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REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 133 – JUNHO/2017 PÁGINA 1 DE 3

MÚSICOS, FATOS & CURIOSIDADES • Nº 133 • JUNHO 2017

A GUITARRA - JOE PASS

Joseph Anthony Jacobi Passalaqua, artisticamente JOE PASS, nasceu na cidade de New Brunswick, estado de New Jersey, em 13/janeiro/1929, vindo a falecer em 25/maio/1994 em Hollywood / Califórnia.

Seu estudo de guitarra foi iniciado aos 09 anos com Nick Gemus, um amigo de seu pai, passando a dedicar todo o tempo livre ao instrumento.

Ainda estudante e em 1943, com 14 anos, tocou em diversos grupos da cidade nas festas locais, além de ser contratado como solista na orquestra de Tony Pastor, para show radiofônicos.

Influenciado pelos discos de Django Reinhardt e Charles Christian formou um grupo idêntico ao do “Quinteto do Hot Club de France”, passando a tocar nos clubes e festas locais, mas já então fortemente orientado para o “bebop”, àquela altura dominando o cenário jazzístico.

Ainda que influenciado pela música de Django Reinhardt, JOE PASS é nitidamente mais voltado para as raízes de Charlie Parker, Dizzy Gillespie e no classicismo de Coleman Hawkins.

Foi sem sombra de dúvidas um dos maiores virtuosos da guitarra no JAZZ (e o título de “Virtuoso” que lhe foi dado é perfeitamente identificador), com um sólido “swing” e refinado gosto enquanto harmonizador; solista eficiente, pessoal, com abordagem “pianística” e improvisações elaboradas sutilmente, em muitas ocasiões interpretando as linhas melódicas com destaque para cada nota sobre base rítmica de baixos e acordes, graças ao seu toque superior da mão direita. Possuidor de ataque perfeito, com um “drive” irresistível e uma sonoridade cálida, sensual, consegue soar como “acústico” mesmo quando executa com amplificação elétrica. JOE PASS gravou também com guitarra de 07 cordas.

Terminado seus estudos escolares básicos com 20 anos (1949), mudou-se para New York, onde podia apreciar de perto os “ícones” do movimento: Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Bud Powell e outros. Lamentavelmente e como muitos dos músicos da época, não conseguiu resistir á tentação das drogas.

Filiou-se ao “Local 802” (“Local” refere-se à seção do sindicato de músicos de determinada cidade, filiada à “American Federation of Musicians”; no caso do “802” os músicos filiados vivem ou trabalham na cidade de New York e arredores - o pianista George Shearing é autor do tema “Local 802 Blues”) e passou a tocar desde Long Island até o Brooklyn, realizando diversas temporadas pelo país e servindo 01 ano na Marinha americana.

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Esteve detido e após liberto foi para Las Vegas onde tocou em diversos hotéis, sendo preso mais uma vez.

Praticamente 12 anos afastado da cena do JAZZ, JOE PASS conseguiu livrar-se da dependência das drogas em 1960 e após 03 anos de estadia na “Synanon Foundation” (onde tocou sempre, assim como os diversos outros músicos que ali estavam), da qual saiu totalmente recuperado e pronto para retornar á carreira musical.

Em 1961 reapareceu para o grande público por meio da gravação do álbum “The Sounds Of Synanon”, ao lado do pianista Arnold Ross e para o selo Fontana.

Passou a atuar ao lado de músicos expoentes e em diversas formações: Bud Shank, Bobby Troup, Gerald Wilson, Clare Fisher, Julie London, Bill Perkins, Page Cavanough, Groove Holmes, Earl Bostic, Les McCann e tantos outros.

Em 1963 gravou o primeiro album como líder, com o título de “Catch Me”, seguindo-se a homenagem a seu ídolo Django Reinhardt, “For Django” de 1964.

Em 1965 integrou o quinteto do pianista George Shearing, colaboração que se prolongou até 1967.

A partir de 1968 trabalhou para diversos estúdios de cinema e de televisão, tendo oportunidade de atuar e gravar com Frank Sinatra, Billy Eckstine (“Mr. B”, (*) vide anedota ao final), Joe Williams, Sarah Vaughan e Carmen McRae.

Gravou em 1970 e para o selo MPS na Alemanha o album “Intercontinental”, seguindo-se a gravação de novo álbum, dessa vez com o acordeonista Art van Damme e, em 1972, formou com Herb Ellis um duo de guitarras gravando os álbuns “Two For The Road”, “Seven Come Eleven” e “Jazz Concord”.

Assinou contrato com o empresário Norman Granz (selos Clef, Verve, Pablo, Norgran), passando a excursionar pelo mundo inteiro com os grupos “JATP” (Jazz At The Philharmonic), simultaneamente com a gravação de dezenas de albuns.

Ficou conhecido como o “Virtuoso” da guitarra de JAZZ e o “Art Tatum” da guitarra.

Apresentou-se em inúmeras ocasiões em solo, participou dos mais importantes festivais de JAZZ (Monterrey, Concord, Newport” etc) e foi vencedor em mais de uma oportunidade das enquetes (de público e de críticos) das publicações especializadas (Down Beat, Melody Maker etc).

Gravou com a prática totalidade dos “grandes” do JAZZ, podendo citar-se, entre outros igualmente importantes: Count Basie, Benny Carter, Buddy DeFranco, Duke Ellington, Johnny Griffin (“Little Giant”), Roy Eldridge (“Lttle Jazz”), Zoot Sims, Ella Fitzgerald, ademais dos já nominados ao longo do presente texto.

Anotem as seguintes poucas gravações, que selecionamos na relação das dezenas de Joe Pass, um banquete de qualidade:

For Django

Just Friends

Night And Day

Perdido

Virtuoso (série de 03 albuns)

At Montreux ‘75

At Montreux ‘77

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Guitar Interludes

A Sing Of The Time

Catch Me

Simplicity

Stone Jazz

The Trio

Cherokee

Peterson & Pass A Salle Pleyel

Peterson Big Six At Montreux

Portrait Of Duke Ellington

Take Love Easy

Ella In London

Dizzy Gillespie Big Four

Porgy And Bess.

Joe Pass esteve no Brasil em 1978, apresentando-se em duo ao lado do pianista canadense Oscar Peterson, com 04 apresentações no Teatro João Caetano do Rio de Janeiro nos dias 27, 28, 29 e 30 de janeiro.

(*) Sobre “Mr. B”, Billy Eckstine, William Clarence Eckstein (08/07/1914 Pittsburgh / Pennsylvania a 08/03/1993 em sua terra natal), possuidor de bela e potente voz, trumpetista, trombonista, compositor e líder da orquestra de “bebop” que reuniu os maiores expoentes do gênero nos anos 40 do século passado, há uma passagem que revela seu cáustico humor crítico, assim como sua vaidade, bem justificada até certo ponto.

Em certa ocasião e perguntado sobre como se compararia a Frank Sinatra, então em crescente sucesso, afirmou: “Dêm-me o dinheiro de Sinatra e eu lhe darei a minha voz!” (vide “An Autobiography Of Black Music”, Dempsey J. Travis, 1983, Urban Research Institute, Inc., U.S.A., páginas IX/Índice e 311/texto) .

A “Revista Mensal do Jazz” número 134 do próximo mês de julho/2017 seguirá focando notícias e fatos pitorescos no JAZZ