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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 129 / Agosto, 2011 / N o 2.189

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO

BEZERRA, GERALDO CAMPETTI SOBRINHO,MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA E

SADY GUILHERME SCHMIDT

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

SumárioExpediente

Editorial

Justiça, amor e imortalidade

Entrevista: Marta Antunes de Moura

Sondagem sobre o estudo de O Livro dos Médiuns

Presença de Chico Xavier

À luz do Evangelho – Emmanuel

Esflorando o Evangelho

O tesouro enferrujado – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperanto nas Comissões Regionais e em Pernambuco –

Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Centro

Seara Espírita

O Livro dos Médiuns – Identidade dos Espíritos

Lei de Igualdade (Capa) – Christiano Torchi

Perdão – Therezinha Radetic

Campeonato de maldades – Richard Simonetti

Na difusão do Espiritismo – Emmanuel

O “medo” da Ciência e a atualização do Espiritismo

– Parte II – Alexandre Fontes da Fonseca

Trabalhemos juntos – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Em dia com o Espiritismo – O Banquete –

Marta Antunes Moura

Um guia seguro para os médiuns, segundo

Allan Kardec – Suely Caldas Schubert

Pagar a conta e seguir em frente – Uma abordagem

descontraída da lei de causa e efeito –

Geraldo Campetti Sobrinho

Falsos profetas – Mário Frigéri

Os filhos de Bezerra – Luciano Klein Filho

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PARA O BRASILAssinatura anual R$ 52,00Assinatura digital anual R$ 24,00Número avulso R$ 7,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 50,00

Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mmail: [email protected]

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Editorial

Justiça, amor eimortalidade

urante milênios, difundiu-se a ideia de que Deus, nosso Pai Criador,sempre foi justo e bom, tratando seus filhos em total condição deigualdade.

Para os homens, todavia, presos à ideia de que teríamos uma única existência,mostrava-se difícil entender esse tratamento igualitário e justo, quando a realidadeapresenta os seres humanos vivendo experiências tão diferentes e tão dolorosas,aparentemente alheias à sua vontade.

Com o fim de esclarecer esse assunto, Allan Kardec perguntou aos Espíritos supe-riores que orientaram o seu trabalho ao elaborar a Codificação Espírita: Dos Espí-ritos, uns terão sido criados bons e outros maus?1 recebendo a seguinte resposta:“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada umdeu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressi-vamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si.Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade”.

Aprofundando as suas informações, esclareceram, ainda, esses mesmos Espíritos:“Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aqueleconhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à metaque lhes foi assinada. Outros, só suportam murmurando e, pela falta em que dessemodo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade”.

Observa-se, assim, que a convicção de que somos Espíritos imortais, indestrutí-veis, criados simples e ignorantes, e em constante processo de evolução por forçadas leis de Deus, convicção essa que a cada dia vai sendo mais consolidada pelosfatos e pelas conquistas da Ciência, permite que compreendamos, em toda a suaplenitude, a bondade de Deus, que a todos trata com muito amor, em total respei-to ao princípio de igualdade, no exercício da plena justiça que preside o Universo.

Destacamos, deste modo, a necessidade de se colocar as verdades consoladorasque a Doutrina Espírita nos oferece, ao alcance e a serviço de todos, descortinandohorizontes novos e mais iluminados aos que compreendem o seu significado.

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1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.Q. 115.

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m O Livro dos Médiuns, ca-pítulo XXIV, a identidadedos Espíritos comunicantes

é detalhadamente analisada porAllan Kardec em 14 itens e 54 res-postas, transmitidas pelos Espí-ritos orientadores da CodificaçãoEspírita. Muitas mistificações e dú-vidas a respeito do assunto pode-riam ser evitadas se os espíritas,sobretudo os médiuns, estudas-sem com mais afinco as conside-rações que constam do capítulo,mesmo que o Codificador tenhadito: “A questão da identidade dosEspíritos é uma das mais contro-vertidas, mesmo entre os adeptosdo Espiritismo”.1 É exatamentepor isso que deve merecer maio-res cuidados e ponderações peloespírita esclarecido:

[...] De fato, os Espíritos não

nos trazem uma carteira de

identidade e sabe-se com que

facilidade alguns dentre eles

tomam nomes que nunca lhes

pertenceram. Justamente por

isso, esta questão de identidade

é, depois da obsessão, uma das

maiores dificuldades que apre-

senta o Espiritismo prático. To-

davia, em muitos casos, a iden-

tidade absoluta não passa de

questão secundária e sem im-

portância real.1

Seguindo a ordenação dos con-teúdos desenvolvidos no capítulo,percebemos que dois pontos de-vem ser discriminados, como o fa-zemos em seguida.

1. Provas possíveis deidentidade

De forma abrangente, “jul-gam-se os Espíritos, como os ho-mens, pela sua linguagem. Se umEspírito se apresenta com o no-me de Fénelon, por exemplo, ediz trivialidades e puerilidades,está claro que não pode ser ele”.2

Outras provas podem ser incluí-das na identificação do comuni-cante:

[...] a semelhança da caligrafia

e da assinatura. Mas, além de

nem todos os médiuns serem

capazes de obter esse resultado,

ele não representa, invariavel-

mente uma garantia suficiente.

Há [também] falsários no mun-

do dos Espíritos [...].3

A identificação de Espíritos“é muito mais fácil de ser com-provada quando se trata de Espí-ritos contemporâneos, cujos hábi-tos e características são conheci-dos, porque são justamente esseshábitos, de que ainda não tiveramtempo de abandonar, que nos per-mitem reconhecê-los, constituin-do isso um dos sinais mais segu-ros de identidade”.4

Enquanto se recusam a respon-

der a perguntas pueris e extra-

vagantes, que qualquer pessoa

teria escrúpulos em lhes dirigir,

se fossem vivos [encarnados],

os Espíritos, por outro lado,

não se negam a dar espontanea-

mente provas irrecusáveis de

sua identidade, por seus carac-

teres, que se revelam na lingua-

gem de que usam, pelo empre-

go de palavras que lhes eram

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O Livrodos Médiuns

Identidade dos Espíritos

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familiares, pela citação de cer-

tos fatos, de particularidades de

suas vidas, às vezes desconheci-

das dos assistentes e cuja exati-

dão se pode verificar. As pro-

vas de identidade se destacam,

além disso, de um sem-número

de circunstâncias imprevistas,

que nem sempre se apresentam

na primeira ocasião, mas que

surgem com a continuação das

manifestações. Convém, pois, es-

perá-las, sem as provocar, ob-

servando-se cuidadosamente to-

das as que possam resultar da

natureza das comunicações.5

Situação diversa ocorre com aidentificação de Espíritos que vi-veram em outras épocas, princi-palmente os que carecem de refe-rências biográficas:

A identidade dos Espíritos das

personagens antigas é a mais

difícil de se conseguir, tornan-

do-se muitas vezes impossível

mesmo, de modo que ficamos

limitados a uma apreciação pu-

ramente moral.[...].6

2. Distinção entre os Espíritos bons e os maus

A identidade dos Espíritospode se revelar, contudo, comoaspecto secundário. Por exem-plo, quando nos são transmitidas“instruções gerais, pois os melho-res Espíritos podem substituir-semutuamente, sem maiores conse-quências”.7

[...]Os Espíritos superiores for-

mam, por assim dizer,

um todo coletivo,

cujas individualida-

des nos são, com ra-

ras exceções, com-

pletamente desco-

nhecidas. O que nos

interessa não é a

pessoa deles, mas

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o ensino que nos proporcio-

nam. Ora, se o ensino é bom,

pouco importa que aquele que

o deu se chame Pedro, ou

Paulo. Devemos julgá-lo pela

sua qualidade e não pelas suas

insígnias. [...]7

Importa considerar tambémque,

à medida que os Espíritos se

purificam e se elevam na hie-

rarquia, as características dis-

tintivas de suas personalida-

des se apagam, de certo modo,

na uniformidade da perfeição;

nem por isso, entretanto, dei-

xam de conservar as suas indi-

vidualidades.8

Tais condições nos fazem verquanto é importante saber dis-tinguir os bons Espíritos dosque ainda assinalam atraso espiritual.

[...] Os Espíritos realmente

superiores não apenas só di-

zem coisas boas, como tam-

bém as dizem em termos que

excluem, de modo absoluto,

qualquer trivialidade. Por me-

lhores que sejam essas coisas,

se forem manchadas por uma

única expressão que denote

baixeza, isto constitui um si-

nal indubitável de inferiorida-

de, principalmente se o con-

junto da comunicação chocar

as conveniências pela sua gros-

seria. A linguagem revela sem-

pre a sua origem, seja pelos

pensamentos que traduz, seja

pela forma, de modo que se

um Espírito quiser iludir-nos

sobre a sua pretensa superio-

ridade, bastará conversarmos

algum tempo com ele para a

apreciarmos.9

Há mais: “A bondade e a bene-volência são atributos essenciaisdos Espíritos depurados”.10 Nãorevelam mágoas nem ódio; sãosolidários e gentis; lamentam asfraquezas humanas; só querem obem e só dizem coisas boas, ins-trutivas.10 Por outro lado, é preci-so cautela na análise de mensa-gens provenientes de Espíritosque demonstram possuir grandesconhecimentos:

A inteligência está longe de

constituir um sinal seguro

de superioridade, porque a

inteligência e a moral nem sem-

pre andam juntas. Um Espíri-

to pode ser bom, afável, e ter

conhecimentos limitados, ao

passo que outro, inteligente e

instruído, pode ser inferior em

moralidade.11

Os itens 267 e 268, capítuloXXIV, de O Livro dos Médiuns,complementam este estudo, poistrazem uma síntese dos meiospara reconhecer as qualidades e anatureza dos Espíritos comuni-cantes. Sugerimos a leitura aten-ta. Todavia, destacamos que épreciso ter muito cuidado quan-to às informações e teorias trans-mitidas por Espíritos de poucaou de mediana evolução que, adespeito de não serem maus,

necessariamente, ainda não pos-suem as qualidades dos bonsEspíritos: as suas ideias devemser consideradas, então, meraopinião, jamais verdade absolu-ta, como esclarece São Luís,prudentemente:

Qualquer que seja a confiança

legítima que vos inspirem os

Espíritos que presidem aos

vossos trabalhos, há uma re-

comendação que nunca seria

demais repetir e que deveríeis

ter presente sempre na vossa

lembrança, quando vos entre-

gais aos vossos estudos: é a de

pesar, meditar e submeter ao

controle da razão mais severa

todas as comunicações que re-

ceberdes; é a de não deixardes

de pedir as explicações neces-

sárias, a fim de que possais

formar uma opinião segura,

toda vez que um ponto vos

pareça suspeito, duvidoso ou

obscuro.12

Referências1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de

Janeiro: FEB, 2009. Cap. 24, it. 255,

p. 411.2______. ______. It. 255, p. 412.3______. ______. It. 260, p. 417.4______. ______. It. 257, p.414-415.5______. ______. It. 258, p.415-416.6______. ______. It. 255, p. 411-412.7______. ______. It. 256, p. 414.8______. ______. p. 412.9______. ______. It. 263, p. 419-420.10______. ______. It. 264, p. 420.11______. ______. It. 265, p. 420.12______. ______. It. 266, p. 421-422.

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o ponto de vista jurídico--político, a igualdade é o“princípio segundo o qual

todos os homens são submetidosà lei e gozam dos mesmos direi-tos e obrigações”.1 É norma cons-titucional básica, que tem porescopo extinguir privilégios.2

Após o fim das atrocidades daSegunda Guerra Mundial, em1945, algumas lideranças do Pla-neta sentiram necessidade de seinstituir uma nova ordem inter-nacional de proteção aos direitoshumanos fundamentais e que temsido compartilhada por váriospovos. Daí surgiu a criação daONU – Organização das NaçõesUnidas –, que lançou, em 10 dedezembro de 1948, a DeclaraçãoUniversal dos Direitos Huma-nos, cujo primeiro considerandocoloca a igualdade como funda-

mento da liberdade, da justiça eda paz no mundo.

Esse ideal igualitário já vinhaflorescendo em séculos anterio-res e ganhou impulso com a Re-volução Francesa, que teve naqueda da Bastilha (símbolo doabsolutismo), ocorrida em 14 dejulho de 1789, um marco impor-tante dessas mudanças.

Nessa ocasião, anunciou-se ofim da servidão, dos feudos eproclamaram-se os princípiosuniversais de “Liberdade, Igual-dade e Fraternidade”, lema atri-buído a Rousseau (1712-1778),iluminista que influenciou oemérito pedagogo Johann Hein-rich Pestalozzi (1746-1827), di-retor do famoso instituto de en-sino de Yverdon, Suíça.

Cerca de 15 anos depois, nas-cia na França, em Lyon, Hippo-lyte Léon Denizard Rivail (1804--1869), que estudou na mesmaescola dirigida por Pestalozzi, eque, mais tarde, se tornou o Co-dificador do Espiritismo, sob opseudônimo de Allan Kardec.

Influenciado pela Espirituali-dade superior e tocado pelos ideaisiluministas,3 Kardec lançou, em18 de abril de 1857, em Paris, en-tão centro da cultura mundial, aprimeira obra básica do Espiri-tismo, destinada a abalar os ali-cerces do mundo contemporâ-neo: O Livro dos Espíritos. Foinesse livro revolucionário queos guias espirituais, responden-do a uma pergunta milenar, in-formaram, categoricamente:

“Sim [os homens são iguais pe-rante Deus], todos tendem parao mesmo fim e Deus fez suas leispara todos. [...]”4

Existe mesmo igualdade abso-luta entre as pessoas? Se existeessa igualdade, então por que pa-recemos tão diferentes uns dos

D

IgualdadeLei de

1Dicionário eletrônico Houaiss da línguaportuguesa – 3.0.

2A Constituição Federal Brasileira adota es-se princípio, que se encontra insculpidono art. 5o e incisos.

3KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad.Guillon Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2010. P. 1, Liberdade, igual-dade, fraternidade, p. 259-263.

4Idem. O livro dos espíritos. Trad. EvandroNoleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB,2010. Q. 803.

CH R I S T I A N O TO RC H I

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outros? E por que uns nascemsãos, outros enfermos, uns ricos,outros pobres?

A igualdade é lei moral de su-prema importância para o de-senvolvimento humano. Por elase pode aferir quanto à Justiça eà Bondade do Cria-dor, que a nenhumhomem ou mulherconcedeu superiori-dade natural, sejapelo nascimento, se-ja pela morte. Na tra-jetória rumo à per-feição, todos parti-mos do mesmo pon-to, isto é, todos so-mos criados simplese ignorantes.

Apesar dessa igual-dade natural pela cria-ção e pelo nascimento,somos criaturas úni-cas, pois a infinitacapacidade de sentir,de combinar pensa-mentos e de agir nosdá liberdade para es-colher caminhos di-ferentes, moldando--nos características psi-cológicas singulares.Nisso está a sabedo-ria do Criador, quenos garante a igual-dade natural, submetendo-nos aidênticas regras evolutivas, semque nos tornemos meras cópiasuns dos outros.

Todos nascem igualmente fra-cos, acham-se sujeitos às mes-mas dores, tanto que o corpo dorico se destrói como o do pobre.

Não existem privilégios nemdistinções na Criação Divina!Todos recebem, em gérmen, omesmo poder, a mesma sabedo-ria e os mesmos estímulos evo-lutivos, bem assim as mesmasoportunidades, no longo percurso

que demanda a árdua ascensãodos Espíritos.

As diferenças que existem en-tre as criaturas humanas repousamem diversos fatores. Uma delasestá na idade do Espírito. Crian-do Deus, incessantemente, é natu-ral que existam Espíritos mais an-

tigos, que reencarnaram mais ve-zes e, portanto, são mais expe-rientes que outros.

O bom ou mau uso que os ho-mens fazem do seu livre-arbítriotambém são determinantes desua condição futura. Aqueles que

se esforçam em seguiras leis divinas, utili-zando os recursos davontade e do traba-lho, mais rapidamen-te sobem na escala doprogresso. Quem maisbusca superar a si pró-prio, perseverando nocombate das imper-feições, atinge maiscedo o destino de fe-licidade que o Pai re-servou a todos.

As várias aptidõeshumanas são necessá-rias, a fim de que ca-da um possa concor-rer com a sua partena execução dos desígnios divinos, deacordo com o limitedo desenvolvimentoalcançado e com asforças físicas e inte-lectuais de cada ser.O que um não faz, ooutro pode fazer.Dessa união, dessa di-

versidade, resulta um equilíbriode forças natural que impulsionao progresso, fazendo com quecada qual desempenhe papel útilna vida de relação.

Não se confunda, porém, aigualdade, no seu sentido natu-ral, com a almejada igualdade

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socioeconômica. As desigualdadessociais são produto das opçõesvoluntárias dos homens e nuncaresultam das preferências de Deus.Muitas das mazelas humanas re-fletem a lei de causa e efeito, queensina o homem a se responsabi-lizar por seus atos.

A igualdade absoluta de rique-zas é uma utopia. Ela não se rea-liza devido à diversidade das fa-culdades e dos caracteres dos ho-mens, que permite que estes vi-vam em sociedade e aprendam a respeitar as suas diferenças. Amelhor forma de vencer a misé-ria é combater o egoísmo:

– A concepção igualitária ab-

soluta é um erro grave dos so-

ciólogos, em qualquer depar-

tamento da vida. A tirania po-

lítica poderá tentar uma im-

posição nesse sentido, mas não

passará das espetaculosas uni-

formizações simbólicas para

efeitos exteriores, porquanto o

verdadeiro valor de um ho-

mem está no seu íntimo, onde

cada Espírito tem sua posição

definida pelo próprio esforço.5

Perante as leis de Deus, não sejustifica que o homem tenha privi-légios ou superioridade em relaçãoà mulher, como ainda acontece naatualidade. Deus outorgou a ambosa inteligência e a faculdade de pro-gredir, motivo por que possuemos mesmos direitos e deveres.

Os Espíritos não possuem sexo,como o entendemos, pois essedepende da organização física,tanto que podem encarnar oracomo homem, ora como mulher,mais uma circunstância que oscoloca no mesmo patamar.6

A desigualdade que existe en-tre homem e mulher é de fun-ções e não de direitos. A próprialegislação brasileira reconheceessa distinção de funções quan-do, por exemplo, leva em contaa organização física dos traba-lhadores de sexos diferentes, es-tabelecendo o limite de pesoque a mulher deve suportar, emrelação ao homem,7 bem comoquando estabelece idades distin-tas para aposentadoria, em razãodo sexo.8

A maternidade é uma missãosublime concedida à mulher, aqual tem grande poder no papelde educadora, pois, devido aocontato prolongado com a in-fância de seus filhos, é ela quemlhes dá as primeiras noções devida.

A existência de leis injustas eaté cruéis, para regular as rela-ções da Sociedade, constitui oreflexo das imperfeições moraisdos homens, fazendo com quesurjam desigualdades sociaisacentuadas.

Entretanto, o progresso segueo seu curso inexorável e, pouco apouco, essas injustiças vão desa-parecendo, como foi o caso daescravidão, conforme o ritmo dosesforços individuais, que se refle-tirão inevitavelmente na coleti-vidade, pelo progresso moral,quando, então, restará apenas a“desigualdade do merecimento”,9

alijando, para sempre, os privi-légios de casta, sangue, posição,sexo, raça, religião etc.

Esclareça-se, porém, que aigualdade não significará a uni-formização entre todos os Espí-ritos, como se fôssemos uma so-ciedade de máquinas ou robôs,uma vez que, reitere-se, somosseres singulares. Os homens seorientarão pelas leis divinas, si-tuação que permitirá o desabro-char natural de seus pendores,de sua criatividade. Cada umocupará os postos de menor oumaior responsabilidade, confor-me as necessidades e as condiçõesapropriadas ao momento de cadaum, sem os prejuízos de determi-nadas convenções sociais precon-ceituosas.

À medida que o egoísmo e oorgulho forem sendo extirpadosdo coração humano, por força doprogresso, em seu sentido amplo,as misérias sociais, econômicas emorais cederão lugar à fraternidadee à justiça, prevalecendo a legítimaigualdade preconizada pelos guiasespirituais da Humanidade.

9KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Riode Janeiro: FEB, 2010. Q. 806a.

5XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010. Q. 56.

6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Ja-neiro: FEB, 2010. Q. 200 a 202 e 822a.

7Art. 390 da CLT – Consolidação das Leisdo Trabalho.

8Art. 40, III, “a”, da CF – Constituição Federal.

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Reformador: Como se tem desen-volvido a comemoração dos 150anos de O Livro dos Médiuns?Marta: Há bastante movimenta-ção e muito entusiasmo por parte

dos confrades de todas as Fede-rativas assim como de nossa parte,na FEB. Em todas as reuniões dasComissões Regionais do CFN daFEB, deste ano, ocorreram pales-tras públicas sobre a efeméride.Contamos com a presença de400 pessoas (limite físico do lo-cal), no Encontro Nacional daÁrea da Mediunidade, realizadonos dias 23 e 24 de julho, no Riode Janeiro, na Sede Seccional daFEB, hoje denominada Sede His-tórica, justamente para prestarhomenagem ao Sesquicentená-

rio de O Livro dos Médiuns. Aparte doutrinária do Encon-tro foi conduzida por DivaldoPereira Franco, com dois te-mas: “150 Anos de O Livrodos Médiuns” (dia 23), e“Prática Mediúnica” (dia 24).A Sede Histórica da FEBfoi escolhida para sediar o

Encontro porque completa 100anos de fundação. É uma formade reverenciar e homenagear ospioneiros do Espiritismo, sobre-tudo os tradutores da obra deKardec no Brasil. Mas em todo oPaís estão ocorrendo inúmerasatividades comemorativas, desdejaneiro, data de publicação de O Livro dos Médiuns: palestras,encontros, regionais e estaduais,congressos estaduais, estudo sequen-cial de O Livro dos Médiuns, ar-tigos para revistas espíritas, in-formações divulgadas na mídia,falada e escrita etc. Sob o patrocínioda Federação Espírita do Estadode Goiás (FEEGO), os Correioslançaram um selo personalizado.A FEB está publicando, de janeiroa dezembro, em Reformador, arti-gos sobre conteúdos de O Livrodos Médiuns e estampando nascapas um selo comemorativo.

MA RTA AN T U N E S D E MO U R AEntrevista

Sondagemsobre o estudo de

O Livro dos MédiunsMarta Antunes de Moura, diretora da FEB e coordenadora da Área da Mediunidade

das Comissões Regionais do CFN da FEB, comenta o momento dos 150 anos de O Livro dos Médiuns

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Monitores e evangelizadores decursos regulares da FEB, na suasede em Brasília, estão estudandoO Livro dos Médiuns, todos ossábados, das 16 às 17h30.

Reformador: Qual o papel daÁrea da Mediunidade das Comis-sões Regionais do CFN da FEB?Marta: As atividades abrangemdois enfoques principais: a) Es-tudo regular da mediunidadeno Centro Espírita; b) Práticamediúnica no Centro Espírita.Em relação ao estudo regular,procura-se auxiliar a implanta-ção e o desenvolvimento de cur-sos sequenciais da mediunida-de, com base nas orientações doEvangelho de Jesus e nos conhe-cimentos doutrinários da Codi-ficação Espírita e demais obrascom ela sintonizada, utilizando-semétodos que facilitem o apren-dizado. O curso da mediuni-dade é oferecido aos participan-tes que já possuem noções bá-sicas do Espiritismo. A FEB dis-ponibiliza ao Movimento Espíritaum material de estudo que pode(e deve) ser adaptado à realida-de da Instituição Espírita. Estematerial foi construído em parce-ria com coordenadores da me-diunidade das Federativas espí-ritas, cujas sugestões foram apre-sentadas nas reuniões das Co-missões Regionais ou, individual-mente, em correspondênciasencaminhadas à FEB. Neste sen-tido, já foram realizadas duasrevisões desse material instrucio-nal, visando melhor adequaçãoàs solicitações do Movimento

Espírita federativo. No que dizrespeito à prática mediúnica, aatenção é voltada para a capaci-tação continuada dos integran-tes da reunião mediúnica e mo-nitores de estudos mediúnicosdo Centro Espírita, direcionandoações que tratam da melhoriamoral do médium, à luz doEvangelho, e do conhecimentoespírita, centrado em Kardec eobras afins.

Reformador: As práticas mediú-nicas atuais têm sido coerentescom O Livro dos Médiuns?Marta: Infelizmente, não muito.Ainda há muita superstição eadoção de práticas contrárias àsensinadas pela Doutrina Espírita.Por outro lado, carece o hábitode leitura em nosso meio. Entre-tanto, a situação está se modi-ficando, e intenso trabalho temsido desenvolvido. Com o esforçoe a dedicação dos coordenadoresda mediunidade nas Federativasobservamos que, aos poucos, oquadro está se revertendo e quetrabalhadores da mediunidadeencontram-se, atualmente, maisesclarecidos.

Reformador: Muitos cursos eapostilas não estariam deixandoO Livro dos Médiuns para umplano secundário?Marta: As apostilas e os cursosde Espiritismo, em geral, só difi-cultam a leitura completa de OLivro dos Médiuns e das demaisobras da Codificação e outroslivros espíritas, se a direção doCentro e o coordenador da me-

diunidade permanecerem de-satentos quanto à programaçãodoutrinária de sua Casa Espírita.O material apostilado fornecevisão panorâmica dos assuntosessenciais que o espírita deve co-nhecer, os quais estão subsidia-dos não só nas obras básicas,mas também em outras, de serie-dade irrepreensível, conceden-do dinamismo ao estudo e aten-dimento a um maior número depessoas. Mas, em hipótese algu-ma, as apostilas substituem asobras fundamentais do Espiritis-mo. Por outro lado, o estudo se-quencial de cada obra da Codifi-cação é longo, fato que desesti-mula o principiante espírita. As-sim, seguindo o roteiro doutri-nário de O Livro dos Espíritos, ca-da apostila trabalha temas cujasideias encontram-se nas diferen-tes obras da Codificação e, tam-bém, em outras de referências,como os livros clássicos do Espi-ritismo (de Denis, Delanne, Flam-marion etc.) e os recebidos me-diunicamente por Chico Xavier.Mas a orientação é que o traba-lhador da mediunidade conheça,primeiramente, as obras da Co-dificação. Conscientes dessa as-sertiva, muitas instituições espí-ritas promovem seminários, sim-pósios e encontros relacionadoscom o estudo de obras espíritas.Acreditamos, porém, que pode-ríamos “enxugar” mais os con-teúdos das apostilas.

Reformador: Qual a relação entreO Livro dos Médiuns e as obrasda chamada Série André Luiz?

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Marta: A relação é coerente eprofunda. Cada ponto de O Livrodos Médiuns encontra eco nosensinamentos transmitidos porAndré Luiz, que desmistificou amediunidade, retirando-a do níveldo maravilhoso e das manifesta-ções supersticiosas. As suas obrasanalisam, com seriedade, infin-dáveis questões relacionadas àfaculdade psíquica e à práticamediúnica, o papel que cabe aosmédiuns, a importância da ati-vidade mediúnica ser, necessa-riamente, associada ao conheci-mento espírita e à conduta moralensinada pelo Evangelho. For-nece notáveis contribuições rela-tivas ao processo obsessivo e de-sobsessivo, demonstrando quenem tudo é mediunidade ou ob-sessão. Esclarece sobre a etiolo-gia de doenças mentais e sobremanifestações anímicas. Alémdo mais, o orientador espiritualnos descortina o mundo dosEspíritos, revelando a realidadepulsante da vida que existe apósa morte do corpo físico; o estadode felicidade e infelicidade dosseus habitantes, consequente aouso do livre-arbítrio; a influên-cia que os desencarnados exer-cem no cotidiano dos encarna-dos... Por fim, demonstra commuita propriedade, porque so-mos, efetivamente, construtoresdo nosso destino. A obra de An-dré Luiz é leitura obrigatóriapara quem deseja atuar na áreada mediunidade.

Reformador: O que deve ser feitopara se estimular o estudo de

O Livro dos Médiuns nos cen-tros espíritas?Marta: Já existem iniciativas arespeito: Conteúdos de O Livrodos Médiuns (e também de O Evan-gelho segundo o Espiritismo) sãoestudados em paralelo, ou de for-ma intercalada, nos cursos regu-lares de mediunidade. Simpó-sios e Encontros sobre o Estudoda obra também ocorrem há al-guns anos. A propósito, aprovei-tando o ensejo da comemoraçãodos “150 Anos de O Livro dos

Médiuns”, os integrantes da Reu-nião das Comissões Regionais,da Área da Mediunidade, firma-mos este ano um compromissode sondar como anda a leitura eo estudo dessa segunda obrapublicada por Allan Kardec. Apartir dessa sondagem, vamosentão, em conjunto, definir umprograma que vise o conheci-mento e aplicação dos conteú-dos indicados nessa obra. É tra-balho para os próximos doisanos, no mínimo.

13Agosto 2011 • Reformador 229911

Quem vencer a si mesmo e a toda sorte

de frustrações que existem nesta vida,

buscando um bem maior que nos exorte

à contenção da mágoa irreprimida;

Quem amar, com amor que reconforte,

o que tem na sua alma atroz ferida,

conseguiu realmente ser suporte

de uma felicidade merecida.

Mas quem perdoa o mal sem restrição

e ao inimigo estende a sua mão

num ato de humildade sem limite;

Pode ser que você não me acredite:

conquistou o Nirvana, foi um forte,

afastou, de si mesmo, o medo e a morte!

Perdão

Fonte: RADETIC, Therezinha. Catedrais. Rio de Janeiro: J. P. Jornalismo e

Promoções. p. 37.

Therezinha Radetic

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ara o mundo quequero descer! – di-zia um amigo, hor-

rorizado com o panorama deso-lador da atualidade, em que, apa-rentemente, gênios das trevasabriram uma caixa de maldadespara torturar a nós outros, po-bres mortais.

Filhos que matam pais.Pais que agridem filhos.Homens que se vestem de

bombas para dizimar inocentes.Traficantes que viciam incau-

tos para ampliar a freguesia.Políticos que atuam como

aves de rapina sobre o erário.Sequestradores que apavoram

famílias para extorquir-lhes di-nheiro.

Assaltantes que não vacilamem matar.

Promiscuidade sexual, pro-movendo a dissolução dos cos-tumes e a disseminação de en-fermidades.

Adultério banalizado, suge-rindo normalidade.

Práticas abortivas amparadaspor leis equivocadas.

Alguém dirá que ocorrênciasdessa natureza sempre existiram eque, com a população da Terrachegando a perto de sete bilhõesde habitantes, tendem a ser muitomais numerosas.

Sim, mas nunca nessa propor-ção. É como se as pessoas estives-sem disputando um campeonatode maldades, a ver quem praticaa atrocidade mais chocante.

Podemos justificar essa situa-ção, atribuindo-a à reencarna-ção compulsória de Espíritos deevolução primária, vida instin-tiva, sem o senso moral a que sereferia Kardec.

Não é bem isso, ou não é apenasisso, já que esses Espíritos nãoreencarnam para fazer a confu-são do mundo. Estão aqui emempenho de aprendizado, quelhes permita superar suas limi-tações, como todos nós.

Considere-se, ainda, a reencar-nação de Espíritos de razoável

desenvolvimento intelectual, cujasmaldades não podem ser atri-buídas à incapacidade de distin-guir o bem do mal.

Há algo mais, leitor amigo, quepodemos constatar, reportando--nos à preleção de Telésforo, nolivro Os Mensageiros,1 de AndréLuiz, psicografia de FranciscoCândido Xavier.

Em face de sua importância egravidade, deve ser objeto de acu-rado estudo nos círculos espíritas.

Por economia de espaço, limi-to-me a transcrever algumas desuas reveladoras observações:

[...] A mente humana abre-se,cada vez mais, para o contato comas expressões invisíveis, dentro dasquais funciona e se movimenta.Isto é uma fatalidade evolutiva.

[...][...] a Humanidade terrena apro-

– PRI C H A R D SI M O N E T T I

de maldadesCampeonato

1Op. cit. 45. ed. 3. reimp. atualizada. Riode Janeiro: FEB, 2011. Cap. 5, p. 36, 38--39.

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Page 15: E O Livro dos Médiuns

xima-se, dia a dia, da esfera devibrações dos invisíveis de con-dição inferior, que a rodeia emtodos os sentidos. Mas, segundoreconhecemos, esmagadora per-centagem de habitantes da Terranão se preparou para os atuaisacontecimentos evolutivos.

[...][...] vemos agora a criatura

terrestre assoberbada de proble-mas graves, não só pelas deficiên-cias de si própria, senão tambémpela espontânea aproximaçãopsíquica com a esfera vibratóriade milhões de desencarnados,que se agarram à Crosta plane-tária, sequiosos de renovar a exis-tência que menosprezaram, semmaior consideração aos desígniosdo Eterno.

Fácil concluir que estamoscada vez mais ligados aomundo espiritual e sensíveisà sua influência.

Uma observação, leitor ami-go: Os Mensageiros foi publica-do em 1944. Se há 67 anos omentor espiritual falava dessaproximidade de Espíritos per-turbados e perturbadores, ima-ginemos hoje, em que se percebeuma sensibilidade mais acen-tuada nas mentes humanas.

O problema é que não esta-mos preparados para lidar comesse contato estreito. Ainda nossituamos mais perto da anima-lidade do que da angelitude.

Daí o fato de sintonizarmosmais facilmente com as forçasdas sombras, assimilando suainfluência.

Dá para entender porque hátanta confusão no mundo hoje.

Mais do que nunca, impõe-sea recomendação de Jesus: orai evigiai.

Vigiar nossos pensamentos,nossos desejos, nosso comporta-mento e orar muito, com o fervordo cristão autêntico, que buscao equilíbrio necessário para en-frentar os desafios da atualidade,sem nos deixarmos envolver pelaspressões da espiritualidade infe-rior, que constitui o clima querespiramos hoje.

Situa-se a Terra como imensoumbral, em que multidões de tes-temunhas, como diz o apóstoloPaulo (Hebreus, 12:1),nos rodeiam, em suavasta maioria com-

posta de Espíritos perturbadose perturbadores.

Em meio às ardências do de-serto, o viajor busca o confortodo oásis, onde pode saciar a sedee descansar.

Em meio às perturbações dasociedade atual, há oásis abençoa-dos de Espiritualidade, que pode-mos buscar na atividade religiosa,no lar orientado pelo Evangelho,e, em última instância, na intimi-dade de nossas almas, superandoos enganos do mundo.

Se o reino de Deus que Jesusveio trazer está longe de ser insta-

lado no mundo, podemos edevemos instalá-lo em

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nosso próprio coração, com osvalores de uma dedicação totalao Bem, eximindo-nos, por me-ra questão de sintonia vibrató-ria, das influências nocivas quenos cercam.

No livro Boa Nova,2 psicografiade Chico Xavier, o Espírito Hum-berto de Campos reporta-se àsconsolações oferecidas por Maria,a mãe de Jesus, aos viajores cansa-dos e sedentos que a buscavam.

– Minha mãe – dizia um dosmais aflitos –, como poderei ven-cer as minhas dificuldades? Sin-to-me abandonado na estrada escura da vida...

Maria lhe enviava o olhar amo-roso da sua bondade, deixandonele transparecer toda a dedica-ção enternecida de seu espíritomaternal.

– Isso também passa! – dizia ela,carinhosamente – só o Reino deDeus é bastante forte para nuncapassar de nossas almas, como eter-na realização do amor celestial.

É orientação para a existênciainteira.

Tudo passa!E sempre estaremos bem, ani-

mados, reconfortados e protegi-dos, mesmo ante as ardências dodeserto humano, se formos capa-zes de construir um oásis de bên-çãos, em nossa consciência, aten-dendo à convocação celeste paraque edifiquemos o Reino de Deusem nossos corações.

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2Op. cit. 3. ed. 5. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2010. Cap. 30, p. 255-256.

Emmanuel

Fonte: XAVIER Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Entre irmãos de outras terras. 8. ed.3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 2.

Na difusão do Espiritismo

“E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para quefique convosco para sempre.” – JESUS. (JOÃO, 14:16.)

a condição daquele Consolador prometido por Jesus à

Humanidade, o Espiritismo, sem dúvida, atingirá todas

as consciências.

Entretanto, à frente das múltiplas interpretações que se lhe

imprimem nos mais variados núcleos humanos, de que modo

esperar o cumprimento da promessa do Cristo?

Nesse sentido, recordemos os primórdios da Codificação Kar-

dequiana. Preocupado com o mesmo assunto, Allan Kardec formu-

lou a questão 798, de O Livro dos Espíritos, à qual os seus Instrutores

Espirituais, solícitos, responderam:

“Certamente que [o Espiritismo] se tornará crença geral e mar-

cará nova era na história da Humanidade, porque está na natureza

e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos

humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra

o interesse, do que contra a convicção, porquanto não há como dis-

simular a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas

por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Porém,

como virão a ficar insulados, seus contraditores se sentirão forçados

a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos”.

Certifiquemo-nos, pois, de que na difusão dos princípios espíri-

tas estamos todos em luta do bem para a extinção do mal e de que

ninguém alcançará a suspirada vitória sem a vontade de aprender e

a disposição de trabalhar.

N

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17Agosto 2011 • Reformador 229955

Presença de Chico Xavier

eus amigos, saudando o nosso irmão pre-sente, bem como aos demais companheirosda nossa caravana evangélica, faço-o na paz

de Jesus, desejando-vos a sua luz santificadora.Nada mais útil do que o esforço de evangelização,

na atualidade, e é dentro dessa afirmação luminosaque precisamos desenvolver todos os nossos laborese pautar todos os pensamentos e atitudes.

As transições terríveis e amargas do século têm asua origem na clamorosa incompreensão do exem-plo do Cristo.

O trabalho secular de organização das ciênciaspositivas caminhou a par da estagnação dos princí-pios religiosos. Os absurdos contidos nas afirmaçõese negações de hoje são o coroamento da obra geraldas ciências humanas, entre as quais, despojada dequase todos os seus aspectos magníficos da antigui-dade, vive a filosofia dentro de um negativismo trans-cendente. E o que se evidencia, aos amargurados diasque passam, é, de um lado, a ciência que não sabe e,de outro, a religião que não pode.

O nosso labor deve caracterizar-se totalmentepelo esforço de renovação das consciências e doscorações, à luz do Evangelho. Urge, pelos atos e pelossentimentos, retirar da incompreensão e da má-fétodas as leis orgânicas do código divino, e aplicá-lasà vida comum.

O vosso sacrifício e o vosso esforço executarão otrabalho regenerador, mas necessário é não vos preo-cupeis com os imperativos do tempo, divino patri-mônio da existência do Espírito. À força de exempli-ficação e apoiados nas vossas convicções sinceras,conseguireis elevadas realizações, que farão se trans-

ladem para as leis humanas as leis centrais e impere-cíveis do Divino Mestre.

Esse o grande problema dos tempos.Nenhuma mensagem do mundo espiritual pode

ultrapassar a lição permanente e eterna do Cristo, ea questão, sempre nova, do Espiritismo é, acimade tudo, evangelizar, ainda mesmo com sacrifício deoutras atividades de ordem doutrinária.

A alma humana está cansada de ciência sem sabe-doria e, envenenado pelo pensamento moderno, océrebro, nas suas funções culturais, precisa ser subs-tituído pelo coração, pela educação do sentimento.

O Evangelho e o trabalho incessante pela renova-ção do homem interior devem constituir a nossacausa comum.

Procuremos desenvolver nesse sentido todo onosso esforço dentro da oficina de Ismael, e teremosencontrado, para a nossa atividade, o setor de edifi-cação sadia e duradoura.

Que Jesus abençoe os labores do nosso amigoe dos seus companheiros que, com abnegação erenúncia, lutam pela causa do glorioso Anjo, servin-do de instrumentos sinceros à orientaçao superior dasua Casa, no Brasil, é a rogativa muito fervorosa doirmão e servo humilde.

(Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, em

13/5/1938, em Pedro Leopoldo (MG), na presença do então vice-

-presidente da FEB, Manuel Quintão. Transcrita de Reformador

do mesmo ano, p. 210, devido à sua plena atualidade.)

Fonte: Reformador, ano 94, n. 1.766, p. 7(123), maio 1976.

À luz doEvangelho

M

Pelo Espírito Emmanuel

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a parte I deste artigo,1 de-monstramos que não hánecessidade de preocupa-

ção com a Ciência encontrar er-ros nos fundamentos do Espiri-tismo por ser ele uma teoria fe-nomenológica, isto é, ligada aosfenômenos. Além disso, mostra-mos o equívoco científico e dou-trinário de, em nome da expres-são “caminhar de par com o pro-gresso” (item 55 do cap. I de AGênese)2 assimilarmos, sem a de-vida comprovação, novidadesem matéria de teoria, prática oudoutrina espiritualista, mesmoque se digam embasadas por teo-rias importantes da Ciência co-mo a Física Quântica.

Na parte II deste artigo, vamosapresentar uma proposta de tra-balho que é capaz de conciliar ocaráter progressivo do Espiritis-mo com a necessidade de cautelacom as novidades, como enfatiza-da por Kardec (Obras Póstumas3 eRevista Espírita de dezembro de18684): “[...] Se é certo que a uto-

pia da véspera se torna muitas ve-zes a verdade do dia seguinte, dei-xemos que o dia seguinte realize autopia da véspera, porém nãoatravanquemos a Doutrina deprincípios que possam ser conside-rados quiméricos e que seriam re-jeitados pelos homens positivos”.

A chave para entendermos essaproposta é o significado do verbo“demonstrar” na seguinte frase doitem 55 de A Gênese:2 “Caminhan-do de par com o progresso, o Espiri-tismo jamais será ultrapassado,porque, se novas descobertas lhe de-monstrassem estar em erro acercade um ponto qualquer, ele se modi-ficaria nesse ponto”. (Grifo nosso.)

A palavra “demonstrar” tem aver com a metodologia de traba-lho de pesquisa. Kardec demons-trou que o Espiritismo é umadoutrina dos Espíritos ao aplicaro método do Controle Universaldo Ensino dos Espíritos (CUEE).E, como se vê no item 14 do cap.I de A Gênese:2 “Como meio deelaboração, o Espiritismo procede

exatamente da mesma forma queas ciências positivas, aplicando ométodo experimental”, Kardec de-senvolveu a atividade de pesquisano Espiritismo, trabalhando damesma forma como as ciênciasfazem: aplicando o método expe-rimental. Kardec sabia que traba-lhar dentro de um conjunto demétodos seguros, incluindo a ex-perimentação que confirma ateoria, é o que garante a validadede uma nova descoberta.

O respeito de Kardec pela Ciên-cia pode, também, ser visto naRevista Espírita de dezembro de1868, ao discutir sobre o futurodo Espiritismo e sobre a impor-tância de um comitê que auxilias-se nas decisões espíritas. Kardecdiz que: “[...] Esta autoridade será,em matéria de Espiritismo, o que éa de uma academia, em matéria deCiência”.5 O progresso do Espiri-tismo, incluindo sua atualização,pode se desenvolver de modo aná-logo ao progresso das ciências,isto é, da mesma forma que elas.

NAL E X A N D R E FO N T E S DA FO N S E C A

Parte II

O “medo” da Ciência e a

atualização do Espiritismo

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Mas como progridem e se atuali-zam as ciências? Em três palavras:I) rigor metodológico, II) análisecrítica e III) metodologia de divul-gação da pesquisa.

Mesmo sendo os cientistas se-res humanos falíveis, os métodose rigores da Ciência são os únicoscapazes de validarem o que elespesquisam. São justamente o rigordos métodos e a análise crítica dostrabalhos científicos que garan-tem o desenvolvimento da Ciên-cia, desde a Tecnologia que facili-ta a vida até a Medicina que auxi-lia na saúde e no prolongamentoda vida humana. Por isso, não de-vemos menosprezar o rigor daCiência, fazendo do preconceitode alguns cientistas para com osconceitos espíritas um motivo decrítica a ela e à maneira como elatrabalha; nem apoiar movimentose atividades considerados pseu-docientíficos, pois fora da Ciêncianão se pode garantir que um estu-do seja verdadeiro, e portanto nãoseja uma utopia no sentido de queKardec falava. O Espiritismo nãopode abraçar princípios fora daCiência sob risco de se ver emba-raçado com “princípios que pos-sam ser considerados quiméricos eque seriam rejeitados pelos homenspositivos”.3,4 Por essa razão, o Espi-ritismo não assimila nada que nãotenha passado pelos rigorosos cri-térios de validade da Ciência.

Podemos comparar essa situa-ção ao que Jesus disse em Mateus(7:24-27): “Aquele, pois, que ouveestas minhas palavras e as pratica,será comparado a um homem pru-dente que construiu sobre a rocha a

sua casa. – Quando caiu a chuva,os rios transbordaram, sopraram osventos sobre a casa; ela não ruiu,por estar edificada na rocha. –Mas, aquele que ouve estas minhaspalavras e não as pratica, se asse-melha a um homem insensato queconstruiu sua casa na areia. Quan-do a chuva caiu, os rios transborda-ram, os ventos sopraram e a vieramaçoitar, ela foi derrubada; grandefoi a sua ruína”. Aquele que cons-trói uma teoria sem bases meto-dológicas seguras, é compa-rável àquele que constróiuma casa sobre a areia.O avanço da Ciênciamostrará o equívocodessas teorias.

Assim, a formasegura para traba-lharmos no pro-gresso do Espiri-tismo será, então,empregar rigormetodológico eanálise crítica paracom toda pesquisaespírita e toda novi-dade proposta para oMovimento Espírita, in-cluindo aquelas que se con-sideram embasadas na Ciência.E, na dúvida, não há nada de malem agirmos conforme recomenda-ção de Erasto: “[...] Melhor é repe-lir dez verdades do que admitir umaúnica falsidade, uma só teoria errô-nea”. (Item 230, cap. XX de O Livrodos Médiuns.)6

Para trabalhar bem o item I)rigor metodológico, é necessário rea-lizar um estudo aprofundado dasobras básicas. É preciso conhecer

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não somente a metodologia espí-rita, passando pelos aspectos his-tóricos relacionados com o pro-cesso de elaboração do Espiritis-mo, mas também o conjunto damensagem espírita em seu trípliceaspecto. Isso permitirá trabalharno desenvolvimento de projetos depesquisa legítimos em Espiritismo,em qualquer de suas partes. Exem-plos de tópicos de pesquisas pura-mente espíritas podem ser lidosnos artigos das referências 7 e 8.Tópicos de pesquisa na fronteiraentre o Espiritismo e outras ciên-cias como a Medicina ou a Físicarequerem a aplicação do rigor tantode cada uma delas quanto do pró-prio Espiritismo.

Para trabalhar bem o item II)análise crítica, é necessário teruma boa base no item I para sercapaz de se autoavaliar com rela-ção ao seus próprios trabalhosde pesquisa, e avaliar o trabalho deoutrem. É importante ressaltarque uma análise crítica de umaobra não significa desrespeito aoautor da mesma, mas sim aplica-ção do conceito de fé raciocionadaque, como Jesus nos recomenda,consiste em dizer “sim sim, nãonão” para as ideias que nos sãoveiculadas.

Por fim, o produto das ativida-des I e II requer o item III) meto-dologia de divulgação da pesquisa,que significa conhecer a formacomo os trabalhos de pesquisasão divulgados em todas as áreasdo conhecimento científico. Issoocorre através das revistas cientí-ficas que possuem um método edi-torial baseado na análise crítica

(item II) de cada artigo pelos pares,isto é, por pessoas que possuemconhecimento e experiência na áreade pesquisa do artigo. Apesar dosperiódicos espíritas seguiremmetodologias semelhantes a essa,o Movimento Espírita muito sebeneficiaria da existência de umperiódico destinado apenas a arti-gos de pesquisa cujo método edi-torial fosse análogo ao das revistascientíficas internacionais. Isso per-mitiria a divulgação de trabalhosde pesquisa de maneira padroni-zada, séria, podendo apresentarnovidades sem correr o risco deserem lidas como verdades finais,já que somente no futuro, depen-dendo da forma como essas novi-dades forem citadas, se confirman-do-as ou rejeitando-as, é que oMovimento Espírita naturalmenteperceberá o valor científico dasmesmas.

A realização dos itens I, II eIII teria a vantagem de mostrar àsociedade que temos condiçõesde trabalhar de modo sério noaspecto científico próprio do Espiritismo.

Para conhecer mais sobre a re-lação entre Ciência e Espiritismocomo, por exemplo, o que é umprojeto de pesquisa espírita alémde outros aspectos relacionadoscom o tema, o leitor é referido aoconjunto de aulas sobre “Ciência eEspiritismo” da referência 8 e dis-cussão da referência 9.

Mesmo sem títulos ou forma-ção acadêmicos, o esforço na rea-lização dos itens I, II e III capaci-taria qualquer um para realizarpesquisas legítimas dentro do

paradigma espírita. Uma sugestãoaos jovens e iniciantes é trabalharsob orientação de companheirosespíritas que tenham alguma expe-riência em pesquisa. Acreditamosque dessa forma podemos con-tribuir, de modo ao mesmo tempoefetivo e seguro, com o avançodo Espiritismo.

Referências1FONSECA, Alexandre F. da. O “medo” da

ciência e a atualização do espiritismo:

Parte 1. In: Reformador, ano 129,

n. 2.188, p. 18(256), jul. 2011.2KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon

Ribeiro. 52. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010.3______. Obras póstumas. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009.4______. Constituição transitória do espi-

ritismo, 3 – Cismas. In: Revista espírita:

jornal de estudos psicológicos, ano 11,

p. 514, dez. 1868. Trad. Evandro Noleto

Bezerra. 2. ed. 2. reimp. atualizada. Rio

de Janeiro: FEB, 2010.5______. ______. 5 – Comissão central.

p. 523. 6______. O livro dos médiuns. Trad.

Guillon Ribeiro. 80. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2009.7CHIBENI, Silvio S. Ciência espírita. In: Re-

vista internacional de espiritismo, p. 41,

mar. 1991.8FONSECA, Alexandre F. da. Curso de ciên-

cia e espiritismo: aulas 1 a 18. In: Boletim

do GEAE, n. 483 a 500, 2004 e 2005. Re-

produzidos em: <http.//aeradoespirito.net/

C u r s o_C i e n_E sp_ / I ND I CE_Cu r so_

CE_AF.html>.9XAVIER Jr., A. Disponível em: <http://era

doespirito.blogspot.com/2011/01/funda-

mentos-ii-como-se-deve-entender.html>.

Acessado em 28 de janeiro de 2011.

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram.”(TIAGO, 5:3.)

O tesouroenferrujado

Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. ed. esp. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 24.

s sentimentos do homem, nas suas próprias ideias apaixonadas, se

dirigidos para o bem, produziriam sempre, em consequência, os mais

substanciosos frutos para a obra de Deus. Em quase toda parte, porém,

desenvolvem-se ao contrário, impedindo a concretização dos propósitos divinos,

com respeito à redenção das criaturas.

De modo geral, vemos o amor interpretado tão somente à conta de emoção

transitória dos sentidos materiais, a beneficência produzindo perturbação entre

dezenas de pessoas para atender a três ou quatro doentes, a fé organizando guerras

sectárias, o zelo sagrado da existência criando egoísmo fulminante. Aqui, o perdão

fala de dificuldades para expressar-se; ali, a humildade pede a admiração dos outros.

Todos os sentimentos que nos foram conferidos por Deus são sagrados.

Constituem o ouro e a prata de nossa herança, mas como assevera o apóstolo,

deixamos que as dádivas se enferrujassem, no transcurso do tempo.

Faz-se necessário trabalhemos, afanosamente, por eliminar a “ferrugem” que nos

atacou os tesouros do espírito. Para isso, é indispensável compreendamos no

Evangelho a história da renúncia perfeita e do perdão sem obstáculos, a fim de que

estejamos caminhando, verdadeiramente, ao encontro do Cristo.

O

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frase, em destaque, inseridaem O Evangelho segundo oEspiritismo, aponta-nos

com maestria o caminho a tomarpara o êxito das realizações queexecutamos em favor da causaespírita. A mensagem, eivada desábios conselhos, convoca-nos aagir com devotamento sem recuardiante das responsabilidades assu-midas “na grande obra da regene-ração pelo Espiritismo”.1

O Espírito de Verdade, ao dizerque precisamos “trabalhar juntos”,indica-nos que a solidariedade, emforma de cooperação, deve pautaros nossos atos ao reunirmo-nosno encaminhamento dos traba-lhos que efetuamos. É uma cha-mada aparentemente simples, napreparação da prática dos encar-gos que nos foram confiados pelaProvidência Divina, mas se tornaexcessivamente complexa ao nosdefrontarmos com as falhas e oserros cometidos para com aquelesque labutam ao nosso lado, re-cusando-lhes atenção e cortesia,

a partir de atritos mínimos e des-necessários, transformando-nosem obstáculos para a consecuçãode melhores resultados dos feitosdoutrinários que abarcamos. De-sastres morais que comprometemações valiosas em benefício dopróximo. Como obreiros e discí-pulos do Evangelho, deveríamosindagar, antes de impingir qual-quer ato dessa natureza: somosamigos que compreendem e aju-dam os companheiros, ou críticosincessantes que enegrecem edesaprovam as suas ativi-dades? Aconselha-noso inestimável Espí-rito Emmanuel, paramelhor cooperarmoscom o Cristo, no ser-viço comum:

Existem obriga-

ções pequeninas

e milagrosas que,

levadas a efeito,

beneficiariam grupos

inteiros; todavia, basta

um momento de queixa para

que sejam irremediavelmente

esquecidas.

[...]

A queixa não atende à realiza-

ção cristã, em parte alguma, e

complica todos os problemas.

[...]2

Ao atuarmos social-mente à frente da tarefa

ACL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

Trabalhemos“Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao

chegar, encontre acabada a obra.” (O Espírito de Verdade, Paris, 1862.)1

juntos

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espírita, condenando os outros,supondo-nos na posse de ilusó-ria dominação e erigindo pedes-tais de intolerância, não despen-deremos os valores morais indis-pensáveis para determinar a qua-lidade dos serviços voluntáriosque idealizamos.

A solidariedade, ao confundir-secom a fraternidade e o amor,

[...] é o sentido moral que vin-

cula cada indivíduo a toda a

Humanidade e à vida, em senti-

do amplo. [...]

O ser humano é como a gota de

água no oceano, inteiramente

ligada às outras. Não tem exis-

tência totalmente independen-

te, embora guarde sua indivi-

dualidade.

O homem sozinho, por mais

poderoso e inteligente, não pode

viver isolado e realizar grandes

coisas. Da sua união com os

outros dependem suas

realizações. [...]3

As obrigações coletivas, nosarraiais da crença que abraça-mos, levam-nos a meditar quan-to à importância do Centro Espí-rita na edificação e na divulgaçãoda Doutrina, convertendo-se emnúcleo de esclarecimento e con-solo, amor e renovação, mor-mente ao acolher os corações emsofrimento, que buscam equili-brar-se moralmente para a sus-tentação de si mesmos. Entretanto,há muitos séculos, outros templos,em nome de seus colaboradores,ao anunciarem os ensinamentoscristãos, se preocuparam emcumprir contínua corrida à catado poder humano, esquecendo--se da imprescindível abnegaçãoe da sincera humildade, que lhesserviriam de sustentáculo paramanter sempre viva a chama dafé, o calor do ideal e a fraternida-de entre seus participantes. Inte-ressante ressalva é feita por AllanKardec, em O Livro dos Médiuns(item 334), sobre as sociedadesregularmente constituídas, desua época, mas também, como a

prever situações e dificulda-des futuras a serem en-

frentadas nas insti-tuições espíritas daatualidade, prove-nientes das rela-ções originadasdo meio de seuscooperadores:

O Espiritismo [...]

ainda é diversamente

apreciado e muito

pouco compreendido

em sua essência, por gran-

de número de adeptos, de modo

a oferecer um laço forte que pren-

da entre si os membros do que se

possa chamar uma Associação,

ou Sociedade. Impossível é que

semelhante laço exista, a não ser

entre os que lhe percebem o ob-

jetivo moral, o compreendem e

o aplicam a si mesmos. [...]

Uma Sociedade, onde aqueles

sentimentos se achassem parti-

lhados por todos, onde os seus

componentes se reunissem com

o propósito de se instruírem

pelos ensinos dos Espíritos e

não na expectativa de presen-

ciarem coisas mais ou menos

interessantes, ou para fazer ca-

da um que a sua opinião preva-

leça, seria não só viável, mas

também indissolúvel. [...]4

No citado livro, mais à frente(item 349), Kardec chama atençãopara os ciúmes de pessoas que fa-zem concorrência umas com asoutras, causando os mais sériosprejuízos para a obra, e conclui:“[...] o ciúme só traduz mesqui-nha rivalidade de amor-próprio”.5

Nossos deveres recíprocos li-gam-nos aos semelhantes e,procurando demonstrar legítimaconfiança e caridade para comtodos, tornamo-los primordiaispara a fidelidade e a perseveran-ça dos serviços nobres que pro-duzimos, sobretudo no grupoem que obramos. Consoante aspalavras de Jesus: “Tudo que que-reis que os homens vos façam,fazei-o também a eles; pois é nistoque consistem a lei e os pro-fetas” (Mateus, 7:12), urge com-

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preendermos a impropriedade daintolerância e da irritação quandochamados ao desempenho juntodaqueles que, do mesmo modo,lutam pela restauração do Cristia-nismo. No entanto, essa repara-ção não deve significar o retornoaos mesmos erros do pretérito,pois profundas são as nossas vin-culações às imperfeições moraisque não conseguimos superar. Elaexigirá grande esforço de nossaparte na correção de defeitos ena conquista de comportamentosverdadeiramente enobrecidos.Espíritos amigos, em mensagemapropriada para quantos labu-tam e porfiam em melhorar-se,aconselham-nos:

O Espiritismo palavroso, cate-

drático, científico, sem base no

coração, é como a palavra solta

ao vento, que não ecoa, que

não encontra ouvido que a

escute. [...]

Os espíritas podem divergir nas

ideias, mas não podem afastar-

-se da fraternidade, porque, se o

fizerem, não são espíritas.

Não há por onde fugir: ou o

Evangelho é assimilado, ou não

há Espiritismo.6

A “união de esforços” deve pre-valecer sobre as diferentes inter-pretações de um mesmo pontodoutrinário e não nos cabe discor-dar dos interlocutores de ma-neira agressiva, mas utilizar, fra-ternalmente, palavras que sensi-bilizem o âmago de suas almas,favorecendo-lhes a reflexão para a“compreensão nova da verdade

velha”.7 A esse respeito, o filósofoespírita Angel Aguarod (1860--1932) traz valiosas contribuiçõessobre o problema:

As diferenciações, as discordân-

cias e as divergências são ine-

vitáveis no Espiritismo, como

em tudo. [...] Não deploremos

seja assim; antes, cuidemos de

tirar de tudo, para o progresso

geral, o maior partido possível.

[...] ressalta a obrigação, para

cada um, não só de respeitar a

maneira diferente de sentir,

de pensar, de compreender e de

proceder dos outros, como

também de considerar tudo is-

so uma necessidade. Desse mo-

do, não pode haver quem se jul-

gue no direito de impor seu cri-

tério, sua razão e sua autorida-

de aos outros, nem quem cen-

sure e excomungue os que di-

virjam de suas tendências e do

modo de interpretar os mes-

mos princípios.

Praticando-se essa tolerância

e respeito mútuos [...] mais

se fará pela concordância

das almas, pela fraternidade

dos homens.8

Entendamo-nos, pois, sem la-mentações e ressentimentos, re-conhecendo que possuímos, emnosso Movimento, oportunida-des valiosas e bênçãos renovado-ras para a concretização de nos-sos compromissos com a comu-nidade espírita-cristã, sem que anossa tarefa se converta em ex-pectativas particularistas, massim em esforço ativo para unir

companheiros e cultivar valoresessenciais de colaboração e apre-ço no serviço conjunto a fazer.Afirma Emmanuel:

[...] o trabalho dos que traba-

lham servindo chama-se humil-

dade e benevolência, esperança

e otimismo, perdão e desinteresse,

bondade e tolerância, caridade

e amor, e, somente através dele,

o Espírito caminha, na senda de

ascensão, em harmonia com as

Leis de Deus.9

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed.

1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap.

20, it. 5, p. 356-357.2XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Pelo

Espírito Emmanuel. 27. ed. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 118, p. 268.3SOUZA, Juvanir B. de. Tempo de renova-

ção. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.

Cap. 16, p. 132.4KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. Guillon Ribeiro. 80. ed. 1. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2009. P. 2, cap. 29,

it. 334, p. 450.5______. ______. It. 349, p. 462.6THIESEN, Francisco. (Compilador). No

oásis de Ismael: ensinos e meditações.

Pelos Espíritos Bittencourt Sampaio, Pe-

dro Richard e Romualdo de Seixas. Rio de

Janeiro: FEB, 2002. Cap. 1, it. 6, 7 e 8.7______. ______. It. 11.8AGUAROD, Angel. Grandes e pequenos

problemas. 7. ed. 1. reimp. Rio de Janei-

ro: FEB, 2010. Cap. 1, it. 2, p. 40-41.9XAVIER, Francisco C. Religião dos espíri-

tos. Pelo Espírito Emmanuel. 21. ed.

2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

Cap. Trabalha servindo, p. 175.

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scrito por Platão, O Banquete,ou Simpósio, é belíssimapeça literária que faz apo-

logia ao Amor. O texto, diferentedos demais produzidos pelo filó-sofo, descreve uma reunião fes-tiva na residência do poeta trá-gico Ágaton, da qual fazem parteinúmeros convidados famosos, aelite da sociedade ateniense. Entrepolíticos, poetas e filósofos en-contra-se Sócrates, o mais hon-rado e ilustre de todos. Acomo-dados ao redor de uma mesa debanquete, inicia-se uma discussãosobre o amor, suas origens e sig-nificados, utilizando-se o usualmétodo helênico do diálogo, noqual um assunto é analisado pormeio de pequenos discursos li-vremente apresentados.

Trata-se de uma obra que exer-ceu marcante influência na cons-trução do pensamento da socie-dade ocidental, na época em quePlatão viveu e nos séculos seguin-tes. Nos dias atuais, os diálogos deO Banquete são utilizados pormédicos e psicólogos nos proces-sos psicanalíticos, e também pe-la teoria geral do conhecimento,

visando compreender o amor e ossentimentos que o inspiram.

Nenhuma prosa humana pode-

ria atrever-se a fazer justiça,

com os meios da análise cientí-

fica ou de uma paráfrase cuida-

dosamente decalcada sobre o

original, à suma perfeição da

arte platônica, tal qual o Ban-

quete nos revela. [...] Na reali-

dade, o Banquete não é um diá-

logo no sentido usual, mas an-

tes um duelo de palavras en-

tre pessoas que ocupam to-

das uma posição elevada.1

As principais ideias desen-volvidas podem ser assimresumidas: Fedro – poeta, filhode escravos, e introdudor do gê-nero fábula na literatura romana– explica que, sendo o Amor for-ça vital e imortal da Humani-dade, é não só honroso, mas

[...] também poderoso para

aquisição da felicidade e da

virtude, entre os homens, tanto

na vida como na morte, uma

vez que o amor é um encontro

verdadeiro com o Eu supremo

e divino, que compõe o sentido

da existência e fortalece a sen-

sação de pertencermos a algo

maior.2

E

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

O Banquete

Platão,autor deO Banquete

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O filósofo Pausânias, um dosdiscípulos de Sócrates, destacaque o Amor sempre apresenta duasfaces, que se completam: a humanae a divina. A primeira é de natu-reza impulsiva e sensual, a segundaé madura, própria dos que amamcom a alma e que estão dispostosa compartilhar.3 Erixímaco, co-nhecido médico ateniense, consi-dera que o Amor deve produzirharmonia, na alma, no corpo e naNatureza.3 O poeta Aristófanesanalisa que o desejo deve estarnecessariamente associado aoamor, sem o qual é impossívelocorrer a fusão de dois seres quese amam.3 Ágaton exalta de for-ma idealística a beleza, a naturezae os dons do Amor, divinamentepersonificado em Eros,4 deus doamor e da beleza, segundo a mi-tologia grega. Sócrates – o memo-rável filósofo, não é “quem seguraa batuta de toda a discussão, co-mo costuma acontecer nos diálo-gos platônicos; é um de muitosoradores e, além disso, o último.[...] É por isso que só no final doBanquete a dialética aparece, emperfeito contraste com a variega-da retórica e brilhante poesia dosdemais personagens”.1

De forma brilhante, Sócratesassinala as diferenças entre oAmor e o desejo, fornece o ver-dadeiro significado do mito Erose, ao final, conduz os ouvintes“ao terreno da realidade psicoló-gica: Todo o eros representa umanseio por qualquer coisa quenão se tem e se deseja ter. Porconseguinte, se Eros aspira aoBelo, é porque não é ele próprio

o Belo”.5 Da mesma forma, Erostambém não é o Amor em si, ape-nas representa a atração sensual.Sócrates sugere que o Amor devaser visto como daimon (espíritoou gênio), no sentido de pode-rosa força que extrapola a uniãofísica de dois seres, representadapor Eros: o Amor é a misteriosaforça espiritual de coesão exis-tente em toda a Criação que,revelada em sua ampla magni-tude, sugere que a sua essência“nem é mortal nem é deus [...]nem [é] matéria nem espírito,mas algo dos dois, manifestadonum poder que os harmonizanão só na constituição do uni-verso, mas particularmente naorganização e destinação denossa vida”.6

O Teorema do Amor de Sócra-tes pode ser sintetizado nesta suaassertiva, ao citar Diotima de Man-tineia (considerada a filósofa esacerdotisa grega que teria orien-tado Sócrates a respeito da ge-nealogia do Amor): “É o Amoro amor de consigo ter sempre obem”.7

Tais conceitos socráticos, aquirapidamente expostos, não dife-rem, em essência, do pensamentode Emmanuel:

O amor puro é o reflexo do

Criador em todas as criaturas.

Brilha em tudo e em tudo pal-

pita na mesma vibração de sa-

bedoria e beleza. É fundamento

da vida e justiça de toda a Lei.

[...]

Plasma divino com que Deus

envolve tudo o que é criado, o

amor é hálito dele mesmo,

penetrando o Universo.8

Mais adiante acrescenta:

O amor, repetimos, é reflexo de

Deus, Nosso Pai, que se compa-

dece de todos e que a ninguém

violenta, embora, em razão do

mesmo amor infinito com que

nos ama, determine que esteja-

mos sempre sob a lei da respon-

sabilidade que se manifesta pa-

ra cada consciência, de acordo

com as suas próprias obras.

E, amando-nos, permite o Se-

nhor perlustrarmos sem prazo

o caminho de ascensão para

Ele, concedendo-nos, quando

impensadamente nos consa-

gramos ao mal, a própria eter-

nidade para reconciliar-nos

com o bem, que é a sua regra

imutável.9

Nenhum conceito sobre o Amorse iguala, contudo, ao anunciadopor Jesus:

Amarás [o] Senhor teu Deus

com todo o teu coração, com

toda a tua alma, e com toda a

tua mente. Este é o primeiro e

grande mandamento. O segun-

do, semelhante a este: Amarás

o teu próximo como a ti mes-

mo. Nestes dois mandamentos

está dependurada toda a lei e

os profetas.10

Amar ao próximo, na lingua-gem de Jesus, significa: “Assim,tudo quanto quereis que os ho-mens vos façam, assim também

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fazei vós a eles, pois esta é a Lei eos Profetas”.10

[...] A prática dessas máximas

tende à destruição do egoísmo.

Quando os homens as adota-

rem como regra de conduta e

como base de suas instituições,

compreenderão a verdadeira

fraternidade e farão que entre

eles reinem a paz e a justiça. Não

mais haverá ódios, nem dissen-

sões, mas apenas união, con-

córdia e benevolência mútua.11

Finalmente, não poderíamosignorar o mais belo poema escritosobre o Amor, traduzido comoCaridade pela divina inspiraçãode Paulo, o Apóstolo dos Gentios:

Ainda que eu falasse línguas,

dos homens e as dos anjos, se

eu não tivesse a caridade, seria

como bronze que soa ou como

o címbalo que tine.

Ainda que tivesse o dom da

profecia, o conhecimento de to-

dos os mistérios e de toda a

ciência, ainda que tivesse toda

a fé, a ponto de transportar

montanhas, se não tivesse a ca-

ridade, nada seria.

Ainda que distribuísse todos os

meus bens aos famintos, ainda

que entregasse meu corpo às

chamas, se não tivesse a carida-

de, isso nada me adiantaria.

A caridade é paciente, a cari-

dade é prestativa, não é inve-

josa, não se ostenta, não se in-

cha de orgulho.

Nada faz de inconveniente, não

procura o seu próprio interesse,

não se irrita, não guarda rancor.

Não se alegra com a injustiça,

mas se regozija com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê, tudo

espera, tudo suporta.

A caridade jamais passará.12

Referências1JAEGER, Werner. Paideia: a formação do

homem grego. Trad. Arthur M. Parreira.

4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Livro terceiro, p. 721.2MIRANDA, Priscilla A. Amor na contem-

poraneidade. Monografia apresentada ao

UniCEUB – Centro Universitário de Brasí-

lia, como requisito básico para obtenção

do título de psicólogo da Faculdade de

Ciências da Educação e Saúde. Brasília,

2011, p. 15.3Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/

wiki/O_Banquete>.4JAEGER, Werner. Paideia: a formação do

homem grego. Trad. Arthur M. Parreira.

4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Livro Terceiro, p. 733.5______. ______. p. 735.6PLATÃO. O banquete ou Do amor. Tradu-

ção, introdução e notas de J. Cavalcanti

de Souza. 6 ed. Rio de Janeiro: DIFEL,

2010. Introdução 2, p. 62.7______. ______. p. 154.8XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida.

Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 30, p. 125. 9______. ______. p. 126-127.10MATEUS, 22:37-40,7:12. In: O novo tes-

tamento. Trad. Haroldo Dutra Dias. Bra-

sília: EDICEI, 2010. p. 128 e 59 respecti-

vamente.11KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra.

1. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB,

2010. Cap. 11, it. 4, p. 221.121CORÍNTIOS, 13:1-8. In: Bíblia de Jeru-

salém. (Trads. divs.) Nova edição revista

e ampliada. 3. imp. São Paulo: PAULOS,

2004. p. 2009-2010.

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o silêncio do seu gabinetede trabalho, Allan Kardec,pensativo, seleciona as cen-

tenas de mensagens que estãodiante dele. Desde o lançamento,em Paris, de O Livro dos Espíritos,no dia 18 de abril de 1857, queapresentava 501 questões, senti-ra que o trabalho estava apenas começando.

Logo depois, em janeiro de1858, publica a Revista Espírita eem abril do mesmo ano funda aSociedade Parisiense de EstudosEspíritas. Daí por diante trabalha-va incansavelmente, lançando Oque é o Espiritismo (1859) e prepa-rando a segunda edição de O Li-vro dos Espíritos, que seria a defi-nitiva, lançada em 1860, contendo1.019 questões.

Agora era imprescindível escre-ver sobre os médiuns e a práticamediúnica.

Os contornos do novo livro es-tão traçados em sua mente. Kardecesboça, com firmeza, a obra quedenominaria O Livro dos Médiuns,com o subtítulo Guia dos Médiunse Evocadores. Era o ano de 1861.

Quando, no ano de 1855, o in-signe professor Hippolyte LéonDenizard Rivail assiste pela pri-meira vez a uma sessão mediúni-ca, em casa da Sra. Plainemaison,até a publicação de O Livro dosMédiuns transcorreriam apenas seisanos, pouco tempo para uma ta-refa dessa envergadura.

Analisando esse curto espaçode tempo e a riqueza da produ-ção do mestre lionês, costumopensar que, sem sombra de dúvi-da, ele estava recordando, ou se-ja, tinha conhecimento, traziauma bagagem de conquistas no-táveis e recebera a incumbênciade ser, no plano terreno, o cons-trutor de um edifício grandioso,cujo arquiteto é o próprio MestreJesus.

O missionário e a missão. Ocompromisso e a realização.

Ele cita, na “Introdução” desseGuia destinado aos médiuns e ex-perimentadores, que a obra erafruto de seus “longos e laboriososestudos”.

Aquele, todavia, era o momen-to das pesquisas, que o Codifica-

dor empreenderia de forma bri-lhante, dos primeiros ensaios deum método que modificaria tudoaté então concebido em relaçãoaos fenômenos produzidos pelosEspíritos. A ideia e o foco estavamcentrados na finalidade de se com-provar não apenas que tais fenô-menos eram uma realidade e au-tênticos, mas também que podiamser controlados, metodizados e,principalmente, que trariam be-nefícios para a Humanidade.

A visão de Kardec foi realmen-te extraordinária, vislumbrando ofuturo das atividades de inter-câmbio com os Espíritos. Naqueleinstante toda a história dos fenô-menos mediúnicos, através dassucessivas etapas do espírito hu-mano, culminava nesse novo en-tendimento. O caminho, percorri-do até então, fora aberto e desbra-vado pelos médiuns do passadoque, com destemor e fé, perderamsuas vidas nas fogueiras, persegui-dos e injustiçados, e com suas do-res e lágrimas contribuíram paraque se abrisse um horizonte novoaos seres humanos.

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NSU E LY CA L DA S SC H U B E RT

Um guia seguro paraos médiuns, segundo

Allan Kardec

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Heróis e mártires, precursoresda Era do Espírito! Quanto lhesdevemos! Seus nomes a Histórianão registrou, mas por certo estãogravados no Reino dos Céus.

Ali estava o professor HippolyteLéon Denizard Rivail, cuja têmpe-ra de caráter foi também fundidae moldada na fogueira da incom-preensão e ignorância dos seuscontemporâneos quando, da per-sonalidade de Jan Huss, ressurgiudas cinzas qual fênix imortal, paraque realizasse agora, envergandooutro corpo, a missão que o pró-prio Cristo lhe confiara. Não é estaa sublime alquimia do Espírito?

Diante dele os fatos incontes-táveis, como que convidando-o apesquisá-los, o que ele faz, usando

as ferramentas da investigaçãocientífica, escrevendo, portanto,o tratado que apresentaria, pe-la primeira vez, um método segu-ro e eficaz, inaugurando, assim,um horizonte amplo, com pers-pectivas felizes para o exercício damediunidade.

É interessante evidenciar queapós o lançamento de O Livro dosMédiuns Kardec teve ensejo de di-rigir inúmeras outras sessões oudelas participar, até mesmo emoutras cidades e grupos, experiên-cias essas que vieram corroborartudo o que ele já havia registradona edição definitiva do livro.

Cento e cinquenta anos depoisos trabalhos prosseguem no cam-po da mediunidade. Reuniões

mediúnicas são realizadas em inú-meras casas espíritas, por todoo País e no Exterior. Cabe-nosagora, como espíritas, firmarmosos conceitos exarados nessa obramonumental que é O Livro dosMédiuns, reconhecendo a exce-lência dos ensinamentos registra-dos pelo Codificador, a fim deque sejam nossa base sólida e escla-recedora.

Jesus deixou-nos a diretriz se-gura: “Dai gratuitamente o quegratuitamente recebestes” (Ma-teus, 10:8). Kardec evidenciou aconduta: “A mediunidade é umacoisa santa, que deve ser praticadasantamente, religiosamente”. (OEvangelho segundo o Espiritismo,cap. XXVI, it. 10, Ed. FEB.)

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Page 30: E O Livro dos Médiuns

oi plenamente cumprido o nosso grato programade participação nos trabalhos das Comissões Re-gionais do Conselho Federativo Nacional (CFN),

para, num estreito e proveitoso contato com o Movi-mento Espírita brasileiro, ali representado por todas asFederativas Estaduais e do Distrito Federal, expormosa respeito do esperanto como instrumento útil e eficazna divulgação internacional do Espiritismo.

Jamais se apaga-rão de nossa me-mória os felizes mo-mentos desse con-vívio com devota-dos trabalhadoresda Causa do Con-solador, de queminvariavelmente re-cebemos acolhedo-ra simpatia e fervo-roso incentivo.

Nosso objetivofoi o de reforçar,principalmente en-tre os presidentesdas Federativas Es-taduais, o apreço – que, aliás, sempre têm demonstrado– para com os serviços do esperanto na seara do Cristo.

A todos ofertamos, além da mensagem “A Missão doEsperanto”, ditada por Emmanuel ao Chico Xavier, umexemplar do livro A Língua que veio do Céu, edição doCentro Espírita Léon Denis (CELD), cujo conteúdoexpõe a manifestação de diversos Espíritos, atravésde diferentes médiuns, a partir de 1940, a respeito do

esperanto e seus elevados ideais, em compilação deHomarano e cuidadosa editoração do CELD.

Outro objetivo também fez parte desse programajunto às Comissões Regionais: apresentar aos estimadosirmãos do Movimento Espírita brasileiro a organizaçãoque se propõe a coordenar as atividades dos esperantis-tas-espíritas, na sua condição de Entidade Especializadaintegrada ao CFN da FEB. Núcleos dessa Associação

Brasileira dos Espe-rantistas-Espíritas(ABEE), (em espe-ranto: Brazila Aso-cio de Esperantistoj--Spiritistoj – BAES),já se instalam em al-guns Estados, paraa precípua finali-dade de auxilar asFederativas Estaduaisnos seus serviços deensino, divulgaçãoe utilização da Lín-gua InternacionalNeutra nos círculosespíritas.

Em Reformador de junho, antecipamos, e agorareiteramos, o convite da Associação Brasileira dosEsperantistas-Espíritas a que os trabalhadores naseara do esperanto a serviço do Consolador formali-zem sua adesão à nova entidade, seja como simplesmembros, seja como candidatos à representação daABEE em sua cidade, lembrados de que o regime é oda livre associação, isto é, sem qualquer ônus finan-

F

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A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Esperanto nas ComissõesRegionais e em Pernambuco

Lançamento da revista Aurora Espírita. À Mesa: Affonso Soares,Ednar Santos, Rhaldney Santos

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ceiro. Informações sobre o programa de ação daABEE devem ser solicitadas no endereço eletrônico<[email protected]>.

Acreditamos que toda essa movimentação refleteo interesse dos guias espirituais em fortalecer o espe-ranto, com vistas a futuras, fecundas realizações quejá se esboçam no âmbito da divulgação da DoutrinaEspírita além de nossas fronteiras, bem como na es-fera das comunicações internacionais entre os mem-bros da crescente famí-lia espírita mundial.

E, como que num se-guimento aos bem-suce-didos esforços junto àsComissões Regionais,estivemos em Recife, nosdias 2 e 3 de julho, paraparticipar do I EncontroEstadual – O Esperantona Casa Espírita, reali-zado sob os auspícios ena sede da Federação Espírita Pernambucana (FEP).

Já antes, no dia 1o de julho, fomos honrados como convite para representar a FEB na cerimônia emque seria relançada a revista Aurora Espírita, órgãooficial da Federativa pernambucana.

O dia 2 foi reservado para duas de nossas exposições:“As Origens do Esperanto”, com abordagens a respeitodo iniciador da língua, Lázaro Luís Zamenhof, da evolu-ção do Movimento Esperantista neutro e do esperantona atualidade; e “Os 100 anos de apoio da FEB à LínguaInternacional Neutra para a divulgação do Espiritismo”.

A Mesa diretora da reunião no dia 2, sob a conduçãode nossa querida irmã Ednar Santos, presidenta daFEP, contou com a presença de Wendel Pontes, pre-sidente da Associação Pernambucana de Esperanto,

havendo sido precedidos de uma apresentação artís-tica, a cargo do Coral dos Esperantistas do Cabo deSanto Agostinho.

No dia 3, pela manhã, expusemos sobre o tema “A Ca-sa Espírita e o Ensino do Esperanto”, com a participaçãodo público através de questões pertinentes ao assunto.

A tarde desse último dia do Encontro foi destinadaà nossa palestra sobre o sugestivo tema “Esperanto –o Espiritismo das Linguagens”, colhido entre muitas

expressões usadas porIsmael Gomes Braga, omentor dos esperantis-tas-espíritas do Brasil.

Nesse trabalho, alémde, mais uma vez, evocar-mos a história do espe-ranto e a vida de seu ini-ciador, Lázaro Luís Za-menhof, pudemos des-tacar as relações, os pon-tos de afinidade entre oEvangelho, Espiritismoe Esperanto, enfatizando

o fato de que, assim como o Espiritismo representa asíntese de uma longuíssima evolução das ideias reli-giosas na Humanidade, o esperanto, por sua vez, é asíntese da também longa evolução linguística nelaoperada durante séculos sem conta, evidenciando-seos três grandes ideais – Evangelho, Espiritismo, Espe-ranto – como colunas sustentadoras da vida univer-salista que se implantará no mundo em sua vindourafase de regeneração.

Finalizando, externamos o profundo agradecimento,de todo o nosso coração, à generosa, fraterna equipe daFEP que, nesses memoráveis dias, nos cumulou de gen-tilezas e carinhos inexcedíveis, proporcionando-nosum ambiente de sincero incentivo, estendendo nossagratidão a todos os participantes do evento.

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Palestra no domingo: público presente

Palestra no domingo: Affonso Soares, Ednar Santose Maria José Pontes

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ecomenda a boa educaçãoque toda dívida deve serpaga. Seja grande ou pe-

quena, o montante não importa.O que importa é que a conta pre-cisa ser acertada.

Reza uma antiga história que umhomem simples estava cuidando desua lavoura no campo quando foiabordado por um cidadão urbanoque passava por aquelas redondezas.

Era uma manhã linda, radiante!Sol claro, céu azul, cores variadase brilhantes. Diante de toda aquelabeleza da Natureza, o homem dacidade indagou do camponês emtom irônico:

– Meu amigo, você acredita emDeus?

– Sim, senhor. Eu acredito.– Então, responda-me, onde você

encontra Deus nessa Natureza tãobonita?

O homem humilde pensou umpouco e respondeu com outrapergunta.

– Eu não sei dizer onde Deusestá, mas gostaria que o senhorme respondesse, por favor, onde éque Ele não está?!1

Deus está em toda parte, pois éonipresente.

Na primeira questão de O Livrodos Espíritos, encontramos a maisconcisa e completa definição so-bre Deus: “é a inteligência supre-ma [do Universo], causa primáriade todas as coisas”.2

Sendo eterno, Deus não temprincípio, causa ou origem.

Um dos princípios básicos doEspiritismo é a conhecida lei decausa e efeito. Ação e reação, leide retorno, carma, causalidade sãooutros nomes pelos quais é tam-bém conhecida. Alguns até se refe-rem à pena de talião, de maneiramenos apropriada.

Essa lei de talião é aquela do“olho por olho, dente por dente”.Fez o bem, recebe o bem; fez omal, recebe o mal. É uma lei de re-compensa, mas punitiva. Se alguémtirasse a mão de outrem, este teriao direito, por lei, de também cor-tar a mão do infrator. Era uma jus-tiça cega aplicada na época deMoisés, cerca de 1.500 a.C.

A lei de causa e efeito não fun-ciona assim.

Não resta dúvida de que todaação gera uma reação de mesmaintensidade em sentido contrário.É uma questão física. Um efeitohoje percebido tem, necessaria-mente, uma causa, uma motiva-ção que lhe deu origem.

Assim, toda ação gera uma rea-ção, como toda causa gera umaconsequência.

Se, como agente, o indivíduo co-mete uma infração, ele será obriga-do, mais cedo ou mais tarde, a acer-tar as contas perante a Lei. É umaexigência natural de sua própriaconsciência, bastando para isso queo tempo passe, que o ser amadureçae resolva seguir em frente.

Ocorre que, ao cometermos umerro, seja de qualquer natureza, cria-mos uma vinculação com situaçõesfuturas advindas da ação impetrada.Ficamos, de certa forma, presos àscontingências que surgirão comoefeito da causa que geramos.

Toda vez que devemos algo, nãonos sentimos bem. É como se carre-gássemos um peso. Isso nos inco-moda. Chega um momento em quedecidimos resolver a situação ou a

RGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Pagar a contae seguir em frente

Uma abordagem descontraída da lei de causa e efeito

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própria força conjuntural nos im-pinge a retomada de rumo.

Quando a “ficha”cai, ante o equí-voco cometido, a consciência parecepesar e, finalmente, resolvemos dar oprimeiro passo dessa caminhada dereabilitação: vem o arrependimento.

O arrependimento é o primeiropasso para a libertação da dívida.3

É quando nos sentimos abertos parareceber auxílio, reconhecendo o erropraticado e a necessidade de corri-genda. Esse instante é crucial na vidade todo ser humano, pois reco-nhece que ao longo da trajetória,além de alguns acertos, cometeuvários erros que lhe somam na ba-gagem um sobrepeso quase insu-portável. É preciso aliviar a carga.

O arrepender-se é o limiar deum processo que pode ser longo,mas que sinaliza a disposição ínti-ma de melhoria.

Porém, não basta se arrepender.Ofendemos alguém, nos arrepende-mos, pedimos desculpas e fica tudobem. Não é tão simples assim...

Após o arrependimento, e nomomento adequado de prepara-ção do aprendiz, em que ele já temcondições para o resgate, seja poriniciativa própria, seja por impo-sição das leis divinas, é submetidoao segundo passo da caminhadarumo à definitiva liberdade: a ex-piação. É isso: quem deve tem quepagar. Não há como fugir.

Um dos objetivos da volta doEspírito ao novo corpo físico,da reencarnação, é exatamente o deexpiar as faltas cometidas.

Nesse caso, a liberdade do indi-víduo torna-se ainda mais relativa,pois ele é convocado à prestaçãode contas. Por isso, na vida mate-rial, somos muitas vezes condicio-nados a situações das quais nãoconseguimos fugir, por maior es-forço que façamos. Parece que tudoconspira contra nós. É que tive-mos a oportunidade de fazer asescolhas no momento da ação, dacausa. Depois, não há mais comoescolher, uma vez que ficamos cir-

cunscritos ao meio e às situaçõesdecorrentes da ação passada. Sãoos efeitos que surgem e que deman-dam correção.

A expiação é aquela abençoadaoportunidade em que somos visi-tados pela dor, agraciados pela difi-culdade, submetidos a enfermida-des, colocados à prova para pres-tação de testemunhos individuaise intransferíveis. A conta é nossa eninguém poderá pagá-la por nós,assim também como não podere-mos arcar com o débito alheio.Embora sempre recebamos ajudade terceiros, quem tem de pagar anossa conta somos nós mesmos.

Todavia, se a expiação pode serdolorosa, ela também é libertadora.Constitui o segundo passo nessajornada ascensional da gloriosalibertação. Não obstante sua rele-vância, essa etapa é a do meio, nãoa final. Portanto, a outra necessi-dade a ser atendida para o alcanceefetivo de nosso objetivo derra-deiro é a reparação.

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Reparação, segundo o Dicioná-rio Eletrônico Houaiss,4 é “ação derestaurar ou consertar algo”; na con-cepção jurídica, o termo assumeinteressante abordagem: “indeni-zação exigível a que alguém é obri-gado, por violação do direito deoutrem”.

Na vida, a gente aprende que,assim como na parábola dos ta-lentos, em que o Senhor não es-pera receber a mesma quantidadede talentos ofertada ao investi-dor, também não devemos ape-nas “zerar” o saldo de nossa conta,acomodando-nos no equilíbriofinanceiro, quando o crédito seiguala ao débito. A expiação, defato, nos permite ajustar o saldode nossa conta corrente na eco-nomia espiritual. Contudo, é pre-ciso ir além.

Para reparar, é necessário não sódeixar de fazer inimigos, mas con-quistar amigos; não apenas deixarde odiar, mas aprender a amar...

Essa terceira e última etapa denossa busca pela libertação, queredundará em nossa felicidade,exige esforço, dedicação, perseve-rança... Não é fácil, pois, no início,há que se vencer muitos obstáculos.As barreiras parecem intransponí-veis, num primeiro momento. To-davia, com boa vontade e persis-tência, conseguiremos desenvolveras competências para superar oslimites e alcançar o domínio sobrenós mesmos.

A ave, antes cativa – porque presaàs causas infelizes que promovemefeitos de difícil superação –, apóslonga jornada de libertação, podefinalmente alçar voo em busca da

plenitude a que se destina por de-terminação divina, cuja Providên-cia ampara indistintamente a todosos seus filhos.

Referências:1FRANCO, Divaldo P. Entrega-te a Deus.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Catandu-

va, SP: Intervidas, 2010. Cap. 1, As bên-

çãos de Deus. História adaptada.

2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.

Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janei-

ro: FEB, 2010. Q. 1.3______. O céu e o inferno. Trad. Evandro No-

leto Bezerra. ed. de bolso. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. P. 1, cap. 7, it. 16.4HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de S. Di-

cionário eletrônico Houaiss da língua portu-

guesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. Verbe-

te “reparação”.

Falsos profetas

1 SOUZA, Juvanir B. de. Falsos profetas. In: Reformador, ano 111, n. 1.977, p. 7(355),dez. 1993.2 KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. Guillon Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2010. Constituição do Espiritismo, § 3 – O chefe do espiritismo, p. 388.

“Sempre existiram os que exploraram conhecimentos adquiridos,fazendo-se passar por enviados em missão transcendente.”

Juvanir Borges de Souza1

“Em tal caso, o pior de todos os chefes seria o que se desse por eleito de Deus.”

Allan Kardec2

Mário Frigéri

Estão em todas as atividades,Principalmente nas religiões;lnsufladores de meias verdades,Autoenviados em “grandes missões”.

O objetivo dos pseudossábiosÉ a dissensão, por múltiplos ardis;Calúnias fluem doces de seus lábios,Porém traindo a origem infeliz.

Entre encarnados e desencarnados,Também pululam no Espiritismo,Mas sem estar com o Bem compromissados.

É pôr-se em guarda – disse o Rei dos reis –Contra o escalracho do divisionismo:“– Pelos seus frutos os conhecereis”.

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s biografias escritas sobreBezerra de Menezes apre-sentam lacunas em relação

à sua vida familiar. Em quaseduas décadas de pesquisas, ras-treando as pegadas luminosasdesse que é, indubitavelmente, amaior expressão do Espiritismono Brasil do século XIX, obtive-mos alguns documentos que nospermitem esclarecer um poucomais esse enigma. Mais recente-mente, com a ajuda do amigoChrisogno Bezerra de Menezes,parente do “Médico dos Pobres”,residente no Rio de Janeiro, e dopesquisador Jorge Damas Mar-tins,1 conseguimos montar amaior parte desse intricado que-bra-cabeças, cujas informaçõescompartilhamos neste mês emque relembramos os 180 anosde seu nascimento.

Bezerra casou-se com MariaCândida de Lacerda Prego,2 naIgreja Matriz de São Cristóvão, nodia 6 de novembro de 1858. MariaCândida era natural de Camposdos Goytacazes, Rio de Janeiro,tendo nascido no ano de 1844 ou1845.3 Era filha de Francisco Go-mes Alves Prego e Maria Cândidade Lacerda Machado. Ainda nadécada de 1840 ficou órfã de pai.Sua mãe contraiu segundas núp-cias com Mariano José Machado,que se tornaria um segundo pai,dando-lhe novos irmãos.

Quando casou, Maria Cândidatinha apenas 14 anos, idade muitocomum naquele contexto para asmoças contraírem matrimônio.Ela deu a Bezerra dois filhos. Oprimogênito, um garotinho de no-me Adolfo, nascido em 1o de janei-

ro de 1860, e o segundo, Antônio,nascido em 24 janeiro de 1862. Noentanto, um ano após o nascimen-to do segundo filho, Maria Cândi-da desencarnou, prematuramente,no dia 24 de março de 1863, comapenas 19 anos, em decorrência deuma febre tifóide. Bezerra experi-mentava então a prova mais dolo-rosa de sua existência.

Viúvo com dois filhos peque-nos, um de três e o outro comapenas um ano, viveu dias difíceis,sendo amparado pelo carinho dosfamiliares e dos amigos mais pró-ximos. Porém, em 21 de janeirode 1865, contraiu segundas núp-cias com Cândida Augusta de La-cerda Machado,4 irmã materna daprimeira esposa. Cândida Augus-ta, carinhosamente apelidada pe-los familiares de Dodoca, filha deMariano José Machado e MariaCândida de Lacerda Machado,nasceu em 9 de setembro de 1850,

ALU C I A N O KL E I N FI L H O

Os filhosde Bezerra

1Jorge Damas estará, em breve, lançan-do um substancioso trabalho sobre arelação da Família Bezerra de Menezes eo Espiritismo.

2Ao casar-se passou a assinar Maria Cân-dida Bezerra de Menezes.

3Estimamos o ano de seu nascimento porsua certidão de óbito que registra ter elafalecido com apenas 19 anos.

4Ao casar-se passou a assinar CândidaAugusta Bezerra de Menezes.

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no Rio de Janeiro, e desencarnariana mesma cidade, aos 58 anos, em20 de março de 1909.5

Dodoca assumiu os sobrinhosAdolfo e Antônio como seus fi-lhos. De sua união com Bezerrade Menezes seriamgerados mais dez fi-lhos. Ao que tudo in-dica, o menino Adolfodesencarnou aindana década de 1860.Na fotografia queilustra este artigo,6

Bezerra aparece comos filhos Antônio eMaria, primogênitado segundo matri-mônio. Esta foto-grafia fez com quealguns biógrafos seequivocassem acre-ditando que seriamos dois filhos do pri-meiro casamento.Curiosamente, comoveremos a seguir,Antônio e Maria de-sencarnariam nomesmo ano.

Os filhos de Be-zerra e Cândida Au-gusta foram, pela or-dem de nascimento,os seguintes: Maria

Cândida (1866-1887), Ernestina(1867-1950), Carolina (1870--1892), Octávio (1873-1947), Chris-tiana (1880-1889), José Rodrigues(1881-?), Francisco da Cruz (1884--1961), Hilda (1886-1914), Maria

da Conceição (1891-1912) e Con-suelo (1895-1898).

O saudoso confrade RamiroGama (1898-1981), em seu popu-laríssimo trabalho Lindos Casos deBezerra de Menezes,7 destaca, na

introdução, uma entrevista quefez, em 9 de agosto de 1962, comFausta Bezerra da Silva, sobrinha--neta do “Médico dos Pobres”.Ela era filha de Teófilo Rufino eneta de José Joaquim, irmão de

Bezerra que residiano Ceará. Fausta afir-ma que seu ilustreancestral teve apenascinco filhos: Hilda,Maria, Evangelina,Octávio, conhecidopela alcunha de “Ba-rão” e Francisco.8

Dona Fausta conhe-ceu o tio-avô quan-do adolescente o quenos faz crer que ela,por um lapso da me-mória, não mencio-nou os nomes dosoutros sete filhos.Ademais, ela se equi-voca, também, emrelação ao nome deEvangelina. Bezerranão teve uma filhacom esse nome. Acre-ditamos que donaFausta confundiuesse nome com o deErnestina. No “Títulode Herdeiros e De-claração do dia do

falecimento”, documento cons-tante do inventário de Bezerra de

8Segundo D.a Fausta, Francisco da Cruzhavia desencarnado no ano anterior.Era pai do embaixador Adolfo Justo Be-zerra de Menezes, autor de várias obrasque tratam de geopolítica. Foi, ao quetudo indica, o último dos filhos de Be-zerra a desencarnar.

7GAMA, Ramiro. Lindos casos de Bezerra deMenezes. 4. ed. São Paulo: Ed. LAKE, 1966.

5Ver artigo “Cândida Augusta Bezerra deMenezes – Cem anos de desencarnação”que publicamos em Reformador de marçode 2009, p. 38(116)-39(117).

6Esta foto, sem retoques, muito semelhante auma outra bastante conhecida do Movimen-to Espírita, foi-nos gentilmente cedida porRenata Blanda Furtado, sobrinha-trineta deBezerra de Menezes, residente em Fortaleza.

Bezerra, Antônio e Maria, primogênita do segundo matrimônio

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Menezes, do ano de 1900, há re-gistro de que ao desencarnar, nodia 11 de abril daquele ano, Be-zerra deixou apenas os seguintesherdeiros: Ernestina, Octávio,José Rodrigues, Francisco daCruz (de 16 anos), Hilda (de 14)e Maria da Conceição (com ape-nas 9 anos).

Ao longo de sua trajetóriaexistencial o bondoso médicocearense passou por provas acer-bas. Além da companheira, de-sencarnada aos 19 anos, assistiuao desenlace de cinco filhos. Omenino Adolfo foi o primeiro adesencarnar, ainda na décadade 1860. Mas foi em 1887 queBezerra viu partir, num intervalode quatro meses, seus filhos An-tônio e Maria Cândida, ele aos25 e ela aos 22 anos.9 Antônio jáhavia, anteriormente, mobilizadoa atenção e os cuidados do paitendo passado por graves pro-blemas espirituais. Mais tarde,Bezerra descreveria o drama dofilho, estudante de Medicina, emseu livro Loucura sob um NovoPrisma. Como se não bastasseessa dor descomunal, 18 mesesapós o trespasse da filha Maria,Bezerra, espírita declaradamentedesde 1886, veria partir no dia12 de abril de 1889, com apenas9 anos incompletos, a meninaChristiana.10 Em 4 de fevereiro

de 1892, foi a vez de Carolina, com22 anos incompletos, em decor-rência de problemas pulmonares.Por fim, os sofrimentos de Be-zerra e Dodoca terminariam em22 de junho de 1898, quando vi-ram partir, em face de problemascardíacos, a caçulinha Consueloque regressou ao mundo espiritualantes de completar três anos.Reformador de 1o de agosto de1898, noticiando mais esse dra-ma de Bezerra, descreve sua re-signação comovedora e seu ad-mirável exemplo de fé:

[...] o nosso querido chefe Dr.

Bezerra de Menezes, aquele cujo

afeto se gerara à tenra criatura,

viu-a partir [...] mas ficou de

pé, resignado e humilde, nessa

atitude de crente que sabe, em

qualquer caso, submeter-se aos

decretos divinos.

Vimo-lo nesta tarde, cuja recor-

dação não se apagará jamais

da nossa memória. O féretro

saía no meio dos soluços com

que a fragilidade feminil dos

entes que ficavam pagava o seu

tributo à dor que os envolvia.

À porta, as senhoras em lágri-

mas, formavam um grupo en-

ternecido e no meio dele se des-

tacava, como um floco de neve,

a cabeça branca do velhinho, à

semelhança dos antigos patriar-

cas no meio de sua tribo afe-

tuosa. E, ao se recolher tão au-

gusta serenidade, estampada

no semblante, era tão sincera,

tão verdadeira aquela resigna-

ção à dor que lhe tumultuava

no íntimo que nos sentimos

presa da mais profunda e irre-

primível emoção.

Lágrimas de enternecimento

borbulharam dos nossos olhos,

diante daquele exemplo vivo

do poder da fé. [...] Abençoada

a doutrina que assim produz

tão santos frutos e é capaz de

lançar tão fundas raízes no co-

ração dos seus apóstolos! Por-

que só uma confiança absoluta

no nosso destino futuro, só a

certeza profunda na imortali-

dade da alma, tal como no-la

ensina a nova revelação, po-

dem gerar aquela resignação

austera e verdadeira. [...]

Foi graças a esse exemplo de fé do venerando apóstolo daTerceira Revelação no enfrenta-mento de tão dramáticas vicissi-tudes existenciais que, ao con-trário talvez do que muitos pen-sem, ele conseguiu tocar o cora-ção dos seus familiares, fazendode alguns deles adeptos do Espi-ritismo. Dodoca, a segundacompanheira, era espírita e mé-dium. Seu filho Antônio foisubmetido a um tratamento de-sobsessivo e era chamado con-frade pelos companheiros daFederação Espírita Brasileira.Um cunhado, Mariano José Ma-chado Filho, tornou-se baluartena divulgação espírita. Dois so-brinhos, Teófilo Rufino Bezerrade Menezes e João Batista deMaia Lacerda, seguiram, igual-mente, os passos do velho pa-triarca daquele clã, tendo o se-gundo deles ocupado cargo nadireção da FEB.

9Segundo seus atestados de óbito, Antôniodesencarnou no dia 2 de abril, vítima defebre tifóide, e Maria no dia 13 de agosto, emdecorrência de uma tuberculose pulmonar.

10Segundo seu atestado de óbito, faleceuvítima de tifo.

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Sessão de Abertura

Às 19h30 do dia 27 de maio, a Reunião da ComissãoRegional Centro, do Conselho Federativo Nacional daFEB, foi iniciada com apresentações artísticas por gru-pos de jovens da Federação Espírita do Estado do Espí-rito Santo (FEEES). A Mesa foi composta por NestorJoão Masotti, presidente da FEB; Antonio Cesar Perri deCarvalho, secretário-geral do CFN; pelos presidentesdas Federativas: César de Jesus Moutinho (FederaçãoEspírita do Distrito Federal), Maria Lúcia Resende DiasFaria (Federação Espírita do Estado do Espírito Santo),Cauci de Sá Roriz (Federação Espírita do Estado deGoiás),Luiza Leontina Andrade Ribeiro (Federação Espí-rita do Estado de Mato Grosso), Maria Túlia Bertoni(Federação Espírita de Mato Grosso do Sul), MarivalVeloso de Matos (União Espírita Mineira), Silberto JoãoGonçalves de Jesus (Federação Espírita do Estado do To-cantins) e, Henrique Kemper Borges Júnior, na condi-ção de secretário ad-hoc da Comissão Regional Centro.

O secretário-geral do CFN da FEB abriu o eventoe a prece foi proferida pela presidente da FEEES.

Houve saudação pelo presidente da FEB que enfatizouo objetivo dessas Comissões, de aprimorar o trabalhode divulgação e prática doutrinária. O secretário-ge-ral do CFN ressaltou a comemoração, em todo o Brasil,dos “150 Anos de O Livro dos Médiuns” e o lançamen-to do Manual de Comunicação Social Espírita, solici-tando a Merhy Seba que entregasse aos componentesda Mesa um exemplar. Fez referência à Edição Espe-cial de Reformador, de maio de 2011, com destaquepara as comemorações dos 60 anos da Caravana daFraternidade. Em seguida, ocorreram as apresenta-ções das equipes das Entidades Federativas e das Áreasdas Comissões Regionais do CFN da FEB.

Ruth Salgado, da União Espírita Mineira e inte-grante da equipe da Área da Mediunidade, proferiupalestra sobre os “150 Anos de O Livro dos Médiuns”.

Reunião dos Dirigentes

Durante o sábado, houve reunião dos dirigentes dasEntidades Federativas Estaduais, coordenada pelo secre-tário-geral do CFN, com leitura preparatória feita por

Conselho Federativo Nacional

Reunião da ComissãoRegional Centro

A Reunião da Comissão Regional Centro desenvolveu-se, nos dias 27, 28 e 29 demaio de 2011, nas dependências do Grupo da Fraternidade Espírita Jerônymo

Ribeiro, em Vila Velha (ES)

Sessão de Abertura: Saudação da presidente da FEEES, Maria Lúcia Resende Dias Faria

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Saulo Gouveia Carvalho (MT) e a prece inicial porMaria Túlia Bertoni (MS). O coordenador justificou aausência do secretário da Comissão Regional Centro,Aston Brian Leão. Em seguida, o presidente da FEB feza saudação inicial. Foram aprovadas por unanimidadeas Atas das Reuniões anteriores de 2009 e 2010. Na apre-ciação da Reunião Conjunta das Comissões Regionais,de 2010, considerou-se que a sistemática adotada – rea-lizada em um primeiro momento em salas por Áreasde atividades e, posteriormente, por Região – foi alta-mente positiva, possibilitando maior integração entre asÁreas e debate mais aprofundado dos temas tratados.Sobre o tema da Reunião, “Plano de Trabalho para oMovimento Espírita Brasileiro (2007-2012): Avaliação esua Projeção para 2013-2018”, concluiu-se que este Pla-no tem relevante importância e deve ser readequadopara o quinquênio 2013-2018. Este Plano tem estabe-lecido uma nova dinâmica federativa no MovimentoEspírita nos Estados e contribuído para a conscientiza-ção da imperiosa necessidade de se planejar para bemexecutar as atividades. Sobre as Campanhas Família,Vidae Paz e Mobilização “Brasil Sem Aborto”: as Federativasapresentaram as ações que estão sendo efetivadas emseus Estados e, sobre o tema “Brasil Sem Aborto”, JaimeFerreira Lopes (DF) fez relato das atividades que vêmsendo desenvolvidas nos âmbitos político, jurídico ecientífico, na busca incessante da defesa da vida, emtodos os seus estágios. Solicita que esse assunto seja tra-tado como uma ação permanente, associando-se sem-pre a visão espírita sobre o tema. Informações, Propostas

e Sugestões: o diretor da FEB, Affonso Soares, fez umaapresentação sobre a importância do Esperanto paraa divulgação do Espiritismo no Exterior; o secretário--geral do CFN informou que os cursos a distância degestão de centros espíritas, estão disponibilizados peloPortal da FEB, e esclareceu que o objetivo não é substi-tuir os cursos presenciais, mas sim oferecer mais umaopção; a coordenadora da Área da Infância e Juventude,Miriam Masotti Dusi, e o diretor do DIJ da FEEGO,Eduardo Vieira, apresentaram proposta do DIJ/FEEGO,já analisada na reunião da Área, para a realização do 1o

Encontro de Juventudes Espíritas da Comissão RegionalCentro, no período do feriado de Corpus Christi do anode 2013, em Goiânia (GO). Esta proposta foi aprovadapor unanimidade. O dirigente da Reunião e o presidenteda FEB prestaram informações sobre atividades doConselho Espírita Internacional; foram analisadas algu-mas ideias para o fortalecimento das ações federativas eeventual estudo para a redivisão da área territorial dasComissões Regionais. A próxima Reunião Ordinária daComissão Regional Centro ocorrerá nos dias 25, 26 e 27de maio de 2012, em Goiânia (GO), tendo como tema“Sustentabilidade financeira das Entidades Federativas”.

Reuniões Setoriais

Simultaneamente, com a participação de trabalha-dores de todos os Estados da Região, realizaram-se asreuniões das seis Áreas que integram as ComissõesRegionais do CFN.

Aspecto parcial do público

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Sessão Plenária sobre as Áreas

No final da tarde do sábado, desenvolveu-se reuniãoplenária para apresentação das conclusões das Árease da Reunião dos Dirigentes. As conclusões, acimacitadas sobre a Reunião dos Dirigentes, foram apre-sentadas por Henrique Kemper Borges Júnior, secre-tário ad-hoc da Comissão Regional Centro.

Reunião da Área do Atendimento Espiritual no Cen-tro Espírita: coordenada por Maria Euny HerreraMasotti. Assunto da Reunião: “Atendimento Espiri-tual ao Trabalhador da Casa Espírita” e do trabalho“Convivência Fraterna na Casa Espírita”. Tema paraa próxima reunião: “Eficácia e Efetividade no Aten-dimento Espiritual na Casa Espírita”.

Reunião da Área da Atividade Mediúnica: coorde-nada por Marta Antunes de Oliveira de Moura. As-sunto da Reunião: “Correlacionar à prática mediúni-

ca as sete Diretrizes definidas no ‘Plano de Trabalhopara o Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012)’”.Tema para a próxima reunião: “Realizar um levanta-mento, por amostragem, que forneça informaçõesrelativas ao conhecimento de O Livro dos Médiuns,junto aos participantes dos grupos mediúnicos”.

Reunião da Área da Comunicação Social Espírita: coor-denada por Merhy Seba, contando com assessoria deIvana Leal S. Raisky. Assunto da Reunião: “Avaliação enovas estratégias da Comunicação Social Espírita emrelação à Diretriz e ação do ‘Plano de Trabalho para

o Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012)’”. Temapara a próxima reunião: “Estudo sobre a integraçãodo Departamento de Comunicação Social Espírita comos demais departamentos da Federativa Estadual”.

Reunião da Área do Estudo Sistematizado da Dou-trina Espírita: coordenada por Sônia Arruda Fonseca.Foram desenvolvidos os seminários:“O Papel do Moni-

Área do Atendimento Espiritual no Centro Espírita

Área da Atividade Mediúnica Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

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Área da Comunicação Social Espírita

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tor”; “Técnicas e Recursos de Ensino”; “RelacionamentoInterpessoal”; “A influência da relação monitor-alunopara o êxito do processo de aprendizagem”. Tema paraa próxima reunião: “Plano de Trabalho para o Movi-mento Espírita: Avaliação e Conclusão”.

Reunião da Área da Infância e Juventude: coordenadapor Miriam Masotti Dusi, com assessoria de Cirne Fer-reira. Assuntos da Reunião: Censo sobre o Perfil daJuventude Espírita: apresentação dos resultados, deta-lhando-se os dados relativos à Regional Centro em com-paração com os resultados nacionais. Foram analisadosos preparativos para o VI Encontro Nacional de Dire-tores de DIJ (julho de 2012, Brasília-DF) e a propostado 1o Encontro de Juventudes Espíritas da ComissãoRegional Centro (apresentada pelo DIJ/FEEGO). Temapara a próxima reunião: “Acompanhamento das metasrelativas aos projetos desenvolvidos no IV e V Encon-tros Nacionais de Diretores de DIJ (2002 e 2007), e queserão apresentados no VI Encontro Nacional de Dire-tores de DIJ, a ser realizado em julho de 2012, em Bra-sília (DF); acompanhamento das ações voltadas à reso-lução das dificuldades evidenciadas junto à tarefa deevangelização da juventude, com base no censo do Per-fil da Juventude Espírita e nas experiências das Federa-tivas Estaduais; compartilhamento das experiênciasexitosas e dificuldades vivenciadas na tarefa de evan-gelização junto à Infância, à Juventude e à Família”.

Reunião da Área do Serviço de Assistência e PromoçãoSocial Espírita: coordenada por José Carlos da Silva Sil-veira, com assessoria de Maria de Lourdes Pereira de Oli-veira.Assunto da Reunião:“O SAPSE e o ‘Plano de Traba-

lho para o Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012)’:Diagnóstico do SAPSE Centro’”. Tema para a próximareunião: “Plano de Trabalho para o Movimento EspíritaBrasileiro; estruturação do Departamento de Assistên-cia e Promoção Social Espírita nas casas espíritas commeta de acréscimo de 10% ao ano; diagnóstico doSAPSE da Regional Centro; capacitação do trabalhadordo SAPSE; acompanhamento da aplicação do Manualde Apoio da Área do SAPSE pelo Centro Espírita”.

Sessão Plenária sobre temas do CFN

Na manhã do domingo, houve sessão plenária sobreos temas definidos pela Reunião Ordinária do CFN de2010, das 8h30 às 9h30 – “Educação”; e das 9h45 às 11h– “Juventude”. Compuseram a Mesa o presidente daFEB, o secretário ad hoc da Comisão Regional Centroe o secretário-geral do CFN da FEB, com a coordena-ção deste último. No estilo de audiência pública, ocor-reram manifestações com comentários e sugestões,que estão sendo coletadas para se juntar com as das de-mais Comissões Regionais. Ao final, foi lida a mensa-gem “Educação”, de Francisco Thiesen, psicografadadurante a etapa por Walace Fernando Neves (ES).

Às 12h15 foram encerrados os trabalhos, após sau-dações de despedida dos coordenadores das Áreas dasComissões Regionais, dos presidentes das EntidadesFederativas Estaduais, do secretário ad hoc da Comis-são Regional Centro, do secretário-geral do CFN daFEB, do presidente da FEB, o qual proferiu a prece deencerramento. De maneira entusiástica, todos entoa-ram a “Canção da Alegria Cristã”.

Área da Infância e Juventude

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

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Alagoas: I Congresso EstadualA Federação Espírita do Estado de Alagoas promoveu oI Congresso Espírita Alagoano, de 1o a 3 de julho, noCentro de Convenções de Maceió. Com o tema central“A Transformação do Homem da Era da Regenera-ção”, ocorreram palestra e seminário de Divaldo PereiraFranco, reunião de dirigentes com a atuação do presi-dente da FEB, Nestor João Masotti, e palestras porFrederico Menezes, Eurides Porangaba, Haroldo DutraDias, César Soares dos Reis, Fernando Caldas, RicardoSantos, Marta Antunes de Moura e Antonio Cesar Perride Carvalho, os dois últimos diretores da FEB. Infor-mações: <www.congressoespiritaalagoano.com.br>.

São Paulo: Pedagogia de JesusO 3o Encontro Paulista de Monitores do ESDE ocor-reu nos dias 9 e 10 de julho em Sorocaba, com a par-ticipação de Maria Túlia Bertoni, presidente da Fede-ração Espírita de Mato Grosso do Sul. Com o tema“A Pedagogia de Jesus”, o evento foi promovido pelaUnião das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo. Informações: <www.usesp.org. br>.

Pernambuco: Encontro de ComunicadoresA Federação Espírita Pernambucana (FEPB) promo-veu nos dias 18 e 19 de junho o Encontro Estadualde Comunicadores do Espiritismo, com atuação deGeraldo Campetti Sobrinho, diretor da FEB, sobre ostemas: formação de bibliotecas espíritas, como falarbem na tribuna espírita e vencer a timidez. Informa-ções: <www.federacaoespiritape.org>.

Amazonas: Seminário Espiritismo e ArteO seminário Espiritismo e Arte foi realizado no dia 11de junho pelo Departamento de Comunicação Social daFederação Espírita Amazonense, no qual se discutiramexperiências e soluções com base nos princípios doutriná-rios espíritas. Informações: <www.feamazonas.org.br>.

Piauí: Seminário da Família na FEPINos dias 10 a 12 de junho, aconteceu na FederaçãoEspírita Piauiense o 19o Seminário da Família, com

palestras de Marco César da Silva Rocha e DalvaSilva Souza; a programação estendeu-se por três dias,com variados temas, na sede da FEPI. Informações:<www.fepiaui.org.br>.

Brasília: Visitante na FEB e no CEIA FEB e o Conselho Espírita Internacional recebe-ram em Brasília, nos dias 20 e 22 de junho, a visita deServando Agramonte, dirigente espírita de Cuba,Edwin Bravo e Fabio Villarraga, estes últimos coor-denadores do CEI, respectivamente para a AméricaCentral e Caribe, e América do Sul. Informações:<[email protected]>.

Filme Nosso Lar em vários continentesO filme Nosso Lar prossegue com apresentaçõesem vários continentes. O DVD do filme foi lança-do pela Fox Vídeo, no dia 17 de junho para oMéxico, Colômbia e América Central. Foi exibidono Festival de Shanghai, na China, no dia 18 dejunho. O DVD do filme está sendo disponibiliza-do para a FilmSharks, a fim de ser exibido em toda aÁfrica. Há programações futuras para outros países.Informações: <www.foxlatina.com>, <http://nossolar-ofilme.blogspot.com/2011/06/nosso-lar-na-africa.html>.

Roteiro de Divaldo Franco na EuropaDivaldo Pereira Franco cumpriu a jornada anual depalestras pela Europa. Do início de maio a meadosde junho, proferiu palestras na Inglaterra, Irlanda,França, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Holanda,Dinamarca, Polônia, Eslováquia, República Checa,Áustria e Suíça. Informações: <www.mansaodocaminho.com.br>

Amapá: Caminhada pela Vida e pela PazA Federação Espírita do Amapá promoveu a “Ca-minhada pela Paz e em Defesa da Vida” no dia 18 dejunho, com centenas de participantes, no trajetoda sede da FEAP às principais avenidas de Macapá.Informações: <www.feamapa.com.br>.

Seara Espírita

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