Ecos ano xvi n 4

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Ano XVI Coimbra, 20 de Junho de 2014 N.º4 ECOS DA E.D.M.S. Ecos da Escola Diocsana de Música Sacra Lição do Circo Quem entra numa tenda de circo vai, certamente, para se divertir (deixar o caminho difícil) e distrair-se (aliviando amarguras). A vida é tão dura e chegamos ao fim do dia tão cansados! Então, vamos ao circo. Entre outros divertimentos, os artistas mostram a sua habilidade no chamado “trapézio”. Lá no alto da tenda, um artista coloca-se num baloiço, movimenta-se para diante e para trás, vezes sem conta; em frente, outro artista repete os mesmos gestos, mas em sentido contrário. A dado momento, quando se aproximam, um deles desprende-se e lança-se nos braços do outro que o segura bem firme. Agora já são dois a realizar aquele vai-vém até que o segundo é projectado e, depois de fazer as suas acrobacias pelos ares, vai poisar novamente no baloiço que ficara livre. Que destreza! Que perícia! Toda a gente vê e admira aquela agilidade de movimentos, aquela precisão de gestos, aquela harmonia de conjunto. Quantas horas, quantos dias de treino a fio foram necessários para preparar um espectáculo que encanta os olhos e alivia o espírito de quem assiste e aplaude com admiração aqueles trapezistas! Vale a pena ir ao circo. Mas passa depressa. Deixando de lado o mundo do sensível, entremos agora no do espírito. Quando entramos numa igreja, não vamos, certamente, com a ideia de ir assistir a um espectáculo. Ninguém vai para se divertir, pois Cristo nos convida a seguir um caminho árduo que nos indicou («estais no mundo, mas não sois do mundo»); ninguém vai para se distrair e muito menos para distrair os outros irmãos, pois todos precisamos de “carregar baterias” a fim de que toda a nossa vida possa tornar-se, pela graça do Espírito Santo, uma “oferenda permanente para alcançarmos a vida eterna”, na glória de Deus Pai. Pensemos nas palavras que dizemos, nos gestos que fazemos, nos cânticos, etc… As celebrações litúrgicas valem muito mais que um espectáculo de circo! A Liturgia da Igreja é fonte de vida! Na sua preparação, pessoal e comunitária, damos-lhe a atenção devida? Eis o que nos diz a IGMR no nº 111: «Sob a orientação do reitor da igreja, deve fazer-se a preparação prática de cada celebração litúrgica, segundo o Missal e outros livros litúrgicos, com a diligente cooperação de todos os que nela são chamados a intervir, tanto no que se refere aos ritos como no aspecto pastoral e musical; devem ser ouvidos também os fiéis naquilo que lhes diz directamente respeito. Mas o sacerdote que preside à celebração conserva sempre o direito de dispor de tudo aquilo que for da sua competência (cf SC 22)». As orientações do Magistério da Igreja estão dadas. Preparar bem uma celebração… custa, sem dúvida, mas... “com coisas sérias não se brinca”! Para quem vive da fé, as acções litúrgicas valem mais que um espectáculo de circo! O Director da EDMS Pensar o Futuro “Cantai ao Senhor com arte e com alma”. A música litúrgica é também um meio de evangelização. A propósito do Apostolado, no seu livro O Caminho da Esperança (Ed. Paulinas [2007], o Cardeal F. X. Van Thuan, vietnamita, escreveu (nº 336): «Assim como a formação no Seminário é necessária para o sacerdote, um período inicial de formação é absolutamente necessário para cada apóstolo leigo.» E no nº 337 parece dirigir-se aos párocos: «Se em cada paróquia te empenhasses a formar nem que fosse apenas cinco verdadeiros apóstolos leigos, estaria garantido um serviço fiel durante trinta ou quarenta anos, beneficiando também os teus sucessores. (…).» Vem aí mais um Encontro Nacional de Pastoral Litúr- gica. Vem aí mais um ano de serviço da EDMS de Coimbra. Ocorreu-nos transcrever parte de um texto da Voz Portucalense de 2.09.2009, após o 35º ENPL. No final do mesmo (e sublinhamos algum pormenor importante), «o Pe. Pedro Lourenço, secretário da Comissão Episcopal da Liturgia da Conferência Episcopal Portuguesa, destacou quatro vertentes para a melhoria das celebrações litúrgicas: 1)- “estudar as orientações da Igreja; 2)- in- vestir na formação sobre o sentido do canto na vida humana e como expressão de beleza; 3)- fazer com que as comunidades participem unanimemente; 4)- acentuar a dimensão solene”. E explicou: “Estas dimensões conso- lidam-se através de um trabalho contínuo – uma ‘escola’ – que passa pelos ensaios e pelo aperfeiçoamento dos critérios da escolha dos cânticos , entre outros aspectos”. Lançou tam- bém alguns apelos às pa- róquias que desprezam os conhecimentos e a aptidão para a Liturgia dos seus membros: “Temos um elenco de organistas de alto gabarito, a maioria jovens, alguns dos quais não estão a ser aproveitados”; há responsáveis de comunidades que rejeitam esses especialistas, pensando que são “muito eruditos, exigentes e esquisitos”; se por um lado algumas paróquias investem continuamente na presença nestes encontros nacio-nais, outras há que “estão ao deus-dará”, ignorando a formação oferecida pelo Secretariado Nacional de Liturgia. (Fonte: Ecclesia)» Roguemos ao Espírito Santo que nos ilumine sobre as decisões a tomar, para preparar melhor o futuro, e nos fortaleça para as concretizarmos. A Redacção de ECOS Alunos da EDMS no dia de Encerramento do Ano 2013-2014

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Ecos da Escola Diocesana de Música Sacra de Coimbra, ano XVI, nº 4

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Ano XVI Coimbra, 20 de Junho de 2014 N.º4

ECOS DA E.D.M.S.Ecos da Escola Diocsana de Música Sacra

Lição do CircoQuem entra numa tenda de circo vai, certamente, para

se divertir (deixar o caminho difícil) e distrair-se (aliviandoamarguras). A vida é tão dura e chegamos ao fim do diatão cansados! Então, vamos ao circo. Entre outrosdivertimentos, os artistas mostram a sua habilidade nochamado “trapézio”. Lá no alto da tenda, um artistacoloca-se num baloiço, movimenta-se para diante e paratrás, vezes sem conta; em frente, outro artista repete osmesmos gestos, mas em sentido contrário. A dadomomento, quando se aproximam, um deles desprende-see lança-se nos braços do outro que o segura bem firme.

Agora já são dois a realizar aquele vai-vém até que osegundo é projectado e, depois de fazer as suas acrobaciaspelos ares, vai poisar novamente no baloiço que ficaralivre. Que destreza! Que perícia! Toda a gente vê e admiraaquela agilidade de movimentos, aquela precisão degestos, aquela harmonia de conjunto. Quantas horas,quantos dias de treino a fio foram necessários parapreparar um espectáculo que encanta os olhos e alivia oespírito de quem assiste e aplaude com admiração aquelestrapezistas! Vale a pena ir ao circo. Mas passa depressa.

Deixando de lado o mundo do sensível, entremos agorano do espírito. Quando entramos numa igreja, não vamos,certamente, com a ideia de ir assistir a um espectáculo.Ninguém vai para se divertir, pois Cristo nos convida aseguir um caminho árduo que nos indicou («estais nomundo, mas não sois do mundo»); ninguém vai para sedistrair e muito menos para distrair os outros irmãos, poistodos precisamos de “carregar baterias” a fim de que todaa nossa vida possa tornar-se, pela graça do Espírito Santo,uma “oferenda permanente para alcançarmos a vidaeterna”, na glória de Deus Pai. Pensemos nas palavrasque dizemos, nos gestos que fazemos, nos cânticos, etc…

As celebrações litúrgicas valem muito mais que umespectáculo de circo! A Liturgia da Igreja é fonte de vida!Na sua preparação, pessoal e comunitária, damos-lhe aatenção devida? Eis o que nos diz a IGMR no nº 111: «Soba orientação do reitor da igreja, deve fazer-se a preparação práticade cada celebração litúrgica, segundo o Missal e outros livroslitúrgicos, com a diligente cooperação de todos os que nela sãochamados a intervir, tanto no que se refere aos ritos como noaspecto pastoral e musical; devem ser ouvidos também os fiéisnaquilo que lhes diz directamente respeito. Mas o sacerdote quepreside à celebração conserva sempre o direito de dispor de tudoaquilo que for da sua competência (cf SC 22)».

As orientações do Magistério da Igreja estão dadas.Preparar bem uma celebração… custa, sem dúvida, mas...“com coisas sérias não se brinca”! Para quem vive da fé, asacções litúrgicas valem mais que um espectáculo de circo!

O Director da EDMS

Pensar o Futuro“Cantai ao Senhor com arte e com alma”.A música litúrgica é também um meio de evangelização.

A propósito do Apostolado, no seu livro O Caminho daEsperança (Ed. Paulinas [2007], o Cardeal F. X. VanThuan, vietnamita, escreveu (nº 336): «Assim como aformação no Seminário é necessária para o sacerdote, umperíodo inicial de formação é absolutamente necessáriopara cada apóstolo leigo.» E no nº 337 parece dirigir-seaos párocos: «Se em cada paróquia te empenhasses aformar nem que fosse apenas cinco verdadeiros apóstolosleigos, estaria garantido um serviço fiel durante trinta ouquarenta anos, beneficiando também os teus sucessores.(…).»

Vem aí mais um Encontro Nacional de Pastoral Litúr-gica. Vem aí mais um ano de serviço da EDMS deCoimbra. Ocorreu-nos transcrever parte de um texto daVoz Portucalense de 2.09.2009, após o 35º ENPL. No finaldo mesmo (e sublinhamos algum pormenor importante),«o Pe. Pedro Lourenço, secretário da Comissão Episcopalda Liturgia da Conferência Episcopal Portuguesa, destacouquatro vertentes para a melhoria das celebraçõeslitúrgicas: 1)- “estudar as orientações da Igreja; 2)- in-vestir na formação sobre o sentido do canto na vidahumana e como expressão de beleza; 3)- fazer com que ascomunidades participem unanimemente; 4)- acentuar adimensão solene”. E explicou: “Estas dimensões conso-lidam-se através de um trabalho contínuo – uma ‘escola’ –que passa pelos ensaios e pelo aperfeiçoamento doscritérios daescolha dosc â n t i c o s ,entre outrosas pec tos ”.Lançou tam-bém algunsapelos às pa-róquias quedes prezamos conhecimentos e a aptidão para a Liturgia dos seusmembros: “Temos um elenco de organistas de altogabarito, a maioria jovens, alguns dos quais não estão aser aproveitados”; há responsáveis de comunidades querejeitam esses especialistas, pensando que são “muitoeruditos, exigentes e esquisitos”; se por um lado algumasparóquias investem continuamente na presença nestesencontros nacio-nais, outras há que “estão ao deus-dará”,ignorando a formação oferecida pelo SecretariadoNacional de Liturgia. (Fonte: Ecclesia)»

Roguemos ao Espírito Santo que nos ilumine sobreas decisões a tomar, para preparar melhor o futuro, enos fortaleça para as concretizarmos.

A Redacção de ECOS

Alunos da EDMS no dia de Encerramento do Ano 2013-2014

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Da Tocha ao Bom Sucesso

Para encerrar o ano lectivo 2013/14 a EDMS saiu de Coimbra para ir até à Região Pastoral da Beira-Mar. Quem sabe?! Podeacontecer que, dando-se a conhecer mais de perto, atraia novos candidatos. (?!)

Houve um primeiro tempo de encontro, na vila da Tocha, junto à igreja matriz. Esta igreja, que está classificada comoMonumento Nacional desde 1944, veio substituir uma antiga ermida fundada por um fidalgo galego, JoãoGarcia Bacelar, em cumprimento de uma promessa a Nª Sª da Atocha (em português,Tocha) que se venera em Madrid. É por isso um santuário mariano.

Entrando no templo, o sr. Pe. Dr. Pedro de Miranda foi o guia da visita. Entre osvários aspectos de significado religioso e cultural, explicou que se deveu ao Mosteirode Sta. Cruz, que ali exercia a jurisdição eclesiástica e pastoral, a construção donovo santuário que hoje é igreja paroquial. Quem a vê, por fora, não imagina ariqueza artística que tem lá dentro. As paredes interiores estão revestidas de azulejos:os do corpo da igreja (de fabrico lisboeta da 2ª metade do séc. XVIII) representam

cenas bíblicas, em 10 grandes painéis, a lembrar aos fiéis como Deus libertou o seu povo através depersonagens bem conhecidas, como, por exemplo, a rainha Ester, Judith, Débora, o rei David, etc.; osazulejos da capela-mor, fabricados em Coimbra (1763), representam símbolos marianos: civitas refugii (cidade do refúgio), fons

patens domui David (fonte aberta para a casa de David), nulla salus extra [ecclesiae] (nenhuma salvação fora [da Igreja]), etc.Terminada a visita, seguimos para Bom Sucesso, uma pequena paróquia rural do conc. da Figueira da Foz, com cerca de 3.500

habitantes, criada em 23.12.1936, pois, antes, era uma das povoações da vizinha freguesia de Quiaios. Em 1781, foi ali edificadauma capela, por ampliação de outra mais antiga onde se venerava Nª Sª dos Remédios. Em 1898 foi objecto de nova ampliaçãopermanecendo com a configuração actual.

No Bom Sucesso decorreram as principais actividades do encerramento do ano escolar. Após um ensaio de adaptação aoespaço interior da igreja, chegou a hora do almoço partilhado, no salão da Junta de Freguesia, gentilmente cedido pela direcçãoda mesma, presidida pelo sr Mário Acúrcio.

No intervalo, ainda houve tempo para uma breve visita à Lagoa da Vela, junto dasMatas Nacionais, com cerca de 2 km de comprimento, 300 m de largura e 5 m de profundidade.É um apreciável local turístico.

Pelas 15:30 h deu-se início ao recital de música instrumental (no órgão de tubos paroquial)e coral, em que participaram os grupos corais da Tocha, da Sanguinheira, de Liceia e doBom Sucesso. Nem toda música nem qualquer cântico tem entrada nas igrejas. Há critériosa respeitar, como salientou a srª Drª Cristina na sua alocução em que destacou o papel orante do coro litúrgico nas celebrações e,por isso, a necessária qualidade do que nelas se canta. Sublinhou ainda a importância do coro paroquial e a necessidade de umaséria preparação dos cantores para o bom desempenho da sua missão. A boa disposição espiritual dos fiéis nas celebraçõeslitúrgicas passa também pela escolha criteriosa dos cânticos (não serve um canto qualquer) e pela recta execução dos mesmos.Para conseguir isso é necessária uma adequada preparação que se pode obter na EDMS, lembrou.

A EDMS tenta, de facto, preparar todos os alunos para um bom desempenho da sua missão. Neste recital, houve um tempo dedemonstração da “arte de dirigir” um coro, preenchido pelos alunos da classe de direcção. Em seguida, o Coro da Escola, sob adirecção do Prof. Dr Alberto Seiça, cantou: “Ecce Panis Angelorum”, de David Oliveira, e “Tomai e recebei”, de Joaquim Santos.Finalmente experimentámos a beleza e a força de um grande coro. Todos os grupos cantaram, em conjunto, o mesmo cântico:“Deixo-vos a Paz”, de Mário Silva.

Foram entregues os diplomas aos alunos finalistas: Bruno A M Costa (Montemor-o-Velho), Carolina Duarte Costa (Penacova),Maria Isabel e Frederico O. Silva (mãe e filho, de Cantanhede), José M S Ferreira e Leandro J M Pimentel (S. Silvestre).

A concluir esta parte, o director da EDMS agradeceu a valiosa colaboração e apoio do rev.do Pároco, Pe Diamantino da CruzVieira, da Junta de Freguesia e o empenho e dedicação da antiga aluna Drª Bárbara Pessoa e seu marido Dr Hélder Farinha, bemcomo a presença dos paroquianos de Bom Sucesso.

Na conclusão da jornada e associando-nos à comunidade paroquial, celebrámos a Missa vespertina da Solenidade da Ascensãodo Senhor, presidida pelo Director da EDMS, Pe. Augusto Frade, animada musicalmente pelo Coro dos Alunos, sob a direcção

do Prof. Dr Alberto, acompanhado ao órgão por alguns alunos e pelo sr. Dr. Hélder Farinha e com a boaparticipação da assembleia. Foi uma solene acção de graças por mais um ano de serviço. Um belo dia.

Grupo Coral de Bom SucessoGrupo Coral de Liceia Grupo CoraCe Sanguinheira Grupo Coral de Tocha

Vimos, pela primeira vez, uma maestrina dirigir o seu coro com um filho ao colo! É bem verdade quede pequenino… com muita facilidade se aprende música. Ao colo da mãe, o menino Bernardo pareceestar a gostar da experiância! Deus abençoe todos os pais que procuram educar com o seu exemplo.

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Cartas ao Director

Consultório

do

Dr. Carlos Lopes

* * *

– Disseram-me que um coro litúrgico não deviacantar outro género de música fora da igreja, porexemplo em concertos, porque não lhe fica bem. Serámesmo assim? JC

– Ora bem; em rigor não há nada estritamente musicalou espiritual que desaconselhe ou impeça um coro litúrgicode participar noutras actividades musicais com outrosgéneros musicais. Aliás, se isso acontecer, pode muito bemresultar em oportunidade para exercitar o discernimentoentre géneros musicais e, portanto, o discernimento do quese há-de cantar na liturgia por oposição ao que não sedeve. Pode ainda considerar-se como oportuno que umcoro litúrgico participe noutras actividades musicais nosentido de que, contrariamente ao que bastantes pessoasnão-crentes pensam, os músicos e cantores litúrgicos,crentes e piedosos, se integram perfeitamente nosambientes e contextos socio-musicais em que se inseremou com que se encontram. A plena cidadania da actividademusical, religiosamente motivada dentro do contexto maisamplo da vida musical duma comunidade, pode ser umveículo de evangelização, de abertura da Igreja ao ambienteexterior. Neste sentido, numa comunidade de reduzidasdimensões ou com pouca actividade associativa, em quesó para o coro da igreja há pessoas, podem ali os cristãosprestar o serviço cultural não desprezível de fazer outrasofertas musicais.

A pergunta, portanto, em meu entender, deveria serdiferente; mais no seguinte sentido: É possível um corolitúrgico prosseguir com igual importância a músicalitúrgica e outros géneros musicais? Com efeito, um corolitúrgico, para o ser com nível musical e litúrgico, supõeum grau de especialização dificilmente compatível com aatribuição do mesmo esforço a outros géneros musicais.É que alcançar aquela adequação ao ano litúrgico, a par epasso, sempre desejável, mantendo a qualidade musical,não é nada fácil e exige um grau de dedicação semanalque não se compadece com objectivos muito elevadosnoutros géneros musicais. Isto é, não é difícil que um bomcoro litúrgico veja a sua qualidade a sofrer erosão causadapela eventual dedicação desequilibrada a actividadesmusicais próprias de outras motivações e contextos.

Está em causa, portanto e apenas, uma regra deprudência, e não uma inconveniência essencial entreprática de música litúrgica e prática de outros génerosmusicas por parte de um coro litúrgico.”

Já depois do encerramento do ano escolar, chegaram estas duas

comunicações por correio electrónico (é mais fácil e rápido):

S. Silvestre, 2 .06.2014Olá, Padre Frade,Foi um prazer estar presente no concerto e Missa

no Bom Sucesso, recordar e rever pessoas que muitoestimo.

Conforme deu para perceber, há um longocaminho a percorrer pelas nossas paróquias. Osresponsáveis desde logo não têm nem procuramformação Litúrgica. Até podem ter a [formação]musical, mas isso não chega de modo algum. Nãopodemos dar o que não temos.

Mas ficamos tristes. Ainda hoje assisti a umacelebração desse tipo em... [paróquia tal...]: umbatuque com um som altíssimo do princípio ao fim,acompanhado com violas que parecia irem partir ascordas a qualquer momento, num ritmo mais debaile do que mais nada.

Bem dizia a Doutora Cristina, é impossível aconcentração, a ligação com Deus, o recolhimentocom este ambiente. Seria melhor nada.

Ficamos mais pobres e tristes: o objetivo da Missaé o contrário.

Cumprimentos para todos.

Albertina Marçal»

Pelariga, 18 de Junho de 2014

Olá, amigo Pe Frade,Imprevisivelmente, o tempo de missão em Chapadinha

foi reduzido a aproximadamente 9 meses de serviço. Noentanto, sinto-me realizado, pois soube viver cada momentode forma intensa e alegre. O trabalho iniciado continua aser desenvolvido porjovens e adultos dacomunidade e ficomuito feliz ao verque continua a haverânimo, para progredirnesta missão.

Regressei em Abril,com o objectivo deapoiar a minha famí-lia numa fase menosfácil, mas a missão continua.

Na pessoa do Pe Neves, agradeço aos Pes Missionáriosda Boa Nova pelos ensinamentos e acolhimento. Foi,certamente, das melhores experiências já vividas. Agorafica a saudade e o desejo de regressar ao Nordeste Brasi-leiro, para abraçar novamente aqueles que, juntamentocomigo, traçaram uma nova missão de evangelização.

Tiago Rodrigues

Nota: A religiosa italiana Cristina Scuccia, de 25 anos, venceu, em 5 de Junho de 2014, a versão transalpina do “The Voice”,concurso de talentos que seleciona a melhor voz através de votação por júri e pelo público. Se desejar, veja a notícia completa em

http://www.snpcultura.org/irma_cristina_scuccia_vence_the_voice.html

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N o t í c i a s & I n f o r m a ç õ e s

Exame de Órgão – No dia 17 de Maio, os alunos José Ferreira eLeandro Pimentel, ambos de S. Silvestre, prestaram provas finais efoi-lhes concedido o Certificado de Organista Litúrgico. Podemagora servir melhor a sua paróquia.

Encerramento do Ano Escolar – Foi no dia 31 de Maio pp., naparóquia de Bom Sucesso, conc. de Figueira da Foz. Houve a intençãode dar a conhecer melhor a EDMS às paróquias vizinhas. Quem sabe?Pode acontecer que daquela zona venham alguns novos candidatos.O director da Escola convidou os seus coros a participar também norecital da tarde com um cântico do seu reportório. Além do coro deBom Sucesso, estiveram connosco os coros de Liceia, Sanguinheira eTocha. Do programa constava uma visita à igreja da Tocha, uma brevepassagem pelo Hospital Rovisco Pais, almoço partilhado, recital coma entrega de diplomas aos finalistas e a celebração da Santa Missa daSolenidade da Ascensão do Senhor, em acção de graças por mais umano de serviço. Há mais notícias na pág. 2.

Ano Lectivo 2014-15 – Estão abertas as inscrições. Foram enviadasinformações às paróquias.Mais informações encontram-se na páginada Escola, em www.edms.pt Se for mais favorável à Paróquia, agra-decemos que nos mande os endereços postais dos possíveis candidatos(mesmo por mail) a fim de lhes enviarmos directamente a ficha deinscrição. Os testes de admissão realizar-se-ão no dia 13 de Setembro.

Notícias da “Família” – Que maravilha é o correio electrónico!Bendito seja Deus pelos dons cocedidos aos homens e partilhados! De Roma – O Pe António M. Ferreira (Padre Ima), em 11 deAbril pp. deu sinais de vida: «Escrevo de Roma onde estou há trêsanos, por motivos de estudos. Vivo a menos de cinco minutos doInstituto Santa Cecília, onde estudam alguns colegas do colégio (todospadres chineses).

No colégio somos quase 200 padres de 56 nacionalidades. Alémdo sacerdócio que nos une, a música é também um dos elementosunifica-dores, pois as notas, os tempos, os sustenidos, os bemóis, têm omesmo valor para todos; assim cada um com a partitura à frente nãopode escusar-se. O Liber Usualis, que regista o canto oficial da Igreja[em latim], tb nos serve de elo aqui. Através do canto experimentamose vivemos umas das dimensões da catolicidade.

Agradeço à EDMS de Coimbra, aos professores (vem-me à mentea Profª. Cristina) e de modo especial ao seu director pela oportunidadeque me permitiu iniciar o estudo da música e a não ficar a olhar bovina-mente para uma pauta, como soe dizer-se. Que Santa Cecília continuea interceder por todos. Com estima e admiração, Padre Ima.»

E mais uma vez, depois de receber uns cânticos enviados aosantigos alunos, escreveu: «Boa tarde, sr. Padre Frade. Agradeço maisesta partilha. Eu, depois do triénio formativo, ao regressar a CaboVerde, vou também servir numa Paróquia; como pode ver estou já arecolher subsídios. No mês de Agosto penso passar por Portugal. Emagenda está uma visita à querida cidade de Coimbra. Sendo possívelgostaria de o visitar também.»

Pe Ima, será motivo de grande alegria o rever um antigo aluno

da EDMS tão pronto e disposto a servir a causa da música sacra.

De Chapadinha (Brasil) – A missão foi interrompida. Ver notíciasdo nº 1 de ECOS de Setº de 2013. O antigo aluno Tiago Rodriguesque ficara no Brasil a desenvolver um trabalho missionário járegressou, mas com saudades e desejo de voltar. Não foi por cansaçonem desis-tência. Um acidente automóvel, no final de Março pp.,forçou ao internamento de seu pai no hospital de Leiria, onde ainda seencontra. Oremos a Deus pelo enfermo e pelos seus familiares.

De Pelariga – Já em Portugal, o Tiago mandou esta mensagem.«Imprevisivelmente, o tempo de missão em Chapadinha foi reduzidoa aproximadamente 9 meses de serviço. No entanto, sinto-me realizado,pois soube viver cada momento de forma intensa e alegre. O trabalhoiniciado continua a ser desenvolvido por jovens e adultos da comunidadee fico muito feliz ao ver que continua a haver ânimo, para progredir

nesta missão.Regressei em Abril, com o objectivo de apoiar a minha família

numa fase menos fácil, mas a missão continua. Na pessoa do Pe Neves,agradeço aos Pes Missionários da Boa Nova pelos ensinamentos eacolhimento. Foi, certamente, das melhores experiências já vividas.Agora fica a saudade e o desejo de regressar ao Nordeste Brasileiro,para abraçar novamente aqueles que, juntamento comigo, traçaramuma nova missão de evangelização.» Oxalá Deus faça germinar e cresceras sementes de paz e bem já lançadas naqueles corações nordestinos.

De S. Silvestre – A notícia chegou à nossa redacção. A antigaaluna Albertina M Gomes é outro exemplo de «mulherforte», inquieta e desejosa de mais e melhor. Matriculou--se na Fac. de Direito da UC e, no final de 2013, obtevea licenciatura em Administração Público-Privada.Continua os estudos na mesma Faculdade, onde esperaconcluir o curso com a apresentação e defesa da tesede mestrado em Gestão, no primeiro semestre de 2015.

Parabéns, Drª Albertina. Quanto ao que ainda está por fazer… vamos

tendo paciência e ajudando outros irmãos, tanto quanto pudermos, com

a nossa palavra e, sobretudo, com o nosso exemplo de bem servir.

Recordação – Foi recolhido em DVD um conjunto de imagens esons relativos ao ano escolar 2012-13. É uma grata recordação paraquem frequentou a Escola durante esse ano ou para oferecer a amigos.Ainda há dois exemplares disponíveis na Secretaria da EDMS.

Adoração Eucarística – «… Rogai ao Senhor da messe…».Respondendo a um apelo do Sec. Dioc. da Pastoral das Vocações, aEDMS esteve em adoração ao SS.mo Sacramento, na igreja de S. Tiago(Praça do Comércio), no dia 12 de Junho, das 21:30 às 22:30h. Apesarde o ano ter findado, ainda se reuniu um pequeno grupo de alunos(actuais e antigos) ao qual se juntaram membros de congregações einstitutos religiosos/seculares (de Coimbra) e outras pessoas dosarredores da cidade. Naquela noite, uma assembleia de cerca de 50pessoas esteve reunida em oração comum, contemplando o amor deDeus misericordioso, que quer salvar toda a humanidade, rogando-Lheque desse à sua Igreja muitas e santas vocações sacerdotais, religiosase missionárias. Obedecendo a Cristo, Senhor, devemos renovar em cadadia as mesmas súplicas.

40º Enc. Nac. de Pastoral Litúrgica. – O tema geral é o artigo doCredo: Creio na comunhão dos Santos. Que se deve entender por estaexpressão? Os Santos da «minha devoção?» A comemoração litúrgicados santos tem como finalidade não só propor o exemplo dos Santos àimitação dos fiéis, mas, mais ainda, fortalecer no Espírito a união detoda a Igreja. Se lá forem 2 ou 3 pessoas de cada grupo coral (e outras)para ver, meditar e celebrar a liturgia para crescer na fé da Igreja, hão--de verificar que valeu a pena. As inscrições são feitas até ao dia 20 deJulho. Peça informações ao Secretariado Nacional de Liturgia / Casade Santa Ana / Santuário de Fátima / Apartado 10 / 2496-908 FÁTIMA.www.liturgia.pt ou E-mail: [email protected]

Livros recomendados – O Secretariado Nacional de Liturgia temeditado livros de cânticos, adequados a diversas circunstâncias, parauso dos grupos corais. Entre os mais recentes contam-se estes:Cânticos para as Exéquias (a morte de um cristão não é uma tragédia,mas uma porta aberta para a Vida plena em Deus) e o livro CânticosPara o Culto Eucarístico (horas de adoração e vigílias de oraçãodiante do Santíssimo Sacramento). Seria muito bom que cada paróquiativesse um conjunto destes livros para uso dos seus cantores no serviçoque prestam à oração da sua comunidade. Sai mais barato do que fazerfotocópias que facilmente se extraviam.

O SNL fez recentemente uma edição económica para divulgar asCatequeses do Papa Francisco sobre os sete Sacramentos. Destinam--se a toda a Igreja. Numa linguagem simples e directa apresenta o maiortesouro da Igreja, os mistérios da salvação que Cristo continua a oferecera todos. O preço deste pequeno volume de 34 páginas é de € 2,00. Apartir de 5 exemplares beneficia-se de um desconto.

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