Dr. Lucas Caseri Câmara (texto): Treinamento seguro
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Treinamento seguro- Avaliação médica e prática de atividades físicas –
Dr. Lucas Caseri Câmara
Especialista em Medicina do Exercício e do Esporte pela SBMEE/CFM. Possui graduação em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (2004), especialização em Fisiologia do Exercício eTreinamento Reisistido na Saúde na Doênça e no Envelhecimento (CECAFI-FMUSP) (2006), e em
Fisiologia do Exercício (CEFE - UNIFESP) (2007). Especialização em Medicina Estética - IBRAPE (2009). Tem experiência na área de prescrição de exercício, com ênfase em Treinamento Resistido para
populações especiais. Professor convidado do curso de especialização em Fisiologia do Exercício eTreinamento Resistido do Instituto Biodelta de Ensino e Pesquisa (IBEP). Médico pesquisador do Centrode Estudos em Ciências da Atividade Física da Geriatria da Universidade de São Paulo(CECAFI/FMUSP). Consultor científico da revista Jornal da Musculação & Fitness. Membro do corpodocente da Federação Paulista de Musculação (FEPAM). Médico Residente em Medicina Física e
Reabilitação pela UNIFESP-EPM. Especializando em Nutrição Aplicada ao Exercício - EEFEUSP.
Um tema que freqüentemente gera polêmica em academias, clubes, centros de
treinamento e até mesmo nas atividades personalizadas é a obrigatoriedade da avaliação
médica para a prática de atividades físicas.
Uma pessoa jovem, magra, com alimentação balanceada, sem uso de
medicamentos, sem qualquer problema de saúde conhecido... Enfim, saudável e bem
disposta... Precisa mesmo fazer uma avaliação médica antes de começar os exercícios?
Quando a resposta é “sim”, alguns comentários e tentativas de escapar do
procedimento, sempre surgem aos ouvidos da secretária prestes a realizar a matrícula,
ou diretamente ao professor/treinador: “mas eu não sinto nada!”... “e se eu começar bem
devagarzinho... Tem problema?”... “eu fui atleta”... “não tenho nada, sempre fiz
exercícios numa boa”... E assim por diante.
Mas, devemos lembrar que a avaliação médica é de caráter obrigatório ( Decreto
de Lei n o 13166 de 13/01/1979, e Lei Estadual 10 848 de 06/07/2001) , e a
instituição promotora (seja uma academia, clínica, centro de treinamento, etc) pode, a
qualquer momento, ser fiscalizada (por vistoria de rotina ou por denúncias) pelas
entidades de saúde responsáveis. Uma vez que os alunos não possuam a avaliação
médica atualizada, a instituição poderá sofrer punições, e os profissionais responsáveis
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ou envolvidos no treinamento também poderão estar incorrendo em infrações éticas dos
conselhos de classe.
Uma boa anamnese (perguntas feitas sobre histórico de doenças anteriores ou
familiares, medicamentos em uso, alergias, problemas ortopédicos, dieta, tabagismo,
exames e consultas médicas já realizadas, objetivos com a atividade física, entre outras)
associada ao exame clínico básico (ausculta cardiovascular e respiratória, medidas de
pressão arterial, frequência cardíaca, peso, altura, circunferência abdominal, avaliação
musculoesquelética) estão entre os procedimentos chave para exclusão de pessoas com
algum risco para atividades físicas, e que merecem um acompanhamento mais detalhado
da saúde (solicitação de exames de sangue e provas de esforço, bem como a prescrição
de algum tratamento julgado necessário).
Algumas doenças (arritmias, sopros cardíacos, hipertensão, entre outras) podem
não cursar com nenhum sintoma, o que passaria despercebido pelo indivíduo, mas que
esbarraria em uma avaliação médica adequada.
Falando de algumas doenças como exemplo, sabe-se atualmente que a
hipertensão pode acometer 35% de uma população maior de 20 anos. Destes
acometidos, aproximadamente 50% sabem que possuem a doença. Da metade que sabe,
50% tratam, e desta metade que trata só 20% aproximadamente têm a pressão arterial
controlada de fato (abaixo de 140x90 mmHg). Portanto, a simples medida da pressão
arterial pode detectar um fator de risco de grande importância para o aparecimento de
intercorrências durante a prática da atividade física.
Outra doença que podemos relatar são as arritmias e sopros cardíacos. Pessoas
que possuem qualquer uma destas condições devem, necessariamente, ser
acompanhadas clinicamente, pois o desconhecimento do tipo e gravidade da doença
pode ser causa de morte súbita durante a prática de atividades mais vigorosas. A
ausculta cardiovascular e a palpação dos pulsos periféricos, facilmente detectam tais
condições.
Inúmeras outras condições de saúde ou fatores de risco para doenças entram
nesta “simples avaliação”, que vai muito além da prática inadequada de olhar pés e
mãos, e responder que não tem problemas de saúde para “estar liberado”.
O exame clínico ortopédico pode detectar desvios posturais, encurtamentos
musculares, dores e/ou limitações osteomioarticulares, que devem ser avaliados
previamente para que a prescrição de atividade física seja adequada e não piore acondição.
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Atualmente, em valores crescentes, a população adulta e idosa têm se
preocupado com a saúde, buscando a prática de atividades físicas regulares, seja com o
objetivo de se manter em forma ou como auxiliar no tratamento de alguma doença.
Dados do Ambulatório de Geriatria da FMUSP mostraram que pessoas idosas
possuem em média mais de três doenças associadas que necessitariam de
acompanhamento e tratamento clínico. Sendo assim, todo idoso deveria ser muito bem
avaliado antes de iniciar suas atividades físicas.
Medicações utilizadas rotineiramente em indivíduos doentes (betabloqueadores,
insulina, anti-hipertensivos diversos) podem prejudicar a capacidade de execução de
exercícios, como também ser causa de complicações durante uma atividade feita de
forma inadequada. Assim, devem ser conhecidas as possíveis interferências e efeitos
adversos destas medicações, para que nenhum problema ocorra.
Infelizmente, neste país de dimensões continentais, e com sérias deficiências no
setor de saúde, nem sempre aqueles que querem iniciar um programa de atividades
físicas têm acesso rápido a um médico. Associado a isso, não existe a obrigatoriedade
de um médico estar presente na Academia nos horários de funcionamento (algumas
delas nem sequer têm este espaço para atendimento).
Como começar?
Bem, copiando o modelo americano do “American College of Sports Medicine”,
sabemos que existe um questionário de prontidão para participação em atividades
físicas. Este questionário objetiva excluir as pessoas que seriam contra-indicadas a
realizar atividades físicas antes mesmo de passar por uma avaliação médica.
Em muitos lugares onde o acesso ao médico não é fácil e rápido, ele têm sido
utilizado, para que pessoas saudáveis possam iniciar as suas atividades enquanto
aguardam o atendimento. Mas, devemos lembrar que existem leis que obrigam a
avaliação médica prévia. O preenchimento adequado do questionário não exclui a
obrigação dessa avaliação.
Segue abaixo um modelo de questionário.
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Outra questão para a segurança durante o treinamento, é que os profissionais (em
especial aqueles que lidam com idosos ou pessoas com doença ou debilidade) devem
estar atualizados e familiarizados com os procedimentos de primeiros socorros. As
intercorrências aparecem quando menos esperamos, e sendo assim, devemos sempre
estar bem preparados.
Tendo como objetivo a promoção da saúde através da prática de atividade física,
seja para os indivíduos que a procuram ou para o profissional que acompanha, é muito
importante o conhecimento dos fatores de risco, atuais condições de saúde, e possíveis
interferências das medicações para que a atividade possa ser realizada de forma segura.
- Prescreva e pratique exercícios com segurança -
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