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Limites Emocionais no Trânsito Bomba-relógio Neo Mondo Kids Lançamento Riscos Alimentares Cautela 13 38 08 UM OLHAR CONSCIENTE www.neomondo.org.br Ano 2 - Nº 15 - Outubro 2008 - Distribuição Gratuita NEOMON DO Combustível da Vida

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Limites Emocionais no Trânsito Bomba-relógio

Neo Mondo Kids Lançamento

Riscos AlimentaresCautela

13 3808

um olhar consciente

www.neomondo.org.br

Ano 2 - Nº 15 - Outubro 2008 - Distribuição Gratuita

NeoMoNdo

Combustível da Vida

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Seções

Diretor Executivo: Oscar Lopes LuizConselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Takashi Yamauchi, Liane Uechi, Livi Carolina e Eduardo Sanches Redação: Liane Uechi (MTB 18.190), Livi Carolina (MTB 49.103-59) e Gabriel Arcanjo Nogueira (MTB 16.586)Estagiário: Caio César de Miranda MartinsRevisão: Instituto Neo MondoDiretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190)Diretora de Arte: Renata Ariane RosaProjeto Gráfico: Instituto Neo Mondo

Correspondência: Instituto Neo MondoRua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 - Santo André – SPCep: 09190-000Para falar com a Neo Mondo:[email protected]@neomondo.org.brtrabalheconosco@[email protected] anunciar: [email protected]. (11) 4994-1690Presidente do Instituto Neo Mondo:[email protected]

Expediente PublicaçãoA Revista Neo Mondo é uma publicação do Instituto Neo Mondo, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça – processo MJ nº 08071.018087/2007-24.

Tiragem mensal de 20 mil exemplares com distribuição nacional gratuita e assinaturas.Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.

Perfilsomos o que comemos, como comemos e com Quem comemos... o polêmico médico hector ricardo ojunian afirma que o autoconhecimento é a principal ferramenta para a cura de doenças.

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educaçãolançamento da revista neo mondo Kids Primeira revista socioambiental infantil é lançada pelo instituto neo mondo.

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esPecial - segurança alimentarhá males que entram pela bocasão muitos os cuidados a tomar na busca de uma alimentação saudável.

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artigo: Pacote aprovado, mas incerteza continuaVisão da crise financeira mais temida em todo mundo.

economia & negÓcios

artigo: o saber e o sabornoções complementares para uma definição de humanidade.

21mais que raiva para vencer a fomeainda há 8,8 milhões de brasileiros na pobreza extrema.

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Feijão e arroz não são suficientes Brasileiro não consome nutrientes de forma adequada e passa por período de fome oculta.

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criança precisa de energia, mas não acumuladaa epidemia da obesidade atingiu as crianças. o que fazer para mudar este quadro?

26 cardápio dos campeõesQual o cardápio ideal para um atleta.

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Farmácia na feiraa ciência comprova o valor funcional dos alimentos.

30 alimentação e produtividade, a dobradinha saudávelPrograma cuida da saúde e da segurança do trabalhador.

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comPortamentolimites emocionais no trânsito como controlar a fúria no trânsito.

artigo: ingerindo poluição na água doce, nos oceanos, na atmosfera e no solo... a poluição está por toda parte.

coluna: leitura socioambiental da Fotografia urbana Pesquisa para identificar e reeducar uma sociedade de risco.

artigo: o licenciamento ambiental e as atividades industriais de Grande impactoequilibrando os desafios ambientais e o desenvolvimento.

artigo: mecanismo de Desenvolvimento limpoa posição do Brasil na comercialização de créditos de carbono.

Dica de livro e sem dúvida

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artigo: segurança alimentar também é problema em países desenvolvidoso controle de qualidade do Japão, maior importador mundial de alimentos.

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42 44 coluna: um olhar consciente da amazôniaDe olho nas ações e nos descasos da amazônia legal.

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Errata edição 12, na pg. 25, Fátima monteiro é psicóloga, não fonoaudióloga como publicado.Errata edição 14, na pg 24, onde se lê Parque ecológico de Januari, lê-se Janauari

artigo: a cultura dos 3rsFalta de conhecimento sobre os 3rs mostra ineficácia na educação ambiental.

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meio amBiente

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Editorial

Um olhar conscienteUm olhar consciente

InstitutoInstituto

NeoMondo

NeoMondo

O Instituto Neo Mondo está em festa com o lançamento da revista Neo Mondo Kids,

primeira Revista socioambiental para o público infanto-juvenil. Mostramos aqui a trajetória desse projeto auda-cioso e sério, que culminou com o su-cesso da primeira edição, que já saiu da gráfica com a tiragem esgotada.Trazemos um caderno especial sobre a Segurança Alimentar. É bastante claro que ela é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento de uma Nação, o que nos leva a refletir sobre as preocupantes notícias sobre o tema. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), houve um aumento na quantidade de desnutridos no mundo, que totalizam atualmente 923 milhões de pessoas. A fome é um sofrimento silencioso e cruel, uma tragédia vergonhosa que evidencia a injustiça. A pobreza e a exacerbada concentração de riquezas marcam a história brasileira. Ainda hoje, o governo estima que existam quase nove milhões de brasileiros em condição de miséria extrema. Mesmo assim o Brasil já alcançou sua 1ª Meta do Milênio de erradicar 50% da fome, conforme informações da ONU. Na edição de outubro da Neo Mondo, revelaremos este universo com informações sobre a soberania alimentar brasileira, conhecendo os principais projetos governamentais de combate a essa que pode ser considerada a mais triste ferida social e ao mesmo tempo a mais contraditória restrição, dada a abundância de terra, espécimes, clima favorável e riquezas naturais nativas.Desvendaremos como anda a alimentação do brasileiro, e descobrir que quantidade nem sempre

representa qualidade e nutrição. Fomos em busca de informações sobre como utilizar os alimentos como nossos principais aliados para a cura e prevenção de doenças, assim como das melhores dietas para crianças, atletas e trabalhadores.É preciso cautela, pois, além de nutrientes, ingerimos uma quantidade cada vez maior de aditivos, como acidulantes, umectantes, corantes, estabilizantes, agrotóxicos, hormônios, e outros produtos químicos. Trazemos dados sobre os riscos desses itens cada vez mais presentes nas nossas mesas.Inauguramos duas novas editorias: o Espaço Verde Urbano, que revelará mensalmente os redutos e parques incrustados nesse Brasil, sob o olhar atento da fotógrafa PaulaLyn e, o Olhar Consciente da Amazônia, com notas e informações atualizadas sobre as principais novidades na região.O limite emocional, a gota d’água que sempre transborda no trânsito das grandes metrópoles, também é tema dessa edição. Por que os motoristas se transformam ao volante? Especialistas tentam desvendar esse processo altamente estressante que é o trânsito nas grandes cidade e, de presente para o leitor (motorista), dicas de Tai Chi Chuan, com vários exercícios que podem ser feitos dentro do carro, nas paradas dos faróis ou nos congestionamentos, que prometem aliviar a tensão.Afinal, queremos e precisamos do desenvolvimento social, mas ele deve ter, como aliados inerentes, a saúde e a qualidade de vida.Boa leitura!

Liane UechiDiretora e Redaçã[email protected]

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5neo mondo - agosto 2008

A competitividade global, a política industrial brasileira, a qualificação profissional, a

isonomia tributária para o ramo pe-troquímico-plástico, a logística da re-gião do ABC paulista, as dificuldades no fornecimento de matéria-prima para as indústrias de transformação e a preservação do meio ambiente foram os assuntos debatidos no VII Seminá-rio do Setor Plástico do Grande ABC.

A iniciativa fez parte do encontro “Grande ABC, a Capital Nacional do Plástico”, que incluiu também a III Rodada de Negócios – Plásticos. O seminário, realizado no Clube Pri-meiro de Maio, em Santo André (SP), contou com um público de 400 pes-soas. A discussão, em formato de talk show, foi mediada pelo apresentador Adalberto Piotto, da Rádio CBN, e reuniu grandes companhias, associa-ções, sindicatos, universidades, micro e pequenas empresas, poder público e entidades do segmento.

O debate teve participação do diretor executivo da Agência Brasi-leira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Clayton Campanhola; do coordenador de Desenvolvimen-to Econômico e Territorial do Go-verno do Estado de São Paulo, José Luiz Ricca; do diretor executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Márcio Chaves; do presidente do Sindicato da Indústria de Resinas Plásticas (Siresp), Vítor Mallmann; do presidente da Associação Brasi-leira da Indústria do Plástico (Abi-

plast), Merheg Cachum; e do diretor do Sindicato dos Químicos do ABC, Heli Vieira Alves.

“NETWORKING” – A III Ro-dada de Negócios – Plásticos, me-diada por Henrique Sucasas, finalista do programa “Aprendiz 5” da TV Record, reuniu 160 empresas que, por meio de um sistema dinâmico de apresentação comercial, tiveram a oportunidade de se conhecer. Elas circularam nas 13 mesas de negócios, em esquema de rodízio, com tempo determinado para apresentar seus pro-dutos e serviços. Avaliação feita com empresários presentes apontou que 99% consideraram a iniciativa ótima ou boa, sendo que 83% aprovaram as oportunidades de negócios geradas.

“Ao promovermos o Seminário e a Rodada em um mesmo dia e local, procuramos aliar teoria e prática para fortalecer o setor petroquímico-plás-tico, que tem um papel estratégico no ABC paulista. Trata-se de um dos segmentos que mais gera postos de trabalho na região. Só o ramo plástico emprega 18 mil pessoas diretamente. Ao debatermos os desafios que a cadeia produtiva precisa superar e oferecer-mos a oportunidade de novos negócios às empresas, principalmente as indús-trias de transformação, estamos con-tribuindo para tornar, cada vez mais, o Grande ABC a capital nacional do plástico. O sucesso que obtivemos só foi possível graças ao auxílio que rece-bemos das empresas e instituições que patrocinaram e apoiaram o encontro”,

afirma o diretor de Desenvolvimento Econômico de Santo André, Alexan-dre Gaino, um dos responsáveis pelas duas iniciativas.

NOVOS NEGÓCIOS – A Líder Brinquedos, uma das maiores fabri-cantes nacionais do setor, com sede em Mauá, na região do ABC paulis-ta, adquiriu 12 toneladas de polies-tireno (resina plástica utilizada na montagem de brinquedos) da Replas, empresa distribuidora de termoplás-ticos, localizada em São Paulo. A ne-gociação ocorreu durante a III Roda-da de Negócios – Plásticos.

A Líder, que atua há 20 anos no mercado de brinquedos, foi uma das 13 empresas-âncoras (grandes com-pradoras do segmento plástico) da Rodada. A companhia, presente pela segunda vez consecutiva, fechou ne-gócios com outros fabricantes que participaram da edição passada.

Além da Líder Brinquedos, as outras empresas-âncoras foram a Brinquedos Bandeirantes (segmento de brinquedos), Copafer (construção civil), Primotécnica (máquinas), JP Indústria Farmacêutica (hospitalar), Gnatus (odontologia), Ford (monta-dora), Autometal (automotivo), CGE (automotivo), Coop (varejo), Betulla (cosméticos), Lip`s Sorvetes (alimen-tício) e Romi (máquinas).

O encontro “Grande ABC, a Capi-tal Nacional do Plástico” foi promovido pelo Consórcio Intermunicipal do Gran-de ABC, Câmara Regional do Grande ABC e Prefeitura de Santo André.

Setor plástico busca melhores oportunidades

INFORME PUBLICITÁRIO

ABC paulista debate rumos do segmento e propicia condições para empresas fecharem novos negócios

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O tema, bastante sugestivo, per-tence ao livro do médico argen-tino hector ricardo ojunian,

que reconhece ser polêmico no meio médico, por defender a cura de doenças através da alfabetização emocional. Para ele, as doenças são reflexos e escapató-rias para não enfrentar os verdadeiros problemas que afligem as pessoas. em entrevista a neo mondo, ojunian, que é mestre em saúde coletiva e especializa-do em psiconeuroimunologia, nos fala sobre como ter uma vida sem doenças e sem medicamentos, apenas encarando de frente as dificuldades.

Somos o que comemos,

Terapia de autoconhecimento e cinematerapia na cura de doenças.

Liane Uechi

Perfil

como comemos e COM QUEM COMEMOS...

Neo Mondo: Quais as doenças causa-das por problemas emocionais?Hector: Todas, com exceção das anorma-lidades genéticas e das provocadas por acidentes. As pessoas somatizam dificul-dades emocionais e as transformam em problemas físicos, afinal, a manifestação física é a linguagem do corpo. Quando o indivíduo não sabe lidar com o estresse ruim da vida, ele entra num processo de exaustão, que baixa sua capacidade imu-nológica e a doença se manifesta. Costu-mo dizer que o doente é desonesto, pois utiliza a única desculpa convincente para não resolver seus problemas.

Neo Mondo: Como assim?Hector: A doença é a única justificati-va aceitável para que a pessoa não trabalhe naquele emprego que detes-ta, é a única forma de adiar a resolu-ção de um relacionamento ruim, é a desculpa perfeita para não ter relação sexual, etc...

Neo Mondo: Mas de que doenças estamos falando?Hector: Doenças como obesidade, depressão, hipertensão, enxaqueca, pânico e as de final “ite”: (gastrite, rinite, tendinite, sinusite.....). No caso da obesidade, podemos rapidamente mudar o que comemos e como come-mos, mas o problema pode estar no: “com quem comemos”, que significa ter que enfrentar um problema e tomar atitudes.

Neo Mondo: Mas esse é um processo inconsciente?Hector: Claro, e o tratamento é exata-mente tornar a pessoa consciente disso, através do que chamo de “Alfabetiza-ção Emocional”, e ao encarar o verda-deiro problema que está promovendo a doença, inicia-se o processo de cura.

Neo Mondo: Essa não é a mesma linha utilizada nas sessões de psicanálise?Hector: Sim, mas grande parte da população não tem condições finan-ceiras de arcar com os custos desse tratamento. O trabalho que desenvolvo é acessível à população e aplicado na saúde pública e deveria existir no país todo. Isso reduziria o alto custo da saú-Hector Ricardo Ojunian

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Somos o que comemos, como comemos e COM QUEM COMEMOS...

FILME HISTÓRIA NO QUE AJUDA

Shirley Valentine

Dona-de-casa casada com um homem grosseiro, que consegue

redescobrir sua identidade numa viagem à Grècia

Gera a identificação de mui-tas mulheres nessa condição, estimulando-as a recuperar a auto-estima e a buscar novas alternativas para suas vidas.

O Oitavo Dia

Empresário bem-sucedido, mas infeliz afetivamente, repensa

seus valores ao dar carona a um jovem com síndrome de down

Um convite ao resgate da sensibi-lidade e a um novo estilo de vida, menos competitivo e material e

muito mais prazeroso

Don Juan DeMarco

Psiquiatra entediado tem sua vida sentimental abalada com o convívio de um paciente que

julga ser Don Juan

Questiona e estimula questões em relacionamentos conjugais

que tenham caído na monotonia

Muito Além do Jardim

Jardineiro humilde é desco-berto por um político que vê em seus ensinamentos sobre plantas, mensagens preciosas

para a vida pública

Ajuda a formar consciência política e a entender como alguns

homens públicos manipulam fatos e pessoas em favor de seus

interesses particulares

Já receitei aos meus pacientes visitas a advogados“ ”

de pública atual. Essa linha que adoto vem ocupar uma lacuna entre o traba-lho desenvolvido pelo psicólogo (que não tem todos os conhecimentos) e do médico (que não faz a leitura da psico-logia). Muitas pessoas que procuram os serviços médicos querem unicamente ser ouvidas, mas isso não acontece nos consultórios e ambulatórios.

Neo Mondo: Como é esse tratamento e onde é realizado?Hector: Esse tratamento existe há 16 anos e está implantado na Baixada Santista – Santos , São Vicente e Guarujá – através de reuniões coletivas abertas ao público, gratuitamente, conforme já disse. Nesses encontros, torno as pessoas conscientes desse processo que gera doenças, através da interatividade entre os participantes. Elas são convidadas a ini-ciar um processo de questionamentos e de autoconhecimento. Enfrentar os pro-blemas é algo trabalhoso e muitas vezes doloroso, e nem sempre as pessoas op-tam por esse caminho. Esse processo de cura pode ser comparado a uma Usina de Reciclagem de Lixo Emocional.

Neo Mondo: Quais as etapas desse tratamento?Hector: O primeiro princípio dessa cura passa pela alfabetização funcional, ou seja, conseguir interpretar o que lê e ter consciência política. O segundo é ter plena definição de sua identidade sexual. O terceiro é buscar a satisfação na sua vida afetiva sexual. O quarto passo é a cidadania e o exercício de deveres e também de direitos, que

precisam ser reivindicados. O quinto é a inserção no mercado de trabalho, pois a pessoa precisa ser capaz de se sustentar, de gerar renda, ser incluída socialmente. E finalmente, o sexto princípio que é o de aprender a se relacionar e se for o caso, conseguir sair inteiro dessa relação. Em síntese, as pessoas precisam deixar de remoer pensamentos e passar a agir.

Neo Mondo: Como utiliza o cinema nesse tratamento?

Hector: Acredito que o cinema seja a arte que melhor imita a vida. Receito a cinematerapia no tratamento, pois auxilia no combate às mágoas e inspira as mudanças de atitudes. Filmes como Shirley Valentine, Sociedade dos Poetas Mortos, Don Juan DeMarco, Muito Além do Jardim, Música do Coração, O Oitavo Dia, entre outros, falam de auto-estima, desafios, monotonia sentimental, resga-tam a sensibilidade e estimulam a adoção de novas atitudes. (ver alguns exemplosno quadro abaixo).

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N o dia 9 de outubro ocorreu o lan-çamento da revista neo mondo Kids, em santo andré – sP, com

a participação de aproximadamente 1000 crianças, alunos da escola Pueri Domus, unidade Jardim, em santo andré. a inicia-tiva surgiu para preencher uma lacuna exis-tente no mercado editorial, em publicações especializadas nas questões socioambien-tais voltadas para crianças e adolescentes. “Desde o lançamento, em 2007, da revis-ta neo mondo, recebemos uma crescente solicitação de exemplares por parte das universidades e faculdades, para utiliza-ção das mesmas nas discussões nos meios acadêmicos. os temas abordados também começaram a chamar a atenção de escolas públicas, privadas e bibliotecas municipais” disse a diretora de redação, liane uechi.

em função dessa demanda e pen-sando no público mais jovem, a idéia da criação da neo mondo Kids ganhou força e veio ao encontro de um antigo sonho do presidente do instituto, oscar lopes luiz. “o Brasil precisava de um canal de divulgação especializado e que fomentasse conceitos de sustentabili-dade também para as crianças, de uma forma pedagógica e lúdica” – declarou ele, que espera dessa forma, contribuir na conscientização das novas gerações para práticas éticas e a importância da preservação do planeta.

e assim, com uma linguagem adequada a esse público, com conteúdo fundamentado em diretrizes pedagógicas e com propostas de atividades interativas, a primeira edição da neo mondo Kids chegou ao mercado com grande aceitação por parte de empresas, que

Instituto Neo Mondo lança primeira Revista socioambiental infanto-juvenil.Da Redação

educação

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a distribuíram junto aos filhos de funcioná-rios e também pelas escolas, que a adotaram como material de apoio pedagógico.

o planejamento e execução da revista envolve uma equipe de dezessete profissio-nais, jornalistas, designers gráfico, ilustrador, mestres em educação, autores literários in-fantis, pedagogas, professores, dentre outros, que alinharam suas expertises e conhecimen-tos para criar a primeira revista brasileira so-cioambiental para o público infanto-juvenil.

com periodicidade bimestral, a neo mondo Kids será comercializada a r$ 8,50, através de assinaturas individuais e planos especiais de assinaturas corporativas.

MANUAL DO PROFESSORa partir da segunda edição, a revista re-

ceberá um encarte dirigido ao professor, com instruções e orientações para a utilização do conteúdo oferecido. Desse modo, cada pro-posta sugerida e tema abordado virão acom-panhados de um método de aplicação peda-gógica, o que também é uma novidade nesse tipo de veículo de comunicação.

ABORDAGEM DIFERENCIADAas questões sociais e ambientais são te-

mas de extrema importância educacional nos dias atuais e precisam ser trabalhados e assi-milados desde cedo para gerarem mudanças nas atitudes das gerações futuras. “tivemos o cuidado e a preocupação de envolver nesse projeto profissionais das áreas de comunicação e pedagogia com bastante experiência nessas causas” – disse liane. a revista concilia textos, jogos, brincadeiras, construção de brinquedos, entrevistas jornalísticas e variadas propostas interativas para participação dos leitores.

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entrevistador

dr. Wilber

chef Pimentão

little Joe

os amigos

dona cultura

Personagens

Um Mundo diferente

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educação

Wilber, Dona cultura e sua turma sejam companheiros dos pequenos leitores na aventura do conhecimento.” - disse ela.

a professora de inglês Giane Gou-lart, responsável pela coluna soltando a língua, explicou que através de um veí-culo de comunicação é possível trabalhar o idioma inglês de maneira prazerosa, aguçando a curiosidade e a vontade de aprender outra língua e, dessa forma, se comunicar com o mundo.”

a professora michelle rascalha ex-plicou que o Professor Dr. Wilber, um simpático patinho de pelúcia, já era uti-lizado como mascote nas suas aulas de

ciências. “ao transformá-lo em um dos personagens, a intenção foi chamar a atenção das crianças para as causas am-bientais e, acima de tudo, despertar a simpatia e o interesse pelo conhecimen-to científico que está por trás da ecolo-gia” - disse ela.

os personagens trazem informa-ções e curiosidades que podem dar suporte a conteúdos trabalhados em sala de aula, através de uma lingua-gem acessível às crianças e de fácil compreensão.

no caso dos textos do Dr. Wilber, segundo michelle, é possível disparar pequenos projetos de pesquisa, elabo-ração de trabalhos ou até mesmo dis-cussões para sensibilizar os alunos a desenvolverem campanhas em prol da qualidade de vida, do meio ambiente e da valorização de espécies, que podem ser encontradas nas redondezas da es-cola (ou dentro dela), como pássaros, insetos e plantas.

o intervalo cultural é outro atrati-vo na revista. Formulado pela pedagoga ana claudia Bertolani de andrade, pro-põe jogos e brincadeiras como forma de aprendizado. “a exploração de atividades lúdicas tem estreita ligação com o desen-volvimento afetivo e intelectual da criança e, na neo mondo Kids, a utilizamos como um instrumento metodológico para abor-dar temas ligados ao desenvolvimento so-cioambiental e às matérias publicadas. o

Foram criadas quatorze editorias e vá-rias delas ganharam personagens, idealiza-dos pela professora de educação artística e ilustradora lisie de lucca. são eles: o Dr. Wilber, o little Joe, os amigos, o chefe Pimentão, a Dona cultura, dentre outros. lisie explicou que ilustrar é buscar identi-ficação com o mundo infantil. “o que me encanta na ilustração é a possibilidade de dar forma a um universo criativo capaz de fazer a criança se identificar com os assun-tos trazidos pelos personagens. o desenho torna os assuntos mais atraentes ao olhar da criança um vez que fomenta a imagina-ção e a curiosidade. Por isso, espero que Dr.

Crianças com os seus exemplares, no lançamento da Neo Mondo Kids

Wilber e sua turma despertam a atenção da garotada.

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jogo é um excelente meio de ensinar sobre o respeito às regras, à cooperação entre as pessoas, tornando-se assim um laborató-rio para a vida em sociedade” - disse.

a mestre em educação, diretora de escola e autora de vários livros infantis silmara casadei também participa da neo mondo Kids. “contribuir para a edição da primeira revista socioambiental destina-da às crianças tem um valor histórico e de alta relevância para as necessidades da educação das crianças. as novas ge-rações têm à sua frente velhos e novos desafios: as questões de convivência hu-mana e a degradação ambiental” – disse a especialista. ela lembrou ainda que nos últimos 50 anos produzimos, consumi-mos, desperdiçamos e poluímos mais do que em qualquer outro período da histó-ria humana, ultrapassando a capacidade de recursos que a terra tem para nos ofe-

Precisamos nos fazer novas perguntas e encontrar

novas respostas“

recer. Para agravar o problema, em 1800, a população mundial contava com 1 bi-lhão de habitantes. no ano de 2007, já éramos 6,6 bilhões, gerando mais consu-mo e desequilíbrio.

“será necessário que constituamos novos caminhos da elaboração do pensa-mento e de atuação humana que contribu-am para a economia dos bens naturais, a melhoria da convivência e melhores opor-tunidades de estudo e de trabalho para todos. Precisamos dar um passo a mais na evolução humana, isso inclui quebrar pa-radigmas, criar novos formatos de consci-ência e atuação socioambientais. nossa ge-ração é responsável, não por uma ou outra criança, mas por todas as crianças. todo o esforço deve ser feito para que cresçam e desenvolvam-se seguras e amparadas por nós. nossos objetivos com a revista neo mondo Kids, serão o de trazer às crianças

EDIÇÃO 1Ecologia, astronomia, receitas naturais, dicas culturais, campa-nha para fazer novos amigos, jogos, cruzadinhas, exemplos de crianças que atuam por um mundo melhor, aula de inglês, entrevistas com o famoso desenhista Mauricio de Sousa e com o pentacampeão de skate, Sandro Dias, o Mineirinho, re-cheiam essa primeira edição.

novas reflexões, de forma lúdica e com a participação de especialistas; propor novas ações utilizando um veículo da mídia para apresentar exemplos mais positivos e, principalmente, ouvir suas vozes que não podem ser impedidas de demonstrar ale-gria e possibilidade de trazer o novo para todos nós, encaminhando-as ao bem co-mum. Juntos, precisamos nos fazer novas perguntas e encontrar novas respostas” – concluiu silmara.

um Mundo diferente

Neo Mondo Kids

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D eputados norte-americanos apro-varam uma nova versão do pacote, que prevê uma ajuda de us$ 850

bilhões proposta pelo governo dos eua, que reforçam as armas das autoridades para conter a crise com novas garantias para os correntistas de bancos, além de outros be-nefícios tributários para as famílias de classe média e o setor industrial. este plano deverá permitir que os bancos recuperem a con-fiança dos investidores e com isso possam recompor suas reservas que se esvaziaram com a tão falada crise dos subprime, que se arrasta há mais de um ano. mesmo assim, o plano de ajuda às instituições financeiras não acalmou o mercado e ainda causa preo-cupação entre os investidores. as bolsas em todo o mundo têm vivido sob forte tensão.

o mercado financeiro mundial aguar-da, ansiosamente, o sucesso do pacote de socorro ao sistema financeiro norte-ameri-cano, que prevê sanar as dívidas dos ban-cos e tentar arrumar o quintal da maior economia do planeta. a definição sobre um final de ano de tranqüilidade ou não para a economia globalizada está no suces-so deste plano.

os bancos já vinham pressionando, não é de hoje, o governo e o congresso norte-americano para sejam revistas as re-gras contábeis que obrigam a contabilizar os títulos nas suas carteiras de acordo com o valor de mercado, que por sua vez, se desvalorizaram bastante nos últimos me-ses causando prejuízos às instituições.

alguns legisladores daquele país estão exigindo mudanças nas normas contábeis responsabilizando-as pelo agravamento da crise entre as instituições financeiras. o as-sunto já está sendo discutido entre a securi-ties and exchange commission (sec), órgão regulador do mercado de capitais norte-

americano - equivalente à nossa comissão de Valores mobiliários (cVm) – e as maiores firmas de auditoria do país Pricewaterhouse-coopers (Pwc), KPmG, Deloitte & touche, ernst & Young e BDo seidman.

com o novo pacote, alguns analistas afirmam que os problemas internos poderão ser sanados ou diminuídos, otimistamente falando, em seis meses e que, na economia real, deverão durar ainda por cerca de dois anos. a casa Branca já admitiu que a crise financeira, que abala os mercados interna-cionais, continuará afetando a economia norte-americana no primeiro trimestre de 2009. o governo dos eua acredita que ain-da levará semanas para que o Departamen-to do tesouro comece a comprar os ativos de má qualidade, que vêm sendo chamados de “podres”, da Wall street. outros analis-tas dizem que os possíveis efeitos do que vem ocorrendo na economia dos eua só serão sentidos após o segundo semestre de 2009, efetivamente.

no Brasil as perguntas não cessam: nos-so país será atingido ou não pela crise eco-nômica mundial? a resposta é simples e po-sitiva. não seremos atingidos com a mesma proporção que em outras situações de crise já vividas pelo mundo. os impactos, nas ins-tituições financeiras, por exemplo, serão pe-quenos porque mais de 90% dos ativos dos bancos nacionais são negociadas aqui den-tro. o governo brasileiro vem afirmando que o país está preparado para lidar com a crise que tomou conta do sistema bancário ameri-cano. mesmo assim, não estamos em outro planeta para ficarmos totalmente imunes ao que acontece na economia mundial.

alguns setores de exportação, por exemplo, confirmam que os pedidos pro-cedentes principalmente da Ásia estão 20% menores que os números de 2008. mesmo

Jorge Alberto da Cunha Moreira

assim, esses setores afirmam que o que não for vendido lá fora será repassado para o mercado interno, o que não afetará os lu-cros e as expectativas de crescimento. a valorização cambial, com o dólar ultrapas-sando os r$ 2, é completamente favorável às exportações. Por outro lado, as empresas brasileiras confirmam a percepção da escas-sez de crédito no mercado bancário inter-nacional. isso porque metade das exporta-ções brasileiras, cerca de us$ 100 bilhões, é financiada por bancos no exterior.

os efeitos na Bolsa de Valores, por exemplo, que vêm demonstrando nervo-sismo e provocando queda nas ações, são reflexo de um mercado que opera numa economia globalizada, são papéis de empre-sas negociadas no mundo todo por investi-dores que também têm investimentos nos estados unidos e europa, onde a crise está mais acentuada. Porém, é como um jogo que você aposta e acredita. se o outro inves-tidor deixa de acreditar, ele retira as apos-tas, o que faz com que haja desvalorização daquelas ações. outro, vendo o descrédito e, com medo de perder, também retira as apostas, provocando queda ainda maior. É a lógica da incerteza. segundo especialistas, a Bolsa brasileira está, na realidade, voltan-do a um patamar de normalidade, depois de alguns meses de euforia.

Jorge Alberto da Cunha Moreira é sócio-diretor e CFO da BDO Trevisan.

Contador: formado em Ciências Contábeis pela Universidade Gama Filho no Rio de Janeiro

Pós-graduado em Gestão Empresarial pela Universidade Gama Filho e também

pela Trevisan Escola de Negócios.E-mail: [email protected]

Pacote aprovado

mas incerteza continua

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AlimentarSegurança

Entenda um pouco mais sobre a soberania alimentar brasileira, os riscos dos produtos que consumimos, a

obesidade infantil, a alimentação do brasileiro e como utilizar bem esse combustível da vida.

Caderno Especial

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O mal não é apenas o que sai da boca do homem, porque há do-enças transmissíveis por consu-

mo de gêneros inadequados. o que fazer para evitar, ou correr menos riscos, é uma questão de complexa solução, face a impli-cações alimentares de toda ordem.

a professora-doutora rita heloísa da cos-ta Yoem, pós-doutorada em Bioquímica pela universidade de são Paulo (usP), reforça que há muitos cuidados a tomar. “Por muito tem-po, não nos preocupamos com o que ingerí-amos e como ingeríamos os alimentos, mas com os avanços nos meios de comunicação passamos a ter acesso a um volume maior de informações”, afirma. a rotina é aponta-da por rita como a vilã da forma inadequada como as pessoas se alimentam, “recorrendo a pratos de preparo rápido, sem nos darmos conta do que realmente consumimos”.

a professora não poupa a própria natu-reza, em que, segundo diz, nem tudo é se-guro. “Precisamos prestar atenção no que podemos ingerir indiretamente, sem nos darmos conta”, alerta, antes de apresentar exemplos de componentes que represen-tam riscos à saúde humana. alguns pro-venientes de inocentes abelhas ou pacatas vacas; outros já de fama não tão boa.

o mel, por exemplo, por ser uma subs-tância de origem natural e conter basicamente os carboidratos, glicose, frutose e sacarose, além de alguma quantidade de água, deve ser aquecido no processamento a fim de evitar a sua cristalização. o aquecimento evita ainda o desenvolvimento de leveduras e pode matar esporos de bactérias como o Clostridium botu-linum. num ponto rita é taxativa: “Devemos

São muitos os cuidados a tomar na busca da alimentação completa, variada e equilibrada.

Gabriel Arcanjo Nogueira

especial - segurança alimentar

Há males que entram

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pela Boca Há males que entram

evitar a administração de mel em alimentação de crianças menores de 1 ano, cujas condições estomacais propiciam o desenvolvimento dos esporos e, conseqüentemente, as levam a de-senvolver o botulismo infantil”.

o espinafre contém substâncias tóxi-cas que, se ingeridas em grande quantida-de, podem fazer mal, se não bastasse pos-suir ácido oxálico, que diminui o ferro e o cálcio absorvíveis de uma refeição, quando ingeridos juntos.

Corantes são casos à parte. muitas gu-loseimas infantis, bem como medicamentos e refrescos, apresentam corantes que podem ser maléficos a crianças e adultos sensíveis. É o caso do amarelo de tartarazina, que pode levar a reações alérgicas em pessoas sensí-veis ao ácido acetilssalicílico ou asmáticas.

rita recomenda atenção ao glutamato monossódico, presente em vários produtos usados para realçar o sabor dos alimentos e que pode provocar em pessoas sensíveis sintomas como dores de cabeça, sudorese, sensação de torpor (cansaço), entre outras.

Riscos desde a infânciarita faz ainda alertas a outros riscos ali-

mentares. a intolerância à lactose (presen-te em leite de origem animal) é um deles. a especialista explica: “a lactose é digerida no intestino humano pela enzima lactase, havendo a liberação de glicose e de galac-tose. entretanto, algumas pessoas não têm esta enzima, gerando a formação de gases e acúmulo de água, o que povoca dores e diarréia”. trata-se de intolerância muito comum em populações como as asiáticas, negras e sul-americanas, ressalta.

Adultos que se cuidemSulfitos são aditivos utilizados, entre

outras, na conservação do vinho, para evitar o escurecimento de produtos, fazer branque-amento de alimentos, evitar o desenvolvi-mento de microorganismos. Pode provocar, em pessoas sensíveis, dores de cabeça, náu-seas e vômito, com maior sensibilidade em asmáticos. rita elenca alguns alimentos que apresentam sulfitos: camarão, sucos ácidos, vinho, cerveja e vegetais secos.

o glúten, freqüentemente encontrado em alimentos derivados de farináceos, contém uma proteína denominada gliadina, que pro-voca reações em pessoas sensíveis, levando a lesões intestinais e, conseqüentemente, defici-ência na absorção de nutrientes. a doutora es-clarece: “a dieta isenta de gliadina (glúten) faz com que a mucosa intestinal volte ao normal, mas deve ser seguida pelo resto da vida”.

a fenilalanina é um aminoácido pre-sente normalmente nas proteínas e, em particular, na fórmula de vários adoçantes. Deve ser evitada em pacientes portadores de fenilcetonúria, uma patologia diagnos-ticada no nascimento.

Por fim, rita aponta casos específicos de doenças que exigem dos pacientes um cuidado maior na escolha dos alimentos. “entre muitos exemplos, ressalto os doentes renais e diabéticos. nos dois casos, os pa-cientes devem seguir uma dieta estabelecida de comum acordo por médico e nutricionis-ta, a fim de determinar quais alimentos de-vem ser evitados diariamente e quais estão liberados para consumo. a não obediência a uma dieta recomendada pode conduzir ao agravamento das doenças”, conclui.

Lavar bem os vegetais sílvio césar de osti, mestre em tec-

nologia nuclear e doutor em toxicologia ambiental pela universidade de são Paulo (usP), esclarece sobre alguns aspectos re-ferentes a agrotóxicos ou contaminação de peixes e frutos do mar.

o cuidado básico, qual seja, o de lavar bem os vegetais antes de consumi-los, por exemplo, é mais que fundamental: “Geral-mente, essa prática já elimina agrotóxicos, que dificilmente penetram no alimento, mas devemos ficar atentos ao uso indis-criminado destes produtos e seus resíduos no meio ambiente. isto sim pode compro-meter os animais e os corpos d´água”.

sílvio não se esquece de outro perigo, que são os os hormônios, e ressalta: “exis-

Da agricultura familiar no País saem os alimentos para a mesa de brasileiros

Brun

o sp

ada

neo mondo - outubro 2008 15

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TIPOS DE PERIGOS ExEMPLOS DE PERIGOS ExEMPLOS ALIMENTOS ASSOCIADOS POTENCIAIS DOENÇAS

MICROBIÓLÓGICOS

BactériasSalmonela Ovos, aves, leite cru e derivados Salmonelose

Campylobacter jejuni Leite cru, queijos, gelados, saladas Campilobacteriose

VírusRotavírus Saladas, frutas e entradas Diarréia

Vírus da Hepatite APeixe, marisco, vegetais, água, frutos, leite

Hepatite A

ParasitasToxoplasma Carne de porco, borrego Toxoplasmose

Giárdia Água, saladas Giardose

Priões Agente BSEMateriais de risco especificado de bovino

Variante da doença de Creutzfeldt - Jackob

QUÍMICOS

Toxinas naturais

Aflatoxinas Frutos secos, milho, leite e derivados

Cancro, malformações congênitas, partos prematuros, alterações do sistema imunitário, doenças degenerativas do sistema nervoso, alterações hormonais, disfunção ao nível de diversos órgãos, alterações de fertilidade, doenças osteomusculares, alteração de comportamento.

Solanina Batata

Toxinas marinhas Bivalves, marisco

Poluentes de origem industrial

Mercúrio, cádmio e chumbo Peixe

Dioxinas, PCBs Peixe, gordura animal

Contaminantes resultantes do processamento alimentar

Acrilamina Batata frita, café, biscoito, pão

Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos

Fumados, óleos vegetais, grelhados

PesticidasInseticidas, herbicidas, fungicidas

Legumes, frutas e derivados

Medicamentos veterinários

Anabolizantes, antibióticos Carne de aves, porco, vaca

Aditivos não autorizados

Sudan I-IV, Para Red (corantes)

Molhos, especiarias

Materiais em contato com alimentos

Alumínio, estanho plásticoAlimentos enlatados ou embalados em plástico

FÍSICOS

Ossos, espinhas, vidros, metais e pedras Lesões

NUTRICIONAIS

Sal em excesso Sal de adição, snacks Doenças cardiovasculares

Gorduras em excesso Manteiga, embutidos, carnes gordas Obesidade

Açúcar em excesso Diabetes

Alérgenos Leite de vaca, amendoim, ovos, crustáceos Alergias

especial - segurança alimentar

Estações de piscicultura Peixes e frutos do mar contamina-

dos, no entender do especialista em Químicas analítica e ambiental, exi-gem mais cuidado do consumidor. isso porque, explica, “é muito difícil saber de onde e como foram capturados na natureza, o que pode nos sujeitar a pos-síveis substâncias tóxicas a que foram expostos. animais criados em estações

de piscicultura apresentam maior con-trole de qualidade e são mais seguros” - disse ele.o que sílvio defende é que haja muito mais empenho na educação ambiental, pelo que representa de papel fundamental nos rumos que a humani-dade tomará. “Devemos orientar as pes-soas para o consumo consciente e para a necessidade de desenvolvermos novas tecnologias para produção mais limpa.”

neo mondo - outubro 200816

te legislação específica para a utilização segura de hormônios ou precursores em animais, e os bons produtores seguem as normas com acompanhamento de profis-sionais qualificados”.

apesar de existir essa preocupação, o pro-fessor da umesp, que é também consultor am-biental, lembra que hoje existe a opção dos ali-mentos orgânicos, cuja produção dificilmente chegará a dos níveis atuais com estas técnicas.

Fonte: http://www.esramada.pt/pt/alunos/alimsau/riscos_alimentares.htm

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O desenvolvimento industrial ocor-reu de forma extremamente ace-lerada a partir da revolução indus-

trial, após meados do século XiX. a partir desse período, a poluição ambiental causada pelo homem aumentou consideravelmente e de modo descontrolado, de forma que as re-lações entre o homem e o seu meio ambiente se modificaram. atualmente não é possível estimar a enorme quantidade de produtos e substâncias produzidas industrialmente, sendo que os resíduos industriais lançados ao meio ambiente são igualmente diversos.

a poluição industrial ocorre em to-dos os meios da biosfera, na água doce, nos oceanos, na atmosfera e no solo. conseqüentemente, as comunidades biológicas dos ecossistemas estão em contato com substâncias e materiais não naturais, a maioria dos quais cau-sando algum tipo de dano ecológico. a poluição industrial afeta diretamente o homem, uma vez que estamos sujeitos a ingerir água e alimentos contaminados e respirar o ar poluído. exemplos da serie-dade deste problema são a intoxicação e morte de dezenas de pessoas em mina-mata, no Japão, após consumirem peixes contaminados com mercúrio. eventos como este, envolvendo contaminação de alimentos com poluentes industriais, têm sido comuns ao longo das últimas décadas.

agentes principais da poluição indus-trial são os gases liberados na atmosfera, os compostos químicos orgânicos e inor-gânicos lançados nos corpos hídricos e a poluição do solo com o uso de pesticidas.

entre os poluentes mais prejudiciais ao ecossistema estão os metais pesados. estes elementos existem naturalmente no ambiente e são necessários em con-centrações mínimas na manutenção da saúde dos seres vivos (são denominados

oligoelementos ou micronutrientes). al-guns metais essenciais aos organismos são o ferro, cobre, zinco, cobalto, manga-nês, cromo, molibdênio, vanádio, selênio, níquel e estanho, os quais participam do metabolismo e formação de muitas pro-teínas, enzimas, vitaminas, pigmentos respiratórios (como o ferro da hemoglo-bina humana). Porém, quando ocorre o aumento destas concentrações, normal-mente acima de dez vezes, existem os chamado efeitos deletérios.

a crescente quantidade de indús-trias atualmente em operação, especial-mente nos grandes pólos industriais do mundo, tem causado o acúmulo de grandes concentrações de metais nos corpos hídricos como rios, represas e nos mares costeiros. isto ocorre, pois grande parte das indústrias não trata adequadamente seus efluentes antes de lançá-los no ambiente.

João Carlos MucciacitoIngerindo

POLUIÇÃO

os metais, quando lançados na água, agregam-se a outros elementos, formando diversos tipos de moléculas, as quais apre-sentam diferentes efeitos nos organismos devido a variações no grau de absorção pelos mesmos. um dos efeitos mais sérios da contaminação ambiental por metais pesados é a bioacumulação dos poluentes pelos organismos vivos. animais e plan-tas podem concentrar os compostos em níveis milhares de vezes maiores que os presentes no ambiente.

Currículo:João Carlos Mucciacito

Químico da CETESB, Mestre em Tecnologia Ambiental pelo Instituto

de Pesquisas Tecnológicasda Universidade de São Paulo,

professor no SENAC, no Centro Universitário Santo André – UNI-A e na FAENG - Fundação Santo André.

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H á números alarmantes, para dizer o mínimo, vexatórios ou escanda-losos. um teólogo diria: “que cla-

mam aos céus...”. De acordo com a organi-zação das nações unidas para agricultura e alimentação (Fao), as pessoas que pas-sam fome na américa latina e no caribe somariam 51 milhões, em 2007, tendência crescente debitada pela Fao aos altos pre-ços de alimentos e combustíveis. imagina, então, se representantes de 191 países não tivessem assinado em 2000, durante assembléia Geral das nações unidas, a Declaração do milênio. entre as metas es-tabelecidas, a de reduzir pela metade até

Mais que raiva para vencer a FOMEAinda há 8,8 milhões de brasileiros na pobreza extrema.

Gabriel Arcanjo Nogueira

especial - segurança alimentar

2015 o total dos que vivem em extrema pobreza. o Brasil teria feito a lição de casa, ao diminuir de 8,8% para 4,2% esse contin-gente entre 1991 e 2005. não obstante, se-ríamos ainda 7,5 milhões (sobre)vivendo com renda familiar inferior a 1 dólar por dia. De onde estiver, Gonzaguinha deve cantar, cada vez mais a plenos pulmões, que “a fome tem de ter raiva pra interrom-per”. além da raiva, o que pode ser feito?

o assessor especial do ministério do Desenvolvimento social e combate à Fome (mDs), Frederico Guanais, revê os dados referentes à situação no País ao apresen-tar cálculos do centro de Pesquisas sociais

da Fundação Getúlio Vargas com base em dados das Pesquisas nacionais por amos-tragem de Domicílios (PnaD). De acordo com esses estudos, a proporção de pessoas no Brasil que vivem com menos de 1 dólar de renda per capita, e não familiar, ajusta-da pela paridade de poder de compra, caiu de 11,73% em 1992 para 4,69% em 2006. “em algum momento entre 2004 e 2005, o País atingiu a meta de redução pela me-tade da proporção de pessoas em pobreza extrema. no entanto, esses 4,69% de mui-to pobres em 2006 ainda representavam um contingente de cerca de 8,8 milhões de brasileiros”, explica. Guanais esclarece

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neo mondo - setembro 2008 A

Mais que raiva para vencer a FOMEAinda há 8,8 milhões de brasileiros na pobreza extrema.

Gabriel Arcanjo Nogueira

que o governo federal em 2005 compro-meteu-se, por decisão unilateral, com a redução para 1/4 da proporção de pessoas em pobreza extrema. Para acrescentar: “os ganhos sucessivos de redução da pobreza que continuamos a observar por meio dos dados anuais das PnaDs mostram que muito em breve atingiremos também essa meta mais ambiciosa”.

Desafios x soluções Para não se perder na ambição, o as-

sessor deixa claro que a orientação do ministro Patrus ananias é: os programas e políticas do mDs, por mais exitosos que

sejam, devem sempre ser aprimorados. isso porque os desafios de combate à po-breza, à fome e à exclusão no País são enor-mes, segundo Guanais, fruto de séculos de exclusão. o Brasil, além da consolidação da rede de proteção e promoção social, na visão do ministério, pode registrar impor-tantes avanços na área de inclusão pro-dutiva de famílias beneficiárias do Bolsa Família. o Plano setorial de Qualificação (Planseq Bolsa Família ), em fase de im-plantação, numa articulação entre casa ci-vil da Presidência da república, ministério do trabalho e emprego, mDs e a câmara Brasileira da construção civil, deverá ca-

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especial - segurança alimentar

AÇÃO ENTRE IRMÃOS

• Atualmente, por meio do PAA, 93,4 mil agricultores familiares bra-sileiros contribuem, com sua pro-dução, para a segurança alimentar de 11,4 milhões de patrícios.

• Na modalidade PAA Leite, 16,3 mil produtores beneficiam 2,5 milhões de pessoas, com 467 mil litros de leite por dia.

pacitar membros de famílias beneficiárias para empregos no setor da construção. na primeira fase, estão previstas 185 mil va-gas de trabalhadores qualificados.

uma demonstração da preocupação permanente com o aprimoramento de programas desse alcance está na realiza-ção da semana mundial da alimentação e, dentro dela, o seminário os desafios da segurança alimentar e nutricional e as res-postas do governo brasileiro. outro evento foi o 1º encontro nacional de coordenado-res estaduais do Programa Bolsa Família, em manaus. na abertura do seminário, em 15 de outubro, em Brasília, ao lado de representantes do conselho nacional de segurança alimentar e nutricional (con-sea) e da Fao, o ministro Patrus ananias afirmou que “os pobres não podem pagar a conta da crise financeira”, e deixou claro como se dará essa continuidade. Patrus reiterou que o Brasil é um país grande, com potencialidade e que pode investir em alimentos, em energia limpa e biocom-bustíveis, compatibilizando a estabilidade

econômica com o desenvolvimento social. “o Brasil está mostrando a sua força eco-nômica, suas potencialidades”, disse. mas lembrou que sempre com prudência para garantir a estabilidade, o controle da in-flação, para que em nenhum momento o País saia do caminho do crescimento, do desenvolvimento econômico, sempre com

sivos. Essa referência do Estado do Bem-Estar Social é um modelo im-portante e que orienta a construção dessa ampla rede de proteção e pro-moção social no Brasil”, conclui.

Umas das maiores autoridades em Direito Constitucional brasileiro, o doutor em Direito Constitucional, Roberto Baungartner, lembra que, em seu artigo 23, a Constituição es-tabelece que os governos em todas as esferas têm de cuidar da saúde e assistência pública, proteger o meio ambiente, combater a poluição em qualquer de suas formas, além de preservar florestas, fauna e flora.

Tudo muito coerente com uma política de Segurança Alimentar que permita aos brasileiros deixarem ou não entrarem em estado de penúria. Esta já definida pela Organização In-ternacional do Trabalho (OIT) como prejudicial à prosperidade. E olha que esta Organização recebeu o No-bel da Paz quando completou seus 50 anos de existência. Quem sabe um dia a Segurança Alimentar do País consiga esta láurea. E que não demore tanto.

Garantias de direitos

Para tentar superar os aspectos mais críticos da fome, são cerca de 67,7 milhões de pessoas no Brasil atendidas pelos programas do MDS. O governo pretende avançar na inte-gração de políticas, tanto no aspec-to federativo, envolvendo estados e municípios nos esforços conjun-tos para o desenvolvimento social, quanto no aspecto intersetorial, envolvendo saúde, educação, tra-balho, moradia ou cultura. O MDS entende que o governo já parte de um quadro de alcance significativo. “Trabalhamos nessa linha por meio da consolidação dos vários sistemas de políticas, entre eles o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN)”, cita o assessor. Outro ponto impor-tante lembrado pelo assessor é con-solidar a consciência com relação à permanência das políticas sociais como políticas públicas garantidoras de direitos. “Os países mais avança-dos mantiveram e expandiram suas políticas sociais ao longo do tempo, construindo sistemas amplos e inclu-

distribuição de renda e inclusão social. na avaliação do ministro, uma das causas do Brasil poder superar a crise econômica mundial está em suas políticas sociais, que garantem renda e um mercado interno de consumidores, aquecendo a economia.

não bastassem as ações de parceria público-privada, o assessor especial do mDs destaca a importância do Programa de aquisição de alimentos da agricultu-ra Familiar (Paa), que é referência inter-nacional pelo que representa na proposta de soluções efetivas de combate à fome e à pobreza. Para Guanais, o Paa é um dos programas que mais bem sintetizam a estratégia Fome Zero. De um lado, por oferecer oportunidades de geração sus-tentável de renda ao garantir a compra de alimentos de agricultores familiares; de outro, porque disponibiliza alimentos de qualidade para aqueles que estão em situa-ção emergencial de insegurança alimentar. segundo ele, os números são expressivos (ver Quadro). “são dados que apontam para um balanço muito positivo. no en-tanto, ainda há espaço para crescimento desse modelo de políticas públicas que se mostra extremamente eficaz.”

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N o século XViii, o culto da razão cunhou a designação de homo sapiens (literalmente, “o homem

que sabe”) como expressão capaz de defi-nir a nossa espécie. De lá para cá, outras denominações importantes foram propos-tas: homo faber (“o homem que fabrica”) e homo ludens (“o homem que brinca”). sapiens é característica relativa ao espírito e sua capacidade racional. Faber diz respei-to à habilidade de fazer coisas a partir da inteligência. e ludens, qualidade que se contrapõe ao caráter utilitário de Faber, contesta, ao mesmo tempo, a primazia da razão como virtude essencial do homem. três expressões distintas, que de certo modo se completam, pondo em destaque algum predicado típico da raça. mas estão todas, implícita ou explicitamente, ligadas aos atributos da mente humana.

Parecerá ingênuo perguntar, ainda assim vou insistir: e o corpo? não há nada ligado mais diretamente ao corpo do homem que, em certa medida, nos possa definir como espécie? a resposta imediata e ululante é

“não!”. Biologicamente falando, as caracterís-ticas do corpo só nos permitem ser classifi-cados como “mamíferos” ou “bípedes”, por exemplo, e não fornecem nenhum traço de-terminante para nos diferenciar como “hu-manos” em relação aos outros animais.

mas todo corpo, a fim de perdurar e se desenvolver, deve ser alimentado. tra-ta-se de uma constatação também óbvia demais. não obstante, dela se extrai um termo de comparação capaz de definir a espécie humana a partir de um fenôme-no não diretamente relacionado à mente mas, antes, ao próprio corpo, através do paladar, qual seja, a culinária.

natureza e cultura são conceitos que se opõem mutuamente. Pertence ao do-mínio da cultura tudo aquilo que foi de algum modo transformado pelo homem e tudo aquilo que não é hereditário mas sim transmitido e aprendido pelas gerações humanas. como animais, pertencemos ao domínio da natureza. como humanos, nos inserimos no domínio da cultura. a idéia de humanidade, portanto, se confunde

Márcio Thamos

com o próprio conceito de cultura.Foi claude lévi-strauss quem primeiro

observou que, do mesmo modo como não existe sociedade humana sem linguagem verbal, também não existe sociedade hu-mana que não elabore, vale dizer, que não transforme, em parte ao menos, seu alimen-to cozinhando-o. assim, o cru e o cozido, o alimento natural e aquele transformado pela ação do homem, estão para natureza e cul-tura como um dado distintivo entre anima-lidade e humanidade. mas, para cozinhar, foi preciso primeiro dominar o fogo.

É bem conhecido o mito de Prome-teu, um primo de Júpiter (Zeus), que o grande deus olímpico castigou mandando acorrentá-lo a um rochedo, onde todos os dias uma águia devorava-lhe o fígado, que à noite se regenerava. o crime de Prome-teu foi justamente ter roubado aos deuses sementes do fogo para dar aos homens. e esse presente, segredo divino assim com-partilhado, acaba alçando o bicho homem de sua humilde e primitiva condição ani-mal. na verdade, o mesmo Prometeu cria-ra o homem, modelando-o à semelhança dos entes imortais, a partir da terra mo-lhada pelas águas dos rios. mas a criação de Prometeu só está completa quando o homem recebe o fogo, cujo domínio dis-tingue a humanidade ao possibilitar, entre outras artes, a distinção entre o cru e o co-zido, de que falava lévi-strauss.

assim, posso aqui seguramente arris-car uma nova definição para a raça: homo coquens, isto é, “o homem que cozinha” (e, se não vingar como a de homo sapiens, será por pura implicância da intelectuali-dade temerosa de perder seu prestígio).

O saber e o sabor:

Doutor em Estudos Literários.Professor de Língua e Literatura Latinas

junto ao Departamento de Lingüística da FCL-UNESP/CAr.

Coordenador do Grupo de Pesquisa LINCEU – Visões da Antiguidade Clássica.

noções complementares para uma definição de humanidade

isto

ck f

otos

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Um, dois, feijão com arroz... o res-tante dessa parlenda teria melhor impacto na educação alimentar

se a continuação fosse: três, quatro, sala-da no prato. cinco, seis, do leite é a vez. sete, oito, sem muito biscoito. nove, dez, diminua os pastéis.

afinal, este é o desafio de médicos e nutricionistas: inserir hábitos alimentares mais saudáveis com o incremento de ver-duras, leguminosas e frutas, equilibrando os macros (carboidratos, lipídios e prote-ína animal) e os micronutrientes (vitami-nas e sais minerais).

De acordo com o reumatologista da unifesp, marcelo Pinheiro, responsável pela pesquisa the BraZilian osteoporosis study – BraZos, que indicou a má alimentação do brasileiro, a combinação de arroz, feijão, car-ne e salada é excelente, uma vez que atende as demandas do organismo quanto à mobili-dade e a manutenção de níveis saudáveis de colesterol, entre outros benefícios. Porém, garante apenas uma maior ingestão de ma-cronutrientes, em detrimento dos micros, encontrados nas frutas e hortaliças, pouco consumidas pelos brasileiros.

o estudo revelou que a nutrição brasi-leira está muito defasada. Vitaminas como D, K e minerais como o cálcio e o magné-sio, importantes para formação e minera-lização dos ossos, apresentam consumo até três vezes abaixo das recomendações internacionais, ocasionando maior exposi-ção à fraturas e à osteoporose.

mesmo com a inserção da salada no car-dápio, ela não chega perto do consumo ideal e necessário para balancear a nutrição.

Durante as pesquisas, homens e mu-lheres de todas as classes sociais foram questionados para levantar dados qualita-tivos e quantitativos das refeições. Verifi-cou-se, portanto, que a salada que compõe a mesa do brasileiro se reduz a duas folhas de alface e a algumas rodelas de tomate e cebola, enquanto a recomendação da organização mundial da saúde – oms, é de, no mínimo, quatro ou cinco porções de hortaliças e frutas por dia.

Para a diretora do instituto de nu-trição da uFrJ, andréa ramalho, os in-quéritos qualitativos foram ruins, porque não há preocupação quanto à freqüência, o que e quanto se consume. segundo ela,

o ideal é que o prato seja variado, ofere-cendo uma diversidade maior de carboi-dratos, vitaminas e sais. “comer muito não significa saúde. Qualidade versus quantidade é o que define uma boa refei-ção” – ressalta.

Mudança de hábitoa pesquisa mostrou que de uma forma

geral, o brasileiro ainda mantém a tradição do arroz com feijão, mas estes itens vêm sendo, cada vez mais, substituídos por lanches com valor nutricional bastante inferior, confirmando o mau planejamen-to alimentar em função da falta de tempo para as refeições.

além disso, segundo a nutricionista andréa ramalho, a entrada da mulher no mercado de trabalho alterou o padrão alimentar mundial. hoje ela não tem mais espaço no seu dia para escolher, comprar e preparar os alimentos como antes. mas, para atender a sua rotina corrida, procura algo mais acessível e saboroso. “a indús-tria do alimento se aproveitou disso e a cada dia temos mais opções práticas, mas ricas em gorduras” - ressalta.

Feijão e arroz não são suficientesBrasileiro não consome nutrientes de forma adequada e passa por período de fome oculta.Livi Carolina

especial - segurança alimentar

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Feijão e arroz não são suficientes

outro fator importante destacado pelo anuário Brasileiro das indústrias da alimen-tação quanto à má nutrição, é a inversão de valores. se as primeiras necessidades da hu-manidade estavam centradas na busca do alimento e na proteção contra os predadores, as necessidades das gerações a partir dos anos 80 focaram-se no prazer. exemplo prá-tico disso é o consumo de refrigerantes, que chegaram ao mercado mundial neste mesmo período. ele poderia ser substituído por um suco, mas ingeri-lo não é uma necessidade do organismo e sim a satisfação de um desejo.

Sobremesamesmo com grande diversidade, no

Brasil, as frutas perderam espaço na mesa dos brasileiros.

embora os doces contribuam para a ingestão de mais doses de gordura, a competição injusta com musses, sorve-tes, chocolates e doces em geral, fez com que as frutas perdessem o atrativo, mes-mo sendo também responsáveis pelo ba-lanceamento do organismo.

segundo andréa ramalho, toda esta situação gera o que se chama de fome oculta. “o indivíduo tem uma carência de vitaminas, mas não percebe. isso pro-voca um descontrole metabólico enor-me” – alerta.

esse desequilíbrio nutricional tem levado a população para outros números alarmantes. atualmente, o Brasil encon-tra-se em quarto lugar no quadro mundial da obesidade.

Comer muito não significa saúde. Qualidade versus quantidade é o que define uma boa refeição

“”

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Não sou mais criança pra tomar leite!

Um dos piores índices de deficiência nutricional foi o cálcio, encontrado no leite e seus derivados. Em função disso, a pesquisa revelou que aproximadamente 15% dos adultos jovens têm osteopenia (patologia que consiste na diminuição da densidade mineral dos ossos, precursora da osteoporose) e 0,6% têm osteoporose. De acordo com o médico Marcelo Pinheiro, essa enfermidade é responsável pela grande maioria de casos de quedas, sendo que 25% delas geram fratura no fêmur, ocasionando em 30% dos casos invalidade e dor crônica. A recomendação para consumo diário de cálcio é de 1.200 miligramas. No Brasil, a média é de 400 miligramas. Segundo Pinheiro, a fase da adolescência é a que mais deve ser estimulada a prevenir-se contra a osteoporose. Porém, o leite é associado à infantilidade, por isso muitos deixam de nutrir-se.“Isso seria solucionado com a ingestão de queijos, iogurtes e outros derivados, mas o consumo de cálcio restringe-se, em muitos casos, à mussarela da pizza do final de semana” – alerta.

especial - segurança alimentar

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Principais fontes de micronutrientes

Complexo B - pólen, arroz integral, gema de ovo, grãos germinados em geral (particularmente trigo);

Vitamina A - fígado de peixe, cenoura crua, legumes verdes, abóbora, mamão e manga;

Vitamina C - legumes e frutas frescas, principalmente laranja, limão, mamão, caju, goiaba, kiwi e acerola (esta constitui a maior fonte natural da vitamina);

Vitamina D - peixes em geral, grãos germinados e gema de ovo;

Vitamina E - grãos germinados (particularmente trigo), óleo de germe de trigo, abacate e gema de ovo;

Vitamina K - algas, alfafa, trigo germinado, legumes verdes e gema de ovo.

Principais fontes de minerais

Cálcio - leite e derivados, couve, gergelim, amêndoas e algas;

Cobre - frutos do mar, algas, frutas secas, alho e verduras;

Cromo - levedura de cerveja, cereais integrais, cenoura e ervilha;

Enxofre - repolho, couve, couve-flor, alho, agrião e cebola;

Ferro - algas, verduras, melado, gema de ovo, beterraba e frutas secas;

Fósforo - levedura de cerveja, trigo germinado, gema de ovo, peixe, leite e derivados;

Flúor - sementes de girassol, além de grãos, cereais, leguminosas e ervas germinados e consumidos em estado de brotos;

Iodo - frutos do mar, algas, vegetais que crescem à beira-mar, agrião e alho;

Magnésio - frutas secas, verduras, mel e pólen;

Potássio - frutas, legumes e algas;

Selênio - levedura de cerveja, ovos, carne, peixes, mariscos, alho e cebola;

Zinco - frutos do mar, leite e derivados, trigo germinado, levedura de cerveja e maxixe.

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O Japão, apesar de ser uma nação desenvolvida, tem na alimenta-ção um preocupante problema,

pois depende da importação de alimen-tos para suprir a alta demanda de consu-mo no país. a explicação é simples: são cerca de 127.288.419 pessoas concentra-das em um território vinte e duas vezes menor que o Brasil.

Para suprir essa necessidade de ali-mentos, estabeleceu parceria com a china, de modo a garantir sua segurança alimen-tar. trata-se de acordo com controle rigo-roso, sobretudo de qualidade.

Por essa razão, as autoridades japone-sas do ministério da saúde demonstram inquietação crescente quanto à qualidade sanitária de produtos oriundos da china. não é pra menos, há denúncias da exis-tência de resíduos de agrotóxicos e de adi-tivos nesses produtos.

no mês de setembro, o mundo fi-cou sabendo da intoxicação de bebês que ingeriram leite em pó contamina-do, o que ocasionou algumas mortes. o escândalo começou com a descoberta do alto nível de melanina – substância usada na fabricação de plástico – acres-cido aos produtos lácteos para disfar-çar a diluição em água e elevar o índice de proteínas.

malásia e cingapura proibiram importações de produtos derivados do leite chinês. no Japão, a empresa marudai shokudin retirou do mercado os produtos feitos com ingredientes chineses suspeitos de conterem mela-nina. essa empresa comercializava bo-los, pastéis, pães, bolinhos de carne, dentre outros. tais produtos são muito populares e foram servidos até para pa-cientes hospitalizados.

Dilma de Melo Silva

após a divulgação da contaminação, as autoridades japonesas determinaram a realização de testes de melanina em “to-dos” os alimentos feitos com produtos lác-teos procedentes da china.

um procedimento de grande escala e que mostra que todo cuidado é pouco quando se trata da saúde da população. exemplo para pensarmos...

Correspondente especial de Quioto – Japão

Professora doutora da Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo, socióloga pela FFLCH\USP, mestre pela Universidade

de Uppsala, Suécia e Professora convidada para ministrar aulas sobre

Cultura Brasileira na Universidade de Estudos Estrangeiros.

Segurança alimentar também é preocupação

em países desenvolvidos

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C orrer, pular, dançar, jogar, cair, le-vantar, aprender, sorrir, brincar...são atividades e lembranças sau-

dosas da infância. no entanto, ao longo dos anos e do avanço da tecnologia, este quadro da infância e da juventude vem so-frendo alterações importantes.

a preocupação com a segurança tem fei-to com que eles permaneçam por longos pe-ríodos dentro de casa assistindo televisão e entretidos com jogos e salas virtuais. habitu-ados a este ritmo, poucos se interessam por praticar esportes. após passar a maior parte do dia sentados, expostos à propagandas e alimentando-se de maneira inadequada, a tendência é engordar e tornar-se cada vez mais desanimado a sair dessa condição.

conforme afirma a mestra de Pediatria e Puericultura da Faculdade de medicina do aBc, Denise de oliveira schoeps, mesmo que queira se exercitar, esse jovem esbar-ra na gozação dos amigos e no cansaço por causa do sobrepeso. então, prefere se isolar das atividades e, por causa da frustração gerada, recorre mais uma vez à geladeira. e assim, a cada ano cresce a epidemia mun-dial da obesidade entre os jovens.

nos eua, onde o índice é maior, 30% das crianças entre 6 e 19 anos estão com sobrepe-so ou obesas. Já no Brasil, um estudo publi-cado pela sociedade Brasileira de endocrino-logia e metabologia - sBem, indica que 15%

Criança

A epidemia da obesidade

atingiu as crianças.

O que fazer para mudar

esse quadro?

Livi Carolina

especial - segurança alimentar

neo mondo - outubro 200826

precisa de energia, mas não acumulada.

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Criança

neo mondo - outubro 2008 27

das crianças e 8% dos adolescentes brasileiros são obesos. Dados que as colocam no grupo de risco de doenças cardíacas, diabetes, hiper-tensão arterial, alterações ortopéticas, além de seqüelas emocionais, como a depressão.

e o mito de que a criança emagrece sozinha com o passar dos anos também foi quebrado. o estudo revelou que oito em cada dez adoles-centes continuam obesos na fase adulta.

Início do problemasegundo Denise schoeps, os equívocos na

nutrição infantil começam com o desmame precoce. “este período tem que ser valorizado. o leite materno tem nutrientes suficientes para o desenvolvimento da criança, mas tem rápida digestão. então é normal que a criança depois de algumas horas chore com fome novamente. não há, portanto, necessidade de acrescentar à alimentação da criança outro leite, nem fari-nhas e outros produtos. “Quando isso acontece estamos forçando a criança a engordar, porque damos a ela um leite forte, que consegue en-gordar um bezerro em seis meses, o que uma criança, alimentando-se adequadamente, leva-ria um ano” – ressalta..

o ideal para Denise, seria passar por uma orientação nutricional, pelo menos uma vez ao ano até a idade adulta e nos primeiros dois anos, a cada seis meses.

Faça o que digo, mas não faça o que eu faço

lucas tem 13 anos de idade, mede 1,60 e pesa 70 kg, apresentando cerca de 5 kg de sobrepeso. estes números não seriam tão alarmantes se não fossem alguns fatores: sua mãe, sandra dos santos montagini, de 42 anos, com 1,55 de altura pesa 107 kg. além disso, ele resiste a reeducação alimen-tar, assim como à praticar natação, por sen-tir-se envergonhado com o corpo. sandra diz que é horrível ver o filho desanimado

desta maneira, sabendo que tem parte des-ta culpa. “antes que eu começasse um tra-tamento para perder peso, há um ano, não havia esta preocupação. Quase não existia fruta, verduras e legumes nas refeições. era muita massa, refrigerante, doce, fritura. e eu o acostumei assim. agora ensiná-lo que é preciso se alimentar melhor está sendo mais difícil” – relata a mãe.

De acordo com Denise, mais do que o fator genético, o hábito alimentar da família é o que faz a diferença no desenvolvimento nutricional dos filhos. “seu filho não vai ao fast-food sozinho” – destaca e acrescenta que os pais é que devem conduzir e incentivar seus filhos. “as crianças precisam aprender a ouvir não. ceder na primeira manha é fazer com que o filho continue a rejeitar alimentos saudáveis, a praticar esportes... se não está dando certo de um jeito, tente de outro. não quer natação, pergunte qual outro esporte ele gostaria de praticar. se não quer comer cenou-ra, faça uma apresentação do prato de uma maneira diferente, mas a educação alimentar é responsabilidade da família” – alerta.

a associação Brasileira para o estudo da obesidade e da síndrome metabólica – aBeso destacou alguns erros que não devemos cometer na educação alimentar da criança. Veja abaixo:

1. Dizer sempre sim: a criança sem li-mites vai abusar das calorias e das guloseimas. Devemos ter um dia por semana e situações em que podemos ser mais liberais.

2. lanches fora de hora: o ideal são seis refeições diárias e evitar as beliscadas fora desses horários.

3. oferecer comida como recompensa: “coma toda a sopa para ganhar a sobremesa”. Pas-sa a idéia de que tomar sopa não é bom e que a sobremesa é que é o máximo.

4. ameaçar castigos para quem não cum-pre o combinado: “se não comer a sa-lada, não vai ganhar presente”. isso somente vai aumentar o ódio que a criança sente das saladas.

5. Brincadeiras na mesa: hora de comer é hora de seriedade, evitar fazer aviãozinho. muito mimo é sinônimo de muita manha.

6. ceder ao primeiro “não gosto disso”: a criança tem uma tendência a dizer que não gosta de uma comida que ainda não provou. cada um pode comer o que qui-ser, mas experimentar não custa nada.

7. substituir refeições: não quer arroz e feijão, então toma uma mamadeira. esse erro é muito comum, e se a criança conseguir uma vez, vai repetir essa estratégia sempre.

8. tornar a ida a uma lanchonete, um even-to: a comida de casa fica meio sem graça.

9. servir sempre a mesma comida: a crian-ça só toma iogurte, então passa o dia todo tomando iogurte. Vai enjoar, ter carência de nutrientes, de fibras, etc.

10. Dar o exemplo: não adianta mandar to-mar sucos e somente beber refrigerantes.

precisa de energia, mas não acumulada.

Denise de Oliveira Schoeps, Pediatria e Puericultura da Faculdade de Medicina do ABC.

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S e uma alimentação adequada é fundamental no desempenho de uma pessoa, seja para tra-

balhar ou para estudar, imagine sua influência para um atleta, cujo corpo demanda uma quantidade de energia muito maior, para alcançar a alta per-formance desejada. especialistas são unânimes em afirmar que para maxi-mizar os resultados, um atleta precisa adequar sua dieta de modo a atender o seu gasto energético. evidente que as necessidades irão variar de acordo com o tipo, freqüência, intensidade e duração de treinamentos. o assunto chegou às discussões populares após a divulgação na mídia da dieta de 12.000 calorias diárias do super nadador mi-chael Phelps, impensável para um ci-dadão comum.

o brasileiro é um apaixonado por es-portes, habilidoso, cheio de ginga e raça. mas será que todos os nossos atletas têm acesso a uma dieta nutricional específica, que otimize seu desempenho?

tânia rodrigues, diretora técnica e nutricionista da rGnutri consultoria e co-autora da Diretriz da sociedade Brasileira de medicina esportiva para recomendações nutricionais a praticantes de atividade físi-ca, explica que uma das principais diferen-ças entre a alimentação da população e a do atleta é a quantidade de alimentos e os tipos de nutrientes necessários para repor o gasto calórico e recuperar os músculos, evi-tando fadigas. sem essa reposição, o atle-ta está sujeito a um comprometimento do funcionamento normal do corpo, o que por sua vez, pode gerar alterações na sua imuni-dade e na regulação dos seus hormônios.

ela explica que existem recomen-dações nutricionais para praticantes de atividade física, já comprovadas cien-tificamente, e que estão descritas em Diretrizes americanas, canadenses, européias e também Brasileiras, que orientam sobre aspectos como: calorias, quantidades de carboidratos, proteínas e nutrientes importantes. Dessa forma, a nutrição para o atleta deve ser enca-rada como uma parte do programa de treinamento, de modo a obter resulta-dos potencializados.

Para simplificar, a nutricionista divi-de essas recomendações em três linhas gerais: atividades aquáticas, de força e de longa duração. Para as atividades aquáti-cas são recomendados alimentos de fácil digestão, carboidratos pobres em fibras, proteínas e gorduras, antes da atividade

Cardápio dos

Quais as diferenças necessárias na alimentação de um atleta.Liane Uechi

especial - segurança alimentar

CAMPEÕES

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Cardápio dos CAMPEÕES

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física, de forma à evitar distúrbios gás-tricos durante o evento esportivo.

Para os treinos de força, além dos car-boidratos é necessário um aporte de pro-teínas maior do que o recomendado para indivíduos não treinados, pois objetivam a formação da massa muscular e para os trei-nos de longa duração, além dos carboidra-tos e proteínas é muito importante calcular a hidratação durante o evento esportivo.

alguns sinais podem ser notados no corpo, quando essa reposição nutricio-nal não está adequada: má recuperação muscular, câimbras freqüentes, fadiga muscular durante e após os treinos, al-terações no padrão de sono e do apetite e até alterações de humor, de concentra-ção no trabalho e no estudo.

conforme orientou tânia, em geral, recomenda-se de quatro a seis refeições di-

árias. mas não se trata apenas da definição do número de refeições. É preciso aliar o vo-lume das mesmas aos horários dos treinos, à disponibilidade de alimentos, às condições econômicas para sua aquisição, e até mesmo os limites e conhecimentos no preparo des-sas refeições, entre outras variáveis.

a hidratação é, segundo a especialista, outro fator muito importante, cuja falta pode levar a um comprometimento da for-ça muscular e, conseqüentemente, do de-sempenho. “É preciso estabelecer um pla-no de hidratação adequada antes, durante e após o treino, pois a sensação de sede não é um bom indicador fisiológico, uma vez que quando isso acontece o indivíduo já se encontra desidratado. as bebidas es-portivas podem repor eletrólitos e carboi-drato ao melhor desempenho esportivo” – assegurou a nutricionista.

Tânia Rodrigues, especialista em nutrição esportiva

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Retorno aos antigos hábitos alimentares podem auxiliar na prevenção de doenças.Liane Uechi

especial - segurança alimentar

O s alimentos são imprescindíveis à vida. Deles retiramos as fon-tes de energia e os nutrientes

necessários à formação do nosso organis-mo. todo ser vivo traz desde a concepção, reservas alimentares junto às células. mas tudo em excesso ou utilizado inadequa-damente faz mal, inclusive os alimentos. nesse sentido, eles não podem ser consi-derados heróis nem vilões. são sim, fon-tes de manutenção da vida e devem ser conhecidos e utilizados com sabedoria.

o médico nutrólogo e presidente da aBran – associação Brasileira de nutrologia, Durval ribas Filho, quando questionado se os alimentos poderiam matar, respondeu que “o segredo da vida

Farmácia na Feira

está no meio e não nas extremidades. Por exemplo, o excesso de água pode provocar um distúrbio hidroeletrolítico e causar danos letais ao organismo hu-mano” – disse o especialista.

Por outro lado, ribas Filho acredita que os alimentos são coadjuvantes no processo de cura e fundamentais para prevenção de doenças crônico-degenerativas. convencio-nou-se chamar esses alimentos de “funcio-nais”, ou seja, aqueles que além de fornecer nutrientes, também possuem compostos bioativos que favorecem o não-desenvolvi-mento de doenças, atuando de forma pre-ventiva e na melhoria da saúde geral.

os centros de pesquisas divulgam constantemente novas descobertas cien-

tíficas sobre os ingredientes contidos nos alimentos, como os “fitoquímicos”, com propriedades “medicinais”. esses novos achados revelam novidades fantásticas sobre alguns alimentos, como a soja ou re-polho, que, repentinamente, passam a ser considerados potenciais “salva-vidas”, mas que já eram bem conhecidos e utilizados pelas nossas avós.

Dentre os já bastante reconhecidos es-tão o alho, a cebola, os vegetais crucíferos, vinho, suco de uva e cítricos, soja, nozes, abacate, amêndoas, azeite de oliva, pecãs, avelãs, peixes com alta concentração de omega 3, entre outros. “o ideal é utilizá-los sempre de três a quatro vezes por semana, nunca em excesso” – orientou o nutrólogo.

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neo mondo - setembro 2008 A

Para um melhor aproveitamento dos ali-mentos, o médico dá algumas dicas gerais. • Fracionar as refeições;• evitar comer em grandes quantidades;• ingerir alimentos funcionais com

freqüência;• não exagerar nas gorduras saturadas e

nos açúcares;• consumir grande quantidade de fru-

tas, verduras e legumes todos os dias.

DISTORÇÃO DE CONCEITOSa nutricionista Denise madi carreiro,

autora de diversos livros de nutrição, cita hipócrates, o pai da medicina, em um ar-tigo no seu site, para quem a cura das do-enças se daria através do equilíbrio com o meio ambiente, dos alimentos ingeridos e da paz de espírito. ele afirmava isso há mais de 2.400 anos, e hoje, os cientistas estão chegando à mesma conclusão. o fato é que a alimentação é um dos fatores que mais influenciam a nossa qualidade de vida.

Para a nutricionista, existe atualmente uma enorme distorção de conceitos, que faz com que as pessoas considerem saudável tudo que é light ou diet. segundo ela, não é bem assim, como provam os indicadores de pesquisas de doenças como obesidade, câncer, diabetes, reumatismos e outras mo-léstias principalmente, as degenerativas, que crescem anualmente.

Denise afirma que todos os alimentos são funcionas, porque todos são fontes de nutrientes, responsáveis por formar cé-lulas e colocar o organismo em funciona-mento, até mesmo a gordura.

os nutrientes são matérias-primas utilizadas pelo organismo para construir e restaurar os ossos, os músculos, as célu-

las, o sangue, os órgãos. “o organismo é composto de trilhões de células, cada uma com no mínimo 44 nutrientes. são eles que formam tudo que nos mantém vivos: hormônios, neurotransmissores, células de defesa e a parte estrutural. renovamos diariamente 50 milhões de células. Que tipo de matéria-prima estamos fornecen-do para essa renovação? “ – questionou. Diz ainda que 60% do cérebro é gordura, da mesma forma, que o colesterol é neces-sário para a formação de hormônios.

conforme recordou, se voltarmos no tem-po, uns 40 anos, veremos que os alimentos eram conservados em banha e naquela época não havia os índices de obesidade e seus pro-blemas correlatos atuais. o que mudou então?

“as pessoas deixaram de comer comida e passaram a ingerir itens alimentícios, produtos industrializados, repletos de química e quase sem nutrientes. uma pesquisa do iBGe aponta que houve um aumento de 300% no consumo de refrigerantes, 400% nos biscoitos rechea-dos, 300% nos embutidos e uma diminuição de 84% no consumo de ovos” – disse ela.

a confusão, segundo ela, é tão grande que as pessoas passaram a acreditar que co-mer um sanduíche de peito de peru (embuti-do) é mais saudável do que comer ovos, por exemplo. “o ovo possui colesterol, mas não aumenta o colesterol de quem o consome. Já está mais do que provado, porém, profis-sionais de saúde continuam a acreditar que colesterol aumenta colesterol” – afirmou.

enquanto isso, a população ingere inú-meros aditivos contidos nos produtos indus-trializados como: acidulantes, antioxidantes, antiumectantes, aromatizantes, conservantes, corantes, estabilizantes, espessantes, umectan-tes e o Glutamato monossódico, que realça o

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sabor dos alimentos. “o cérebro fica confuso, onde estão os nutrientes necessários?” – disse.

ela reclama que hoje todos estão pre-ocupados com as calorias, com o que en-gorda e o que emagrece, e aí cometem-se novos equívocos, como por exemplo, o abacate, condenado nas dietas de emagre-cimento. “o abacate possui enzimas que ajudam a emagrecer. se a pessoa comer ¼ de abacate poderá se beneficiar dessa pro-priedade. claro, que se comer um abacate inteiro e ainda adicionar leite condensado, irá engordar” – exemplificou, dizendo que muitas vezes, a forma como ingerimos os alimentos, impedem que os mesmos exer-çam sua função, que sejam “funcionais”.

o Brasil tem a facilidade de dispor de enorme variedade de frutas, verduras e le-

gumes frescos e a custo ainda acessíveis, se comparados a outros itens, mas o brasileiro está longe de consumir sua cota ideal de 400g diária desses alimentos, por uma mu-dança nos hábitos alimentares atuais e com isso, vem perdendo inúmeros benefícios já conhecidos por nossas avós, mas que só hoje estão sendo comprovados pela ciência. um bom exemplo são as verduras como couve-flor, brócolis e a couve, que previnem cânceres por possuírem substâncias como glicosinatos e isotiocianatos, que eliminam substâncias cancerígenas do organismo. continua valendo a receita antiga, pratos coloridos por legumes, verduras, carnes e cereais... os alimentos “medicamentos” es-tão na feira, nas gôndolas dos supermerca-dos... basta voltar a utilizá-los.

Conheça as matérias primas para o bom funcionamento de nosso corpo:

•Água Representa até 70% do corpo, hidrata, dissolve os alimentos e transporta os nutrientes. Um adulto deve beber de 1 a 3 litros de água por dia.

•Carboidratos Substâncias que fornecem energia para as atividades diárias, como andar, trabalhar, praticar atividades físicas, etc. São a base da pirâmide alimentar, são encontradas em: massas, açúcar, mel, arroz, milho, batata, mandioca, farinhas, pães, bolos, doces, bolachas e biscoitos, macarrão, entre outros.

•Proteínas Substâncias responsáveis pela construção e formação dos músculos, ossos e sangue; pelo crescimento e desenvolvimento do organismo em geral; renovação dos tecidos; formação de células, hormônios e enzimas. Estão presente nas carnes em geral; aves, bovinos, peixes, etc. Nos ovos, leite e derivados, e grãos como soja, feijão, lentilhas, ervilhas, grão-de-bico e outros alimentos.

•Vitaminas Substâncias que regulam as funções do organismo, auxiliam nas defesas e na manutenção do organismo. Estão presentes em frutas e verduras, carnes, ovos, leite e derivados.

•Minerais São eles que formam os nossos ossos e cartilagens, e ajudam na manutenção dos tecidos, órgãos, sistema nervoso, etc. Além do transporte de oxigênio e do gás carbônico, fazem parte do sistema de coagulação do sangue. Os minerais são encontrados em frutas, verduras, carnes, ovos, leite e derivados.

•Fibras São substâncias importantes no funcionamento regular do aparelho digestivo, principalmente o intestino, além de ajudar no combate ao colesterol. As fibras são encontradas em frutas, verduras e cereais integrais (feijão, arroz integral, farinha de trigo integral).

•Gorduras Assim como os carboidratos, também fornecem energia. E são importantes por dissolverem e transportarem algumas vitaminas (A, D, E e K). As gorduras estão presentes nas gorduras animais, leite, óleo, margarina, manteiga, e outros.

(Tabela: fonte – site Web Laranja – Práticas de Segurança Alimentar - http://www.weblaranja.com/nutricao/alimentacao_saudavel.htm)

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Durval Ribas Filho, presidente da ABRAN

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Alimentação e Produtividade, a dobradinha saudávelNão é por falta de boas idéias que o País não avança, ao cuidar da saúde e segurança do trabalhador. Exemplo é o PAT.

Gabriel Arcanjo Nogueira

especial - segurança alimentar

Inclusão social do brasileiro passa por uma alimentação adequada

Brun

o sp

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Alimentação e Produtividade, a dobradinha saudávelNão é por falta de boas idéias que o País não avança, ao cuidar da saúde e segurança do trabalhador. Exemplo é o PAT.

Gabriel Arcanjo Nogueira

Brun

o sp

ada

Q uando se fala em saúde no trabalho, a palavra-chave está na sigla Pat - Programa de alimentação do traba-

lhador. nada tão recente - a lei que o criou é de 1976 -, mas que vale pela evolução que mostra nos seus mais de 30 anos de existência.

nesse aspecto, a saúde da empresa avança na mesma proporção porque, de acordo com estudos do ministério do traba-lho e emprego (mte), a produtividade lide-ra a lista das principais vantagens auferidas por empresas que se inscreveram no Pat. a adesão não é compulsória; vai da responsa-bilidade social de cada organização.

se não bastasse esse ganho, nos em-preendimentos em que o Pat está presen-te há maior integração de trabalhadores e empresas; cai o índice de atrasos e faltas ao trabalho; baixa a rotatividade de mão-de-obra; reduz-se o número de doenças e acidentes do trabalho. Para não ficar só nos benefícios sociais, as empresas obtêm ain-da isenção de encargos sociais sobre o valor do benefício concedido e ganham o incen-tivo fiscal de deduzir até 4% do imposto de renda devido sobre o lucro real.

as instituições mais cautelosas ou conservadoras não precisam preocupar-se com conseqüências trabalhistas porque os benefícios do Pat não constituem direito adquirido, frisa o próprio ministério. mas, além desse aspecto, devem levar em conta que há a necessidade de se cercar de alguns cuidados. Por exemplo, na modalidade de serviço Próprio, em que a própria empresa cuida da autogestão da área, ela precisa ter o responsável técnico, no caso, nutricionis-ta que responda pelos valores nutritivos e

calóricos nas refeições oferecidas, de acordo com o previsto na legislação do Programa.

o conselho Federal de nutricionistas (cFn) lembra que os cuidados com a saúde do trabalhador, de tão essenciais, não per-mitem que um mesmo profissional atue num sem-número de empresas, mas se restrinja a no máximo duas delas.

as empresas podem participar do Pat de três formas: como beneficiárias, for-necedoras ou prestadoras de serviços. a cartilha de orientação, elaborada pelo mi-nistério, traz essas e outras informações básicas sobre o Programa (ver serViÇo).

ESTABILIDADE E PROSPERIDADEem sua tese de mestrado pela Ponti-

fícia universidade católica de são Paulo (PucsP), com o sugestivo título conexões Político-constitucionais sobre a Fome no Brasil Face aos Direitos sociais, o especia-lista roberto Baungartner define o Pat como “mecanismo de redução das desi-gualdades” que “contribui para a estabili-dade e prosperidade sociais”.

ele cita a organização das nações uni-das para agricultura e alimentação (Fao), para quem cada 1% a mais no nível calórico do trabalhador corresponde ao aumento de 2,27% na produtividade, e assina embaixo o alerta do nobel da Paz, norman e. Borlag, feito em 1970 (anterior ao Pat): “não pense nem por um minuto que nós vamos cons-truir uma paz mundial permanente sobre estômagos vazios e miséria humana”.

o Pat, na visão de Baungartner, é instrumento complementar de realização do que estabelece a constituição no seu

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especial - segurança alimentar

artigo 7º, iV, que trata do direito do traba-lhador à alimentação como algo inegavel-mente social. Pena que o salário mínimo, de que trata também o artigo constitucio-nal, ainda fique longe de prover as neces-sidades básicas do trabalhador e de sua família, entre elas - e principalmente - as com a alimentação.

e que não se diga que não estamos em boa companhia. há países com pro-gramas análogos, cita o especialista, entre eles a inglaterra (desde 1948) e a França (desde 1967), seguidos por itália, alemanha, Bélgica, Portugal, espanha, suécia, Áustria, hungria, luxembur-

go. Para não ficar apenas nos mais de-senvolvidos, méxico, argentina, colôm-bia, Venezuela, uruguai, Índia, turquia, república tcheca e eslováquia comple-tam a lista. o Brasil tem de decidir se, no quesito saúde do trabalhador, se alinha mais acima ou mais embaixo.

DESNUTRIÇÃO x REDISTRIBUIÇÃOo professor-doutor José afonso ma-

zzon, da Fundação instituto de adminis-tração da universidade de são Paulo (Fia-usP), coordenou em 2006 o estudo sobre os 30 anos de contribuições do Pat ao Desenvolvimento do Brasil, em que ressal-

* Para saber mais sobre o PAT, a em-presa pode consultar o site www.mte.gov.br ou o Departamento de Segu-rança e Saúde no Trabalho (DSST).

* A coordenação do PAT (Copat) pode ser consultada pelo telefo-ne: (61) 3317-8263.

* Para se cadastar no PAT, nutricio-nistas devem informar por e-mail o nome; CRN; CPF; região de atua-ção; endereço residencial completo com CEP, telefone e e-mail.

SERVIÇO

Círculo Virtuoso da alimentação e saúde do trabalhador

Cartão do Bolsa Família é utilizado pelas famílias principalmente em alimentação

Brun

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Roberto Baungartner

ta que o grande salto teria de ser feito da quantidade para a qualidade das refeições.

entre as implicações para que o Pat se torne mais efetivo, mazzon destaca as de cunho nutricional. Por exemplo, o País ainda carece do que ele classifica como excepcional redistribuição de ren-da. Para que essa mão-de-obra alcance um aumento de 20% nas calorias, seria necessário colocar 70% a mais na renda de cada profissional.

mazzon propõe que se busque, sem-pre, o que chama de círculo Virtuoso da alimentação e saúde do trabalhador (ver ilustração).

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A tualmente as organizações mais competitivas estão focadas nos resultados, acreditam que so-

mente resultados positivos e crescentes permitem a continuidade e a expansão dos negócios. a prática tem-se mostrado como a única saída às organizações e isso ocorre pelo fato de que se não procederem assim, fatalmente irão quebrar e deixar de contribuir para com o seu principal papel de responsabilidade social: que é o de ge-rar empregos, além de atender ao mercado com seus bens e serviços.

É a única saída viável, principalmente em um país em que as organizações e toda a so-ciedade são literalmente “massacradas” com o excesso de tributos, que há tempos ultrapas-sou a esfera do racional e suportável.

neste cenário a busca incessante de lu-cros, a liderança em produtividade e a efi-ciência operacional – resultantes do foco na gestão, controle de risco e disciplina fi-nanceira – devem ser, portanto, objetivos fundamentais. na busca de excelência, são aplicadas ferramentas que visam alavan-car estes resultados. infelizmente, fruto talvez de miopia administrativa, muitas organizações abandonam ou mesmo não implementam ferramentas que criam a base necessária para o sucesso, muitas destas ferramentas são simples, fáceis de serem implantadas e implementadas e o mais importante, rapidamente produzem os resultados positivos. entre elas citamos a cultura dos 3rs.

no caso da adoção da cultura dos 3rs, as medidas recicláveis geram não apenas vantagens para a economia, mas grandes ganhos na qualidade ambiental, que têm reflexos em toda a sociedade. Podemos ci-tar como exemplos:. na reciclagem de uma lata de alumínio

economiza-se o suficiente para manter ligado um aparelho de televisão du-rante 3 horas;

. 1 tonelada de papel reciclado signifi-ca economia de três eucaliptos e 32 pinus, árvores usadas na produção de celulose;

. na fabricação de 1 tonelada de papel reciclado são necessários apenas 2 mil litros de água, ao passo que no proces-so tradicional esse volume pode che-gar a 100 mil litros por tonelada.

Fica a pergunta: Qual a justificativa para não se investir nestas e outras práti-cas básicas de gestão?

se fizermos uma pesquisa com a popu-lação, perguntando o que vem a ser 3rs, seguramente a maioria não saberá respon-der. resultado de um processo de educa-ção ambiental incipiente ou não eficaz.

A cultura dos 3Rs: Reduzir - consumir menos é funda-

mental. hoje, o Brasil produz 88 milhões de toneladas de lixo por ano, cerca de 440 quilos por habitante;

Reutilizar - é impossível reduzir a zero a geração de resíduos. mas muito do que jogamos fora deveria ser mais bem reapro-veitado. Potes e vasilhames de vidro e cai-xas de papelão podem ser úteis em casa ou nas indústrias de reciclagem. e o destino de restos de comida, como cascas e folhas, tinha de ser a compostagem;

Reciclar - o “erre” mais conhecido é si-nônimo de economia de matérias-primas. Vidro, papel, plástico e metal represen-tam, em média, 50% do lixo que vai para os aterros. além disso, a reciclagem pode virar dinheiro.

Como Reduzir? as empresas podem fazê-lo através

da fabricação de embalagens com menos peso, com menor dispêndio de energia e de recursos naturais, com menores dimen-sões ou evitando o desperdício.

os consumidores devem ter compor-tamentos verdes, como:. evitar comprar rolos de alumínio e

de plástico;. evitar sacos desnecessários de plástico

e/ou papel (prefira os de pano);. amassar as embalagens para se conse-

guir, redução significativa do volume de resíduos.

. evitar consumir o desnecessário;

. use toalhas e guardanapos de pano, em lugar das de papel;

. enfim, rejeitar sempre tudo o que for usar uma única vez;

. ensine os seus filhos a resistirem ao efei-to da moda, usando a roupa até ao fim;

Por que Reutilizar?significa dar novos usos, a materiais já

utilizados, voltando a usá-los. incentive as empresas a produzirem emba-

lagens que tenham uma segunda destinação.utilizar o verso das folhas de papel escritas

só de um lado, para cadernos e agendas. Fras-cos vazios de vidro ou plástico e as latas podem servir para guardar canetas, material de costura, ferramentas de pequeno porte, cereais, ou para decoração. roupa e objetos domésticos, como móveis, eletrodomésticos e brinquedos podem ser entregues a instituições de caridade.

Como Reciclar?Para serem mais eficiente, os resíduos

não podem estar misturados, nem sujos. Do papel devem-se retirar os grampos, fitas ade-sivas, plásticos e outros; Das embalagens de vidro, plástico ou metal devem-se retirar os rótulos, tampas, gargalos ou rolhas, e lavá-las; deve compactar as embalagens.

A cultura dos 3Rs

Assessor da Qualidade, Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Ouvidoria. Engenheiro com mestrado

em Qualidade e Pós-graduação em Gestão Ambiental.

Artaet Arantes da Costa Martins

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Limites emocionais

no TRÂNSITOComo conviver e dominar as

emoções no trânsito.

Liane Uechi

comportamento

38 neo mondo - outubro 2008

Page 39: Ed15

O trânsito, sobretudo nos grandes centros urbanos, tornou-se um grave problema de saúde públi-

ca, com características de epidemia, uma vez que mata mais do que doenças como aiDs, insuficiência cardíaca, renal, den-tre outras. É uma das principais causas de óbitos entre pessoas com menos de 59 anos. estatísticas oficiais indicam que anualmente, cerca de 20 mil pessoas perdem a vida no trânsito, 500 mil ficam feridas e mais de 100 mil sofrem lesões irreversíveis. a organização mundial da saúde considera essa situação um pro-blema global de saúde pública e de de-senvolvimento social.

ALTO PREÇODados de 2006 revelam que isso tem

também um elevado preço, só no siste-ma Único de saúde (sus) foram registra-das 123.061 internações, ao custo de r$ 118 milhões, sem contar as despesas com previdência e absenteísmo ao trabalho e à escola. outro estudo, realizado pelo ins-tituto de Pesquisa econômica aplicada (iPea), entre os anos 2001 e 2003, quanti-ficou os valores oriundos dos acidentes de trânsito em áreas urbanas e concluiu por perdas anuais da ordem de r$ 5,3 bilhões. em 2006, o iPea confirmou que os im-pactos sociais e econômicos dos acidentes nas rodovias brasileiras são bastante sig-nificativos, estimados em r$ 24,6 bilhões, considerando a perda de produtividade das vítimas. Ficaram de fora, os cálculos sociais como a desestruturação familiar e pessoal, de difícil mensuração.

CENÁRIOCAÓTICOcom o crescente número da frota de veí-

culos em circulação, que segundo o Denatran é de 45 milhões de veículos, as vias públicas estão se tornando espaços caóticos e palco

para atos de violência, intolerância e desres-peito. o acentuado estado de irritabilidade do motorista levou o ambulatório de trans-torno do impulso, do hospital das clínicas, em são Paulo, a iniciar um tratamento para transtorno explosivo intermitente. as vagas oferecidas se esgotaram em poucas horas.

o psiquiatra Julio césar Fontana rosa, professor da Faculdade de medici-na da usP e membro da associação Bra-sileira de medicina de tráfego, afirmou que a exposição contínua ao estresse dos congestionamentos podem provocar sé-rios distúrbios que vão de problemas car-díacos, gástricos, ósseo musculares até depressão e outros de ordem psíquica.

Quanto ao comportamento agressivo, ele defende que há fatores culturais envol-vidos. “o carro no Brasil não é apenas um meio de transporte, ele tem um caráter de status. costumo fazer uma analogia que chamo de síndrome da casa Grande e sen-zala. no comando do veículo, o motorista se sente o senhor do engenho, com o po-der absoluto. Qualquer ação externa pas-sa a ser entendida como uma provocação pessoal” – afirmou o especialista. a esse sentimento somam-se os demais conflitos do cotidiano: dificuldades financeiras, pro-blemas no relacionamento, cansaço, horá-rios, cobranças e outros fatores externos ao ato de dirigir, que se, não podem ser responsáveis por ”criar um monstro”, pelo menos o revelam em público . o agravan-te, lembrou o psiquiatra, é que ele conta com uma tonelada de metal e a potência do motor do carro ao dispor de sua fúria.

Fontana rosa diz que é preciso caute-la nesses momentos críticos e isso signifi-ca atenção para não se tornar uma vítima. “existem dois tipos de vítimas, a incons-ciente, que é aquela pessoa que dirige com insegurança ou simplesmente não tem pressa, e outra consciente, que é o provo-

... as vias públicas são espaços coletivos

onde precisamos conviver“

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neo mondo - outubro 200840

meçam a sair do controle e tentar refletir que uma postura negativa trará conseqü-ências ruins. optar sempre que possível por caronas, por rotas alternativas, por horários mais tranqüilos também são formas de não se expor a condições tão agressivas. ela defende que no dia-a-dia é importante manter atividades prazero-sas, dormir bem, ter atividades de lazer e buscar o convívio com pessoas queri-das. “reduzindo o nível de estresse, as pessoas conseguem lidar melhor com qualquer situação” – disse a psicóloga.

Para a professora de tai chi chuan e Presidente da sociedade Brasileira de tai chi chuan e cultura oriental (sB-tcc), maria Ângela soci, a prática des-sa milenar arte oriental pode ser mui-to útil nas situações de desequilíbrio emocional no trânsito, principalmente porque a técnica é excelente para edu-car a mente a agir com a calma no meio de conflitos.

sua principal vantagem, segundo a professora, é obter uma consciência cor-poral obter, que permitirá o domínio das emoções. maria angela ensina alguns exercícios que podem auxiliar durante a permanência no carro:

• Movimente a cabeça para cima e para baixo. Depois, para esquerda e para direita.

• Com a mão próxima do ombro, faça um movimento circular com o braço direito. Primeiro, para a frente; depois, em sentido inverso. Repita o mesmo exercício com o braço esquerdo.

• Sentado com a coluna reta, apóie a mão direita na perna direita e erga o outro braço como se levantasse algo. Repita o mesmo movimento com o braço esquerdo.

• Massageie as costas com movimento circulares, de dentro para fora e em sentido contrário.

•Estique o braço direito. Com a mão esquerda, empurre suavemente a palma direita para baixo, em ambos os sentidos. Repita o exercício com o outro braço.

•Lentamente, levante o queixo em direção ao teto, dobre a nuca para trás e relaxe os maxilares. Volte e abaixe o queixo em direção ao peito, alongando a parte posterior do pescoço.

•Olhando para a frente, faça movimentos circulares com a cabeça, como se desenhasse um círculo no ar com a ponta do nariz.

• Levante um dos braços até tocar o teto do carro e empurre-o com a mão. Repita com o outro braço.

•Estique o braço para frente e feche o punho. Faça movimentos vigorosos e rápidos de abrir e fechar o punho.

comportamento

cador, que revida, não dá passagem, não respeita as regras” – disse. nesse último caso, também se enquadram aqueles para quem tudo é uma provocação. “se anali-sarmos bem, verificaremos que as vítimas do trânsito, muitas vezes colaboraram de alguma forma, para gerar uma tensão. É isso que precisamos evitar” – disse.

a psicóloga ana cristina caldeira concorda que é preciso desarmar a bom-ba relógio que virou o trânsito nos cen-tros urbanos. “Já é tempo de entender que as vias públicas são espaços coletivos onde precisamos conviver” - orientou. o primeiro passo é identificar os próprios limites, perceber quando as emoções co-

Tunél na Rodovia dos Imigrantes em São Paulo.

Flávio takemoto

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neo mondo - outubro 2008 41

O mecanismo de Desenvolvimento limpo, mais conhecido pela sigla mDl, é um instrumento finan-

ceiro inserido pelo Protocolo de Quioto para auxiliar na diminuição de gases como co

2 e ch

4 que causam o efeito estufa. o

Protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005 e estabeleceu metas de redução a serem cumpridas por países desenvol-vidos, como França, alemanha, canadá, itália etc.

esses países possuem três mecanis-mos financeiros a disposição para a viabi-lização desse objetivo, mas apenas o mDl permite a participação do Brasil.

com a implantação de um projeto de mDl são evitadas emissões de gases de efeito estufa e são gerados ‘créditos’ que podem ser comercializados. criou-se, com isso, o ‘mercado de carbono’.

a Bm&F-Bovespa já está negociando esses créditos e realizou o seu segundo leilão em setembro de 2008, vendendo 713 mil toneladas de rce (redução de emissão certificada) de titularidade da Prefeitura de são Paulo provenientes dos aterros sanitários são João e Ban-

deirantes. o lance vencedor alcançou a cifra de 19,20 euros por tonelada, tota-lizando mais de 13 milhões de euros, quantia bem maior do que a obtida no primeiro leilão. a Bm&F possui, ainda, o banco de projetos, onde são cadas-trados programas e intenções de com-pra. assim, um investidor estrangeiro eventualmente interessado em adquirir créditos de carbono pode registrar seu interesse e descrever as características do projeto procurado.

o mercado de carbono tem movi-mentado cifras cada vez maiores e re-presenta uma interessante opção para muitas empresas, em razão dos finan-ciamentos que podem ser obtidos para o desenvolvimento da atividade e os lucros gerados pela venda dos créditos. adicione-se, ainda, a utilização de tec-nologias limpas e práticas voltadas para o desenvolvimento sustentável, pontos importantes no tão almejado quesito da responsabilidade ambiental.

De acordo com o status atual dos projetos de mDl no Brasil e no mundo, divulgado pelo ministério da ciência e tecnologia, o Brasil ocupa a terceira posição nas reduções de emissões de co

2 projetadas para o primeiro período

de obtenção de créditos do Protocolo (2008-2012), o que corresponde a 7% da redução mundial. o país também é o terceiro em número de atividades de projeto, ficando atrás apenas da china e da Índia.

a maioria dos projetos no Brasil (67%) promove a redução da emissão de dióxi-

Natascha Trennepohl

do de carbono (co2), seguido pelo metano

(ch4), que atinge a cifra de 32%.

as atividades estão centralizadas em alguns estados, destacando-se são Paulo (21%), minas Gerais (13%), rio Grande do sul (10%), mato Grosso (9%), santa catari-na (8%) e Paraná (7%).

Já faz parte da pauta de discussões do Parlamento europeu o desenvolvimento de parcerias entre a união européia e a américa latina no que se refere às medi-das para evitar o aquecimento global.

o interesse dos ‘países desenvolvi-dos’ no financiamento de projetos de mDl em ‘países em desenvolvimento’, como o Brasil, é crescente, pois as metas de emissão dos primeiros são cumpridas com a compra das emissões que foram evitadas. Para aqueles que estão em de-senvolvimento, por sua vez, esta é uma excelente forma de desenvolver práticas ambientalmente corretas e, ainda, rece-ber vantagens financeiras.

enfim, trata-se de uma atividade econômica para países do terceiro mun-do e de oportunidades ecológicas para grandes centros, a maioria deles locali-zados na europa, e que já alcançaram o desenvolvimento.

aos países, como o Brasil, que ainda buscam as qualidades sociais atingidas pela união européia, resta fazer bom uso desses créditos.

O Mecanismo deDesenvolvimento Limpo – MDL

Natascha TrennepohlAdvogada e consultora ambiental

Mestre em Direito Ambiental (UFSC)

Correspondente especial de Berlim – Alemanha

e a posição do Brasil na comercialização de créditos de carbono

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espaço Verde urbano

”Pesquisa para identificar e reeducar uma sociedade de risco.

PaulaLyn

Leitura Socioambiental da Fotografia Urbana

Foto

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42 neo mondo - outubro 2008

* Ganso doméstico (Anser anser) Originário da América do Norte. Vive próximo a rios e lugares abertos. Alimenta-se de grãos, frutas e vegetais. Chegam a 40 cm de altura.

* Macaco-prego (Cebus apella) O macaco-prego é também chamado de “capuchinho”, pela semelhança de sua pelagem com o capuz dos monges. É um animal muito hábil, que utiliza pedras e pedaços de pau para abrir frutas de casca dura. É facilmente visto pelo parque.

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Vivemos em uma cultura visual em expansão e mais amplificada pelas tendências tecnológicas. aprender

a ler uma imagem é cada vez mais neces-sário. Desse ponto de vista, algumas áreas do conhecimento como artes, comunica-ção, ciências sociais, história e semiologia exercem papel fundamental na formação desses leitores. uma fotografia será sem-pre um recorte do real, em um determina-do tempo e espaço. ao fazer sua leitura, é essencial considerar todo o contexto inserido no ato fotográfico: o fotógrafo, o tempo e o espaço, e então, a partir daí, in-vestigar para encontrar correlações e influ-ências na sociedade em que vivemos.

Precisamos ter discernimento dos dife-rentes caminhos que a fotografia pode tri-lhar. uma fotografia publicitária, por exem-plo, é totalmente produzida com objetivos pré-estabelecidos; um pouco diferente de uma fotografia com uma proposta totalmen-te artística, produzida ou não, que valoriza além da estética, da técnica e da estrutura dos elementos da composição, o subjetivo; já a fotografia documental e jornalística (que embora possa ser manipulada também e ter influência subjetiva do fotógrafo), precisa ser o mais imparcial e real possível, para que, se-gundo José de souza martins, sirva de “[...] instrumento indispensável na leitura dos fe-nômenos sociais.” (martins, 2008).

a pragmática começa no acontecimento e na escolha do artista/fotógrafo, mas nunca termina. Porém, a única certeza que todos nós temos é que a fotografia, de fato, “é”.

Homem, Sociedade e Meio Ambientehá um tempo atrás eram fenômenos

analisados separadamente. hoje, homem, sociedade e meio ambiente integram não só teorias unificadas, como também reflexões e soluções para a sobrevivência de ambos. Para a observação e análise desse cenário, é na fo-tografia do individual e do coletivo, do social e do ambiental e da relação entre eles, que pode-mos vislumbrar dos parques urbanos grandes pólos de concentração de informação e forma-

PaulaLyn Carvalho é Diretora de Arte, Fotógrafa e Pesquisadora. Graduada em

Comunicação, Pós-Graduada em Arte Integrativa e graduanda em Ciências

Sociais. Pesquisa e registra o socioambiental nos parques urbanos de

São Paulo (Estaduais, Ecológicos etc.), Parques Nacionais e Ecológicos, APAs e

Reservas Ecológicas do Brasil. ([email protected])

www.paulalyn.com.br

PaulaLyn Carvalho

“”

Não há nada a dizer. Temos que ver, olhar. É tão difícil fazer isto. Estamos acostumados a pensar, todo o tempo. É um processo

muito lento e demorado, aprender a olhar. Um olhar que tenha um certo peso, um olhar que questione.

Henri Cartier Bresson

Para saber mais:www.hortoflorestal.com.brwww.iflorestal.sp.gov.br

ção. estas grandes áreas destinadas ao lazer podem provocar ações integrativas para uma mudança significativa e definitiva no modo de pensar pós-contemporâneo da relação ho-mem – sociedade - meio ambiente.

a partir desta edição, convidamos você a olhar. não somente estas fotografias, e sim todas as imagens a sua volta. um olhar interativo, inquieto e questionador.

Parque Estadual Alberto

Lofgren - Horto Florestal

Este ano, o Parque Estadual Alberto Lofgren, antigo Horto Florestal, com-pletou 112 anos. Está localizado na Zona Norte da capital paulista, ao lado do Parque Estadual da Canta-reira. Possui 174 alqueires e mantém extensas áreas de Mata Atlântica (pau-brasil, carvalho-nacional, pau-ferro e jatobá), além de uma grande variedade de espécies exóticas (euca-lipto, pinheiro-do-brejo e criptome-ria), proporcionando o habitat per-feito para a fauna que ali vive.

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43 neo mondo - outubro 2008

* informações sobre a fauna e flora fornecidas por caroline nunes Parreira, Bióloga e consultora ambiental. ([email protected])

Page 44: Ed15

neo mondo - outubro 200844

O licenciamento de obras de gran-de impacto ambiental ultima-mente vem merecendo especial

destaque nos meios de comunicação.recentemente, tanto o setor sucro-

alcooleiro do nordeste (principalmente Pernambuco), quanto a instalação de usi-nas hidrelétricas no norte do país (Jirau e santo antônio, no rio madeira, em ron-dônia) foram alvos de severas críticas, por supostas irregularidades em seus licencia-mentos ambientais.

além disso, não se pode deslem-brar das denúncias de desmatamentos na amazônia, que atingiram patamares inaceitáveis, inclusive com a participa-ção do governo federal, por meio de seu órgão de reforma agrária. Dias atrás, o incra - instituto nacional de colo-nização e reforma agrária, autarquia vinculada ao ministério do Desenvol-vimento agrário, foi multado em r$ 265,6 milhões por desmatamento em oito assentamentos diferentes, todos localizados no estado do mato Grosso, motivados por assentamentos federais irregulares, o que equivale a 35% do to-tal de multas aplicadas aos maiores in-fratores ambientais.

as notícias envolvendo infrações liga-das ao meio ambiente ensejariam extensos e desnecessários comentários, em face da recorrente ‘onda verde’ que hoje envolve as atividades de governos e empresários.

o licenciamento ambiental, ao mes-mo tempo em que representa um dos mais importantes instrumentos para a garantia da qualidade de vida das presen-tes e futuras gerações, é, também, revela muitos pontos de discordância e polêmi-ca, em função de uma injustificável omis-são legislativa. a constituição Federal de 1988 estabeleceu a competência comum dos entes federados para defender o meio ambiente, dispondo que uma lei comple-mentar deveria fixar as normas para essa

cooperação entre a união, os estados, o Distrito Federal e os municípios.

no entanto, essa lei nunca veio à tona...os conflitos de competência decorren-

tes da falta de definição das áreas de atua-ção dos diferentes entes da federação têm levado os órgãos ambientais integrantes do sisnama a freqüentes desentendimen-tos, pondo em risco a efetiva implantação deste sistema e a própria credibilidade das decisões ambientais no país.

Pior ainda.tem levado os administrados a uma

situação de insegurança jurídica inaceitá-vel, com lesões ao seu patrimônio e deses-tímulo aos investimentos.

É de bom tom salientar que o iBama (órgão ambiental federal, executor da Polí-tica nacional do meio ambiente, segundo os dizeres da lei n.º 6.938/81) é um órgão sério e idôneo, não somente de fiscaliza-ção, mas principalmente de orientação e apoio técnico, e que vem trabalhando com os diversos setores da indústria e da eco-nomia há décadas.

Porém, como se viu, em várias ocasiões, pretende-se que o iBama seja o algoz de políticas públicas desencontradas, e isso é muito desgastante para sua imagem.

nessa esteira, coloca-se muito a perder, principalmente se se levar em conta que para o cidadão, a melhor gestão é aquela integra-da entre o governo e a iniciativa privada.

tornou-se comum o embargo, pelo órgão federal, de obras já licenciadas pelo órgão estadual, ou vice-versa, por ambos se entenderem competentes para tanto. a crise da incerteza e da insegu-rança dos gestores ambientais faz com que qualquer recomendação, ou mesmo pedido de informação, do ministério Pú-blico seja motivo para a imediata parali-sação de qualquer atividade, com receio de eventual responsabilização, inclusive criminal, por omissão ou conivência dos agentes administrativos.

Terence Trennepohl

É importantes que propostas que há muito tramitam no congresso nacional sejam analisadas não somente com a inten-ção de propiciar o rápido licenciamento am-biental das obras que compõem o Programa de aceleração do crescimento do Governo Federal - Pac, mas também com a finali-dade de preencher as lacunas existentes na legislação destinada a ordenar as demais atividades e empreendimentos.

com certas atitudes, certamente o go-verno faria a sua parte no tão esperado cres-cimento econômico nacional e deixaríamos de ser uma nação precipuamente exportado-ra de matéria-prima, para entrar definitiva-mente no cenário da industrialização.

um mero olhar, ainda que desa-tento, facilmente constata que, nessa mudança de paradigmas, china e Índia saíram na frente...

O Licenciamento Ambientale as Atividades Industriais de Grande Impacto

Advogado de Martorelli e Gouveia Advogados

Professor da UFPEMestre e Doutorando em Direito (UFPE)

E-mail: [email protected]

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Um Olhar consciênte da Amazônia

Fiscal da Floresta

Desmatamento: meses mais secos do ano

O sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real - Deter, do INPE, apurou uma redução de 27% de áreas desmatadas nos meses mais secos do ano: junho, julho e agosto - em comparação com 2007.De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, os 649 km² registra-dos equivalem aos menores níveis de desmatamento dos últimos cin-co anos. Em 2004, esta área somou 5.858 km² no mesmo período.Esta boa notícia foi divulgada após o susto com o aumento do des-

matamento no mês de agosto (embora haja controvérsias – ver nota abaixo), que chegou a 756 km², o dobro do mês anterior.Com o intuito de continuar reduzindo o desmatamento, o Ministé-rio do Meio Ambiente está implantando medidas de inspeção na Amazônia, entre elas, o aumento no número de portais de fiscali-zação. “Hoje são apenas dois, nas BRs 364 e 163, mas o objetivo é chegar a oito” - segundo uma nota publicada pelo Ministério.

Lista de Animais em Extinção

A União Internacional para a Conservação da Natureza divul-gou uma lista com os animais ameaçados de extinção. Nela constam 29 espécies e subespécies de primatas da Amazônia, sendo dois deles, o macaco-prego e o cuxiú-preto, na cate-

goria “criticamente ameaçados”. A razão desta ameaça aos dois primatas seria a alta taxa de desmatamento da região da reserva biológica do Gurupi, no oeste Maranhão, onde as duas espécies habitam.

Enquanto o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe, regis-trou um aumento de 134%, com 756 km² devastados na Amazô-nia, o Sistema de Alerta de Desmatamento - SAD, da ONG Ima-zon, divulgou, com base em um levantamento independente, que o corte raso sofreu uma queda em agosto, atingindo 102 km².A explicação para a disparidade de resultados se dá pelo fato do SAD só contabilizar as áreas em que a cobertu-

ra florestal foi totalmente removida. Já o Deter também avalia as áreas degradadas por fogo ou por corte seletivo de árvores.Segundo o pesquisador do Imazon, Carlos Souza Jr., o SAD irá começar a contabilizar a degradação da mata, para que sejam verificados quais dos dados apresentados chegam mais perto da realidade da Amazônia.

Contradições Estatísticas

Assentamento Agrário na Amazônia

Os assentamentos de reforma agrária de responsabilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, foram os responsáveis por derrubar uma em cada dez árvores cortadas na Floresta Amazônica nos últimos 12 meses. Esta afir-mação é resultado da análise das imagens captadas por satélites entre agosto do ano passado e julho deste ano pelo Imazon.Mais de 80% do desmatamento verificado está em propriedades

privadas e terras da União ocupadas por posseiros ou grileiros. E, aproximadamente 12% do total, ocorreu em unidades de con-servação e em terras indígenas.Para reparar e evitar novos danos, o TCU deu um prazo até de-zembro para que o Incra apresente um plano de regularização do passivo ambiental dos assentamentos, com metas, cronogra-ma e recursos definidos.

45 neo mondo - outubro 2008

A Revista Neo Mondo vasculha as ações e devastações da Amazônia Legal Brasileira e traz as principais novidades sobre a região.Da Redação

Brasil se utilizasse de áreas como a amazônica, outros países colocariam sérias restrições na compra do etanol brasileiro. Mesmo assim o país é o único com potencial de aumentar sua produção de etanol (a partir do corte da cana) e manter essas áreas preservadas.

Em uma audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, foi anunciado que a Amazônia e o Pantanal não estão nos planos expansionistas do plantio da cana-de-açúcar. Essa restrição pode ter fatores muito mais políticos do que preservacionistas porque, caso o

Amazônia e a Cana-de-açúcar

Segundo o ministro do Meio Ambiente, a crise econômica dos Estados Unidos não afetou os investimentos estrangei-ros Fundo da Amazônia, ainda em fase de desenvolvimen-to, que contará com recursos estrangeiros para a preserva-ção ambiental da floresta. A Noruega será o primeiro país a

investir com US$ 1 milhão, mas outros países já mostraram interesse.Mesmo aplicando recursos, o ministro garantiu que os estrangei-ros não participarão de decisões sobre as questões relativas à so-berania da Amazônia.

Crise Econômica Amazônica e Amazônia

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Dica

Sugestões de Livros

Sem dúvida n utrição:ato ou efeito de nutrir. conjunto de fenôme-nos biológicos que contribuem para a alimen-tação; a totalidade de fenômenos de assimila-ção, com três fases fundamentais: ingestão, digestão e absorção.

nutricionista:É o profissional que dedicou seus estudos à ali-mentação humana, e, portanto, é habilitado a prescrever dietas (segundo a legislação).

n utrólogo:médico especializado em nutrologia.

P siconeuroimunologia:ciência que trata da interação do psiquismo no sistema nervoso e sua influência sobre a imu-nidade e, por conseqüência, da saúde de uma forma geral.

P uericultura:conjunto de meios médico-sociais adequados à procriação, nascimento e desenvolvimento de crianças sãs e vigorosas.

Dirigido a todos que buscam manter a saúde e a boa forma, este livro objetiva o consumo de alimentos naturais, rico em proteínas, vitaminas e minerais, contribuindo para uma

ALIMENTAÇÃO NATURAL – Uma opção que faz diferença. Elizabeth D. Mota.Editora: Vozes.

OS SETE PECADOS CAPITAIS DE NOSSA ALIMENTAÇÃOMarcel Dunand Editora: Vozes

SOMOS O QUE COMEMOS, COMO COMEMOS E COM QUEM COMEMOSHector Ricardo [email protected]

o autor, médico que adota a linha da psiconeuroi-munologia, defende nesse livro que a doença é uma griffe do inconsciente e que cada indivíduo tem sua marca registrada. Por essa abordagem, ela surge como um alerta para avisar que o indivíduo está

vivendo mal sua história de vida. a obesidade é se-guramente um problema da falta de informação. en-tender porque a obesidade se instalou é fundamental para a tomada de decisão de emagrecer. o colesterol sobra quando a pessoa pensa, pensa e não age.

alimentação saudável. além de noções básicas e fundamentais de nutrição, contém deliciosas receitas de saladas, sobremesas especiais e sucos naturais.

a proposta dessa pequena obra é apresentar al-ternativas para os hábitos alimentares induzidos em nossa época pela nossa falta de tempo, pela indústria agro-alimentar e às receitas prontas, que introduziram em nossa alimentação diversos

erros, com conseqüências graves para a nossa saúde. os sete pecados alimentares apresentados pelo autor sintetizam muitos equívocos a serem revistos e corrigidos por quem pretende alimen-tar-se de forma mais saudável e equilibrada.

P arlenda:Versos de cinco ou seis sílabas recitados para entre-ter, acalmar ou divertir as crianças, ou para escolher quem deve iniciar determinado jogo ou aqueles que devem tomar parte em determinada brincadeira.

P at: o Programa de alimentação do trabalhador foi instituído pela lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976 e regulamentado pelo Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991. Prioriza o atendimento aos trabalhadores de baixa renda, isto é, aqueles que ganham até cinco salários mínimos men-sais. este Programa, estruturado na parceria entre Governo, empresa e trabalhador, tem como unidade gestora a secretaria de inspeção

neo mondo - outubro 2008 46

do trabalho / Departamento de segurança e saúde no trabalho e o objetivo de melhorar as condições nutricionais dos trabalhadores, com repercussões positivas para a qualidade de vida, a redução de acidentes de trabalho e o aumento da produtividade.

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47neo mondo - agosto 2008

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Page 48: Ed15

neo mondo - maio 2008 48