É POSSÍVEL APRENDER INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA: UMA...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE HUMANIDADES CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES LUCY HELENA FERNANDES ALVES É POSSÍVEL APRENDER INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA: UMA EXPERÊNCIA SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGERIA E A CULTURA DIGITAL GUARABIRA PB 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE HUMANIDADES

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO:

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES

LUCY HELENA FERNANDES ALVES

É POSSÍVEL APRENDER INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA:

UMA EXPERÊNCIA SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGERIA E

A CULTURA DIGITAL

GUARABIRA – PB

2014

LUCY HELENA FERNANDES ALVES

É POSSÍVEL APRENDER INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA:

UMA EXPERÊNCIA SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGERIA E

A CULTURA DIGITAL

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização Fundamentos da Educação:

Práticas Pedagógicas Interdisciplinares da

Universidade Estadual da Paraíba, em

convênio com Escola de Serviço Público do

Estado da Paraíba, em cumprimento à

exigência para obtenção do grau de

especialista.

Orientadora: Prof.ª Ma. Luana Francisleyde Pessoa de Farias

GUARABIRA – PB

2014

DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais, exemplos de dedicação e coragem, pelo

apoio e incentivo incondicional.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela grandiosidade de bênçãos que me proporciona, por todas as vitórias

alcançadas e principalmente pelos momentos de dificuldade que fortaleceram meu

aprendizado e levaram-me a ter a determinação necessária para concluir mais uma etapa de

minha vida.

Ao meu pai e amigo, Rivando Alves da Silva, parceiro incondicional que me apoia

sempre e não mede esforços para a realização de meus sonhos, o meu muito obrigada.

A minha mãe, companheira de estudos, trabalho e principalmente minha amiga,

Margarida Maria Fernandes Alves, que é um exemplo de determinação, força e perseverança.

Anjo que Deus deixou em minha vida, sempre presente e que também me apoia de forma

incondicional para conclusão de todas as etapas de minha vida.

A minha irmã, Laise Caroline Alves, e meu irmão, Álvaro Gabriel Alves, por torcerem

e partilharem desse momento especial em minha vida.

À professora Ma. Luana Francisleyde Pessoa de Farias, pela paciência, dedicação,

colaboração e motivação, que foram fundamentais para realização dessa pesquisa.

Aos meus colegas de sala de aula e de trabalho, que partilharam comigo preciosos

conhecimentos.

Aos gestores da E.E.E.F.M. José Rocha Sobrinho, os quais foram fundamentais

proporcionando o suporte necessário para realização dessa pesquisa.

Aos meus queridos alunos do Curso de Línguas JRS, os quais embarcaram comigo na

aventura do conhecimento. Demonstrando interesse, determinação e persistência em participar

desse projeto.

E finalmente a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para realização desta

pesquisa.

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria

produção ou a sua construção.”

Paulo Freire

R E S U M O

O presente estudo tem como meta relacionar o ensino desta Língua Estrangeira (LE) com a

cultura digital, de forma a investigar até que ponto essa cultura pode favorecer ou dificultar o

processo de ensino aprendizagem. Com ênfase no ensino comunicativo e relacionado com as

propostas dos documentos oficiais como LDB, PCNs e OCEM, objetivamos, com a referida

pesquisa, verificar como a cultura digital pode contribuir ou dificultar o aprendizado nas aulas

de inglês na escola pública. Utilizamos, como principais suportes teóricos, autores como

Almeida Filho (2002), Kalva e Ferreira (2010), Masetto (1997), Holden & Rogers (2001),

Freeman (2008), Kenski (1997), Mercado (1998), entre outros. E mediante as reflexões por

eles apresentadas, levantamos uma discussão sobre a importância da utilização das novas

tecnologias para desenvolvimento do aprendizado do inglês. Para tanto, apresentamos como

suporte metodológico o uso das mais diversas mídias, como data show, tablets, vídeo, áudios,

como também a utilização do aplicativo Duolingo. A proposta metodológica foi aplicada em

uma turma piloto com alunos do 1º e 2º ano do ensino médio em um curso de idiomas, a partir

da qual se comprovou o desenvolvimento do aprendizado da língua inglesa quando aliado às

novas tecnologias.

PALAVRAS-CHAVE: Língua Inglesa. Cultura Digital. Novas Tecnologias.

A B S T R A C T

This treatise aims to relate a foreign language‟s (LE) teaching with digital culture, in order to

investigate how culture can further or hinder the teaching and learning process. With

emphasis on communicative teaching and related with proposals official documents as LDB,

PCNs and OCEM , we aim in this research, ascertain how digital culture can further or hinder

English learning at public schools. We resort, as theoretical supports we resort some authors,

such as Almeida Filho (2002), Kalva and Ferreira (2010), Masetto (1997), Holden & Rogers

(2001), Freeman (2008), Kenski (1997), Market (1998), among others. According to

reflections presented by them, raised a discussion about the using new technologies'

importance for development learning English. Presenting like methodological support the use

of medias various such as data show, tablets, video, audio, as well as the use of Duolingo

application. The methodology was applied in a pilot class with students of 1st and 2nd year of

high school in a languages course, which proved to be favorable to English learning

development.

KEYWORDS: English Language. Digital Culture. New Tecnologies.

LISTA DE SIGLAS

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LE Língua Estrangeira

OCEM Orientações Curriculares para o Ensino Médio

PCNs de LE Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira

PCNEM Parâmetros Curriculares do Ensino Médio

LISTA DE TABELAS

Quadro I Modos de ensino: papel do professor/ aluno .................... 38

LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 Sala de Vídeo da E.E.E.F.M. José Rocha Sobrinho...................... 40

Fig. 2 Página do facebook .......................................................................... 41

Fig. 3 Aplicativo Duolingo ......................................................................... 42

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 13

2 ENSINO DO INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NO

BRASIL...........................................................................................................

16

2.1 Concepções teórico-metodológicas do ensino de uma língua

estrangeira............................................................................................................

22

3 NOVAS TECNOLOGIAS, EDUCAÇÃO E O PAPEL DOCENTE............ 28

3.1 Novas Tecnologias na Educação........................................................................ 29

3.2 Papel do docente frente às novas tecnologias na educação.............................. 33

4 O ENSINO DE INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA: A EXPERIÊNCIA

COM O CURSO DE INGLÊS

JRS.............................................................................................................

39

4.1 Caracterização da pesquisa................................................................................

39

4.2 Discussão ............................................................................................................. 42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 47

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 49

7 ANEXOS ............................................................................................................. 52

13

INTRODUÇÃO

O espaço escolar pode ser compreendido como uma instância na qual diversos

discursos se relacionam, possibilitando assim o desenvolvimento dos indivíduos. Entende-se

por sala de aula um espaço de convivência, onde há uma troca de saberes por parte dos

professores e alunos. Considerando que é função da escola discutir sobre temas recorrentes na

sociedade, como forma de motivar e instigar o processo de ensino-aprendizagem, o presente

estudo visa relacionar o ensino desta Língua Estrangeira (LE) com a cultura digital, de forma

a investigar até que ponto essa cultura pode favorecer ou dificultar esse processo.

No contexto atual do ensino, é perceptível a dificuldade de trabalhar os conteúdos

escolares pela falta de interesse dos alunos por temas julgados pelos mesmos desinteressantes

por não fazerem parte de seu universo. Diante dessa necessidade de motivar e manter os

alunos com foco na aprendizagem, investigar o papel social da escola na era tecnológica, bem

como conhecer relação do mundo digital com o ensino de Língua Inglesa no ensino médio,

faz-se relevante.

A Cultura Digital faz parte do cotidiano não apenas dos educandos, como também dos

docentes, funcionando assim como uma forma de junção de mundos. Para “a nova geração”,

imersa na cultura digital, a prática de temáticas que fazem parte do cotidiano são de extrema

importância, pois é uma forma de motivar e manter os alunos com foco na aprendizagem.

Na era tecnológica, o uso do Inglês é um instrumento importante para interação com o

computador, pois possibilita o acesso e facilita o processo de leitura do aprendiz ou usuário.

De acordo com os PCNs (1998, p. 38), “o Inglês dá acesso à ciência e às tecnologias

modernas, à comunicação intelectual, ao mundo dos negócios e outros modos de se conceber

a vida humana”. Isso acontece devido esta língua ser a mais falada em todo o mundo e estar

presente em computadores, no mundo dos negócios, na comunidade internacional, enfim, em

diversas partes.

Considerando que a Cultura Digital está intimamente relacionada ao universo da sala

de aula, em especial às aulas de Língua Inglesa, o estudo dessa cultura é relevante devido à

maioria dos termos do universo da Informática ser provenientes da língua inglesa e grande

parte deles estarem incorporados à Língua Portuguesa, estando inclusive dicionarizados.

Dessa forma, o estudo da cultura digital é necessário, pois é uma forma de despertar interesse

do educando para o ensino mais significativo.

A Cultura Digital faz parte do cotidiano não apenas dos educandos, como também dos

docentes, tornando-se algo indissociável. É perceptível a influência dessa cultura digital no

14

ambiente escolar, no entanto, indagamos: até que ponto essa relação favorece o processo de

ensino aprendizagem? Como se dá o ensino de Língua Estrangeira nesse contexto? É

favorecido ou apresenta desafios?

Objetivamos com a referida pesquisa desenvolvida com alunos de Língua Inglesa do

primeiro e segundo ano do ensino médio verificar como a cultura digital pode contribuir ou

dificultar o aprendizado nas aulas desse idioma. Mais especificamente, observar como as

novas tecnologias de informação e comunicação podem ser integradas nesse contexto, de

forma a investigar até que ponto o acesso às novas tecnologias pode contribuir para ampliar os

conhecimentos dos educandos. Também será analisado como a metodologia do ensino

comunicativo pode proporcionar o aprendizado de um novo idioma.

Além de fundamentarmos nossa pesquisa nos documentos oficiais, como a LDB1

(1996), os PCN2s de LE (1998), PCNEM

3 (1999), PCN+

4 (2000) e OCEM

5 (2006), que regem

a educação do país, também utilizamos como base teórico-metodológica os seguintes autores:

Almeida Filho (2002) e Kalva e Ferreira (2010), que nos ajudaram a compreender o objetivo

de se aprender uma língua estrangeira; Masetto (1997) e Holden & Rogers (2001), os quais

nos fizeram refletir sobre a importância de se discutir no ambiente escolar conteúdos que se

mostrem significativos para a realidade do educando; Ligtbowy e Spada (1999) e Freeman

(2008), que destacaram as principais correntes teórico-metodológicas do ensino de línguas;

além Kenski (1997) e Mercado (1998), os quais justificam o uso e a importância das novas

tecnologias na educação.

Quanto aos procedimentos metodológicos, trata-se de pesquisa de cunho qualitativo-

interpretativo realizada a partir da ministração de aulas no contexto comunicativo e uso das

mais diversas mídias, como data show, tablets, vídeo, áudios. Nesse sentido, também foi

observado como o aplicativo Duolingo, o qual pode ser instalado no celular, pode favorecer

ou não, destacando-se como desafio ou possibilidade para ampliação do aprendizado.

O presente estudo está dividido em três capítulos. Inicialmente será apresentada uma

visão geral sobre o ensino de inglês no Brasil, destacando seu histórico, as leis que amparam

sua incorporação no ensino regular. Além de enfatizar as concepções teóricas e métodos de

ensino aprendizagem de uma LE. Em seguida, traremos uma visão ampla em relação às novas

tecnologias inseridas na educação, mostrando seu histórico, seu papel na educação, bem como

1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 2 Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira. 3 Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. 4 Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. 5 Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

15

a função docente nesse contexto educativo. Ao final desse estudo, apresentaremos um relato

de experiência elaborado a partir das aulas ministradas com alunos do primeiro e segundo ano

do ensino médio da E. E. E. F. M. José Rocha Sobrinho, localizada na cidade de Bananeiras-

PB.

16

2 ENSINO DO INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NO BRASIL

A educação passou por várias mudanças ao longo dos anos, entre elas destacamos o

direito à educação formal, antes privilégio apenas das pessoas que possuíam um alto poder

aquisitivo. No entanto, embora seja visível seu progresso, a busca por um ensino de qualidade

ainda está em processo de construção, o almejado ensino, que objetiva formar educandos

capazes a ingressar no mercado de trabalho, mostra-se um dos principais desafios enfrentados

pela educação na atualidade.

Vivemos em um mundo marcado por progressos científicos e avanços tecnológicos,

que exige, cada vez mais, dos jovens o ingresso nesse mercado. Devido a isto, as escolas,

públicas e privadas, tiveram uma alteração no currículo de modo a incluir disciplinas e

conteúdos que levassem os alunos a entrar, bem preparados, no mundo do trabalho. A

inclusão de uma LE no ensino fundamental, por exemplo, foi uma das modificações ocorridas

no currículo escolar, estando assegurada na LDB nº 9.394/96, nos Parâmetros Curriculares

Nacionais em todas as suas versões: PCN (1998), PCNEM (1999), PCN+ (2000) e pelas

OCEM (2006).

Os PCNs de LE justificam a inclusão desse componente no ensino fundamental

afirmando que “A aprendizagem de uma Língua Estrangeira é uma possibilidade de aumentar

a autopercepção como ser humano e como cidadão” ( 1998, p. 15). Isso acontece devido o

espaço educativo ser o ambiente propício para aprendizagem e a troca de experiências entre

todos que compõe o círculo educativo, como professores, alunos, gestores, pais etc.

A Nova Escola, na edição 214 de 08/2008, traz um breve histórico da inclusão de uma

LE no currículo escolar. Segundo o artigo de Polonato e Menegueço (2008), foi em 1808 com

a chegada da família real que uma LE (inglês) foi introduzida oficialmente no currículo.

Contudo, até 1889, depois da proclamação da República, o inglês ainda era de caráter

opcional. Foi apenas no final do século XIX que essa língua se tornou obrigatória no currículo

escolar. Em 1942, por exemplo, no governo Getúlio Vargas, o inglês juntamente com o latim

e o francês eram matérias obrigatórias do antigo ginásio. Em 1961, a LDB vigente retirou a

obrigatoriedade do ensino de LE deixando a cargo do estado sua inclusão ou não nas séries do

ginásio. Anos mais tarde, com a resolução 58/76, o ministério da educação em 1976 retoma a

obrigatoriedade do inglês como LE no colegial. E em 1996, com a retificação da LDB nº

9.394/96, a LE tornou-se obrigatória a partir da quinta série. Três anos depois, com a

publicação dos PCNs voltados para o ensino fundamental foi enfatizado os objetivos dessa

disciplina no currículo, apresentando assim uma abordagem sociointeracionista. Nos anos

17

subsequentes, foram publicados documentos referentes ao ensino médio. Segundo dados do

Ministério da Educação, em 1999 foi publicada uma edição dos PCNEM voltada para o

Ensino Médio, com o intuito de destacar uma visão mais ampliada sobre as atribuições do

novo ensino médio, bem como propor uma reforma curricular, a qual estabelece a divisão do

conhecimento escolar em três áreas: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências da

Natureza; Matemática e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e suas Tecnologias. A área de

Linguagem, Códigos e suas Tecnologias destaca

[...] as competências que dizem respeito à constituição de significados

que serão de grande valia para a aquisição e formalização de todos os

conteúdos curriculares, para a constituição da identidade e o exercício

da cidadania. [...] é importante destacar que o agrupamento das

linguagens busca estabelecer correspondência não apenas entre as

formas de comunicação – das quais as artes, as atividades físicas e a

informática fazem parte inseparável – como evidenciar a importância

de todas as linguagens enquanto constituintes dos conhecimentos e

das identidades dos alunos, de modo a contemplar as possibilidades

artísticas, lúdicas e motoras de conhecer o mundo. (BRASIL, 1999, p.

92.)

Nessa perspectiva, almeja-se o desenvolvimento da linguagem, de modo a utilizá-la

em diferentes situações e contextos. Além disso, a presença das tecnologias nesse contexto

permite uma maior visualização destes saberes no mundo do trabalho. Em 2000, com o

PCN+, o enfoque na interdisciplinaridade nas áreas de conhecimento ficou ainda mais visível.

Elencou-se, entre outras questões, a necessidade de atualização da educação brasileira. Na

área de linguagem, por exemplo, afirma-se que

[...] o caminho a percorrer vai da compreensão e do uso particular das

linguagens específicas empregadas nas práticas de cada disciplina à

compreensão e à análise da faculdade humana de construir e utilizar a

linguagem [...] entender que a língua materna gera significação para a

realidade e fundamenta a identidade cultural não é uma competência

desvinculada do estudo contrastivo entre a Língua Portuguesa e a

Língua Estrangeira que integra o currículo da escola. [...] Entender

que essas linguagens revelam uma visão específica de mundo é

extrapolar a compreensão dos conceitos que fazem parte dos

conteúdos particulares de cada disciplina. É articular conhecimentos

disciplinares e, consequentemente, aprofundar a compreensão do

conceito amplo de linguagem. (BRASIL, 2000, p. 26)

18

Assim, o conhecimento das disciplinas pertencentes a cada área, sua relação com áreas

afins e sua perspectiva interdisciplinar são pontos fundamentais para os docentes ampliarem o

conceito de linguagem e consequentemente instigar nos discentes a necessidade de adquirir e

desenvolver as competências necessárias a cada área de conhecimento.

Seis anos após a publicação dos PCN+, em 2006 foi lançada a OCEM, a qual propôs

sugestões de procedimentos pedagógicos adequados às transformações socioculturais do

mundo contemporâneo. Para tanto, esse documento aprofunda a discussão sobre alguns

pontos presentes nos PCN+, como por exemplo, a especificação das atribuições das

disciplinas presentes nas áreas de conhecimento. Expondo assim, algumas alternativas

didático-pedagógicas necessárias para se alcançar as necessidades e expectativas das escolas e

dos docentes frente à estruturação de currículo para o ensino médio que atinja os discentes, de

modo a prepará-los para ingressar no mercado de trabalho.

Com relação à inclusão de uma LE no currículo, vários são os critérios utilizados para

sua escolha, entre eles, podemos destacar: o „fator histórico‟, que faz referência ao papel

hegemônico da língua; „fatores relativos à comunidade local‟, como a convivência com

imigrantes, indígenas, entre outros; „fatores relativos à tradição‟, neste pode–se destacar o

papel que determinadas LE exercem nas relações culturais entre os países; como também

pode se considerar o „fator socioeconômico‟. Em nosso país, levaram-se em consideração,

principalmente, os fatores históricos e o socioeconômico ao adotar o Inglês como LE no

currículo da maioria das escolas públicas e privadas.

A globalização estreitou os espaços geográficos como conhecíamos

até então e fez com que o encontro entre pessoas de países e

identidades diferentes se tornasse mais fácil, e para tanto uma língua

comum foi estabelecida: o inglês. E não foi por acaso a escolha dessa

língua; em outros tempos o latim e o francês foram línguas usadas

amplamente, entretanto não tiveram a mesma expansão que a língua

inglesa, por um lado devido a motivos econômicos e sociais, primeiro

pela colonização inglesa e depois pelo império econômico americano

e outro foi o avanço tecnológico, o qual fez com que o inglês

rapidamente se espalhasse pelo mundo. (KALVA e FERREIRA,

2010, p. 03)

O ensino de LE no Brasil é obrigatório a partir do 3º e 4º ciclo do ensino fundamental,

que compreende do 6º ao 9º ano, seguindo até o ensino médio. Em escolas privadas, observa-

se que o ensino de LE começa no 1º e 2º ciclos.

19

Como é sabido, o Ensino Médio é a etapa final da educação básica e, entre outras

funções, objetiva desenvolver competências que situem o educando como sujeito produtor de

conhecimento e participante do mundo do trabalho. Caracteriza-se por preparar os educandos

para o prosseguimento de estudos e habilitá-los para o exercício de uma profissão. Dessa

forma, o aprendizado de uma LE faz-se relevante, uma vez que é parte constituinte desse

processo. Lima (2009, p. 162) afirma que “A língua estrangeira é um componente essencial

para educação básica dos brasileiros e precisa ser considerada como uma área de

conhecimento tão importante tanto quanto outra qualquer.” E, para tanto, a capacitação e a

disponibilidade de material didático adequado se fazem necessários.

Quanto à importância de se incluir uma LE no currículo escolar, Almeida Filho (2002,

p. 11) salienta que

Aprender uma nova língua na escola é uma experiência educativa que

se realiza para e pelo aprendiz/aluno como reflexo de valores

específicos do grupo social e/ou étnico que matem essa escola. São

esses valores transformados em interesses [...] que fazem o currículo

abrigar uma ou mais línguas estrangeiras. São ainda esses valores que

contribuem para determinar quais línguas, com quais razões

declaradas, em que níveis, por quanto tempo e com que intensidade

ensinar nos diferentes níveis escolares.

Os PCNs de LE (1998) considera o aprendizado de uma outra língua, diferente da

materna, indispensável para se ter um acesso igualitário ao mundo dos negócios, à tecnologia,

funcionando como instrumento para se chegar ao mercado de trabalho. Além de que “O

ensino de uma Língua Estrangeira na Escola tem papel importante à medida que permite aos

alunos entrar em contato com outras culturas, com modos diferentes de ver e interpretar a

realidade” (1998, p. 54). Isso acontece devido o espaço educativo ser o ambiente propício

para aprendizagem através da troca de experiências entre todos que compõe o círculo

educativo. O PCNEM (1999) reitera essa questão ao destacar que conhecer e usar uma língua

estrangeira moderna é um instrumento de acesso a informações, cultura e grupos sociais.

Aprender uma LE possibilita a ampliação de horizontes a partir do conhecimento de

outra cultura. A língua não é apenas um signo linguístico, mas o código da identidade de um

povo. E, desta forma, ao aprender o Inglês, nos apropriamos de uma nova identidade, mesmo

inconscientemente.

20

E essa nossa identidade nacional (identidade imaginada de

pertencimento à uma nação) somada à identidade de língua estrangeira

formarão uma nova identidade, uma vez que não podemos afirmar

que quando nos apropriamos de uma identidade deixamos de possuir a

que tínhamos antes (HALL, 1999 apud KALVA e FERREIRA, 2010,

p. 03)

Esse processo nem sempre ocorre de forma harmoniosa e pode ser direcionado a duas

vertentes: a resistência e o deslumbramento. Na primeira, os aprendizes tem resistência por

sentirem sua identidade nacional invadida ao aprender uma LE como o inglês. Na última

situação, muitas pessoas sentem-se deslumbradas pela cultura do outro e acabam por

desvalorizar ou esquecer a sua.

E esse valorizar a língua do outro está relacionado com um padrão

econômico e cultural elitista e que não se desvincula do imperialismo

lingüístico, ou seja, do que é pensado enquanto potência econômica e

cultural como é o caso dos EUA e da Inglaterra. (KALVA e

FERREIRA, 2010, p. 07).

O docente, nesse contexto, tem que ter claro a consciência que tanto o ato de ensinar

quanto aprender o inglês não significa ser o outro, mas comunicar-se com ele. Ferreira (2000,

p. 5 apud Kalva e Ferreira 2010, p. 07) destaca que o “objetivo principal quando se ensina

uma língua estrangeira é perceber que estamos aprendendo para nos comunicar através dessa

nova língua e sendo assim conforme vai se aprendendo essa língua ela se desestrangeiriza”.

Entender o discurso de um falante de LE é o mesmo que inseri-lo em um contexto global

partilhando experiências e conhecimentos. Almeida Filho (2002, p. 15) compartilha da ideia

do autor supracitado, destacando que “Aprender LE assim é crescer numa matriz de relações

interativas na língua-alvo que gradualmente se desestrangeiriza para quem a aprende”.

Sendo assim, docentes e discentes devem compreender a concepção que, ao conhecer

e aprender uma LE, nos apropriamos também de sua cultura, sua identidade, sem, contudo,

desvalorizar nossa própria língua, símbolo da identidade nacional, e principalmente sem abrir

mão de seus valores.

Esse diálogo intercultural pode ser favorecido através da globalização com a

incorporação das novas tecnologias na educação. Configurando-se como uma oportunidade de

se inserir no mundo ao qual o alunado está imerso, além abordar temas recorrentes na

21

vivência em sociedade. No entanto esse processo deve ocorrer de forma cautelosa, segundo a

OCEM,

Sem esse discernimento, o raciocínio “globalizante” poderá conduzir à

crença de que os conhecimentos sobre informática e sobre a língua

inglesa (duas ferramentas tidas como “imprescindíveis” para a entrada

na sociedade globalizada) bastam para a integração social, uma

integração que se traduz por emprego, sucesso profissional, melhoria

de vida material, bem-estar pelo sentimento de pertencimento.

Logicamente que esses aspectos representam bens sociais e direitos do

cidadão que devem ser proporcionados a todos. Mas acreditamos que

a questão da inclusão deva ser estudada de maneira mais ampla, de

novo, sob um ponto de vista educacional que poderá levar à

sensibilidade de que uma visão da inclusão é inseparável de uma

consciência crítica da heterogeneidade e da diversidade sociocultural e

lingüística. Seguindo esse raciocínio, a exclusão está implícita em

concepções de língua e cultura como totalidades abstratas, fixas,

estáveis e homogêneas. (BRASIL, 2006, p. 96)

O ensino relacionado a questões cotidianas é de extrema importância, conforme

afirma Masetto (1997), a sala de aula assume um outro significado quando os alunos

percebem que através da troca de experiências, uns com os outros e de situações concretas do

seu cotidiano, eles podem adquirir conhecimentos relevantes para seu aprendizado. Assim,

Quando o aluno percebe que pode estudar nas aulas, discutir e

encontrar pistas e encaminhamentos para questões de sua vida e das

pessoas que constituem seu grupo vivencial, quando seu dia-a-dia de

estudos é invadido e atravessado pela vida, quando ele pode sair da

sala de aula com as mãos cheias de dados, com contribuições

significativas para os problemas que são vividos “lá fora”, este espaço

se torna espaço de vida, a sala de aula assume um interesse peculiar

para ele e para seu grupo de referência. (MASETTO, 1997, p. 35)

O ambiente escolar e o extraescolar são importantes para que o aprendizado venha se

efetivar. Segundo Holden & Rogers, o ambiente escolar:

[...] exige tanto o aprendizado formal [...] como as oportunidades para

uma prática mais informal, mais experimentação e criatividade. O

ambiente escolar é o contexto ideal para o primeiro caso; cabe ao

professor garantir o espaço para o segundo. (2001, p. 14).

22

Para os autores citados, todo contexto motivador para prática do idioma deve ser

considerado no processo de ensino-aprendizagem. Nesse caso, verifica-se o meio “fora da

escola” como um local onde também ocorre aprendizagem. É importante o educador também

ressaltar essa questão, mostrando as possibilidades de se encontrar o inglês no dia a dia. Nesse

sentido, deve-se destacar que

“[...] o inglês é uma língua internacional e nessa qualidade, é

facilmente encontrada no “mundo real”, fora da sala de aula. [...] o

inglês pode ser encontrado no cotidiano lingüístico do aluno: em

anúncios, em músicas e principalmente, na linguagem de

computadores” (HOLDEN & ROGERS, 2001, p. 14).

O ensino de uma LE traz consigo, entre outras vantagens, o aumento do conhecimento

do educando com relação a outras culturas, além torná-lo capaz de construir e ampliar

significados através de comparações entre ambas as línguas. Dessa forma, é de extrema

importância o docente expor para o alunado o porquê do ensino de uma língua estrangeira nas

escolas e quais as vantagens que eles podem obter com o aprendizado desta. É relevante

mostrar a presença desta língua em anúncios, músicas, em jogos e programas de computador,

entre outros, revelando assim sua estreita relação com a cultura digital.

2.1 Concepções teórico-metodológicas do ensino de uma língua estrangeira

Normalmente observa-se que os objetivos do ensino de idiomas em escolas regulares

são diferentes dos objetivos dos cursos de idiomas. Alguns documentos oficiais, como

PCNEM, PCN+ e OCEM, posicionam-se frente a esta problemática, justificando que ambas

as instituições, embora almejem o desenvolvimento do aprendizado, possuem finalidades

diferenciadas. Nas escolas regulares, por exemplo, a heterogeneidade das classes, com

discentes nos mais diversos níveis de aprendizado, o restrito número de aulas semanais e as

múltiplas interfaces com outras disciplinas do currículo corroboram para o ensino de línguas

que prioriza a gramática em detrimento das habilidades comunicativas.

23

Para os documentos oficiais supracitados, o ensino de uma LE na escola regular requer

do docente definição de metas para o aprendizado e critérios de seleção de competências a

serem privilegiados nos três anos de ensino médio. Além disso, é fundamental a

imprescindível articulação dos saberes de uma LE com outras disciplinas do currículo de

forma a instigar o conhecimento do educando para situações fora da sala de aula. Assim, o

processo de formação do educando tem como alvo principal a aquisição de conhecimentos

básicos, os quais são adquiridos no cotidiano.

De acordo com o PCNEM (1999) analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos

das linguagens, relacionando a textos que fazem parte do contexto ao qual o educando está

inserido, é parte constituinte do aprendizado. Sendo assim, o desenvolvimento de capacidades

de pesquisa, análise e seleção de informações é parte relevante para o aprendizado de uma LE.

Os PCNs+ (2000) trouxeram a visão que a competência primordial do ensino de

línguas estrangeiras modernas no ensino médio deve ser a da leitura e a interpretação de

textos. Para tanto, correlaciona-se vocabulários pertencentes à língua materna e a estrangeira.

Essa reflexão deve propiciar ao aluno a análise de sua própria língua e

cultura, por meio de vínculos com outras culturas – por semelhança e

contraste – que lhe permita compreender melhor sua realidade e as de

outros, enriquecendo sua visão crítica e seu universo cultural.

(BRASIL, 2000, p. 100)

O referido documento ainda enfatiza a importância do aprendizado surgir a partir da

vivência do aluno, do seu contato com outras culturas e seus conhecimentos prévios. O estudo

de uma LE, nesse contexto, envolve principalmente a imersão em uma nova cultura que

proporcione entre outras questões o domínio de competências e habilidades necessárias à vida

pessoal, acadêmica e profissional dos educandos. Conforme os PCNs+ (2000, p. 93),

O processo de aprendizagem de uma língua estrangeira envolve

obrigatoriamente a percepção de que se trata da aquisição de um

produto cultural complexo. Esse aprendizado, iniciado no ensino

fundamental, implica o cumprimento de etapas bem delineadas que,

no ensino médio, culminarão com o domínio de competências e

habilidades que permitirão ao aluno utilizar esse conhecimento em

múltiplas esferas de sua vida pessoal, acadêmica e profissional.

24

O discente ao se apropriar de uma língua, apropria-se também dos seus bens culturais,

os quais proporcionarão acesso à informação em amplo sentido, alcançando não apenas a

influencia acadêmica, mas uma inserção social e profissional mais qualificada.

Para a OCEM (2006), por exemplo, não há clareza por parte da escola regular em

concentrar o ensino apenas linguístico e instrumental em detrimento dos objetivos

educacionais e culturais,

Esse foco retrata uma concepção de educação que concentra mais

esforços na disciplina/conteúdo que propõe ensinar (no caso, um

idioma, como se esse pudesse ser aprendido isoladamente de seus

valores sociais, culturais, políticos e ideológicos) do que nos

aprendizes e na formação desses. A concentração em tais objetivos

pode gerar indefinições (e comparações) sobre o que caracteriza o

aprendizado dessa disciplina no currículo escolar e sobre a

justificativa desse no referido contexto. (BRASIL, 2006, p. 90)

Assim, o conhecimento da heterogeneidade da língua na sua forma contextual, social,

cultural e histórica faz parte do aprendizado discente e são essenciais para instituições

regulares ou de idiomas. A questão primordial é a busca do aprendizado discente.

De acordo com os PCNs de LE (1998), as concepções teóricas que têm orientado o

processo de ensino e aprendizagem foram influenciadas por três visões: a behaviorista, que

afirma que a aprendizagem deve ser um processo pelo qual se adquire novos hábitos

linguísticos, ou seja, a rotina envolveria estímulo, resposta e reforço; a visão cognitivista, que

enfoca as diferentes estratégias utilizadas pelo aluno para adquirir aprendizagem; e a visão

sociointeracionista, na qual o foco é a interação do professor com o aluno, como também

entre alunos. Já os pesquisadores Ligtbowy e Spada (1999) destacam que as principais

correntes teóricas que orientam a aquisição de uma segunda língua são: o Behaviorismo, o

mesmo compreende que o aprendizado se dá através da imitação, prática e reforço; o

Inatismo, que prevê uma aquisição natural, haja vista que todo indivíduo é dotado de uma

capacidade inata de adquirir conhecimento de uma língua; o Conexionismo, baseado na teoria

construtivista de Piaget, acredita que a aquisição de outra língua acontece através de um

processo gradual onde por meio de associações e observações de determinado contexto os

alunos podem fazer associações; por fim, é destacado o Interacionismo, baseado na teoria de

Vygotsky, tem como fator chave para o aprendizado a interação entre os indivíduos.

Para Santos (2007), as principais correntes teóricas que orientam o processo de

aquisição da linguagem e como consequência influenciam o processo de ensino aprendizagem

25

são divididas em dois grupos: o Empirismo e o Racionalismo. A primeira destas correntes

considera que os indivíduos têm uma capacidade inata de fazer associações entre estímulo e

estímulo e resposta. Nesta teoria se destacam o Behaviorismo e o Conexionismo. O

Racionalismo é uma corrente teórica que considera que todo ser tem uma capacidade inata de

adquirir conhecimento, desta surge o Inatismo e o Construtivismo (este possui duas vertentes,

o Cognitivismo e o Interacionismo).

Para que o aprendizado de uma LE de fato acontecesse, buscou-se por muito tempo

um método adequado que proporcionasse o desenvolvimento de algumas habilidades

necessárias para o aprendizado de uma LE, as referidas habilidades são: ler, escrever, ouvir e

falar (reading, writing, listening and speaking).

Planejar atividades diversificadas de caráter dinâmico da língua, seu uso formal e

informal é ao mesmo tempo entender a aquisição dessas habilidades linguísticas como

recursos para o desenvolvimento discente.

Segundo os PCNs+ (2000, p. 122),

Criar diálogos para um texto narrativo, encenar uma peça, redigir e

apresentar um telejornal, compreender diálogos de filmes, interpretar

verbalmente atividades de mímica, simular situações do cotidiano,

completar diálogos, produzir slogans e textos publicitários, traduzir

poemas e letras de música – estas são algumas das muitas atividades

que podem e devem ser desenvolvidas nas aulas de língua estrangeira,

articuladas ou não a outras disciplinas do currículo, para mobilizar

competências e habilidades necessárias ao desenvolvimento e ao uso

prático das diversas funções comunicativas da linguagem.)

Ministrar aulas de LE com enfoque nas quatro habilidades é ao mesmo tempo

valorizar as funções comunicativas e o caráter prático do uso de códigos estrangeiros,

enfatizando a interdisciplinaridade como meio eficaz para a aquisição e o desenvolvimento de

múltiplas competências e habilidades.

Ao longo dos anos, vários métodos foram utilizados para se chegar a esse fim, Silva

(2005) salienta que na década de 60, o método predominante era o tradicional, baseado na

transposição da língua materna para LE e com ênfase na gramática. Nos anos 70, surgiu o

método estruturalista-behaviorista, que se reduzia à memorização de estruturas em situação de

comunicação e a partir de 1980 predominou a visão cognitivista com abordagem

comunicativa e ênfase na interação e comunicação.

26

Atualmente há vários métodos utilizados para o aprendizado de uma LE, alguns

possuem abordagens tradicionalistas, outros enfatizam o ensino comunicativo, porém todos

têm como objetivo comum a facilitação da aquisição e consequentemente o aprendizado de

uma LE. Freeman (2008) destaca o Grammar Translation, conhecido como método clássico

enfatiza a leitura e a escrita através da tradução para uma melhor compreensão do texto, o

professor neste método é o mediador da atividade para conhecimento de um novo vocabulário

pelo aluno. Outro método apresentado é o Direct Method, este tem como objetivo o uso

comunicativo da língua, porém diferentemente do anterior não permite tradução, ele propõe

uma conversação diretamente na língua alvo. O Audio – Lingual Method propõe também um

ensino comunicativo e acredita que a aprendizagem se dá por meio da imitação e da repetição,

este é um método tipicamente Behaviorista. O Silent Way é o método que utiliza o silêncio do

professor como forma de estimular a interação entre os alunos, partindo da ideia que eles

podem aprender muito uns com os outros. A Desuggestopedia é uma sugestão pedagógica

desenvolvida para ajudar os alunos a eliminar sentimentos negativos relativos à

aprendizagem, o professor é a autoridade da sala de aula sendo responsável pela transmissão

do conhecimento e os erros são corrigidos gentilmente. No Community Language Learning,

o professor transmite o conhecimento de maneira a tornar o ambiente agradável estabelecendo

um sentimento de confiança entre professor e aluno. O Total Physical Response acredita que o

aprendizado é mais efetivo quando os alunos aprendem brincando, a comunicação durante

todo o processo é via LE em estudo. Por fim, a autora apresenta o Communicative Language

Teaching, o qual prevê o desenvolvimento da competência comunicativa em sala de aula.

Entre os métodos apresentados pelos mais diversos estudiosos, os PCN+ enfatiza a

importância do desenvolvimento das habilidades de leitura e compreensão de textos orais e

escritos centrado na função comunicativa, de modo a habilitar os educandos à comunicação

nas mais diversas situações. “O caráter prático do ensino da língua estrangeira permite a

produção de informação e o acesso a ela, o fazer e o buscar autônomos, o diálogo e a partilha

com semelhantes e diferentes.” (BRASIL, 2000, p. 94)

Com relação às habilidades a serem desenvolvidas no ensino de Línguas Estrangeiras

no ensino médio, a OCEM (2006) focaliza a leitura, a prática escrita e a comunicação oral

contextualizadas. Essa orientação, embora provenientes dos PCNs+ estão em caráter mais

expansivo.

27

Propomos o desenvolvimento da leitura, da comunicação oral e da

escrita como práticas culturais contextualizadas. Imaginamos que a

proporcionalidade do que deve ser trabalhado nas escolas de cada

região deva ser avaliado regionalmente/ localmente, levando em conta

as diferenças regionais/locais no que tange às necessidades.

Recomendamos que todas essas habilidades comunicativas sejam

trabalhadas ao longo dos três anos do ensino médio. [...] Acreditamos

que as escolas de algumas regiões possam interessar-se em intensificar

o desenvolvimento de leitura no terceiro ano, com vistas a ajudar os

alunos na preparação para o vestibular. Entendemos, no entanto, que

essa opção não deve desconsiderar o caráter da leitura como prática

cultural e crítica de linguagem, um componente essencial para a

construção da cidadania e para a formação dos educandos. (BRASIL,

2006, p. 111)

Partindo do pressuposto que a análise de um diálogo pode proporcionar um conjunto

complexo de habilidades orais em contextos diferentes, o documento citado anteriormente

trouxe entre outras questões, alternativas didático-pedagógicas para o ensino de línguas.

Além disso, busca refletir sobre a função educacional do ensino de línguas, ressaltando a

importância de se trabalhar a noção de cidadania e discutir a prática dessa noção no ensino de

LE.

28

3 NOVAS TECNOLOGIAS, EDUCAÇÃO E O PAPEL DOCENTE

Normalmente define-se “tecnologia” como sinônimo de informática e recursos

multimídia, os quais possibilitam uma gama de artifícios, novas linguagens e,

consequentemente, novos meios de interação. Contudo, é equivocado estreitar o significado

do termo, uma vez que este envolve as novas experiências e habilidades do homem, como é

destacado por Olson (1976, p. 18):

A invenção de aparelhos, instrumentos e tecnologias da cultura que

incluem formas simbólicas inventadas, tais como a linguagem oral, os

sistemas de escrita, sistemas numéricos, recursos icônicos e as

produções musicais permitem e exigem novas formas de experiências

que requerem novos tipos de habilidades ou competências.

Nesse sentido, os pesquisadores consideram o surgimento do termo tecnologia desde

os primórdios da humanidade, quando o homem utilizou-se de objetos do seu cotidiano para

as mais diversas finalidades. Simondon (1969, p. 19 apud Kenski 1997, p. 59) afirma que

[...] o homem iniciou seu processo de humanização, distinguindo-se

dos demais seres vivos, a partir do momento em que se utilizou dos

recursos existentes na natureza, dando-lhes outras finalidades que

trouxessem algum novo benefício à sua vida. Assim, quando os

nossos ancestrais pré-históricos utilizaram-se de galhos, pedras e

ossos como ferramentas, dando-lhes múltiplas finalidades que

garantissem a sobrevivência e uma melhor qualidade de vida, estavam

produzindo e criando tecnologias.

De acordo com este autor, o uso de galhos de árvores, pedras e ossos como

ferramentas para garantir a sobrevivência, também é uma forma de tecnologia. Com o passar

dos anos, a evolução tecnológica proporcionou o desenvolvimento humano desde seu domínio

pela escrita até a atualidade com a criação de equipamentos eletrônicos.

As tecnologias classificadas como velhas, no caso da escrita, ou novas, como tablets,

Ipads e Ipods “transformam o modo como dispomos, compreendemos e representamos o

tempo e o espaço à nossa volta. O universo de aparelhagens de que nos servimos diariamente

redimensionam as nossas disponibilidades temporais e os nossos deslocamentos espaciais”

(KENSKI, 1997, p. 60).

29

Na modernidade, essas novas tecnologias surgiram com o intuito de facilitar a vida

humana impondo uma nova ordem nas formas convencionais de compreender e de agir no

mundo. Ao longo do tempo, eles vêm modificando a vida dos seres humanos, alterando desde

as formas de armazenamento de informações as suas funções usuais. O uso de imagens, sons e

movimentos apresentados em equipamentos eletrônicos como vídeos e filmes, por exemplo,

proporcionam o armazenamento dessas situações e sentimentos mesmo não vividos

presencialmente pelos espectadores.

Com a constante evolução tecnológica, os seres humanos na contemporaneidade

vivem imersos ao desenvolvimento científico e tecnológico, utilizando tecnologia todo tempo,

mesmo sem refletir sobre o espaço que ela ocupa em suas vidas. Como consequência desse

avanço, aos poucos, a sociedade vai se conectando à internet e quanto mais conectada à

sociedade, mais a educação poderá ser diferente, além de haver possibilidades muito variadas

de aprendizagem personalizada, flexível e integrada.

3.1 Novas Tecnologias na Educação

Conforme apresentado pelo PCNEM (2000), a globalização econômica promoveu o

rompimento das fronteiras geográficas através do grande desenvolvimento das tecnologias da

informação e comunicação e, como consequência deste processo, provocou a transferência de

conhecimentos de forma acelerada, instantânea. Desta forma, a revolução tecnológica

[...] cria novas formas de socialização, processos de produção e, até

mesmo, novas definições de identidade individual e coletiva. Diante

desse mundo globalizado, que apresenta múltiplos desafios para o

homem, a educação surge como uma utopia necessária indispensável à

humanidade na sua construção da paz, da liberdade e da justiça social.

(BRASIL, 2000, p. 13)

Tradicionalmente a educação é um instrumento necessário destinado ao aprendizado,

desenvolvido com o intuito de inseri o discente no mercado de trabalho como profissional

atuante e consciente do seu papel na sociedade. Para tanto, cada vez mais é exigido desses

educandos conhecimentos e informações adquiridas tanto no espaço escolar como no seu

cotidiano. O espaço escolar pode ser compreendido como uma instância onde diversos

discursos se relacionam, possibilitando assim o desenvolvimento dos indivíduos. A sala de

aula é, assim, um espaço de convivência, em que há troca de saberes e onde o conhecimento

30

se desdobra em conhecimentos específicos, os quais são adquiridos individual e/ou

socialmente através de determinações históricas. A incorporação das novas tecnologias, nesse

contexto tem impacto direto e

[...] reflete-se de maneira ampliada sobre a própria natureza do que é

ciência, do que é conhecimento. Exige uma reflexão profunda sobre as

concepções do que é o saber, e sobre as novas formas de ensinar e

aprender. Exige também a apropriação e uso dos conhecimentos e

saberes disponíveis não como uma forma artificial, específica e

distante de comportamento intelectual e social, mas integrada e

permanente, inerente à própria maneira de ser do sujeito. (KENSKI,

1997, p. 67)

Dessa forma, a relação tecnologia e educação deve ter por interesse estimular a

aprendizagem de maneira que o educando se envolva e desperte o desejo por aprender, uma

vez que o aprendizado é mais eficaz quando relacionado com questões cotidianas. Com as

Novas Tecnologias da Informação abrem-se novas possibilidades

para fazer coisas novas e pedagogicamente importantes que não se

pode realizar de outras maneiras. O aprendiz, utilizando metodologias

adequadas, poderá utilizar estas tecnologias na integração de matérias

estanques. A escola passa a ser um lugar mais interessante que

prepararia o aluno para o seu futuro. A aprendizagem centra-se nas

diferenças individuais e na capacitação do aluno para torná-lo um

usuário independente da informação, capaz de usar vários tipos de

fontes de informação e meios de comunicação eletrônica.

(MERCADO, 1998, p. 02)

É sabido também que as novas tecnologias compreendidas como celulares,

computadores, aparelhos de rádio, tablets, entre outros, fazem parte do cotidiano discente e

docente, neste contexto

[...] a educação terá de enfrentar o desafio da mudança se quiser

sobreviver e, para tanto, deverá rever o significado social do trabalho

escolar na época atual, equacinando corretamente as novas demandas

e avaliando a sua eficácia para proporcionar melhor qualidade de vida

a todos os homens (ALONSO, 2003, p. 28).

31

Diante desta situação, a escola como instituição do saber tem necessidade de elaborar

uma reorganização dos currículos, da gestão e das metodologias de ensino, de modo a

apresentar orientações sobre o que se deve ensinar, quais metodologias podem ser aplicadas e

de forma podem ser executadas. Atendendo assim, as perspectivas de uma geração que vive

envolvida pela tecnologia.

No entanto para atender a estas expectativas, a escola precisa se

adaptar às mudanças. E, quando falamos em adaptação, não estamos

afirmando que a educação deve mudar em foco, mas sim da

necessidade, com a qual nos deparamos diariamente, de adequar os

currículos escolares, inserindo neles novas metodologias que atendam,

de maneira mais sistemática, a tais objetivos de renovação. (SILVA,

2012, p. 19)

A utilização dos meios eletrônicos e das tecnologias de comunicação no ambiente

escolar deve ser feito com o intuito de ampliar o desenvolvimento humano, mudando as

percepções e não apenas as teorias. As “[...] tecnologias condicionam os princípios e práticas

educativas e induzem profundas alterações na organização didático-curricular” (KENSKI,

2008, p. 92). Assim, o conhecimento e desenvolvimento da cultura digital é essencial para

estruturação de programas pedagógicos, flexibilização do ensino e a interdisciplinaridade de

conteúdos.

Compreender este novo mundo no qual estamos entrando com uma

nova lógica, uma nova cultura, uma nova sensibilidade, uma nova

percepção. Não mais, apenas, a perspectiva estrutural e linear de

apresentação e desenvolvimento metodológico do conteúdo a ser

ensinado; nem tampouco a exclusiva perspectiva dialética. Uma outra

lógica, [...] que se estimule a possibilidade de outras relações entre

áreas do conhecimento aparentemente distintas. A apropriação dos

conhecimentos neste novo sentido envolve aspectos em que a

racionalidade se mistura com a emocionalidade; em que as intuições e

percepções sensoriais são utilizadas para a compreensão do objeto do

conhecimento em questão. Nesta abordagem alteram-se

principalmente os procedimentos didáticos, independentemente de uso

ou não das novas tecnologias em suas aulas. (KENSKI, 1997, p. 68)

O uso das tecnologias de comunicação e informação no espaço escolar requer um

direcionamento curricular e pedagógico, além do conhecimento desses equipamentos devido

32

suas múltiplas finalidades e funções. Não se trata apenas de adaptar as metodologias

tradicionais a equipamentos tecnológicos, mas utilizar essa tecnologia para dinamizar o

processo de ensino e aprendizagem. Essa cultura digital e educacional requer um novo estilo

de pedagogia que favoreça o aprendizado individual e coletivo.

Para Serafim e Sousa (2011), a prática pedagógica relacionada a novas tecnologias

traz consigo diversas possibilidades, entre elas,

Acrescenta-se que as teorias e práticas associadas à informática na

educação vêm repercutindo em nível mundial, justamente porque as

ferramentas e mídias oferecem à didática, objetos, espaços e

instrumentos capazes de renovar as situações de interação, expressão,

criação, comunicação, informação e colaboração, tornando-se muito

diferente daquela tradicionalmente fundamentada na escrita e nos

meios impressos. (SERAFIM e SOUSA, 2011, p.20 apud Silva 2012,

p. 23)

Conforme afirma Kenski (1997), foi com o amplo uso de tecnologias eletrônicas de

comunicação e informação que a sociedade contemporânea adquiriu novas formas de viver,

de trabalhar, de se organizar, de representar a realidade e de fazer educação. Teruya, Felipe e

Takara (2013) destacam que o uso da mídia, no espaço escolar, como mediadora da produção

de conhecimento ou como suporte de apresentação de eventos sócio-culturais, incide na

possibilidade de articular a mídia como produto do processo de ensino e aprendizagem.

Piva Jr. (2013, p. 20), reafirma a ideia anterior ressaltando que “o computador tem se

transformado na ferramenta utilizada na maioria das tarefas, principalmente naquelas

relacionadas à comunicação e ao conhecimento”. Assim, o computador está, cada vez mais,

presente na vida de todos os indivíduos, de maneira que levá-lo para sala de aula é uma

estratégia de aproximação e desmistificação tecnológica. Busca-se formar educandos

consciente do seu papel na sociedade. Para Kenski (2008, p. 91), a nova lógica do ensino na

sociedade da informação leva em consideração que

A velocidade das alterações no campo das ciências, as novas

possibilidades de acesso às informações e as reorganizações e

33

reestruturações permanentes em todas as áreas do conhecimento, a

partir do acesso e do uso de tecnologias de informação e comunicação,

repercutem amplamente na sociedade. Estamos vivenciando um

momento de transição social que se reflete em mudanças significativas

na forma de pensar e fazer educação.

Desse modo, correlacionar o uso recursos tecnológicos à educação faz-se relevante,

uma vez que constitui parte integrante da vivência dos educandos, é uma nova forma de

pensar e fazer educação, cabendo ao educador organizar, ensinar, instruir e democratizar sua

utilização. A atividade docente, neste contexto, vai além da ministração das aulas, tendo em

vista que este é responsável pela formação de cidadãos conscientes do seu papel na sociedade.

Constituindo sua função um verdadeiro desafio frente aos educandos que fazem parte do

processo de ensino e aprendizagem.

No entanto, esse processo de transformação da educação não depende única e

exclusivamente do trabalho docente para uma verdadeira incorporação das novas tecnologias

no espaço escolar, há também a necessidade de novos posicionamentos ligados à política e à

gestão.

Esses novos posicionamentos dizem respeito à delimitação clara do

papel do Estado na educação; aos objetivos e finalidades da educação

em face das novas demandas sociais; à estrutura organizacional das

instituições de ensino de todos os níveis; ao financiamento da

educação; à universalização e à democratização do acesso a esses

novos ambientes tecnológicos, por onde também se dá e se faz

educação; às formas de valorização do magistério e às articulações

com outras esferas sociais (KENSKI, 2008, p. 92).

Dessa forma, a incorporação das novas tecnologias à educação é algo amplo e para seu

sucesso requer a participação não apenas dos educadores, mas de gestores, dos governantes,

como também do estado, os quais juntos são capazes de reorganizar o currículo e

proporcionar uma estrutura apropriada, com material didático necessário e estratégias

pedagógicas que favoreçam o aprendizado dos educandos.

34

3.2 O papel do docente frente às novas tecnologias na educação

O professor do século XXI tem um papel muito importante na era das novas

tecnologias, pois esta exige do educador um maior domínio, não apenas dos conteúdos

disciplinares, mas também dos processos de construção do conhecimento e de formação do

alunado como seres atuantes na sociedade. É necessário que

[...] o professor, antes de tudo, se posicione não mais como o detentor

do monopólio do saber mas como um parceiro, um pedagogo, no

sentido clássico do termo, que encaminhe e oriente o aluno diante das

múltiplas possibilidades e formas de se alcançar o conhecimento e de

se relacionar com ele (KENSKI, 1997, p. 68).

Para Mercado (1998), o reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica

deve ser acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos

habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias. Dessa forma, o uso dessas

tecnologias e o aumento da informação proporcionaram uma nova organização de trabalho,

onde a colaboração transdisciplinar e interdisciplinar são necessárias para facilitar o acesso a

informação e ao conhecimento. Diante desse contexto, um novo paradigma surge no qual a

educação e o papel do professor frente às novas tecnologias assume uma posição diferente,

mais reflexiva e dialógica sobre sua prática.

A esse profissional devem ser dadas oportunidades de conhecimento e de reflexão

sobre sua identidade pessoal. Nesse sentido os fatores tempo e oportunidades devem ser

considerados, tendo em vista que com as novas tecnologias educativas, há uma ampliação das

possibilidades na sua prática. E, para isso, a escolha consciente da forma mais adequada de

seu uso em sala de aula, faz-se necessário. Fazendo com que os alunos aprendam com mais

satisfação os conteúdos escolares. “As atividades de narrativa oral e de escrita não estão

descartadas. A diferença didática não está no uso ou não-uso das novas tecnologias, mas na

compreensão das suas possibilidades” (KENSKI, 1997, p. 70).

Para Mercado (1998), a sociedade do conhecimento exige um novo perfil de educador,

com características como comprometimento com a educação, competência que lhe possibilite

uma prática interdisciplinar constituindo assim um ser reflexivo, crítico e competente com sua

disciplina. Também exige abertura às mudanças propostas de forma a contribuir para o

conhecimento em sala de aula e por fim a interação de maneira a trocar conhecimentos com

profissionais na própria área e áreas afins no ambiente escolar.

35

São muitos os desafios a serem superados por esses profissionais para se chegar a esse

fim, um deles é não apenas incorporar as novas tecnologias, mas reconhecer as concepções

dos educandos sobre elas. Na geração tecnológica, os processos de aquisição do

conhecimento assume um papel de destaque e passa a exigir a existência de um profissional

crítico, criativo, com capacidade de pensar, aprender, trabalhar em grupo e de se reconhecer

como indivíduo. O professor, assim, não tem o simples papel de transmitir conhecimento ao

aluno, mas fazê-lo construir esse conhecimento, desenvolvendo competências como

criatividade, autonomia, comunicação e inovação.

Letrar uma geração de aprendizes, crianças, adolescentes e jovens que estão crescendo

e vivenciando o avanço das novas tecnologias da informação e comunicação, configura-se

como outro desafio a ser superado. Para alguns autores como Prenski (2001), os educandos

da era tecnológica pensam e processam as informações de forma diferente das gerações

anteriores. Isso devido à mudança no modelo de pensamento. Segundo ele há os nativos

digitais, os quais são nativos da linguagem digital dos computadores, vídeo games e internet;

e os imigrantes digitais, que não nasceram no mundo digital, mas adaptaram-se a ele.

Com base nessa distinção, o autor supracitado aponta como um dos maiores problemas

da educação na atualidade deve-se a boa parte dos educadores serem imigrantes digitais, pois

usam uma linguagem da era pré-digital para ensinar a uma população bastante fluente na

linguagem digital.

Serafim e Sousa (2011 apud Silva 2012) salientam que

A sociedade que se configura exige que a educação prepare o aluno

para enfrentar novas situações a cada dia. Assim, deixa de ser

sinônimo de transferência de informações e adquire caráter de

renovação constante. [...] Desse modo, é de se esperar que a escola,

tenha que “se reinventar”, se deseja sobreviver como instituição

educacional. É essencial que o professor se aproprie de uma gama de

saberes advindos com a presença das tecnologias digitais da

informação e da comunicação para que estes possam ser

sistematizados em sua prática pedagógica (p. 18 e 19).

Essa geração presente na sala de aula almeja um ensino prático e comunicativo que

desenvolva todas as suas potencialidades. O professor, nessa situação, deve buscar estratégias

pedagógicas que sejam condizentes com esses objetivos. Diante desse contexto Xavier (2007),

destaca que o educador dessa nova geração, tem que acompanhar o desenvolvimento de seus aprendizes

modificando seu perfil e sua prática pedagógica, tendo que ser

36

* pesquisador, não mais repetidor de informação;

* articulador do saber, não mais fornecedor único do conhecimento;

* gestor de aprendizagens, não mais instrutor de regras;

* consultor que sugere, não mais chefe autoritário que manda;

* motivador da “aprendizagem pela descoberta”, não mais avaliador de

informações empacotadas a ser assimiladas e reproduzidas pelo aluno. (p. 137)

Dessa forma, esse profissional tem por função a criação e a recriação sistemática de sua

prática, estando aberto à descoberta e ao aprendizado junto com o discente. Nesse processo

complexo deve-se considerar a incorporação à prática docente de conhecimento das novas

tecnologias, estímulo à pesquisa, capacidade de induzir no educando questionamentos,

hipóteses, proporcionando discussões a respeito das temáticas propostas. Kenski (2008)

destaca que o professor diante das novas tecnologias passou por um processo de alteração de

sua prática docente nas últimas décadas, desmistificando os preconceitos relacionados à

máquina, mostrando que ela possui uma infinidade de ferramentas, mas não pode substituir o

homem.

Aprendeu-se [...] a não temer a máquina, a não achar que elas podem

nos substituir em nossas funções. Eu poderia dizer que essa foi à

década do aprendizado técnico do docente: do saber fazer, saber

utilizar as novas tecnologias eletrônicas disponíveis como parceiras

em muitas de nossas atividades (KENSKI, 2008. p. 84).

A educação, como afirma alguns pensadores, é a base para o crescimento da

sociedade. O domínio das novas tecnologias por parte dos docentes pode proporcionar-lhes

diversas vantagens, como, por exemplo, o desenvolvimento da aprendizagem por meio de

uma ferramenta do cotidiano. No entanto, cabe ao professor

[...] estar engajado no processo, consciente não só das reais

capacidades da tecnologia, do seu potencial e de suas limitações para

que possa selecionar qual é a melhor utilização a ser explorada num

determinado conteúdo, contribuindo para a melhoria do processo

ensino-aprendizagem, por meio de uma renovação da prática

pedagógica do professor e da transformação do aluno em sujeito ativo

na construção do seu conhecimento, levando-os, através da

apropriação desta nova linguagem a inserirem-se na

contemporaneidade. (MERCADO, 1998, p. 04)

37

Sendo assim, a relação da educação com as novas tecnologias não é, nem deve ser, a

substituição do educador pela máquina, pois esse profissional é insubstituível. Atuando como

mediador do processo de ensino aprendizagem. Assim, a escola tem a função de buscar o

desenvolvimento das potencialidades do educando, para isso o diálogo entre educador e

educando é fundamental, para dialogar sobre a realidade que ultrapassa os muros da escola.

A competência para usar os equipamentos digitais com desenvoltura permite ao

aprendiz contemporâneo a possibilidade de reinventar seu quotidiano, bem

como estabelece novas formas de ação, que se revelam em práticas sociais

específicas e em modos diferentes de utilização da linguagem verbal e não-

verbal. O letramento digital requer que o sujeito assuma nova maneira de

realizar as atividades de leitura e de escrita, que pedem diferentes abordagens

pedagógicas que ultrapassam os limites físicos das instituições de ensino [...]

(XAVIER, 2007, p. 138).

O novo modelo educacional na era tecnológica requer um posicionamento crítico do

educador de forma a criar, questionar, aprender e ensinar de forma reflexiva, trabalhando para

construção cooperativa do desenvolvimento dos seus educandos. Dianna Laurrillard (1995,

apud Kenski, 1997, p. 69) destaca no gráfico abaixo (quadro 1) os papéis de docentes e

discentes por meio das novas tecnologias de comunicação e informação.

Fonte: http://www.conhecer.org.br

38

Kenski (1997) destaca que na situação “A” o professor é mero contador de histórias,

podendo ser substituído por um vídeo, programa de rádio ou teleconferência, por exemplo. No

contexto “B” o professor é negociador e o ensino ocorre através de discussões e debates em

sala a parir da leitura de um texto, exibição de um filme ou visita a determinado lugar. O tipo

“C” não enfatiza a ação direta do professor, o aluno é que assume o papel de pesquisador

interagindo com os conhecimentos através dos mais diversos recursos multimídia. Os

discentes assim aprendem por descoberta. Por fim, tem-se a possibilidade “D” em que

professores e alunos são colaboradores e utilizam-se de recursos multimídia para realizar

buscas e trocas de informação, ambos aprendem nesse processo e o espaço onde ocorre essa

troca é principalmente a sala de aula.

Mercado (1998, p. 01) destaca que

Com as novas tecnologias pode-se desenvolver um conjunto de

atividades com interesse didático-pedagógico, como: intercâmbios de

dados científicos e culturais de diversa natureza; produção de texto em

língua estrangeira; elaboração de jornais inter-escolas, permitindo

desenvolvimento de ambientes de aprendizagem centrados na

atividade dos alunos, na importância da interação social e no

desenvolvimento de um espírito de colaboração e de autonomia nos

alunos. O professor, neste contexto de mudança, precisa saber orientar

os educandos sobre onde colher informação, como tratá-la e como

utilizá-la. Esse educador será o encaminhador da autopromoção e o

conselheiro da aprendizagem dos alunos, ora estimulando o trabalho

individual, ora apoiando o trabalho de grupos reunidos por área de

interesses.

Diante do exposto, é visível a ampla variedade de metodologias pedagógicas que

podem ser aplicadas na sala de aula, visando o desenvolvimento cognitivo, a comunicação,

interdisciplinaridade e a criticidade. No entanto, faz-se necessário a pré-disposição do docente

a estar atento às necessidades dos discentes, assim, recursos tecnológicos como cd room,

internet, o bate-papo on-line e o correio eletrônico podem lhe oferecer possibilidades de

enriquecer sua prática docente. O uso desses recursos não diminuirá a importância do

professor no processo de ensino-aprendizagem, pois ele é quem define, orienta os conteúdos e

busca metodologias adequadas para desenvolvimento das atividades.

Contudo, para o desenvolvimento de um trabalho docente de qualidade, é preciso a

construção de um currículo a partir da perspectiva da ação do professor, através de uma

reflexão acerca dos objetivos, técnicas, conteúdos escolhidos e habilidades a serem

39

desenvolvidas em sala de aula, a fim de: utilizaras novas tecnologias de informação e

comunicação, estimulando pesquisas interdisciplinares, sem, no entanto, deixar de adaptá-las

à realidade brasileira; adequar e redimensionar os valores humanos, de forma a aprofundar o

conhecimento tornando o ambiente educativo e a relação entre docente e discente

participativa e motivante; além de investir em uma formação continuada para o professor, de

modo a fazê-lo construir conhecimento sobre as novas tecnologias, entendendo-a como parte

integrante de sua prática pedagógica.

40

4 O ENSINO DE INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA: A EXPERIÊNCIA COM O

CURSO DE INGLÊS JRS

4.1 Caracterização da pesquisa

Diante da necessidade de aprender a comunicar-se com língua estrangeira e aplicá-la

de forma prática no cotidiano, foi criado um curso de idiomas para este fim na Escola

Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Rocha Sobrinho, localizada no Município de

Bananeiras, PB.

A escola possui 1.100 alunos matriculados, distribuídos nos três turnos (manhã, tarde e

noite), e uma estrutura física com 18 salas de aula, uma biblioteca, uma sala de vídeo, um

laboratório de química e física e uma sala de informática, a qual é usada ocasionalmente.

O curso de idiomas foi desenvolvido com o intuito de proporcionar o conhecimento e

aprimoramento da proficiência em três idiomas, inglês, espanhol e francês, de modo que os

educandos tivessem o conhecimento básico dos idiomas anteriormente citados. Essa iniciativa

foi fruto de um trabalho voluntário, em conjunto com a gestão e os professores de inglês e

espanhol da referida instituição.

Como a demanda de alunos na referida escola é bem ampla e não havia como oferecer

a todos eles a oportunidade de participarem do referido curso, foi elaborado um edital (em

anexo), o qual continha alguns critérios para seleção de alunos, tendo em vista que só havia

possibilidade da criação de uma turma com no máximo 20 discentes. Nesse edital, também

havia a previsão de início e término das atividades, conteúdos a serem ministrados, entre

outras instruções.

O projeto nomeado “Curso Instrumental de Línguas JRS” foi destinado a alunos do

primeiro e segundo ano do ensino médio, tendo em vista que esse público poderia dar

continuidade em uma nova etapa dos trabalhos no ano seguinte. O horário escolhido foi o

turno tarde, devido a disponibilidade de tempo profissional e entre alguns critérios aplicados

tivemos que os discentes deveriam ter ao menos frequência regular de 80% em todas as

disciplinas, ter horário disponível no turno tarde e expressar seu interesse em cursar o idioma

escolhido, mostrando seu real interesse por meio de uma breve dissertação, que deveria estar

presente no espaço estabelecido na ficha de inscrição. E, principalmente, estarem dispostos a

praticar a conversação de uma língua estrangeira, inclusive a submeter-se a avaliações com

ênfase nas habilidades de speaking (falar) e listening (ouvir).

O período de inscrição foi de 31 de março a 4 de abril de 2014, na secretaria da

referida escola, onde os discentes poderiam se inscrever para apenas um dos idiomas. No dia

41

15 de abril, foi divulgado o resultado da seleção, levando em consideração os critérios

previamente estabelecidos.

O início das atividades ocorreu em 24 de abril e o término dia 13 de Novembro do

corrente ano. Como no mês de junho devido o período de recesso não houve atividades, o

curso foi realizado em um período de 6 meses. As aulas eram ministradas uma vez por

semana, nas quintas feiras, turno tarde com duração de 2 horas.

Entre os assuntos trabalhados destacaram-se temas que permitiram a ampliação

vocabular, utilizando-se de conhecimentos prévios proporcionando assim múltiplas interfaces

com a cultura estrangeira. Entre esses temas encontram-se o aprendizado das saudações, do

alfabeto, os números nas suas mais diversas formas de uso, como utilização de moedas

internacionais, compras, horas, entre outros. Saber apresentar-se e apresentar outras pessoas,

descrição de lugares, conhecimento de direções, membros da família, amigos, todos aplicados

nas mais diversas situações como em casa, na escola, com os amigos, ao telefone, em um

restaurante, no trabalho e nas compras.

O ambiente onde as aulas foram ministradas era na sala de vídeo da referida

instituição, a qual continha televisão, aparelho de DVD e áudio, data show, enfim uma sala

apropriada para o desenvolvimento de uma metodologia diferenciada, com vários recursos

tecnológicos.

Fig. 1

Sala de Vídeo da E.E.E.F.M. José Rocha Sobrinho

42

A metodologia aplicada foi inspirada no ensino comunicativo de línguas, em que os

discentes são atuantes no processo de aprendizagem, comunicando-se e construindo o

conhecimento de forma colaborativa. Almejava-se que ao final os discentes tivessem a

capacidade de se expressar, mesmo que forma simples, nas mais diversas situações.

Para tanto, utilizou-se das novas tecnologias como uso de recursos de áudio e vídeo, os quais

foram o subsídio de desenvolvimento das atividades em sala. Como também foi criado um

grupo no facebook (Fig. 2)para facilitar a comunicação e repassar áudios e vídeos que não

eram possíveis de ser exibidos em sala, além de ser incentivado a instalação de um aplicativo

conhecido como Duolingo (Fig. 3), o qual poderia ser instalados no celular e serviria de

suporte para prática do idioma, não só no ambiente escolar, mas também em casa.

Fig. 2

Página do facebook

Fonte: https://www.facebook.com/groups/1389303207953425/

43

Fig. 3

Aplicativo Duolingo

Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.duolingo&hl=pt_BR

O aplicativo utilizado podia ser baixado gratuitamente e apresentava um designer

moderno e de fácil utilização com avaliações periódicas e incentivo diário para prática do

idioma. Ele funciona de forma que o usuário progrida nas lições que enfatizam as quatro

habilidades comunicativas (listening, reading, writing, speaking). O Duolingo foi lançado

em 2012 e oferecia a opção do aprendizado do espanhol, francês, italiano e inglês. Funciona

de forma que o usuário ganha pontos de habilidade ao aprender conceitos sobre uma

linguagem, estas são consideradas aprendidas quando as lições são completadas. Pode se

obter 14 pontos os quais podem ser diminuídos em casos de erro. O curso completo ensina

mais de duas mil palavras, que podem enriquecer o vocabulário apresentando uma abordagem

voltada para o desenvolvimento da educação.

4.2 Discussão

A presente pesquisa foi desenvolvida com o intuito de investigar até que ponto as

novas tecnologias podem facilitar ou dificultar o processo de ensino aprendizagem nas aulas

de uma LE, especialmente o inglês. Assim, aplicou-se e posteriormente observou-se como

44

uma metodologia diferenciada pôde favorecer ou dificultar o processo de ensino

aprendizagem.

Para tanto, buscou-se inicialmente selecionar uma amostra de alunos/colaboradores

que tinham de fato interesse em ser submetida a essa nova prática com ênfase nas habilidades

comunicativas. Esta prática normalmente é dificultada nas turmas regulares devido a fatores

como grande quantidade de alunos matriculados em uma turma, poucas aulas semanais,

submissão a um processo avaliativo tradicional, desmotivação por parte de alguns discentes

que não vêem sentido em aprender uma LE como o inglês influenciando negativamente seus

colegas que tem interesse pelo aprendizado do idioma, além da falta ou inviabilidade de

recursos multimídia presentes nas salas de aula convencionais.

Um fator preponderante que norteou nossa metodologia foi mostrar inicialmente a

esses discentes que o inglês está presente em nosso cotidiano, não apenas nos livros didáticos

e no ambiente escolar, mas nas mais diversas situações como em instruções presentes no

controle remoto; no celular, nos seus mais diversos aplicativos e programas, como também

em anúncios, músicas, jogos e programas de computador, entre outros, revelando assim sua

estreita relação com a cultura digital.

Esse processo de conscientização foi de extrema importância, pois é uma forma de

motivar o aluno inspirando autoconfiança e consequentemente facilitando o processo de

aprendizagem. Segundo Holden & Rogers (2001), o professor tem como papel fundamental

buscar contextualizar o conteúdo e utilizar o método mais adequado à realidade do seu aluno.

Para esses autores, é preciso ter consciência que o aprendizado acontece no ambiente escolar.

Motivar o alunado conscientizá-lo da importância de uma LE são questões essenciais para o

sucesso do processo. Os autores anteriormente citados enfatizam a importância de se

demonstrar para o aluno a aplicação do Inglês não apenas na sala de aula, mas no dia a dia.

As aulas foram inspiradas em algumas correntes teóricas que preveem o aprendizado

de uma LE, não se detendo a uma em especial, tendo em vista que todas elas possuem pontos

positivos e negativos e uma complementa a outra. Entre as principais correntes teóricas

aplicadas destacamos o behaviorismo, o qual prevê o aprendizado a partir da imitação, prática

e reforço, como também o interacionismo, baseado na teoria de Vygotsky e enfatizado pela

OCEM, destaca que o aprendizado ocorre com a interação entre os indivíduos.

De acordo com a OCEM (2006) é através da linguagem que o homem tem condições

de refletir sobre si mesmo. Ela é uma forma de interação com o outro e origina-se a partir das

relações em sociedade.

45

[...] é na interação em diferentes instituições sociais (a família, o

grupo de amigos, as comunidades de bairro, as igrejas, a escola, o

trabalho, as associações, etc.) que o sujeito aprende e apreende as

formas de funcionamento da língua e os modos de manifestação da

linguagem; ao fazê-lo, vai construindo seus conhecimentos relativos

aos usos da língua e da linguagem em diferentes situações. (p. 24)

O aprendizado de uma LE é entendido atualmente como um processo

sociointeracional, haja vista que o aprendizado acontece através da interação entre os

indivíduos. Para a OCEM “[...] as nossas atividades de uso da língua e da linguagem, que

assumem propósitos distintos e, consequentemente, diferentes configurações”. (2006, p. 24).

Vygotsky apud Silva (2005) afirma que o aprendizado é essencialmente social, assim o

processo de interação entre professor e aluno, como também entre os alunos, faz-se necessário

para o processo de aprendizagem ser realmente efetivo.A partir da escolha das corretes

teóricas do ensino de línguas, enfatizou-se principalmente as metodologias relacionadas ao

ensino comunicativo, que prevêem o desenvolvimento das habilidades comunicativas de

reading, writing, listening and speaking(ler, escrever, ouvir e falar). Entre os principais

métodos utilizados destacamos os enfatizados por Freeman (2008) como o Direct Method

(método direto), Audio – Lingual Method (método áudio-lingual) e o Community Language

Learning (comunidade de aprendizado de línguas). O primeiro deles considera como objetivo

primordial o uso comunicativo da língua, através de conversações diretamente na língua alvo,

o segundo por sua vez propõe um ensino comunicativo por meio da imitação e da repetição,

este é um método tipicamente Behaviorista e o terceiro e último prevê o desenvolvimento da

competência comunicativa em sala de aula de forma agradável e interativa.

As aulas foram preparadas e ministradas tendo por base o ensino comunicativo de

línguas. A aula comunicativa relacionada à realidade do educando pode ser uma alternativa

para os professores de Língua Inglesa trabalhar em suas salas habilidades para o ensino de um

novo idioma. Almeida Filho define o ensino comunicativo como

[...] aquele que não toma as formas da língua descritas nas gramáticas

como modelo suficiente para organizaras experiências de aprender

outra Língua, mas sim que toma unidades de ação feitas com

linguagem como organizatórias das amostras autênticas de língua-alvo

que se oferecer ao aluno aprendiz (2002, p. 47-48).

46

Nesse contexto, o ensino comunicativo proporciona uma maior motivação e interesse

dos educandos, pois possibilita uma discussão sobre assuntos reais que os conduzam a

repensar suas ações cotidianas. Com a publicação da OCEM em 2006, houve uma ampliação

do conceito de ensino comunicativo, o qual prevê como ponto de partida para o ensino o

contexto de uso e não a regra gramatical.

A metodologia escolhida buscou considerar os conhecimentos linguísticos dos

discentes, estabelecendo pontos de convergência e divergência, colocando-os frente a

situações reais de uso do idioma. Nesse sentido, o aprendizado de uma LE pode ser útil em

situações cotidianas como ler manuais de instrução, interpretar textos de vestibular, fornecer e

solicitar informações, perguntar e relatar preferências, entender letras de músicas, traduzir

textos, escrever bilhetes e redigir e-mail, por exemplo.

O professor tem como papel “instigar a aprendizagem através da descoberta orientada,

tornando-se mediador do processo ensino aprendizagem juntamente com o aluno.” (DIANNA

LAURRILLARD 1995 apud KENSKI, 1997, p. 69) Esse diálogo intercultural pode ser

favorecido através globalização, com a incorporação das novas tecnologias na educação,

configurando-se como oportunidade de se inserir no mundo ao qual o alunado está imerso,

além abordar temas recorrentes na vivência em sociedade.

Na contemporaneidade a busca pela utilização das Novas Tecnologias da Informação e

Comunicação na educação vem aumentando de forma considerável. Mostrando-se como algo

presente e indissociável, uma vez que faz parte da vivência de docentes e discentes estando

frequentemente presentes no espaço escolar. Além disso, o uso dessas tecnologias

proporciona entre outras questões a motivação por uma aprendizagem dinâmica, comunicativa

e interativa. Nesse processo há uma redefinição dos objetivos de ambos integrantes do espaço

escolar frente às novas tecnologias, para Mercado (1998, p. 05),

O espaço aula se torna um ambiente de aprendizagem, com trabalho

coletivo a ser criado, trabalhando com os novos recursos que a

tecnologia oferece, na organização, flexibilização dos conteúdos, na

interação aluno-aluno e aluno-professor e na redefinição de seus

objetivos. As informações que os jovens obtêm através da Internet não

são apenas recebidas e guardadas. Elas representam um ponto de

partida e não um fim em si mesmas. Quando um estudante encontra

uma informação na Internet, ele a coloca no seu contexto, da sua

realidade, busca mais informações a respeito, torna-a um elemento da

sua própria formação, sabendo qual a importância daquilo que

aprendeu.

47

Acoplar as novas tecnologias ao ensino de LE é uma maneira de dinamizar o processo

de ensino aprendizagem, tornando o ambiente educativo mais atraente para o aprendizado.

Aplicativos educativos, recursos de áudio e vídeo, ferramentas de pesquisa e chats online

podem favorecem a aprendizagem, isto uma vez que serve como ponto de partida para o

desenvolvimento da aprendizagem.

As mudanças que as tecnologias favorecem na postura do professor

em aula: ajuda os alunos a estabelecerem um elo de ligação entre os

conhecimentos acadêmicos com os adquiridos e vivenciados,

ocorrendo uma troca de idéia e experiências, em que o professor, em

muitos casos, se coloca na posição do aluno, aprendendo com a

experiência deste. Durante as aulas os alunos são levados a pesquisar e

estudar individualmente, bem como a buscar informações e dados

novos para serem trazidos para estudo e debates em aula. Enfatiza-se

uma aprendizagem ativa e um processo de descobertas dirigidas.

Incentiva-se a aprendizagem interativa em pequenos grupos.

(MERCADO, 1998, p. 06)

Não se trata de adaptar as metodologias tradicionais a equipamentos tecnológicos, mas

utilizar-se deles para dinamizar o processo de ensino e aprendizagem. Essa cultura digital e

educacional requer um novo estilo de pedagogia que favoreça o aprendizado individual e

coletivo. Dessa forma, a utilização de áudios e vídeos sobre as temáticas em estudos

mostraram-se relevantes uma vez que proporcionaram um aprendizado mais significativo com

uma reorganização da sala de aula onde criam “uma nova distribuição de espaço e uma nova

relação de tempo entre o trabalho do docente com o discente e o trabalho de cada um deles

entre si” (GATTI, 1993, p. 24 apud KENSKI, 1997, p. 71). A rotina da sala de aula se

modifica e cabe ao professor uma reorganização do seu tempo, de maneira a pesquisar as

melhores formas interativas de atividades fazendo uso dos recursos multimediáticos

disponíveis.

Para Xavier (2007, p. 134), “Sem dúvida, a escola, com o auxílio dos meios de comunicação

tradicionais (rádio, TV, jornais, revistas, etc.) e agora modernos (internet, CD, CD-ROM, DVD), ajuda a

consolidar a cultura da escrita”. Possibilitando assim novos caminhos e possibilidades de

exploração de recursos, configurando um momento didático significativo para a recriação e

emancipação dos saberes.

O uso do Duolingo como estratégia de estudo ampliou o espaço da aprendizagem,

permitindo ao aluno praticar o idioma em qualquer hora e local, não restringindo-se apenas a

sala de aula, tendo em vista que poderia instalá-lo no seu próprio celular.

48

Com as Novas Tecnologias da Informação abrem-se novas

possibilidades à educação, exigindo uma nova postura do educador.

[...] A escola é um espaço privilegiado de interação social, mas este

deve interligar-se e integrar-se aos demais espaços de conhecimento

hoje existentes e incorporar os recursos tecnológicos e a comunicação

via redes, permitindo fazer as pontes entre conhecimentos se tornando

um novo elemento de cooperação e transformação (MERCADO,

1998, p. 02).

Assim, as estratégias metodológicas aplicadas visaram a ampliação do conhecimento a

partir de informações relevantes para o cotidiano dos educandos, proporcionando o

desenvolvimento pessoal, cognitivo podem constituir-se num desafio à criatividade e

invenção.

O desenvolvimento da comunicação com as linguagens oral, escrita e áudio-vídeo,

desenvolvem formas de interação, baseadas na confiança, na valorização mútua. O educador

assim é um comunicador que expressa capacidade de motivar, de liderar, de coordenar e de

adaptar-se aos vários ritmos dos diversos grupos. O uso adequado destas tecnologias estimula

a capacidade de desenvolver estratégias de buscas, estimula o desenvolvimento de habilidades

sociais, capacidade de comunicar-se efetiva e coerentemente.

49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca por um ensino que desperte o interesse pelo aprendizado configura-se como

um dos maiores desafios docentes do século XXI. Inserir em sala de aula, em especial no

ensino de idiomas, temáticas e metodologias que fazem parte do cotidiano discente,

apresentando sua aplicabilidade prática, é essencial para o sucesso do processo de ensino

aprendizagem.

Diante dessa inegável realidade, correlacionar a cultura digital com o ensino da língua

inglesa, mostrou-se como relevante para o desenvolvimento da aprendizagem desse idioma,

tendo em vista que o inglês e as novas tecnologias estão presentes na vida de docentes e

discentes, configurando-se como algo indissociável.

O presente estudo foi dividido em quatro capítulos, em que primeiro deles buscou-se

apresentar uma visão geral do que seria apresentado ao longo da pesquisa, destacando a

justificativa da escolha da temática, enfatizando a questão a ser abordada e os objetivos

propostos. O segundo capítulo trouxe o histórico sobre o ensino de língua inglesa no Brasil,

destacando os documentos oficiais que justificam a incorporação desse idioma no currículo

escolar, bem como as principais correntes teórico-metodológicas utilizadas como suporte para

o ensino de línguas. No terceiro capítulo, buscamos uma reflexão acerca do uso de novas

tecnologias na educação, destacando sua utilização e incorporação na atualidade, como

também o papel docente frente a esta nova realidade. Finalizando, no quarto e último capítulo,

partimos para caracterização e análise da pesquisa, a qual foi desenvolvida na E.E.E.F.M. José

Rocha Sobrinho com um grupo de alunos do 1º e 2º ano do ensino médio. Estes discentes

fizeram parte de uma seleção, a qual apresentava alguns critérios a serem considerados, como

por exemplo, disponibilidade de horário, frequência e principalmente a exposição dos motivos

que o levaram a fazer determinada escolha. Tudo desenvolvido com o intuito de selecionar

apenas os educandos que estivessem dispostos a participar e aprender outro idioma, em aulas

com uma metodologia diferenciada, inspiradas em um contexto comunicativo e interacionista.

As medidas apresentaram-se como positivas, tendo em vista que só se inscreveram os

educandos que buscavam ampliar seus conhecimentos em novo idioma. Outro critério

relevante estabelecido foi a quantidade de no máximo vinte alunos por turma. Este mostrou-se

como relevante e necessário pois para prática de atividades de listening e speaking uma menor

quantidade de alunos é primordial para se fazer a correta avaliação dessas habilidades.

Infelizmente essa prática não ocorre nas aulas convencionais, devido o reduzido

número de aulas semanais, turmas numerosas e necessidade de seguir a um calendário

avaliativo pré-determinado. Isso dificulta a ação docente, que normalmente prioriza o ensino

50

da gramática, com ênfase nas habilidades de reading e writing em detrimento de outras

também necessárias.

O uso de recursos tecnológicos, em um ambiente propício, como a sala de vídeo da

instituição onde a pesquisa foi desenvolvida, configurou-se como primordial para o

aprendizado do idioma. Tendo em vista que as habilidades de listening e speaking poderiam

ser trabalhadas de forma mais adequada, com os recursos necessários para seu

desenvolvimento.

A utilização do facebook, rede social muito usada pelos discentes, como suporte para

expandir o aprendizado, também se apresentou como adequada. Isto uma vez que essa rede

foi utilizada para se inserir vídeo aulas, áudios e outras atividades de interesse dos educandos

de forma que o aprendizado fosse além da estrutura física da escola.

O aplicativo Duolingo, o qual foi baixado nos celulares dos educandos, também

demonstrou sua importância, pois esses indivíduos utilizam-se dessa ferramenta tecnológica a

todo o momento. Sendo assim, como faz parte do cotidiano utilizar essa tecnologia moderna

para estimular a prática do inglês e o desenvolvimento das quatro habilidades comunicativas

configurou-se como pertinente e favorável ao ensino de idiomas.

Em suma, a experiência vivenciada no curso de línguas, ao longo de seis meses,

apresentou-se como positiva, mostrando que é possível se aprender inglês na escola pública

com auxílio das novas tecnologias. Contudo o apoio de gestores e a pré-disponibilidade

docente e discente fazem-se necessárias para chegar a esse fim.

51

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52

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53

ANEXOS

54

Anexo I (Edital do Curso de Línguas JRS)

Curso Instrumental de

Línguas

JRS

O Curso Instrumental de Línguas do JRS foi elaborado a partir da necessidade dos

alunos do ensino médio de se conhecer e aprimorar a proficiência nas línguas inglesa,

espanhola e francesa, com o objetivo de proporcionar aos educandos a prática de

conhecimento básico nas referidas línguas estrangeiras.

Essa iniciativa é fruto do trabalho conjunto entre a gestão da E.E.E.F.M. José Rocha

Sobrinho e dos professores de línguas (Lucy Helena Alves, Ivson Danilo e Luís Júnior) da

referida instituição.

O curso terá duração de 6 meses, com aulas ministradas 1 vez por semana no

turno tarde com duração de 2 horas.

Quem pode participar?

* Alunos do 1º ano regularmente matriculados na E.E.E.F.M. José Rocha Sobrinho e

com frequência regular de 80% em todas as disciplinas.

* Alunos realmente dispostos a praticar a conversação de uma língua estrangeira,

inclusive a se submeter a avaliações com ênfase nas habilidades de audição e

conversação.

Como se inscrever?

* Os alunos interessados devem preencher uma ficha de inscrição com os dados

pessoais, a escolha do curso e com a devida justificativa de interesse em realizá-lo. As

referidas fichas estarão disponíveis na secretaria da escola entre o período de 31 de

março a 4 de Abril de 2014.

55

A seleção

* Serão disponibilizadas 60 vagas, sendo 20 para cada modalidades (inglês, espanhol e

francês).

* O aluno deve se inscrever para apenas 1 dos cursos (inglês, francês e espanhol).

* O aluno deve ter horário disponível (turno tarde) para o curso pretendido.

Início das aulas

As aulas serão ministradas semanalmente, com duração de 2 horas e iniciarão no dia

24 de Abril do presente ano, com previsão de término dia 20 de Novembro.

Horários

Dia / Horário Curso Professor (a)

Quinta - feira 13:30 às

15:30

Inglês Lucy Helena Alves

Sexta - feira 13:00 às 15:00 Espanhol Ivson Danilo

Quinta – feira 13:30 às

15:30

Francês Luís Júnior

Atenção

* O aluno pode se inscrever para apenas 1 dos cursos oferecidos.

* A ausência de até 70% das aulas acarretará na perda da vaga.

* O aluno é responsável pelo seu deslocamento, uma vez que as aulas acontecerão no

horário oposto.

56

ANEXO II (Ficha de inscrição)

Curso Instrumental de Línguas

JRS

Ficha de Inscrição

Dados Pessoais

Nome: ________________________________________________________ Turma:

Idade: ___________

Pai: _____________________________________________________________

Mãe: ___________________________________________________________

Endereço: ___________________________________________________________

Telefone: _______________________________

Email: ________________________________________________________________

Escolha do Curso

Dia / Horário Curso Professor (a) Marque com um

(X)

o Curso escolhido

Quinta-feira 13:30 às

15:30

Inglês Lucy Helena Alves

Sexta – feira 13:00às

15:00

Espanhol Ivson Danilo

Quinta-feira 13:30 às

15:30

Francês Luís Júnior

Justificativa

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Assinatura do Aluno (a)

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ANEXO III (Página inicial do aplicativo no Play Store)

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.duolingo&hl=pt_BR

ANEXO IV (Cadastro do aplicativo)

Fonte: https://www.duolingo.com/skill/en/Basics-1/1

ANEXO V (Teste de Nivelamento)

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.duolingo&hl=pt_BR

ANEXO VI (Atividade do aplicativo Duolingo)

58

Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.duolingo&hl=pt_BR

ANEXO VII (Atividade do aplicativo Duolingo)

Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.duolingo&hl=pt_BR