DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA ESCOLA ESTADUAL JOÃO...

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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA ESCOLA ESTADUAL JOÃO ALCÂNTARA PORTEIRINHA MG MARÇO DE 2002

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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA ESCOLA ESTADUAL JOÃO ALCÂNTARA

PORTEIRINHA – MG MARÇO DE 2002

INTRODUÇÃO

Este dossiê foi elaborado com vistas a subsidiar o processo

de tombamento da Escola João Alcântara pelo Conselho de Patrimônio Cultural

de Porteirinha. Nele estão recolhidas informações históricas, pesquisadas em

fontes bibliográficas e orais, e arquitetônicas sobre a Escola. Além disso, possui

em anexo documentação cartográfica e fotográfica que auxiliam na identificação

e caracterização do bem.

HISTÓRICO DA ESCOLA ESTADUAL JOÃO ALCÂNTARA

A primeira escola de Porteirinha foi fundada no ano de 1912

pelo Sr. João Alcântara de Oliveira (Janjão de Grão-Mogol), vereador de Grão-

Mogol, município ao qual pertencia Porteirinha, quando Porteirinha era ainda um

povoado. O nome da escola não se sabe qual teria sido. Sua primeira professora

foi a normalista Dona Gregória Lima. A escola funcionava em uma casa situada

na antiga praça da Bandeira (atual praça Anfrísio Coelho), em frente à Igreja

Matriz de São Joaquim, ao lado do antigo hotel de Dona Lica.

No início a escola era mista, com meninos e meninas

estudando em uma mesma turma. Mas, logo depois houve um

desmembramento, ficando Dona Gregória com a classe feminina e o Sr. José

Américo Silveira com a classe masculina. A escola foi se expandido e em 30 de

junho de 1937, a escola passa a ter quatro classes, com os alunos cursando até

o 3º ano primário. Após “tirarem” o 3º ano os alunos saiam, geralmente, para

Montes Claros, Diamantina ou Salvador, onde “enfrentavam” o curso de admissão

ao ginásio. Nessa época a escola passa a funcionar na casa localizada na esquina

da praça da Bandeira com a rua Barão do Rio Branco, e a chamar-se Escolas

Reunidas, sendo a sua primeira diretora, Dona Rosalva Antunes da Silva. Dona

Palmyra conta que...

“Em outubro de 1941, quando aqui cheguei, eram 8 classes,

com 4 normalistas e 4 leigas, funcionando a primeira turma

de 4º ano – da qual fui professora, com alunas até mais velhas

do que eu (foi a minha primeira turma de alunos), tendo a

mais nova aluna 13 anos de idade. Sua diretora, Dona Rosalva

Antunes da Silva, regia classe e dirigia as Escolas Reunidas ao

mesmo tempo”.

Em 02 de julho de 1946, as Escolas Reunidas foi elevada a

Grupo Escolar João Alcântara, recebendo esse nome como forma de homenagear

o seu fundador. Como diretora, foi nomeada a professora Maria Lisbela Pereira,

esposa do Sr. Domingos Alcântara, sobrinho do fundador da escola.

Em 1955, a escola que muito vinha crescendo e precisava

ampliar seu espaço, passa a funcionar no prédio em que até hoje se encontra

instalada.

DESCRIÇÃO E ANÁLISE ARQUITETÔNICA

Edificação de grande simplicidade, construída em meados da

década de 50. Desenvolve-se em pavimento único de partido em "L" com

cobertura de duas águas de telha francesa.

A volumetria mostra corpo principal horizontal composto de

dois panos, com varanda nos fundos, e dois corpos dispostos perpendicularmente

ao corpo principal, sendo um corpo à direita em forma de "L" e um outro corpo

horizontalizado à esquerda. O pano de fachada mais avançado do corpo principal

recebe uma sequência de vãos, 8 pares, em verga reta, vedados em esquadrias

de metalon e vidro. No pano da fachada mais recuado localiza-se o hall de

entrada e a sala da secretaria, conformado por pórtico em verga reta e dois vãos,

vedados em esquadrias de metalon e vidro. A fachada posterior apresenta 4 vãos

– portas -, três vedados com folha metálica e um em madeira (mantendo a

vedação original).

DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO

Para efeito de delimitação de perímetro de tombamento iremos

convencionar chamar de corpo anterior e corpo posterior os dois corpos

que compunham o partido original da edificação, enquanto que o outro

corpo que foi acrescido posteriormente e que se encontra paralelo ao que

chamamos corpo posterior, chamaremos simplesmente de acréscimo. O

perímetro de tombamento da Escola Estadual João Alcântara inscreve

área demarcada a partir dos eixos das suas fachadas, a saber:

P1 = Eixo da fachada principal do corpo anterior com a fachada lateral

direita.

P2 = Eixo da fachada lateral esquerda do corpo anterior com alinhamento

da varanda localizada na parte posterior do corpo.

P3 = Eixo do alinhamento da varanda com a fachada lateral direita do

acréscimo.

P4 = Eixo da fachada lateral direita do acréscimo com a fachada posterior

do mesmo corpo.

P5 = Eixo da fachada posterior do acréscimo com a fachada lateral direita

do corpo posterior.

P6 = Eixo da fachada lateral direita do corpo posterior com a fachada

posterior do mesmo corpo.

P7 = Eixo da fachada posterior do corpo posterior com a fachada lateral

esquerda.

P8 = Eixo da fachada lateral esquerda com a fachada principal do corpo

anterior.

P9 = P1.

JUSTIFICATIVA DA DEFINIÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO

O perímetro de tombamento levando-se em consideração o

apelo da direção da escola e do corpo docente, que informaram os projetos que

a escola possui de ampliação de suas instalações para melhor atender o seus

alunos, como por exemplo a construção de um refeitório e de uma quadra

poliesportiva. Sendo assim, o perímetro de tombamento circunscreve-se ao pano

das fachadas do corpo principal (mais antigo) incorporando a ele o acréscimo

que foi feito posteriormente, onde hoje funcionam as instalações sanitárias.

DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE ENTORNO

A área de entorno do bem tombado constitui-se à partir dos eixos de

vias públicas, a saber:

P1 = Eixo da avenida Governador Valadares com rua José Izidrio.

P2 = Eixo da avenida Governador Valadares com a rua padre Feijó.

P3 = Eixo da rua Padre Feijó com a rua Marechal Floriano.

P4 = Eixo da rua Padre Feijó com a rua Pedro Caires.

P5 = Eixo da avenida major Fulgêncio com a rua Pedro Caires

P6 = Eixo da avenida Major Fulgêncio com a rua Alves.

P7 = Eixo da Alves com a rua José Izidrio.

P8 = P1

JUSTIFICATIVA DA DEFINIÇÃO DO PERÍMETRO DE ENTORNO

A definição do perímetro de entorno está baseada na busca

da preservação do ambiente original de surgimento da Escola. Sendo assim,

optou-se para incluir no seu perímetro de entorno a praça Tiradentes, que

também está sendo tombada, o trecho das ruas Marechal Floriano Peixoto e

Marechal Deodoro onde surgiram as primeiras casas da cidade.

DOCUMENTAÇÃO CARTOGRÁFICA

Delimitação do perímetro de tombamento da Escola João Alcântara.

Delimitação do perímetro de entorno.

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

Fachada principal da Escola João Alcântara

Vista parcial do prédio da Escola João Alcântara

Vista parcial do prédio da Escola João Alcântara

Entrada para a Biblioteca

Vista do plano mais avançado da fachada principal.

Corredor da Escola João Alcântara

Vista parcial do pátio e do prédio da Escola João Alcântara

Vista parcial do teto

Vista parcial do prédio da Escola João Alcântara

Vista parcial do prédio da Escola João Alcântara

FICHA TÉCNICA

ELABORAÇÃO DO DOSSIÊ

Marcus Vinícius Carvalho Coelho

Teólogo / Consultor para Projetos Culturais, Ambientais e Educacionais.

Maria Rosemary de Oliveira

Historiadora

FOTOGRAFIAS

Vilson Alves Conceição

Fotógrafo.

PARECER PARA TOMBAMENTO

A edificação é simples, já tendo sofrido diversas

descaracterizações. Contudo, a Escola João Alcântara foi a primeira escola da

cidade. Possui, por isso, além de seu valor histórico, um grande valor afetivo para

a comunidade. Uma grande parte dos adultos que nasceu em Porteirinha e nela

ainda vive, estudou nessa escola. Naquelas salas, corredores e pátio ainda ecoam

as vozes de tantos que ali passaram e que hoje formam a liderança local.

Portanto, recomendo a Escola João Alcântara para tombamento como forma de

preservar um marco na história da cidade e as estórias e lembranças de tantos

que por ali passaram.

REFERÊNCIAS DE PESQUISA

Documentos textuais. Secretaria da Cultura de Porteirinha. s/d. OLIVEIRA, Palmyra Santos de. Obra sem título. Porteirinha, s/d. Pelos Caminhos do Norte: Porteirinha, Serra Geral de Minas. Jornal do Norte. Montes Claros: 20.01.2000. Caderno Norte de Minas.