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PENSANDO COMO UM ECONOMISTACada campo de estudos tem sua prpria linguagem e sua prpria maneira de pensar. Os matemticos falam de axiomas, integrais e espaos vetoriais. Os psiclogos falam de ego, id e dissonncia cognitiva. Os advogados falam de comarcas e delitos contratuais. A economia no diferente. Oferta, demanda, elasticidade, vantagem comparativa, excedente do consumidor, peso morto esses termos so parte da linguagem dos economistas. Nos prximos captulos do livro, voc encontrar muitos termos novos e algumas palavras comuns que os economistas usam de maneira especializada. primeira vista, essa nova linguagem pode parecer desnecessariamente enigmtica. Mas, como voc ver, ela tem valor por proporcionar uma maneira nova e til de pensar sobre o mundo em que vivemos. O principal objetivo deste livro ajudar voc a aprender a maneira de pensar do economista. claro que assim como ningum se toma um matemtico, psiclogo ou advogado da noite para o dia, aprender a pensar como um economista leva algum tempo. Mas, com uma combinao de teoria, estudos de caso e exemplos de economia nas notcias, este livro oferece uma excelente oportunidade para o desenvolvimento e para a prtica dessa habilidade. Antes de entrarmos na substncia e nos detalhes da teoria econmica, ser bom ter uma viso geral de como os economistas encaram o mundo. Este captulo, portanto, discute a metodologia utilizada no campo da economia. O que distingue a maneira como os economistas enfrentam um problema qualquer? O que significa pensar como um economista?

O ECONOMISTA COMO CIENTISTA Os economistas procuram abordar seu campo de estudo com a objetividade de cientistas. Estudam a economia da mesma forma como um fsico estuda a matria e um bilogo estuda a vida: eles desenvolvem teorias, colhem dados e ento analisam esses dados para confirmar ou refutar suas teorias. Para os iniciantes, pode parecer estranho afirmar que a economia uma cincia. Afinal de contas, os economistas no trabalham com tubos de ensaio nem telescpios. Mas a essncia da cincia o mtodo cientfico - o desenvolvimento e o teste imparcial de teorias sobre como funciona o mundo. Esse mtodo de investigao aplica-se tanto ao estudo da economia de um pas quanto ao estudo da gravidade da Terra ou da evoluo das espcies. Como disse Albert Einstein, "A Cincia nada mais do que o refinamento do pensamento cotidiano".Embora o comentrio de Einstein seja verdadeiro tanto para as 'cincias sociais, como a economia, quanto para as cincias naturais, como a fsica, a maioria das pessoas no est habituada a enxergar a sociedade com os olhos de um cientista. Assim sendo, vamos discutir algumas das maneiras pelas quais os economistas aplicam a lgica da cincia para examinar como uma economia funciona.

Eu sou um cientista social, Michael Isso quer dizer que eu no sei explicar nado sobre eletricidade ou coisas desse tipo. Mas, se voc quiser saber algo a respeito de pessoas, eu sou a pessoa de que voc precisa.

O MTODO CIENTFICO: OBSERVAO, TEORIA E MAIS OBSERVAO Segundo a lenda, Isaac Newton, o famoso dentista e matemtico do sculo XVII, ficou intrigado um dia ao ver uma ma cair da rvore. A observao disso o levou a desenvolver uma teoria da gravidade que se aplica no s a uma ma que cai no cho como tambm a quaisquer dos objetos no universo. Testes posteriores da teoria de Newton demonstraram que ela funciona muito bem em diversas circunstncias (embora, como mais tarde observaria Einstein, no em todas). Por ter sido muito bem-sucedida para explicar observaes, a teoria de Newton at hoje ensinada em cursos de fsica em todo o mundo. Essa interao entre teoria e observao tambm ocorre no campo da economia. Um economista poderia viver em um pas que passa por rpidos aumentos de preos e ser levado por essa observao a desenvolver uma teoria da inflao. A teoria poderia afirmar que a inflao elevada surge quando o governo emite muita moeda (como voc deve se lembrar; esse um dos Dez Princpios de Economia discutidos no Captulo 1). Para testar essa teoria, o economista poderia colher e analisar dados sobre preos e moedas em diferentes pases. Se o aumento na quantidade de moeda no estivesse relacionado com a taxa de crescimento dos preos, o economista comearia a duvidar da validade de sua teoria da inflao. Se o aumento na quantidade de moeda e a inflao estivessem fortemente correlacionados nos dados internacionais, como de fato ocorre, o economista passaria a confiar mais em sua teoria. Embora os economistas usem a teoria e a observao da mesma maneira que os outros cientistas, eles enfrentam um obstculo que torna sua tarefa especialmente difcil: experimentos em economia frequentemente so difceis. Os fsicos que estudam a gravidade podem deixar cair quantos objetos quiserem em seus laboratrios para gerar dados para testar suas teorias. Em comparao, os economistas que estudam a inflao no podem manipular a poltica monetria de um pas simplesmente para gerar dados teis. Os economistas, assim como os astrnomos e bilogos que estudam a evoluo, em geral tm de se satisfazer com quaisquer dados que o mundo possa dar a eles. Para encontrar um substituto para os experimentos em laboratrio, os economistas prestam muita ateno aos experimentos naturais que a Histria oferece. Por exemplo, quando uma guerra no Oriente Mdio interrompe o fluxo de petrleo, os preos dessa mercadoria explodem em todo o mundo. Para os consumidores de petrleo e derivados, isso diminui o padro de vida. Para os formuladores de polticas econmicas, representa uma escolha difcil quanto melhor forma de reagir. Mas, para os cientistas econmicos, oferece uma oportunidade para estudar os impactos de um recurso natural essencial sobre as economias do mundo e essa oportunidade persiste por muito tempo depois de terminado o aumento dos preos do petrleo. No decorrer do livro, portanto, trataremos de muitos episdios histricos, os quais so importantes para o estudo porque permitem ver como a economia funcionou no passado e, o que mais importante, ilustrar e avaliar as teorias econmicas do presente.

O PAPEL DAS HIPTESESSe voc perguntar a uma fsica quanto tempo levaria para uma bolinha de gude cair do alto de um edifcio de dez andares, ela responder a questo supondo que a bolinha cai no vcuo. Naturalmente, essa suposio falsa. Na verdade, o edifcio est cercado de ar, cujo atrito sobre a bolinha em queda reduz sua velocidade. Mas a fsica esclarecer, corretamente, que o atrito sobre a bolinha to pequeno que seu efeito insignificante. Admitir que a bolinha cai no vcuo simplifica em muito o problema sem afetar substancialmente a resposta.Os economistas adotam hipteses pelo mesmo motivo: elas so capazes de simplificar o mundo complexo em que vivemos e torn-lo mais fcil de entender. Para estudarmos os efeitos do comrcio internacional, por exemplo, podemos supor que o mundo consiste em apenas dois pases e que cada um deles produz apenas dois bens. claro que o mundo real consiste em inmeros pases, cada um dos quais produzindo milhares de diferentes tipos de bens. Mas, adotando a hiptese de dois pases e dois bens, podemos concentrar mais nosso pensamento. Uma vez que tenhamos entendido o comrcio internacional num mundo imaginrio com dois pases e dois bens, estaremos em melhores condies de entender o comrcio internacional no mundo mais complexo em que vivemos. A arte do pensamento cientfico seja em fsica, biologia ou economia est em decidir quais hipteses adotar. Suponhamos, por exemplo, que deixamos cair do alto do edifcio uma bola de praia em vez de uma bolinha de gude. A nossa fsica consideraria que a hiptese de ausncia de atrito no mais to adequada: o atrito exerce muito mais fora sobre a bola de praia do que sobre a bolinha de gude porque a bola de praia muito maior. A hiptese de que a gravidade opera no vcuo razovel para estudar a queda de uma bolinha de gude, mas no de uma bola de praia. Da mesma forma, os economistas usam diferentes hipteses para responder a diferentes questes. Suponhamos que queiramos estudar o que acontece com a economia quando o governo muda a quantidade de dlares em circulao. Uma parte importante dessa anlise, como veremos, a maneira como os preos reagem. Muitos dos preos da economia s mudam raramente; o preo das revistas, por exemplo, leva vrios anos para mudar. O conhecimento desse fato pode nos levar a formular diferentes hipteses ao estudar os efeitos da mudana da poltica em diferentes horizontes de tempo. Para estudarmos os efeitos de curto prazo da poltica, podemos supor que os preos mudam pouco. Podemos at formular uma hiptese extrema e artificial de que todos os preos so completamente fixos. Para estudar os efeitos de longo prazo da poltica, entretanto, podemos supor que todos os preos sejam completamente flexveis. Assim como um fsico usa diferentes hipteses para estudar a queda de bolinhas-de gude e de bolas de praia, os economistas usam diferentes hipteses para estudar os efeitos de curto prazo e de longo prazo decorrentes de uma mudana na quantidade de moeda.

MODELOS ECONMICOS Os professores de biologia do ensino mdio ensinam anatomia bsica com rplicas plsticas do corpo humano. Esses modelos apresentam todos os principais rgos o corao, o fgado, os rins e assim por diante e permitem que os professores mostrem para seus alunos, de uma maneira simples, como as principais partes do corpo encaixam-se umas nas outras. Mas bvio que esses modelos de plstico no so corpos humanos de verdade e ningum os confundiria com uma pessoa. Os modelos so estilizados e omitem muitos detalhes. Mas, apesar dessa falta de realismo e, na verdade, por causa dessa falta de realismo estudar os modelos til para aprender como funciona o corpo humano. Os economistas tambm usam modelos para aprender sobre o mundo, mas em vez de serem feitos de plstico, os modelos dos economistas so geralmente compostos de diagramas e equaes. Como o modelo de plstico dos professores de biologia, os modelos econmicos omitem muitos detalhes para permitir que vejamos o que realmente importa. Assim como o modelo do professor de biologia no mostra todos os msculos e vasos capilares do corpo, os modelos dos economistas no incluem todas as caractersticas da economia.Ao usarmos modelos para examinar diversas questes econmicas ao longo do livro, voc ver que todos eles so construdos com hipteses. Da mesma maneira que um fsico inicia a anlise de uma bolinha de gude em queda supondo que no haja atrito, os economistas adotam hipteses para muitos dos detalhes da economia que so irrelevantes para o estudo da questo analisada. Todos os modelos em fsica, biologia ou economia simplificam a realidade para que possamos compreend-la melhor. Nosso Primeiro Modelo: O Diagrama do Fluxo Circular A economia consiste em milhes de pessoas envolvidas em muitas atividades comprar, vender, trabalhar, contratar, fabricar etc. Para entendermos como a economia funciona, precisamos encontrar alguma maneira de simplificar nosso pensamento sobre todas essas atividades. Em outras palavras, precisamos de um modelo que explique, em termos gerais, como a economia est organizada e como seus participantes interagem uns com os outros. A Figura 1 apresenta um modelo visual da economia chamado diagrama do fluxo circular. Nesse modelo, a economia simplificada para incluir apenas dois tipos de tomadores de decises: famlias e empresas. As empresas produzem bens e servios usando insumos, como trabalho, terra e capital (prdios e mquinas), os quais so chamados fatores de produo. As famlias so proprietrias dos fatores de produo e consomem todos os bens e servios que as empresas produzem.Diagrama do fluxo circular: um modelo visual da economia que mostra como os dlares circulam pelos mercados entre as famlias e as empresa

O Fluxo CircularEste diagrama uma representao esquemtica da organizao da economia. As decises so tomadas por famlias e empresas. As famlias e as empresas interagem nos mercados de bens e servios (em que as famlias so compradoras e as empresas, so vendedoras) e nos mercados de fatores de produo (em que as empresas so compradoras e as famlias vendedoras), O conjunto externo de setas representa o fluxo de dinheiro (dlares) e o conjunto interno representa o fluxo correspondente de insumos e produtos.As famlias e as empresas interagem em dois tipos de mercado. Nos mercados de bens e servios, as famlias so compradoras e as empresas, vendedoras. Mais especificamente, as famlias compram os bens e servios que as empresas produzem. Nos mercados de fatores de produo, as famlias so vendedoras e as empresas, compradoras. Nesses mercados, as famlias fornecem os insumos que as empresas usam para produzir bens e servios. O diagrama do fluxo circular oferece uma maneira simples de organizar todas as transaes econmicas que ocorrem entre as famlias e as empresas na economia. O conjunto interno de flechas do diagrama de fluxo circular representa o fluxo de insumos e produtos. As famlias vendem o uso de seu trabalho, terra e capital para as empresas nos mercados de fatores de produo. As empresas ento utilizam esses fatores para produzir bens e servios, que so vendidos s famlias nos mercados de bens e servios. Assim, os fatores de produo fluem das famlias para as empresas, e os bens e servios fluem das empresas para as famlias.O conjunto externo de flechas do diagrama representa o fluxo dlares. As famlias gastam dinheiro para comprar bens e servios das empresas. As empresas usam parte da receita dessas vendas para pagar pelos fatores de produo, como o salrio de seus trabalhadores. O que sobra o lucro dos proprietrios da empresa, que so tambm membros das famlias. Assim, a despesa com bens e servios flui das famlias para as empresas, e a renda, na forma de salrios, aluguis e lucro, flui das empresas para as famlias.Vamos dar uma volta pelo fluxo circular, acompanhando o caminho que faz uma nota ao passar de pessoa para pessoa na economia. Vamos imaginar que a nota comece numa famlia; dentro da sua carteira, digamos. Se voc quer comprar uma xcara de caf, leva sua nota a um dos mercados de bens e servios da economia, por exemplo o Frases Caf mais prximo. Ali, voc a gasta em sua bebida predileta. Ao entrar na caixa registradora da loja, a nota vira receita da empresa. Entretanto, o dinheiro no fica muito tempo no Frases Caf porque a empresa o usa para comprar insumos nos mercados de fatores de produo. Por exemplo, o Frases Caf pode usar a nota para pagar o aluguel ao locador em troca do espao que utiliza ou para pagar o salrio de seus trabalhadores. Seja como for, o dinheiro entra para a renda de alguma famlia e volta carteira de algum. Nesse ponto, a histria do fluxo circular da economia recomea. O diagrama do fluxo circular da Figura 1 um modelo simples da economia. Ele desconsidera detalhes que so importantes em alguns casos. Um modelo de fluxo circular mais complexo e realista incluiria, por exemplo, os papis representados pelo governo e pelo comrcio internacional. Mas esses detalhes no so cruciais para um entendimento bsico de como a economia est organizada. Por causa de sua simplicidade, til ter em mente o diagrama do fluxo circular ao pensar sobre como os componentes da economia se encaixam.

NOSSO SEGUNDO MODELO: A FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUO Diferentemente do que se d com o diagrama do fluxo circular, a maioria dos modelos econmicos se constri com as ferramentas da matemtica. Trataremos agora do mais simples deles, chamado fronteira das possibilidades de produo, e veremos como ele ilustra algumas ideias econmicas bsicas. Embora as economias reais produzam milhares de bens e servios, vamos imaginar uma economia que produza apenas dois bens: carros e computadores. Juntas, a indstria de carros e a de computadores usam todos os fatores de produo da economia. A fronteira de possibilidades de produo um grfico que mostra as diversas combinaes de produo neste caso, entre carros e computadores queFronteira de possibilidades de produo um grfico que mostra as combinaes de produto que a economia tem possibilidade de produzir dados os fatores de produo e a tecnologia de produo disponveis.A economia pode produzir dados os fatores de produo e a tecnologia produtiva disponveis que as entes usar para es fatores em produto. A Figura 2 um exemplo de fronteira de possibilidades de produo. Nessa economia, se todos os recursos fossem usados na produo de carros, a economia produziria mil carros e nenhum computador. Se todos os recursos fossem usados pela indstria de computadores, a economia produziria 3 mil computadores e nenhum carro. Os dois pontos finais da fronteira de possibilidades de produo representam essas possibilidades extremas. Se a economia dividisse seus recursos entre as duas indstrias, poderia produzir 700 carros e 2 mil computadores, o que representado na figura pelo ponto A. Por outro lado, o resultado do ponto D impossvel porque os recursos so escassos: a economia no tem fatores de produo suficientes para sustentar esse nvel de produo. Em outras palavras, a economia pode produzir em qualquer ponto na fronteira de possibilidades de produo ou dentro dela, mas no fora dela. Um resultado chamado de eficiente se a economia est obtendo tudo o que pode dos recursos escassos que tem disposio. Pontos na fronteira de possibilidades de produo (e no dentro dela) representam nveis eficientes de produo. Quando a economia produz num ponto na fronteira, como o ponto A, por exemplo, no h como produzir uma quantidade maior de um bem sem reduzir a produo do outro. O ponto B representa um resultado ineficiente. Por algum motivo, talvez um alto nvel de desemprego, a economia est produzindo menos do que poderia a partir dos recursos disponveis: ela est produzindo apenas 300 carros e mil computadores. Se fosse eliminada a fonte de ineficincia, a economia poderia passar do ponto B para o ponto A, aumentando a produo tanto de carros (para 700kquanto de computadores (para 2 mil).

Um dos Dez Princpios de Economia que discutimos no Captulo 1 o de que as pessoas enfrentam trade-os. A fronteira de possibilidades de produo mostra um trade off que a sociedade enfrenta. Uma vez que tenhamos atingido os pontos de eficincia na fronteira a nica maneira de obter mais de um bem obtendo menos do outro. Quando a economia se move do ponto A para o ponto C, por exemplo, a sociedade produz mais computadores, mas custa de uma produo menor de carros.Outro dos Dez Princpios de Economia o de que o custo de uma coisa aquilo de que desistimos para obt-la. A isso chamamos custo de oportunidade. A fronteira de possibilidades de produo mostra que o custo de oportunidade de um bem medido em termos do outro. Quando a sociedade realoca alguns fatores de produo da indstria de carros para a indstria de computadores, movendo a economia do ponto A para o ponto C, abre mo de 100 carros para obter 200 computadores a mais. Em outras palavras, quando a economia est no ponto A, o custo de oportunidade de 200 computadores 100 carros. Observe que a fronteira de possibilidades de produo da Figura 2 curva-se para fora. Isso significa que o custo de oportunidade dos carros em termos de computadores depende de quanto de cada bem a economia est produzindo. Quando a economia usa a maioria de seus recursos para produzir carros, a fronteira de possibilidades de produo bastante ngreme. Como at mesmo os trabalhadores e mquinas mais bem adaptados produo de computadores esto sendo usados para produzir carros, a economia obtm um aumento substancial no nmero de computadores para cada carro que deixa de produzir. Por outro lado, quando a economia est usando a maior parte dos seus recursos para produzir computadores, a fronteira de possibilidades de produo quase horizontal. Neste caso, os recursos mais adequados para a produo de computadores j se encontra na indstria de computadores, e cada carro de que a economia desiste resulta apenas num aumento pequeno no nmero de computadores. A fronteira de possibilidades de produo mostra o trade off entre a produo de diferentes bens num dado momento, mas o trade off pode mudar ao longo do tempo. Por exemplo, se um avano tecnolgico na indstria de computadores aumentar o nmero de computadores que um trabalhador capaz de produzir em uma semana, a economia poder fabricar mais computadores para um dado nmero de carros. Como resultado, a fronteira de possibilidades de produo se desloca para fora, como na Figura 3. Por causa desse crescimento econmico, a sociedade pode deslocar sua produo do ponto A para o ponto E, desfrutando demais computadores e mais carros. A fronteira de possibilidades de produo simplifica uma economia complexa para destacar e esclarecer algumas ideias bsicas. Ns a utilizamos para ilustrar alguns dos conceitos mencionados brevemente no Captulo 1: escassez eficincia, trade-os, custo de oportunidade e crescimento econmico. medida que avanarmos no nosso estudo de economia, essas ideias surgiro novamente sob diversas formas. A fronteira de possibilidades de produo nos oferece uma maneira simples de pensar nelas.

MICROECONOMIA E MACROECONOMIA Muitos assuntos so estudados em diferentes nveis. Consideremos a biologia, por exemplo. Os bilogos moleculares estudam os compostos qumicos que compem os seres vivos. Os bilogos celulares estudam as clulas, que so feitas de muitos compostos qumicos e so, ao mesmo tempo, os elementos que compem os organismos vivos. Os bilogos evolutivos estudam as muitas variedades de plantas e animais e como as espcies mudam gradualmente com o passar dos sculos. A economia tambm estudada em diversos nveis. Podemos estudar as decises de famlias ou empresas tomadas individualmente. Ou a interao entre famlias e empresas nos mercados de bens e servios especficos. Ou a operao de toda a economia, que apenas a soma das atividades de todos os tomadores de decises em todos os mercados.

O campo da economia divide-se tradicionalmente em dois amplos subcampos. A microeconomia o estudo de como as famlias e empresas tomam decises e de como elas interagem em mercados especficos. A macroeconomia o estudo de fenmenos que englobam toda a economia. Uni microeconomista pode estudar os efeitos do controle de aluguis sobre os mveis residenciais na cidade de Nova York, o impacto da competio estrangeira sobre a indstria automobilstica dos Estados Unidos ou os efeitos da frequncia escolar obrigatria sobre os ganhos dos trabalhadores. Um macroeconomista pode estudar os efeitos de emprstimos feitos pelo governo federal, as mudanas da taxa de desemprego ao longo do tempo ou polticas alternativas para promover a elevao do padro de vida nacional. A microeconomia e a macroeconomia esto intimamente ligadas. Como as mudanas na economia resultam das decises de milhes de pessoas, impossvel entender os desdobramentos macroeconmicos sem considerar as decises microeconmicas a eles associadas. Por exemplo, um macroeconomista pode estudar os efeitos de um corte no imposto de renda sobre a produo geral de bens e servios. Para analisar essa questo, ele precisa levar em considerao a maneira pela qual o corte de impostos afeta as decises das famlias sobre quanto gastar em bens e servios. Apesar da ligao inerente entre microeconomia e macroeconomia, os dois campos so distintos. Na economia, assim como na biologia, pode parecer natural partir da menor unidade. Entretanto, isso no necessrio e nem sempre a melhor maneira de agir. A biologia evolutiva foi, de certa forma, construda a partir da biologia molecular, uma vez que as espcies so feitas de molculas. Mas a biologia molecular e a biologia evolutiva so campos separados, cada um com suas prprias questes e seus prprios mtodos. Da mesma forma, como a microeconomia e a macroeconomia tratam de questes diferentes, elas por vezes adotam abordagens bem diferentes e frequentemente so ensinadas em cursos separados.Microeconomia: o estudo de como as famlias e empresas tomam decises e de como interagem nos mercados.Macroeconomia: o estudo dos fenmenos da economia como um todo, incluindo inflao, desemprego e crescimento econmico.Teste Rpido: Em que sentido a economia uma cincia? Desenhe uma fronteira de possibilidades de produo de uma sociedade que produz alimentos e roupas. Indique um ponto de eficincia, um ponto de ineficincia e um ponto impossvel de ser atingido. Mostre os efeitos de uma seca na fronteira de possibilidades de produo. Defina microeconomia e macroeconomia.

O ECONOMISTA COMO CONSELHEIRO DE POLTICAS Muitas vezes pede-se que os economistas expliquem as causas de acontecimentos econmicos. Por que, por exemplo, o desemprego entre adolescentes maior do que entre trabalhadores mais velhos? s vezes solicita-se que os economistas recomendem polticas que melhorem os resultados da economia. O que, por exemplo, o governo deveria fazer para melhorar o bem-estar econmico dos adolescentes? Quando tentam explicar o mundo, os economistas so cientistas. Quando tentam ajudar a melhorar a situao, so conselheiros polticos. Anlise Positiva versus Anlise Normativa Para ajudar a esclarecer os dois papis que os economistas desempenham, comearemos examinando o uso da linguagem. Como cientistas e conselheiros polticos tm objetivos diferentes, usam a linguagem de maneiras diferentes. Por exemplo, suponhamos que duas pessoas estejam discutindo a respeito do salrio mnimo. Eis duas afirmativas que poderamos ouvir delas: POLLY: O salrio mnimo causa desemprego. NORMA: O governo deveria aumentar o salrio mnimo. Ignorando, por enquanto, se voc concorda com essas afirmaes ou discorda delas, observe que a Pol. e a Norma diferem quanto ao que esto tentando fazer. Pol. fala como cientista: ela est fazendo uma declarao sobre a maneira como o mundo funciona. Norma fala como conselheira poltica: ela faz uma declarao sobre como gostaria de mudar o mundo. Em geral, as declaraes a respeito do mundo so de dois tipos. Um tipo, como o de Pol., positivo. Declaraes positivas so descritivas; so afirmaes a respeito de como o mundo . O segundo tipo de declarao, como o de Norma, normativo. Declaraes normativas so prescritivas; tratam de como o mundo deveria ser. Uma diferena fundamental entre as declaraes positivas e as normativas est em como julgamos sua validade. Podemos, em princpio, confirmar ou refutar as afirmaes positivas por meio do exame de evidncias. Um economista poderia avaliar a declarao de Pol. analisando dados sobre as variaes no salrio mnimo e no desemprego ao longo do tempo. Em comparao, avaliar declaraes normativas envolve tanto valores quanto fatos. A declarao de Norma no pode ser julgada apenas com a utilizao de dados. Decidir o que uma boa ou uma m poltica no meramente uma questo cientfica; envolve tambm nossa viso sobre tica, religio e filosofia poltica. claro que as declaraes positivas e as normativas podem estar relacionadas. Nossas vises positivas sobre como o mundo funciona afetam nossas opinies normativas sobre que polticas so desejveis. A declarao de Pol. de que o salrio mnimo causa desemprego, se verdadeira, poderia nos levar a rejeitar a concluso de Norma de que o governo deveria aumentar o salrio mnimo. Contudo, nossas concluses normativas no podem vir apenas da anlise positiva: elas tambm envolvem tanto anlises positivas quanto julgamentos de valor.

Declaraes positivas: declaraes que tentam descrever o mundo como ele .Declaraes normativas: declaraes que tentam prescrever como o mundo deveria ser.Ao estudar economia, tenha sempre em mente a distino entre declaraes positivas e normativas. Grande parte da teoria econmica apenas tenta explicar como a economia funciona. No entanto, o objetivo da teoria econmica , muitas vezes, melhorar a maneira como a economia funciona. Quando voc escuta economistas fazendo declaraes normativas, saiba que eles cruzaram a linha, passando de cientistas a conselheiros polticos. Economistas em Washington O presidente Harry Truman disse, uma vez, que gostaria de encontrar um economista que tivesse um s brao. Quando pedia conselhos aos seus economistas, eles sempre respondiam: "Por um lado...' Por outro lado...". Truman estava certo ao perceber que os conselhos dos economistas nem sempre so diretos. Essa tendncia est enraizada em um dos Dez Princpios de Economia do Captulo 1: as pessoas enfrentam trade-os. Os economistas esto cientes de que trade-os esto includos na maioria das decises polticas. Uma poltica pode aumentar a eficincia ao custo da equidade. Pode ajudar geraes futuras em detrimento das geraes atuais. Um economista que diz que todas as decises polticas so fceis no um economista confivel. Truman tambm no foi o nico presidente a confiar em conselhos de economistas. Desde 1946, o presidente dos Estados Unidos orientado pelo Concilia off Econmicas Advier (Conselho de Assessores Econmicos) que consiste em trs membros e uma equipe composta de dezenas de economistas. O conselho, cujo escritrio fica a apenas alguns metros da Casa Branca, no tem outra obrigao a no ser assessorar o presidente e escrever anualmente o Econmica Report. off lhe Presidente. O presidente tambm recebe insumos de economistas de muitos departamentos administrativos. Os economistas do Departamento do Tesouro ajudam a formular a poltica tributria. Os economistas do Departamento do Trabalho analisam dados sobre os trabalhadores e sobre as pessoas que esto procurando emprego, com o objetivo de ajudar na formulao de polticas para o mercado de trabalho. Os economistas do Departamento de Justia ajudam a aplicar as leis antitruste do pas. Tambm h economistas no governo que no pertencem ao Poder Executivo. Para obter avaliaes independentes das polticas propostas, o Congresso assessorado pelo Escritrio de Oramento do Congresso, composto de economistas. O Federal Reserve, a instituio que estabelece a poltica monetria do pas, emprega centenas de economistas para analisar o desenvolvimento da economia nos Estados Unidos e em todo o mundo. A Tabela 1 aponta os sites de alguns desses rgos na Internet.

1. NRT. A traduo foi feita da expresso: no lhe onde and... no lhe obter and...", em que and. significa mo, da o trocadilho com a palavra "brao". Mas o sentido da expresso em ingls tal qual traduzido acima.

A influncia dos economistas sobre a poltica vai alm de sua funo como conselheiros: suas pesquisas e textos muitas vezes afetam indiretamente a poltica. O economista John Maynard Keynes fez a seguinte observao: As ideias dos economistas e dos filsofos polticos, tanto quando eles esto certos quanto quando eles esto errados, so mais poderosas do que geralmente se entende. Na verdade, o mundo regido por pouca coisa mais. Homens prticos, que se acreditam isentos de influncias intelectuais so geralmente escravos de algum economista defunto. Os loucos em posies de comando, que ouvem vozes no ar, destilam seu frenesi a partir de algum escriba acadmico de poucos anos atrs.Embora essas palavras tenham sido escritas em 1935, ainda hoje so verdadeiras. Na realidade, o "escriba acadmico" que hoje influencia a poltica pblica quase sempre o prprio Keynes. Teste Rpido D um exemplo de declarao positiva e um exemplo de declarao normativa. Aponte trs rgos do governo que sejam regularmente assessorados por economistas.

POR QUE OS ECONOMISTAS DIVERGEM"Se todos os economistas fossem colocados lado a lado, no chegariam a nenhuma concluso." Esse gracejo de George Bernard Shaw revelador. Os economistas, como um grupo, frequentemente so criticados por dar conselhos conflitantes aos formuladores de polticas. O presidente Ronald Reagan uma vez brincou dizendo que se o jogo Trivial Pursuit2 tivesse sido criado por economistas, teria cem perguntas e 3 mil respostas. Por que os economistas aparecem to frequentemente dando conselhos conflitantes aos formuladores de polticas? H dois motivos bsicos: Os economistas podem discordar quanto validade de teorias positivas alternativas sobre o funcionamento do mundo. Os economistas podem ter valores diferentes e, portanto, vises normativas diferentes sobre que polticas devem ser realizadas. Vamos discutir cada um desses motivos. Divergncias quanto ao Julgamento Cientfico H muitos sculos, os astrnomos debatiam se a Terra ou o Sol seriam o centro do sistema solar. Mais recentemente, os meteorologistas tm discutido se a Terra est passando por um aquecimento global e, em caso positivo, o porqu disso. A cincia a busca pela compreenso do mundo que nos cerca. No de surpreender que, medida que a busca continua, os cientistas podem divergir quanto direo em que a verdade se encontra. Os economistas frequentemente divergem pelo mesmo motivo. A economia uma cincia jovem e ainda h muito a aprender. Os economistas s vezes divergem porque tm palpites diferentes sobre a validade de teorias alternativas ou sobre a magnitude de parmetros importantes. Por exemplo, os economistas divergem sobre se o goivemos deveria cobrar impostos sobre a renda das famlias ou sobre o seu consumo (despesas). Os que defendem uma mudana do atual imposto de renda para um imposto sobre o consumo acreditam que a mudana incentivar as famlias a poupar mais porque a renda poupada seria isenta de impostos. Poupanas maiores, por sua vez, levariam a um rpido 2. NE: trata-se de um jogo de perguntas e respostas, semelhante ao nosso Master, por exemplo.Crescimento da produtividade e dos padres de vida. Os que defendem a tributao sobre a renda corrente acreditam que a poupana das famlias no responderia muito a mudanas nas leis tributrias. Esses dois grupos de economistas tm diferentes opinies normativas sobre o sistema tributrio porque tem diferentes opinies positivas a respeito do grau de resposta da poupana aos incentivos tributrios. DIVERGNCIAS QUANTO A VALORES Vamos supor que Pedro e Paulo retirem a mesma quantidade de gua do poo de sua cidade. Para pagar pela manuteno do poo, a cidade cobra um imposto de seus moradores. Pedro tem uma renda de US$ 50.000 e taxado em US$ 5.000, ou 10% de sua renda. Paulo tem uma renda de US$ 10.000 e taxado em US$ 2.000, ou 20% de sua renda. Essa poltica justa? Se no , quem paga muito e quem paga pouco? Faz alguma diferena se a baixa renda de Paul decorre de algum problema mdico ou da sua deciso de seguir a carreira de ator? Faz diferena se a alta renda de Pedro se deve a uma grande herana ou a sua disposio para trabalhar muitas horas num emprego fatigante? Essas so questes difceis sobre as quais as pessoas provavelmente discordam. Se a cidade contratasse dois especialistas para estudar como deveria taxar os moradores para pagar pelo poo, no seria surpreendente que eles oferecessem conselhos conflitantes. Este exemplo simples mostra por que os economistas s vezes divergem a respeito de polticas pblicas. Como vimos anteriormente, durante nossa discusso sobre anlise positiva e anlise normativa, as polticas no podem ser julgadas somente com base na cincia. Algumas vezes os economistas podem dar conselhos conflitantes porque tm valores diferentes. Aperfeioar a cincia econmica no vai nos dizer se Pedro ou Paulo quem est pagando demais.

PERCEPO E REALIDADEPercepo e Realidade Como existem diferenas de julgamento cientfico e diferenas de valores, inevitvel que haja divergncia entre os economistas. Mas no devemos exagerar o grau dessa divergncia; em muitos casos, os economistas tm opinies semelhantes. A Tabela 2 contm dez proposies de poltica econmica. Numa pesquisa com economistas do mundo dos negcios, do governo e do corpo docente de universidades, essas proposies foram endossadas pela esmagadora maioria dos entrevistados. A maior parte delas no receberia o mesmo apoio consensual do pblico em geral. A primeira se refere ao controle dos aluguis. Por motivos de que trataremos adiante, quase todos os economistas acreditam que o controle dos aluguis afeta de forma negativa a disponibilidade e a qualidade da moradia e que essa uma forma muito dispendiosa de ajudar os membros mais necessitados da sociedade. Ainda assim, muitos governos locais optam por ignorar as advertncias dos economistas e estabelecem tetos para os aluguis que os proprietrios podem cobrar de seus inquilinos. A segunda proposio da tabela refere-se a tarifas e cotas de importao, duas polticas que restringem o comrcio entre as naes. Por motivos que discutiremos em outros captulos, quase todos os economistas se opem a essas barreiras ao livre comrcio. Todavia, ao longo dos anos, o presidente e o Congresso optaram por restringir a importao de determinados bens. Em 2002, por exemplo, o governo Bush imps pesadas tarifas sobre o ao para proteger os produtores de ao domsticos da competio estrangeira. Neste caso, os economistas foram consistentes em seu aconselhamento, mas os formuladores de polticas optaram por ignor-los.

Por que polticas como o controle de aluguis e as barreiras comerciais persistem se os especialistas esto unidos contra elas? Talvez porque os economistas ainda no tenham convencido o pblico em geral de que elas so indesejveis. Um dos objetivos deste livro fazer com que voc entenda a viso que os economistas tm destes e de outros temas e, talvez, convenc-lo de que essa a viso correta. Teste Rpido - Por que os conselheiros econmicos da presidncia podem divergir quanto a questes de poltica econmica?

VAMOS EM FRENTE Os dois primeiros captulos do livro apresentaram a voc as ideias e os mtodos da economia. Agora estamos prontos para trabalhar. No prximo captulo, comearemos a aprender em maiores detalhes os princpios do comportamento econmico e da poltica econmica. Ao avanar pelo livro, voc precisar explorar muitas das suas habilidades intelectuais. Pode lhe ser til ter em mente um conselho do grande economista John Maynard Keynes: O estudo da economia no parece exigir talentos especializados de grau mais elevado do que o normal. No . um assunto fcil se comparado com a filosofia ou a cincia pura? Uma disciplina fcil em que bem poucos se sobressaem! O paradoxo pode ser explicado talvez pelo fato de que o especialista em economia deve possuir uma combinao rara de dons. Deve ser matemtico, historiador, estadista, filsofo em certa medida. Deve compreender smbolos e falar por meio de palavras. Deve contemplar o particular em termos do geral e abordar o abstrato e o concreto em uma s linha de pensamento. Deve estudar o presente luz do passado com a inteno de compreender o futuro. Nenhuma parte da natureza do homem ou das suas instituies deve ficar inteiramente fora de sua ateno. Deve ser ao mesmo tempo determinado e desinteressado, to distante e incorruptvel quanto um artista, mas, por vezes, to prximo da terra quanto um poltico. um grande encargo, mas, com prtica, voc se sentir cada vez mais habituado a pensar como um economista.

RESUMO Os economistas tentam abordar sua disciplina com a objetividade dos cientistas. Como todos os cientistas, eles formulam hipteses apropriadas e constroem modelos simplificados para entender o mundo que os cerca. Dois modelos econmicos simples so o diagrama do fluxo circular e a fronteira de possibilidades de produo. O campo da economia se divide em dois subcampos: a microeconomia e a macroeconomia. Os microeconomistas estudam a tomada de decises pelas famlias pelas empresas e a inteno entre famlias e empresas no mercado. Os macroeconomistas estudam as foras e tendncias que afetam toda a economia. Uma declarao positiva uma declarao sobre como o mundo . Uma declarao normativa uma declarao sobre como o mundo deveria ser. Quando os economistas fazem declaraes normativas, esto agindo mais como conselheiros polticos do que como cientistas. Os economistas que assessoram os formuladores de polticas oferecem conselhos conflitantes por causa de diferenas de julgamento cientfica ou de diferenas de valores. Em outras situaes, os economistas esto unidos em torno dos conselhos que oferecem, mas os formuladores de polticas podem optar por ignorar tais conselhos.

CONCEITOS-CHAVEDiagrama de fluxo circular, p. 23.Fronteira de possibilidades de produo, p.24.Microeconomia, p.27.Macroeconomia, p.27.Declaraes positivas, p.28.Declaraes normativas, p.28.

QUESTES PARA REVISO1. Por que a economia considerada uma cincia? 2. Por que os economistas formulam hipteses? 3. Um modelo econmico deveria descrever exatamente a realidade? 4. Desenhe e explique um grfico de uma fronteira de possibilidades de produo para uma economia que produza leite e biscoitos. O que acontece com essa fronteira se alguma doena mata metade do gado leiteiro da economia?5. Use uma fronteira de possibilidades de produo para descrever a ideia de "eficincia". 6. Quais so os dois subcampos em que se divide a economia? Explique o que cada um deles estuda. 7. Qual a diferena entre as declaraes positivas e as normativas? D um exemplo de cada.8. O que o Concilia off Econmica Advier? 9. Por que os economistas s vezes oferecem conselhos conflitantes aos formuladores de polticas?

PROBLEMAS E APLICAES1. Descreva alguns termos incomuns usados em algum outro campo que voc esteja estudando. Por que esses termos especiais so teis? 2. Uma hiptese comum em economia a de que os produtos de diferentes empresas num mesmo setor sejam indistinguveis. Discuta se essa hiptese razovel para cada uma das seguintes indstrias: a. Ao b. Romances c. Trigo d. Fast-food 3. Desenhe um diagrama do fluxo circular. Identifique as partes do modelo que correspondem ao fluxo de bens e servios e ao fluxo de dlares em cada uma das atividades abaixo. a. Sam paga US$ 1 por um litro de leite comprado na padaria. b. Sally ganha US$ 4,50 por hora trabalhando numa lanchonete. c. Serena gasta US$ 7 para assistir a um filme. d. Stuart ganha US$ 10 mil por causa de sua participao de 10% na propriedade da Acme Industrial.4. Imagine uma sociedade que produza bens militares e bens de consumo, a que chamaremos respectivamente de "armas" e "manteiga". a. Desenhe um grfico de uma fronteira de possibilidades de produo para armas e manteiga. Explique por que ela provavelmente se curvar para fora. b. Indique um ponto que seja impossvel de a economia atingir. Indique um ponto possvel de ser atingido, mas ineficiente. c. Imagine que na sociedade haja dois partidos polticos, os Falces (que querem foras amadas poderosas) e as Pombas (que querem foras armadas menos poderosas). Indique um ponto em sua fronteira de possibilidades de produo que os Falces desejariam escolher e um ponto que as Pombas gostariam de escolher. d. Imagine que um pas vizinho agressivo decida reduzir o tamanho das suas foras armadas. Como resultado, tanto os Falces quanto as pombas reduzem a produo desejada de armas na mesma quantidade. Que partido obteria o maior "dividendo de paz", medido pelo aumento da produo de manteiga? Explique. 5. O primeiro princpio econmico que discutimos no Captulo 1 o de que as pessoas se deparam com trade-offs. Use a fronteira de possibilidades de produo para ilustrar o trade off da sociedade entre um meio ambiente no poludo e a quantidade de produto industrial. O que, em sua opinio, determina o formato e a posio da fronteira? Mostre o que acontece com a fronteira se engenheiros desenvolvem um motor para carro praticamente livre de emisses de poluentes. 6. Classifique os seguintes tpicos como pertencentes microeconomia ou macroeconomia.a. A deciso de uma famlia sobre quanto poupar de sua renda. b. O efeito das regulamentaes governamentais sobre as emisses de poluentes dos carros. c. O impacto de uma maior poupana nacional sobre o crescimento econmico. d. A deciso de uma empresa sobre quantos trabalhadores empregar.e. A relao entre a taxa de inflao e variaes na quantidade de moeda.7. Classifique cada uma das declaraes abaixo como sendo positiva ou normativa. Explique. a. A sociedade enfrenta um trade off de curto prazo entre inflao e desemprego. b. Uma reduo da taxa de crescimento da moeda reduzir a taxa de inflao. c. O Federal Reserve deveria reduzir a taxa de crescimento da quantidade de moeda. d. A sociedade deveria exigir que os que recebem benefcios sociais procurassem emprego. e. Impostos menores incentivam o trabalho e a poupana. 8. Classifique cada uma das declaraes da Tabela 2 como positiva, normativa ou ambgua. Explique. 9. Se voc fosse o presidente, estaria mais interessado nas opinies positivistas ou nas opinies normativas dos seus assessores econmicos? Por qu?10. Voc esperaria que os economistas divergissem menos sobre a poltica pblica com o passar do tempo? Por qu? As divergncias de opinio nele? podem ser completamente eliminadas? Por qu?11. Consulte um dos sites indicados na Tabela 1. Que tendncias ou questes econmicas so abordadas nele? APNDICEGRFICOS: UMA BREVE REVISOMuitos dos conceitos que os economistas estudam podem ser expressos por meio de nmeros o preo da banana, a quantidade de bananas vendida, o custo do cultivo da banana e assim por diante. As variveis econmicas muitas vezes esto relacionadas umas com as outras. Quando o preo da banana aumenta, as pessoas compram menos banana. Uma forma de expressar as relaes entre variveis por meio de grficos. Os grficos servem para duas coisas. Primeiro, ao desenvolver teorias econmicas, os grficos proporcionam uma maneira de expressar visualmente ideias que no ficariam to claras se fossem descritas com equaes ou palavras. Segundo, durante a anlise de dados econmicos, os grficos oferecem uma forma de descobrir como as variveis de fato se relacionam no mundo real. Independentemente de estarmos trabalhando com teorias ou com dados, os grficos fornecem uma lente atravs da qual possvel reconhecer uma floresta a partir de uma grande quantidade de rvores. A informao numrica pode ser expressa graficamente de vrias formas, assim como um pensamento pode ser expresso de vrias maneiras por meio de palavras. Um bom escritor escolhe palavras que tomaro um argumento claro, uma descrio agradvel ou uma cena dramtica. Um economista eficaz escolhe o tipo de grfico mais adequado s suas finalidades.Neste apndice discutiremos como os economistas usam grficos para estudar as relaes matemticas entre variveis. Discutiremos tambm algumas das armadilhas que podem surgir no uso de mtodos grficos.Grficos de Uma s Varivel: A Figura A-1 mostra trs grficos comuns. O grfico de pizza (pie chart) no painel (a) mostra como se divide a renda total nos Estados Unidos entre as fontes de renda, incluindo a remunerao dos empregados (salrio), lucros corporativos etc. Cada fatia da pizza representa a participao de uma fonte no total. O grfico de barra (bar graph) do painel (b) compara a renda em quatro pases. A altura de cada barra representa a renda mdia em cada pas. O grfico de srie temporal (time-series graph) do painel (c) traa a crescente produtividade no setor de negcios dos Estados Unidos ao longo do tempo. A altura da linha mostra o produto por hora a cada ano. Voc provavelmente j viu grficos semelhantes em jornais e revistas. Grficos de Duas Variveis: O Sistema de Coordenadas Embora os trs grficos da Figura A-1 sejam teis para mostrar como uma varivel muda ao longo do tempo ou de um indivduo para outro, eles so bastante limitados no que se refere a quanto podem nos dizer. Eles apresentam informaes sobre uma s varivel. Os economistas muitas vezes esto interessados nas relaes entre variveis, por isso precisam ser capazes de representar duas variveis num s grfico. O uso do sistema de coordenadas toma isso possvel. Suponhamos que voc queira examinar a relao entre o tempo de estudo e a nota mdia dos alunos. Para cada aluno de sua classe, voc pode registrar um par de nmeros: o nmero de horas semanais de estudo e a nota mdia obtida. Esses nmeros podem, ento, ser colocados entre parnteses, formando um par ordenado, e representados como um nico ponto no grfico. Albert E., por exemplo, representado pelo par ordenado (25 horas/semana, nota 3,5), enquanto seu despreocupado colega Alfred E. representado pelo par ordenado (5 horas/semana, nota 2,0). Podemos fazer um grfico desses pares ordenados numa grade bidimensional. O primeiro nmero de cada par ordenado, chamado de coordenada x, mostra a localizao horizontal do ponto. O segundo nmero, chamado de coordenada y, mostra a localizao vertical do ponto. O ponto que tem coordenada x e coordenada y iguais a zero chamado de origem. As duas coordenadas de cada par ordenado nos dizem onde o ponto est localizado em relao origem: x unidades para a direita

da origem e y unidades acima dela. A Figura A-2 (p. 38) representa graficamente as notas mdias em relao ao tempo de estudo de Albert E., Alfred E. e seus colegas. Esse tipo de grfico chamado de grfico de disperso porque representa pontos dispersos. Olhando para esse grfico, percebemos imediatamente que os pontos mais direita (que indicam maior tempo de estudo) tendem a ocupar posies mais elevadas (indicando melhores notas). Como o tempo de estudo e as notas costumam mover-se na mesma direo, dizemos que h uma correlao positiva entre essas duas variveis. Por outro lado, se fizssemos um grfico do tempo gasto em festas e das notas, provavelmente concluiramos que mais tempo dedicado a festas est associado com notas menores; poderamos dizer ento que existe uma correlao negativa, j que as duas variveis se movem em direes opostas. Em ambos os casos o sistema de coordenadas permite ver com facilidade a correlao entre as duas variveis. Curvas no Sistema de Coordenadas Alunos que estudam mais tendem a ter notas mais altas, mas h outros fatores que influenciam as notas. Preparar-se com antecedncia, por exemplo, um fator importante, como tambm o so talento, ateno dos professores e at comer bem no caf da manh. Um grfico de disperso como o da Figura A-2 no procura isolar o efeito que o estudo tem sobre as notas dos efeitos de outras variveis. Mas em muitos casos os economistas preferem ver como uma varivel afeta outra mantendo tudo o mais constante.

Para ver como isso feito, vamos considerar um dos grficos mais importantes em economia: a curva de demanda. A curva de demanda representa o efeito do preo de um bem sobre a quantidade do bem que os consumidores desejam comprar. Antes de ver uma curva de demanda, contudo, considere a Tabela A-1, que mostra como o nmero de romances que Emma compra depende de sua renda e do preo dos romances. Quando os romances esto baratos, Emma os compra em grande quantidade. medida que ficam mais caros, ela pega emprestado livros da biblioteca em vez de os comprar ou opta por ir ao cinema em vez de ler. De maneira similar, para qualquer preo dado, ela compra mais romances quando sua renda maior. Ou seja, quando sua renda aumenta, Emma gasta parte da renda adicional em romances e parte em outros bens. Temos agora trs variveis o preo dos romances, a renda e o nmero de romances comprados , mais do que podemos representar em um grfico bidimensional. Para representarmos graficamente as informaes da Tabela A-1, precisamos manter constante uma das trs variveis e traar a relao entre as outras duas. Como a curva de demanda representa a relao entre preo e quantidade demandada, mantemos constante a renda de Emma e mostramos como o nmero de romances que ela compra varia com o preo. Suponhamos que a renda de Emma seja de US$ 30 mil por ano. Se colocarmos o nmero de romances comprados no eixo x e o preo dos romances no eixo y, podemos representar graficamente a coluna central da Tabela A-1. Quando os pontos que representam os dados da tabela (5 romances, US$ 10), (9 romances, US$ 9) e assim por diante so ligados, formam uma linha. Essa linha, representada na Figura A-3, conhecida como a curva de demanda de Emma por romances; ela nos diz quantos romances Emma compra a qualquer preo dado. A curva de demanda tem inclinao negativa, indicando que um maior preo reduz a quantidade demandada de romances. Como a quantidade demandada de romances e o preo se movem em direes opostas, dizemos que as duas variveis esto negativamente relacionadas (na situao inversa, quando duas variveis movem-se na mesma direo, a curva que as representa tem inclinao positiva, e dizemos que elas esto positivamente relacionadas).

Suponhamos agora que a renda de Emma aumente para US$ 40 mil por ano. Para qualquer preo dado, ela comprar mais romances do que comprava quando ganhava menos. Assim como traamos anteriormente a curva de demanda de Emma por romances com dados da coluna do meio da Tabela A-1, traamos agora uma nova curva de demanda com os dados da coluna da direita da tabela. Representamos essa nova curva de demanda (curva D2) ao lado da curva anterior (curva D1) na Figura A-4; a nova curva semelhante que traamos antes, mas situa-se mais direita. Dizemos, assim, que a curva de demanda de Emma por romances desloca-se para a direita quando sua renda aumenta. Da mesma forma, se a renda de Emma casse para US$ 20 mil por ano, ela compraria menos romances para qualquer preo dado e sua curva de demanda se deslocaria para a esquerda (curva D3).Em economia importante distinguir entre movimentos ao longo de uma curva e deslocamentos de uma curva. Como vemos na Figura A-3, se Emma ganhar US$ 30 mil por ano e os romances custarem US$ 8 cada, ela comprar 13 romances por ano. Se o preo cair para US$ 7, o nmero de romances comprados aumentar para 17 por ano. A curva de demanda, entretanto, se manter fixa no mesmo lugar. Ela ainda comprar o mesmo nmero de romances a cada preo, mas com a queda do preo, ela se mover da esquerda para a direita ao longo da sua curva de demanda. Por outro lado, se o preo dos romances permanecer fixo em US$ 8, mas sua renda aumentar para US$ 40 mil por ano, Emma aumentar suas compras de romances de 13 para 16 por ano. Como ela compra mais romances a cada preo, sua curva de demanda desloca-se para fora (para a direita), como mostra a Figura A-4. H uma maneira simples de saber quando preciso deslocar uma curva. Quando uma varivel que no est representada nos eixos muda, o grfico se desloca. A renda no est nem no eixo x nem no eixo y do grfico, portanto, quando a renda de Emma muda, sua curva de demanda deve deslocar-se. Qualquer mudana que no o preo dos romances que afete os hbitos de compra de Emma resultar num deslocamento da curva de demanda. Se, por exemplo, a biblioteca pblica fechar e Emma precisar comprar todos os livros que quiser ler, ela demandar mais romances a cada preo e sua curva de demanda se deslocar para a direita. Se o preo do ingresso do cinema cair e Emma passar mais tempo assistindo a filmes e menos tempo lendo, ela ir demandar menos romances a cada preo e sua curva de demanda se deslocar para a esquerda. Mas, quando muda uma varivel de um dos dois eixos do grfico, a curva no se desloca. Interpretamos tal mudana como um movimento ao longo da curva.

Inclinao Uma pergunta que poderamos fazer sobre Emma em que medida seus hbitos de compra reagem ao preo. Olhe para a curva de demanda representada na Figura A-5. Se essa curva muito inclinada, Erma compra sempre quase o mesmo nmero de romances, estejam eles mais caros ou mais baratos. Se a curva mais horizontal, Emma compra muito menos romances quando o preo aumenta. Para responder a perguntas sobre em que medida uma varivel responde a mudanas em outra varivel, podemos usar o conceito de inclinao. A inclinao de uma linha a razo entre a distncia vertical percorrida e a distncia horizontal percorrida medida que nos movemos ao longo da linha. Essa definio costuma ser escrita matematicamente da seguinte forma:

onde a letra grega (delta) representa a variao de uma varivel. Em outras palavras, a inclinao de uma linha igual ao "aumento" (variao de y) dividido pela "distncia" (variao de x). A inclinao ser um pequeno nmero positivo no caso de linhas ascendentes com pouca inclinao, um grande nmero positivo no caso de linhas com forte inclinao ascendente e um nmero negativo para linhas com inclinao descendente. Uma linha horizontal ter inclinao zero porque nesse caso a varivel y nunca muda; dizemos que as linhas verticais tm inclinao infinita porque a varivel y pode assumir qualquer valor sem que a varivel x mude.

Qual a inclinao da curva de demanda de Emma por romances? Em primeiro lugar, como a inclinao da curva descendente, sabemos que ser negativa. Para calcularmos um valor numrico da inclinao, precisamos escolher dois pontos da linha. Com a renda de Emma em US$ 30 mil, ela comprar 21 romances a US$ 6 ou 13 romances a US$ 8. Quando aplicamos a frmula da inclinao, estamos interessados em saber a variao entre esses dois pontos; em outras palavras, o que nos interessa a diferena entre eles, o que nos permite concluir que precisamos subtrair um conjunto de valores do outro, como se segue: A Figura A-5 representa graficamente o funcionamento desse clculo. Tente calcular a inclinao da curva de demanda de Emma usando dois pontos diferentes. O resultado deve ser exatamente o mesmo, 1/4. Uma das propriedades das linhas retas que elas tm a mesma inclinao em todos os pontos. Isso no se aplica a outros tipos de curvas, que tm inclinao maior em alguns pontos do que em outros. A inclinao da curva de demanda de Emma nos diz algo sobre o quanto suas compras respondem a mudanas de preo. Uma inclinao pequena (um nmero prximo de zero) significa que a curva de demanda de Emma quase horizontal; neste caso, o nmero de romances que ela compra muda substancialmente em resposta a mudanas de preo. Uma inclinao maior (nmero bem maior que zero) significa que a curva de demanda de Emma quase vertical; neste caso, o nmero de romances comprados muda pouco quando os preos variam.

CAUSA E EFEITOOs economistas frequentemente usam grficos para propor argumentos sobre o funcionamento da economia. Em outras palavras, eles usam grficos para explicar como um conjunto de eventos causa um outro conjunto de eventos. Quando se observa um grfico como a curva de demanda, no h dvida quanto ao que causa e o que efeito. Como estamos variando o preo e mantendo constantes todas as demais variveis, sabemos que as alteraes de preo dos romances causam alteraes na quantidade de romances demandada por Emma. preciso recordar, entretanto, que nossa curva de demanda provm de um exemplo hipottico. Ao fazer grficos com dados da vida real, muitas vezes mais difcil determinar como uma varivel afeta outra. O primeiro problema que, ao medir como uma varivel afeta outra, difcil manter todo o resto constante. Se no conseguimos manter constantes as variveis, podemos concluir que uma varivel de nosso grfico est causando variaes na outra quando, na verdade, essas variaes so causadas por uma terceira varivel omitida que no consta do grfico. Alm disso, ainda que tenhamos identificado as duas variveis corretas para nossa anlise, podemos nos deparar com um segundo problema: a causalidade reversa. Em outras palavras, poderamos concluir que A causa quando, na verdade, B que causa A. As armadilhas da varivel omitida e da causalidade reversa exigem que tenhamos cautela ao usar grficos para tirar concluses sobre causas e efeitos.

VARVEIS OMITIDASVamos usar um exemplo para ver como a omisso de uma varivel pode levar a um grfico enganoso. Imaginemos que o governo, pressionado pela preocupao pblica com o grande nmero de mortes por cncer, contrate a Big Brother Servios Estatsticos Ltda. para realizar um estudo exaustivo. A Big Brother examina muitos itens encontrados na casa das pessoas para ver quais esto associados ao risco de cncer e relata uma forte relao entre duas variveis: o nmero de isqueiros que uma famlia tem e a probabilidade de que algum da famlia venha a ter cncer. A Figura A-6 mostra essa relao. O que devemos concluir a partir desse resultado? A Big Brother prope uma resposta poltica imediata. Recomenda que o governo desencoraje o uso de isqueiros, instituindo um imposto sobre sua venda, e que exija que sejam fixadas etiquetas de advertncia nos isqueiros dizendo: "A Big Brother concluiu que este isqueiro faz mal sade". Ao julgar a validade da anlise da Big Brother, uma pergunta se sobressai: a Big Brother manteve constantes todas as variveis relevantes a no ser a que est sendo considerada? Se a resposta for negativa, os resultados sero suspeitos. Uma explicao simples para a Figura A-6 que as pessoas que tm mais isqueiros tm maior probabilidade de serem fumantes e que o fumo, no os isqueiros, que causa o cncer. Se a Figura A-6 no mantm constante a quantidade de fumo, no nos diz o real efeito de ter um isqueiro. Essa histria ilustra um importante princpio: ao ver um grfico sendo usado para dar sustentao a um argumento de causa e efeito, importante perguntar se os movimentos de alguma varivel omitida podem explicar os resultados observados.

CAUSALIDADE REVERSA Os economistas tambm podem se enganar quanto causalidade se interpretarem mal sua direo. Para saber como isso pode acontecer, suponha que a Associao dos Anarquistas da Amrica encomende um estudo sobre a criminalidade e chegue Figura A-7, que representa o nmero de crimes violentos por mil habitantes nas grandes cidades em relao ao nmero de policiais por mil habitantes. Os anarquistas observam que a curva tem inclinao positiva e afirmam que, como o policiamento aumenta a violncia urbana em vez de diminu-la, a polcia deveria ser abolida. Se pudssemos realizar um experimento controlado, evitaramos o perigo da causalidade reversa. Para fazermos tal experimento, determinaramos aleatoriamente o nmero de policiais em diferentes cidades e ento examinaramos a correlao entre policiamento e criminalidade. A Figura A-7, contudo, no se baseia num experimento como esse. Ela simplesmente nos permite observar que as cidades mais violentas tm mais policiais. A explicao para isso pode estar no fato de que cidades mais violentas empregam mais policiais. Em outras palavras, em vez de ser o nmero de policiais que determina a criminalidade, a criminalidade que determina o nmero de policiais. Nada do grfico por si s nos permite determinar a direo da causalidade. Pode parecer que uma maneira simples de determinar a direo da causalidade seja observar qual das variveis se move primeiro. Se o crime aumentar e ento houver uma expanso da fora policial, chegaremos a uma concluso. Se verificarmos que a fora policial se expande e posteriormente a criminalidade aumenta, chegaremos outra concluso. Mas essa abordagem tem uma falha: as pessoas por vezes mudam seu comportamento no por causa de uma alterao nas circunstncias atuais, mas devido a uma mudana nas suas expectativas quanto s condies futuras. Uma cidade que esteja esperando por uma grande onda de crime no futuro, por exemplo, poderia muito bem contratar imediatamente mais policiais. Esse problema ainda mais fcil de perceber no caso de bebs e minivans. Os casais muitas vezes compram minivans antes do nascimento do beb. A minivan vem antes da criana, mas isso no nos leva a concluir que a venda desse tipo de veculo cause crescimento populacional! No h um conjunto completo de regras que nos diga com exatido quando correto extrair concluses causais de grficos. Mas ter em mente que isqueiros no causam cncer (varivel omitida) e que minivans no fazem aumentar o tamanho das famlias (causalidade reversa) impedir que voc se deixe enganar por muitos argumentos econmicos falhos.