Domínio do discurso argumentativo

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Escola Secundária Campos Melo Ano Letivo 2012/2013 Docente: Genoveva Costa Domínio do Discurso Argumentativo: procura da adesão do auditório Trabalho realizado por: Ana Catarina nº 1 Mariana Cordeiro nº 12 Pedro Morgado nº 13 Tatiana Maia nº 18

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Domínio do discurso argumentativo

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Escola Secundria Campos Melo

Escola Secundria Campos Melo Ano Letivo 2012/2013 Docente: Genoveva CostaDomnio do Discurso Argumentativo: procura da adeso do auditrio

Trabalho realizado por:Ana Catarina n 1Mariana Cordeiro n 12Pedro Morgado n 13Tatiana Maia n 18

IntroduoCom este trabalho pretendemos explorar o tema O Domnio do Discurso Argumentativo a procura de adeso do auditrio, que tem como finalidade esclarecer o significado de alguns termos, tais como: comunicao argumentativa, demonstrao, argumentao, discurso argumentativo e retrica. Assim, ao longo deste trabalho, para alm de ser feita uma definio destes termos, iro ser apresentados alguns exemplos para os explicar melhor, assim como algumas teorias defensoras dos mesmos.

ARGUMENTAO E LGICA FORMAL

Competncias de conceptualizao: comunicao argumentativa; discurso argumentativo; argumentao e adeso do auditrio

Inicialmente colocada uma questo-problema: O que um discurso argumentativo?Tal questo remete-nos para uma experincia denominada de comunicao humana, dividida em nveis e dimenses. Esta comunicao tem por base argumentos vlidos (aqueles cuja verdade da concluso deriva das premissas). Porm, no so s estes argumentos que fundamentam uma comunicao pois, por vezes, aceitamos argumentos devido a outros fatores.

Podemos, assim, falar em comunicao argumentativa, um processo de troca de mensagens que tem como objetivo levar os outros a acreditar nas teses/perspetivas/opinies apresentadas. Contudo a informao transmitida por estas mensagens ao longo desta comunicao no servem s para informar. Tais mensagens tm uma inteno e um sentido. Falamos, ento, em discurso argumentativo, uma exposio ordenada de ideias sobre um assunto, com o fim de influenciar o pensamento, os sentimentos e a ao do recetor.Podemos definir argumentao como uma atividade social, intelectual e discursiva que, recorrendo a concluses fundamentadas (argumentos), visa justificar uma opinio e obter a adeso de um auditrio, com a inteno de alterar o seu comportamento. Assim, chegamos concluso de que a argumentao no tem como objetivo o estudo da lgica formal, mas sim tornar os argumentos convincentes, capazes de persuadir algum, atravs de estratgias.

Depois do apresentado, verificamos que argumentao j no interessa o estudo da validade formal dos argumentos, mas sim encontrar meios para tornar estes convincentes.

A Lgica Formal valoriza somente a dimenso demonstrativa do pensamento, excluindo outras dimenses igualmente fundamentais para o raciocnio e para a linguagem, como a comunicao e a argumentao.

Distino entre demonstrar e argumentarAristteles, o filsofo criador da lgica formal, obriga ao reconhecimento da retrica, fazendo uma distino entre demonstrar e argumentar, ou ento, entre raciocnios analticos ou demonstrativos e raciocnios dialticos ou argumentativos, aqueles que se baseiam em premissas provveis, opinies ou opes tidas como preferveis ou razoveis. Porm h quem esteja contra esta distino, entre argumentao e demonstrao, defendendo que possvel que algumas vezes acreditemos que a demonstrao uma coisa e argumentao outra pois, por vezes, pretende-se apenas que a lgica se ocupe de demostraes sendo estas do domnio apodtico da verdade cientfica, que diz ser necessariamente verdadeiro ou demonstrvel ou que admite valor de certeza, sendo a argumentao do domnio verosmil. Deste modo a lgica seria limitada, pois focava-se na demonstrao, deixando a argumentao.Parece lgico que entre problemas matemticos e sociais existem grandes diferenas. Vejamos os problemas matemticos, estes so resolvidos de modo a estabelecer uma relao de necessidade entre as premissas e a concluso, assim diz-se que a Matemtica pertence ao domnio constringente, ou seja, daquilo que necessariamente de uma certa maneira, no havendo outra resoluo, no dependendo, assim, de qualquer aceitao do auditrio. Enquanto no que toca a problemas sociais j no acontece o mesmo: a discusso de vrias teses est sempre presente, j que tem como objetivo provocar ou aumentar a adeso do auditrio s teses apresentadas.Em suma, conclumos que: enquanto a demonstrao envolve somente a racionalidade sendo a concluso a mesma para todos, a argumentao envolve vrias teses, defendidas por vrias pessoas, com base em elementos emocionais e ideolgicos como os valores, as crenas.Podemos distinguir estas duas dimenses atravs de dois exemplos concretos.No caso da demonstrao, podemos referenciar o Teorema de Pitgoras, aquele que pertence ao domnio constringente, em que o resultado absoluto, em que o quadrado da hipotenusa a soma do quadrado dos catetos.J na argumentao referimos o exemplo do terrorismo, que defendido ou refutado por vrias teses. E, perante estas teses, so feitas vrias questes, vrias concluses e observaes. Estamos assim, perante o domnio verosmil, aquele que defende que uma tese prefervel a outra, pois a sua verdade convm ao auditrio. Podemos concluir que a demonstrao e a argumentao desenvolvem-se em domnios diferentes.A demonstrao diz respeito verdade de uma concluso inferida validamente a partir de premissas que dizem ser verdadeiras. uma estrutura lgica independente de qualquer orador. Utiliza um raciocnio formal e independente do contedo ou da matria que trata. Supe a apresentao de provas e utiliza uma linguagem direta e visa uma verdade universal e necessria, ou seja, no existe outra concluso alm daquela que se obteve.J a argumentao pessoal, e parte do pressuposto que tem um auditrio disposto a discutir argumentos apresentados, discusso que se baseia numa comunicao/dilogo, em que se utilizam tcnicas que seduzem o auditrio, isto , que fazem com que o auditrio adira s teses apresentadas. Tal persuaso feita a partir de um discurso racional/emocional, no recorrendo fora. A argumentao surge sempre num momento concreto e dirige-se sempre a um auditrio particular. Utiliza uma linguagem natural, aproveitando-se da equivocidade de alguns termos. Esta coloca-nos perante o domnio verosmil, aquele que elege o que diz ser verdadeiro ou prefervel ao auditrio.

Argumentao e Retrica A comunicao argumentativa uma relao intersubjetiva, isto , nasce a partir de um dilogo entre dois ou mais sujeitos, e pressupe algumas condies como a existncia de uma lngua comum, devido ao facto de a comunicao ser algo corrente no quotidiano; um discurso convincente, recorrendo a estratgias de persuaso; recurso a tcnicas psicolgicas, fazendo assim o auditrio acreditar naquilo que o orador quer e a utilizao de imagens e/ou sons que criam um ambiente adequado mensagem que se quer transmitir.Podemos agora falar em retrica, a arte de falar com eloquncia; a tcnica de convencer o auditrio, isto , persuadi-lo, lev-lo a aceitar ou a decidir aquilo que o orador quer que seja retido por ele.

Entendemos por retrica a capacidade de descobrir o que adequado a cada caso com o fim de persuadir, Aristteles

A arte da persuaso teve grande importncia no regime democrtico de Atenas e no Senado de Roma, porm os dois tinham as suas diferenas, por exemplo os gregos valorizavam os contedos das mensagens e utilizavam estratgias de argumentao, apelando razo, vendo a comunicao como um meio de persuadir/convencer os outros. J os romanos valorizavam a forma e a utilizao das figuras de estilo e viam a comunicao como meio de mostrar a superioridade intelectual.Em todo o caso, o objetivo da retrica sempre foi levar o recetor concluso que a mensagem transmitia. E, como se via o discurso oral como algo importante, a retrica desenvolveu-se em conjunto com a oratria, a arte que compe e apresenta os discursos.

A oratria e a retrica eram algo imprescindvel para a conquista do poder na democracia Ateniense, uma vez que era necessrio persuadir/ convencer os cidados eleitores para elegerem um representante.Plato, por exemplo, refutava esta utilidade da oratria e da retrica, da qual os oradores se serviam para persuadir os ouvintes, afirmando que estes no se preocupavam com a verdade do seu discurso.J Aristteles, seu discpulo, via a retrica como algo muito importante e necessrio, distinguindo raciocnios analticos de raciocnios dialticos, como j vimos.Por sua vez, Ccero, um filsofo e poltico, foi tambm um dos maiores oradores de todos os tempos, tendo tambm escrito sobre a retrica.Entretanto a retrica entrou em declnio com a chegada do Racionalismo e da cincia moderna. Foi, mais tarde, Chaim Perelman, que ressuscitou o interesse pela retrica. Tendo sido este que reconheceu a impossibilidade de demonstrar que um valor prefervel e deve subordinar todos os outros; e reconheceu a necessidade de discutir e analisar o que mais razovel ou prefervel, aquilo que satisfaz a necessidade de todos. Sob o surgimento da nova retrica ou a teoria da argumentao, Perelman vai chamar a ateno para o papel fulcral da argumentao e da retrica na discusso de problemas axiolgicos, ticos e jurdicos. A importncia da discusso destes problemas vo fazer ressurgir a retrica e a valorizao do estudo dos argumentos e as condies de utilizao dos mesmos.Mais tarde, a retrica no s ir ser de usada verbalmente, mas tambm visualmente, chamando-lhe discurso visual. Tal discurso feito atravs do impacto das mensagens transmitidas pela publicidade, televiso, cartazes de propaganda, filmes, etc.

Conclumos, referindo que existem duas fases da retrica: a retrica de Aristteles e a retrica depois de Aristteles, a de Perelman. A primeira conserva algumas caractersticas como o facto de o discurso ser um meio de persuaso, preocupar-se mais com a adeso do auditrio do que com a verdade, servir de linguagem comum e tirar partido da ambiguidade de algumas palavras e pretender mudar as crenas, atitudes, no geral, aes do recetor. J a segunda fase da retrica, a nova retrica de Perelman, investiga as tcnicas que tornam o discurso persuasivo num discurso em que no possvel demonstrar de forma absoluta a verdade de uma ou mais teses.ConclusoAo longo deste trabalho foi abordado o tema O Domnio do Discurso Argumentativo a procura de adeso do auditrio.Atravs da sua explorao, esclarecemos o significado de alguns conceitos como: comunicao argumentativa, discurso argumentativo, argumentao, demonstrao e retrica. Foi ainda feita uma distino entre argumentao e demonstrao, a qual diz que a argumentao pertence ao domnio verosmil aquele que elege o que diz ser verdadeiro ou prefervel ao auditrio, enquanto a demostrao pertence ao domnio apodtico da verdade cientfica aquele que visa encontrar uma verdade universal e necessria, ou seja, no existe outra concluso alm daquela que se obtm. J no final do trabalho abordada a retrica, a arte de bem falar, de persuadir/convencer o auditrio, verificando que esta teve duas fases: a retrica de Aristteles, e a retrica depois de Aristteles, a chamada nova retrica abordada por Perelman.

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