Economia Brasileira - Da Economia Cafeeira ao Plano Real

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Economia Brasileira Economista: Diana Dias Sampaio Mestre em Desenvolvimento Regional e Urbano IESA/UFG

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Economia Brasileira

Economista: Diana Dias Sampaio Mestre em Desenvolvimento Regional e Urbano IESA/UFG

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1 - A Economia Cafeeira e a Política Econômica na República Velha

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REPÚBLICA VELHA (1889 - 1930)

• A República Velha ou Oligárquica (período pós-imperial que antecedeu à República Nova iniciada como governo de Getúlio Vargas em 1930) foi o períododa história do Brasil que se estendeuda proclamação da República, em 15 denovembro de 1889, até a Revolução de 1930 quedepôs o 13º e último presidente da RepúblicaVelha, Washington Luís.

• Nesse período o Brasil foi nomeado de EstadosUnidos do Brasil, o mesmo nome da constituiçãopromulgada em 1891.

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ECONOMIA na República Velha

• As exportações de café eram a base da economia e maiorfonte de receita tributária. Foi também um período demodernização, com surtos de industrialização, como oocorrido durante a Primeira Guerra Mundial, porém, aeconomia continuaria dominada pela cultura do café, até aQuebra da Bolsa de valores de Nova Iorque, durante a Crisede 1929.

• Durante o início da República Velha houve um grande surtode produção e exportação de borracha da regiãoamazônica. O ciclo da borracha converteu as cidadesamazônicas em prósperos centros econômicos e culturais.A borracha chegou a ocupar o segundo lugar na pauta deexportações brasileiras, perdendo apenas para o café.

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O Café foi o principal produto da pauta de exportação brasileira ( 1831 - 1900)

❖ Nota-se que a abolição da escravatura não refletiu negativamente na produção de Café.

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Economia Cafeeira• Na crise de 1893, que atingiu particularmente os Estados

Unidos, principal comprador do café brasileiro, o preço do cafécaiu 1/3 do valor daquele ano: de 4,09 libras a saca para 1,48libras em 1899.

• A intervenção brasileira no nível internacional de preços docafé só foi possível graças ao seu domínio na produçãointernacional, onde o país, sozinho, controlava três quartos daoferta mundial.

• No início do século XX, quando se configurou a crise dasuperprodução do café, o seu preço no mercado internacionalcaía sensivelmente, mobilizando os cafeicultores, que se reunirampara a criação de uma estratégia que mantivesse o preço doproduto valorizado em momentos de crise. Essa estratégia firmou-se no Convênio de Taubaté.

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A economia do Brasil na República Velha baseava-se em um modelo agroexportador, voltado parafora, com seguintes consequências:❖ Riqueza nacional baseada um poucos produtos exportáveis;(Exemplo: café, borracha, algodão);

❖ Processo produtivo que permitia altas taxas de acumulação econcentração de riqueza apenas para os agroexportadores;

❖ Alta vulnerabilidade externa, tanto na determinaçãodemanda quanto na precificação dos produtos exportados nomercado internacional, mesmo o Brasil sendo líder em suaprodução;

❖Base produtiva insuficiente para atender a demanda interna;

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Historicamente podemos dizer que: a Proclamação da Repúblicanão alterou os padrões econômicos vigentes, mantendo omodelo primário-exportador.

A primeira crise financeira da República Brasileira deu-se emfunção da abolição da escravatura (1888) e surgimento dotrabalho assalariado, devido o aumento na demanda por moedaque antes circulava em pequena quantidade. (problema deescassez de liquidez)

Surge, então, a necessidade de criação de um mercado decapitais para o Brasil, a fim de financiar o setor produtivo.

Para isso, o Ministro da Fazenda Rui Barbosa foi autor da LeiBancária em 1890 que visava reequilibrar o mercado monetáriobrasileiro.

As emissões bancárias passaram a serem lastreadas em títulosda dívida pública; O que possibilitou um aumento nas emissõesde moeda a fim de aumentar o meio circulante.

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Sistema Bancário Brasileiro

• Com abolição da escravatura em 1888, otrabalho assalariado gerou um aumentosignificativo da demanda por moeda,sazonalmente em épocas de colheitas,contribuiu forçosamente para a ampliação e ofortalecimento do Sistema Bancário Brasileiro;

• Criou-se um vasto Programa de Crédito aos Agricultores eis proprietários de Escravos;

• Surgi a Lei Bancária de Rui Barbosa, em 1890;

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Política do ENCILHAMENTOMinistro da Fazenda: Rui Barbosa

• Objetivo: Facilitar o crédito e industrialização

• Meios: Emissão Monetária (sem lastro)

• Consequências:1. Crise Econômica

2. Inflação

3. Especulação Financeira

4. Pequena industrialização

• Solução: Funding Loan - Governo Campos Sales

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As medidas econômicas adotadas para tentarsolucionar a crise de aumento de demanda por moedae necessidade de crédito, geradas pela mudança nomercado de trabalho, ocasionaram outra crisemonetária, na chamada política do Encilhamento queresultou e/ou fomentou:

▪O surgimento de empresas fantasmas, (para obtenção de crédito)

▪A especulação no mercado de ações, (oferta insuflada)

▪O aumento do Déficit Público, (Aumento dos gastos e endividamento)

▪As desvalorizações cambiais, (enfraquecimento da moeda nacional)

▪Sinais de superprodução do Café,

▪Inflação.

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O primeiro funding loan foi uma medida econômicatomada pelo quarto presidente republicano brasileiro,Campos Sales em 1898 e estabelecia:

•A concessão de um empréstimo no valor de 10 milhões delibras esterlinas, a ser utilizado para o pagamento dos jurosda dívida externa brasileira nos três anos seguintes;

•A concessão de um prazo de 10 anos, além dos 3 iniciais,para o início do pagamento;

•A penhora, a título de garantia para com os bancoscredores, de toda a receita da alfândega do Rio de Janeiro,além de, em caso de necessidade, outras alfândegas;

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Para sanear a moeda brasileira, com o objetivo deestabilizar a economia do país, foram necessáriasalgumas medidas econômicas severas, como:1.Redução da oferta de moeda,

2.Redução dos gastos do governo,

3.Aumento da tributação, inclusive, criando novos impostos.

Na prática, o funding loan tratava-se de uma medidapaliativa para dar folga e garantir, através de um novoempréstimo, o pagamento dos juros e do montante deempréstimos anteriores.

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O Convênio de Taubaté

• Em fevereiro de 1906, reuniram-se em Taubatéos governadores dos estados de São Paulo, deMinas Gerais e do Rio de Janeiro e comoresultado assinaram, no nono dia desse mês, umconvênio que estabelecia as bases de umapolítica conjunta de valorização do café,condicionado à aprovação pelo presidente daRepública.

• Entretanto, o presidente Rodrigues Alves iria serecusar a assinar o acordo, que foi ratificado,então, pelo seu vice, Afonso Pena.

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Formação Econômica do Brasil - Celso FURTADO

Visando estabelecer um equilíbrio entre a oferta e a procura e garantia do preço doCAFÉ:

• O governo interviria no mercado, adquirindo os excedentes dos cafeicultores;

• O financiamento das aquisições seria mediante empréstimos no estrangeiro;

• A amortização e pagamento dos juros desses empréstimos seria efetuadamediante um novo imposto cobrado em ouro sobre cada saca de café exportado;

• Visando solucionar a médio e longo prazo o problema do excesso de produção, osgovernadores dos estados produtores adotariam medidas visando desencorajar aexpansão das lavouras pelos cafeicultores.

Com isso, os preços do produto eram mantidos artificialmente altos,garantindo-se os lucros dos cafeicultores.

Estes, ao invés de diminuírem a produção de café, continuaramproduzindo-o em larga escala, obrigando o governo a contrair mais empréstimospara continuar adquirindo esses excedentes.

O Estado adquiriu o produto para revenda em momentos mais favoráveisaté 1924, ano em que foi criado o Instituto do Café de São Paulo, a partir de quandoessa intervenção passou a se dar de forma indireta.

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Política Protecionista de Queima do CAFÉ

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• Ainda de acordo com Celso Furtado, a maior falha dessa política devalorização artificial do café foi não ter incentivado a diversificação dapauta de exportações brasileiras, por meio de subsídios, para assim aliviara pressão da oferta interna sobre a tendência da queda de preçosverificada na época. Contudo, ele próprio concorda que tal açãogovernamental seria bastante dificultada por não corresponder aosinteresses políticos predominantes na época, vinculados à exportação docafé.

• A política adotada a partir do Convênio de Taubaté só ajudou a adiar oiminente fim do ciclo cafeeiro no Brasil, que aconteceu com a quebra dabolsa de valores de Nova York, em 1929.

• O Convênio de Taubaté foi uma forma usada para enriquecer osproprietários de café, que investiram na industrialização de São Paulo, jáque a produção tinha venda garantida. Vendo a impossibilidade de pagaras dívidas que o governo paulista contraiu no exterior após a crise de1929, em 1930, o governo nacional de Vargas assumiu todas as dívidas asnacionalizando.

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A formação do capital industrial (1888-1930)

1. A política econômica dos primeiros governos republicanos.

2. A emergência da economia exportadora capitalista.

3. Capital cafeeiro e capital industrial.

4. Os acordos de defesa do café.

5. Câmbio e investimento na indústria.

6. Diversificação e modernização da indústria nos anos 20.

7. A crise de 1929 e a revolução de 1930.

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Primeira República no Séc. XX

1. Crescimento Econômico na Primeira Década 1900 - 1913:

Ciclo de crescimento econômico, devido políticas de ajuste no governo Campos Salles, com as seguintes características:

a. Crescimento médio do PIB acima de 4% ao ano;

b. Formação do Capital Industrial;

c. Investimentos em Infraestrutura de transporte (Portos

e ferrovias);

d. Estabilidade nos preços;

e. Padrão ouro foi estabelecido em 1906.

Padrão ouro - Fixação do preço da moeda nacional em termos de ouro e reservas passam a ser neste metal.

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Primeira República no Séc. XX - continuação

2. Primeira Grande Guerra e a Economia brasileira

Novo Funding Loan em 1914 de 15 milhões de libras

A Guerra afetou as Exportações brasileiras com depreciação cambial e aprofundamento em desequilíbrios fiscais.

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A política de “Manutenção da Renda”: política de defesa docafé: compra, estocagem e queima de café. Esta política,financiada em parte com crédito (financiamento externo) eemissão de moeda, sustentou a demanda agregada, mantendoo emprego e a renda. (Política econômica keynesiana)

O Deslocamento da Demanda:

•O problema de Balanço de Pagamentos é enfrentado com controlese desvalorização cambial;

•Produtos importados se tornam mais caros e difíceis de seremadquiridos;

•As dificuldades de importação deslocam a demanda que era mantidados produtos antes importados para a produção nacional;

•A queda de rentabilidade do setor cafeeiro faz com que o capitalmigrasse para outros setores.

•Setores domésticos (indústria) aumentam sua importância frente aosexportadores (agricultura)

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A crise de 1930, iniciada nos Estados Unidos eque repercutiu rapidamente na Europa, chegouao Brasil com uma Crise no Balanço dePagamentos, com os seguintes efeitos:

✓Queda drástica na demanda por café;

✓Reversão dos fluxos de capital.

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A Revolução de 1930 e a Nova Ordem Política

Um movimento político-militar derrubou o presidenteWashington Luís e impediu a posse do novo presidenteeleito Júlio Prestes.

O principal efeito da revolução foi a derrubada dogrupo até então hegemônico no país, a oligarquiacafeeira paulista.

A década de 30 foi marcada pela condução do governo

POPULISTA de Getúlio Vargas.

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2. O processo de Industrialização e suas

interpretações

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MUDANÇA DO PADRÃO DE ACUMULAÇÃO

• A Substituição de Importações foi a fórmula utilizada para industrialização brasileira, entre 1930 e 1960.

• Este processo se inicia pela mudança do padrão de acumulação que ocorre nos anos 1930.

• A mudança ocorre com o deslocamento do centro dinâmico da economia: a determinação do nível de renda deixa de estar ligada a elementos como a demanda externa (base de uma economia agroexportadora) e passa a depender de elementos ligados ao mercado interno, como o consumo e o investimento doméstico.

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PSI - Política de Substituição de Importações

Trata-se de uma industrialização fechada pois, évoltada para dentro, visa o atendimento domercado interno e depende de medidas queprotegem a indústria nacional:

➢ Desvalorização cambial;

➢ Controles cambiais;

➢ Taxas múltiplas de cambio e

➢ Tarifas aduaneiras.

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Características do PSI

É uma industrialização por etapas: apesar de ao final se buscar uma indústria completa, a industrialização se faz por partes (rodadas)

A pauta de importações ditava a sequência dos setores objeto dos investimentos industriais:

1.bens de consumo não duráveis - têxteis, calçados, alimentos

2.bens de consumo duráveis - eletrodomésticos, automóveis

3.bens intermediários - ferro, aço, cimento, petróleo, químicos

4.bens de capital - máquinas, equipamentos

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O modelo de ISI

✓ Objetivo da substituição de importações era promovera auto-suficiência industrial (promover novos setores);

✓ O Estado assumiu para si os papéis de planejador efinanciador das políticas de desenvolvimento, além deprodutor de bens e serviços considerados essenciais;

✓ A defesa da concorrência não era, por razões óbvias,um instrumento considerado oportuno para promovero desenvolvimento;

✓ A produção industrial era voltada para abastecer omercado doméstico e não para exportação

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INTERPRETAÇÕES DO PROCESSO DE

INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

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1. A “teoria dos choques adversos” - A ocorrência de umchoque adverso (crises no setor exportador, guerras, criseseconômicas internacionais) afetando o setor externo daeconomia aumenta os preços relativos das importações.Impondo dificuldades internas à importação.

Em consequência, a demanda interna, sustentada por políticaseconômicas expansionistas, desloca-se para as atividades internassubstituidoras de importação.

Segundo Suzigan, há duas “versões” desse argumento: uma primeira versão,por ele chamada de “versão extrema”; e uma outra se refere àinterpretação do desenvolvimento industrial brasileiro feita por CelsoFurtado (1963) e Maria da Conceição Tavares (1972). A diferença entre asduas versões é que a primeira proclama-se como uma teoria de aplicaçãogeral, enquanto que a segunda refere-se aos choques da crise do café eda Grande Depressão dos anos 1930.

Fonte: Indústria Brasileira - Origem e Desenvolvimento de Wilson Suzigan, (Brasiliense, 1986)

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2. A “industrialização liderada pela expansão das exportações”

Esta interpretação do desenvolvimento industrial brasileiro anterior à décadade 1930 feita por Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares poderia,em princípio, ser considerada como idêntica à interpretação daliderança do setor exportador.

Contudo, esta última estabelece uma relação entre a expansão industrial e asexportações que passa a ter validade estrutural: significa que a indústriadesenvolve-se durante períodos de bom desempenho exportador eretarda-se quando há uma crise desse mesmo setor.

Porém, há aqui uma caracterização do desenvolvimento industrial como umprocesso abrangente de industrialização e não apenas limitado àprodução de bens de consumo como uma extensão do setor exportador.

Os principais representantes dessa visão são: Dean (1976); Peláez (1972) eLeft (1982).

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3. A “industrialização intencionalmente promovida por políticas do Governo”

Esta interpretação atribui grande importância a políticasintencionais do governo para a promoção da industrialização,principalmente através da proteção tarifária e da concessão deincentivos e subsídios.

Não se trata, porém de provar que a industrialização foi promovidapor uma política deliberada e abrangente de desenvolvimento.

Há consenso de que tal política, no sentido definido por Hirschman,não foi implementada no Brasil antes da década de 1950.

Os principais intérpretes são: Flávio Versiane e Maria Tereza Versiane (1977).

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3 - O avanço da Industrialização sob Getúlio e Juscelino

➢Tanto Getúlio Vargas quanto Juscelino Kubitschekadotou o planejamento como uma premissa, como únicasolução viável para o progresso econômico-socialbrasileiro. O planejamento era tido como o métodocabível (e mais eficiente) para a aceleração edinamização da industrialização no país, cabendo aoEstado dirigi-lo.

➢O Programa de Metas de Kubitschek pode ser tomadocomo uma continuação do planejamentodesenvolvimentista empreendido por Vargas.

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“A industrialização é a diretriz correta para o desenvolvimento econômico deum país de população crescente, com um grande mercado potencial e dotadode adequados recursos naturais. Além de representar, em si mesmo, umestágio econômico evoluído, ela permite a substituição de importações e adiversificação dos artigos de exportação. Mais ainda, determina o progressoda agricultura, pela valorização dos mercados de alimentos e matérias-primas, pelo estimulo à introdução de tecnologia agrícola avançada e pelaabsorção dos excedentes de mão-de-obra que se formam nos campos.

A introdução de técnicas mais aprimoradas de lavoura e de pecuária, amecanização, a adubagem, a irrigação e os processos científicos de seleção edefesa sanitária das plantas e animais conduzem a melhores safras e tendema reduzir o volume de mão-de-obra correspondente a uma determinadaprodução. Cria-se, em consequência, um excedente de população, que ficadisponível para outras atividades. Só a industrialização poderá absorver esseexcedente, proporcionando-lhe trabalho e novas oportunidades para melhoriade seu padrão de vida. O êxodo rural será um sintoma de progresso se tivercomo causa real um aumento de produtividade da agricultura, paralelo a umademanda correspondente de trabalho nas indústrias e serviços urbanos.”(KUBITSCHEK, 1955)

Fonte: Juscelino Kubitschek de Oliveira, Diretrizes Gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento. Livraria Oscar Nicolai LTDA. Belo Horizonte, 1955.

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Há, de fato, uma singularidade na concepção da industrialização comoconstrução do desenvolvimento e superação do subdesenvolvimentoeconômico-social brasileiro para Vargas e Kubitschek, como há também umagrande semelhança na visão do planejamento estatal, explicitamentekeynesiano, como fator preponderante ao desenvolvimento econômico.Entretanto, há uma brutal diferença na concepção da problemática dodesenvolvimento econômico, ou melhor, na compreensão, na ideiadesenvolvimentista de Vargas para Kubitschek. Para Getúlio Vargas, todaproblemática do desenvolvimento econômico (a industrialização, emparticular) estava ligada à ideia de emancipação econômica nacional. Já paraJuscelino Kubitschek, no conceito de industrialização não compreende a ideiade autonomia, aparecendo em segundo plano. Como observa Octávio Ianni(1979), para Kubitschek industrialização e interdependência econômicanacional seriam duas entidades distintas.Por esse motivo, nos pronunciamentos de Juscelino Kubitschek de Oliveira surgiramfrequentemente, de par em par, o conceito de industrialização e a ideia de capital estrangeiro.Para ele, não se tratava nunca de entidades incompatíveis, ou entre as quais pudessem surgirtensões. Isto é, devido à convicção política que se fundamentava a sua política dedesenvolvimento econômico, industrialização e capital estrangeiro eram noções conjugadas.(IANNI, 1979, p. 183)

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Previsão de "tempos" no plano de

investimentos do governo JK

50 anos em 5 - Plano de Metas - Fonte: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Economia/PlanodeMetas

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Plano de Metas▪ O Plano de Metas mencionava cinco setores básicos

da economia, abrangendo várias metas cada um,para os quais os investimentos públicos e privadosdeveriam ser canalizados.

▪ Os setores que mais recursos receberam foramenergia, transportes e indústrias de base, num totalde 93% dos recursos alocados. Esse percentualdemonstra por si só que os outros dois setoresincluídos no plano, alimentação e educação, nãomereceram o mesmo tratamento dos primeiros.

▪ A construção de Brasília não integrava nenhum doscinco setores.

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4 - O PAEG, o Milagre Econômico e o II PND

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PAEG - Programa de Ação Econômica do GovernoFormulado para o triênio 1964 - 1966

O PAEG buscou adotar princípios liberais, baseando a economia nas leis do mercado. Não havia um plano global para a economia, apenas programas de ação coordenada pelo governo.

O Paeg foi fruto do trabalho dos ministros Roberto Campos e Otávio Gouvêa de Bulhões e buscava essencialmente:

• Reduzir o volume de dinheiro disponível na economia para frear a inflação;

• Nova fórmula salarial que conteria a elevação na massa monetária;

• Restrições ao crédito;

• Favorecimento das exportações (causando consumo fora do país) em detrimento das importações através da imposição de barreiras alfandegárias;

• Foi criado Banco Central;

• Teve relativo sucesso no controle da inflação: 34,5% em 1965 e 38,8% em 1966;Foi incapaz, porém de restaurar o crescimento econômico a altas taxas;

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PAEG - Programa de Ação Econômica do Governo

❑ O plano era menos intervencionista, porém: O governo passou de agente regulador do mercado, para um agente atuante tanto como produtor quanto como consumidor (em excesso).

❑ Foram criadas diversas estatais responsáveis, direta e indiretamente, pelo déficit orçamentário e pelas consequentes emissões de moeda, que exerceram pressões inflacionárias.

❑ Houve queda acentuada do consumo em virtude da redução de renda real, provocada pelo controle rigoroso dos salários e aumento concomitante da inflação.

❑ Para tentar movimentar a economia o governo gastou ainda mais, usando, para conseguir empréstimos e pagá-los a emissão de títulos e a tomada de mais empréstimos o que acentuou ainda mais o problema da inflação.

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PED - Programa Estratégico de Desenvolvimento (Milagre Econômico)

• Partindo de diagnósticos do Plano Decenal, em especial:

• Poucas possibilidades de crescimento das oportunidades de substituir importações;

• Alargamento demasiado do setor público na atividade econômica;

• O governo Castelo Branco criou um programa para o período 1968 -1970, o Programa Estratégico de Desenvolvimento, visava estimular o crescimento via: Fortalecimento do investimento capital privado e Consolidação da infraestrutura nacional.

• A partir de então o governo deveria:

• Programar investimentos em áreas estratégicas;

• Construir um conjunto de instrumentos financeiros e um instrumento de ação direta e indireta sobre o setor privado;

• As mudanças na macroeconomia advindas possibilitaram o chamado milagre econômico, período de forte crescimento no país: O PIB avançou em média 9,9% a.a. (Ipea ) contra 4,17% do Paeg.

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O Milagre Econômico

No início dos anos 70 a média anual de crescimento atingiu 11,9 %

As análises do plano detectaram que os investimentos privados dependiam das expectativas de crescimento acelerado da economia.

Assim o governo passou a agir para aumentar a demanda agregada (e o PIB), promovendo alguma distribuição de renda com a finalidade de incentivar o consumo interno e preservar a capacidade de poupança.

• O PED, embora tenha proposto um estilo mais liberal na economia, com regras compreensíveis e mais estáveis, não diminuiu a participação do estado na economia, quer como agente produtor, quer como agente consumidor.

• Mantiveram salários, preços, juros e lucros sob vigilância e ampliou os créditos relativos ao financiamento da dívida pública, gerando maior possibilidade de endividamento por parte do governo.

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6. Planos de Estabilização Econômica

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PLANO CRUZADOLançado em 28 de fevereiro de 1986 - presidente José Sarney (PMDB)

A principal marca foi o congelamento de preços. Alimentos, combustíveis,produtos de limpeza, serviços e até o dólar tiveram os preços tabelados pelogoverno. A moeda também mudou: abandonou-se o cruzeiro e adotou-se ocruzado (1.000 cruzeiros = 1 cruzado).

O plano foi concebido por economistas que mais tarde desenvolveriam o PlanoReal. O diagnóstico era que a inflação no país era inercial, ou seja, os preços eramreajustados tentando recompor a inflação passada, criando uma espiral deaumentos.

O congelamento seria um dos instrumentos para quebrar essa lógica. Acabousendo o único. Sem redução dos gastos do governo, a demanda cresceu e oconsumo explodiu. Em pouco tempo, passou a faltar produtos nos supermercadose o governo lançou mão até da desapropriação de bois no pasto para tentaratender o consumidor.

Expirou no segundo semestre de 1986.

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CRUZADO 2

Lançado em 22 de novembro de 1986 - Presidente José Sarney (PMDB)

Após vitória nas eleições estaduais, o governo anuncia ajustes no PlanoCruzado. A principal marca do Cruzado 2 foi a tentativa de controlar oconsumo e o déficit público, com o aumento de tarifas e de impostos.

Automóveis foram reajustados em 80%, o combustível, em 60% e aenergia elétrica, em 35%. Os demais preços continuariam congelados,mas a população já pagava ágio para comprar alguns itens que haviamsumido do mercado, como carne.

A tentativa de ajuste não duraria muito tempo.

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PLANO BRESSER

Lançado em 12 de junho de 1987 - Presidente José Sarney (PMDB)

O Plano Bresser faz novo congelamento de preços, dessa vez com validade de trêsmeses. Extingue o gatilho, criado no Cruzado, que aumentava os salários sempreque a inflação chegasse a 20%.

Desvaloriza, de imediato, a taxa de câmbio em 10%, com o objetivo de aumentaras exportações e obter receita em dólares, essenciais após a moratória da dívidaexterna, anunciada naquele ano.

O pacote previa ainda um corte no déficit público, que representava redução dedespesas, que não foi adiante.

Sem respaldo, o então ministro Luiz Carlos Bresser Pereira deixa o Ministério daFazenda em dezembro, com a inflação em 363%.

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PLANO VERÃO

Lançado em 16 de janeiro de 1989 - Presidente José Sarney (PMDB)

O governo Sarney anuncia o terceiro congelamento de preços, dessa vezcom prazo indefinido, e troca a moeda para o:

cruzado novo (1.000 cruzados = 1 cruzado novo)

Também eleva a taxa de juros e propõe corte de gastos do governo. Tentaeliminar a correção monetária extinguindo as OTNs (Obrigação doTesouro Nacional), porém em poucos meses, com a persistência daescalada da inflação, um novo índice de reajuste para contratos foi criado.

Aos poucos, os preços são descongelados e a inflação alcança 1.972% aofim do ano.

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PLANO COLLOR 1

Lançado em 16 de março de 1990 - Presidente Fernando Collor de Mello (PRN)

A moeda troca de nome e volta a se chamar cruzeiro, dessa vez sem corte de zeros.

A principal marca do plano foi o confisco das poupanças, contas

correntes e outros ativos financeiros.

O diagnóstico era que a inflação deveria ser contida com a limitação brusca derecursos em circulação na economia, com o corte de gastos do governo e dospoupadores. Preços são congelados, salários passam a ser corrigidos pela previsãode inflação do mês seguinte.

O governo anuncia ainda que facilitaria a entrada de importados. As medidaslevam a economia à retração e abatem a arrecadação de impostos do governo.

Ações na Justiça permitem a liberação parcial de recursos bancários e a inflaçãovolta a acelerar.

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PLANO COLLOR 2

Lançado em 31 de janeiro de 1991 - Presidente Fernando Collor de Mello (PRN)

Governo anuncia congelamento de preços e contenção de salários.Buscaria ainda medidas para incentivar a produção, afetada no Collor 1.

Para tentar desestimular a indexação, extingue o overnight (aplicações decurtíssimo prazo que tinham como objetivo preservar os investimentos dacorrosão da inflação).

Menos de um mês depois, empresários e trabalhadores já demonstraminsatisfação. Sem apoio político, governo não consegue levar adiante

plano e inflação chega ao fim do ano em 472%, com a economia em rota

de recessão.

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PLANO REAL

Lançado em 28 de fevereiro de 1994 - Presidente Itamar Franco (PMDB)

Feito em etapas, o plano começou com o lançamento da URV (Unidade

Real de Valor), uma transição até a completa adoção de uma nova moeda,

o real, que começaria a circular em 1º de julho.

Um ano antes, o governo já havia feito uma troca de moeda, cortandotrês zeros do cruzeiro e criando o cruzeiro real.

O real entra em vigor em 1º de julho de 1994 valendo 2.750 cruzeirosreais.

O diagnóstico do plano é o mesmo que embasou o Plano Cruzado, de quea raiz da inflação brasileira era inercial. Isto é, os reajustes tentavamrecompor as perdas da inflação passada, criando uma espiral deaumentos.

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PLANO REAL

Na primeira etapa, todos os preços da economia passaram a ser fixadosem URVs, que era corrigida diariamente. Depois, migraram para o real.

O alinhamento dos preços evitou o movimento de recomposição deperdas e derrubou a inflação já no primeiro mês.

O consumo foi contido com políticas de restrição ao crédito e, com aeconomia já mais aberta, importados supriram parte do mercado.

Sem congelamento ou choque, o plano foi considerado exitoso à época elevou à eleição, no primeiro turno, do então ministro da Fazenda,Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

“Tripé macroeconômico fez a diferença entre o Plano Real e as demais tentativas fracassadas”

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