É Nóis na Cultura - 2ª edição
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Dia do Estudante em Axixá tem comemoração nos padrões do perfil das nossas crianças e jovens: esporte e música como ingredientes de uma programação que sacudiu geral
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Sua Revista Digital: Educando e Divulgando a Cultura Local Axixaense
Literatura | Artes plásticas | Artesanato| Música | Suplemento especial Vale saber
É NÓIS NA CUL URA EDIÇÃO ESPECIAL
Ano I – nº 02
SETEMBRO de 2011
Modernismo brasileiro faz exposição da força da arte na luta pela liberdade, em desfile cívico comemorativo à Independência do Brasil, em Axixá
Axixá – Maranhão, Brasil: páginas de uma história da qual você é parte, escritas com a criatividade, a alegria e a competência de um povo, construtor da cidade que vale a pena conhecer!
1
Entrada do perímetro urbano Entrada do perímetro urbano
visão da Igreja Batista
Pé de Axixá : a origem do nome
2
3
Por-do-sol na Ilha de Pery-juçara
Sítio do Tanque Cachoeira do Tanque
Visão parcial da praça Esaú Pacífico e Av. Magalhães de Almeida
Pedra seixo: usada na construção civil
Juçara: hoje, o ouro negro da economia axixaense
Folha do pé de axixá: árvore que deu nome à cidade
Areia grossa:muito usada na construção civil
Nossa capa dessa vez é o cartão
postal de uma cidade abençoada
por Deus, que deu a ela um
patrimônio soberbo: natureza
exuberante, repertório cultural
bem diversificado, recursos
minerais muito úteis à
construção civil (a pedra preta e
a branca ou granito, pedra
seixo, areia grossa), recursos
vegetais, como a juçara, que
também garantem mesa farta ao
axixaense; o turismo é garantido
por paraísos como estes que
ornamentam a página.
Por tudo isso, vale proclamar:
“ Senhor, quão maravilhosas
são as tuas obras, a terra
está cheia das tuas
riquezas”
Sl 104.24
4
Em Facho de Luz, o conto, um apelo de amor
Liberdade de criação, recriação e arte: outras releituras
Conhecendo o Hino de Axixá
Autores e obras da terra: a visão poética axixaense
Uma referência de geração a geração
Memória axixaense: fatos e atos que sobrevivem nas lembranças persistentes
Cultura artesanal: o que Axixá tem
Para louvar e agradecer
Parte da História do Brasil em Axixá contada por por axixaenses
A luta pela liberdade nas telas, nas páginas e nas notas musicais – isso é ARTE
Lições de cidadania comemorando o “ser estudante”
Uma história em versões; conheça as origens de Axixá
História do nome: semelhança ou mera coincidência?
Educação: um ponto de vista
Entrevista: a mulher que mudou a face de Axixá
Fé, união e harmonia: administrando com educação
Leitura: conhecendo a alma axixaense
Amor com amor se paga: o final desta história de amor
5
Chegamos ao segundo número de nossa
revista. Uma conquista que contou com a participação de
toda a nossa equipe, mas essencialmente com a de
vocês, nossos leitores.
Para chegarmos até aqui, enfrentamos desafios,
obstáculos, críticas e perdas, mas a força de vontade e a
persistência nos fizeram continuar nesse caminho em
busca de novos horizontes. Não é fácil viver em uma
sociedade onde as novas ideias são vistas com
desconfiança e onde o preconceito com o novo, com o
diferente ainda é marca registrada. Nosso novo número
vem para mostrar que, por mais que seja difícil acreditar,
inovar é essencial para que se possa continuar seguindo
em frente, rumo ao futuro. Assim os desafios e os
obstáculos, ao serem vencidos e superados, dão uma
nova força e vontade de seguir adiante. As perdas, por
mais doidas que sejam, podem até ser um motivo a mais
para que os sonhos sejam perseguidos e realizados.
Sobrevivendo às perdas e com esperanças,
abrimos as portas para aqueles que gostaram da 1ª
edição e querem conhecer um pouco mais do nosso
trabalho. Desejamos a todos os leitores que nossa
revista sirva de inspiração para superar os choros e
seguir com os sorrisos. Que todos possam adentrar
nesse barco conosco. Abram as páginas, aproveitem e
uma boa leitura!
Diane Cantanhede S. Campos
6
EXPEDIENTE
Coordenadora Geral: Professora Maria Dalva Marques e Marques
Coordenadora de Arte: Professora Léa Andrade Santos
Editora-chefe: Diane C. S. Campos
Editores-adjuntos: Paulo Ricardo C. Santos; Rainara Cantanhede; Vicente de Paula Campos
Revisão: Adriana F. da Conceição, Laura Helena F. do Carmo, Monique L. M. Andrade, Clara Regina Santos,
Slayde Rangelli S. Almeida
Arte e Ilustração: Amaury L. Gomes, Cínthia Laís Rocha, Josimar Almeida, Júlio César Pestana, Marcos
Antônio de Aquino, Ronalro Silva
Formatação: Anderson Thiago dos Santos, Idenilson Brandão, Jânio Luís M. Cantanhede, Joanderson Silva,
Marco Antônio N. Learte
Página inicial (capa): Diane C. S. Campos, Paulo Ricardo
Imagem: Claudetino Rocha, Brenda M. Pestana, Franciele Pinho, Jackeline, Tiago Pinho, Ully Bianca Paixão,
Equipe de reportagem: Andressa de M. Coelho, Amanda Catarina Almeida Rocha, Ilmara Heloísa R. Dutra,
Késsia S. N. Lopes, Lanna Raissa A. Ferreira, Luciana N. Learte, José Silvestre L. Júnior, Jádila E. Gomes, Joseane
S. Gomes, Josilene S. Santos, Deusanira S. Sousa, Erisnaldo, Mailson, Raimundo Nonato Valério
Colaboradores nesta edição: Ana Maria Furtado, ); Ângela R. C. Andrade, Arenilton R. F. Santos, Edna S.
Rocha, Franciele R. Cardoso, Francimara T. Rocha, Laice F. S. dos Santos,, Vanessa C. Rocha, Vaniciane S. Gomes,
Maria Miraci C. Furtado, Tatiana (Pesquisa); Francimara, Hilmar S. Lopes, Rosana Marques (Entrevista);
Colaborações especiais: Alexandrina Cantanhede, Amilton Oliveira, Antera Cantanhede, Arlindo Santos,
Augusto Cantanhêde, Delzuíta Santos, Francisco das Chagas Leite, Geovane Medeiros, Gleusamara Vieira,
Jacineiva Lima Amaral, José Ribamar M. Rabelo, Lourival Teixeira, Maria Eny C.antanhede Oliveira, Maristella O.
Coelho, Maria Terezinha de Jesus Lemos Serejo, Moacyr Almeida, Telma Maria da C. Reis Lima, Valter de Jesus S.
Moreira
UMA PUBLICAÇÃO:
Centro de Ensino Estado do Acre
Produção didática, sem fins lucrativos
Equipe Gestora: Osita Andrade Pestana (Diretora Geral)
Josieth de Jesus Protázio (Diretora Adjunta)
José Ribamar Andrade Santos (Diretor Auxiliar)
Telma Maria da Conceição Reis Lima (Secretária)
7
Tudo termina bem quando começa bem. Dando graças ao Senhor por 94
anos de autonomia política, a cidade de Axixá abre suas festividades a
propósito do marco histórico.
Celebrar datas importantes com cerimônias religiosas é prática cultural com que a humanidade atravessa tempos imemoriais. Por isso se fala em comemorar. Mas o que é comemorar? Qual é o sentido da celebração religiosa nas comemorações e quantos têm a noção do real significado daquilo que, para muitos, consta apenas como um ritual obrigatório na agenda de festividades?
Comemorar é memorar (lembrar) co (com), lembrar
algo com alguém. Comungar lembranças. Antes de tudo, comemorar deve priorizar comungar a lembrança da origem de nossas conquistas, a fonte da satisfação dos nossos mais caros desejos, sonhos, aspirações; e o melhor: a concretização deles. Deus é o originador de todas as coisas positivas de nossas vidas, portanto a ele é justa a nossa primeira lembrança.
Nos 94 anos de independência política, a agenda comemorativa de Axixá é aberta com o CULTO EM AÇÃO DE GRAÇAS, iniciado às 19:20 horas, no Templo Central da Assembléia de Deus. A celebração foi uma oportunidade à reflexão sobre o sentido que a ação de graças deve ter em comemorações como esta. Boas fontes dão conta do ato de agradecer a Deus pelas boas colheitas, pelos dons recebidos.
Já na acolhida, ao lembrar as razões de estarem todos congregados ali, o Senhor usa maravilhosamente o pastor Sales e este faz referência aos motivos para comemorar: “A nossa maior gratidão, de sermos perdoados, salvos por Jesus Cristo, mesmo sendo pecadores; também por estarmos vivos: a vida é o grande dom de Deus; e por fim, a nossa gratidão pelas bênçãos recebidas para a nossa cidade, por vivermos nela, em paz, lembrando que tudo isso é devido a Deus, não é mérito humano, pois conforme diz a Bíblia: “Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigiam os sentinelas”. É enfático na importante lição sobre o ato de dar graças em comemorações, na eficácia da oração em favor da busca e obtenção da paz para a cidade de Axixá. Reforça que Deus é o centro dos nossos louvores e gratidão, pois tudo pelo que agradecemos (vitórias, conquistas), reitera, é de autoria d’Ele; é Ele quem nos capacita, tem capacitado cada um de nós para, no devido lugar, fazer o melhor para o bem e para glória do seu nome.
Os louvores entoados sugerem o porquê de agradecer a Deus: o coral Cântico Celeste com o cântico Fidelidade lembrou que é preciso reconhecer os méritos divinos, glorificando o nosso grande Doador e nesse lembrete , que é também uma lição musical, vale dar atenção para o que ele fala em: Senhor, não vou dividir minha adoração/ exclusivo é o meu coração/ vivo
Por uma cultura de adoração e agradecimento a Deus
Visão geral da igreja
Pastor Sales e a prefeita Sonia
Visão do púlpito
O partir do bolo
8
“Se hoje tenho forças é porque Deus quer me usar para fazer coisas melhores”. (pronunciamento da prefeita Sonia Campos)
Prefeita Sônia Campos,parabeniza a igreja por estar aos cuidados do Pr. Sales, por ele estar cuidando das suas ovelhas e agradece a Deus pela vida de todos, também fala das maravilhas que Deus fez na vida dela e das lutas que tem vivido durante esses anos de liderança.
“Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”
só pra Ti/ não abro mão do céu/ diante até da morte/ prefiro ser fiel – ser fiel a Deus é colocá-lo sempre em primeiro lugar e só a Ele prestar culto e adoração; a jovem evangélica Lanna Raíssa entoou Sabor de Mel, bem propício para a ocasião (confira letra na sessão de música), com certeza uma inspiração d’Aquele que, como nos tempos de Abraão, Moisés, Davi e tantos outros seus servos, está na liderança, no controle de tudo, cuidando do seu povo, tanto é, que na interpretação do referido hino, Lanna coloca a cidade no contexto de sua letra, representando as crises, e vitórias e a presença constante de Deus, vivenciadas aqui, no Municipio.
“Clama igreja a paz pra Axixá, clama que Deus te ouvira, prepare um altar, ofereça um louvor que Axixá sarado será”. Sabor de Mel, com irmã Lanna
Através de cada pessoa ali presente, Deus passou mensagens e lições sobre condutas oportunas ao ato de comemorar: "As autoridades são constituidas por Deus" (cantora Elizaine); agradecer pelas oportunidades que se tem (veradora Elizabeth ); louvar a Deus por cada comemoração, fazer alianças pelo bem comum, pedir ao Senhor a paz é condição para que Ele a coloque em nosso coração (vereadora Benedita); saber enfrentar lutas, provas, tristezas e alegrias oportuniza o privilégio de agradecer a Deus em comemoração vitoriosa, interceder como igreja pela cidade, pois Deus ouve a oração do justo (vice-prefeito João Oliveira); reconhecer o mérito de ser escolhido para conduzir o rebanho do Senhor e reconhecer-se instrumento, servo de Deus nas grandes realizações, para tanto fortalecido, que o Senhor levanta os pequeninos para lutar, vencer, relaizar coisas extraordinárias porque “tudo podemos n’Aquele que nos fortalece!” (prefeita Sonia Campos).
Lições valiosas em um culto especial para resgatar o verdadeiro sentido de comemorações como a que tivemos na Igreja Assembleia de Deus pelos 94 ANOS DE EMANCIPAÇÃO DE AXIXÁ.
Momento da oração pela cidade, através daqueles que estão à frente das diferentes políticas públicas conduzidas nesta administração
Por: Joseane, Lana e Nonato Valério Fotos:: Ully Bianca 9
A COMEMORA ÇÃO NO LEGISLATIVO
Compondo a pauta comemorativa de aniversário de Axixá e cumprindo o que já é tradição, realizou-se a Seção Solene na Câmara Municipal. Nesse momento importante, os representantes do povo aproveitaram para avaliar esse período vivenciado pelo Município, levantando os avanços e retrocessos verificados até aqui.
Momento oportuno para captar as impressãoes das autoridades, mãos à obra. Já nos pronunciamentos da mesa, os edis foram unânimes na avaliação positiva, reconhecendo o franco processo de desenvolvimento pelo qual a cidade vem passando nestes sete anos de administração pública.
O vereador Nonato Campos, após o evento, respondendo aos questionamentos da equipe, disse atribuir suas reeleições à integridade moral, à honestidade com que desempenha sua função pública; enfatizou que “a cidade está passando por uma renovação, porém não podemos esquecer-nos dos representantes passados, que também deixaram sua contribuição”.
Após cumprirem o que é de praxe (manifestações dos presentes, execução dos parabéns e distribução do coquetel etc.) todos se dirigiram à Praça da Cultura, para a realização da Missa em Ação de Graças.
Prédio do Legislativo Momento dos parabéns
Palavra do vice-prefeito João Oliveira
O bolo de aniversário
A comemoração de todos
Pronunciamento da prefeita Sonia
Por: Brenda, Francimara, Ilmar, Luciana, Milena Fotos: Diane, Ilmara, Thiago Pinho e Ully Bianca
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Sendo parte de uma nação colonizada por portugueses, esta Cidade segue a identidade religiosa da Pátria: católica apostólica, romana (embora as estatísticas registrem números significativos de templos e fiéis evangélicos.
Então, como não poderia deixar de ser, a programação comemorativa incluiu a Ação de Graças através da missa.
O evento foi mais uma oportunidade para este povo contemplar o público visitante e a si mesmo com mais uma demonstração do que é ser culturalmente rico.
Mostrando uma cultura religiosa que mantém seus traços mais originais, os fiéis axixaenses, entretanto, surpreendem com inovações que mostram que Deus é alegria, criatividade e juventude.
Para o padre Enildo, celebrante da cerimônia: “a missa nas atividades comemorativas significa a expressão da fé popular; o povo axixaense é culturalmente religioso, por força de sua formação religiosa de fé praticante, contribuindo para uma visão religiosa da cidade; independente da denominação religiosa, o importante é que esse povo em ao redor do altar do Senhor
A MISSA
para louvar e agradecer por 94 anos de emancipação de Axixá”.
A declaração do reverendo expõe a visão do evento como um ato de fé e gratidão a Deus por permitir ao cidadão a oportunidade de ter boas razões para querer lembrar em comunhão com os de sua comunidade, fazendo dessa oportunidade momento de festejar.
O templo campal na Praça da Cultura
No bolo, o motivo do agradecimento
Grupo de coreografia
Ritual do Ofertório: jovens axixaenses
De formação católica, a prefeita Sonia participa do Comunhão
Por: Jânio, Josilene, Kássia, Vicente Fotos: Anderson Thiago, Marco Antônio
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O MOMENTO CÍVICO
“Axixá, rincão estremecido /berço régio querido/
Abençoado por Deus/Axixá, o teu nome sagrado/
lembra o nobre passado/ e os heróis filhos teus...
Com esta evocação poética, Mary Silva Fontoura, uma
filha naturalizada desta terra, cantou em seus “versos de amor
decantado” o peito ilustre axixaense, à moda do grande Camões
(evidenciando a grandiosidade de um povo) em Os lusíadas.
E não é sem razão que todo axixaense assume
envaidecido cada estrofe desse hino de amor à Princesa do
Munim; esta terra maranhense faz jus aos nobres sentimentos
de seus súditos: a fé e a inteligência unidas à coragem, à
criatividade e uma dose necessária de humildade são a receita
certa para o sucesso dos empreendimentos feitos por esta gente
de capacidade considerável. E é por isso que tudo que faz este
povo é bem sucedido: porque, antes de qualquer coisa, é
abençoado por Deus!
Exemplo disso é a educação que a equipe pedagógica,
hoje atuante na Secretaria de Educação, se esforça por oferecer,
aproveitando qualquer circunstância para criar uma situação de
aprendizagem.
Aos 94 de emancipação, os educadores, educandos, seus
pais e responsáveis e representantes da Administração
Municipal vêm a pública, como uma orquestra dando show em
harmonia, para mais uma aula em forma de DESFILE CÍVICO.
Apresentando o tema: MÚSICA E EDUCAÇÃO
“REVELANDO A REALIDADE HUMANA, os organizadores
resgataram toda a trajetória da música no seu mérito de educar,
justificando assim a lei que torna obrigatória a inclusão deste
componente no currículo escolar.
Dos primórdios bíblicos em que com a música aprendemos a
louvar e demonstrar gratidão ao Criador por conquistas e
superações, fez-se uma revisão de conhecimentos percorrendo
cantigas de roda, de ninar, música popular, clássica, enfim um farto
repertório didático, capaz de aguçar nossos sentidos e potencializar
as nossas capacidades básicas de leitura e visão de mundo. ISSO É
EDUCAÇÃO e da melhor qualidade.
A maior lição extraída dessa rica experiência, com ilustração
do pelotão que encerrou o desfile homenageando a grande
educadora axixaense Paula Marques de Almeida, sem dúvida, é que:
A UNIÃO FAZ A FORÇA. Que o diga o secretário de educação
Gerônimo, a coordenadora Gleicy Fernanda, toda a equipe da
Secretaria de Educação, da Secretaria de Cultura, demais secretarias
e a prefeita Sonia que tem o privilégio de contar com uma equipe
que tem amor por tudo o que faz pelo social.
Dessa forma é legítimo cumprimentar: PARABÉNS, AXIXÁ!
Por: Kássia, Mailson, Paulo Ricardo, Thelma Fotos: Deuzanira, Laice, Marco Antônio
12
Entrevista: a mulher que mudou a face de Axixá
Eleita em 2004 para a gestão de 2005-2008 e consecutivamente eleita para mais este mandato, esta mulher tem mostrado a têmpera de
uma grande estadista. Sem perder o norte da administração municipal, enfrenta as turbulências próprias da política, conseguindo levar
adiante os rumos de um governo que tem resgatado o município de anos de estagnação socioeconômica.
Prefeita Sonia: “agradecer a Deus pelas vitórias”
Reunida com a população axixaense e
visitantes para agradecer por quase cem anos de independência política do Município, a prefeita Sonia fala do significado que a liturgia tem no contexto dessas festividades; fala também do desempenho político e dos desafios que vem enfrentando para que o município tenha o que festejar nas suas comemorações
“O objetivo da missa” – diz ela - “é comemorar a data, o aniversário da cidade, seguindo uma tradição cultural: Nós gostamos de festa; desde que a criança completa um ano, todo cuidado da mãe, quando pode, é fazer um bolo de aniversário e cantar parabéns.”
Como prefeita, preocupa-se em trazer as festas comemorativas, como forma de resgatar a cidadania através do desfile que é a linguagem através da qual se demonstra o amor pela cidade; agregada ao desfile, a festa (os diversos shows) atende à necessidade cultural da juventude, porque os jovens gostam de alegria, gostam de dançar.
A prefeita diz que sente enorme prazer em proporcionar isso aos axixaenses, a essa cidade da qual cuida com tanto carinho, com tanto respeito; que essa comemoração tem uma importância muito grande, pois ela também se sente trocando de idade (sente-se amadurecendo politicamente), tudo isso dá ao evento um significado único, não existe, para ela, nada mais mágico do que partilhar uma alegria como essa com o seu povo.
Falando do seu papel como prefeita, dos próprios sentimentos diante da grande responsabilidade atribuída a esse papel, Sonia Campos diz ter-se preparado desde os sete anos de idade para isso, enfrentando os grandes desafios que enfrentam as pessoas de origem humilde, nascidas em uma cidade de interior, para chegar à prefeitura; que primeiro melhorou de vida para ser prefeita e não se tornou prefeita para se dar bem na vida; estudou, venceu, partiu em busca de concretizar o projeto que traçou para ela, lutando doze anos e conseguindo na hora
certa, no tempo de Deus, pois “há tempo para tudo debaixo do sol”.
Toda essa caminhada a responsabiliza com o dever moral de honrar esse compromisso, mostrando que a luta vale a pena quando as razões são justas. Assim, ser prefeita de Axixá é uma responsabilidade muito grande, resgatar a esperança quando ela já não existia mais, pois a cidade tinha perdido a sua importância tanto pra os axixaenses, quanto para os outros e hoje nossa cidade tem um nome que é reconhecido e respeitado, tanto na
Por: Vicente de Paula Fotos: Anderson Thiago, Marco Antônio
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região como fora dela; em consequência disso, o povo desta cidade tem autoestima, tem orgulho da própria identidade, do seu capital humano e do patrimônio histórico-cultural e social que possui.
Axixá tem hoje o melhor IDEB do Maranhão, a inclusão digital é uma realidade em nosso município, acabamos de ganhar um centro tecnológico para capacitar os jovens para que eles tenham a oportunidade de competir no mercado de trabalho.
A respeito da observação sobre o cuidado que a gestão tem em respeitar a diversidade cultural local, incluindo-as todas nessa grande celebração, a prefeita confirmou, acrescentando a essa observação a de que seu governo é para todos e portanto todos devem ter espaço para louvar, agradecer, expressar seu sentimento à terra e descontrair-se, dentro das convicções próprias de cada um.
Como patriota que se declara ser, diz que tudo pelo que luta e o que conquista é para sua terra, a prioridade da sua vida, a terra que Deus escolheu para ela nascer; por isso batalha também para que Axixá possa continuar se desenvolvendo.
Destaca família como referência, base de sustentação para quem quer ser administrador; com família desestruturada não há base.
Como mensagem para os axixaenses, recomenda: amar cada dia mais sua cidade, respeitá-la
O Secretário de Educação Gerônimo fala
da principal estratégia para uma boa administração: parcerias; e nesta gestão elas têm dado certo, demonstrado pelo que se vê. Sua mensagem é que cada um procure valorizar sua cidade, descobrir as riquezas que ela possui.
A Secretária de Cultura Léa Cristina afirma ser de suma importância, e gratificante contribuir com o avanço das manifestações, em especial as religiosas; o desenvolvimento da nossa cultura é expressivo; nossa política cultural, fortalecida com a união dos grupos, das igrejas, está mais aberta a todos, ao socialismo, oportunizando, assim, esse desenvolvimento; a cultura axixaense hoje é aberta a todos graças à política cultural feita aqui, o que gera uma expectativa positiva para todo o desenvolvimento da programação, a melhor possível, com um grande público, e com infraestrutura ideal.
Outros olhares
A educação axixaense é mesmo uma caixinha de surpresas... boas!
Resultado do trabalho que, como diz a coordenadora pedagógica Gleicy Fernanda, “é fruto de um compartilhamento de idéias e forças do trabalho conjunto, que tem no substantivo humildade a sua força”.
Está desvendado o segredo do sucesso, a fórmula certa que, como qualquer um pode comprovar, não é mágica: é força de vontade, trabalho, humildade e união.
Que Axixá continue no caminho do desenvolvimento, em busca de novas conquistas, sempre.
A educação é o diferencial dos países desenvolvidos. A partir de uma política trilhada no caminho que priorize investimentos nesta
Olhares para o futuro
política pública é que teremos a tão sonhada sociedade onde prevaleçam a justiça e a igualdade.
Autoridades no palanque
Caixinha de música: O soldadinho
de chumbo e a bailarina
Fotos: É Nóis na Cultura 14
O tema...O tema... A baliza geral Reilane estilizada nas cores...A baliza geral Reilane estilizada nas cores... ... da música: o branco ... da música: o branco
(transfigurado no prata) e o preto.(transfigurado no prata) e o preto.
Onde está a Margarida? Está na cantiga de Onde está a Margarida? Está na cantiga de roda que ensina a contar, superar roda que ensina a contar, superar
obstáculos e encontrar um objetivo.obstáculos e encontrar um objetivo.
... conduzi... conduzi--la e apresentála e apresentá--la diante de um la diante de um grande público.grande público.
... a baliza Jéssica desenvolve a ... a baliza Jéssica desenvolve a habilidade de liderar uma equipe...habilidade de liderar uma equipe...
Com a banda da U. I. Maria Pereira já exercitamCom a banda da U. I. Maria Pereira já exercitam o ritmo, a harmonia e a sintonia do o ritmo, a harmonia e a sintonia do
trabalho em equipe... trabalho em equipe...
Após a passagem do mar Vermelho, a Após a passagem do mar Vermelho, a grande lição bíblica: agradecer a Deus grande lição bíblica: agradecer a Deus pelas vitórias com cânticos de louvorpelas vitórias com cânticos de louvor
A baliza Luz Clarita dando a cor da A baliza Luz Clarita dando a cor da Aquarela, de Toquinho em lições de Aquarela, de Toquinho em lições de
leitura e produção de textos.leitura e produção de textos.
15
... com o seu corpo coreográfico...... com o seu corpo coreográfico... A Brigada Militar Só Jesus Liberta A Brigada Militar Só Jesus Liberta
complementa esta aula de cidadania.complementa esta aula de cidadania.
Grandes líderes são aqueles que se Grandes líderes são aqueles que se permitem aprender continuamente...permitem aprender continuamente...
... reconhecendo o mérito de ... reconhecendo o mérito de colaboradores como o da educadora colaboradores como o da educadora
Paula Marques de Almeida. Paula Marques de Almeida.
Uma grande orquestra reafirma sua Uma grande orquestra reafirma sua sintonia.sintonia.
... que leva ao sucesso todo aquele que se ... que leva ao sucesso todo aquele que se deixa conduzir por suas notas, através de deixa conduzir por suas notas, através de
sua melodia didática.sua melodia didática.
Com a música, aprendeCom a música, aprende--se o valor da se o valor da união, da cumplicidade e da autoestima ...união, da cumplicidade e da autoestima ...
Esta é uma oportunidade de Esta é uma oportunidade de homenagear aquela que na Educação homenagear aquela que na Educação encontrou sua forma de servir a Deusencontrou sua forma de servir a Deus
...demonstrando a capacidade comunicativa ...demonstrando a capacidade comunicativa que o corpo tem.que o corpo tem.
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Aprendizagem contínua
O Xote Ecológico desenvolvendo a consciência socioambientalO Xote Ecológico desenvolvendo a consciência socioambiental Baliza Isabela, aluna do Maria PereiraBaliza Isabela, aluna do Maria Pereira
(Mãe Natureza).(Mãe Natureza).
Também as músicas dos nossos Também as músicas dos nossos compositores e intérpretes nacionais compositores e intérpretes nacionais
oferecem rica variedade didática.oferecem rica variedade didática.
Com a Banda Marcial do colégio América Com a Banda Marcial do colégio América Central Central -- Morros (MA) Morros (MA)
“aprendemos todos em comunhão” “aprendemos todos em comunhão”
O corpo coreográfico da Banda Marcial O corpo coreográfico da Banda Marcial do C. E. Estado do Acre: beleza no do C. E. Estado do Acre: beleza no
ritmo.ritmo.
Cada escola, com sua bandeira, diz a Cada escola, com sua bandeira, diz a que veio nessa aula especialque veio nessa aula especial
A Banda Marcial da U. I. Maria Pereira Reis: A Banda Marcial da U. I. Maria Pereira Reis: “aprendendo e ensinando” novas lições“aprendendo e ensinando” novas lições
17
Desfilar a História é manter viva a memória
nacionalista: a necessidade de ter referências
para os nossos projetos de renovação da sociedade
Dentre as inúmeras funções da arte,
merece especial atenção a de estimular a
reflexão sobre fenômenos que nos cercam.
Cumprindo a sua função social, a arte
é capaz de mobilizar o ideário humano,
transformando-o a favor dos propósitos
daqueles que dela se valem como arma de
luta.
Em todos os momentos da história
humana, através dos espaços, lá está a arte,
articulando linguagens diversas para
operar as mais nobres reivindicações
sociais.
No século XX, momento de grandes
transformações em todo o mundo,
também lá estão manifestações artísticas
documentando, traduzindo e projetando o
objetivo e o objeto social da arte: o
homem: suas lutas, seus sonhos, seus
anseios em plena revolução modernista.
Relembrar a Independência do Brasil
com desfiles cívicos é uma tradição que faz
parte do currículo das escolas de todo Brasil.
Investindo na criatividade, fazem desse
momento mais uma oportunidade de
educação emancipatória, afinal o exercício
intelectual, a reflexão, oportunizada pelo
observação de eventos como este conduz ao
amadurecimento da visão, que possibilita
tomada de decisões necessárias ao
construtivismo social.
“Desfilando a Arte sob os Ventos da
Independência”, para manter viva a
memória nacional sobre as lutas pela
independência do país, o centro de Ensino
Estado do Acre convida a comunidade a
revisitar as décadas iniciais do século XX, a
partir das novas propostas artísticas do
Modernismo Brasileiro, oficialmente
lançadas na Semana de Arte Moderna e que
ressoa até os tempos atuais. Embora tenha
enfrentado imprevistos que a forçaram
quebrar a tradição de apresentar o desfile no
dia sete de setembro, a perda trágica de um
Aula de cidadania com arte dos alunos do terceiro ano do Ensino
Médio, desenhista dos quadros
apresentados no pelotão de pintura –
Cleiton Lima Brandão - a escola
conseguiu recontar a história das lutas
pela emancipação, mostrando a
intervenção da arte usando as armas que
lhe são próprias: as tintas, as telas, o
bloco informe da matéria bruta, a
palavra!
“Liberdade - essa palavra/ Que o sonho
humano alimenta/ Que não há ninguém
que explique/ E ninguém que não
entenda!”
Os versos de Cecília Meireles, no
Romanceiro da Inconfidência (ilustrando
o comentário do pelotão de literatura)
traduzem bem o papel da arte na
perseguição ao sonho de liberdade desta
nação.
18
Visão geral da Banda Marcial do
C. E. Estado do Acre
A pequena Clara: na arte, a
liberdade de expressão
A baliza Lanna Raíssa da Banda
Marcial apresentando-se diante do
palanque da escola
Ana Luísa, a obra-prima de Deus
vestida de aquarela, apresenta a
pintura modernistas brasileiras
O tema: desfilando as relações
entre a arte modernista e
INDEPENDÊNCIA
19
No dia 11 de agosto comemora-se o Dia do Estudante e, neste
ano de 2011, em Axixá, de uma maneira muito especial
O evento iniciou-se com a entrada da prefeita Sonia e o Secretário de Educação Jerônimo(1) e das escolas participantes com suas bandeiras portadas por alunas, seus gestores, e suas equipes esportivas com os técnicos(2). Além das outras ações próprias das solenidades de abertura, houve a participação da Brigada Militar do município e hasteamento de bandeiras por autoridades e diretores das escolas (3).
Essa situação de competir exige cuidado para que a diversão não perca o foco da responsabilidade. E, nesse clima de competição, cada povoado torcia pelo seu time e incentivava os alunos a não desanimarem, a terem confiança e atitude. As campeãs foram as seleções do Estado do Acre, masculina e feminina (4 e 5); a U.I. Major Fontoura, vencedora dos jogos femininos; já do masculino, o vencedor foi o time da U.I. Arcelino Rodrigues.
1
2 3
Imagens: Secretaria Municipal de Cultura
Organizada pela prefeitura, em Axixá, a comemoração ao Dia do Estudante teve em sua Programação a I COPA ESTUDANTIL AXIXAENSE DE BEACH SOCCER e um SHOW DE CALOUROS, diferente dos outros anos em que geralmente não havia aula e o máximo que era feito era uma lembrancinha ou uma mensagem. Desta vez, além de muito divertida, dinâmica, a comemoração não envolveu apenas uma ou outra escola isoladamente, mas todas as escolas municipais, a estadual, e também as comunidades, pois, além dos alunos, havia os familiares que, com muita alegria, torceram pelos filhos, primos, amigos, ou vizinhos, por um período de de três dias (de 11 a 13 de agosto)
Na opinião de alguns estudantes,
“o mais importante foi que nos presentearam não apenas como uma diversão, mas também nos ensinaram como vencer obstáculos, lutar pelo que queremos e entender que, para ser um vencedor, não é necessário ganhar um troféu, uma medalha, nem cruzar a linha de chegada primeiro, pois o fundamental é conseguirmos vencer a nós mesmos”
A prefeita Sonia, a seleção masculina Estado do Acre e a diretora Josieth (4); o presidente da Câmara José Vitório
A seleção feminina Estado do Acre e a diretora Josieth (5)
5
4
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Após as finais dos jogos, aconteceu o I SHOW DE CALOUROS das escolas (5 e 6). váríos tentaram, mas apenas três conseguiram chegar ao podío. Em 3º lugar, representando a escola ESTADO do ACRE, a aluna IANKA SOUZA (8). Em 2º lugar, representando a escola FELIPE BARBOSA DE ANDRADE, a aluna KERLIA (7). E em 1º lugar, representando a escola ARCELINO RODRIGUES TAVAVES, o aluno TAYLON (6).
Reportagem: Ádila Rauane, Ana Paula, José Alex, Júlio César Cantanhede e Késsia Sirlan Fotos: Secretaria Municipal de Cultura
6 5
O show de calouros foi muito bom, revelador de grandes talentos juvenis que existem em nossa querida cidade, esta terra cheia de tradições e cultura.
Assim as comemorações do dia dedicado aos estudantes finalizaram-se. Além do sucesso dos jogos e do show de calouros, ainda ganhamos um área para praticar esportes, completando a festa .
Esta comemoração foi muito importante pois incentivou os alunos axixaenses a demonstrar talentos, competir com alegria e saber respeitar o seu adversário, afinal todo jogo tem dois objetivos, que se excluem mutuamente: ganhar ou perder (cada um ou ganha ou perde). O importante é continuar tendo chance de ganhar competindo
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Confira mais...
Liderança da torcida organizada da escola Maria Pereira Reis
Visão aérea da arquibancada – 3º dia de programação (show de calouros)
Desfile dos competidores até a arena
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INTRODUÇÃO
Era uma vez... Assim começam as histórias que
retratam sonhos e ilusões, ou que simplesmente almejam
tocar a sensibilidade infantil.
A nossa história quer retratar muito mais, quer ir
além da ficção, além da ilusão .Quer mostrar à criança, o
valor da gratidão, a força do amor, da misericórdia e do já
esquecido dito popular:"O bem se paga com o bem".
FACHO DE LUZ
A MUI BELA PRINCESINHA DOS VAGA-LUMES
Um conto de: Augusto Cantanhêde Lima
Com ilustrações de: Cássio Lima
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CAPITULO I
O Mundo das florestas era dividido em eternidades. Cada eternidade correspondia a
cem eras. Os seres que lá habitavam se uniam através do amor que permeava a existência
ali. E assim a história seguia seu curso no gotejar do orvalho, no serenar da manhã.
Também as fontes de águas cristalinas desembocavam das matas sobre a areia branca
dos bosques. A beleza dos lagos e o sibilar das tanajuras saudavam com alegria o despertar
de mais um dia que chegava. Tudo era festa, beleza e graça, no reino maravilhoso de
FACHO DE LUZ.
Todo esse maravilhoso reino era governado pelo sábio rei Vaga-Lume III, que em
breve o entregaria ao seu sucessor, prometendo paz eterna e a continuação dos sonhos.
No reino de Vaga-Lume III, existiam leis e, entre elas, uma se destacava, pois vinha ao
encontro da liberdade, da vida. Tudo era permitido no reino, desde que os fachos nunca
fossem apagados. A lei estabelecia que, se a floresta ficasse no escuro, toda geração
sucumbiria para sempre num charco profundo de lodo e lama. A lei herdada dos
antepassados era cantada em verso e prosa pelos jovens para que nunca passasse
despercebida.
CAPITULO II
Numa noite de lua cheia, quando todos dormiam, ao aproximar-se a lua da Floresta
Central, fez-se a sombra sobre as outras florestas. Nesse momento algo terrível aconteceu
no reino de Vaga-Lume III; a escuridão caiu assustadoramente forte sobre aquele reino,
prenunciando a temida sentença: passaria uma eternidade sem brilhar e desceria para o
abismo. Toda a floresta viraria um charco de lodo fétido, pela ausência da luz. Estava
determinado o fim: nunca mais se ouviria o zumbir das cigarras cantoras saudando o
entardecer, nem tão pouco o chiado do louva-a-deus, nem o canto dos grilos nas manhãs de
domingo. O reino de Vaga-Lume III silenciaria por toda uma eternidade. Vestido de luto e
coberto de cinzas, o rei visitou aldeia por aldeia, pedindo perdão aos súditos, pois, como
guardião do reino, não soubera evitar aquela intempérie; no entanto, seu povo o amava
muito e não o culpava pela catástrofe; lamentando com ele, cobrira-se também de luto.
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CAPITULO III
O rei, vestido de saco, descia vagarosamente as
ruas, pedindo que as canções parassem, que as luzes
apagassem. Ia de província em província, convocando a
todos que chegassem ao palácio pela ultima vez e
ouvissem a sinfonia que a banda marcial dos grilos
executaria, anunciando a chegada do herdeiro que havia
nascido nas antecâmaras mais ocultas do cupinzeiro.
Chegaram, de todos os lados, cortejo de
libélulas, nuvens de escaravelhos, enxames de abelhas,
filas de percevejos, miríades de louva-a-deus, todos
organizados pelo imbatível exército de gafanhotos que, ao
som da suave sinfonia, esperavam ansioso para ver, pela
ultima vez, o milagre da vida. Nesse momento, ouve-se o
rufar dos tambores dos guardiões besouros e, oh! eis que
surge a Rainha-mãe e, com lágrimas nos olhos, levanta
nos braços, não um herdeiro, mas uma herdeira, pois,
pela primeira vez, o reino seria regido por uma vaga-
lume.
Todos se prostraram quando os tambores
silenciaram. Um som suave rompia o silencio e uma luz
inconfundível brilhava cheia de cores exuberantes que
emanavam reflexos verdes, amarelos, azuis, brancos e
lilases . Em meio às lágrimas de emoção dos súditos e a
uma revoada de borboletas azuis, surgia Facho de Luz, a
doce e mui bela princesinha daquele reino já condenado,
mas que não podia morrer sem iluminar as noites de lua
nova da floresta.
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CAPITULO IV
O rei não sabia como proceder, aquilo estava além do seu controle . Todos se
curvaram diante do esplendor de Facho de Luz. A rainha-mãe tremia de emoção pois a
beleza de sua filha era além do que se podia imaginar. Lamentaram bastante ante tanta
beleza e o destino que lhes aguardava. Nesse momento, adentra o palácio, sem ser
esperado, o rei da floresta central Dom Grilo V .
Silêncio na multidão...O que uma autoridade tão temida viria fazer num reino
condenado ao lodo?
- Eu pude ver, do alto do meu reino, a luz que brilhava, fiquei ainda mais
consternado quando soube da vossa história e não pude aceitar que o mundo dos vaga-
lumes viesse a perde uma luz tão especial como esta que acaba de nascer. Já tomei a
minha decisão; procurarei o grande rei e lhe direi que ficarei uma eternidade no lodo e
na lama para que esta floresta viva o esplendor deste reino que ora se inicia. Dirigindo-se
ao rei: - Diga ao seu povo que cante, brilhe e festeje, a chegada desta linda princesa e que
esta luz seja uma eternidade de justiça, paz e amor.
Houve festa na floresta e o rei determinou que a luz nunca mais se apagasse no seu
reino.
Tudo era festa, beleza e graça no mundo maravilhoso de Facho de Luz.
.
CAPITULO V
A festa se estendeu até de madrugada com milhares de pequenos fachos cintilantes
que emanavam reflexos coloridos; a música envolvente das joaninhas despertava emoção
e graça entre os participantes do baile; suas danças e trajes eram comentados até na corte
francesa. Os tambores foram silenciando à medida que os raios do sol iluminavam a
floresta, o dia nascia e, no corre-corre, deixaram sapatos, suspensórios e gargantilhas
jogadas no chão, pois a felicidade era a canção maior percebida em cada olhar daquele
reino. Enquanto isso... a escuridão caia tão forte na floresta central que, de longe, se
podiam ouvir os gritos de dor e desespero daquele reino, antes tão magnífico; as flores
começavam a perder as pétalas e o mau cheiro já se sentia ao cruzar os portões. 25
Todo reino de D. Grilo V envolvia-se no negro véu da noite sem fim,
mergulhado num pântano de lágrimas. O rei sabia do seu destino. Em breve
seria somente dor e tristeza, pois a escuridão que envolvia aquele reino era
mágica e doía muito por envolver inocentes. Uma eternidade sem luz, sem o
cantar dos xi-xi-xis, nem o tilintar dos louva-a-deus, nem as algazarras das
cigarras nas tardes de outono. Só haveria um terrível silêncio... Somente as
lembranças de dias vividos... No entanto seu coração teimava em acreditar que,
na adversidade, nasceria uma nova esperança, que ele ainda viveria dias
maravilhosos.
D. Grilo V nunca poderia imaginar que uma eternidade fosse tão longa,
sua agonia parecia não ter fim, seus gritos cessaram a medida que a sua floresta
sucumbia naquele silêncio cósmico. De repente, um som. Como num
despertar, D. Grilo escuta sons, gritos e risos de quem festeja... Tenta levantar-
se e só então percebe que suas lindas pernas, antes tão cobiçadas, prendem-se,
não obedecem ao seu comando. Seus braços se soltam e ele começa um ritual
para livrar-se da lama, arrasta-se como um louco fugindo daquele mundo
fétido, e quando se dá contas, está diante dos muros do palácio de Vaga-Lume
III. O muro de cristal parece intransponível .
CAPITULO VI
Passou-se muito tempo e outra vez era festa no reino de Vaga-Lumes III.
Todos se vestiam a caráter, pois tinham sido convidados para assistirem a
coroação da princesa dos vaga-lumes.
Facho de Luz tornara-se uma princesa má, arrogante, convencida e cruel.
Seu povo já não era tão feliz e era o dia da sua coroação; ela reinaria uma
eternidade. Carruagens a postos, Facho de Luz é aclamada no centro da
multidão.
- Saiam do caminho! Curvem-se todos!
Ao máximo da sinfonia das cigarras, com o inconfundível xi-xi-xi, todos
devem aclamar a nossa rainha; Viva a rainha! Viva Facho de Luz!
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Fileiras de joaninhas vestidas a rigor, percevejos e escaravelhos com gravatas
borboleta causando ódio e embaraço entre as borboletas azuis, que se recusavam a
participar da festa se não mudassem os trajes: - “borboletas devem ser vistas no céu,
desfilando, causando impacto no ar e não presas ao pescoço como enfeites”.
Os tambores ecoaram e o velho monarca desce as escadarias do palácio e anuncia
que dentro em breve inicia-se a nova era dos vaga-lumes e da floresta menor, pois sua filha,
a bela Facho de Luz, fará o tradicional desfile na carruagem real usada há cem eras, quando
aclamado rei dos vaga-lumes. Pede aplausos para Facho de Luz, que desde graciosamente
as escadarias, ao som harmonioso do coral de cem mil abelhas. Aclamada por milhares de
vozes, a princesa é conduzida pelas borboletas azuis que suavemente deslizam como se
fosse de plumas ao vento, levando a soberana à carruagem para que comece o desfile entre
as tropas agrupadas ao seu reino... Percevejos, joaninhas, escaravelhos, besouros e enxames
de abelhas de todas as raças e credos... Facho de Luz, veste a exclusiva criação de Merry
Troam, um grilo vindo de France para vestir a soberana.
Todos atentos ao comando da rainha, quando um velho grilo, tentando tirar as
escadas dos olhos, passa em frente à carruagem real. Ouve-se então a voz inflexível da
soberana: - Tirem esse velho do meu caminho! Quem ousa atrapalhar a minha festa? Saia
do caminho ou eu passo por cima. Todos correm para ver de quem se trata. O
comandante do exército, o famoso general Asmed, um vaga-lume intelectual, que perdera
as eleições para o senado devido a seus discursos inflamados; vê-se diante de um quadro
patético. O general das brigadas anti-bomba, desesperado, pula as grades do palácio, pois a
cabeça do todos está a prêmio, e a pergunta continua na multidão: Quem será tão corajoso
a ponto de enfrentar o ódio de Facho de Luz? Silêncio geral... o conselho dos príncipes
recolhem-no e, com lágrimas nos olhos, pedem a Facho de Luz que desça da carruagem e
passe três vezes em frente ao estranho - era praxe no reino. Facho de Luz, inteligente, não
poderia deixar de atender em público um pedido da corte, descendo da carruagem,
executa o ritual automaticamente. Passa a primeira, segunda e terceira vez. Intrigada,
pergunta ao conselho se faz parte da coroação. Silêncio geral. Ouve-se apenas a voz da
rainha: Saia da minha frente, velho imundo, ou eu passo por cima, já atrasastes demais a
minha festa.
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O velho rei resolve então dar um basta naquela situação
incômoda que atrapalha a coroação da sua filha, e para
estarrecido diante do estranho; põe a mão na boca perplexo e
rasga os vestidos, ordena a todos que se curvem em reverência e
respeito – Então grita à rainha: Abaixe esse chicote e ajoelhe-se,
Facho de Luz, e passe mais uma vez, de mansinho, mas passe só
mais uma vez, este velho imundo é o nosso libertador, que
voltou do lodo e da lama, para ver o teu dia! Filha... Deixe-me
contar-lhe uma história de redenção e amor. Há uma eternidade,
ele vive no lodo e na lama em nosso lugar. Para que a nossa luz
brilhasse, a dele foi apagada; ele sofreu nosso castigo e morte,
para que pudéssemos viver.
Todos se curvam diante do velho monarca e Facho de Luz
começa um choro vindo da alma; suas lágrimas lavam seu
espírito e seu coração. Ajoelha-se, e beija-lhe o pé, e diz em
soluços: Amigo, por amor de mim e do meu povo, sofreste
nosso castigo e dor. Te darei minha vida e meu amor. Meu
reino, e tudo que tenho pertence a ti, e para sempre, serás o meu
rei, e eu serei eternamente agradecida.
Facho de Luz, a rainha dos vaga-lumes, decreta a todos os
milhares de seres que povoam a floresta menor, e aos agregados
ao seu reino, percevejos, joaninhas, escaravelhos, besouros,
abelhas, louva-a-deus e cigarras e a todos que escolhem a floresta
como lar: Que todos devem buscar viver em perfeita harmonia
com a natureza, preservando-a, respeitando-a, e amando a terra,
e só assim, os povos poderão viver em paz para sempre.
Facho de Luz
A Rainha dos Vaga-Lumes.
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Amor com amor se paga
... E se apaixonaram perdidamente (era assim que se
falava antes, pois os jovens não costumavam “ficar” como
fazem hoje).
Mas, como em toda história de um grande amor,
havia um obstáculo: a família do rapaz (tradicional) não
concordava com o amor dos dois e o rapaz não ousava
contrariar os pais.
Iniciou-se então um relacionamento secreto; os dois
passaram a se encontrar às escondidas.
A jovem, ao contrária de muitas de sua idade em
igual situação, não enfrentava e nem afrontava os pais do
rapaz; ao contrário, procurou, em silêncio, conquistá-los.
Como fosse uma moça muito prendada (também era
assim que se falava naquela época) passou a usar seus
conhecimentos de prendas domésticas na demonstração
do quanto a família do seu amado era importante
para ela. Sempre que um dos dois (o pai ou a mãe do
rapaz) aniversariava, ela passava a noite preparando
toda espécie de iguaria (doces finos, salgadinhos) e, em
combinação com o namorado que lhe abria a porta
bem antes de o sol raiar, arrumava magnífica mesa do
café da manhã para o(a) aniversariante. E quando a
família levantava e se dirigia à mesa para a primeira
refeição, que surpresa! Lá estavam as melhores
guloseimas em uma mesa carinhosamente arrumada.
E assim fez por anos a fio.
Até que um dia... os pais vencidos pela dedicação
daquela moça, pediram ao filho que oficializasse a
união com ela, mesmo porque, esta já era abençoada
com os primeiros filhos.
E assim foi: os dois se casaram e foram muito
felizes!
Parte final
29
AXIXÁ
Berço Meu idolatrado,
Orgulho de minha vida,
Motivo de tanta lida,
Recanto sempre amado.
Terra do amor e de paz
Causa de tanta ânsia,
Recordação da infância
Que no longínquo jaz.
Sonho bom de muitas noites
Atribuladas e tristes,
Nas quais a saudade existe
Torturante como açoites.
Encanto do anoitecer,
Quimera da madrugada,
Concerto da passarada
Saudando o alvorecer.
Terezinha Almeida
POESIA
Maria Eugênia Lemos Serejo Anacleta Eugênia Ribeiro
Poesias contidas em: Monografia de Axixá (Terezinha Almeida); Tristezas e Alegrias (Anacleta Eugênia Ribeiro); Deus é Algo do Universo (Maria Eugênia Lemos Serejo).
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Desenhos: Cleiton (303 – vespertino) , Jânio (matutino), Jhoseph, Charlisson (303 – vespertino); Pintura: Marco Antônio, Laice Fernanda (302 – vespertino), Amaury, Ana América (303 – vespertino) e a professora Telma Dutra
“ O homem Amarelo” – Anita Malfatti Cleiton Lima Brandão: a obra inacabada
Releitura de “A boba”, de Anita Malfatti
“Morro Vermelho “, de Lasar Segall
Releitura de “Café”, de Cândido Portinari “Operários” , de Tarsila do Amaral
“Abaporu”: Tarsila do Amaral
“O mulato”, de Di Cavalcanti
O Modernismo, originado dos MOVIMENTOS DE VANGUARDA NA EUROPA, deu ao homem do século XX uma nova visão da realidade, mostrando que nem sempre as coisas são certinhas como gostaríamos; e uma lição: de que o diferente não é necessariamente o inferior. No Brasil e no mundo, as diversas manifestações artísticas demonstram que “Nem só do belo vive a arte” mas também da dor que torce o ser humano, fazendo-o contorcer-se em seus dramas, expostos no expressionismo de Anita; na exploração da força de trabalho que Portinari consciente ou inconscientemente denunciou; na beleza negra captada pelo olhar arguto de Di Cavalcanti, preterida aos ideais de beleza eurocêntricos e. nas estéticas artísticas acadêmicas Neste trabalho de releituras, a arte também vive de talentos anônimos, que mal tiveram tempo de se revelar, vítimas de atitudes ditadas por impulsos que transitam entre o dadá e o surreal das telas da vida.
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Pedra da Santa Cruz – Retrato falado
Painel de interiores – Domingos Batista Lima
Cachoeira do Tanque – Miguel Protázio Painel de interiores – Domingos Batista Lima
Imagens: É Nóis na Cultura
Domingos Batista Lima é o nosso entrevistado como
personalidade axixaense de destaque nas artes plásticas
Amilton Oliveira é professor de Física no Ensino Médio (por profissão), dramaturgo (por
emoção) e gravurista (por opção de robe)
Miguel de Jesus Protázio é artista plástico, compositor e membro de uma família que
tem projeção expressiva em Axixá, nas diversas áreas sociais: na política, na
educação e na cultura.
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Joanderson, o
jovem estilista e
suas criações:
idealizando,
apresentando ou
representando,
revela talento
nato
A idealização
do estilista
e a
interpretação
da artista da
costura: nota
10
No
modelo
das notas
musicais,
a nota se
repete:
10
33
O corpo
coreográfico da
Banda Marcial do
C. E. Estado do
Acre (abaixo)
desfila a graça da
criação de
Joanderson
Luciana Nogueira
(abaixo) é mais
uma baliza (do
pelotão de música,
C. E. Estado do
Acre) estilizada por
Joanderson.
As guardiãs do
estandarte da Banda
Marcial da U. I. Maria
Pereira Reis (acima)
também vestem uma
criação assinada por
Joanderson 34
ARTESANATO AXIXAENSE TEM
REFERÊNCIA NA FAMÍLIA VEIGA
Artífice das fibras vegetais, tem o trabalho continuado pela
família em Munim-Lençóis e o reconhecimento dentro e
fora da região
Além do bumba-boi, Axixá
também se destaca através do
artesanato, ostentando forma de
expressão diversificada. Sem perder
de vista a sustentabilidade que
garante fonte de renda com
perenidade, os artesãos axixaenses,
entre outros componentes de
matéria-prima, encontram na fibra
vegetal o aliado perfeito, sua grande
inspiração para dar cor, forma e
elegância às peças idealizadas.
De utilitários a peças
decorativas, há opções para todos os
gostos: bolsas de fibra de buriti (cujo
tempo de confecção é de três dias),
jogo americano confeccionado com
a vassoura da juçara (açaí) e fibra de
buriti (o jogo completo de cinco
peças é produzido em um dia); a
coluna, peça decorativa para suporte
de vasos de planta, é produzido em
vara de quina (extraída na caatinga,
de forma sustentável) e consome dois
dias na produção de uma peça
pequena.
Em matéria concedida com
exclusividade a É Nóis na Cultura, a
artesã Janete apresenta uma parte desse
acervo, exposta no espaço Mário Veiga,
na pousada Quebra Anzol, município de
Morros, vizinho a Axixá.
O nome do espaço é uma
homenagem ao grande artesão axixaense
que se destacou na produção de
artesanato em fibras diversas e hoje, já
falecido, tem o seu trabalho continuado
pelos filhos.
35
É importante ressaltar que o artesanato é
uma expressão cultural herdada de uma
vocação nacional primitiva (legada pelos
índios) e enriquecida pelas demais identidades
étnicas que formaram o nosso Brasil; é
protagonista de peso no desenvolvimento
econômico da região e, portanto, um alvo a ser
colocado entre as prioridades das políticas
públicas do nosso município, já que autonomia
econômica pelo trabalho faz bem a autoestima
e consolida a dignidade, fato que bem ilustra a
marca Mário Veiga, uma referência que
consegue conciliar crescimento e
desenvolvimento.
Reportagem: Franciele Pinho, Lurdes Mila,
Josilene Pestana, Kássia
Imagemns: Claudetino, Luís Rocha e Taiane
Além desses artigos, são disponibilizados
ainda: cestos, anjos para decoração natalina e
gaiolas para ambientação, conforme se pode
conferir na exposição de imagens. Além dos
irmãos Veiga (Júnior e César) especializados em
artesanato com fibra de quina, outros
axixaenses se destacam em diversas categorias
de artesanato: Domingos, Isabel Pinho
(bijuterias), Luziene Rocha (miniaturas de
bumba-boi), Concita Rocha (crochê e bordado),
Naira Pinho (bordado), Janete Silva (artesanato
com barbante, bordado e crochê).
A equipe de
reportagem
posa usando
produtos do
artesanato
exposto.
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HINO DE AXIXÁ
Letra de MARY SILVA FONTOURA
Música de JOSÁ MARIA COSTA FONTOURA
I
AXIXÁ, rincão estremecido
Berço régio querido
Abençoado por Deus
AXIXÁ, o teu nome sagrado
Lembra um nobre passado
E os heróis filhos teus
Em meus versos
De amor decantado
Em meu peito inspirado
Transbordante de ardor
AXIXÁ, te quero ver
Resplendente de fulgor
II
Na margem do Rio Munim
Paira sempre soberba imagem
Majestosa e juvenil
Encerrando belezas mil.
III
De heróis fala tua história
Tua vida é cheia de glória
Sobranceira e varonil
Serás grande no Brasil
O Hino de Axixá foi composto em1967. Foi aprovado pela Câmara através da Lei nº 83 de 23 de setembro de 1967. Foi cantado pelo povo, pela primeira vez, no dia 23 de setembro do mesmo ano, data em que Axixá comemorou o seu 50º aniversário ALMEIDA. Terezinha de Jesus. . História e Vida de
Axixá
CINCO LETRAS Donato Alves Boi de Axixá Como eu adoro tanto A linda terra onde eu nasci Minha maior alegria É quando eu volto pra te rever Estas cinco letras Que você lê de qualquer jeito Saudade no meu peito, Meu querido Axixá, Eu não posso te esquecer Tu para mim És igual ao brilho da lua Cobrindo a paisagem Nas lindas noites de verão O teu retrato Em minha mente Está sempre gravado É porque sou teu namorado Por isso eu te dei meu coração O teu retrato Em minha mente Está sempre gravado É porque sou teu namorado Por isso te dei meu coração
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Sabor de Mel
Damares
O agir de Deus é lindo
Na vida de quem é fiel
No começo tem provas amargas
Mas no fim tem o sabor do mel
Eu nunca vi um escolhido sem resposta
Porque em tudo Deus lhe mostra uma solução
Até nas cinzas ele clama e Deus atende
Lhe protege
Lhe defende
com as suas fortes mãos
Você é um escolhido
E a tua história não acaba aqui
Você pode estar chorando agora
Mas amanhã você irá sorrir.
Deus vai te levantar das cinzas e do pó
Deus vai cumprir tudo que tem te prometido
Você vai ver a mão de Deus te exaltar
Quem te vê há de falar
Ele é mesmo o escolhido.
Vão dizer que você nasceu pra vencer
Que já sabiam porque você
Tinha mesmo cara de vencedor
E que se Deus quer agir ninguém pode impedir
Então você verá cumprir cada palavra
Que o Senhor falou,
Quem te viu passar na prova
E não te ajudou
Quando ver você na benção
Vão se arrepender
Vai estar entre a plateia
E você no palco
Vai olhar e ver
Jesus brilhando em você
Quem sabe no teu pensamento
Você vai dizer
Meu Deus como vale a pena
A gente ser fiel
Na verdade a minha prova
Tinha um gosto amargo
Mas minha vitória hoje
Tem sabor de mel.
Tem sabor de mel
Tem sabor de mel
A minha vitória hoje
Tem sabor de mel. Disponível em: http://letras.terra.com.br
Música com que a aluna Lanna Raíssa (foto) louva a Deus pelos 94 anos de emancipação de Axixá.
Foto:Ully Bianca
Os que com lágrimas semeiam, com júbilo colherão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, com júbilo trará sua colheita. Sl 126. 5-6
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Créditos de todas as imagens: É Nóis na Cultura
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Axixaenses, como D. Antônia Aragão,
que ainda conserva o hábito gostoso
de sentar à porta, nos finais de tarde,
para usufruir da tranquilidade com que
Deus contemplou esta Cidade
Presentes
para os olhos
como este:
a beleza e a
delicadeza da
flor do algodão
A visão espetacular do
pé de pau d’arco em flor, na
rua 23 de Setembro
Novas opções para se vestir
bem; farmácia de plantão
Esta visão da Av. Magalhães de
Almeida que leva ao cais
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Ideb Observado Metas Projetadas
Escola 200
5
200
7 2009
200
7
20
09
201
1
20
13
201
5
201
7
201
9
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1
UE PROFESSORA MARIA
PEREIRA REIS 4.0 5.1 4.2 4.5 4.8 5.1 5.4 5.6 5.9
CopyRight MEC - INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
Telecentros com Internet
para o letramento digital
Escolas com excelente infraestrutura Biblioteca pública para incentivar e
desenvolver a cultura leitora
42
Espelho de Axixá
Foto de Vicente A. Queiroz – panoramio.com
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Elevado à categoria de vila com a denominação de Axixá, pela lei estadual nº 758, de 17-041917, foi desmembrado de Icatu. Sede na Vila de Axixá.
Pelo decreto estadual nº 75, de 22-04-1931, é extinto o município de Axixá, sendo seu território anexado ao município e Icatu.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o distrito de Axixá figura no município de Icatu.
Elevado novamente à categoria de município com a denominação de Axixá, pelo decreto estadual nº 844, de 12-06-1935. Sede no antigo distrito de Axixá. Constituído do distrito sede.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído do distrito sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.
Gentilíco: axixaense
AxIxá Maranhão - MA Histórico - Fonte: IBGE
O POVOADO foi desenvolvido à margem esquerda do rio Munim. O topônimo caracteriza uma árvore grande, de frutos avermelhados, encontrada às margens do rio Munim, próximo ao porto.
O Município de Axixá foi colonizado pelo português Manoel José de Pinho e outros, que mandaram buscar em Portugal uma imagem de Nossa Senhora da Saúde, Padroeira da Cidade, para a igreja ali edificada.
Após a queda da Monarquia, Axixá foi anexado a Icatu, passando a constituir seu 2.° Distrito. Em 1917, voltou a ser independente, sendo então instalado como Município.
Em 1930, com a revolução, foi reintegrado a Icatu, só reconquistando a sua autonomia anos depois. Formação Administrativa
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, Axixá figurava como distrito do município de Icatu.
Imagem:www.novomilenio.inf.br
Imagemturismopelobrasil.net
Imagem do Google
Imagem: É Nóis na Cultura
44
MUNIM-MIRIM: TUDO COMEÇA AQUI
RUÍNAS, MARCOS E LENDAS CONTAM, NO SILÊNCIO, UMA
FASCINANTE HISTÓRIA, DENTRO DA HISTÓRIA DO BRASIL
Por: Ana Paula e Slyde Rangelli
Foto
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Nó
is n
a C
ult
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Marcos históricos em Munim-mirim Margem esquerda do rio Munim
Imag
em
do
Go
ogl
e
Ao redor das ruínas, existe uma grande quantidade de pé de
cacau que, provavelmente, foi plantada pelos colonos. No mesmo
período em que essas ruínas foram construídas, foram feitos
também os casarões do centro histórico de São Luís. Ainda nesse
período, o cacau era uma das principais riquezas do país.
Cogita-se a existência provável de índios no local antes da
chegada dos portugueses, pois existiu, há algumas décadas, um
índio chamado Manuel de Couro (popularmente conhecido como
Mané de Couro), sobre o qual diziam ser muito estranho: havia, na
época, boatos de que ele virava bicho e era feiticeiro; além disso,
confeccionava objetos de barro.
As lendas que existem sobre as ruínas contam que existe um
jacaré de ouro dentro de um poço; alguns falam da existência de um
forno de ouro.
Uma observação importante é sobre a localização da Igreja
da Luz, no povoado de Belém; esta fica na confluência de dois rios:
Iguará e Munim. A construção da igreja está ligada à evangelização
e simbolizava o domínio religioso, cultural e político. Entretanto,
existe uma versão de que ela foi construída, não para celebração de
culto e sim como disfarce: serviria como forte para atacar navios
estrangeiros.
Nos diferentes pontos do Brasil, podem ser encontradas
hoje marcas dos passos de aventureiros e colonizadores
portugueses.
Aqui em Axixá, no povoado de Munim, existem algumas
dessas marcas que comprovam que este município tem uma longa
história, nas entrelinhas das ruínas daquela localidade.
Quando se fala em história de Axixá, geralmente é
citado, como marco inicial, 23 de setembro de 1917, data da sua
emancipação política; mas, além desses 94 anos de emancipação,
existem muitas outras histórias.
Devido à localização geográfica, colonos tiveram a sua
vinda de Icatu facilitada pelo rio Iguará, estabelecendo-se na
região.
As ruínas comprovam a tentativa da construção de uma
vila ou de um engenho. Encontram-se ainda dois poços de pedra:
um quadrado, onde se lê a data de 1821 e outro redondo, dentro
do qual muitas pessoas acreditam existir ouro. Quando foi
construído o poço quadrado, o Brasil ainda era colônia de
Portugal, um ano antes da Independência.
Existe uma calçada soterrada por areia, com alicerce no
cemitério e várias colunas de pedra de quase um metro de
espessura que, pela sua distribuição, lembra a estrutura de um
templo religioso, ou uma grande casa .
45
Distante cerca de 12 km da Sede do município de Axixá, o
povoado Munim-mirirm localiza-se na cabeceira do rio Iguará, um afluente do rio Munim.
O rio Iguará deságua próximo à cidade de Icatu. No povoado Munim-mirim, encontram-se várias ruínas históricas,
que fazem parte dos vestígios mais antigos do município de Axixá. Devido à sua localização geográfica, a história de Munim-Mirim
está provavelmente, ligada à colonização do município de Icatu. Sabe-se que anteriormente as principais vias de acesso para se adentrar no território eram os rios. Como Munim-mirim fica estrategicamente na cabeceira do rio Iguará, este fator facilitou para que alguma família ou varias famílias acompanhadas de escravos se estabelecem nessas terras e, a partir de então, fundassem uma pequena vila, um engenho ou uma fazenda.
Não se sabe o ano, nem o nome das pessoas que primeiro se estabeleceram no local, mas segundo informações de moradores antigos, o grupo dos primeiros colonos reunia um barão, um padre jesuíta e escravos.
Certamente, antes da chegada destes, deviam existir índios, pois, há algumas décadas, ainda vivia um índio chamado Manoel de Couro.
Quanto às construções, hoje em ruínas, encontram-se dois poços de pedra: um em forma de circulo, no qual muitos ainda acreditam existir ouro e o outro, no formato quadrado; há uma calçada já soterrada pela areia, um alicerce que, segundo se acredita, seria uma capela ou um cemitério. Existem também vários colunas feitas de pedra e argila que lembram, pela sua distribuição, a estrutura de um templo ou de uma grande casa para abrigar uma família nobre. Em um dos poços de pedra, consta a data de 1821, um ano antes da Independência do Brasil. Porém não se sabe se todas as construções foram concluídas. O conjunto das ruínas está localizada no meio da mata, mas de fácil acesso.
Destacam-se, próximo às ruínas, andirobeiras, mangueiras e o mais curioso: um grande sitio de cacau, com forte evidência de que foram os colonos que os cultivavam.
A data de 1821 e a plantação de cacau é um elo da história de Axixá com a história do Maranhão e do Brasil. Basta lembrar que, no início do século XIX, a economia do Maranhão estava em alta e o cacau começava a enriquecer muitas famílias na Bahia. Também na primeira metade do século XIX, foram construídos muitos casarões em São Luís, o mesmo período em que foram erguidas as construções do povoado Munim-mirim.
A história de Munim-mirim, Axixá, é uma extensão da colonização brasileira. A posse da terra e fazer com que essa terra produzisse eram garantias da estabilização econômica e, consequentemente, do poder de uma família na época.
Grande parte da história de Munim-mirim se perdeu no tempo e não se sabe o que realmente aconteceu com os primeiros colonos.
Dizem os mais antigos que a família nobre foi assassinada e que o padre jesuíta era falso, não era padre de verdade e sim alguém disfarçado para obter prestígio e obediência entre os colonos. Existe outra versão, a de que a família do barão foi embora fazer fortuna em outra região, talvez não conseguiu ascender economicamente.
Mas o certo é que, desde este período, deu-se inicio à formação do povoado que atualmente reúne cerca de 100 famílias remanescentes de quilombo. Isso prova que os escravos não abandonaram o local.
Portanto, o município de Axixá também marcou presença na localização desse episódio. Venha conhecer!
MUNIM-MIRIM: TUDO COMEÇA AQUI - AMPLIANDO A VERSÃO
Fonte: Valter de Jesus e Silvia Carvalho Pesquisa: Gracilene, Jhonathan, José Domingos, Luzenilde, Verenilton Plano de fundo: imagem do Google 46
Acredita-se que hoje é muito pouco o que a comunidade sabe
referente ao tamanho da riqueza cultural que tem o povoado do Munim-mirim para esta cidade e para o nosso Estado; porém, alguns moradores comentam fatos bastante interessantes para a nossa história.
O povoado que vamos retratar foi habitado por jesuítas que primeiro se implantaram na vila Santa Maria, na cidade de Icatu e depois, subindo a margem a esquerda do rio Munim, seguiram em um dos seus afluentes (conhecido como braço de rio). E próximo a sua nascente montaram uma fazenda e a denominaram de fazenda Munim-mirim que ficava em parceria com a aldeia de São Gonçalo onde hoje ainda existe a Igreja da Luz. Estes Jesuítas, no meio do século XVII, foram expulsos da fazenda por ordem do Marquês de Pombal que também mandou entregar toda a fortuna, terras, escravos e até as ferramentas ao militar* da família Cantanhêde Gotes. Este militar assumiu em sistema morgado e passou a comandar o quilombo. Os escravos que ali existiam, em sua maioria de sobrenome Teixeira, ajudavam seus patrões no cultivo do cacau, na criação de animais e na extração de pedras que, com o tempo, passaram a ser comercializadas e transportadas através do rio Munim para S. Luís e Alcântara.
Os patrões construíram, nas terras de Munim-mirim, o casarão, obra cujas ruínas ainda podemos ver; criada para alojamento dos escravos; ainda existem algumas colunas, a casa grande era uma referência dos patrões; ainda existem nas proximidades vestígios das escadas de pedra e um grande poço de pedra-cal onde havia uma grande corrente.
Já no inicio do século XIX, dentre os escravos, havia um que se destacava pela sua revolta e por ser um tipo de índio, ele tinha uma argola no seu lábios inferior e nas orelhas; o seu cabelo era muito comprido e cheia de tranças; todos o chamavam de Mané de Couro;
quando ainda escravo, fugiu do quilombo e se refugiou nas matas e foi caçado por cães, capturado e acorrentado, mas nunca concordava com as atitudes dos patrões e lutava sempre pela sua liberdade.
Sabe-se que, após 1888, depois da abolição da escravidão, os patrões começaram a esconder as suas riquezas, com medo das ações dos escravos. Depois de algum tempo, deixaram o local das terras, daí os Teixeiras, a família negra de ex-escravos, começaram a povoar a comunidade e se espalharam para outras localidades.
Mané de Couro ficou morando nas ruínas durante algum tempo e tinha uma espécie de canoa de varias vogas (remo grande) e com um tipo de manivela fixada a uma grande roda de madeira, engenhosamente fabricada por ele, movimentava as vogas e viajara sozinho no leito do riu Munim. Após alguns anos, Mané de Couro, já envolvido na comunidade e bem mais velho, participava dos movimentos culturais com os demais moradores; neste período havia uma grande diversidade de manifestações deixadas pelos escravos como o minangô, o tambor de crioula, a capoeira e uma brincadeira engraçada crianda por Mané de Couro: com um pedaço de pau na mão ele mandava fazer uma roda de jovens que cantavam a seguinte musica:“Corre, corre, depressa/Fecha a porta do escritório/Que lá vem Mané Vitório/Com o “cacete pra brigar”
Por: Elenice, Doraci e Aldemir
Plano de fundo: Colunas do Munim – sítio arqueológico em Munim-mirim
Imagem: É Nóis na Cultura
Munim-mirim: histórias contadas
Lourival
Teixeira: neto
de escravos,
descendente da
família que
povoou
Munim-mirim
* Segundo pesquisas realizadas pelo axixaense Antônio Oliveira, irmão do professor Amilton
Oliveira, o militar era o capitão Manoel Araújo Cantanhede 46
Fo
to: É
Nó
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ult
ura
46 46
Moldura: intuitifnews.blogspot.com
A origem de Icatu é di
retamente ligada à batalha de
Guaxenduba (16l4), que marca a ex pulsão dos franceses pelos
portugueses ,do Maranhão. Aliás, o nome primitivo da vila, era Ar
raial de Santa Maria de Guaxen
duba, dado por Jerônimo de Al
buquerque, o comandante portu
guês. " Em 1688 mandou Sua Ma
jestade fundar nesta localida
de uma vila,
o que se cumpriu.
Conhecida também como
Águas Boas, essa povoação fica
numa distância de quase 20 Kms
do Icatu, no litoral em direção
Leste. Hoje um babaçual cresceu
por cima das ruínas da antiga
igreja e do cemitério, terreno
que já foi diversas vezes roça
do conforme as informações dos
moradores atuais do local, que
é conhecido sob a denominação
de "Vila Velha".
Fundada nesse local
em 1688, foi pedida a transfe
rência para um local mais apro
priado, por uma representação
dos ofíciais da Câmara de San
ta Maria do Icatu, no dia 30
de julho de 1755. Essa repre
sentação esclarece as razões da
transferência:
"(...) (a vila) manda
da fundar por S. Majestade, há
mais de 60 e tantos anos, se
achava de toda extinta de mora
dores e sua escravatura pela pa
ragem ser muito doentia, e por
essa causa se não animavam mui
tos moradores deste Estado a vi
rem para ela pelo que estavam
presenciando na mortandade. Es
ta ruína se podia remediar, man
dando S. Majestade que a vila
se mudasse para outro lugar vi
zinho sobre o mar, que os havia
muitos suficientes, juntos a
mesma vila, com abundãncia de
pesqueiros para os pobres passa
rem a vida melhor, sem que esta
mudança causasse detrimento por
que na dita vila se não achava mais que a igreja matriz cober
ta de telhado, e tudo dela se
podia aproveitar: o mais eram
umas casas de madeira cobertas
de palha, que tinham pouca dura
ção, e se não faziam outras mais
capazes era por verem que ai não
se podiam conservar, como tam
bém pela falta de comércio por
ficar fora de passagem, e o por
to de mar distante, e por esta
razão padeciam muita falta de mantimentos, que costumavam vir
de outras partes, e estes lhe eram
muito necessários(...)
El-Rei D. José, então;
3 MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão. são Luís, 1870. ( Reeditado pela SUDEMA, Cal. são Luís, V. 3, 1970.p. 66.
pede ao Governador que ouça "o
Ouvidor, a Câmarar a nobreza e
o povo". O Governador Gonçalo
Pereira Lobato e Sousa, achando
justo tal pedido, muda a vila
para a "Boca do Muni", frontei
ra ao .rio Perá Juçara, "que vul
garmente chamam" Tapera do Muni",
pela razão de ser este lugar de
bom terreno para fundação, com
planície suficiente para a plan
ta da dita vila, bom porto e
passagem de todos os viandantes
que desciam e subiam pelo rio
Iguara" como dizia nova infor
mação da "Câmara, nobreza e povo" de 20 de novembro de 1756.
Vale registrar-se as observações a respeito das moradias "casas de
madeira cobertas de palha, que tinham pouca duração e se não
faziam outras mais capazes era por
verem que aí não se podiam conservar
"- que apontam para a dificuldade
de se adaptar técnicas de construção
Importadas.
Assim, o local é escolhido depois da vitória de Guaxenduba em função
desta vitória; e, antes da
colonização do Vale do Munim, se revelava completamente
inadequado.
cf NARQUES, Cesar. Aguas Boas. op , cito P. 66. 5 MARQUES, Cesar.
ido ibidad. Pesq. são Luís, ~(2) 145 - 159,
]ul./dez. 1989
3 - ICATO: A CRUZ DA VITÓRIA
47
esteeste queridoquerido filhofilho dada terraterra
ee aquiaqui brindabrinda oo públicopúblico leitorleitor comcom algumasalgumas memóriasmemórias históricashistóricas..
48
49
“Nos tempos antigos Axixá era um matagal, hoje a maioria das ruas já está asfaltada” Augusto Cantanhêde Lima, 56 anos 1. Como se iniciou a colonização da cidade?
Em 1819 chegou aqui uma comissão vinda de Portugal de 6 pessoas e fixaram residência no povoado de Munim-Mirim, onde até hoje se encontram as ruínas dessa 1ª colonização. (Colunas de um possível casarão e marcos datados de 1821), eram senhores de escravos que por eles foram comprados na África e se instalaram nos povoados de Jaúma, Bacuriantã e na ilha de Saldanha. Todos esses povoados ainda conservam marcos ou ruínas da presença de nossos primeiros habitantes. 2. E sobre os padres jesuítas que muitos acreditam terem vivido aqui?
Não houve padres jesuítas na nossa colonização, eles eram muito religiosos e usavam batinas marrons e foram identificados por isso como padres. Eles eram piratas que o Brasil pagara uma onda de ouro e o navio chamava-se Massada e eles dirigiram esse navio para a costa do rio Munim. Eles entraram na nossa região para esconder uma carga preciosa de minério, criaram uma nova colonização com os escravos que trouxeram; supõe-se que tenham escondido esse ouro em vários lugares de Axixá. Em 1870, o Marquês de Pombal, assumindo o governo de Portugal como 1º Ministro do Reinado de D. José, mandou prendê-los aqui e levá-los para Portugal onde foram mortos e enforcados. Logo depois chegaram, o que se supõe serem, os parentes a procura dos tesouros escondidos. 3. Quem, além destes, vieram pra cá?
Também vieram os Martins algum tempo depois, os Pinhos e os Cantanhedes, todos descendentes de Portugal, fundando então assim a vila de Axixá. 4. Depois de todos esses anos que se passaram, como você acha que está a nossa cidade hoje?
A cidade de Axixá hoje está linda, pois, apesar de ser da oposição, sei reconhecer que temos uma prefeita que está cuidando muito bem da nossa cidade. Axixá, nos tempos antigos, era um matagal; hoje a maioria das ruas já está asfaltada. Por : Francimara, Kássia e Rosana
50
*A data comemorativa tem como referência o primeiro processo emancipatório que data de 1917
Bandeira Partitura do Hino de Axixá
Escudo
Terezinha de
Jesus Almeida e
Abílio César
Cantanhede Reis
foram os
idealizadores do
escudo
axixaense
Gontran Vieira
Brito idealizou
a bandeira
axixaense,
hasteada pela
1ª vez em 23
de setembro
de 1970, na
prefeitura, no
aniversário da
cidade
Fonte: ALMEIDA. Terezinha de Jesus. História e Vida de Axixá. Tricasil. MA. 1982
51
MAPA DA SEDE DE AXIXÁ
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Disponível em: ALMEIDA. Terezinha. História e Vida de Axixá. Tricasil. MA. 1982
52
Adelino da Fontoura Chaves nasceu em Axixá/MA, 30/03/1859 e faleceu em
Lisboa/Portugal, 02/05/1884. Ainda muito pequeno começa a
trabalhar e trava contacto com Artur Azevedo – amizade que perduraria.
Mudando-se para o Recife, onde alista-se no Exército, colaborando numa publicação chamada “Os Xênios”, de teor satírico. Inicia, também a carreira de
actor, voltando ao Maranhão natal para uma apresentação – cujo papel rendeu-lhe a prisão. Após este fato, decide
mudar-se para o Rio de Janeiro, para onde se mudara o amigo Artur Azevedo, anos antes. Tendo sido o “Gazeta da Tarde” comprado por José do Patrocínio, e estando Adelino doente, vai à Europa como correspondente em Paris
e pensando tratar-se mas, com o rigor do inverno, piora.
Pretendia seguir carreira teatral e no jornalismo, falhando na primeira. Colaborou nos periódicos “Folha Nova” e “O Combate”, de Lopes Trovão e em “A Gazetinha”, onde Azevedo escrevia
(1880). Participara junto a outros jovens talentos do jornal “A Gazeta da Tarde” – que seria aziago, no dizer de Múcio Leão,
pois, em menos de 3 anos de sua fundação, os seus criadores haviam todos
morrido. Vai a Lisboa onde, apesar das instâncias de Patrocínio para que volte ao Brasil,
tem seu estado agravado e vindo prematuramente a falecer. Tinha apenas vinte e cinco anos, e nenhuma obra publicada. Sua obra, esparsa, constitui-se em cerca de 40 poesias, reunidas pela primeira vez na Revista da Academia (números 93 e
117). Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/
PÁGINA DESCONHECIDA
À brisa, ao sol, à serra, à flor silvestre
Ao ribeiro que corre cristalino, Ao canto alegre e doce, matutino,
Das aventuras no arvoredo agreste;
À campina que do orvalho a manhã veste, Eu, sem de Homero for o alto destino,
Um conto fui pedir áureo, divino, Radiante dessa luz alva e celeste!
Com ele ornar quisera, alegremente, O teu álbum mimoso — onde o talento Do teu gênio se curva ao foto ingente;
Mas, não tenho de Dante o pensamento, Não acho inspiração na luz fulgente
Pra um canto te ofertar com sentimento.
Escola Adelino Fontoura, Rua Adelino Fontoura,
Jardim de Infância Adelino Fontoura. Mas, afinal, quem
é Adelino Fontoura? Conheça a história do axixaense
ilustre que dá nome ao que Axixá tem de seu
53
Rua Adelino Fontoura
Maria Eny Cantanhêde Oliveira, filha do tabelião Gentil Sinfônio Cantanhêde e de Maria Pires Cantahêde, foi aluna da Escola Reunida Adelino Fontoura e professora do então Grupo Escolar “Estado do Acre” (hoje Centro de Ensino). Atualmente é professora no CEUMA, exercendo também a advocacia. Esta edição da revista cultural teve grande contribuição dessa axixaense, com disponibilização de fotos, documentos e de importantes informações. Abaixo, email informando o que realmente aconteceu à Escola Reunida Adelino Fontoura. Oi Dalva Essa é a cópia de uma carta que escrevi e entreguei pessoalmente ao Professor Cabral Marques por ocasião da posse dele na Academia de Letras . Ele era Reitor do CEUMA e Conselheiro de Educação do Estado à época e ex Reitor da UFMA. Dias depois estive no gabinete quando me disse que fez a pesquisa junto ao Conselho e constatou que não houve um término da Escola Adelino Fontoura mas, a criação de uma nova escola com o nome Estado do Acre. Espero ter contribuido Eny
54
BiografiaBiografia
OO cenáriocenário políticopolítico axixaenseaxixaense sempresempre contoucontou comcom homenshomens ee
mulheresmulheres queque fizeramfizeram jusjus aoao títulotítulo dede lídereslíderes ee porpor issoisso
ocuparãoocuparão sempre,sempre, nessenesse cenário,cenário, lugarlugar dede honrahonra
Texto de Moacy Almeida, filho de João Clímaco de Almeida
Pesquisa: Amanda Catarina, Ilmara e Luciana
Grande,Grande, cadeiacadeia pública,pública, usinausina
elétrica,elétrica, todastodas asas paredesparedes dodo hospitalhospital
municipal,municipal, dozedoze pontes,pontes, instalaçãoinstalação dodo
serviçoserviço dede altoalto--falante,falante, compracompra dodo motormotor
dede luzluz ee instalaçãoinstalação elétricaelétrica..
JáJá nana suasua segundasegunda administração,administração,
destacamdestacam--sese:: prédiosprédios escolaresescolares nosnos
povoadospovoados:: RuyRuy--vaz,vaz, Riachão,Riachão, MonteMonte
Alegre,Alegre, CentroCentro Grande,Grande, VenezaVeneza ee PeriPeri--
juçarajuçara;; prefeituraprefeitura municipalmunicipal;; muromuro dada
AvenidaAvenida SenadorSenador JoséJosé SarneySarney;; restauraçãorestauração
ee ampliaçãoampliação dodo prédioprédio dosdos correioscorreios ee
telégrafostelégrafos;; continuidadecontinuidade àsàs obrasobras dodo
hospitalhospital municipalmunicipal ee compracompra dede umauma
caçambacaçamba parapara oo municípiomunicípio..
JoãoJoão ClímacoClímaco dede AlmeidaAlmeida nasceunasceu emem
Axixá,Axixá, nono diadia 3030 dede marçomarço dede 19121912.. FilhoFilho dede
DesidérioDesidério FranciscoFrancisco dede AlmeidaAlmeida ee dede RaimundaRaimunda
TomásiaTomásia dede CarvalhoCarvalho..
CursouCursou oo primárioprimário nestanesta cidade,cidade, foifoi casadocasado
comcom AnáliaAnália MeloMelo dede AlmeidaAlmeida comcom quemquem teveteve 1313
filhosfilhos..
MuitoMuito cedo,cedo, iniciouiniciou suasua vidavida profissionalprofissional
comocomo comerciantecomerciante.. ApaixonadoApaixonado queque eraera pelapela
política,política, exerceuexerceu osos seguintesseguintes mandatosmandatos:: dede
vereadorvereador (por(por duasduas vezes)vezes) ee dede prefeitoprefeito (por(por trêstrês
vezes)vezes).. FoiFoi tambémtambém presidentepresidente dada ComissãoComissão
MunicipalMunicipal dodo MovimentoMovimento BrasileiroBrasileiro dede
AlfabetizaçãoAlfabetização -- Mobral,Mobral, emem 19701970.. AindaAinda nessanessa
mesmamesma época,época, exerceuexerceu oo cargocargo dede presidentepresidente dodo
PSDPSD nestanesta cidadecidade..
NoNo seuseu primeiroprimeiro mandatomandato ((19521952--19541954))
destacamdestacam--sese asas obrasobras:: colégiocolégio dede CachoeiraCachoeira
Casa de João Clímaco de Almeida Localidade de São Paulo –Axixá (MA)
55
Na terceira administração Na terceira administração
(1973(1973--1976) foram feitos o 1976) foram feitos o
colégio no povoado de Burgos, colégio no povoado de Burgos,
prédio do Jardim de Infância prédio do Jardim de Infância
“Adelino Fontoura”, “Adelino Fontoura”,
calçamento das principais ruas calçamento das principais ruas
da cidade e cais com rampa da cidade e cais com rampa
em Porto de Dentro, no em Porto de Dentro, no
povoado Riachão.povoado Riachão.
Escapando por dezenas e Escapando por dezenas e
dezenas vezes de tentativas de dezenas vezes de tentativas de
morte, ele era um homem de morte, ele era um homem de
coração bom e jamais tentou coração bom e jamais tentou
se vingar era generoso, se vingar era generoso,
honesto, trabalhador e honesto, trabalhador e
companheiro.companheiro.
Faleceu no dia 14 de Setembro Faleceu no dia 14 de Setembro
de 1999, deixando muitas de 1999, deixando muitas
saudades, principalmente de saudades, principalmente de
sua família e de seus amigos. sua família e de seus amigos.
Imagens: Ully Bianca, Lanna Raíssa - Propriedade da família Almeida
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57
57
Entre as inteligências brilhantes que Axixá viu
florescer está a de Gentil Sinfrônio Cantanhêde, nascido a
26 de julho de 1911.
Seu talento intelectual manifestou-se na literatura
popular, nas letras de toadas de bumba-boi, com temáticas
significativas (Revolução de 1964, Copa do mundo, o
amor e a terra natal); na política, que não o fazia refém
do partidarismo, realizando-a na forma como
influenciava na vida do Município; na vida pública, à
frente do Cartório do Ofício Único, onde registrou e casou
várias gerações.
Tinha uma competência leitora e escritora que em
nada ficava a dever aos acadêmicos que ora são entregues
aos montes à sociedade.
Com Maria Pires Cantanhede ajudou a construir a
história de Axixá e em 05 de dezembro de 1992 a cidade
perdeu esse ilustre filho.
Gentil Cantanhêde foi, sem dúvida, uma referência do
que é ser axixaense. 58
59
Imagem: acervo particular da professora Eny Cantanhêde
Gentil Cantanhêde e família
Da esquerda para a direita (sentados): Gentil, Santa (o casal) e a filha Amor de Maria ; as crianças (filhas adotivas) Helena no colo de Gentil) e Dalva (no colo de Santa); atrás (em pé) os filhos: Mundiquinho com farda do exército), Eny (ao cento) Bituca (com farda da marinha). Foto tirada em 1965, na frente da casa, onde ainda funciona o Cartório do Ofício Único, na antiga Rua Dr. Leôncio Rodrigues, hoje Senador José Sarney.
Flagrantes fotográficos da cultura familiar de uma época: a importância da célula-mãe da sociedade bem estruturada (pai, mãe, filhos, filhas), retratando para a posteridade a solidez dos
casamentos tradicionais, o modelo da família paternalista.
Testemunhando o cotidiano social
humano, a fotografia cumpre o seu
papel de documentar hábitos que
fazem a tradição cultural de um
povo, suas características, suas
marcas deixadas numa narrativa
silenciosa (visual) em que as
imagens valem mais que mil
palavras.
Fases de amadurecimento da união conjugal que só Deus separou
Francisco das Chagas Leite e Zanilde Cantanhede Leite (Chico Leite e Zazá), retratados em diferentes épocas.
Quadrilha junina organizada por
Chico Leite e Zazá (foto) e ensaiada por Dulce Rego.
Realizando um sonho, também com a ajuda de Dulce Rego, o
casal produziu o drama A
Paixão de Cristo
Chico Leite no cavalinho: a eterna criança que vive em cada um de nós
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Festas comemorativas de família
Família axixaense é assim, como tantas
outras: celebra a vida dos filhos nos
aniversários (aqui de 15 anos foto ao lado), o
amor que se confirma a cada dia
completando BODAS DE OURO( foto abaixo).
A família é a grande referência de quem foi
feito “ à imagem e semelhança de Deus.”
Quinze
anos de
Iracele
Cantanhe
de Leite
Bodas de
Ouro
de
Gentil
e
Santa
Cantanhede
61
62
Imagem: diariodonordeste.globo.com
Maristella Vieira
Uma época em que a maquiagem, não
escondia a beleza autêntica das jovens
Hábito cultivado por jovens que sonhavam em casar ou por senhoras convictas de que o marido se prendia
pelo estômago (também as axixaenses), o caderninho de receitas
hoje perdeu seu lugar para os sites onde há tantas e tão variadas receitas
quantas são as ocasiões ou necessidades que reclamam por elas.
Talvez não seja o caso de falar em “perder o lugar para” mas “evoluir para”: os afetivos caderninhos de
receita evoluíram, acompanhando a era digital, para o formato eletrônico .
Nos bons tempos de festejos desta Cidade,
uma fonte para adquirir fundos para a
igreja eram os leilões de bolos feitos pelas
senhoras da paróquia. Estes bolos eram
caprichosamente cobertos por guardanapos
de papel de seda, artisticamente
confeccionados por aquelas senhoras.
Quem lembra? É Nóis na Cultura:Réplica para mera ilustração
Prendas domésticas era a profissão comum às
mulheres de décadas atrás. incluíam crochê,
bordado em ponto de cruz (foto), bordado à
máquina, tricô, etc. Ainda hoje essa atividade ajuda
várias mulheres axixaenses a aumentarem
a receita familiar e garantirem o sustento da
família
Com Açúcar, Com Afeto
(fragmento)
Chico Buarque
Com açúcar, com afeto, fiz seu doce
predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai,
não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, sai em
busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê
Foto: acervo particular de Jacineiva L. Amaral
Foto: É Nóis na Cultura 63
A jovem axixaense Zenaide Formanda do Curso de Corte e costura
Certificado de Corte e Costura de Maria de Jesus Pestana - Formada pela escola São Vicente de Paula, São Luís (MA)
A jovem axixaense Maria de Jesus Pestana Formanada em Corte e Costura
Pano de bordado de letras e cercadura em ponto de cruz, de Maria de Jesus Pestana
Hoje Maria de Jesus Pestana (D. de Jesus) confecciona belíssimas peças
(tapetes, jogo para banheiro) em retalhos de tecido de malha. Um luxo!
Fo
to: a
cerv
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arti
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cin
eiva
L. A
mar
al
64
Várias pessoas, em Axixá , já moraram nesta casa, localizada na rua Adelino Fontoura, hoje pertencente à família Rabelo.
Inclusive a professora Maria Ambrósia, esposa do meu amigo Jerônimo (é assim mesmo que se escreve o nome do meu amigo), foi uma desses vários moradores. Foi ela quem me fez a observação de que essa casa dá sorte aos que moram nela (na época, eu estava de casamento marcado e atrás de casa para alugar); : todas as pessoas que alugam essa casa, saem dela para a casa própria; (é verdade, constatei, lembrando de cada pessoa que saiu dela direto para o seu tão sonhado lar, perguntando-me por que será?) .
Descobri, casualmente, algo que, na convicção dos que acreditam em coisas fantásticas, coincidências ou o que seja, é uma possível explicação para o fato. Trata-se de uma história (de amor), como eu a interpreto, mesmo em uma época em que os casamentos arranjados ainda deveriam vigorar (mesmo aqui, em Axixá) já que a casa, de acordo com a informação de S. Geovane, narrador da história, e com as pistas (evidentes) da arquitetura dela tem muito mais de cem anos.
Para casar com uma moça, filha de Zezico Fontoura, um rapaz dirigiu-se à casa dela para pedir-lhe a mão ao pai, como era o costume na época.
Chegando lá, foi recebido pelo patriarca da família e, após um tempo de conversa, tratou de efetivar o objetivo que o levou ali.
Ao ouvir o pedido, o pai da moça perguntou: - O senhor já tem a casa para onde vai levar minha filha? - Não, senhor – respondeu constrangido o pretendente.
Então o pai da moça lhe disse: Vá, construa a casa e depois volte aqui que a moça
vai ficar à sua disposição, esperando para casar com o senhor.
Daí a algum tempo, o rapaz retorna, reformula o pedido e acerta os detalhes para o casamento (ansioso como estava para casar, realizou a construção de uma casa mais rápida que já tinha se visto na época).
O que dizer mais? Ah, sim, claro! ...E foram felizes para sempre!... estendendo (por
herança) essa felicidade a todos que passam por essa casa abençoada pelo AMOR.
Relato reproduzido pela professora Maria Dalva M. e Marques
Álbum de família: relíquia da coleção de Jerusa (leitora do blog vestidadenoiva.com – site da imagem), segundo comentário do site, essa foto é de (casamento de) um tio do avô da leitora e pelos cálculos da família, deve ter 130 anos!
Imagem do box:(Papel Vintage) pt.spiderpic.com
vestidadenoiva.com
Foto
: É N
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Antigamente, muitas coisas eram diferentes; algumas já existiam, outras não. Havia as danças: da mangaba, péla, conhecida também como tabaroua, dança grande, coco lelê e outros.
Hoje temos saudades, do tempo de infância, da areia, da luz elétrica, a motor onde era o posto de Telemar e hoje é da Oi, as brincadeiras de rodas, esconde-esconde, queimado, pegador etc. Tudo deixou saudade!
Havia também as alvoradas nos tempos de festejo, que começavam 5:00 h da manhã e terminavam 6:00 h, tocadas com instrumentos, pois não tinha equipamentos de som.
As mudanças, acontecem lentamente, um exemplo é a juventude, pois, naquela época, os jovens tinham responsabilidade e aptidão para algo, mas não devemos generalizar, pois ainda existem pessoas que querem alguma coisa com a vida.
Ocorreram, também mudanças nas moradias, antes poderiam ser contadas e hoje são centenas.
Há um tempo, havia 17 casas do lado direito até a Igreja, na Rua Dr. Leôncio Rodrigues, onde hoje é Av. Senador José Saney, mudaram o nome da rua, e colocaram nomes de pessoas importantes. Já descendo
a Av. Magalhães de Almeida, havia apenas 4 casas, no entanto hoje são muitas; de Felipe Râbelo até até D. Mariquinha, havia só 3 casas.
Na rua de Alexandrina, eram 5 casas contando com a delegacia; na Rua das Flores contavam apenas 6 casas e na rua Santo Antônio, umas poucas. Na rua Alto Alegre, eram 5 casas, na rua Rio branco só existiam 20 casas, na Adelino Fontoura eram 12 contando com a prefeitura e na rua 23 de setembro eram só 8 casas.
Antes tínhamos algumas espécies de frutas que hoje são raras de encontrar: jutaí, tuturubá, maracujá de cobra, são coisas que existiam antes e que não vemos hoje; croaçu, a murta, juana me chama e mirim.
Voltando às recordações, perto da única praça que havia em Axixá, que chamam de Praça da Saúde, existiam 16 casas; o cólegio era hoje onde é a prefeitura; perto da escola existia uma casa com serviço de alto-falante; nos finais de semana havia show de calouros onde Maria José, Maria da Saúde, Terezinha de Teobaldo e Maria Augusto cantavam.
Ocorriam outras festas como o pastor que era feito por Dulce Oliveira Rego, o rei que era feito por Dinorá, as brincadeiras de csalão que ocorriam no Carnaval; agora só fiacam recordações que o tempo jamais apagará e uma mensagem:
"Preservar sempre as coisas que fazem parte da nossa vida e não deixá-las morrer, porque sem cultura não há História"
Resgate : Amilton Oliveira – professor da rede estadual de ensino e dramaturgo
Por: Ana Paula e Ádila Rauane
"As recordações deixam saudades"
Oiteiro de areia na Rua Dr. Leôncio Rodrigues – Centro de Axixá
Foto
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Vista de Axixá
Século XVI/XVII
Período provável
Vista de Axixá
Século XXI – década de 90
Imagem: www.novomilenio.inf.br
Imagem: È Nóis na Cultura 67
Imagem da película: canstockphoto.com.br Fotos: É Nóis na Cultura
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Ginásio Bandeirante de Axixá
Pelotão de ciclismo
Baliza: Telma Maria da Conceição Reis Lima
Desfile cívico: Banda do Ginásio Madureza –
Destaque (à frente) José Ribamar Rego Oliveira
(Zemar) 1969
Av. Senador José Sarney, casa de
João de Almeida
Desfiles cívicos
Iracele Cantanhede Leite: pratos da banda da U. I. Estado do
Acre; Baliza da escola (década de 90)
Desfile do Estado do Acre – (década de
80) pelotão de Educação Física
Baliza: Isabel Virgínia Pires Cardoso
1ª Banda Marcial do Ginásio Bandeirante
de Axixá - Desfile Cívico comemorativo
à Independência - (1969)
Desfile cívico em comemoração à Independência:
carro alegórico: Apolo 11 - Av. Senador José
Sarney, altura da casa de S. Valdir Morais (1969)
70
Professora Maria José Cantanhêde e alunos do
Grupo Escolar Estado do Acre - em
capacitação para o esporte
Professor Claudionor Nagib e a
professora Telma Maria da C. R. Lima
Capacitação para o esporte
Esporte na escola
71
“Chega mais perto e contempla estas casas. Cada uma delas tem mil histórias sob as paredes coloniais encobertas e te pergunta, com interesse ansioso pela resposta, pobre ou terrível que lhe deres ( não importa): Trouxeste a chave?
Paráfrase à Procura da Poesia de Carlos Drummond de Andrade, por Maria Dalva Marques e Marques Patrimônio arquitetônico histórico de Axixá (MA) Imagens: É Nóis na Cultura
CASARIO HISTÓRICO AXIXAENSE
Casa da família Rabelo. Esta casa tem mais de
cem anos e uma bela história (suplemento
especial – Memórias)
Antiga casa de Zezico Fontoura, hoje pertencente
à família Protázio.
Nesta casa nasceu o poeta Adelino Fontoura
Casa da família Medeiros – Rua 23 de Setembro
72
Uma visão
impressionista
e bucólica
de vestígios
históricos
na arquitetura
conservada
de Axixá
Casa em Belém-Axixá(MA)
Imagem
: É
Nóis
na C
ultura
Imagem: diplomasypergaminos.blogspot.com
CASARIO HISTÓRICO AXIXAENSE
Casa de Sinfrônio Vidal de Melo, hoje pertencente aos herdeiros. Conserva ainda a mesma arquitetura de quando foi construída há
mais ou menos cem anos
Casa da família Pereira. Conserva ainda a mesma arquitetura de quando foi
construída há mais de 50 anos
73
Casa de quase cem anos, mantém a sua arquitetura
original
Casa da família Rabelo
Herdeiros de Felipe Rabelo - ex-prefeito de Axixá
Casa de S. Luís (Lourinho) e D. Maria( Cotinha)
Fontoura Chaves - Propriedade de herdeiros
Antiga casa de Luís Pacheco
Hoje da família Chaves que conserva sua arquitetura
CASARIO HISTÓRICO AXIXAENSE
Casa da família Cantanhede (Cartório do Ofício
Único). Conserva ainda traços arquitetônicos e
culturais do início do século XX, como o uso do
nome das mulheres da família na indicação da
propiedade – “Vila Santa”
Casa da família Borralho, onde se realizavam
memoráveis bailes sociais da época
74
Antiga casa de
José Alonso
Rabelo: diferentes
ângulos de um
belo exemplar de
arquitetura
conservadora, com
grossas paredes e
sólidas colunas,
Lembrando a
CASA GRANDE
de antigos
engenhos ou
fazendas
CASARIO HISTÓRICO AXIXAENSE
75
Casa de
João de
Almeida.
Conserva
ainda os
traços da
arquitetur
a colonial
Casa dos herdeiros de Engrácia
Marques, localizada no sítio do
Tanque.
Fiel às suas origens, lembra a casa
grande do período colonial. Nela
eram realizados memoráveis
bailes, inclusive aquele em que o
ex-prefeito Juca dançou com a
moça da lenda do Tanque
CASARIO HISTÓRICO AXIXAENSE
Casa de
Alfredo e
Henriqueta
Pestana.
Conserva
ainda traços
da arquitetura
original
76
Ruínas do que foi
uma das maiores
casas comerciais de
Axixá, no século
passado:
a casa de Neco
Fontoura
Rua da Cruz
Porto das Pedras
Ruínas da antiga
casa comercial de
José Alonso Rabelo,
na rua Adelino
Fontoura
A prefeitura
velha, onde
funcionou a
Escola Reunida
Adelino
Fontoura
Ilustração:
Josimar
Almeida
Espaço
onde
ficava a
prefeitur
a velha
Imagens: É Nóis na Cultura
77
Axixá possui uma grande diversidade cultural: comidas típicas
deliciosas, danças contagiantes, religiões que orientam a espiritualidade
do povo, pintura, literatura, entre outras. Em em cada uma delas
podemos reconhecer influência portuguesa indígena e africana.
Dos africanos, além de
seitas religiosas, herdamos sua
rica culinária. Temos: angu,
Maria Isabel entre outros
pratos. Temos também as
danças, como: capoeira (que
também é considerada luta),
tambor de crioula, cacuriá,
mangaba, quebra coco etc.
Por: Adriana; Paulo; Laura e Ully Bianca
Dos nossos colonizadores, por
exemplo, herdamos nossas
principais religiões: religião
católica e protestante (evangélica),
a festa do Divino, Dança de São
Gonçalo, o costume de dormir em
cama e também foram grandes
influenciadores na arquitetura. É
de origem também europeia a
dança do pela - porco.
Já dos índios, herdamos o hábito
de tomar banho todos os dias guardar
coisas em cestos e cofos, dormir em
rede. Na culinária, pratos muito
conhecidos e apreciados, a base de
mandioca como: beiju, farinha de
mandioca, carne com macaxeira, além
do cultivo do milho e da deliciosa
juçara.
Foto
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ticu
lar Uma das nossas
manifestações mais ricas é o
bumba-meu-boi, de origem nossa
(nordestina) relacionada ao ciclo
do gado) principal representante
da nossa cultura. Esta
manifestação é considerada a
mais complexa, pois envolve
dança, música e teatro, além da
relação entre brancos, negros e
indígenas, envolvendo ainda a
influência de cada etnia nos
diferentes sotaques: Boi de
matraca:de marcada influência
indígena, Boi de zabumba: de
influência africana, Boi de
orquestra: predomina a
influência branca,
Axixá, município da região Munim-lençóis, orgulha-se muito do
patrimônio cultural que tem. Mas... de quem herdou esse patrimônio?
Foto: rfilho560.blogspot.com
Festa do Divino: Sala do Trono – Ruy Vaz Axixá-MA
Foto
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Cofo com camarão seco (torrado)
Grupo de capoeira – Centro Grande Axixá (MA)
É Nóis na Cultura – Comidas típicas axixaenses
Siri cozido Pratos juninos Sururu torrado Juçara com camarão
Boi da Mocidade – É Nóis na Cultura
Donato Alves e Leila Naiva
78
Nesta casa Sinfrônio Vidal de Melo (foto ao lado) iniciou a tradição do tambor de crioula dos “Caratiús”, há mais de 50 anos, mantida até hoje
Representação do Tambor de Crioula, dos Crateús – Arraial da Rua Adelino
Fontoura, organização da professora Telma Maria da Conceição Reis Lima
A Jornada de São Gonçalo – Representação da U. I. Major Fontoura –
Burgos –Axixá (MA)
79
Qual criança axixaense, de qualquer tempo, não tremeu de medo ao passar à noite em
determinados lugares de Axixá, ou não entrou em pânico diante da simples
possibilidade de transitar em tais lugares em noites tenebrosas?
Quem conta um conto... conta uma história, conta uma... LENDA!
Histórias com personagens fantásticas sempre povoaram o imaginário de povos das diversas partes do mundo, nas mais diferentes épocas.
Ao chegarem ao Brasil, os portugueses já encontraram um repertório de lendas indígenas; juntando a este o seu acervo somado ao dos negros africanos que trouxeram como força escrava de trabalho, legaram à cultura brasileira um conjunto literário popular capaz de ainda prender a atenção de crianças e adolescentes em plena era digital, disputando com os games e a internet o interesse desse público.
Em Axixá, parte dessas lendas está associada a tesouros enterrados e almas penadas, atormentadas pela necessidade de se libertar, entregando o tal tesouro a alguém, disposto a demonstrar muita coragem para vencer os obstáculos e resgatar o ouro.
Apenas uma dessas lendas tem suas raízes em uma linda e triste história de amor.
Ilustração: Cínthia Laís Rocha - Folclore: releitura 80
A Lenda da Pedra do Tanque
Uma das mais repetidas da tradição oral axixaense,
esta lenda encontrou na versão poética de Severiano de
Azevedo, poeta da cidade de Icatu, uma de suas mais belas
expressões.
No quadro pintado por Miguel Protázio, vislumbra-
se a explosão de tão grande melancolia, na cor, na
tonalidade perfeita; cenário do amor e da ruína da jovem
Maria, desaparecida nos labirintos da cachoeira do Tanque.
Pedra do Tanque - Pintura a óleo de Miguel Protázio Poesia de Severiano Antônio de Azevedo (1866)
Manuscrito de Amilton Oliveira
*
Engaraneira: planta nativa das
margens do rio Munim
*
Lethargo: (letargo) torpor,
81
A Lenda do Tanque
Versão de Slayde Rangelli*
É com imenso prazer
Que agora vamos cantar
Uma história bem estranha
Que aconteceu em Axixá
O famoso baile no Tanque
Era muito popular
Festa de tradição
Na cidade de Axixá
O rapaz chamado Juca
Trajou-se muito decente
Parou o seu carro
No meio de muita gente
E entrando na festa viu
Uma moça linda e atraente
Moça essa linda e atraente
Que ninguém soube informar
Juca não sabia de nada
E a chamou para dançar
Enquanto dançava sentiu
Um odor mortificante
Também sentiu frieza
Calafrios elevantes
A orquestra parou
Juca agradeceu
Pela dança que
A moça lhe concedeu
Sentou-se na mesa
E com amigos foi beber
Agradeceu a Deus,
Mas não sabia o que fazer
Diante da situação
Que acabou de acontecer
Quando chegou em casa
Foi logo adormecendo
Ali sonhando
Que estava numa dança
Com uma caveira dançando
No dia seguinte
Nem deu bola para o sonho
Foi logo pegando o carro
E saiu acelerando
Quando saiu na rua
O povo todo falando
No caso que aconteceu
Na linda moça “Maria”
Que até depois de morta
Foi vista dançando
A lenda foi real
E isso eu tenho certeza
Se ainda tem dúvida
É só falar com Juca
Que ele confirma
Com absoluta firmeza
O prefeito Juca
Ficou muito falado
do que aconteceu
E quando fala
Fica gelado
Agradeço a todos
Pela sua atenção
Principalmente a Deus
Pela sua proteção
Slaide Rangelli S. Almeida é aluna da turma 301, turno vespertino,
do Ensino Médiodo C. E. Estado do Acre e compôs o texto em gênero
“repente”, atendendo à uma proposta de trabalho de Artes da professora
Léa Andrade
82
A Lenda da Pedra da Santa Cruz
Esta lenda tem origem em relatos que
falam de uma pedra no meio de uma mata
de andirobal, mangueiras e juçareiras.
Essa pedra teria uma rachadura em forma
de cruz. Contam que lá aparecia um padre,
ou melhor, o fantasma dele a várias
pessoas da localidade. Em razão disso,
passaram a acreditar que lá houvesse ouro.
Certa feita, S. Benedito Lima, Zé de
Cândida e Paulo Padeiro foram, à noite,
escavar o local, para encontrar o nobre
metal. Foi quando viram um homem; a
princípio, julgaram tratar-se de Chico
Leite (o sítio fica nos fundos do quintal
dele) Foi quando perceberam que era o
vulto do tal padre.
Saíram todos três, disparados do
local, assombrados, tremendo mais que
vara verde e nunca mais quiseram saber de
se aventurar na caça ao tesouro (ainda
mais à noite). Formatação: Maria Dalva Marques e Marques Adaptado da ilustração original de Amilton Oliveira
Adaptação da tradição oral: Amilton Oliveira
83
A Lenda da Lagoa Grande
Este fato aconteceu em Limoeiro,
localidade axixaense que já fica nos limites com
Rosário e Presidente Juscelino.
Contam que um certo homem sonhou com
alguém que lhe entregava um tesouro,
escondido no fundo de uma lagoa, conhecida
como LAGOA GRANDE, no referido povoado
de Limoeiro.
No sonho, o homem recebeu informações
do que ocorreria na hora em que ele deveria
resgatar o tesouro, à meia-noite: a lagoa secaria,
de forma que ele poderia pegar o tesouro; mas
também galo cantaria e ele ouviria ruídos
diversos; recebeu também a orientação para não
dar atenção ao que ouvisse e se ocupasse apenas
do tesouro.
Tudo ocorreu conforme foi descrito no
sonho: a lagoa secou, ruídos aterrorizantes se
fizeram ouvir por todo o entorno da lagoa; mas
o homem, embora avisado de tudo, não resistiu
à pressão do medo e fraquejou.
Nesse instante, a lagoa voltou a encher e
por pouco o homem não se afogou. Mas, quando
chegou em casa, já foi ardendo em febre e
delirando. Dizem que, por conta disso, morreu.
Interpretado da tradição oral
Repente da Lagoa Grande
Olha, escuta, meu amigo,
O que eu vou te contar
A nossa lagoa grande
Uma lenda em Axixá
Certo dia um homem
Teve uma visão
Meia noite na lagoa
Viveria uma ilusão
E insistiu nesse desejo
E seguiu sua ambição
Bem no meio da lagoa
Existia uma corrente
De repente foi à frente
Para logo ele puxar
Das entranhas lá da terra
Ouro e prata a brilhar
Gritos fortes, assustadores
Espantaram o pobre homem
da escuta arrepiante
Lá se deu o seu olhar
Revelou uma frieza
A lagoa a brotar
A versão de Kássia Rayssa*
Um sonho e uma visão
Mostra um homem
[bem valente
Que da força insistente
Já tentou renunciar
Poucos dias se passaram
E o homem morto já está
Desse dia inesquecível
Deu-se início a uma lenda
A lagoa encantada
Que fascina muita gente
Registrada no folclore
Da família axixaense
Kássia Rayssa S. Santos - turma 301, turno
vespertino, do E. M. - C. E. Estado do Acre
Trabalho de Artes - Professora Léa Andrade
Ilustração: Mailson Bezerra Oliveira
84
Dia quatro de abril do ano dois mil e sete (2007) deu-se início ao sonhado aterro que hoje liga a ilha de Pery-juçara às terras de Munim-mirim: o chamado “aterro do manguezal”. E aos 18 dias do mês de outubro do ano de dois mil e oito (2008) foi finalmente concluído, tornando-se realidade um sonho de anos.
A partir de então o chamado progresso adentrou no povoado que imediatamente passou a ser chamado de bairro, facilitado pelo acesso por transportes terrestre, assim como o desenvolvimento na educação, saúde, esporte e, sobretudo, no turismo, que está trazendo inúmeros visitantes, dando-se o prazer da degustação de pratos típicos, como: a peixada, a camaroada, a caranguejada, a saborosa galinha caipira ao molho pardo, etc...
Conclui-se também, como melhoramento, o comercial, em termo de exportação, potencializada pela produção agrícola e pela pesca, grandes fontes de recursos deste bairro, que favorecem toda a comunidade com grandes oportunidades de trabalho e possibilidades de investimentos em projetos produtivos sustentáveis, uma opção para evitar o êxodo da população local, prejudicial ao desenvolvimento de todo o município em que esta localidade está inserida.
Vista da Bahia de S. José de
Ribamar – Pery-juçara
Porto de Itamaritiba Pery-juçara
Estrada de Pery-juçara
Bar do S. Dico, em Pery-juçara, com vista para a
Bahia de S. José de Ribamar
Final de tarde (acima) e pôr-do-
sol (abaixo) em Pery-juçara
Voo vespertino dos guarás
rumo ao ninhal – Pery-juçara
85
Pedra granito Pedra preta
Pedra brita
(...) Tem muitas riquezas, tem muitas belezas
(...)
Tem andiroba, babaçu pedra e areia
Toada “Terra querida” (letra e interpretação de Manequinho)
Axixá já teve por base
econômica a andiroba, que fornecia
a matéria-prima para a extração de
azeite com o qual era (e ainda é até
hoje) fabricado o sabão.
Atualmente essa exploração
já não tendo o vigor do início e
meados do século XX, vive seu
período de decadência; sua
exploração está praticamente
reduzida à fábrica comunitária de
Burgos, que produz o sabonete,
muito apreciado.
O óleo tem uso medicinal e
cosmético e só precisa de um
incentivo por parte das políticas
públicas direcionadas a projetos
produtivos que revitalizem essa
alternativa econômica, ao mesmo
tempo em que prestarão um serviço
ao meio ambiente, resgatando as
matas nativas (andirobais),
dizimadas pouco a pouco neste
município.
Atualmente, famílias que não têm
no serviço público sua principal fonte de
renda, exploram o comércio da pedra:
granito também conhecida como pedra
branca, bastante utilizada na construção
civil, e preta. Destas duas espécies de
pedra utilizadas em alicerces de casas,
ainda se extrai a brita para pilares e
pisos.
Aliás, esta cidade deve sua
emancipação ao mérito da grande
exportação deste produto para calçar as
ruas de são Luís, Alcântara e Belém do
Pará.
Além da pedra, a areia grossa é
outra fonte de renda em Axixá, também
utilizada com fins arquitetônicos.
A juçara, ou açaí, é um alimento
muito apreciado e a sua comercialização
garante rendimento expressivo a
muitas famílias axixaenses.
Areia grossa
Herbs gallery - Andiroba
Juçara em “caroço” e líquida
Dinheiro antigo, proveniente do comércio de
andiroba, que ajudou a sustentar a elite e a classe
popular em Axixá
Herbs gallery - Andiroba
maranhaoturismo.wordpress.com
É Nóis Na Cultura - Serão de andiroba
Imagem: É Nóis Na Cultura
Imagem: É Nóis Na Cultura
Imagem: É Nóis Na Cultura Imagem: É Nóis Na Cultura
Imagem: É Nóis Na Cultura
86
“A paciência é essencial. Ser paciente, saber ouvir, não desistir.” Domingos de Jesus Batista Lima, pintor consagrado pelo povo
por suas belíssimas obras, começou a pintar com 17 anos, quando um acidente quebrou sua perna. Assim começou a fazer alguns rabiscos que ele pensou ser apenas por passatempo, mas que hoje se tornou uma profissão. Começou desenhando personagens de Maurício de Sousa como Cebolinha, Mônica, Cascão e, já que não podia trabalhar, seus desenhos eram vendidos para ajudar nas despesas da casa.
1. Com quantos anos você pintou pela primeira vez? Com 17 anos. 2. Qual foi a sua primeira pintura? Foram os personagens de Maurício de Sousa: Cebolinha e Cascão,
pois eram mais fáceis de desenhar. 3. Quem lhe ensinou pintar? Ninguém; comecei a trabalhar com desenho para sobreviver
depois que quebrei a perna.
4. Você pensa em ser famoso ou pinta só porque gosta do que faz?
Famoso geralmente se fica depois que se morre. Faço porque gosto e falo para os meus filhos que a pintura servirá de aposentadoria quando eu parar de trabalhar com serigrafia; então voltarei a fazer quadros como fazia antes e talvez, quem sabe, fique famoso, pois se morre e os quadros ficam.
5. Qual foi a sua melhor pintura? Depois das igrejas que decorei, foi o muro que pintei na cidade de Presidente Juscelino, outra foi uma tela que fiz da Santa Ceia e a Ascensão de Cristo Subindo ao Céu. 6. O que é essencial na arte de pintar? A paciência é essencial. Ser paciente, saber ouvir, não desistir, estar sempre à procura de novas técnicas e não esquecer principalmente dos métodos anteriores. Penso também que as escolas deveriam valorizar mais a arte e que deveriam incentivar as aulas de Educação Artística.
Quadro Colar indígena de Domingos Batista Lima
Imagem: É Nóis na Cultura
Por: Jeferson e Mailson
Ascensão de Cristo - Pintura de Domingos Batista Lima; Painel de fundo - altar da Igreja da N. S. da Saúde, Axixá
Entrevista
87
Ilustração de fundo: Josiane Lima Cantanhede
Uma Amizade Para Recordar
Existem pessoas que são lembradas por suas
boas obras e existem aquelas pessoas que são capazes de
transformar em arte tudo por onde passar, é o caso do
aluno Cleiton Lima Brandão, do 3° ano vespertino; um ser humano capaz, jovem, dedicado. Alguém cuja
pessoa tornou-se impossível de ser resumido em
palavras.
Uma pessoa merecedora de tudo de bom que
teve durante sua vida, como bom ser humano que foi,
esteve sempre no lugar mais desejado por todos que
sempre estiveram à sua volta, no centro das atenções e
rodeado de amigos, que sempre estiveram ao seu lado
em todos os momentos.
Cleiton, a sua partida deixou saudades e junto
com ela ficou um exemplo, que aqui quero ressaltar, um
legado de alegria e vontade de viver que você sempre
teve, te amamos e sabemos que você é eterno em nossas
lembranças e único em seu lugar.
Impossível? só substituir você!!!
TE AMAMOS, ATÉ O NOSSO PRÓXIMO
REENCONTRO!!! AUTORA: Josiane Lima Cantanhede
Turma 303
A morte não é o fim.
Cleiton, os teus gestos de bondade e carinho
hão de frutificar pela vida a fora. Mesmo
ausente estará sempre presente, pois quem
está perto de Deus não está longe de nós.
Sabemos que a morte não é o fim, é apenas
o cumprimento de uma etapa que se finda.
A partida é o início de uma outra etapa
numa dimensão nova, incognoscível,
insondável...
Tiveste uma existência luminosa, uma
coração nobre e uma alma generosa. Foste
muito importante para nós, por isso
permanecerá conosco o teu exemplo de
vida. Amaste a Jesus em vida e agora estará
com ele por toda eternidade.
Cleiton Lima Brandão
Saudades eternas de seus familiares,
parentes e amigos.
Vagner José e Gleycia
Turma: 303
Passou como um cometa e marcou como uma
estrela.
Existem pessoas que vêm, outras que
passam, algumas que ficam e aquelas poucas que
marcam. Existem pessoas que encantam não por
serem muito, mas por serem o que são... Pessoas
que são amigas não por sempre está por perto, mas
por serem verdadeiras... Que transmitem a alegria,
a paz, a esperança mesmo que seja com uma
simples palavra, um simples sorriso, um simples
olhar...
E como seria bom se todos fossem assim,
mas são tão raras, tão difíceis como as pedras mais
preciosas... Sortudos são aqueles que tiveram a
chance de conhecer alguém assim, que transmite
alegria mesmo na dor, esperança mesmo na queda.
Por isso somos felizes, pois tivemos como
companheiro, colega e amigo uma pessoa assim.
Cleiton não podemos voltar no tempo, mas vamos
continuar escrevendo nossas histórias e um dia,
quando chegar nossa hora de desembarcar, quem
sabe não te encontraremos lá, curioso e ansioso
para saber o que levamos em nossas bagagens.
Cleiton Lima Brandão
Diane, Jádila,, Milena e Rainara
Turma: 302
Fotos: É Nóis na Cultura 88
Origem do nome do Brasil (pátria-mãe gentil): Devido a grande quantidade de uma árvore de cor avermelhada, em tom de brasa...
Origem do nome de Axixá (dos filhos deste solo...): Devido a uma grande quantidade de árvore de nome xixá...de frutos de cor avermelhada... encontrada nas margens do rio Munim...
Imagem: www.ceplac.gov.br Imagem: Nóis na Cultura
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90 Imagens: É Nóis na Cultura
A 1ª imagem de N. S. Da Saúde (1), padroeira de Axixá, trazida de Portugal a pedido de Manoel de Pinho, no período da colonização da cidade, foi roubada da igreja (2) em 1975. Em 1977, os axixaenses Simeão Alves Bahia e Arlindo Almeida Borralho (residentes no Rio de Janeiro, mandaram de lá uma nova imagem (3), até hoje existente na igreja.
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3 Histórico de Axixá – manuscritos de Simeão Alves Bahia (Arquivo de Alexandrina Cantanhede)
Histórico da Igreja de N. S. da Saúde de Axixá – manuscritos de Alexandrina Cantanhede
Foto: Renato Pereira.
Foto: É Nóis na Cultura
Imagem do Google
Foto: É Nóis na Cultura
Foto: É Nóis na Cultura
http://pereira.renato.zip.net
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Esta árvore que se vê defronte ao Cartório do Ofício Único de Axixá foi o 1º pé de axixá plantado na Sede da cidade, por iniciativa de Gentil Sinfrônio Cantanhêde, Tabelião na época em comemoração ao Dia da Árvore
Antigamente a Primeira Comunhão era
organizada pelo
Grupo Escolar “Estado do Acre”.
A capela da Sagrada Família foi fundada por Ivã
Ribeiro; fica na propriedade da família,
lembrando as capelas das antigas fazendas
coloniais
Antigamente, nas festas natalinas
axixaenses, havia apresentação do Pastor
(foto) e dos Reis, organizados por Dinorá
Fontoura, Dulce Rego, D. Zefinha e outros
A primeira igreja
Assembléia de Deus foi
trazida para a
localidade de Veneza e
era religião
predominante ali. Hoje
já existem templos em
quase todos os bairros
axixaenses
A congregação
Batista veio para
Axixá (localidade de
São Benedito) trazida
pelo senhor Lino
Tavares e teve como
encarregado o senhor
Vítor Lima, avô dos
irmãos Augusto e
Eurides Canatanhede
Em tempos passados, a igreja da Saúde
tinha um coro: uma espécie de mirante de
madeira, próximo ao teto onde o coral
subia para cantar.
Faziam parte desse coral Maria Eugênia
(D. Maroquinha), Maria Terezinha (D.
Mariquinha) Isabel (D. Belinha), Genésia e
Maria Pereira Reis (D. Babaca)
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Imagem estante: rustik.com.brImagem estante: rustik.com.br
Tristezas e Alegrias, esta coletânea de poesias de Anacleta Eugênia Ribeiro (Anicota),é um verdadeiro diário poético em que a autora, uma alma que as perdas condenou à solidão, desabafa para as páginas silenciosas, discretas de um caderninho pessoal seus sentimentos mais profundos e contraditórios. Um convite e tanto para quem gosta de “ler” sentimentos
Deus é Algo do Universo! O título já antecipa as razões de leitura: religiosidade e reflexão. Isso não é suficiente? As impressões de mundo, da natureza, as coisas simples, visíveis só aos corações sensíveis, são uma chamada que confirma as palavras do pequeno príncipe (personagem da obra homônima de Saint Exupéry): só se vê bem com o coração; o essencial é invisível para os olhos. Irrecusável!
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De revista para revista, É Nóis na Cultura traz, do periódico Língua Portuguesa (edição 71, setembro de 2011) estas preciosidades informativas. Que tal conferir?
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Querido conterrâneo axixaense, Vale você saber que existe um encarte do suplemento especial desta revista com páginas em branco, à sua espera, para serem escritas, preenchidas com as suas lembranças em depoimentos, contos interessantes, imagens (fotos antigas), a fim de resgatar para as novas gerações um pouco do nosso Axixá de outrora. Sua contribuição valerá também para enriquecer o documentário sobre a cidade de Axixá que esta escola está organizando, como mais um projeto didático para potencializar o letramento dos nossos educandos. Envie email com anexos para: [email protected] Aguardamos a sua valiosa contribuição, agradecendo antecipadamente.
Créditos desta imagem: vendavaldasletras.wordpress.com
Foto: acervo particulaer
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Esse presente que recebemos
foi fruto de um compartilhamento de
idéias e forças do trabalho conjunto,
que tem no substantivo humildade a
sua força: reconhecemos que não
vivemos sem o outro, e é com essa
afirmação que expresso a minha
paixão pela minha cidade, pela
educação e mais precisamente por um
ensino de qualidade.
Baseado nesse princípio,
acredito que educação de qualidade
não se faz somente com escolas bem
estruturadas fisicamente, mas com
todo o corpo técnico e pedagógico
comprometido e unido, rumo à
mudança por um Brasil melhor; e essa
mudança, como diz Celso
Antunes, tem que partir
primeiramente de cada um de nós.
Educação significa “processo
de desenvolvimento da capacidade
física, intelectual e
moral do ser humano”, contudo há
várias formas de educação, como por
exemplo, a partir do momento em que
o indivíduo nasce, ele já recebe como
educação os hábitos e costumes das
pessoas a sua volta e da sociedade em
que está inserido. Como complementa
PIRES (2003: p.32), “pelo simples fato
de se relacionarem, os homens se
educam mutuamente”. Sustentado
nesse pensamento destacado, reforço a
minha paixão pela educação, mais
precisamente pela educação da minha
cidade, Axixá-MA, considerada a
melhor entre as outras do estado do
Maranhão, comprovada a partir do
indicador do IDEB 2009.
Efeito dominó: Humildade>comunhão de saberes>EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
Gleyce Fernanda Dutra*
*Gleyce Fernanda é licenciada em Pedagogia, com Especialização em Gestão Escolar. É Coordenadora Municipal de Educação em Axixá
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Uma escrita a muitas mãos
Esta é uma palavra de agradecimento. Novamente. Agradecemos a Deus, por nos dar a honra de servi-lo através da tentativa, do esforço de oferecer uma educação de qualidade. Agradecemos aos vários colaboradores, citados nas páginas em que constam suas contribuições valiosas. Como bem disse nossa editora-chefe Diane: esta é mais uma conquista devida principalmente a vocês, queridos leitores, que nesta edição também são co-produtores. Mais uma vez, agradecemos (ser redundante é preciso) também aos nossos queridos estudantes (razão maior desta iniciativa), por terem abraçado a proposta do projeto, por se manterem firmes nessa adesão e por nos sustentarem com o seu entusiasmo juvenil. Obrigada aos gestores do C. E. Estado do Acre, pelo apoio. Somos profundamente gratos pela paciência com que aguardaram esta edição; esperamos que tenha valido a pena. E para finalizar, fazendo uso do lugar comum, “agradecemos a todos que, direta ou indiretamente colaboraram conosco”.
Dalva Marques Léa Andrade
Professora Dalva Marques Professora Léa Andrade
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