Dra. Roberta Frota...
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Dra. Roberta Frota Villas-Boas
GruPAC9: Diabetes
Hiperglicemia X Internação
� alta incidência e prevalência (40%)
� aumento da morbi-mortalidade (infecções, complicações CV)
� Aumenta a duração da internação (1 a 3 dias)
� Aumenta internações em UTI
� melhor evolução da doença de base quando há melhor controle
glicêmico
→ alto custo
Aumento do índice de diabetes entre pacientes internados
Ano
Número (em milhares)
Altas hospitalares mencionando o diagnóstico de diabetes
→ necessidade de padronização e metas para melhorar eficácia e
segurança do tratamento de diabetes
Diabetes mellitus
diagnóstico
glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl
glicemia ≥ 200 mg/dl em qualquer horário
HbA1c (> 6,5 ?)
Efeitos da glicemia >200 mg/dl
� Redução do volume intravascular, desidratação
� Distúrbio eletrolítico
� Disfunção de glóbulos brancos
� Inativação de imunoglobulinas
� Alteração do sistema de complemento
� Aumento da colagenase, diminuição do colágeno na ferida
→ tratamento da hiperglicemia é de grande importância durante a
internação
Como é tratada a hiperglicemia no paciente internado?
Mais frequente
“esquema” com insulina R ou ultra-rápida (escalas de insulina);
desvantagens: não mantem glicemia estável, pode levar a
hipo/hiperglicemias frequentes
Mais atual
tentar manter glicemia estável, dentro de faixa próxima ao “normal”, com
insulina contínua ou basal-bolus
Controvérsias quanto as metas a serem atingidas
insulina
droga de escolha durante internação:
� atua rapidamente, as doses podem ser tituladas, pode ser usada em
qualquer situação, pode ser administrada via SC ou em infusão
venosa contínua (UTI)
Como tratar adequadamente ?
→ protocolo
� flexibilidade
� praticidade
� aplicabilidade em todo o hospital
Protocolos – pontos em comum
� metas glicêmicas
� Suspensão dos ADO (só serão utilizados quando paciente estável,
próximo a alta hospitalar)
� esquema basal-nutricional-correção
� Se paciente em jejum, individualizar insulinização (manter SG)
� Critérios de inclusão: todo paciente com hiperglicemia diagnosticada
durante a internação ou os que serão submetidos a tratamentos de
risco para desenvolvimento de hiperglicemia, como corticosteróides,
nutrição enteral ou parenteral, imunossupressores.
� Critérios de exclusão: crianças, gestantes (conduta individualizada).
metas glicêmicas
� baseadas na opinião de especialistas (ainda não há consenso), mas a
hiperglicemia não é mais aceita como padrão de tratamento
� a maioria dos estudos preconiza para pacientes não críticos glicemia pré-
prandial <130 (ou 140 mg/dl) e pós-prandial < 180 (em qualquer horário)
� para pacientes em UTI há controvérsias: manter glicemia < 110 ??; entre
140-180 mg/dl ?
� Podem ser necessárias metas menos rigorosas em pacientes idosos ou com
comorbidades com maior risco de hipoglicemia
� Durante a internação, em geral a dose diária de insulina aumenta:
� estresse (cirurgia, doença aguda, infecções, desidratação)
� medicações: corticóide, ciclosporina, catecolaminas
� dieta enteral, parenteral
� Durante a internação, a necessidade de insulina diminui:
� recuperação da doença aguda ou cirurgia
� insuficiência renal ou hepática
� redução ou suspensão do corticóide
� oferta nutricional inadequada
Esquema "fisiológico" de administração de insulina
� insulina basal
� insulina nutricional (prandial)
� insulina de correção (suplementar)
= dose total de insulina (DTI)
insulina basal
� glargina, detemir ou NPH - usadas mesmo com paciente em jejum.
NPH: menos fisiológica (picos), deve ser usada em 2 doses
� cálculo da dose basal inicial: dose que aplicava em casa ou calcular 0,3
a 0,5 UI/kg (dependendo do risco de hipoglicemia de cada paciente)
insulina prandial ou nutricional
� ultra-rápidas (lispro, glulisina, aspart) juntamente com cada oferta
nutricional: dieta VO ou enteral
� insulina regular é menos fisiológica (pico após 30 minutos)
� pacientes em jejum não devem receber insulina nutricional
� a insulina deve ser adequada à quantidade de nutrição recebida
� pacientes com dieta enteral contínua e NPP terão o esquema
individualizado
dose de correção (suplementar)
� ultra-rápida ou regular
� é dada além da basal e da nutricional para corrigir hiperglicemia
� geralmente dada junto com a nutricional (soma das doses) ou a cada
4 a 6 horas em pacientes em jejum
� prescrita de forma "graduada", respeitando a sensibilidade à insulina
de cada paciente
� se for frequentemente administrada, há necessidade de modificar a
insulina basal ou nutricional (dividir a dose entre basal e nutricional)
dose total de insulina (DTI)
� → 50% insulina basal + 50% nutricional (dose de correção somente
se necessário)
� em pacientes internados a DTI tende a ser maior do que no
domicílio, mas pode diminuir à medida que ocorre melhora do
quadro clínico
exemplo de tabela de correção de insulina
Glicemia pré-
prandial
(mg/dL)
Dose de insulina ultra-rápida na refeição ou regular 30 min antes (em unidades
internacionais, aplicação subcutânea).
<40 UI/dia ou
<60 kg ou
idoso
40-80 UI/dia
ou 60-90 kg
>80 UI/dia ou
>90 kg
+ bôlus
prandial se
prescrito
<80 - 129 0 0 0 Desjejum:
130 - 149 0 1 1
150 - 199 1 1 2 Almoço:
200 - 249 2 3 4
250 - 299 3 5 7 Jantar:
300 - 349 4 7 10
>349 5 8 12
exemplo de prescrição
1. dieta para DM
2. Glargina - 0,4 UI/kg- SC 1 vez/dia, ou Detemir/ NPH -2 vezes/dia
3. Lispro/Glulisina/Asparte (UR)– 0,1 UI/kg SC durante café, almoço, jantar
4. UR conforme glic (acrescentar no item 3):
Até 140 – nada
140 a 180 – 2 UI
181 a 220 - 3 UI
221 a 260 - 4 UI
261 a 300 - 6 UI
301 a 360 – 8 UI
> 360 - 10 UI
Se glicemia de jejum > 140, aumentar basal 10 a 20%
Se glicemia < 70, diminuir basal 10 a 20%
Insulina EV contínua
� Vários protocolos descritos
Van den Berghe 2001: glic 80-108
NICE-SUGAR 2009: glic 144 a 180
Limiar para iniciar: 80 ? 110? 140? 144? 180?
Pacientes Críticos
Insulina EV contínua
� Indicações: CAD, estado hiperosmolar, perioperatório, choque, uso de
corticóide em altas doses, PO cirurgia cardíaca
� Metas: ?
� Manter oferta de glicose (SG, NPP, dieta enteral, VO)
Controle intensivo & Controle convencional
� Não houve diferenças em relação à duração da internação,
permanência em UTI, falência de órgãos, dias de VM, diálise, culturas
positivas, transfusões
� Houve aumento na incidência de hipoglicemia severa e
mortalidade no grupo intensivo
NICE-SUGAR 2009
Transição para SC
� Glargina (Lantus), NPH, Levemir→ iniciar 2 a 3h antes de desligar a
insulina contínua;
� ultra-rápida, R → iniciar 1 a 2h antes da suspensão
� Cálculo da dose: gotejamento médio por hora X 20. Se paciente em
jejum, este valor representa a insulina basal; se já estava com dieta,
dividir entre basal e nutricional
� Garantir oferta calórica adequada (evitar hipoglicemia)
Hipoglicemia
� glicemia < 70; hipoglicemia severa < 40 mg/dl
� Risco aumentado quanto melhor o controle
� Ocorre principalmente por inadequação da insulina à alimentação,
jejum, vômitos, IR, ins hep, redução do corticóide, melhora da
infecção, suspensão de SG, NPP ou dieta enteral
� Tratar com CHO e/ou glicose EV: (100-glic) x 0,4 ml glicose 50%.
Dosar glicose capilar em 15 a 20 minutos e repetir o tratamento S/N
Considerações finais
� A hiperglicemia está associada a aumento da morbi-mortalidade,
tempo de internação e custos
� O tratamento da hiperglicemia leva a melhora da doença de base
� Deve-se usar preferencialmente insulina durante a internação
� Quanto melhor o controle, maior o risco de hipoglicemia
Considerações finais
� Há conflitos em relação às metas a serem atingidas durante a
internação; que protocolo usar??? → período de transição no
manuseio da hiperglicemia
� Há necessidade de participação ativa de médicos, enfermeiros,
nutricionistas para se obter um controle eficiente da hiperglicemia
� Novos estudos e protocolos definirão o tratamento adequado
Ajuste da dose programada Basal
+ Prandial , paciente
Insulinizado.
Dose de Correção Insulina ultra-rápida
Paciente é
admitido
no hospital
� Alimentação Via Oral:
1. Basal:Hiperglicemia: +20% de Glargina.
2. Prandial: Hiperglicemia no almoço: + 10 a 20% de ultra-rapida no Café da manhã. Hiperglicemia no jantar/2hs após o jantar/ao deitar: +10 a 20% de ultra-rapida no almoço.
3. Hipoglicemia:Noturnos ou Basais:-20% de Glargina. Hipoglicemia durante a manhã:-10 a 20% de ultra-rapida no café da manhã. Hipoglicemia durante a tarde:-10 a 20% de ultra-rapida no almoço. Hipoglicemia após jantar/ao deitar:-10 a 20% de ultra-rapida no jantar.
� Ausência de Alimentação por via Oral:
1. Baixos níves de Glicemia e/ou Hipoglicemias:-10 a 20% da dose total de Glargina utilizada no dia anterior.
2. Hiperglicemia sem Hipoglicemias:+10 a 20% da dose de Glargina utilizada no dia anterior ou a dose total utilizada para correção;
� Doses de Correção com ultra-rápida (Tabela)
Ações
Emergência e
todas as
Enfermarias
� Realizar a Transição: quando o paciente estiver clinicamente estável e as necessidades de insulina estiverem estaveis
� Suspender a Infusão de Insulina: 1 a 2 hs apóa a insulina SC de ação rápida ou > 2 a 4hs após a de ação intermediária ou prolongada. Glicemias <200mg/dl e doses de infusão <2UI por hora ou estáveis.
� Cálculo da dose subcutânea total(UI/dia): Com base nas necessidades intravenosas das últimas 4-12 hs ( se estável)
� Insulina Basal: 50% da dose total.
� Insulina Prandial: 50% da dose total calculada. Iniciar no almoço com 50% da dose total em caso de alimentação adequada. Ex: Se a dose total for 15, dividido nas três refeições: 5-5-5. Em caso de alimentação via oral reduzida diminuir 30%.
Transição da infusão de
Insulina Intravenosa (IV),
para Insulina Subcutânea
(SC)
Todos os pacientes admitidos no Hospital devem fazer o teste de Glicemia Capilar (GC).
� A monitorização da glicemia deve ser intensa.
� As metas para o paciente em estado não crítico devem ser: PréPrandial: 90 a 130mg/dl e Pós Prandial <180mg/dl.
� deve-se orientar o paciente antes da alta hospitalar (educadora)
IMPORTANTE
Dose programada Basal
+ Prandial, paciente
Insulinizado
(Basal/Bolus)
Relata ter Diabetes e
é tratado com
Dieta + ADOs
Não relata Diabetes ou
Relata ter Diabetes,
tratado apenas
com Dieta
Paciente é
admitido
no hospital
� Alimentação por via oral: Dose programada Basal + Prandial: 50/50. Glargina: 50% da dose total como componente basal, em 1xdia sempre no mesmo horário. ultra-rápida: 50% da dose total dividida em três doses (1/3-1/3-1/3) antes de cada refeição.
� Ausência de Alimentação via Oral (soro glicosado 5%, nutrição enteral/parenteral): Glargina: 80/100% da dose total de insulina, 1xdia sempre na mesma hora. Doses de ultra-rápida adicionais para correção de hiperglicemia a cada 4-6 horas de acordo com necessidades diárias de cada paciente ou peso corporal (Ver tabela).
� Solicitar A1C.
� Se a GC for <150mg/dl: usar apenas correção com ultra-rápida ( Ver tabela)
� Se a GC for >150mg/dl: usar 0,3UI/Kg/dia se a GC no momento da hospitalização estiver entre 150 e 200mg/dl, ou 0,4UI/Kg/dia se a GC estiver >200mg/dl no momento da hospitalização.
� Se a GC estiver >200mg/dl solicitar A1C.
Ações
Emergência e
todas as
Enfermarias
� Suspender os Agentes Orais
� Se a GC for <150mg/dl: usar apenas diretriz de correção, ou diretriz de insulina programada (caso o paciente use >= 2 ADOs e /ou situação de stress importante ou tempo prolongado no hospital.
� Se a GC for >150mg/dl: usar 0,4UI/Kg/dia se a GC no momento da hospitalização estiver entre 150 e 200mg/dl, ou 0,5UI/Kg/dia se a GC estiver >200mg/dl no momento da
hospitalização.
� Se a GC estiver >200mg/dl solicitar A1C.
� Suspender os Agentes Orais
� Se a GC for <150mg/dl: usar 0,4UI/Kg/dia ; se a GC no momento da hospitalização estiver entre 150 e 200mg/dl usar 0,5UI/Kg/dia ; ou se a GC estiver >200mg/dl no momento da hospitalização 0,6UI/Kg/dia.
� Se a GC estiver >200mg/dl solicitar A1C.
Relata ter Diabetes
e é tratado com
Ados e Insulina 1x dia
Todos os pacientes admitidos no Hospital devem fazer o teste de Glicemia Capilar (GC).