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ei .1 ei .1 E1k oferecemos . segurança . ev 08e temos uma elevada função social empresa moçambicana de seguros e. e. A NOSSA CAPA: Presidentf Samora dIscursando na .O.U.A. Director: Alves Gomes: Redacção: Albino Mag,jià, António Matonse, Bartolomeu Tomé, Calane da Silva, Carlos Cardoso, Luís David, Mendes de Oliveira. Narciso Castanheira. Ofélia Tembe, Xavier Tsenane: Fotografia: Ricardo Range[. Kok Nem, Naita Ussène, Armindo Afonso (colaborador); Maquetização: Eugénio Aldasse. Ivana Segall" Correspondentes Internacionais: Augusta Conchiglia (Angola) Jane Bergerol (Namíbia, A. Sul); Colaboração Editorial com «Tercer Mundo» e «Guardian» (N.Y.); Agências: AIM, Prensa Latina; Registo: 001/INLD - PUB./78; Propriedade: Tempográfica; Endereço Postal: Av. Ahmed Sekou Touré, 1078-A e B ý(Préd;o Invicta) - C.P. 2917; Telefs: g191/2/3 Maputo, República Popular do Moçambique. * ..' . .. - --- A Cimeira da O.U.A. que se realizou recentemente em Cartum e onde esteve presente o Presidente Samora Machel merece esta semana o devido destaque com uma crónica analítica do nosso enviado especial à capital do Sudão. Neste trabalho publicamos também na íntegra o discurso do Chefe de Estado Moçambicano durante a Cimeira. onde faz uma análise profunda da intervenção imperialista no nosso continente. Página .................... .. 38 Afalta de pneus para machimbombos e outras viaturas tem vindo a causar 'grandes transtornos a milhares de passageiros uma vez que dezenas e dezenas de autocarros estão a parar. Num trabalho onde nos referimos detalhadamente a o problema da o s uma panorâmica da situação na Província da Zambézia, Gaza e Maputo. Leia a partir da Página ... ...... 22 Jean Luc Godard, o conhecido cineasta francês, encontra-se em Moçambique em visita de trabalho a convite do Ministério da Informação. Muito recentemente ele deu uma entrevista a Jornalistas moçambicanos onde se refere detalhada mente a multas questões políticas e sociais do cinema em geral e perspectivas do cinema em Moçambique. Página ........... 30

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A NOSSA CAPA: Presidentf Samora dIscursando na .O.U.A.Director: Alves Gomes: Redacção: Albino Mag,jià, António Matonse,Bartolomeu Tomé, Calane da Silva, Carlos Cardoso, Luís David, Mendes deOliveira. Narciso Castanheira. Ofélia Tembe, Xavier Tsenane: Fotografia:Ricardo Range[. Kok Nem, Naita Ussène, Armindo Afonso (colaborador);Maquetização: Eugénio Aldasse. Ivana Segall" Correspondentes Internacionais:Augusta Conchiglia (Angola) Jane Bergerol (Namíbia, A. Sul); ColaboraçãoEditorial com «Tercer Mundo» e «Guardian» (N.Y.); Agências: AIM, PrensaLatina; Registo: 001/INLD - PUB./78; Propriedade: Tempográfica; EndereçoPostal: Av. Ahmed Sekou Touré, 1078-A e B ý(Préd;o Invicta) - C.P. 2917;Telefs: g191/2/3 Maputo, República Popular do Moçambique.* ..' . ..- --- A Cimeira da O.U.A. que se realizourecentemente em Cartum e onde esteve presente o Presidente Samora Machelmerece esta semana o devido destaque com uma crónica analítica do nossoenviado especial à capital do Sudão.Neste trabalho publicamos também na íntegra o discurso do Chefe de EstadoMoçambicano durante a Cimeira. onde faz uma análise profunda da intervençãoimperialista no nosso continente.Página .................... .. 38Afalta de pneus para machimbombos e outras viaturas tem vindo a causar'grandes transtornos a milhares de passageiros uma vez que dezenas e dezenas deautocarros estão a parar.Num trabalho onde nos referimos detalhadamente a o problema d a o s umapanorâmica da situação na Província da Zambézia, Gaza e Maputo. Leia a partirda Página ... ...... 22Jean Luc Godard, o conhecido cineasta francês, encontra-se em Moçambique emvisita de trabalho a convite do Ministério da Informação. Muito recentemente eledeu uma entrevista a Jornalistas moçambicanos onde se refere detalhada mente amultas questões políticas e sociais do cinema em geral e perspectivas do cinemaem Moçambique.Página ........... 30

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PÁGINA POR PÁGINACartas dos Leitores........ Semana a Semana ............Gás: A incúria e o perigo - Porquefalta papel higion? ......... Seminário Prático de Aldeias Comnals ...............Reorganização e Saneamento nasL.P. ... ..........Explosão em Maputo..... Transportes «Sentados» ......... Entrevista com Jean LucGodard ...28 14 1& 18 20X1 Festival da Juventude ......... 37 Crónica da 0.U.A 38Entrevista e discurso do Presidente Samora ... ... ... . .. ... 42História da Luta do povo sabariano...52 Entrevista com um «Cão de Guerra» 55Tempos Livres ...... ...... 60última Página ..64PODE COMPRAR «TEMPO»' NAS. SEGUINTES LOCALIDADES:PROV1NCIA DE MAPUTO: Namaacha. .Manhiçi, Moamba, Incoluane,Xinavane n Soane; PROVINCIA DE GAZA: Xai.Xai. Chicualacuala. Chibuto,Chckeé. Massingir. Manjacaza. Caniçado, Mabaldne e, Nhamavila; PROVINCIADE INHAMBANE: Inhambane, Quissico-Zavala. Maxixe, HomoIne,Morrumbene. Mambone. Panda e Ma bote; PROVINCIA DE MANICA:Chimoio, Espungabera e Manica; PROVINCIA DE SOFALA: Beira, Dondo eMarromeu; PROVINCIA DE TETE: Tete, Songo, Angónia, Mutarara, Zóbué,Moatize e .Mgoé; PROVIINCIA DE ZAMBÉZIA: Quel;mane, Pebane, G;lé, Ile,Maqania da Costa, Numacurra, Chinde, Luabo, Alto Molocué, Lugela, Gúrué,Mocuba e Macuse; PROVINCIA DE NAMPULA: Nampulh, Nacala, Angoche.Lumbo. Murrupula, Meconta e Mossuril: PROVlNCIA DE CABO DELGADO:Pemba, Moclmboa da Praia e Montepuez; PROVINCIA DO NIASSA. Lõchinga eMarrupa. EM ANGOLA: Luanda, Lubango, Huambc, Cabinda, Benguela eLobito. EM PORTUGAL: Usbo.CONDIÇOES DE ASSINATURA:PROViNCIAS 0E MAPUTO. GAZA A INHANBANEt 1 ANO t52NMIMEROS) eSO»ffO 0 MESES (2 NÚMEROS> 47~O; 0 MESES OINOMEROS) ABUSrOU.OUTRAS PROVíNCIA1. POR VIA AIREA, 1 ANO (52 NÚMEROS) 1.11OOOiMESD <2O NÚMEROS> 555500, M MESS (1 NÚMERD) 8 . OPEDIDO DE ASSINATURA DEVE SER ACOMPANHADO DAIMPORTÂNCIA RESPECTIVA.

INHACA:0 0 Boato dos XiconhocasSendo da 1.« vez aparecer narevista «Tempo» através de manuscrita, o objectivo é de conversar um pouco comos camaradas leitores interessados poreste assunto.Ora se eu intitulo assim esta

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carta é para então os companhei ros compreenderem logo deprincípio o que eu necessito.Vamos então entender-mo-nos bem; é lógico que em qualquer ponto do Mundohaja feiticeiros. Mas em primeiro lugar irei perguntar: afinal o que é umfeiticeiro? Neste ponto talvez serei muito explícito através de companheiros queinteressam de contribuir, e ajudar os menos evoluídos porque até aqui souirresponsável por este, e desejo de estar bem claro neste problema. Prolongandoestou de opini ão que seria qualquer pessoa inteligente desde que faça multascoisas que os outros não consigam.Por exemplo: sou carpinteiro e ajeito na mercenaria; posso fa zer um móvet lindoque não saibam de como o fazer, começam então por dizer hií-xaloia pá ou entãomanejo com rapidez na caneta, hííxaloia pá.Ora o que será isto? Caramente posso dizer que foi o uso de dizer para quem sabemuitas coisas não é!Mas o que me leva a escrever esta carta, é porque há muitos camaradas docontinente (Maputo), que por não saberem o ambiente das ilhas, ou seja desta,ignoram e assustam indivíduos dizendo que as pessoas da Inhaca comem gente eque existe muita feitiçaria, a viagem é feita em pequenos barcos que ficar com ospés fora ou dentro da dgua aqui dando sempre de tubarões, etc. Mentira essascoisas são confusionistas ou então obscurantistas supersticiosas ou ignorantes,porque-perdem o arjIP-quuucu que se enconLra na Ilha-por ouvirem os xiconhocas. A Ilha de Inhacaconvida aoscompanheiros interessados em visitar-nos. De avião ou no barco grande a motorencontrar'á o bilhete de ida e volta que regressará ao seu destino com o seu corpocompleto e sem ranhuras nenhumas do feiticeiro.Calisto Fabião SingaFuncionário da Estação de BiologiaIlha de InhacaDETA:0 Meses e meses para reembolsaro dinheiro de um bilhetePedi no passado mês de Março o reembolso do preço de uma viagem de avião quenão se realizou.Desde essa altura tenho ido regularmente ao aeroporto sa. ber se o reembolso jáestá a pagamento. Há cerca de mês e meio o funcionário que me atendeu fezrapidamente as contas e garantiu-me que uma semana depois p o d e r i a recebero di. nheiro pois «já só faltavam duas assinaturas».Essas duas assinaturas ainda não foram feitas e, na semana passada, fui informadoque não sabiam do meu processo.Quando disse que ia escrever uma carta para a revista Tempo tive um empregadoa percorrer tudo à procura do meu processo. E chegou à conclusão que devia estar«id em cima» numa outra secção. Foi ld e disseram-lheque nao. que la não estava. Mas que iam procurar. Hoje voltei lá a saber se já-o tinham encontrado. Que não, que a pessoa que trata disso en trou agora deférias por uma semana de forma que só quan. do voltar...

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Ao longo das minhas idas ao aeroporto tenho ainda assistido a outras pessoas comproblemas do mesmo tipo. O caso mais flagrante foi um de uma pessoa que meteuo pedido de reembolso em Setembro do ano passado ao mesmo tempo que um seucolega. O reembolso é da mesma quantia que o colega e foram entreguessimultaneamente. O colega recebu em Ja. neiro e ele a semana passada ain da nãotinha recebido.Parece-me que alguma coisa não está a funcionar bem nos serviçosadministrativos da DETA com claro prejuízo do público.Machado da GraçaMAPUTOMILANGE:* Esclarecimentodos C.T.T. da Zambézia* «Correspondência sempre atrasada»Na coluna «Cartas dos Leitores» da edição do passado dia 917/1978 dessa revista,foi publicada uma reclamação do senhor Armando Macksene Chipane,subordinada ao título acima epigrafado.Sobre o assunto, temos a hon ra de informar o seguinte:1. Toda a permuta de corres. pondência depende dos transportes (rodoviários,ferroviários, marítimos ou aéreos) existentes entre as localidades.2. O Correio, não possuindo transportes próprios, depende portanto de terceiros,naturalmente, se esses transportes se atrasam ou não se efectuam, as, cartasentregues pelo público terão obviamente, que se atrasarem também, semverdadeira culpa para os Correios.1 _____________________________________________________TEMPO N.' 408 ---pág. Z

3. A estação de Milange, alias todas as estações desta Província, salvo as que seencontram ao longo da linha dos caminhos de ferro, passaram e passam ainda,sérias dificuldades, ocasionadas pelas deficiências da COMAG, Autoviação daZambézia e Camionagem Automóvel (CFM), estas últimas devido ao péssimoestado das estradas e à falta de pneus e acessórios.4. Perante esta realidade, não queremos no entanto fugir às responsabilidades quenos cabem, muitas vezes, pelo nosso próprio mau trabalho, mas queremos deixarbem claro que nem sempre devem ser imputadas culpas aos correios por casosdesta natureza.5. Quanto à reclamação em causa, por se tratar de uma correspondência ordinária,desde que ela não seja apresentada imediatamente, dificilmente poderemos apuraro que realmente se passou, uma vez que as cartas ordinárias não deixam qualquerrasto na sua manipulação, visto delas não se fazerem registos que, posteriormente,nos permitam saber se o seu encaminhamento foi correcto oú não.6. Em todo o caso, podemos informar que toda a correspondência avião comdestino a Milange, em trânsito por Quelimane, entrada a partir do dia 815 deixoude ser encaminhada v i a superfície como sucedia anteriormente, em virtude determos recebido uma comunicação da Comag de que as carreiras aéreas paraaquele distrito se iniciariam em breve, o que na verdade sucedeu, realizando-se o

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primeiro voo a 1215/78,, o segundo a 16/5178, o terceiro a 1915/78, não serealizando novamente o quarto a 2315/78 como estava previsto, devido ao mautempo e assim por diante.7. Ainda sobre este caso, queremos informar que há muito que se vêm utilizandoos autocarros da Comionagem Automóvel (CFM) que partem de Mocuba,fazendo ligação com o;uuuutu, uwsue que a auEova ção da Zambézia cancelou as suas carreiras directaspara Milange à qual dávamos preferên. cia por se tratar de uma linha directa e semtransbordos.8. Passemos agora a analisar a reclamação sobre o sector telefónico: HÁ MUITOQUE MILANGE TEM COMUNICAÇõES TELEFONICAS E TELEGRAFICASABSOLUTAMENTE CO. MERCIAIS, ATRAVÉS DE UMSITEMA RÁDIO QUE OPERA PERFEITAMENTE, SALVO EM CASOS DEAVARIA POUCO FREQUENTES. Neste aspecto Milange até é privilegiado,porquanto, ao contrário do que su cede noutras localidades, não enferma do maldos cortes de energia que estão frequentemen te a dar-se noutros locais daProvíncia, com manifesto prejuízo das comunicações telefónicas. Nãopercebemos portan. to a razão da reclamação apresentada.9. No que se refere à famigerada linha telefónica que liga Milange a Mocuba,temos muito gosto em informar que a mes ma está em vias de ser abandonada,devido ao elevado custo da sua assistência e à utilidade relativa que tem, por setratar somente de uma via de recurso, que exige uma constante manutenção quenão tem sido possível fazer-se há alguns anos por falta de verbas, porém, está programado para este ano, a iniciar-se no próximo dia 16, um trabalho de limpeza ebeneficiação àquele traçado com vista a mantê-lo enquanto não se procede a umanova ligação entre Milange e o Límbue que permitirá o levantamento do traçadoem foco.10. Não sei se respondemos convenientemente à reclamação apresentada, todavia,queremos deixar bem claro, já que nos apercebemos de uma certaintencionalidade, que os pontosjocaaos na carta do senhor Ar mando Chipane dificilmente serão daresponsabilidade do chefe da estação de Milange.Unidade Trabalho e VigilânciaO Chefe do DepartamentoJúlio de Carvalho RibeiroArthurDirector de 3: classeHOTEL DE INHAMBANE0 Exploração ou aproveitamentoFoi no passado dia 29 de Março, que eu, um primio meu e mais quatro amigos nosdirigimos ao Bar do Hotel Inham bane por volta das 18 horas para matarmos asede. Ao balcão encontrava-se uma empregada que prontificou-se em nos servir.Pedimos 2 refrescos e duas cervejas, e ela disse que a cerveja só saía com petisco,o qual dissemos que n ão nos i m portava pois também estávamos um poucoesfomeados. Vieram os refrescos, a cerveja e logo a seguir dois pratinhos com trêspeixinhos que nem 10 gramas pesava cada um. Não reclamamos porque não

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sabíamos qual era o preço de cada pratinho. Acabada a 1.« pedimos a 2.a rodadaque veio com os respectivos pratinhos e peixes do mesmo tamanho. No fim,pedida aconta, a empregada trouxe um lá pis e papel e começou a apontar tudo quantotínhamos consumido; e qual não foi o nosso espanto ao pedir 13$50 por cadapratinho daqueles, que cujo con. teúdo com aquela importância podia se compraraté no mercado 2 quilos daquele peixe! Ao consultarmos a empregada, disse quenada sabia que ela também não estava de acordo com aquele preço mas quesomenteTEMPO N., 408 - pác. 3

cumpria ordens do chefe. Será que como o preço dla cerveja subiu também opetisco subiu? Não desacordo o caso do petisco mas sim que seja servido de boaqualidade e em boas condições, porque mesmo que houvesse escassez de peixenão havia maneira de nos aproveitar daquela forma.Afroxine (Tareche)Hospital - InhambaneBUROCRATISMO CONTRA A SAÚDE* Afinal quem atende?0 Centro de Saúde ou o Bancode Socorros?Eu sou um dos leitores da re vista Tempo, porque a considero como um meio parame ajudar na grande luta de classes para que facilmente possamos atingir asociedade socialista. Também a considero como uma arma principal para aformação do Homem Novo. Pois é dela que adquirimos novos valoresrevolucionários, tanto a nível nacional assim como a nível internaéional. Ela deveespecialmente reflectir a vida do povo moçambicano, e para que realmente issoaconteca, é necessá rio que todo o povo contribua escrevendo para aquele órgãode informação.Bem, eu vou tomar a iniciativa pedindo ao Exmo senhor Director, a publicação,desta carta:uNo dia 18 de Maio do corrente ano, tive um ataque de uma doença que medificultava sentar, andar e bem assim como fazer necessidades. Esta situação, fezcom que eu tivesse de me dirigir ao Posto Sanitário do meu locJ de trabalho, ondedepois do exame feito pelo Senhor Enfermeiro, foi passada uma guia para meapresentar no Hospital Central do Maputo. para a consulta deGASTROENTEROLOGIA, e che-TEMPO N.° 408 - pág. 4gado lá, disseram-me que só teria consulta no dia 22 do mesmo mês, porque omédico só fazia consultas nas 2." e 4., feiras e como era uma 5a feira, com asdores que eu sentia não poderia conseguir ficar até àquela data e assim pergunteiaos companheiros que trabalhavam naquele sector se não havia uma outrasolução, uma vez que eu não poderia ficar sem fazer necessidades até ao diamarcado para a consulta. Eles responderam que se eu visse que não aguentava, asolução era dirigir-me ao Banco de Socorros para lá apresentar o problema. Entãoeu me dirigi para lá, onde encontrei um Senhor Enfermeiro que atende os doentes

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e analisa se se trata de doença de urgência ou não. Apre sentei o meu problema,mas ele disse que enquanto na guia passada pelo Posto Sanitário não tivessenenhuma escrita a dizer que era urgente, não seria ate dido e deu-me sugestão devoltar para a Secção da marcação de consultas de GASTROENTEROLOGIA ouno Posto Sanitário do local de trabalho onde tinham me passado a guia para o H.C. M. para irem acrescentar a palavra (URGENTE), mas eu como tinhadificuldades para andar tentei fazer ver a minha situação e ele disse-me que ali noBanco de Socorros não tinham nenhum médico especializado na doença em queme queixava senão lá na Gastroenterologia. Tive que me, conformar de que nãovalia a pena discutir mais e dirigi-me então para o local de marcação de consultase entretanto eram 12H quando lá cheguei, sujeitando-me a aguardar até às 13H00,altura da reabertura da recepção. Informando -a minha situação, foi exposta aoenfermeiro Chefe que redigiu um bilhete a comunicar o Banco de Socorros de queas consultas eram nas 2.a e 4.0 feiras e para que eles resolvessem o meu problemauma vez que se tratava de um assunto que pelo aspecto em que me apresentavanão necessitava de nenhuma confirma-ção médica para ver se era urgente ou não.Voltando novamente ao Banco de Socorros, encontrei um outro enfermeiro q u etambém m e mandou para o Posto Sanitário do local de trabalho onde tinha sidopassada a guia para aquele H.C., ou então para o Posto Sanitário da periferia daresidência. Com este companheiro eu já não tinha mais força para comentar edirigi-me logo para o Posto da periferia da residência por me ficar perto. Chegadolá, disseram-me que deveria voltar no dia seguinte às 7H30 para marcar consulta,e como eu não podia esperar mais para o dia seguinte, pedi para que meresolvessem o problema porque eu sentia dores insuportáveis. Então fti indicadopara contactar com o Senhor Enfermeiro Chefe, à qual me disse a mesma coisaque tinha sido dito pela primeira pessoa com que falei naquele local. Vendo aminha situação quase sem solução, pedi ao Senhor Enfermeiro para que me dessequalquer coisa para acalmar as dores que eu sentia e ele disse que o que podia fa.2er era passar uma guia para o Banco de Socorros porque se

tratava deum assunto urgente. Eu como tinha dado tantas voltas respondi que nãovalia a pena fazer outra caminhada parlá na situação em que me encontrava e oSenhor Enfermeiro dis se que seria melhor que eu tivesse mais um pouco depaciência e voltar para lá. Como o que eu queria era ser tratado, fui novamente aoBanco de Socorros e eram 14H30. Reparem agora que o Senhor Enfermeiro mepergunta se eu não tinha estado lá há pouco tempo e eu respondi que sim. Masque o Senhor Enfermeiro tinha me.mandado para o Posto Sanitário do local detrabalho ou da periferia da residência e ld mandaram-me voltar para aqui. Sófoi.desta vez é que me disseram para ir à recepção.Na recepção não tive nenhumas dificuldades, mas o que me aconteceu é que das14H00 e tan tos minutos, só fui observado por volta das 21 HOO, porque só haviaum único médico para as urgências.Bem, a socialização da medicina significa, se não me engano que, deve o povo teras condições mínimas hospitalares no campo da saúde, dentro das nos sasinsufiências e dificuldades de quadros mas, não significa que alguns elementos

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afectos ao Sector da Saúde, se aproveitem desta situação que atravessamos nestafase transitória para maltratar os doentes, tentando fazer acreditar, aliás, crer que oGoverno e Partido não estão para os problemas .do Povo. É do meuconhecimento que o nosso País, colonizado durante quinhentos anos, não será emtrês anos após a independência que poderá, superar todas as dificuldades em tãopouco tempo, para rumo ao socialismo que é o nosso objectivo principal o que oque não concordo é a existência de elementos que ainda procuram burocratizar ofuncionamento das nossas estruturas de carácter social.Vejamos se eu por exemplo, não pudesse dar aquelas voltastodas. O que seria de mim? A mim, o que me parece é o agravamento da doença econsequen temente a baixa ao Hospital, dando uma despesa elevada ao Estado,que poderia ser evitada caso não existisse aquele burocratismo.Outro problema é o facto de alguns trabalhadores do Hospital Central, nãosaberem quando é que um doente deve pagar a consulta, levando os doentes apagar todas as consultas mesmo que se trate da mesma do ença, enquanto que oque está estabelecido não é assim. Caso esteja errado nesta minha ideia peçodesculpa e que me ajudem na melhor compreensão, sobre quando é que se devepagar uma consulta.Quanto ao primeiro ponto que apresentei, proponho que as estruturas de conselhode enfermarias e outras existentes, intensifiquem a vigilância para detectar aqueletipo de trabalhadores que só servem para criarem confusão.Para outros companheiros do. entes, agradeço que também se pronunciem sobrealguns aspec'tos negativos de alguns trabalhadores de outros Serviços Sanitáriosque existem no País e que ao mesmo tempo compreendam que nesta fase da nossaarrancada para a construção de uma sociedade nova, livre de exploração dohomem pelo homem temos grandes transformações em que alguns companheirossão ultrapassados, vindo a criar uma barreira à nossa grande caminhadarevolucionária.Aproveito enviar as minhas saudações revolucionárias, e espero que os outroscompanheiros leitores me corrijam, caso eu esteja errado ao pedir a publicaçãodesta carta.Alberto Alfredo Barace NhantumboMAPUTOMORTE .DE DOIS JOVENS O perigo de fazer fogueirasdentro de casaNa noite de 2916/78 a morte visitou inevitavelmente m ais uma vez a famíliaCossa em Bela Vista.Dois jovens de nomes: Armando Cossa e Armando Mathusse, ambos com 18 anosde idade, morrem asfixiados, no mesmo quarto.O camarada Borges Cossa, Responsável -pela 3." zona de Manutenção deEstradas. havia saído para Changalane onde fora sepultar seu pai falecido a25/6/78, tendo deixado na residência os filhos mais pequenos ao cuidado deArmando Cossa seu sobrinho, que viera tratar alguns assuntos no Registo Civil.

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De regresso encontraram pelo caminho, que vinha também a Bela Vista, oArmando Mathusse, filho dum colega de serviço, que o levaram no carro em queviajavam.Na residência não tardaram a recolher dado que estavam cansados pela tarefa doenterro e pela caminhada, tendo ficado os dois jovens ao crepitar do lume dofogão a carvão vegetal aceso.O camarada Borges. sempre tem recomendado não fazer lume dentro de casa,porque era perigoso. Mas os jovens sentindo muito frio e aproveitando a ausênciado tio, resolveram conservar o fogareiro no quarto onde passariam a noite e ondeviriam encontrar a morte. Embora com a porta aberta do quarto de acesso à sala,fecharam a janela, dando assim a origem ã morte cos mesmos jovens, por asfixia.No dia seguinte, o motorista Alfredo Caetano que se levantara muito cedo empreparação para o trabalho, admirou-se por não ver ninguém fora, desconfiado foiabrir a porta do quarto, que muito mais admira.TEMPO N. 408 - pág. 5

do ficou por ver que não se mexiam. Estavam os dois mortos.Desta forma alertamos a todos, 'o máximo cuidado que devemos ter evitandosempre deixar nos quartos fogareiros acesos.Efraim Tomás MaziveCapataz Auxiliar de 2.' ClasseBela VistaA.P.I.E.:* Posto da Polana desespera quem deseja uma casaTomo a liberdade de por intermédio da revista expor um problema quepresentemente o A.P.I.E. impõe à nossa vida, da maneira incorrecta como atendeo público, esse público que o ajuda a viver.Passo a explicar o caso, que não é falso, passou-se comigo.No dia 10 de Janeiro do ano corrente, entreguei na Repartição do A.P.I.E.,delegação da Polana, um pedido para habitar uma casa situada na Av. AhmedSekou Touré, n.° 1154.Foi indeferido, com a justificação de que a referida casa já se achavacomprometida com outro pretendente cujo n.' do processo era o 1268/78, e queportanto não poderia, ser alugada.Agora pergunto eu: Se o meu pedido era o N.° 1154178 de 10 de Janeiro e o outrorequerente tinha entregue o pedido depois de mim como se. verifica pelas datas enumeração, como poderia estar comprometida?Verifiquei mais tarde que a referida habitação ficava para familiares dofuncionário.N o v a pergunta: É correcta esta maneira de trabalhar?Os funcionários do A.P.I.E. estão ao serviço do povo ou dos seus familiares eamigos?Desgostoso resolvi p e d i r o meu pedido de habitação para o A.P.I.E. do Alto Maé, com transferência da Polana.Lá deparei com uma senhora que perante o chefe da secretaria se lamentavachorando de que fora enganada pelo A.P.I.E. da Polana durante um ano, no qual

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todas as casas de que dava relação nada conseguiu. Este procedimento a meu vernão está correcto, e julgo que deveriam ser tomadas as providências necessáriaspara terminar com esta situação. Não é justo que sejamos nós a procurarmos ascasas e sejam outros a habitá-las. Cumprimentando, agradeço esta publicação.Alfredo Zacarias Jovo.Funcionário dos Serviços de Saúde - MAPUTOESPUNGABERA:* Elementos dos Grupos Dinamizaóores dinamizam o loboloCaros leitores da Revista Tempo, as vossas saúdes são os grandes desejos a saberque para mim tomo a liberdade. É pela primeira vez que dirijo uma carta à RevistaTempo, cujo o objectivo de apoiar o caríssimo leitor Pedro Samuel Mbanze, noqual este diria sobre o lobolo na Revista n.* 376.Pois é francamente que as filhas loboladas são vitimadas pelos seus espososatravés dos pais quererem o dinheiro do lobolo. Respectivamente aqui emEspungabera as filhas são vendidas. Eu não sei qual é a função de G.D. desteDistrito. Porque mesmo aqui na sede Distrital onde vivem alguns dos elementosde G.D. acontece o mesmo. Muito bem sei que quanto a luta contra as ideiasvelhas não espera só de Grupos Dinamizadores mais sim é para todos nós. Mas oque me admiro é de que, os mesmos mobilizadores as suas filhas são tambémloboladas. Mas será que o Povo vai compreender dessa forma? - E co-TEMPO N.' 408 - pág. 6mo é que o Povo vai abaixar uma vez estão assistir as filhas dos mobilizadoresserem lobo ladas?Foi neste contexto que me levou a dizer que não sei qual é a função do G.D. desteDistrito. Quando cantamos que lutando com firmeza contra as ideias velhas,ignorância, obscurantismo, poligamia ou lobolo só cantamos sem nada oseguimento.Encontra-se também algumas filhas que são proibidas com os pais participar nasaulas porque se não perdemos o dinheiro do lobolo das mesmas. Viram o que éisso os meus leitores? Mais que verdade isto acontece neste Distrito até hoje.Não sei quantos anos que são precisos para que o Povo vai abaixar com estasituação muito estranha na RPM. Finalmente vamos agora entrar no 4. anoMoçambique Independente, mas o lobolo ainda continua nem sequer osmobilizadores! Ao contrário quando ouvem que lobolo é abaixado, aumentamcada vez mais quecobravam no passado. O contez to é de que vamos aproveitarmos neste tempoquando a ordem ainda não fortificou. Então face a isto o homem se não trouxer nasua pasta os 16 a 17 mil escudos é porque não pode casar a filha de ninguém.Caros leitores, assim não é vender as filhas? Mas será que a Revolução vemfomentar mais o lobolo? - Afinal quanto tempo falta mais para que acabemos comisso a não, ser nesta fase? Como

segundo dizem que esperamos na fortificação da ordem não sei quem vaifortificar esta ordem e como fortificar dela. Admiro muito bastante por ouvir o paidizer a filha que, já recebi o meu dinheiro, por isso mesmo daqui é arrumar assuas bagagens e seguir directamente com o seu esposo mesmo que na casa deles

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comam pessoas não o interessa porque já não pertence mais a mim. Isto aconteceaqui Espungabera, em Mossurize.Pedia aos leitores para que me desculpassem com os meus er ros que coloqueinesta carta. Assim queria que a mesma servisse do meu transporte das minhassaudações revolucionárias.Abaixo O lobolo, A Luta ContinuaFrancisco Gero Cadzibatire F.P.L.M.ESPUNGABERAESPECULAÇÃOEM NACALA0 Aqui na cidade não há balança!Não suscitam dúvidas as afirmações feitas pelos camaradas Ernesto Caliate e JoséMaria Daero nas suas cartas publicadas na Revista-TEMPO números 396 e 402respectivamente.,Como estou há quatro meses nesta cidade estava convencido de que mal vivia asituação de Nacala, embora tentasse inteirar-me profundamente dos problemas e dificuldades encontradas. Em análise geralfiz comparações com os outros distritos da mesma Província, no e n t a n t o deNampula, cheguei à conclusão de que a situação vivida nesta cidade é lamentávele merece grande reparo por parte das Estruturas que guiam o povo vigilante emparticular as populações de Nacala, no sentido de neutralizar certas atitudes decrimes praticados contra os princípios da revolução.Há meses atrás vimos conforme o publicado no jornal NOTiCIAS, que algunsespeculadores e açambarcadores f o r a m desmascarados, elementos que noite edia pretendiam contrariar e desviar os nossos princípios. Estas medidas nãodevem terminar aqui, pois devem avançar continuamente atingindo até aos mais pe q u e n o s comerciantes que servem de instrumentos para os grandesexplorarem melhor.Em Nacala já não existem balanças. A maior parte ou 80 por cento dosvendedores ambulantes não sabem o que é um quilo nem se preocupam com atabela dos preços existente no nosso Pais. Para eles o que mais interessa é ver onegócio a andar. Quando se pergunta quanto custa o quilo de laranja, cebolas, etc.,a resposta é firme:«Não posso pesar porque eu também comprei e se pesar não vou ganhar nada».Encontramos ovos a serem vendidos a 75$00, 80$00 a dúzia, laranjas a 1$00,1$50, cada. Mas que laranja? E mais que não se pode inumerar.Desde muito que não se apanha cigarros nas lojas, mas cá fora há todo tipo decigarros. Pergunto eu, será que estes pequenos comerciantes fazem requisiçõesdirectamente às fábricas? Duvido, p o i s existe uma mobilização por parte dosgrandes comerciantes para não dizer açambarcadores que v e n d e mclandestinamente os seus produtos aos pequenos em preços especulativos, osquais são revendidos com mais lucros. É um jogo difícil compreender. Osespeculadores formam equipas altamente preparados com uma b r u t a preparaçãofísica que, se fosse em campos de futebol, saíam sem tocar na bola. Afinal onde, ecomo Jogam os especuladores? Eles não têm campo, jogam ao ar livre. Quando

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entram em jogo levam número indefinido de jogadores. Para eles não há cartãoamarelonem fora do jogo. São incansáveis, pois jogam noite e dia e não têm intervalo.São dirigidos pelo Capitalismo que a todo o momento espera os resultados para osenviar ao grande patrão deles, «0 Imperalismo».O povo organizado deve intensificar a vigilância no sentido de eliminar no nossoPais as equipas formadas pelos especulado res.A. NHATUGUEJANACALALUANDA:0 Jovem desejatrocar selos e postaisAs minhas saudações revolucionáriasComo filatelista angolano, tenho o desejo de trocar selos e postais com jovensmoçambicanos.Venho por este meio pedir que se digne mandar publicar a minha direcção nessarevista, para o eleito atrás citado.Mario Rui Pinto PiresC. P. n.> 1375 - BenguelaRepública Popular de AngolaTEMPO N. 408 - pág. 7

SEMANA A SEMANAASSINALADO O DIA DAS NACIONALZAÇÕESCom a realização de jornadas de trabalho colectivo, reu- de continuarem aassumir na dade em Inhangulue, e noprática as orientações traça- cinema «Estúdio», em Queniões de esclarecimento,actividades culturais e Outras ma das pelo Partido e a valori- limane teve lugara cerimózarem as nacionalizações, nia de encerramento de trêsnifestações de carácter popular, as populações de diversos Após visita àsinstalações cursos do Instituto de Ciêndo Centro, foi apresentada cias Médicase Paramédicas.pontos do Pais assinalaram no passado dia 24 o Dia das Na uma sessão culturalpela po- Em todas as escolas de Que-No círculo de Congolote,localidade de Bentica, em Maputo, cerca de 450 trabalhadores do Hospital Centralde Maputo participaram numa jornada de trabalho colectivo, que integrou aabertura de uma machamba de cerca de hectare e meio, destinada à plantação dehortícolas, construção de doze latrinas, corte de caniço para cobertura de umacoelheira para 100 coelhos e uma, campanha de consultas e tratamentos.No decorrer desta pequena campanha de consultas e tratamentos, em que foramtratadas cerca de 400 pessoas, os trabalhadores da Saúde explicaram à populaçãoa razão, os motivos por que se deve dirigir ao hos.pital sempre que se sintadoente.

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No final dos trabalhos, teve lugar uma reunião orientada por responsáveis doPartido e da Saúde que explicaram às populações a necessidade de seremobservadas as regras de higiene mais elementares. Aqueles responsáveis, quefizeram também uma retrospectiva do trabalho desenvolvido no campo da Saúdedesde a nacionalização da medicina privada até à actualidade, deram a conhecerque as estruturas da Saú.de passarão a efectuar visitas periódicas ao Círculo de Congolote, pra discutircom a população problemas que venham a surgir.No referidq circulo, as comemoraçoes do Dia das Nacionalizações terminaramcom um almoço de confraternização e a apresentação de actividades culturais porgrupos da DETA, Investro, Hos.pital e de Congolote.Por outro lado, centenasde trabalhadores dos hospitais e centros de Saúde da capital, reuniram-se noCentro de Saúde de MavalaneTEMPO N. 408 -pág. 8para comemorarem o 3. ani. versário d a Independência juntamente com o Dia dasNacionalizações.Ainda em Maputo, os trabalhadores da Escola Secundária da Maxaquenedesenvolveram actividades de limpeza à sua machamba, situada no Infulene, eapresentaram, na Forjadora, uma exposição de trabalhos executados pelos alunos.Na esco. la 1.0 de Maio, teve lugar uma jornada de limpeza e foi apresentada umaexposição de trabalhos executados pelos alunos de vários cursos.Em Gaza, o responsável provincial do Trabalho Ideológico, em representação doPrimeiro Secretário do Partido inaugurou uma exposição de produtos hortícolas,material didáctico, bordados e tecelagem, no Centro de Formação de Professoresde Inhamis. sua, distrito do Xai-Xai.Na ocasião, foi lida uma mensagem dos alunos do 3.0 Curso de Formação deProfessores Primários, que salientava a sua determinaçãopulação da Aldeia Comunal «Marien N'Gouabi» em conjunto com os alunos.Igualmente com a presen. ça de responsáveis do Partido e do Governo a nívelprovincial, no Centro Educacional de Munguinhane, que passou a chamar-se«Centro Educacional 24 de Julho de Munguinhane» foi inaugurado umdormitório, cozinha e refeitório, assim como uma exposição.No Chibuto, ainda na Pro. víncia de Gaza, foi inaugurada uma exposição deartesanato e outra de produtos hortícolas, produzidos por alunos d e váriasescolas, que foram vendidos às populações a preçosi muito baixos. Em diversaslocalidades do mesmo distrito, tiveram lugar jornadas de limpeza às casasnacionalizadas, assim como a abertura de novos arruamentos nas AldeiasComunais, trabalhos em que participaram estudantes da Universidade EduardoMondlane, que depois orientaram 'reuniões de esclarecimento sobre o significadodo Dia 24 de Julho.Na Província da Zambézia, foi inaugurada uma materni-limane tiveram lugar jornadas de limpeza, seguidas de alocuções sobre osignificado da data que se estava a comemorar e de peças teatrais, subordinadasao tema «Como Age o Inimigo».

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A nível da Província de Sofala, tiveram lugar na cidade da Beira actividadesculturais e reuniões de esclarecimento na maternidade «24 de Julho», naMunhava Central, nos Caminhos de Ferro, no Auditório Galeria de Arte e naEscola Secundária Samora Maechel. Activi. dades idênticas tiveram lugar noDondo.Ainda na Beira, foi inaugurado o «Hotel 1.o de Maio» antigo hotel Dom Carlos,Por outro lado, os trabalhadores do sector da Saúde, a nível da cidade, tomaramparte em trabalhos de produção agrícola, na limpeza do ex-centro de saúdeurbano, actual maternidade «24 de Julho». O programa previa ainda a realizaçãode en. contros desportivos, na cidade da Beira.eCONTROLAR DONATIVOS PARA AS VITIMAS DAS CHEIAS0 4.'ireunião da comisão Interprovincialdas calamidades naturaisRealizou-se nos dias 17 e 18 do corrente, na cidade da Beira, a 4.8 Reunião daComissão Interprovincial das Calamidades Naturais e Aldeias Comunais, queanalisou questões relaconadas com a aplicação dos donativos destinados éspopulações atingidas pelas éltimas cheias do Zambeze, canalização dos mesmospara as zonas afectadas e controlo sobre a distribuição. assim como problemas dafalta de 6ma e sanitários, entre diversos outros assuntos.A reunião foi presidida pelo director-adjunto da Comissão Nacional de AldeiasComunais, Lopes Tembe, e nela participaram delegações das províncias de Tete,Manica, Zambézia e Sofala.No final da reunião foi divulgado um comunicado com 16 conclusões, a primeiradas quais diz respeito à «necessidade do se aplicar de umacionalizações.

forma correcta e organizada os dinheiros que possuimos, com urgência, enquantodurar as calamidades, para melhorar as condições de vida das populaçõesafectadas pelas cheias».O documento refere, a seguir, a «necessidade da aquisição de máquinasfotográficas para se tirarem fotografias das diversas fases da construção dasAldeias Comunais» e afirma que se deve proceder à «inventariação minuciosa detodos os barcos e motores», e que para uma melhor conservação dos mesmos«deverão ser concentrados nas Capitanias dos Portos da Beira e Quelimane, àordem e responsabilidade das Comissões Provinciais das Aldeias Comunais».Noutro ponto, o dQcumento diz que «atendendo a que certos donativos enviadosatravés dos Caminhos de Ferro chegaram ao destino com faltas, o Executivo deveoficiar à Direcção dos Caminhos.de Ferro, na Beira, com conhecimento aoGoverno da Província, comunicando este facto e pedindo providências para que, omesmo não volte a repetir-se».«Quanto à falta de águapotável que se faz sentir em certas zonas afectadas, foi recomendado que asComissões Provinciais providenciassem com urgência a construção de poços,mesmo provisórios, até se construirem os definitivos, para se garantir oabastecimento de água às populações, com o fim de preservar a sua saúde.»

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«Com o mesmo fim foi recomendado também que as Comissões Provinciais,promovessem a intensificação da construção de latrinas e a sua regularutilização.»O mesmo texto diz também que «as Comissões Provinciais, bem como asdistritais, devem fazer o maior controlo na distribuição dedonativos enviados, fazendo-se um recenseamento rigoroso das populaçõesafectadas pelas cheias, com o fim de se impedir infiltrações e dar-se umaaplicação correcta aos donativos recebidos que se destinam àquele fim» e que«quanto aos direitos alfandegários que recaem sobre os donativos que nos sãoenviados, ficou decidido que a Comissão Nacional iria contactar com os serviçosrespectivos do Maputo, a nível da Nação, para conseguir a sua isenção, pois tal sóirá beneficiar os afectados pelas cheias».Por outro lado, em relação aos donativos em dinheiro recebidà na própriaprovíncia, foi decidido «que poderão ser gastos na mesma Província devendoapenas constar as contas a apresentar pelas Comissões Provinciais à In.terprovincial e Comissão Nacional».Diz também o comunicado final que «verificando-se ter havido desvios dedonativos por parte de certas estruturas ligadas à sua distribuição, foi decidido queestes desvios devem ser minuciosa e rigo rosamente investigados para que osimplicados sofram uma punição severa que sirva de exemplo vivo para que o seumau comportamento não venha a ser imitado, devendo também os seus nomes ecastigos aplicados constar do relatório da Interprovincial, para seremconhecidos».Foi também decidido que estas reuniões passem a efectuar-se em cada uma dasprovíncias interessadas. «atendendo a que há toda a vantagem em que oseléme'ntos da Comissão Nacional e todos os elementos das Comissões Provinciaisacompanhem nos próprios locais a evolução dos trabalhos».oMARCELINO DOS SANTOSEM CUBAUma delegação do nosso com destino a Cuba, paraPaís, chefiada por Marcelino representar o Povo moçambidios Santos, membrodo Co. cano, o Partido e'o %pverno rnité Político Permanente da nascomemoraçóes 14o 25.ý FRELIMO e Ministro do Pla- anivQrsãio ao Qua el deno, patíu no passado dia 21 Moncada. i10 VIATURAS PARA CINEM MOVEL0 Oferta da União SoviéticaDez viaturas equipadas com material de projecção de filmes e instalações sonoras,foram oferecidas à FRELIMO. pelo Partido Comunista da União Soviética ýnopassado dia 25 de Julho no Cais de Maputo. O embaixador soviético emMoçambique Piotr Evisinkov fez a entrega a Augusto Macamo, membro doComité Central da FRELIMO.Estes veículos têm 'capacidade para rodar em terreno acidentado e de difícilacesso, possuindo gerador próprio que alimenta toda a aparelhagem instalada naviatura. Serão utilizadas pelo 1 N C (Instituto Nacional de Cinema) para aprojecção de fil. mes nas zonas rurais e outros trabalhos de propaganda, sendo

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dotadas de um projector de filmes e o respectivo écran, uma instalação sonoracomposta de amplificador, gravador, rádio, giradiscos e microfones.«0 nosso Comité Central tomou uma decisão oportuna ao. oferecer estas viaturasaos nossos grandes amigos da FRELIMO» -, disse a certo passo Piotr EvisinKovno acto da entrega.Mais adiante, o embaixador soviético salientou que, em caso de necessidade, sejapara a reparação do material instalado nas viaturas ou para a utilização técnica dosaparelhos,encontram-se e m Moçambique dois técnicos daquele país socialistapron. tos, para qualquer ajuda.Aspecto das viaturas oferecidas à FRELIMO pelo Partido Comunista soviético.No seu interior encontra-se diverso material de propaganda, nomeadamenteprojectores e telas de cinema, instalação sonora composta por amplificador,gravador, rádio giradiscos e microfones.Momento em que PiotrEvsinkov,, embaixador soviético na RPM procedia à entrega de chaves das 10viaturas a Augusto Ma. camo, membro do Comité Central da FRELIMOAo terminar, Piotr Evisinkov afirmou q u e «queria mais uma vez dizer que nósestaremos sempre convosco na luta contra o imperialismo, e sempre estaremosconvosco na luta pelo futuro brilhante.»Seguidamente fez a entrega das chaves das 10 viatu. res.Por sua vez, Aug'usto Macamo, agradeceu a oferta emTEMPO N.° 408 - pág. 9

nome do Comité Central da FRELIMO, tendo começado por se referir à ajuda que'a URSS presta à FRELIMO desde os tempos da Luta Armada de LibertaçãoNacional. Informou ainda ao diplomatasoviético que aquelas viatu. ras vão ser utilizadas para a informação nas zonasonde a penetração de informação é difícil.ANIMADORES CULTURAISUm curso de animadores culturais com a duração de doisanos, encontra-se a funcionar desde o ano passado no Centro de EstudosCulturais. em Maputo, com a frequência de mais de 150 alunos provenientes devárias províncias doPaís.O objectivo deste curso é o de formar quadros nacionaisdotados de conhecimentos sobre a cultura no nosso Pais.Os participantes no curso cede apoio de organismos inestão a receber aulas sobreternacionais que é canalizaaspectos ligados não só à do através do Ministério dacultura moçambicana mas Educação e Cultura.também de todo o continen. Está também prevista a te em geral, após o que irãoabertura de uma machamba implementar os seus conhe- do Centro, o que até aocimentos a nível do Pais e momento não foi feito devi proceder ao levantamentodo ao facto de, para o efeidos nossos valores culturais, to, os alunos terem de sesegundo informava o jornal deslocar a pé para lopais«Notícias» na sua edição dopassado dia 16.

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O curso funciona em doisturnos, um diurno e outro inocturno, e nele são ministradas as disciplinas de Por.tuguês, História, Educação Política, Geografia, Desenho, Teatro, Artes Plásticas,Pintura, Modelação, Música, Fotografia e Noções de Cultura, entre outras,Os alunos dispoem deuma biblioteca que apesar de contar com pouco. material, serve de apoio para po.derem aumentar os seus co.nhecimentos, completando o que lhes são transmitido: nas aulas práticas eteóricas.Por outro lado, e para além muito distantes, dado que o de dificuldades em aloja-Centro não dispõe de viatumento e vestuário, enfren- ra própria.tam, o problema da carência No-inicio do ano passado,de material didáctico, nome- realizou-se no Centro de Es.adamente livros e material tudos Culturais um curso adequado.semelhante, com carácter inCom vista a solucionar tensivo e que foifrequentaparcialmente estes proble- do apenas por alunos da mas, os alunosdedicam to- Provincia de Maputo, com das as quartas-feiras à exe- habilitaçõesliterárias d a cução de trabalhos de pintu- oitíva e nona classe, enra e modelação,os' quais quonto que o que se ensão depois vendidos rever- contrapresentemente a funtendo as receitas para a :iofar 4 frequentaio porcompra de vestuári4ý. im,-! u ahos que têm com.ý hãbili, terial didáctico. Pataalém taç5es mínimas a quintadestas receitas, o Centro re- elaaeTEMPO N.° 408- pág. 10 (85 TÉCNICOS PARA OBRAS POBLICASTerminaram no passado dia 21, em Maputo, os cursos de Mecânica, Tipografia,Responsáveis de Zona e Conservação de Estradas e Aperfeiçoamento deEncarregados de Obras, que decorreram durante cerca de oito meses com aparticipação de 85 trabalhadores do Ministério das Obras Públicas e Habitação.Os referidos cursos foram coordenados pelo Centro de Formação Técnica doM.O.P. H. em colaboração com as direcções nacionais de Estradas e deEquipamento Social, tendo sido ministradas aulas práticas e teóricas.No que se refere ao curso de Topógrafos, para os alunos se familiarizarem com autilização dos aparelhos e a orientação a dar aos trabalhos após a sua formação,foram efectuados trabalhos práticos na Província do Niassa. Também nosrestantes cursos foram dados conhecimentos relacionados com a actividadeprática profissionalO encerramento dos cursos foi presidido por Júlio Carrilho Ministro das ObrasPúblicas e Habitação, que fez uma breve retrospectiva daactividade do seu Ministério no que respeita à formação de quadros desde oprimeiro semestre do corrente ano até ao presente momento. A dada altura,exortou os participantes nos cursos agora terminados a contribuírem activamentepara o combate contra o analfabetismo no seio dos trabalhadores da construçãocivil, para se evitar a disparidade de escolarização nos próximos cursos, namedida em que isso pode afectar o aproveitamento dos alunos. ,

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A terminar, Júlio Carrilho felicitou os cooperantes cubanos que estiveramenvolvidos neste trabalho, pelo es. forço dispendido para se alcançar o objectivodo curso, e, dirigindo-sé aos recém-formados, afirmou que «nós dizemos que- otrabalho, feito até aqui constitui uma etapa, porque a tarefa de elevação do nívelde conhecimentos deve prosseguir em toda a vossa vida de profissionais, aoserviço do Povo moçambicano. Se assim fizerdes estareis a contribuirdecisivamente para a consolidação das bases materiais e ideológicas para aconstrução do Socialismo». oKONG ZIN TÉ REGRESSOU A COREIARegressou no passado dia 19 ao seu País o Vice-Primeiro-M i n i s t r o coreano,Kong Zin Té, que esteve em Moçambiquo durante algumas semanas chefiandouma delegação comercial da República Popular Democrática da Coreia.Ao deixar Maputo, Kong Zin Té referiu-se à recente visita efectuada pelo Presi.dente Samora Machel á R.P. D.C., que «alargou os caminhos da cooperação entreos dois paises»>, após o que afir on0 jiter ficadi muito satís.it [com a h pitalidade- e Íaizade que o Povo mopýmI;cano demonstrou para t !1 icom a sua delegação, o que fez com que fosse possível levar a bom termo a suamissão.«Através da nossa visita, pudemos verificar que o Povo moçambicano estáengajado na Revolução e na luta da reconstrução do País, dirigido pelo seuPartido de Vanguarda, a FRELIMO» disse ainda Kong Zin Té.Entretanto, parte da delegação coreana continua em Moçambique com vista àrealização de mais estudos nos campos da Saúde, Educação, Indústria eTransportes.iANA A SEM,

100 TAXIS EM MAPUTOEntrou em funcionamento na capital do País, no passado dia 24 de Julho - Dia dasNacionalizações --, a nova frota de 100 táxis, recentemenle adquiridos peloGoverno da RPM, dando-se assim inicio à actividade em empresa estatal «Rádio-Táxi Iaputo».Esta frota, que está equi pada com um sistema de comunicação por rádio,funcionará em dois grandes turnos. O primeiro, das cinco da manhã até às 23horas, em que circulam 80 viaturas, e o segundo entre às 23 e as 5 horas do diaseguinte, em que estarão em actividade apenas cinco viaturas.A cerimónia inaugural foi presidida pelo Ministro dos Transportes eComunicações, José Luís Cabaço, que era acompanhado pelo Ministro das ObrasPúblicas e Habitação, Júlio Carrilho.Ao saudar a participação da mulher como motorista de táxi, José Luís Cabaçoalertou para a necessidade da vigilância aguda, na medida em que a reacção irátentar deturpar o significado real do seu engajamento nesta profissão, queconstitui, sem dúvida, um grande exemplo e estímulo n o processo deemancipação da Mulher Moçambicana.A . criação desta empresa representa também um grande exemplo no combatecontra o departamentalismo que reina nas nossas estruturas,

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Um dos cem novos tázls que c:rcutlam em Maputo.Ao salientar a importância política que assume a criação de uma empresa estatalde táxis, a primeira do género no nosso País, o Ministro dos Transportes e Corunicações recordou que ela se enquadra na aplicação das Directivas Económicas eSo. ciais traçadas pelo III Congresso da FRELIMO, no que se refere ao sector dostransportes rodoviários. Apontou também, que ela deve 0ons. tituir uminstrumento de criação do Homem Novo, ao nível do sector dos Transportes,através do exemplo dos seus trabalhadofós,segundo afirmou o Ministro José Luís Cabaço ao enaltecer o facto de todas asestruturas rodoviárias do Sul do Save e de outras províncias do Pais terempartízipado activamente na criação desta nova empresa, através, .do seu apoio emrecursos hu manos é materiais. O internacionalismo militante f o i tambéfh postoem destaque, dado que os trabalhos de pia. nificÍção para a criação desta empresa,assim como a foftnação do seu pessoal, contou grandemente com a ólaboração dealguns coÓperantes ue se encontramno nosso País, particularmen. te da República de Cuba.Os Ministros dos Transportas e Comunicações e das Obras Públicas e Habitação,acompanhados pelos restantes convidados, visitaram de. pois as instalações daEmpre. sa «Rádio-Táxi Maputo» onde lhes foi explicado detalhadamente todo osistema de funcionamento, desde o controlo permanente das viaturas emcirculação até à re-cepção, por telefone, dos pedidos dos passageiros.O Ministro José Luís Cabaço viria, depois, a indicar quais os deveres dósmotoristas de táxi, assim como do público em relação aqueles. Finda a cerimónia,no decorrer da qual foram apresentadas actividades culturais, to. da a frota de 100táxis circulou por algumas artérias de Maputo, após o que entrou emfuncionamento normal.O.J.M.o monitoresTeve inicio no passado dia 24 o Primeiro Curso de Formação de Quadros daOJM, que terá a duração de 15 dias e em que participam 47 elementos dasprovíncias de Maputo. Gaza e Inhambane.A realização deste curso integra-se no âmbito do cumprimento dos programas doDepartamento de ;Formação de Quadros da OJM. de acordo com o que foidefinido nas reuniões do Conselho Coordenador Nacional da orga.-inização.Neste curso serão ministrados conhecimentos que habilitem os seus participãntescomo monitores para poderem proceder à formação de outros monitores a níveldistrital. A tarefa destes últimos será a de dinamizarem e ori. entarem o estudopolítico entre os activistas e quadros da OJM a esse nível.Sob a orientação dos Departamentos de Formação de Quadros a nível dasprovíncias e com o apoio das es-truturas do Partido, os futuros quadrosprocederão àprogramação, organiação e realização de cursos de pequena duração, dinamizaçãode actividades de agitação política, palestras, s#ssão de esclarecimento e outrostrabalhos.

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«A Organização da Juventude Moçambicana só pode avançar no seu trabalhoeducador * organizador dos jovens e cumprir com êxito a sua gtandiosa missão deintegraf-a juventude nas tarefas dá Revolução Socialista, se oi seus quadros 0actívis. tas tonhecerem é assumirem, em cada uma das iniciativas.os princípios políticos e ideológicos que orientam o nosso Partido de Vanguarda»- salientou o Segundo Secretário da OJM, Nuromomade Hassamo, no momentoda abertura do curso que decorre na Pousada dos CFM, em Maputo.e conferênciasEstão a decorrer desde o princípio do mês, em todos os distritos da Província doMaputo, conferências da OJM a nível de localidade, cujos trabalhos têm incididofundamentalmente sobre o estudo dos documentos de órientação da Organização esobre o seu plano de trabalhos para 1978.Até ao passado dia 18 já tinham sido realizadas as conferências das localidades deMafuiane e Changalane, no distrito da Namaacha, Mapulanguene e EduardoMondlane, no distrito de Magude, e das localidades da Matola e Machava.Nas referidas conferências, Álém de terem sido estudados os documentos daterceira sessão do Conselho Coordenador Nacional da OJM, foram tambémeleitos os secretariados de localidade.De acordo,com um comunicado emitido no mesmo dia pelo SecretariadoProvincial, esta estrutura, em colaboração com a Direcção Nacional de Educação,encontra-se empenhada presentemente na criacão de estruturas de base destaOrganização Demecrática de Massas nas esc. las secundárias da Provinr',i deMaputo e na consolidação das já existentes.TEMPO N. 408 - pág. 11

Preparação politico-ideológicaTERMINOU"CURSO LUIS CABRAL"Foi denominado «Curso Luis Cabral», o segundo curso Iuterprovincial doDepartamento do Trabalho Ideológico do. Partido que encerrou no passado dia20, no Centro de Pre. paração Politica-Ideológica, em Maputo.Este curso, que teve a duração de 45 dias, foi frequentado por 60 elementos dasProvíncias de Inhambane, Gaza e Maputo. As disciplinas básicas foram Históriade Moçambique, noções elementares de Marxismo-Leninismo e váriosdocumentos do Par. tido e Governo.A sessão de encerramento foi presidida por José Moiane, Primeiro SecretárioProvincial da FRELIMO e Gover,nador de Maputo, que na sua intervençãocomeçou por si. tuar a realização deste curso no processo de Estruturação doPartido, após o que apontou.a importância do traba. lho ideológico no seio dasmassas trabalhadoras, especialmente nesta fase de Reconstrução Nacional em quetodo o moçambicano consciente é chamado a defender e a consolidar asconquistas da Revolução.Ao exortar os participantes no curso «para transmitirem correctamente os vossosconhecimentos á população», José Moiane disse que para isso «á necessário quevivam a vida do Povo, de uma maneira colectiva e organizada. Nas aldeiascomunais, nas co.

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operativas, em todas as unidades de produção - continuou - é preciso saberemvalorizar este segundo Curso Interprovincial do Departa. mento do Trabalho-Ideológico do Partido. Devem ganhar mais militantes para a nossa causa, para aReconstrução Nacional e para a copstrução do Socialismo no n osso País».Na mesma ocasião, os participantes no curso 1 e r a m uma mensagem propondoque o segundo Curso Interprovincial do DTIP se designasse «Curso Luís Cabral».A pro. posta, baseada no facto de o Chefe de Estado da Guiné-Bissau" ter visitadorecente. mente Moçambique, foi aprovada por aclamação,A mensagem fazia ainda uma análise dos sucessos e dificuldades encontradas aolongo do curso, salientando, a dado passo, que nos próximos cursos deveriamparticipar elemenitos com um grau de escolarização u m pouco mais elevada, p a ra permitir uma melhor apreensão dos conhecimentos mi. nistrados.GazaNOVOS MONITORES DE ALFABETIZAÇÃOEncerrou no passado dia22, no Centro de Maciene, em Gaze, o terceiro curso de monitores deAlfabetização e Educação de Ad'ultos, que contou com a participação de 30elementos das aldeias co. TEMPO N. 408 -pág. 12munais, cooperativas e machambas estatais daquela Província.A sessão de encerramento do curso contou com a presença do responsávelprovincial de Alfabetização eEducação de Adultos, que salientou a importância do curso pelo facto de serealizar no momento em que acabava de se lançar, a nível do País, a CampanhaNa. cional de Alfabetização, cujo sucesso depende da forma omo foremimplementadas as orientações que os novos monitores acabavam de receber.Por outro lado, os participantes no curso afirmaram, através de uma mensagem, asua determinação em levar por diante as tarefas de-finidas pelo Partido e que culminaram com a Campanha de Alfabetização eapontaram alguns problemas, como a falta de água e de luz, que muitas vezesdificultou a realização de alguns trabalhos.Ao longo dos cursos que se têm vindo a realizar naquela Província, foram jáformados 23 6 alfabetizadores vindos das chamadas zonas prioritárias, estandoprevista para breve a realização do quarto curso.MaputoESTRUTURAS DISTRITAISDE CULTURAEstruturas distritais de Cultura, a nível de toda a Província de Maputo, vão entrarem funcionamento no dia 5 de Agosto próximo, de acordo com-o que foi reveladono final da reunião preparatória dos quadros que irão assumir a tarefa deresponsáveis distritais, que decorreu na capital do Pais entre 19 e 23 do correntemês.A reunião, promovida pela Direcção Provincial de Edu. cação e Cultura doMaputo, traçou orientações concretas sobre o papel do responsável distrital deCultura e dos membros das brigadas de dinamização cultural que, igualmente, vãoser constituídas em todos os distritos da Província. Palestra; sobre os te. mas «Acultura no processo revolucionário», '«Casas de cultura», entre outros, tiveram

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lugar no âmbito da reunião, com a finalidade de permitir aos novos quadrosconhecimentos necessários à sua actividade diária.Outros aspectos relacionados com a, cultura, como grupos culturais polivalentes,levantamento cultural do circulo à província, ligação entre as estruturas dos váriosníveis, mereceram também a atenção dos participantes na reunião.Na sessão de encerramen. to, Aires Ali, director provincial da Educação e Culturado Maputo, traçou orientações que deverão nortear a actividade dos elementosquenos distritos vão ter a cargo a dinamização e orienta. ção de todos os trabalhos nocampo cultural.O mesmo responsável, na sessão de abertura da reunião, referiu-se ao facto de atarefa que os novos responsáveis vão desenvolver ter um alto significado noamplo combato pela edifica. ção das bases materiais e ideológicas para aconstrução do Socialismo, afirmando a dado passo que «A cultura é a expressãodo nosso sentimento, do sentimento do Po. vo, Nela exprimimos a nossapersonalidade».Noutro passo, Aires Ali, recordou que « quando desencadeámos a luta delibertação nacional, o nosso combate não era somente contra a máquina deopressão colo. nial, o exército, as formas de dominação, contra o Aparelho deEstado montado para o efeito mas também contra a colonização cultural, pelaeliminação da cultura decadente da sociedade burWuesa».ANA ~A_ SEMJ

ZambéziaCOOPERATIVAS DE CONSUMOMELHORAM ORGANIZAÇÃOA criação de Comissões Intercooperalivas, de um novo programa deabastecimento e de um sistema de controlo de mercadorias, são algumas dasrecomendações do Primeiro Seminário das Cooperativas de Consumo daZambézia, que salientou também a necessidade da publicação urgente doEstatuto-Tipo para as cooperativas de Consumo.Este encontro, que teve como objectivo analisar profundamente a situação doactual Movimento Cooperativo na Zambézia, em particular o movimento dascooperativas de consumo, decorreu em Quelimane entre 14 e 16 do corrente, coma participação de 70 delegados idos de todos os distritos.A sessão de abertura do Seminário, que viria a decor. rer sob a orientação doresponsável nacional da Comissão Coordenadora das Cooperativas de Consumo,foi presidida pelo Primeiro Secretáro Provincial do Partido e Governador deInhambane. Oswaldo Tazama, que «considerou o desenvolvimento do MovimentoCooperativo no País como sendo fruto da maturidade política do Povomoçambicano e da vontade firme de se libertar da miséria, da fome, da nudez e daexploração e encorajou as cooperativas de consumo a integrarem-se em estruturasorganizativas de carácter unitário, com vista á criação de uniões para melhororganização e planificação das suas actividades».Afirma o Comunicado Final do Seminário que «debruçando-se sobre os relatóriosdos distritos, constatou-se a existência de problemas comuns, tais como político-

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associativos, abastecimento, instalações, equipamento, organização interna econtrolo, o qu, veio a demonstrar a necessidade de acelerar o processo de criaçãoda estrutura provincial de coordenação das cooperativas de consumo».Foi constatada a existência de um entusiástico. movi. mento de massas cm vista àformação de cooperativas, havendo presentemente mais de 150 cooperativas deconsumo. na província da Zambézia. Foi também notado que apesar dasdificuldades que enfrentam, «as cooperativas têm contribuído activamente noprocesso de socialização do campo, organizando os camponeses em moldescolectivos e melhorando as suas condições de vida» e que «o movimentocooperativo combate o regionalismo, o individualismo, a pol;gamia, os vícios dasociedade velha, tendo .sido realçado que o movimento deve ser organizado sob adirecção da FRELIMO».Acrescenta o documento que «os participantes reconheceram que existeminsuficiências políticas no trabalho de mobilização que conduzem, muitas vezes, auma deturpação dos objectivos das cooperativas», salientan. do noutro passo:«Debruçando-se sobre a or. ganização das cooperativas, pode constatar-se ainexistência de estruturas na maior parte delas, bem como a ausência de definiçãodas tarefas dos órgãos de gestão e controlo. O seminário considerou que aprincipal causa dessas dificuldades é a falta de um Estatuto-Tipo para ascooperativas de consumo, tendo-se salientado a necessidade da sua publicaçãourgente.». «or outro lado, os participantes concluíram que umdos obstáculos para o desenvolvimento harmonioso do movimento cooperativo éa actual dispersão e isolamento das cooperativas. Assim, recomendou-se a criaçãodas estruturas de interligação, e coordenação das cooperativas de consumo(Comissão Intercooperativas), devendo.-se iniciar o processo nos distritos onde o número de cooperativas o justifique.»Sobre a situação do abastecimento, foi verificado que «as cooperativas enfrentamgrandes dificuldades, não gozando de prioridade junto dos diversos fornecedores.O seminário considerou que isto deve-se não só à insuficiência de quotas para osgéneros de primeira necessidade e dificuldades no sistema de transportes, comotambém à organização dos circuitos de distribuição. Neste contexto, osparticipantes saudaram os esforços que se desenvolvem no sentido da criação daEmpresa Estatal Grossistade Produtos Alimentares (COGROPA)».Neste âmbito, foi proposto que a referida Empresa, na Província da Zambézia,«inicie experimentalmente a sua activiídade abastecendo as cooperativas dodistrito de Quelimane».Dada a carência de instalações, para que cooperativas em formação possam iniciara sua actividade «apelou-se à APIE no sentido de dar prioridade de ocupação àscooperativas de consumo». Por outro lado, foi recomendada a «introdução gradualdo sistema de controlo das mercadorias e do dinheiro nas cooperativas, devendoesta acção ser acompanhada da realização de cursos e estágios», com vista a fazerface Is dificuldades que se vêm verificando quanto à organização do controlo-contabilístico.e

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SofalaABATIDOS 45 BÚOFALOSiCom vista à obtenção de dados científicos e económicos foram abatidos 45búfalos no Parque Nacional da Gorongoza tendo sido utilizadoexperimentalmente um dos sistemas mais avançados do mundo para a redução deanimais selvagens. Esta técnica consiste na utilização de helicópteros eespingardas carregadas com projécteis especiais, que injectam narcóticosdestinados a adormecer e imobilizar os animais visados.Esta «mini-operação» teve início no passado dia 19 e nos dias seguintes osanimais abatidos foram pesados, medidos e inspeccionados. Os resultados desteteste destinam-se a fornecer indicações práticas para uma acção em gran deescala. programada para Setembro e Outubro próximos, designada «Operação-Búfalo», e na qual se espera abater dois mil búfalos das manadas dos tandos deMarromeu, área de Savano, situada a 75 quiló metros da foz do rio Zambeze,ainda na Província de Sofala.Os búfalos abatidos no Parque Nacional da Gorongoza foram aproveitadosintegralmente, com a preparação de uma carne seca denominada «bietol», muitoapreciada pelas populações, enquanto as peles, patas, escrotos e crânios terãoaproveitamento industrial.TEMPO N.° 408 -pág. 13

NAS.A ipnorânciaa preguica,e o pergoTem vindo a registar-se um aumento continuo de acidentes com gás de consumocaseiro em quase todas as cidades do país. Pessoas com queimaduras graves aparecem constantemente nos hospi tais, nos Serviços de Urgência havendo alamentar, não raro vários mortos.Para se compreender esta situação necessário se torna recor dar um passado muitorecente. Efectivamente constatou-se que grande parte dos acidentados são pessoasque vieram viver para os prédios da cidade após as nacio nalizações, onde a lenhae o carvão que habitualmente utilizavam para cozinhar tiveram de ser postos delado. A alternativa-foi o fogão a gás, a utilização do gás, que não sabiam manipular. Esta situaçãocoincidiu por outro lado e ao mesmo tempo com uma certa desorganização dasem presas vendedoras e distribuidoras de gás. Estas empresas, para além defazerem a distribuição domiciliária do gás, encarregavam o respectivo pessoal - esó ele de colocar as garrafas nos fogões, verificando a sua segurança, asdeficiências, acabando ge ralmente o serviço com um teste confirmativo dotrabalho realizado.Contudo a redução da própria frota de viaturas, a saída de milhares e milhares deindivíduos que tinham garrafas de gás em seu poder e não devolveram assimcomo muitos pequenos outros pro -TEMPO N. 408 - pág. 14

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blemas, aumentaram a desorganização e não hcuve entretanto uma respostaimediata e vigorosa por parte dessas empresas vendedoras e distribuidoras demolde a d¿tar os respectivos serviços dos métodos de trabalho que vinhamanteriormente aplicando com eficiência.rigo mas também a preguiça e o desprezo pelos bens materiais que deveríamosproteger. As garrafas de gás são importadas. Cada garrafa destruida representamenos divisas em Moçambique, menos possibilidade de importar os produtosnecessários nesta fase de Reconstrução Nacional. Sobretu-do, cada garrafa defeituosa por negligência no seu transporte representa um perigode vida para a família inteira dentro de uma casa.Estas imagens são um para todos nós!alertaAssim um novo consumidor aparece ainda não familiarizado com este tipo decombustível, com a colocação das garrafas, com a manipulação do gás. Não hádivulgação de normas de segurança e de apoio por parte das empresasdistribuidoras, continuando todavia a aumentar diariamente o número de consumidores.A resposta das empresas em relação a este aumento de consumo e para «facilitar»a compra do gás pelas populações, foi abrir <postos de vendas» em algumasesquinas da cidade. Os tais «postos de venda» não são mais do que locais ao arlivre nas esquinas da c i da d e e subúrbios, sem qualquer tipo de segurança. Se defacto «facilitani» a venda ao ,público, estes postos «dificultam» a reorganização amédio prazo de todo um processo eficiente de distribuição ao público em perfeitascondições de segurança pelas empresas.Apenas há pouco tempo ressurgiram uns impressos da «Moçacor», que estão a serentregues aos clientes e onde se podiam ler nove medidas de segurança a seremaplicadas pelos consumidores de gás. É de se aplaudir esta(re) iniciativa, mas apenas que remos sugerir q u e o impresso com as novemedidas de segurança podiam ter vindo acompanhadas com desenhoselucidativos, para que mesmo os analfabetos puaessem «ler» as imagens.Salientamos aqui que a primei. ra medida de segurança apontada no referidoimpresso diz que «as garrafas devem ser colocadas na posição correcta, nuncadeitadas nem invertidas».As imagens que o nosso colega Ricardo Rangel captou há dias na capitalreflectem bem o desconhecimento do perigo que as pessoas têm ao manipular ovasilhame do gás. As imagens não mostram apenas o desconhecimento de pe--PORQUE FALTA PAPEL HIGIÉNICOObstrução nos tubos de esgotos, charcos de sujidade, cheiro horripilante emalgumas esquinas, tal é uma situação criada pela falta de uso do papel higiénicodesde há três meses para cá. Porém, esta situação vai ser aliviada com a chegadaprevista para breve, de 100 toneladas de matéria-prima para a fabricação do papelhigiénico.Com a faltá do papel higiénico as pessoas improvisavam meios que utilizaram nolugar daquele artigo higiénico, como seja, jornais e outros tipos de papel que pelasua consistência entupem os tubos de esgotos.

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Em Dezembro do ano transacto, chegou a última remessa- de matéria-prima paraa fabricação do papel higiénico que esgotou em Março do ano corrente. AEmpresa Moderna, unidade produtiva do sector gráfico que fabrica este artigoparou então de produzi-lo. No mês de Abril do ano em curso, por decisão doMinistério da Informação, o sector da Indústria Gráfica passou ao controlo doINLD. Este instituto, se gundo um responsável do mesmo, quando tomou ocontrolo do referido sector, tratou de importar a matéria-prima para a fabricaçãodo papel higiénico.Contudo, não foi possível a chegada a tempo da remessa de 100 toneladas porfalta de divisas para pagá-la. Durante mais de três meses, o mercado estaráabastecido deste produto. E depois de esgotar a matéria-prima importada?Provavelmente se vol tará a sentir a sua f lta, o respçýsável cqntact4do çlà INLDnão põde responder satià atorimL-nte a esta pergunta.Do ponto de vista sanitário, é bastante grave a falta de papel higiénico porque criauma situação perigosa para a saúde púbíica. As pessoas quando sentem a faltadaquele artigo, usam outro tipo de papel mais consistente que obstrui a passagemda sujidade nos tubos.> Estes (tubos), nessas condições, rompem-se e li bertam asujidade que onde se instala exala um desagradável cheiro e cria-se aí, condiçõespara a proliferação de moscas, mosquitos transmissores das mais diversas doençasque afectam as populações.Nesses lugares pestilentos im prudentemente as crianças brin cam nas águascontaminadas contraindo doenças graves como a hepatite, poliomielite ou paralisia ýnfantil.Há quem considere o papel higiénico como um artigo supérfluo. Na realidade,após a descrição da situação acima transcrita chega-se facilmente à conclusão dasua importância e indispensablidade, nomeadamente nos centros urbanos.Sobretudo há que chamar a aten ção dos responsáveis pela importação dosprodutos, pois planifi car não é uma palavra vã. A falta de uma planificação cor.recta no que respeita às importações,, não só deste produto mas de muitos outrostem vindo a criar sérios problemas à vida das po pulações. Muitas vezes não nospodemos desculpar ;com a falta de divisas,' pois#trata-se de falta de planificação.TEMPO N," 408 - pág. 15

"E 011101 LEVAR lATA DEo Seminário prático de Aldeias ComunaisA grande fila dos 400 homens e mulheres, em que além de camponeses,delegados doutros distritos, também estavam respon sáveis provinciais locaisassim como doutras Províncias do nosso Pais, bem como Estudantes daUniversidade Eduardo Mondane em Maputo, convergia para o mes mo local,onde a placa anunciava: «COZINHA».Era de manhã e os participantes ali estavam para tomar a primeira refeição doprimeiro dia de trabalho. De vez em quando as pessoas não acostumadas a tomaro chá, com leite na própria lata. comentavam: «É difícil levar a la ta aos lábiosassim quente, mas de qualquer maneira mata-se o bicho».Quando o apito tocou, todos em p o u c o tempo concentraram-se no localindicado para o içar da Bandeira. Os alunos do Centro Piloto de Maguiguane

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elevavam as suas vozes para disfarçar os en ganos dos outros. Pouco depois asvozes confundiam-se mas a cadência dos passos em marcha não deixavamdúvidas de alta organização dos participantes ao Seminário.O local para as sessões era ao ar livre e ali estavam todos como damenteinstalados em cadeiras de bambu que a população de Muatide construiu.ABERTURA OCIFIAL DO SEMINÁRIOO <Nangolo» (velho) de cofió branco, famoso cantor e dançarino da aldeia deMuatide, responsável pela dinamização dos participantes, subia agilmente para opalco e desempenhava naturalmente as suas funções.«Samora é nosso dirigente! Sa mora é nosso Pai» - cantavam os presentes sob oritmo infalível do Nangolo de cofió branco. As palmas e os sorrisos convidativosnos rostos das pessoas, anunciaram a chegada de Joaquim de Carvalho ao local.De repente o nosso conhecido .cantor parou. para dar lugar à TEMPO N. 408 -pág. 16Mulheres camponesas participantes no Seminário Provincial de Aldeias Comu.nais em Cabo Delgadoum jovem que trazia a cabeça enfeitada por penas de galinha. Era o chefe dumGrupo Cultural, provavelmente do Centro Piloto de Maguiguane. Soaram ostambores e todo o grupo mexia admiravelmente ora as nádegas ora a cabeça.Dançavam o «Limbondo».lar da pasta da Agricultura do nosso País pronunciou, provocaram gargalhadas,seguidas de uma prolongada salva de palma. Haviam sido traçadas ricas orientações. Este aspecto foi nitidamente notado por nós, quando à tarde do mesmodia 13 de Julho,Depois um continuador recitou se iníciu , 0Uu00 U U ouma poesia e a mensagem dos formas de como iam decorrer os continuadoresdo Centro Educaci- éabalhos de abertura de uma ma onal de Luanda assinalou ofim chamba, no dia seguinte. dos cumprimentos ao Ministro daAgricultura. COMO ABRIR UMA MACHAMBA«Iname FRELIMO» - saudoup5r sua vez Joaquim de Carvalhoà população que respondeu pron- Foi o Director Provincial da Agritamente.cultura em Cabo Delgado quem«Discutir sobre o destino do acendeu a discussão: «Q u e m nosso Povo é tarefade todos nós pode falar um pouco sobre as e é esse o objectivo do nosso Se-nossas machambas durante a luminário» - começou por dizer ta armada?» oMinistro da Agricultura. A pergunta não foi repetida,Uma criança chorou e a mãe porque um camponês levantou-se mandou-a calarameaçadora. Ela e logo afirmou que durante a queria ouvir as palavras do MiGuerra as machambas eram grannistro, assim como o velho que des porque aspessoas trabalha atentamente estava sentado ao la- vam juntas. O velho Khalambedo das F.P.L.M. Este último nem lamentou-se nostálgico: «Agora sequer pareceuouvir o «tac» da já não sabemos trabalhar e cada nossa máquina fotográfica. umtrabalha pouco e como quer,,,O chiduto (folhas de mandio- existe o individualismo».

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ca) não basta, temos de estudar Elias Nanjassela tentou desculcomo produzirmoso coelhO, o p r a situação dizendo que era diporco e o boi, para comermos a fí ilagora fazer machambas gran carne>. Estas palavras que o titu- des, porqueninguém as defendia

CHA -UENTE AOS 1ABIOSem Cabo Delgadodos animais, como sucedia durante a luta.Chilavi, administrador de Ma comia refutou esta ideia, ao afirmar que no seuDistrito algumas aldeias possuem caçadeiras e que «as populações é queesqueceram o valor do trabalho colectivo»' O Director da Agricultura interveiomais uma vez, e desta vez' tocou no problema essencial que ali se escondia. Eledisse que mes mo durante a luta a população não confiava somente nas armassofisticadas:«Também havia as armas de pólvora que muitos de nós aqui sabemos fazer.Existe um problemaque estamos a esquecer: não faço machamba aqui, porque omeu avô não era daqui». Este era o problema principal e todos concordaram. Masnotamos sem de mora a forte vontade daquela população para a eliminação de cer.tos aspectos negativos no seu seio. Por isso houve problemas quando o apitotocou de madrugada.ABERTURA DA MACHAMBAEra necessário aproveitar aquelas horas da manhã para escapar ao feijão-macaco.O mato era in-Ministro Joaquim de Carvalho: «Um velho disse-me que este tipo de cata.nas não prestam».tenso, mas os participantes não se sentiram ameaçados e em poucos minutos asárvores pareciam ser poucas para as catanas que tanto os homens como asmulheres manejavam agilmente. «Não bata no feijão-macaco, empurre-o antespara frente com o pauzinho da mão esquerda e corte de seguida a sua planta pelaraiz» - ensinava incansavelmente uma camponesa a uma ou tra mulher que eraestudante da Universidade.Um pequenino rato teve o azar de aparecer no grupo de algumas mulheres que oespezinharam lo go. Recordamos as palavras do Ministro na abertura doSeminário quando afirmou que «temos de diminuir. osý ratos nos nossosceleiros». ,Aqui e acolá, alguns camponeses observavam sorridentes a capacidade dosserrotes que a 'direcção provincial da agricultura trouxera. Foi então que um velhosegredou ao Ministro Joaquim de Carvalho: «os serrotes cortam bem emboranãotenhamos o há bito de os usar. Mas a catana que o camarada ministro tem nãopresta, porque não está afiada e o cabo escorrega».O sol subia e o feijão-macaco começou a incomodar as pessoas. Mas não importa.Estavam ali dois hectares destroncados e aque le não seria o último dia. Aindarestavam seis dias de discussão de melhores formas de destroncar sem apanhar ofeijão-macaco. Se não fosse possível ali a solução, esta havia de ser encontrada nasegunda parte do Seminário na aldeia comunal de Mpiji, já no distrito deNamuno. Por isso to cou o apito da retirada.

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O SEMINÁRIOPROVINCIAL PRATICO DAS ALDEIAS COMUNAISA preocupação fundamental do Partido e do Estado, na presente fase, é ver cadavez mais melhoradas as condições de vida do nosso Povo.A FREL1MO, Partido de Vanguarda das Classes Trabalhadoras, cria condiçõespara a imple mentação desse objectivo, mobilizando as massas populares doRovuma ao Maputo a viver em moldes colectivos, com vista a garantir o aumentoda produção e da produtividade.As Aldeias! Comunais, que já demonstraram a possibilidade de concretizaçãodaquela longa aspiração do Povo Moçambicano, é um exemplo rico e umaexperiência já segura.No entanto, os objectivos do Partido e do Estado só serão-in tegralmentealcançados quando as massas trabalhadoras participarem activa e conscientementena discussão dos seus problemas e na decisão do destino da sua vi-Nangolo de co/ió branco dinamizando canções acompanhado por umcompanheiroÉ neste contexto que se realiza em Muatide, uma das aldeias das antigas zonaslibertadas do Dis trito de Mueda, Província de Cabo Delgado, o SeminárioProvin-cial Prático sobre Aldeias Comunais, durante o qual, e sob orien tação deresponsáveis do Partido e do Governo de todos os níveis, o povo discute e decidesobre as formas de melhorar as condições de vida nas aldeias comunais.(Texto e Fotos de Albano Mendes, C.AIM - Pemba)TEMPO N.f 408 - pág. 17

LOJAS DO POVO:NOVA ORGÂNICA E LUTA0 Expulsos 10 trabalhadores acusados de furtos e prejuizos que ascendem a váriascentenas de contosA «tEmpresa Lojas do Povo» deixou de ser uma empresa centralizada ao nívelnacional para se dividir em empresas Provinciais. Esta medida vem contribuirpara melhorar o desenvolvimento das L. P. e é uma consequência directa doaumento significativo de Lojas do Povo nas várias Províncias do país.Acontece que o centralismo das Lojas do Povo também já não contribuía para umeficiente controlo e vigilância administrativas tornando-se fácil para alguns dosseus empregados o roubo e negligência.Em relação por exemplo à província do Maputo logo apos esta reestruturaçãoforam detectados e expulsos da empresa 10 trabalhadores acusados de roubo, deacidentes graves com viaturas da empresa por embriaguez e negligência grave,causando prejuízos a empresa que ascendem a várias centenas de contos.Ao nível provincial a Empresa Lojas do Povo nesta primeira e nova fase éconstituída por uma Direcção, Conselho d e Direcção e Assembleia deTrabalhadores. O director da empresa representa a direcção que é composta pelodirector da empresa ajudado por um directorda Divisão de Pessoal eAdministrativo, director da Divisão de Finanças e Contabilidade e director daDivisão Comercial.Numa segunda fase existirá a nível de cada distrito uma delegação

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TEMPO N.° 408 - pág. 18constituída por um delegado, Conselho de Direcção e Assembleia deTrabalhadores. O delegado representa a Direcção do Distrito que é composta dodelegado distrital, res ponsável do Departamento de Pessoal e Administrativo,responsável do departamento de finanças e contabilidade e responsável dodepartamento comercial.A nível da Localidade haverá um delegado da localidade, conselho de direcção eAssembleia de trabalhadores. O delegado de Localidade repre-senta a direcção que é composta pelo responsável dos serviços de pessoal eadministrativo, responsável dos serviços de finanças e contabilidade e responsáveldos serviços comerciais.REESTRUTURAR E SANEAREsta reestruturação da Empresa Lojas do Povo vem efectivamente permitir ummelhor controlo para o desenvolvimento da empresa.Mas esta reestruturação, só é possível efectuar-se em profundidade com o saneamento de pessoal que a coberto da estruturaantiga praticava uma série de irregularidades que iam do roubo à depradação debens.Relativamente à E m presa Lojas do Povo da Província do Maputo já se iniciouuma primeira fase de saneamento, tendo sido expulsos da empresa 10 indivíduos,que a seguir mencionamos acusados de roubos e outros crimes.

CONTRA A CORRUPÇÃOTrata-se de A r n al d o Gozana Moiana, supervisor da empresa que, juntamentecom Guerra Jamo, Luís Ernesto, praticante e Gabriel Sitoi, dactilógrafo-escriturário, furtaram no passado dia 1 de Junho no ex-Monteiro e Giro do Alto-Maé--agora Loja do Povo artigos no valor de milhares de escudos.Pelo mesmo motivo foram expulsos Pedro Chapinduca empregado do Stock eZona Francisco Mate guarda, furtou e foram encontrados artigos em sua casa novalor superior a 48 contos. Domingos Chirindza, auxiliar de 1.' classe emcolaboração com Redolfo João Cumbana, também expulso, passou uma guia deremes>sa falsa no valor de 24 870 escudos quando na realidade a guia deveria serde 58 119 escudos.Aliás o que sucedeu foi o seguinte: Rodolfo João Cumbana, caixa, fez uma vendade mercadorias no valor de 58 119 escudos tendo apenos entregue 24 870escudos. Como não foicapaz de justificar a diferença em falta de 33 249 escudos procurou, emcolaboração com Domingos Chirindza, emitir uma guia de remessa falsa.Foram igualmente expulsos os motoristas Constantino Matine e Alberto Coane oprimeiro por em dois acidentes originados por estar embriagado ter causadoprejuízos no valor de 245 mil escudos e o segundo por constantes actos deindisciplina e por ter sido encontrado a conduzir em estado de embriaguez.A VIGILÂNCIA NECESSÁRIAEstes são alguns dos actos em que se emvolve-. ram e envolvem algunstrabalhadores das Lojas do Povo. Mas há outros actos ai n d a difíceis de detectarcomo por exemplo quando um determinado empregado da caixa debita menos

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dinheiro do que o valor real das mercadorias a um amigo ou familiar, ou ainda dav e n da clandestina d emercadorias «pela porta do cavalo».«Alguns clientes também furtam artigos nas Lojas» - afirmou um dosresponsáveis das Lojas do Povo, que acrescentou. «É necessário reforçarmos avigilância aqui no nosso seio e apelar também para a intensificação d a vigilânciado público comprador em relação aos n o s s o s trabalhadores e aos própriosclientes».Por outro lado foi também reconhecido por um responsável das Lojas do Povoque antigamente e antes da nova reestruturação muitos clientes quei xavam-se dedetermina dos actos e atitudes de alguns trabalhadores às estruturas das L.P. maspoucas f o r a m as respostas concretas sobre essas denúncias. Os i n f i ltradoscontinuavam impunemente a agir. A expulsão que recentemente se verificou irácertamente contribuir para o reforço da vigilância e confiança da própriapopulação.TEMPO N.' 408 -Pág. 19

EXPLOSÃO NA CAPITALo50 feridos lama aeo i de-sabot«am e temrCerca de 50 feridos entre o$ quais quatro em estado grave foi o resultado dadeflagração de uni engenho explosivo no café Scal1 em plena baixa da capital dopaís. A explosão registou-se às 20 horas e 15 minutos do passado dia 26.O impacto do engenho causou por outro lado danos materiais tendo ficadodestruido parte do balcão e vidros das montras cujos estilhaços foram causadoresde muitos dos ferimentos das pessoas que se encantravam quer no interior doestabelecimento quer no passeio defronte do café. O vidro da montra de umestabelecimento bancário que se encontrava do outro lado da Avenida SamoraMachel ficou também estilhaçado.Imediatamente alertadas ambulâncias e bombeiros acorreram imediatamente aolocal tendo contucio muitos dos feridos sido transportados para o hospital emcarros particulares, pois gerou-se logo a seguir um movimento de sodariedadepara com as vítinas.CONTRA-ACÇAO INIMIGA REFORÇAR A VIGILANCIAO atentado do passado dia 26 enquadra-se na acção de sabotagem que tem vindo aser executaua pelos inimigos da revolução e do povo moçambicano quer nasfábricas, onde tenta destruir maquinaria e b a i x a r a produção, quer lançandoboatos caluniosos, ou acções militares violentas contra o nosso pais.Ainda muito recentemente emC.imoio o inimigo fez também : deflagrar um engenho explosivo tendo-seseguido uma acção arma cda das tropas rodesianas que assassinaram 17refugiados zimbabweanos e dois técnicos agrícolas na estação agrária deSussunden- Os estilhaços dos vidros das montras foram os causadores da maiorparte dos ga. terimentos das vítimas da explosãoTEMPO N., 408 -- pag Z0

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Estando por outro lado o povo moçambícano a comemorar uma data muitoimportante para o avanço da revolução no nosso país o «Dia dasNacionalizações», a reacção quis demonstrar m a i s uma vez o seu ódio contraesta vitória esmagadora do nosso povo dirigido pela FRELIMO contra aexploração e o capitalismo.Impotente perante os avanços politicos e sociais da nossa estratégia para aconstrução de uma Sociedade Nova, uma Sociedade Socialista o inimigoempenha-se em todo o tipo de acções para contrariar esses avanços.Se aprofundarmos mais esta análise poderemos também concluir que este acto desabotagem e terror num café do Maputo não está desassociado (em termos de«resposta») ao ataque desencadeado muito recentemente pelos guerrilheiroszimbabweanos durante dois dias a Salisbúria. E dizemos porquê.Sempre que se registam grandes avanços na luta do povo do Zimbabwe para a sualibertação, sempre que o exército de Smith sofre graves derrotas, imediatamentesão desencadeadas acções contra a República Popular de Moçambique para tentarfazer acreditar que é o nosso pais o causador directo dessas vitórias e não o povozimbabweano. Por outro lado o inimigo tenta aterrorizar e desmobilizar o nOSSOpovo no seu apoio 'internacionalista à luta de libertação que se desenvolve nointerior da Rodésia.Esta acção agora verificada na capital de Maputo, tal como aque las que foramlevadas a cabo no período do Governo de Transição têm como objectivo principalcriar o pânico entre as populações. Durante a transição foram as granadasguardadas pelos que não aceitaram a derrota colonial portuguesa que vitimaramcrianças inocentes, apanhando-as tantas vezes desprevenidas nas suas brin'cadeiras. Após a proclamação da Independência foram as canetas.-bomba. Agora surge uma nova fase com a tentativa de provocar e criar tensãonos momentos de descanso em lugares de concentração.As Forças de Segurança no local do explosãoA resposta a encontrar é aquela que tantas vezes tem sido utilizada e em relação'àqual já existe grande tradição - uma tradição que ultrapassou cedo as fronteirasdas zonas libertadas. A vigilância popular será a resposta, é a resposta que osmoçambicanos encontram para se defenderem destas acções criminosas.'Quando uma onda de bandidagem assolou a capital do país, foi a população, elamesmo, que se transformou em polícia não de defesa pessoal, mas em defesa dovizinho, do colega, do amigo e de toda a gente. Será esta mais uma vez a resposta- só ela pode ser funcional.TTEMPO N.° 408 - pág, 21

«No dia 20 de Junho quando voltava de uma viagem a Inhambane para Maputo, o«Marcopollo» em que viajávamos furou um pneu em Mavila. Ficamos ali desdeas 11 horas da manhã até cerca das 22 horas da noite à espera dos mecânicos queestavam em inhambane».Estas são palavras de uma leitora que numa extensa carta expunha muitosproblemas relativos aos transportes onde também pretendia saber porque é que osmachimbombos não andam

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TEMPO N.° 408 -- pá. Z2com sobressalentes, principalmente pneus.Efectivamente a falta de pneus tem-se agravado bastante de há tempos para cá.Isto acontece em quase todas as empresas de transporte de passageiros, sendo umexemplo concreto a existência de 49 autocarros da empresa «Oliveiras TransporteTurismo» parados por falta de pneus.«Agora é raro não termos ai diariamente muitos carros sentados por falta depneus» - afirmou um trabalhador de uma empresa de transportes.

MBDS'isS lIo Falta de pneus põe em risco de paralisação .frotas de varias empresasrodoviáriasOs transportes de passageiros vão escasseando cada vez mais devido àimobilização de muitos machimbombos por falta de pneusMachimbombos «sentados» sem pneus: uma realidade emquase todas as empresas rodoviárias do país.* Texto de Sarlolomeu Tomé 0 Fetos de Naita OssonNos últimos meses verificou-se um aumento considerável de cartas chegadas ànossa Redacção, evidenciando a preocupação de muitas pessoas sobre a questãodos transportes.Tomando em conta essas mesmas preocupações, que se estendem para todos oscantos do País, destacou-se uma equipa de reportagem para, de perto, procurarsaber qual a origem destas reclamações.já sabido que o nosso País atravessa uma grave crise, principalmenee nas zonas dointerior, por c a u s a da insuficiência de meios de transportes que possamsatisfazer cabalmente as populações. Contudo, nota-se que este problema tende aagravar-se mais de há uns tempos para cá.PORQUÊESTA SITUAÇÃO?«Temos 49 autocarros parados por falta de pneus. Desses 49 car-ros pelo menos 35 poderiam circular normalmente pois que o seu problema é afalta de pneus» disseram alguns trabalhadores da «Oliveira'"ransporte e Turismo»Efectivamente este é o problema qu afecta em grande escala a maioria dasempresas de trans porte do'país.No que diz respeito ao fornecimento de peças sobressalentes a situação não seapresenta tãoTEMPO N.' 40h .rág 23

grave como a dos pneus. Existem empresas importadoras de aces sórios, quemesmo não cumprindo integralmente as solicitações feitas pelas empresas detrans portes, têm procurado fornecer material, dentro das suas possibilidades.Em didlogo com alguns traba~zadores das oficinas da ROMOS soube-se de umcaso que sucedeu recentemente naquela empresa. <Na passada sexta feira, dia15 de Julho, o autocarro que se preparava para fazer a carreira das 10 horas para

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Inhambane. ficou com um pneu furado. Como tal, os trabalhadores dasofi«desenrascar» uin outra que estivesse em condições para substituir aquele.Sucede que quando um dos trabalhadores procedia a manobras para tirar oautocarro para o lugar onde os passageiros estavam aglomerados, estes, «fartos deesperar, não compreenderam o que se passava. Invadiram as oficinas A falta depneus aliada à escassez de outros importantes acessórios leva aao mesmo tempo que gritavam que dezenas de autocarros não possamoperar, Isto pode constatar-se em váriasnaquela confusão: «-vocês estão a empresas de transportes depassageiros.MOCAMBIOUE REFORCA O SEU PARQUE E AUTOCARROSo Chegaram a Maputo 46 "Ikauros"O Governo da República Popular de Moçambique através do Ministério deTransportes o Comunicações tem vindo a reforçar o parque de autocarros do pais,uma arrancada imporlante para o Início da soluçio do grave problema da1falta do transportes e neste caso especial de transportes de passageiros.Recordo-se que foram adquiridos no fim do ano passado 60 autocarros paraviagens de longo curso, os quais foram distribuídos pelas três grandes EmpresasEstatais Rodoviárias que se localizam respectivamente no Horle, Cen lro e Sul dopais.besta feita e como medida para reforçar a frota de transportes urbanos chegaramno passado dia 18 do corrente mês de Julho 46 novos autocanos articulados demarca lkaros». provenientes da RepOblica Popular da Hungria. Estes autocarrostêm capacidade para transporte de 200passageiros tendo sido planificados para levarem miltasI Ipessoas de pé pois o espaeço entre os bancos- dois de um lado e m de outro (verimagem) - é suficiente largo para conter muitos passageiros.TEMPO N., 408 - pág. 24

brincar com o machimbombo, não é? E nós aqui à espera, não é?» - «E assimcomeçaram à pancada batiam em qualquer pes soa que estivesse à sua frente. Háocasiões em que ficamos com oito carros parados ao mesmo tempo por falta depneus. Quando isso acontece, nós nem sabe mos o que devemos fazer. É uma ,situação dificil». - afirmou um trabalhador da ROMOS.Este episódio real poderá ser um caso isolado mas demonstra claramente o estadode espírito que já se apoderou de muitos passageiros que desconhecem as reaisdificuldades que as empresas de transporte estão a enfrentar actualmente.Trabalhadores de várias empresas de transportes revelaram que a falta de pneus jácomeçou a fazer-se sentir de maneira dramática «se um autocarro fica agora semum pneu, esse corre o risco de estar «sentado» até não se sabe quando. Ainda hápouco tempo sempre que isso acontecia, nós tirávamos os pneus de um outroautocarro imobilizado por ratões

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mecânicas graves e assim tentávamos manter outros carros em funcionamento. -afirmou um trabalhador das Oliveiras Transporte Turismo que concluiu: «Agorajá nem sabemos onde podemos «sacar» pneus>. ,Se até o próximo verão a situação permanecer imutável, poderá acontecer quemuitas empresas fiquem com um número muito reduzido de carros a funcionar.Há também que ter em conta o jacto de no verão as estradas estarem geralmentemuito quentes, o que nas viagens longas origina o arrebentamento dos pneus.Quando se pretendeu averiguar qual o motivo que origina a pre§ente falta depneus em várias empresas de transportes os responsáveis do sector limitaram-se aindicar uma e outra estrutura como sendo a mais indicada para fornecer estainformação. Assim a nossa equipa de reportagem foi levada de uma estrutura paraoutra sem obter resultado.Passageiros às bichas e machimbombos parados nas. terminais.TFMPO NI - Ir- - r

Paralelamente ao problema dos pneus surge um outro também pertinente. Dos 60autocarros novos que as emprçsas ROMON, ROMOC e ROMOS possuem, lá há5 da ROMOS «arrumados». Todos estes cinco autocarros tiveram acidentes,embateram cor outros veículos durante as suas longas viagens.Acontece que estes acidentes têm-se verificado mais assiduamente com os novosautocarros. Um trabalhador levantou justamente a questão sobre a necessidade deuma vigilância apurada, pois o inimigo está desesperado com as vitórias que setêm conseguido nos trinsportes precisamen te no campb da irportaçã4 de novasviaturas.TEMPO N, 4O8 .- pág. 26PREÇOS DOS BILHETESAINDA NÃO UNIFORMIZADOSROUBOS DE BAGAGENSDepois de se terem unificado asvárias empresas pertehcentes a ex-concessionárias de transportes colectivos depassageiros, verifica-se que ainda não se providenciou de modo a uniformizar ospreços em distâncias idênticas.Esta questão tem causado muitos protestos de milhares de passageiros.Outro problema é o desaparecimento de bagagens, principalmente na empresaROMOS, queafecta os passageiros.Sabe-se que há poucos meses* alguns trabalhadores da secçãode bagagens da ROMOS fizeramdesaparecer uma grande quantidade de camarão proveniente de Inhambane paraMaputo. Outro sistema utilizado para fazer «perder» bagagens é o seguinte:Determinados trabalhadores da secção de bagagens escondem a encomenda equando o dono pretende levantar a sua bagagem na ROMOS é lhe dito que a suaencomenda ainda não chegou ou que está anotada a entrada mas não se encontranaquele amontoado de bagagens. Isto é feito com o prévio propósito de ver se odono está mesmo interessado e m encontrar o que; é seu ou se passado algum

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tempo desiste. Se a pessoa é «esperta» e não desanima é lhe imedi4tamententregue o que é seu.A RAZÃO DA FALTA DE PNEUSA entidade actualmeuto respensivel pela importaçIo de pneus é a Empresa Estatalcecanimpex» formada no inkio deste ano.Ainda em formaçâão e tende a seu cargo um vasto leque de todas as importaçõesligadas ao sector mecanico e auto móvel a <Mecanímpox», pouco tempo após asua constituiço enviou oficies para o Banco de Moçambique e Direcção Nadonalde Comércio Externo com indicação para estes deis Serviços deixaremrespeclivamente de dar crédito às firmas habitualmente importadoras de peças ede pneus assim como de não autorizar a emissão da RUI (s) (Boletim de Registode Importação) às mesmas empresas uma vezque a partir daquele momento seria a<Mecanimpex» a entidade responei por asas inportações.E evidente que se criou um vácuo no tempo em relaçao a este tipo de importaçãoe a cMecanimpex» ainda em formação não pode dar vazão ao serviço «que lhecaiu em cina». Estas foram as conclusões que a nossa equipa de reportagemapurou sobra o assunto da falta de pneus no mercado.Contudo. quando se contactou a «<ecanimpex» para um melhor esclarecimentouma entidade daquela Empresa Estatal informouque só poderia fornecer os dadoscompletos e precisos sobre a questão três dias depois da nossa solicitação o quepara nós também se tornava bastante tarde.

"AUTOVIAAO DA ZAMBEZIA" DUANDO As T[RMINAISSÃO CEMITIRIOSo Apenas 12 machimbombos em circulaçãoPpara 23 linhasA Autoviação da Zambézia é u ma empresa de transportes rodoviários que foiintervencionada há cerca de umno interior daano. te monEsta empresa que à data da indepen- ção se dência era propriedde privada de umaali exis família, e à imagem de muitas outras, nizacio envolveu-se em diversasmanobras de blemas sabotagem por parte dos seus proprie- gas n, tàrios o quedeterminou a Intervenção neste a estatal. rios.A Comissão Administrativa então no- Os cc meada tinha um programa de traba-presa c lhos que não conseguiu cumprir tendo- monstrý-se o responsável envolvido da dita portes0>nosso correspondente na Zmbézia Né Afonsounzaaas a ¿PuU TcC pui JjuT J Uc U(i uA.tUtIUbProvínciauns desvios que determinaram, a vez a sua substituição. uação da empresa écaótica nesiento em que nova administrapropõe a superar os problemas tentesque são de ordem organal, técnica e de pessoal, proesses que se reflectem naslarassas trabalhadoras privados omento de transportes rodoviafres e a contabancária da emipresentam saldos positivos decndo a grande procura detranspor parte das populações.

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A Autoviação da Z a m b é z iatem à sua disposição onze macaimuombos em circulação, três dos quaisrecuperados muito recentemente. Desses o n z e ma cnímbombos apenas 2 estãoem «bom estado de circulação», e por tal cansam-se em constantes viagenj delongo curso, por vezes intercaladas por uma revisão brevíssima. Os restantes 9autocarros estão, segundo declarações do acual responsável da ComissãoAdministrativa da Empresa «em precárias condições de c,1culação».Com esta frota, a AUTOVIAÇÃO DA ZAMBÉZIA, tem à sua responsabilidadevinte e três li.niias, da s quais uma interprovin,ai iÍC o as províncias de Sofala e Zambézia.único meio terrestre (quando o Zambeze o permite) de liga'áo rodoviária colectivaentre estas duas provínciasTEMPO N 408 - pág 27

a preços mais acessíveis. Também de entre essas linhas, salientam-se diversasligações entre a cidade de Quelimane e diversos distritos, e linhas interdistritais.No entanto o fluxo das populações, a procura de transportes é tão grande que égarantida uma situação financeira à Empresa muito confortável.De momento não podemos dar informações exactas sobre o número depassageiros que utilizam os machimbombos daquela empresa diariamente.Podemos no entanto reafirmar, que é um número tão elevado que é difícil dar-se-lhe vazão.Os autocarros estão permanentemente cheios e não é de admi. rar que muitospassageiros «fiquem em terra» porque as lotagões já excedidas esgotamtotalmente. No contacto que tivemos com alguns passageiros escutámos as maisdiversas declarações no que se refere ao s prejuízos que a falta de carros traz àspopulações.Um passageiro por exemplo estava «em terra» há quatro dias, aguardandoautocarro de Maganja da Costa.Dizer que, neste momento, a situação é alarmante não é exagerar. É mesmoalarmante.Quem sofre são as populações.A frase «machimbombo da Maganja «não chegou», dormiu na estrada», éfrequente. A Zambézia é uma província densamente povoada, em relação a outras,com quase 2 nlhões e meio deVelho camponês aguarda a resolução do seu problema: - Transporte para ir para oseu destino.habitantes, em quinze distritos produtivos.As migrações sazonais, especialmente, são frequentes. Os circuitos interdistritaisestão saturados. Pode-se dizer que não há machimbombo que viaje vazio. Estapreocupação leva as pessoas a pensarem na ROMOS, ROMOC e ROMON comoúnicas alternativas.Falar um pouco da terminal da AUTOVIAÇÃO em Quelimane é falar de umcemitério de autocarros. Existem mais «carcaças de machimbombos» que

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machimbombos que possam circular. Aliás em toda a frota só onze é quecirculam.AS DIFICULDADES DA EMPRESAAs dificuldades da Empresa são as dificuldades de todas asEste machimbombo devia ter 4 pneus atrásmas circula com dois apenas, como sevê na foto. Onde está a segurança? Não háí pneus para melhorar a segurança.TEMPO N 408 -. pág. 28Empresas similares. Falta de acessórios, falta de pneus.A última remessa de pneus recebida era de dez. Alguns autocarros circulam comdois pneus na rectaguarda quando, por razões de segurança, deviam circular comquatro pneus.As chapas dos machimbombos estão soltas. Os machimbombos são <sucatas> em movimento. As chapas vibram. Alguns deitam um fumo poluitivo.De momento, a Comissão Administrativa adquiriu à COFEL-Maputo, cerca d esetecentos mil escudos de peças e acessórios para a recuperação de mais unidades.Isso não basta. O responsável da Comissão Administrati va recentementenomeado para o lugar disse-nos ainda «para além disso temos que ser austeros etornar possível a recuperação de algumas peças».O m e s m o responsável mos trou-nos ainda a desorganização do sector oficinaldaquela empresa.Mecânicos das diversas especialidades e outros operários ligados à conservaçãodas unidades trabalham a monte.A C. Administrativa propós-se a alterar esta forma de trabalho. Organizar asoficinas por sectores é a solução: sector de electricidade, mecânica, carpintaria,torneiros, e outros sectores. Isto na s e d e ou terminal de Quelimane.Mas há ainda machimbombos paralisados em outras terminais:- No Gurué há dois machimbombOs paralisados, na Beira há outro.

Dada a escassez de unidades é fácil de deduzir que a circulação da maioria dasunidades operacionais devem-se a pequenas reparações diárias. Isto é o mesmoque dizer que em relação a algumas unidades o trabalho de conservação é nogénero de <tapar furos>.AS POPULAÇOES E A CARÊNCIADE TRANSPORTESA AUTOVIAÇÃO DA ZAMB.ZIA, é a única Empresa de TransportesRodoviários existente na capital da Província da Zam bézia. Por outro lado, estaEmpre sa tem carreiras para MILANGE (cerca de 325 quilómetros), paraPEBANE (cerca de 400 quilómetros), MOPEIA (cerca de 200 quilómetros), paraa MAGANJA DA COSTA (cerca de 150 quilómetros) para além das carreirasurbanas ao n í v e l do distrito de Quelimane.Com o número de viaturas existentes é impossível cumprir-se devidamente co mhorários ou mesmo até com o programa de carreiras semanais.Há viaturas que ficam avariadas no meio dos percursos durante um, dois ou maisdias. Têm de ser substituídas de imediato, às vezes com muitas dificuldades. Oresultado de tudo isto são os largos prejuízos que recaem sobre as populações.Atrasos, problemas diversos ao longo das via.

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«A situação está difícil. Vamos tentar organizar as oficinas e recuperar maisunidades. Para tal já comprámos peças no valor de 700 contos» - Responsável daComissão Administrativa daempresa.gens. Mulheres, crianças, homens, velhos, que de quando em quando sofremdurante u m a noite no meio d e um trajecto qualquer, numa viagem interrompidapor uma avaria, aguardando pelo socorro e pelo escoamento.A segurança dos próprios passageiros não é garantida, se bem que n ã o s etenham verificado acidentes. Isto porém não quernas sedes de alguns distritos mais importantes.Podemos garantir que há trajectos, como por exemplo de MO( CUBA paraLUGELA onde existem g r a n d e s dificuldades de transporte, embora sendouma região que necessita de uma regularização de transportes rodoviários.Surge aqui um problema que,As populações afluem com força na bilheteira da empresa. Porém o trans.porte nunca é garantido.dizer que não se venham a verificar pois o desgaste do material prossegue.Se bem que as populações não contribuam para a conservação interior dosmachimbombos. pois para além de quererem transportar objectos diversos quenão podem dar entrada em transportes públicos chegam a rasgar as napas parafazerem carteiras, são elas as principas afectadas por todo este inferno de velhosmachimbombos.Há que se debruçar concretamente sobre este problema.Mais para além, só existe uma linha de Caminhos de Ferro en tre Quelimane eMocuba (cerca de 180 quilómetros) e a camionagem automóvel dos CFM que têmcircuitos mais concretos, no que se refere a ligações com o Malawi. com aprovíncia de Tete (via Malawi), c o m a Província de Nampula, e ligaçõesinterdistritais a partir de MOCUBA, e outras pequenas empresas sediadasembora esteja a ser encarado directamente pela Comissão Admi. nistrativa d aEmpresa AUTOVIAÇÃO DA ZAMBÉZIA, é de difícil resolução a médio prazo,pois implica a rectificação de formas de trabalho, uma verdadeira auscultação doproblema, uma análise profunda da situação na província.Mais uma vez é preciso PLANIFICAR.Planificar de acordo com as ne. cessidades da Província, por forma a poderatender-se a um melhor aproveitamento dos meios materiais e humanos. Umlevantamento integral da situação, e não este trabalho de simples alerta, poderátrazer mais conclu sões sobre este problema. Uma filial da ROMON (ou daROMOC) na Zambézia será a solução, mas a sua abertura d e v e basear-se nessaPLANIFICAÇÃO p r é v i a efectuada de uma forma científica correcta, depois deanalisados todos os factores sociais, económicos e políticos.TEMPO N.- 408 - pág. 29

Aprender eno MoçaSeniu-s, como tivesse saído da cadeia quando deixou a família. Teve de lutar paraingressar mim outra família, que descobriu come uma outra prisão: o Cinema.

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Jean Luc 6. dard. Cineasta francês. Meio século de idade. A partir de Maio de 1ficomeça a descobrir que cada vez tem menos Ideias.,Que afinal fora sempre dirigido pelo Cinema ao invés dedirigir o Cinema. Deixa de conseguir fazer o <filme usual», Como se tivesseperdido parte de uma perna, ou de um olho. Constitui urna companhia produtórade filmes dedkadà à squisa, à experimentação de novos caminhos, à descobertanovas ideias. Uma pequena companhia independente denominada <Sonimage».Que é muito pequena porque é independente e que tem multas dificuldades emsobreviver por que é. independente. Rejuvesnece. Passa a sentirse como se tiviesse dois ou três anos no Cinema e fica satisfeito porque ainda pode vir a termais vinte ou trinta. Considera-se médico/pacidente em/de imagens. Interessava-otrabalhar num Pais onde muitas pessoas nunca tivessem visto um filme e por issomesmo soubessem mais de imagens que ele próprio. Aprender algo dessaspessoas, algo que talvez Já esteja perdido noutros lugares. Soube das lutas delibertação da FRELIMO, do MPLA e do PAIGC através da Informação. Julga teralgum interesse para um Pais que pode organizar a sua própria forma deComunicação no interior e não ser infiltrado do exterior. Assinou um acordo como Ministério da Informação da R.P.M. para levar à prática a sua experiência.Considera-se, neste seu projecto, uma cobaia vinda de uma Europa onde háimagens demais, sons demais, para um Moçambique ainda não conspurcado poruma engrenagem da Indústria de Comunicação. Uma cobaia consciente que querapren der e ensinar a pesquisar, pesquisando. 'Esteve em Maputo este mês,durante seis dias, tendo seguido para Paris. Fez os primeiros contactos eregressará em Agosto ou Setembro com a sua equipa. Nessa altura começará atomar as notas/ imagens que farão parte do seu filme/relatório.Teve um encontro com alguns elementos da Informação moçambicana sob aforma de conferência de imprensa que se transformaria em conversa entre pessoasligadas à tarefa de comunicar. Sabendo-se qual a influência que a Comunicação, oCinema, têm nas ideias, nos esquemas de pensamento, nas mentalidades daspessoas; sabendo-se que em Moçambique a revolução das mentalidades é parteintegrante da Revolução compreende-se o porquê do encontro. Seguem-se algmaspalavras e algumas imagens desses minutos de trabalho. Um filme que, comotodos os filmes. tem a sua montagem, destinala a torná-lo perceptível aos que ovêm.TEMPO N.° ~-pg. 30

bnsinar nimbia ReaImagemeImdep)endente- Podíamos talvez começar pelo,«porquê» da vinda de Jean Luc Godard a Moçambique. Depois seguir-se-iam asoutras pergun.tas. Concorda?

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- Perfeitamente. Esta é a segunda vez que venho a Moçambique. Estive cá poraltura do III Congresso da FRELIMO. Trabalho na França e na Suíça Temos umapequena companhia que faz programas e filmes para o Cinema e Televisão e tentaser independente das grandes companhias e da forma como a Televisão, o Cinemae a Informação são feitas na Europa.Entrei em contacto com o Governo de Moçambique perguntando se este estariainteressado em que uma companhia independente - que é muito pequena porque éindependente e que tem muitas dificuldades em sobreviver sendo independente. -realizasse uma tarefa num. país recém-independente como Moçambique nocampo da Comunicação e simultaneamente pudés semos experimentar as nossasideias num pais livre de todas as engrena. gens que existem na Europa. Isto foihá dois anos, houve algumas conversações e agora firmámos um acordo com oMinistério da Informação. Tínhamos algumas ideias e apresentei o meu pedidomais como médico - que é simultaneamente um médico e um doente - solicitandopara vir ao vosso Pais no qual a doença, no campo da Informação, daComunicação - talvez seja completamente diferente da que existe na Europa ou naAmérica. Este é um País ainda não «cons. purcado» - se me posso exprimir assim- onde muitas pessoas nunca viram um filme e por isso talvez pos. samosaprender delas algo que talvez já esteja irremediavelmente perdido noutroslugares, noutras partes. Talvez a maneira como efectuarmos a experiência a quenos propomos possa servir para que se aprenda connosco, ao mesmo tempo- quenós também aprendemos de vocês.- E esse trabalho que se propõe efectuar em Moçambique é para si uma primeiraexperiência?O filme que eu vou apresentar depois de concluída a minha experiência emMoçambique como relatório cha.ma.se «O nascimento da imagem de uma Nação». O título é quase uma piada,porque na História do Cinema há um filme chamado «O nascimento de umaNação», feito por Griffith. Por isso chamarei a esse modesto «relató. rio»«Nascimento da Imagem de uma Nação». E ao fazê-lo tentarei ligar-me a algumaspessoas do Instituto Nacio. nal de Cinema e do Centro de Estudos deComunicação para que eles me possam observar a utilizar novos materiais deTelevisão, por exemplo, mis. turá-los com o Cinema, com o «Super.-8» a fim de que essas pessoas possam ter as suas próprias ideias, a fim de queeles possam aprender de mim e decidir se é bom para eles ou não.. As primeirasquatro ou cinco ideias que trago para estudar aqui são precisamente sobre oestudo da feitura do que se pode chamar genericamente-«notícias». A feitura de uma fotografia que vai aparecer na «TEMPO», a fel turade uma radiografia que vai apare. cer num hospital, a feitura de uma pequenaparte do Kuxakanema. Tentar estudar o que não foi visto, o que ficou escondido.Tentarei também ir ouTEMPO N.ý 408 - pág. 31

ser enviado para um local desconhecido, onde não haja acesso ao jornal, ou aoKuxakanema e pedirei àS pessoas para os verem, para darem a sua opinião, o quevai ser difícil para mim, pois nem sequer português falo. Mostrar pura e

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simplesmente imagens às pessoas e perguntar-lhes como é que elas as vêerrLTalvez então se descubra que por vezes essas pessoas podem ver mais fundo oude forma diferente da nossa.- Regressará agora a França masvoltará a Moçambique para Iazer mais pesquisa?- Regressarei a Moçambique e ficarei um ou dois meses em Agosto e Setembropróximos, a fim de apresen tar o que chamo de «relatório»-grandes apontamentos--e discutir com o Mi nisterio da Informação para ver sé ele terá algum interesse ounão, Se émuito cedo ou muito tarde. De qualquer forma, será de grande interesse para mim,mas temos de ver se terá interesse para Moçambique também.Não sei ainda exactamente mas es.tou a pensar em apresentar o relatório meio documentário e meio ficção.Talvez inclua um actor, que será um produtor como eu sou, e uma actriz que faráainda não sei que papel a fim de que haja diálogos e a fim de que possa serprojectado sem aborrecer o espectador.Entretanto já estamos a fazer algunspequenos trabalhos para Moçambique ao registar «Jornais de Actualidades»políticos, notícias tiradas da Televisão e podemos mandá-las para, aqui a fim deque tenham um pouco mais de acesso à informação. Podemos mandá-los para oINC, para que este possa obter mais filmes sem ter de pagar preçoselevados.-Então será isso que vai fazerem Moçambique, Pesquisar, tomar notas e apresentd-las através de um filme queconstituir o seu relatório de trabalho?- Tentarei colocar essas notas no ,filme, deixando.as mesmo como notas eapresentando-as talvez de uma forma agradável de se ver.SOM-IMAGEM- Qual é a sua concepção de independência relativamente à sua companhia, e quala fun.ção específica que ela realizaactualmente?- A minha companhia chama-se «Sonimage» que provém das palavrasfrancesas «son» (som) e «image» (imagem). iEstamos mais a fazer o que se dei nomina de «filmes de pesqu isa» quenão são bons para serem divulgados nã medida em que só interessam a algu. maspessoas. Aliás penso que no campo da Informação deveria haver mais pessoasdedicadas à pesquisa, tal e qual como na indústria. Na indústria é perfeitamenteadmissivel que parte de uma fábrica ou de uma grande empresa deva possuir umdepartamento de pesquisa onde as pessoas podem olhar em que direcçãoquiserem. Na Indústria do Cinema, na Informação, na Imprensa não existemdepartamentos de pesquisa onde se experimentem novas formas, formas que aindanão foram utilizadas. Formas diferentes de entrevistar as pessoas, de trabalhar.- Durante esta sua estadia emMaputo viu alguns «Jornais de Actualidades» e documentários moçambicanosproduzidos pelo Instituto Nacional de Cinema.

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Qual é a sua opinião acercadeles?

- Vi muito pouco. Vi apenas três filmes e fiquei interessado especialmente por umacerca das Assembleias Populares. Fiquei interessado porque foi rodado - pode.sedizer - «desajeitadamente», mas talvez fosse isso que faz com que seja muitomelhor, porque não existem nele ideias pré-concebidas e assim possibilitou que aspessoas vissem exactamente o que se passou nas eleições. Os planos eram muitomais longos, e não havia estereotipos, escravização a esquemas ri. gidos de«como filmar Isto ou aquilo».- Numa das palestras que efec.tuou no INC, afirmou que a montagem io «Kux4kanema» era muito ocidental..,mas eu penso que esse ponto constitui quase um dilema na feitura de «jornais deactualidades». Tem alguma opinião a esse respeito?- Penso que os «jornais de actua. lidades» deveriam ser um estudo a partiz do qualse recolhessem ideias para fazer filmes mais importantes.Penso que algumas pessoas dos jornais deveriam trabalhar no Cinema e quealgumas pessoas do Cinema deveriam trabalhar nos jornais de vez em quando enão continuarem tão separados. Penso que, por exemplo, quan. do vem um artigosobre uma fábrica na revista «TEMPO», o «Kuxakanema» deveria fazer um filmenessa fábrica na mesma semana ou na semana seguinte. Um filme diferente, quepor vezes faria surgir dois pontos de vista. Provavelmente o ponto de vista da«TEMPO» não concordaria com o ponto de vista do «Kuxakanema», mas pelomenos talvez houvesse um encon. tro por causa disso e pessoas de diferentesórgãos de Informação poderiam falar conjuntamente de algo.Penso que tudo isso tem de ser estudado. Como diz o Presidente Mao, «não sepode falar sem se fazerem inquéritos primeiro». Antes de irmos ao camponês énecessário fazer um. inqué. rito sobre o camponês. Mesmo que ai. gumas vezes apessoa que faz o inquérito seja, ela própria, de origem camponesa. Tem que $eestudar, porque se tem de dar a Qonhecer às outras pessoas que Moçambique estáa existir. Por isso, têm-se de mostrar em algumas partes de Moçambique, outraspartes de Moçambique. Para que as pessoas tenham a certeza do tamanho deMoçambique. Talvez a primeira vez que se mostre seja mal mos. trado, ou talveznão... mas o Importante, antes de tudo, é mostrar. Mas ao mesmo tempo que secomeçar a estudar. Por exemplo: vocês têm o«Super-a» e o «Video». Podiam mandar-se estagiários do INC - dois ou três - paraum local a fim de estudarem, e trabalharem. Tal como um etnólogo num paisprimitivo, só que no caso dos estagiários não se trata de um pais primitivo massim do seu Pais. Em que há diferentes camadas de pessoas em diferentes fases.Pode-'-se levar uma «Polaroid», fazer fotografias instantâneas que ficam prontasrapidamente e perguntar às pessoas: «o que pensam desta fotografia? Achamque precisam de mais?» Tamor notas, fazer relatórios, não para ter um diploma daUniversidade, mas sim como parte de um trabalho concreto como produtor defilmes. E então, pouco a pouco, o «Kuxakanema» tUanuormar-se-á e seráencontrada a melhor maneira de o fazer. Não se pode dizer como se fazem as

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coisas de um gabinete. Tem que se ir ao encontro das pessoas, nos locais ondeelas vivem.- Em termos de pesquisa, quaisos pontos de referência para se criar nas pessoas o gosto pelo Cinema? QueCinema dar às pessoas num Pas como Moçambique?--Deve-se ir junto das pessoas e perguntar o que é que elas querem. Claro que elasnão respondem assim mesmo. Mas deve-se tentar descobrir através dos seusdiscursos, das suas declarações o que é que elas precisam.Ao nível da pesquisa não existe qual. quer ponto de referência. Você tem os seuse tem de descobrir quais os pontos de referência que as outras pessoas têm. Aquiem Moçambique, a única referência que conheço, são os filmes Indianos. Aspessoas gostam deles e portanto é porque eles têm algo de verdadeiro. Querodizer: os filmes talvez sejam maus, mas há pessoas que gostam deles e essaspessoas não podem ser tão más como o filme. É porque há algo de verdadeironessa sua necessidade dessa espécie de filmes. Mais: deve admitir que mesmonesse filme há algo de bom.,Só que esse «bom» está tão distorcido que acaba porser mau. Então temos que descobrir como é que foi distorcido. Como umfísico quando estáa olhar para um centro nuclear. Te. mos que olhar, ouvir, comparar. Só se poddfalar de um filme quando ele está a ser feito. Só se pode falar de um artigo numjornal quando ele está a ser feito. Não se pode falar por cima dele, depois dele ouantes dele. Fala-se quando ele se está a fazer. Dois operários que falam de umaniáquina não falam separados dessa máquina.TEMPO N. 408 - pâg. 33

Quando a estão a usar, a reparar. E lães gostam de o fazer os operários. Com asimagens, é a mesma coisa.- Em Moçambique temos, ao nível da exibição de filmes, uma tradição de Cinemafornecida pelas cidades, que é a tradição do cinema imperialista. Mas nósnecessitamos de um Cinema culturalmente ligado à nos.sa História, ao nosso estágio de desenvolvimento social, a toda uma luta anti-imperialista e anticapitalista. Como poderemos contrariar essa influência dosfilmes tipo «Hollywood», do Cinema feito para alienar, para quebrar qualquerpossibi.lidade de análise por parte do espectador, para fazer passar algo de mau comosendo bom, para deturpar e escravizar as mentalidades. Em termos de combate aessas influências serd possível o combate?-Acho que sim que é possível...Porque os centros principaisdessa influência são neste momento as cidades que irradiam essa influência para ocampo.Agora, cada vez mais pessoas estão a ficar englobadas pela influência dessaconcepção de Cinema. Portanto, logo que se tente fazer algo no campo daprodução de Cinema em Moçambique tem que se contar com essa influência, quelutarcontra ela...

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-Sim, mas quando se recebe uma arma tem de se saber utilizá.la. E leva muitomais tempo a saber manejar uma câmara do que uma espingarda.Tem que seestudar e aprender com as pessoas. Fazer inquéritos, interrogar as pessoas,pesquisar. E então pouco a pouco, talvez aáenas dentro de dez anos - haja doisfilmes moçambicanos muito bons a serem exibidos ao TEMPO N.- 40E - pág. 34lado de dois bons filmes italianos, um bom filme francês e apenas um filmeindiano. Talvez dentro de vinte anos, não sei. Mas não se pode tentar resolver oproblema de uma só vez. Por. que, a que é que se chama um bom filme? Quemsabe o que é um bom filme? Tem que se pensar nos outros. A imagem é algo quetem uma relação com a realidade muito fácil de com. preender. Qualquer pessoasabe o que é uma imagem. Estudar imagens, não é intelectual. Talvez pareçaintelectual, mas não o é, porque a imagem é sempre uma referência muitopalpável.Na Justiça, quando há um caso e se precisa de saber o que é que está mal, sãonecessárias provas. E as provas são sempre imagens. Para se mostrar que alguémmentiu tem que se fa. zer uma reconstituição através de ima. gens.Por outro lado, devemos admitir que os americanos e a sua escrava, a indústriacinematográfica indiana, sãomais poderosas que um moçambicano isolado aqui, um índio no Peru, umindonésio ali. E todos eles gostam de filmes americanos e não de filmes diferentesdesses. Para que essas películas sejam tão universais é porque têm algo quepertence ao ser huma. no, mas que está tão distorcido que se tem de estudar tãocuidadosamente como um médico estuda uma pessoa doente.- Mas mesmo as pessoas que vão fazer esse estudo estão influenciadas de umaforma ou de outra por regras feitas por Hollywood. Por isso parece-me que se temde lutar contra essas regras. Por exemplo: as imagens que aparecem num filmeindiano não estão lá cmo uma referência directa da r aýi.dade, Elas estão lá precisa4 rn te para «vestir», para enc$» ir a realidade, fazendo-se passarpela própria réalidade e substituindo.a. ConStituem um logro, uma ment ra.Adormecem a capacidade <rítica das pessoas que os véem.- Tente fazer um,:filme usual» com actores, drama, problemas, um homem, umamulher, njantendo-se alhea. do dessas regras quê descobriu- no filme indianodaquilo a que chama «más regras» e veja o queý resta. Penso que só ficariamalguns fragmentos de um filme e teria de ter a coragem, a fé, o bom humorsufic$entes para dizer «isto é um filme».O PODER DA CULTURA- Viu aqui em goçambique alguns filmes exp erimentais pro.diidos em «Su per-8» pelo Centro de Estudos de Comunica.ção. Qual o pqpel das experi.ências feitas om o formato «Super-8» no Inascimento deiuma cinemato qrafia nacional?- O «Super-8» podX até ser utilizado por uma criança. E i uma vez que Mo.çambique ainda é <4criança», só tem três anos de independência, o «Super.

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-8» pode ser utilizado numa certa direcção. Pode constituir - digamos como doisdedos dá mão direita. O «Video» pode ser quatro dedos de outra mão, o Cinema ýmão toda, a Rá. dio um punho fech4do e a Informação os dois punhos fechados. O«Super-8» é interessante porque se pode utilizar em qualquer circunstância. Nodevem pensar nee como um irmão mais novo do «16» que por seu turno é o irmãomais no0o do «35»- Moçambique a#bou-de sair de uma situação polonial que se reflecte tambéfn aonível de uma icerta nep n4é#cia de *rkit{s internqn e' aIsýtri'bçã dê! lts e atr3bufção #e jíreitos dej eabição de l_

mes. Necessitamos de quebrar essa dependência, pois ela cau.sa-nos muitas dificuldades. Haverd formas de tomar a inicia.tiva, de tomar o poder também ao nível da importação de filmes?-A esse respeito penso que é necessário forçar um pouco a nota. Eu tenho algunsfilmes que são vendidos para Portugal e mesmo que esteja escrito no contrato queeles são gratuitos para Angola ou Moçambique eles podem dizer «mas nós temosos direi. tos». Nós temos o mesmo problema. Vendemos filmes aos EUA e elesincluem automaticamente os direitos para Cuba nos contratos. Por isso o que nósfazemos quando vendemos um filme para a América é escrevermossimultaneamente para Cuba e dizemos.lhes «se quiserem tirar uma cópia nósenviamos o filme para vocês. A questão é não obedecer estritamente ao contrato.Depende das relações que se quer manter com um determinado País, mas porvezes tem de se fazer à força., Talvez se possa utilizar o «Video-tape» pouco apouco, através do que chamamos em França «piratear». Piratear um filme, copiá-lo, porque não? Então dizemos ao distribuidor que nos considere independentes, enão nos obrigue a roubar o filme. Aliás, uma vez que os filmes são fabricados por«gangsters» nas grandes companhias, não precisamos ter escrúpulos.- Pelo que tem vindo a dizer aqui,podemos dizer que Godard for mou a sua companhia «Sonimage» contra aGrande Indiis.tria do cinema?-Bem... contra, não.., somos tão pequenos.., gostava de poder fazé-lo mas paraisso teria de pedir muito dinheiro. Não tenho dinheiro para empatar e mesmo queme dessem algum dinheiro eu pediria sempre muito mais do que o que mepretenderiam dar.- Não pensa que fazer pesquisano campo da imagem é tam.bém servir a grande Indústria do Cinema que há a possibilidade dessa pesquisa serrecuperada, tal como os seus fil-mes que em muitos aspectos foram quasecompletamente re cuperados pela grande, Indús.trio?-Penso que neste momento não existe esse perigo. Estamos tão à margem que osfilmes que produzimos estão mais a ajudar outras pessoas que estão no Cinema.Por outro lado tento ter mais ligação - o que é muito difí. cil np Europa - compessoas da In-

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formação em geral. As pessoas, como por exemplo no jornal «Liberation», emFrança, ficam espantadas quando lhes digo que um fotógrafo precisaefectivamente de uma caneta para fazer unia fotografia e que um jornalista precisade um aparelho fotográfico pa. ra escrever.Penso que um fotógrafo deveria fazer pelo menos as legendas das suasfotografias. Por vezes devia mesmo escrevei o artigo que acompanha as suasfotografias. As únicas pessoas que sabem como fazer fotografia são as dapublicidade. Em anúncio numa revista é um artigo pela firma encarregada depropagandear um dado produto. Os anúncios são muito fáceis de compre-, endeiAs vezes as pessoas percebem muito melhor a publicidade do que um longo artigoonde há apenas uma ou duas imagens.Não quero dizer que uma imagem não deva ser acompanhada de palavras. Masnão tão automaficamente que exista alguém para filmar as imagens, outro alguémpara escrever e um terceiro para juntar as duas coisas. É difícil, porque se porexemplo pedir a um fotógrafo para escrever ele diz que isso não faz parte do seuserviço, que isso é com o homem da escrita. E quando se chega ao pé do escritor ese lho- pede algumas ideias sobre ângulos a utilizar numa filmagem, ou numafotografia ele diz que isso não é com ele, é com o «cameraman», com o fotógrafo.E penso que é por causa disto que o Cinema está cada vez mais pobre. Sempretenho lutado para que se empreguem novos métodos e nonos materiais e para quese desobede.ça aos esquemas estabelecidos que diziam que não. É que há muitasleis estabelecidas quase a um nível cultural. A cultura é muito poderosa. Li umavez um livro sobre a família Ro. ckefeller, que não é a família mais rica daAmérica. É muito menos rica que a Morgan ou que a família DUpont. Mas osRockefeller são os mais poderosos porque têm pessoas em toda a parte: eminstituições, fundações, em sectores culturais. Pessoas estabeleci. das em lugaresculturais, não na Indústria. É o poder ideológico. O poder ideológico prático. Elesnão possuem o dinheiro para gastar numa dada operação mas têm o homem quediz: sim senhor, vamos gastar o di nheiro». E essa pessoa às vezes nem sabe queestá a trabalhar para o Ro. ckefeller.Na Europa temos imagens de mais, técnicas de mais, coisas de mais e por vezesas pessoas ficam escravizadas pelas máquinas ao invés das máquinasserem escravas das pessoas. Se a «Sony» constrói uma máquina, não é para medar prazer, é apenas para fazer negócio. Mas também não podemos esquecer queuma máquina é feita por mãos. Uma máquina é o prolongamento de ummovimento da mão que está no estado sólido. Portanto a máquina é um traço doser humano, uma recordação de um ser humano apesar de tudo.O problema da produção de filmes é mais importante que o da distribui. ção. Nemtodos os filmes têm de ser obrigatoriamente mostrados a toda a gente. Podem serfeitos muitos filmes com interesse local. Deve ser efectuada uma produção local ea distribuição deve olhar para toda essa produção local para ver se nela existealgo que seja de interesse nacional e então faz-se um filme com interesse nacio.nal. Se virmos bem a maioria dos fil. mes são feitos a partir de um interesse local.Basta olharmos para Hollywood, onde os filmes são feitos localmente. Não é justoque todos esses lii. mes dêem a volta ao mundo, mas isso é um facto.

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Por isso é que eu não gostaria de trabalhar num jornal. Porque não é possível falarcom o leitor e saber o que ele pensa. Quando se escreve um., carta pelo menos háuma resposta, ou não há. Num artigo é muito difícil saber qual foi a resposta.Penso até que nos jornais a página do correio dos leitores deveria ocupar pelomenos metade do jornal. Mas talvez por causa disso ele se vendesse menos. Masinterrogo.me se o jornalista quando escreve um artigo e encontra alguém a lê-lopergunta a essa pessoa o que pensa do artigo. Pode fazer isso com alguns amigos,mas nunca com desco. nhecidos.É por isso que o «Video» ou o «Super-8» são importantes. São económicos. Pode-se registar muitas coisas durante muito tempo e apagar depois e utilizar de novo.Quando se faz uma novela têm-se dez boas páginas e talvez outras, cem onde sefazem emendas, cortes. acréscimos. No Cinema isso é completamente esquecido.Nunca se faz-revisão, rascunho. Pensa.se logo em fazer a coisa definitiva. E issoestá errado; porque não se pode fazer imediatamente um filme. Os fazedores defilmes têm de aprender com o jornalismo: têm de tomar notas, para as utilizardepois. Porque quando um rea. lizador agarra numa câmara ele não o faz muitasvezes. Fá-lo apenas uma ou duas vezes por ano.Um motorista de táxis que não guie automóveis há seis meses, ou um piloTEMPON.° 408 - pag. 35

to de avião que não pilote aviões ha seis meses nunca se atreveriam a gui. arimediatamente um carro ou um avião. Mas no cinema eles atrevem-se a fazê-lo. Eas pessoas aceitam isso.GOSTO DOS MEUS FILMESPORQUE GOSTO DE MIMSei que não gosta muito de o fazer mas podia falar um pouco dos seus filmes eum poucode si próprio?Estou no Cinema há trinta anos. Para mim foram trinta anos de luta pelasobrevivência e penso que se sou conhecido - muitas vezes rodeado de uma famaque não está de acordo com aquilo que fiz - é só porque consegui sobreviver.Consegui não morrer fazendo filmes que não foram sucessos e que precisavampor vezes de o ser para que eu arranjasse dinheiro para continuar. Nenhum dosmeus filmes foi um sucesso, com excepção do primeiro, mas não me pagaramnada por ele porque era o primeiro.Senti-me como se tivesse saído da cadeia quando deixei a minha família, muitotarde, e tive então de lutar para entrar numa outra família, a família do Cinema edescobri essa família do Cinema como uma outra prisão. Por isso, tenteisobreviver enquanto fazia filmes, tentando ser livre pelo menos na minha cela çtentando contactar pessoas que se sentissem da mesma forma. Gosto de todos osfilmes que fiz, mesmo dos que são maus, porque gost> de mim próprio.Penso que muitos dos meus filmes não são bons, mas pelo menos através dele,posso ver que até agora fui co. TEMPO N., 408 - pág. 36mandado pelo Cinema ate que comecei pouco a pouco a comandar eu o Cinema.Um dos mais importantes acontecimentos sociais da minha vida o que se passouem França em Maio de 1968. faz agora 10 anos, e pouco a pouco fui descobrindo

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que cada vez tinha menos ideias, mesmo para mim próprio, e ninguém meajudava. A forma como os filmes continuaram a ser feitos não era encorajadorapara descobrir ideias. por isso disse para mim próprio que tinha de estudar o quesou eu e o que são os filmes, e o que sou eu quando estou a fazer algo. Estudar deforma diferente para poder ter ideias para trabalhar.Recentemente, há dois anos, interessei.me por Moçambique porque Moçambiqueestava fora do alcance da Televisão. Os problemas do Instituto de Cinema, apenascom dois anos de idade eram os mesmos da minha pequena companhia e quetenho de resolver, adquirir material, ser capaz de arranjar o dinheiro, fazer bonsfilmes. ' ' a mesma espécie de problemas que se estão a colocar aqui e que nãoestão resolvidos, porque na Europa, no ne. gócio dos filmes na Informação já estatudo regulado há muito tempo. Trabalha num sentido e. se não obedece. mos,temos de desaparecer.O ser humano é um Homem de imagens. Toda a gente sabe o que é uma imagem.Nem toda a gente sabe o que é o futebol, o que é um avião, mas toda a gente sabequal é a sua imagem. Desde criança, desde os dois ou três dias de idade que sabeo que é uma imagem. Todos os mamíferos sabem. Com outros animais, por vezesé di. ferente, mas toda a gente sabe o que é ume. imagem. É por isso que a In-dústria das imagens é tão poderosa E aqui, em Moçambique, há pessoas quenunca foram contaminadas por essa Indústria e por isso a oportunida. de única dese estudar a imagem desde o início. Essas pessoas sabem mais- embora não saibam que sabemmais - sobre imagens, do que eu sei ou de que você sabe.Disse que o Maio de 1968 lhe mostrou a necessidade de ter ideias diferentes. Nãosei muito sobre Maio de 68 mas vi aqui em Maputo o seu filme «Tou Va Bien»,jeito eni 1972 Esse filme, esta relaczonado directamente com o Maio de 68?Como o enquadra no restoda sua produção?- Para mim, não foi um filme muito bom. Aliás foi feito principalmente por umamigo meu. Apenas como eu era mais conhecido só o meu nome é que érecordado.Penso que Lhe falta humanismo. Tem algumas coisas boas mas não deveria tersido um filme de longa metragem como foi, com grande «estrelas». Deveria tersido um filme de estudo, de pesquisa.Quando regressar a Moçambique trarei um filme chamado «Ici et Ailleurs»(Aqui e noutra parte) que talvez tenha interesse para ser visto por vocês, e de quevocês talvez não gostem. Foi feito na Palestina, na Jordânia na Síria e no Líbanoantes do Setembro Negro». Demorou cinco anos a acabar e nele explicamosporque é que demorou cinco anos a acabar.O filme não foi apreciado pelos Palestinianos. Eles viam-se no filme ape. nas adizer «slogans», o que não correspondia à verdade.Essas pessoas não estavam a dizer «Revolução até à morte», mas sim «eu tiveproblemas com o meu pai que está- na policia e eu sou da '«Fatah» e cada vez quenos encontramos em casa é um problema, que posso eu fazer?>;. Coisas destegénero. Muito simples. Quer dizer, o filme pouco a pouco transformou-se não

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num filme sobre a luta dos palestinianos mas sim num filme sobre a informaçãoacerca da luta dos palestinianos.

JOVENS MOÇAMBICANOS EM HAVANA' Jornadas desportivas para obtenção de fundos de apoio ao FestivalTem lugar m Havana desde o dia 28 de Julho, o Xl Festival Mundial da Juventudee Estudanles no qual participam 16 mil jovens provenientes de diversas partes domundo, integrados em várias delegações entre elas se encontrando a do nosso Paisque é composta de 150 elementos. O lema deste grandioso encontro juvenil é«Pela Solidariedade Anti-imperíalista, a Paz e a Amizade.Entretanto a delegação moçambicana chegou à capital cubana no passado dia 20,ap6s ter escalado a República Demo crática Alemã.várias provas desportivas, nomeadamente de automobilismo, motonáu tica, vela efutebol de salão. Estas realizações desportivas, foram pronovidas pela OJM(organização da Juventude Moçambicana) no intuito de angariar f u n d o s paraajudar a cobrir as despesas do XI Festival Mundial da Juventude.visto, o torneio realizou-se e a selecção da capital saiu vencedora. Salienta-se queforam conseguidos nove mil escudos no referido torneio que servirão para apoiaro XI Festival. Finalmente, nas provas desportivas de motonáutica e vela saíramvencedores Emílio Fernandes e José CorreiaA chegada da delegação moçambicana a Havana, verificou-se no passado dia 20.Uma calorosa recepção foi reservada h delegação no aeroporto internacional JoséMarti. Como em toda a cidade de Havana, o aeroporto encontrava-se engalanadocom disticos e cartazes.O XI Festival foi organizado por 125 países que representam mais de 1100organizações juvenis de diferentes convicções politicas e religiosas. O programado Festival inclui diversas actividades p o li t icas, desportívas e culturais.Entretanto, durante o itinerário da s u a viagem, a delegação nacional escalou aRDA. Naquele país socialista, a delegação visitou a cidade de Potsdam após tervisitado campos de férias dos pioneiros alemães tendo-lhes sido dispensada umacalorosa recepção, Depois da visita, a delegação parti-cipou em comícios de solidariedade após o que escutou a música alemã eexpressou a sua.CONTINUAM REALIZAÇÕES DE APOIO AO FESTIVALContinuaram a decorrer no nosso Pais, diversas realizações de apoio ao XIFestival Mundial da Juventude e Estudantes que se inaugurou em Havana. Assim,no passado fim-de-semana realizaram-se; e m MaputoA prova de automobilismo que con6tava de um «Mini-Puzzle» foi ganha porRaposo Pereira pilotando um «Peugeot». Com a realização daquela prova,conseguiram-se fundos no valor superior a cinco mil escudos.. torneio de futebol desalão, que decorreu no Pavilhão do Malhangalene, em Maputo, teve a participaçãod e selecções de Maputo e Inham bane não tendo comparecido a selecção de Ga-Aspectoda provade vela

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(regata de 10 milhas)za. Apesar deste imprerespectivamente. T r é s mil escudos de fundos de apoio aoFestival foram ali conseguidos.No total são cerca de 18 mil escudos rendidos durante as realizações desportivas do último fim-de-semana que servirão para ajudar a cobrir as despesas darealização do X I Festival Mundial da Juventude e Estudantes que neste momentodecorre na capital cubana envolvendo 16 000 jovens.TEMPO N., 408 - pg 37

O pequeno autocarro que levava alguns jornalistas em direcção ao hotel deixou aavenida que acompanhava o leito do rio Nilo e meteu-se numa rua um poucoescura. Dentro dele os jornalistas conversavam sobre a 15.' Cimeira de Chefes deEstado que nesse momento acabara uma das suas sessões. O calor da conversa,motivada, essencialmente pelo constante adiantaiento do problema TEMPO N.408 - pág. 38do Sahara, dividia os jornalistas em grupos consoante os bancos onde estavamsentados. . A frente junto ao condutor estava um homem que entretanto dizia paraum colega, «estes africanos são uma desgraça... não têm capacidade...». De Roth,assim se chamava este jornalista americano alto e com falhas enor mes no seucabelo loiro, tinha-nos ficado a imagem daquela tarde - carregando malas da sua equipa de televisãodebaixo do calor dos 38 graus da cidade de Cartum ele transpirava. Assim, debraços caídos e compridos, que se prolongavam pelas malas pesadas de metal quecarregava ele entrava no ar condicionado da sala da Cimeira. Mas este homemnão era Roth o jornalista. Este homem era na verdade o encarregado dos NegóciosPolíticos da Embaixada americana em Addis--Abeba - que em Cartum e para a Cimeira da OUA se transformara em«carregador» de malas de uma equipa de televisão.Roth não estava só. Também estava em Cartum um sul-africano muitoperguntador dos problemas da Namíbia, trabalhando sob a capa de uma agênciade notícias da Alemanha Federal. Um terceiro jornalista, um rodesiano negro, omesmo que apenas duas semanas antes inventara a notícia da fuga de 15 membrosdo Comité Central da ZANU para a Suazilãndia também lá estava. E, CharlesLeschoy, o francês que em Cartum para a Cimeira de Chefes de Estado, era oconfidente dos que ele chamava de francófonos.A imagem destes homens «jornalistas» dão um pouco ideia do que se esperavadesta 15.à Cimeira. Alguns chamavam-lhe a Ciffi

meira decisiva para a divisão da OUA e outros ainda, a Cimeira onde se iria<derrotar> os chamados países progressistas.Apesar de tudo, estes homens na sua qualidade de espiões de baixo calibre tinhamos seus amigos que saindo das sessões com ar solene, disciplinadamenteconversavam com eles dando-lhes informações do que se estava a passar.O Presidente Neto daria nesta Cimeira a definição do que na verdade começou aacontecer no seio da OUA. Ele afirmaria que começa a envelhecer o espírito da

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libertação para ser substituído pela acomodação e o comércio. E, esta afirmação éapenas a continuação do que dissera um dia antes o Presidente Samora aodenunciar os que aceitam ser chamados pelo imperialismo de moderados ourealistas: «subordinação aos interesses do imperialismo», ou « implicando acapitulação nos prin cípios, o sacrificio dos interesses fundamentais da Africa edos noss0 pOVOS».O DEBATEVEIO DE PARISÃo mes de Maio passado realizou-se em Paris a ceieore Conferência que reuniusob a direcção do ;Presidente Giscard D'Estaing 21 Cnefes de Estado africanos, nasua maioria todos eles dirigentes de países que foram no passado ex-colóniasfrancesas. A controversa reunião de Paris, sabia-se, teria os seus efeitos maisdirectos e mais determinantes nesta Cimeira de Cartum.Realmente, para quem foi a Cartum, e mesmo para os que somenteacompanharam o que ali se passou foi fácil compreender quanto se organizou estaCimeira de (fora do continente africano). A ideia da formação de uma força deintervenção interafricana esteve presente em todo o debate, dominando quasetotalmente a Conferência Ministerial. A seguir à Conferência de Paris osdiplomatas franceses não pararam. Em Junho um conselheiro do Presidentefrancês visitou as, capitais da Mauritânia, Chade eSudão. Enquanto isto Marrocos pôs em funcionamento o plano das aforças deintervenção> enviando a 2 de Junho um contingente militar para o Zaire. Nesseperíodo dos primeiros quinze dias de Junho, o Ministro de Estado do Egipto paraos Negócios Estrangeiros efectua uma visita prolongada por várias capitais. Entreessas visitas figuram as que são feitas ao Sudão, Chade, Camarões Gabão, Zaire eBlrundi - todos protagonistas da Conferência de Paris.Intervenç.¿9 do Presidente SanoraMachel.A 9 de Junho, como que para finalizar toda esta corrida diplomática anunciou-sedo Zaire que uma força militar interafricana de intervenção iria para a provínciado Shaba - Império Centro Africano, Costa do Marfim, Egipto, Gabão, Marrocos,Senegal e Togo são os países protagonistas.O desenho do que se iria passar na OUA nasceu pois destes passos da políticainternacional em Africa e particularmente de toda a conjectura traçada pelosfranceses - intervenções militares e agressões mercenárias.O debate aparentemente nasceu entretanto c o m as condenações feitas pordiversos chefes de Estado à interferência aberta e descarada dos franceses emÁfrica essencialmente o facto de se ter decidido a tal força de intervenção fora deÁfrica. Mas a resposta a esta condenação começou igualmente a ser preparada.Deste modo surge o Presidente Senghor do Senegal a dizer que a ideia não era dosfranceses, mas pelo contrário ela era umaforma de responder a intervençõesestrangeiras, principalmente aquilo a que chamava «intervenção soviético-cubana».Por isto, logo na Conferência Ministerial da OUA se tentou (a partir dos paísesque tinham assistido à Conferência de Paris) fazer aprovar uma condenaçãoi raoauwos aa :meira.

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contra essa presença soviético-cubana. A tentativa falhou. Porém, surge uma novaconcepção--criar a tal força militar africana para apoiar os Movimentos de Libertação,apoiar os países da Linha da Frente a defenderem-se das agressões. e finalmenteaumentar a capacidade defensiva de cada exército dos países africanos.De fundo esta nova concepção não variava em nada da primeira. Falava-se emapoiar os Movimentos de Libertação, sem se garantir a questão fundamental-apoiar em armas esses mesmos movimentos, esquecendo-se o principio de que opovo por si é capaz de se libertar. Aliás Robert Mugabe na sua intervenção feitaem nome dos Movimentos de Libertação na abertura da Cimeira claramente diriaque aquilo que realmente era necessário eram armas-«dêem-nos as armas, e nós fa,remos Q resto».Esta ideia defendida por Mugabe aplica-se integralmente para o caso dos paísesda Linha da Frente agredidos pelos racistas. Finalmente a definição da formaçãodesta força interafricana surgia tão pouco clara que mais parecia que o seuobjectivo era o de manter regimes e não o de assegurar o bem-estar dos povos. OPresidente Obasanjo daria a tónica - num novo tipo de Conferência de Berlim nãoé a resposta adequada para o tipo de problemas como os recentes episódios deKòlwezi». Ele ainda, acrescentaria clareando o assunto: «não há melhor defesacontra as forças externas do que o governo que tem consigo a maioria dapopulação e trata o seu povo decentemente ...»RECUPERAR AOUADestruída e condenada a ideia da Conferência de Paris para a formação de uma£orça de intervenção militar interafricana, restava a sua recuperação noítrostermos, noutros campos. Contudo, foi a partir da sua discussão TEMPO N. 408 -pág. 40e mais concretamente pelas posições defendidas pelos Ministros dos Estrangeirosde países como o Gabão, Senegal, Costa do Marfim que se pôde concluir quais osverdadeiros objectivos a atingir.A questão de fundo, aquilo que ao fim e ao cabo se havia decidido em Paris erauma contra-ofensiva para a vitória angolana. Isto é, contrariar as decisões daCimeira Extraordinária de Addis-Abeba pa ra o problema Angola.Ao contrário do' que afirmaram vários telex enviados de Cartum a questão não eracomprovar-se se a ÕUA estava ou não dividida, mas sim confrontar problemasque se têm vindo a acumular sem que o organismo mais representativo doContinente se pronunciasse ou tomasse medidas- problema Chade/FROLINAT, Sahara, conflitos militares, a dependência culturaleconómica de certos países aos seus antigos colonizadores.E, foi isto que aconteceu desta vez de forma mais generalizada ao que se tinhapassado na Cimeira Extraordinária sobre Angola. É que «entretanto os francesesparecem ser quem determina o destino de um bom número de povos» como nosdizia um jornalista francês.Samt Nuloma, Presidente da SWAPO.

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Patriótica à Cimeira.Delegação da FrenteUm outro ponto que se junta, é o facto de quase toda a Africa esfar libertadapoliticamente. Con tudo o tal «espírito de envelhecimento» conduziu a que asquestões dos Movimentos de Libertação (Zimbabwe, Namíbia, Africa do Sul,Sahara ou Chade, ou Eritreia) viessem também desta vez a ser tomadas eretomadas consoante os interesses tratados na Conferência de Paris. Assim o problema do Sahara foi olhado segundo os interesses da nova potência colonial(Marrocos) recebendo o apoio dos que em Paris se reuniram; o problema doChade, que é um flagrante caso de opressão também; em Zimbabwe ocomprometimento com Sithole

e Muzorewa manifestou-se, levando alguns a vacilarem no reconhecimento daFrente Patriótica; a Eritreia sendo utilizada não como caso de libertação, mascomo forma de atacar aquilo que seria de facto a divisão da OUA, atacando-seEtiópia como parte do «grupo progressista,.O NOVOCOMBATEComprovando um pouco este clima de que algo tinha sido preparadoanteriormente à Cimeira, de Paris até Cartum decidiu-se mudar o Secretário Geralda OUA. Na noite de quarta para quinta-feira, vários Ministros dos NegóciosEstrangeiros, todoseles de países que tinham estado representados na Cimeira deParis (Senegal, Marrocos Gabão, Zaire, Império Centro Africano, Chade entreoutros) reuniram-se. Na manhã seguinte afirmaram-nos que a reunião servira paraconcertar determinadas posições s e n d o duas delas a questão do Sahara e outra aquestão da eleição do novo Secretário Geral da QUA. E nessa altura com certapropriedade foi-nos também dito que William Eteki, o então Secretário Geral quese candidatava de novo, e que tudo fazia prever ser reeleito, iria apresentar a suadesistência «por pressões do grupo». O canditado proposto seria Edem Kodjo oMinistro dos Negócios Estrangeiros do Togo.No sábado, esta <especulação» que nos havia sido confidenciada torna-se umfacto, depois de na sexta-feira se ter confirmado que Eteki renunciava à suareeleição.As fontes escolhidas para estas confidências ouviam-nas quase sempre empalavras francesas, amáveis, com o ligeiro sotaque de quem aprendeu a língua docolonizador.Cartum foi pois toda esta confrontação entre a rejeição à voz do colonizador e aimposição da voz que simboliza os interesses africanos. «Você não pode unircapitalistas e socialistas. Mas este não é o problema do continente.O problema do nosso continente é a libertaçáo, para que a frica deixe de sercontrolada do exterior», afirmaria o Presidente Nyerere à sua chegada a Addis-Abeba. Assim, a luta foi aquela que opôs os interesses africanos aos interesses daspotências ocidentais. De um lado a imperativa necessidade de se completar alibertação do continente do colonialismo sem se tentar como nos disse SamNujoma uimpor-nos qual a opção que devemos fazer no nosso país em relação aosistema politico e social que desejarmos». E, o Presidente da SWAPO dizia-nos

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isto comentando as dúvidas que lhe haviam sido postas em relação às ajudas que oseu Movimento tem recebido.Por outro lado a questão levantada pelo Presidente Sekou Touré da Guiné emrelação à libertação económica do Continente. aFace a uma Europa unida, deve-seopor uma Africa economicamente unidan dizia ao propor a criação de umaComunidade Económica Afri cana.Contudo e embora recomenda da pelo actual Presidente em exer cicio da OUA,Gafaar Numeiry(Presidente do Sudão) o problema da libertação económica que opõe os paísesafricanos a uma exploração desenfreada às suas matérias-primas por 1parte daspotências ocidentais, não foi levado, não podia, até às suas últimas consequências.A imagem que Kurt Waldheim, o Secretário Geral das Nações Unidas haviadeixado não foi nada boa - o conjunto dos países africanos aumentou a sua dividaexterior em cerca de três vezes e ela atinge agora os 50 biliões de dólares.Pensar que esta divida será paga com matérias-primas, que milhões detrabalhadores# terão de viver na miséria trabalhando para pagar esta <bela» somade dólares, é sentir que a OUA, Africa, não pode continuar sujeita a que um certonúmero de pessoas continui a representar os interesses de uma França, unsEstados Unidos, Inglaterra ou Alemanha Federal. É a libertação económica comofoi apontada, que solucionaria este problema - mas os trabalhadores não poderãoaceitar que a OUA aceite a formação de uma força interafricana para mantercertos regimes no poder.Encontro en'tre o Presidente Samora e o Che e deEstado, malgaxe, Didier Ratsiraka.TEMPO N. 408 - pág. 41

|dUnidade: constroi-se aindaSururu. Quando um documento sobre o Sahara estava para ser distribuído, o cheleda delegação marro. quina quis arrancálo das mãos de umelemento dosecretariado.Poucos minutos antes das seis e trinta da tarde, e quando os termómetros emCartum marcavam em volta da «Sala da Amizade» quase quarenta graus, oPresidente do Gabão, Omar Bongo abriu a 15.a Cimeira de Chefes de Estado daOUA.Precedida pela 30.? Conferência de Ministros que havia chamado a atenção a si aoexpulsar duas. delegações - a dos representantes dos mercenários das Comores, ea delegação dos parceiros de Smith na figura de Sithole -, esta Cimeira terá sidouma das que marcará a história do Continente. O palco deste grandeacontecimento de Africa foi desta vez a capital do Sudão, Cartum, onde apresença de 400 novos carros «mercedes» e mais de mil e 200 outras viaturasnovas, alteraram um pouco a sua fisionomia normal. O rio Nilo, o maior deAfrica, cujas águas passam precisamente em frente do edifício onde se realizou aCimeira emprestou, em contradiçãocom o ca lor que se fazia sentir, uma certafrescura ao acontecimento noTEMPO N.- 408 - Pág. 42

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qual o governo sudanês gastou para cima de 400 mil contos. A agenda detrabalhos só foi divulgada no dia do começo da Cimeira depois de durante doisdias 30 Presidentes e quatro Primeiros-Ministros terem chegado a Cartum -número record de assistências a uma Cimeira. Essa agenda continha questões aserem discutidas como as do Sahara, Africa Austral, forças interafricanas (verpág. 38) e ainda a discussão de alguns conflitos entre alguns estados africanos.O Presidente Numeiry ao fazer o discurso de abertura colocaria a importância daCimeira, embora sem ter feito alguma referência à questão do Sahara.«lutar(prioritariamente) contra os últimos bastiões que estão no sul doContinente».ÁFRICA AUSTRALSe Numeiry havia na abertura pedido que o Banco Árabe forneça. um apoio«imediato aos países da Linha da Frente» face ao seu engajamento na libertaçãode Zimbabwe e Namibia, os discursos tanto de Robert Mugabe (que falava emnome dos Movimentos de Libertação) como ainda de Sam Nujoma trouxeram aconfirmação da justeza das medidas tomadas pela OUA em relaçãotanto à Frente Patriótica como à SWAPO.Mugabe que à sua chegada a Cartum havia dito, comentando uma afirmação deJoshua N'komo, que a luta tanto poderia sair vitoriosa em menos de dez meses,como em mais do que isso, salientou mais uma vez o que era fundamental -aprecisamos de armas, sempre armas, ainda as armas». Mas Mugabe soubeigualmente lembrar à Cimeira, e isto contra um certo clima que se fazia sentir devitória entre certos membros, que «as armas que os israelitas usam contra a OLPsão as mesmas que os rodesianos usam contra nós,>.Mugabe e N'komo que foram saudados à sua entrada no edifício da Conferênciapor palmas, estavam em Cartum quandò se noticiou que em Salisbúria Ian Smithhavia sido vaiado pelos brancos ao tentar persuadi-los que o «Acordo Interno»ainda poderia vir a funcionar. Porém, e nisto não houve dúvidas, a OUA empesorejeitou desta vez esse «acordo», acordando ainda numa resolução que condena atentativa ensaida por Muzorewa nos Estados Unidos de convencer o Congressodeste país a levantar as sanções contra a Rodésia.Por outro lado, existia todo um clima tanto e m relação ao

Zimbabwe como à Namibia de certeza na vitória do Movimento de Libertação,sem que no entanto deixassem de existir referências, como aquela que ouvimos doMinistro dos N. Estrangeiros dos Camarões, do aperigo do envolvimentosoviético-cubano no Zimbabwe». Contraposta a esta opinião, ouvimos aquela dedois jornalistas americanos, que nos afirmaram que a situação no interior daRodésia era catastrófica, existindo segundo confirmaram um moral muito baixoentre as tropas de Smith. «As únicas pessoas que ainda parecem acreditar que nãoperderam a guerra é Sithole, Chirau e Muzorewa».Em relação à Namíbia a OUA na prática apenas se limitou a, numa resoluçãoreafirmar que Walvis Bay é parte integrante da Namibia, e que a OUA devegarantir um prazo para a proclamação da Independência. E, isto vinhaprecisamente ao encontro da intervenção de Sam Nujoma que mais uma vez emCartum nos havia dito que «aquilo que nós assinámos não foi um acordo de cessar

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fogo. O cessar jogo só virã depois de garantida a Indepen dência para a Namíbia,incluindo é claro, Walvis Bay».Assim o problema Africa Austral, que continua a ser foco das atenções africanas edo mundo foi para a OUA este ano um ponto onde relativamente pouco debateteve de ser efctuado. Em contrapartida, o Sahara constituia o ponto que maisespectativa tinha criado - «esperamos que a questão do Sahara Ocidental se- jaresolvida e que a Independência seja alcançada» como afirmara Robert Mugabe.O SAHARA OCIDENTALCerca das duas da manhã de terça-feira chegou a Cartum uma delegação da F rente Polisarío, chefiada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros Akim Adhel.Pela primeira vez na história da OUA, uma delegação sahariana era deixada estarpresente na cidaçle onde ela se realizava.Este acontecimento que a imprensa acompanhava com toda a atenção, iriacontudo provocar na delegação marroquina, que por várias vezes temabandonado salas onde surjam os homens da POLISARIO, uma certa inquietude.A delegação marroquina, composta por mais de cem pessoas, formaria entretantoautênticos grupos de vigilância em volta do edifício da Cimeira a fim de nãopermitir que ninguém da Polisario se aproximasse. Isto provocou um certo climade agitação, mais dentro da delegação marroquina, do que propriamente fora dela.O problema do Sahara para o qual a Conferência de Ministros não tinhaencontrado outra solução senáo a de o submeter à Cimeira de Chefes de Estado,era pois, a partir de ultrapassada a ideia de uma força de intervenção interafridana,a questão de fundo. Aliás, naturalmente, pois três a n o s d e adiamentos (naMaior parte das vezes injustificados) para a realização de uma Cimeiraextraordinária sobre o Sahara, exigiam que desta vez algo fosse dito de concreto.Malloum, presiaente do Chade. um regime sustentado pela intervenção militarfrancesa.Nesse algo foi dito - reconhecimento do direito à autodeterminação eIndependência do povo do Sahara Ocidental -, sem que contudo antes muita coisativesse sucedido.Se na sua intervenção o Presidente Samora havia analisado todo o processo desubmissão cultural a que as potências coloniais europeias submeteram certospaíses africanos, coube ao Presiden-te Ratsiraka de Madagáscar cl¥rear a questão do Sahara (ver pág. 52). A suaanálise provocaria da parte da delegação marroquina, que é quem invade oterritório sabariano, uma resposta.No entanto os marroquinos deram uma resposta sem convicção. Essencialmenteos marroqui nos alegaram que a F. Polisario não é um movimento genuinamentenacional nem africano, recorrendo a ligações culturais à Espanha de certosmembros que fundaram o Movimento de Li bertação para comprovarem a suatese. As ligações culturais que pretenderam denunciar eram de há dez anos, mas oque quiseram salientar, acabou sendo uma manifestação declarada de interferêncianos assuntos internos da Mauritânia: «a Mauritânia e Marrocos não permitem queisto (a independência) aconteça».E, foi sempre nestas manifestações de comprometimento descarado, e por vezescom atitudes mesquinhas, que os marroquinos .se apresentaram a tratar o

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problema do Sahara. Foi assim quando por exemplo, um documento sobre oSahara estava para ser distribuído e o chefe da delegação marroquina quisarrancá-lo das mãos de um elemento do secretariado - uma imagem docomprometimento colonial e m que se envolveram. Mas não só os marroquinos sesentiram mal.O Presidente Bongo do Gabão numa das intervenções que fez também sepreocupou em justificar que não lhe tinha sido possível organizar a Cimeiraextraordinária. Isto, quando ele mesmo havia comentado durante a Cimeira emconversa com um dos seus Ministros que a questão do Sahara não deveria serdiscutida em Cartum. A 1 i á s, imagem que invadiu a preocupação de numerososdelegados uma vez que pelo prolongamento de infindáveis discursos, o problemado Sahara só seria discutido a meio da noite de sexta-feira terminando a suadiscussão quase na manhã de sábado.Porém a OUA reconheceu o direito à autodeterminação e independência do povodo Sahara. «ÉTEMPO N.° 408 - pág. 43

uma luta de Libertação Nacional contra o colonialismo africano que substituiu oeuropeu» como definiria a situação do Sahara o Presidente Samora ao dar umaConferência de Imprensa em Addis-Abeba no seu regresso de Cartum.Omar Bongo o último Presiden te da OUA, que nenhuma referência havia feito aeste problema e que foi acusado pelo Presidente Kerekou do Benin e peloPresidente Ratsiraka de Madagáscar votou contra o reconhecimento da Polisario.A b a t a 1 h a esteve pois no Sahara, ninguém pôde provar que a situaçãonaquele país não era colonial - um novo colonialismo, o marroquino.MERCENARISMONo fim do ano de 1972 a Guiné Equatorial foi invadida, por um exército africano,o do Gabão. Omar Bongo era já então Presidente do' pais que chamava a si aresponsabilidade desta agressão contra um país e contra a Carta da OUA. Cercade cinco anos depois, o Benin é agredido por um grupo de mercenários queplaneavam liquidar o governo do Presidente Kerekou. Desse ataque um comité deinvestigação conclui que o chefe dos mercenários era õ agora tão conhecido BobDenard, e que o Presidente Bongo tinha conhecimendesse ataque mercenário. Esteano um novo golpe mercenário, desta vez bem sucedido, teve lugar a cerca de 300quilómetros da costa moçambicana nas Ilhas Comores. O chefe do golpe deEstado confirmou-o na Conferência Ministerial o Ministro dos NegóciosEstrangeiros do Benin, era Bob Denard.Desta forma, quando o Presidente Kerekou interveio nesta Cimeira foinecessariamente a este ponto, denunciando a aliança entre africanos emercenários. Isto custou ouvir ao Presidente Bongo que a determinada altura, e nomomento em que os fotógrafos o rodeavam, pediu que a mesa da Cimeiramoderasse a intervenção beninense. No entanto as provas já estavam TEMPO N.408 - pág. 44lançadas - o comprometimento entre o Presidente do Gabão e o ataque ao Beninque era chefiado por Bob Denard (ver pág. 55).

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Deste modo quando o Presidente do Benin utilizou o direito de réplica foi paraafirmar que ele só tinha «que prestar contas ao povo do Gabão». Assim, logonaquela semana algumas contas foram prestadas anunciando aquele Chefe deEstado a expulsão dos cidadãos beninenses do seu país. Mais tarde, já no iniciodesta semana a imprensa internacional anunciou que represálias estavam a sercometidas contra os beninenses a viver -no Gabão.Esta imagem a 1i á s que vem agora com as recentes medidas tomadas por OmarBongo lembram todo esse ano em que ele foi o Presidente em exercício da, OUA:um ano carregado de intervenções francesas nos assuntos internos de paísesafricanos, um ano em que uma parte de África foi colocada à disposição dosinteresses das suas ex-colónias ao ponto de se chegar a ameaçar a UnidadeAfricana.OS CONFLITOSOs conflitos entre países africanos, nomeadamente a q u e 1 e s que opõem oChade e a Líbia, e a Somália à Etiópia, constituiram pontos d e enormeimportância na Cimeira. No caso da Etiópia e Somália veio-se confirmar o perigode estalar um novo conflito armado, com a ameaça feita do lado da Somália emreacender uma questão que é à partida condenada pela Carta da OUA. A propostada realização de um encontro entre os Presidentes Siad Barre e Hailé MariemconstituiBongo, presidente do Gabão. Quando era denunciado o seu compromissona intervenção no Beni*n.

um passo positivo embora, tenha ficado a impressão principalmente para os queouviram a intervenção do Presidente Somali e do seu representante que a Somálianão está de facto disposta a aceder a uma conciliação sem que se aceite à partida azona de Ogaden como parte integrante do pais. E, dizia-nos um jornalista que elecompreende a questão porque 40 por cento da família dos governantes somalisprovêm de Ogaden. Contudo e neste assunto poucas dúvidas restaram a Carta daOUA deve ser respeitada. Com certa firmeza dizia-nos um delegado etíope que aSomália só se «lembrou de colocar a questão de Ogaden quando o povo etíopederrubou o regime do imperador Selassié».Em relação ao «contencioso» Chade-Líbia conhecíamos de longa data a situaçãopericlitante do governo do Presidente Felix Malloum. Ele já havia chegado ao ponto de aceitar conversações com a FROLINAT (movimento de libertação do Chadecom forte apoio popular e que controla enorme parte do território).Depois da Conferência de Paris contudo, principalmente depois, de a França tercolocado ao dispor do Chade mais tropas e mais aviões de guerra «jaguar», asopiniões do Presidente Malloum alteraram-se, e muito. Felix Malloum para quemo ouviu falar e desconhecesse nomes como a FROLINAT, ou a situação concretado país, terá impressionado. Os argumentos eram os da Unidade da OUA -«aquilo que o Presidente Senghor chama o micro-nacionalismo tem sido motivoda acção dos inimigos de África». Estes inimigos a quem Felix Maloum se referiaeram nada menos que os Líbios. «Os responsáveis da Líbia» - diria ainda -ignoram elementares princípios da paz do nosso Continente».Porém «o Presidente do Chade

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-como nos disse mais tarde um jornalista italiano - não estava a falar em Paris».Os responsáveis líbios a quem ele se referia falaram também e explicaram: que oproblema de Chade era o proble-Joaquim Chissano, Ministro dos Negócios Estrangeiros da RPM, trocaimpressões com o seu homólogo argelino Bouta/lika.ma da FROLINAT; que a FROLINAT era composta por chadianos; que a Líbianão «apoiava para anexar», mas apoiava uma causa justa.Então, indo mais longe, desmascarando a cumplicidade francesa, o representantelíbio mostrou documentos, conhecidos de Felix Malloum e assinados por altosmembros do seu Governo. Num desses documentos era afirmado pelo governochadiano o reconhecimento da FROLINAT como «legítimo representante dasaspirações do povo», e «...movmento de libertação nacional».Precisamente o contrário do que havia dito e acusado o Presidente do Chade, massempre palavas suas.Se de manhã quando falara, todas as palavras da dignidade e personalidadeafricanas haviam sido colocadas no seu discurso, de tarde a Líbia mostrou que oPresidente do Chade nada mais fizera do que se esquecer de compromissosassumidos perante vários membros da OUA (Sudão, Níger, Líbia), e representar(mal) na OUA o papel da defesa da Unidade Africana. Assim, de manhãos ignorantes do problema do Chade/Líbia haviam aceite o pedido do PresidenteMalloum ao exigir que a «Líbia cesse de apoiar as forças rebeldes». De tardeentretanto, com a intervenção líbia esta opinião virou 180 graus - o problema nãoé entre o Chade e a Líbia, mas sim entre um governo impopular do Chade e aFROLINAT (Frente de Libertação Nacional do Tchade), entre um regime que aFrança financia em armas para se manter sobre um povo em revolta.Este exemplo foi aliás elucidativo sobre o tipo de confrontação que existiu nesta15.a Cimeira da OUA.Do mesmo modo toda a gente que ali esteve notou que ao contrário do quecostuma acontecer, Mobutu não tinha o bivaque de pele de leopardo na cabeça,nem usava a sua famosa bengala, viajando num avião militar a hélice. Certasimagens não se apagam de um para outro dia. A 15.8 Cimeira da OUA este anoconfrontou seriamente o princípio'de que a Unidade não nasce ao acaso. Elaconstrói-se - está a ser construída ainda.TEMPO N. 408 - pág. 45

O SANGUE, DOS POVOSA tarefa fundamental definida em 1963 para a Organização da Unidade Africanafoi a da libertação politica de Africa. África libertou-se quase totalmente dadominação colonial ou racista - Zimbabwe, Namibia e Africa do Sul constituemos últimos vestigios.Porém essa descolonização quando ainda não está completa, quando ainda a OUAnão cumpriu integralmente a sua tarefa primeira, surgem novas formas decolonização - o Sahara Ocidental é a manifestação mais eviN. 408 .Pag 46dente. Surgem também os que em Africa esquecem o passado de agressão emassacre, e dão o braço aos seus ex-colonizadores fazendo suas as palavras deles.

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Essencialmente é este o tema do dis curso proferido pelo Presidente Samora naOUA. Trata-se de uma análise às formas de recolonização: como surgem e comose manifestam. Ao mesmo tempo este discurso é uma denúncia que ergue alto abandeira da unidade e patriotismo africano.

Em nome Povo e da República Popular de Moçambique, d sejamos apresentar asmais fraternais saudações a tod s os Chefes de Estado e de Governo, a todos osdelegados aqui presentes e, através deles, aos heróicos poýas que representam.Gostaríamos de apresentar uma saudação especial ao Povoe ao G verno do Sudão,pela sua ho;pitalidade caloroso e be s africana, que criaram as condições para arealiza Io desta Cimeira. Esperamos que ela venha a contril uir paro uma ri :orUnidade da Áfr;ca na luta anti-imperialista pela independência total do nossocontanen e.Queremos nesta saudação felicitar Sua Excelênc-a o Presidente Gaafor Numeiry,da República Democrática do Sudãp, pela sua eleição para o cargo de Presidenteem exe cicio da Organização da Unidade Africano, e afirma -lhe que nestemomento difícil da vida da nossa Organização e do destino do nosso continente,poderá contar :om o nosso apoio total em todos os empreendimentos que sirvama causa dos nossos Povos, a causa da Liberdade, do Progresso, da Paz e daUnidade da África.A tradicão de luta anticolonialista do Povo do Sudão, que em 1956 conquistou asua Independência contra o coloni lismo britânico, é uma garantia de que oPresidente Numeiry desempenhará um papel rele vante na luta ontro os últimosbastiães do coloniolismo, contra o iapartheid» e contra as ameaços imperialistasque ne te momento pesam sobre nós.Desejamos 4gradecer ao Povo do Gabão pela solidariedade que 4emonstrou paracom toda a África, ao organizar o últi na Cimeira da nossa Organização emLibreville. Os ésforços empreendidos pelo Povo do Gabão para ser ir a causa daÁfrica, estimulam-nos o continuar o caninho da nossa emancipação total.Excelências,Quinze anos nização da UniNeste espai independentes e dois para quiNos últimos anos vencemos novas e decisivas batalhas. Esmagámos ocolonialismo português depois de longos an.s de guerra popular. Desmascarámose neutralizámos a cumplicidade militar Ola OTAN, o apoio económico, político ediplomático do imperialismo ao colonialismo português.Impusemos uma derrota aos racistas sul-africanos em Angola, e aí tambémdesmascarámos os agentes da África do Sul e do imperialismo que se camuflavamde patriotasNo apoio à luta pela independência e pela integridade territorial de Angola,porquerele correspondia às exigências dos interesses da África e do PovoAngolano, preservámos e consolidámos a nossa unidade e a nossa Organização.Quando o imperialismo nos quis dividir entre cúmplices da invasão sul-africanaem Angola e defensores do independência de .AÁgola, a África in'eira rejeitou aaliança vergonsbosa com a África do Sul, reconheceu e apoiou o Governolegítimo da República Popular de Angola. A África inteira orgulhou-se e apoio&-

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os combatentes da Guiné-Bissau, da Nigéria, do Congo, da República da Guiné,que em terra angolana fertilizaram com o seu sangue a vitória da África contra osracistas de Pretória.passaram desde que em 1963 a Orgalade Africana foi constituída. o de quinzeanos o número de Estados io nosso continente cresceu de trinta krenta e nove.Estas vitórias não são o resultado de uma «benevolência» do c< lonialismo, ou deuma «boa-vontade» do imperialismd. Elas são o resultado do sangue ver'tido edos sacrif ícios consentidos no combate resoluto dos nossos povoa contra adominação colonial e na luta pela construção do unidade entre os nossos Estados.Elas exprimem i realidade de que o OUA foi e continua a ser um in strumentoefectivo de luta pela libertação do nosso :ontinente. Estas vitórias são também oresultado da sDiidariedade e apoio daqueles que não sendo africanos]sempreestiveram ao lado da África. Estas são por isso, também, e particularmente,vitórias dos países socialistas, de quem numerosas vezes a nossa OrgaInizaçãosalientou o carácter exemplar da sua ajuda desinteressada. Estas são vitórias paranós e todos os nosso oliados. São, ýpor consequência, derrotas para o colonalismo, o racismo e o «apartheid» em Africa, e para 4odas as forças que fora daÁfrica sempre ai>oiara os nossos inimigos.Os povos africanos igualmente apreciaram e valorizaram o sacrifíciointernacionalista do Povo Cubano, que unindo-se à determinação dos PovosAfricanos, contribuiu para que, pela primeira vez, se impusesse uma derrotamilitar às tropas da África do Sul.Os Povos Africanos souberam também valorizar os sacrifícios exemplarmenteconsentidos pela União Soviética e por outros países socialistas, pelo conjuntodas forças democráticas e progressistas do Mundo, para edificâr a vitória do Povoangolano.Face à atitude de dignidade dos Povos Africanos, face à resolução dos nossosEstados na luta contra o colonialismo e o «apartheid», aparece, vergonhosa emesquinha, a atitude de alguns que ainda pretendemTEMPO N.° 408 pág 47

Durante a Cimeira da OUA o Chefe de Estado moçambicano encontrou-se comdiversas personalidades para discutir não apenas a situação africana em geral, masainda para trocar pontos de vista.Esses encontros foram parte integrante de uma Cimeira que trouxe a confrontaçãoentrea defesa da Unidade africana e as manobras para divergir'as atenzções dasquestões fundamentais para o Continente. huius Nyerere o Presidente daTanzania, Kurt Waldheim Secretário-Geral das Nações Unidas, Presidente SekouTouré da Guiné, -Presidente Obasanjo da NIgéria, Presidente Kaunda da Zâmbia.Presidente Kerekou do Benin, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Congoencontraram-se com o Presidente Samora.Já no regresso de Cartum e numa curta passagem por Addis-Abeba, o Presidentemoçambicano encontrou-se com o Presidente Etíope, Hailé Mariem.Os encontrosCom Nperere: «une-nos o sangue dos nossos povos» -continuar a abrigar e acarinhar os fantoches de Pret6-

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continuar a abrigar e acarinhar os fantoches de Pretória, camuflados de patriotas.Excelências,O imperialismo não se resigna perante as vitórias da Africa. O imperialismorecusa-se a aceitar que os Povos do Zimbabwe, da Namíbia, da Africa do Sul, setornem efectivamente independentes, senhores dos seus destinos e dos seusrecursos.O imperialismo opõe-se a que os Estados soberanos de Africa recuperem eutilizem a favor dos seus povos os seus recursos naturais, a sua força de trabalho etalento.O imperialismo não se resigna - a sua natureza fundamental é a exploração. Paragarantir esta exploração, ele utiliza diferentes tácticas: da agressão aberta àsubversão, da desestabilização política à desestabilização económica, dacorrupção, suborno e sedução, ao assassinato. Mas, subjacente a todas asmanobras, ele utiliza como arma fundamental a divisão. Divisão dentro de cadapaís, divisão entre os Estados africanos, divisão entre a África e os seus aliados.É nesta estratégia geral que hoje ele promove a táctica de entre nós recrutarfantoches, com o objectivo de recolonizar a Africa. Esta foi a experiência deAngola quando traidores ýe renegados foram promovidos à categoria dedirigentes da causa de libertação. TEMPO N. 408 - pág, 48Esta foi e é a experiência do Zimbabwe, onde Smorinecessita de se camuflar pordetrás da cor negra de fantoches a fim de preservar a supremacia dos racistasbrancos.Neste aspecto saudamos os nossos ministros dos Negócios Estrangeiros por nãoterem permitido a presença dos fantoches do regime racista, na sua Conferência, eterem reconhecido na Frente Patriótica, o único e legítimo representante do Povodo Zimbabwe, assim afirmando a dignidade da África.Nas Comores, encontramos o exemplo da aliança despudorada entre fantoches emercenários que conduz à legalização do desmembramento" do país e permite quemercenários tristemente bem conhecidos se apresentem como membros dumgoverno africano.Gostaríamos também aqui de felicitar os nossos ministros dos NegóciosEstrangeirO, que souberam afastar da sua Conferência a prese4a degradante dosrepresentantes dos mercenários.É dentro desta estratégia gloýal de divisão que o imperialismo procura lançar ospovos africanos uns contra os outros para a todos poder dominar.Nos tempos da con9 os colonizadores tentav. com missangas e espelk dividirconceitos como até mesmo a Lusofonia: ajuda, o suborno e a coi chauvinismo, asguerras>artilha da África :>5 e comprar-nos tilizam para nos i, a Anglofonia e ipromessas de expansionismo, o

úK.Waldheim - saudar os países da Linha da Frente em Sekou Touré - criar aComunidade Económica Africanorelação à Namíbia.

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Encontro com o Ministro dos N. estrangeiros eongoles Em Addis-Abeba com oPresidente Hailé Mariem. Saho.ra: «uma situação pura e simplesmente colonial».Quando iste não acontece, o imperialismo instiga, financia e promove os queconsidera moderados e realistas. Moderados significando subordinação aosinteresses do imperialismo. Realistas implicando a capitulação nos princípios, osacrifício dos interesses fundamentais de Africa e dos nossos povos.Para recuperar as posições perdidas no continente, o imperialismo lança umapoderosa contra-ofensiva destinada a dividir a OUA, transformando alguns dosmembros da OUA, alguns dos membros do grupo dos países não-alinhados, emseus representantes e agentes da OTAN.Excelências,O fundamento da OUA, o que une os Estados africanos, não deve ser a línguadeixada pelos colonizadores, não devem ser as alianças com o imperialismo.Une-nos, a experiência comum do sofrimento imposto aos nossos povos peloscolonialistas portugueses, franceses, belgas, ingleses, alemães, italianos eespanhóis. Une-nos, a humilhação, a miséria, a degradação moral e social, apilhagem a que fomos subme'tidos pelos colonialistas portugueses, franceses,ingleses, belgas, alemães, italianos e espanhóis.Alguns têm afirmado que os seus países ascenderam à independência de umaforma pacífica.; Toda a independência em Africa está regada de sangue. Nósconquistámos a nossa independência através dasarmas, mds nós respeitamos todas as independências em Africa porque para asconquistar sangue foi vertido.Une-nos o sangue que cada um dos nossos povos teve que verter para conquistar aindependência nacional. Em todos os nossos países - no tráfico de escravos, notrabalho forçado, nas prisões e massacres- os nossos povos morreram para que as suas pátrias se tornassem independentes ea Africa se unisse. Une-nos o combate para finalizar a libertação política do nossocontinente. Une-nos a determinação em edificar um futuro de prosperidade,justiça, liberdade e paz para os nossos povos. Une-nos a nossa resolução emlibertarmos económica e socialmente os nossos países e o nosso continente.Excelências,Quando definimos a plataforma da nossa unidade estamos em condições dedefinirmos os nossos aliados, os nossos amigos, os nossos inimigos. Estamos emcondições de saber distinguir claramente as alianças fun. damentais e estratégicasdos compromissos tácticos e transitórios, Estamos cláros sobre as prioridades danossa acção.A colonização mental, a subserviência mental que alguns têm em relação àsantigas metrópoles, leva-os muitas Vezes a definir somente como estrangeiro àAfrica, aquilo que é anticolonialista e anti-imperiaTEMPO N 408 pag 49

lista, aquilo que implica a rotura com os esquemas de dependência económica,cultural e social com as antigas potências coloniais.Dentro deste esquema de pensamento, é estrangeira a ideologia que não é a donosso antigo colonizador. São estrangeiros a cultura, o modo de vida, os gostosque não são os do nosso antigo opressor. São estrangeiras as armas que não vêm

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dos países membros da OTAN, especialmente daqueles países que escravizaram aÁfrica. Nesta lógica só são estrangeiros, só são contrários aos interesses daÁfrica, só vioIam o não-alinhamento, as bases, os pactos e acordos militares, astropas e instrutores que não vêm dos países membros da OTAN, especialmentequando não vêm do antigo colonizador.A subserviência conduz a estas aberrações mentais.Na África Austral, o regime minoritório ilegal e racista da Rodésia massacra oPovo do Zimbabwe, agride a RepübJica do Bo'swana, a República da Zâmbia, aRepública Popular de Moçambique, com as armas produzidas, vendidas,oferecidas, pelo imperialismo, especialmente pelos antigos colonizadores daÁfrica. Os milhares de mercenários que combatem no quadro das forças racistasrodesianas são livremente recrutados em países capitalistas, especialmenteaqueles que colonizaram a Africa. Apesar das sanções decretadas pelo Conselhode Segurança das Nações Unidas, os países mebros da OTAN, especialmente osque colonizaram a África, continuam a dar o apoio económico e financeironecessário à sobrevivência do regime.Também, alguns Estados africanos que se apresentam como defensores da nãoingerência no nosso continente para preservar a independência da África, e semanifestam como porta-vozes de novos pactos militares, têm abertamente violadoas sanções contra a Rodésia, traindo o dever da solidariedade africana.A África do Sul racista ocupa ilegalmente a Namíbia, massacra o Povo daNamíbia, invade e agride Estados soberanos membros da OUA. As suas armas, asfábricas de armamento sofisticado que dispõe, são o resultado do apoio directo eaberto que recebe do imperialismo através da OTAN, especialmente daquelespaíses que no passado colonizaram a África.Contra a vontade dos povos e da África, as mesmas tropas estrangeiras que ontemnos massacravam, ocupam partes do nosso continente, atacam e agridem osnossos povos, fazem grosseiras interferências nos nossos assuntos internos.Neste. quadro inscrevem-se os recentes ameaços militares contra a República dasSeychelles e a República Democrática de São Tomé e Príncipe, a agressão contrao Sahara Ocidental.Para desvia a atenção das suas agressões, o impe rialismo, utilizando por vezesporta-vozes no nosso seio, desencadeia neste momento uma violenta campanhacontra a ajuda internacionalista que países africanos, Cuba, e outros paísessocialistas, dão à batalha do nosso continente. Esta ajuda tem-se concentradoTEMPO N.- 408 - Pag 50Çontra a cana, conde cana, tropas brando um ocupam Dia parte da ReOs que ram o mass; que massacrvontade da Organização da Unidade Afriiadas pela Organização da UnidadeAfriestrangeiras ocupam Mayotte, desmemEstado africano, tropas estrangeiras loGarcia, tropas estrangeiras ocupam pública do Egipto.azem isto são os mesmos que pepettýocre de'Sakyette em 1958 'na Tuníi ,a, 'os3ram o Povo tunisino quando este preten.no apoio aos Movimentos de Libertação, no apoio à defesa da soLerania eintegridade territorial de Estados soberanos, qe foram invadidos e agredidos emýviolação dos prin cípios da Carta da OUA e das Nações Unidas, das iResoluções

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da nossa Organização, e das Nacões Unidos. Esta ajuda tem sido dada amovimentos de liberrt4çâo que a pediram com o apoio da OUA.Duma mýaneira geral, os Estados membros da OUA não produz4m armas. Deuma maneira geral, o armamento dos nossos exércitos vem de' países fora donosso cont|iente. Mas não é por acaso que o armamento dos umovimentos de,libertação, o armamento de muitos países que defendem a dignidade da África, 'deuma maneira geral provém dos países socialistas. Como não p por acaso quesejam os membros da OTAN a fornecer as armas com que ontem Portugal nosatacava% com que ontem e hoje a África do Sul e a Rodésia atacam a África.Há um nos, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez+ um apelo àComunidade Internacional para que reflorçasse a capacidade defeisiva deMoçambique. agreý ido pelos racistas. Nenhum pais daqueles que hoje prptendemem África, ou fora de África, salvar o nosýo continente de pseudo-ingerênciasexteriores, nos deu a mínima ajuda neste quadro. Constatamos que somente osEstados africanos que têm mantido bem ala a bandeira da luta anticolonialista eanti-racista,ý somente dos Estados socialistas temos recebido a auda material, aajuda militar, a ajuda em instrutores que nos permitem reforçar a nossacapacidade defensiva.

AIWJIYO ilsiORicO D~ UO~AMIIWJEdia expulsar do seu território q base de Bezerto; são os mesmos que fizeram- seteanos e meio de guerra contra o Povo argelino, são os mesmos que agrediramMarrocos quando fraternalmente apoiava a libertação da Argélia, são os mesmosque apoiaram a secessão do Katanga e do Biafra, são os mesmos que invadiram oEgipto quando foi nacionalizado o canal de Suez, são os mesmos que agrediram aRepública da Guiné em 1972, que organizaram e armaram os mercenários queinvadiram o Benin, que apdiam as agressões contra o Povo do Sahara. Ocidental,em toda a parte onde o povo se bate pela sua dignidade, o agridem,Os que ainda não desistiram de recolonízar a África, não podem ser nossosaliados. Os que financiam, armam e apoiam a Rodésia racista e a África do Sul do«apartheid», não podem ser nossos aliados. Os que criam as condições para que aÁfrica do Sul exerça uma chantagem otómica contra a África, não podem sernossos aliados. Os que permitem e apoiam o recrutamento de mercenários paralutar contra os Povos Africanos, não podem ser nossos aliados. Excelências,Os que abusivamente em nome da África, em capitais de países que agridem aÁfrica, pretendem criar pactos para desestabilizar e dividir o nosso continente,não representam a vontade dos nossos povos. Os que aceitam a manobraimperialista de transformar os africanos em seus mercenários, os que seempenham nas manobras para mudar a cor dos mercenários, não representam aÁfrica.Excelências,Os esforços da Organização da Unidade Africana têm-se dirigido desde a suafundação para a libertação política do nosso continente. Nos últimos anos a lutaanticolonialisto e anti-imperialista alcancou grandes sucessos.

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Os últimos vestígios do colonialismo em África encontram-se ameaçados ereduzem-se a uma pequena parte do nosso continente. Cabe-nos neste momentodefinir quais os objectivos que queremos alcançar no futuro.A tarefa da OUA é terminar a batalha pela libertação política total dos povosafricanos. A tarefa da OUA deve consistir em unir todos os seus membros paraalcançarmos a meta estabelecida.É uma batalha que decidimos desencadear conjuntamente em 1963. É uma tarefafundamental na luta que fazemos Contra o coloniali mo e o imperialismo. Trata-sede um compromisso listórico que assumimos em relação aos povos quecontinuam subjugados pelo coloníalismo e «apartheid».Devemos no entanto traçar novas linhas que nos guiem, e recriem na OUA odinamismo que caracterizou a luta contra a presença colonial em África.Pensamos que a luta de libertação nacional em que nos encontramos engajados sócessara quando todas as forças de dominação imperialista forem liquidadas nosnossos países.O combate contra a presença física do colonialismo ou do imperialismo deve serprosseguido agora pelo combate pela nossa libertação económica e social.Trata-se da luta pela afirmação da nossa personalidade africana.Trata-se da luta pela recuperação do direito de explorarmos os nossos recursosnaturais em benefício dos nossos povos. Trata-se da luta pelo direito delivremente escolhermos o sistema político e económico que melhor nos serve.Trata-se da luta pela criação e consolidação de uma África libertada, e não-alinhada.Para cumprirmos as novas tarefas que se nos colocam é fundamental elevarmos anossa unidade.A nossa unidade está carregada de sangue e sacrifícios.Para além da heterogeneidade política e ideológica dos vários países membros daOUA, unem-nos objectivos fundamentais. Eles são o cimento que pode colmatar abrecha por onde o imperialismo tenta penetrar para nos dividir e impedir deatcançarmos os objectivos prescritos na nossa Carta.Vencemos já outras ofensivas do imperialismo. Vamos vencer a presenteofensiva. Libertaremos o Zimbabwe, a Namíbia, a África do Sul. UniremosMayotte à pátria Comoriana. Acolheremos entre nós o Sahora independente.Avançaremos resolutos e unidos na libertação económica e social do nossocontinente.A África será livre, será próspera, os nossos povos viverão em paz e na Justiça. Oimperialismo não passará.A África triunfará.A LUTA CONTINUA!TEMPO N.' 408áag, b1

História da lutado povo saharianoIntervenção do Presidente nalgaze na OUAA questão do Sahara foi um dos pontos quentes dos debates da Cimeira de

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Chefes de Estado e de Governo da OUÃ. A posição dos Estados progressistas foia de tentar pressionar a que a Organização assumisse a responsabilidade dedebater a questão. contrariando a tendência desenvolvida pelos Estadosreaccionáriòs de protelar indefinidamente a discussão. como vêm fazendo desdehá dois anos.Nesse debate teve particular acuidade a intervenção do Presidente malgaxeDidier Ratsiraka. que fez um historial do processo de luta do povo sahariano.do processo de hipocrisia dos estados de Marrocos e da Mauritânia.Dider Ratsiraka: A descolo. nizaçdo do Sahara exclui a anexao por qualqueresdo território saharfano.TEMPO N. 408 - pág. 52«...Não é obra do acaso que fez eclodir o drama que atinge o valoroso povosahariano no mesmo momento em que o processo de descolonização está aconcluir*se pela libertação dos povos da Africa Austral. Quando o continentedeve passar das últimas vitórias da libertação política nacional à fase da conquistaou con solidação da independência económica.Como se pode admitir um só instante que das nossas próprias fileiras, apesar dosengajamentos solenes que têm valor jurídico, em violação do direito internacionalpositivo, e em desprezo pela ética contemporânea, possam surgir reivindicaçõesterritoriais tão ilegítimas como sem bases legais, mas cujo único fim é bloquear oprocesso de descolonização, e que tem como consequência negar ao povosahariano o seu direito inalienável a dispor dele mesmo? Esse povo sahariano queexiste sobre o seu território desde há séculos, tem os mesmos direitos que todos ospaíses colo~ nizados a beneficiar da aplicação da resolução 1514 (XV) da ONUde 1960 sobre a autodeterminaçãoIsto depois da ONU, como o Movi mento dos Não-Alinhados, como a OUA teremafirmado esse direito inalienável do povo sahariano à autodeterminação e àindependência..Nós queremos portanto hoje apelar a todos os que se refugiam no conforto dosilêncio ou na complacência da abstenção, que nenhum país africano possa estarem paz com a sua consciência enquanto não for feita justiça no caso do povosaharíano, que fez a nossa unanimidade até ao dia da partilha anexionista ilegaloperada pelos vizinhos, que até então se apresentavam como campeões daindependência do Sahara Ocidental.O povo sahariano sublevou-se em 1970 contra a ocupação colonial porque aEspanha usou sempre manobras dilatórias em relação à OUA, que desde 1964 amandara iniciar no Sahara o processo de descolonização pela aplicação do d i r e it o à autodeterminação, tornado regra normal e habitual do direito internacionalcontemporâneo.Em 1966 a OUA e o grupo africano nas Nações Unidas confia-

ram à Argélia, a Marrocos e à Mauritânia. a missão de conduzir o SaharaOcidental à descoloni zação e de conjugar os seus esforços para fazer prevalecer odireito à autodeterminação desse território africano.No mesmo ano, a 7 de Junho, pela ocasião da 436., sess~o do Comité especial dedescolonização realizada em AddisAbeba, o delegado marroquino declarou que

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ele reivindicava uma independência autêntica para o Sabara. Independência quepermitisse ao povo do território exercer ele mesmo todas as responsabilidades dopoder.A 14 de Setembro de 1940 em Nouadhibou. o Presidente Boumedienne, o ReiHassan I I e o Presidente Moktar Ould Daddah, numa cimeira tripartida, decidemunanimemente apoiar a descolonização do Sahara conforme as resoluções daONU.Os mesmos Chefes de Estado. encontram-se de novo em Agadir, a 24 de Julho de1973, para reconfirmar o seu compromisso ao princípio da autodeterminação pelaexpressão livre e autêntica da vontade do povo sahariano. Esta constante unidade,de pontos de vista e de, posições conforme em todos os pontos as múltiplasresoluções da ONU, da OUA e dos Não-Alinhados, confirmou-se ao longo detodos os anos seguintes, até ao dia em que em Junho de 1974, Marrocos seguidoda Mauritânia, propos subitamente à Assembleia Geral da ONU pedir ao TribunalInternacional da Justiça para se debruçarem sobre um aviso consultivo sobre duasquestões de carácter histórico destinadas a fazer identificar a autoridade políticaque exercia o seu poder sobre o io de Oro e Sakiet et Hambra antes dacolonização espanhola.Não nos surpreendeu a reacção quase geral da comunidade internacional e dosafricanos em Particular, sobre esta reviravolta espectacular que não era menos doque pôr em causa o processo de descolonização e o direito à autodeterminação dopovo saharia no. Na sua decisão de 16 de Ou-Só ao Povo sahariano compete decidir livremente a sua sorte e o seu destino.tubro de 1975. o Tribunal Internacional da Justiça negou a existência de laços desoberania territorial, de todo o exercício interrompido de autoridade política porMarrocos sobre o Sahara antes da colonização espanhola. Por outro ladó, oTribunal declarou que não existia entre o território sahariano e o conjuntoMauritânia nem laço de soberania ou de alegância de Tribos, nem simples relaçãode inclusão numa mesma entidade jurídica. . preciso acrescentar q u e a Missãoenviada pela ONU ao Sahara em 1975 revelou no seu re-latório que a população do território que ela co'ntactou se pronunciou quaseunanimemente pela Independência. A Missão reconheceu aliás qUe aPOLISARIO era uma força política dominante do país, admitindo assim, ipsofacto a sua representatividade.Contra o direito, contra a vontade do povo sahariano, contra Africa, intervém a 14de Novembro de 1975 o Acordo de Madrid pelo qual se pretendeu fazerdesaparecer o povo sahariano, e entregar o seu território nacional aos desejosanexionistas. É paten.,ý.TEMPO N. 408 - pág. 53

ri$4que a Espanha potência colonial administrativa cometeu uma verdadeiranegociata concluindo o acordo. Ela não tinha sobre o país senão um poderusurpado de gestão exclusiva de toda a soberania de que o povo sahariano era de

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facto o único detentor. A Espanha não devia nem podia dispor do SaharaOcidental sem ter previamente consultado os seus habitantes.«É verdade que as autoridades espanholas fizeram em seguida o acto de enviar aoministro algerino dos negócios estrangeiros uma mensagem do seu homólogosegundo a qual «a Espanha depois de se ter retirado da administração do territórionão reconhecia nenhuma soberania sobre o território do Sahara Ocidental».Quanto Marrocos e à Mauritânia, quem lhes conferiu o poder de dispor dessepovo e do seu território que lhe são perfeitamente estrangeiros?Eles não enganam ninguém evocando vagas razões históricas, e a sua integridadeterritorial, para realizarem a injustificável anexação, seguida da detestávelpartilha. Mas nós já vimos que o Tribunal Internacional de Justiça lhes respondeua esses dois pontos declarando que não constatou a existência de laços de naturezaa modificar a aplicação da resolução 1514 (XV) quanto à descolonização, doSahara, e em particular, quanto a pôr em prática o principio da autodeterminação,pela expressão livre e autêntica da vontade do povo do território.O menos curioso desta história não é o equiparamento da Mau ritânia comMarrocos, já que perante a OUA, esta nunca deixou de denunciar as pretençõesmarroquinas sobre o território mauritano, na perspectiva de «reconstituir» umgrande império indo de Tanger a Tombouctou e até Saint-Louis do Senegal. Quediria a comunidade internacional se em 1975 igualmente, quando as TEMPO N.408 - pág. 54Comores iam ascender à independência a Tanzania e Madagáscar tivessemdecidido anexar e partilhar o arquipélago? Apesar de neste caso existirem de factolaços naturais, históricos, jurídicos e de alegäncia absolutamente evidentes ?Não é o simulacro de consulta da Djemãa que poderia confortar ou validar o actocolonial ilegal, perpetrado no Sahara Ociden tal.Prova-o a própria declaração de Marrocos à Missão de Visita da ONUdenunciando aquilo a que chamou uma assembleia habilitada a falar em nome doSahara Ocidental, e que,, na realidade, não fez senão endossar as decisõestomadas pelas autoridades coloniais. Isto chega-nos para apreciar arepresentatividade de Djemáa, e o valor que lhe convém dar no subterfúgio peloqual quiseram substitui-lo ao povo sahariano.A ONU sempre marcou o carácter africano do problema do Sahara Ocidental, ecolocou toda a u. a confiança na OUA, para o resolver conforme a resolução 1514sobre a autodeterminação, e segundo a vontade do povo sahariano. A autocríticaobriga a que nós não temos o direito de suspender indefinidamente a sorte de umpovo aos nossos adiamentos Nós não podemos fugir a encontrar uma solução parao Sahara Ocidental adiando cada sessão que nós próprios marcamos.Precisamos de tomar responsabilidade, quer dizer discutir o problema a fundo.Para nós as coisas são claras: Primeiro: a conclusão principal do aviso consultivodo Tribunal Internacional de Justiça é que nem Marrocos nem a Mauritânia nãoexerçam soberania territorial sobre o Sahara dito espanhol antes da co lonizaçãopela Espanha. Segundo: A Polisario foi criada oficialmente em Nouakochott paralutar pela descolonização do Sahara Ocidental. Terceiro: Marrocossempre reclamou a descolonização do Sahara Ocidental.

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Ora o que é a descolonização se não ascensão da colectividade colonizada aostatus de Estado, de acordo com o direito público internacional?Por consequência, a reivindicação da descolonização do Sahara Ocidental porMarrocos e pela Mauritânia exclui toda a anexação desta entidade por qual querpotência estática. A descolonização postula a nascença de um novo Estado, de umsujeito originário do direito internacional. Com esses fim as declarações deMarrocos e da Mauritânia pela descolonização do Sahara não podem ter outrassignificações. Isto porque a delegação marroquina, na 436.- sessão do Comitéespecial realizada em Addis-Abeba reivindicou uma independência autêntica parao Sahara, o c a r ác t e r inequívoco desta declaração perante um órgão oficialpermite deduzir que, de acordo com os termos tradicionais do TribunalInternacional de Justiça:O Estado «entende ser ligado conforme os seus termos» e esta intervençãoconfere à sua tomada de posição o carácter de um engajamento jurídico, o Estadointeressado estando no direito de seguir uma linha de conduta conforme- as suasdeclarações.Nós malgaxes reiteramos firmemente que só o povo sahariano pode decidirlivremente da sua sorte assim como do destino do seu território nacional.O nosso dever sagrado, o interesse de Africa e da OUA, e os imperativos da pazdão-nos como obrigação de lhe fazer obter o seu direito à autodeterminação e àindependência. Esta é a via da razão, é a solução da esperteza. É a exigência dodireito que exclui qualquer outra alternativa... »

Entrevista com um mercenário francês que combateu na Rodésia de SmithOs mercenários franceses nd Rodésia estavam inte. grados numa unidade, comoficiais franceses, emblema que os identificava com as cores da bandeira deFrança, trabalhando sob as ordens directas da polícia secreta de Smith.A ConfissãoRecentemente, um golpe de estado executado nas Comores, derrubou o governo,instaurou um directório político-militar. Executou o golpe uma força demercenários franceses, comandada pelo sinistro Bob Denard, que sob o nomefalso de «coronel Said Mustapha Madhjou» se fez integrar nesse directóriopolitico-militar.Anteriormente esse mesmo Bob Denard havia sido responsabilizado pela tentativade golpe no Benin, em princípios de 1977.Acaba de vir agora à luz a denúncia de novo comprometimento do seu bando demercenários. Também na Rodésia eles actuaram, integrando uma unidade de 60.cas de guerra», como se auto-intitulam os mercenários.A denúncia veio de uma entrevista concedida por um desses mercenários ao nossocolaborador R ene Backmann, publicada na integra na ultima edição da revistafrancesa «Le ncuvel observateur», e da qual divulgamos os extrac,os, m a i isignificativos.de um« CãodeGuerra »

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Entrevista com um mercenárno francês que combateu na Rodésia de SmithP: Primeiro, porque aceitaste este encontro?Porque há coisas que me chatearam na Rodésia. Mercenário é uma profissão.Polícia outra. ,E matar civis, uma terceira. E depois eu acredito no que secombina. E os tipos de Bob Denará não têm palavra. Eles estão tramadosconnosco. Precisamos de ganhar a nossa vida. Isto não lhe perdoamos.P: . por isso que voltaste pa.ra França?Sim, e não só. Depois de certo tempo com as torturas, com as facadas noscamponeses, que não eram mais rebeldes do que eu, creio que no fundo já estoumais do lado déles do que dos rodesianos brancos ...P: Então para ti é uma aventura terminada?A Rodésia e Denard, isso sim. A guerra não, isso é outra coisa. Eu não sei fazermais nada.P: Como é que foste recrutadopara a Rodésia?Fui recrutado em Novembro de 1977. Fui contactado por um amigo, ex-pára-quedista como eu, que trabalha para Bob Denard. Ele deu-me o contacto de RogerB., veterano do batalhão estrangeiro na Indochina, e tenente de Denar.Roger B. trabalhava numa sociedade especializada no ultramar, cuja sede é no 2.0bairro, R u a Bachaumont. Recebeu-me n u m restaurante próximo da Bastilha edisse-me: "Estamos a preparar um golpe no Índico, mas para aí o recrutamentoestá completo. .?, pena porque para es, se trabalho havia 10 mil francos e um bolode entrada. Mas vou-te meter noutro trabalho, se quise. res. Isso dar-te-á um bomtreino para mais tarde». E deu-me um número de telefone e um nóme: Michel D.Era um velho mercenário de Angola. onde tinha trabalhado pa.TEMPO N., 408 - pág. 56ra a UNITA. Foi muito directo sobre a natureza do trabalho. Disse-me que setratava de servir numa unidade francesa, no seio do exército rodesiano. O saláriodeveria andar entre os 8 e 10 mil dólares rodesienos. (5 600 a 7 mil francos pormês).Um dos principais motivos porque as coisas correram mal foi porque nunca mepagaram mais do que 245 dólares rodesianos por mês (cerca de 1 800 francos) e osalário era-nos pago em dólares rodesianos não convertíveis.O trabalho previsto para nós: operações «muito agressivas» na frente este, ao ladoda fronteira moçambicana, incluindo mesmo incursões em territóriomoçambicano. Em princípio nós devíamos constituir um batalhão francês. Defacto nós não formamos nem mesmo uma companhia, porque só éramos à voltade 60.P: Vocês foram todos recrutados pelas mesmas vias?Não exactamente. Alguns fo. ram recrutados por anúncios. O jornal «France Soir»publicou em Outubro de 1977 um anúncio ofe recendo «uma situação de futurono estrangeiro» a candidatos «com o mínimo 22 anos, de preferência a n t i g o ssuboficiais». Trazia um número de telefone, que era o do sindicato de

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proprietários de um grande grupo, no 15." bairro de Paris. Quando se ligava paralá éramos atendidos por esse mesmo Michel D.Um inquérito feito pela imprensa em Novembro obrigou-o a fugir para a Suíça.Foi aliás da Suíça que nós partimos.Um terceiro grupo foi recruta. do por uma associação de pára-quedistas.P: Não t i v e r a m problemascom visas, passaportes...Tudo correu bem. Michel D. obteu-nos os visas em 24 horas na embaixada daAfrica do Sul, onde ele tinha contacto com um fun. ciondrio.Fui de comboio até Zurique e aí embarquei num avião da South A f r i c aAirways. Chegámos a ,Johannesburg onde apanhámos uma ligação da AirRhodésia para Salisbury. Lá éramos esperados no aeroporto por veículos militaresdo 1.0 RLI (regimento de alta infantaria) que nos conduziu ao campo desseregimento, em Cram borne.Aí deram-nos uma arma FAL (belga) e um equipamento camuflado igual ao doexército rodes/ano, com a única diferença que no boné por baixo do emblemarodesiano havia uma losango tri color (azul, branco e encarnado).P: E os vossos oficiais eramfranceses?Bem, enfim.., os que chegaram primeiro - alguns meses antes- autodesignaram-se o f i c i a i s, embora o fossem tanto como eu, e alguns nemsoubessem ler um mapa. A maior parte deles havia estado em Angola, outrostinham participado com Denard no golpe desastroso do Benin. A maior par te dosquadros na Rodésia eram dos que haviam estado no BeninOs dois chefes da unidade eram o major Laviola e o major Assomptíon. Laviola éum antigo ajudante da 2." REP, Assomption é um antigo ajudante do 11., batalhãode choque. Ele foi mercenário em diversos países africa nos, e antes de vir para aRodésia era oficial da guarda presidencial de Bongo, no Gabão.Havia o comandante Bessi, veterano de Angola, também (que havia ao princípiosido encarregado de abrir uma escola de oficiais), o tenente Bonnericque,résponsóvel das questões administrativas, o capitão Toumi, um originário dasAntilhas, veterano do Congo. que tinha participado no primeiro golpe nasComores, e era um velho companheiro de Denard. Era o comandante da segundaunidade francesa, o organizador. O primeiro oficial negro no exército rodesiano.Havia também o tenente Fournier e o sargento Linard.

P: E os homens da unidade...Havia um pouco de tudo. Os que estavam lá porque não sabiam fazer mais nada,como eu, os que estavam um pouco em cruzada, os que gostam daquilo. Haviamuitos militantes da Frente nacional, alguns que haviam estado no Líbano, ondecombateram ao lado dos Falangistas. e que estavam lá para a caça ao negro e aocomunista. Outros que não tinham mais de um ano de serviço militar. Alguns quehaviam trabalhado em Lyon, para a Agência Lionesa de Segurança. A maioria nãotinha nenhuma experiência militar.

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No campo havia pelo menos 6011 de estrangeiros. Portugueses de Angola e deMoçambique, neozelandses, australianos, ingleses, americanos, veteranos doVietnam.Os americanos mostraram-se logo reticentes. Eles estão habitua dos a combaterem melhores condições, com uma cobertura aérea constante e uma logística bemsuperior à do exército rodesiano. Havia muitos sul-africanos. Soube ai que há sul-africanos que fazem o seu serviço militar na Rodésia, embora não estejamconstituídos numa unidade sul-africana, mas sim espalhados. Só os francesesconstituem uma unidade à parte, com o seu enquadramento especial.Antes de sairmos do campo de Cramborne Laviola d i s s e-n o s: ,Embora vocêsestejam hoje no exército rodesiano, vocês são franceses, e estão engajados nocombate que se trava aqui contra a internacional comunista. Vocês representam aFrança. Não é por dinheiro que vocês aqui estão... ».P: Dali para onde foram?Dali fomos para Mtoko, o nosso campo operacional, muito per to da fronteira comMoçambique. Ficámos a actuar na zona, quase sempre em operações de rotina.Sem uma emboscada, sem contactos. Fazíamos operações do ,,special branchn(serviços de infor-O sinistro Bob Denard. É responsável pela tentativa de golpe no Benin, éresponsável pelo golpe nas Como. res, aparece agora responsável pela unidadefrancesa no exército de Smith. Quem é Bob Denard? Para quem trabalha ele defacto?mações do exército) cercávamos uma aldeia, em formação de combate,separávamos as mulheres e crianças para um lado. homens para outro. Quando eraencontrada qualquer coisa considerada suspeita os que a tinham eramconsiderados como terroristas po tenciais, ou cúmplices e presos. Eu não gostavadessas operações. Batermo-nos na floresta é uma coisa, encher de pontapés ou depancada aquela pobre gente só para os fazer sair mais depressade sua casa, é outra. Os presumiveis terroristas eram depois enviados para o«Special branche, que se ocupava de os fazer falar. E aí todos os meios valem.Tortura, queimadura dos pés... prefiro não falar disso.P: Tu achas que o exército rodesiano está bem equipado e preparado para aguerrilha?Sem sombra de dúvida. Eles têm um material ligeiro mas muito eficaz. Oscrocodilos (camiões Mercedes blindados, anti-minas), as autometralhadoras«Eland» (Panhard, fabricadas na África do Sul), os carros blindados ingleses«Ferret», os helicópteros franceses «Alouette,, os aviões «Cessna» de apoio(fabricados em França pela Reims), os aviões «.Dakota», os aviões ,Camberra».Eu vi uma vez numa operação dois aviões de asas em delta, muito rápidos,«Mirages, tenho quase a certeza. Não vi se eles tinham as cores rodesianas ou sul-africanas mas em todo o caso combatiam na Rodésia, em apoio ao exércitorodesiano.O exército é bem treinado. Os pára-quedistas, por exemplo, sal1 tam a 150metros. Nós em França só saltamos a 250 ou 300 metros. E as suas unidades dechoque como os Selous Scouts, o 1.< RLI ou o SAS são bem preparados.P: Qual é o papel dos SAS?

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O Special Air Service é uma unidade especial que hoje serve exclusivamente paraoperações no interior do território moçambicano. Eles são largados à noite, a umaalta altitude e em queda livre, sobre um ponto preciso, pa& ra uma operação desabotagem, e depois são recuperados por helicópteros. Eles têm os melhoreEhomens. Um dia o Estado-Maior mandou um «DC3» a Moçambique pararecuperar um comando de sabotadores. O avião que era conduzido por um pilotoamerica no - pousou e levantou numa estrada.TEMPO N.' 408 - pág. 67

Entrevista com um mercenário francês que combateu na Rodésa de SmithAs tarefas atribuídas à unidade francesa no exército de Smith não serão tarefasdemasiado delicadas para simplesmercendrios?P: Tu participaste nalgum raidem território moçambicano.Não, ýfias estava previsto nos planos para a nossa unidade. Os que chegaramantes de nós contaram-nos que haviam participado no raid em Chimoio. Elesdisseram-nos que tinham atirado sobre tudo o que viram. E que as autoridadesrodesianas diziam sempre que esta operação tinha sido um grande golpe nosterroristas. Mas foi sobretudo civis que eles massacraram: o material militarcapturado não dava para armar nem um terço dos mortos e feridos!P: Diz-se que os Selous Scoutsfazem por vezes taids terroristas especialmente horríveis em território rodesiano,raids esses que depois são atribuídos aos guerrilheirosIsso é verdade. Conheço casos em que os Selous Scouts se disfarçaram emsoldados moçambicanos ou em guerrilheiros, paraTEMPO N.° 408 - pág. 58atacar aldeias, viajantes, ou matar religiosos, por exemplo. Essa é uma dasespecialidades dos rodesianos. Eles são muito fortes em guerra psicológica econsideram que uma das suas tarefas consiste em desacreditar os terroristas aosolhos das populações civis. Eles dizem que a defesa do território rodesiano passalegitimamente pelo ataque a Moçambique porque Moçambique'ajuda osguerrilheiros da ZANU.P: Qual é o estado de espíritono exército rodesiano?Muito vigilante. A regra é simples: toda a pessoa vista num lugar onde ela nãodeveria estar deve ser posta fora da circulação. Na fronteira moçambicana, aolongo dos campos de minas, atira-se a sério. E as regras são aplicadas à letra.Entre os franceses há também quem as aplique. Por exemplo na base de Mtoko,nóstínhamos prisioneiros. Os tipos da Frente nacional tratavam-nos à facada.Lembro-me mesmo de um dia um oficial rodesiano ter aconselhado um francês ater calma...P: Qual é em geral a atitudedas populações no interior?

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Medo que as tropas r9desianas cheguem. O medo é permanente. Nem toda a genteestá totalmente com os guerrilheiros, ou as simpatias variam deste grupo paraaquele, mas toda a gente tem medo do exército 'rodesiano.Nas «proteged villages» a polícia e o exército -são omnipresentes.P: E qual é a atitude dos rodesianos brancos?Muitos vão-se. Sobretudo aqueles que têm algum dinheiro. Os outros estãodispostos a vender a pele cara. Em Salísbury andam

armados de pistolas «Magnunum 357» ou carabinas americanas. No carro têmmetralhadoras sobre os joelhos.O país está completamente em guerra. Para se sair de Salisbury é preciso fazê-loem coluna. Há duas por dia, protegidas pelos Land Rover blindados ou porcamiões Leyland, armados. Todos os civis estão armados. As farmas sãoprotegidas por guardas armados, antigos militares recrutados na Europa. As/armas pequenas pelos próprios proprietários armados. E 1 a s estão ligadas a umacentral de alerta pela rádio e os farmeiros podem comprar o material de guerraque quiserem.De. jacto a zona de «falta de segurança» é bastante vasta. Osrodesianos não o dizem mas há acções terroristas a três quilómetros de Salisbury.Quando eu lá estava houve dois soldados mortos em acções de guerrilha a 40quilómetros de Salisbury. Em Salisbury mesmo o clima é muito pesado. A políciaisola e patrulha constantemente o bairro negro. Revistam as casas, e che gam aencontrar aí armas.P: *Pensas que a barragem de de minas/ entre Moçambique e a Rodésia é eficaz?Não, ela é muito porosa. Fizeram-na para impedir a entrada de guerrilheiros epara evitar a saída dos camponeses. Calcula-se que 15 por cento das pessoas quesaem voltam como guerrilheiros.P: É verdade que muitos portugueses fugidos de Angola e Moçambique estão instalados na Ródésia?Sim, há muitos, em especial no exército. Eles são pouco menos mal tratados queos negros. Os rodesianos acusam-nos de haverem perdido as suas colónias, de nãoas terem sabido defender, de terem vivido demasiado próximos dos africanos, e deterem deixado nascer uma grande população de mestiços.P: E vocês, como são considerados?Não mal. Aos olhos dos rodesianos nós somos voluntários que viemos ajudá-los adefender uma causa justa. Eles não sabem o que nos tinham prometido e o quenos deram. De facto, militarmente, o rendimento da-unidade francesa não erabrilhante. As pessoas estavam furiosas porque fomos enganados. Muitosmostraram-no fortemente, chegando até às amea ças com armas.P: Alguns de vocês pensaramficar na Rodésia?Alguns, sim. Alguns mandaram vir as mulheres, compraram carros. Aíencontram-se Jaguares soberbos...Alguns de entre nós começaram a trabalhar para a UNITA de Angola. Para issohaviam um contacto no hotel «Ambassador» em Salisbury. Outros procuram irpara a Africa do Sul. Eu mesmo conservei a direcção do recrutador oficial sul-

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africano: o brigadeiro-general W. R. Jordam. 808 South Port, Kyrkby Street,Johannesburg.P: E que vais fazer agora?Parece que Mobutu recruta gente para o Shaba. Ouvi dizer que ele propunhasalários ridículos. Se ele mudar de ideia vou para lá. Dizem também que há umtrabalho no Índico. Depois das Comores, há qualquer coisa a s e r preparada p a ra as Seychelles. oTEMPO N.' 408 - pág. 69Para além da revelação da acção em si, o depoimento dá novas indicações docomprometimento da França em todo este processo. Os mercenários fran cesesactuavam na Rodésia numa «unidade francesa» integrada no exército rodesiano.Essa unidade actuava sob as ordens directas da polícia secreta do exército deSmith. Era integrada por oficiais franceses, um dos quais havia sido encarregue decriar uma escola para os oficiais do exército rodesiano...Não seriam as tarefas atribuidas a esse grupo demasiado delicadas para simplesassassinos a soldo?É significativo o queixar do mercenário entrevistado de que a sua unidade eraquase sempre usada em «operações de rotina» em lugar de emboscadas, decontactos directos. Em «operações de polícia», como ele diz.Tanto no complot ensaiado contra o Benin, como no complot concretizado nasComores, foi insinuado (embora depois abafado) o comprometimento da Françaou da polícia secreta francesa com o bando de mercenários de Bob Denard.O envolvimento da França no fornecimento de material de guerra, em. todo o tipode apoio ao regime de Smith, o background do envolvimento francês em todas asacções de destabilização em África, torna lícito (e recomendável) umaprofundamento das responsabilidades da França nessa «unidade francesa»integrada no exército de Smith. E naturalmente, o vasculhamento da trajectóriadesse senhor Bob Denard.Essas são tarefas de Africa e das forças de esquerda francesas.

temposlivresPALAVRAS CRUZADASHORIZONTAIS - 1 - Chegar; mortal. 2 - Piedade; Afirmar; Nota musical. 3 -Apelido; Ataque de paralisia. 4 - Tapeçaria ou pano de Arrás; Prefixo com asignificação de três;. Letra grega. 5 - Contracção de preposição e artigo; Realizar;Símbolo químico do érbio. 6 - Sobre- 4 tarde (plural). 7 - Nesse lugar; Habitei;Pronome pessoal. 8 - Marchou; Alguém (plural); 1 Anda. 9 - Cânhamo daIndia; Planta liliácea. originária da China. 10 - Símbolo químico do amónio;Próprio; Abreviatura de senhor. 11 Excessivo; Polvilha.VERTICAIS - 1 - Ama; Aguçam. 2 - Nota musical; Que se refere às músas(poético); Muar. 3 - Serviço de Saúde (sigla); Prefixo de negação. 4 - Jornada;Motivo: Abreviatura de antigo. 5 - Troça; Tartamudos; Sono das crianças. 6 -Casligareis. 7 - Confiança; Unidade monetária japonesa (plural); Embora. 8 -Cons telação austral; Símbolos químicos do ródio e do iodo; Som. 9 - Popa;Observei. 10 - Carta de jogar; Fronte; Desacompanhado. 11 - Unir Mãe-d'água.

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SABIA QUE...1 2 3 45 6 7 8 9 10 11Se resolveu completamente este passatempo, procure descobrir um provér biomuito conhecido.(Colaboração de Prakash e Uday Nampula)... o telefone foi inventado peloamericano Alexander G. Bell,em 1876.... os raios X foram descobertospelo alemão Wilhelm Roentgen,em 1895.o cinema foi inventado pelos franceses Auguste e Louis Lumière, e 1895... o helicóptero foi inventado pelo escocês John L. Baird, em1926.... o filme sonoro foi inventadopelo americano Warner Bros,em 1926.(Colaboração de Prakash e Uday Nampula)TEMPO N-- M«, 1

JOGO DE PALAVRASNome dos membrosdo Conselho de Ministros da RPMe. ---/-/ - ----- e - - - - - - - -....e ee ee /e--e- 0/e.e.e.e-/R - e e. ... . - -/ -. . -O/ee e..e - -A e/ e e e e ee...... / - --- -/ . .. -,e-e-e- e4e eM/e /--------... ,l emlm e e/e. eie eeSe.e.e -e -/- - -/e e...e-ee - eee. e / -./-S - - - - - - -eClboaã ee ehmd e e Me ee e e, e- -A e e/e e. eee e l(Colaboração de Ahamadla Náoir Q utssanga - C. Delgadlo)D N.° 408 - pág. 61

temposlivresQUAIS AS DIFERENÇAS?Estes dois desenhos só aparentemente são iguais. pois há cinco diferenças que osdistlinguem. Veja se descobre quais são essa diferen ças e marque-as no desenho dadireita.(Colaboração de Vasco Mulhava Cossa - Maputo)ADIVINHAS

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Um condutor partiu de Pemba para Maputo à 1 hora. Depois de parar emNampula, avançou ãs cinco horas. tendo chegado ao seu destino às zero horas.Como se chama esse condutor?(Colaboração de Ahamada Nácir e Mado Anlaue - QuissangaC. Delgado)Qual é a coisa Qual é ela Que tem dentes e não come?Qual é a coisa Qual' é ela Que tem coroa não é rei ,Tem escamas não é peixe?(Colaboração de Nazir Ahamed Suleman - Ilha de Moçambique)Qual é a coisa Qual é elaQúe tem asas e não voa Tem pernas e não anda Tem boca e não come.(Colaboração vão Liganga Niassa)de Augusto Este- Maniamba -Um careca tem 300 cabelos. Quantos ca, belos têm dez carecas?(Colaboração de Armindo Eugénio Come - Maputo)TW'P0 N 408 - pág, 62

NÃO TENHA PRESSA O SO homem entrou num restaurante para jantar. e pediu um bife. Passados poucosminutos foi servido. Ao começar a, comer verificou que o bife era muito duro.Resolveu chamar o empregado:- Estou há mais de meia hora a lentar cortar o bife e nada!- Não se preocupe - respondeu o empregado - o restaurante só fecha à meia noite!( Colaboração de Jorge Jeremias Ussivane - Matola)PALAVRAS CRUZADASSABER NÃO OCUPA LUGAR - 1 - 7 de Abril; 2 - 20 de Janeiro de 1973; 3 18de Abril de 1961; 4 - 25 de Abril de 1974; 5 - 19 de Setembro de 1956.Um pintor que estava a pintar um quadro no meio duma machamba. ao veraparecer a filha do camponês' perguntou-lhe:- Não sei se estou a incomodar aqui no meio das plantações do seu pai?-- Pelo contrário - respondeu a filha do camponês - o meu pai estava mesmo aprecisar de um espantalho para afugentar os pássaros!(Colaboração de Gedeão M. Malate - Guruè)Dê-me meio quilo de cerveja! A cerveja não se pesa. mede-se! ntão dê-mecinquenta centímetros!!(Colaboração de Ana Medina Ca1 samo - Maganja da Costa)5OLU4OE$ DO NOMERO ANTERIORQUAIS OS NÚMEROS?24 23 29 25 22 272821 26JOGO DE TRIÂNGULOS - 7 triângulos. retirar os fósforos números 10, 15. 16 e18; 6 triângulos, retirar 1. 2, 4 e 1;5 triânqulos, retirar 4, 7, 8 e 9.

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ADIVINHAS - 1 - Abrahama; II - Demora 28 dias. pois no último dia jã nãoescorrega; III - Coxeiam; IV - Teve de fazer 14 viagens, porque o gato tem duasorelhas; Y - O Vento.TEMPO N.' 408 - pág. 630 ESPANTALHO!

MAIS TRANSPORTES SIGNIFICA MAIS DESENVOLVIMENTOTEMPO N. 408 - pág. 64map a. siei

p w~qContinuando na senda de melhor servir o público simultaneamente aumentando asua gama de produtos, lançaremos em breve similares do TODDYACHOCOLATADOJFORTIFICANTES vitaminados com sabores a banana,baunilha e morango.FABRICADO POR:NUTRESCO DE MOÇAMBIQUE, LDA. - AV. DAS INDUSTRIAS, PARCELA748 -MACHAVA - TELEF 752516

FEIR-A .....E X1POSICA0 DO NIASSA,