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EBOOK Ergonomia e Saúde Ocupacional Luísa Muniz

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EBOOK

Ergonomia e Saúde Ocupacional Luísa Muniz

ESCOLA TÉCNICA DO BRASIL – ETEBRAS

Diretora-Presidente Maria Antonieta Alves Chiappetta

Diretor Administrativo Financeiro Marco Antônio Rodrigues

Diretor de Educação a Distância George Bento Catunda

Secretária Escolar Maria Patrícia Farias Bastos

Professor Autor

Maria Luísa Correa Muniz

Imagem da Capa http://www.mecano.gme.usherbrooke.ca/~epervier/en/imag

es/medias/cockpit.jpg

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 3

1. Compreender e identificar os serviços de saúde ocupacional necessários à organização,

assessorando-a no cumprimento das políticas de SST. ..................................................................... 4

1.1. Introdução ....................................................................................................................................... 4

1.2. Norma regulamentadora 4 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina

do Trabalho (SESMT). .................................................................................................................................. 4

Norma regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). ................................. 9

2. Estabelecer ações preventivas e para a promoção da saúde ocupacional no ambiente de

trabalho. .......................................................................................................................................... 14

2.1. Introdução ..................................................................................................................................... 14

2.2. Equipamentos de proteção coletiva (EPC) .................................................................................... 14

2.3. Equipamentos de proteção individual (EPI) .................................................................................. 16

3. Estruturar e desenvolver avaliação ergonômica nos ambientes de trabalho. ........................ 24

3.1. Introdução ..................................................................................................................................... 24

3.2. Surgimento da ergonomia ............................................................................................................. 24

3.3. Análise Ergonômica de Trabalho (AET) ......................................................................................... 28

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 33

Sumário

Manual do Aluno 3

Ergonomia e Saúde Ocupacional

APRESENTAÇÃO

Olá queridos cursistas é com um enorme prazer que vamos iniciar agora a disciplina de Ergonomia e

Saúde Ocupacional do curso técnico de segurança do trabalho.

Acredito que muitos já ouviram falar na palavra Ergonomia. Mas qual o seu significado? Ela vem do

grego, onde ergon significa trabalho e normos significa normas, regras, leis. Sendo assim, a

ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho às características dos indivíduos, de modo a

proporcionar-lhes um máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas atividades no

trabalho.

Já a Saúde Ocupacional é termo que engloba um conceito muito amplo. Ela consiste na promoção

de condições laborais que garantam o mais elevado grau de qualidade de vida no trabalho,

protegendo a saúde dos trabalhadores, promovendo o bem-estar físico, mental e social,

prevenindo e controlando os acidentes e as doenças através da redução das condições de risco.

São sobre esses dois conceitos e seus pormenores que vamos nos dedicar nessa disciplina. Sejam

bem-vindos ao mundo da ergonomia e da saúde ocupacional.

Bons estudos!

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1. Compreender e identificar os serviços de saúde ocupacional

necessários à organização, assessorando-a no cumprimento

das políticas de SST.

1.1. Introdução

Nesta primeira competência da disciplina de Ergonomia e Saúde Ocupacional vamos identificar e

conhecer os serviços que atuam dentro das empresas visando à preservação da saúde do conjunto

dos trabalhadores.

Estudaremos de forma bem detalha o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em

Medicina do Trabalho (SESMT) e a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), vamos

entender qual a atuação deles dentro das empresas, qual a importância de cada um para a

manutenção da saúde dos trabalhadores e quais as diferenças entre eles.

1.2. Norma regulamentadora 4 – Serviço Especializado em Engenharia de

Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).

É obrigatório que as empresas custeiem e mantenham um Serviço Especializado em Engenharia de

Segurança e em Medicina do Trabalho que tenha o objetivo de promover a saúde e proteger a

integridade do trabalhador no seu local de trabalho.

O SESMT pode ser composto pelo técnico de segurança do trabalho, técnico de enfermagem do

trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho e médico do trabalho. O

dimensionamento define quantos funcionários de cada categoria serão necessários na composição

deste serviço e para realizá-lo é preciso duas informações básicas: a gradação do risco da atividade

principal da empresa e o número total de empregados do estabelecimento. Essas informações

podem ser obtidas nos quadros I e II da NR-4.

O quadro I contém, para cada Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, o grau de

risco correspondente que varia de 1 a 4, em escala crescente de risco. Já o quadro II contém a

composição mínima obrigatória do SESMT, em função do grau de risco estabelecido no quadro I, e

da quantidade de empregados do estabelecimento.

Competência 1

Manual do Aluno 5

Ergonomia e Saúde Ocupacional

Figura 01: Quadro II – Dimensionamento dos SESMT

Disponível em:http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/nr/nr4_5.htm

Atenção!

Como podemos observar no quadro II, nem todas as empresas estão obrigadas a constituir um

SESMT.

Outro detalhe que podemos constatar ao observarmos o quadro II é que quando o número de

empregados no estabelecimento alcança o patamar entre 2.001 e 3.500, para todos os graus de

risco, o técnico de enfermagem do trabalho começa a ser obrigatório e o enfermeiro do trabalho

ainda não. Esse trecho da NR – 4 vai de encontro ao disposto na lei do exercício profissional da

equipe de enfermagem, que deixa bastante claro que o técnico de enfermagem só pode exercer

suas funções quando supervisionado por um enfermeiro. Sendo assim, para que os técnicos de

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enfermagem não estejam praticando o exercício ilegal da sua profissão, torna-se obrigatória a

contratação de enfermeiros já no patamar entre 2.001 e 3.500 empregados.

Mas e o quadro I? Ficou curioso para checá-lo? Acesse o link abaixo e conheça a NR 4 por completo.

http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D308E21660130D26E7A5C0B97/nr_04.pdf

Atenção!

O dimensionamento do SESMT é previsto em função da quantidade de empregados do

estabelecimento, e não de toda a empresa.

Os canteiros de obras e as frentes de trabalho que tenham menos de mil empregados e que

estejam situados no mesmo estado, território ou Distrito Federal não serão considerados como

estabelecimentos, mas como integrantes da empresa de engenharia principal responsável. Sendo

assim, fica a cargo desta os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho.

Em situações como a referida anteriormente os funcionários de nível superior poderão ficar

centralizados. Já para os funcionários de nível técnico, o dimensionamento será feito por canteiro

de obra ou frente de trabalho. Lembrando que a carga horário do funcionário de nível médio é de 8

horas diárias e do nível superior de 3 ou 6 horas diárias.

Manual do Aluno 7

Ergonomia e Saúde Ocupacional

Figura 02: Equipe do SESMT

Disponível em: http://unipacs.blogspot.com.br/2014/03/o-tecnico-de-enfermagem-do-

trabalho.html

Ainda segundo a NR 4, no caso das empresas que possuem mais de 50% de seus empregados em

estabelecimentos ou setor com atividade cuja gradação de risco seja de grau superior ao da

atividade principal o dimensionamento do SESMT deverá ser realizado em função do maior grau de

risco.

Vocês entenderam isso? Vamos dar um exemplo para facilitar...

Imagine uma empresa que execute várias atividades em um mesmo estabelecimento. Por exemplo,

uma empresa que seja revendedora de veículos e tenha setores de venda e uma oficina mecânica.

Esta empresa pode até ter como atividade principal a venda de veículos, entretanto, se o maior

número de funcionários se encontrarem em atividade na oficina mecânica, o grau de risco

considerado será o da oficina.

Existe alguma situação em que uma empresa poderá centralizar o seu SESMT? A resposta é SIM!

Vamos conhecer agora essas 5 situações:

1 - Sempre que a empresa desejar atender a um conjunto de estabelecimentos pertencentes a ela,

desde que a distância a ser percorrida entre aquele estabelecimento que se encontra o serviço e

cada um dos demais não ultrapasse a 5.000 mil metros;

2 – Em empresas onde os estabelecimentos isoladamente não se enquadrem no quadro II.

Entretanto, elas ainda ficam obrigadas a cumprir a NR 4 quando o somatório dos empregados de

todos os estabelecimentos do estado ou território alcance os limites previstos no quadro II;

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3 - Em casos em que alguns estabelecimentos da empresa se enquadrem no quadro II e outros não,

a assistência aos não enquadrados será feita pelo serviço especializado dos que se enquadram;

4 - Quando a empresa contratante tiver obrigatoriedade de constituir um SESMT, por se enquadrar

no quadro II, e a empresa contratada não, mesmo considerando o total de empregados nos seus

estabelecimentos, a empresa contratante deverá estender os seus Serviços Especializados em

Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho aos funcionários da empresa contratada,

sejam estes centralizados ou por estabelecimento. Ou seja, caso a empresa terceirizadas que não

são obrigada a constituir um SESMT, a empresa contratante fará esse atendimento utilizando o seu

SESMT próprio;

5 – E quando a empresa contratante e as outras por ela contratadas sozinhas não se enquadrem no

quadro II, mas após o somatório dos seus empregados, no estabelecimento, atingirem os limites

disposto no referido quadro.

Outra possibilidade é a formação, por empresas diferentes, de um SESMT comum. Vamos conhecer

agora as 3 situações que possibilitam isso:

1 - Empresas cujos estabelecimentos não se enquadrem no quadro II poderão juntar-se e organizar

um SESMT comum.

2 - Empresas de mesma atividade econômica, localizadas em um mesmo município, ou em

municípios limítrofes.

3 - Empresas que desenvolvem suas atividades em um mesmo polo industrial ou comercial.

Figura 03: Polo industrial de Camaçari

Disponível em: http://www.coficpolo.com.br/

Manual do Aluno 9

Ergonomia e Saúde Ocupacional

As atividades dos profissionais integrantes dos SESMT devem ser executadas visando

principalmente à prevenção, o reconhecimento do risco ocupacional, e as medidas necessárias de

proteção ao trabalhador. Sendo assim, compete aos profissionais integrantes dos Serviços

Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho:

Aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao ambiente de

trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos;

Determinar, quando necessário, a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI);

Colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e

tecnológicas da empresa;

Manter permanente relacionamento com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA),

além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la;

Promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores

para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais;

Esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais,

estimulando-os em favor da prevenção;

Analisar e registrar todos os acidentes ocorridos na empresa ou estabelecimento e todos os casos

de doença ocupacional;

Registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e

agentes de insalubridade;

Atenção!

O SESMT deve manter uma estreita relação com a CIPA, estudando suas observações e solicitações,

propondo soluções corretivas e preventivas, ou seja, precisa utilizá-la como um agente

multiplicador.

Norma regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

(CIPA).

O objetivo da CIPA é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a

tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde

do trabalhador.

Querido cursista, quando nos referimos à segurança do trabalho a primeira palavra que deve vir a

nossa cabeça é prevenção, e o principal objetivo da CIPA é justamente o de apoiar as empresas na

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adoção de medidas que eliminem, neutralizem, ou, pelo menos, reduzam os riscos ocupacionais

nos ambientes de trabalho.

Com o objetivo de harmonizar as políticas de segurança e saúde no trabalho, a empresa que possuir

em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos, deverá garantir a integração das CIPA e

dos designados. Já as empresas que estejam situadas em um mesmo centro comercial ou industrial,

deverão estabelecer, através dos membros da CIPA ou designados, mecanismos de integração com

objetivo de promover o desenvolvimento de ações de prevenção de acidentes e doenças

decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo.

A CIPA deve ser constituída por estabelecimento e sua composição se dará através de

representantes, titulares e suplentes, dos empregados que serão eleitos por voto secreto e

representantes, titulares e suplentes, dos empregadores que serão por eles selecionados. Ou seja,

escolhidos pelo empregador, não participando do processo eleitoral. O dimensionamento será de

acordo com o previsto no quadro I da NR 5.

Figura 04: Processo eleitoral da CIPA

Disponível em: http://rhcivilmont.blogspot.com.br/2013/05/civilmont-realiza-eleicao-da-cipa.html

Existem dois quadros na NR 5. O quadro II divide as atividades desenvolvidas pelas empresas em

grupos de CNAE, e o quadro I estabelece para cada grupo definido no quadro II, e segundo o

número de empregados no estabelecimento, o dimensionamento da CIPA.

Confira a NR 5 na íntegra com todos os seus quadros no link abaixo:

http://www.cpac.embrapa.br/publico/usuarios/uploads/cipa/nr_05.pdf

Nos casos em que o estabelecimento não se enquadrar no quadro I, a empresa designará um

responsável pelo cumprimento dos objetivos da NR 5, funcionário este denominado de designado.

Os membros eleitos da CIPA terão um mandato com a duração de um ano, sendo permitida uma

reeleição. A dispensa arbitrária ou sem justa causa de um trabalhador eleito para cargo de direção

da CIPA fica proibida, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato.

Manual do Aluno 11

Ergonomia e Saúde Ocupacional

Aos mesmos fica vetada a possibilidade de transferência para outro estabelecimento sem a sua

concordância.

Vamos conhecer um pouco mais do papel da CIPA enumerando e as suas atribuições:

Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do

maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver. Elaborar plano de

trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no

trabalho;

Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias,

bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho;

Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando à

identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;

Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e

discutir as situações de risco que foram identificadas;

Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho;

Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os

impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos

trabalhadores;

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Figura 05: Trabalho em conjunto

Disponível em: http://mensagens.culturamix.com/frases/frases-sobre-trabalho-em-equipe

Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde

considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores;

Colaborar com o desenvolvimento e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e de outros

programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;

Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de

acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho;

Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas

das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados;

Requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na

segurança e saúde dos trabalhadores;

Requisitar à empresa as cópias da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) emitidas;

Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção

de Acidentes do Trabalho (SIPAT);

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Ergonomia e Saúde Ocupacional

Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS.

Os membros da CIPA, ou designado, devem ter garantidos, pelo empregador, treinamento e os

meios necessários e tempo suficiente para a realização de suas atribuições constantes do plano de

trabalho.

A CIPA contará com reuniões mensais realizadas no horário do expediente normal da empresa.

Poderão ser solicitadas reuniões extraordinárias quando houver denúncia de situação de risco

grave e iminente que determine aplicação de medidas corretivas de emergência, ocorrer acidente

do trabalho grave ou fatal ou houver solicitação expressa de uma das representações.

As decisões da CIPA serão tomadas prioritariamente por consenso. No caso de ele não ser possível

será realizada uma votação. Está deverá ser registrada na ata de reunião.

Quando mais de uma empresa atua no mesmo estabelecimento a CIPA ou o designado da

contratante e da contratada deverão definir mecanismos de integração e adotar de forma

integrada ações de prevenção de acidentes e doenças do trabalho. Desta forma, garantindo o

mesmo nível de proteção em matéria de segurança e saúde a todos os trabalhadores do

estabelecimento.

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2. Estabelecer ações preventivas e para a promoção da saúde

ocupacional no ambiente de trabalho.

2.1. Introdução

Um técnico de segurança do trabalho pode promover e prevenir a saúde em um ambiente de

trabalho de diversas maneiras. Na competência anterior estudamos a CIPA e o SESMT que são

serviços que atuam dentro das empresas buscando a qualidade de vida dos empregados. Em outro

momento falamos do PCMSO que é um programa com o objetivo de preservar a saúde dos

trabalhadores. Já comentamos sobre o mapa de risco que também tem em comum com todos

esses outros elementos citados acima a redução de acidentes e doenças.

Além de todos esses serviços e programas que já conhecemos é importante sabermos que nos dias

atuais a ciência e a tecnologia colocam a nossa disposição no mercado uma vasta quantidade de

medidas e equipamentos de proteção. Todas elas visam também minimizar os risco e evitar as

doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho. E é sobre esses dispositivos que vamos falar

nessa competência, os equipamentos de proteção coletiva e individual.

2.2. Equipamentos de proteção coletiva (EPC)

Os equipamentos que têm a capacidade de proteger vários trabalhadores ao mesmo tempo são

denominados de equipamentos de proteção coletiva e são conhecidos pela sigla EPC. Eles

neutralizam o risco diretamente na fonte, dispensando em alguns casos o uso dos equipamentos de

proteção individual (EPI).

Atenção!

Em ambientes de trabalho a prioridade sempre vai ser conter o agente de tal forma que ele não se

propague para o meio ambiente, isso é feito através do uso de EPC. Apenas em situações onde isso

não for possível é que devemos, em último caso, bloquear as vias de entrada no organismo, isso é

feito através do uso de EPI.

Os EPCs são dispositivos utilizados com o objetivo de proteger os trabalhadores nos seus ambientes

laborais. Estes equipamentos promovem melhorias nos ambientes de trabalho, facilitando dessa

forma os processos industriais e aumentando a produtividade.

Eles podem ser simples, como corrimãos de escadas e mais complexos como sistemas sofisticados

de detecção de gases dentro de uma planta química. Outros exemplos que podemos citar são:

Competência 2

Manual do Aluno 15

Ergonomia e Saúde Ocupacional

isolamento de máquinas, pastilhas antiderrapantes em escadas, extintor de incêndio, chuveiros,

pias, iluminação adequada, limpeza do local de trabalho, sistema de exaustão e alarmes.

Figura 06: Equipamentos de proteção coletiva

Disponível em: http://segurancatrabalho05.blogspot.com.br/2010/09/de-acordo-com-

regulamentadora-nr.html

Para entendermos melhor vamos pensar em algumas situações práticas em que podemos fazer uso

dos EPCs:

Sistema de exaustão que elimina gases, vapores ou poeiras do local de trabalho;

Enclausuramento, ou seja, fechamento de máquina barulhenta para limpeza do ruído excessivo do

ambiente;

Cabo de segurança para conter equipamentos suspensos sujeitos a esforço caso venham a se

desprender;

Comando bi-manual que matem as mãos ocupadas, fora da zona de perigo, durante o ciclo de uma

máquina.

Os EPCs quando adequadamente escolhidos e instalados e quando reparados sempre que

apresentarem qualquer deficiência não prejudicam a eficiência do trabalho. Alguns critérios que

eles devem respeitar para serem perfeitamente adequados são:

Ser do tipo adequado em relação ao risco que vai neutralizar;

Depender o mínimo possível da atuação do homem para atender suas finalidades;

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Ser resistente às agressividades de impactos, corrosão e desgastes a que estiverem sujeitos;

Permitir serviços e acessórios como limpeza, manutenção e lubrificação;

Não criar outros tipos de riscos, principalmente mecânicos como obstruções de passagens.

Atenção!

Uma grande vantagem dos EPCs é a de não provocar desconforto durante seu uso. Dessa forma, os

trabalhadores não oferecem muita resistência para sua implantação e utilização.

2.3. Equipamentos de proteção individual (EPI)

Todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de

riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho são denominados de

equipamentos de proteção individual, conhecidos pela sigla EPI.

Como exemplos de EPI podemos citar: luvas, botas, máscara, capacete, jaleco e protetor auricular.

Atenção!

Um EPI para ser considerado bom deve proteger adequadamente os trabalhadores, ser resistente,

ser prático e ter fácil manutenção.

Os EPIs são um recurso amplamente empregado para a segurança do trabalhador no exercício de

suas funções. Mas como já foi dito anteriormente ele nunca deve ser a primeira opção, na verdade

ele só deve ser usado em último caso quando esgotadas as possibilidades de eliminação do risco

existente em sua fonte geradora e quando não for possível a adoção de outras medidas de

proteção coletiva.

A sua utilização ocorre rotineiramente ou excepcionalmente nas seguintes situações:

Quando o trabalhador se expõe diretamente a riscos não controláveis por outros meios técnicos de

segurança, ou seja, quando não for possível eliminar o risco por outras medidas ou equipamento de

proteção coletiva (EPC).

Exemplo: uso de óculos, protetores e máscaras em operações com aparelhos de soldagem.

Manual do Aluno 17

Ergonomia e Saúde Ocupacional

Quando o trabalhador se expõe a riscos apenas parcialmente controlados por outros recursos

técnicos, um caso seria quando for necessário que um funcionário além de utilizar a proteção

coletiva faça uma complementação com o uso de uma proteção individual.

Exemplo: uso de máscaras respiratórias apropriadas em cabines de pintura, mesmo que ela já seja

provida de ventilação.

A título precário, em período de instalação, reparos ou substituição de dispositivos, para impedir o

contato do trabalhador com o fator de risco. Situações com exposição de curto período.

Exemplo: Uso de luvas de amianto para a manipulação de peças quentes, enquanto não se dispõe

de equipamentos para esse manuseio.

Em trabalhos eventuais e ou emergenciais, ou seja, quando a rotina do trabalho é quebrada por

qualquer anormalidade, exigindo o uso de proteção complementar e temporária pelos

trabalhadores envolvidos.

Exemplo: uso de máscaras respiratórias apropriadas para reparos de vazamentos de

contaminantes.

Atenção!

Os equipamentos de proteção individual não evitam os acidentes, como acontece de forma eficaz

com os equipamentos de proteção coletiva. Apenas diminuem ou evitam lesões que podem

decorrer de acidentes.

Fica de responsabilidade do SESMT, após ter ouvido a opinião da CIPA e dos trabalhadores usuários,

recomendar ao empregador o uso de determinado EPI adequado ao risco existente em

determinada atividade. Para isso é necessário deter os conhecimentos do equipamento, das

condições em que o trabalho é executado, do tipo de risco a ser prevenido, da parte do corpo a ser

atingida, das características e qualidade técnica do EPI, do grau de proteção que o produto deve

proporcionar e se ele possui o certificado de aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego.

A presença do CA é uma prova de que o EPI foi avaliado e testado por órgãos competentes do

governo, e consequentemente, serve para a atividade que lhe fora determinada, ou seja, ele atesta

que o equipamento de proteção individual é realmente válido para uma determinada atividade.

É importante sabermos que em relação aos EPIs tanto os empregadores quanto os empregados

têm algumas responsabilidades.

Cabe ao empregador:

Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;

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Fornecer aos funcionários apenas EPIs que sejam aprovados pelo órgão nacional competente em

matéria de segurança e saúde no trabalho;

Figura 07: Fornecimento de EPI

Disponível em: http://protecaoaoprofissional.blogspot.com.br/

Exigir dos trabalhadores o seu uso;

Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação. É preciso

conscientizá-lo da importância do seu uso na prevenção de acidentes e doenças e fornecer

informação através de capacitações continuadas da forma correta de utilizá-los;

Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;

Comunicar ao Ministério do trabalho e emprego qualquer irregularidade observada;

Registrar o fornecimento do EPI ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema

eletrônico. Este documento vai servir tanto para comprovar que o equipamento foi entregue ao

funcionário quanto para responsabilizar o mesmo pela guarda e uso adequado do EPI.

Cabe ao empregado:

Utilizar o EPI apenas para a finalidade a que ele se destina;

Responsabilizar-se pela guarda e conservação;

Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso;

Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

Todo EPI deve conter um manual de utilização. Este manual deve ser elaborado pelo SESMT, em

conjunto com a engenharia e empregados, e tem por objetivo apresentar os EPIs padronizados e

utilizados na empresa. Neste documento é possível encontrar informações quanto às situações de

Manual do Aluno 19

Ergonomia e Saúde Ocupacional

uso, conservação, periodicidade de troca, especificações aplicáveis e códigos para requisição, além

de ser utilizado como material de consulta e treinamento para profissionais do SESMT e usuários.

Como seria um manual de utilização de um EPI? Você consegue imaginar? Vamos dar um exemplo

prático de um avental de raspa para soldador para podemos entender melhor.

Avental de Raspa para Soldador

Objetivo: Proteção do tronco do usuário contra respingos de materiais em fusão, operação de solda

e agentes cortantes ou escoriantes.

Utilização: Este avental deve ser utilizado em atividades que envolvam risco de respingo de

materiais em fusão, operação de solda e agentes cortantes ou escoriantes. É necessário certificar-

se de que as mãos, corpo e o avental estejam limpos e secos antes da utilização. O avental que

estiver impregnado com óleo, graxas, produtos químicos e outros materiais não deve ser utilizado.

O avental deve ser utilizado amarrado de forma a cobrir toda a superfície do corpo a ser protegida.

Cuidados e conservação: O avental de raspa deve ser inspecionado visualmente antes de sua

utilização; ao final das atividades guardar em local adequado, seco e distante de umidade; não

deixar o avental mal acondicionado, impregnado de substâncias agressivas ou exposto a

intempéries.

Periodicidade de troca: Deverá ser substituído quando apresentar rasgo ou qualquer tipo de dano

que possa prejudicar a proteção do usuário.

Especificações: O avental de raspa comum deve atender à Padronização xxxxxxx e o avental com

manga e pala para soldador deve atender à Padronização XXXXXXXX.

A NR 6 trata exclusivamente dos equipamentos de proteção individual, para conhecer seu conteúdo

por inteiro acesse o link abaixo:

http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A33EF45990134335D0C415AD6/NR-

06%20(atualizada)%202011.pdf

Já o anexo da NR 6 lista todos os tipos de EPI existentes e os subdividem em:

Proteção da cabeça e do crânio;

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Figura 08: Capacete

Disponível em: http://work-security.blogspot.com.br/2011/04/existe-um-padrao-de-cores-para-

os.html

Proteção dos olhos e face;

Figura 09: Óculos de proteção

Disponível em: http://www.solucoesindustriais.com.br/empresa/seguranca/super-epi-

equipamentos-de-protecao/produtos/seguranca-e-protecao/oculos-de-protecao

Proteção auditiva;

Figura 10: Protetor auricular tipo concha

Disponível em: http://www.allsafetyepi.com.br/departamento.php?dep=48

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Proteção do corpo inteiro;

Figura 14: Vestimenta de proteção

Disponível em: http://www.sossul.com.br/produtos.asp?grp=20&subgrp=&tbBusca=&PagAtual=4

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3. Estruturar e desenvolver avaliação ergonômica nos ambientes

de trabalho.

3.1. Introdução

Nesta competência vamos conhecer e nos aprofundar um pouco nesta ciência que é denominada

Ergonomia. Saber como ela surgiu, qual o seu campo de atuação e a sua importância para a

melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e minimização de acidentes e doenças

relacionados ao trabalho. Além disso, vamos aprender a sua classificação e como se realiza uma

análise ergonômica de trabalho.

3.2. Surgimento da ergonomia

Na época da Revolução Industrial os empresários não estavam preocupados com os problemas dos

homens, queriam saber apenas do aumento da produção e dos lucros. A tecnologia avançava

rapidamente e a necessidade de mão de obra era crescente. A consequência da soma desses

fatores era trabalhadores exercendo seus ofícios em péssimas condições.

Até que essa situação levou a índices alarmantes de acidentes, adoecimentos e morte dos

trabalhadores, muitos funcionários ficaram inválidos ou morreram. A escassez de mão de obra

começou a ser sentida e a se tornar preocupante! Somou-se a esta realidade os conhecimentos

científicos e tecnológicos que foram aplicados na Segunda Guerra Mundial como o

desenvolvimento de aviões, submarinos, tanques, radares e armas. Os soldados precisavam de

muita habilidade para operá-los e as condições ambientais eram bastante desfavoráveis o que

gerou na época diversos erros e acidentes fatais.

Logo após a guerra já existiam vários profissionais envolvidos em projetos que visavam adaptar os

instrumentos às características e capacidade dos soldados que operavam as máquinas. Em 12 de

julho de 1949, na Inglaterra, essas pessoas se reuniram e foi durante esse evento que nasceu a

ergonomia. Na mesma época, nos Estados Unidos, a marinha e a força aérea, juntas, montavam um

laboratório de pesquisa de ergonomia com o objetivo de aperfeiçoar aeronaves e submarinos. Por

fim, a ergonomia ganhou impressionante avanço e enorme desenvolvimento tecnológico,

disseminando-se rapidamente pela América e Europa, após a Corrida Espacial e a Guerra Fria.

Competência 3

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Ergonomia e Saúde Ocupacional

Figura 17: Guerra fria

Disponível em: http://correiodobrasil.com.br/noticias/opiniao/os-milagres-economicos-da-guerra-

fria/564162/

Dessa forma, a ergonomia surge mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas como a

antropometria, a biomecânica, a anatomia, a fisiologia do trabalho, a psicologia do trabalho, o

desenho industrial, a toxicologia e a informática. Era uma nova ciência que tem como objetivo

humanizar o trabalho e tornar mais produtivo os seus resultados.

Atenção!

Alguns estudiosos creditam o surgimento da ergonomia ao homem primitivo, que com a

necessidade de se proteger e sobreviver, sem querer, começou a aplicar os princípios da

ergonomia, buscando meios de tornar seus trabalhos mais fáceis e menos penosos.

Com o advento da ergonomia o homem se torna o centro das atenções e cuidados, ele agora é a

peça fundamental do sistema de produção. A constituição, o potencial e as limitações humanas são

analisados e não será exigido além da capacidade individual de cada pessoa.

O trabalho deve ser motivador e permitir a satisfação física e mental do funcionário e não ser

encarado apenas como um meio de sobrevivência. Existe uma preocupação com as consequências

sanitárias e psicológicas do ambiente, procurando torná-lo agradável e são.

Vários aspectos são estudados na ergonomia como, por exemplo, postura e movimentos corporais

(trabalho sentado, trabalho em pé, movimentação de cargas e levantamento de peso), informações

captadas pela visão e audição, controle (relação de mostradores e controles) e cargos e tarefas.

Que tal relembrarmos na NR 17 que fala exclusivamente sobre a ergonomia? Acesse o link abaixo:

http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr17.htm

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Atenção!

Ocorre a inversão dos conceitos. Antes o homem tinha que se adaptar ao meio laboral, agora o

trabalho, os equipamentos e o meio é que têm de se moldar ao homem.

Você sabia que a Ergonomia se divide em três fases distintas? São elas:

Primeira fase ou ergonomia tradicional Nesta fase, os cientistas tinham como objetivo

redimensionar os postos de trabalho e dessa forma possibilitar um melhor alcance motor e visual

dos funcionários. Os estudos ficaram centrados nas características físicas e perceptivas do ser

humano e na aplicação de dados no design de controles, displays e arranjos de interesse militar.

Segunda fase ou ergonomia do meio ambiente Passa a se entender a relação do homem com o

meio ambiente, os postos de trabalho são projetados de tal forma que isolam o trabalhador do

ambiente industrial agressivo. Surge a preocupação com os efeitos que a temperatura, o ruído, a

vibração, a iluminação e os aerodispersoides podem causam no homem. Nesta fase, as dimensões

do trabalho e o ambiente passam a ser adequados ao homem.

Terceira fase ou ergonomia de software ou cognitiva A ergonomia começa a operar em outro

ramo científico, estudando e elaborando sistemas de transmissão de informação mais adequados a

capacidade mental do homem, muito comum à informática e ao controle automático de processos

industriais. Nesta fase, se dá ênfase ao processo cognitivo do ser humano.

Figura 18: Automação em indústria

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Automa%C3%A7%C3%A3o

Manual do Aluno 27

Ergonomia e Saúde Ocupacional

Classificação da ergonomia

Ergonomia de concepção ou ergonomia proativa

Já na fase de planejamento e concepção dos locais, postos e instrumentos de trabalho se realizam

intervenções ergonômicas. É o tipo mais indicado, pois já se pensa em ambientes de trabalho

adequados antes mesmo de os trabalhadores começarem suas atividades, não sendo necessário

estabelecer alterações em situações previamente estabelecidas. Ou seja, antes de se abrir uma

empresa e até mesmo de começar a construção de suas instalações e compra de suas máquinas e

equipamentos já se realiza um estudo de base para que se façam essas ações da maneira mais

ergonomicamente correta para os trabalhadores.

Entretanto não é a maneira mais fácil de trabalhar, visto que as decisões serão tomadas baseadas

em situações não reais simuladas em computadores e modelos virtuais. Sendo assim, é exigida uma

maior carga de conhecimento e experiência de quem for colocá-la em prática.

Ergonomia de correção ou ergonomia reativa

Aqui as ações serão realizadas em ambientes reais, onde as atividades laborais já são efetuadas. É

quando se identificam problemas ergonômicos em algumas funções e são necessárias medidas para

saná-las. Em algumas situações a saúde e a segurança dos trabalhadores, está sendo colocada em

risco e em outras os problemas estão interferindo diretamente na produção, nos dois casos os

problemas têm que ser resolvidos. Um dificultador é que as soluções adotadas muitas vezes não

são completamente satisfatórias, exigindo custo elevado de implantação.

Ergonomia de conscientização

Neste tipo de ergonomia a abordagem é um pouco diferente, os trabalhadores são

capacitados, através de treinamentos de reciclagem individuais ou coletivos, para que eles mesmos

sejam capazes de identificar e corrigir problemas que possam surgir no dia a dia do trabalho.

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Figura 19: Capacitação de trabalhadores

Disponível em: http://fatres.blogspot.com.br/2012_04_01_archive.html

Ergonomia de participação

O usuário do sistema passa a ser envolvido na solução de problemas ergonômicos. Parte-se do

princípio básico de que o usuário ele detém o conhecimento prático que muitas vezes acaba

passando despercebido pelo projetista na ergonomia de concepção. Por usuário devemos entender

o próprio trabalhador, quando se trata de alterações no posto de trabalho, e o consumidor, quando

se trata do produto de consumo.

3.3. Análise Ergonômica de Trabalho (AET)

É considerada uma ergonomia de correção e foi desenvolvida por pesquisadores franceses. Com o

intuito de avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos

trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho. Através da aplicação

dos conhecimentos da ergonomia se faz a análise, o diagnostico e a correção de uma situação real

do ambiente de trabalho.

Sendo assim, inicialmente se compreende as atividades dos trabalhadores, posteriormente se

identifica um problema ou uma situação problemática e por fim se realiza um diagnóstico que

relaciona os diversos determinantes das atividades e suas consequências, tanto para os

trabalhadores quanto para o sistema. Podemos concluir que a AET não pode ser realizada para toda

a empresa, ela deve ter uma elaboração localizada para cada setor da empresa.

São feitas análises de uma situação de trabalho com o intuito de adaptar o homem as:

Condições de regulação no trabalho pausas, flexibilidade, paradas e ginástica pré-laboral.

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Figura 20: Ginástica laboral

Disponível em: http://www.semearsaude.com.br/servicos/ginastica-laboral-bh

Condições técnicas estruturas gerais do sistema de produção, fluxo de produção e sistemas de

controle;

Condições ambientais estuda-se o layout, mobiliário, ruído, iluminação e temperatura;

Condições organizacionais horas de trabalho, turnos, índice de retrabalho, dificuldades

operacionais ambientais e organizacionais;

Condições cognitivas são as exigências na realização do trabalho, controle, qualidade e inspeção;

A AET se divide em cinco etapas, são elas a análise de demanda, a análise da tarefa, a análise da

atividade, o diagnóstico e as recomendações.

Análise de demanda

É o momento inicial da análise ergonômica, aqui se busca entender a empresa e levantar os

problemas existentes que precisam ser sanados. Para obter os dados necessários é preciso buscar

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fontes e meios seguros de informações sobre a demanda, fazendo consultas a alguns serviços da

empresa como os serviços de medicina e segurança do trabalho, departamento de recursos

humanos e departamento de engenharia industrial. A procura é por dados estatísticos referentes a

doenças ocupacionais, acidentes, taxas de absenteísmo e de rotatividade, índices de rotatividade e

organogramas.

É realizada uma visita para reconhecimento da situação de trabalho. Entanto antes deve-se

fazer uma preparação que consiste em informar os trabalhadores da visita e do estudo ergonômico

que será realizado, conhecer previamente o funcionamento da instituição, verificar a importância

do problema formulado e prever visitas complementares em empresas do mesmo grupo ou ramo

de atividade.

Análise da tarefa

Refere-se a um planejamento do ofício e pode estar contida em documentos formais como

procedimentos operacionais e descrição de cargos.

Nesta fase, são analisadas a tarefa prescrita, cujos objetivos e métodos são definidos por

instruções, e a tarefa real. Ou seja, todos os processos do trabalho prescrito são avaliados e o

trabalho executado também. Uma maior ênfase é dada na análise do trabalho real, o intuído

principal é levantar as diferenças entre os dois tipos de tarefas. Dessa forma, são identificados os

diferentes aspectos da realidade do trabalho e as dificuldades são salientadas.

Análise da atividade

Aqui será feita uma avaliação de como o homem se comporta no ambiente de trabalho. É o

passo a passo que o indivíduo executa para alcançar os objetivos de produção. As atividades que os

trabalhadores exercem são influenciadas por fatores interno e externos. Entre os fatores internos

podemos citar as características do trabalhador quanto à formação, experiência, idade, sexo,

medidas antropométricas, disposições momentâneas como motivação, sono / vigília e fadiga. Já os

fatores externos fazem referência às condições em que as atividades são executadas como as

condições ambientais de trabalho (ruído, calor, vibração, iluminação, gases e poeiras), as condições

técnicas do trabalho (materiais, máquinas, ferramentas, documentos, softwares) e as condições

organizacionais de trabalho (trabalho noturno, pausas, horários e ritmo de trabalho).

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Diagnóstico

Nesta fase, se realiza a síntese da análise ergonômica do trabalho. Através de vários fatores

relacionados ao trabalho e à empresa, que podem influenciar o trabalho, vamos evidenciar as

causas que provocam o problema que foi descrito na análise de demanda. Por exemplo: acidentes

podem ser causados por iluminação inadequada, equipamentos sem manutenção e sinalização

incompleta, já a taxa de absenteísmo em operadores de telemarketing pode ser devido a pressão

da chefia e ambiente de trabalho competitivo.

Recomendações

Inicialmente é feito um levantamento dos problemas existentes no ambiente laboral e

posteriormente avaliada a população dos trabalhadores, com suas características peculiares, e as

tarefas prescritas, as reais e o comportamento do homem no trabalho. A partir destes dados

levantados se estabelece diagnósticos situacionais, os quais se tornam norteadores no processo de

elaboração de um plano de ação de intervenção. Quando as recomendações já estão definidas não

se deve esquecer de determinar metas a serem alcançadas e prazos para serem cumpridos.

A realização de uma intervenção ergonômica tem por finalidade transformar a situação de trabalho

e permitir um melhor conhecimento sobre a atividade real do trabalhador. Ao se identificar os

pontos de desequilíbrio entre o ambiente de trabalho e o homem é possível questionar as relações

saúde/trabalho e suas consequências negativas, como doenças profissionais e do trabalho e os

acidentes de trabalho e também as exigências da produção quanto à quantidade e qualidade. Com

todo este levantamento, as medidas de proteção adequadas podem ser pensadas e colocadas em

prática.

Dentre os benefícios gerados pela ergonomia podemos citar: aumento da produtividade e

qualidade do produto, redução das faltas dos trabalhadores devido a acidentes e doenças

ocupacionais, satisfação, motivação e conforto do trabalhador e redução da rotatividade dos

empregados.

Manual do Aluno 33

Ergonomia e Saúde Ocupacional

REFERÊNCIAS

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http://amimt.org.br/downloads/Luxemburgo_declaracao.pdf

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http://www.eps.ufsc.br/disserta96/anete/cap2/cap2_ane.htm

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Coimbra. Departamento de engenharia química e biológica. Gestão de recursos humanos.

Dezembro, 2008.

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MORAES, M.V.G. Doenças Ocupacionais, agentes: físico, químico, biológico, ergonômico. 1. ed.

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Norma regulamentadora 17. Disponível em:

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Portal da Saúde. Disponível em: http://www.min-

saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/prevencao/AcidentesTrabalho.htm

Recomendação número 112. Disponível em:

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SESI, SEBRAI. Dicas de prevenção de acidentes e doenças no trabalho. Brasília, 2005.

VIDAL, M.D. Introdução à ergonomia. GENTE - Grupo de ergonomia e novas tecnologias CESERG –

Curso de Especialização Superior em Ergonomia. Rio de Janeiro.