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Dominando os

descritores

do SAEB 2021

Ideia – João Pessoa – 2021

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Todos os direitos e responsabilidades sobre os textos são do autor.

Capa/Diagramação: Magno Nicolau

Ilustração da capa (Detalhe) https://www.istockphoto.com/br/foto/grupo-de-pessoas-ao-redor-da-mesa-com-palavra-

de-m%C3%ADdias-sociais-gm526395427-52745276

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Gilvanedja Mendes, CRB 15/810

E D I T O R A

www.ideiaeditora.com.br [email protected]

P814d Pontes Júnior, José Leandro Gonçalves de. Dominando os descritores do SAEB 2021 – como trabalhar os descritores

de Língua Portuguesa: para professores do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental / José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior. - João Pessoa: Ideia, 2021.

61p.

ISBN 978-65-5608-181-6

1. Avaliação da educação básica. 2. Ensino fundamental. 3. Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB.3. Descritores – SAEB – língua portuguesa. 4. Brasil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Título.

CDU 37.014.12

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UMA BREVE APRESENTAÇÃO ........................................................................ 6

MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA DO SAEB: TÓPICOS E

SEUS DESCRITORES – 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................... 7

MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA DO SAEB: TÓPICOS E

SEUS DESCRITORES – 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................... 9

DEFININDO DESCRITORES ........................................................................... 12

COMPREENDENDO OS DESCRITORES E SUA ABORDAGEM ......................... 12

Tópico I - PROCEDIMENTOS DE LEITURA ..................................................... 13

Tópico II - IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR

NA COMPREENSÃO DO TEXTO .................................................................... 21

Tópico III - RELAÇÃO ENTRE TEXTOS ........................................................... 25

Tópico IV - COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO .......... 29

Tópico V - RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE

SENTIDO ...................................................................................................... 47

TÓPICO VI - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ........................................................... 57

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 61

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Sumário

Olá, querido (a) professor (a)!

Este material foi produzido para auxiliar o seu trabalho

pedagógico frente às avaliações do SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica, edição 2021.

Considerando a dificuldade apresentada por parte de alguns

amigos professores no entendimento sobre os descritores e na

abordagem dos mesmos em sala de aula, foi que surgiu a

necessidade de produzir um material que facilitasse a atividade

docente.

Este guia busca esclarecer o que os descritores do SAEB

dizem, por meio do tópico “Em miúdos”, busca apresentar os

objetos de conhecimentos envolvidos para o desenvolvimento das

habilidades e o consequente domínio delas por parte dos alunos,

através do tópico “Objeto de conhecimento envolvido” e busca

expor alguns direcionamentos para que você, professor (a), tenha nortes para um bom trabalho com os descritores em sala de aula.

Pronto para a jornada no Saeb? Sigamos em frente!

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Sumário

I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA

D1 Localizar informações explícitas em um texto.

D3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

D4 Inferir uma informação implícita em um texto.

D6 Identificar o tema de um texto.

D11 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

II. IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO

ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO

D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso

(propagandas, quadrinhos, foto etc.).

D9 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

III. RELAÇÃO ENTRE TEXTOS

D15 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação

na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em

função das condições em que ele foi produzido e daquelas

em que será recebido

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Sumário

IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO

D2 Estabelecer relações entre partes de um texto,

identificando repetições ou substituições que contribuem

para a continuidade de um texto.

D7 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos

que constroem a narrativa.

D8 Estabelecer relação causa/consequência entre partes e

elementos do texto.

D12 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no

texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

V. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE

SENTIDO

D13 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

D14 Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da

pontuação e de outras notações.

VI. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

D10 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o

locutor e o interlocutor de um texto.

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Sumário

I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA

D1 Localizar informações explícitas em um texto.

D3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

D4 Inferir uma informação implícita em um texto.

D6 Identificar o tema de um texto.

D14 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

II. IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO

ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO

D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso

(propagandas, quadrinhos, foto etc.).

D12 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

III. RELAÇÃO ENTRE TEXTOS

D20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação

na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em

função das condições em que ele foi produzido e daquelas

em que será recebido.

D21 Reconhecer posições distintas entre duas ou mais

opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.

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Sumário

IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO

D2 Estabelecer relações entre partes de um texto,

identificando repetições ou substituições que contribuem

para a continuidade de um texto.

D7 Identificar a tese de um texto.

D8 Estabelecer relação entre a tese e os argumentos

oferecidos para sustentá-la.

D9 Diferenciar as partes principais das secundárias em um

texto.

D10 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos

que constroem a narrativa.

D11 Estabelecer relação causa/consequência entre partes e

elementos do texto.

D15 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no

texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

V. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE

SENTIDO

D16 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

D17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da

pontuação e de outras notações.

D18 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de

uma determinada palavra ou expressão.

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Sumário

D19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração

de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

VI. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

D13 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o

locutor e o interlocutor de um texto.

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Sumário

Os descritores tratam das habilidades que o discente deve dominar,

em outras palavras, se referem ao ponto de chegada. As habilidades

são operações mentais tais como interpretar, identificar, inferir,

diferenciar, reconhecer etc. que estão em relação com objetos de conhecimento.

A partir de agora, exporemos com clareza o que cada descritor

solicita, os objetos de conhecimento envolvidos e alguns

direcionamentos pedagógicos para o desenvolvimento das

habilidades. Por haver pequenas diferenças entre as matrizes de

referência de Língua Portuguesa do 5º e do 9º ano (questão de

ordem e inclusão de descritores), identificamos, ao lado de cada

texto do descritor, o ano escolar a que ele se refere.

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Sumário

D1 - Localizar informações explícitas em um texto

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve identificar informações expressas na

superfície do texto.

Objeto de conhecimento envolvido

Compreensão textual

A compreensão textual trata do entendimento do texto. Na

compreensão, são levantadas questões cujo comando leve o leitor

a buscar informações explicitadas na superfície do texto. Vejamos

o exemplo abaixo:

O mais lento pode vencer a corrida Quando voava sobre um lago, com muita fome, Garuda, o pássaro mágico de Vishnu, avistou uma tartaruga. A tartaruga desviou seu interesse sugerindo-lhe que, antes que a comesse, deveriam apostar uma corrida para ver quem era mais rápido. O pássaro concordou e se elevou no ar, pronto para voar. Enquanto isso, a tartaruga reuniu todas as tartarugas – seus amigos e parentes – e as dispôs em filas de cem, de mil, de dez mil, de cem mil, de um milhão e de dez milhões. Dessa forma, cobriram toda a superfície da região. Quando estava tudo arranjado, a tartaruga falou:

— Estou pronta para começar. Vossa alteza pode ir pelo ar, que irei pela água. Vamos ver quem será o ganhador. Se eu perder, seu prêmio será comer-me. Garuda voou com todas as forças, mas logo se deteve e chamou a tartaruga. E por onde que voasse, ela sempre respondia mais à frente. Voou até mesmo para Himaphan, a grande montanha.

5º ANO | 9º ANO

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Sumário

Por fim, teve de admitir, diante da tartaruga, que tinha sido derrotado e, desconcertado, voltou para seu lar, a árvore rathal, para descansar. Fonte: http://contosencantar.blogspot.com/2010/08/o-mais-lento-pode-vencer-corrida.html

Com base nas informações explícitas do texto, podem ser

levantadas questões como:

1- De acordo com o texto, qual é o objetivo de Garuda ao perceber

a tartaruga?

2 – O que fez a tartaruga ao ser percebida no lago por Garuda?

3 – Com base no texto, qual é o objetivo da tartaruga ao propor uma

competição com Garuda?

4 – Qual foi a estratégia utilizada pela tartaruga para vencer o

pássaro Garuda?

Alguns direcionamentos

Devem ser ofertados exercícios de compreensão textual. Além

disso, uma boa atividade para desenvolver a habilidade é solicitar

dos alunos que eles mesmos produzam itens de compreensão

textual acerca dos textos lidos, criando questões que podem ser

respondidas a partir da localização de informações explícitas.

D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve deduzir o significado de uma palavra

ou expressão.

5º ANO | 9º ANO

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Sumário

Objeto de conhecimento envolvido

Inferência

A inferência trata da conclusão de um raciocínio, gerada a partir da

observação de alguns indícios. Dessa forma, o sentido inferido só

pode ser acessado por meio do texto, do que está exposto. É com

base nas informações explícitas e no conhecimento de mundo do

leitor que é possível preencher o sentido de palavras ou expressões.

Mas, além disso, o leitor deve estar atento a algumas pistas textuais

que podem ajudá-lo nessa inferência, como o título do texto e o

assunto do texto. Vejamos o exemplo abaixo:

Tempos de solidariedade: o que fazer pelo próximo durante a pandemia

Inúmeras iniciativas podem se tornar formas de colaborar com o

próximo nesta fase turbulenta de pandemia do novo coronavírus,

mesmo sem sair de casa. É possível ajudar, por exemplo, o trabalho

de ONGs, campanhas e instituições, além de fazer compras para

vizinhos do grupo de risco, e manter o diálogo virtual com quem

está passando por momentos de ansiedade e tensão. [...]

Fonte: https://parceirosdofuturo.com.br/tempos-de-solidariedade-o-que-

fazer-pelo-proximo-durante-a-pandemia/

Destaquemos a expressão “diálogo virtual” para o exercício de

inferência. Como já dito, o título e o assunto do texto são duas

importantes informações que ajudam na inferência. O texto fala

sobre a importância da colaboração humana em tempos

pandêmicos, em gestos de empatia. O título traz à tona a noção de

solidariedade, da importância da ajuda ao próximo, que vai se

tornar mais clara no texto a partir da exemplificação de formas de

solidariedade. A partir do conhecimento de mundo, isto é,

conhecimento sobre a pandemia de Covid-19, é possível

compreender como a tecnologia se tornou ainda mais presente no

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Sumário

dia a dia das pessoas, como o ambiente virtual se tornou mais

frequentado, tendo em vista a necessidade de distanciamento

social. Algumas palavras do ramo da tecnologia se popularizaram.

Então, com base em todas essas considerações: pistas textuais e

acionamento de conhecimento prévio, exercício que deve ser feito

em sala de aula, é possível chegar à conclusão de que a expressão

“diálogo virtual” se refere à comunicação no espaço digital, da

internet.

Alguns direcionamentos

É preciso promover o exercício de inferência a partir de uma

diversidade de textos. É indispensável acionar os conhecimentos

prévios do aluno acerca do que é tratado no texto e explicitar pistas

textuais que contribuem para a dedução do sentido de palavras ou

expressões.

D4 - Inferir uma informação implícita em um texto

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve deduzir informações subentendidas

no texto.

Objeto de conhecimento envolvido

Interpretação textual

A interpretação textual trata do exercício de inferência de

informações. Na interpretação de textos, são levantadas questões

cujo comando leva o leitor a tirar conclusões sobre o que foi

exposto no texto. É com base nas informações explícitas e no

conhecimento de mundo do leitor que é possível chegar a

conclusões sobre o texto. Por exemplo, no conto “O mais lento pode

5º ANO | 9º ANO

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Sumário

vencer a corrida”, visto no D1, é possível inferir uma informação:

para realizar uma tarefa, não basta apenas possuir o “poder”, é

preciso possuir o “saber”. Enquanto Garuda possuía o poder, pois

era um pássaro, candidato potencial para vencer a corrida, a

tartaruga possuía o saber, o que foi suficiente para lhe conceder a

vitória na competição.

Alguns direcionamentos

Devem ser ofertados exercícios de interpretação textual sobre uma

variedade de textos a partir de comandos que levem o leitor a

inferir informações, como: “Diante do que foi exposto, podemos

concluir...”, “Infere-se do texto que...”, “O texto nos permite deduzir

que…”, “Conclui-se do texto que...”, “O texto possibilita o

entendimento de...” etc.

D6 - Identificar o tema de um texto

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve reconhecer o assunto principal do

texto.

Objeto de conhecimento envolvido

Assunto principal do texto

O tema trata do assunto principal abordado no texto. Todo texto

possui uma temática central a partir da qual o mesmo se estrutura.

Com base no que é exposto no texto, é possível compreender que

temática está sendo discutida. Além disso, o título do texto é uma

importante pista sobre o tema. Por exemplo, no conto “O mais lento

pode vencer a corrida”, com base no que é exposto no texto (uma

disputa entre o pássaro Garuda e a tartaruga) e com base no título,

que enfatiza a força do mais lento, é possível entender que o texto

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Sumário

trata sobre o tema: disputa entre competidores desiguais ou ainda

sobre o engano das aparências.

Alguns direcionamentos

Destacar o título do texto como importante informação acerca do

tema. Além disso, é a partir da relação entre as informações ditas

no texto que será possível chegar ao tema.

D11 / D14 - Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve diferenciar o que é um

posicionamento sobre um fato do fato em si.

Objeto de conhecimento envolvido

Fato versus opinião

O fato trata de uma informação objetiva, de uma constatação da

realidade, enquanto a opinião trata do posicionamento pessoal

sobre um fato. Por exemplo, segundo a Fifa, o Brasil possui 656

clubes de futebol profissional, isso é um fato. Mas dizer que o Vasco

é o melhor clube brasileiro, é uma opinião.

Para ajudar na identificação de trecho opinativo, é preciso abordar

o estudo dos modalizadores textuais, elementos que atuam como

indicadores do ponto de vista do enunciador. A função

modalizadora se manifesta, sobretudo, por meio de advérbios, dos

modos verbais, dos verbos auxiliares, de estruturas subordinativas

e dos adjetivos. Vejamos alguns tipos de modalizadores.

5º ANO | 9º ANO

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Sumário

1. Asseverativos: expressam certeza, podendo ser afirmativos (ex.:

sem dúvida, certamente, logicamente, claro, realmente etc.) ou

negativos (ex.: de jeito nenhum, de forma alguma etc.).

No fragmento: “O uso de máscara é recomendado pela secretaria de

saúde enquanto durar a pandemia. Sem dúvidas, usar máscara é

umas das formas de se blindar do vírus. ”, o uso do modalizador

“sem dúvidas” manifesta uma avaliação do enunciador, ao

expressar certeza quanto à eficácia do uso de máscara.

2. Dubitáveis: expressam incerteza, dúvida (ex.: provavelmente,

talvez, possivelmente etc.).

No fragmento: “Paulo estudou os últimos 2 meses para o concurso,

mas não foi aprovado. Talvez, tenha estudado todo esse tempo de

forma errada. ”, o uso do modalizador “talvez” manifesta uma

avaliação do enunciador, ao expressar uma incerteza, uma hipótese

quanto à razão da não aprovação de Paulo no concurso.

3. Deontológicos: expressam imposições, proibições e concessões

(ex.: obrigatoriamente, necessariamente, não pode, pode etc.).

No fragmento: “O uso de máscara segue algumas recomendações.

Não se pode usar essa peça no queixo! ”, o uso do modalizador “Não

se pode” manifesta uma imposição do enunciador, uma proibição.

4. Afetivos: expressam emoções (ex.: felizmente, infelizmente,

espantosamente, francamente, lamentavelmente etc.).

No fragmento: “Paulo foi aprovado no concurso. Felizmente, agora

poderá casar-se.”, o uso do modalizador “felizmente” manifesta

uma avaliação do enunciador, um contentamento acerca da

aprovação de Paulo no concurso e da consequente possibilidade de

seu casamento.

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Sumário

Alguns direcionamentos

A intenção não é abordar o conceito de modalizadores textuais em

sala de aula, mas destacar o efeito de sentido dessas palavras no

texto, como indiciadores de opinião.

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Sumário

D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso

(propagandas, quadrinhos, foto etc.)

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve interpretar o texto considerando o

emprego da linguagem verbal e da linguagem não verbal na

construção do sentido.

Objeto de conhecimento envolvido

Texto multissemiótico

Um texto pode integrar palavra e imagem, fazendo-se uso da

linguagem verbovisual. Assim sendo, nos referimos ao texto

multissemiótico, como a charge, a história em quadrinhos, a tira etc.

Na interpretação do texto multissemiótico, é preciso relacionar

linguagem verbal e linguagem não verbal. Não se pode interpretar

a palavra isolada da imagem, pois ambos estão em relação para

reforçar um determinado sentido. Então, na leitura desse texto é

preciso levantar questionamentos acerca de como os recursos não

verbais estão em interação com a palavra, que sentido está sendo

enfatizado a partir da relação entre o código verbal e o código não

verbal. Isolar a palavra dos recursos não verbais torna a leitura

incompleta. Vejamos o exemplo a seguir:

5º ANO | 9º ANO

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Sumário

Fonte: http://kdimagens.com/imagem/preguica-e-inveja-936

A tirinha em questão é um texto multissemiótico, pois envolve

linguagem verbal e não verbal. Nela é possível verificar o tema da

preguiça e da inveja. Tratemos da análise do texto: o que é dito nas

falas é reforçado pelas imagens. O personagem que está em pé trata com indignação o personagem que está deitado, concebendo-o

como preguiçoso e isso faz ao ver alguém em situação diferente da

sua. Já o personagem que está deitado, trata o personagem que está

em pé como invejoso por ser questionado pelo mesmo quanto a seu

estado de ociosidade. Além disso, os personagens possuem formas

físicas distintas: enquanto o personagem deitado possui formas

curvilíneas, um corpo robusto, consequente de uma “vida

preguiçosa”, o personagem posicionado em pé possui formas

retilíneas, demarcando sua magreza e remetendo a uma vida de

trabalho, sentido reiterado também pelo machado que carrega.

Também, o emprego da palavra “ocê” marca a identidade do personagem que está em pé: trata-se de um caipira, do homem do

campo, sujeito conhecido por trabalhar muito.

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Sumário

Alguns direcionamentos

Na leitura dos textos multissemióticos, mostrar como o sentido é

construído a partir da interação entre palavra e imagem.

Possibilitar a leitura de uma diversidade de textos a fim de

aprimorar a competência leitora.

D9 / D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes

gêneros

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve reconhecer a função social de

diferentes gêneros textuais.

Objeto de conhecimento envolvido

Gênero textual

Todo texto pertence a um gênero textual, isso porque apresenta

determinadas características relativamente estáveis, o que permite

categorizá-lo como pertencente a uma família de textos. O gênero

textual nasce da necessidade de estabelecermos comunicação, dessa forma, atende a uma função comunicativa, seja a de informar,

persuadir, narrar um acontecimento, instruir etc.

O estudo da função social de gêneros textuais deve contemplar o tratamento de alguns aspectos: a compreensão sobre a estrutura que o gênero obedece; a compreensão sobre os aspectos linguísticos, isto é, de organização do texto; a compreensão sobre a esfera de circulação do gênero, ou seja, em que espaço da atividade humana o gênero circula; o suporte a partir do qual o gênero se materializa e o propósito comunicativo a que o gênero se propõe a atender. Por exemplo, a bula de remédio é um gênero textual

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Sumário

estruturado em três partes: identificação do medicamento, informações ao paciente e dizeres legais. Na "identificação", estão informações sobre a identificação do medicamento e sua composição; em "informações ao paciente", estão informações sobre indicações, contraindicações, armazenamento, prazo de validade, posologia e reações adversas e em "dizeres legais", estão dados farmacológicos gerais sobre o medicamento. Em relação aos aspectos linguísticos, é utilizada uma linguagem técnica, com o uso recorrente de termos farmacológicos, objetiva e por se tratar de um texto instrucional, há o predomínio do modo imperativo. A bula é um gênero que circula na esfera de produção e consumo, se materializa de forma impressa, acompanhando o medicamento na embalagem ou pode ser encontrada em bulário eletrônico, em sites. Por fim, a bula atende a função social de orientar as pessoas na utilização de medicamentos.

Alguns direcionamentos

Promover o estudo sobre a estrutura do gênero textual, o modo

como a linguagem é empregada, a atividade social em que é

utilizado, o suporte em que se manifesta e a ação comunicativa que

realiza.

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Sumário

D15 / D20 - Reconhecer diferentes formas de tratar uma

informação na comparação de textos que tratam do mesmo

tema, em função das condições em que ele foi produzido e

daquelas em que será recebido.

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve identificar diferentes formas de

tratamento de um assunto a partir da comparação entre textos.

Objeto de conhecimento envolvido

Análise comparativa de textos

A análise comparativa de textos trata de uma estratégia de leitura

cujo objetivo é comparar a linha de discussão empreendida nos

textos. Mesmo tratando do mesmo tema, os textos poderão

pertencer a gêneros textuais diferentes e possuir discussões

complementares ou divergentes acerca de um determinado tema

ou informação. Por exemplo, o tema “violência doméstica” pode ser

a temática de uma notícia e de uma charge. Embora tratem de violência, as intenções comunicativas são diferentes: na notícia, a

intenção é informar, já na charge, a intenção é emitir uma crítica.

Em textos do mesmo gênero, ao realizar a comparação textual, pode

ser percebida uma relação de complementaridade e defesa da

mesma ideia (ex.: no caso de textos que abordem informações

complementares, seguindo a mesma linha de discussão) ou uma

relação opositiva, de divergência de tratamentos (ex.: no caso de

textos que tragam dados ou informações contraditórias acerca de

um tema).

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Sumário

Alguns direcionamentos

Abordar textos pertencentes a gêneros textuais diferentes, mas que

tratam de um mesmo tema ou informação. Ao realizar a análise

comparativa de textos é preciso considerar alguns aspectos como:

1 - o quanto de informação é trazida nos textos acerca de um tema

ou fato e se essas informações se complementam ou se opõem; 2 - as funções sociais dos gêneros a que pertencem os textos.

D21 - Reconhecer posições distintas entre duas ou mais

opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve identificar posicionamentos

diferentes acerca de um mesmo fato ou tema.

Objeto de conhecimento envolvido

Análise comparativa de textos opinativos

A análise comparativa de textos opinativos busca reconhecer os

diferentes posicionamentos acerca de um tema ou fato. As opiniões

a serem comparadas podem estar no mesmo texto ou em textos

diferentes. Como já visto, a opinião trata de uma discussão pessoal,

de um ponto de vista. Vejamos em seguida, por exemplo, opiniões

distintas acerca do tema: armamento da população.

Opinião 1: “[...] É legítimo querer se defender, mas a arma é um

péssimo passo, porque a realidade não é como filme. ” (Antônio

Rangel, sociólogo e coordenador da ONG Viva Rio)

Fonte:

https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/10/21/interna_gerais,3246

41/armamento-de-cidadaos-divide-opinioes-ate-entre-especialistas-em-

tiro.shtml

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Sumário

Opinião 2: “[...] Quem faz a sua melhor segurança é você mesmo,

desde que esteja bem preparado. Não se trata de uma apologia ao

armamento da sociedade, mas de um manifesto pelo direito à

defesa. ” (Antônio Costa Júnior – empresário e professor de tiro)

Fonte:

https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/10/21/interna_gerais,3246

41/armamento-de-cidadaos-divide-opinioes-ate-entre-especialistas-em-

tiro.shtml

Nos exemplos, é possível reconhecer opiniões diferentes acerca de

um mesmo tema. Enquanto o sociólogo Antônio Rangel é contra o

armamento da população, o empresário e professor de tiro,

Antônio Costa Júnior, é a favor.

Para o sociólogo, a arma não é o melhor instrumento de defesa,

qualificando-a como “péssimo passo”, ou em outras palavras,

péssima saída, tendo em vista a imprevisibilidade do real: a

realidade é diferente de um filme, tudo pode acontecer. Para o

professor de tiro, o cidadão é o responsável pela sua proteção. Em

sua afirmação, está implícita a questão de uma realidade violenta e

a ineficácia da segurança, dessa forma, o cidadão armado é a

garantia do direito à defesa.

São raciocínios que se contrapõem: na opinião 1, o objetivo é desconstruir a ideia de relação entre arma e segurança, justificada

pela ideia da imprevisibilidade do real. Na opinião 2, o objetivo é

assinalar a relação entre arma e segurança, justificada na ideia de

direito à defesa.

Ainda podemos destacar o uso de alguns modalizadores textuais:

na opinião 1 – péssimo passo, para expressar a má ideia do uso da

arma como meio de defesa; na opinião 2 - melhor segurança, para

expressar a relação entre arma e defesa.

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Sumário

Alguns direcionamentos

Expor com clareza como os autores das opiniões constroem seus

posicionamentos: descontruindo ideias, reforçando relações,

apresentando justificativas etc. Além disso, promover a

identificação de modalizadores textuais, expressos, sobretudo por

meio de adjetivos e advérbios, tendo em vista que eles atuam como qualificadores.

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Sumário

D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto,

identificando repetições ou substituições que contribuem

para a continuidade de um texto

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve instituir relações entre partes do

texto a partir da identificação de repetições ou trocas de

palavras/sequências textuais que colaboram para a progressão do

texto.

Objeto de conhecimento envolvido

Coesão textual

A coesão textual é responsável por promover a unidade textual por

meio de elementos linguísticos que atuam na articulação entre as

partes do texto. Na repetição de palavras ou sequências textuais, o

objetivo é reiterar uma ideia, reforçar um sentido. Na substituição,

o objetivo é evitar a repetição desnecessária, possibilitando um

discurso mais fluido.

Na repetição de palavras ou sequências textuais, é preciso destacar

os elementos repetidos e o efeito de sentido proveniente da

repetição. Vejamos o seguinte exemplo:

O político foi encontrado com duzentos milhões de reais na mala.

Duzentos milhões!

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Sumário

Nesse exemplo, a repetição de “duzentos milhões” objetiva

enfatizar o montante de dinheiro encontrado na mala de um

político, assim como cria um efeito de espanto.

Na substituição de palavras ou sequências textuais, é preciso

promover o estudo dos elementos linguísticos que contribuem com

essa tarefa. Vejamos alguns principais.

Substantivos

Ex.: Estão circulando alguns boatos a respeito da vida de Clara na

escola. A jovem é tão calada e tímida! Será que é verdade? (Nesse

exemplo, o substantivo “jovem” substitui a palavra “Clara”,

retomando o seu sentido.)

Adjetivos

Ex.: Clara tirou nota máxima na prova. Esforçada, nunca ficou em

recuperação. (Nesse exemplo, o adjetivo “esforçada” substitui a

palavra “Clara”, retomando o seu sentido.)

Pronomes

Ex.: “Se o diretor é uma espécie de CEO (diretor-executivo) na

escola, é necessário que ele desenvolva habilidades de liderança. ”

Irma Zardoya

(Nesse exemplo, o pronome “ele” substitui a palavra “diretor”,

retomando o seu sentido.)

Advérbios

Ex.: O Brasil e os Estados Unidos são países que conservam um

certo grau de preconceito. Mas lá chega a ser pior que aqui.

(Nesse exemplo, o advérbio “lá” substitui a palavra “Estados

Unidos”, retomando o seu sentido, assim como o advérbio “aqui”

substitui a palavra “Brasil”, retomando o seu sentido.)

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Sumário

Alguns direcionamentos

Apresentar os efeitos de sentido provenientes da repetição e da

substituição. Promover o estudo de alguns elementos linguísticos

como substantivos, adjetivos, pronomes e advérbios que

contribuem para a tarefa de substituição de palavras ou sequências

textuais.

D7 / D10 – Identificar o conflito gerador do enredo e os

elementos que constroem a narrativa

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve reconhecer o motivo desencadeador

da trama, isto é, o conflito gerador, assim como os demais

elementos que compõem a narrativa como narrador, enredo,

personagens, tempo, espaço, clímax e desfecho.

Objeto de conhecimento envolvido

Texto narrativo

O texto narrativo é uma tipologia textual, cuja finalidade é narrar um acontecimento. Uma narrativa é composta de vários elementos:

narrador, enredo, personagens, tempo, espaço, clímax e desfecho.

Vamos à definição objetiva dos elementos da narrativa.

Narrador: trata-se da entidade fictícia que conta a história,

podendo se manifestar de três modos principais:

1. Narrador personagem: além de narrar, participa da narrativa

como personagem, contando a história em 1ª pessoa.

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Sumário

2. Narrador observador: narra os acontecimentos, mas sem

participar da narrativa, como se estivesse observando as situações.

É objetivo e imparcial. Conta a história em 3ª pessoa.

3. Narrador onisciente: esse sabe de tudo - conhece toda a história,

os pensamentos, sentimentos e ideias dos personagens, narrando

em 3ª pessoa. Por vezes, para realizar algumas intromissões, utiliza a 1ª pessoa.

Personagens: referem-se aos elementos que vivenciam a história

como pessoas, animais, objetos personificados, isto é, com

características humanas, ou qualquer ser que age.

Tempo: situa os fatos, definindo a duração das ações.

Espaço: situa os fatos em cenários, quem podem ser físicos ou

sociais.

Enredo: é a trama da narrativa, o encadeamento de situações

vividas por personagens em um determinado tempo e espaço. O

enredo é estruturado da seguinte forma:

1. Conflito gerador: trata-se do motivo desencadeador da trama.

Em outras palavras, trata-se de qualquer elemento da história que se opõe a outro gerando um problema.

2. Clímax: é o momento decisivo da história, em que as ações

alcançam maior tensão.

3. Desfecho: é o estágio final da narrativa, situação como são

finalizados os conflitos.

Vejamos o exemplo a seguir:

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Sumário

Praia quase cancelada

Leandro Júnior

Era 12 de outubro, havia muita alegria entre as crianças. A

ansiedade era grande. Elas iriam pela primeira vez à praia. Na

ocasião, comemorar o dia das crianças. Todos acordaram cedo. Na

verdade, as crianças acordaram ainda mais cedo que seus pais:

Guto e Ana. Prontamente, as comidas começaram a ser embaladas

e as bebidas colocadas na caixa térmica. Mas, de repente, Guto sente

fortes dores em seu estômago. As crianças ouvem seu grito de dor

na garagem e correm até lá. Sem forças e caído no chão, Ana

pergunta a Guto o que ele havia comida na noite passada, mas Guto

não consegue responder. As crianças chorando, correm até a casa

de tio Barnabé, que mora ao lado, para pedir socorro. Guto continua

sentindo dores. É quando sua visão escurece e então desmaia. Ana

se desespera e não consegue controlar toda a tensão do momento:

pensa na iminência de morte. Tio Barnabé chega e, graças a sua

habilidade médica, faz uso de todos os procedimentos e Guto retoma a consciência. Acordado, relata que havia comido parte do

bolo de chocolate preparado para o lanche do passeio à praia. Ana

já calma, dá um fim ao bolo preparado com tanto esmero e sabor e

desejado pelas crianças. O ocorrido não foi capaz de impedir a

família de ir à praia. As comidas voltaram a ser embaladas, as

bebidas e tudo que ia ser levado. Rapidamente, estavam todos

prontos e seguiram animados à Praia dos sobreviventes.

Identifiquemos, agora, os elementos da narrativa presentes no

texto.

Narrador: trata-se de um narrador onisciente, que conta a história

em 3ª pessoa, conhece todos os fatos e sentimentos dos

personagens.

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Sumário

Personagens: Guto, Ana, as crianças e tio Barnabé.

Tempo: 12 de outubro é a referência temporal.

Espaço: A narrativa é ambientada no espaço da casa,

predominantemente, na garagem.

Conflito gerador: O conflito ocorre quando Guto passa mal,

instaurando um problema.

Clímax: A tensão tem pico quando Guto desmaia.

Desfecho: Guto acorda do desmaio, se recupera do mal-estar e a

família segue à praia.

Alguns direcionamentos

Abordar com destaque a definição de conflito gerador e promover

a localização desse elemento em narrativas, assim como promover

o estudo dos demais elementos e a identificação desses em textos.

D7 - Identificar a tese de um texto

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve reconhecer a ideia central defendida

no texto.

Objeto de conhecimento envolvido

Tese do texto

A tese trata do ponto de vista defendido no texto acerca de um

assunto e é sustentada por argumentos. É um dos elementos dos

textos argumentativos, família de textos cujo objetivo é defender

uma ideia por meio de argumentos a fim de persuadir o

interlocutor como o artigo de opinião, a carta argumentativa, o

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Sumário

editorial, a resenha etc. A tese é uma proposição que, normalmente,

está localizada nos primeiros parágrafos e é seguida dos

argumentos. Mas pode acontecer o movimento inverso: a tese ser

precedida pelos argumentos. Vejamos o texto abaixo.

Celular em sala de aula: uma proibição necessária

Orlando Morando*

Atualmente, um assunto que vem despertando a atenção não só da

comunidade acadêmica, mas da sociedade como um todo é a

proibição do uso de celulares na sala de aula.

A proibição do seu uso em sala de aula é uma medida que se

harmoniza com o ambiente em que o estudante está. A sala de aula

é um local de aprendizagem, onde o discente deve se esforçar ao

máximo para extrair do professor os conhecimentos da matéria.

Nesse contexto, o celular é um aparelho que só vem dificultar a

relação ensino-aprendizagem, visto que atrapalha não só quem

atende, mas todos os que estão ao seu redor.

Um estudo divulgado no mês passado pela London School of Economics mostrou que alunos de escolas da Inglaterra que

baniram os smartphones melhoraram em até 14% suas notas em

exames de avaliação nacional.

O aumento acontece principalmente entre estudantes com

conceitos mais baixos. Na faixa etária entre 7 e 11 anos, o

banimento ajudou alunos com aproveitamento abaixo de 60% nas

provas. Para o resto, não mudou nada.

Segundo os autores do estudo as distrações atingem todo mundo,

mas são piores em alunos com celulares. E ainda piores naqueles

com notas mais baixas.

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Sumário

O impacto da proibição, diz especialista, é o equivalente a uma hora

a mais de aula por semana. O estudo "Tecnologia, distração e

desempenho de estudantes" foi feito com 130 mil alunos desde

2001, em 91 escolas de quatro cidades.

Por que banir o uso do celular? Porque ter acesso fácil ao celular faz

com o que aluno tenha mais chance de distração, o que pode levar a notas mais baixas; adolescentes ainda não têm maturidade para

usar nos momentos apropriados; em ambientes liberados, é muito

difícil para o professor monitorar a sala toda; a distração do

smartphone é muito pior do que desenhar no caderno, por

exemplo, porque o aluno entra em um 'universo paralelo'.

Enfim são inúmeras as razões para proibir o uso de celular nas salas

de aula. O Estado São Paulo, mais uma vez, foi pioneiro nesse

assunto e aprovou a lei 12.730 de 2007, de minha autoria, que

proíbe o uso de telefone celular nas escolas.

Segundo a Nielsen Ibope, atualmente 15% dos 68 milhões de

usuários da internet pelo celular no Brasil têm entre 10 e 17 anos,

ou seja, a maioria dos adolescentes. Sendo assim, a fiscalização do uso do aparelho deve ser feita rigorosamente nas escolas pelos

professores e diretores de ensino. Mas como esses números de

usuários aumentam a cada dia, o momento é de ampliar a

fiscalização e cumprir a Lei.

*Orlando Morando é deputado pelo PSDB e cumpre o quarto

mandato na Assembleia Legislativa

Fonte: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=365340

No texto “Celular em sala de aula: uma proibição necessária”, está

clara a defesa pelo impedimento do uso de celular em sala de aula

pelos alunos. Essa tese pode verificada no segundo parágrafo por

meio do seguinte enunciado: “A proibição do seu uso em sala de

aula é uma medida que se harmoniza com o ambiente em que o

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Sumário

estudante está”. Após a tese, nos parágrafos seguintes, seguem os

argumentos, cujo objetivo é fundamentar a tese. É importante

observar ainda que a partir do título já é possível ter ideia do que

será defendido no texto.

Alguns direcionamentos

Para facilitar a identificação da tese do texto, é preciso responder a

seguinte questão: o que é defendido no texto?

Também direcionar a atenção para o título do texto, pois ele pode

expressar uma percepção e com isso dar pistas acerca da tese

defendida no texto.

Promover o exercício de identificação de teses a partir da leitura de

diversos textos de caráter argumentativo.

D8 / D11 - Estabelecer relação causa/consequência entre

partes e elementos do texto

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve estabelecer relação de causa-efeito entre segmentos do texto.

Objeto de conhecimento envolvido

Relação lógico-discursiva de causa-consequência

A relação lógico-discursiva de causa-consequência se refere a um

tipo de construção em que é apresentado uma relação de causa e

efeito. Tal relação é sinalizada textualmente por conjunções.

A causa expressa o motivo e pode ser introduzida através de

conjunções, como: porque, como, já que, visto que etc. Já a

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Sumário

consequência expressa os efeitos dessa causa e pode ser

introduzida através de conjunções, como: que (precedido de tão,

tal, tanto), de modo que, devido a etc.

Vejamos o exemplo a seguir:

“O homem é tão desrespeitoso com a natureza que o

desaparecimento de diversas espécies da fauna e da flora tornou-

se uma realidade. ”

É possível verificar nesse exemplo a relação de causa-

consequência: o fato do homem ser desrespeitoso com a natureza

(causa) tem promovido uma problemática realidade: o

desaparecimento de espécies da fauna e flora (consequência). Essa

relação lógico-discursiva é marcado textualmente pelas conjunções

“tão...que”.

Alguns direcionamentos

Promover o estudo de elementos coesivos que estabelecem a

relação de causa-consequência e o exercício de identificação em

textos de trechos que manifestem tal relação.

D8 - Estabelecer relação entre a tese e os argumentos

oferecidos para sustentá-la.

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve relacionar a tese do texto e os

argumentos que a fundamentam.

Objeto de conhecimento envolvido

Tese e argumentos

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Sumário

Como visto no descritor D7, a tese é sustentada por argumentos. O

objetivo dos argumentos é embasar o posicionamento manifestado

na tese. Sem eles, a tese se torna uma mera opinião.

Os argumentos podem se manifestar de diversas maneiras, dessa

forma, é preciso contemplar o estudo de estratégias

argumentativas que colaboram para fundamentar a tese do texto. Vejamos alguns dos principais recursos argumentativos.

1. Exemplificação

A exemplificação permite a inserção de exemplos, validando a tese.

Vejamos o exemplo a seguir.

O uso medicinal da maconha não deve ser objeto de preconceitos

tendo em vista a sua eficácia no tratamento de algumas doenças.

Maria Gabrilli, por exemplo faz uso do Mevatyl, primeiro fármaco

derivado da maconha a ter registro aprovado pela Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (Anvisa). Maria Gabrilli ficou tetraplégica

depois de um acidente de carro com o seu namorado. O

medicamento ajuda ela a ter menos espasmos, a dormir melhor e,

principalmente, a aliviar as dores.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/vem-ai-a-cannabis-

medicinal/adaptado

Veja como o emprego de exemplificação, a exposição de um caso

concreto de uso de remédio à base de maconha por uma pessoa

com lesão medular, reforça a tese de uso medicinal da maconha.

2. Argumento de autoridade

O argumento de autoridade dá voz a um especialista no assunto discutido, o que confere credibilidade a tese defendida no texto.

Vejamos o exemplo a seguir, ainda com base na tese de defesa do

uso medicinal da maconha.

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Sumário

[...] Em maio do ano passado, a USP lançou, em parceria com o

laboratório Prati-Donaduzzi, o primeiro extrato da planta

desenvolvido no Brasil. Diferentemente do Mevatyl, indicado para

pacientes com esclerose múltipla, o fitofármaco brasileiro tem

incontáveis aplicações. ‘Produtos à base de cannabis não curam

doenças, mas minimizam seus sintomas. Além disso, potencializam os efeitos dos remédios de referência e não colocam em risco a vida

do paciente’, afirma o neurocientista Renato Filev, pesquisador do

Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas

(Cebrid).

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/vem-ai-a-cannabis-

medicinal/adaptado

Veja como o emprego da fala do neurocientista, Renato Filev,

confere pertinência à ideia de defesa do uso medicinal da maconha. Isso, porque Renato Filev é uma autoridade na área de saúde e cuja

fala remete aos benefícios medicinais da maconha.

3. Provas concretas

As provas concretas tratam de informações verídicas, resultado de

estudos ou experiências: dados estatísticos, leis, relatórios e

pesquisas, que validam o ponto de vista defendido no texto.

Vejamos o exemplo a seguir.

Um ano depois do primeiro caso de covid-19 no Brasil, estamos

vivenciando o pior momento de toda a pandemia: unidades de

terapia intensiva lotadas, recorde de mortes dia após dia e baixo

índice de vacinação. Neste momento, a reafirmação de medidas de

prevenção ao vírus ganha relevância. Em tudo o que se pesquisou

até agora, o que se viu realmente funcionando para prevenção são

as medidas de distanciamento social e o uso de máscara de forma

correta”, sinaliza Marcelo Gonçalves, professor da Faculdade de

Medicina da UFRGS.

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Sumário

O estudo Social Distancing, Mask Use and the Transmission of

SARS-CoV-2: A Population-Based Case-Control Study,

produzido por pesquisadores da UFRGS, UFPel, UFSCPA e

Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS), foi conduzido

a partir de uma lista cedida pelo SMS com 3.437 pacientes da capital que testaram positivo para covid-19 entre abril e junho de 2020.

[...]

Os pesquisadores concluíram que o uso de máscaras reduz em 87%

a chance de infecção por SARS-CoV-2. O estudo também mostra que

as pessoas que aderem de forma moderada a intensa ao

distanciamento social têm entre 59% e 75% menos chances de

contrair o vírus.

Fonte: https://www.ufrgs.br/jornal/estudo-comprova-a-eficacia-do-uso-de-

mascara-e-do-distanciamento-social-no-combate-a-pandemia/adaptado

Veja como a inserção do resultado do estudo científico legitima a

tese do texto: a utilização de máscara e o distanciamento social são

formas de se prevenir do Coronavírus.

Alguns direcionamentos

Promover a identificação dos argumentos a partir da leitura de uma

diversidade de textos argumentativos. Além disso, mostrar como

eles dão sustentação à tese do texto.

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Sumário

D9 - Diferenciar as partes principais das secundárias em um

texto

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve distinguir a informação principal das

informações secundárias em um texto.

Objeto de conhecimento envolvido

Informações principais e secundárias do texto

Por parte principal, entende-se a ideia principal, enquanto por

partes secundárias, entende-se as ideias secundárias. O texto é um

entrelaçamento de ideia principal e ideias secundárias. A ideia

principal trata da mensagem do texto, do que fala o texto, enquanto

as ideias secundárias se referem ao conjunto de informações que

tratam de desenvolver a ideia principal do texto. Vejamos o texto a

seguir.

A sombra do meio-dia

A Sombra do Meio-Dia é o belo título de um romance lançado

recentemente, de autoria do diplomata Sérgio Danese. O livro trata

da glória (efêmera) e da desgraça (duradoura) de um ghost-writer,

ou redator-fantasma – aquele que escreve discursos para outros. A

glória do ghost-writer de Danese adveio do dinheiro e da ascensão

profissional e social que lhe proporcionaram os serviços prestados

ao patrão – um ricaço feito senador e ministro, ilimitado nas

ambições e limitado nos escrúpulos como soem ser as figuras de

sua laia. A desgraça, da sufocação de seu talento literário, ou

daquilo que gostaria que fosse talento literário, posto a serviço de

outrem, e ainda mais um outrem como aquele. As exigências do

patrão, aos poucos, tornam-se acachapantes. Não são apenas

discursos que ele encomenda. É uma carta de amor a uma bela que

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Sumário

deseja como amante. Ou um conto, com que acrescentar, às delícias

do dinheiro e do poder, a glória literária. Nosso escritor de aluguel

vai se exaurindo. É a própria personalidade que lhe vai sendo

sugada pelo insaciável senhorio. Na forma de palavras, frases e

parágrafos, é a alma que põe em continuada venda.

Fonte: http://cadernodetorresport.blogspot.com/2013/03/a-sombra-do-meio-

dia.html

Neste texto, é possível entender como parte principal ou

informação principal aquela que trata sobre o enredo do romance

“A sombra do meio-dia”, manifestada no trecho: “O livro trata da

glória (efêmera) e da desgraça (duradoura) de um ghost-writer, ou

redator-fantasma – aquele que escreve discursos para outros”. Já as

partes secundárias ou informações secundárias correspondem aos

detalhes sobre o romance, em outras palavras, à contextualização discorrida sobre a obra.

Alguns direcionamentos

A ideia principal do texto deve estar contida na resposta da

seguinte pergunta: qual é a mensagem do texto? A partir da relação

entre as diversas informações distribuídas no texto é possível

compreender a ideia principal. Além disso, o título do texto pode

ser uma pista sobre a ideia principal do texto, por cumprir a função

de antecipar informações. Quanto as ideias secundárias, é preciso

responder à pergunta: que informações são usadas para

desenvolver a ideia principal do texto? O conjunto de informações

que contextualiza a ideia principal do texto como dados

estatísticos, exemplos, argumentos de autoridade etc. corresponde,

então, às ideias secundárias.

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Sumário

D12 / D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes

no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve identificar relações lógico-

discursivas no texto, sinalizadas, textualmente, por conjunções,

advérbios etc.

Objeto de conhecimento envolvido

Relações lógico-discursivas

As relações lógico-discursivas estabelecem nexos semânticos entre

partes do texto, marcados por conectivos (conjunções, advérbios

etc.) formando uma unidade de sentido.

As relações lógico-discursivas promovem as mais variadas

relações: de adição, de explicação, de comparação, de oposição, de

finalidade, de tempo, de condição etc.

1. Adição: introduz ideia de soma.

Conectivos: e, nem, não só, mas também, mas ainda, como, assim

etc.

Exemplo:

Chegamos em casa, tomamos banho e comemos. Como não era

tarde, assistimos ainda ao último episódio da série brasileira “Bom

dia, Verônica”. E que série, que série!

2. Explicação: introduz uma explicação.

Conectivos: isto é, ou seja, a saber, na verdade, porque, que, pois,

etc.

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Sumário

Exemplo:

Nessa pandemia, é preciso obedecer ao distanciamento social, isto

é, ao afastamento físico, porque não sabemos quem está portando

o vírus. Vamos nos cuidar!

3. Comparação: introduz uma comparação.

Conectivos: como, igualmente, da mesma forma, assim também, do

mesmo modo, similarmente etc.

Exemplo:

Marina não dirige da mesma forma que Antônio, é mais cautelosa.

Antônio não é atento, passa por cima dos buracos e não sinaliza.

Qualquer dia desses, ele acabará provocando um acidente.

4. Oposição: introduz ideia de contraste.

Conectivos: e, mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no

entanto, ainda, assim, senão, etc.

Exemplo:

Estudei muito, mas não fui aprovado no processo seletivo. Maria,

no entanto, mesmo tendo estudado pouco, entrou nas vagas. Como

isso foi possível? Estou decepcionado comigo mesmo.

5. Finalidade: introduz uma intenção.

Conectivos: com o fim de, a fim de, como propósito de, com a

finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para, ao

propósito etc.

Exemplo:

A escola adiou a volta às aulas a fim de concluir a reforma do

prédio. Com a reestruturação, a instituição ganhará mais espaço e

possibilitará a realização de eventos de grande porte.

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Sumário

6. Tempo: introduz uma circunstância temporal, um momento.

Conectivos: quando, assim que, desde que, logo que, enquanto, até

que, antes que, depois que etc.

Exemplo:

Vou à sorveteria depois que Pedro sair de lá. Discutimos bastante

e, por isso, não tenho condições de vê-lo em minha frente. Ele me

machucou muito com palavras que nunca esquecerei.

7. Condição: introduz uma condição.

Conectivos: se, caso, ainda que, contanto que etc.

Exemplo: Se utilizarmos máscara, dificilmente seremos infectados

pelo novo Coronavírus. O problema é que as pessoas estão mais

preocupadas com o pequeno incômodo que a máscara produz. Aos

poucos, nos acostumaremos e nem sentiremos mais incômodo.

Alguns direcionamentos

Promover o estudo das relações lógico-discursivas a partir da

identificação de conectivos que marcam tais relações em textos

diversos.

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D o m i n a n d o o s d e s c r i t o r e s d o S A E B 2 0 2 1 | 47

Sumário

D13 / D16 - Identificar efeitos de ironia ou humor em textos

variados

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve reconhecer efeitos de sentido de ironia ou humor em textos diversos.

Objeto de conhecimento envolvido

Efeitos de sentido de ironia e humor

A ironia é uma crítica disfarçada. Ao recorrer à ironia, o objetivo é

afirmar o oposto do que é dito, num jogo de sentido. A ironia pode

se realizar em textos verbais e em textos multissemióticos, como

história em quadrinhos, charge, meme, cartaz publicitário, tira etc.

Imaginemos que em uma conversa, uma das pessoas esteja falando

alto, a ponto do outro sujeito dizer: "Porque não fala mais alto? Lá

do outro bairro ainda não dá para te ouvir". O objetivo do sujeito

que recorre à ironia é dizer ao seu parceiro de fala que o mesmo

está falando alto, mas também é fazer um pedido: o de falar baixo.

Já o humor trata de uma quebra de expectativa. O humor se instala

quando fatos inesperados acontecem, quando algo corriqueiro é

dito de forma exagerada, quando há um trocadilho ou em caso de

ambiguidade, isto é, quando há espaço para dupla interpretação. O

humor pode ser encontrado em textos verbais e em textos

multissemióticos, como história em quadrinhos, charges, memes,

tira, piada, cartum etc. Vejamos o exemplo abaixo.

5º ANO | 9º ANO

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Sumário

Fonte: https://www.todoestudo.com.br/portugues/humor

O cartum trata do aumento do preço do combustível e o humor é

produzido a partir de um exagero. É a partir da relação entre o que

é dito e os recursos visuais que é possível entender que o combustível está encarecido. O preço está tão alto que os

personagens olham para cima, como se estivessem enxergando um

avião. De olhos arregalados e bocas abertas, os personagens

expressam espanto diante da constatação.

Alguns direcionamentos

Promover a identificação dos efeitos de ironia e humor em textos diversos, assim como a compreensão de como esses efeitos são gerados.

D14 / D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso

da pontuação e de outras notações

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve identificar os efeitos de sentido provocados pelo emprego de sinais de pontuação e outras notações.

5º ANO | 9º ANO

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D o m i n a n d o o s d e s c r i t o r e s d o S A E B 2 0 2 1 | 49

Sumário

Objeto de conhecimento envolvido Sinais de pontuação e outras notações Os sinais de pontuação, além de demarcarem unidades de sentido, garantem expressividade ao texto, provocando efeitos de sentido diversos. Notações como a caixa alta, o itálico e o negrito também são recursos utilizados para marcar alguns sentidos. Quando tratamos dos efeitos de sentido do uso da pontuação, estamos nos referindo à relação entre semântica e pontuação e ao objetivo discursivo do falante. Vejamos a seguir, de forma objetiva, como alguns efeitos de sentido podem ser provocados pelo uso de determinados sinais de pontuação e outras formas de notação. 1. Ponto ( . ) O ponto é utilizado para encerrar uma declaração, mas também, pode ser empregado para dar dinamicidade à leitura, efeito de movimento. Vejamos o exemplo a seguir. “Era um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou. Subiu. Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo. ” Veja como o uso do ponto promove ritmo à leitura. Além de destacar cada período da vida do sujeito, o ponto gera dinamicidade, dando ideia de uma vida "corrida", marcada por ações e diferentes estados. 2. Ponto de exclamação ( ! ) O ponto de exclamação é empregado para assinalar algum estado emocional como admiração, indignação, medo etc. É comum sua utilização em história em quadrinhos, charge, tirinha, cartum etc. para sinalizar o estado de espírito dos personagens. Ainda utilizando o exemplo do cartum do D16, vejamos o emprego do ponto de exclamação.

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Sumário

Fonte: https://www.todoestudo.com.br/portugues/humor

O sinal de exclamação reforça, junto aos recursos visuais, o estado de espanto dos personagens diante da constatação do preço do combustível. Além disso, o ponto é escrito duas vezes, o que maximiza a reação de assombro. Em frases imperativas, usamos o ponto de exclamação para marcar a fala de ordem, conselho ou pedido. Ex.: Saia daqui agora mesmo! Após interjeições, utilizamos o ponto de exclamação para marcar a expressão de sentimentos e estados de espírito. Ex.: Ufa! Cheguei a tempo. 3. Reticências ( ... ) Utilizamos as reticências para - marcar a descontinuação de um pensamento Ex.: Ana disse que não queria, mas... - indicar a supressão de partes de um texto Ex.: [...] tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de todo mundo e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam

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Sumário

de fazer) acaba afetando nossas vidas.” (Modernidade Líquida, Bauman, 2001) - indicar suspense, hesitação Ex.: Eu não a abraçava porque... porque... eu tinha vergonha! - ressaltar uma palavra ou expressão, com finalidade maliciosa ou irônica. Ex.: Ana tem um corpo fenomenal... 4. Aspas ( “ ” ) Utilizamos as aspas para - demarcar citações Ex.: Sobre o egoísmo, dizia Émile Durkheim: “Nosso egoísmo é, em grande parte, produto da sociedade”. - marcar palavras de outras línguas, gírias e expressões populares Ex.: Ano passado, participamos do “réveillon” carioca. Alberto é uma pessoa de “cabeça dura”. - para ressaltar uma palavra ou expressão, com finalidade maliciosa ou irônica. Ex.: Se ele fosse “meu”... 5. Outras notações - Caixa alta A caixa alta, isto é, a escrita em letras maiúsculas, é um recurso gráfico utilizado para conferir ênfase a palavras ou expressões. Empregado com recorrência em títulos. Mas também, pode significar alguém irritado. Por exemplo, ao mandar a seguinte mensagem via Whatsapp, "ANA BEATRIZ, já faz 1 hora que ESTOU ESPERANDO VOCÊ!, o locutor demonstra irritação. O uso da caixa alta sugere a ideia de que o locutor está gritando.

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Sumário

Ex.: ANA BEATRIZ, já faz 1 hora que estou esperando você! - Itálico O efeito de sentido provocado pelo uso do itálico é o de conferir destaque. Vejamos as situações em que ele é empregado: 1. títulos de produções artísticas, literárias, técnicas e científicas Ex.: O livro A gramática para concursos públicos é uma obra indispensável para quem pretende prestar concurso público. 2. Nome de jornais, revistas, programas de rádio e televisão Ex.: Fantástico é um programa que aborda jornalismo, denúncia, esporte, humor, dramaturgia, música e ciência. 3. Palavras estrangeiras não aportuguesadas Ex.: O stress de Paulo é contagioso. 4. Nomes científicos de espécies animais e vegetais Ex.: Aedes aegypti é a nomenclatura taxonômica do conhecido mosquito da Dengue. - Negrito Recurso empregado para realçar alguma parte do texto. Normalmente, é utilizado em títulos de obras artísticas, literárias, técnicas e científicas, mas também para destacar palavras-chave. Ex.: Nesse semestre, estudaremos fonologia, acentuação gráfica e ortografia. Alguns direcionamentos Promover a identificação dos efeitos de sentido do uso de pontuação e outras formas de notação em textos diversos para além do estudo gramatical. Mostrar como esses recursos geram determinados sentidos, que estão relacionados aos objetivos discursivos do falante.

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Sumário

D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve identificar o sentido provocado pelo uso de determinada palavra ou expressão.

Objeto de conhecimento envolvido Figuras de linguagem

As figuras de linguagem consistem em recursos expressivos que

promovem determinados efeitos de sentidos conforme a atitude

criativa que explora aspectos semânticos, fonológicos e sintáxicos.

Determinadas palavras ou expressões passam a apresentar

sentidos diversos, ampliados conforme a intenção comunicativa.

Destacaremos abaixo algumas figuras de linguagens e seus

respectivos efeitos de sentido, decorrentes da escolha de

determinada palavra ou expressão e a estratégia criativa.

1. Hipérbole: expressa um exagero. As expressões são

intencionalmente empregadas para expressar grandeza,

maximizar uma vontade, um sentimento, um estado, uma ação.

Exemplos: Chamei Ana Maria mais de mil vezes.

Paulo chorou um rio de lágrimas.

2. Ironia: pretende afirmar o contrário daquilo que está posto.

Exemplos: André é um ótimo aluno. Só tira zero nas provas.

Sandra cozinha tão bem que nem o seu cachorro come.

9º ANO

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Sumário

3. Eufemismo: consiste em amenizar a gravidade de um fato ou

situação.

Exemplos: Anderson partiu dessa para uma melhor.

Amélia sempre falta com a verdade.

4. Metáfora: trata de efetuar uma comparação implícita.

Exemplos: A razão é a luz na escuridão.

O pavão é um arco-íris de plumas.

5. Sinestesia: expressa uma fusão de sensações relacionadas aos

sentidos (tato, audição, olfato, paladar e visão).

Exemplos: Sua voz soava docemente pelo salão principal (audição

+ paladar)

Dirigiu-me um comentário duro e amargo (tato + paladar)

Alguns direcionamentos

Para a avaliação do Saeb, é menos importante lembrar da

nomenclatura e mais importante entender o efeito de sentido ou a

intenção comunicativa decorrente da escolha de determinada

palavra ou expressão.

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Sumário

D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração

de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve identificar o sentido provocado pela

subversão de alguns aspectos na estrutura sintática.

Objeto de conhecimento envolvido Figuras de linguagem > figuras de sintaxe

As figuras de sintaxe ou figuras de construção, um grupo de figuras

de linguagem, tratam sobre as possibilidades de construção

sintática da oração, relacionadas à repercussão de determinados

sentidos. As figuras de sintaxe operam com a inversão, repetição ou

omissão de termos. Vejamos algumas figuras de sintaxe.

1. Elipse: ocorre quando há omissão de um termo ou expressão.

Exemplo: Fomos ao shopping ontem à noite. Fofocamos, lanchamos

e fizemos compras.

É possível subentender, por meio da flexão dos verbos, que quem

pratica a ação de ir ao shopping, de fofocar, de lanchar e de fazer

compras só pode ser “nós”, um grupo de pessoa, tendo em vista que

os verbos se encontram conjugados na 1ª pessoa do plural – nós,

termo que está omitido.

2. Assíndeto: ocorre quando há a ausência de conectivos.

Exemplo: Acordei, comi, saí, trabalhei, voltei, dormi.

É possível perceber como a ausência de conectivos entre os verbos

de ação expressa uma vida corrida, uma rotina que parece não ter

pausas.

9º ANO

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Sumário

3. Polissíndeto: ocorre quando há a repetição de conectivos.

Exemplo: Pedro não era assim, tão frágil, e bobo, e inocente, e fácil.

Na oração, percebemos a repetição do conectivo “e”, que serve para

enumerar características de Pedro, ao mesmo tempo que confere

ênfase a cada um desses modos de ser do sujeito Pedro.

4. Anáfora: ocorre quando há o uso recorrente de vocábulos ou

expressões em início de versos ou frases.

Exemplos: “Era uma estrela tão alta!/ Era uma estrela tão fria!/ Era

uma estrela sozinha/ Luzindo no fim do dia”. (Manuel Bandeira)

A repetição da expressão “Era uma estrela” dá ênfase à referida

estrela. Não se tratava de qualquer uma. A expressão repetida

singulariza este corpo celeste.

5. Pleonasmo: ocorre quando há a repetição de uma ideia, cujo

objetivo é enfatizá-la.

Exemplo: Arregaçou as mangas e encarou de frente a situação.

A palavra “encarar” traz a ideia de olhar de frente, quando somada

à expressão “de frente”, maximiza-se o modo como foi tratada a

situação por alguém.

Alguns direcionamentos

Para a avaliação do Saeb, é menos importante lembrar da

nomenclatura e mais importante entender o efeito de sentido ou a

intenção comunicativa decorrente da escolha de determinada

construção sintática da oração.

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Sumário

D10 / D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam

o locutor e o interlocutor de um texto

Em miúdos

Nesse descritor, o aluno deve reconhecer as pistas linguísticas que marcam o locutor e o interlocutor de um texto.

Objeto de conhecimento envolvido

Locutor e interlocutor; Variação linguística

O locutor e o interlocutor são considerados elementos da

comunicação. O locutor, também chamado de emissor, se refere

àquele que fala, que comunica uma mensagem. Já o interlocutor,

também chamado de receptor, é o destinatário da mensagem

produzida pelo locutor. No texto, é possível identificar marcas

linguísticas que sugerem o locutor e o interlocutor de um texto.

Essas marcas linguísticas podem ser evidenciadas nos diversos

modos de falar. Essa variação, por sua vez, pode estar relacionada

a diversos fatores como espaço geográfico, sexo, idade, classe social, escolaridade, grau de formalidade da situação de

comunicação etc. Nesse sentido, estamos falando em variação

linguística.

A variação linguística pode ser percebida no percurso histórico da

língua - variação histórica ou diacrônica.

Palavras e expressões, com o passar do tempo, deixam de ser

usadas dando lugar a outras e isso devido a fatores linguísticos e

extralinguísticos. Um exemplo clássico são as transformações que

já passou a palavra “você”. Inicialmente temos a forma “Vossa

5º ANO | 9º ANO

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Sumário

Mercê”, que, devido a influências de alguns fatores, passou a forma

“Vosmecê” e que, devido a influência de outros fatores, passou a

forma “Você”, configuração atual, legitimada pela norma-padrão.

No entanto, é possível verificar em contextos informais, o uso da

abreviação “cê” ou, ainda, “vc”. Essa última, comum em mensagens

trocadas em aplicativos de mensagens instantâneas como o WhatsApp. Muito do que nossos avós falavam não se fala mais, bem

como muitas expressões que usamos na contemporaneidade serão

taxadas como ultrapassadas daqui a um tempo.

A variação linguística pode ser percebida também por meio dos

diferentes falares que estão relacionados aos diversos espaços

geográficos - variação geográfica ou diatópica.

Esse tipo de variação ocorre no nível do léxico. Por exemplo, temos

vários vocábulos para designar uma mesma coisa, mas também

ocorre no nível fonético, como é o caso da existência dos diversos

sotaques no território brasileiro.

Aipim, mandioca e macaxeira se referem a planta Manihot

Esculenta. A variedade de vocábulo está relacionada à região geográfica: o termo aipim é mais usado no litoral sul de São Paulo,

litoral do Paraná, parte de Santa Catarina e se espalha no Rio

Grande do Sul. O termo mandioca é mais usado em Minas Gerais,

São Paulo, no norte do Paraná, regiões Norte e Centro-oeste e o

termo macaxeira é mais usado no Nordeste, segundo pesquisa do

Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade Federal

de Lavras (DEL/UFLA).

Quanto aos sotaques, estamos nos referindo ao modo como se fala,

isto é, à pronúncia. No Brasil, devido à imigração de povos de

diferentes lugares, há uma diversidade de sotaques como o caipira,

paulista, carioca, gaúcho, mineiro, baiano etc. Cada sotaque apresenta uma peculiaridade, um traço distintivo, de modo que ao

escutarmos um falante é possível reconhecer de que lugar ele é. Por

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Sumário

exemplo, quem pronuncia o S bem chiado, parecendo um X, logo

demonstra ser morador da região metropolitana do Rio de Janeiro.

A região foi sede da corte portuguesa entre 1808 e 1821, dessa

forma, recebeu bastante influência do português de Portugal.

A variação linguística pode ser percebida também por meio da

linguagem peculiar dos diferentes grupos sociais - variação social ou diatópica.

De acordo com a atividade e/ou nível socioeconômico, os grupos

sociais possuem um linguajar próprio, uma espécie de código que

facilita a comunicação entre os membros e também identifica esses

grupos. Dessa forma, por exemplo, as mães possuem um modo

particular de se expressar, assim como os adolescentes, os idosos,

os médicos, os advogados, os professores etc. É comum a utilização

da palavra “crush” entre os adolescentes contemporâneos quando

se quer referir a alguém com quem está se paquerando ou se tem

atração. No universo jurídico, quando se quer referir a uma decisão

definitiva, a qual não cabe recurso, usa-se o termo “trânsito em

julgado”.

A variação linguística pode ser percebida ainda pelo nível de

formalidade empregado em diferentes contextos de interação -

variação situacional ou diafásica.

Quando um professor está ministrando uma palestra, ele faz uso

da linguagem formal, isto é, da norma-padrão. Já quando esse

mesmo professor está conversando entre amigos, ele tem liberdade

para utilizar uma linguagem mais espontânea, despreocupada com

às regras da norma-padrão, recorrendo a gírias, abreviações na

escrita etc. Nesse caso, é o uso da linguagem informal que se

sobressai.

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Sumário

Alguns direcionamentos

Abordar o estudo da variação linguística, com ênfase nas variações geográfica, social e situacional. Apresentar diferentes textos que retratem os diversos modos de falar e explicitar a razão de determinado jeito de falar, que deverá está associado a aspectos geográficos, sociais ou situacionais.

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Sumário

PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 3. ed. São Paulo: Método, 2018.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Matriz de referência de Língua Portuguesa e Matemática do SAEB. Brasília: MEC, 2020.Disponível em: https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_basica/matriz_de_referencia_de_lingua_portuguesa_e_matematica_do_saeb.pdf Acesso em: 30 jun. 2021