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Cubatão Recuperação ambiental Construção Sustentável O Início de um sonho Células-tronco Uma questão de ética 18 26 10 Industrial UM OLHAR CONSCIENTE www.neomondo.org.br Ano 2 - Nº 13 - Agosto 2008 - Distribuição Gratuita Vencendo a Poluição NEOMON DO

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Cubatão Recuperação ambiental

Construção Sustentável O Início de um sonho

Células-troncoUma questão de ética

18 2610

Industrial

um olhar consciente

www.neomondo.org.br

Ano 2 - Nº 13 - Agosto 2008 - Distribuição Gratuita

Vencendo a Poluição

NeoMoNdo

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Seções

Diretor Executivo: Oscar Lopes LuizConselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Takashi Yamauchi, Liane Uechi, Livi Carolina e Eduardo Sanches Redação: Liane Uechi (MTB 18.190), Livi Carolina (MTB 49.103-59) e Gabriel Arcanjo Nogueira (MTB 16.586)Revisão: Instituto Neo MondoDiretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190)Diretora de Arte: Renata Ariane RosaProjeto Gráfico: Instituto Neo Mondo

Correspondência: Instituto Neo MondoRua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 - Santo André – SPCep: 09190-000Para falar com a Neo Mondo:[email protected]@neomondo.org.brtrabalheconosco@[email protected] anunciar: [email protected]. (11) 4994-1690Presidente do Instituto Neo Mondo:[email protected]

Expediente PublicaçãoA Revista Neo Mondo é uma publicação do Instituto Neo Mondo, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça – processo MJ nº 08071.018087/2007-24.

Tiragem mensal de 20 mil exemplares com distribuição nacional gratuita e assinaturas.Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.

Perfila arte no contexto socialalessandra meleiro fala sobre como a arte e a cultura podem revelar a capacidade de expressão de um povo.

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economia & negóciosinício de um sonhoPaís já tem a sua própria certificação de construção sustentável, inspirada no modelo francês.

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artigo: como economizar águasoluções simples que podem ser adotadas por todos para o uso racional da água.

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meio amBienTe investindo na preservaçãoPrograma internacional investe em projetos que preservam florestas tropicais do uso indevido. 14artigo: Folclore também é meio ambientemeio ambiente não se restringe a florestas, mas também, às tradições populares e a tudo o que confere valor à vida.

17 saÚDe18 uma questão de ética

cientistas divergem quando o assunto é células-tronco embrionárias.

esPecial - PolUiÇÃo inDUsTrialVencendo a poluição industrialcomo o maior centro industrial do país está lidando com a questão da poluição industrial.

22 artigo: a indústria quase sob controle. Falta o povona questão da poluição, o que falta ainda é educação.

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como cubatão deixou o Vale da morte o processo de recuperação ambiental.

26 artigo: uma forma de desperdício a poluição industrial é um indicador de falta de eficiência nos processos produtivos.

29algo de Bom no arempresas adotam dispositivos avançados que as tornam mais competitivas e em dia com a missão ambiental.

leis não bastamPaís é bom de leis, e na área ambiental não é diferente, mas falta acompanhar o ritmo e a abrangência desejadas.

artigo: Gestão de mudançasa gestão de mudanças é assunto estratégico na administração empresarial.

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saúde é que interessahá sinais de vida saudável nos ambientes de trabalho; a comissão do Benzeno é uma das mais promissoras pela atuação de seus integrantes.

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Tecnologia

santo e delicioso remédioPesquisadora da usP desenvolve o sorvete de bagaço de uva, que têm o poder antioxidante contra doenças degenerativas e o envelhecimento.

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5neo mondo - Julho 2008

Prêmio Brasileiro Imortal.

Valorizando quem se dedica

ao meio ambiente.

www.vale.com

A Vale investe em tecnologia para a disseminação de mudas das espécies nativas onde atua, e também na recuperaçãoe conservação ambiental dessas regiões. A Vale busca constantemente formas de valorizar pessoas que, assim como ela,trabalham pelo meio ambiente. Por isso, criou o Prêmio Brasileiro Imortal, que irá homenagear brasileiros por projetos, açõese seu compromisso socioambiental. Os 6 vencedores serão escolhidos por voto popular e poderão ter seu nome associadoa novas espécies botânicas, descobertas no projeto de avaliação da biodiversidade da Mata Atlântica, por pesquisadoresbrasileiros, na Reserva Natural da Vale em Linhares – ES. Acesse www.brasileiroimortal.com.br e conheça os indicadose seus trabalhos, e vote. Você pode concorrer a uma viagem ecológica para conhecer uma de nossas reservas naturais.Sim, é possível transformar recursos minerais em riqueza, desenvolvimento sustentável e reconhecimento.

012377_205x275_023.pdf August 8, 2008 17:51:40 1 de 1

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Editorial

Um olhar conscienteUm olhar consciente

InstitutoInstituto

NeoMondo

NeoMondo

Na edição de agosto da Revis-ta Neo Mondo trabalhamos como tema central a polui-

ção industrial. Nas décadas de 70 e 80 ela era uma das responsáveis pela baixa qualidade de vida nos grandes centros urbanos. Problemas pulmonares, má formação genética, alergias e intoxicações eram rotina na vida de quem estava exposto a todo tipo de produtos tóxicos. Hoje, vivemos uma fase de consciência ambiental, postura amadurecida por força da pressão internacional e também pela constatação óbvia da interdependência do homem com o meio ambiente. Melhor ainda, as empresas passaram a perceber que as ações e investimentos para prote-ção ao meio ambiente impulsiona-ram o desenvolvimento de novas soluções, como o reaproveitamento de resíduos, implementação de processos mais racionais, mudanças de matriz energética, que agrega-ram muitas vezes redução de custos, além de produtos e serviços mais competitivos.A sustentabilidade, palavra chave no mundo dos negócios começa a se mostrar factível e indissolúvel ao desenvolvimento.O leitor poderá verificar como está sendo controlada e monitorada a poluição industrial, nesses novos tempos. São Paulo, maior centro industrial e comercial do país, foi nosso foco nessa pesquisa. Analisamos dois grandes centros nervosos da produção industrial, o Pólo de Capuava, central petroquímica instalada na região do ABC paulista e o Pólo de Cubatão, que em tempos remotos já foi considerado o Vale

da Morte. Aliás, resgatamos o programa desenvolvido para a sua recuperação ambiental, que reverteu o quadro de grande degradação daquela região. Iremos entender como a tecnologia e os novos modelos de gestão estão permitindo rever posturas de desenvolvimento. Nesse bloco especial, abordaremos ainda a questão das doenças do trabalho, as legislações ambientais, os licenciamentos, que se tornaram a principal ferramenta de controle e ainda o exemplo de mobilização da sociedade com a Comissão de Benzeno.A Neo Mondo também traz à tona a discussão sobre células-tronco, ouvindo os dois lados desse polêmico embate. As pesquisas científicas continuam reservando boas surpresas como um sorvete contra o câncer e problemas cardiovasculares. Vale a pena provar!Em Meio Ambiente, visitaremos um programa de apoio internacional para proteção de florestas tropicais. No perfil desse mês, a doutora em cinema e políticas culturais, Alessandra Meleiro, nos fala sobre o papel da arte no fortalecimento da cultura e no desenvolvimento de uma nação.Preparamos mais esta edição com o carinho de sempre e esperando que as informações e debates levantados possam contribuir e estimular novas discussões e soluções de desenvolvimento sustentável.Boa leitura!

Liane UechiDiretora e Redação

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edição especial sobre a

AMAZÔNIA

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InstitutoInstituto

NeoMondo

NeoMondo

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Na arte e na cultura revela-se a capacidade de expressão de um povo.Da Redação

Perfil

não há dúvida de que a arte e a cul-tura são aspectos da vida e da so-ciedade e que portanto, têm seus

papéis nos caminhos do desenvolvimen-to de uma nação. a antropologia define a cultura como resultado da interação social dos indivíduos e dos seus modos de pensar, construir valores, manejar identidades e diferenças. É na expressão artística e cultural que um povo acaba revelando sua força e sua capacidade de expressão, de situar-se no mundo e de se comunicar. a especialista em cinema e políticas culturais, alessandra meleiro, nos fala sobre a importância da arte, nes-se contexto social, e, sobre os caminhos do cinema brasileiro.

A arte no

Neo Mondo: O que é arte e qual seu papel social?Alessandra: A arte pode ser vista como um produto cultural e como prática social, valiosa tanto por si mesma como pelo que pode nos revelar dos sistemas e processos culturais. Ironicamente, essa inclusão da arte na cultura – de certa forma uma redução de sua importância como prática – resultou numa maior compreensão de sua especificidade como meio de comunicação. Em geral, as políticas culturais tendem a considerar como arte apenas as manifestações que se enquadrem em um determinado sistema de valores preestabelecidos. Mário de Andrade

propunha o conceito de “arte-ação”, que rejeitava a visão exclusivamente focada na beleza, defendendo que também se considerasse o contexto histórico como elemento de produção.

Neo Mondo: De que forma a arte pode representar a identidade de um povo?Alessandra: Se entendermos arte como atividades de criação que abrangem diferentes tipos de eventos e um largo espectro de linguagens e mídias e, pa-ralelamente, pensarmos na adoção de um programa de ação cujo propósito seja criar condições para que públicos de determinada comunidade utilizem formas apropriadas de arte como meio de expressão, acredito que possa ocor-rer processos de identificação, já que estas manifestações artísticas podem ser adequadas aos desejos locais.

Neo Mondo: O Brasil possui uma iden-tidade cultural única?Alessandra: A dinâmica cultural contemporânea é complexa e de orientação contraditória. Insistir em uma identidade cultural única é celebrar o passado para reafirmar-se no presente. A transnacionalização da cultura efetuada pelas tecnologias comunicacionais agora é parte das culturas urbanas – o que enfraquece as fronteiras nacionais e redefine os conceitos de nação e identidade.

Alessandra Meleiro, especialista em cinema e políticas culturais

Paula lyn carvalho

contexto social

Na arte e na cultura revela-se a capacidade de expressão DE UM POVO.

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contexto socialpela representação da miséria e por um discurso da periferia e da violência. Seguiram-se “Carandiru”, de Hector Ba-benco, “Baixio das Bestas”, de Cláudio Assis, e vários outros. Percebemos que todos esses filmes foram grande sucesso de bilheteria no Brasil e muito premiados em festivais internacionais, passando a ocupar salas de cinema comerciais no exterior e a atrair um público mais amplo do que o chamado ‘público de festivais’.O fato da representação da miséria atrair tamanho interesse de crítica e público dentro e fora do Brasil acaba incentivan-do uma nova safra de diretores a segui-rem os passos de seus antecessores.

Neo Mondo: Esse tipo de exposição da miséria não ajuda a reforçar a má imagem do Brasil no exterior?Alessandra: Não concordo com a afir-mação de que os filmes podem propa-gar uma imagem negativa do país para o mundo, mas sim que os filmes podem propagar uma imagem negativa das em-presas patrocinadoras. Tenho ouvido de profissionais do mercado cinematográfi-co que empresas patrocinadoras estatais e privadas – que acabam assumindo o poder do que vai ou não ser filmado – vêem rejeitando propostas de roteiro que tragam este discurso, já que não querem ver suas imagens institucionais associadas com a imagem de um país pobre e subdesenvolvido.

Neo Mondo: A Lei de Incentivo à Cultura tem permitido democratizar ou tornou a arte uma mercadoria da indústria do entretenimento?Alessandra: A Lei de Incentivo à Cultu-ra é falha no sentido de que atualmente só existe um único mecanismo, o da renúncia, capaz de dar conta do finan-ciamento da cultura. O que precisamos é de uma política em que se tenham vários mecanismos.O Ministério da Cultura pretende modi-ficar em diversos pontos a Lei Rouanet e criar outras formas de fomento e financiamento do setor, hoje baseados fundamentalmente em renúncia fiscal. À renúncia seriam acrescentados outros mecanismos, como a criação do vale-cultura, da loteria da cultura, de linhas de financiamento a juros baixos para o setor e a ampliação do orçamento da pasta. Essa revisão é positiva já que a lei atual de renúncia não é mais capaz de sustentar uma política pública para a área cultural.

Neo Mondo: O fácil acesso a conteúdos artísticos pelos modernos meios de comu-nicação enfraqueceram a arte popular?Alessandra: Não acredito na oposição entre o tradicional e o moderno ou o culto e o popular. O que ocorre é a hibridização entre essas formas culturais. É possível haver a coexistência de culturas étnicas e novas tecnologias, formas de produção artesanal e industrial.

Neo Mondo: A TV e o cinema têm um apelo muito forte junto ao brasileiro, ditando modas, tendências e comporta-mentos. Há uma consciência de quem atua nesses meios sobre essa influência e esse poder de transformação?Alessandra: Boa parte dos cineastas que chegou ao set nos anos 90 passou pela TV ou pela publicidade e foi organi-zando seu ideário fílmico individualmen-te. Portanto, não há uma homogeneiza-ção de projetos ideológicos entre eles. Do ponto de vista da estética, o que percebemos é que a linguagem que vem da publicidade e da TV invadiu as telas de cinema – e isso é um aspecto positivo – já que cobrar uma coerência estética da produção atual seria castrar o vigor da atual produção. Acredito que estes diretores que vieram da publicidade e da televisão – habituados a analisar indicadores e a interpretar pesquisas de hábitos de consumo – estão conscien-tes de que, através da linguagem e da construção da narrativa – podem inibir a capacidade de reflexão do público.

Neo Mondo: Como vê a exploração da miséria nos enredos de filmes brasileiros?Alessandra: Desde o filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, que por variadas razões transformou-se num marco do cinema contemporâ-neo brasileiro, as propostas estéticas e narrativas da atual safra nacional passam

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economia & negócios

São poucos os exemplos de construção sustentável no Brasil, mas o País já tem a sua própria certificação, inspirada no modelo francês Gabriel Arcanjo Nogueira

o homem das cavernas procurava um local seguro para se livrar das intempéries e de seus inimigos na-

turais. hoje, o que se busca são ambien-tes saudáveis para viver. uma construção pode até ser ecologicamente correta, mas não basta - o ideal é que ela seja sustentá-vel. o que implica levar em conta aspectos ambientais, sociais e econômicos. Quem dá a receita é a arquiteta e urbanista sil-via manfredi, diretora-geral da associa-ção nacional de arquitetura Bioecológica (anab). criada no País em 2005, a anab

Início de um

Brasil atua de forma independente, mas com o respaldo e know-how técnico da itália, país de origem da associazione na-zionale di architettura Bioecologica, com sede em milão.

o correto é falar em construção - e não apenas edificação - porque é o que se ouve no mundo. uma idéia que ultrapas-sa os limites da edificação e se estende a bairros e outros tipos de construção, como estradas e pontes sustentáveis. “claro que se a construção for uma edi-ficação, pode-se perfeitamente falar

em edificação ou edifício sustentável”, diz manuel carlos reis martins, da Fun-dação Vanzolini.

Tripé da sustentabilidade com especialização em Gestão am-

biental e responsável pelo desenvolvi-mento de projetos e programas da anab, silvia detalha: “a construção sustentável é baseada no tripé da sustentabilidade, que significa ser ambientalmente correta, cau-sando o menor impacto possível no meio em que está inserida; socialmente justa; e

Sonho

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economicamente viável. aspectos que de-vem ser levados em conta em todo o ciclo de vida do empreendimento, ou seja, no seu planejamento, construção, durante toda a sua vida útil e posterior demolição. e ir além: considerar também os impactos indiretos relacionados ao ciclo de vida dos podutos que utiliza, desde a extração da matéria-prima e demais impactos até a aplicação no local da obra”.

tarefa nada fácil, reconhece a arquite-ta e urbanista. mas o Brasil já conta com sua própria certificação, desenvolvida pela Fundação Vanzolini em parceria com o De-partamento de construção civil da escola Politécnica da universidade de são Paulo. trata-se do Processo aqua, que emite na reta final o selo de alta Qualidade am-biental (aqua). É a versão tupiniquim do modelo francês, o haute Qualité environ-

Início de umnementale (hQe), do centre scientifique et technique du Bâtiment (cstB), o lado internacional da parceria. o nível de uma certificação dessa importância no mundo soma-se à credibilidade da Fundação Van-zolini, “a maior certificadora brasileira”, lembra martins. a preocupação da Funda-ção foi desenvolver algo que tivesse a cara do Brasil porque considera fundamental atender às demandas e particularidades do País, com arquitetura própria e normas técnicas específicas.

Três fases e 14 categorias martins, coordenador-executivo da

construção sustentável - Processo aqua da Fundação Vanzolini, explica em deta-lhes o passo a passo do processo:

> antes de mais nada, o empreende-dor deve definir o Programa do empre-endimento, desde as necessidades até o desempenho planejado em 14 categorias do referencial técnico. o que deve ser feito de “maneira justificada, coerente e viável”. É indispensável que o empreen-dedor “se comprometa com esse desem-penho, adotando um sistema de gestão que permita atingi-lo e alocando os recur-sos necessários”. o passo seguinte requer do empreendedor e seus agentes avalia-rem a coerência do desempenho planeja-do e submeterem essa avaliação à audito-ria da Fundação Vanzolini. esta constata o atendimento do referencial técnico e emite o certificado da Fase Programa, o que sai em 30 dias. “com isso o empreen-dedor já pode usar o certificado e a marca no lançamento do empreendimento.”

> a fase seguinte é a do desenvolvi-mento da concepção - o projeto - do em-preendimento, para que a construção atin-ja os níveis de desempenho programados. “o empreendedor, por meio de seus agen-tes, avalia o desempenho especificado no projeto nas mesmas 14 categorias de de-sempenho, agora de modo mais objetivo.” É quando a Fundação Vanzolini audita essa avaliação e, se constatar o atendimento ao referencial técnico, emite o certificado da Fase concepção, também em 30 dias.

> a obra está pronta. o empreende-dor faz a avaliação do desempenho da construção resultante do previsto no pro-jeto e a submete à auditoria da Fundação Vanzolini. esta verifica se o atendimen-to ao referencial técnico está satisfeito e emite o certificado da Fase concepção, em 30 dias.

Sonho Brasil na rede mundial

martins adianta que a Fundação Vanzo-lini, como órgão certificador, desenvolve o referencial para avaliação do desempenho no uso e operação da construção para ser utilizado tanto por construções certificadas no Processo aqua quanto por construções existentes que alcancem o que classifica como “desempenho mínimo”, previsto no referencial técnico, nas mesmas 14 cate-gorias, devidamente adaptados para essas últimas. Desempenho que, de acordo com o coordenador-executivo, será mais fácil de obter em empreendimentos desenvol-vidos no Processo aqua.

o modelo escolhido pela Funda-ção Vanzolini coloca o Brasil numa rede mundial de 19 países, com predominân-cia européia. martins esclarece: “o Brasil está apenas no começo. o processo teve início na europa, depois alastrou-se por austrália e nova Zelândia, logo após a eco rio-92, já como resultado prático das intenções da agenda 21. mais tarde, os estados unidos entraram no bloco des-ses países, ao término daquela década. a europa, de modo geral, sempre mostrou maior consciência ambiental”.

silvia concorda e vai além, ao lem-brar: “na europa, onde a questão está bem avançada, já se constroem edifícios com emissão zero de carbono (que utilizam apenas energias renováveis e são altamen-te eficientes do ponto de vista do consu-mo de energia, conforto e qualidade dos ambientes), focados principalmente na saúde de seus usuários. no mundo todo se constroem também as chamadas eco-vilas, empreendimentos fundamentados na permacultura, por utilizar basicamente tecnologias naturais que não agridem o ambiente em que estão inseridas”.

Importância do conceito a especialista diz que o País não chega

a passar vergonha, devido a problemas e questões peculiares que tem de enfrentar e por estar ainda no início de uma toma-da de consciência. silvia reconhece que, mesmo assim, há iniciativas isoladas, louváveis pelo alcance delas no processo de conscientização que deve ser tanto dos profissionais envolvidos no setor como de toda a população. a diretora da anab prefere ressaltar a importância do concei-to, do qual faz breve histórico: “a partir da crise do petróleo, na década de 1970, veio a percepção de que o modelo de de-

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senvolvimeto e de consumo, que persiste até hoje, baseado em fontes e recursos não renováveis, é insustentável para o planeta. Foi quando surgiu o conceito de desenvol-vimento sustentável, e cada país e setor econômico começou a criar a sua agenda visando à sustentabilidade. a construção não poderia ficar de fora, pois é o segmen-to de maior impacto social, ambiental e econômico, seja pelo volume de negócios e de investimento, seja pelo consumo de recursos do planeta”.

silvia tem na ponta da língua os im-pactos negativos das edificações na vida das pessoas (ver quadro).

Cases promissores unidades do serviço social do comér-

cio (sesc), na capital paulista e no interior do estado, estão entre exemplos de cons-truções sustentáveis no País. conceito que, para a instituição, é antes de tudo uma es-colha: a de criar ambientes saudáveis. o que implica privilegiar uma arquitetura de baixo impacto ambiental que leve em conta não só questões técnicas, mas as relações humanas e trabalhistas, além, é claro, de respeitar o reaproveitamento e destinação de resíduos e a conservação de recursos naturais, entre outros critérios.

Quem esclarece é luciano ranieri, gestor de projetos, orçamentos e plane-jamento da Gerência de serviços de en-genharia do sesc, com a ressalva: “nosso conjunto arquitetônico teve inicio na dé-cada de 1940. a partir de 1990, todas as unidades vêm sendo adaptadas. hoje, já possuímos dispositivos economizadores

de água em todos os pontos de consumo. o aquecimento de água também nun-ca utiliza exclusivamente fontes diretas como a energia elétrica ou o gás; antes, a água é pré-aquecida utilizando sistemas solares, ou por troca de calor com a ener-gia, rejeito daquela gerada no processo de condicionamento do ar”.

luciano considera altamente positi-vo o fato de o Brasil contar com um mé-todo próprio de certificação - o selo aqua -, que “se converte em especial vantagem para os casos de empreendimentos de revitalização ou onde as características de uso e ocupação do solo não permi-tem o total atendimento de ações pre-definidas”. e adianta: “a futura unidade do sesc Guarulhos, cuja fase de design e especificação foi iniciada neste ano, será o primeiro projeto para o qual pretende-mos buscar certificação”.

há mesmo edificações, como a agên-

energia elétrica é destinada para operação das edificações.

* No mundo, os edifícios são respon-sáveis por 17% do consumo de água potável; 25% do consumo de ma-deira; 33% das emissões de CO2; 40% do uso de recursos naturais; e 40% do consumo de energia.

QUAdro

Impactos Negativos

* Nos Estados Unidos, as edificações são responsáveis por 12% do con-sumo de água; 39% das emissões de CO2; 65% da geração de resíduos; e 71% do consumo de eletricidade.

* Índices semelhantes aos bra-sileiros: 40% dos recursos naturais extraídos no País são destinados à indústria da construção civil; 50% dos resíduos sólidos urbanos são provenientes de construções e demolições; 50% do consumo de

economia & negócios

SERVIÇO

A adaptação do selo sustentá-vel francês incluiu ajustes técnicos e treinamentos diferenciados aos auditores brasileiros. O resultado, segundo a Fundação Vanzolini, foi um certificado mais completo e fle-xível, o que garante maior liberda-de de projeto e inovação. O Aqua está disponível para download no site www.geaconstruction.com.

Centro de Pesquisa em Alta Tecnologia da Petrobrás, no caminho da certificação

Divulgação/Petrobras

Silvia, da Anab: projetos devem levar em con-ta aspectos ambientais, sociais e econômicos

cia do Banco real na Granja Viana, em co-tia (sP), que conquistaram a certificação segundo critérios dos estados unidos: o selo leadership in energy and environ-mental Design (leeD).

no mesmo caminho dessa conquis-ta estão o edifício rochaverá, no bairro paulistano do morumbi, e a ampliação do centro de Pesquisa em alta tecno-logia da Petrobrás (cenpes), na ilha do Fundão, no rio de Janeiro. ainda pou-co para um país da magnitude do Brasil, mas sem dúvida um bom começo.

Fontes: United States Green Building Council (USGBC) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) - União Nacional da Construção

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oBrasil vive hoje uma excelente fase econômica, apesar de o mercado apresentar perspectivas mais con-

servadoras para o segundo semestre de 2008. adventos como a conquista do grau de investimento; implantação da nova legis-lação contábil (lei 11.638); inflação sob con-trole – apesar de pressões que a leva perto do teto da meta de 6,5% ao ano; fusões e aqui-sições; pequena desvalorização do dólar, que afeta negativamente as exportações, porém favorece importações de máquinas e equipa-mentos de ponta, que permite à indústria renovar ou melhorar seu parque industrial, entre outros itens favoráveis ao crescimento do país, têm criado um ambiente de cons-tantes mudanças.

o resultado de qualquer mudança pode assustar e é por isso que existe o período de adaptação para que as conseqüências sejam as melhores possíveis. a da conquis-ta do grau de investimento atribuído pelas agências classificadoras de risco standard & Poors e Fitch, que colocou o Brasil numa posição de destaque para recebimento de investimentos estrangeiros, e também da aprovação da nova legislação contábil, que elevou as normas brasileiras a padrões in-ternacionais, são mudanças que o mundo corporativo tem que aprender a conviver.

em consultoria empresarial, um dos principais trabalhos é o de convencer o em-presário da necessidade de reestruturação organizacional em sua empresa. isso impli-ca essencialmente em mudança cultural e revisão da estratégia da organização.

cenário justifica o fenômeno da Gestão da mudança, ambiente para o qual algumas condições são necessárias. É primordial que ela se inicie no pensamento da direção da empresa. são os gestores quem iniciam todo o processo de mudança cultural da organização, aceitando e compreendendo a necessidade de sua realização.

o ambiente de mudança é fato. Vi-vemos em períodos de constantes oscila-ções. conhecer as técnicas de gestão nes-se ambiente é obrigação dos gestores de qualquer organização. evidentemente que, para aqueles que ainda não se conven-ceram disso, não há fórmula mágica que os faça aceitar e compreender esse novo cenário. Por mais eloqüente e conhece-dor de habilidades comportamentais que um consultor e/ou facilitador do processo seja, não há garantias de que um proces-so de mudança tenha êxito em uma em-presa se só o gestor tem a autonomia e o poder para catalisá-lo e realizá-lo. esse é o primeiro grande desafio para deixarmos a administração familiar e amadora do sé-culo passado para a gestão profissional e dinâmica dos tempos modernos.

Leonardo Henrique Nardin

Leonardo Henrique Nardin é administrador de empresas, pós-graduado em marketing

e Auditor de Gestão de Riscos da BDO Trevisan de Londrina e Curitiba.

E-mail: [email protected].

A gestão de mudanças é assunto estratégico na administração empresarial.

a capacidade em lidar com a mudan-ça caracterizou as organizações de sucesso nos anos 80 e isso desencadeou a proposi-ção de modelos de gestão de mudança na década seguinte.

se só alcançaram o sucesso as organiza-ções que realmente foram capazes de gerir a mudança no final do século passado, a Ges-tão da mudança passa a ser um dos assuntos mais importantes a serem estudados e desen-volvidos em administração nos dias atuais.

algumas são as explicações aceitas para estes fatos: no passado, o “patrão” ti-nha impregnada a cultura da gestão fami-liar, na qual a falta de concorrentes era a grande razão pela qual sua forma de gestão mantinha-se inalterada, abstendo-se da profissionalização. Por mais que a produti-vidade fosse baixa em função de haver fun-cionários desmotivados, condições insalu-bres de trabalho ou altos custos, o negócio ainda assim era rentável, pois a ausência de opções levava o cliente a continuar com-prando do mesmo fornecedor, nem que ele tivesse que pagar mais por isso.

oscilações de produtividade sempre alteraram e vão continuar alterando os custos e/ ou a qualidade do produto. en-tretanto, hoje a oscilação de preço e/ ou qualidade leva um cliente a experimentar a concorrência, que é fortíssima, e se ele gostar, não voltará. isso afeta a rentabili-dade da empresa, e se afeta a rentabilida-de, de fato passa a ser um problema.

a compreensão das necessidades dos clientes tem se tornado mais difícil e este

de mudançasGestão

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meio ambiente

investindo na

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Programa internacional investe em projetos que protegem florestas tropicais do uso indevidoDa Redação

Preservação

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PreservaçãoSe a idéia de uma ONG, proprietário

ou do governo está dando certo é preciso

dar a ela a chance de crescimento

“”

íses e com o terceiro setor para pro-mover o desenvolvimento sustentá-vel dessas áreas. um desses acordos, firmado na conferência das nações unidas sobre meio ambiente e Desen-volvimento - rio92, denominado Pro-grama Piloto de Proteção das Florestas tropicais Brasileiras - PPG7 tem como foco, entre outras ações, preservar a biodiversidade das florestas tropicais e reduzir a emissão de gás carbônico na região amazônica.

implantado pelo ministério do meio ambiente e com investimento interna-cional do Grupo dos sete países indus-trializados (canadá, França, alemanha, itália, espanha, Grã-Bretanha e estados unidos), desde a criação do programa, têm promovido ações que conciliam o desenvolvimento econômico e social com a proteção do meio ambiente, em regiões de florestas tropicais.

P ossuidor de 20% da biodiversida-de mundial, não há como negar que o Brasil é um país privilegia-

do pela natureza. suas matas somam cerca de 550 milhões de hectares - área maior que toda a europa -, que ocupam mais de 60% do território nacional. Por isso não é à toa que a preservação des-se patrimônio tem, com o passar dos anos, se constituído em foco de pre-ocupação mundial. e há motivos para isso, todo o planeta usufrui dessa ri-queza ambiental brasileira. a amazô-nia, sozinha, concentra mais de uma centena de trilhões de toneladas de carbono, transformados em oxigênio, com capacidade para refrigerar todo o mundo e promover o equilíbrio ecoló-gico global.

sem perder a soberania e autono-mia, o ministério do meio ambiente tem firmado parcerias com outros pa-

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REdE dE PROTEÇãOPara melhor efetivação destas ações,

o PPG7 foi dividido em subprogramas, sendo um deles o Projeto Demonstra-tivo a – PDa, voltado para o segmento não-governamental, que tem apoiado cerca de 180 comunidades e organiza-ções da amazônia e da mata atlântica na implementação de iniciativas inova-doras no uso e conservação dos recur-sos naturais.

De acordo com o coordenador técni-co do PDa, Jorg Zimmermann, a ênfase é auxiliar as unidades de conservação e pequenos agricultores familiares a desen-volverem meios sustentáveis e inovado-res, e, a partir do sucesso dessas experi-ências, estabelecer políticas públicas que introduzam estas estratégias em outras comunidades, organizações e instituições governamentais.

“sabemos que é importante promo-ver a troca de experiência para que uma atitude bem-sucedida seja de conheci-mento e aproveitada por todos. temos o exemplo do Projeto de conservação, re-cuperação e uso sustentável do Palmitei-ro Juçara nas comunidades Quilombolas do Vale do ribeira que permitiu à popu-lação conhecer novos meios de capitação de renda. Populações que só conheciam o extrativismo ilegal do palmito para sua

sobrevivência, agora o preservam, pois não dependem somente dele. o progra-ma começou no quilombo de ivaporun-duva e tem sido implantado em outras regiões” – ressalta o coordenador.

PdAPara ser contemplado pelos recursos

financeiros, doado pelo governo alemão e repassado pelo PDa, é preciso estar atento à publicação dos editais anuais. Para os quais é preciso apresentar a efi-cácia do projeto, que precisa estar em andamento há no mínimo dois anos, e o direcionamento do investimento, seja organização, proprietário ou governo. se aprovado pela comissão executiva, e dependendo do impacto social positivo que o projeto causar na comunidade, ge-rando renda e qualidade de vida, o valor liberado pode variar de 500 a 9.300 mil, no período médio de três anos.

Zimmermann explica que há etapas a cumprir para receber a totalidade do va-lor, que é dividido em três parcelas rece-bidas somente após a prestação de contas do investimento da parcela anterior.

“um dos medos iniciais do PDa era o uso indevido destes recursos, mas desde o início só tivemos seis projetos que desviaram o investimento. Por isso, tentamos ao máximo fechar o cerco

com as avaliações periódicas do progra-ma. mas este é um risco que se corre, as experiências podem dar certo ou não, mas tudo é aprendizado. Porém, den-tre tantos projetos bem encaminhados, acredito que somos um sucesso” – de-clara o coordenador.

RESulTAdODe acordo com a avaliação do Die

(instituto alemão do Desenvolvimento, Bonn, alemanha), realizada entre 1999 e 2002, sobre a contribuição do PPG7 no-tou-se que elevou enormemente a capa-cidade do ministério do meio ambiente de assumir seu papel na amazônia. além de demarcar e legalizar 22 milhões de hectares de terras indígenas, dar suporte a reservas extrativistas em 2,1 milhões de hectares, oferecer treinamento para 12.000 pessoas em 322 comunidades na prevenção e no combate de queimadas e apoiar a implementação de iniciativas inovadoras de manejo florestal em nível empresarial e comunitário.

“se a idéia de uma onG, proprietá-rio ou do governo está dando certo é preciso dar a ela a chance de crescimen-to para que outras comunidades, com a mesma necessidade, também usufruam no futuro destes resultados” – destaca Zimmermann.

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meio ambiente

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17neo mondo - agosto 2008

“meio ambiente” é uma ex-pressão cara ao mundo contemporâneo. seus

elementos de composição, no entanto, vêm de tempos antigos. ambient- é o tema do particípio presente do verbo la-tino ambire (amb- + ire), que significa, literalmente, ir em volta, isto é, andar ao redor. medius é o termo que designa o que quer que esteja no meio, sendo, pois, central, intermediário, medianeiro. Por meio ambiente, entende-se, de ime-diato, o conjunto dos elementos físicos, biológicos e químicos que nos cercam, nos influenciam e são influenciados por nós. o que vale dizer, a terra, a água, o ar, as plantas e os animais – numa pala-vra, a natureza.

mas também o homem – “um bicho da terra tão pequeno”, como diz camões n’os lusíadas –, não deixa de ser parte dessa mesma natureza. o que distingue o bicho humano dos restantes animais são suas variadas práticas sociais. É através delas que se expressa a cultura dos povos. e não existe cultura sem imaginação. Por isso o homem pode ser definido como um ani-mal simbólico.

Desse modo, o conceito de meio am-biente se alarga com facilidade para incor-porar em sua definição aquilo que costu-mamos chamar o patrimônio cultural das nações, quer seja em seu aspecto material,

rem deixar a selva. o curupira é o nosso maior guardião do meio ambiente natural. e é, ao mesmo tempo, uma das grandes criações do imaginário popular brasileiro, sendo, portanto, um elemento integrador do nosso meio ambiente cultural.

embora curiosa, não é de espantar a notícia que Plínio, o antigo, autor ro-mano do séc. i d. c., registra em sua história natural sobre homens da flo-resta, muito ligeiros, com pés virados para trás, que viviam na companhia de animais selvagens, em certa região ao norte da europa e da Ásia. tradições como essa, muitas vezes, viajam pelo mundo entre nações e gerações e viram mitos, lendas e contos, enriquecendo a imaginação dos povos.

o meio ambiente natural e cultural, que recebemos como herança das ge-rações passadas, nos forma e nos enca-minha em nossa jornada humana. Daí a importância de refletir – e de agir – sobre o mundo que vamos deixar para as próxi-mas gerações.

Márcio Thamos

Doutor em Estudos Literários.Professor de Língua e Literatura Latinas

junto ao Departamento de Lingüística da FCL-UNESP/CAr.

Coordenador do Grupo de Pesquisa LINCEU – Visões da Antiguidade Clássica.

meio ambienteMeio ambiente não se restringe a florestas, rios, espécies

em extinção ou problemas das grandes cidades mas também, às tradições populares e, de um modo geral, a tudo o que confere valor à vida.

como objetos ou conjuntos arquitetônicos, quer seja em seu aspecto imaterial, como manifestações artísticas ou criações cientí-ficas. Àquela acepção básica de natureza, reserva-se atualmente a designação de meio ambiente natural. Já o sentido ligado às práticas sociais organizadas pelas comu-nidades humanas vem cada vez mais sen-do denominado meio ambiente cultural. É assim que, ao falar de meio ambiente, podemos nos lembrar não só das florestas e dos rios, das espécies em risco de extin-ção ou dos problemas das grandes cidades mas também das tradições populares e, de um modo geral, de tudo o que confere va-lor à vida.

Por isso não estranhei quando me veio à mente a figura do curupira feito uma sín-tese do meio ambiente. ora, trata-se de um protetor das matas e dos animais, conheci-do e reconhecido de norte a sul do país. na maioria das vezes, aparece como um indio-zinho veloz, de cabelos vermelhos e dentes azuis, tendo sempre os pés voltados para trás. costuma andar pelas florestas baten-do o calcanhar no tronco das árvores para certificar-se de que estão firmes quando se aproxima um temporal. É generoso com os que se contentam em caçar para satisfazer as necessidades, mas torna-se o pavor dos que caçam desmedidamente ou perseguem as fêmeas prenhas e os filhotes. a estes, faz perder o rumo por muito tempo até pode-

também é Folclore

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saúde

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onde se inicia a vida humana? al-guns crêem que ela começa na fe-cundação do óvulo, outros acredi-

tam que há vida somente após a formação do sistema nervoso do embrião - por volta do 14º dia da fecundação -, há ainda aque-les que defendem a teoria de que somente há vida se a formação do embrião for feita no útero da mãe e não in vitro, onde ele não pode se desenvolver... e assim, para cada indivíduo há uma teoria cheia de ver-dade baseada em suas crenças e valores.

mas foi este polêmico questiona-mento, que carrega intrinsecamente a ética dos direitos humanos, o foco das

De acordo com o ginecologista, es-pecialista em medicina reprodutiva da sociedade Brasileira de reprodução hu-mana – sBrh, Dirceu mendes Pereira, isto seria possível porque estas células-embrionárias são totipotentes, o que sig-nifica que têm o poder de transformar-se em qualquer tipo de tecido.

“são estas células que, após a fecun-dação do óvulo, formam o embrião, um emaranhado de células idênticas, que, de-pendendo da combinação com proteínas do organismo, dão início ao desenvolvi-mento de cada órgão e membro do futuro feto. Por isso, crê-se que elas poderão re-

discussões para a liberação do uso de células-tronco embrionárias - concedida em 29 de maio desse ano pelo supremo tribunal Federal - em pesquisas de tera-pia celular, para a formação de tecidos para reposição de células que foram per-didas pelo organismo. com a promessa de, no futuro, tratar doenças crônicas degenerativas, como mal de Parkinson, auto-imunes, seqüelas de paralisias, der-rames, queimaduras e, supostamente, até substituir órgãos inteiros e tecidos do corpo, eliminando procedimentos como transplantes e enxertos, métodos passíveis de rejeição do organismo.

Fonte das células-tronco embrionárias:

EmbriãoFertilizado

Primeiro dia

EstágioBicelular

Segundo dia

EstágioQuadricelular

Passagem dosegundo dia para oterceiro dia

Blastocisto

Do sétimo ao oitavo dia

éTICA!Cientistas divergem quando o assunto

é células-tronco embrionárias.Livi Carolina

uma questão de

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éTICA!

19neo mondo - Julho 2008

Cientistas divergem quando o assunto

é células-tronco embrionárias.Livi Carolina

uma questão de

constituir qualquer tecido do corpo que, por algum motivo, tenha sido extingui-do” – esclarece mendes Pereira.

conforme o conselho de informações sobre Biotecnologia – ciB, o poder de transformação deste emaranhado de cé-lulas, vai além, ao ponto de, se separado, cada célula ser capaz de produzir um em-brião inteiro, com todos os seus tecidos e mais os anexos embrionários: a placenta, o cordão umbilical, saco amniótico, etc.

mas, mesmo com estas possibilidades, a questão ética central destacada pelos contrários a estas pesquisas, é que para utilizar as células-tronco embrionárias é necessário destruir o embrião, uma vez que é preciso retirar o núcleo dessa célula.

A destruição do embriãoa professora no Departamento de

Biologia celular da universidade de Brasília, lenise Garcia, destacou que “destruir um embrião é violar o direito à vida, infringindo o art. 5° da consti-tuição Federal, porque toda vida huma-na é digna e um ser humano, mesmo nas fases iniciais de seu desenvolvimento, não pode ser tratado como se fosse uma coisa” e ressalta: “isto é uma questão éti-ca, não religiosa”.

segundo lenise, no momento da fe-cundação define-se toda a carga genética desse novo indivíduo, “quem são seus pais, se é homem ou mulher, a cor dos olhos, dos cabelos, e até características da personalidade. ele ainda não tem uma ‘carteira de identidade’, mas a identida-de ele já tem. É o mesmo indivíduo que será dali a dois, vinte ou oitenta anos, se chegar a viver esses anos”.

em contrapartida a esta preocupa-ção, a presidente do instituto de Pesqui-

Lenise Garcia, bióloga que defende pesquisas com células-tronco adultas.

Fernada Velloso

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sa com célula-tronco, Patrícia Pranke, elucida que estas células são retiradas de um procedimento de fertilização in vitro de embriões congelados que necessariamente seriam descartados. “Quando um casal procura uma clínica de fertilização para fazer a fecundação assistida. alguns embriões serão im-plantados para gerar uma criança, mas outros, chamados de excedentes, serão congelados. Grande parte dos cientistas acha que é melhor utilizá-los para pes-quisa do que permanecerem congelados e inexoravelmente descartados, uma vez que os pais não desejam mais ter fi-lhos” – declara em depoimento ao ciB.

com base em um censo divulgado, em 2005, pela sociedade Brasileira de reprodução assistida – sBra, exis-tem cerca de 10 milhões de embriões congelados nas 15 maiores clínicas de reprodução brasileiras. Desses, 3.219 congelados há mais de três anos, crité-rio exigido para a utilização em pesqui-sas com células-tronco embrionárias, de acordo com a lei de Biossegurança, que também determina a autorização do casal doador do material genético para pesquisas.

A alternativa das células-tronco adultas

alheia a estas discussões éticas, os estudos com células-tronco adultas es-tão avançando. De acordo com lenise Garcia, a cada dia são publicadas novas descobertas. “a maior parte ainda está em fase de testes clínicos ou pré-clíni-cos, mas a evolução da área é notável. elas representam a verdadeira esperança para pacientes com doenças degenerati-vas ou outras patologias que necessitam de terapia celular” – destaca.

estas células-tronco adultas são as responsáveis pela recomposição diária das células que morrem no organismo. Por exemplo, a cada nove dias, duas pla-

quetas – responsáveis pela coagulação do sangue – são destruídas e a medula é responsável por produzir novas, ge-ralmente encontradas na medula óssea, no cordão umbilical, na placenta. mas existem inúmeras outras, como a retina, tecido adiposo e outros que ainda estão passando por estudos.

Porém, segundo mendes Pereira, estas células são limitadas, podendo formar so-mente alguns tipos específicos de tecido. Já lenise afirma que elas têm, sim, espe-cificidades, não sendo uma única célula-tronco adulta capaz de regenerar todos os tipos de tecidos, mas não vê isso como uma desvantagem.

ela explica que na farmacologia, nunca se descobriu a “panacéia”, o me-dicamento capaz de curar todas as do-enças, pelo contrário, cada vez evoluem os tratamentos descobrindo-se qual a droga adequada para cada patologia. “Penso que o mesmo acontecerá com a terapia celular: é necessário descobrir qual a célula-tronco adequada para cada tratamento e como pode ser usada. É claro que isso demanda muita pesquisa, mas a ciência nunca evoluiu de outro

modo”, e rebate a opinião dos favoráveis às células-tronco embrionárias: “as em-brionárias transformam-se mesmo em todos os tipos celulares, inclusive nas células-tronco adultas. mas conseguir fazer isso in vitro é um sonho que não se tem transformado em realidade. a sua falta de especificidade é justamente a fonte de um dos maiores problemas para o seu uso, pois elas tendem a for-mar tumores”.

no entanto, mesmo o especialista mendes Pereira ressalta que “por enquan-to, todas essas possibilidades oferecidas pelas células-tronco, tanto embrionárias como adultas, são promessas. não há nenhum estudo que efetivamente com-prove estas especulações” e acrescenta: “ainda teremos anos de pesquisas para chegar a estes possíveis resultados”.

Ainda teremos anos de

pesquisas para chegar a estes

possíveis resultados“

”Dirceu Mendes Pereira, especialistaem Medicina Reprodutiva da SBRH.

Art. 5o - É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de cé-lulas-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendi-das as seguintes condições:I – sejam embriões inviáveis; ouII – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publica-ção desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.

§ 1o

§ 2o

§ 3o

Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.

Instituições de pesquisa e serviços de saúde que rea-lizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrio-nárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.

É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo ...

* lei da Biossegurança (11.105/05)

saúde

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Caderno Especial

IndustrialPoluição

Gestão ambiental, licenciamento, novas tecnologias, legislação específica,

mobilização da sociedade e projetos de sucesso mostram como o Estado de São Paulo está vencendo a

poluição industrial sem perder a competitividade.

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Poluição Industrial

especial

a constatação de que a preservação da natureza significava a continuidade de vida no planeta, apesar de óbvia, custou a ser entendida, mas após algumas catástrofes ambientais mundiais ocorridas entre as dé-cadas de 60 a 80, na Índia, união soviética, Japão e no próprio Brasil - em cubatão, ficou claro que uma nova postura precisava ser adotada. o desenvolvimento sustentável, que consiste na possibilidade de concilia-ção entre crescimento econômico contínuo e conservação do meio ambiente, evitando a destruição de seus próprios alicerces na-turais, passou a fazer parte do vocabulário

neo mondo - agosto 2008 22

Como o maior centro industrial do país está lidando com a questão da poluição industrialLiane Uechi

a partir da década de 60, a industria-lização no Brasil sofreu uma ace-leração, com vistas ao desenvolvi-

mento econômico. Formaram-se Parques industriais e iniciou-se o chamado milagre brasileiro. nessa época, o foco era o cres-cimento e o aumento das exportações, o Brasil queria e precisava produzir. o estado de são Paulo assumiu a dianteira e tornou-se o grande centro industrial e comercial do país, lugar que ocupa até hoje. o geren-te do Departamento de Planejamento de ações de controle da cetesb - companhia de tecnologia de saneamento ambien-

tal, mauro sato, lembra que nessa época a imagem de chaminés emitindo densa fumaça chegava a ter conotação positiva, pois era associada ao progresso.

nesse sentido, as questões ambientais não eram consideradas importantes, sim-plesmente não se falava no assunto. o resul-tado, como não poderia deixar de ser, foram taxas elevadas de degradação ambiental, re-flexos da poluição do ar, da água e do solo, que expuseram as populações do entorno desses Pólos industriais a uma enorme va-riedade de substâncias tóxicas e a uma baixa qualidade de vida (ver tabela 1).

Vencendo a

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sil cabe a cetesb estabelecer condições, restrições e medidas de controle ambien-tal. É o órgão estadual responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição. Para isso, utiliza-se dos seguin-tes expedientes:

nacional. o conceito também não escapa do componente ético, já que incorpora à gestão empresarial e pública dimensões sociais, po-líticas e culturais, como a pobreza e a exclu-são social, bem como o respeito às futuras gerações.

De lá para cá o Brasil avançou bas-tante na questão do controle da poluição industrial, criando mecanismos, leis e instrumentos de controle e prevenção da qualidade ambiental dos processos. as agências ambientais se tornaram os prin-cipais articuladores dessa questão. em são Paulo, maior pólo industrial do Bra-

Poluição Industrial

laércio Vechinni, gerente do setor de Planejamento de ações de controle da cetesb, explicou que na questão indus-trial, o grande instrumento de controle é o licenciamento ambiental, documento necessário para a instalação e funciona-mento. o licenciamento, bem como sua renovação periódica, tornou-se o grande recurso de controle da qualidade ambien-tal, hoje, no Brasil. segundo Vechinni, esse mecanismo, que envolve o atendi-mento a diversas premissas, permitiu uma mudança de cenário da questão da poluição industrial, pois impôs um con-

licenciamento e fiscalização de fontes fixas;

fiscalização de fontes móveis;

monitoramento da qualidade do ar, das águas superficiais interiores, das águas subterrâneas e da balneabilidade das praias, inclusive as interiores.

Vencendo a

23neo mondo - agosto 2008

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trole muito mais efetivo das ações das empresas, que passaram a obrigatoria-mente, ter que seguir um formato aceitá-vel de atuação e parâmetros de emissões.

sato explica que o licenciamento ambien-tal está previsto na lei estadual nº 997/76, que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente no estado de são Paulo, e na lei Fe-deral nº 6.938/81, que estabelece as diretrizes da Política nacional de meio ambiente

lICENÇA AMBIENTAlas licenças estão divididas em três fases:

após aprovadas as três licenças, o acompanhamento continua com as fiscalizações de rotina. Para alguns ca-sos especiais, de significativo impacto ambiental, os meios de licenciamento mudam, como é o caso da secretaria de meio ambiente do estado de são Paulo que exige que algumas ativida-des apresentem o relatório ambiental Preliminar (raP) ou o licenciamento no eia/rima. De acordo com o enge-nheiro sato, no estado de são Paulo, os órgãos envolvidos no licenciamento ambiental são, além da cetesB, o De-partamento de avaliação de impacto ambiental – Daia e o Departamento estadual de Proteção de recursos na-turais – DePrn. Para empreendimen-tos localizados na Área de Proteção aos mananciais da região metropolitana de são Paulo, é necessária ainda a partici-pação do Departamento do uso do solo metropolitano – Dusm.

ÁREAS CONTAMINAdASo tema de controle da poluição está

num processo evolutivo, porém ainda há muito o que fazer e aperfeiçoar. a ques-tão de áreas contaminadas, por exem-plo, sejam elas provenientes de falha mecânica ou mesmo remanescentes de outras épocas ainda é um tema recente, mas que irá avançar com o passar dos anos, com a necessidade de renovação e obtenção de novas licenças ambientais, pois a verificação dessas áreas é mais uma exigência, vinculada ao licencia-mento. “Áreas suspeitas de contami-nação precisarão apresentar estudo de

investigação ambiental de solo e águas subterrâneas, que subsidiarão a tomada de decisão quanto à necessidade de pla-nos de remediação” – disse sato.

MEIO AMBIENTE & COMPETITIVIdAdEno início desse processo de desen-

volvimento sustentável acreditava-se que os altos investimentos em proces-sos de controle antipoluentes torna-riam as indústrias menos competitivas no mercado internacional. no entanto, o que se observa é que é possível vis-lumbrar sinergias entre a competitivi-dade e preservação do meio ambiente. nessa nova postura e visão empresarial, as regulamentações ambientais deixam de ser encaradas apenas como um desa-fio e passam a ser estímulos ao desen-volvimento de novas soluções.

assim tem sido com as importantes corporações instaladas no país, antes li-gadas ao estigma de grandes poluidoras. a pressão para avançar na questão am-biental, geralmente, conduziu à adoção de inovações tecnológicas e novas for-mas de gestão empresarial, que incluem o uso racional dos insumos, tratamento e/ou reaproveitamento de resíduos in-dustriais para a co-geração de energia, mudança na matriz energética, reuso de recursos naturais e análises de ciclos produtivos, evitando desperdícios. e, apesar do investimento inicial para a im-plantação desses novos processos, o que se verifica nessas iniciativas é a redução de custos totais de um produto/serviço ou ainda o aumento de seu valor, melho-rando a competitividade das empresas e, consequentemente, do país.

Tabela 1 - Setores industriais com maior potencial de emissão

Poluente Setores industriais

Carga orgânica (DBO) Metalurgia de não- ferrosos; papel e gráfica; químicos não- petroquímicos; indústria do açúcar

Sólidos suspensos (água) Siderurgia

SO2Metalurgia de não- ferrosos; siderurgia; refino de petróleo e indústria petroquímica

NO2Refino de petróleo e indústria petroquímica; siderurgia

COSiderurgia; metalurgia de não- ferrosos; químicos diversos; refino de petróleo e indústria petroquímica

Compostos orgânicosvoláteis

Refino de petróleo e indústria petroquímica; siderurgia; químicos diversos

Particulados (ar)Siderurgia; óleos vegetais e gorduras p/ alimentação; minerais não- metálicos

especial

POluIÇãO & lEIS

O controle da poluição do meio ambiente no Estado de São Paulo é regido basicamente pela Lei Estadual nº 997/76 e pelo Decreto Estadual nº 8468/76, além de le-gislações e normas específicas, tais como as resoluções da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, as resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, etc.

neo mondo - agosto 2008 24

Laércio Vechinni, da Cetesb.

licença Prévia, concedida na fase preli-minar do planejamento do empreendi-mento atividade; licença de instalação, que autoriza a instalação do empreendimento ou ati-vidade de acordo com as especificações constantes dos planos; licença de operação, que permite a ope-ração da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimen-to do que consta nas licenças anteriores.

José

Jor

ge

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25neo mondo - agosto 2008

o iBGe divulgou na primeira quin-zena de agosto os números do crescimento da produção indus-

trial em 14 locais distintos do país onde a pesquisa é realizada. com taxas de dois dígitos destacaram-se: espírito santo (16,1%), Paraná (11,3%) e Goiás (11,1%). em seguida, vieram são Paulo (9,8%), Per-nambuco (7,9%), amazonas (7,5%) e minas Gerais (6,6%).

uma outra pesquisa do iBGe, aplican-do uma metodologia desenvolvida pelo Banco mundial, identificou pela primeira vez, alguns municípios do rio de Janeiro que têm os maiores potenciais de emissão industrial de poluentes atmosféricos. o estudo mostrou também quais são os ti-pos de indústrias com maior capacidade de poluir o ar: refino de petróleo, minerais não metálicos e metalurgia. os poluentes identificados são dióxido de enxofre (so

2),

os particulados finos (Pm10) - produzidos por indústrias de materiais não metálicos -substâncias que causam danos à saúde respiratória e ao meio ambiente.

a identificação da localização e da concentração dessa poluição em potencial pode facilitar o seu monitoramento e con-trole pelos órgãos ambientais.

a poluição industrial é apenas um dos problemas que estamos vivendo. os efei-tos do desequilíbrio ecológico aumentam diariamente e, não é de agora. Vem sendo provocado por décadas ou séculos de in-dustrialização com resultados para toda a cadeia de negócios, que vai desde a extra-ção de matérias-primas, industrialização de produtos e comercialização da produ-ção industrial.

a indústria brasileira cresceu 6,3% em 2007 em muitos setores, como os de bens de capital, que fabricam máquinas e equipamen-tos para a indústria, e os de bens de consumo duráveis (produtos com vida longa, como car-ros e eletrodomésticos). a promessa para os próximos anos é de mais expansão.

um levantamento da cni (confede-ração nacional da indústria) mostrou que 42% de mais de 1.600 indústrias pesquisa-das têm intenção de investir em máquinas e equipamentos nos próximos meses, o que é ótimo para o crescimento do país e uma boa notícia é que essa expansão do setor vem acompanhada de uma boa intenção: fabricação de produtos que não prejudi-quem o meio ambiente com a utilização de matérias-primas com responsabilidade socioambiental e desenvolvimento de pro-

jetos sustentáveis. hoje, algumas empresas são conscientes de que a sustentabilidade é o caminho para a perenidade dos negócios. outra boa notícia é que o mercado de tra-balho para profissionais que desenvolvem e atuam em projetos e programas susten-táveis, está muito valorizado. algumas pes-quisas mostram que profissionais como es-tes, em níveis de gerência, chegam a ganhar perto de r$ 20 mil mensais.

esses profissionais terão muito traba-lho pela frente. além da poluição industrial, existem outros fatores que contribuem para a destruição da natureza e que estão total-mente ligados à crescente onda de urbani-zação e concentração populacional. o con-sumo desenfreado e irresponsável de bens e produtos que contribuem para a contami-nação das nossas águas, do solo e também do ar, além do desmatamento de florestas e extinção de espécies de animais. É necessá-rio muito esforço para a erradicação desses problemas. acreditamos que um planeja-mento macro de marketing muito forte há de ser feito para conscientizar a população da importância do nosso meio ambiente. o que falta ainda é educação.

nosso grande marketing para o pla-neta, apesar de ainda vivermos indivi-dualmente como citamos no parágrafo acima, é nossa fonte de energia renová-vel: o etanol, que ainda engatinha, mas caminha para o sucesso. nós temos um grande trunfo nas mãos para dar exem-plo ao mundo que ainda utiliza combus-tíveis fósseis não renováveis e muito po-luidores como o petróleo. mas, para isso, precisamos nos reeducar.

Mauro Ambrósio

Sócio-diretor da BDO Trevisan para assuntos

de sustentabilidade.

E-mail: [email protected]

a INdúSTRIA quase sob controle. Falta o POVO Na questão da poluição, o que falta ainda é educação.

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especial

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O processo de recuperação ambiental de Cubatão que controlou a poluição e a degradação da cidade.Liane Uechi

Como Cubatão deixou o Vale da Morte

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Como Cubatão deixou o

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a cidade de cubatão, a 40 km de são Paulo, é um caso bem sucedido de recuperação ambiental. o exemplo

desse município, que chegou a carregar o estigma de “Vale da morte” ilustra bem algumas situações: o descaso com as ques-tões ambientais, na implantação do Pólo industrial de cubatão a partir dos anos 50 e a conseqüente resposta da natureza e ainda, como foi possível recuperar ambien-talmente a cidade, sem perder a produti-vidade e a competitividade desse grande centro industrial brasileiro. exatamente o que apregoa o conceito de desenvolvi-mento sustentável, processo esse onde o equilíbrio de objetivos sociais, econômicos e ambientais deve atender as necessidades da sociedade presente, sem comprometer as necessidades das gerações futuras.

no início do século 20, cubatão era um lugar bonito repleto de matas, rios, cascatas, mangues, um vale rodeado pela bela serra do mar. a excelente disposição geográfica, a apenas 40 km de são Paulo, maior centro consumidor e produtor do Brasil e a proxi-midade com o Porto de santos, entrada e sa-ída de cargas, assim como a abundância de água, uma malha viária moderna (à época, anchieta e Piaçaguera) e mão de obra dis-ponível, foram atrativos à grande industria-lização da região. cubatão tornou-se assim,

a partir das décadas de 60, um grande Pólo industrial. ali foram instaladas 23 indús-trias de ponta, entre as quais uma refinaria, uma siderúrgica, nove fábricas de produtos químicos e sete de fertilizantes. a produção industrial deu ao município o quarto lugar dentro do estado de são Paulo, em arrecada-ção de impostos. as exportações atingiam a casa de 500 milhões de dólares - cerca de 2% das exportações de todo o País, na época.

o desenvolvimento avançava sem pre-ocupação alguma com a questão ambiental. emissões no ar, nos rios e no solo eram rea-lizadas sem grande controle. a resposta veio rápida. num período de aproximadamente 15 anos, cubatão apresentava sinais de uma degradação ambiental sem precedentes na história brasileira. na serra do mar era pos-sível ver áreas sem vegetações, verdadeiras cicatrizes na montanha. cerca de 60 km² da mata atlântica foram atingidos, provocando erosão nas encostas, escorregamentos de solo e assoreamento das drenagens super-ficiais, resultando em riscos às instalações industriais e bairros próximos, além de inundações em cubatão. a topografia desfa-vorável à dispersão dos poluentes mantinha o ar sempre pesado e com cheiro de produ-tos químicos, sinais evidentes das condições atmosféricas inapropriadas, os peixes e as aves desapareceram. Foi então que novos

1985

Vale da Morte

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alertas começaram, desta vez, envolvendo seres humanos. cubatão era campeã nacio-nal em doenças respiratórias. em seis meses, no período de outubro de 1981 a abril de 82, nasceram 1.868 crianças: 37 estavam mor-tas; outras cinco apresentavam um terrível quadro de desenvolvimento defeituoso do sistema nervoso; três nasceram com anen-cefalia (ausência de cérebro) e duas tinham um bloqueio na estrutura de células nervo-sas que liga o cérebro ao resto do corpo atra-vés da espinha dorsal (fechamento do tubo neural)1. então ficou claro que o descaso e o desrespeito com o meio ambiente não pas-sariam impunes.

era hora do estado intervir de forma mais rigorosa, do que apenas promulgar as advertências e multas contra as empresas que violavam os níveis máximos de emissão de poluentes. esse contexto levou o gover-no do estado a iniciar em 1983 um plano de recuperação ambiental, cuja implementa-ção ficou sob a responsabilidade da cetesb - companhia de tecnologia de saneamen-to ambiental, ligada à secretaria do meio ambiente do governo de são Paulo. o en-genheiro luiz antonio Brun participou, na época, desse projeto de recuperação, desde os primeiros estudos até a constatação dos resultados positivos, quando então já ocu-pava o cargo de gerente regional da cetesb. segundo ele, a primeira medida foi o mapea-mento das emissões. “Foram detectadas 320 fontes de alto potencial, sendo 230 lançados no ar, 44 nas águas e 46 no solo. também se constatou uma emissão de cerca de 115 mil tonelada/ano de poluentes, dentre os quais substâncias como o dióxido de enxofre, hi-drocarbonetos, óxido de nitrogênio, amônia e fluoretos” – contou o engenheiro.

exigiu-se das empresas soluções para o controle gradativo dessas emissões. o prazo máximo estipulado foi de cinco anos. até lá, quando a situação atingia níveis críticos de poluição, as empresas eram obrigadas a

fontes, sendo 163 lançamentos por ar, 85 por água e 16 por solo. também foi feito o projeto de reflorestamento da serra do mar. “a cetesb desenvolveu um método onde sementes de espécimes nativas envol-tas em gel foram lançadas, na serra, com auxílio de helicóptero” – disse.

atualmente, com o avanço tecnológico dos instrumentos de medição e informática, está em fase de implantação um programa de medição contínua de poluentes das prin-cipais fontes, com transmissão de dados em tempo real. De acordo com o relatório “como está cubatão”, que serviu de base para a agenda 21 (ver quadro), até 2005, fo-ram investidos pelas indústrias de cubatão valores superiores a um bilhão de dólares e controladas cerca de 98,8% das fontes de emissão atmosférica.

a melhor parte ainda é constatar a volta dos peixes ao rio cubatão, observar a cober-tura vegetal da serra do mar e acompanhar o vôo da garça, do guará vermelho e de tan-tas outras aves que já podem ser avistadas nos mangues. as indústrias continuam lá, produzindo, competitivas, mas conciliando desenvolvimento, com critérios de sustenta-bilidade sócio ambiental.

parar a produção. isso podia durar por dois ou três dias, o que representava prejuízos incalculáveis para os negócios.

Brun explica que também se iniciou um trabalho de conscientização junto a popu-lação, que pôde acompanhar todo o pro-cesso. reuniões trimestrais na Prefeitura apontavam as ações que estavam sendo re-alizadas. o cubatense sofreu bastante com o problema, tanto com as doenças quanto com o estigma de ser morador da região mais poluída do país. o problema virou até letra de música de sucesso na época:”... aqui o ar realmente existe, dá até para pegar. ai! o verde... as árvores são verdes, o rio é verde, o céu, a terra, o sol, as borbole-tas, as pessoas, tudo verde...”2

mas o fato é que o trabalho conduzi-do pela cetesb conseguiu reverter a situa-ção. De acordo com Brun, em 1989, as 320 fontes poluentes estavam controladas. Foi implantada então a segunda fase, o Plano de operação e manutenção. “não bastava instalar equipamentos. eram necessários o monitoramento e procedimentos confiá-veis para garantir esse controle” – explicou. nessa fase foram listadas as fontes secun-dárias de poluição, que apesar de menores, quando somadas tornavam-se significati-vas. novo levantamento apontou mais 263

Passados 25 anos, a cidade ainda faz a “li-ção de casa”, construindo mecanismos de cidadania capazes de aperfeiçoar as con-quistas. A cidade desenvolve sua Agenda 21, onde após um processo de levanta-mento das necessidades da cidade, se tra-çou um Plano de desenvolvimento com base na sustentabilidade. Durante mais de um ano, os 1700 conselheiros realiza-ram reuniões, debates, audiências públi-cas para diagnosticar de forma precisa

os anseios da cidade e definir as ações e propostas para atingi-las. Elas fazem par-te de um livro: A Cubatão que queremos. A iniciativa envolve o Pólo Industrial, os poderes Executivo, Legislativo e a comuni-dade. O ano de 2020 é a data limite para a conclusão dos 282 projetos que versam sobre 17 temas. Para ver como está sendo desenvolvida essa Agenda, clique em: http://www.no-vomilenio.inf.br/cubatao/agenda21.htm

Agenda 21: fazendo a lição de casa

especial

Vôo do Guará Vermelho, de volta a Cubatão

Pólo Industrial de Cubatão

¹ Fonte: novo milênio.inf.br/cubatao² letra da música: lua de mel, do grupo Premeditando o Breque.

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Assessor da Qualidade, Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Ouvidoria. Engenheiro com mestrado

em Qualidade e Pós-graduação em Gestão Ambiental.

e o impacto causado pelos resíduos; Valorizar - abordagem orientada para extrair valores materiais ou energé-ticos que contribuem para reduzir os custos de destinação dos resíduos; reaproveitar - abordagem corretiva, orientada para trazer de volta ao ciclo produtivo matérias-primas, substân-cias e produtos extraídos dos resíduos; Dispor - abordagem passiva, orien-tada para conter os efeitos dos resí-duos, mantendo-os sob controle, em locais que devem ser monitorados; reciclar - quando há o reaproveita-mento cíclico de matérias-primas de fácil purificação, como por exem-plo, papel, vidro, alumínio, etc... reutilizar - quando o reaproveitamen-to é direto, sob a forma de um produ-to, tal como as garrafas retornáveis e certas embalagens reaproveitáveis. os volumes dos resíduos domiciliares, inflados pelo crescimento populacional e pelos hábitos da sociedade de consumo, e a geração de resíduos industriais de alta pe-riculosidade, exigiram que os critérios para disposição de resíduos fossem revistos. a disposição in natura, passou a ser con-trolada com maior rigor e os mares e os cursos d’água deixaram de ser aceitos como áreas de disposição. algumas outras alternativas, para a disposição controlada, foram recentemente propostas e desenvol-vidas, tais como a injeção de resíduos em poços profundos, a disposição em minas subterrâneas desativadas e o armazena-mento controlado em edificações proje-tadas especialmente para essa finalidade. a disposição em aterro é a solução in-

Artaet Arantes da Costa Martins

Poluição industrial é, na verdade, uma forma de desperdício e inefici-ência dos processos produtivos. re-

síduos industriais representam, na maio-ria dos casos, perdas de matérias-primas e insumos. o próprio processo industrial é que deve ser investigado por meio de detecção de ineficiências e falhas, por exemplo, de acordo com a metodologia da qualidade, enquanto buscam-se novas aplicações para os materiais residuais ge-rados no processo. essa visão sustentável vem sendo discutida, passando a ser re-conhecida como uma alternativa coerente para a degradação ambiental.

as ferramentas utilizadas para alcan-çar a Qualidade ambiental são, em sua essência, idênticas àquelas utilizadas pela empresa para assegurar sua qualidade de produção: treinamento, plano de ação, controle de documentação, organização, limpeza e análises periódicas da situação. historicamente, as soluções para os pro-blemas causados pelo homem ao meio am-biente sempre tiveram como diretriz a co-nhecida lei do menor esforço. a abordagem tradicional para eliminação dos efeitos no-civos da poluição consistia em afastar o po-luente gerado, diluí-lo, dispersá-lo e fazer, em suma, com que o mesmo deixasse, gra-ças à distância, de incomodar seu gerador. a geração dos resíduos perigosos, pouco co-muns nas sociedades primitivas, só come-çou efetivamente a incomodar quando se intensificou o processo de industrialização. o gerenciamento de resíduos sólidos indus-triais é pautado nos seguintes conceitos: minimizar – abordagem preventi-va, orientada para reduzir o volume

dicada para resíduos estáveis, não pe-rigosos, com baixo teor de umidade e que não contenham valores a recuperar. os aterros industriais requerem projeto e execução mais elaborados que os aterros sanitários, em razão dos tipos de mate-riais que deverão receber, particularmen-te quando se trata de resíduos perigosos. os resíduos dispostos em aterro de-vem ser, tanto quanto possível, secos, estáveis, pouco solúveis e não voláteis. contudo, esse domínio da tecnologia mo-derna sobre o meio natural traz conse- qüências negativas para a qualidade da vida humana em seu ambiente. o ho-mem, afinal, também é parte da natureza, depende dela para viver, e acaba sendo prejudicado por muitas dessas transforma-ções, que degradam sua qualidade de vida. os conhecimentos adquiridos mostram, sobretudo, que é mais sensato e de custo menor, incorporar, desde o início, a questão ambiental em todo e qualquer planejamen-to industrial. Dessa maneira, é possível não só evitar ou reduzir danos e conflitos, como também melhorar as chances de sobrevi-vência e fortalecimento da atividade dentro do cenário atual, que impõe a todas as orga-nizações industriais um nível de exigência cada vez mais restritivo com relação ao de-sempenho e sustentabilidade ambiental.

A poluição industrial é um indicador de falta de eficiência nos processos produtivos.

dESPERdÍCIO

uma forma de

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especial

Algo de bom

no arEmpresas adotam

dispositivos avançados

que as tornam mais

competitivas e em

dia com a missão

ambiental

Gabriel Arcanjo Nogueira

na popular história em quadri-nhos “asterix”, os heróicos gau-leses, chefiados por abracurcix,

só tinham um temor: o de que o céu caísse sobre suas cabeças. houve uma época recente onde esse mesmo temor rondou os grandes centros urbanos brasileiros. a nuvem negra ameaçado-ra sobre nossas cabeças era a poluição industrial, que hoje é alvo de diversos mecanismos de controle adotados pelas empresas no País, onde se destacam as novas tecnologias e leis que regulamen-tam o assunto.

nos anos 70 a situação era assusta-dora em função da quantidade de emis-sões atmosféricas nos grandes Pólos industriais do país. Passados mais de 40 anos, até dá para comemorar a me-lhora obtida na qualidade do ar e outros avanços alcançados como a adoção de

neo mondo - agosto 2008 30

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no arNossos investimentos em melhoria

do desempenho ambiental não buscam somente o atendimento legal,

mas a sustentabilidade

“”

novas formas de gestão dos negócios. na Quattor, segurança e meio ambiente caminham juntos nos projetos que pro-porcionam à organização a desejada sus-tentabilidade. recém-criada (a constitui-ção da empresa foi anunciada em junho - ver Quadro 1), a petroquímica é uma das melhores do setor em gestão ambien-tal. Quem garante é eduardo sanches, gerente da área de Qualidade, saúde, se-gurança e meio ambiente. isto porque privilegia, em todas suas unidades, a instalação de dispositivos de controle de suas emissões, que a mantém nos limi-tes legais. e, mais que isso, mostra que a questão ambiental representa, de fato, a posição estratégica da organização. a preocupação, de acordo com o executi-vo, é fazer com que todas as ampliações de seus processos produtivos apresen-tem ganhos ambientais. “É como com-parar um carro novo com um antigo: o novo possui dispositivos mais sofistica-dos para emitir menos poluentes. além do ganho tecnológico nos novos equi-pamentos, existem os específicos para controle ambiental que propiciam me-nos emissões. embora a empresa esteja dentro dos limites legais de emissões, os órgãos ambientais exigem redução nas emissões para obtenção das licenças dos novos projetos.” esclareceu sanches, que define essa medida como um processo de melhoria contínua.

Planejamento e transparência “Processos importantes, como aqui-

sição ou venda de ativos e ampliações, passam por avaliações ambientais e in-terferem significativamente nas deci-sões da empresa. nossos investimentos

em melhoria do desempenho ambiental (ver Quadro 2) não buscam somente o atendimento legal, mas a sustentabili-dade. Para nós, relacionamento transpa-rente com a sociedade e as comunidades do entorno faz parte do nosso planeja-mento estratégico”, afirmou o gerente. sanches deixa claro que a Quattor obe-dece a legislação ambiental do Brasil, mas fundamenta sua estratégia de in-vestimentos na área tomando por base o desenvolvimento econômico e a sus-tentabilidade do negócio. e acentua: “se existem tecnologias disponíveis e elas são mais restritivas do que a própria le-gislação do País, pesquisamos para ad-quiri-las e implementá-las”. dinâmica do mercado

a política de investimentos de em-presas em dia com os mais avançados métodos de gestão leva em conta cená-rios, que mudam a cada momento, a di-nâmica do mercado e dos acontecimen-tos que norteiam as suas estratégias. a Quattor, atenta a essa constante, consi-dera que até o momento seus objetivos e metas de investimentos na área am-biental a colocam numa posição de des-taque positivo no cenário industrial. “eu diria que nossos investimentos são ade-quados. os próximos, já planejados, são analisados constantemente para verifi-carmos se acompanham os cenários que se apresentam. nosso objetivo é estar sempre à frente do que preconizam os padrões mínimos”, assegura o gerente. o fato da organização levar em con-ta a questão ambiental nas suas deci-sões estratégicas faz com que, já em sua origem, a Quattor defina de forma

“”.

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explícita o seu compromisso em obter as melhores práticas adotadas nas uni-dades consolidadas na nova empresa. mas não é só. também em sua estru-tura, a Quattor busca os melhores re-sultados a partir das mais avançadas tecnologias e práticas disponíveis não só em suas unidades, mas em todo o mercado. sanches é taxativo: “a busca constante da melhoria faz par-te da nossa cultura organizacional”. ele lembra ainda que há resultados mui-to diferentes em um mesmo segmento. e conclui: “nossas práticas industriais do setor químico e petroquímico obe-decem a rígidos controles não somente em consonância à legislação ambiental, mas a seus próprios códigos do Progra-ma de atuação responsável, coordena-do no Brasil pela associação Brasileira da indústria Química (abiquim)”.

Planejamento, ações e resultadosoutra gigante entre as indústrias bra-

sileiras que investiu pesado na missão ambiental é a companhia siderúrgica Paulista (cosipa: a terceira siderúrgica in-tegrada do mundo a obter a iso 14001, norma reconhecida mundialmente por atestar os mais elevados níveis de ges-tão ambiental). “conquistamos a iso 14001 há nove anos, e o sistema implan-tado contribuiu para que todas as ações

realizadas na cosipa tivessem também preocupação com a sustentabilidade. Ga-nhamos em planejamento, em ações e resultados”, afirma o superintendente de meio ambiente, ricardo salgado e silva.

Controle e conscientizaçãoDesde a época da privatização, quan-

do a usiminas assumiu o seu controle em 1993, a cosipa recebeu investimentos de us$ 435 milhões em equipamentos, ações de controle e conscientização am-biental. “estes investimentos nos permi-tiram, a partir de uma política de gestão ambiental, implantar diversos projetos e ações na empresa, que possui 100% dos seus processos ambientais licenciados pela cetesb”, afirma salgado e silva.

a partir dos projetos e ações focadas em meio ambiente, a empresa obteve al-guns resultados importantes como:

O que é Quattor Participações

• Nome inspirado nos quatro elementos da natureza, para designar a Companhia Petroquímica do Sudeste.

• É uma das vinte maiores empresas brasileiras.

• Constituição Acionária: Unipar 60,0% Petrobrás 31,9% Petroquisa 8,1%

Principais Controladas: Unipar – Divisão Química Polietilenos UNIÃO RIOPOL PQU Suzano Petroquímica

especial

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Quadro 1

Mais de 10 anos devotada ao meio ambiente

* As unidades produtivas da Quattor mudaram as suas matrizes energéticas, alterando a queima de óleo por gás, com redução significativa de emissões atmosféricas: 98% na de material particulado;

99% em óxido de enxofre; 85% em óxido nitroso. * Investimentos de R$ 250 milhões em projetos de Segurança e Meio Ambi-ente, somente na unidade de químicos básicos de São Paulo (antiga PQU).

Quadro 2

a cosipa tem presença marcante entre as indústrias do Pólo industrial de cubatão, unidas em parcerias que fizeram com que o município saísse da classificação de um dos mais problemá-ticos em degradação ambiental para a conquista do título de cidade-símbolo da ecologia, em 1992.

96% de índice de recirculação de água doce na usina - a água recirculada vol-ta ao processo produtivo, com redução do descarte de efluentes e da conse-qüente necessidade de captação de mais água;

sistema de monitoramento próprio de seus efluentes líquidos;

controle de emissões atmosféricas mediante um trabalho de reestrutu-ração que possibilitou a instalação de 60 modernos equipamentos nas várias fases de produção;

avaliação contínua do desempenho e controle de processos das fontes fixas, com destaque ao monitoramento on-line das emissões, feito pela cetesb;

qualidade das emissões atmosféricas continuamente apurada;

tratamento contínuo dos resíduos sólidos, feito em sua central que recebe materiais da siderúrgica e de empresas contratadas e faz o controle da geração, destinação e reaprovei-tamento dos lotes desses resíduos (850 t, apenas em 2007).

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especial

leis

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País é bom de leis, e na área ambiental não é diferente, mas falta acompanhar o ritmo e a abrangência desejados.Gabriel Arcanjo Nogueira

l eis, decretos, resoluções, por-tarias, instruções normativas... somos um país de “vastidão le-

gislativa incomparável, cujo grande problema é a aplicação delas, inclusive as ambientais. o Brasil sempre figura entre os países ricos (ainda que convi-dado) em eventos internacionais que

discutem temas como aquecimento global, redução de emissão de gases, enfim, estamos sempre presentes nos principais encontros globais. Fomos organizadores do segundo grande en-contro mundial, a rio-92, o que nos colocou na vanguarda das discussões”. a análise do especialista em Direi-

to ambiental, terence trennepo-hl, é significativa e serve como novo alerta para que as autoridades sejam mais ativas e a sociedade mais cons-ciente de seus direitos e deveres. se, de um lado, há legislação suficiente, “os órgãos de fiscalização estão mui-to aquém dos textos legais”, ressalva.

não bastam

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35neo mondo - Julho 2008

“Arcabouço invejável”o advogado, autor de uma série de

livros temáticos, acredita que o impor-tante para o País é, além de possuir uma biodiversidade incomparável, ser coerente entre a teoria e a prática: “somos exemplo a ser seguido na ela-boração de leis; não os melhores em

todas as matérias ambientais, mas pos-suímos um arcabouço legislativo inve-jável, dada a própria dimensão conti-nental de nosso território”, argumenta. o empresário marcelo eduardo de sou-za vê a legislação ambiental brasileira como construção “concorrente” nas vá-rias esferas de governo. isso porque se, Rua senador Flaque, 73 Centro

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não bastam

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em âmbito federal, há muita produção normativa em leis, decretos e atos do conselho nacional de meio ambiente (conama), com os equivalentes instru-mentos em nível estadual, todavia mu-nicípios menores ainda carecem de le-gislação específica, e apenas alguns dos maiores já se fazem presentes.

ele reconhece, porém, que “há muitos avanços em termos de concepção, princi-palmente graças à atuação dos conselhos de meio ambiente. estes representam, de forma equilibrada, a visão do poder público, dos setores empreendedores e da sociedade civil organizada”.

“leis não bastam”

engenheiro florestal (com mestrado em ciência Florestal) e advogado, sou-za acredita que as leis são instrumentos de controle ambiental, mas não o úni-co recurso. “há mecanismos privados, decorrentes do mercado, por exemplo, cujo papel é tão mais relevante quanto menor seja a presença do poder públi-co, seja em sua função preventiva, a do licenciamento ambiental, seja na de acompanhamento e repressão, mediante a fiscalização” - explicou.

Evolução legislativamestre em Direito, prestes a con-

cluir seu Doutorado, trennepohl cita, entre as principais leis reguladoras do

meio ambiente, a 6.938/81 - como a primeira verdadeiramente ambiental. o advogado lembra que, antes dela, havia os códigos de caça, Pesca, das Águas, Florestal, que eram menos eco-lógicos e mais patrimoniais: “a defesa dos bens dizia respeito ao patrimônio, a sua valoração econômica”. isso para não falar das disposições do código civil de 1916 sobre o direito de vizinhança. a partir de 1981, à 6.938 se juntam três instrumentos que compõem a evo-lução legislativa brasileira (ver Quadro-resumo) e lhe dão sustentação: lei da

ação civil Pública, de 1985; a cons-tituição Federal, de 1988; e a lei dos crimes ambientais, já mais perto de nós: 1998. Futuro incerto?!

a legislação e o Direito ambiental, para o especialista, têm a ver com even-tos históricos, a exemplo da agenda 21, Protocolo de Kyoto e Declaração do milê-nio, marcos na conscientização global. e faz seu alerta: “a humanidade não pode correr o risco de chegar ao caos econômi-co, mas se nada for feito, o futuro será in-certo”. Daí a importância das conclusões e proposições oriundas desses encontros internacionais como ponto de partida para a tomada de decisões sérias e viáveis. até mesmo porque, a exemplo do Protocolo de Kyoto, os chefes de estado acordam quando se chega a situações extremas, no caso as emissões de gases. nesse cenário reside a preocupação por excelência que deve nortear o cuidado com o meio am-biente, na visão de trennepohl. Soluções pra ontem e pra já

ele argumenta que com proporções continentais e problemas ambientais de toda ordem, o Brasil precisa resol-ver com urgência, questões sociais como a falta de zoneamento urbano, a desordenação das cidades, o descaso ao meio ambiente no trabalho. Para ele essas questões antecedem o lixo atô-mico, nuclear, tratamento de resíduos sólidos e alimentos transgênicos. te-

especial

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Quadro-Resumo

AS PRINCIPAIS LEIS AMBIENTAIS

> Lei 6.938 (31/08/1981)

Regula a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de aplicação

> Lei 7.347 (24/07/1985)

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico

> Constituição Federal de 1988

> Lei 9.605 (12/02/1998)

Trata das sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente

Trennepohl: há avanços, graças sobretudo a opinião pública e empresários

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mas muito em voga na europa, onde já não existem problemas como a fome, trabalho escravo, condições insalubres e favelas.

souza cita, entre as mazelas nacio-nais, o combate à corrupção. esta, em seu diagnóstico, “doença grave”. mas não se pode esquecer que, se temos problemas, países hoje avançados con-quistaram padrão de desenvolvimento

à custa, muitas vezes, de certo grau de depredação de seus recursos ambien-tais. Que não nos sirvam de consolo, mas de lição.

trennepohl acredita que há avanços, nem tanto por esforço do estado, mas graças a uma opinião pública esclareci-da e empresários que prezam pela qua-lidade de conceitos em seus negócios. nem tudo estaria perdido, entre outros

motivos porque nas esferas federal, esta-dual e municipal se dispõem de legisla-ção específica, profissionais habilitados e ferramentas técnicas para que o País se desenvolva socioambientalmente. “a população aprendeu a cobrar seus direi-tos, seja administrativamente, seja em juízo. É uma evolução multifacetária, indispensável ao próprio estado demo-crático brasileiro”, conclui.

tão ambiental baseado na ISO 14001 necessitam cumprir extensa série de requisitos”.

* Definir política ambiental;

* Estabelecer programas de gestão ambiental;

* Realizar o mapeamento das realidades ambientais;

* Cumprir as leis ambientais próprias das suas atividades.

Souza faz uma ressalva oportuna. Não é que a empresa, ao obter a certificação ambiental ISO 14000, vá se ver livre de problemas ambientais ou de eventualmente descumprir uma lei. O certificado é a garantia de que uma empresa atende aos requisitos definidos na ISO 14001 e, por isso, está pronta, “de maneira estruturada, de modo a evitar problemas ambientais e tratá-los, caso venham a ocorrer”.

ISO 14000 - Certificado de Fé As normas ISO 14000 – Gestão Ambiental fomentam a prevenção de processos de contaminações ambientais, uma vez que orientam a organização quanto a sua estrutura, forma de operação e de levantamento, arma-zenamento, recuperação e disponibilização de dados e resultados (sempre atentando para as necessidades futuras e imediatas de mercado e, conseqüentemente, a satisfação do cliente), entre outras orientações, inse-rindo a organização no contexto ambiental.

“A norma 14001 define os requisitos para implantação de Sistemas de Gestão Ambiental.” Quem esclarece é o consultor Marcelo Eduardo de Souza. Ao dizer que essa ferramenta “auxilia na efetividade da legislação ambien-tal no Brasil”, ele lembra:

“As organizações que espontaneamente, ou por pres-são do mercado, decidem implantar um sistema de ges-

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especial

Há sinais de vida saudável nos ambientes de trabalho; a Comissão do Benzeno é uma das mais promissoras pela atuação de seus integrantesGabriel Arcanjo Nogueira

saÚDeé que interessa

Um dos efeitos mais perniciosos da poluição, seja ela de que ordem for - a industrial é apenas uma delas -,

está nas doenças causadas por emissão de poluentes químicos. em sã consciência, ninguém seria capaz de querer um país doente. se a poluição industrial é trata-da com medidas adequadas por algumas empresas, o combate a doenças tóxicas também mostra avanços. um deles vem da criação e atuação da comissão do Ben-zeno (ver boxe), resultado de esforços da parceria entre governo, iniciativa privada

e trabalhadores. um tripé de peso na bus-ca permanente de soluções. surgida em âmbito nacional, a comissão derivou em seguida para as estaduais e, em são Pau-lo, para as regionais.

José roberto teixeira, da Pólo saú-de assessoria e consultoria em saúde ocupacional, define: “toda substância química é tóxica, dependendo da dose. seu uso correto e os controles adotados para a exposição é que vão determinar a carga negativa do produto”. médico do trabalho desde 1978 e em higiene ocu-

pacional desde 1995, teixeira esclarece: “Por vezes o poluente, devido às condi-ções atmosféricas e ao modo como é lançado, atinge em maior concentração ambientes externos. as ditas doenças profissionais, originadas no ambiente interno da empresa, devem, mais cor-retamente, ser denominadas doenças relacionadas ao trabalho”.

Mais prevenção e consciênciao quadro pode parecer assustador por-

que o benzeno, por exemplo, é agente can-

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é que interessa

Atacar os pontos críticosDanilo Fernandes costa, médico espe-

cializado em medicina do trabalho há 25 anos, cita como significativo o que é feito em indústrias petroquímicas, entre elas a do Pólo do aBc Paulista. o especialista aponta o que considera aspectos relevan-tes para tornar efetivo esse controle: as empresas devem ter a preocupação de equipar-se melhor, mediante o controle tecnológico, por um lado; e, por outro, to-mar cuidados na gestão de seus negócios, para evitar a produção a qualquer custo, sobretudo à saúde do trabalhador.

na prática, isso significa atacar o que o médico classifica de pontos críticos na fabricação e manuseio de produtos quí-micos. Por exemplo, providenciar a ins-talação de filtros de última geração; o bombeamento mais seguro, com o uso de bombas herméticas; e o carregamento por baixo, o “bottom-load”, e não por cima dos caminhões-tanque. medidas como essas evitam que os vapores nocivos afetem a saúde do operador desses mecanismos e atinjam o meio ambiente.

teixeira diz que o ideal seria subs-tituir o uso do benzeno quando pos-

cerígeno (reconhecido como tal por lei fede-ral em 1994) que ataca, de modo especial, a medula óssea e pode causar leucemia, particularmente a mielóide aguda. em que pesem avanços no tratamento de cânceres, a taxa de mortalidade ainda é significativa.

mas aí entram em ação os antí-dotos: empresas investem mais em prevenção; o trabalhador está mais consciente dos riscos; e os órgãos de fiscalização atuam com maior eficácia, em ações integradas das Delegacias regionais do trabalho, sistema Único de saúde e Previdência social. teixei-ra não tem dúvida de que a saúde do trabalhador está, hoje, mais bem con-trolada: “tudo melhorou em relação ao início dos anos 1990”.

controle é a palavra-chave no en-frentamento de doenças tóxicas, já que não é possível erradicar de vez os agentes causadores delas. a fumaça dos cigarros, as emissões de motores automotivos, os onipresentes postos de gasolina e as indústrias químicas - to-dos eles são veiculadores do benzeno; os dois primeiros, as maiores fontes de exposição da população.

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sível (o que foi feito na fabricação do álcool anidro) e adotar medidas de uso responsável, quando for inevitá-vel a sua aplicação. todo cuidado deve ser devotado à pessoa, que não pode ficar exposta de modo descontrolado ao benzeno (o que se faz nas empresas que produzem, armazenam, estocam ou comercializam a espécie).

arline sydneia abel arcuri, doutora em Fisicoquímica e pesquisadora da Fun-dacentro na coordenação do ministério do trabalho - setor de agentes Quími-cos, considera que há avanços tecnoló-gicos significativos. um deles é a citada proibição do uso do benzeno na produção do álcool anidro. e destaca outros, como a diminuição (restrita a 0,1%) de sua apli-cação na fabricação de tintas, colas, verni-zes e solventes.

“a discussão sobre as implicações do uso do benzeno é secular”, ilustra

a pesquisadora. mesmo assim ainda há resistência de empresas no reco-nhecimento dos casos de benzenismo em suas unidades. mas ela comemora o fato de ser crescente o número das que adotam tecnologias de produção mais aprimoradas, como a utilização de bombas, respiros e flanges melhorados. “há um controle mais rigoroso devido a esses equipamentos, e novas empre-sas já os utilizam desde o início de suas atividades. uma conquista da pressão social, resultante de nossos grupos de trabalho”, diz.

João rocha Doutor, técnico de ins-peção de equipamentos em empresa manipuladora de benzeno, integra tan-to a comissão nacional como a estadu-al. mais que isso, é membro também da comissão regional da Baixada san-tista. além desta, há regionais no aBc Paulista e campinas. “ainda há muita coisa a ser feita, mas o importante é que houve uma melhora significativa da consciência dos trabalhadores na discussão dos problemas que dizem respeito não só ao homem em si, mas ao meio ambiente. nossa visão é do co-letivo”, diz.

Benzenismo ou benzolismo é a do-ença causada na intoxicação por ben-zeno. as seqüelas (ver Quadro “alguns efeitos do benzenismo”) são tratáveis, como mostram estudos realizados com grupo de trabalhadores expostos à substância durante quatro anos. De-pois de afastados de suas atividades profissionais, recuperaram-se num prazo médio de cinco anos.

Tratamento adequado costa afirma que “temos sido bem-su-

cedidos em restringir o uso do benzeno” (ao se referir aos trabalhos da comissão) e lamenta que outras substâncias, como o amianto, ainda não tenham sido re-conhecidas como cancerígenas – o que, comprovadamente, este elemento é.

teixeira demonstra o que se pode definir como otimismo realista: “o tra-balhador, hoje em dia, dificilmente terá manifestações clínicas relacionadas à exposição crônica ao benzeno. isso porque a vigilância à sua saúde é feita, nas empresas, em exames periódicos de dosagens de indicadores biológicos da exposição e exames clínicos e labo-ratoriais semestrais. uma vez detecta-da qualquer alteração, o profissional é acompanhado pelo serviço médico da empresa e, quando necessário, é enca-minhado a especialistas que auxiliam no diagnóstico e no acompanhamento dos casos”.

especial

pendendo da lesão da medula óssea, correspondem a: hipoplasia - pode causar a diminuição da contagem de glóbulos vermelhos e/ou brancos e/ou plaquetas; displasia - causadora de modificações celulares; aplasia - correspondente à depressão de todas as linhagens hematológicas, com manifestações de leucopenia, plaquetopenia e anemia

Arline Sydneia Abel Arcuri, do Ministério do Trabalho

José Roberto Teixeira, da Pólo Saúde

Quadro

Alguns efeitos do benzenismo

- A doença pode ser aguda e causar: > irritação moderada das mucosas e até provocar edema pulmonar, se as-pirado em altas concentrações; > efeitos tóxicos no sistema nervoso central com possibilidade de narcose e excitação seguida de sonolência, ton-turas, cefaléias, náuseas, taquicardia, tremores, convulsões e até morte - Na fase crônica pode provocar: > alterações sangüíneas, em que, de-

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José Roberto Teixeira, da Pólo Saúde

ta, indicado pela Força Sindical, cita como altamente positivo o fato de terem conseguido ampliar o fórum de debates, a partir dos meados de 1998. Para ele, hoje a participação dos trabalhadores nas plenárias é mais representativa. Ele cita também o reforço que as discussões ganham com a adesão de mais categorias profissionais. Como a dos “empregados em pos-tos de gasolina, que a partir do Pa-raná também se mobilizam conosco para discutir os problemas e apon-tar soluções. Foi até criado um selo, já bem conhecido no meio, sobre os cuidados no trato com o benze-no, que não é flor que se cheire”. Ações como essa, para João Dou-tor, mostram que “com certeza a evolução da Comissão do Benzeno é fato marcante, e nesse sentido a ampla participação nossa nas dis-cussões é relevante”.

Fórum tripartite e democrático

A Comissão Nacional do Benzeno, resultado de acordo firmado em de-zembro de 1995, atua desde 1996. A partir de 1998, foram constituídas as estaduais e as regionais.Fórum tripartite e democrático, privi-legia a discussão, negociação e acom-panhamento desse acordo. Dela participam representantes de tra-balhadores, governo e empregadores. É coordenada pela Secretaria de Se-gurança e Saúde no Trabalho, órgão do Ministério do Trabalho. A participação de empregados se dá mediante o Grupo de Representação dos Trabalhadores do Benzeno (GTB), de modo a acompanhar a elaboração, implantação e desenvolvimento do Pro-grama de Prevenção da Exposição Ocu-pacional ao Benzeno nas empresas. Em meio a tantos doutores, os tra-balhadores também comparecem com o João Doutor, do Sindicato dos Químicos de Santos e Baixada Santis-

41neo mondo - agosto 2008

que acontece em São Paulo. A Co-missão paulista, no entender da pesquisadora, tem-se mostrado mais atuante e produtiva, Costa lembra que 1994 foi um divisor de águas, quando se reconheceu o ben-zeno como cancerígeno e, a partir daí, começou a luta sem tréguas, “No Estado de São Paulo, somos muito atuantes. Não é que não existam pro-blemas, mas eles são enfrentados, e soluções são encontradas. Desenvol-vemos programas e atividades de mo-bilização de empresas, trabalhadores e organismos do governo”, afirma o médico, representante da Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo (DRT-SP) na Comissão paulista e um dos que participaram da criação da Comissão nacional. Nada mais promissor: sinal de que o grupo é atuante e não se acomoda ante os resultados alcançados.

“Inquietude e otimismo”

Teixeira faz a sua avaliação - posi-tiva - do atual estágio desse impor-tante e estratégico grupo de traba-lho, que ajudou a criar: “O estado natural da Comissão é a inquietude, sempre procurando onde melhorar, e o otimismo no futuro, lastreado nos avanços obtidos”. Quem ocupa o seu lugar, hoje, na Comissão é Eduardo Sanches, gerente da Quat-tor e professor universitário.Arline Arcuri, da Fundacentro, compartilha a inquietude do mé-dico, ao notar que há, na Comis-são Nacional, um retrocesso da bancada patronal, que se retirou das plenárias. Essas reuniões têm número significativo de partici-pantes (100 pessoas), com 70% de representantes de trabalhado-res. Poderia haver, segundo ela, avanços maiores se o fórum fosse mais democrático, a exemplo do

A evolução da

Comissão do Benzeno

é fato marcante,

e nesse sentido a

ampla participação

nossa (dos trabalhadores)

nas discussões

é relevante

Serviço

Para saber mais sobre o Acordo e Le-gislação do Benzeno, acesse www.fundacentro.gov.br/dominios/CTN/seleciona_livro.asp?Cod=225. Neste endereço é possível baixar a íntegra do livro “Benzeno 10 Anos” – uma história de 10 anos de muito traba-lho, avanços e até retrocessos, se-gundo seus organizadores.

Page 42: Ed13

tecnologia

neo mondo - agosto 2008 42

Um suplemento alimentar

de baixo custo e com alto valor

nutricional

“”

Santo e delicioso

não importa se no inverno ou no verão, sorvete é gostoso em qual-quer época do ano. e quem diz

que ele faz mal à saúde engana-se, além de ser indicado durante a recuperação de cirurgias odontológicas e de amígdalas, há quem diga que ele “ilumina” as zo-nas de prazer do cérebro - afirmação do institute of Psychiatry, em londres, em resultado a uma pesquisa solicitada pela empresa unilever.

se sozinho já faz tão bem, imagine adi-cionar a ele uma fruta com características capazes de ajudar na prevenção de doen-ças cardíacas, cancerígenas e de “brinde” retardar o envelhecimento?

REMédIO!Uma pesquisadora da USP desenvolveu o sorvete de bagaço de uva que têm o poder antioxidante contra doenças degenerativas e o envelhecimento.Livi Carolina

Page 43: Ed13

Um suplemento alimentar

de baixo custo e com alto valor

nutricional

“”

Santo e delicioso

43neo mondo - Julho 2008

REMédIO!Uma pesquisadora da USP desenvolveu o sorvete de bagaço de uva que têm o poder antioxidante contra doenças degenerativas e o envelhecimento.Livi Carolina

variedades de uva, cabernet sauvignon e isabel, e obteve a farinha de bagaço usa-da para elaborar extratos concentrados.

testado em laboratório, os orga-nismos alimentados com este extrato apresentaram uma redução de até 32% do colesterol total em relação aos ou-tros dois grupos que não ingeriram os subprodutos. além disso, houve uma redução média de 50% nos níveis de triglicérides, diminuindo o acúmulo de gorduras nas artérias.

Parece um sonho, mas é o que a pes-quisadora do Departamento de nutrição da Faculdade de saúde Pública da univer-sidade de são Paulo - usP, emília ishimo-to, está próxima de conseguir. ela realizou estudos com bagaço de uva, que confirma-ram sua ação antioxidante, matéria-prima para a fabricação do sorvete ‘milagroso’, que pode ajudar a reduzir os riscos de cân-ceres e doenças cardiovasculares.

tal resultado é possível porque os antioxidantes, presentes no bagaço da uva, produto que, pelo gosto amargo, é naturalmente descartado, funciona como proteção contra os efeitos danosos do excesso dos radicais livres que, em quan-tidades normais, atuam combatendo as bactérias e vírus presentes no organismo. Porém, em demasia danificam as células saudáveis e aumentam o risco para o de-senvolvimento de câncer, doenças do co-ração e o envelhecimento precoce.

Para chegar a esta conclusão a pes-quisadora triturou e desidratou, a uma temperatura de menos sessenta graus centígrados, casca e as sementes de duas

Farinhas produzidas a partir dos bagaços das uvas: cabernet sauvignon e Isabel.

43

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neo mondo - agosto 2008 44

Existem ainda outros fatores que podem contribuir para o aumento da formação dos radicais livres:

Álcool;Cigarro;Estresse;Poluição;Consumo excessivo de gorduras saturadas.

Segundo Emília Ishimoto, os ali-mentos que previnem doenças não são milagrosos, “a uva não evitará problemas cardíacos se a pessoa comer feijoada todos os dias, por exemplo. Mas, um estilo de vida

Como evitar o acúmulo dos radicais livres?

saudável, e uma alimentação rica em frutas e vegetais, são as me-lhores opções para se proteger contra os radicais livres, reduzin-do o risco de doenças e evitando o envelhecimento.

Outras substâncias antioxidantes:

Nutriente Efeito Protetor Fontes alimentares

Vitamina C

Eficiente fotoprotetor da pele Aumento da atividade imunológica Prevenção de câncer de estômago Prevenção de câncer de pulmão

Acerola, frutas cítricas, tomate, melão, pimentão, repolho cru, morango,

abacaxi, goiaba, batata e kiwi. Instável ao calor e álcalis.

Vitamina E

Eficiente fotoprotetor da pele Previne doenças respiratórias Aumenta imunidade celular

Tratamento de doenças neurológicas

Germe de trigo, óleos vegetais, vegetais de folhas verdes, gordura do

leite, gema de ovo e nozes. Estável ao calor e aos ácidos.

Licopeno (carotenóide)

Previne doenças cardiovasculares Previne o câncer de próstata Previne o câncer de mama

Tomate, pimenta, goiaba, melancia, grapefruit.

Estável ao calor.

Betacaroteno (carotenóide)

Eficiente fotoprotetor celular Previne o câncer de mama, próstata

Previne doenças respiratórias Previne a catarata

Cenoura, mamão, abobrinha, vegetais e frutas alaranjadas.

Estáveis ao calor.

IsoflavonaPrevine o câncer de mama Previne o câncer de útero

Previne doenças cardiovasculares

Soja, uva vermelha, vinho tinto, alho,casca de berinjela, beterraba

Estável ao calor.Tabela elaborada pela nutricionista Roberta Stella

“com a melhora do perfil antioxi-dante dos animais também é reduzido o risco de várias doenças relacionadas ao estresse oxidativo, como câncer, diabe-tes, Parkinson e alzheimer.” – observa a pesquisadora.

Será que é bom?comprovado o valor terapêutico do ba-

gaço, era preciso verificar se a receita agra-dava o paladar. Foi, então, realizada uma avaliação sensorial com 43 indivíduos, por meio de um método para medir a aceitação do paladar em uma escala variável de sabor.

“os sorvetes foram aprovados sen-sorialmente e, após completarmos esse

ciclo, fizemos o depósito de patente do processo de produção do sorvete e da fa-rinha” – afirma emília.

segundo a pesquisadora, já existem empresas interessadas pela comerciali-zação do sorvete, no entanto, as nego-ciações estavam paradas até o momento desta entrevista.

No cardápio, além do sorvetemas os benefícios da farinha do baga-

ço não estão somente restritos ao sorvete. com ela também será possível produzir outros alimentos como bolos, pudins, io-gurtes e barras de cereal. “um suplemento

tecnologia

alimentar de baixo custo e com alto valor nutricional” – destaca a pesquisadora.

Porém, quem não quiser esperar a comercialização da farinha, pode tentar fazer em casa. o ideal é desidratar as cascas e as sementes a uma temperatu-ra que não ultrapasse a 60°c, caso con-trário, ela perderá nutrientes importan-tes. Depois disso, basta triturá-la e usar a criatividade.

outra dica da pesquisadora para quem gosta do azedinho da uva é fazer um suco com o bagaço (casca e semen-te) da uva. ele mantém os nutrientes e aproveita integralmente a fruta.

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45neo mondo - agosto 2008

o Brasil é reconhecidamente o país com maior volume de água doce no planeta (13% das reservas exis-

tentes), o que lhe atribui naturalmente um importante papel na discussão internacio-nal sobre o futuro dos recursos hídricos do planeta. mas, será que sabemos econo-mizar água ou o desperdício seria a norma em nossas casas?

no Japão a preocupacão com eco-nomia de água está por todo lado. Jun-to a todas as torneiras existe um aviso em japonês e em inglês: save energy for tomorow (economize recursos para o futuro).

as recomendações para evitar a polui-ção da água dos rios também são divulga-das com muita freqüência, por exemplo:

Como aproveitar mais a água?as pessoas no Japão estão acostuma-

das ao banho de banheira, o famoso ofurô, considerado como a arte do banho, possui várias finalidades: relaxamento, limpeza, terapia, dentre outros. Quando se fala

em ofurô, a primeira coisa que nos vem à mente é uma tina de madeira com água quente, onde ervas nos esperam para uma deliciosa imersão.

o ofurô tradicional é originalmente uma tina de madeira (individual), com água aquecida gradualmente até 45o so-bre fogo, alimentado por carvão. o banho dura de 10 a 20 minutos e é conhecido por ser um tipo de imersão profunda.

antes de entrar na banheira a pessoa deve tomar uma ducha, e, durante o ofurô não se usa sabão ou xampu. Desse modo, após o banho a água pode ser reutilizada para outros fins, por exemplo:

outra forma de reutilizar água que nos chamou atenção por aqui, é a caixa de água para descarga no banheiro: a parte de cima da caixa (que seria a tam-pa) é uma pequena pia. assim, quando a pessoa aciona a descarga, a água jorra da torneira e você lava as mãos e essa água usada, é armazenada dentro da caixa (ver foto). Parece bem simples e encontra-se por todo lado.

a reutilização da água da chuva é tam-bém um método largamente utilizado na agricultura, para irrigar campos de despor-tos e parques; lavagem de veículos; des-carga em toaletes; reserva para combate a incêndios; uso geral na construção civil, entre outros.

enfim, estes são alguns exemplos de como economizar hoje a água para garantir o consumo amanhã.

Dilma de Melo Silva

Professora doutora da Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo, socióloga pela FFLCH\USP, mestre pela Universidade

de Uppsala, Suécia e Professora convidada para ministrar aulas sobre

Cultura Brasileira na Universidade de Estudos Estrangeiros.

Correspondente especial de Quioto – Japão

Soluções simples que podem ser adotadas por todos para o uso racional da água.

como economizar

Água

use na pia filtros com rede de malha bem fina que possam impedir que o lixo vá para o esgoto. retire sempre esse filtro mantendo a pia limpa;

antes de lavar pratos, panelas, copos, limpe com papel ou escova pequena reduzindo a gordura na pia;

nunca descarte restos de gordura ou de alimentos na pia;

use quantidade adequada de detergente;

Prefira sabão natural aos detergentes sintéticos.

lavagem de calçadas ou do quintal;

Primeira lavagem de roupas na máqui-na de lavar;

lavagem de vidraças ou de piso da casa;

•Muito comum no Japão: caixa de

descarga acoplada à torneira para reaproveitamento de água.

Page 46: Ed13

Dica

Sugestão de livros

Sem dúvida a BnT: associação Brasileira de normas técnicas é o órgão responsável pela normalização técnica no país, re-presentante das seguintes entidades internacionais: iso (international organization for standardiza-tion), iec (international electrotechnical comission); e das entidades de normalização regional coPant (comissão Panamericana de normas técnicas) e a amn (associação mercosul de normalização).

B iossegurança: Designação genérica da segurança das ativida-des que envolvem organismos vivos (bio quer dizer vida). É uma junção da expressão “segu-rança biológica”, voltada para o controle e a

B arreiras alfandegárias: regras de proteção comercial, normas - como as isos, e leis financeiras, que definem a legalização da entrada de produtos estrangeiros no país.

m anancial: Fontes de água, superficiais ou subterrâneas, utilizadas para abastecimento humano e manu-tenção de atividades econômicas. as áreas de mananciais compreendem as porções do territó-

m atriz energética: toda a energia disponibilizada para ser transfor-mada, distribuída e consumida nos processos produtivos. o petróleo e seus derivados têm a maior participação na matriz brasileira, cerca de 40%. ou pode ser entendida como instrumento gráfico que mostra a participação relativa das diversas fontes energéticas de um país.

P ermacultura:método que considera o organismo vivo como um todo indecomponível para planejar, atu-alizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambien-talmente sustentáveis, socialmente justos e fi-nanceiramente viáveis.

o alvo da investigação de osborne é um norte-americano conhecido por seus seguidores por “B”. ele está revelando a história oculta do nosso planeta, redefinindo a decadência do homem e redesenhando o caminho da espiritualidade

A HISTóRIA DE B – UMA AVENTURA DA MENTE E DO ESPíRITO

Daniel QuinnEditora Fundação Peirópolis

OS SENHORES DO CLIMA

Tim FlanneryEditora Record

GAIA – UM NOVO OLHAR SOBRE A VIDA NA TERRA

James LovelockEditora Edições 70

James lovelock, que foi consultor do progra-ma espacial da nasa, propõe-nos a desco-berta do maior organismo vivo conhecido: a própria terra.

utilizando o saber adquirido por meio da astronomia e da zoologia, o autor mostra-nos que a vida funciona como um único organismo que define e conserva as condições necessárias à sua sobrevivência.

humana. osborne é levado a penetrar no círculo mais íntimo de B. ali, como discípulo eleito, ele logo se surpreende como um colaborador angustiado no desmantelamento de suas próprias convicções religiosas.

mudanças climáticas estão ocorrendo no mun-do todo, mas elas realmente são uma ameaça? neste livro, tim Flannery trata da urgente necessidade de discutir as conseqüências da mudança climática global que vem arrui-

nando o planeta e colocando em risco a nossa sobrevivência. o autor apresenta fatos, analisa implicações, desmistifica idéias e exemplifica como as mudanças climáticas já afetam a terra.

c élulas-tronco adultas: existentes em diversas partes do corpo, principalmente - e até os estudos atuais -, nas células de cordão umbilical, da placenta e medula óssea.

c élulas-tronco embrionárias: extraídas do embrião, com capacidade de se transformar em qualquer outro tipo de célula

neo mondo - agosto 2008 46

minimização de riscos advindos da exposição, manipulação e uso de organismos vivos que podem causar efeitos adversos ao homem, ani-mais e meio ambiente.

rio percorridas e drenadas pelos cursos d’água, desde as nascentes até os rios e represas.

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47neo mondo - agosto 2008

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neo mondo - maio 2008 48

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518733_205x275_326.pdf August 14, 2008 18:18:38 1 de 1