Fundação SOS Mata Atlântica rea-

liza a quarta edição do Viva a Mata

– mostra de iniciativas e projetos em

prol da Mata Atlântica, que aconte-

ce entre os dias 30 de maio e 1º de

junho, das 10 às 18h, na Marquise

do Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Com apoio da Secretaria Municipal

do Verde e do Meio Ambiente, o

evento tem como objetivo comemo-

rar o Dia Nacional da Mata Atlântica

(27 de maio), promover a troca de

informações e experiências entre os

que lutam pela conservação deste

Bioma, realimentar o movimento am-

bientalista e informar e conscientizar

a sociedade.

Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica

Viva a Mata

paNoRaMa da MaTa aTlÂNTica

Composição da MataA Mata Atlântica apresenta um con-

junto de ecossistemas interligados, for-mados por florestas Ombrófila Densa, Ombrófila Mista (mata de araucárias), Estacional Semidecidual e Estacional Decidual e os ecossistemas associados como manguezais, restingas, brejos in-terioranos, campos de altitude e ilhas costeiras e oceânicas. A relação entre os ecossistemas, caracterizada pelo trânsito de animais, o fluxo de genes da fauna e flora, forma as áreas cha-madas de transição ecológica.Fauna

A riqueza da fauna endêmica, pecu-liar da Mata Atlântica, é impressionante. Das 1711 espécies de vertebrados que vivem ali, 700 são endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis, 90 de anfíbios, 133 de peixes, além daqueles que continuam sendo catalogadas, como a rã-de-Alacatrazes e a rã-cachoeira, os pássaros tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os pei-xes Listrura boticário e o Moenkhausia bonita, e até um novo primata, o mico-leão-da-cara-preta, entre outros.

Mas se há abastança de um lado, do outro a realidade é triste. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambien-te e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Mata Atlântica abriga hoje 383 dos 633 animais ameaçados de ex-tinção no Brasil.Água

As águas da Mata Atlântica abas-tecem 70% da população dessa região, mas os rios estão assoreando. Para se ter uma idéia, hoje se gasta mais com

desassoreamento do que com sanea-mento. “Poderíamos fazer produções diferentes, usar melhor o poder do plantio da nossa terra, produziríamos muito mais” – ressalta Mantovani.Fertilidade da terraSegundo Mantovani, não há necessi-dade de abrir mais espaço na floresta para o crescimento da agricultura, é possível utilizar as áreas que já foram devastadas e estão inutilizadas. Pois, embora a vegetação original tenha sido degradada, a terra continua fértil. “Foi destruído mais do que o necessá-rio. Atualmente temos 43% dessa área de terra que pode ser aproveitada pela agricultura”. A qualidade da ter-ra é incontestável. Há países em que o eucalipto demora cerca de 50 anos para atingir um tamanho para corte, na Mata Atlântica, isso leva 5 anos. Uso sustentável

Se tivéssemos respeitado os 20% de reserva legal das propriedades, onde não é permitido o corte de vegetação, de acordo com a Lei Federal 4.771/65, hoje teríamos 17% da Mata Atlântica. Os ambientalistas defendem que hoje é possível conciliar o desenvolvimento sem destruir nossos recursos. Dentre as alternativas estão o investimento no cultivo de plantas medicinais, de espé-cies utilizadas como matérias-primas para a produção de vestimentas, co-rantes, essências de perfumes, nos in-sumos para a indústria alimentícia, ma-nejo sustentável de árvores por meio do corte seletivo para a produção de móveis certificados, no ecoturismo e no mercado de carbono.

Florestas

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29neo mondo - maio 2008

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sEsc paNTaNal

Responsabilidade socioambiental promove

desenvolvimento de região.Da Redação

neo mondo - Junho 200930

Florestas

conciliando preservaçãoe desenvolvimento

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conciliando preservaçãoe desenvolvimento

A atuação do terceiro setor, no Bra-sil, tem exemplos bem sucedidos e que mostram como é possível

atuar com ênfase na responsabilidade social e ambiental, viabilizando negócios e promovendo o desenvolvimento de re-giões e de sua população. o turismo eco-lógico tem sido defendido como um viés positivo para a preservação de áreas, sem comprometer o crescimento econômico de localidades ainda pouco urbanizadas. nes-sas regiões, existem alguns biomas e ecos-sistemas, cujo consenso mundial aponta para a necessidade de preservação. um deles é o Pantanal mato-grossense. Pois é exatamente lá que o sesc (serviço social do comércio) mantém a maior reserva Particular do Patrimônio natural do País – rPPn, sesc Pantanal, com 106.000 ha. o empreendimento surgiu em 1996, com a

aquisição de cerca de 20 fazendas, que es-tavam economicamente decadentes e que foram transformadas numa estância, que tem por objetivos a educação ambiental, a preservação da biodiversidade, a pesquisa científica e o ecoturismo. está situada nos municípios de Poconé e Barão de melgaço, na parte norte do Pantanal mato-grossen-se, entre os rios cuiabá e são lourenço.

o supervisor do sesc Pantanal, nival-do Pereira relata que essa instalação exigiu uma mobilização singular e interação com nativos, com a comunidade indígena, com pesquisadores, universidades, institutos de pesquisas e organizações não governamen-tais. Pois parece ser exatamente essa atua-ção conjunta com os demais segmentos da sociedade organizada que tem garantido a tônica da sustentabilidade ambiental. Perei-ra, disse que todo o trabalho desenvolvido

tem o comprometimento com a melhoria da qualidade de vida dos que habitam ou trabalham no entorno. Para ele, a presença do sesc ali mudou a realidade dessa comu-nidade, a começar pelos empregos. oitenta e cinco por cento do quadro de funcionários mantidos na reserva são de moradores da região, cerca de 200 vagas. “Para isso, foi ne-cessário um esforço e ações de qualificação e capacitação dessa mão-de-obra. a reserva e o hotel também geram cerca de 1000 em-pregos indiretos, incluindo-se ai os fornece-dores” - disse.

com a chegada do sesc, a comunidade ganhou também uma escola, um cinema, quadras de esportes, odontologia e inter-net social, além de cursos de informática e outros de geração de renda. tudo aberto à comunidade dos municípios de Barão de melgado e Poconé.

Todo o trabalho desenvolvido tem o comprometimento com a melhoriada qualidade de vida dos que habitam ou trabalham no entorno“ ”

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PESquiSAa pesquisa foi o primeiro passo da

implantação desse grande projeto am-biental. É através dela que ainda hoje se obtém os conhecimentos técnico-científi-cos necessários a uma gestão ecológica e sustentável. Para isto, foram estabelecidas parcerias com universidades federais, com a embrapa e com onGs em diversos estu-dos e pesquisas avançados sobre a fauna, flora, recursos hídricos, solos, clima, turis-mo, organização social, meio ambiente e educação ambiental.

EcOTuRiSmOa estância dispõe de um hotel dife-

renciado, concebido pelo desejo de realizar e demonstrar a viabilidade de empreendi-mentos ambientalmente corretos. rece-be majoritariamente os trabalhadores do comércio (associados do sesc), e também escolas, pesquisadores e visitantes.

um variado cardápio de atividades ecológicas que incluem passeios diurnos e noturnos de barco, caminhadas em tri-lhas, cavalgadas, visitas ao borboletário e ao formigueiro de saúvas em atividade, preenchem os olhos e os dias dos hóspe-des. os passeios variam conforme a época de vazantes ou cheias, quando muitas áre-as sofrem transformações e proporcionam roteiros alternativos.

as atividades asseguram experiências de contemplação e observação da nature-za em toda sua exuberância. aves como araras, tuiuiú, pelicanos, garças brancas, cabeça-secas e colhereiros, além dos baru-lhentos bugios (macacos, que apresentam uma curiosidade, os machos têm pelagem escura e as fêmeas pêlos claros, são loiras como brincam os guias), jacarés, capivaras, sapos podem ser vistos em seus habitats.

uma dica de programação é o alvo-recer: o passeio começa antes do nascer do sol, com saída do hotel às 04h30min da manhã, ainda escuro. os visitantes se-

guem por quase uma hora de barco pelo rio cuiabá, ouvindo apenas os sons que vêm da mata com o despertar de seus ha-bitantes, enquanto aguardam a deslum-brante aurora pantaneira, um verdadeiro espetáculo. imperdível e inesquecível.

Já no passeio noturno é possível obser-var os olhos dos jacarés brilhando no escu-ro e por vezes, passando bem próximo aos barcos. Famílias inteiras de capivaras nas praias ou nadando. cardeais, maguaris, bi-guatingas, urupapás (aves mais avistadas). o passeio possibilita ainda conhecer as flores que só abrem e exalam perfume à noite, como a Viuviu e a ninféia.

PROJETO bORbOLETÁRiOcriado com o intuito de sensibilização

ambiental, o Borboletário é composto de um viveiro de visitação, um laboratório para criação de larvas, um criadouro (ou berçário), um horto para a criação de plan-tas e um viveiro de visitação. este último é a grande atração do complexo, uma es-trutura em forma circular e hemisférica, com 300 metros quadrados e nove metros de altura, protegida por uma tela especial. lá dentro, num jardim com cascata e ban-cos de praça, o visitante pode apreciar até 1500 borboletas de várias espécies.

esse projeto apresenta ainda uma di-mensão social importante. o sesc disse-minou a técnica de criação de borboletas entre a população local, que se organizou em uma associação, a acBP – associação de criadores de Borboletas de Poconé, for-mada por 27 famílias. o sesc hoje compra dessa entidade as borboletas, que se trans-formaram em fonte adicional de renda para os moradores envolvidos. o forneci-mento está se expandindo para outras ins-tituições, inclusive fora do estado. os ovos das borboletas continuam a ser fornecidos pelo próprio sesc que os coleta nas folhas das plantas existentes no Borboletário.

Florestas

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neo mondo - setembro 2008 a

A gota d’água

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neo mondo - Junho 200934

Água

A Água Nossa de

A água que consumimos diariamentesegue um longo caminho até chegaràs nossas torneiras. Confira esses passos.Da Redação

não resta dúvida que a água é um dos bens mais preciosos da huma-nidade, mas é exatamente quan-

do nos falta na torneira, que percebemos sua importância e o quanto dependemos desse líquido. mas até chegar aos nossos chuveiros, torneiras, mangueiras e des-cargas, percorre um longo caminho. toda água fornecida a população é tratada e po-tabilizada. conforme a companhia de sa-neamento Básico do estado de são Paulo - sabesp, a captação pode ocorrer em rios, poços ou mananciais (represas).

o tratamento de água em todo o mun-do segue um processo convencional, com pequenas alterações, que variam conforme a qualidade da água captada.

caDa Dia

RepresaCaptação ou

Bombeamento

Sulfato de Alumínio, Cal e Cloro

Floculação Decantação Filtração

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1. A água é captada e bombeada para as estações de tratamento, conhecidas como ETAS.2. Na estação de tratamento ela recebe a adição de cloro, para facilitar a retirada de matéria orgânica e metais. (Pré-cloração)3. Em seguida recebe cal ou soda, que permite o ajuste do PH, necessários às fases seguintes do tratamento. (Pré-alcalinização)4. A água ganha agora o sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outro coagu-lante. Nessa fase, passa por um processo de agitação violenta para provocar a desestabilização elétrica das partículas de sujeira. Isso auxiliará sua agregação. (Coagulação)5. Passa então, por uma mistura lenta, que formará os flocos com as partículas. (Floculação)6. O líquido segue para grandes tanques onde permanecerá para decantação dos flocos de sujeira. (Decantação)7. De lá, a água segue para tanques que contêm leito de pedras, areia e carvão antracito, para retenção de alguma sujei-ra que tenha passado. (Filtração)8. Novo processo para correção final do PH da água, evitando problemas de corrosão ou incrustação das tubulações. (Pós-alcalinização).9. Novamente é adicionado cloro à água, antes de sua saída da ETA, garantindo assim um teor residual e a garantia de que a água irá chegar isenta de bactérias e vírus.10. Por fim, a nossa água de todo dia recebe flúor, que auxilia na prevenção de cáries.

Dessa forma, a água potável, clorada e fluore-tada chega às nossas casas e muitas vezes, é desperdiçada com torneiras abertas, lavagem de calçadas, vazamentos e todo tipo de mau uso possível. Um bem tão precioso deveria ser utilizado racionalmente.

BASICAMENTE, A ÁGUA PERCORRE

O SEGUINTE TRAJETO ATÉ CHEGAR

àS CASAS:

Cloro Flúor

DistribuçãoReservatório

35neo mondo - Junho 2009

Filtração

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Água

O que é feito com a água servida?Da Redação

A sociedade atual vem despertando para as questões de sustentabili-dade do planeta, o que tem gera-

do discussões, estudos e ações sobre pre-servação dos recursos naturais. a água é um dos temas, bastante propagados, sobretudo no tocante ao consumo. Quan-do pensamos em água, imaginamos logo aquele líquido cristalino presente nas tor-

neiras, nos rios ou até nos mares. mas o que acontece com a água depois de utili-zada? sim, porque cada gota de água que consumimos ou que utilizamos vai para algum lugar. estima-se que os brasileiros produzam 32 milhões de metros cúbicos de esgoto por dia. conforme números do sistema nacional de informações sobre saneamento, do ministério das cidades, apenas 25% desse esgoto é tratado an-tes de ser descartado. isso demonstra o tamanho do desafio ambiental que essa questão representa para o país.

o saneamento básico, que é o nome dado ao conjunto de ações que engloba a captação, tratamento e distribuição de

água, coleta e tratamento de esgoto, bem como sua disposição final é realizado por empresas públicas e privadas. até 2010, o governo deverá investir r$ 40 bilhões em obras de saneamento. esses inves-timentos precisam ser cumpridos para que o país alcance a meta estabelecida pela onu nos objetivos de Desenvolvi-mento do milênio.

MaioR pRoJETo dE saNEaMENTo EM EXpaNsão

um dos maiores projetos de sanea-mento e recuperação ambiental em anda-mento no Brasil é o onda limpa, desen-

soluções ambientais

pB

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soluções ambientais

pB

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volvido pelo Governo do estado de são Paulo, através da sabesp, na região me-tropolitana da Baixada santista (rmBs). as obras que foram iniciadas em maio do ano passado deverão estar concluídas em 2011. De acordo com o superintendente da unidade de negócios da Baixada san-tista, reinaldo Young, o programa visa au-mentar os índices de coleta de esgoto da região, de 53% para 95% e o de tratamento de esgoto para 100% até 2011. são previs-tos investimentos de r$ 1,23 bilhão, sen-do r$ 1,04 bilhão em empreendimentos de coleta e tratamento de esgotos e r$ 187 milhões em aprimoramento de água, com o financiamento do Japan Bank internatio-

pB

Reynaldo Young, Superintendente da Sabesp, na Baixada Santista

nal cooperation (JBic) e a contrapartida da sabesp e do BnDes.

serão instalados 1.175 km de redes coletoras, coletores-tronco, intercepto-res e emissários; 120.424 mil ligações domiciliares; 101 estações elevatórias de esgoto; 7 estações de tratamento de es-gotos e emissários submarinos de santos e Praia Grande, beneficiando uma popula-ção de 1,6 milhão de habitantes (residen-tes) e 1,35 milhão de pessoas em período de alta temporada e que nos momentos de pico chega a alcançar 2,95 milhões. o onda limpa prevê ainda a ampliação do emissário submarino de santos, numa complexa operação que envolverá mer-

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neo mondo - Junho 2009

Àgua

38

ETEs Capacidade ETAs (L/s)ABC 13Barueri 3São Miguel 12Suzano -Parque Novo Mundo 20Total 48

capacidade de produção para Venda do produto

pB

Cidade

Rede de Distribuição Esgotos

Grades

Decantador

Rio

Represa

ReservatórioCaptação

FloculaçãoDecantação

Filtração

ciclo do saneamento

Tubulação que será utilizada na ampliação do emissário submarino

a distribuição acontece através tu-bulações ou por caminhões-pipas, de-pendendo da demanda, utilização e pro-jeto apresentado.

são tratados em são Paulo, 16 mil li-tros de esgoto por segundo. apenas 1% está sendo utilizado como água de reúso. conforme explicou a analista eliane ro-drigues de almeida Florio, do Departa-mento de Planejamento, controladoria e Desenvolvimento operacional, da sa-besp, teoricamente, todo esgoto tratado poderia ser disponibilizado como água de reúso. É evidente que esse forneci-mento teria que ser estruturado confor-me a demanda e especificações de uso. “acredito que a prática do reúso da água é irreversível e uma das melhores solu-ções ambientais” – disse ela.

atualmente, são fornecidas na região metropolitana de são Paulo, 1,08 milhão/m3/ano (dados 2008) de água de reúso para usos não-potáveis.

também é um litro a mais de água potável destinada para uso mais nobre: o consumo humano. cabe lembrar que fazemos parte de uma população que dá descarga, lava o carro e o quintal com água potável.

a água de reúso, atualmente produzi-da e disponibilizada dentro das estações de tratamento de esgotos, pode ser utiliza-da para lavagem de ruas e pátios, irrigação e rega de áreas verdes, desobstrução de rede de esgotos, assentamento de poeira em canteiros de obra e cura de concreto. ela não pode ser utilizada para consumo, nem para banhos, nem para agricultura de produtos de consumo direto (ex: ervas, verduras ou frutas).

os municípios de são Paulo, são caetano, Diadema, carapicuíba e Barueri já utilizam o produto para lavagem das vias públicas e de-sobstrução de galerias pluviais. empresas do setor petroquímico, têxtil, construção civil e demais segmentos industriais já fazem uso dessa água em seus processos.

gulhadores, helicópteros, embarcações e que interromperá o trânsito do maior Porto da américa latina, o de santos, durante a operação que transportará uma tubulação de quase mil toneladas e 425 metros, que será acoplada à tubulação já existente sob o mar.

pRoGRaMa REÚso dE ÁGUa

a sabesp, a exemplo do que fazem pa-íses desenvolvidos, implantou o Programa reúso de Água, que vem sendo, a cada dia, mais adotado por indústrias e alguns condo-mínios privados. os objetivos são: proteção da saúde pública, manutenção da integri-dade dos ecossistemas e uso sustentado da água. a conta é simples, cada litro de água de reúso é um litro a menos de água captada.

cUsTos

os preços atuais (a partir de 11/09/08) são de r$ 0,48/m³ para empresas públicas e r$ 0,81/m³ para empresas privadas e são reajustados de acordo com a política tarifária da sabesp. Projetos customizados para fornecimento via rede têm seus pre-ços determinados de acordo com as carac-terísticas de cada contrato.

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pB pB

• Permite o reúso da água sem

lâmpada ultravioleta;

• Consome pouca energia;

• Permite ligação no pluvial;

• Um jardim ornamental;

• Exige mínima manutenção e operação;

• É supersilenciosa;

• Inibe mau cheiro.

VaNTaGENs

Fonte: Agência FAPESP.

TEcNoloGia social

39 neo mondo - Junho 2009

lha a um jardim comum. o mecanismo tem sido utilizado por empresas, residên-cias e universidades de Goiânia.

Estação de Tratamento de Esgoto assemelha-se a um jardim Esgoto após tratamento por plantas.

plaNTas No TRaTaMENTo dE EsGoTo

um tratamento de esgoto com utiliza-ção de plantas tem se mostrado um eficiente método alternativo para recuperação de água servidas. chamado sistema Zona de raízes é um tratamento primário que funciona como um decantador com três câmaras e um filtro anaeróbico. a decantação primária remove os sólidos em suspensão de maior dimensão. em seguida, o efluente é conduzido para o filtro biológico (tratamento secundário) por gravidade, por meio de uma canalização de PVc de 100 mm de diâmetro. o líquido que passou pelo meio filtrante vai até o poço de sucção e é bombeado para o tratamento final: o canteiro de juncos – “ Zona de raízes “.

conforme explicou stephan Posch, diretor da aDescan - agencia de De-senvolvimento econômico e social de caldas novas, o sistema tem sido utiliza-do para tratamento de esgoto doméstico e efluente industrial (após análise). são utilizadas plantas da família de juncos, como por exemplo, a taboa e também bambu e plantas ornamentais. as plantas oxigenam o efluente e permitem a limpe-za do esgoto. a água limpa por essa téc-nica pode ser utilizada para irrigação de jardins, descarga de vaso sanitário ou ser descartada sem riscos de contaminação. o melhor é que tem baixo custo, exige uma operação menor que o tratamento tradicional, reaproveita a água utilizada e a estação de tratamento ainda se asseme-

Uma pesquisa divulgada pela Agência FAPESP mostra que cientistas irlandeses es-tão utilizando a nanotecnologia para apri-morar um método de baixo custo para a desinfecção da água por meio da luz solar. Segundo a matéria, de autoria de Fábio de Castro, os estudos coordenados por Patrick Dunlop, professor da Escola de Engenha-ria da Universidade de Ulster, na Irlanda do Norte, buscam desenvolver fotocatali-sadores nanoestruturados para aplicação em um equipamento de baixo custo que possa utilizar a energia solar para purificar a água em regiões carentes. O método

é muito simples e consiste em depositar água em garrafas PET, que são colocadas sob o sol por um período de cerca de 6 horas, normalmente sobre os telhados das casas, antes do consumo. O projeto é reali-zado em diversos países da África, Sudeste Asiático e América Central, além de Peru, Equador, Bolívia e Brasil, onde foi implan-tado na comunidade de Prainha do Canto Verde, na região de Fortaleza (CE). Estu-dos mostraram que crianças com menos de 6 anos que utilizaram água submetida à desinfecção solar tiveram sete vezes menos probabilidade de contrair cólera. Por outro

lado, alguns patógenos ainda são resisten-tes e há problemas para garantir a quali-dade e as condições da garrafa. Por isso mesmo, o grupo coordenado por Dunlop desenvolveu protótipos de equipamentos que utilizam fotocatalisadores para acele-rar a desinfecção da água, com a intenção de substituir as garrafas PET por um reator de fluxo contínuo que está sendo desen-volvido na Espanha. Depois de uma análise de custo, esses aparelhos, em formato por-tátil, serão testados em comunidades afri-canas em 2009, aumentando a eficiência e a segurança do processo.

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Àgua

A o contrário do que se pensa em um primeiro momento, é possí-vel sim produzir água. isso pode

ser feito devolvendo ao solo a capacidade de recuperar a água das chuvas, de forma que estas retornem aos aquíferos, bolsões subterrâneos, onde está concentrada boa parte da água doce do planeta.

atualmente, uma das principais di-ficuldades encontradas para esta reposi-ção natural é o tratamento inadequado do solo para utilização na agricultura e pecuária. a impermeabilização usada em muitas plantações e pastos acaba se transformando em uma barreira para que as águas das chuvas voltem ao subsolo. outro fator que prejudica o equilíbrio hidrológico é o desmatamento. as flo-restas funcionam como “esponjas gigan-tes” absorvendo água durante o período das chuvas e soltando-a no período da

Facilitar a reposição das águas nos aquíferos e preservar as florestas são ações imprescindíveis para defesa da água.Da Redação

podemos sim, produzir ÁgUA!

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podemos sim, produzir ÁgUA!

neo mondo - Junho 2009 41

Ecossistemas florestais e de montanha são os principais responsáveis pelo

fornecimento de água doce no mundo“

”seca. elas também são responsáveis pelo umedecimento do solo, abastecimento das nascentes e dos rios e pela qualidade dos cursos d’água, pois reduzem sedimentos e filtram poluentes.

Para combater o problema, instâncias do poder público em parceria com onGs têm promovido programas de incentivo à adoção de práticas de conservação do solo por parte de produtores rurais.

em âmbito nacional, a ana (agência nacional das Águas) criou o Programa Pro-dutor de água que visa melhorar a qualidade e a quantidade de água em áreas rurais das sub-bacias, onde há mananciais de abas-tecimento, fornecendo apoio técnico e fi-nanceiro para iniciativas de conservação de solo, recuperação e proteção de nascentes, reflorestamento de áreas de preservação permanente (aPPs), saneamento ambiental e o pagamento de incentivos aos produtores que comprovadamente contribuírem para a proteção e recuperação de mananciais.

“os pagamentos são feitos durante ou após a implantação de um projeto específi-co, previamente aprovado, e cobrem total ou parcialmente os custos da prática im-plantada, dependendo de sua eficácia de abatimento da poluição difusa. Para tanto,

contratos são celebrados entre os agentes financiadores e os produtores participan-tes”, explicou Devanir dos santos, gerente de conservação de Água e solo da ana.

segundo ele, os recursos utilizados para pagamento dos produtores rurais vêm da cobrança pelo uso da água, instituída pela lei 9.433/97, conhecida como lei das Águas.

Por enquanto, apenas duas bacias hidro-gráficas federais estão realizando esta cobran-ça - a bacia do Piracicaba, capivari e Jundiaí (PcJ) em são Paulo e minas Gerais e a bacia do Paraíba do sul em são Paulo, minas Gerais e rio de Janeiro. a nível estadual, várias outras bacias já iniciaram a coleta do recurso.

o caso de Extremacriador da primeira lei municipal bra-

sileira de sistemas Psa (Pagamento por serviços ambientais), baseada no concei-to do protetor-recebedor, o município de extrema, em minas Gerais, um dos quatro mineiros que fazem parte da Bacia do PcJ e um dos principais contribuintes do sistema cantareira, vem compensando financeira-mente os produtores rurais que participam do projeto, por ações ligadas à restauração e conservação florestal, conservação do solo e saneamento rural nas suas propriedades.

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neo mondo - Junho 2009

“o principal resultado do projeto é colocar em prática o conceito de Paga-mento por serviços ambientais, um con-ceito que internaliza no nosso sistema econômico custos que até então andavam à margem: o lucro do poluidor em cima dos que são obrigados a conviver com a poluição e o prejuízo dos conservadores para manter a qualidade ambiental para toda a sociedade”, analisou aurélio Pa-dovezi, assistente de conservação do Pro-grama de conservação mata atlântica da onG the nature conservancy (tnc), um dos parceiros do Programa de extrema. Para identificar os pontos estratégicos a serem conservados na cidade, a Prefeitura desenvolveu um sistema de informações geográficas baseado em imagens de saté-lite e num banco de dados digital, o qual possibilita identificar espacialmente as propriedades rurais, bem como seus respectivos usos de solo, auxiliando no desenvolvimento e no monitoramen-to dos projetos e na definição dos valores para o Psa. esses estudos deixaram aparente a necessidade da restauração florestal nas margens dos rios, nascen-tes e topos de morro, o saneamento ambiental e ações de conservação do solo.

“além da redução da erosão e aumento da infiltração, também estão previstos no projeto a construção de fossas sépticas, recu-peração das aPP’s (matas ciliares e topos de morro) e o incentivo à manutenção das áreas hoje vegetadas, as quais, a partir da constru-ção de barragens na região, passaram a ser

ameaçadas pela pressão imobiliária”, acres-centou Devanir dos santos, da ana.

a área do projeto engloba 4.000 hec-tares nas cidades de extrema, Joanópolis e nazaré Paulista. até a sua conclusão, a previsão é que sejam plantadas 300.000 mudas de árvores nativas e cercados 1.000 ha de áreas de preservação permanente ou de florestas existentes.

a microbacia das Posses foi a pri-meira a ser recuperada e a fazer o Psa. segundo dados da tnc, foram re-alizados 38 contratos até dezembro de 2008 e cerca de 100.000 mudas foram plantadas nas Áreas de Preservação Per-manente (aPP) e em outras propriedades não beneficiadas pelo Psa. o pagamen-to em 2008 foi de r$ 159,00 por hectare ano, considerando a área da propriedade como um todo. no total e até 2008, já foram investidos pelos parceiros cerca de r$ 1,2 milhões.

“o sucesso alcançado pelo Programa tem despertado o interesse dos estados e municípios na sua aplicação e são inúme-ras as propostas de parceria apresentadas à ana”, informou Devanir.

no momento, a ana está desenvol-vendo estudos para implementação do Programa na bacia hidrográfica do Pipiri-pau, importante manancial de abasteci-mento do Distrito Federal, e conta com a parceria da aDasa, caesB, the nature conservancy, universidade Federal de Brasília, Fundação Banco do Brasil, Banco do Brasil e emater DF.

Produtores rurais atuam na preservação da área em que atuam e recebem pagamento

Àgua

Extrema, em Minas Gerais, é referência no sistema de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)

Proteção da mata ciliar é uma das propostas do projeto Produtor de Águas

aurélio Padovezi - tnc

Fotos: aurélio Padovezi - tnc

42

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43 neo mondo - Junho 2009

Um dado é sempre usado para defender a autosuficiência brasileira no abastecimento de água: o país detém 11,6% da água doce superfi-cial do mundo.

A oferta é mesmo grande, mas a ocupação populacional não seguiu a ló-gica da distribuição dos recursos: 70% da população brasileira vive na área da Mata Atlântica, uma concentração que sobrecarrega o sistema hídrico.

“A água não é uma carência do país, a região com maior escassez é o sertão nordestino. Por outro lado, grandes centros urbanos, como a região metropolitana de São Paulo, tem gigantesco consumo, mas tra-tam mal seus mananciais como a represa de Guarapiranga que, por conta da ocupação desordenada de suas margens, ameaça desabastecer a metrópole”, comentou Marcelo

Ribeiro de Carvalho, geógrafo for-mado pela USP (Universidade de São Paulo) e professor de Geografia do Anglo Vestibulares.

Para o professor, não adianta ter toda esta água disponível se não há uma distribuição e cuidados adequa-dos, já que água, uma vez contamina-da, deixa de ser um recurso renovável.

Recurso é distribuído por meio de bacias hidrográficas

Bacia hidrográfica é o conjunto de terras que fazem a drenagem das águas das precipitações até o curso da água, que geralmente é um rio.

No Brasil, são oito principais: Ba-cia Amazônica, Bacia do Araguaia-To-cantins, Bacia do rio Paraíba, Bacia do rio São Francisco, Bacia do rio Paraná, Bacia do rio Paraguai, Bacia do rio Pa-raíba do Sul e Bacia do rio Uruguai.

aBUNdaNTE, Mas Não iNFiNiTa

Brasil é reconhecidamente bem servido de recursos hídricos, mas pode passar por problemas nas áreas mais populosas

Fonte: Ministério dos Transportes

A maior, não só no âmbito do Brasil como também do mundo, é a Amazô-nica, com área de drenagem da ordem de 6 x 106 km² prolongando-se dos Andes até o Oceano Atlântico. Ocupa cerca de 42% da superfície brasileira, estendendo-se além da fronteira da Venezuela à Bolívia.

Para gerir todas essas bacias, o Sis-tema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) determi-nou os Comitês de Bacias Hidrográfi-cas, órgãos colegiados compostos por representantes do poder público, dos usuários das águas e das organizações da sociedade com ações na área de recursos hídricos. “É um instrumento democrático, pois o simples cidadão pode intervir no que se refere à bacia hidrográfica de onde mora”, opinou o presidente da ONG Universidade da Água, Gilmar Altamirano.

Mapa das Bacias HidRoGRÁFicas

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Água

neo mondo - Junho 200944

O Brasil pode tornar-se autossufi-ciente na produção de pescado, desde que se mudem a menta-

lidade e a prática no País. É nesta linha que atua a secretaria especial de aqui-cultura e Pesca (seap), criada em 2003, e que pode virar ministério, de fato, me-diante projeto de lei. a tentativa de criar o ministério da Pesca por medida provi-sória encontrou resistência política.

o que o governo federal preten-de é efetivar a gestão compartilhada com base no tripé desenvolvimento da produção, com inclusão social e

respeito ao meio ambiente. Quem ex-plica é o engenheiro de Pesca, João Felipe nogueira matias, diretor de De-senvolvimento da aquicultura da seap. Felipe matias distingue as duas verten-tes, que correm lado a lado: pesca é cap-tura; aquicultura é cultivo. na área que dirige privilegia-se o fomento, esclarece. um dos desafios do governo é tratar o potencial pesqueiro do País, minimizan-do os efeitos da “sobrepesca”.

com mestrado em aquicultura, prestes a concluir doutorado, além de mBa em Gestão, o especialista acen-

tua que aquicultura é fomento, dife-rentemente de produção aumentada pura e simplesmente.

poTENcial sUBdiMENsioNado com 8,5 mil km de costa marítima,

sem falar nos 5,5 milhões de hecta-res de lâmina d´água de reservatórios de hidrelétricas, com clima favorável e uma diversidade de espécies (são 3 mil só em água doce, ou 30% dos pei-xes existentes no mundo), o potencial pesqueiro no Brasil ainda está subdi-mensionado, acredita. “temos cerca

Desafiospela frente

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Desafios

Evolução da atividade pesqueira (Aquicultura + Pesca)

2004 - 1,015 milhão de toneladas

2006 - 1,050 milhão de toneladas

2007 - 1,090 milhão de toneladasFonte: Ibama/Seap

neo mondo - Junho 2009 45

de 600 mil pescadores, basicamente artesanais, e 100 mil aquicultores. es-tes 700 mil, diretamente envolvidos, se multiplicados na média familiar de 5 pessoas, representam 3,5 milhões de-pendentes da atividade.”

em convênio com o ibama, a seap apu-rou que, em 2006, foram comercializadas no País mais de 1 milhão de toneladas por ano, a um preço médio de r$ 3 o quilo. o que permite projetar um faturamento de r$ 3,5 bilhões ao ano. ou seja, potencial o Brasil tem. trata-se de ordená-lo ou, se preferir, reordenar a atividade.

Para 2011, Felipe matias prevê ser possível atingir a autossuficiência do mercado interno de peixes, quando se deve passar dos atuais 7 quilos por habi-tante para 9 kg/habitante.

a seap considera importantes as parcerias interministeriais - notadamen-te com os ministérios do meio ambien-te, da integração, do Desenvolvimento social -, no sentido da cooperação para conseguir atingir as metas do segmento, em que se destaca o desenvolvimento da aquicultura familiar, para garantir a democratização do acesso de pessoas ao

mercado com renda entre r$ 1 mil e r$ 1,2 mil. Felipe matias lembra que o que é feito no Brasil despertou interesse de participantes no Fórum ibero-america-no e no congresso mundial, em 2007.

Não basta ensinar a pescar; é preciso cultivar o peixe. Da Redação

pela frente

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Àgua

“”

Que nossas autoridades olhemcom mais carinho para nossospescadores em certos projetos

Felipe Matias, da Seap: gestão comparti-lhada permite avanços

neo mondo - Junho 200946

BRasil à dERiVa? o relatório À deriva - um panorama

dos mares brasileiros, do Greenpeace, não se limita a apontar problemas ou en-fatizar suas críticas ao modelo de gestão, ao apontar sobreposição de atribuições, mas apresenta soluções para vencer os desafios que se colocam.

a onG é clara ao dizer, logo na in-trodução, a que veio com o relatório À deriva: “ se considerarmos que a ativi-dade pesqueira marinha, no Brasil, gera 800 mil empregos e é responsável pela sobrevivência de 4 milhões de pessoas, a falta de governança na gestão pública e o descaso na fiscalização assumem ares ainda mais graves. a queda da produção pesqueira pode, também, causar impac-tos negativos na dieta alimentar do bra-sileiro, e a redução da biodiversidade de nossos mares constitui uma perda ines-timável para a ciência e para o próprio ecossistema marinho, ameaçando seu equilíbrio natural”.

o relatório pode ser acessado na ínte-gra em www.greenpeace.org.br

Mais qUE pRiNcEsiNHa do MaR copacabana, cartão postal do rio de

Janeiro, cantada como a princesinha do mar, vai além. Que o digam os pouco mais de 1 mil pescadores das quase 800 famílias que compõem a colônia Z-13 no Posto 6.

Kátia Janine, presidente do grupo, diz que, por ficar numa área urbana, “sufocados por prédios, clubes, áre-as militares e olhares especuladores, resistimos com muita garra”. isto se deve a uma estrutura mais moderna que conseguiram formar, desde a fun-dação em 29 de junho de 1923. na verdade, lembra, a colônia é do tempo dos índios.

a rotina ali não difere muito da de outras colônias: “o pescador sai entre 5 e 6 horas da manhã, para retirar a rede, e retorna por volta das 8, 9 horas para vender o pescado. alguns fazem a pesca de linha, sem precisar de horário regular para isso. como nossas águas estão muito poluídas, temos núcleos que fazem a despoluição, retirando li-xos de superfícies”.

Kátia cita os shows culturais que rea-lizam na sede, na avenida atlântica, sem abrir mão da festa de são Pedro, sempre no dia 29 de junho, para manter a colô-nia com visibilidade.

a presidente da Z-13 faz apelos às autoridades. apesar de reconhecer - ou até mesmo por isso - a importância de

organismos como o cnrh e o ministé-rio da Pesca, os pescadores querem ser atendidos com mais frequência, e não apenas duas vezes por semana. “e que olhem com muito carinho para o pes-cador quando aceitarem projetos como os da Petrobrás, empresas de minérios e outras. Que pelo menos façam pro-jetos sociais com nossos pescadores, pois são os mais prejudicados com es-ses projetos”.

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neo mondo - setembro 2008 a

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Nova e promissora

Água

agência Petrobras de notícias

FRonTEIRA

Equipamento de última geração no fim de fevereiro, a Petrobrás co-

locou em operação um equipamento de última geração, o iBm Power 6. um super-computador de quase 3 toneladas, “com alta capacidade de processamento, para simular o desenvolvimento da produção em reservatórios de petróleo, a ser aplica-do nas acumulações da camada pré-sal da Bacia de santos”. novidade que faz parte da estratégia da empresa que, no caso, simula a drenagem ideal de um campo. “são considerados, entre outros dados, o número de poços produtores e injetores

todas “promissoras”, ressalta a Ge-

rência de imprensa em entrevista à neo

Mondo. com o esclarecimento: “não há

números definidos ainda sobre a quanti-

dade dessas reservas. mas há expectativa

de serem 14 bilhões de barris, o que faria

dobrar as reservas brasileiras”. sem pro-

blemas quanto a investimentos, que estão

garantidos: “são us$ 174 bilhões de 2009 a

2013, como parte de um plano de negócios

definidos pela Diretoria da companhia,

aprovado pela Presidência da república e

ministério das minas e energia”.

A Petrobrás faz da tecnologia e do empenho de seus profissionais o cajado que lhe permitirá abrir

águas profundas e levar o Brasil à terra prometida entre os maiores produtores de petróleo do mundo.

atingida a autossuficiência em 2006, com 1,8 milhão de barris/dia, a empre-sa depara-se nos próximos anos com a tarefa de vencer o desafio de viabilizar a exploração das reservas identificadas inicialmente nas camadas pré-sal nas bacias de santos (sP), campos (rJ) e es-pírito santo.

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Nova e promissora

Supercomputador integra a estratégia de exploração da Petrobrás.

Da Redação

neo mondo - Junho 2009 49

FRonTEIRA

que deverão ser perfurados, sua posição no campo e geometria (vertical, horizon-tal ou direcional)”, explica a Gerência de imprensa. entre as principais vantagens dessa inovação tecnológica está o aumen-to da velocidade no processamento das in-formações geradas no processo produtivo.

Desenvolver tecnologias inovadoras e preparar profissionais capacitados a li-dar com desafios cada vez maiores é uma constante na história da Petrobrás e, ao confirmar a presença de petróleo no pré-sal santista, abriu-se para a empresa uma nova e promissora fronteira. * Todos na Bacia de Campos (RJ) / Fonte: Gerência de Imprensa/Petrobrás

é perfurado o primeiro poço em Lobato (BA)

início de produção do primeiro poço marítimo em Guaricema (SE), a 60 m

descoberta de petróleo na Bacia de Campos (RJ) dá início à era da exploração em águas profundas, com sucessivos recordes mundiais de profundidade - começa a curva de crescimento

vencida a barreira de 500 m, no campo de Albacora*

início da operação no campo de Marlim Sul*, a mais de 1,7 mil m

produção atinge a marca de 1,8 mil m, no campo de Roncador*

descoberta de óleo leve, no campo de Uruguá, a 300 km da costa santista e 1,3 mil m; chegada à camada pré-sal, em Santos, a 6,9 mil m

confirmada a presença de petróleo na camada pré-sal santista

iniciam-se os trabalhos de estudos e pesquisas para avaliar o potencial das reservas

começo do teste de longa duração

1939

1969

1974

1987

1997

2000

2005

2006

2007

2009

Evolução da produção petrolífera no país

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Ganhos econômicos e tecnológicos celso Kazuyuki morooka, professor

titular da Faculdade de engenharia me-cânica e chefe do Departamento de en-genharia de Petróleo da universidade estadual de campinas (unicamp), é entu-siasta da primeira descoberta brasileira, anunciada no campo de tupi. “se as ex-pectativas forem comprovadas, as reser-vas nacionais poderão se multiplicar na ordem de 5 vezes”, avalia.

engenheiro pela escola Politécnica da usP, com mestrado na Yokohama national university e doutorado na uni-versity of tokyo, morooka acredita em ganhos econômicos e tecnológicos sig-nificativos, bem como científicos. “Pela oportunidade da produção de mais pe-tróleo e gás e pelo fato de essa produção necessitar do desenvolvimento de siste-mas de perfuração”, diz.

com sua experiência em pesquisa e desenvolvimento de projetos em sistemas marítimos na produção de petróleo e gás, tubulações marítimas de escoamento de petróleo (risers), plataformas flutuantes, poços marítimos de óleo e gás, ondas e correnteza, o professor doutor explica:

“as descobertas do pré-sal são campos (reservatórios) marítimos de petróleo em uma área litorânea que se estende aproxi-madamente do espírito santo a santa ca-

tarina. a perfuração far-se-á não somente em lâminas d´água ultraprofundas (acima de 2 mil m), mas também em camadas de subsolo muito profundas (mais de 5 mil m)”. o que implica em contar com navios e plataformas flutuantes de perfuração e produção, equipamentos submarinos e tu-bulações de escoamento de óleo e gás (ri-sers) que permitam a operação em lâmina d´água de grande profundidade.

morooka lembra que a importância capital da tecnologia é constante e não poderia ser diferente em setor tão estra-tégico. “novos laboratórios experimentais também serão fundamentais para a com-provação e a compreensão de fenômenos observados na prática, com a finalidade de aprimoramento e desenvolvimento das técnicas de projeto e práticas opera-cionais, assim como para o desenvolvi-mento de novas tecnologias e soluções. nesse sentido, a unicamp, assim como as universidades nacionais, planeja a construção desses laboratórios, além de constituir centros capacitados para simu-lações numéricas de alto desempenho e supercomputação”, afirma.

Estudos e parcerias a Gerência de imprensa da Petro-

brás vê como decisivos os próximos passos, quando a empresa dedicar-se-á

a muito estudo e pesquisa, em que serão fundamentais as parcerias com Partex, Galp energia, repsol-YPF, shell e BG no trabalho nos blocos exploratórios da Bacia de santos, na área de tupi.

“concluído o teste de longa duração, a Petrobrás pretende iniciar a produção de tupi no final de 2010, num projeto piloto com capacidade de 100 mil barris/dia e 3,5 milhões de m3 de gás. em todas as eta-pas, a empresa vai - com seus parceiros, a indústria e a comunidade acadêmica - aplicar toda a sua experiência no desen-volvimento de soluções tecnológicas e de logística que permitam dar início à produ-ção do pré-sal”, afirma.

sem descuidar dos impactos ambien-tais na exploração dessas jazidas: “nos de-safios tecnológicos para explorar petróleo em águas ultraprofundas estão embutidas as preocupações ambientais, dado o ine-ditismo da operação. elas dizem respeito não só à exploração mas também ao trans-porte do petróleo para o continente, onde será refinado”, garante.

morooka, que é também pesquisa-dor do centro de estudos do Petróleo (cepetro) da unicamp, não vê maiores riscos ambientais na exploração do pré-sal, além dos eventuais nas atividades de prospecção e produção que se desenvol-vem no momento.

agência Petrobras de notícias

Petrobrás aposta em sua tecnologia e empenho dos seus profissionais para vencer desafios

A plataforma P-53, no campo de Marlim Leste, Bacia de Cam-pos (RJ) - ancorada em local onde a profundidade d´água é de 1,08 mil m e a 120 km da costa -, será interligada a 21 poços, sendo 13 produtores de petróleo e gás e 8 injetores de água

agência Petrobras de notícias

Àgua

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mundial com o mar, que oferece riquezas estratégicas à sobrevivência das nações, além de 95% do comércio internacional realizar-se através do transporte marí-timo. atente-se, ainda, para o turismo marítimo, a navegação de cabotagem, os esportes náuticos e a exploração de petróleo e gás”, analisou elaine m. oc-taviano martins, coordenadora e profes-sora do curso de pós-graduação em Di-reito marítimo e Portuário da unisantos e membro da comissão de Direito ma-rítimo e Portuário da oaB (ordem dos advogados do Brasil) de são Paulo.

a análise da professora fica ainda mais coerente diante da informação de que 97% dos bens importados e expor-tados no Brasil são transportados por

O Brasil está pleiteando, junto à onu (organização das nações unidas), um acréscimo de 950

mil km² a seu território marítimo, que atualmente soma 3,6 milhões de km². se a proposta for aceita, as águas brasi-leiras totalizarão quase 4,5 milhões de km², uma área maior do que a amazô-nia verde e que vem sendo chamada de amazônia azul.

a expansão é estratégica para o país em diversos aspectos, um dos principais é o econômico. “sem dúvida é impor-tante. o mar, desde épocas mais remo-tas da história, revela-se como o espaço que mais se destaca no desenvolvimen-to econômico mundial. É incontestável a relação de dependência da economia

navios de outras bandeiras, situação que prejudica as finanças do país. segundo in-formações do centro de comunicação da marinha são cerca de u$ 7 bilhões perdi-dos em divisas na “conta Frete”.

outro aspecto que não pode ser despre-zado é em relação à exploração do petróleo. o Brasil prospecta mais de 80% de seu petróleo e especialistas vem defenden-do que a exploração do recurso na nova área deverá possibilitar o aumento de re-servas suficientes para atender a deman-da do mercado interno brasileiro e ainda possibilitar exportação de excedentes. “ademais, a questão de novas reservas ganha ainda mais espaço no cenário econômico tendo em vistas as recentes negociações do presidente americano

amazônia

Brasil busca ampliação de seus limites marítimos para se consolidar em área equivalente a 52% do seu território, uma verdadeira Amazônia Azul.

Da Redação

em pleno MAR

Água

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neo mondo - outubro 200852 neo mondo - Junho 2009 52

Barack obama com o presidente lula visando estabelecer um acordo comer-cial que aumente a venda de petróleo brasileiro para o mercado americano. o andamento das negociações está atrela-do à quantidade de petróleo que o Brasil poderá extrair nos próximos anos” res-saltou a professora elaine.

a expansão também é vista como estratégica no âmbito da pesquisa cien-tífica e preservação da riqueza ecoló-gica, pois permitirá a manutenção de programas e ações voltada para o uso racional e sustentável dos recursos na-turais das águas juridicionais e platafor-ma continental, entre eles o Programa de mentalidade marítima e o Programa de avaliação do Potencial sustentável e monitoramento dos recursos Vivos marinhos, entre outros já desenvolvi-dos pela marinha.

Por outro lado, caso a ampliação seja concedida, para que todos esses bene-fícios sejam de fato efetivados, a infra-estrutura brasileira no setor marítimo necessitará de investimentos.

“Proporcionalmente aos direitos, decorrem as responsabilidades. a gran-de preocupação refere-se ao fato de o Brasil estar efetivamente preparado para investir em políticas de aprovei-tamento dos recursos, em pesquisas, e, essencialmente, em fiscalização. o país necessita, portanto, dentre outras

medidas, que a marinha de Guerra seja imediatamente dotada de navios de primeira geração, além de meios flu-tuantes, aéreos e anfíbios adequados, em quantidade suficiente para garan-tir uma presença naval permanente na amazônia azul, além de representar os interesses nacionais ou projetar o poder e a influência do país no exterior”, opi-nou elaine martins.

antes disso, porém, é preciso que a ampliação do território seja aceita, o que não é tarefa tão simples. segundo a convenção das nações unidas so-bre os Direitos do mar (cnuDm), em vigor desde 1994, o limite exterior da Plataforma continental é de 200 milhas e os países interessados em ampliá-la devem apresentar proposta à comissão de limites da Plataforma continental (clPc), com base em estudos que a jus-tifiquem. a rússia foi a primeira a plei-tear a ampliação e não teve seu pedido atendido devido a problemas de deli-mitação das suas fronteiras marítimas com outros países.

após 17 anos de pesquisas, o Brasil foi o segundo a reivindicar, apresentando proposta em 2004.

três anos depois, em abril de 2007, a clPc formalizou o pedido brasileiro, mas recomendou mudanças. segundo informações do Departamento de co-municação da marinha, embora a clPc tenha concordado com a extensão dos

limites exteriores para o Platô de são Paulo, não houve concordância integral com as proposições relativas ao cone do amazonas, às cadeias norte-Bra-sileira e Vitória-trindade e à margem continental sul, o que representa cerca de 25% da área inicialmente pretendida. resta agora à comissão interministerial para os recursos do mar (cirm) avaliar se enviará uma nova proposta, com as recomendações da clPc, ou se perma-nece com a proposta inicial, reforçada por estudos ainda em andamento.

“É difícil prever a postura da onu; todavia o relatório de recomendações da clPc sugere que o Brasil apresen-te nova proposta com novos limites, recomendando certo recuo na proposi-tura brasileira em cerca de 20 a 35% da área originalmente pleiteada. na minha opinião, em decorrência das recomen-dações contidas no relatório, pode-se afirmar que, aparentemente, a onu sinaliza postura parcialmente favorá-vel ao aumento pleiteado pelo Brasil. acredito portanto que o aumento e a incorporação da nova área da amazônia azul, mesmo que reduzida em nova proposta, deverá ocorrer em breve e o Brasil poderá ser o primeiro país no mundo a ter sua proposta de ampliação de limites da Pc aceita pela onu”, fina-lizou a professora.

Água

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neo mondo - setembro 2008 a

Todo Estado costeiro tem o direito de estabelecer um Mar Territorial de até 12 milhas náuticas (cerca de 22 km), uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e uma Plataforma Continental (PC) estendida, cujos limites exteriores são determinados pela aplicação de critérios específicos.

Os Estados exercem soberania plena no Mar Territorial. Na ZEE e na PC, a jurisdição dos Estados limita-se à ex-ploração e ao aproveitamento dos re-cursos naturais. Na ZEE, todos os bens econômicos no seio da massa líquida, sobre o leito do mar e no subsolo ma-rinho são privativos do país ribeirinho. Como limitação, a ZEE não se estende além das 200 milhas náuticas (370 km) do litoral continental e insular.

Limites do marLINHA BASE

MAR TERRITORIAL12 milhas (22,2 km)

ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA (ZEE)200 milhas (370,4 km)

1 milha naútica = 1,852 km

PLATAFORMA OCEANO ATLÂNTICO

CROSTA OCEÂNICA

PLANÍCIE ABISSALCROSTA CONTINENTAL

TALUDE

ELEVAÇÃO

PLATAFORMACONTINENTAL

CROSTA CONTINENTAL

Fonte: Centro de Comunicação Social da Marinha

paRa ENTENdER

Território 8.500.000 Km²

Zona Econômica Exclusiva

3.500.000 Km²

Extensão PlataformaContinental *

950.000 Km²

ZEE +Extensão da Plataforma Continental

Amazônia Azul cerca de

4.500.000 Km²(42% do

Território)

Mar Territorial 12 milhas

Brasil

*Proposta Brasileira

LIMITE EXTERIOR

Arquipélago de São Paulo

Arquipélago de Fernando de NoronhaAtol das Rocas

ZONA (Z

EE)

ZON

A (Z

EE)

LIM

ITE

EXTE

RIO

R (2

00m

n)

LIMITE EXTERIOR (200mn)

LIMITE EXTERIOR (200mn)

Ilha de Trindade e Martin Vaz

LIM

ITE

EXTE

RIO

R (2

00m

n)

ZONA (Z

EE)

ZONA (Z

EE)

ZONA (ZEE)

ZONA (ZEE)

LIMITE EXTERIOR (200m

n)

neo mondo - Junho 2009 53

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neo mondo - Junho 200954

Água

cerca de 900 mil quilômetros brasi-leiros compõem o semi-árido bra-sileiro, que foi delimitado pela em-

brapa, em 1991. É uma região de extrema beleza formada pela caatinga e que atinge grande parte do nordeste, a região se-tentrional de minas e o norte do espírito santo. no entanto, o semi-árido ficou mais conhecido por uma parcela desse imenso território que é castigado com a seca. ce-nas que lembram o deserto, mostram a fome, animais minguando e que colocam a todos diante de duas constatações ime-diatas: o verdadeiro valor da água e a força de um povo que não se deixa vencer pelas dificuldades.

estima-se que pelo menos um milhão de famílias viva em condições de extrema pobreza no semi-árido, dedicando-se a ati-vidades de cultivo da terra, própria ou de terceiros. elas enfrentam mais da metade do ano de estiagem, e para eles, a água tem um valor todo especial: o da vida!

Desde 1999, uma rede composta por diversos segmentos da sociedade foi for-mada para fomentar alternativas viáveis e o desenvolvimento dessa região: a asa - articulação no semi-árido Brasileiro.

o valor da água

no semi-áridodo Brasil

No país da abundância hídrica, milhões convivem com a escassez de água.Da Redação

dEsENVolViMENTo X assisTENcialisMo

a asa defende a construção de políticas públicas que promovam, de fato, o desenvol-vimento econômico, humano e ambiental, considerando o bioma específico e as parti-cularidades dessa região. Dessa forma, me-didas emergenciais, anti-econômicas e que

geram dependência, como caminhões-pipas e cestas básicas poderiam ser substituídas por ações permanentes e eficazes. no site www.asa.org.br, a entidade declara: “o assis-tencialismo custa caro, vicia, enriquece um punhado de gente e humilha a todos”.

Dieter Bühne/Banco de imagens asa

Famílias participam da construção de cisternas no semi-árido

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Sem comida a gente pode passar,mas sem água não

partida no processo. “se a água da cisterna for utilizada de forma adequada – apenas para beber, cozinhar e escovar os dentes – dura, aproximadamente, oito meses” - disse santos. esse cálculo considera uma família de 7 a 8 pessoas.

segundo ele, a água é própria para uso, porque há no programa um treinamento para as famílias sobre os cuidados nesse processo. “ensinamos o gerenciamento des-se recurso hídrico, desde a captação pelas calhas, tratamento para o armazenamento na cisterna até o consumo” – explicou. Já foram construídas 221.514 cisternas. em abril, novo módulo deve ser iniciado com a construção de mais 23 mil cisternas, finan-ciadas pelo ministério do Desenvolvimen-to social. o programa conta também com o auxílio do empresariado e de doações. as famílias são indicadas pelas comissões municipais, formadas por entidades da so-ciedade civil organizada. são considerados diversos critérios de prioridade, como por exemplo: mulheres chefes de família, nú-mero de filhos, etc...

o coordenador entende que o progra-ma promove mudanças reais na vida das pessoas. “mais do que construir cisternas, o programa garante a cidadania, a auto-estima, a educação, a autonomia e justiça de direitos sociais” – concluiu santos.

dEpoiMENTo

um dos depoimentos de famílias aten-didas pelo programa (disponível no site da asa), deixa claro o significado dessa iniciativa:

“era muito difícil aqui. no período da estiagem a gente passou muitas dificul-dades pra lavar roupa, tomar banho e até mesmo pra beber. e, agora, com a cisterna, facilitou tudo. antes, a gente procurava os riachos, uma água de péssima qualidade. Por causa dessa água, não só os filhos meus, mas na comunidade, as crianças adoeciam desse negócio de diarréia, ver-mes, essas coisas aí. antes da cisterna,

quem ia buscar água era eu e meu marido. inclusive, ele tem um problema de saúde por conta disso, né? ele tem hérnia de dis-co, por causa desses tambores pesados. agora, a gente não precisa mais ir buscar água. o tempo que sobra tem agora o ro-çado, os bichos e os trabalhos de casa. as crianças que ajudavam também a pegar água, ficam mais livres pra escola. (...) a gente economiza e continua economizan-do porque a água é tudo. sem comida a gente pode até passar, mas sem água não. (antônia Guilhermina Dias da silva, man-guape - Paraíba).

BUscaNdo saÍdas

uma das ações implantadas é a cons-trução de cisternas (reservatórios de águas pluviais), através do “Programa de For-mação e mobilização social para a convi-vência com o semi-Árido: um milhão de cisternas rurais” - P1mc. a asa defende que equipar a população com cisternas de placas custaria menos de 500 milhões de reais (valor muito menor do que o des-tinado em caráter emergencial) e traria uma solução definitiva ao abastecimento de água de beber e de cozinhar para 6 mi-lhões de pessoas.

conforme explicou o coordenador da asa, José aldo dos santos, cada cisterna têm capacidade para armazenar 16 mil li-tros de água captadas das chuvas, no perí-odo de abril a julho, através de calhas ins-taladas nos telhados. com ela, as famílias não precisam mais sacrificar-se em longas caminhadas em busca do líquido. Ganham com isso, tempo para dedicar-se a outros afazeres mais produtivos.

a construção é feita por pedreiros das próprias localidades, formados e capacita-dos pelo P1mc e, pelas próprias famílias, que executam os serviços gerais de esca-vação, aquisição e fornecimento da areia e da água. os pedreiros são remunerados e a contribuição das famílias nos trabalhos de construção se caracteriza como a contra-

“”

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O o aquecimento global tem sido um tema exaustivamente co-mentado e discutido, por todos

os setores da sociedade, que buscam soluções e alternativas para detectar as causas e conter o avanço desse processo. no entanto, enquanto isso não aconte-ce de fato é preciso voltar a atenção às conseqüências desse aumento de tempe-ratura. o Brasil é um país que depende economicamente de seus agronegócios, que representam 1/3 do PiB nacional. É indiscutível a interdependência da agri-cultura às condições climáticas. Dessa forma, a economia do Brasil terá algum tipo de conseqüência nesse processo de aquecimento global. mas qual será?

É exatamente em busca dessa respos-ta que a unicamp está participando, por meio do centro de Pesquisas meteoro-lógicas e climáticas aplicadas à agricul-tura (cepagri), de uma pesquisa inédita no Brasil cujo objetivo é determinar que conseqüências o processo de aquecimen-to global trará para a economia do país. o estudo está sendo financiado pela em-baixada Britânica e irá avaliar o cenário gradual desses impactos nas áreas da agricultura, saúde e energia no período de 100 anos.

o resultado desse trabalho, iniciado em junho último e com prazo de conclu-são de dez meses, será apontado em um relatório semelhante ao notório relató-

rio stern, que em 2006 apontou que o Produto interno Bruto (PiB) mundial po-derá sofrer uma perda de 3% (algo como us$ 1,3 trilhão), caso a temperatura do planeta se eleve em três graus celsius.

no tocante aos agronegócios, os es-tudos estão a cargo do cepagri em par-ceria com a embrapa informática, cuja sede está localizada no campus da uni-camp em campinas.

o diretor-associado do cepagri, professor hilton silveira Pinto, expli-cou que serão analisados os efeitos do aquecimento global para o gado de corte – mais especificamente nas pastagens – e em nove diferentes culturas: algodão, cana-de-açúcar, milho, soja, feijão, arroz, café (arábico e robusto) e mandioca.

“não se trata de uma previsão, mas de um estudo científico que apontará um cenário o mais próximo possível da rea-lidade”, explica.

ele disse que isso é viável porque há informações seguras e oficiais sobre cada cultura existente no Brasil e quais as condições para esses cultivos. “Des-de 1996 o Brasil possui um zoneamento de risco agrícola, que diz onde, quando

e o que plantar em cada município do país” – explicou. com base nesses valo-res, que incluem temperaturas e variabi-lidade de chuvas é possível transportar para um clima futuro e entender as con-seqüências, que podem ser negativas ou positivas, dependendo de cada espécie cultivada.

o pesquisador explicou que não há intenção de provocar alardes, mas per-mitir que essas informações auxiliem numa eventual necessidade de reorga-nização econômica, dando visibilida-de, nesse caso, de uma nova geografia agrícola e até mesmo de estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias (melhoramentos genéticos) que permi-tam adequações, como a introdução de novas espécies e controles mitigadores dos impactos decorrentes das mudanças climáticas. apontará também quais as regiões que poderão ser mais adequadas ao cultivo de determinadas culturas.

“as projeções brasileiras em torno dos impactos do aquecimento global têm sido baseadas em estimativas mun-diais, principalmente as formuladas pelo Painel intergovernamental sobre

Não se trata de uma previsão, mas de umestudo científico que apontará um cenário o mais

próximo possível da realidade

De que forma o aumento da temperatura

global pode afetar os agronegócios?

Da Redação

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Aquecimento Global

“ ”

Impactos do AqUECIMEnTo gloBAl

nA EConoMIA

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mudanças climáticas (iPcc, na sigla em inglês), mas precisamos considerar que o aumento da temperatura deverá variar conforme a região de cada país. Para o estudo da agricultura precisamos de uma estimativa mais detalhada” – disse o professor.

e é exatamente em busca desse cená-rio brasileiro que a pesquisa caminha. Para isso, os pesquisadores do cepagri e da embrapa informática contarão com a cola-boração do centro de Previsão de tempo e estudos climáticos (cPtec), vinculado ao instituto nacional de Pesquisas espa-ciais (inpe). cruzando informações sobre clima, relevo, solo, concentração de co2, imagens de satélite, dentre outros dados, será possível projetar o comportamento da temperatura em quadrantes com 50 quilômetros de área.

estudos anteriores dos pesquisado-res do cepagri e da embrapa informática já indicam algumas possibilidades em caso de aumento de temperatura. a pes-quisa concluída em 2005 refere-se às cul-turas de café, arroz, feijão, milho e soja. na oportunidade, os cientistas alertaram que as áreas de cultivo desses produtos serão drasticamente reduzidas caso a temperatura média do planeta suba 5,8 graus celsius. considerando essa condi-ção, o café arábico simplesmente desapa-receria dos estados de são Paulo, minas Gerais e Goiás. nesse caso, as condições climáticas do sul do país seriam mais adequadas à cultura deste café.

em relação ao arroz, o acréscimo de apenas um grau na temperatura do planeta faria com que a área cultivável caísse de 3,7 milhões para 3,4 milhões de quilômetros quadrados. no pior dos cenários considerados, com 5,8 graus celsius a mais, a área seria reduzida para somente 1,8 milhão de quilôme-tros quadrados.

os prognósticos no caso do feijão, mi-lho e soja não diferem muito e no caso de acréscimo de cerca de 5 graus, as áreas ap-tas para a produção dessas culturas seriam seriamente reduzidas. algumas delas em mais de 50%, como no caso da soja, que passaria dos 2 milhões de quilômetros quadrados atuais para algo em torno de 900 mil quilômetros quadrados.

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Impactos do AqUECIMEnTo gloBAl

nA EConoMIA

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Aquecimento Global

neo mondo - Julho 2008 58

consumo CIDADAO

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consumoAquecedor solar representa ganhos para comunidades de baixa renda, para o meio ambiente e para o resgate da cidadania.Da Redação

Em meio a tantos problemas am-bientais, a aes eletropaulo optou por uma saída ecologicamente cor-

reta: a instalação de equipamentos de energia solar em comunidades de baixa renda, com consumo elevado (acima de 150 kw/h), que tiveram as ligações lega-lizadas. a instalação do aquecedor solar é parte do Programa de regularização de ligações elétricas, iniciado em 2004. um conjunto de ações que ajuda a reduzir bastante o gasto com consumo de ele-tricidade, utiliza energia limpa e ainda acaba com a poluição visual por eliminar o horrível emaranhado de fios em incon-táveis gambiarras.

ao buscar soluções, como essa, de viabilidade econômica e socioambien-tal, a empresa se insere entre as que lêem pela cartilha da responsabilidade social. Desde abril de 2008, o projeto passa por um teste piloto em 20 casas da favela de Paraisópolis, na Zona sul da capital paulista, e deve chegar a 200 mil famílias, em 60 favelas da área abrangida pela empresa. a aes eletro-paulo atende a 24 municípios na região metropolitana de são Paulo, entre eles

a capital do estado, num total de 5,7 milhões de consumidores.

“Depois dos testes em Paraisópolis, es-peramos chegar com nossos fornecedores ao aprimoramento da solução para aque-cimento solar adaptado às condições de urbanização de favelas. nelas, os imóveis possuem peculiaridades de construção, e seria oneroso e complexo instalar o equi-pamento-padrão de energia solar nesses locais”, disse o gerente de recuperação de mercado, José cavaretti. a distribuidora espera, até 2010, instalar 10 mil equipa-mentos de energia solar em favelas e con-juntos habitacionais.

ações educativasa preocupação da empresa com o pro-

jeto do aquecedor solar leva em conta três componentes: o econômico, o social e o ambiental, como “estratégia para reduzir o consumo e possibilitar clientes economi-camente viáveis”, afirma cavaretti. com isso, “evitamos ações traumáticas, que po-dem chegar ao corte de fornecimento ou a negativação do cliente. Preferimos ações educativas, para otimizar o uso de energia por essas pessoas” – disse o gerente.

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CIDADAO

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a aes eletropaulo considera clientes de baixa renda os moradores de favelas, cortiços e conjuntos habitacionais popu-lares para efeito desse projeto. Por isso, escolheu um equipamento diferenciado, feito de placa coletora de plástico, mais barato, mas de eficiência igual à de ou-tros disponíveis no mercado. os gestores da empresa acompanham diariamente o correto uso do aparelho, que permite, por exemplo, que uma família de até sete pessoas tome banhos de no máximo 10 minutos, com economia superior a 30% no consumo. “mesmo nesse sentido, nos-

sa prática é educativa”, diz o gerente de recuperação de mercado.

chuveiro, o maior vilãoo aquecedor solar instalado, gratuita-

mente, em casas da favela Paraisópolis é de uso exclusivo nos chuveiros (maior vi-lão nos gastos excessivos de energia nas residências), e os moradores passaram por treinamento sobre a melhor maneira de utilizá-los.

entre os beneficiados pelo projeto es-tão a autônoma rosane conceição macário, o marido dela, everaldo, três filhos com idades de 12 a 16 anos, mais duas pessoas. o exemplo típico da família de 7 membros, citado pela aes eletropaulo. rosane diz que “foi muito bom contar com esse aquecedor” e que “ficou muito bonito o visual por aqui” depois da regularização das ligações.

a expectativa da moradora - além de tocar direitinho a sua lanchonete na co-munidade -, é de, na primeira conta de luz depois dessas mudanças, economizar como uma de suas vizinhas: “a conta dela caiu de 30 para 12 reais”. além da economia, ro-sane está contente com “as crianças”, que souberam entender a novidade como meio de se educar para o consumo cidadão. “sabe como é adolescente, né. Demora muito no chuveiro. mas agora eles estão mais disci-plinados e colaboram com a gente.”

o operário da construção civil, aloísio Batista da silva, “desempregado no momen-to”, mora apenas com a filha de 17 anos e

aquecimento Global

Famílias com energia elétrica regularizada

80 mil em 200671 mil em 200770 mil em 2008*50 mil em 2009*

*Previsão

passo a passo da regularização

Contatos com as lideranças comunitárias

Conscientização das pessoas

Cadastro das famílias

Instalação gratuita de postes, caixas e cabos de medição

Em grandes comunidades, faz-se um posto de atendimento

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Aquecedor solar

comemora o fato de poder “gastar mais dois minutinhos no banho”. ainda mais quan-do está envolvido em alguma empreitada. chega cansado e empoeirado em casa, e uma ducha relaxante é o que mais quer.

aloísio destaca a importância de poder contar com um equipamento bem prático, de fácil manuseio e capaz de armazenar 200 litros de água. “Dá para quase 10 ba-nhos, se a pessoa não gastar mais do que 25 litros debaixo do chuveiro.”

Econômico-ambientalmente corretoo correto uso de recursos energéticos,

em que o Brasil é rico potencialmente, está na agenda do ministro do meio ambiente, carlos minc, empossado em maio e nesse caso a aes eletropaulo faz a sua parte, na iniciativa privada. o ministro, em uma de suas entrevistas, lembrou que pretende es-tender para o País uma de suas realizações como secretário estadual no rio de Janeiro. lá não se constrói mais prédio público que não conte com energia solar, por força de lei, garante a autoridade.

cavaretti esclarece que a empresa, da qual é um dos gerentes, não faz caridade nem favor. De 2004 a 2007, investiu r$ 110 milhões (r$ 80 milhões em reforma e ampliação e r$ 30 milhões do Programa de eficiência energética). tudo constituído de recursos próprios, do que resultou recu-peração de r$ 150 milhões pela empresa. “o que significa que o valor acumulado no período supera o investido”, contabiliza.

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61neo mondo - Julho 2008

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Aquecimento Global

a constatação de que a preservação da natureza significava a continuidade de vida no planeta, apesar de óbvia, custou a ser en-tendida, mas após algumas catástrofes am-bientais mundiais ocorridas entre as décadas de 60 a 80, na índia, união soviética, Japão e no próprio Brasil - em cubatão, ficou claro que uma nova postura precisava ser adotada. o desenvolvimento sustentável, que consis-te na possibilidade de conciliação entre cres-cimento econômico contínuo e conservação do meio ambiente, evitando a destruição de seus próprios alicerces naturais, passou a fa-zer parte do vocabulário nacional. o conceito

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Como o maior centro industrial do país está lidando com a questão da poluição industrial.Da Redação

A partir da década de 60, a indus-trialização no Brasil sofreu uma aceleração, com vistas ao desen-

volvimento econômico. Formaram-se Par-ques industriais e iniciou-se o chamado milagre brasileiro. nessa época, o foco era o crescimento e o aumento das exporta-ções, o Brasil queria e precisava produzir. o estado de são Paulo assumiu a diantei-ra e tornou-se o grande centro industrial e comercial do país, lugar que ocupa até hoje. o gerente do Departamento de Pla-nejamento de ações de controle, mauro sato, lembra que nessa época a imagem de

chaminés emitindo densa fumaça chegava a ter conotação positiva, pois era associada ao progresso.

nesse sentido, as questões ambien-tais não eram consideradas importantes, simplesmente não se falava no assunto. o resultado, como não poderia deixar de ser, foram taxas elevadas de degradação ambiental, reflexos da poluição do ar, da água e do solo, que expuseram as popula-ções do entorno desses Pólos industriais a uma enorme variedade de substâncias tóxicas e a uma baixa qualidade de vida (ver tabela 1).

Vencendo a

poluição industrial

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Vencendo a

nologia de saneamento ambiental) esta-belecer condições, restrições e medidas de controle ambiental. É o órgão estadual responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de ati-vidades geradoras de poluição. Para isso, utiliza-se dos seguintes expedientes:

também não escapa do componente ético, já que incorpora à gestão empresarial e pública dimensões sociais, políticas e culturais, como a pobreza e a exclusão social, bem como o respeito às futuras gerações.

De lá para cá o Brasil avançou bas-tante na questão do controle da polui-ção industrial, criando mecanismos, leis e instrumentos de controle e prevenção da qualidade ambiental dos processos. as agências ambientais se tornaram os principais articuladores dessa questão. em são Paulo, maior pólo industrial do Brasil cabe a cetesb (companhia de tec-

poluição industrial

laércio Vechinni, gerente do setor de Planejamento de ações de controle da cetesb, explicou que na questão indus-trial, o grande instrumento de controle é o licenciamento ambiental, documento necessário para a instalação e funciona-mento. o licenciamento, bem como sua renovação periódica, tornou-se o grande recurso de controle da qualidade ambien-tal hoje no Brasil. segundo Vechinni, esse mecanismo, que envolve o atendimento a diversas premissas, permitiu uma mu-dança de cenário da questão da poluição industrial, pois impôs um controle mui-

licenciamento e fiscalização de fontes fixas;

fiscalização de fontes móveis;

monitoramento da qualidade do ar, das águas superficiais interiores, das águas subterrâneas e da balneabilidade das praias, inclusive as interiores.

63neo mondo - Junho 2009

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to mais efetivo das ações das empresas, que passaram a obrigatoriamente, ter que seguir um formato aceitável de atuação e parâmetros de emissões.

sato explica que o licenciamento ambien-tal está previsto na lei estadual nº 997/76, que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente no estado de são Paulo, e na lei Fe-deral nº 6.938/81, que estabelece as diretrizes da Política nacional de meio ambiente

licENça aMBiENTalas licenças estão divididas em três fases:

após aprovadas as três licenças, o acompanhamento continua com as fiscalizações de rotina. Para alguns ca-sos especiais, de significativo impacto ambiental, os meios de licenciamento mudam, como é o caso da secretaria de meio ambiente do estado de são Paulo que exige que algumas ativida-des apresentem o relatório ambiental Preliminar (raP) ou o licenciamento no eia/rima. De acordo com o enge-nheiro sato, no estado de são Paulo, os órgãos envolvidos no licenciamento ambiental são, além da cetesB, o De-partamento de avaliação de impacto ambiental – Daia e o Departamento estadual de Proteção de recursos na-turais – DePrn. Para empreendimen-tos localizados na Área de Proteção aos mananciais da região metropolitana de são Paulo, é necessária ainda a partici-pação do Departamento do uso do solo metropolitano – Dusm.

ÁREas coNTaMiNadaso tema de controle da poluição está

num processo evolutivo, porém ainda há muito o que fazer e aperfeiçoar. a ques-tão de áreas contaminadas, por exem-plo, sejam elas provenientes de falha mecânica ou mesmo remanescentes de outras épocas ainda é um tema recente, mas que irá avançar com o passar dos anos, com a necessidade de renovação e obtenção de novas licenças ambientais, pois a verificação dessas áreas é mais uma exigência, vinculada ao licencia-mento. “Áreas suspeitas de contami-nação precisarão apresentar estudo de

investigação ambiental de solo e águas subterrâneas, que subsidiarão a tomada de decisão quanto à necessidade de pla-nos de remediação” – disse sato.

MEio aMBiENTE & coMpETiTiVidadEno início desse processo de desen-

volvimento sustentável acreditava-se que os altos investimentos em proces-sos de controle antipoluentes torna-riam as indústrias menos competitivas no mercado internacional. no entanto, o que se observa é que é possível vis-lumbrar sinergias entre a competitivi-dade e preservação do meio ambiente. nessa nova postura e visão empresarial, as regulamentações ambientais deixam de ser encaradas apenas como um desa-fio e passam a ser estímulos ao desen-volvimento de novas soluções.

assim tem sido com as importantes corporações instaladas no país, antes li-gadas ao estigma de grandes poluidoras. a pressão para avançar na questão am-biental, geralmente, conduziu à adoção de inovações tecnológicas e novas for-mas de gestão empresarial, que incluem o uso racional dos insumos, tratamento e/ou reaproveitamento de resíduos in-dustriais para a co-geração de energia, mudança na matriz energética, reuso de recursos naturais e análises de ciclos produtivos, evitando desperdícios. e, apesar do investimento inicial para a im-plantação desses novos processos, o que se verifica nessas iniciativas é a redução de custos totais de um produto/serviço ou ainda o aumento de seu valor, melho-rando a competitividade das empresas e, consequentemente, do país.

Tabela 1 - Setores industriais com maior potencial de emissão

Poluente Setores industriais

Carga orgânica (DBO) Metalurgia de não- ferrosos; papel e gráfica; químicos não- petroquímicos; indústria do açúcar

Sólidos suspensos (água) Siderurgia

SO2Metalurgia de não- ferrosos; siderurgia; refino de petróleo e indústria petroquímica

NO2Refino de petróleo e indústria petroquímica; siderurgia

COSiderurgia; metalurgia de não- ferrosos; químicos diversos; refino de petróleo e indústria petroquímica

Compostos orgânicosvoláteis

Refino de petróleo e indústria petroquímica; siderurgia; químicos diversos

Particulados (ar)Siderurgia; óleos vegetais e gorduras p/ alimentação; minerais não- metálicos

aquecimento Global

polUição & lEis

O controle da poluição do meio ambiente no Estado de São Paulo é regido basicamente pela Lei Estadual nº 997/76 e pelo Decreto Estadual nº 8468/76, além de le-gislações e normas específicas, tais como as resoluções da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, as resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, etc.

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Laércio Vechinni, da Cetesb.

licença Prévia, concedida na fase preli-minar do planejamento do empreendi-mento atividade; licença de instalação, que autoriza a instalação do empreendimento ou ati-vidade de acordo com as especificações constantes dos planos; licença de operação, que permite a ope-ração da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimen-to do que consta nas licenças anteriores.

José Jorge

NeoMoNdo

a salvação das empresas

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65neo mondo - Julho 2008

www.neomondo.org.br

NeoMoNdoum olhar conscienteAno 3 - Nº 24 - Julho 2009 - Distribuição Gratuita

a salvação das empresasNa edição de Julho da Revista Neo Mondo, traremos um caderno especial identificando as principais ações de sustentabilidade empresarial brasileira. Em entrevista exclusiva, Juan Quirós, dono de uma

holding de quatro empresas de construção e engenharia de infraestrutura, fala sobre os “green buildings” e aponta que o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial de países que investem

em construções verdes. “Batemos uma bola” com o Instituto Bola pra Frente, que tem como idealizadores do projeto os ex jogadores Bebeto e Jorginho. Fique por dentro também do relatório 2009 do Unicef, “O direito de aprender”. Com um conjunto inédito de dados, análises e relatos de experiência, o relatório descreve a situação do direito à educação no país. Aprenda brincando com

o “Dr. Plástico” como ele leva os alunos à terem um olhar artístico sobre o debate do

desenvolvimento de uma sociedade sustentável, através da música e do teatro.

Essa é apenas uma parte do que você vai encontrar na edição N° 24 da Revista!

Não deixe de ler.

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Aquecimento Global

lEIS

País é bom de leis, e na área ambiental não é diferente, mas falta acompanhar o ritmo e a abrangência desejados.Da Redação

L eis, decretos, resoluções, por-tarias, instruções normativas... somos um país de “vastidão le-

gislativa incomparável, cujo grande problema é a aplicação delas, inclusive as ambientais. o Brasil sempre figura entre os países ricos (ainda que convi-

dado) em eventos internacionais que discutem temas como aquecimento global, redução de emissão de gases, enfim, estamos sempre presentes nos principais encontros globais. Fomos organizadores do segundo grande en-contro mundial, a rio-92, o que nos

colocou na vanguarda das discussões”. a análise do especialista em Direito ambiental, terence trennepohl, é sig-nificativa e serve como novo alerta para que as autoridades sejam mais ativas e a sociedade mais consciente de seus direitos e deveres. se, de um lado, há

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não bastam

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lEIS

legislação suficiente, “os órgãos de fis-calização estão muito aquém dos textos legais”, ressalva.

“arcabouço invejável”o advogado, autor de uma série de

livros temáticos, acredita que o impor-

tante para o País é, além de possuir uma biodiversidade incomparável, ser coerente entre a teoria e a prática: “somos exemplo a ser seguido na ela-boração de leis; não os melhores em todas as matérias ambientais, mas pos-suímos um arcabouço legislativo inve-

não bastam

jável, dada a própria dimensão conti-nental de nosso território”, argumenta. o empresário marcelo eduardo de sou-za vê a legislação ambiental brasileira como construção “concorrente” nas vá-rias esferas de governo. isso porque se, em âmbito federal, há muita produção

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normativa em leis, decretos e atos do conselho nacional de meio ambiente (conama), com os equivalentes instru-mentos em nível estadual, todavia mu-nicípios menores ainda carecem de le-gislação específica, e apenas alguns dos maiores já se fazem presentes.

ele reconhece, porém, que “há muitos avanços em termos de concepção, princi-palmente graças à atuação dos conselhos de meio ambiente. estes representam, de forma equilibrada, a visão do poder público, dos setores empreendedores e da sociedade civil organizada”.

“leis não bastam”

engenheiro florestal (com mestrado em ciência Florestal) e advogado, sou-za acredita que as leis são instrumentos de controle ambiental, mas não o úni-co recurso. “há mecanismos privados, decorrentes do mercado, por exemplo, cujo papel é tão mais relevante quanto menor seja a presença do poder públi-co, seja em sua função preventiva, a do licenciamento ambiental, seja na de acompanhamento e repressão, mediante a fiscalização” - explicou.

Evolução legislativamestre em Direito, prestes a con-

cluir seu Doutorado, trennepohl cita, entre as principais leis reguladoras do meio ambiente, a 6.938/81 - como a

primeira verdadeiramente ambiental. o advogado lembra que, antes dela, havia os códigos de caça, Pesca, das Águas, Florestal, que eram menos eco-lógicos e mais patrimoniais: “a defesa dos bens dizia respeito ao patrimônio, a sua valoração econômica”. isso para não falar das disposições do código civil de 1916 sobre o direito de vizinhança. a partir de 1981, à 6.938 se juntam três instrumentos que compõem a evo-lução legislativa brasileira (ver Quadro-resumo) e lhe dão sustentação: lei da ação civil Pública, de 1985; a cons-

tituição Federal, de 1988; e a lei dos crimes ambientais, já mais perto de nós: 1998. Futuro incerto?!a legislação e o Direito ambiental, para o especialista, têm a ver com eventos históricos, a exemplo da agenda 21, Protocolo de Kyoto e Declaração do mi-lênio, marcos na conscientização glo-bal. e faz seu alerta: “a humanidade não pode correr o risco de chegar ao caos econômico, mas se nada for feito, o futuro será incerto”. Daí a importância das conclusões e proposições oriundas desses encontros internacionais como ponto de partida para a tomada de de-cisões sérias e viáveis. até mesmo por-que, a exemplo do Protocolo de Kyoto, os chefes de estado acordam quando se chega a situações extremas, no caso as emissões de gases. nesse cenário reside a preocupação por excelência que deve nortear o cuidado com o meio ambien-te, na visão de trennepohl. soluções pra ontem e pra já

ele argumenta que com proporções continentais e problemas ambientais de toda ordem, o Brasil precisa resol-ver com urgência, questões sociais como a falta de zoneamento urbano, a desordenação das cidades, o descaso ao meio ambiente no trabalho. Para ele essas questões antecedem o lixo atô-mico, nuclear, tratamento de resíduos sólidos e alimentos transgênicos. te-

quadro-Resumo

AS PRINCIPAIS LEIS AMBIENTAIS

> Lei 6.938 (31/08/1981)

Regula a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de aplicação

> Lei 7.347 (24/07/1985)

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico

> Constituição Federal de 1988

> Lei 9.605 (12/02/1998)

Trata das sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente

Trennepohl: há avanços, graças sobretudo a opinião pública e empresários

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Aquecimento Global

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neo mondo - setembro 2008 aneo mondo - Junho 2009

mas muito em voga na europa, onde já não existem problemas como a fome, trabalho escravo, condições insalubres e favelas.

souza cita ainda, entre as mazelas nacionais, o combate à corrupção. esta, em seu diagnóstico, “doença grave”. mas não se pode esquecer que, se temos problemas, países hoje avançados con-quistaram padrão de desenvolvimento

à custa, muitas vezes, de certo grau de depredação de seus recursos ambien-tais. Que não nos sirvam de consolo, mas de lição.

trennepohl acredita que há avanços, nem tanto por esforço do estado, mas graças a uma opinião pública esclareci-da e empresários que prezam pela qua-lidade de conceitos em seus negócios. nem tudo estaria perdido, entre outros

motivos porque nas esferas federal, esta-dual e municipal se dispõem de legisla-ção específica, profissionais habilitados e ferramentas técnicas para que o País se desenvolva socioambientalmente. “a população aprendeu a cobrar seus direi-tos, seja administrativamente, seja em juízo. É uma evolução multifacetária, indispensável ao próprio estado demo-crático brasileiro”, conclui.

tão ambiental baseado na ISO 14001 necessitam cumprir extensa série de requisitos”.

* Definir política ambiental;

* Estabelecer programas de gestão ambiental;

* Realizar o mapeamento das realidades ambientais;

* Cumprir as leis ambientais próprias das suas atividades.

Souza faz uma ressalva oportuna. Não é que a empresa, ao obter a certificação ambiental ISO 14000, vá se ver livre de problemas ambientais ou de eventualmente descumprir uma lei. O certificado é a garantia de que uma empresa atende aos requisitos definidos na ISO 14001 e, por isso, está pronta, “de maneira estruturada, de modo a evitar problemas ambientais e tratá-los, caso venham a ocorrer”.

iso 14000 - certificado de Fé As normas ISO 14000 – Gestão Ambiental fomentam a prevenção de processos de contaminações ambientais, uma vez que orientam a organização quanto a sua estrutura, forma de operação e de levantamento, arma-zenamento, recuperação e disponibilização de dados e resultados (sempre atentando para as necessidades futuras e imediatas de mercado e, conseqüentemente, a satisfação do cliente), entre outras orientações, inse-rindo a organização no contexto ambiental.

“A norma 14001 define os requisitos para implantação de Sistemas de Gestão Ambiental.” Quem esclarece é o consultor Marcelo Eduardo de Souza. Ao dizer que essa ferramenta “auxilia na efetividade da legislação ambien-tal no Brasil”, ele lembra:

“As organizações que espontaneamente, ou por pres-são do mercado, decidem implantar um sistema de ges-

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algo de bom

no AREmpresas adotam

dispositivos avançados

que as tornam mais

competitivas e em

dia com a missão

ambiental.

Da Redação

na popular história em quadri-nhos “asterix”, os heróicos gau-leses, chefiados por abracurcix,

só tinham um temor: o de que o céu caísse sobre suas cabeças. houve uma época recente onde esse mesmo temor rondou os grandes centros urbanos brasileiros. a nuvem negra ameaçado-ra sobre nossas cabeças era a poluição industrial, que hoje é alvo de diversos mecanismos de controle adotados pelas empresas no País, onde se destacam as novas tecnologias e leis que regulamen-tam o assunto.

nos anos 70 a situação era assusta-dora em função da quantidade de emis-sões atmosféricas nos grandes Pólos industriais do país. Passados mais de 40 anos, até dá para comemorar a me-lhora obtida na qualidade do ar e outros avanços alcançados como a adoção de

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Aquecimento Global

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no ARNossos investimentos em melhoria

do desempenho ambiental não buscam somente o atendimento legal,

mas a sustentabilidade

“”

novas formas de gestão dos negócios. na Quattor, segurança e meio ambien-te caminham juntos nos projetos que proporcionam à organização a desejada sustentabilidade. recém-criada (a cons-tituição da empresa foi anunciada em junho - ver Quadro 1), a petroquímica é uma das melhores do setor em gestão ambiental. Quem garante é eduardo sanches, gerente da área de Qualidade, segurança e meio ambiente. isto por-que privilegia, em todas suas unidades, a instalação de dispositivos de controle de suas emissões, que a mantém nos limi-tes legais. e, mais que isso, mostra que a questão ambiental represente, de fato, a posição estratégica da organização. a preocupação, de acordo com o executi-vo, é fazer com que todas as ampliações de seus processos produtivos apresen-tem ganhos ambientais. “É como com-parar um carro novo com um antigo: o novo possui dispositivos mais sofistica-dos para emitir menos poluentes. além do ganho tecnológico nos novos equi-pamentos, existem os específicos para controle ambiental que propiciam me-nos emissões. embora a empresa esteja dentro dos limites legais de emissões, os órgãos ambientais exigem redução nas emissões para obtenção das licenças dos novos projetos.” esclareceu sanches, que define essa medida como um processo de melhoria contínua.

planejamento e transparência “Processos importantes, como aqui-

sição ou venda de ativos e ampliações, passam por avaliações ambientais e in-terferem significativamente nas deci-sões da empresa. nossos investimentos

em melhoria do desempenho ambiental (ver Quadro 2) não buscam somente o atendimento legal, mas a sustentabili-dade. Para nós, relacionamento transpa-rente com a sociedade e as comunidades do entorno faz parte do nosso planeja-mento estratégico”, afirmou o gerente. sanches deixa claro que a Quattor obe-dece a legislação ambiental do Brasil, mas fundamenta sua estratégia de in-vestimentos na área tomando por base o desenvolvimento econômico e a sus-tentabilidade do negócio. e acentua: “se existem tecnologias disponíveis e elas são mais restritivas do que a própria le-gislação do País, pesquisamos para ad-quiri-las e implementá-las”. dinâmica do mercado

a política de investimentos de em-presas em dia com os mais avançados métodos de gestão leva em conta cená-rios, que mudam a cada momento, a di-nâmica do mercado e dos acontecimen-tos que norteiam as suas estratégias. a Quattor, atenta a essa constante, consi-dera que até o momento seus objetivos e metas de investimentos na área am-biental a colocam numa posição de des-taque positivo no cenário industrial. “eu diria que nossos investimentos são ade-quados. os próximos, já planejados, são analisados constantemente para verifi-carmos se acompanham os cenários que se apresentam. nosso objetivo é estar sempre à frente do que preconizam os padrões mínimos”, assegura o gerente. o fato da organização levar em con-ta a questão ambiental nas suas deci-sões estratégicas faz com que, já em sua origem, a Quattor defina de forma

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neo mondo - outubro 200872

explícita o seu compromisso em obter as melhores práticas adotadas nas uni-dades consolidadas na nova empresa. mas não é só. também em sua estru-tura, a Quattor busca os melhores re-sultados a partir das mais avançadas tecnologias e práticas disponíveis não só em suas unidades, mas em todo o mercado. sanches é taxativo: “a busca constante da melhoria faz par-te da nossa cultura organizacional”. ele lembra ainda que há resultados mui-to diferentes em um mesmo segmento. e conclui: “nossas práticas industriais do setor químico e petroquímico obe-decem a rígidos controles não somente em consonância à legislação ambiental, mas a seus próprios códigos do Progra-ma de atuação responsável, coordena-do no Brasil pela associação Brasileira da indústria Química (abiquim)”.

planejamento, ações e resultadosoutra gigante entre as indústrias bra-

sileiras que investiu pesado na missão ambiental é a companhia siderúrgica Paulista (cosipa: a terceira siderúrgica in-tegrada do mundo a obter a iso 14001, norma reconhecida mundialmente por atestar os mais elevados níveis de ges-tão ambiental). “conquistamos a iso 14001 há nove anos, e o sistema implan-tado contribuiu para que todas as ações

realizadas na cosipa tivessem também preocupação com a sustentabilidade. Ga-nhamos em planejamento, em ações e resultados”, afirma o superintendente de meio ambiente, ricardo salgado e silva.

controle e conscientizaçãoDesde a época da privatização, quan-

do a usiminas assumiu o seu controle em 1993, a cosipa recebeu investimentos de us$ 435 milhões em equipamentos, ações de controle e conscientização am-biental. “estes investimentos nos permi-tiram, a partir de uma política de gestão ambiental, implantar diversos projetos e ações na empresa, que possui 100% dos seus processos ambientais licenciados pela cetesb”, afirma salgado e silva.

a partir dos projetos e ações focadas em meio ambiente, a empresa obteve al-guns resultados importantes como:

o que é quattor participações

• Nome inspirado nos quatro elementos da natureza, para designar a Companhia Petroquímica do Sudeste.

• É uma das vinte maiores empresas brasileiras.

• Constituição Acionária: Unipar 60,0% Petrobrás 31,9% Petroquisa 8,1%

Principais Controladas: Unipar – Divisão Química Polietilenos UNIÃO RIOPOL PQU Suzano Petroquímica

neo mondo - Junho 2009 72

Quadro 1

Mais de 10 anos devotada ao meio ambiente

* As unidades produtivas da Quattor mudaram as suas matrizes energéticas, alterando a queima de óleo por gás, com redução significativa de emissões atmosféricas: 98% na de material particulado;

99% em óxido de enxofre; 85% em óxido nitroso. * Investimentos de R$ 250 milhões em projetos de Segurança e Meio Ambi-ente, somente na unidade de químicos básicos de São Paulo (antiga PQU).

Quadro 2

a cosipa tem presença marcante entre as indústrias do Pólo industrial de cubatão, unidas em parcerias que fizeram com que o município saísse da classificação de um dos mais problemá-ticos em degradação ambiental para a conquista do título de cidade-símbolo da ecologia, em 1992.

96% de índice de recirculação de água doce na usina - a água recirculada vol-ta ao processo produtivo, com redução do descarte de efluentes e da conse-qüente necessidade de captação de mais água;

sistema de monitoramento próprio de seus efluentes líquidos;

controle de emissões atmosféricas mediante um trabalho de reestrutu-ração que possibilitou a instalação de 60 modernos equipamentos nas várias fases de produção;

avaliação contínua do desempenho e controle de processos das fontes fixas, com destaque ao monitoramento on-line das emissões, feito pela cetesb;

qualidade das emissões atmosféricas continuamente apurada;

tratamento contínuo dos resíduos sólidos, feito em sua central que recebe materiais da siderúrgica e de empresas contratadas e faz o controle da geração, destinação e reaprovei-tamento dos lotes desses resíduos (850 t, apenas em 2007).

Aquecimento Global

Biomas BrasileirosUma viagem pelos

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neo mondo - setembro 2008 a

Biomas BrasileirosUma viagem pelos

Junho - Amazônia

Julho - Caatinga

Prezado leitor, você pode conferir que a partir desta edição à dezembro de 2009 faremos uma viagem pelos biomas brasileiros.

Mostraremos as belezas, riquezas, ameaças, enfim, tudo o que você precisa saber sobre o nosso Brasil.

Parafraseando Márcio Thamos (ver editorial páginas 6 e 7) “o entrelaçamento universal de mãos” é que proporcionará

uma transformação socioambiental.

Leia e assine a revista Neo Mondo, com certeza seu olhar ficará mais consciente.

Agosto - Cerrado Setembro - Mata Atlântica

Outubro - Pampa Novembro - Pantanal Dezembro - Zona Costeira

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Educação é matéria-prima de mudanças, em que a pesquisa faz a sua parte.Da Redação

Construções Sustentáveis

S e o País parece ainda engatinhar no quesito construção sustentável, não é o que acontece em instituições de

ensino superior como a Faculdade de ar-quitetura e urbanismo da universidade de são Paulo (Fau-usP) e o instituto mauá de tecnologia (imt). oreste Bortolli Jr, profes-sor doutor do Departamento de Projeto na Fau, fala do prédio “vivo”, projeto escolhi-do entre 20, voltados à sustentabilidade, participantes de processo seletivo na Pró-reitoria de Pesquisa da universidade paulis-ta (ver números desse projeto no Quadro). e avisa: “a Fau não engatinha no tema”.

elaborado no laboratório de informati-zação de acervo de arquitetura (labarq) da Fau e desenvolvido pela coordenadora desse laboratório, professora doutora marlene Yur-gel, com o vice-diretor, professor doutor mar-celo romero, e o professor doutor eduardo de Jesus rodrigues, a iniciativa tem a participa-ção de estagiários e alunos da Faculdade.

o edifício ficará no campus Butantã, em terreno que resultará em 7,4 mil m2 de área construída, com subsolo, térreo, 3 pavimentos e cobertura técnica. tudo em 3 blocos funcio-nais capazes de manter tanto uma indepen-dência relativa como uma interatividade. “Dois vazios entre os blocos funcionam como túneis verticais de iluminação e ventilação”, adianta o professor doutor. estão previstos no projeto um auditório, local de exposições e de encon-tro, além de laboratórios e salas de aula.

oreste define o conceito que está na essência do prédio “vivo”: ser auto-susten-

tável, o que significa ser automático em seu todo, com o gerenciamento preciso dos equipamentos e sistemas de climatiza-ção, iluminação, geração de energia, aque-cimento e consumo de água quente e fria. se não bastasse, a obra “será também um artefato didático para a pesquisa de proje-tos e edificações auto-sustentáveis”.

entre as inovações do projeto da Fau, o professor doutor cita o uso de coletores foto-voltaicos, para a geração de eletricidade, “na forma de placas em painéis posicionados na cobertura, com outras placas destinadas a re-ter o calor para o aquecimento da água”. ou-tro dispositivo, este de forma paraboloide, se destina ao fornecimento de ar condicionado.

Excedente de luz e menos água “a previsão de consumo é de 245 mil

quilowatts/hora por mês, obtidos dos pai-néis fotovoltaicos. o sistema solar acaba por gerar um excedente de luz durante o dia para ser aproveitado à noite”, contabili-za oreste. com experiência em arquitetura e urbanismo no país e no exterior, ele lem-bra outra novidade no projeto: estão previs-tas turbinas eólicas de pequeno porte para a geração de eletricidade. e esclarece:

“com a instalação de equipamentos especiais de torneiras e válvulas com siste-mas antidesperdício, pelos cálculos do pro-jeto, o consumo de água tratada poderá ser reduzido em até 30%´”. além do que, a água utilizada nos vasos sanitários será captada da chuva armazenada na cobertura.

persianas e paisagismo o prédio “vivo” leva em conta outras ino-

vações. a exemplo das persianas, a ser coloca-das na parte exterior das fachadas. “elas ser-vem como elementos de proteção solar, cujo controle será automizado por meio de senso-res, ou seja, abrirão e fecharão de acordo com a intensidade da luz solar”, afirma oreste.

Para o tratamento paisagístico, “serão adotadas espécies vegetais que se adaptem ao solo e clima da cidade universitária e que sobrevivam somente com as águas da chu-va”, explica.

amplas opções Da graduação à pós, o imt, cujo campus

fica em são caetano do sul, no aBc Paulista, oferece amplas opções. “Durante o curso de graduação de engenharia civil, nossos alunos têm a oportunidade de realizar visitas tecnoló-gicas na área da construção civil para vivenciar a atividade profissional na prática. os concei-tos sobre a sustentabilidade são inseridos nas disciplinas de graduação. na pós-graduação lato sensu, o instituto oferece, desde 2006, um mBa na área com o título de Gestão es-tratégica do meio ambiente. na graduação te-mos ainda, desde 2007, um curso superior de tecnologia, com duração de dois anos, com o título de Gestão do meio ambiente”, afirma o reitor do centro universitário do imt, profes-sor doutor otávio de mattos silvares.

o imt buca oferecer uma formação ampla e generalista sobre engenharia civil e meio ambiente, de modo a colocar no

Sustentabilidade se Aprende - e se faz - na Escola

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Sustentabilidade se Aprende -

Oreste, da FAU-USP: inovações do projeto mos-tram que instituição não engatinha no tema

e se faz - na Escola

mercado profissionais comprometidos com o desenvolvimento sustentável. “Do proje-to até a execução final da construção”, res-salta o professor doutor márcio J. estefano de oliveira, do curso de engenharia civil. ele considera positivo o fato de questões ambientais serem tema de discussões em escolas desde o ensino fundamental.

cuidados com a sustentabilidade “a educação é a matéria-prima principal

para impulsionar as mudanças. entretanto, quando se fala em construção sustentável, outros cuidados devem ser tomados, como não confundir sustentabilidade com eco-nomia de projeto, redução de mão-de-obra especializada, dispensa de consultores, economia de material e de outros insumos necessários”, diz.

a preocupação do professor doutor faz sentido porque o setor da construção ci-vil anda no fio da navalha. “Quando se fala que é o que mais impacta o meio ambiente” (com todas as implicações negativas de ocu-pação de áreas de risco, desmatamento, ge-ração de poluentes e resíduos de construção e demolição), “no entanto, é também aquele que mais benefícios traz à população com ha-

bitações, edifícios de todo tipo e obras que reduzem os impactos ambientais”.

a capacidade inesgotável do ser huma-no de encontrar soluções de problemas é posta à prova a todo momento. o ensino de engenharia civil é prova disso, ao englo-bar na área da construção civil disciplinas como materiais de construção, construção de edifícios, instalações prediais, sistemas construtivos, tecnologia das construções, arquitetura, topografia, construções pesa-das e outras. são disciplinas que, no en-tender de estefano, “além de apresentarem o conteúdo, especificam e discutem a ma-neira otimizada de se construir, ou seja, o dimensionamento e práticas construtivas que evitem desperdícios e minimizem o consumo de energia. nosso aluno recebe informações que auxiliam na concepção de projetos mais sustentáveis”.

Estudos de caso entre os diferenciais dos cursos do imt

o professor doutor ressalta a combinação do preparo do corpo docente com a reali-dade do mercado: “atuamos na concepção de projetos que sejam compatíveis com as novas exigências ambientais ditadas por

legislações brasileiras e internacionais. os conhecimentos dos professores são adqui-ridos pelos alunos em aulas e estudos de caso, que são a base e o subsídio importan-te em sua futura vida profissinal”.

seu colega de cátedra, professor hélio narchi, lembra a importância de atividades desenvolvidas nos cursos de engenharia ci-vil na linha da construção sustentável. “nos últimos anos abordamos temas como im-pacto ambiental de urbanizações, utilização de águas de chuva em empreendimentos habitacionais, condomínio ecológico e ges-tão ambiental na implantação de edifícios.

narchi lamenta que “ainda não haja normas, regulamentações legais suficientes para o amplo escopo de temas abrangido pela construção sustentável”, mas reconhe-

O prédio ‘ vivo´ será um artefato didático para a pesquisa de projetos

de edificações auto-sustentáveis“”

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Construções Sustentáveis

ce que as “certificações, em especial as da linha iso 14000, são instrumentos muito eficientes para alavancar a sustentabilidade na construção. muito embora sua aplicação se restrinja a poucas empresas do setor, longe de atingir pequenos construtores”.

“pensar ambientalmente” nem tudo está perdido, porém, mesmo

ao considerar que a construção sustentável está longe de fazer parte da ordem do dia de construtoras, empresas em geral, cidadãos e onGs. o professor faz coro com outros segmentos, como o dos organismos certi-ficadores (ver matéria na página 14), que apontam entre os grandes desafios a falta de informação e conscientização da impor-tância do tema. mas vê a ação de órgãos públicos de licenciamento ambiental como algo que pode ajudar muito o desenvolvi-mento da sustentabilidade na construção.

narchi cita o semasa, de santo andré, no aBc Paulista: “nos casos previstos pela lei local, edifícios habitacionais ou comer-ciais são objeto de licenciamento ambiental em que são exigidos do empreendedor o equacionamento de questões. entre outras, a gestão adequada de resíduos de constru-ção, o reuso das sobras que ficam nas cai-xas de retenção de águas pluviais e o con-trole dos principais impactos causados pela obra”. um conjunto de medidas, na avalia-ção do professor, que faz “o empreendedor pensar ambientalmente na obra como um todo - cenário ideal para a implantação dos conceitos de sustentabilidade”.

se no setor público há bons exem-plos, a iniciativa privada também faz a sua parte, como a produção de literatura técnica disponibilizada pelo sinduscon a

seus associados, de modo a incentivá-los na prática da sustentabilidade. a lupa do professor do imt não deixa escapar nada: “há ainda os programas de qualidade de

Reitor Otávio de Mattos Silvares: da graduação ao MBA, passando por curso de tecnologia, as opções são amplas

Campus do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia forma alunos preparados para contribuir com o desenvolvimento sustentável

pesquisa permite avanços

Roberto de Souza, engenheiro civil e doutor pela Escola Politécnica da USP, lembra a importância das pesquisas tecnológicas como aliadas do setor produtivo no desenvolvimento da construção sustentável.Mesmo porque, argumenta, em “todo o mundo, e em especial no Brasil, o assunto é novo e o desenvolvimento de produtos requer investigação, ensaios e validação, antes de serem aplicados em larga escala no mercado”. Roberto, que é diretor-presidente do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), empresa associada ao Instituto Ethos, USGBC, GBC Brasil e CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, destaca o papel que as universidades representam. Sobretudo porque “realizam pesquisas no campo dos materiais, sistemas construtivos, eficiência energética, conforto ambiental, economia de água e modelos de avaliação da sustentabilidade”. As iniciativas acadêmicas somam-se às da indústria de materiais, por exemplo. Setor que “também faz a sua parte, ao desenvolver produtos e sistemas com características sustentáveis, já disponíveis no mercado”, afirma o especialitsa. Entre outros, ele cita componentes hidráulicos economizadores de água, componentes elétricos economizadores de energia, sistemas construtivos industrializados que combatem o desperdício e componentes de revestimentos fabricados com materiais reciclados. Embora exista uma infinidade de tecnologias em uso, das quais o mercado já tem domínio, Roberto acredita que seria necessário ampliar o seu alcance. “As dificuldades em sua adoção muitas vezes estão ligadas ao investimento necessário. Por outro lado, o aumento da demanda por produtos sustentáveis tem provocado uma diminuição significativa desses custos; há também o surgimento de novos fornecedores e com melhores preços”, conclui.

Números do prédio “vivo”

→ em 2007, a Pró-Reitoria de Pesquisa da USP recebeu 20 projetos; dos 20, 10 são selecionados

→ o projeto da FAU, cujo mentor é o vice-diretor prof. dr. Marcelo Romero, é o escolhido

→ encaminhado à Finep, o projeto recebe verba de R$ 700 mil da financiadora do Ministério da Ciência e Tecnologia

→ a Reitoria da USP destina R$ 5 milhões ao projeto

→ a soma desses recursos é suficiente para a construção das fundações

→ o custo estimado da obra é de R$ 20 milhões

→ a inauguração do prédio está prevista para 2011

→ empresas privadas interessadas em parcerias para efetivar o projeto podem contatar [email protected]

Fonte: FAU-USP

obra desenvolvidos por entidades públicas e privadas, que embora não visem exata-mente o tema da sustentabilidade, abor-dam questões a ele relacionadas”.

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Exemplos não faltam na iniciativa privada ou pública. Gabriel Arcanjo Nogueira

Construções Sustentáveis

Ações pelasUsTENTaBilidadE

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A sustentabilidade plena, em que pese ainda ser “sonho de consumo”, “tem sido meta

permanente” da companhia de Desen-volvimento habitacional e urbano do estado de são Paulo (cDhu). Quem garante é o diretor técnico da empresa, João abukater neto, ex-presidente do crea-sP.

na visão do experimentado enge-nheiro civil, o conceito muda, “e nós procuramos implementar mais forte os instrumentos” que tornem o sonho rea-lidade. ainda mais, lembra, quando se trata de desenvolver projetos que aten-dem a populações com renda entre 1 e 3 salários mínimos.

abukater esclarece que as obras em andamento baseiam-se em novas me-didas que levam em conta os avanços possíveis, como utilizar materiais de reciclagem garantida, aproveitamento da energia solar, madeiras certificadas, piso drenante, equipamentos de medi-ção individual do consumo de água. “as estruturas metálicas estão entre nossas preferidas porque representam preser-var 120 mil árvores nativas, ou 60 mil de reflorestamento, na produção anual de nossas unidades”, diz o diretor.

Novos bairros, novas cidadesabukater enfatiza o alcance socio-

ambiental de projetos que a cDhu rea-liza na serra do mar, em cubatão (sP), que visam recuperar toda a serra com a construção de novos bairros, novas cidades. o que é possível mediante parcerias e com base em dois pilares de sustentação técnica da empresa: a alta capcitação de seus profissionais e a contratação de empresas gerenciado-ras gabaritadas.

Estruturas metálicas representam preservar 120 mil árvores nativas

em projetos da CDHU“

”Ações pela

Abukater, da CDHU: ações para tornar real o sonho de consumo

entre os parceiros constantes da cDhu estão a universidade de são Paulo (usP) e o instituto de Pesquisas tecnológicas (iPt), que possibilitam chegar a um empreendimento como esse, classificado pelo Banco intera-mericano de Desenvolvimento (BiD) como “o maior em andamento no mun-do”, afirma abukater.

Para ele, “um dos papéis do governo é ser um indutor de ações que tragam benefícios sociais, e nesse aspecto esta-mos na vanguarda”. isso porque, avalia,

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a companhia em números

Na média, a empresa constrói 25 mil moradias/ano

Em 2009, a meta é atender a 41,5 mil famílias

Fonte: CDHU

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os trabalhos para escolha do escritório responsável pelo projeto arquitetôni-co, mediante concurso (interessados podem acessar http://www.internet.sescsp.or.br/sesc/licitacao/lista_con-curso.cfm). Da análise dos trabalhos por uma comissão multidisciplinar composta por arquitetos e servidores do sesc e posterior contratação do arquiteto e projetistas, “estimamos o cronograma de um ano e meio para ela-boração dos projetos e contratação das obras e a conclusão do empreendimen-

to em até 36 meses”. Quem esclarece é o engenheiro civil luciano ranieri, com mBa em administração para en-genheiros pelo instituto mauá de tec-nologia e em administração de Pro-jetos pela universidade de são Paulo. tanto cuidado não é pouco porque, quando estiver concluído, esse será o projeto com o maior número de solu-ções sustentáveis da instituição. “não poderia ser diferente porque ao longo do processo toda a evolução de nossos conceitos será incorporada ao projeto”,

sustentabilidade é necessidade, e a busca por ela deve ser constante. o que faz a empresa encarar a cada dia o desafio de efetivar ações que produzam ganho de escala e redução de custos, entre outros efeitos socioeconômicos.

Evolução de conceitosconstruçao sustentável é empreen-

dimento que deve ser muito bem pen-sado desde antes de fixar as fundações. exemplo é a unidade do sesc Guaru-lhos, que até abril próximo receberá

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A CDHU, com seus projetos na Serra do Mar, pretende criar novos bairros, novas cidades

Conjuntos sustentáveis da companhia paulista de habitação são fruto de parcerias qualificadas

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Para Luciano, do Sesc, a preocupação com a sustentabilidade não é de hoje

diz luciano, gestor de Projetos, Plane-jamento e orçamento do sesc-sP. Para ele, a preocupação com a sustentabili-dade não é de hoje e mesmo as uni-dades já existentes passam por atuali-zações e modernizações que o clamor ecológico exige. “todas elas terão, a pártir deste ano, sistemas solares para aquecimento de água das piscinas, as-sim como o tratamento de água das pis-cinas passará a ser feito com ozônio”. estas e outras intervenções menores já se tornaram rotina na instituição, ga-

rante o engenheiro. sobre o sesc Gua-rulhos, especificamente, luciano res-salta alguns fatores que serão levados em conta. Que o diga o termo de re-ferência que norteará a elaboração dos projetos. “Da área total do terreno, 25% no mínimo deverão ter a vegetação ori-ginal, mata primária, recuperada. os pi-sos das áreas descobertas, em sua gran-de maioria, deverão ser permeáveis, e as coberturas da edificação receber cobrimento de vegetação,apropriada à melhoria do conforto térmico e re-

Divulgação

tenção de vazão das águas pluviais, que depois serão tratatadas para reu-so”, diz. além disso, de acordo com o gestor, a consultoria de profissionais especializados servirá para avaliar a eficiência energética, bem como o de-sempenho dos sistemas construtivos, de instalações e materiais, entre outros. luciano considera relevante também o fato de o futuro empreendimento pre-ver a construção de uma estação de tra-tamento de esgoto integrada a uma es-tação de educação ambiental, com área para exposições permanentes, mini-auditório para palestras e ações educa-tivas, sala para oficinas culturais temá-ticas, viveiro de plantas e mudas, mais a pequena usina de compostagem. sem esquecer das medidas de sustentabili-dade que levam em conta a comunida-de vizinha, que proporcionarão coleta de lixo reciclável, eliminação de fiação da rede pública aérea, arborização do entorno, atividades educativas com relação à saúde, cidadania, alimenta-ção e esporte.

sempre com foco na qualidade de vida e bem-estar das pessoas, luciano está convicto de que no sesc “agrupa-mos um conjunto de ações, procedi-mentos e programas que lhe permitiram um avanço na sustentabilidade em áre-as que envolvem design arquitetônico e de sistemas, especificação de materiais, operação e manutenção”.

Unidades do Sesc (na foto, o de Vila Mariana, na capital paulista) passam por atualizações e modernizações para atender ao clamor ecológico

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Habitante consciente

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É possível adotar uma postura ambientalmente

correta sem ter que reconstruir a casa.Da Redação

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em construções convencionais

Habitante consciente

M orar em uma construção convencional não é descul-pa para deixar de lado os

conceitos de sustentabilidade. com mudança de hábitos e simples trocas de equipamentos é possível deixar o lar mais integrado com o meio am-biente. “se somente as pessoas que moram em edifícios projetados ado-tarem conceitos de sustentabilidade teremos um cenário muito infeliz, já que, mesmo em países desenvolvidos, este tipo de construção representa menos de 1% das habitações”, opinou a professora doutora da Faculdade de engenharia civil, arquitetura e urba-nismo da unicamP, Vanessa Gomes, especialista em Projetos de constru-ções sustentáveis .

Para ela, as principais melhorias podem ser feitas na gestão da água e da energia. a própria escolha dos eletrodomésticos da residência pode

ser pautada pela economia, já que, há mais de 20 anos, o país possui o selo Procel cujo objetivo é orientar o con-sumidor no ato da compra, indicando os produtos que apresentam os me-lhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria.

“no caso da economia de água, o que consome mais são os vasos sanitários e o chuveiro. hoje já existem válvulas de descarga com dois volumes de limpeza, não sendo necessário o uso da caixa de descarga. Já para os chuveiros existem reguladores de vazão que podem ser im-plantados, com custo baixo e que dimi-nuem a quantidade de água considera-velmente”, disse.

segundo ela, muitas vezes o que de-sestimula a implantação deste tipo de recurso é que as pessoas comparam com a economia imediata que terão na con-ta de água e luz, uma postura incorre-ta. “não pagamos o valor real dos bens

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Construções Sustentáveis

como água e energia. se pensarmos que estes são produtos cuja oferta está di-minuindo, pelas regras de mercado, os preços deveriam estar subindo, mas isso não acontece, pois o setor é muito subsi-diado”, comentou.

outras saídas para adaptação das construções é o investimento em peque-nas reformas, incluindo substituição de artigos cromados, cujo impacto é gran-de, recusa de móveis com tratamentos de couro, que geralmente possuem alta toxicidade, opção por produtos de ma-deiras certificadas, substituição de lâm-padas incandescentes por fluorescen-tes, entre outras.

segundo Vanessa, sistemas de apro-veitamento de água da chuva e de aque-cimento solar também são simples de

Habitante consciente

Pequenas ações que fazem a diferença

• Optar por eletrodomésticos com o selo Procel, que aponta níveis de eficiência energética;

• Atentar para o consumo de vasos sanitários e chuveiros, se possível, incrementando reguladores de fluxo;

• Tintas, lâmpadas, móveis, tudo deve ser pensado considerando o impacto ambiental;

• Abrir janelas com frequência ajuda a melhorar a qualidade do ar e evita aparecimento de fungos;

• Procurar interagir com os elementos do edifício pode evitar desperdício, como utilização do ar condicionado em dias frescos, utilização da luz solar ao abrir cortinas, etc.

• É sempre válido lembrar um dos principais conceitos da sustentabilidade: REDUZIR- REUTILIZAR – RECICLAR

Fonte: Profª Vanessa Gomes

Sistema de capatação de água de chuva é de simples implantação e já muito utilizado em algumas regiões do nordeste.

serem implantados, ao contrário dos de reuso da água, que necessitam de inves-timento e assessoria especializada. “no caso da água de chuva, já é bastante uti-lizado no nordeste, enquanto o de aque-cimento solar já tem tecnologia consoli-dada”, afirmou.

maus hábitos utilizados na limpeza das residências também devem ser com-batidos por habitantes com consciência ambiental. a utilização de produtos de limpeza à base de solvente ou cloro deve ser evitada, pois podem causar danos à saúde. Produtos à base de água ou mais diluídos devem ter preferência.

atentar para o clima do lado de fora da casa pode evitar uso desnecessário do ar condicionado ou mesmo de ilumina-ção exagerada.

“tudo é uma questão comportamen-tal. o reaproveitamento de concreto já é feito há muito tempo no Brasil, mas an-tes não era divulgado, porque as pessoas não recebiam bem. hoje isso é visto como uma vantagem porque há uma preocupa-ção com a destinação dos resíduos. existe a consciência de que qualquer processo de produção de qualquer coisa tem que con-siderar os impactos do processo como um todo” teorizou.

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Ligadas a uma imagem tão meiga por proliferar flores e frutos, as abelhas estão sendo alvos da mídia do mun-

do inteiro que faz a seguinte pergunta: aonde elas foram parar?

França, inglaterra, eua, canadá, es-panha, suíça e até o Brasil estão sofrendo com o desaparecimento súbito e sem ras-tro das abelhas. há notícias de que apicul-tores chegaram a perder cerca de 90% de toda a criação. e o espanto não é à toa!

albert einstein, há mais de 60 anos, alertou: “olhem as abelhas, se elas sumi-rem, a humanidade tem no máximo qua-tro anos de sobrevida, pois não haverá plantas e nem animais, a polinização é a grande responsável pela produção de ali-mentos”. afinal o trabalho delas é, além de produzir mel, levar o pólen das anteras de uma flor, onde são produzidos os pó-lens, para o estigma de uma outra, ou da mesma flor, gerando novos frutos.

no caso do Brasil, o fenômeno pode abalar até o desenvolvimento do biocom-

... embora os efeitos sejam parecidos,

cada caso é um caso

bustível, uma vez que uma das matérias-primas utilizadas é o girassol, que precisa de um grande potencial de abelhas para polinizar toda a área de plantação.

embora os dados sejam assustado-res, para o pesquisador e professor da universidade Federal do rio Grande do sul, aroni sattler, não há motivo para desespero.

segundo ele, já faz tempo que casos de desaparecimentos ocorrem, na es-panha o primeiro surto aconteceu em 2000. assim como na França, inglaterra, e outros, mas os episódios tiveram pou-ca repercussão. somente em 2006, quan-do o mesmo aconteceu nos eua, deu-se maior divulgação.

“o trabalho das abelhas é prestar ser-viço à polinização e se não há abelhas, há comprometimento na economia. nos eua, o valor de 60 dólares pelo aluguel de colméias para a polinização de poma-res saltou para 150 dólares, após a crise” – relata sattler.

No mundo inteiro há casos de desaparecimento das abelhas e pra cada um, uma nova explicação.Da Redação

Cadê as

abelhas?

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Animais

“”

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Cadê as

abelhas?contudo, conforme afirma o especia-

lista, pesquisas mostraram que nos eua o provável causador do pavoroso fenômeno era um vírus, identificado pela primeira fez em israel. Já na espanha, os estudos atribuíram o episódio a um protozoário originário do sudeste da Ásia. “Portanto, embora os efeitos sejam parecidos, cada caso é um caso” – destaca.

sUMiço No BRasilmesmo ocasionado por causas dife-

rentes, quando a divulgação sobre o desa-parecimento chegou ao Brasil logo relacio-naram com o que estava acontecendo no resto no mundo, causando confusão para os apicultores que não sabiam que medi-das deveriam tomar.

“especificamente no sul, esse sumiço começou em 2000. e, diferente do que ocorria em outros países, não foi preciso alarme para descobrir os porquês. identi-ficamos que aqui o fenômeno era causado pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, má conservação e manutenção das col-méias e a utilização de dessecantes com formicidas nas plantações próximas às colméias” – explica o pesquisador.

este produto, dessecante, é usado para limpar lavouras, como as de soja, para

controlar a lagarta e o percevejo, porém é muito tóxico para as abelhas, que por sua vez são extremamente sensíveis a produ-tos químicos.

outro fator atribuído ao desapareci-mento é a mudança meteorológica. De acordo com sattler, ano passado o in-verno começou mais cedo eliminando as flores mais rapidamente, sem pólen as abelhas ficaram desnutridas e morre-ram. “Por isso é importante que o apicul-tor deixe uma boa reserva de mel para elas se alimentarem” - alerta. em outro período, o calor foi excedente, fazendo com que elas abandonassem as colméias e longe das rainhas, elas não têm muito tempo de vida.

solUçãomuitas são as especulações, mas

a dica do pesquisador para solucionar este problema é estar atento aos cuida-dos com o apiário. “Deixar uma reserva boa de mel durante o inverno e lembrar que, em determinadas épocas do ano, é normal este desaparecimento. em 2006, aqui no sul perdemos cerca de 40% das colméias, mas hoje já estão totalmente recuperadas. e isto foi um processo na-tural” – comenta sattler.

Ao longo dos últimos vinte anos, em diversos países, pragas atacaram com freqüência provocando o desapareci-mento das abelhas em todo o mun-do. Por volta dos anos 50, a apicultu-ra viveu um período de grande baixa, 80% das colméias foram dizimadas e

Não é a primeira vez que isso ocorre

a produção apícola caiu drasticamen-te, por causa de doenças e pragas advindas da falta de cuidado com o saneamento das colméias.Em 1987, outro pico que atingiu o Brasil, Europa e EUA, dessa vez, o causador foi o ácaro Varoa.

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