Dom Casmurro

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  Machado de Assis Don Cas murr o

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 Machado de AssisDon Casmurro

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SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

 Ministro de Estado Chefe  Luiz Soares Dulci

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES

 Ministro de Estado Embaixador Celso Amorim

Secretário-Geral  Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães

FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO

Presidente  Embaixador Jeronimo Moscardo

A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério dasRelações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacionale sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opiniãopública nacional para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira.

Ministério das Relações ExterioresEsplanada dos Ministérios, Bloco HAnexo II, Térreo, Sala 170170-900 Brasília, DFTelefones: (61) 3411 6033/6034/6847Fax: (61) 3411 9125Site: www.funag.gov.br

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 Traducido del original portugués por Nicolás Extremera Tapia

 Machado de AssisDon Casmurro

Brasília, 2008

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Copyright ©, Fundação Alexandre de Gusmão

Equipe técnica:Eliane Miranda PaivaMaria Marta Cezar LopesCíntia Rejane Sousa Araújo Gonçalves

Projeto gráfico e diagramação:Cláudia Capella e Paulo Pedersolli

Impresso no Brasil 2008

Assis, Machado de.Don Casmurro / Machado de Assis; traducido del original portugués por Nicolás Extremera

Tapia.– Brasília : Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.p.87

ISBN 978-85-7631-140-9

1. Literatura Brasileira. 2. Assis, Machado de, 1839-1908. I. Extremera Tapia, Nicolás. II.

Título.CDU 821.134.3-3=134.2

Direitos de publicação reservados à

Fundação Alexandre de GusmãoMinistério das Relações ExterioresEsplanada dos Ministérios, Bloco H

Anexo II, Térreo70170-900 Brasília – DFTelefones: (61) 3411 6033/6034/6847/6028Fax: (61) 3411 9125Site: www.funag.gov.brE-mail: [email protected]

Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lei n° 10.994, de 14.12.2004.

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PRESENTACIÓN ................................................................ 21

CAPÍTULO I- Sobre el título ............................................................... 27

CAPÍTULO II- Sobre el libro ................................................................ 33

CAPÍTULO III- La denuncia ................................................................... 41

CAPÍTULO IV- ¡Un deber amarguísimo! .............................................. 49

CAPÍTULO V- El allegado .................................................................... 53

CAPÍTULO VI- Mi tío Cosme ................................................................ 61

CAPÍTULO VII- Doña Gloria ................................................................ 67

SUMAR IO

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CAPÍTULO VIII- Es el momento .............................................................. 73

CAPÍTULO IX- La ópera ........................................................................ 77

CAPÍTULO X- Acepto la teoría ............................................................ 85

CAPÍTULO XI- La promesa ................................................................... 89

CAPÍTULO XII- En el porche .................................................................. 95

CAPÍTULO XIII- Capitú ............................................................................. 103

CAPÍTULO XIV- La inscripción ................................................................ 111

CAPÍTULO XV- Otra voz repentina ....................................................... 115

CAPÍTULO XVI- El administrador interino ............................................. 121

CAPÍTULO XVII- Los gusanos ................................................................... 129

CAPÍTULO XVIII- Un plan .......................................................................... 133

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CAPÍTULO XIX- Sin falta ......................................................................... 145

CAPÍTULO XX- Mil padrenuestros y mil avemarías ........................... 149

CAPÍTULO XXI- La prima Justina ........................................................... 155

CAPÍTULO XXII- Sensaciones ajenas ....................................................... 161

CAPÍTULO XXIII- A plazo fijo ................................................................... 165

CAPÍTULO XXIV- Entre madre y criado ................................................... 169

CAPÍTULO XXV- En el Paseo Público ..................................................... 173

CAPÍTULO XXVI- Las leyes son bellas ..................................................... 183

CAPÍTULO XXVI- En el portón .................................................................. 189

CAPÍTULO XXVII- En la calle ..................................................................... 193

CAPÍTULO XXIX- El Emperador ................................................................ 197

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CAPÍTULO XXX- El Santísimo ................................................................... 203

CAPÍTULO XXXI- Las curiosidades de Capitú ......................................... 213

CAPÍTULO XXXII- Ojos de resaca ............................................................. 221

CAPÍTULO XXXIII- El peinado ..................................................................... 229

CAPÍTULO XXXIV- ¡Soy un hombre! ........................................................... 235

CAPÍTULO XXXV- El protonotario apostólico ........................................... 243

CAPÍTULO XXXVI- Idea sin piernas e idea sin brazos ............................ 251

CAPÍTULO XXXVII- El alma está llena de misterios .................................. 255

CAPÍTULO XXXVIII- ¡Qué susto, Dios mío! .................................................. 261

CAPÍTULO XXXIX- La vocación ................................................................... 265

CAPÍTULO XL- Una yegua ..................................................................... 273

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CAPÍTULO XLI- La audiencia secreta .................................................... 277

CAPÍTULO XLII- Capitú reflexionando .................................................... 285

CAPÍTULO XLIII- ¿Tienes miedo? ............................................................. 291

CAPÍTULO XLIV- El primer hijo ................................................................ 297

CAPÍTULO XLV- Niégalo con la cabeza, lector .................................... 305

CAPÍTULO XLVI- Las paces ....................................................................... 309

CAPÍTULO XLVII- “La señora ha salido” .................................................. 313

CAPÍTULO XLVIII- Juramento del pozo ..................................................... 317

CAPÍTULO XLIX- Una vela los sábados .................................................. 323

CAPÍTULO L- Un término medio ........................................................ 327

CAPÍTULO LI- Entre claro y oscuro ..................................................... 333

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CAPÍTULO LII- El viejo Padua ............................................................... 337

CAPÍTULO LIII- ¡En camino! ................................................................... 343

CAPÍTULO LIV- Panegírico de Santa Mónica ....................................... 349

CAPÍTULO LV- Un soneto ...................................................................... 357

CAPÍTULO LVI- Un seminarista .............................................................. 365

CAPÍTULO LVII- De preparación ............................................................. 371

CAPÍTULO LVIII- El tratado ....................................................................... 375

CAPÍTULO LIX- Convidados de buena memoria .................................. 381

CAPÍTULO LX- Querido opúsculo ......................................................... 385

CAPÍTULO LXI- La vaca de Homero ..................................................... 389

CAPÍTULO LXII- Un asomo de Yago ...................................................... 399

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CAPÍTULO LXIII- Mitades de un sueño ................................................... 405

CAPÍTULO LXIV- Una idea y un escrúpulo ............................................ 411

CAPÍTULO LXV- El disimulo ..................................................................... 417

CAPÍTULO LXVI- Intimidad ........................................................................ 423

CAPÍTULO LXVII- Un pecado ..................................................................... 429

CAPÍTULO LXVIII- Aplacemos la virtud ..................................................... 437

CAPÍTULO LXIX- La misa .......................................................................... 441

CAPÍTULO LXX- Después de la misa ..................................................... 445

CAPÍTULO LXXI- Visita de Escobar .......................................................... 451

CAPÍTULO LXXII- Una reforma dramática ............................................... 459

CAPÍTULO LXXIII- El regidor ....................................................................... 463

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CAPÍTULO LXXIV- La presilla ...................................................................... 469

CAPÍTULO LXXV- La desesperación .......................................................... 473

CAPÍTULO LXXVI- Explicación ..................................................................... 477

CAPÍTULO LXXVII- Placer de viejos dolores .............................................. 483

CAPÍTULO LXXVIII- Secreto por secreto ...................................................... 487

CAPÍTULO LXXIX- Vamos al capítulo ......................................................... 495

CAPÍTULO LXXX- Vengamos al capítulo ................................................... 499

CAPÍTULO LXXXI- Una palabra .................................................................. 507

CAPÍTULO LXXXII- El canapé ....................................................................... 513

CAPÍTULO LXXXIII- El retrato ........................................................................ 517

CAPÍTULO LXXXIV- Llamado ......................................................................... 523

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CAPÍTULO LXXXV- El difunto ....................................................................... 529

CAPÍTULO LXXXVI- ¡Amad, muchachos! ...................................................... 535

CAPÍTULO LXXXVII- La calesa ....................................................................... 539

CAPÍTULO LXXXVIII- Un pretexto honesto ..................................................... 545

CAPÍTULO LXXXIX- La negativa .................................................................... 549

CAPÍTULO XC- La polémica ................................................................... 553

CAPÍTULO XCI- Ocurrencia que consuela ............................................ 561

CAPÍTULO XCII- El diablo no es tan feo como lo pintan ..................... 565

CAPÍTULO XCIII- Un amigo por un difunto ............................................ 569

CAPÍTULO XCIV- Ideas aritméticas ........................................................... 577

CAPÍTULO XCV- El Papa .......................................................................... 585

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CAPÍTULO XCVI- Un sustituto .................................................................... 593

CAPÍTULO XCVII- La salida ........................................................................ 599

CAPÍTULO XCVIII- Cinco años .................................................................... 603

CAPÍTULO XCIX- El hijo es el retrato de su padre ................................ 609

CAPÍTULO C- “¡Tú serás feliz, Bentiño!” ............................................ 613

CAPÍTULO CI- En el cielo ..................................................................... 621

CAPÍTULO CII- De casada ..................................................................... 625

CAPÍTULO CIII- La felicidad tiene buen corazón ................................. 631

CAPÍTULO CIV- Las pirámides ................................................................ 635

CAPÍTULO CV- Los brazos ..................................................................... 641

CAPÍTULO CVI- Diez libras esterlinas ................................................... 647

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CAPÍTULO CVII- Celos del mar ............................................................... 655

CAPÍTULO CVIII- Un hijo ........................................................................... 661

CAPÍTULO CIX- Un hijo único ................................................................ 669

CAPÍTULO CX- Rasgos de la infancia .................................................. 673

CAPÍTULO CXI- Contado rápidamente ................................................... 681

CAPÍTULO CXII- Las imitaciones de Ezequiel ........................................ 685

CAPÍTULO CXIII- Embargos de tercero .................................................... 691

CAPÍTULO CXIV- En que se explica lo explicado .................................. 697

CAPÍTULO CXV- Dudas sobre dudas ...................................................... 703

CAPÍTULO CXVI- Hijo del hombre ........................................................... 709

CAPÍTULO CXVII- Amigos próximos .......................................................... 715

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CAPÍTULO CXVIII- La mano de Sancha ..................................................... 721

CAPÍTULO CXIX- ¡No hagas eso, querida! ............................................. 731

CAPÍTULO CXX- Los autos ....................................................................... 735

CAPÍTULO CXXI- La catástrofe ................................................................. 739

CAPÍTULO CXXII- El entierro ...................................................................... 743

CAPÍTULO CXXIIII- Ojos de resaca ............................................................. 749

CAPÍTULO CXXIV- El discurso ..................................................................... 753

CAPÍTULO CXXV- Una comparación ......................................................... 757

CAPÍTULO CXXVI- Cavilando ....................................................................... 761

CAPÍTULO CXXVII- El barbero ..................................................................... 767

CAPÍTULO CXXVIII- Puñado de sucesos ....................................................... 771

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CAPÍTULO CXXIX- A D.ª Sancha ................................................................. 777

CAPÍTULO CXXX- Un día… ........................................................................ 781

CAPÍTULO CXXXI- Anterior al anterior ...................................................... 785

CAPÍTULO CXXXII- El boceto y la pintura .................................................. 789

CAPÍTULO CXXXIIII- Una idea ........................................................................ 797

CAPÍTULO CXXXIV- El sábado ...................................................................... 801

CAPÍTULO CXXXV- Otelo .............................................................................. 805

CAPÍTULO CXXXVI- La taza de café ............................................................ 811

CAPÍTULO CXXXVII- Segundo impulso .......................................................... 817

CAPÍTULO CXXXVIII- Capitú que entra ........................................................... 821

CAPÍTULO CXXXIX- La fotografía ................................................................. 827

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CAPÍTULO CXL- A la vuelta de la iglesia ............................................. 831

CAPÍTULO CXLI- La solución .................................................................... 837

CAPÍTULO CXLII- Una santa ...................................................................... 841

CAPÍTULO CXLIII- El último superlativo ..................................................... 847

CAPÍTULO CXLIV- Una pregunta tardía .................................................... 851

CAPÍTULO CXLV- El regreso ...................................................................... 855

CAPÍTULO CXLVI- No hubo lepra .............................................................. 863

CAPÍTULO CXLVII- La exposición retrospectiva ......................................... 867

CAPÍTULO CXLVIII- Bien, ¿y el resto? ......................................................... 871

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Presentación

Don Casmurro

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Joaquim Maria Machado de Assis esconsiderado por muchos el escritor brasileñomás importante de todos los tiempos. ElMinisterio de la Cultura, al instituir el AñoNacional de Machado de Assis paraconmemorar el centenario de su muerte en2008, le ha rendido un justo homenaje con larealización de eventos literarios en Brasil y

en el extranjero. La presente edición de Dom Casmurro en español, destinada especialmentea los países del Mercosur, forma parte deesas iniciativas.

Fruto de la colaboración entre laSecretaría General de la Presidencia de laRepública de Brasil, el Ministerio de Cultura,el Ministerio de Relaciones Exteriores y laFundación Alexandre de Gusmão, estaedición ha contado con el apoyo de laAcademia Brasileña de Letras, de la cualMachado de Assis fue uno de sus fundadoresy su primer presidente. Se basa en la idea

PRESENTAC IÓN

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MACHADO DE ASSIS

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de que para acercar el Mercosur a nuestrospueblos es necesario ampliar los horizontesculturales de la integración regional. El libroy la lectura son medios privilegiados paralograr ese objetivo común, especialmentecuando se trata de un escritor de la talla deMachado de Assis.

Machado de Assis produjo una obraextensa y variada, destacando en la crónica,el teatro, la poesía y, especialmente, en lanovela. Como observa el profesor AlfredoBosi:

”El objeto principal de Machado de 

Assis es la conducta humana. Ese 

horizonte es alcanzado por medio de la percepción de palabras, pensamientos,

obras y silencios de hombres y mujeres 

que vivieron en Río de Janeiro durante el 

Segundo Imperio. Las referencias locales 

e históricas no sólo no son irrelevantes,

sino que son prácticamente todo para la 

crítica sociológica. De todos modos late 

en él casi una fuerza de universalización que hace a Machado inteligible en 

lenguas, culturas y tiempos muy diversos 

de su vernáculo luso-carioca y de su 

repertorio de personas y situaciones de 

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DON CASMURRO

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nuestro limitado Siglo XIX fluminense 

burgués…” 1 

La obra de Machado de Assis ha sidotraducida al inglés, alemán, danés, español,francés, holandés, italiano, serbio-croata,árabe, polaco, rumano, sueco, checo yestonio.

La presente traducción de Dom Casmurro  al español se inscribe en lasactividades del Programa Mercosur Social y Participativo de la Presidencia Pro Tempore brasileña del Mercosur. Instituido por elPresidente Luiz Inácio Lula da Silva, estePrograma crea, desde el lado brasileño, un

nuevo espacio de diálogo entre el gobiernofederal, las organizaciones sociales y losmovimientos populares del Mercosur. Es elresultado de la actual etapa de la integración,en el que la necesidad de profundizar en lasbases de una auténtica ciudadanía regionalse suma a las iniciativas de complementariedadeconómica.

Ofrecer a las nuevas generaciones laoportunidad de conocer a Machado de Assis1 Alfredo Bosi, “Machado de Assis: O enigma do olhar”,4ª ed., Martins Fontes, São Paulo, 2007.

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MACHADO DE ASSIS

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es una forma de promover la cultura ycelebrar la diversidad cultural del Mercosur.Independientemente de lo que pueda ocurriren otras áreas, no existen asimetrías en loque concierne a la riqueza cultural de cadapaís. Que esta iniciativa contribuya para ladifusión de la cultura como un bien socialde la integración regional.

Ministro de Estado das Relações ExterioresCelso Amorim 

Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geralda Presidência da República

Luiz Soares Dulci 

Ministério de Estado da CulturaJuca Ferreira 

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Capítulo 1

Sobre el título

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Sobre el título2

Una de estas noches, cuando venía dela ciudad al Ingenio Nuevo, me encontré enel tren de la Central a un muchacho de aquí del barrio a quien conozco de vista y desaludo. Me dio la mano, se sentó a mi lado,habló de la luna y de los ministros y acabó

recitándome sus versos. El viaje era corto ylos versos quizá no fuesen del todo malos.Pero sucedió que como yo estaba cansadose me cerraron los ojos tres o cuatro veces yesto bastó para que interrumpiese la lecturay se metiese sus versos en el bolsillo.

CAP Í TULO I

2 Esta traducción está basada en la edición de la EditoraMérito, S.A. São Paulo, 1959, cuya nota inicial afirma:

“Tanto la fidelidad del texto del presente libro como suforma vernácula, fijada por el cotejo de las ediciones másautorizadas, son responsabilidad de Ary de Mesquita”.

Sería posible traducir  casmurro  por  cazurro ; ambosadjetivos están etimológicamente emparentados según losprincipales diccionarios etimológicos españoles

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MACHADO DE ASSIS

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- Continúe, dije despabilando.

- Ya he terminado, murmuró él.

- Son muy bonitos.

(Corominas) y brasileños (A. Nascentes). Semánticamente,el propio Machado de Assis nos advierte ya en este primer capítulo: “No consultes diccionarios. Casmurro no está

aquí en el sentido que éstos le dan, sino en el sentido dehombre callado y ensimismado que le da el vulgo”. Paraalgunos diccionarios, como el ideológico de la lenguaespañola de Julio Casares, ése es precisamente el únicosignificado que, como adjetivo, tiene en español:

‘De pocas palabras, callado y muy metido en sí’. Lasemejanza no se limita sólo a los aspectos etimológico ysemántico, también es evidente su parecido fonético.

Según el parecer del Dr. Leodegário A. de Azevedo Filho,como se desprende de la propia explicación del texto deMachado de Assis, la palabra Casmurro no tiene aquí función adjetiva, sino de nombre propio. Por consiguiente,no se debe traducir el nombre propio Casmurro, y sólo setraducirá para el español cazurro, cuando se encuentreen función adjetiva.

En cuanto al Dom , añade Machado de Assis, por boca deDom Casmurro: “El Don vino por ironía, para atribuirmehumos de hidalgo”. Efectivamente, Dom , en portuguésqueda restringido como fórmula de tratamiento amonarcas, príncipes, miembros de la alta nobleza, altoscargos eclesiásticos y como título concedido por los reyesa quienes prestaron altos servicios a la corte. Por elcontrario, Don , en español, se antepone, como fórmulade tratamiento, al nombre de cualquier persona conindependencia de su origen social e incluso en algunospaíses hispanoamericanos se aplica al apellido jocosa odespectivamente.

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DON CASMURRO

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Vi que hacía un gesto para sacárselosotra vez del bolsillo, pero no pasó de ahí,estaba molesto. Al día siguiente comenzó aponerme nombres desagradables y acabóapodándome Don Casmurro. Mis vecinos, aquienes no les gustan mis hábitos recluidos yreservados, hicieron circular ese apodo quefinalmente se impuso. A mí no me molestó.Les conté la anécdota a mis amigos de laciudad y ellos, de broma, me llaman así,algunos en sus mensajes: “Don Casmurro, eldomingo iré a cenar contigo”; “Me voy aPetrópolis, Don Casmurro, a la misma casade la Renania, a ver si dejas esa caverna delIngenio Nuevo y vienes a pasar quince díasconmigo”; “Querido Don Casmurro, no creas

que te dispenso mañana del teatro, ven y tequedas a dormir aquí en la ciudad; te ofrezcohabitación, té, cama; sólo no te ofrezcomujer”.

No consultes diccionarios. Casmurrono está aquí en el sentido que éstos le dan,sino en el sentido de hombre callado yensimismado que le da el vulgo. El Don vinopor ironía, para atribuirme humos de hidalgo.¡Todo por dar una cabezada! Tampoco heencontrado mejor título para mi narración y,si no encuentro otro mejor antes de finalizarel libro, dejaré este mismo. Mi poeta del tren

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MACHADO DE ASSIS

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acabará sabiendo que no le guardo rencor.Y con poco esfuerzo, siendo suyo el título,podrá pensar que la obra es suya. Hay librosque sólo tienen eso de sus autores y algunosni siquiera eso.

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Capítulo 2

Sobre el libro

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Sobre el libro

Ya que he explicado el título pasaré aescribir el libro. Antes, sin embargo, contarélos motivos que ponen la pluma en mi mano.

Vivo solo, con un criado. La casa quehabito es mía; la hice construir de propósito,llevado por un deseo tan particular que meavergüenza publicarlo, pero ahí va. Un día,hace bastantes años, caí en la cuenta dereproducir en el Ingenio Nuevo la casa en laque me crié, en la antigua calle deMatacavalos, dándole el mismo aspecto ycategoría de la que ya no existe. El arquitectoy el pintor entendieron bien las indicaciones

que les di: idéntico edificio abuhardillado,tres ventanas en la fachada, terraza al fondo,los mismos dormitorios y salas. En la salaprincipal, las pinturas del techo y de lasparedes son más o menos iguales, unasguirnaldas de pequeñas flores y grandes

CAP ÍTULO I I

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MACHADO DE ASSIS

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pájaros que las llevan en sus picos, de trechoen trecho. En las cuatro esquinas del techo,las figuras de las estaciones y, en el centrode las paredes, los medallones de César,Augusto, Nerón y Masinisa, con sus nombresdebajo… Desconozco el motivo de dichospersonajes. Cuando fuimos a vivir a la casade Matacavalos ya tenía esa decoración, queprocedía de la década anterior. Naturalmenteera propio de aquella época dar un saborclásico y poner figuras antiguas en laspinturas americanas. El resto es tambiénanálogo y parecido. Tengo huerto, flores,legumbres, una casuarina, un pozo y unlavadero. Uso loza vieja y mobiliario viejo.Finalmente, ahora como entonces, se produce

aquí el mismo contraste entre la vida interior,que es apática, con la exterior, que esagitada.

Mi evidente finalidad era anudar lasdos puntas de mi vida y recuperar laadolescencia en la vejez. Pues bien, no heconseguido recuperar lo que fue ni lo que

fui. Como en todo, aunque el rostro sea elmismo, la fisonomía es diferente. Si sólo mefaltasen los demás, sería aceptable; unhombre se consuela más o menos de laspersonas que pierde, pero no me hallo a mí 

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mismo y esta laguna es lo que cuenta. Quienaquí aparece, comparándolo mal, essemejante al tinte con que se tiñen la barba yel cabello, que sólo conserva la aparienciaexterna como se dice en las autopsias; lointerno no admite el tinte. Un certificado queme atribuyese veinte años de edad podríaengañar a los extraños, como todos losdocumentos falsos, pero no a mí. Los amigosque me quedan son de fecha reciente, todoslos antiguos fueron a estudiar la geología delos camposantos. Las amigas, algunas sonde hace quince años, otras de menos y casitodas creen en la juventud. Dos o tres se lopodrían hacer creer a los demás, pero ellenguaje que hablan obliga muchas veces a

consultar los diccionarios y tanta frecuenciacansa.

Sin embargo, vida diferente no quieredecir vida peor, sino distinta. En ciertosaspectos aquella vida antigua se me presentadesposeída de muchos encantos que le hallé;pero no es menos cierto que ha perdido

muchas espinas que la hicieron molesta y enla memoria conservo algún recuerdo dulce yhechicero. En realidad, salgo poco y hablomenos. Distracciones escasas. La mayor partedel tiempo la empleo en cultivar el huerto, eljardín y en leer; como bien y no duermo mal.

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Pero como todo cansa, esta monotoníaacabó por agotarme también. Quise variar ycaí en la cuenta de escribir un libro.Jurisprudencia, filosofía y política me vinierona la mente, pero no me asistieron las fuerzasnecesarias. Después pensé en hacer unaHistoria de los suburbios , menos pesada quelas memorias del Padre Luís Gonçalves dosSantos, referidas a la ciudad; sería una obramodesta, pero exigía documentos y fechascomo preliminares, todo árido y largo.Entonces fue cuando los bustos pintados enlas paredes comenzaron a hablarme y adecirme que, ya que ellos no habíanconseguido reconstruirme los tiempos idos,tomase la pluma y contase algunos. Quizá

la narración me produjese una ilusión yviniesen las sombras a deslizarse ligeras,como al poeta, no al del tren, sino al delFausto : ¿Aquí venís otra vez, inquietas sombras…? 

Me quedé tan contento con esta ideaque todavía ahora me tiembla la pluma en

la mano. Sí, Nerón, Augusto, Masinisa, y a tigran César, que me incitas a hacer miscomentarios, os agradezco el consejo y voya verter sobre el papel las reminiscencias queme vayan viniendo. De ese modo viviré lo queviví y asentaré mi mano para una obra de

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mayor fuste. Venga, comencemos laevocación por una célebre tarde denoviembre que nunca he olvidado. He tenidomuchas otras, mejores y peores, pero aquellanunca se me ha borrado del espíritu. Loentenderás conforme vayas leyendo.

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Capítulo 3 

La denuncia

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La denuncia

Iba a entrar en la sala de visitas cuandooí pronunciar mi nombre y me escondí detrásde la puerta. La casa era la de la calle deMatacavalos; el mes, el de noviembre; el añoes un tanto remoto, pero no cambiaré lasfechas de mi vida sólo para agradar a laspersonas a quienes no les gustan las historiasviejas; era el año de 1857.

- D.ª Gloria, ¿persiste usted en la ideade meter a nuestro Bentiño en el seminario?Ya ha pasado el momento e incluso podríasurgir un problema.

- ¿Qué problema?

- Un gran problema.

Mi madre quiso saber de qué se

CAP ÍTULO I I I

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trataba. José Dias, después de algunos instantesde concentración, vino a ver si había alguienen el pasillo; no me vio, volvió y, bajando lavoz, dijo que el problema estaba en la casa deal lado, en la familia de los Padua.

- ¿En la familia de los Padua?

- Hace tiempo que se lo estoyqueriendo decir, pero no me atrevía. No meparece bonito que nuestro Bentiño andeescondiéndose por los rincones con la hijadel Tortuga , y ahí está el problema, porquesi les da por enamorarse tendrá usted queluchar mucho para separarlos.

- No lo creo. ¿Escondiéndose por losrincones?

- Es una manera de hablar. Concuchicheos, siempre juntos. Bentiño casi nosale de allí. La muchacha es unadescerebrada, su padre hace como si no vieranada, pero ya le gustaría que las cosas fuesen

a parar… Comprendo su actitud, usted nocree en esos cálculos, le parece que todo elmundo tiene un alma cándida…

- Pero, Sr. José Días, he visto a losmuchachos jugando y nunca he visto nada

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que me haga desconfiar. Y menos a esa edad,Bentiño sólo tiene quince años. Capitúcumplió catorce la semana pasada, son dosjovenzuelos. No se olvide de que se hancriado juntos, desde la gran inundación, hacediez años, cuando la familia Padua perdiótantas cosas; hasta ahí se remontan nuestrasrelaciones. ¿Qué voy a pensar…? Cosme,hermano, ¿tú que crees?

Mi tío Cosme respondió con un “¡Yoqué sé!” que, traducido en romance, queríadecir: “Son imaginaciones de José Días; losmuchachos se divierten, yo me divierto;¿dónde está el back gamón ?” 

- Sí, creo que está usted equivocado.

- Puede ser, señora. ¡Ojalá tenganrazón!, pero crea que sólo he habladodespués de mucho cavilar…

- De cualquier manera, ya va siendohora, interrumpió mi madre; voy a tratar de

meterlo en el seminario cuanto antes.

- Bueno, ya que no ha olvidado la ideade hacerlo cura se ha mantenido lo principal.Bentiño tiene que cumplir los deseos de sumadre. Y además, la iglesia brasileña guarda

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altos destinos para él. No olvidemos que unobispo presidió la Constituyente ni que elpadre Feijó gobernó el imperio…

- ¡Gobernó desastrosamente!, cortó mitío Cosme, cediendo a antiguos rencorespolíticos.

- Perdón, doctor, no estoy defendiendo anadie, estoy citando. Lo que quiero decir es queel clero juega todavía un gran papel en Brasil.

- Usted lo que quiere es llevarse unapaliza en el juego; ande, vaya a buscar elback gamón . Y el muchacho, si ha de ser cura,realmente es mejor que no comience a decir

misa detrás de las puertas. Pero, mírame,hermana Gloria, ¿de verdad hay necesidadde hacerlo cura?

- Es una promesa y hay que cumplirla.

- Sé que hiciste la promesa…, pero, unapromesa así…, no lo sé… Creo que, pensándolo

bien… ¿A ti qué te parece, prima Justina?

- ¿A mí?

- Ciertamente cada cual sabe mejorque nadie lo que le conviene, continuó mi tío

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Cosme, y Dios sabe de todos. Sin embargo,una promesa de tantos años… ¿Pero qué tepasa Gloria? ¿Estás llorando? ¡Vaya porDios! ¿Eso es para llorar?

Mi madre se sonó sin responder. Laprima Justina creo que se levantó y fue ahablar con ella. Luego se produjo un gransilencio, durante el cual estuve a punto deentrar en la sala, pero otra fuerza mayor, otraemoción… No pude oír las palabras que mitío Cosme comenzó a decir. La prima Justinale daba ánimos: “¡Prima Gloria! ¡PrimaGloria!” José Días se disculpaba: “Si lohubiera sabido, no habría hablado, pero hehablado por la veneración, por la estima, por

el afecto, para cumplir un deber amargo, undeber amarguísimo…” 

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Capítulo 4

 ¡Un deber amarguísimo! 

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¡Un deber amarguísimo!

A José Días le encantaban lossuperlativos. Era una manera de darle unaapariencia monumental a las ideas; nohabiéndolas, servía para prolongar lasfrases. Se levantó para ir a buscar el back gamón  que estaba dentro de la casa. Mepegué a la pared y lo vi pasar con suspantalones blancos planchados, presillas,chaqueta y corbata de clip. Fue de los últimosque usaron presillas en Río de Janeiro y quizáen este mundo. Usaba pantalones un pococortos para que le quedasen bien lisos. Lacorbata de satén negro, con un arco de aceropor dentro, le inmovilizaba el cuello; estaba

entonces de moda. La chaqueta de algodón,prenda casera y leve, parecía en él unachaqueta de vestir. Era delgado, chupado,con una calva incipiente; tendría sus cincuentay cinco años. Se levantó con el paso pesadode costumbre, no el vagar arrastrado de los

CAP Í TULO I V

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perezosos, sino un vagar calculado ydeducido, un silogismo completo, la premisaantes de la consecuencia, la consecuencia antesde la conclusión. ¡Un deber amarguísimo!

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Capítulo 5 

El allegado

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El allegado

No siempre tenía aquel paso pesado yrígido. También se descompasaba cuandoentraba en acción; en sus movimientos eramuchas veces rápido y ágil, tan natural de unacomo de otra manera. Además, si era preciso,se reía ampliamente con una gran risainvoluntaria, pero comunicativa, de modo quelas mejillas, los dientes, los ojos, toda su cara,toda su persona, todo el mundo parecía reírsecon él. En los momentos graves, gravísimo.

Era nuestro allegado desde hacíamuchos años, desde cuando mi padre todavíaestaba en la antigua hacienda de Itaguaí y

yo acababa de nacer. Un día apareció allí haciéndose pasar por médico homeópata,llevaba un Manual  y una botica. Habíaentonces una epidemia de fiebres, José Díascuró al capataz y a una esclava y no quisorecibir ninguna remuneración. Entonces mi padre

CAP Í TULO V

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le propuso quedarse a vivir allí con unpequeño salario. José Días no lo aceptó,diciendo que era justo llevar la salud a lascasas humildes.

- ¿Quién le impide ir a otros lugares?Vaya adonde quiera, pero quédese a vivir connosotros.

- Volveré de aquí a tres meses.

Volvió al cabo de dos semanas,aceptó casa y comida sin otro estipendio queel que le quisiesen dar por benevolencia.Cuando mi padre fue elegido diputado y vinoa Río de Janeiro con la familia, él vino

también y tuvo su aposento en el fondo dela chácara. Un día, cuando se habíanpropagado de nuevo las fiebres en Itaguaí,mi padre le dijo que fuese a visitar a nuestrosesclavos. José Días permaneció callado,suspiró y acabó confesando que no eramédico. Había adoptado este título paraayudar a difundir la nueva escuela y no lo

hizo sin estudiar muchísimo, pero suconciencia no le permitía aceptar másenfermos.

- Pero usted los ha curado en otrasocasiones.

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- Creo que sí, pero lo más acertado seríadecir que fueron los remedios recomendadosen los libros. Los remedios, ellos sí. Abajo deDios, ellos. Yo era un charlatán… No lo niegueusted; los motivos de mi proceder podían ser yeran dignos; la homeopatía es la verdad y, paraservir a la verdad, mentí; pero ha llegado elmomento de aclarar las cosas.

No fue despedido como lo pidióentonces, mi padre ya no podía prescindir deél. Tenía el don de ser bien aceptado y hacerseindispensable, su ausencia se notaba como lade una persona de la familia. Cuando mi padremurió, el dolor que sintió fue enorme, segúnme dijeron, aunque no me acuerdo. Mi madre

le quedó muy agradecida y no consintió quedejase su habitación de la chácara; al séptimodía, después de la misa, fue a despedirse deella.

- Quédese con nosotros, José Días.

- Como mande, señora.

Recibió un pequeño legado en eltestamento, unas pólizas y cuatro palabras dereconocimiento. Copió las palabras, lasenmarcó y las colgó en su habitación, encimade la cama. “Estos son mis mejores pólizas”,

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decía muchas veces. Con el t iempo,adquirió cierta autoridad en la familia, oal menos cierta audiencia; no abusaba ysabía opinar obedeciendo. Al fin y al caboera un amigo, no diré que óptimo, pero notodo es óptimo en este mundo. Y no lesupongas un alma sumisa; susamabilidades, si las tenía, procedían antesdel cálculo que de su índole. La ropa leduraba mucho; al contrario de las personasque se manchan enseguida la ropa nueva,él llevaba su traje viejo cepillado y sinarrugas, zurcido, abotonado, con unaelegancia pobre y modesta. Aunque demanera arbitraria, era lo bastante leídocomo para entretener en los saraos y en

los postres o explicar algún fenómeno,hablar de los efectos del calor y del frío,de los polos y de Robespierre. Contabamuchas veces un viaje que había hecho aEuropa, y confesaba que si no fuera pornosotros ya habría vuelto allí; tenía amigosen Lisboa, pero decía que nuestra familia,abajo de Dios, lo era todo para él.

- ¿Abajo o arriba?, le preguntó un díami tío Cosme.

- Abajo, repitió José Días lleno deveneración.

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Y a mi madre, que era religiosa, legustó ver que ponía a Dios en su debido lugary sonrió asintiendo. José Días se lo agradecióinclinando la cabeza. Me madre le daba devez en cuando algunas monedas. Mi tíoCosme, que era abogado, le confiaba lacopia de papeles de autos.

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Capítulo 6 

 Mi tío Cosme

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Mi tío Cosme

Mi tío Cosme vivía con mi madre desdeque ella enviudó. Entonces ya era viudo comola prima Justina, era la casa de los tres viudos.

La fortuna cambia muchas veces lasmanos de naipes que reparte la naturaleza.Formado para las serenas funciones delcapitalismo, mi tío Cosme no se enriquecíaen el foro, iba subsistiendo. Tenía su bufeteen la antigua calle de las Violas, cerca delos juzgados, que estaban en el extinto Aljube.Se dedicaba a lo penal. José Días no seperdía las defensas orales de mi tío Cosme.Era quien le ponía y le quitaba la toga, con

muchos elogios al final. En casa relataba losdebates. Mi tío Cosme, por más modesto quequisiese ser, sonreía convencido.

Era gordo y pesado, tenía larespiración corta y los ojos dormilones. Uno

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de mis recuerdos más antiguos era verlomontar todas las mañanas la caballería quemi madre le había regalado y que lo llevabaal despacho. El negro que la había ido abuscar a la caballeriza, sostenía el freno,mientras él alzaba el pie y lo posaba en elestribo; luego venía un minuto de descansoo de reflexión. Después se daba un impulso,el primero; su cuerpo amenazaba con subir,pero no subía; en el segundo impulso,idéntico resultado. Finalmente, después dealgunos instantes demorados, mi tío Cosmereunía todas sus fuerzas físicas y morales, sedaba un último impulso desde el suelo y esavez caía encima de la silla. Difícilmente lacaballería podía disimular con un movimiento

que acababa de caerle el mundo encima. Mitío Cosme acomodaba sus carnes y el animalpartía al trote.

Tampoco se me ha olvidado lo que mehizo una tarde. Aunque nacido en laplantación (desde donde vine con dos añosde edad), y a pesar de las costumbres de la

época, yo no sabía montar y les tenía miedoa los caballos. Mi tío Cosme me agarró y medespatarró encima del animal. Cuando mevi en lo alto (tenía nueve años), solo ydesamparado, el suelo allí abajo, empecé a

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gritar desesperadamente: “¡Mamá! ¡Mamá!” Ella acudió, pálida y trémula, pensó que meestaban matando, me apeó y me acarició,mientras su hermano le preguntaba:

- Gloria, ¿cómo este grandullón tienemiedo de un animal manso?

- No está acostumbrado.

- Pues debería acostumbrarse. Yaunque llegue a ser cura, si fuese vicario enla plantación, sería necesario que montase acaballo; y, aquí mismo, incluso no siendocura, si quiere estar a la moda, como losdemás muchachos, y no sabe montar, se

disgustará contigo, Gloria.

- Pues que se disguste; me da miedo.

- ¡Miedo! ¡Qué miedo!La verdad es que sólo aprendí 

equitación más tarde, menos por gusto quepor la vergüenza de decir que no sabía

montar. “Ahora comenzará a cortejar deverdad”, dijeron cuando comencé las clases.No se podría decir lo mismo de mi tío Cosme.En él era vieja costumbre y necesidad. Ya noestaba para enamoramientos. Cuentan que,

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de joven, además de ser atractivo paramuchas damas, fue un político exaltado; perolos años le robaron la mayor parte de suardor político y sexual y la obesidad acabócon el resto de sus ideas públicas yespecíficas. Ahora sólo cumplía con lasobligaciones del oficio y sin amor. En lashoras de descanso pasaba el tiempo mirandoo jugando a las cartas. De vez en cuandocontaba chistes.

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Capítulo 7 

Doña Gloria

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Doña Gloria

Mi madre era buena persona. Cuandose murió su marido, Pedro de AlbuquerqueSantiago, tenía treinta y un años de edad y pudohaber regresado a Itaguaí. No quiso, prefirióquedarse cerca de la iglesia donde mi padrefue enterrado. Vendió la pequeña hacienda consus esclavos, compró algunos y los puso aproducir beneficio o los alquiló, una docenade casas, cierto número de pólizas, y se quedóen la casa de Matacavalos, donde había vividodurante sus dos últimos años de casada. Erahija de una señora de Minas, descendiente deotra paulista, la familia Fernandes.

Así pues, en aquel año de gracia de1857, D.ª María da Gloria FernandesSantiago tenía cuarenta y dos años de edad.Era aún bonita y joven, pero, por más que lanaturaleza quisiese preservarla del paso deltiempo, se obstinaba en esconder los restos

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de su juventud. Vivía metida en un eternovestido oscuro, sin adornos, con un chalnegro, doblado en triángulo y abrochado enel pecho con un camafeo. Los cabellos,peinados en dos bandas, estaban recogidossobre la nuca con una vieja peineta de carey;algunas veces llevaba una toca blancaplisada. Lidiaba así, con sus zapatos decordobán planos y sordos, de un lado a otro,viendo y guiando todos los servicios de lacasa entera, desde la mañana hasta la noche.

Tengo su retrato en la pared, al ladode su marido, como en la otra casa. La pinturaestá ya muy oscura, pero aún da una idea deambos. Sólo recuerdo de él, vagamente, que

era alto y tenía una abundante cabellera; suretrato muestra unos ojos redondos que meacompañan a todas partes, por efecto de lapintura que me asustaba de niño. Su cuellosurge de una corbata negra de muchasvueltas; el rostro completamente rasurado,salvo una pequeña parte junto a las orejas.El de mi madre muestra que era linda. Tenía

entonces veinte años y una flor entre losdedos. En el cuadro parece ofrecerle la flora su marido. Lo que se leen en la cara deambos es que, si la felicidad conyugal puedeser comparada al premio gordo, ellos lahabían ganado con un número comprado al

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alimón.Concluyo que no se deben abolir las

loterías. Ningún premiado las ha acusadojamás de inmorales así como nadie hatachado de mala la caja de Pandora porguardar la esperanza en su fondo, en algunaparte tiene que estar. Aquí tengo a los dosbien casados de otrora, los bien amados, losbienaventurados, que se fueron de esta vidaa la otra continuando probablemente unsueño.

Cuando la lotería y Pandora mehartan, alzo los ojos hacia ellos y olvido losnúmeros sin premio y la caja fatídica. Sonretratos que equivalen a los originales. El de

mi madre, ofreciendo la flor a su marido,parece decir: “¡Soy toda tuya, mi guapocaballero!” El de mi padre, mirando hacianosotros, hace este comentario: “Vean cómome quiere esta joven…” No sé si sufrieronincomodidades o disgustos: era un niño o nisiquiera habría nacido. Después de la muertede él, me viene a la memoria que ella lloró

mucho; pero aquí están los retratos de ambos,sin que la pátina del tiempo les haya quitadola primera expresión. Son como fotografíasinstantáneas de la felicidad.

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Capítulo 8 

Es el momento

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Es el momento

Es el momento de volver a aquella tardede noviembre, una tarde clara y fresca, sosegadacomo nuestra casa y el tramo de calle en quevivíamos. Realmente fue el principio de mi vida;todo lo que había sucedido antes había sido comoel maquillarse y vestirse de las personas que

tienen que entrar en escena, el encendido de lasluces, la afinación de los rabeles, la sinfonía…Ahora es cuando iba yo a comenzar mi ópera.“La vida es una ópera”, me decía un viejo tenoritaliano que vivió y murió aquí… Y un día meexplicó la definición de tal manera que meconvenció. Quizá valga la pena contarla, sóloocupa un capítulo.

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Capítulo 9

La ópera

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La ópera

Ya no tenía voz, pero se obstinaba endecir que la tenía. “El desuso es lo que meperjudica”, añadía. Siempre que llegaba deEuropa una nueva compañía, iba alempresario y le exponía todas las injusticiasde la tierra y del cielo; el empresario cometíauna más y él salía bramando contra lainiquidad. Se valía aún de los trucos de susantiguos papeles. Cuando andaba, a pesarde ser ya viejo, parecía que cortejaba a unaprincesa de Babilonia. A veces canturreaba,sin abrir la boca, algún fragmento tanto omás viejo que él; cantar en voz baja essiempre posible. Venía aquí algunas veces a

cenar conmigo. Una noche, después demucho Chianti, me repitió la definición desiempre y como yo le dijera que la vida tantopodía ser una ópera como un viaje por maro una batalla, negándolo con la cabeza,replicó:

CAP ÍTULO IX

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- La vida es una ópera y una granópera. El tenor y el barítono debaten con lasoprano, en presencia del bajo y de losdemás cantantes, cuando no son la sopranoy la contralto quienes debaten con el tenor,en presencia del bajo y de los otros cantantes.Hay coros numerosos, muchos bailes y laorquestación es excelente…

- Pero, mi caro Marcolini…

- ¿Dónde está el problema…?

Y, después de beber un sorbo, posóla copa y me expuso la historia de la creacióncon palabras que voy a resumir.

Dios es el poeta. La música es deSatanás, joven maestro con mucho futuro, queaprendió en el conservatorio del cielo. Rivalde Miguel, Rafael y Gabriel, no toleraba laprioridad que ellos tenían en la distribuciónde los premios. Puede ser también que lamúsica, dulce y mística en demasía, de sus

condiscípulos, le fuese abominable para sugenio esencialmente trágico. Tramó unarebelión que fue descubierta a tiempo y fueexpulsado del conservatorio. Todo habríaocurrido sin más si Dios no hubiese escritoun libreto de ópera, al que renunció por

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entender que tal género de entretenimientoera impropio de su eternidad. Satanás sellevó el manuscrito consigo al infierno. Conel fin de mostrar que valía más que los demás-y acaso para reconciliarse con el cielo-compuso la partitura y así que la acabó se lallevó al Padre Eterno.

- Señor, no he olvidado las leccionesrecibidas, le dijo. Aquí tenéis la partitura,escuchadla, enmendadla, hacedla interpretary, si la halláis digna de esas alturas,admitidme con ella a vuestros pies…

- No, replicó el Señor, no quiero oírnada.

- Pero, Señor…

- ¡Nada! ¡Nada!Satanás suplicó todavía, sin mejor

fortuna, hasta que Dios, cansado y lleno demisericordia, consintió que la ópera seinterpretara, pero fuera del cielo. Creó un

teatro especial, este planeta, e inventó unacompañía completa, con todos suscomponentes, primarios y secundarios, corosy danzarines.

- ¡Oíd ahora algunos ensayos!

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- No, no quiero saber nada de losensayos. Me basta con haber compuesto ellibreto, estoy dispuesto a repartir contigo losderechos de autor.

Quizá fue un inconveniente estanegativa, ya que por su causa surgieronalgunos desconciertos que una audiciónprevia y una colaboración amistosa habríanevitado. En efecto, hay lugares en los que elverso va hacia la derecha y la música haciala izquierda. No falta quien diga queprecisamente en eso está la belleza de lacomposición, huyendo de la monotonía, y así explican el trío del Edén, el aria de Abel, loscoros de la guillotina y la esclavitud. No es

raro que los mismos lances se reproduzcansin motivo suficiente. Ciertos temas cansan afuerza de repetirse. También se producenconfusiones; el compositor abusa de lasmasas corales, encubriendo muchas veces elsentido de un modo poco claro. Las partesorquestales están tratadas sin embargo congran pericia. Tal es la opinión de imparciales.

Los amigos del compositor creen quedifícilmente se puede hallar otra obra tan bienacabada. Algunos admiten ciertas rudezas ytales o cuales lagunas, pero en el transcursode la ópera es probable que éstas se cubrano expliquen, y aquéllas desaparezcan

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enteramente, sin que se niegue el compositora enmendar la obra donde crea que no secorresponde con el pensamiento sublime delpoeta. No dicen lo mismo los amigos de éste.Juran que el libreto fue sacrificado, que lapartitura corrompió el sentido de la letra y,aunque sea bonita en algunas partes ytrabajada con arte en otras, es absolutamentediferente y hasta contraria al drama. Logrotesco, por ejemplo, no se halla en el textodel poeta; es una exageración para imitarlas Alegres comadres de Windsor . Este puntoes refutado por los satanistas  con algunaapariencia de razón. Dicen que en la épocaen la que el joven Satanás compuso la granópera, no habían nacido ni esa farsa ni

Shakespeare. Llegan a afirmar que el poetainglés no tuvo mayor genialidad quetranscribir la letra de la ópera, con tal arte yfidelidad, que parece él mismo el autor de lacomposición; pero evidentemente es unplagiario.

- Esta pieza, concluyó el viejo tenor,

durará mientras dure el teatro, sin que sepueda calcular cuándo será demolido porconveniencia astronómica. El éxito escreciente. Poeta y músico recibenpuntualmente sus derechos de autor, que noson iguales, porque la regla de la división es

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como se dice en las Escrituras: “Muchos sonlos llamados, y pocos los elegidos”. Dioscobra en oro, Satanás en papel.

- Tiene gracia…

- ¿Gracia?, gritó con furia; peroenseguida se calmó y replicó: - CaroSantiago, yo no tengo gracia, le tengo horrora la gracia. Esto que digo es la verdad puray última. Un día, cuando todos los libros seanquemados por inútiles, habrá quien, puedeque un tenor, y quizá italiano, enseñe estaverdad a los hombres. Todo es música, amigomío. En el principio era el do , y el do se hizore , etc. Este copa (y la llenaba de nuevo),

este copa es un breve estribillo. ¿No se oye?Tampoco se oyen el palo ni la piedra, perotodo cabe en la misma ópera…

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Capítulo 10 

Acepto la teoría

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Acepto la teoría

Que sea demasiada metafísica paraun único tenor, no cabe duda; pero la pérdidade la voz lo explica todo y hay filósofos queson, en resumen, tenores en paro.

Yo, lector amigo, acepto la teoría demi viejo Marcolini, no sólo por laverosimilitud, que muchas veces es toda laverdad, sino porque mi vida encaja bien conla definición. Canté un duo ternísimo, despuésun trio , después un quatuor … Pero no nosadelantemos; vayamos a la primera parte,cuando yo llegué a saber que ya cantaba,porque la denuncia de José Días, mi caro

lector, me la hizo principalmente a mí. Antemí es ante quien me denunció.

CAP Í TULO X

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Capítulo 11

La promesa

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La promesa

Apenas vi desaparecer al allegado porel pasillo, dejé el escondrijo y corrí al porchedel fondo. No quise saber ni de las lágrimasni de la causa que hacía llorar a mi madre.La causa era probablemente sus proyectoseclesiásticos y lo que voy a contar es el motivode éstos, porque ya entonces era una historiavieja; ocurrida dieciséis años atrás.

Los proyectos venían del tiempo en elque fui concebido. Habiendo nacido muertosu primer hijo, mi madre le pidió a Dios queel segundo viviera y le prometió que si fuesevarón entraría en la iglesia. Quizá esperase

una hija. No le dijo nada a mi padre ni antesni después de darme a luz; pensaba hacerlocuando yo fuera a la escuela, pero enviudóantes de eso. Viuda, sintió el terror desepararse de mí; pero era tan devota, tantemerosa de Dios, que buscó testigos de su

CAP ÍTULO X I

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compromiso, confiando su promesa aparientes y familiares. Únicamente, para quenos separásemos lo más tarde posible, mehizo aprender en casa las primeras letras,latín y doctrina, con un tal padre Cabral, viejoamigo de mi tío Cosme, que iba allí por lasnoches a echar una partida.

Los plazos amplios son fáciles desuscribir, la imaginación los hace infinitos. Mimadre esperó a que los años fuesen pasando.Mientras tanto, me iba acostumbrando a laidea de la iglesia; juegos de niños, librosdevotos, imágenes de santos, lasconversaciones en la casa, todo convergíaen el altar. Cuando íbamos a misa, me decía

siempre que era para que aprendiese a sercura y que mirase al cura, que no quitase losojos del cura. En casa jugaba a celebrar misa,un poco a escondidas, porque mi madre medecía que la misa no era cosa de juego.Preparábamos un altar, Capitú y yo. Ella hacíade sacristán y alterábamos el ritual, en elsentido de repartirnos la hostia entre

nosotros; la hostia era siempre un dulce. Enla época en que jugábamos así era muyfrecuente oír a mi vecina: “¿Hoy hay misa?” Yo ya sabía lo que eso quería decir, respondíaafirmativamente e iba a pedir la hostia con

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otro nombre. Volvía con ella, preparábamosel altar, improvisábamos el latín yabreviábamos las ceremonias. Dominus, non sum dignus … Esto, que yo lo tenía que repetirtres veces, creo que sólo lo decía una, talera la gula del cura y del sacristán. Nobebíamos vino ni agua, no teníamos vino y elagua nos habría quitado el sabor delsacrificio.

Últimamente no me hablaban delseminario, hasta el punto que yo creía queera un asunto ya resuelto. Quince años, sinvocación, pedían antes el seminario delmundo que el de San José. Mi madre sequedaba muchas veces mirándome como

alma perdida, o me agarraba la mano sinningún pretexto y me la apretaba mucho.

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Capítulo 12

En el porche

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En el porche

Me paré en el porche; iba atontado,aturdido, las piernas flojas, el corazón parecíaquerer salirse por la boca. No me atrevía a bajara la chácara y pasar al huerto vecino. Comencéa andar de un lado a otro, deteniéndome parano caerme y andaba de nuevo y de nuevo me

detenía. Voces confusas repetían el discurso deJosé Días:

“Siempre juntos…” 

“Con cuchicheos…” 

“Y si se enamorasen…” 

Ladrillos que pisé y repisé aquella tarde,columnas amarillentas que me pasasteis por laderecha o por la izquierda, según fuera o viniera,en vosotras se quedó la mejor parte de mi crisis,la sensación de un goce nuevo, que meconcentraba en mí mismo y luego me dispersaba

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y me daba escalofríos y me derramaba no séqué bálsamo interior. A veces me sorprendíasonriendo, con una risa de satisfacción quedesmentía la abominación de mi pecado. Y lasvoces se repetían confusas:

“Con cuchicheos…” 

“Siempre juntos…” 

“Y si se enamorasen…” 

Un cocotero, viéndome inquieto yadivinando la causa, murmuró desde lo alto queno era malo que los jóvenes de quince añosanduviesen por los rincones con las jóvenes decatorce; por el contrario, los adolescentes de esa

edad no tenían otro oficio ni los rincones otrautilidad. Era un cocotero viejo y yo creía en loscocoteros viejos, incluso más que en los librosviejos. Pájaros, mariposas, una cigarra queensayaba el estío, todos los habitantes vivos delaire tenían la misma opinión.

¿Así que yo amaba a Capitú y Capitú meamaba a mí? Realmente andaba pegado a sus

faldas, pero no me parecía que hubiese nada entrenosotros que fuese de verdad secreto. Antes de queella fuese al colegio, todo eran travesuras de niños;después que salió del colegio, es cierto que norestablecimos enseguida la antigua intimidad, perovolvió poco a poco y en el último año fue completa.

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Mientras, el tema de nuestras conversaciones erael de siempre. Capitú me llamaba a veces guapo,buen mozo, una flor; otras me tomaba las manospara contarme los dedos. Y comencé a recordaresos y otros gestos y palabras, el placer que sentíacuando ella me pasaba la mano por los cabellos,diciendo que los encontraba lindísimos. Yo, sin hacerlo mismo con sus cabellos, decía que los suyos eran

mucho más lindos que los míos. Entonces Capitú lonegaba con una gran expresión de desengaño ymelancolía, tanto más asombrosa cuanto suscabellos eran realmente admirables; entonces yole replicaba llamándola loca. Cuando mepreguntaba si había soñado con ella la nocheanterior, y yo le respondía que no, la oía contarque había soñado conmigo y eran aventurasextraordinarias, que subíamos al Corcovado por el

aire, que danzábamos en la luna o que los ángelesvenían a preguntarnos nuestros nombres paradárselos a otros ángeles que acababan de nacer.En todos esos sueños andábamos unidos. Los queyo tenía con ella no eran así, sólo reproducíannuestra familiaridad y muchas veces no pasabande una simple repetición del día, alguna frase, algúnsuceso. Yo también se los contaba. Capitú un díareparó en la diferencia, diciendo que los suyos eran

más bonitos que los míos; yo, después de dudar unpoco, le dije que eran como la persona quesoñaba… Se puso del color de la pitanga.

Pues, francamente, sólo ahora entendíala emoción que me causaban esas y otras

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confidencias. La emoción era dulce y nueva, perosu causa se me escapaba sin que yo la buscaseni sospechase. Los silencios de los últimos días,que no me sugerían nada, ahora los sentía comoseñales de algo y también las medias palabras,las preguntas curiosas, las respuestas vagas, lasatenciones, el placer de recordar la infancia.También advertí como un suceso reciente

despertarme con el pensamiento puesto en Capitúy escucharla en la memoria y estremecermecuando sentía sus pasos. Si se hablaba de ellaen mi casa, prestaba más atención que antes y,según fuese alabanza o crítica, así me producíanun agrado o desagrado más intensos que antes,cuando éramos solamente compañeros detravesuras. Llegué a pensar en ella durante lasmisas de aquel mes, con intervalos, es verdad,

pero también con exclusividad.

Todo esto se me daba a conocer ahorapor boca de José Días, que me había denunciadoante mí mismo y a quien yo se lo perdonaba todo,el mal que había dicho, el mal que había hecho ylo que pudiera proceder de lo uno y de lo otro.En aquel instante, la eterna Verdad no valía másque él, ni la eterna Bondad ni las demás Virtudes

eternas. ¡Yo amaba a Capitú! ¡Capitú me amaba!Y mis piernas andaban, desandaban, se detenían,trémulas y convencidas de abarcar el mundo. Eseprimer palpitar de la savia, esa revelación de laconciencia a sí misma no se me han olvidadonunca ni me han parecido comparables a ninguna

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otra sensación de la misma especie. Naturalmentepor ser mías. Naturalmente también por ser lasprimeras.

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Capítulo 13 

Capitú

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Capitú

De repente oí una voz que llamabadesde el interior de la casa de al lado:

- ¡Capitú!

Y en el huerto:

- ¡Dime, mamá!

Y otra vez desde la casa:

- ¡Ven aquí!

No me pude aguantar. Las piernas me

hicieron bajar los tres escalones que dabana la chácara y caminar hacia el huerto vecino.Era su costumbre por las tardes y tambiénpor las mañanas. Porque las piernas tambiénson personas, inferiores apenas a los brazosy se valen por sí mismas cuando la cabeza

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no las rige por medio de ideas. Las míasllegaron al pie del muro. Había allí unapuerta de paso que mi madre habíamandado abrir cuando Capitú y yo éramospequeños. La puerta no tenía llave nicerradura, se abría empujando de un ladoo tirando de otro y se cerraba con el pesode una piedra pendiente de una cuerda. Eracasi exclusivamente nuestra. De niños, noshacíamos visitas llamándonos por un lado yrecibiéndonos por el otro con muchasreverencias. Cuando las muñecas de Capitúenfermaban, el médico era yo. Entraba enel huerto con un palo debajo del brazo, paraimitar el bastón del doctor João da Costa;le tomaba el pulso a la enferma y le pedía

que sacase la lengua. “¡Está sorda!”,exclamaba Capitú. Entonces yo me rascabael mentón como el doctor y terminabamandando aplicarle unas sanguijuelas odarle un vomitivo: era el tratamiento habitualdel médico.

- ¡Capitú!

- ¡Dime, mamá!

- Deja de rayar el muro y ven aquí.La voz de su madre estaba ahora más

cerca, como si viniera de la puerta del fondo.

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Quise pasar al huerto, pero las piernas, hacepoco tan andarinas, parecían ahora pegadasal suelo. Al final hice un esfuerzo, empujé lapuerta y entré. Capitú estaba junto al murofrontero, vuelta hacia él, grabando con unclavo. El ruido de la puerta la hizo mirar haciaatrás; al encontrarse conmigo se arrimó almuro, como si quisiese esconder algo.Caminé hacia ella; naturalmente tenía el gestodemudado, porque ella vino hacia mí y mepreguntó inquieta:

- ¿Qué te pasa?

- ¿A mí?, nada.

- Nada, no; algo tienes.

Quise insistir en mi negativa, pero nome encontré la lengua. Todo yo era ojos ycorazón que esta vez iba a salirse,seguramente, por la boca. No podía apartarlos ojos de aquella criatura de catorce años,alta, fuerte y desbordante, con un vestido de

algodón ajustado, medio desabotonado. Loscabellos espesos, peinados en dos trenzas,con las puntas anudadas entre sí, a la modade la época, le caían por la espalda. Morena,ojos claros y grandes, nariz recta y larga,tenía los labios finos y el mentón ancho. Las

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manos, a pesar de algunos trabajos rudos,estaban cuidadas con esmero; no olían ajabones finos ni a aguas de tocador, perocon agua del pozo y jabón común las traíasin mácula. Calzaba zapatos de sarga, rasosy viejos, a los que ella misma había dadoalgunos puntos.

- ¿Qué te pasa?, repitió.

- No es nada, balbucí finalmente.

Y enseguida corregí:

- Es una noticia.

- ¿Qué noticia?

Pensé en decirle que iba a entrar enel seminario y observar la impresión que lecausaría. Si la consternaba es que yorealmente le gustaba; si no, que no legustaba. Pero todo ese cálculo fue confusoy rápido; sentí que no podía hablar

claramente, tenía ahora la vista no sécómo…

- ¿Entonces?

- Tú ya lo sabes…

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En esas miré hacia el muro, hacia ellugar en donde ella había estado grabando,escribiendo, agujereando, como decía sumadre. Vi unos surcos abiertos y reparé enel gesto que hizo para ocultarlos. Quiseverlos de cerca y di un paso. Capitú meagarró, pero, o por temer que yo acabasehuyendo o para impedirlo de otra manera,se me adelantó corriendo y borró lo escrito.Fue como encender en mí el deseo de leerlo.

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Capítulo 14

La inscripción

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La inscripción

Todo lo que he contado al final del capítuloanterior fue obra de un instante. Lo que sucedióa continuación fue todavía más rápido. Di un saltoy, antes de que ella raspase el muro, leí estosdos nombres, grabados con el clavo y así dispuestos:

BENTO

CAPITOLINA

Me volví hacia ella, Capitú tenía los ojospuestos en el suelo. Luego los alzó, despacio, ynos quedamos mirándonos el uno al otro…Confesión de niños, tú bien merecerías dos o tres

páginas, pero quiero ser breve. En realidad nisiquiera hablamos, el muro habló por nosotros.No nos movimos, las manos se extendieron pocoa poco, las cuatro, tocándose, estrechándose,fundiéndose. No anoté la hora exacta de aquelacto. Debía haberla anotado, siento la falta de

CAP ÍTULO X IV

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una nota escrita aquella misma noche y que yohabría puesto aquí con los errores de ortografíaque tuviese, pero no tendría ninguno, ésa era ladiferencia entre el estudiante y el adolescente.Conocía las reglas de la escritura, sin sospecharlas del amor; tenía orgías de latín, era virgen enmujeres.

No nos soltamos las manos ni ellas sedejaron caer por cansancio u olvido. Los ojos semiraban fijamente y dejaban de mirarse y,después de acercarse lentamente, volvían acruzarse los unos con los otros… Futuro cura,estaba ante ella como ante un altar, siendo unade sus mejillas la Epístola y la otra el Evangelio.Su boca podía ser el cáliz; sus labios, la patena.Faltaba decir la primera misa con un latín que

no se aprende, que es la lengua católica de loshombres. No me tengas por sacrílego, lectoradevota; la limpieza de la intención lava lo quepudiera haber de poco curial en el estilo.Estábamos allí con el cielo en nosotros. Lasmanos, uniendo sus nervios, hacían de doscriaturas una sola, una sola criatura seráfica. Losojos continuaron diciendo cosas infinitas, laspalabras no intentaban salir de la boca, volvían

al corazón calladas como venían…

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Capítulo 15 

Otra voz repentina

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Otra voz repentina

Otra voz repentina, pero esta vez unavoz de hombre:

- ¿Estáis jugando a ver quién se ríe elúltimo?

Era el padre de Capitú, que estaba enla puerta del fondo, junto a su mujer. Nossoltamos rápidamente las manos y nosquedamos confusos. Capitú fue hasta el muroy, con el clavo, disimuladamente, tachónuestros nombres escritos.

- ¡Capitú!

- ¡Dime, papá!

- No me estropees la cal del muro.

Capitú tachaba sobre lo tachado para

CAP Í TULO XV

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borrar bien lo escrito. Padua salió al huertoa ver de qué se trataba, pero su hija ya habíacomenzado a grabar otra cosa, un perfil quedijo que era el retrato de su padre, pero quepodía ser tanto el suyo como el de su madre;lo esencial era hacerlo reír. Por lo demás,vino sin estar enfadado, todo cariñoso, peseal gesto dudoso, o menos que dudoso, enque nos había sorprendido. Era un hombrebajo y grueso, piernas y brazos cortos,espalda arqueada, de donde le vino el apodode Tortuga , que José Días le había puesto.Nadie lo llamaba así en casa, solamente elallegado.

- ¿Estabais jugando a ver quién se ríe

el último?, nos preguntó.

Miré hacia un saúco que estaba cerca,Capitú respondió por ambos.

- Sí, señor; pero Bentiño se ríeenseguida, no se puede contener.

- Cuando yo llegué a la puerta no seestaba riendo.

- Ya se había reído antes, no se puedecontener. ¿Papá, quieres verlo?

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DON CASMURRO

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Y seria, fijó en mí sus ojos, invitándomeal juego. El miedo es por naturaleza serio;yo estaba todavía bajo el efecto causado porla aparición de Padua y no fui capaz de reír,por más que hubiera debido hacerlo paralegitimar la respuesta de Capitú. Ésta,cansada de esperar, desvió su mirada,diciendo que yo no me reía esa vez porqueestaba allí su padre. Y ni siquiera entoncesme reí. Hay cosas que sólo se aprenden tarde,es menester nacer con ellas para hacerlaspronto. Y es mejor naturalmente pronto queartificialmente tarde. Capitú, después de dardos vueltas, se fue con su madre, quecontinuaba en la puerta de la casa,dejándonos a mí y a su padre maravillados

con ella; su padre, mirándonos, me decía,lleno de ternura:

- ¿Quién diría que esta pequeña tienecatorce años? Parece que tenga diecisiete.¿Tu madre sigue bien?, continuó mirándomede frente.

- Sí, señor.

- Hace muchos días que no la veo.Quisiera ganarle en el juego al doctor porun palizón, pero no he podido, estoyhaciendo trabajos de la oficina en casa;

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MACHADO DE ASSIS

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escribo todas las noches como undesesperado, se trata de informes. ¿Has vistomi tangará amarillo? Está allí al fondo. Ahoramismo iba a buscar la jaula, ven a verlo.

Que yo no tenía ningunas ganas, esfácil de creer, sin que sea necesario jurarlopor el cielo ni por la tierra. Mi deseo era irtras Capitú y hablarle ahora de lo que senos avecinaba; pero su padre era su padre yademás le gustaban especialmente lospajarillos. Los tenía de varias especies, colory tamaño. El patio que había en el centro dela casa estaba rodeado de jaulas decanarios, que cantando hacían un ruido detodos los demonios. Intercambiaba pájaros

con otros aficionados, los compraba,capturaba algunos, en su propio huerto,preparando trampas. También, sienfermaban, los cuidaba como si fueranpersonas.

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Capítulo 16 

El administrador interino

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El administrador interino

Padua trabajaba en una oficinadependiente del Ministerio de la Guerra.No ganaba mucho, pero su mujer gastabapoco y la vida era barata. Además, la casaen la que habitaba, abuhardillada como lanuestra, aunque menor, era de supropiedad. La compró con el premio gordoque le tocó en un medio billete de lotería,diez millones  de reales. La primera ideade Padua cuando ganó el premio fuecomprarse un caballo del Cabo, una joyacon brillantes para su mujer, una mausoleofamiliar a perpetuidad, además de mandartraer algunos pájaros de Europa, etc.; pero

su mujer, esta D.ª Fortunata que allí está enla puerta del fondo de la casa, de pie,hablando con su hija; alta, fuerte, robusta,como su hija, la misma cabeza, los mismosojos claros, fue quien le dijo que era mejorcomprar la casa y guardar lo que sobrase

CAP ÍTULO XV I

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para enfrentar los grandes contratiempos.Padua dudó mucho; finalmente tuvo queceder a los consejos de mi madre, a quienD.ª Fortunata pidió ayuda. Mi madre lesayudó no sólo en esa ocasión, un día llegó asalvarle la vida a Padua. Escuchad, la historiaes corta.

El administrador de la oficina en la quePadua trabajaba tuvo que irse al Norte, encomisión de servicios. Padua, o pordisposición del reglamento, o por especialdesignación, se quedó sustituyendo aladministrador con sus respectivos honorarios.Esta mudanza de fortuna le produjo ciertodesvarío, fue antes de ganar en la lotería.

No se contentó con reformar la ropa y lacopa, se lanzó a hacer gastos superfluos, leregaló joyas a su mujer, los días de fiestamataba un lechón, se le veía en los teatros,llegó incluso a usar zapatos de charol. Vivióasí veintidós meses en la creencia de unaeterna interinidad. Una tarde, entró en nuestracasa, ansioso y trastornado, iba a perder el

puesto porque aquella mañana había llegadoel titular. Le pidió a mi madre que velase porlas infelices que iba a dejar; no podíasoportar la desgracia, iba a suicidarse. Mimadre le habló con bondad, pero él noatendía a razones.

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DON CASMURRO

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- ¡No, señora mía, no consentiré talvergüenza! Rebajar a mi familia, volveratrás… Lo dicho, ¡me mato! No quieroconfesarle a los míos esta miseria. ¿Y losdemás? ¿Qué dirán los vecinos? ¿Y losamigos? ¿Y el público?

- ¿Qué público, Sr. Padua? Olvídesede eso, sea un hombre. Recuerde que sumujer no tiene a nadie más… ¿Y qué tieneque hacer? Pues ser un hombre… ¡Sea unhombre, venga!

Padua enjugó sus ojos y se fue a sucasa, donde estuvo postrado algunos días,mudo, encerrado en el dormitorio o en el

huerto, junto al pozo, como si la idea de lamuerte se cebase en él. D.ª Fortunata, loreprendía:

- ¿Juanito, eres un niño?

Pero, tanto lo oyó hablar de la muerteque tuvo miedo y un día corrió a pedirle a mi

madre que le hiciese el favor de intentarsalvar a su marido que se quería matar. Mimadre lo encontró junto al pozo y lo intimó aque viviese. ¿Qué locura era aquella de queiba a ser un desgraciado por causa de unagratificación menos, por perder un empleo

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MACHADO DE ASSIS

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interino? No señor, debía ser un hombre, unpadre de familia, imitar a su mujer y a suhija… Padua obedeció, confesó que hallaríafuerzas para cumplir la voluntad de mi madre.

- Por voluntad mía, no; es porimposición suya.

- Pues que sea por imposición, aceptoque sea así.

Los días siguientes continuó entrandoy saliendo de casa, pegado a la pared,mirando al suelo. No era el mismo hombreque se rompía el sombrero saludando alvecindario, risueño, con la mirada alta como

antes de la administración interina. Pasaronlas semanas, la herida fue sanando. Paduacomenzó a interesarse por los asuntosdomésticos, a cuidar de los pajarillos, a dormirtranquilo por las noches y por las tardes, aconversar y a dar noticias de la calle. Laserenidad regresó; la alegría vino detrás, undomingo, con dos amigos que venían a jugar

a la petanca. De nuevo se reía, bromeaba,tenía el aspecto acostumbrado; la heridahabía sanado completamente.

Con el tiempo se produjo un fenómenocurioso. Padua comenzó a hablar de la

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administración interina, no sólo sin la nostalgiade los honorarios ni la humillación de lapérdida, sino incluso con vanidad y orgullo.La administración pasó a ser la hégira, desdedonde contaba hacia delante y hacia atrás.

- En la época en que yo eraadministrador…

O bien:

- ¡Ah, sí!, caigo en la cuenta, fue antesde mi administración; uno o dos mesesantes… Espere, mi administración comenzó…Eso es, mes y medio antes; fue mes y medioantes, no más.

O incluso:

- Justamente, hacía ya seis meses queadministraba yo…

Así es el sabor póstumo de las gloriasinterinas. José Días gritaba que era la

vanidad sobreviviente; pero el padre Cabral,que todo lo relacionaba con las Escrituras,decía que con el vecino Padua se cumplía lalección de Elifaz a Job: “No desprecies lacorrección del Todopoderoso;(…) Él hiere ysus manos curan” 

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Capítulo 17 

Los gusanos

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Los gusanos

“¡Él hiere y sus manos curan!” Cuando,más tarde, vine a saber que la lanza deAquiles también curó una herida que hizo,tuve algunas veleidades de escribir unadisertación a este respecto. Llegué a usarlibros viejos, libros muertos, librosenterrados, a abrirlos, a compararlos,buscando el texto y el sentido, paraencontrar el origen común al oráculopagano y al pensamiento israelita. Busquélos propios gusanos de los libros, para queme dijesen lo que había en los textos roídospor ellos.

- Señor mío, me respondió un largogusano gordo, nosotros no sabemosabsolutamente nada de los textos queroemos, ni escogemos lo que roemos, niamamos ni detestamos lo que roemos:nosotros roemos.

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No le saqué nada más. Los demás,como si se hubiesen pasado la palabra,repetían la misma cantinela. Quizá esediscreto silencio sobre los textos roídos fueseincluso un modo de roer lo roído.

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Capítulo 18 

Un plan

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Un plan

Ni su padre ni su madre estaban connosotros, cuando Capitú y yo en la sala devisitas hablábamos del seminario. Con losojos puestos en mí, Capitú quería saber quénoticia me afligía tanto. Cuando se la conté,se puso del color de la cera.

- Pero yo no quiero, repuse enseguida,no quiero ir a ningún seminario; no voy a ir,por más que se empeñen; no voy a ir.

- Capitú al principio no dijo nada.Apartó sus ojos de mí, los puso en sí y sequedó ensimismada con las pupilar vagas y

sordas, la boca entreabierta, completamenteparada. Entonces yo, para dar fuerza a misafirmaciones, comencé a jurar que no seríacura. Entonces yo juraba mucho yenérgicamente, por la vida y por la muerte.Juré por la hora de la muerte. Que la luz me

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faltase en la hora de mi muerte si iba alseminario. Capitú no parecía creérselo nidejar de creérselo, ni siquiera parecía oír;era una figura de madera. Quise llamarla,sacudirla, pero me faltó ánimo. Esa criaturaque había jugado conmigo, saltado, bailado,creo que hasta había dormido conmigo, medejaba ahora con los brazos atados ymedrosos. Finalmente volvió en sí, pero teníala cara lívida y estalló con estas palabrasfuriosas:

- ¡Beata! ¡Fanática! ¡Meapilas!

Me quedé aturdido. A Capitú legustaba tanto mi madre, y a mi madre ella,

que yo no podía creer tamaña explosión. Esverdad que también le gustaba yo, ynaturalmente más, o mejor, o de otra manera,motivo suficiente para explicar el despechoque le producía la amenaza de la separación;pero los improperios, ¿cómo entender quele dirigiera palabras tan feas y principalmentepara menospreciar unas costumbres

religiosas que eran las suyas propias? Puesella también iba a misa e incluso mi madrela había llevado tres o cuatro veces en nuestroviejo carruaje. También le había regalado unrosario, una cruz de oro y un libro de Horas …Quise defenderla, pero Capitú no me dejó,

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continuó llamándola beata y fanática, en voztan alta que tuve miedo de que la oyeran suspadres. Nunca la había visto tan irritadacomo entonces, parecía dispuesta a llamarde todo a todos. Encajaba los dientes, negabacon la cabeza… Yo, asustado, no sabía quéhacer; repetía los juramentos, prometía iraquella misma noche a decir públicamenteen casa que por nada de este mundo iba a iral seminario.

- ¿Tú?, tú vas a ir.

- No pienso ir.

- Ya verás como al final irás.

Se calló otra vez. Cuando volvió ahablar, había cambiado; no era ya la Capitúde costumbre, pero casi. Estaba seria, sinaflicción, hablaba bajo. Quiso saber laconversación de mi casa; yo se la contéentera, menos la parte que se refería a ella.

- ¿Y qué interés tiene José Días enhacer recordar eso?, me preguntó finalmente.

- Creo que ninguno, fue sólo parahacer daño. Es un sujeto muy malo; peroolvídalo, que me las pagará. Cuando yo sea

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el dueño de la casa, el que se irá a la calleserá él, ya lo verás; no se quedará ni uninstante. Mi madre es demasiado buena, lepresta demasiada atención. Parece queincluso lloró.

- ¿Quién, José Días?

- No, mi madre.

- ¿Por qué lloró?

- No lo sé; oí solamente que le decíanque no llorase, que no era como para llorar…Él llegó a mostrarse arrepentido y se fue; yoentonces, para que no me sorprendieran, dejé

el rincón y corrí hacia la terraza. ¡Pero no tepreocupes, que me las pagará!

Dije esto cerrando el puño y proferí otrasamenazas. Al recordarlas, no me veo ridículo;la adolescencia y la infancia no son ridículas eneste particular, es uno de sus privilegios. Estemal o este peligro comienza en la juventud, crece

en la madurez y alcanza su mayor grado en lavejez. A los quince años, tiene incluso ciertoencanto amenazar mucho y no hacer nada.

Capitú reflexionaba. La reflexión noera cosa rara en ella y se sabía cuándo

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porque entornaba los ojos con fuerza. Mepidió algunos detalles más, las palabras deunos y de otros y el tono en que fueronproferidas. Como yo no le quería decir elpunto inicial de la conversación, que era ellamisma, no le pude transmitir todo elcontenido. La atención de Capitú se centrabaahora especialmente en las lágrimas de mimadre, no acababa de entenderlas. En mediode esto, confesó que ciertamente no era pormaldad que mi madre quería que fuera cura;era por la antigua promesa, que ella,temerosa de Dios, no podía dejar de cumplir.Me quedé tan satisfecho, viendo que tanespontáneamente reparaba las injurias quele habían salido poco antes del pecho, que

apreté su mano con mucha fuerza. Capitú serelajó, riéndose; después la conversacióncomenzó a apagarse y a dormitar. Habíamosllegado hasta la ventana, un negro que ibapregonando cocadas se paró delante denosotros y preguntó:

- Señorita, ¿quiere hoy una cocada?

- No, respondió Capitú.

- La cocadita está buena.

- Vete, respondió ella, sin aspereza.

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- Dámelas, dije acercando la manopara llevarme dos.

Las compré, pero tuve que comérmelasyo solo; Capitú no quiso. Me di cuenta deque, en medio de la crisis, yo conservaba unhueco para las cocadas, lo cual puede sertanto perfección como imperfección, pero noes momento para este tipo de definiciones;quedémonos en que mi amiga, a pesar deequilibrada y lúcida, no quiso saber nadade los dulces, aunque le gustaban mucho.

Por el contrario, el pregón que el negroiba cantando, el pregón de las antiguastardes, tan conocido en el barrio y en nuestra

infancia:

Llora, niña, llora,

Llora, porque no tienes 

Ni veinte reales.

Le había dejado una impresióndesagradable. No era por la música; ella sela sabía de memoria y de antiguo,acostumbraba a repetirla en nuestros juegospueriles, riendo, saltando, cambiando lospapeles conmigo, ya vendiendo, ya

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comprando un dulce ausente. Creo que laletra, destinada a provocar la vanidad de losniños, fue lo que ahora la había molestado,porque después me dijo:

- Si yo fuese rica, huirías, te meteríasen un barco y te irías a Europa.

Dicho esto, escrutó mis ojos, pero creoque ellos no le dijeron nada, o sólo leagradecieron la buena intención. En efecto,su sentimiento era tan amoroso que yo podíaexcusar lo extraordinario de la aventura.

Como ves, Capitú, a los catorce años,tenía ya ideas atrevidas, mucho menos que

otras que le vinieron después; pero no eransólo atrevidas, en la práctica se convertíanen hábiles, sinuosas, sordas, y lograban elfin propuesto, no de un paso, sino a pasitos.No sé si me explico bien.

Suponed un proyecto grandeejecutado con medios pequeños. Así, para

no salirnos del deseo vago e hipotético demandarme a Europa, Capitú, si pudiesecumplirlo, no me haría embarcar en el buquey huir: extendería una fila de canoas desdeaquí hasta allí, por donde yo, pareciendo ira la fortaleza de la Laje en un puente

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movedizo, iría realmente hasta Burdeos,dejando a mi madre en la playaesperándome. Tal era el rasgo particular delcarácter de mi amiga; por lo que no esextraño que, luchando contra mis proyectosde resistencia franca, lo hiciese primero pormedios suaves, por la acción de la tenacidad,de la palabra, de la persuasión lenta ydemorada y analizase antes a las personascon quienes podríamos contar. Rechazó a mitío Cosme, era un “tranquilazo”; si noaprobaba mi ordenación, tampoco seríacapaz de dar un paso para impedirla. Laprima Justina era mejor que él, pero mejorque los dos sería el padre Cabral, por suautoridad, aunque el cura no actuaría contra

la iglesia; solamente si yo le confesase queno tenía vocación…

- ¿Puedo confesárselo?

- Sí, pero sería manifestarloabiertamente y lo mejor es otra cosa. JoséDías…

- ¿Qué tiene que ver José Días?

- Puede ser una buena influencia.

- Pero si fue él mismo quien dijo…

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- No importa, continuó Capitú, ahoradirá otra cosa. Tú le caes bien. No le hablescon timidez. Lo importante es que no tengasmiedo, hazle ver que llegarás a ser el dueñode la casa, hazle ver que quieres y quepuedes. Dale a entender que no es ningúnfavor. Elógialo, le gustan mucho los elogios.D.ª Gloria le hace caso, pero lo principal noes eso; es que él, teniendo que servirte,hablará con mucha más firmeza que nadie.

- No lo creo, Capitú.

- Entonces vete al seminario.

- De eso ni hablar.

- ¿Qué perdemos con intentarlo?Vamos a intentarlo: haz lo que te digo. D.ªGloria puede que cambie de decisión; si nocambia, haremos otra cosa, meteremosentonces al padre Cabral. ¿Ya no te acuerdasde cómo fuiste por primera vez al teatro hacedos meses? D.ª Gloria no quería y eso

bastaba para que José Días no insistiese;pero como él quería ir, largó una discurso,¿te acuerdas?

- Claro, dijo que el teatro era unaescuela de costumbres.

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- Justamente, tanto habló que tu madreacabó consintiendo y pagó la entrada de losdos… Anda, pide, manda. Mira, dile que estásdispuesto a ir a estudiar leyes a São Paulo.

Me estremecí de placer. S. Paulo eraun frágil biombo, destinado a ser apartadoun día, en lugar de la gruesa pared espiritualy eterna. Le prometí hablarle a José Dias enlos términos establecidos. Capitú me losrepitió, acentuando algunos comofundamentales; me inquiría después sobreellos, a ver si los había entendido bien, si nolos había confundido entre sí. E insistía enque se lo pidiese con buena cara, así comoquien pide un vaso de agua a la persona que

tiene la obligación de traérselo. Cuento estasminucias para que se entienda mejor aquellamañana de mi amiga; luego vendrá la tarde,y de la mañana y de la tarde resultará elprimer día, como en el Génesis, donde seprodujeron sucesivamente siete.

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Capítulo 19

Sin falta

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Sin falta

Mientras volvía a casa se hizo de noche.Iba deprisa, pero no tanto como para no pensaren los términos en los que hablaría al allegado.Formulaba la petición mentalmente, escogiendolas palabras que diría y su tono, entre seco ybenévolo. En la chácara, antes de entrar en lacasa, las repetía para mí, después en voz alta,para ver si eran adecuadas y si obedecían alas recomendaciones de Capitú: “Necesitohablar mañana, sin falta , con usted: escoja ellugar y dígamelo.” Las proferí lentamente y máslentamente aún las palabras sin falta , comopara subrayarlas. Las repetí otra vez y entoncesme parecieron demasiado secas, casi ríspidas

y francamente impropias de un jovenzuelo paradirigirse a un hombre maduro. Pensé enescoger otras y me detuve.

Finalmente me dije que las palabraspodrían servir, se trataba de decirlas en un

CAP ÍTULO X IX

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tono que no fuera molesto. Y la prueba esque, repitiéndolas de nuevo, me salieron casisuplicantes. Bastaba no resaltarlas tanto nidulcificarlas demasiado, un término medio.“Y Capitú tiene razón, pensé, la casa es mía,él es un simple allegado… Es hábil, puedemuy bien trabajar para mí y desmontar elplan de mi madre.” 

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Capítulo 20 

 Mil padrenuestros ymil avemarías

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Mil padrenuestros y mil avemarías

Alcé los ojos al cielo que comenzabaa oscurecerse, pero no fue para ver si estabacubierto o descubierto. Era al otro cielo alque yo elevaba mi alma; era a mi refugio, ami amigo. Y entonces me dije:

- Prometo rezar mil padrenuestros ymil avemarías si José Días consigue que yono vaya al seminario.

La cantidad era enorme. La razón esque yo andaba cargado de promesasincumplidas. La última fue de doscientospadrenuestros y doscientas avemarías si no

llovía aquella tarde de paseo por SantaTeresa. No llovió, pero no recé las oraciones.Desde niño me había acostumbrado a pedirleal cielo sus favores mediante oraciones querezaría si los conseguía. Recé las primeras,aplacé las demás e iban siendo olvidadas a

CAP ÍTULO XX

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medida que se amontonaban. Llegué así alnúmero veinte, treinta, cincuenta. Entré en lascentenas y ahora en el millar. Era un modode satisfacer la voluntad divina con la cuantíade las oraciones; además, cada promesanueva era hecha y prometida con la intenciónde pagar la deuda antigua. ¡Pero cómoacabar con la pereza de un alma que laacarreaba desde la cuna y no la sentíamermar a lo largo de su vida! El cielo mehacía el favor y yo aplazaba el pago. Al finalme perdí en las cuentas.

- Mil, mil, repetí para mí.

Realmente, el objeto del favor era

ahora inmenso, se trataba de la salvación odel naufragio de toda mi existencia. Mil, mil,mil. Era precisa una cantidad que pagasetodos los atrasos. Dios muy bien podría,irritado por los olvidos, negarse a oírme sinmucho a cambio… Hombre grave, es posibleque estas inquietudes de juventud te enfaden,si es que no te parecen ridículas. Sublimes

no eran. Cogité mucho en la manera derestituir mi deuda espiritual. No veía otromodo con el que, con sólo la intención, todose cumpliese, cerrando sin déficit  laescrituración de mi conciencia moral. Mandardecir cien misas o subir de rodillas la ladera

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de Gloria para oír una, ir a Tierra Santa, todoaquello que las viejas esclavas me contabande promesas célebres, todo me acudía sinfijarse en mi espíritu. Era muy duro subir unaladera de rodillas, debía herirlas a la fuerza.La Tierra Santa estaba muy lejos. Las misaseran numerosas, podían empeñarme otra vezel alma…

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Capítulo 21

La prima Justina

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La prima Justina

En el porche encontré a la primaJustina, paseando de un lado a otro. Vino alrellano y me preguntó dónde había estado.

- Estuve aquí al lado, conversando conD.ª Fortunata y me distraje. ¿Verdad que estarde? ¿Ha preguntado por mí mi madre?

- Sí, pero le he dicho que ya habíasllegado.

La mentira me asombró no menos quela franqueza de la noticia. No es que la primaJustina fuese remilgada, le decía francamente

a Pedro lo mal que pensaba de Pablo y aPablo lo mal que pensaba de Pedro; pero,confesar que había mentido me pareciónovedoso. Era una cuarentona, delgada ypálida, labios finos y ojos curiosos. Vivía connosotros gracias a mi madre y también por

CAP ÍTULO XX I

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su interés; mi madre quería tener una señoraíntima junto a ella, mejor parienta queextraña. Paseamos algunos minutos por elporche alumbrado por un farol. Quiso sabersi yo no había olvidado los proyectoseclesiásticos de mi madre y, habiéndolerespondido yo que no, me inquirió sobre laopinión que tenía de la vida de sacerdote.Respondí esquivo:

- La vida sacerdotal es muy bonita.

- Sí, es bonita; pero lo que te preguntoes que si te gustaría ser cura, explicó riendo.

- A mí me gusta lo que quiera mi madre.

- Mi prima Gloria desea mucho que teordenes, pero aunque no lo desease, hay encasa quien se lo mete en la cabeza.

- ¿Quién es?

- ¿Quién va a ser? ¿Quién habría de

ser? El primo Cosme no, pues le trae sincuidado; yo tampoco.

- ¿José Días?, concluí.

- Naturalmente.

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Fruncí el ceño interrogativamente comosi no supiese nada. La prima Justina completóla noticia diciendo que incluso aquella tardeJosé Días le había recordado a mi madre laantigua promesa.

- Pudiera ser que, con el tiempo, a miprima Gloria se le fuera olvidando lapromesa; ¿pero cómo la puede olvidar si unapersona está siempre, dale que dale en susoídos, hablándole del seminario? Y losdiscursos que hace, los elogios de la iglesiay que la vida de cura es esto y aquello, todocon esas palabras que sólo él conoce, conesa afectación… Fíjate que es sólo para hacerdaño, porque él es tan religioso como este

farol. Pues esta es la verdad, incluso hoymismo ha tocado el tema. Pero no te des porenterado… Esta tarde ha dicho cosas que note las puedes ni imaginar…

- ¿Pero habló con claridad? Pregunté,a ver si ella me contaba la denuncia de misrelaciones con la vecina.

No me lo contó, hizo sólo un gestocomo indicando que había otra cosa que nopodía decir. De nuevo me recomendó queno me diese por enterado y recapituló todolo malo que pensaba de José Días, que no

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era poco, un intrigante, un adulador, unespeculador y, pese al barniz de educación,un grosero. Yo, pasados algunos instantes,dije:

- Prima Justina, ¿sería usted capaz deuna cosa?

- ¿De qué?

- Sería capaz de… Suponga que nome gustase ser cura…, podría pedirle a mimadre…

- Eso no, atajó inmediatamente; miprima Gloria tiene este asunto metido en la

cabeza y no hay nada en el mundo que lahaga cambiar de decisión: sólo el tiempo.Cuando tú todavía eras pequeño, ella ya selo contaba a todos los amigos o sóloconocidos. Pero ir yo a avivarle la memoria,no, yo no trabajo para la desgracia de losdemás; y pedirle otra cosa, tampoco se lapido. Si ella me consultase, quizá; si ella me

dijese: “Prima Justina, ¿que te parece?”, mirespuesta sería: “Prima Gloria, creo que si élquiere ser cura, que lo sea; pero, si no, lomejor es dejarlo.” Es lo que le diría y le dirési algún día me consulta. Pero, ir a hablarlesin ser llamada, eso no lo hago.

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Capítulo 22

Sensaciones ajenas

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Sensaciones ajenas

No logré nada más y terminéarrepintiéndome de habérselo pedido: debí haber seguido el consejo de Capitú. Entonces,cuando yo ya iba a entrar, la prima Justiname retuvo unos minutos, hablando del calory de la próxima fiesta de la Concepción, demis viejos oratorios y finalmente de Capitú.No habló mal de ella; por el contrario, meinsinuó que podría llegar a ser una jovenbonita. Yo, que ya la encontraba lindísima,hubiera gritado que era la más bella criaturadel mundo, sin miedo de haber sidoindiscreto. Sin embargo, como la primaJustina se puso a elogiarle los modos, la

gravedad, las costumbres, el hecho detrabajar para los suyos, el amor que le teníaa mi madre, todo eso me animó hasta el puntode elogiarla yo también. Cuando no era conpalabras, era con un gesto de aprobaciónque le daba a cada una de sus afirmaciones

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categóricas, sin duda con una felicidad quedebía iluminarme la cara. No advertí queconfirmaba así la denuncia de José Días, oídapor ella aquella tarde en la sala de visitas, sies que ella no desconfiaba ya también. Sóloreflexioné sobre eso en la cama. Sóloentonces sentí que los ojos de la primaJustina, cuando yo hablaba, parecíanpalparme, oírme, olerme, saborearme, hacerel oficio de todos los sentidos. Celos nopodían ser; entre un niñato de mi edad y unaviuda cuarentona no había lugar para celos.Es cierto que, pasado algún tiempo, modificólos elogios a Capitú e incluso le hizo algunascríticas, me dijo que era un poco astuta yque no miraba a la cara; pero incluso así, no

creo que fueran celos. Creo más bien…, sí…,sí, creo esto. Creo que la prima Justinaencontró en el espectáculo de las sensacionesajenas una vaga resurrección de las suyas.También se disfruta por influjo de los labiosque narran.

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Capítulo 23 

A plazo fijo

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A plazo fijo

- Necesito hablarle mañana, sin falta;escoja el lugar y dígamelo.

Creo que a José Días le pareciódesusada esta manera de hablar. El tono nome salió tan imperativo como yo me temía,pero las palabras lo eran, y el no interrogar,no pedir, no dudar, como sería propio de unniño y de mi estilo habitual, seguro que ledio la impresión de una persona nueva y deuna nueva situación. Sucedió en el pasillo,cuando íbamos a tomar el té; José Días veníaandando, impregnado de la lectura de WalterScott que le había hecho a mi madre y a la

prima Justina. Leía con melodía y compás.Los castillos y los parques salían más grandesde su boca, los lagos tenían más agua y la“bóveda celeste” contaba con algunosmillares más de estrellas centelleantes. En losdiálogos, alternaba el sonido de las voces,

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que eran levemente graves o agudas,conforme el sexo de los interlocutores, quereproducían con moderación la ternura y lacólera.

Al despedirse de mí, en el porche, medijo:

- Mañana, en la calle. Tengo que hacerunas compras, puedes venir conmigo, se lopediré a tu madre. ¿Tienes clase?

- La clase ha sido hoy.

- Muy bien. No te pregunto de qué setrata, pues tengo la certeza de que es materia

grave y pura.

- Sí señor.

- Hasta mañana.Se hizo todo lo mejor posible. Sólo hubo

una alteración: a mi madre le pareció el díacaluroso y no consintió que yo fuese a pie;

tomamos el autobús en la puerta de casa.

- No importa. Me dijo José Días,podemos apearnos al principio del PaseoPúblico.

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Capítulo 24

Entre madre y criado

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Entre madre y criado

José Días me trataba con extremos demadre y atenciones de criado. Lo primeroque consiguió, así que comencé a salir, fuequitarme el paje; él se convirtió en mi paje eiba conmigo a la calle. Se ocupaba de misasuntos de casa, de mis libros, de miszapatos, de mi higiene y de mi prosodia. Alos ocho años mis plurales carecían algunasveces de la desinencia exacta, él la corregía;medio en serio, para dar autoridad a lalección; medio risueño, para obtener elperdón por la enmienda. Ayudaba así almaestro de primeras letras. Más tarde,cuando el padre Cabral me enseñaba latín,

doctrina e historia sagrada, él asistía a laslecciones, hacía reflexiones eclesiásticas y alfinal preguntaba al cura: “¿No es cierto quenuestro joven amigo aprende deprisa?” Decíade mí que era “un prodigio”; le decía a mimadre que había conocido en otros tiempos

CAP ÍTULO XX IV

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a niños muy inteligentes, pero que yo losexcedía a todos, sin contar con que, para miedad, poseía ya cierto número de sólidascualidades morales. A mí, aunque nocalculase todo el valor del último elogio, megustaba el elogio; era un elogio.

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Capítulo 25 

En el Paseo Público

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En el Paseo Público

Entramos en el Paseo Público. Algunascaras viejas, otras enfermas o sólodesocupadas que se diseminabanmelancólicamente por el camino que va desdela entrada hasta la terraza. Seguimos hastala terraza. Andando, para darme ánimo,hablé del jardín:

- Hace mucho que no vengo por aquí,quizá un año.

- Perdóname, me interrumpió, no haceni tres meses que estuviste aquí con nuestrovecino Padua: ¿no te acuerdas?

- Es cierto, pero fue tan de paso…

- Le pidió a tu madre que lo dejaraacompañarte y ella, que es buena como lamadre de Dios, consintió; pero escúchame,

CAP ÍTULO XXV

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ya que hablamos de esto, no es bonito quevayas con Padua por la calle.

- Ya he ido varias veces…

- Cuando eras más joven; de niño, eranatural, él podía pasar por criado. Pero teestás haciendo mayor y se va tomandoconfianzas. A D.ª Gloria no le va a gustar eso.La familia Padua no es del todo mala. Capitú,a pesar de esos ojos que le dio el diablo…¿Has reparado en sus ojos? Son de gitanaoblicua y disimulada. Pues, pese a ellos,podría pasar, si no fuese por la vanidad y laadulación. ¡Oh!, ¡la adulación! D.ª Fortunatamerece estima y él no niego que sea honesto,

tiene un buen empleo, posee la casa en laque vive, pero la honestidad y la estima nobastan y las demás cualidades pierden muchovalor con las malas compañías que tiene.Padua muestra cierta tendencia hacia la gentevulgar. En cuanto huele un hombre grosero yaestá con él. No digo esto por odio ni porquehable mal y se ría de mí, como se rió hace

unos días de mis zapatos gastados…

- Perdón, lo interrumpí deteniéndome,nunca oí que hablase mal de usted; por elcontrario, un día, no hace mucho, le dijo auna persona, en mi presencia, que usted era

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“un hombre capaz y sabía hablar como undiputado en las cámaras”.

José Días sonrió con placer, pero hizoun gran esfuerzo y recuperó su expresiónseria; después replicó:

- No le agradezco nada. Otros demejor sangre me han favorecido con juicioselevados. Y nada de eso impide que él seacomo te acabo de decir.

Seguimos caminando, subimos a laterraza y miramos al mar.

- Creo que usted no desea para mí más

que el bien, dije después de unos instantes.

- ¿Qué otra cosa podría desearte,Bentiño?

- En ese caso, le pido un favor.

- ¿Un favor? Manda, ordena, ¿de qué

se trata?

- Mi madre…

Durante algún tiempo no pude decirel resto, que era poco y me lo sabía de

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memoria. José Días volvió a preguntar de quése trataba, me lo sonsacaba con suavidad,me levantaba el mentón y fijaba sus ojos enmí, ansioso también, como la prima Justinael día anterior.

- ¿Tu madre? ¿Qué pasa con tumadre?

- Mi madre quiere que sea cura, peroyo no puedo ser cura, dije finalmente.

José Días se irguió con asombro.

- No puedo, continué, no menossorprendido que él, no tengo carácter, no me

gusta la vida de cura. Estoy dispuesto a todolo que quiera; mi madre sabe que hago todolo que me manda, estoy dispuesto a ser loque sea de su agrado, incluso conductor deautobús. Cura, no; no puedo ser cura. Lacarrera es bonita, pero no está hecha paramí.

Todo ese discurso no me salió así degolpe, naturalmente hilado, perentorio, comopudiera deducirse del texto, sino a trozos,mascullado, con voz un poco sorda y tímida.No obstante, José Días lo había oídosorprendido. Ciertamente no contaba con mi

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resistencia por más que fuese tímida, pero loque más lo asombró fue la siguienteconclusión:

- Cuento con usted para salvarme.

Los ojos del allegado se desorbitaron,las cejas se le arquearon y el placer que yopensaba darle con haberlo elegido paraprotegerme no se reflejó en ninguno de susmúsculos. Toda su cara era poca para laestupefacción. Realmente la materia deldiscurso había revelado en mí un alma nueva,yo mismo no me conocía. Pero la palabrafinal tuvo un vigor único. José Días se quedóaturdido. Cuando sus ojos volvieron a las

dimensiones normales:

- ¿Pero qué puedo hacer yo? preguntó.

- Mucho. Sabe usted que en mi casatodos lo aprecian. Mi madre le pide consejomuchas veces, ¿verdad? Mi tío Cosme diceque es usted persona de talento…

- Son bondades, replicó, lisonjeado.Son favores de personas dignas, que lomerecen todo… ¡Ahí está! Nunca nadie meoirá decir nada de tales personas; ¿por qué?,porque son ilustres y virtuosas. Tu madre es

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una santa, tu tío un caballero perfectísimo.He conocido familias distinguidas, ningunale podría ganar a la tuya en nobleza desentimientos. El talento que tu tío ve en mí confieso que lo tengo, pero es sólo uno, es eltalento de saber lo que es bueno y digno deadmiración y de aprecio.

- Debería tener también el de protegera los amigos como yo.

- ¿En qué te puedo valer, ángel delcielo? No puedo disuadir a tu madre de unproyecto que es, además de una promesa,su ambición y su sueño de largos años. Y sipudiese, sería tarde. Incluso ayer me hizo el

favor de decir: “José Días, necesito meter aBentiño en el seminario.” 

Inhibición no es moneda sin valor,como parece. Si yo fuese desinhibido, seríaprobable que, con la indignación que sentí,estallase llamándole mentiroso, pero en talcaso hubiera sido necesario confesarle que

estuve escuchando detrás de la puerta y unaacción valía por otra. Me contenté conresponderle que no era tarde.

- No es demasiado tarde, aún haytiempo, si usted quiere.

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- ¿Si yo quiero? ¿Pero qué otra cosaquiero yo sino servirte? ¿Qué deseo sino queseas feliz como mereces?

- Pues todavía estamos a tiempo. Mire,no es por pereza. Estoy dispuesto a todo; siella quiere que yo estudie leyes, iré a SãoPaulo.

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Capítulo 26 

Las leyes son bellas

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Las leyes son bellas

Por la cara de José Días pasó algoparecido al reflejo de una idea, una idea quelo alegró extraordinariamente. Se calló unosinstantes; yo tenía los ojos puestos en él, elhabía vuelto los suyos hacia la entrada de labahía. Pero insistió:

- Es tarde, dijo; pero, para probarteque no es por falta de voluntad, hablaré contu madre. No te prometo ganar, pero sí luchar; trabajaré con ahínco. ¿De verdad, noquieres ser cura? Las leyes son bellas,querido… Puedes ir a S. Paulo, a Pernambucoo incluso más lejos. Hay buenas universidades

por ahí. Dedícate a las leyes, si ésa es tuvocación. Hablaré con D.ª Gloria, pero nocuentes sólo conmigo; habla también con tutío.

- De acuerdo, hablaré con él.

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- Y encomiéndate también a Dios, aDios y a la Virgen Santísima, concluyóseñalando hacia el cielo.

El cielo estaba bastante oscuro. En elaire, cerca de la playa, grandes pájarosnegros volaban en círculos, batiendo las alaso cerniéndose y se lanzaban hasta rozar consus patas en el agua y volvían a ascenderpara bajar de nuevo. Pero ni las sombrasdel cielo ni las danzas fantásticas de lospájaros apartaban mi espíritu de miinterlocutor. Después de responderle que sí,corregí:

- Dios hará lo que usted quiera.

- No blasfemes. Dios es dueño de todo;él es, sólo por sí, la tierra y el cielo, el pasado,el presente y el futuro. Pídele tu felicidad, queyo no hago otra cosa… Ya que no puedesser cura y prefieres las leyes… Las leyes sonbellas, sin desmerecer la teología, que es lomejor, como la vida eclesiástica es la más

santa. ¿Por qué no puedes ir a estudiar leyesfuera de aquí? Lo mejor es que vayasenseguida a una universidad y al mismotiempo que estudias, viajas. Podemos ir juntos;veremos tierras extranjeras, oiremos inglés,francés, italiano, español, ruso e incluso

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sueco. D.ª Gloria probablemente no podráacompañarte; y aunque pueda y vaya, noquerrá encargarse de los asuntos, papeles,matrículas y cuidar del hospedaje y andarcontigo de un lado para otro… ¡Oh!, ¡las leyesson bellísimas!

- Lo dicho, ¿pedirá a mamá que nome meta en el seminario?

- Se lo pediré, pero pedir no esconseguir. Ángel de mi corazón, si voluntadde servir es poder de mandar, estamos aquí,estamos a bordo. ¡Ah!, no imaginas lo quees Europa; ¡oh!, Europa…

Levantó la pierna e hizo una pirueta.Una de sus ambiciones era volver a Europa,hablaba muchas veces de eso, sin logrartentar a mi madre ni a mi tío Cosme, por másque elogiase sus aires y bellezas… Hastaahora no había contado con esta posibilidadde ir conmigo y quedarse allí durante laeternidad de mis estudios.

- ¡Estamos a bordo, Bentiño, estamosa bordo!

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Capítulo 27 

En el portón

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En el portón

En el portón del Paseo un mendigo nospidió limosna. José Días pasó de largo, peroyo pensé en Capitú y en el seminario y saquéuna moneda del bolsillo y se la di al mendigo.Éste la besó; yo le pedí que rogase a Diospor mí, a fin de que yo pudiese satisfacertodos mis deseos.

- ¡Claro que sí, amigo mío!

- Me llamo Bento, añadí parainformarlo.

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En la calle

José Dias iba tan contento que setransformó de un hombre de momentosgraves, como era en la calle, en un hombreflexible e inquieto. Se movía, hablaba de todo,hacía que me parara a cada instante delantede un escaparate o de un cartel de teatro.Me contaba el argumento de algunas obras,recitaba monólogos en verso. Hizo todos losrecados, pagó las cuentas, cobró losalquileres de las casas, se compró unvigésimo de lotería. Finalmente el hombrerígido venció al flexible, y pasó a hablarpausadamente, con superlativos. No mepareció que el cambio fuese natural; temí que

hubiese cambiado la decisión pactada ycomencé a tratarlo con palabras y gestoscariñosos hasta que tomamos el autobús.

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Capítulo 29

El Emperador 

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El Emperador 

En el trayecto encontramos alEmperador, que venía de la Facultad deMedicina. El autobús en el que íbamos sedetuvo como todos los vehículos; lospasajeros descendieron a la calle y sequitaron el sombrero hasta que pasó el cocheimperial. Cuando regresé a mi asiento, teníauna idea fantástica, la idea de ir a hablarcon el Emperador, contarle todo y pedirle suintervención. No le confiaría esta idea aCapitú. “Si se lo pide su Majestad, mi madrecederá”, pensé para mis adentros.

Vi entonces al Emperador

escuchándome, reflexionando y acabandopor decir que sí, que iría a hablar con mimadre; yo le besaba las manos con lágrimas.Y enseguida me encontré en casa, esperando,hasta que oí a los batidores y al piquete decaballería; ¡es el Emperador!, ¡es el

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Emperador!, todo el mundo se asomaba alas ventanas para verlo pasar, pero nopasaba, el coche se detenía en nuestrapuerta, el Emperador se apeaba y entraba.Gran alborozo en el vecindario: “¡ElEmperador ha entrado en casa de D.ª Gloria!¿Qué será? ¿Qué no será?” Nuestra familiasalía a recibirlo, mi madre era la primeraque le besaba la mano. Entonces elEmperador, risueño, sin entrar en la sala oentrando –no lo recuerdo bien, los sueñosson muchas veces confusos- le pedía a mimadre que no me obligara a ser cura y ella,lisonjeada y obediente, le prometía que no.

- Medicina, - ¿por qué no le manda

estudiar medicina?

- Si es del agrado de su Majestad…

- Mándele estudiar medicina, es unabonita carrera y tenemos aquí buenosprofesores. ¿Nunca ha ido a nuestraFacultad? Es una bella Facultad. Ya tenemos

médicos de primera categoría que se puedenhombrear con los mejores de otros países.La medicina es una gran ciencia; basta condar salud a los demás, conocer sus molestias,combatirlas, vencerlas… Usted misma habrávisto milagros. Su marido murió, pero la

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enfermedad era fatal y él no se cuidaba… Esuna bonita carrera, mándelo a nuestraFacultad. Haga eso por mí. ¿Qué te parece,Bentiño?

- Si mi madre lo desea…

- Sí, lo deseo, hijo mío. Lo ordena SuMajestad.

Entonces el Emperador de nuevo dabaa besar su mano y salía, acompañado detodos nosotros; la calle llena de gente, lasventanas repletas, un silencio de asombro;el Emperador entraba en el coche, seinclinaba y hacía un gesto de despedida,

diciendo: “La medicina, nuestra Facultad.” Yel coche partía entre envidias yagradecimientos.

Todo eso lo vi y lo oí. No, laimaginación de Ariosto no es más fértil quela de los niños y los enamorados, ni la visiónde lo imposible necesita más que un rincón

del autobús. Me consolé por unos instantes,digamos minutos, hasta que se esfumó lavisión y miré las caras sin sueños de miscompañeros.

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Capítulo 30 

El Santísimo

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El Santísimo

Habrás entendido que aquel recuerdodel Emperador respecto a la medicina no eramás que el reflejo de mi poca voluntad deirme de Río de Janeiro. Los sueños que sesueñan despierto son como los demás sueños,se tejen por el patrón de nuestrasinclinaciones y de nuestros recuerdos. Valgaque fuese a S. Paulo, pero a Europa… Estabademasiado lejos, mucho mar y mucho tiempo.¡Viva la medicina! Le contaría estasesperanzas a Capitú.

- Parece que va a salir el Santísimo,dijo alguien en el autobús. Oigo una

campana, creo que es en San Antonio de losPobres. ¡Pare, señor cobrador!

El cobrador de los billetes tiró de lacorrea que llegaba hasta el brazo delconductor, el autobús paró y el hombre bajó.

CAP ÍTULO XXX

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José Días giró dos veces la cabeza con rapidez,me agarró del brazo y me hizo bajar con él.Acompañaríamos también al Santísimo.Efectivamente, la campana llamaba a los fielespara la ceremonia de los últimos sacramentos.Ya había algunas personas en la sacristía. Erala primera vez que me encontraba en unmomento tan solemne; obedecí, constreñido alprincipio, pero inmediatamente despuéssatisfecho, menos por la caridad de laceremonia que por conseguir un papel deadulto. Cuando el sacristán comenzó a distribuirlas hopas, entró un sujeto alocadamente; erami vecino Padua, que también iba a acompañaral Santísimo. Nos vio y vino a saludarnos. JoséDías hizo un gesto de desagrado y apenas le

respondió con una palabra seca, mirando haciael cura que se lavaba las manos. Después, comoPadua hablaba con el sacristán en voz baja,se acercó a ellos; yo hice lo mismo. Padua lepedía al sacristán llevar una de las varas delpalio. José Días pidió otra.

- Sólo hay una disponible, dijo el

sacristán.

- Pues es para mí, dijo José Días.

- Pero yo la he pedido primero, seatrevió Padua.

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- La ha pedido primero, pero hallegado tarde, replicó José Días; yo ya estabaaquí. Lleve usted una vela.

Padua, pese al miedo que le tenía alotro, insistía en que quería la vara, todo esoen voz baja y sorda. El sacristán halló el modode conciliar la rivalidad, ocupándose deconseguir de uno de los que portaban el palioque cediese su vara a Padua, conocido en laparroquia al igual que José Días. Así lo hizo,pero José Días frustró esta combinación.Cuando ya había otra vara disponible, lapidió para mí, “joven seminarista”, a quienesta distinción cabía preferentemente. Paduase puso pálido como la cera. Era poner a

prueba el corazón de un padre. El sacristán,que me conocía de verme allí con mi madrelos domingos, preguntó con curiosidad si yode verdad era seminarista.

- Aún no, pero lo será, respondió JoséDias, guiñándome el ojo izquierdo, lo cual,pese al aviso, me encolerizó.

- Bueno, se la cedo a nuestro Bentiño,suspiró el padre de Capitú.

Yo también quise cederle la vara; mevino a la memoria que él solía acompañar al

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Santísimo Sacramento para los moribundos,llevando una vela, pero que la última vezhabía conseguido una vara del palio. Laespecial distinción del palio se debía a quecubría al vicario y al sacramento; para lasvelas servía cualquiera. Él mismo me lo contóy me lo explicó, lleno de una gloria pía yrisueña. Así se entiende el alborozo con elque había entrado en la iglesia; era susegunda ocasión de llevar el palio, por esose preocupó de pedirlo inmediatamente. ¡Ynada! Y volvía a la vela común, de nuevo lainterinidad interrumpida; el administradorregresaba al antiguo cargo… Quise cederlela vara; el allegado me impidió ese acto degenerosidad y le pidió al sacristán que nos

pusiese, a él y a mí, con las dos varas dedelante, abriendo la marcha del palio.

Vestidas las hopas, distribuidas yencendidas las velas, el cura y el cálizpreparados, el sacristán con el hisopo y lacampanilla en las manos, salió la procesióna la calle. Cuando me vi con una de las varas,

pasando ante los fieles, que se arrodillaban,me quedé conmovido. Padua roía la velaamargamente. Es una metáfora, no encuentrootra forma más viva de expresar el dolor y lahumillación de mi vecino. Por lo demás, nopude mirarlo por mucho tiempo ni tampoco

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al allegado, quien, en paralelo conmigo,alzaba la cabeza con aire de ser él mismo elDios de los ejércitos. Al rato, me sentí cansado; los brazos me flaqueaban, porfortuna la casa estaba cerca, en la calle delSenado.

La enferma era una señora viuda,tísica, tenía una hija de quince o dieciséisaños, que estaba llorando en la puerta de lahabitación. La joven no era hermosa, quizáni tuviera gracia; los cabellos le caíandespeinados y las lágrimas le hacían entornarlos ojos. No obstante, el conjunto eraexpresivo y cautivaba el corazón. El vicarioconfesó a la enferma, le dio la comunión y

los santos óleos. El llanto de la joven aumentótanto que sentí mis ojos húmedos y huí. Lleguécerca de una ventana. ¡Pobre criatura! Eldolor era comunicativo en sí mismo;complicado con el recuerdo de mi madre,me dolía más y, cuando finalmente pensé enCapitú, sentí ganas de llorar también, seguí por el pasillo y oí a alguien que me decía:

- ¡No llores!

La imagen de Capitú venía conmigo ymi imaginación, así como hacía poco le habíaatribuido lágrimas, del mismo modo le

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llenaba ahora la boca de risa; la vi escribiren el muro, hablarme, andar a mi alrededorcon los brazos en el aire; oí claramente minombre, con una dulzura que me embriagó,y su voz. Las velas encendidas, tan lúgubresen esa situación, tenían para mí reflejos deun brillo nupcial… ¿Brillo nupcial? No sé; eraalgo opuesto a la muerte, y no veo nadamejor que una boda. Esta nueva sensaciónme dominó tanto que José Días se me acercóy me dijo al oído, en voz baja:

- ¡No te rías así!

Me puse serio enseguida. Era elmomento de la salida. Tomé mi vara y, como

ya sabía la distancia y ahora regresábamosa la iglesia, por lo cual el trayecto parecíamenor y sentía el peso de la vara más ligero.Además, el sol de afuera, la animación de lacalle, los muchachos de mi edad que meobservaban llenos de envidia, las devotas quese asomaban a las ventanas o salían a lascalles y se arrodillaban a nuestro paso, todo

me llenaba el alma de una alegría nueva.

Padua, por el contrario, iba máshumillado. Pese a haber sido sustituido pormí, no acababa de consolarse con la vela,con la miserable vela. Y sin embargo, había

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otros que también llevaban vela y sólomostraban la compostura del acto; no ibananimados, pero tampoco iban tristes. Senotaba que caminaban con orgullo.

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Capítulo 31

Las curiosidades de Capitú

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Las curiosidades de Capitú

Capitú prefería cualquier cosa antesque el seminario. En lugar de quedarseabatida con la amenaza de una largaseparación, si tuviese éxito la idea de Europa;se mostró satisfecha. Y cuando yo le contémi sueño imperial:

- No, Bentiño, dejemos tranquilo alEmperador, replicó; quedémonos por ahoracon la promesa de José Días. ¿Cuándo dijoque hablaría con tu madre?

- No fijó día; prometió que la vería,que hablaría en cuanto pudiese y que me

encomendase a Dios.

Capitú quiso que le repitiese todas lasrespuestas del allegado, los cambios en susgestos y hasta la pirueta, que apenas le habíacontado. Pedía el sonido de las palabras. Era

CAP ÍTULO XXX I

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minuciosa y atenta; la narración y el diálogo,todo parecía rumiarlo. También se puededecir que comprobaba, clasificaba y fijabaen la memoria mi exposición. Esta imagen esquizá mejor que la otra, pero la óptima deellas es ninguna. Capitú era Capitú, esto es,una criatura muy particular, era más mujerque yo hombre. Si aún no lo había dicho,aquí queda dicho. Si lo había dicho, aquí queda dicho también. Hay conceptos que sedeben inculcar en el alma del lector a fuerzade repetirlos.

Era también más curiosa. Lascuriosidades de Capitú merecen un capítulo.Eran de varia especie, explicables e

inexplicables, útiles e inútiles, graves ofrívolas; le gustaba saberlo todo. En elcolegio, donde desde los siete años habíaaprendido a leer, escribir y contar, francés,doctrina y labores de costura, no aprendiópor ejemplo a hacer bolillos; por eso quisoque la prima Justina le enseñase. No estudiólatín con el padre Cabral, porque el cura,

después de proponérselo de broma, acabódiciéndole que el latín no era lengua demuchachas. Capitú me confesó un día quepor esta razón tuvo el deseo de aprenderlo.En compensación, quiso aprender inglés conun viejo profesor amigo de su padre y

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compañero de éste en la petanca, pero nocontinuó con su propósito. Mi tío Cosme leenseñó back gamón .

- Capitú, ven que te voy a ganar porun palizón, le decía él.

Capitú obedecía y jugaba confacilidad, con atención, no sé si decir conamor. Un día la encontré dibujando un retratoa lápiz, le estaba dando los últimos retoquesy me pidió que esperase para ver si guardabaalgún parecido. Era el de mi padre, copiadodel cuadro que mi madre tenía en la sala yque aún conservo. Perfecto no era; alcontrario, los ojos le habían salido

desorbitados y los cabellos eran pequeñoscírculos, unos sobre otros. Pero, sin tenerrudimentos de arte, y habiendo hecho aquellode memoria en pocos minutos, me parecióuna obra de mucho mérito; descontadme laedad y la simpatía. Incluso así, apuesto a quehubiera aprendido fácilmente a pintar, comoaprendió música más tarde. Ya entonces se

interesaba por el piano de nuestra casa, viejotrasto inútil, sólo decorativo. Leía nuestrasnovelas, hojeaba nuestros libros degrabados, quería saber de las ruinas, de laspersonas, de las regiones, el nombre, lahistoria, el lugar. José Días le daba esas

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informaciones con cierto orgullo de erudito.Su erudición no era mucho mayor que suhomeopatía de Cantagalo.

Un día Capitú quiso saber qué eran losretratos de la sala de visitas. El allegado se loexplicó sumariamente, demorándose un pocomás en César, con exclamaciones y latines:

- ¡César! ¡Julio César! ¡Gran hombre!¿Tu quoque, Brute ?

Capitú no encontraba bonito el perfilde César, pero las hazañas citadas por JoséDías le provocaban gestos de admiración. Sequedó mucho tiempo mirándolo. ¡Un hombre

que lo podía todo!, ¡que lo hacía todo! ¡Unhombre que le regalaba a una señora unaperla valorada en seis millones de sestercios!

- ¿Y cuánto valía un sestercio?

José Días, no teniendo presente el valorde los sestercios, respondió entusiasmado:

- ¡Es el mayor hombre de la historia!

La perla de César iluminaba los ojosde Capitú. En esa ocasión le preguntó a mimadre por qué ya no usaba las joyas del

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retrato, se refería al que estaba en la salajunto al de mi padre; llevaba un gran collar,una diadema y unos pendientes.

- Son joyas viudas, como yo, Capitú.

- ¿Cuándo se las puso?

- Fue en las fiestas de la Coronación.

- ¡Oh!, ¡cuénteme las fiestas de laCoronación! Sabía lo que sus padres lehabían contado, pero naturalmente creía queellos no sabrían mucho más que lo que habíapasado en la calle. Ella quería informaciónde las tribunas de la Capilla Imperial y de

los salones de los bailes. Había nacido muchodespués de aquellas fiestas célebres. Comohabía oído hablar varias veces de laMayoridad, insistió un día en saber lo habíasido este acontecimiento; se lo contaron y lepareció que el Emperador había hecho muybien en querer ascender al trono a los quinceaños. Todo era motivo para las curiosidades

de Capitú, muebles antiguos, joyas viejas,costumbres, noticias de Itaguaí, la infancia yla juventud de mi madre, un dicho de aquí,un recuerdo de allí, un adagio de allá…

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Capítulo 32

Ojos de resaca

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Uno u otro, la verdad es que, apenas entréen la sala, peine, cabellos, toda ella voló porlos aires; sólo le oí esta pregunta:

- ¿Hay novedades?

- No hay ninguna, le respondí; hevenido a verte antes de que llegue el padreCabral para la clase. ¿Cómo has dormido?

- Bien. ¿José Días todavía no le hadicho nada?

- Me parece que no.

- ¿Cuándo se lo dirá?

- Me dijo que hoy o mañana tocará eltema; pero no de golpe, hablará primero porencima y de refilón, un toque. Después,entrará en materia. Quiere ver primero si mimadre ha tomado la decisión…

- Tomarla, la ha tomado, interrumpió

Capitú. No se le requeriría si no fuesenecesario alguien para resolverlo ahora ydefinitivamente. Dudo que José Días puedainfluir tanto; creo que hará todo lo que pueda,si comprende que realmente no quieres sercura, ¿pero lo conseguirá…? A él lo tienen

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en cuenta; si, sin embargo… ¡Esto es uninfierno! Insístele, Bentiño.

- Le insistiré, hoy mismo hablará.

- ¿Lo juras?

- ¡Lo juro! Deja que te mire a los ojos,Capitú.

Acababa de recordar cómo José Díaslos había definido, “ojos de gitana oblicua ydisimulada”. Yo no sabía lo que era oblicua,pero sí lo que significaba disimulada y queríasaber si se les podía llamar así. Capitú sedejó observar y examinar. Sólo me

preguntaba qué pasaba, si es que nunca loshabía visto; yo no vi nada extraordinario, elcolor y la dulzura eran conocidos míos. Eldetenimiento con que los contemplé creo quele dio una idea distinta de mi intención;imaginó que era un pretexto para mirarlosmás de cerca, con mis ojos grandes,constantes, fijos en los suyos y a eso le

atribuyo que comenzasen a parecer másgrandes, más grandes y sombríos, con unaexpresión que…

Retórica de enamorados, dame unacomparación exacta y poética para decir lo

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que fueron aquellos ojos de Capitú. No meacude una imagen capaz de decir, sin mermade la dignidad del estilo, lo que fueron y loque me hicieron. ¿Ojos de resaca? Eso, deresaca. Es lo más parecido a esa nuevapeculiaridad. Tenían no sé qué fluidomisterioso y enérgico, una fuerza quearrastraba hacia adentro como la ola que seretira de la playa en los días de resaca. Paraque no me arrastrasen, me fijé en sus orejas,en sus brazos, en sus cabellos esparcidos porlos hombros; pero así que miraba sus pupilas,la ola que salía de ellas iba creciendo, huecay oscura, amenazando con envolverme,arrastrarme y tragarme. ¿Cuántos minutospasamos en aquel juego? Sólo los relojes del

cielo habrán marcado ese tiempo infinito ybreve. La eternidad tiene sus péndulos y nopor no acabar nunca deja de querer saberla duración de las felicidades y los suplicios.Conocer la suma de los tormentos que yahabrán padecido en el infierno sus enemigosdoblará su gozo a los bienaventurados delcielo, así también la cantidad de las delicias

que habrán disfrutado en el cielo suscontrarios aumentará los dolores de loscondenados al infierno. Este suplicio escapóal divino Dante, pero yo no estoy aquí paraenmendar poetas. Estoy para contar que,pasado un tiempo indeterminado, tomé

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Capítulo 33 

El peinado

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El peinado

Capitú me dio la espalda, mirándoseen el espejito. Le agarré los cabellos, lostomé todos y comencé a peinárselos con elpeine, desde la raíz hasta las últimaspuntas, que le llegaban hasta la cintura. Depie, no me era posible: no habrás olvidadoque ella era un poquito más alta que yo,pero tampoco hubiera podido aunque fuerade la misma estatura. Le pedí que sesentase.

- Siéntate aquí, es mejor.

Se sentó. “Vamos a ver al gran

peluquero”, me dijo riéndose. Continuépeinándole sus cabellos con mucho cuidadoy se los dividí en dos partes iguales parahacerle las dos trenzas. No las hice enseguidani tan deprisa como pueden suponer lospeluqueros de oficio, sino despacio,

CAP ÍTULO XXX I I I

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despacito, saboreando por el tacto aquelloshilos abundantes que formaban parte de ella.El trabajo era torpe, a veces por negligencia,otras a propósito para deshacer lo hecho yrehacerlo. Mis dedos rozaban la nuca de lamuchacha o su espalda vestida de algodón yla sensación era un deleite. Pero, al fin, loscabellos se iban acabando, por más que yolos quisiese interminables. No le pedí al cieloque fuesen tan largos como los de la Aurora,porque todavía no conocía esta divinidad quelos viejos poetas me presentaron después;pero deseé peinarlos por todos los siglos delos siglos, hacer dos trenzas que pudiesenenvolver el infinito un número innombrable deveces. Si esto te parece enfático, desgraciado

lector, es que nunca peinaste a una joven,nunca pusiste tus manos adolescentes en lajoven cabeza de una ninfa… ¡Una ninfa! Todoyo estoy mitológico. Hace un momento,hablando de sus ojos de resaca, llegué aescribir Tetis; taché Tetis, tachemos ninfa;digamos solamente una criatura amada,palabra que abarca todas las potencias

cristianas y paganas. Finalmente acabé las dostrenzas. ¿Dónde estaba la cinta para atarleslas puntas? Encima de la mesa, un triste trozode cinta sucia. Junté las puntas de las trenzas,las uní con un lazo, retoqué la obra alargandoaquí, acortando allí, hasta que exclamé:

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mirando al suelo. No me atreví a decir nada;aunque quisiese, me faltaba la lengua. Preso,atontado, no encontraba gesto ni fuerza queme despegase de la pared y me lanzasesobre ella con mil palabras cálidas ymimosas… No te mofes de mis quince años,lector precoz. Con diecisiete, Des Grieux (yademás era Des Grieux) no era todavíaconsciente de la diferencia entre los sexos.

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Capítulo 34

 ¡Soy un hombre! 

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¡Soy un hombre!

Oímos pasos en el pasillo: era D.ªFortunata. Capitú reaccionó deprisa, tandeprisa que cuando su madre llegó a lapuerta ella se estaba riendo. Ningún signode palidez, ninguna muestra de timidez, unarisa espontánea y clara, que ella explicó conestas palabras alegres:

- Fíjate, mamá, cómo me ha peinadoeste señor peluquero; quería terminar mipeinado y mira lo que me ha hecho. ¡Miraqué trenzas!

- ¿Qué les pasa?, respondió su madre,

rebosando benevolencia. Está muy bien, nadiediría que lo ha hecho uno que no sabe peinar.

- ¿Qué dices, mamá?, ¿esto?, replicóCapitú, deshaciéndose las trenzas, ¡Venga,mamá!

CAP ÍTULO XXX IV

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Y con un enfado gracioso y voluntarioque a veces tenía, agarró el peine y sedesenredó el cabello para volver a peinarse.D.ª Fortunata la llamó tonta y me dijo que nole hiciese caso, que no era nada, locuras desu hija. Nos miraba con ternura. Después creoque sospechó. Viéndome callado, confuso,pegado a la pared, quizá pensó que habíahabido entre nosotros algo más que elpeinado y sonrió con disimulo…

Como yo también quería hablar paradisimular mi estado, busqué algunas palabrasen mi interior y me acudieron de golpe, peroatropelladamente, y me llenaron la boca sinque pudiera salir ninguna. El beso de Capitú

me había sellado los labios. Unaexclamación, un simple artículo, por más queempujasen con fuerza no lograban salir demi interior. Y todas las palabraspermanecieron en mi corazón, murmurando:“Aquí hay uno que no hará gran carrera enel mundo, a poco que sus emociones lodominen…” 

Así, sorprendidos por su madre,éramos dos en contradicción, ella encubríacon la palabra lo que yo publicaba con elsilencio. D.ª Fortunata me sacó de aquellatribulación, diciendo que mi madre me había

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mandado llamar para la clase de latín; elpadre Cabral me estaba esperando. Era unasalida, me despedí y me fui por el pasillo.Andando, oí que la madre censuraba lasmaneras de su hija, pero la hija no decíanada.

Corrí hacia mi habitación, tomé loslibros, pero no fui a la sala para la clase; mesenté en la cama, recordando el peinado yel resto. Tenía temblores, tenía unos olvidosen los que perdía la conciencia de mí y delas cosas que me rodeaban, para vivir no sédónde ni cómo. Y recuperaba la concienciay veía la cama, las paredes, los libros, elsuelo, oía algún sonido de afuera, vago,

próximo o remoto, y luego lo olvidaba todopara sentir solamente los labios de Capitú…Los sentía entregados bajo los míos,igualmente ofrecidos a los suyos, uniéndoselos unos a los otros. De repente, sin querer,sin pensar, me salió de la boca esta expresiónde orgullo:

- ¡Soy un hombre!

Supuse que me habrían oído, porquela expresión me salió en voz alta y corrí haciala puerta de la alcoba. No había nadieafuera. Volví adentro y, bajito, repetí que era

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un hombre. Todavía ahora oigo el eco en misoídos. El placer que esto me causó fueenorme. Colón no tuvo mayor placer cuandodescubrió América y perdonad la banalidaden beneficio de la oportunidad; en efecto,hay en cada adolescente un mundoencubierto, un almirante y un sol de octubre.Hice otros descubrimientos más tarde,ninguno me deslumbró tanto. La denuncia deJosé Días me había sobresaltado, la leccióndel viejo cocotero también, la visión denuestros nombres grabados por ella en elmuro del huerto me produjo, como has visto,un gran alborozo; pero nada de eso eracomparable con la sensación del beso.Podían ser mentira o ilusión. Al ser verdad,

eran los huesos de la verdad, no eran sucarne ni su sangre. Las mismas manos,tocadas, estrechadas, como fundidas, nopodían decirlo todo.

- ¡Soy un hombre!

Cuando repetí esto por tercera vez,

pensé en el seminario, pero como se piensaen un peligro que ha pasado, un malabortado, una pesadilla extinguida; todos misnervios me dijeron que para ser un hombreno hace falta ser cura. Mi sangre era de lamisma opinión. Otra vez sentí los labios de

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Capitú. Quizá abuso un poco de lasreminiscencias osculares; pero la nostalgiaes precisamente esto, el pasar y repasar lasmemorias antiguas. Pero, de todas las deaquella época creo que la más dulce fue ésta,la más nueva, la más envolvente, la queenteramente me reveló a mí mismo. Tengootras, vastas y numerosas, también dulces,de varia especie, muchas intelectuales,igualmente intensas. Por muy gran hombreque llegase a ser, su recuerdo sería menor.

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Capítulo 35 

El protonotario apostólico

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Mi tío Cosme y la prima Justina repetían eltítulo con admiración; era la primera vez quesonaba en nuestros oídos acostumbrados acanónigos, monseñores, obispos, nuncios einternuncios; ¿pero qué significabaprotonotario apostólico? El padre Cabralnos explicó que no era tan importante elcargo de la curia como las honras quecomportaba. Mi tío Cosme se sintióencumbrado por ser su compañero del juegodel tresillo y repetía:

- ¡Protonotario apostólico!

Y dirigiéndose a mí:

- Prepárate, Bentiño; tú puedes llegara ser protonotario apostólico.

Cabral oía con placer la repetición desu título. Estaba de pie, daba algunos pasos,sonreía o tamborileaba sobre la tapaderade una cajita. La longitud del título leduplicaba la magnificencia, aunque, para

unirlo al nombre, era demasiado largo; estasegunda reflexión la hizo mi tío Cosme. Elpadre Cabral sugirió que no era necesariodecirlo por extenso, bastaba con que lellamasen protonotario Cabral. Apostólico, sesobreentendía.

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- Protonotario Cabral.

- Sí, tiene razón; protonotario Cabral.

- Mas, Sr. Protonotario -intervino laprima Justina para irse acostumbrando al usodel título- ¿eso lo obliga a irse a Roma?

- No, D.ª Justina.

- No, es sólo el cargo honorífico,observó mi madre.

- Ahora bien, eso no impide –dijoCabral, que continuaba reflexionando- noimpide que en los casos de mayor formalidad,

actos públicos, cartas de ceremonia, etc., seemplee el título entero: protonotario apostólico.En el uso común, basta con protonotario.

- Justamente, asintieron todos.

José Días, que entró poco después demí, celebró la distinción y recordó a propósito

los primeros actos políticos de Pío IX, grandesesperanzas de Italia; pero nadie abundó enel asunto, el protagonista del momento y dellugar era mi viejo maestro de latín. Yo,recobrándome de la turbación, entendí quedebía felicitarlo también y mi elogio no le tocó

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menos el corazón que los demás. Me dio unosgolpecitos en la mejilla paternalmente y acabódándome vacaciones. Era demasiada felicidadpara sólo una hora. ¡Un beso y vacaciones!Creo que mi rostro dijo eso mismo, porque mitío Cosme, tocándose la barriga, me llamóperezoso; pero José Días truncó la alegría:

- No hay que celebrar el ocio; el latínsiempre le será necesario, aunque no acabe siendo cura .

Conocí aquí a mi hombre. Era laprimera palabra, la semilla arrojada a latierra, así de pasada, como para que losoídos de la familia se acostumbrasen. Mi

madre me sonrió, llena de amor y de tristeza,pero respondió enseguida:

- Será cura, y un cura bonito.

- No te olvides, hermana Gloria, ytambién protonotario. Protonotarioapostólico.

- El protonotario Santiago, enfatizóCabral.

Si la intención de mi maestro de latínera ir acoplando el título con el nombre, no

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lo sé; lo que sé es que cuando oí mi nombreligado a tal título, me dieron ganas de soltarun despropósito. Pero la voluntad ahora semanifestó primero como una idea, una ideasin lengua, que permaneció quieta y muda,al igual que poco después otras ideas… Peroésas requieren un capítulo especial.Acabemos éste diciendo que mi maestro delatín habló durante algún tiempo de miordenación eclesiástica, aunque sin graninterés. Buscaba un asunto ajeno paramostrarse aparentemente olvidado de supropia gloria, pero era ésta la que lo teníadeslumbrado en aquel momento. Era un viejodelgado, sereno, dotado de buenascualidades. Tenía algunos defectos; el más

excelso era ser goloso, no era propiamenteglotón; comía poco, pero apreciaba lo fino ylo raro y nuestra cocina, aunque sencilla, eramenos pobre que la suya. Así, cuando mimadre le dijo que se quedase a cenar, a finde celebrarlo, los ojos con que aceptó erande protonotario, pero no eran apostólicos. Ypara agradar a mi madre, nuevamente se

refirió a mí, describiendo mi futuroeclesiástico y quería saber si iría ahora alseminario o el año próximo y se ofrecía ahablar con el “señor obispo”, adornándolotodo con “protonotario Santiago”.

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Capítulo 36 

 Idea sin piernas e ideasin brazos

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Idea sin piernas e idea sin brazos

Los dejé con el pretexto de ir a jugar yme fui otra vez a pensar en la aventura depor la mañana. Era lo mejor que podía hacer,sin latín e incluso con latín. Al cabo de cincominutos me vino a la cabeza ir corriendo a lacasa vecina, agarrar a Capitú, deshacer sustrenzas, volver a hacerlas y terminarlas deaquella manera peculiar, labios sobre labios.De eso se trata, venga, de eso se trata…¡Solamente idea! ¡Idea sin piernas! Las otraspiernas no querían correr ni andar. Sólo muchodespués comenzaron a andar lentamente y mellevaron a casa de Capitú. Cuando llegué, laencontré en la sala, en la misma sala, sentada

en el canapé, con el cojín de la costura sobrela falda, cosiendo en paz. No me miró defrente, sino a hurtadillas y con recelo, o, siprefieres la fraseología del allegado, con unamirada oblicua y disimulada. Sus manos sedetuvieron después de clavar la aguja en la

CAP ÍTULO XXXV I

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tela. Yo, en el lado opuesto de la mesa, nosabía qué hacer y de nuevo me abandonaronlas palabras que traía. Así pasamos unoslargos minutos hasta que ella dejó porcompleto la costura, se levantó y me esperó.Me acerqué y le pregunté si su madre le habíadicho algo, me respondió que no. La bocacon que me respondió era tal que creo queme provocó un intento de aproximación. Locierto es que Capitú retrocedió un poco.

Era el momento de agarrarla,aproximarla, besarla… ¡Sólo ideas! ¡Ideas sinbrazos! Los míos se quedaron caídos y muertos.No conocía nada de las Escrituras. Si lashubiera conocido, probablemente el espíritu de

Satanás me hubiera hecho darle al lenguajemístico del Cantar un sentido directo y natural.Entonces hubiera obedecido al primer versículo:“¡Que me bese con los besos de su boca!” Yen lo que respecta a los brazos, que teníainertes, hubiera bastado cumplir el versículo 6ºdel cap. II: “su mano izquierda esté debajo demi cabeza y su mano derecha me abrace.” Ved

ahí la cronología de los actos. Se trataba sólode llevarla a cabo; pero aunque hubieraconocido el texto, el comportamiento de Capitúera ahora tan retraído, que no sé si habríapermanecido inmóvil. Fue ella, sin embargo,quien me sacó de aquella situación.

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Capítulo 37 

El alma está llenade misterios

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El alma está llena de misterios

- ¿Te estuvo esperando mucho tiempoel padre Cabral?

- Hoy no he tenido clase, me ha dadovacaciones.

Le expliqué el motivo de lasvacaciones. También le conté que el padreCabral había hablado de mi entrada en elseminario, apoyando la decisión de mi madrey dije de él cosas feas y duras. Capitúreflexionó un poco y acabó preguntándomesi podía ir a felicitar al cura por la tarde, ami casa.

- Claro que puedes, pero ¿por qué ami casa?

- Mi padre, naturalmente, querrá irtambién, pero es mejor que él vaya a casa

CAP ÍTULO XXXV I I

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del cura, es más bonito. Yo no, que ya soycasi moza, concluyó riendo.

Su risa me animó. Sus palabrasparecían ser una broma consigo misma, yaque, desde por la mañana, era una mujer,como yo era un hombre. Me hizo gracia y, locontaré todo, quise demostrarle que era unamoza completa. Tomé levemente su manoderecha, luego la izquierda y me quedé así pasmado y trémulo. Era la idea con manos.Quise tirar de las manos de Capitú paraobligarla a acercarse a mí, pero inclusoahora la acción no se correspondía con laintención. Sin embargo, me sentí fuerte yatrevido. No estaba imitando a nadie, no

convivía con muchachos que me pudiesenenseñar lances de amor. No conocía laviolación de Lucrecia. De los romanos sabíaapenas que hablaban como el manual delpadre Pereira y que eran patricios de PoncioPilatos. No niego que el final del peinado deaquella mañana había sido un gran paso enel camino de la dinámica amorosa, pero su

actitud de entonces fue justamente la contrariade la de ahora. Por la mañana ella habíaladeado su cabeza, pero ahora me rehuía;no sólo en eso diferían los lances; por otrolado, aunque parecía repetición, habíacontradicción.

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Creo que la amenacé con abrazarla.No lo juro, comenzaba a estar tanalborozado que no lograba ser conscientede todos mis actos; pero concluyo que sí,porque ella retrocedió y quiso soltar susmanos de las mías; después, quizá porqueno podía retroceder más, colocó uno de suspies delante y el otro detrás y se apartó demí. Este acto me obligó a asegurar sus manoscon fuerza. Su cuerpo finalmente se cansó ycedió, pero su cabeza no quiso ceder, y,echada para atrás, hacía inútiles todos misesfuerzos, porque yo ya estaba haciendoesfuerzos, amigo lector. Como no conocía laenseñanza del Cantar , no se me ocurriócolocar mi mano izquierda por debajo de su

cabeza; además, este acto implica unacuerdo de voluntades y Capitú, que ahorase resistía, habría aprovechado mi acto parasoltarse de mi otra mano y escaparse deltodo. Permanecimos en aquel combate, sinestrépito, porque, pese al ataque y la defensa,no perdíamos la cautela necesaria para queno nos oyeran desde el interior; el alma está

llena de misterios. Ahora sé que la atraíahacia mí, continuó retirando su cabeza hastaque se cansó, pero entonces le tocó el turnoa su boca. La boca de Capitú inició unmovimiento inverso en relación a la mía,yendo hacia un lado, cuando yo la buscaba

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por el opuesto. Estuvimos en esedesencuentro, sin que yo me atreviese un pocomás, y hubiera bastado un poco más…

Entonces oímos llamar a la puerta yhablar en el pasillo. Era el padre de Capitú,que volvía de la oficina un poco antes comoa veces acostumbraba. “¡Abre Nanata! ¡AbreCapitú!” Aparentemente era la mismasituación que la de por la mañana cuandosu madre nos sorprendió, pero sóloaparentemente; en realidad era diferente.Considerad que por la mañana todo habíaconcluido y que la llegada de D.ª Fortunatahabía sido un aviso para quereaccionáramos. Ahora estábamos luchando,

presas las manos, y ni siquiera nada habíacomenzado.

Oímos el cerrojo de la puerta quedaba al pasillo interno, era su madre queabría. Yo, ya que lo estoy confesando todo,digo aquí que no tuve tiempo de soltar lamanos de mi amiga; lo pensé, llegué a

intentarlo, pero Capitú, antes de que su padreacabase de entrar, hizo un gesto inesperado,posó su boca en la mía y me diovoluntariamente lo que estaba rechazandopor la fuerza. Repito, el alma está llena demisterios.

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Capítulo 38 

 ¡Qué susto, Dios mío! 

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¡Qué susto, Dios mío!

Cuando Padua, que venía del interior,entró en la sala de visitas, Capitú, de pie, deespaldas a mí, inclinada sobre la costuracomo si la recogiera, preguntaba en voz alta:

- Pero, Bentiño, ¿qué quiere decirprotonotario apostólico?

- ¡Cómo estáis!, preguntó su padre.

- ¡Qué susto, Dios mío!

Ahora sí que la situación era idéntica;aunque si cuento aquí, tal cual, los dos

episodios de cuarenta años atrás, es paramostrar que Capitú no sólo se controlabaen presencia de su madre sino que tampocose asustaba ante su padre. En medio de unasituación que me ataba la lengua, ellamanejaba la palabra con la mayor libertad

CAP ÍTULO XXXV I I I

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de este mundo. Mi convicción es que sucorazón no le latía ni más ni menos. Alegóun susto y puso en su cara un gesto confuso;pero yo, que lo sabía todo, vi que era mentiray le tuve envidia. Fui luego a hablar con supadre, que estrechó mi mano y quiso saberpor qué su hija hablaba de protonotarioapostólico. Capitú le repitió lo que yo le habíacontado y opinó que su padre debía felicitaral cura en casa de éste, ella iría a la mía. Y,reuniendo sus utensilios de costura, siguió porel pasillo, gritando de modo infantil:

- ¡Vamos a cenar, mamá, que hallegado papá!

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Capítulo 39

La vocación

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La vocación

El padre Cabral estaba en eseprimer momento de las distinciones en quelas más pequeñas felicitaciones equivalena odas. Luego llega el momento en quequienes han sido distinguidos reciben loselogios como un tributo usual, con carainexpresiva y sin agradecimientos. Laalegría del primer momento es la mejor;ese estado de espír i tu que ve en lainclinación del arbusto, tocado por elviento, una salutación de la flora universal,trae sensaciones más íntimas y finas queningún otro. Cabral oyó las palabras deCapitú con un placer infinito.

- Gracias, Capitú, muchas gracias; mecomplace que también te alegres. ¿Cómoestá tu padre? ¿Y tu madre? A ti ni tepregunto, tienes cara de vender salud. ¿Ytus oraciones?

CAP ÍTULO XXX IX

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A todas las preguntas ibarespondiendo Capitú bien y con prontitud. Ibamejor arreglada y con zapatos de calle. Noentró con la familiaridad acostumbrada, sedetuvo un instante en la puerta de la salaantes de besar la mano a mi madre y al cura.Como en menos de cinco minutos le aplicódos veces el título de protonotario, José Días,para compensar la competencia, hizo unbreve discurso en honor “al corazón paternaly augustísimo de Pío IX”.

- Eres un gran prosista, le dijo mi tíoCosme cuando acabó.

José Días sonrió sin pudor. El padre

Cabral confirmó los elogios del allegado, sinsus superlativos; a lo cual éste añadió que elcardenal Mastai evidentemente había sidopredestinado para la tiara desde el comienzode los tiempos. Y, guiñándome el ojo,concluyó:

- La vocación lo es todo. El estado

eclesiástico es perfectísimo, con la condiciónde que el sacerdote esté ya destinado desdela cuna. Si no tiene vocación, hablo devocación sincera y real, un jovenperfectamente puede estudiar letras humanas,que también son útiles y honradas.

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El padre Cabral replicó:

- La vocación es mucho, pero el poderde Dios es soberano. A un hombre puede nogustarle la iglesia e incluso perseguirla, peroun buen día le habla la voz de Dios y apareceel apóstol: véase S. Pablo.

- No disiento, pero lo que yo digo esotra cosa. Lo que digo es que se puede muybien servir a Dios sin ser cura, ¿es posible ono?

- Claro que lo es.

- ¡Pues eso!, exclamó José Díastriunfante, mirando a su alrededor. Sin

vocación no hay buen cura y en todas lasprofesiones liberales se sirve a Dios, comotodos debemos.

- Perfectamente, pero la vocación nosólo procede de la cuna.

- No, pero es la mejor.

- Un joven sin el menor interés por lavida eclesiástica puede acabar siendo un muybuen cura, todo es como Dios lo determina.No me quiero poner como modelo, pero aquí estoy yo que nací con vocación para la

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medicina; mi padrino, que era coadjutor deSanta Rita, le insistió a mi padre para queme metiese en el seminario; mi padre cedió.Pues bien, me gustaron tanto los estudios yla compañía de los sacerdotes que acabé porordenarme. Pero suponga que no hubierasucedido así y que yo no hubiera cambiadode vocación, ¿qué hubiera ocurrido? Habríaestudiado en el seminario algunas materiasque es bueno conocer y que se enseñansiempre mejor en esas instituciones.

La prima Justina intervino:

- ¿Cómo? ¿Puede uno entrar en elseminario y salir sin ser cura?

El padre Cabral respondió que sí, quese podía y, dirigiéndose a mí, dijo que mivocación era manifiesta, que mis jugueteshabían sido siempre de iglesia y que meencantaban los oficios divinos. La pruebanada probaba, todos los niños de mi épocaeran devotos. Cabral añadió que el rector

de S. José, a quien había contadorecientemente la promesa de mi madre,consideraba un milagro mi nacimiento; él erade la misma opinión. Capitú, pegada a lasfaldas de mi madre, no correspondía a lasmiradas ansiosas que yo le enviaba; tampoco

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parecía escuchar la conversación sobre elseminario y sus consecuencias, pero, sinembargo, memorizó lo principal como vinea saber después. Dos veces fui a la ventana,esperando que ella también fuese ypermaneciéramos felices, solos, hasta que seacabase el mundo, si se tenía que acabar,pero Capitú no apareció. No se separó demi madre sino para irse. Era la hora delavemaría cuando se despidió.

- Acompáñala, Bentiño, dijo mi madre,

- No hace falta, D.ª Gloria, dijo sonriendo,conozco el camino. Adiós, Sr. Protonotario…

- Adiós, Capitú.

Yo ya había dado un paso paraatravesar la sala y claramente mi deber y mideseo eran atravesarla completamente,seguir a la vecina por el pasillo, bajar a lachácara, entrar en el huerto, darle un tercerbeso y despedirme. No me importó la

negativa, que creí simulada, y la seguí por elpasillo; pero Capitú, que iba deprisa, sedetuvo y me hizo señas para que regresase.No le hice caso, me acerqué a ella.

- No vengas, mañana hablaremos.

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- Pero yo quería decirte…

- Mañana.

- ¡Escucha!

- ¡Quédate!

Hablaba bajito, me tomó de la manoy se llevó el dedo a los labios. Una negra,que vino desde el interior a encender el faroldel pasillo, viéndonos en aquella situación,casi a oscuras, se rió con simpatía y murmurópara que lo oyésemos algo que no entendí ni bien ni mal. Capitú murmuró que la esclavapodía había sospechado y que quizá se lo

contaría a las demás. Otra vez me insistió enque me quedara y se retiró; yo me quedéquieto, clavado, aferrado al suelo.

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Capítulo 40 

Una yegua

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Una yegua

Al quedarme solo reflexioné un pocoy tuve una fantasía. Ya conocéis mis fantasías.Os he contado la de la visita imperial; osconté la de esta casa del Ingenio Nuevo,reproduciendo la de Matacavalos… Laimaginación ha sido la compañera de todami existencia, viva, rápida, inquieta, algunavez tímida y amiga de tartamudear, casisiempre capaz de engullir tierras y tierras,corriendo. Creo haber leído en Tácito quelas yeguas ibéricas concebían por el viento;si no fue en él, fue en otro autor antiguo queconsideró oportuno conservar esa creenciaen sus libros. En ese particular mi imaginación

era una gran yegua ibérica; la menor brisale daba un potro, que se convertía enseguidaen caballo de Alejandro; pero dejemos lasmetáforas atrevidas e impropias de misquince años. Contemos sencillamente elasunto. Mi fantasía de aquel momento fue

CAP Í TULO X L  

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confesarle a mi madre mis amores paraexplicarle que no tenía vocación eclesiástica.La conversación sobre las vocaciones meacudía ahora completa y, a la vez que measustaba, me abría una puerta de salida. “Sí,es eso, pensé; voy a decirle a mamá que notengo vocación y le confieso nuestros amores;si lo pone en duda, le cuento lo que pasó elotro día, el peinado y el resto…” 

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Capítulo 41

La audiencia secreta

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La audiencia secreta

El resto me hizo quedarme algúntiempo más en el pasillo, pensando. Vi entraral doctor João da Costa y se preparóenseguida el habitual juego del tresillo. Mimadre salió de la sala y, topándose conmigo,me preguntó si había acompañado a Capitú.

- No, se fue sola.

- Y casi acometiéndola:

- Mamá, quiero decirte una cosa.

- ¿De qué se trata?

Muy asustada, quiso saber qué medolía, si la cabeza, si el pecho, si el estómago,y me palpaba la frente para ver si tenía fiebre.

- No me pasa nada.

CAP Í TULO X L I

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- ¿Entonces de qué se trata?

- Mamá, se trata… Pero, escucha, mira,es mejor después del té; luego… No es nadamalo, te asustas por todo, no es parapreocuparse.

- ¿No estás enfermo?

- No mamá.

- Eso es que has vuelto a constiparte.Disimulas para no tomar el sudorífico, peroestás constipado; se te nota en la voz.

Intenté reír para demostrar que no tenía

nada. Pero ni por esas me permitió aplazar laconfidencia, me agarró, me llevó a suhabitación, encendió una vela y me ordenó quese lo contase todo. Entonces, para comenzar,le pregunté que cuándo iría al seminario.

- El año que viene, después de lasvacaciones.

- ¿Iré para quedarme?

- ¿Cómo que para quedarte?

- ¿Que si no volveré a casa?

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- Volverás los sábados y en vacaciones;es lo mejor. Cuando te ordenes cura, vendrása vivir conmigo.

Me sequé los ojos y la nariz. Ella meacarició y luego quiso reprenderme, perocreo que le temblaba la voz y me parecióque tenía los ojos húmedos. Le dije que yotambién sentiría nuestra separación. Negóque fuese una separación; era sólo unaausencia a causa de los estudios, sólo losprimeros días. En poco tiempo meacostumbraría a los compañeros y a losprofesores y acabaría gustándome vivir conellos.

- A mí sólo me gustas tú.

No era una frase interesada, peroquise decírsela para hacerle creer que ellaera mi único afecto; así desviaba lassospechas sobre Capitú. ¡Cuántas intencionesviciosas hay que se incorporan a mediocamino en una frase inocente y pura! Se

podría sospechar que la mentira es muchasveces tan involuntaria como la transpiración.Por otra parte, lector amigo, repara en queyo quería desviar las sospechas sobre Capitú,cuando había llamado a mi madre justamentepara confirmarlas; pero las contradicciones

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son propias de este mundo. La verdad es quemi madre era cándida como la primeraaurora, anterior al pecado original; ni porpura intuición sería capaz de deducir unacosa de la otra, esto es, no concluiría de mirepentina oposición que, como le había dichoJosé Días, yo estaba de cuchicheos conCapitú. Se calló durante algunos instantes;después me replicó sin imposición niautoridad, lo cual me fue animando aresistirme. Por eso le hablé sobre el tema dela vocación que se había discutido esa tardey le confesé que yo no la sentía.

- Pero si te gustaba tanto ser cura, dijoella; ¿no te acuerdas que incluso querías ir a

ver a los seminaristas de S. José salir con sushábitos? En casa, cuando José Días tellamaba Reverendísimo, ¡te reías con tantogusto! ¿Cómo puede ser que ahora…? Nome lo creo, no, Bentiño. Y además… ¿Lavocación? La vocación viene con lacostumbre, continuó repitiendo las reflexionesque le había oído a mi profesor de latín.

Cuando intenté replicarle, mereprendió sin aspereza, pero con algunafirmeza y volví a ser el hijo sumiso que habíasido siempre. Luego continuó hablando gravey ampliamente sobre la promesa que había

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hecho; no me contó las circunstancias, ni laocasión, ni los motivos, cosas que sólo lleguéa saber más tarde. Afirmó lo principal, estoes, que la cumpliría en pago a Dios.

- Nuestro Señor me ayudó salvando tuexistencia, no le mentiré ni le faltaré, Bentiño;son cosas que no se hacen sin pecar y Dios,que es grande y poderoso, no me dejaríaasí, no, Bentiño; yo sé que sería castigada ymuy castigada. Ser cura es algo bueno ysanto; conoces a muchos, como el padreCabral, que vive feliz con su hermana; un tíomío también fue cura y por poco no fueobispo, dicen… Déjate de mañas, Bentiño.

Creo que los ojos que puse fueron tanquejosos que corrigió enseguida la palabra;maña, no, no podía ser una maña, sabía muybien que era su amigo y que no sería capazde fingir un sentimiento que no tuviese.Indolencia es lo que quería decir, que medejase de indolencias, que fuera un hombrey cumpliese con la obligación, en beneficio

de ella y para el bien de mi alma. Todas esasy otras cosas fueron dichas un pocoatropelladamente y la voz no le salía clara,sino velada y sofocada. Vi que su emociónde nuevo era grande, pero no renunciaba asus propósitos y me aventuré a preguntarle:

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- ¿Y si le pidieses a Dios que tedispensase de la promesa?

- Ni mucho menos. ¿Estás tontoBentiño? ¿Cómo sabría si Dios me habríadispensado?

- Quizá en sueños, yo sueño a vecescon ángeles y santos.

- Yo también, hijo mío; pero es inútil…Vamos, es tarde; vamos a la sala. Ha quedadoclaro: el primero o el segundo mes del añoque viene irás al seminario. Lo que quiero esque aprendas bien los libros que estásestudiando; es bueno, tanto para ti como para

el padre Cabral. En el seminario tienen interésen conocerte, porque el padre Cabral hablade ti con entusiasmo.

Caminó hacia la puerta y salimosambos. Antes de salir, se volvió hacia mí ycasi la vi arrojarse a mis brazos y decirmeque no sería cura. Conforme se aproximaba

el momento su deseo íntimo era ya que nofuese cura. Deseaba un modo de pagar ladeuda contraída, otra moneda que valiesetanto o más, pero no la encontraba.

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Capítulo 42

Capitú reflexionando

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Capitú reflexionando

Al día siguiente en cuanto pude fui ala casa vecina. Capitú se estaba despidiendode dos amigas que habían ido a visitarla.Paula y Sancha, compañeras de colegio, laprimera de quince, de diecisiete la segunda;aquélla, hija de médico; ésta, de uncomerciante de mercancías americanas.Estaba decaída, llevaba un pañuelo en lacabeza; su madre me contó que había sidopor causa de un exceso de lectura en lavíspera, antes y después del té, en la sala yen la cama, hasta mucho después de medianoche y a la luz de un quinqué…

- Si hubiera encendido una vela, mamáse hubiera enfadado. Ya estoy bien.

Y cuando se quitó el pañuelo de lacabeza, su madre le dijo tímidamente queera mejor que se lo pusiese de nuevo, pero

CAP ÍTULO XL I I

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Capitú respondió que no era necesario, queya se encontraba bien.

Nos quedamos solos en la sala; Capitúme confirmó el relato de su madre, añadiendoque lo había pasado mal por lo que habíaoído en mi casa. También le conté lo que mehabía pasado a mí, la entrevista con mimadre, mis súplicas, sus lágrimas y,finalmente, sus últimas palabras decisivas:dentro de dos o tres meses iría al seminario.¿Qué podríamos hacer ahora? Capitú meescuchaba con atención ávida, despuéssombría; cuando hube acabado, respirabacon dificultad, como a punto de estallar encólera, pero se contuvo.

Hace tanto tiempo que sucedió estoque no puedo asegurar si lloró de verdad osi solamente se enjugó los ojos; creo que sólohizo esto último. Viéndole la expresión, tomésu mano para animarla, pero yo tambiénnecesitaba que me dieran ánimos. Caímosen el canapé y nos quedamos mirando al

techo. Miento, ella miraba al suelo. Hice lomismo, cuando la vi así… Pero creo queCapitú miraba dentro de sí misma, mientrasque yo miraba de verdad al suelo, las grietascarcomidas, dos moscas andando y una patade la silla rajada. Era poca cosa, pero me

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sacaba de la aflicción. Cuando volví a mirara Capitú, vi que no se movía y me dio talimpresión que la sacudí suavemente. Capitúvolvió en sí y me pidió que le contase otravez lo que había sucedido con mi madre. Lacomplací, atenuando el relato esta vez, parano entristecerla. No me llames falso, llámamecompasivo; es cierto que tenía miedo deperder a Capitú, si ella perdía todas lasesperanzas, pero me dolía verla sufrir. Ahorabien, la verdad última, la verdad de lasverdades, es que me estaba arrepintiendo dehaber hablado con mi madre antes de queJosé Días hubiera llevado a cabo su trabajo;bien mirado, no aceptaba haber oído undesengaño que yo daba como seguro,

aunque diferido. Capitú reflexionaba,reflexionaba, reflexionaba…

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Capítulo 43 

¿Tienes miedo? 

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¿Tienes miedo?

De pronto, cesando su reflexión, fijósus ojos de resaca en mí y me preguntó sitenía miedo.

- ¿Miedo?

- Sí, te pregunto que si tienes miedo.

- ¿Miedo de qué?

- Miedo de que te golpeen, de que teencierren, de pelearte, de andar, detrabajar….

No la entendí. Si hubiera dichosimplemente: “¡Vámonos!” puede que yohubiera estado o no de acuerdo; en todocaso, la habría entendido. Pero aquellapregunta así, vaga, suelta, no supe captar susignificado.

CAP ÍTULO XL I I I

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- Pero…, no te entiendo. ¿De que megolpeen?

- Sí 

- ¿De qué me pegue quién? ¿Quiénme habría de pegar?

Capitú tuvo un gesto de impaciencia.Sus ojos de resaca no se movían y parecíanaumentar. Sin preocuparme por mí y sinquerer preguntarle más, comencé a imaginarde dónde me vendrían los golpes y por qué,y también por qué me habrían de encerrar yquién me habría de prender. ¡Válgame Dios!Imaginé una mazmorra, una casa oscura e

infecta. También vi la nave presidio, el cuartelde los Capuchinos y el Correccional. Todasesas bellas instituciones sociales me envolvíanen su misterio, sin que los ojos de resaca deCapitú dejasen de aumentar de tamaño hastael punto que me las hicieron olvidarcompletamente. El error de Capitú fue nodejarlos crecer infinitamente, sino reducirlos

a sus dimensiones normales y devolverles sumovimiento acostumbrado. Capitú volvió a serella, me dijo que estaba jugando, que nodebía preocuparme y, con un gesto lleno degracia, me dio unos golpecitos en la mejillasonriendo y me dijo:

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- ¡Miedoso!

- ¿Yo?, pero…

- No te preocupes, Bentiño. ¿Quiénhabía de golpearte o encerrarte? Perdona,hoy estoy medio loca; quiero jugar, y…

- No Capitú, no estás jugando; en estemomento ninguno de los dos tiene ganas dejugar.

- Tienes razón, ha sido una tontería;hasta luego.

- ¿Cómo que hasta luego?

- Me está volviendo el dolor de cabeza,me voy a poner una rodaja de limón en lassienes.

Hizo lo que dijo y se puso otra vez elpañuelo en la cabeza. Enseguida meacompañó al huerto para despedirse de mí;

pero incluso ahí nos detuvimos unos minutos,sentados sobre el brocal del pozo. Hacíaviento y el cielo estaba encapotado. Capitúhabló de nuevo sobre nuestra separacióncomo de un hecho cierto y definitivo, por másque yo, temeroso de lo mismo, buscase ahora

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razones para animarla. Capitú, cuando nohablaba, dibujaba en el suelo con una varade bambú, narices y perfiles. Desde quecomenzó, dibujar era una de sus diversiones,todo le servía de papel y lápiz. Como meacordé de nuestros nombres grabados porella en el muro, quise hacer lo mismo en elsuelo, y le pedí la vara. No me oyó o no mehizo caso.

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Capítulo 44

El primer hijo

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El primer hijo

- Dámela, déjame escribir una cosa.

Capitú me miró, pero de un modo queme recordó la definición de José Días, oblicuoy disimulado; levantó la mirada, sin levantarlos ojos. Su voz, un tanto apagada, mepreguntó:

- Dime una cosa, pero dime la verdad,no quiero fingimientos; tienes que respondercon el corazón en la mano.

- ¿Dime, de qué se trata?

- ¿Si tuvieses que elegir entre tu madrey yo, a quién elegirías?

- ¿Yo?

Me indicó que sí.

CAP Í TULO X L IV

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- Elegiría…, ¿pero por qué tengo queelegir? Mi madre no sería capaz depreguntarme eso.

- Ciertamente, pero yo te lo estoypreguntando. Supón que estás en elseminario y recibes la noticia de que voy amorir…

- ¡No digas eso!

- …O que me muero de nostalgia sino vienes enseguida, pero tu madre no quiereque vengas; dime, ¿vendrías?

- Claro que vendría.

- Desobedeciendo a tu madre.

- Sí, desobedecería a mi madre.

- ¿Dejarías el seminario, a tu madre,todo, para verme morir?

- ¡No hables de morir, Capitú!

Capitú tuvo una risita inexpresiva eincrédula y con la vara escribió unapalabra en el suelo, me incliné y leí:mentiroso .

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Todo aquello era tan extraño que nohallé respuesta. No encontraba el motivo delo escrito, como no se lo encontraba a lo queme había dicho. Si se me hubiera ocurridoallí un insulto grande o pequeño, es posibleque lo hubiera escrito también, con la mismavara, pero no se me ocurría nada. Tenía lacabeza vacía. Al mismo tiempo tuve miedo deque alguien nos pudiese oír o leer. ¿Quién, siestábamos a solas? D.ª Fortunata había venidoen una ocasión hasta la puerta de la casa,pero entró enseguida. Estábamoscompletamente solos. Me viene a la memoriaque unas golondrinas pasaron por encima delhuerto y se fueron hacia el morro de SantaTeresa, nadie más. A lo lejos voces vagas y

confusas, en la calle un tropel de caballerías,del lado de la casa un canturreo de lospajarillos de Padua. Nada más, o sólo estehecho curioso, que el nombre escrito por ellano sólo me espiaba desde el suelo con actitudde escarnio, sino que incluso me pareció quese reflejaba en el aire. Tuve entonces una ideamalvada; le dije que, a fin de cuentas, la vida

de cura no era tan mala y que yo podríaaceptarla sin mucho sufrimiento. Comovenganza, era pueril; pero yo tenía la secretaesperanza de verla correr hacia mí deshechaen lágrimas. Capitú se limitó a abrirdesmesuradamente los ojos y acabo diciendo:

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- Ser cura es bueno, sin duda; peromejor que cura, canónigo, por los calcetinesrojos. El rojo es un color muy bonito;pensándolo bien, mejor canónigo.

- Pero no se puede ser canónigo sin serprimero cura, le dije mordiéndome los labios.

- Bien; comienza por los calcetinesnegros, luego vendrán los rojos. Lo que nome quiero perder es tu primera misa; avísamecon tiempo para que me haga un vestido ala moda, falda miriñaque con plisadosgrandes… Pero quizá para entonces la modasea diferente. Ha de ser en una gran iglesia,en la del Carmo o en S. Francisco.

- O en la Candelaria.

- En la Candelaria también. Todas ellassirven, siempre y cuando que yo asista a tuprimera misa. Tengo que causar una granimpresión. Mucha gente se preguntará:“¿Quién es esa joven presumida que está allí 

con un vestido tan bonito?” 

- “Es D.ª Capitolina, una joven que vivióen la calle de Matacavalos…” 

- ¿Que vivió? ¿Vas a mudarte?

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- ¿Quién sabe dónde viviremosmañana?, dijo con un leve tono de melancolía;pero volvió enseguida al sarcasmo: y tú en elaltar, vestido con el alba, revestido con la capade oro, cantando… Pater noster …

¡Cómo lamento no ser un poetaromántico para decir que esto era un duelode ironías! Contaría mis reproches y los deella, la gracia de uno y la rapidez del otro, yla sangre corriendo, y el furor en el alma,hasta mi golpe final, que fue éste:

- Pues, sí, Capitú, oirás mi primeramisa, pero con una condición.

A lo cual respondió:

- Su Reverendísima me la puede decir.

- ¿Me prometes una cosa?

- ¿Qué cosa?

- Dime si me la prometes.

- Si no sé lo que es, no prometo nada.

- En realidad son dos cosas, continué,porque se me había ocurrido otra idea.

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- ¿Dos cosas? ¿Cuáles son?

- La primera es que sólo te confesarásconmigo, para que yo te imponga la penitenciay te dé la absolución. La segunda es que…

- La primera está prometida, dijo ellaviéndome dudar y añadió que estabaesperando la segunda.

Palabra que me costó y mejor quenunca hubiera salido de mi boca, no hubieraoído lo que oí y no escribiría aquí una cosaque quizá encuentre incrédulos…

- La segunda…, sí…, es que… ¿Me

prometes que yo seré el cura que te case?

- ¿Qué me cases?, dijo un tantoconmovida.

Inmediatamente después se quedó conla boca abierta y lo negó con la cabeza.

- No, Bentiño, dijo, sería esperardemasiado tiempo; tú no puedes ser curamañana, hacen falta muchos años para sercura… Mira, te prometo otra cosa; te prometoque bautizarás a mi primer hijo.

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Capítulo 45 

 Niégalo con la cabeza, lector 

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Niégalo con la cabeza, lector 

Niégalo con la cabeza, lector; haztodos los gestos de incredulidad. Tira estelibro, si el tedio no te ha obligado a hacerloantes; todo es posible. Pero si no lo has hechoantes y lo haces ahora, espero que vuelvas atomarlo y lo abras por la primera página,sin que por eso creas en la veracidad delautor. Sin embargo, no hay nada másverídico. Fue exactamente así como hablóCapitú, con tales palabras y tales modos.Habló de su primer hijo como si fuese de suprimera muñeca.

En cuanto a mi asombro, aunque

también fue grande, apareció mezclado conuna sensación rara. Me atravesó unacorriente, aquella amenaza de un primer hijo,el primer hijo de Capitú, su boda con otro,por consiguiente la separación absoluta, lapérdida, la aniquilación, todo eso me

CAP Í TULO X LV

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producía tal efecto que no encontré palabrasni gestos; me quedé perplejo. Capitú sonreía,yo veía a su primer hijo jugando en el suelo…

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Capítulo 46 

Las paces .......

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Las paces

Las paces, como la guerra, se hicierondeprisa. Si yo buscase con este libro la gloriadiría que las negociaciones partieron de mí;pero no, las inició ella. Instantes después,como yo estuviera cabizbajo, ella bajótambién la cabeza, aunque volviendo sus ojoshacia arriba a fin de ver los míos. Me hicede rogar, después quise levantarme para salir,pero ni me levanté ni creo que me hubieraido. Capitú me miró fijamente con sus ojostan tiernos y su posición los hacía tansuplicantes que me quedé allí; le pasé elbrazo por la cintura, ella me tocó la puntade los dedos, y…

Otra vez apareció en la puerta de lacasa D.ª Fortunata; no sé para qué, no medio tiempo de retirar el brazo;inmediatamente desapareció. Podía ser unsimple descargo de conciencia, un ritual,

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como las oraciones por obligación, sindevoción, que se dicen de golpe; a no serque fuese para verificar con sus propios ojosla realidad que el corazón le decía…

Fuese lo que fuese, mi brazo continuóestrechando la cintura de su hija y así hicimoslas paces. Lo bonito es que cada uno denosotros quería ahora tener la culpa y nospedíamos perdón recíprocamente. Capitúalegaba insomnio, dolor de cabeza, falta deánimo y, finalmente, “su malhumor”. Yo, queera muy llorón en aquel entonces, sentía losojos húmedos… Era amor puro, era el efectode los sufrimientos de mi amiguita, era laternura de la reconciliación.

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Capítulo 47 

“La señora ha salido” 

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“La señora ha salido” 

De acuerdo, ya se ha acabado, dijefinalmente; pero, explícame sólo una cosa,¿por qué me preguntaste si yo tenía miedode que me pegasen?

- Por nada, respondió Capitú, despuésde dudar un poco… ¿Para qué insistir en eso?

- Dímelo. ¿Fue por el seminario?

- Sí; he oído decir que allí danpalizas… ¿Verdad que no? Yo tampoco locreo.

La explicación me gustó, no había otra.Si, como pienso, Capitú no decía la verdad,forzoso es reconocer que no podía decirla yla mentira es como esas criadas que se danprisa en responder a las visitas que “la señora

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ha salido” cuando la señora no quiere hablarcon nadie. Hay en esa complicidad un placerparticular; el pecado en común iguala porunos instantes la condición de las personas,eso sin contar el placer que da ver la carade las visitas engañadas y su espalda cuandose van… La verdad no salió, se quedó encasa, en el corazón de Capitú, adormeciendosu arrepentimiento. Yo no bajé triste niirritado; la criada me pareció galante,apetecible, mejor que la señora.

Las golondrinas venían ahora ensentido opuesto, o quizá no eran las mismas.Nosotros sí que éramos los mismos; juntandonuestras ilusiones, nuestros temores,

comenzando ya a juntar nuestras nostalgias.

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Capítulo 48 

 Juramento del pozo

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Juramento del pozo

- ¡No!, exclamé de repente.

- No, ¿qué?

Habían pasado algunos minutos desilencio, durante los cuales reflexioné muchoy acabé teniendo una idea; el tono de miexclamación, si embargo, fue tan alto queasustó a mi vecina.

- No tiene por qué ser así, continué.Dicen que no tenemos edad para casarnos,que somos niños, jovenzuelos: incluso oí decirjovenzuelos. Bien, pero dos o tres años pasan

deprisa. ¿Me juras una cosa? ¿Me juras quete casarás sólo conmigo?

Capitú no dudó en jurarlo e incluso levi las mejillas rojas de placer. Me lo juró dosveces e incluso una tercera.

CAP ÍTULO XLV I I I

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- Aunque te cases con otra, cumplirémi juramento y no me casaré nunca.

- ¿Qué yo me vaya a casar con otra?

- Todo puede ocurrir Bentiño. Puedesencontrar otra joven que te quiera,enamorarte de ella y casarte. ¿Quién soy yopara que te acuerdes de mí entonces?

- ¡Pues yo también te lo juro! Lo juro,Capitú, lo juro por Dios Nuestro Señor quesólo me casaré contigo. ¿No te basta?

- Debería bastarme, dijo; no me atrevoa pedirte más. Sí, tú me lo juras… Pero

juremos de otra manera; juremos que noscasaremos el uno con el otro, pase lo quepase.

Comprendéis la diferencia; era másque la elección del cónyuge, era la afirmacióndel matrimonio. La cabeza de mi amiga sabíapensar claro y deprisa. Realmente, la fórmula

anterior era limitada, apenas exclusiva.Podíamos acabar solterones, como el sol yla luna, sin faltar al juramento del pozo. Estafórmula era mejor y tenía la ventaja defortalecerme el corazón contra la investiduraeclesiástica. Juramos por la segunda fórmula

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y nos quedamos tan felices que desapareciótodo recelo de peligro. Éramos creyentes,teníamos al cielo por testigo. Yo ya no le temíaal seminario.

- Si se empeñan mucho, iré; pero meharé a la idea de que es un colegiocualquiera. No tomaré las órdenes.

Capitú temía nuestra separación, peroacabó aceptando esta propuesta que era lamejor. No afligiríamos a mi madre y el tiempocorrería hasta que llegara el momento en quepudiéramos casarnos. Por el contrario, todaresistencia al seminario confirmaría ladenuncia de José Días. Esta reflexión no fue

mía, sino de ella.

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Capítulo 49

Una vela los sábados

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Una vela los sábados

He aquí cómo, tras tantas fatigas,llegábamos al puerto en que nos deberíamoshaber refugiado desde el principio. No noscensures, piloto de mala muerte, no senavegan los corazones como los otros maresde este mundo. Estábamos contentos,comenzamos a hablar del futuro. Yo leprometía a mi esposa una vida sosegada ybella, en la plantación o fuera de la ciudad.Volveríamos aquí una vez al año. Si fuese enlos alrededores, sería lejos, donde nadiepudiera molestarnos. La casa, en mi opinión,no debía ser grande ni pequeña, un términomedio; le planté flores, le elegí muebles, una

calesa y un oratorio. Sí, tendríamos unoratorio bonito, alto, de jacarandá, con laimagen de Nuestra Señora de la Concepción.Me detuve en esto más que en lo demás, enparte porque éramos creyentes, en parte paracompensar que yo pensaba colgar los

CAP ÍTULO XL IX

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MACHADO DE ASSIS

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hábitos; pero quedaba algo que atribuyo alpropósito secreto e inconsciente de conseguircaptar la protección del cielo. Deberíamosencender una vela todos los sábados…

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Capítulo 50 

Un término medio

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Un término medio

Meses después fui al seminario de S.José. Si pudiese contar las lágrimas que llorédurante el día anterior y en esa mañana,sumarían más que todas las vertidas desdeAdán y Eva. Quizá exagere un poco; pero esbueno ser enfático de vez en cuando, paracompensar este escrúpulo de exactitud que meaflige. Sin embargo, si me atuviese solamenteal recuerdo de la sensación, no estaría lejosde la verdad; a los quince años, todo es infinito.Realmente, por más preparado que estuviera,padecí mucho. Mi madre también padeció,pero sufría con el alma y con el corazón;además, el padre Cabral había encontrado un

término medio: poner a prueba mi vocación;si, pasados dos años, yo no mostraba vocacióneclesiástica, estudiaría otra carrera.

- Las promesas se deben cumplir comoDios manda. Suponga que Nuestro Señor le

CAP Í TULO L  

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niega la vocación a su hijo y que lascostumbres del seminario no le producenla satisfacción que a mí me dieron, esoimplicaría que es otra la voluntad divina…Usted nunca le podría haber inculcado asu hijo, antes de haber nacido, unavocación que Nuestro Señor le hubieranegado…

Era una concesión del cura. Le daba ami madre un perdón anticipado haciendo queel perdón de la deuda procediera delacreedor. Los ojos de mi madre brillaron,pero su boca dijo que no. José Días, que nohabía conseguido ir conmigo a Europa, seaferró a lo más inmediato y apoyó el “arbitrio

del Sr. protonotario”; aunque le parecía quecon un año era suficiente.

- Estoy convencido, dijo, guiñándomeun ojo, que dentro de un año la vocacióneclesiástica de nuestro Bentiño se manifestaráclara y decisivamente. Ha de llegar a ser uncura de una vez. Aunque, si no se manifestara

en un año…

Y a mí, después, en privado:

- Vete por un año, un año pasa deprisa.Si no te gusta es que Dios no quiere, como

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dice el cura, y en ese caso, amiguito mío, elmejor remedio es Europa.

Capitú me dio el mismo consejo,cuando mi madre le anunció mi partidadefinitiva para el seminario:

- Hija mía, vas a perder a tucompañero de la infancia…

Le sentó tan bien ese trato de hija (erala primera vez que mi madre se lo daba) queno tuvo tiempo de entristecerse, le besó lamano y le dijo que ya lo sabía por mí. Enprivado me animó a soportarlo todo conpaciencia, para fin de año las cosas habrían

cambiado y un año pasaba deprisa. No fuepropiamente nuestra despedida. Ésta seprodujo en la víspera de la partida de unmodo que exige un capítulo especial. Lo únicoque diré aquí es que, conforme nos uníamosel uno al otro, ella se iba uniendo más a mimadre, se hizo más asidua y tierna, vivía juntoa ella, con los ojos puestos en ella. Mi madre

era de natural simpático e igualmentesensible y tanto se afligía como se regocijabacon cualquier cosa. Comenzó a encontrar enCapitú una porción de virtudes nuevas, decualidades finas y raras, le dio uno de susanillos y algunos regalos. No quiso

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fotografiarse, como la pequeña le pedía,para darle su retrato; pero tenía unaminiatura, hecha a los veinticinco años y, trasalgunas dudas, decidió dársela. Los ojos deCapitú cuando recibió el regalo eranindescriptibles; no eran oblicuos ni de resaca,eran directos, claros, lúcidos. Besó el retratocon pasión, mi madre hizo lo mismo con ella.Todo esto me recuerda nuestra despedida.

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Capítulo 51

Entre claro y oscuro

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Entre claro y oscuro

Entre claro y oscuro, todo ha de serbreve como aquel instante. No duró muchonuestra despedida, fue lo más larga posible,en la sala de visitas, antes de encender lasvelas; allí nos despedimos definitivamente.Nos juramos de nuevo que nos casaríamosel uno con el otro y no sólo selló el contratoun apretón de manos como en el huerto,también se unieron nuestros labiosamorosos… Quizá borre esto en lapublicación, si para entonces pienso de otramanera; si no, lo dejaré como está. Por ahoralo dejaré, porque en realidad es nuestradefensa. Lo que quiere el mandamiento divino

es que no juremos en vano  por el santonombre de Dios. Yo no iba a mentirle alseminario, ya que llevaba un contrato hechoen la propia notaría del cielo. En cuanto alsello, Dios, así como hizo las manos limpias,también hizo los labios limpios, la malicia

CAP Í TULO L I

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está antes en tu cabeza perversa que en lade aquella pareja de adolescentes… ¡Oh!,mi dulce compañera de infancia, yo era puroy puro permanecí y puro entré en el seminariode S. José a buscar aparentemente el hábitosacerdotal y antes que eso la vocación. Perola vocación eras tú, el hábito eras tú.

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Capítulo 52

El viejo Padua

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El viejo Padua

Ahora contaré también los adioses delviejo Padua. Inmediatamente vino a nuestracasa. Mi madre le dijo que fuese a hablarconmigo a mi habitación.

- ¿Con permiso?, preguntó metiendola cabeza por la puerta.

Fui a darle la mano, él me abrazó conternura.

- ¡Que sea feliz!, me dijo. Tenga porseguro que toda mi familia y yo tendremosmuchas nostalgias suyas. Todos le queremos

mucho, como se merece. Si le dijeran otracosa, no se lo crea. Son intrigas. También yocuando me casé fui víctima de intrigas, se lasllevó el viento. Dios es grande y descubre laverdad. Si algún día perdiese a su madre y asu tío, cosa que yo, por esta luz que me

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ilumina, no deseo, porque son buenaspersonas, excelentes personas, y yoagradezco los favores recibidos… No, no soycomo otros, ciertos parásitos, venidos defuera para desunir a las familias, aduladoresbajos, no; soy de otra clase, no vivo comiendoni morando en casa ajena… ¡Aunque, a finde cuentas, sean los más felices!

- ¿Por qué me dirá eso?, pensé.Naturalmente sabe que José Días habla malde él.

- Pero, como iba diciendo, si algún díaperdiese a sus parientes, puede contar connuestra compañía. No es de mucho valor,

pero el afecto es inmenso, créalo. Aunquesea cura, nuestra casa estará a su disposición.Sólo quiero que no me olvide; que no se olvidedel viejo Padua…

Suspiró y continuó:

- No olvide a su viejo Padua y, si tiene

algún pañuelo como recuerdo, un cuadernode latín, cualquier cosa, un botón de chaleco,algo que no le sirva para nada. Lo que valees el recuerdo.

Tuve un sobresalto. Había envuelto en

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un papel un mechón de mis cabellos largos ybonitos, cortados en la víspera. Mi intenciónera dárselos a Capitú al partir, pero se meocurrió dárselos a su padre. Su hija sabríaquedárselos y guardarlos. Tomé el paquete yse lo di.

- Tenga, guárdelo.

- ¡Un mechón de sus cabellos!, exclamóPadua abriendo y cerrando el paquete.¡Muchas gracias, muchas gracias en minombre y en el de mi familia! Voy a dárseloa mi vieja para que lo guarde, o a la pequeña,que es más cuidadosa que su madre. ¡Quélindos son! ¿Cómo se puede cortar una

maravilla de ésas? ¡Déme un abrazo!, ¡otro!,¡otro más!, ¡adiós!

Tenía los ojos de verdad húmedos;tenía la cara de los desengañados, comoquien ha gastado en un solo billete de loteríatodas sus economías y esperanzas, y ve salirsin premio el maldito número, ¡un número tan

bonito!

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Esto lo había dicho en la víspera enmi habitación. Ahora no decía nada más, sóloprofería algún aforismo sobre la religión yla familia; recuerdo éste: “Repartirlo con Dioses también poseerlo.” 

Cuando mi madre me dio el últimobeso, él suspiró: “¡Escena amantísima!”. Erala mañana de un lindo día. Los negritoscuchicheaban, las esclavas recibían mibendición: “¡Su bendición, amo Bentiño! ¡Nose olvide de su Juana! ¡Su Miguelina se quedarezando por su merced!” En la calle, José Díasinsistió en las esperanzas:

- Aguanta un año, para entonces

estará todo arreglado.

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Capítulo 54

Panegírico de Santa Mónica

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Panegírico de Santa Mónica

En el seminario… ¡No!, no voy a contarel seminario ni me bastaría un capítulo paraeso. No, amigo mío; algún día puede quecomponga un breve de lo que allí vi y viví, delas personas que traté, de las costumbres,de todo el resto. Esta sarna de escribir,cuando se contrae a los cincuenta años, nose erradica nunca. En la juventud es más fácilcurarse; y sin ir más lejos, aquí mismo en elseminario tuve un compañero que componíaversos a la manera de los de Junqueira Freire,cuyo libro de fraile-poeta era reciente. Seordenó, años después me lo encontré en elcoro de S. Pedro y le pedí que me mostrase

sus nuevos versos.

- ¿Qué versos?, preguntó sorprendido.

- Los tuyos. No te acuerdas que en elseminario….

CAP Í TULO L I V

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- ¡Ah!, sonrió.

Sonrió y, continuando su búsqueda enun libro abierto de la hora en que tenía quecantar al día siguiente, me confesó que, despuésde ordenado, no había escrito más versos.Fueron picores de juventud; se rascó, se le pasó,estaba bien. Y me habló en prosa de unainfinidad de cosas cotidianas, la vida cara, unsermón del padre X…, una parroquia de Minas…

Lo contrario le sucedió a unseminarista que no acabó la carrera. Sellamaba… No es necesario decir su nombre,baste el asunto. Había compuesto unPanegírico de Santa Mónica , elogiado por

algunos y leído entonces entre losseminaristas. Consiguió licencia paraimprimirlo y se lo dedicó a San Agustín. Todoesto son historias viejas; lo que sí es actuales que un día, en 1882, en que fui a resolverun asunto en una delegación de la marina,me encontré con mi colega, convertido en jefede una sección administrativa. Había dejado

el seminario, había dejado las letras, se habíacasado y se había olvidado de todo, menosdel Panegírico de Santa Mónica , unasveintinueve páginas que se pasó la vidarepartiendo. Como yo necesitaba algunasinformaciones, fui a pedírselas y hubiera sido

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Capítulo 55 

Un soneto

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Un soneto

Dichas tales palabras, estrechó mismanos con todas las fuerzas de un generosoagradecimiento, se despidió y salió. Mequedé solo con el panegírico y lo que sushojas me trajeron a la memoria merece uncapítulo o incluso más. Antes, sin embargo, yporque yo también tuve mi Panegírico ,contaré la historia de un soneto que nuncahice. Era en la época del seminario y suprimer verso es el que vais a leer:

¡Oh, ¡flor del cielo!, ¡oh!, ¡flor cándiday pura!

No sé ni cómo ni por qué me surgióeste verso de la cabeza; surgió así, estandoyo en la cama, como una exclamación sueltay, al reparar en que tenía la medida de unverso, pensé en componer con él alguna cosa,un soneto. El insomnio, musa de ojos

CAP Í TULO LV

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desorbitados, no me dejó dormir durante unalarga hora o dos; los picores me pedían uñasy yo me rascaba con fervor. No elegí inmediatamente después el soneto; alprincipio pensé en otra forma, tanto de rimacomo de versos libres, pero al final me atuveal soneto. Era un poema breve y adecuado.En cuanto a la idea, el primer verso no eratodavía una idea, era una exclamación; laidea vendría después. Así, en la cama,cubierto con las sábanas, traté de poetizar.Tenía el alborozo de la madre que siente asu hijo, a su primer hijo. Iba a ser poeta, ibaa competir con aquel monje de Bahía, pocoantes revelado y entonces de moda; yo,seminarista, contaría en verso mis tristezas

como él había contado las suyas en elclaustro. Memoricé bien el verso y se lorepetía en voz baja a las sábanas;francamente, me parecía bonito, y aún ahorano me parece malo:

¡Oh, ¡flor del cielo!, ¡oh!, ¡flor cándiday pura!

¿Quién era la flor?, Capitú,naturalmente; pero podría ser la virtud, lapoesía, la religión, cualquier otro conceptoal que cupiese la metáfora flor, y flor del cielo.Aguardé el resto, recitando continuamente el

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verso y recostado ora sobre el lado derecho,ora sobre el izquierdo; finalmente me quedéboca arriba, con los ojos fijos en el techo,pero ni aun así se me ocurría nada. Entoncesreparé en que los sonetos más elogiados eranlos que concluían con llave de oro, esto es,uno de esos versos capitales en el sentido yen la forma. Pensé en forjar una de talesllaves, considerando que el verso final,saliendo cronológicamente de los treceanteriores, con dificultad llevaría la elogiadaperfección; imaginé que tales llaves seríanfundidas antes que la cerradura. Así que medecidí a componer el último verso del sonetoy, después de mucho sudar, me salió éste:

¡Se pierde la vida, se gana la batalla!

Sin vanidad, y hablando como si fueseajeno, era un verso magnífico. Sonoro, nocabe duda. Y contenía un pensamiento, lavictoria conseguida a costa de la propia vida,pensamiento elevado y noble. Es posible queno fuese novedad, pero tampoco era vulgar

e incluso ahora no me explico por qué rutamisteriosa surgió de una cabeza tan joven.Entonces lo hallé sublime. Recité una y muchasveces la llave de oro, después repetí los dosversos seguidos y me dispuse a unirlos conlos doce centrales. La idea ahora, a la vista

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del último verso, me pareció mejor que nofuera Capitú, sino la justicia. Era más propiodecir que, en la pugna por la justicia, seperdería talvez la vida, pero la batalla estabaganada. También se me ocurrió aceptar labatalla, en su sentido natural, y hacer de ellala lucha por la patria, por ejemplo; en esecaso, la flor del cielo sería la libertad. Estaacepción, sin embargo, siendo el poeta unseminarista, podía no adecuarse tan biencomo la primera y tardé algunos minutos enescoger entre una y otra. Me pareció mejorla justicia, pero finalmente aceptédefinitivamente una idea nueva, la caridad, yrecité los dos versos, cada uno a su modo,uno lánguidamente:

¡Oh, ¡flor del cielo!, ¡oh!, ¡flor cándiday pura!

Otro con gran brío:

¡Se pierde la vida, se gana la batalla!

La impresión que tuve es que iba a salirun soneto perfecto. Comenzar bien y acabarbien no era poco. Para darme un baño deinspiración, evoqué algunos sonetos célebresy reparé en que la mayoría eran facilísimos;los versos surgían unos de otros, con la idea

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en sí, tan naturalmente que no se acababade saber si era ella quien los había producidoo si ellos quienes la habían suscitado. Volvíaentonces a mi soneto y nuevamente repetíael verso y esperaba el segundo, el segundono aparecía ni el tercero ni el cuarto; noaparecía ninguno. Tuve algunos accesos derabia y más de una vez pensé en saltar de lacama e ir a por tinta y papel; quizá,escribiendo, los versos acudiesen, pero…

Cansado de esperar, caí en la cuentade alterar el sentido del último verso, con unasimple transposición de dos palabras, así:

¡Se gana la vida, se pierde la batalla!

El sentido venía a ser justamente elcontrario, pero quizá eso mismo me trajesela inspiración. En este caso, sería una ironía:no ejerciendo la caridad, se puede ganar lavida, pero se pierde la batalla del cielo. Reuní nuevas fuerzas y esperé. No tenía ventana, sila hubiera tenido quizá le hubiera pedido una

idea a la noche. Y quién sabe si lasluciérnagas, luciendo aquí abajo, no seríanpara mí como rimas de las estrellas y estaviva metáfora no me proporcionaría losversos esquivos, con sus consonantes ysentidos propios.

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Trabajé en vano, busqué, seleccioné,esperé, no aparecieron los versos. Con eltiempo escribí algunas páginas en prosa yahora estoy componiendo esta narración, sinencontrar dificultad para escribirla, bien omal. Pues, señores, nada me consuela deaquel soneto que no hice. Pero como yo creoque los sonetos existen hechos, como las odasy los dramas y las demás obras de arte, poruna razón de orden metafísico, le regalo esosdos versos al primer desocupado que losquiera. El domingo, si está lloviendo, o en elcampo, en cualquier momento de descanso,puede intentar ver si le sale el soneto. Todoes darle una idea y llenar el centro que falta.

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Capítulo 56 

Un seminarista

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Un seminarista

Todo me lo iba repitiendo el diablo delopúsculo con sus letras viejas y citas latinas.Vi surgir de aquellas páginas muchos perfilesde seminaristas: los hermanos Albuquerques,por ejemplo, uno de los cuales es canónigoen Bahía, mientras que el otro cursó medicinay dicen que descubrió un específico contrala fiebre amarilla. Vi a Bastos, un flacucho,que está de vicario en Meia-Ponte, si no hamuerto ya; Luis Borges que, a pesar de cura,se hizo político y acabó senador delimperio… ¡Cuántas otras caras me mirabanfijamente desde las frías páginas delPanegírico ! No, no eran frías; traían el calor

de la juventud naciente, el calor del pasado,mi propio calor. Quería leerlas otra vez,lograba entender algún texto, tan fresco comoel primer día, aunque más breve. Era unencanto ir a por él; a veces,inconscientemente, doblaba la hoja como si

CAP Í TULO LV I

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estuviese leyendo de verdad; creo que eracuando mis ojos llegaban a la última palabraal final de la página, y mi mano,acostumbrada a ayudarlos, hacía su oficio.

He aquí otro seminarista. Se llamabaEzequiel de Souza Escobar. Era un jovenesbelto, ojos claros, un poco huidizos, comosus manos, como sus pies, como su habla,como todo él. Quien no estuvieseacostumbrado a él quizá podría sentirse mal,sin saber por donde agarrarlo. No mirabade frente, no hablaba claro ni seguido; susmanos no estrechaban las de los demás,porque sus dedos, siendo delgados y cortos,cuando la gente creía tenerlos entre los suyos,

ya no tenía nada. Lo mismo digo de sus pies,que tan pronto estaban aquí como allá. Esadificultad para quedarse quieto fue el mayorobstáculo que tuvo para adaptarse a lascostumbres del seminario. Su sonrisa erainstantánea, pero también se reía relajada ylargamente. Tenía algo menos fugaz que elresto: la reflexión; muchas veces lo

encontrábamos, ensimismado, pensando.Siempre nos respondía que estaba meditandoalgún asunto espiritual, o bien que estabarecordando la lección del día anterior.Cuando entró en mi intimidad, me pedíafrecuentemente explicaciones y repeticiones

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pormenorizadas y tenía memoria suficientepara guardarlas todas, incluso las palabras.Quizá esta facultad le perjudicase otras.

Era tres años mayor que yo, hijo de unabogado de Curitiba, emparentado con uncomerciante de Río de Janeiro que le servíade corresponsal a su padre. Éste era unhombre de fuertes sentimientos católicos.Escobar tenía una hermana, que era un ángel,según él.

- No sólo es un ángel por su belleza,también por su bondad. No te imaginas lobuena persona que es. Me escribe muchasveces y te mostraré sus cartas.

De hecho, eran sencillas y afectuosas,llenas de cariño y consejos. Escobar mecontaba interesantes historias de ella, lascuales venían a condecir con la bondad ycon el espíritu de aquella criatura; eran talesque me hubieran hecho capaz de casarmecon ella de no ser por Capitú. Murió poco

después. Yo, seducido por las palabras deél, a punto estuve de contarle enseguida mihistoria. Al principio fui tímido, pero se fueganando mi confianza. Aquellos modoshuidizos cesaban cuando él quería y elambiente y el tiempo los hicieron más

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reposados. Escobar acabó abriéndome todasu alma, desde la puerta de la calle hasta elfondo del huerto. El alma de las personas,como sabes, es una casa así dispuesta,frecuentemente con ventanas a todas lasdirecciones, mucha luz y aire puro. Tambiénlas hay cerradas y oscuras, sin ventanas, ocon pocas y enrejadas, semejantes aconventos y a prisiones. Otrosí, capillas ybazares, simples porches o palaciossuntuosos.

No sé cómo era la mía. Yo no eratodavía cazurro ni Don Casmurro; el recelome impedía la franqueza, pero como laspuertas no tenían llaves ni cerraduras,

bastaba con empujarlas y Escobar las empujóy entró. Lo hallé aquí dentro y aquí se quedó,hasta que…

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Capítulo 57 

De preparación

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De preparación

Pero no eran sólo los seminaristasquienes me iban surgiendo de aquellas hojasviejas del Panegírico . Me trajeron tambiénsensaciones pasadas, tales y tantas que nopodría contarlas todas sin quitarle espacioal resto. Una de esas, y de las primeras,quisiera contarla aquí en latín. No es que lamateria no encuentre términos honestos ennuestra lengua, que es casta para los castoscomo puede ser torpe para los torpes. Sí,lectora castísima, como diría mi finado JoséDías, puedes leer el capítulo hasta el fin sinrecelo ni vergüenza.

Pero ahora meteré la historia en otrocapítulo. Por más compuesto que éste mesalga, hay siempre en este asunto algunacosa menos austera que pide unas líneas dereposo y preparación. Sirva éste depreparación. Y esto es mucho, lector amigo;

CAP Í TULO LV I I

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el corazón, cuando examina la posibilidadde lo que ha de venir, las proporciones delos acontecimientos y la cantidad de ellos, sesiente vigoroso y dispuesto y el daño esmenor. Del mismo modo, si no se siente así entonces, no se sentirá nunca. Y aquí verásalguna que otra astucia mía; por eso, al leerlo que vas a leer, es probable que te parezcamenos cruel de lo que esperabas.

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Capítulo 58 

El tratado

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El tratado

Sucedió que un lunes, regresando yoal seminario, vi que una señora se caía en lacalle. Mi primer gesto en tal situación deberíahaber sido de pena o de risa; no fue ni unacosa ni otra, por cuanto (y es esto lo que yohubiera querido decir en latín), por cuanto laseñora llevaba las medias muy lavadas y nose las manchó, llevaba ligas de seda y no lasperdió. Varias personas acudieron, pero notuvieron tiempo de levantarla; ella se levantómuy avergonzada, se sacudió, dio las graciasy continuó por una calle próxima.

- Este gusto de imitar a las francesas de

la calle del Ouvidor, me decía José Díasandando y comentando la caída, esevidentemente un error. Nuestras jóvenes debenandar como siempre anduvieron, con sosiegoy paciencia y no con este tic, tic, afrancesado…

CAP Í TULO LV I I I

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Yo casi no podía oírlo. Las medias ylas ligas de la señora destacaban por sublancura y se enroscaban ante mí, y andaban,se caían, se levantaban y se iban. Cuandollegamos a la esquina, miré hacia la otracalle, y vi, a distancia, a nuestra desastrada,que seguía con el mismo paso, tic, tic, tic,tic…

- Parece que no se ha hecho daño, dijeyo.

- Tanto mejor para ella, pero esimposible que no se haya arañado lasrodillas; esa presteza es una maña…

Creo que fue “maña” lo que dijo; yome quedé con “las rodillas arañadas”. Apartir de allí hasta el seminario, no vi mujeren la calle a quien no le desease una caída;adiviné que algunas llevaban las mediastensas y las ligas ajustadas… Quizá habríaquien no llevase medias… Pero yo las veíacon ellas… O quizá… También es posible….

Voy desgranando esto con puntossuspensivos, para dar una idea de mis ideas,que eran así, difusas y confusas; no digo nadacon seguridad. Tenía la cabeza caliente y micaminar no era seguro. En el seminario, la

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primera hora fue insoportable. Los hábitostenían aire de faldas y me recordaban lacaída de la señora. Ya no era sólo una aquien había visto caer, todas las que habíaencontrado en la calle me mostraban ahorainesperadamente sus ligas azules; eranazules. De noche, soñé con ellas. Una multitudde abominables criaturas apareció andandoa mi alrededor, tic, tic… Eran bellas, unasdelgadas, otras gruesas, todas ágiles comodiablos. Desperté, intenté ahuyentarlas conconjuros y otros métodos, pero apenas medormí volvieron y, con las manos enlazadas,formaban a mi alrededor un vasto círculo defaldas, o, encaramadas en el aire, pies ypiernas se precipitaban sobre mi cabeza. Esto

duró hasta la madrugada. No dormí más.Recé padrenuestros, avemarías y credos y,siendo este libro la pura verdad, es forzosoconfesar que tuve que interrumpir mas de unavez mis oraciones para acompañar en laoscuridad una figura a lo lejos, tic, tic, tic, tic.Reanudaba deprisa la oración, siempre enla mitad para recomponerla bien, como si

no hubiese habido interrupción, pero enrealidad no unía la frase nueva con laanterior.

Como siguió el mal a lo largo de lamañana, intenté vencerlo, pero de manera

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que no lo perdiese del todo. Sabios de laEscritura, adivinad lo que podría ser. Fue esto.No pudiendo apartar de mí aquellasimágenes, recurrí a un pacto entre miconciencia y mi imaginación. Las visionesfemeninas serían en adelante consideradascomo simples encarnaciones de los vicios ypor eso mismo podrían ser observadas comoel mejor modo de templar el carácter yejercitarlo para los ásperos combates de lavida. No formulé esto con palabras ni fuenecesario; el contrato se hizo tácitamente, conalguna objeción, pero se hizo. Y durantealgunos días, era yo mismo quien evocabalas visiones para fortalecerme y no lasrechazaba sino cuando ellas mismas se iban

de puro cansadas.

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Capítulo 59

Convidados de buena memoria

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Convidados de buena memoria

Hay reminiscencias que no descansanantes de que la pluma o la lengua laspubliquen. Un clásico decía que renegabadel convidado que tiene buena memoria. Lavida está llena de dichos convidados y yoquizá sea uno de esos, aunque la prueba deque tengo la memoria débil es exactamenteque no me acude ahora el nombre del talclásico; pero era un clásico y basta.

No, no, mi memoria no es buena. Alcontrario, es comparable a alguien quehubiese vivido en hospederías, sin conservarde ellas ni las caras ni los nombres, tan sólo

raras circunstancias. A quien vive en la mismacasa de familia, con sus eternos muebles ycostumbres, personas y afectos, se le quedagrabado todo por la continuidad y larepetición. ¡Cómo envidio a quienes no hanolvidado el color de sus primeros pantalones!

CAP ÍTU LO LIX

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Yo no atino con el de los que me puse ayer.Juro solamente que no eran amarillos porquedetesto ese color, pero eso mismo puede serolvido y confusión.

Y mejor que sea olvido que confusión;me explico. Nada se corrige bien en los librosconfusos, pero todo se puede incluir en loslibros que tienen omisiones. Yo, cuando leoalguno de esta casta, no lo lamento. Lo quehago, al llegar al final, es cerrar los ojos yevocar todo lo que no encontré en él.¡Cuántas ideas finas se me ocurren entonces!¡Cuántas reflexiones profundas! Los ríos, lasmontañas, las iglesias que no vi en las hojasleídas, todos se me aparecen ahora con sus

aguas, sus árboles, sus altares; los generalessacan sus espadas que se habían quedadoen la vaina y los clarines liberan las notasque dormían en el metal y todo marcha conun espíritu imprevisto.

Todo se halla fuera de un libroincompleto, lector amigo. Completo así las

lagunas ajenas; así puedes tambiéncompletar las mías.

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Capítulo 60 

Querido opúsculo

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Querido opúsculo

Eso hice yo con el Panegírico de Santa Mónica , e hice más: le añadí no sólo lo quele faltaba de la santa, sino incluso cosas queno eran suyas. Ya has visto el soneto, lamedias, las ligas, al seminarista Escobar y aotros. Ahora verás el resto de lo que aqueldía me fue surgiendo de las páginas amarillasdel opúsculo.

Querido opúsculo, tú no servías paranada, ¿pero para qué más puede servir unviejo par de zapatillas? Sin embargo, muchasveces hay en el viejo par de zapatillas unaespecie de aroma y calor de dos pies.

Gastadas y rotas, no dejan de recordarnosque alguien las calzaba por las mañanas, allevantarse de la cama, o las descalzaba porlas noches al meterse en ella. Y si no vale lacomparación, porque las zapatillas son encierto modo una parte de la persona y

CAP Í TULO LX

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tuvieron el contacto con sus pies, aquí estánotros recuerdos, como la piedra de la calle,la puerta de la casa, un silbido particular, unpregón de mercado como aquél de lascocadas que conté en el cap. XVIII.Justamente, cuando conté el pregón de lascocadas me quedé tan lleno de nostalgiasque pensé en hacérselo escribir a un amigo,profesor de música y pegarlo en las piernasdel capítulo. Si después amputé el capítulo,fue porque otro músico, a quien se lo mostré,me confesó ingenuamente que no veía nadaen el texto que le produjera nostalgia. Paraque no le ocurra lo mismo a otrosprofesionales que acaso me lean, lo mejores ahorrarle al editor del libro el trabajo y el

gasto de la impresión. Ves que no puse nipongo nada. Ahora creo que no basta conque los pregones de la calle, como losopúsculos del seminario, guarden historias,personas y sensaciones; es necesario que lagente los haya conocido y padecido en eltiempo, sin lo cual todo es mudo e incoloro.

Pero vayamos al resto de lo que mefue surgiendo de las páginas amarillas.

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Capítulo 61

La vaca de Homero

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La vaca de Homero

El resto fue mucho. Vi pasar losprimeros días de la separación, duros yopacos, a pesar de las palabras de consueloque me dieron los curas y seminaristas y delas de mi madre y mi tío Cosme, traídas porJosé Días al seminario.

- Todos están nostálgicos, me dijo éste,pero la mayor nostalgia está naturalmenteen el mayor de los corazones; ¿y cuál es?,preguntó escribiendo la respuesta en sus ojos.

- Mi madre, le respondí.

José Días me estrechó las manos conentusiasmo y luego describió la tristeza demi madre, que hablaba de mí todos los días,casi a todas horas. Como la alababa siemprey añadía alguna palabra relativa a lascualidades que Dios le había dado, el orgullo

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de mi madre en esas ocasiones eraindescriptible; me contaba todo eso lleno deuna admiración lacrimosa. Mi tío Cosmetambién se enternecía mucho.

- Ayer se produjo incluso un casointeresante. Habiéndole dicho yo a laExcelentísima que Dios le había dado, no unhijo, sino un ángel del cielo, el doctor sequedó tan conmovido que no encontró otromodo de contener el llanto que haciéndomeuno de esos elogios en broma que sólo élsabe hacer. No es preciso decir que D.ª Gloriase enjugó furtivamente una lágrima. ¡Sólo unamadre! ¡Qué corazón amantísimo!

- ¿Pero Sr. José Días y mi salida deaquí?

- Eso es asunto mío. El viaje a Europaes lo verdaderamente necesario, pero sepuede hacer de aquí a uno o dos años, en1859 ó 1860…

- ¡Tan tarde!

- Sería mejor que fuese este mismo año,pero demos tiempo al tiempo. Ten paciencia,ve estudiando, no se pierde nada con irsabiendo ya alguna cosa; y, además, aunque

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no llegues a ser cura, la vida del seminario esútil y es bueno entrar en el mundo ungido conlos santos óleos de la teología…

En ese momento -me viene a lamemoria como si fuese hoy- los ojos de JoséDías fulguraron tan intensamente que mellenaron de asombro. Bajó los párpadosdespués y se quedaron así durante algunosinstantes hasta que de nuevo los levantó ysus ojos se fijaron en la pared del patio, comoabsortos en algo, si no en sí mismos; despuésdejaron de mirar a la pared y comenzaron avagar por el patio. Podía compararlo aquí con la vaca de Homero, andaba y gemíaalrededor de la cría que acababa de parir.

No le pregunté qué le pasaba, bien portimidez, bien porque dos profesores, uno deellos de teología, venían caminando ennuestra dirección. Al pasar junto a nosotros,el allegado, que los conocía, los saludó conlas deferencias debidas y les pidióinformaciones mías.

- Por ahora nada se puede asegurar,dijo uno, pero parece que dará buenresultado.

- Justamente le decía eso ahora mismo,replicó José Días. Espero oírle la primera

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misa; pero aunque no llegara a ordenarse,no puede tener mejores estudios que los querecibe aquí. Para el viaje de la existencia,concluyó demorando más las palabras, iráungido con los santos óleos de la teología…

Esta vez fue menor el brillo de sus ojos,no bajó los párpados ni sus pupilas semovieron como antes. Por el contrario, todoél era atención e interrogación; cuandomucho, una sonrisa clara y cordial leasomaba en los labios. Al profesor deteología le gustó la metáfora y se lo dijo; élse lo agradeció, explicando que eran ideasque le surgían en el transcurso de laconversación; no estaba escribiendo ni

orando. A mí no me gustó nada y en cuantolos profesores se fueron, negué con la cabeza:

- No quiero saber nada de los santosóleos de la teología; deseo salir de aquí lomás pronto posible, o ahora mismo…

- Ahora mismo, ángel mío, no puede

ser; pero podría ocurrir mucho antes de loque imaginamos. ¿Quién sabe si en estemismo año del 58? Tengo preparado un plany estoy pensando con qué palabras se loexpondré a D.ª Gloria, estoy convencido deque cederá y vendrá con nosotros.

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- Dudo que mi madre se embarque.

- Ya veremos. Tu madre es capaz detodo; pero, con ella o sin ella, doy por seguranuestra partida y no habrá esfuerzo que yono haga, puedes estar tranquilo. Lo que noshace falta es paciencia. Y no hagas nada aquí que dé lugar a censuras o quejas; muchadocilidad y una completa y manifiestasatisfacción. ¿No has oído el elogio delprofesor? Eso quiere decir que te has portadobien. Pues sigue así.

- Pero, 1859 ó 1860 es demasiado tarde.

- Será este año, replicó José Días.

- ¿De aquí a tres meses?

- O a seis.

- No, tres meses.

- De acuerdo. Tengo ahora un plan que

me parece mejor que todos los demás. Setrata de combinar la ausencia de vocacióneclesiástica y la necesidad de cambiar deaires. ¿Por qué no toses?

- ¿Que por qué no toso?

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- Ahora mismo no, pero te avisarécuando debas toser, cuando sea necesario,un poquito, una tosecita seca, y falta deapetito; yo iré preparando a laExcelentísima… ¡Ah!, y todo esto es en subeneficio. Ya que su hijo no puede servir a laIglesia como debe ser servida, el mejor modode cumplir la voluntad de Dios es dedicarloa otra cosa. El mundo también es iglesia paralos buenos…

Me pareció otra vez la vaca deHomero, como si “este mundo también esiglesia para los buenos” fuese otro becerro,hermano de los “santos óleos de la teología”.Pero no le di tiempo a la ternura materna y

repliqué…

- ¡Ah!, ¡entiendo! Aparentar que estoyenfermo para embarcar, ¿no es eso?

José Días dudó un momento, perodespués se explicó:

- Estoy diciendo la verdad, porque,francamente, Bentiño, hace meses que estoypreocupado por tu pecho. No estás bien delpecho. De pequeño tuviste unas fiebres yronquera… Pasaron, pero hace días que estáscon mal color. No digo que ya sea la

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DON CASMURRO

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enfermedad, pero la enfermedad puede venirdeprisa. En un momento se cae una casa. Poreso, si aquella santa señora no quisiera venircon nosotros, o para que venga más deprisa,creo que una buena tos… Si la tos ha de llegarde verdad, lo mejor es apresurarla… No tepreocupes, yo te aviso…

- Bien, pero cuando salga de aquí nopienso embarcar inmediatamente; primerosalgo, luego pensaremos en embarcar;embarcar se puede retrasar un año. ¿Nodicen que la mejor época es abril o mayo?Pues en mayo. Primero dejo el seminario, deaquí a dos meses…

Y como la palabra se me estabaatragantando en la garganta, di un girorápido y le pregunté a quemarropa:

- ¿Cómo está Capitú?

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Capítulo 62

Un asomo de Yago

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Un asomo de Yago

La pregunta era imprudente en elmomento en que me ocupaba de aplazar elembarque. Equivalía a confesar que el motivoprincipal o único de mi rechazo al seminarioera Capitú, además de hacer creerimprobable el viaje. Lo comprendí en cuantolo dije; quise enmendarlo, pero no supecómo, ni él me dio tiempo.

- Está muy alegre, como siempre; esuna tontuela. Hasta que no aparezca unpresumido del vecindario que se case conella…

Creo que empalidecí; por lo menos,sentí un escalofrío que me recorría todo elcuerpo. La noticia de que ella vivía alegre,cuando yo lloraba todas las noches, meprodujo un efecto, acompañado de unoslatidos del corazón tan violentos que todavía

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ahora creo oírlos. Hay algo de exageraciónen esto; pero el discurso humano es así, uncompuesto de partes excesivas y partesdeficientes, que se compensan ajustándose.Por otra parte, si entendemos que laaudiencia aquí no es de las orejas, sino dela memoria, llegaremos a la exacta verdad.Mi memoria oye todavía los latidos delcorazón de aquel instante. No olvides queera la emoción del primer amor. Estuve casipor preguntarle a José Días que me explicasela alegría de Capitú, qué hacía, si pasaba eltiempo riendo, cantando o saltando, pero mecontuve a tiempo y después se me ocurrióotra idea…

Otra idea, no: un sentimiento cruel ydesconocido, puros celos, lector de misentrañas. Eso fue lo que me hirió al repetirpara mí las palabras de José Días: “unpresumido del vecindario”. En realidad, nuncahabía pensado en semejante desastre. Vivíatan en ella, de ella y para ella, que laintervención de un presumido era como una

noción sin realidad; nunca se me habíaocurrido que había presumidos en elvecindario, de varias edades y maneras,grandes paseantes por las tardes. Ahora meacordaba que algunos miraban a Capitú ytan señor me sentía de ella que era como si

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me mirasen a mí, un simple deber deadmiración y envidia. Separados uno del otropor el espacio y por el destino, el daño meparecía ahora, no sólo posible, sino seguro.Y la alegría de Capitú confirmaba lasospecha; si ella estaba alegre es que ya salíacon otro, lo acompañaba con sus ojos por lacalle, le hablaba en la ventana, en lasavemarías, intercambiarían flores y…

¿Y… qué? Sabes qué es lo que másintercambiarían; si no lo descubres por timismo, escusado está que leas el resto delcapítulo y del libro, no encontrarás nada más,aunque yo lo diga con todas las letras de laetimología. Pero si lo has descubierto,

comprenderás que yo, después deestremecerme, tuviese un deseo de atravesarel portón, bajar el resto de la ladera, correr,llegar a la casa de Padua, agarrar a Capitúy conminarla a que me confesase cuántos,cuántos, cuántos ya le había dado elpresumido del vecindario. No hice nada. Losmismos sueños que cuento no tuvieron, en

aquellos tres o cuatro minutos, esta lógicade movimientos y pensamientos. Estabandescontrolados, estaban enmendados y malenmendados, como un dibujo truncado ytorcido, una confusión, un torbellino, que mecegaba y ensordecía. Cuando volví en mí,

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José Días concluía una frase, cuyo principiono oí y cuyo final era vago: “La preocupaciónque tendrá por ti”. ¿Qué preocupación yquién? Creí naturalmente que hablabatodavía de Capitú y quise preguntárselo, perola voluntad murió al nacer como tantas otras.Me limité a preguntarle al allegado cuándoiría a casa a ver a mi madre.

- Tengo nostalgia de mi madre. ¿Puedoir esta semana?

- Ven el sábado.

- ¿El sábado? ¡Ah, sí, sí! ¡Pídale a mimadre que vengan a buscarme el sábado!

¡El sábado! ¿Este sábado, no? Que vengana buscarme sin falta.

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Capítulo 63 

 Mitades de un sueño

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Mitades de un sueño

Esperé ansioso hasta el sábado.Hasta entonces los sueños me perseguíanincluso despierto y no lo cuento aquí parano alargar esta parte del libro. Sólo contaréuno y con el menor número de palabras, omejor, contaré dos, porque uno nació delotro, a no ser que ambos formen las dosmitades de uno solo. Todo esto es oscuro,señora lectora, pero la culpa es de vuestrosexo que perturba tanto la adolescencia deun pobre seminarista. Si no fuese por eso,este libro sería quizá una simple prácticaparroquial, si yo fuese cura; o una pastoral,si fuese obispo; o una encíclica, si fuese

papa, como me había recomendado mi tíoCosme: “¡Anda, muchacho, vuelve papa!” ¡Ay!, ¿por qué no cumplí ese deseo?Después de Napoleón, teniente yemperador, todos los destinos están en estesiglo.

CAP ÍTULO LX I I I

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En lo relativo al sueño, pasó losiguiente. Como estaba espiando a lospresumidos del vecindario, vi a uno queconversaba con mi amiga junto a la ventana.Corrí al lugar, él huyó; avancé hacia Capitú,pero no estaba sola, estaba con su padre,secándose los ojos y mirando un triste billetede lotería. Como esto no me pareció claro,iba a pedirle una explicación cuando él porsí mismo me la dio; el presumido había ido allevarle la lista de los premios de la lotería ysu billete no había salido premiado. Tenía elnúmero 4004. Me dijo que esta simetría delos números era misteriosa y bella y queprobablemente el bombo funcionaba mal, eraimposible que no le hubiese tocado el gordo.

Mientras él hablaba, Capitú me daba con losojos todos los premios, grandes y pequeños.El mayor debía ser dado con la boca. Y aquí comienza la segunda parte del sueño. Paduadesapareció con sus esperanzas. Capitú seinclinó hacia afuera, yo paseé los ojos por lacalle, estaba desierta. Tomé sus manos,mascullé no sé qué palabras y me desperté

solo en el dormitorio.

El interés de lo que acabas de leer noreside en la materia del sueño, sino en losesfuerzos que hice para intentar dormirmede nuevo y para volver a soñar lo mismo otra

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vez. Jamás de los jamases podrás saber laenergía y obstinación que empleé en cerrarlos ojos, apretarlos bien, olvidarlo todo parapoder dormir, pero no dormía. Ese mismoesfuerzo me hizo perder el sueño hasta lamadrugada. Hacia la madrugada conseguí conciliarlo, pero entonces ni presumidos, nibilletes de lotería, ni premios grandes nipequeños: la nada de la nada vino a verme.No soñé más aquella noche y di mal laslecciones aquel día.

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Capítulo 64

Una idea y un escrúpulo

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Una idea y un escrúpulo

Releyendo el capítulo anterior, se meocurre una idea y un escrúpulo. El escrúpuloes justamente escribir la idea, pues no la haymás banal sobre la tierra, aunque tenga labanalidad del sol y la luna que el cielo nosda todos los días y todos los meses. Dejé elmanuscrito y miré las paredes. Sabes que estacasa del Ingenio Nuevo, en sus dimensiones,disposiciones y pinturas, es una reproducciónde mi antigua casa de Matacavalos. Otrosí,como te dije en el capítulo II, mi objetivo dereproducirla era anudar las dos puntas demi vida, cosa que no he conseguido. Pues lomismo me sucedió con aquel sueño del

seminario, por más que intentase dormir ydurmiese. De donde concluyo que una de lasocupaciones del hombre es cerrar y apretarmucho los ojos e intentar continuar a lo largode la noche vieja el sueño truncado de lanoche joven. Tal es la idea banal y nueva que

CAP Í TULO LX IV

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yo no quisiera contar aquí y que sóloprovisionalmente escribo.

Antes de concluir este capítulo, fui ala ventana a preguntarle a la noche por quérazón los sueños han de ser tan tenues quese deshacen al menor abrir de ojos o girardel cuerpo y ya no continúan. La noche nome respondió enseguida. Estabadeliciosamente bella, los morrosempalidecían a la luz de la luna y el espaciomoría de silencio. Como le insistí, me declaróque los sueños ya no pertenecen a sujurisdicción. Cuando ellos vivían en la isla queLuciano les dio, donde ella tenía su palacio yde donde los hacía salir con sus caras de

aspectos diversos, me hubiera podido darexplicaciones plausibles. Pero los tiempos locambiaron todo. Los sueños antiguos fueronjubilados y los modernos habitan en elcerebro de las personas. Éstos, aunquequisiesen imitar a los otros, no podríanhacerlo; la isla de los sueños, como la de losamores, como todas las islas de todos los

mares, son ahora objeto de ambición yrivalidad entre Europa y los Estados Unidos.

Era una alusión a las Filipinas. Comono me gusta la política y todavía menos lapolítica internacional, cerré la ventana y vine

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a acabar este capítulo para irme a dormir.No pido ahora los sueños de Luciano ni otros,hijos de la memoria o de la digestión; mebasta un sueño quieto y apagado. Por lamañana, con la fresca, seguiré contando loprincipal de mi historia y sus personajes.

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Capítulo 65 

El disimulo

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El disimulo

Llegó el sábado, llegaron los demássábados y yo no acababa de adaptarme ala nueva vida. Iba alternando la casa con elseminario. Les gustaba a los curas y a loscompañeros y a Escobar más que a loscompañeros y a los curas. Pasadas cincosemanas, casi formaba parte de mis penas yesperanzas; Capitú me contuvo.

- ¡Escobar es muy amigo mío, Capitú!

- Pero no mío.

- Quizá llegue a serlo, me ha dicho

que vendrá a conocer a mi madre.

- No importa, no tienes derecho acontarle un secreto que no es sólo tuyo, sinotambién mío y yo no te doy permiso paraque se lo cuentes a nadie.

CAP Í TULO LXV

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Era justo, callé y cedí. También estuvede acuerdo con sus objeciones cuando,durante el primer sábado, en su casa ydespués de algunos minutos de charla meaconsejó que me fuese.

- Hoy no te quedes más aquí, vete a tucasa que yo voy enseguida. Es natural queD.ª Gloria quiera estar contigo mucho tiempo,o todo, si puede.

En todo mostraba mi amiga tantalucidez que bien podría yo dejar de citar untercer ejemplo, pero los ejemplos se hicieronpara ser citados y éste es tan bueno que suomisión sería un crimen. Fue en mi tercera o

cuarta visita a casa. Mi madre, una vez que lehube respondido las mil preguntas que mehizo sobre el trato que me daban, mis estudios,mis relaciones, la disciplina, si me dolía algo,si dormía bien, todo cuanto la ternura de lasmadres inventa para cansar la paciencia deun hijo, concluyó dirigiéndose a José Días:

- Sr. José Días, ¿aún duda usted deque saldrá de aquí un buen cura?

- Excelentísima…

- ¿Y tú, Capitú?, interrumpió mi madre

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preguntándole a la hija de Padua que estabaen la sala con ella, ¿no crees que nuestroBentiño será un buen cura?

- Creo que sí, señora, respondió Capitúplena de convicción.

No me gustó la convicción. Así se lodije a la mañana siguiente, en su huerto,recordándole las palabras de la víspera yrestregándole por la cara, por primera vez,la alegría que ella había mostrado desde mientrada en el seminario, mientras yo meconsumía por la nostalgia. Capitú se pusomuy seria y me preguntó cómo quería que secomportase, dado que sospechaban de

nosotros; también había tenido nochesdesconsoladas y los días en su casa habíansido tan tristes como los míos, podíapreguntárselo a su padre o a su madre. Sumadre llegó a decirle, de modo indirecto, queno pensase más en mí.

- Con D.ª Gloria y D.ª Justina me muestro

naturalmente alegre, para que no parezca quela denuncia de José Días es cierta. Si lopareciese, ellas tratarían de separarnos más yquizá acabasen por no recibirme… A mí mebasta con nuestro juramento de que nos hemosde casar el uno con el otro.

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Justamente de eso se trataba; teníamosque disimular para matar toda sospecha y almismo tiempo poder gozar de toda la libertadanterior y construir tranquilamente nuestrofuturo. Pero, el ejemplo se completa con loque oí al día siguiente, en el almuerzo; mimadre, como mi tío Cosme quería saber conqué mano bendeciría yo al pueblo en la misa,contó que, días antes, hablando de lasjóvenes que se casan pronto, Capitú le habíadicho: “pues a mí quien me ha de casar hade ser el padre Bentiño, esperaré a que seordene”. Mi tío Cosme le rió la gracia, JoséDías no hizo lo contrario, sólo la prima Justinafrunció el ceño y me miró interrogativamente.Yo, que los había observado a todos, no pude

soportar la actitud de la prima y traté decomer. Pero comí mal; estaba tan contentocon aquella gran simulación de Capitú queno vi nada más y, en cuanto almorcé, corrí acomentarle la conversación y a alabarle laastucia. Capitú me sonrió agradecida.

- Tienes razón, Capitú, concluí; vamos

a engañar a todo el mundo.

- ¿Verdad que sí?, dijo ella coningenuidad.

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Capítulo 66 

 Intimidad 

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Intimidad

Capitú iba ahora penetrando en elalma de mi madre. Pasaban la mayor partedel tiempo juntas, hablando de mí, apropósito del sol y de la lluvia, o de nada;Capitú iba allí a coser por las mañanas,algunas veces se quedaba a cenar.

La prima Justina no acompañaba a suparienta en aquellas cortesías, pero notrataba del todo mal a mi amiga. Era lobastante sincera para decir lo que no legustaba de alguien, y no le gustaba nadie.Quizá su marido, pero su marido habíamuerto; en todo caso nunca existió hombre

capaz de competir con él en el afecto, en eltrabajo, en la honestidad, en las maneras yen la agudeza de espíritu. Esta opinión, segúnmi tío Cosme, era póstuma, pues en vidatuvieron sus disputas y los últimos seis meseslos pasaron separados. Tanto mejor para su

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concepto de justicia, elogiar a los muertos esuna manera de orar por ellos. Quizá mimadre también le gustaba y si pensó algomalo de ella fue entre sí misma y sualmohada. Se comprende que, por lo menosen apariencia, le tuviese el debido aprecio.No creo que ella aspirase a ningún legado;las personas que tienen esa disposición vanmás allá en los servicios prestados de lo quesería natural, son más risueñas, más asiduas,multiplican sus atenciones, se anticipan a loscriados. Todo eso era opuesto a la índole dela prima Justina, hecha de acritud eimpertinencia. Como vivía de favor en casa,se explica que no desestimase a la dueña ycallase sus resentimientos o sólo hablara mal

de ella a Dios y al diablo.

Suponiendo que estuviera resentidacon mi madre, tampoco sería una razónañadida para que detestase a Capitú ninecesitaría razones suplementarias. Pese atodo, la intimidad de Capitú la hizo másaborrecible a mi parienta. Si al principio no

la trataba mal, con el tiempo cambió susmodos y acabó por evitarla. Capitú, atenta,cuando empezó a no verla, preguntaba porella e iba en su busca. La prima Justinatoleraba esas atenciones. La vida está llenade obligaciones que cumplimos, por más que

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deseemos infringirlas descaradamente.Además, Capitú usaba de cierta magiacautivadora; la prima Justina terminaba porsonreír, pero agriamente, aunque a solas conmi madre encontraba siempre algodesagradable que decir de la joven. Cuandomi madre enfermó de unas fiebres que lallevaron a las puertas de la muerte, quiso queCapitú le sirviese de enfermera. La primaJustina, aunque eso la aliviase de cuidadospenosos, no le perdonó su intervención a miamiga. Un día le preguntó si no tenía nadaque hacer en su casa; otro día, riendo, lesoltó el siguiente epigrama: “No necesitascorrer tanto, lo que tenga que ser tuyo llegaráa tus manos.” 

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Capítulo 67 

Un pecado

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Un pecado

No sacaré por ahora de la cama a laenferma sin contar lo que pasó conmigo. Alcabo de cinco días, mi madre amaneció tantrastornada que ordenó que fuesen abuscarme al seminario. En vano mi tío Cosme:

- Hermana Gloria, te asustas sinmotivo, la fiebre pasa…

- ¡No! ¡No! ¡Que vayan a por él! Puedomorir y mi alma no se salvará si Bentiño noestá conmigo.

- Le vamos a dar un mal rato.

- Pues no le digáis nada, pero id abuscarlo, ya, ya, no os demoréis.

Pensaron que era delirio; pero, comono costaba nada que me fueran a buscar,

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encargaron a José Días del asunto. Entró tanaturdido que me asustó. Le contóprivadamente al rector lo que pasaba y medieron permiso para irme a casa. Por la calleíbamos callados, sin que él alterase su pasode costumbre -la premisa antes de laconsecuencia, la consecuencia antes de laconclusión- pero cabizbajo y suspirando, yotemía leer en su rostro alguna noticia cruel ydefinitiva. Sólo me había hablado de laenfermedad como de un asunto irrelevante;pero la llamada, el silencio, los suspirospodían sugerir algo más. El corazón me latíacon fuerza, me flojeaban las piernas, más deuna vez creí que me iba a caer…

El ansia de oír la verdad se mecomplicaba con el temor de saberla. Era laprimera vez que la muerte se me presentabatan de cerca, me envolvía, se me encaraba consus ojos huecos y oscuros. Cuanto más andabapor la calle de los Barbonos, más me aterrabala idea de llegar a casa, de entrar, de oír losllantos, de ver un cuerpo difunto… ¡Oh! Nunca

podría explicar aquí todo lo que sentí enaquellos minutos terribles. La calle, por másque José Días anduviese superlativamentedespacio, desaparecía bajo mis pies, las casasvolaban de un lado a otro y una corneta, queen ese momento sonaba en el cuartel de los

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Municipios Permanentes, resonaba en mis oídoscomo la trompeta del juicio final.

Seguí, llegué a los Arcos, entré en lacalle de Matacavalos. La casa no seencontraba al comienzo, sino bastante másallá de la de los Inválidos, cerca del Senado.Tres o cuatro veces quise interrogar a micompañero, sin atreverme a abrir la boca;pero ahora ya no tenía ese deseo. Ibasolamente andando, aceptando lo peor, comoun acto del destino, como una necesidad dela obra humana y entonces la Esperanza,para combatir al Terror, me murmuró en elcorazón, no estas palabras, pues no articulónada parecido a palabras, sino una idea que

podría ser traducida por ellas. “Muertamamá, se acabó el seminario.” 

Lector, fue como un relámpago. Tanpronto iluminó la noche como se disipó y laoscuridad se hizo más cerrada por el efectoque me dejó el remordimiento. Fue unasugestión de lujuria y egoísmo. La piedad filial

se desvaneció por un instante ante laperspectiva de una libertad segura, por ladesaparición de la deuda y del deudor; fueun instante, menos que un instante, elcentésimo de un instante, pero suficiente paracomplicar mi angustia con el remordimiento.

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José Días suspiraba. En una ocasiónme miró con tanta pena que me pareció queme había adivinado y yo quise pedirle queno dijese nada a nadie, que yo iba a hacerpenitencia, etc. Pero la pena conllevaba tantoamor que no podía ser la pena de mi pecado;tendría que ser por causa de la muerte de mimadre… Sentí una gran angustia, un nudo enla garganta y no pude más, me eché a llorar.

- ¿Qué te pasa Bentiño?

- ¿Mi madre…?

- ¡No! ¡No! ¿Qué idea es esa? Suestado es gravísimo, pero no está en riesgo

de muerte y Dios lo puede todo. Sécate losojos, que está feo que un hombrecito de tuedad vaya llorando por la calle. No es paratanto, unas fiebres… Las fiebres, lo mismoque vienen con fuerza así tambiéndesaparecen… Con los dedos no, ¿dóndetienes el pañuelo?

Me sequé los ojos, aunque de todaslas palabras que José Días pronunció, sólouna se me quedó en el corazón: fue aquelgravísimo . Luego me di cuenta de que sólohabía querido decir grave , pero el uso delsuperlativo agranda la boca y, por amor a

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la retórica, José Días hizo aumentar mitristeza. Si encuentras en este libro algún otroejemplo del mismo estilo, avísame, lector,para que lo enmiende en la segunda edición;no hay nada más feo que dar piernaslarguísimas a ideas brevísimas. Me sequé losojos, repito, y seguí andando, ansioso ahorapor llegar a casa y pedirle perdón a mi madrepor el mal pensamiento que había tenido.Finalmente llegamos, entramos, subí trémulolos seis peldaños de la escalera y, al cabode un instante, inclinado sobre la cama, oíalas palabras tiernas de mi madre que meapretaba con fuerza las manos, diciendo:¡hijo mío! Se estaba abrasando, sus ojosardían en los míos, toda ella parecía

consumida por un volcán interno. Me arrodilléjunto al lecho, pero como éste era alto mequedé alejado de sus caricias.

- No, hijo mío, ¡levántate!, ¡levántate!

A Capitú, que estaba en la alcoba, legustó ver mi entrada, mis actos, palabras y

lágrimas, según me dijo luego; pero nosospechó naturalmente todas las causas demi aflicción. Cuando entré en mi cuarto penséen decírselo todo a mi madre en cuanto ellamejorase, pero esta idea no me incitaba, erauna veleidad pura, un acto que yo nunca

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haría por mucho que el pecado me doliese.Entonces, movido por los remordimientos, meserví una vez más de mi viejo recurso de laspromesas espirituales y le pedí a Dios queme perdonase y salvase la vida de mi madrey yo le rezaría dos mil padrenuestros.Sacerdote lector, perdona este recurso; fuela última vez que lo empleé. La crisis en laque me encontraba, junto a la costumbre yla fe, lo explican todo. Eran dos mil más. ¿Yqué pasaba con los antiguos? No pagué niunos ni otros, pero, procediendo de almascándidas y verdaderas, tales promesas soncomo la moneda fiduciaria: aunque el deudorno las pague, valen por la suma que dicenvaler.

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Capítulo 68 

Aplacemos la virtud 

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Aplacemos la virtud

Pocos tendrían el valor de confesar elpensamiento que tuve en la calle deMatacavalos. Yo confesaré todo cuantointerese a mi historia. Montaigne escribió desí mismo: ce ne sont pas mes gestes que j’escris; c’est moi, c’est mon essence . Ahorabien, sólo hay un modo de narrar la propiaesencia, es contarlo todo, lo bueno y lo malo.Eso es lo que hago yo, a medida que me vaacudiendo y conviniendo a la construcción oreconstrucción de mí mismo. Por ejemplo,ahora que he contado un pecado, contaríacon mucho gusto una bella accióncontemporánea, si me acudiese, pero no me

acude; queda diferida para mejor ocasión.

No perderás con la espera, amigo mío;al contrario, recuerdo ahora que… No sólolas bellas acciones son bellas en todomomento, también son posibles y probables,

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según la teoría, tan sencilla como clara, quetengo de los pecados y de las virtudes. Sereduce a lo siguiente: todos nacemos con undeterminado número de pecados y virtudes,aliados matrimonialmente para compensarsedurante toda la vida. Cuando uno de esoscónyuges es más fuerte que el otro, sólo élguía al individuo, sin que éste, por no haberpracticado tal virtud o cometido tal pecado,pueda considerarse exento de uno o de otro;pero la regla es que se produzca la prácticasimultánea de los dos, con beneficio delportador de ambos y algunas veces conmayor resplandor de la tierra y del cielo. Esuna lástima que yo no pueda fundamentaresto con uno o varios casos ajenos, me falta

tiempo.

Por lo que me toca, es verdad que nací con algunos de esos matrimonios ynaturalmente todavía los poseo. En unaocasión, aquí en el Ingenio Nuevo, una nochecon mucho dolor de cabeza, deseé que eltren de la Central reventase lejos de mis oídos

y dejase la vía cortada durante muchas horas,aunque muriese alguien; y al día siguiente seme escapó el tren de aquella misma líneaporque fui a darle mi bastón a un ciego queno traía bordón. Voilá mes gestes, voilá mon essence .

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Capítulo 69

La misa

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La misa

Uno de los actos que mejor expresanmi esencia es la devoción con la que corrí eldomingo siguiente a oír misa en S. Antoniode los Pobres. El allegado quiso venirconmigo y comenzó a vestirse, pero era tanlento con los tirantes y las presillas que nopude esperarlo. Además, yo quería estar solo.Sentía la necesidad de evitar todaconversación que me desviase el pensamientodel fin que perseguía, que era reconciliarmecon Dios después de lo ocurrido en el capítuloLXVII. No se trataba sólo de pedirle perdónpor mi pecado, se trataba también deagradecerle la recuperación de mi madre y,

ya que lo digo todo, conseguir que renunciaseal cobro de mi promesa. Jehová, aunquedivino, o quizá por eso mismo, es como unRothschild mucho más humano y no concedeplazos, perdona las deudas íntegramente,siempre que el deudor quiera de verdad

CAP ÍTULO LX IX

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enmendar su vida y suspender sus gastos.Ahora bien, yo quería precisamente eso; enadelante no haría más promesas que nopudiese pagar y pagaría inmediatamente lasque hiciese.

Oí misa; en el momento de laelevación, agradecí la vida y la salud de mimadre, después pedí perdón por mi pecadoy la liquidación de mi deuda y recibí labendición final del oficiante como un actosolemne de reconciliación. Al final caí en lacuenta de que la iglesia había establecidoen el confesionario una notaría segura y enla confesión el más auténtico de losinstrumentos para el ajuste de cuentas

morales entre el hombre y Dios. Pero miincorregible timidez me cerró esta puertafranca y tuve miedo de no encontrar laspalabras con las que contarle mi secreto alconfesor. ¡Cómo cambian los hombres! Hoyhe llegado a hacerlo público.

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Era la señorita Sancha, la compañerade colegio de Capitú, que quería saber demi madre. Su padre vino hacia mí, le dije queya estaba restablecida. Después salimos, meofreció su casa y, como yo iba en la mismadirección, seguimos juntos. Gurgel era unhombre de unos cuarenta años o algo más,con propensión a criar barriga; era muyobsequioso, cuando llegamos a la puerta desu casa se empeñó en que me quedase aalmorzar con él.

- Gracias, pero mi madre me estáesperando.

- Se puede enviar a un negro a decirle

que se queda usted para almorzar y que irámás tarde.

- Vendré otro día.

La señorita Sancha, mirando a supadre, oía y esperaba. No era fea. Sólo sele podía notar el parecido por la nariz, que

también era gruesa en la parte final, perohay facciones que le quitan la gracia a unosy se la dan a otros. Vestía con sencillez.Gurgel era viudo y vivía para su hija. Comohabía rechazado el almuerzo, me pidió quedescansase algunos minutos. No pude

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negarme y subí. Quiso saber mi edad, misestudios, mi fe y me daba consejos para elsupuesto de que llegase a ser cura; me dijoel número de su establecimiento en la callede la Quitanda. Finalmente me despedí, meacompañó al rellano de la escalera, su hijame dio recuerdos para Capitú y para mimadre. Desde la calle miré hacia arriba, elhombre estaba en la ventana y me hizo unamplio gesto de despedida.

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Capítulo 71

Visita de Escobar 

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Escobar aceptó y cenó. Noté que losmovimientos rápidos que tenía y dominabaen clase también los dominaba ahora en lasala y en la mesa. La hora que pasó conmigofue de franca amistad. Le mostré los pocoslibros que poseía. Le gustó mucho el retratode mi padre, después de algunos momentosde contemplación me dijo:

- ¡Se nota que tenía un corazón puro!

Los ojos de Escobar, claros como yahe dicho, eran dulcísimos; así los definió JoséDías cuando se hubo ido y mantengo todavíaesta palabra, pese a los cuarenta años queresiste. En esto no hubo exageración del

allegado. La cara afeitada mostraba una pielblanca y lisa. La frente era un poco baja, lellegaba al nivel del cabello casi encima dela ceja izquierda, pero tenía siempre la alturanecesaria para no afectar a las demásfacciones ni disminuir su gracia. Realmentetenía un rostro interesante, los labios finos ygraciosos, la nariz curva y delgada. Tenía el

hábito de encoger de vez en cuando elhombro derecho, pero lo acabó perdiendo,desde que uno de nosotros un día en elseminario se lo hizo notar; fue el primerejemplo que vi de que una persona puedecorregir sus pequeños defectos.

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Nunca dejé de notar cierto placer enque mis amigos agradasen a todo el mundo.En casa, quedaron bien impresionados conEscobar; la propia prima Justina opinó queera un mozo muy agradable, a pesar… - ¿Apesar de qué?, le preguntó José Días viendoque no acababa la frase. No obtuvorespuesta ni podía obtenerla, la prima Justinaprobablemente no vio defecto claro oimportante en nuestro huésped; el a pesar de era una especie de reserva por si un díale descubría alguno o quizá era un resto desu vieja costumbre lo que la impulsó arestringir donde no había encontradorestricción.

Escobar se despidió inmediatamentedespués de cenar; fui a acompañarlo a lapuerta donde esperamos que llegara elautobús. Me dijo que el establecimiento delcorresponsal estaba en la calle de losPescadores y que estaba abierto hasta lasnueve, él no quería demorarse. Nosseparamos con mucho afecto, desde dentro

del autobús volvió a decirme adiós con lamano. Esperé en la puerta por si desde lejostodavía miraba hacia atrás, pero no miró.

- ¿Quién es ese amigo tan íntimo?,preguntó alguien desde la ventana de al lado.

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No es necesario decir que era Capitú.Son cosas que se adivinan en la vida, comoen los libros, sean novelas, sean historiasverdaderas. Era Capitú quien nos espiabahacía rato desde detrás de la persiana, peroahora había abierto completamente laventana y había aparecido. Vio nuestradespedida tan calurosa y llena de afecto quequería saber quién era quién me merecíatanto.

- Es Escobar, respondí situándome bajosu ventana y mirando hacia arriba.

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Capítulo 72

Una reforma dramática

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verdad y Ashaverus gritó por tercera vez queera la trompeta del arcángel, un bromista dela platea, corrigió desde abajo: “¡No señor,es el pistón del arcángel!” 

Así se explican mi permanencia bajola ventana de Capitú y el paso de uncaballero, un dandi, como decíamosentonces. Montaba un bello caballo alazán,firme en la silla, rienda en la mano izquierda,la derecha en el cinto, botas de charol, figuray postura esbeltas; la cara no me eradesconocida. Habían pasado otros y otroslos seguirían, todos iban a ver a sus novias.Era costumbre de la época cortejar a caballo.Relee a Alencar: “Porque un estudiante (decía

uno de sus personajes de teatro de 1858) nopuede vivir sin estas dos cosas, un caballo yuna novia”. Relee a Álvares de Azevedo. Unade sus poesías está destinada a contar (1851)que residía en Catumbí y que, para ver a sunovia en el Catete, había alquilado un caballopor tres mil reales … ¡Tres mil reales !, ¡todose pierde en la noche de los tiempos!

Pero el dandi del caballo bayo no pasócomo los demás, era la trompeta del juiciofinal y sonó a tiempo; eso hace el Destino,que es su propio regidor. El caballero no secontentó con pasar, sino que giró la cabeza

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hacia nuestro lado, el lado de Capitú y miróhacia Capitú y Capitú hacia él; el caballopasaba, la cabeza del hombre se dejaballevar mirando hacia atrás. Tal fue el segundoaguijón de celos que sentí. En rigor, eranatural admirar a las bellas figuras, peroaquel sujeto acostumbraba a pasar por allí todas las tardes; vivía en el antiguo Campoda Aclamação y después…, y después… ¡Ida razonar con un corazón en ascuas comoera el mío! No le dije nada a Capitú; salí dela calle deprisa, entré por el pasillo y, cuandoquise acordar, estaba en la sala de visitas.

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La presilla

En la sala de visitas, mi tío Cosme yJosé Días conversaban, uno sentado,andando y parándose el otro. La imagen deJosé Días me recordó lo que me había dichoen el seminario: “Hasta que no aparezca unpresumido del vecindario que se case conella…” Era ciertamente una alusión alcaballero. Tal recuerdo agravó la impresiónque tuve en la calle; ¿pero no sería esapalabra, inconscientemente guardada, lo queme había predispuesto a creer en la maliciade sus miradas? Tuve deseos de agarrar aJosé Días por el cuello, llevarlo al pasillo ypreguntarle si había dicho la verdad o era

sólo una hipótesis; pero José Días, que sehabía parado al verme entrar, continuóandando y hablando. Yo, impaciente, queríair a la casa de al lado, imaginaba que Capitúse retiraría de la ventana asustada y que notardaría en aparecer para preguntar y

CAP ÍTULO LXX IV

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explicarse… Pero los dos continuaronhablando hasta que mi tío Cosme se levantópara ver a la enferma y José Días vino abuscarme al vano de la otra ventana.

Hace un momento tenía deseos depreguntarle qué había entre Capitú y lospresumidos del barrio; ahora,imaginándome que venía justamente adecírmelo, tuve miedo de oírlo. Quisetaparle la boca. José Días vio en mi rostroalgo distinto de mi expresión habitual y mepreguntó con interés:

- ¿Qué te pasa Bentiño?

Para no mirarlo a los ojos, los bajé.Los ojos, al bajar, vieron que una de laspresillas de los pantalones del allegadoestaba desabrochada y, como insistió ensaber lo que me pasaba, le respondí señalando con el dedo:

- Mire la presilla, abróchesela.

- José Días se inclinó y yo salí corriendo.

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Capítulo 75 

La desesperación

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La desesperación

Me escapé del allegado, me escapéde mi madre no yendo a su habitación, perono me escapé de mí mismo. Corrí a mi cuartoy entré buscándome. Yo me hablaba, meperseguía, me tiraba en la cama y rodabaconmigo y lloraba y sofocaba los sollozoscon el pico de la sábana. Juré que no iría aver aquella tarde a Capitú ni nunca más yque sería cura de una vez por todas. Me veíaya ordenado ante ella, que lloraría dearrepentimiento y me pediría perdón, peroyo, frío y sereno, no sentiría más quedesprecio, mucho desprecio; le daría laespalda. La llamaría perversa. Dos veces me

sorprendí mordiéndome con los dientes,como si la tuviese entre ellos.Desde la cama oí su voz, pues había

venido a pasar con mi madre el resto de latarde y naturalmente conmigo, como otrasveces; pero por grande que fuese la agitación

CAP Í TULO LXXV

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que me produjo, no me hizo salir de mihabitación. Capitú se reía alto, hablaba alto,como si me avisase; yo continué sordo, a solasconmigo y mi desprecio. Mi deseo eraclavarle las uñas en el cuello, hincárselasbien, hasta ver que se le iba la vida con lasangre…

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Capítulo 76 

Explicación

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Explicación

Pasado algún tiempo estabasosegado, aunque decaído. Como estabatumbado en la cama, con la mirada en eltecho, me vino a la memoria larecomendación de mi madre de no acostarmedespués de comer para evitar una congestión.Me levanté de golpe pero no salí del cuarto.Capitú se reía ahora menos y hablaba másbajo; estaría afligida con mi reclusión, peroni aun así me conmovió.

No comí y dormí mal. A la mañanasiguiente no estaba mejor, estaba diferente.Mi dolor se complicaba ahora con el temor

de haber ido más allá de lo procedente, sinhaber analizado el asunto. Aunque la cabezame dolía un poco, simulé una molestia mayorcon el fin de no ir al seminario y hablar conCapitú. Podría estar irritada conmigo, podríano quererme ahora y preferir al caballero.

CAP ÍTULO LXXV I

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Quise resolverlo todo, oírla y juzgarla;pudiera ser que tuviese defensa y justificación.

Tenía ambas cosas. Cuando supo lacausa de mi reclusión del día anterior, medijo que era una gran ofensa lo que le estabahaciendo; no podía creer que después denuestro intercambio de juramentos laconsiderase tan liviana que pudiese creer…Y aquí rompió en llanto e hizo un ademán dealejarse, pero yo acudí inmediatamente, letomé las manos y se las besé con tanta pasióny calor que sentí que temblaban. Se secó losojos con los dedos, se los besé de nuevo,por ellos y por las lágrimas; después suspiró,después lo negó con la cabeza. Me confesó

que no conocía al muchacho más que a otrosque pasaban por allí por las tardes a pie o acaballo. Si lo había mirado, era precisamenteuna prueba de que no había nada entre ellos;si hubiese algo, lo natural hubiera sidodisimular.

- ¿Y qué podría haber, si él va a

casarse?, concluyó.

- ¿Se va a casar?

Se iba a casar y me dijo con quién,con una joven de la calle de los Barbonos.

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Esta razón fue lo que más me convenció yella lo notó en mi actitud; no por ello dejó dedecir que, para evitar nuevas equivocaciones,dejaría de asomarse a la ventana.

- ¡No!, ¡no!, ¡no!, ¡no te pido eso!

Consintió en retirar la promesa, perohizo otra y fue que, a la primera sospechapor mi parte, todo habría acabado entrenosotros. Acepté la amenaza y juré que nuncatendría que cumplirla: había sido la primerasospecha y la última.

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Capítulo 77 

Placer de viejos dolores

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Placer de viejos dolores

Contando aquella crisis de mi amoradolescente, siento una cosa que no sé siexplico bien y es que los dolores de aquellacalle se espiritualizaron con el tiempo hastatal punto que llegaron a diluirse en el placer.Esto no está claro, pero no todo está claroen la vida o en los libros. La verdad es quesiento un placer particular al referir esesufrimiento, pese a que es cierto que merecuerda otros que no quisiera recordar pornada del mundo.

CAP ÍTULO LXXV I I

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Capítulo 78 

Secreto por secreto

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Secreto por secreto

De resto, en aquella misma época sentí cierta necesidad de contarle a alguien lo queocurría entre Capitú y yo. No lo conté todo,sino sólo una parte y Escobar fue quien laescuchó. Cuando regresé al seminario, elmiércoles, lo encontré inquieto; me dijo que, sime hubiera quedado un día más en casa, teníaintención de ir a verme. Me preguntó con interésqué me había pasado y si estaba del todo bien.

- Sí, me encuentro bien.

Me escuchaba clavando en mí sus ojos.Tres días después me dijo que me estaban

encontrando muy distraído, que sería mejorque disimulara lo más posible. También él,por su parte, tenía razones para andardistraído, pero intentaba estar atento.

- ¿Te lo parece?

CAP ÍTU LO LXX VIII

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- Sí, a veces parece que no oyes nada,mirando al pasado; disimula, Santiago.

- Tengo motivos…

- Te creo, nadie se distrae por gusto.

- Escúchame, Escobar…

Yo dudé, él esperó.

- ¿De qué se trata?

- Escobar, tú eres amigo mío, yotambién soy amigo tuyo; aquí en el seminarioeres la persona que más ha llegado a mi

corazón y afuera, aparte de mi familia, notengo propiamente ningún amigo.

- Si yo dijese lo mismo, replicósonriendo, no tendría gracia; parecería querepito lo que dices. Pero lo cierto es que aquí no tengo relaciones con nadie, tú eres elprimero y creo que ya se han dado cuenta;

pero me da igual.

Conmovido, sentí que la voz me salíaa borbotones de la garganta.

- Escobar, ¿serías capaz de guardarme

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Vamos al capítulo

En efecto, me gustó oírlo hablar así.Sabes la opinión que yo tenía de mi madre.Incluso ahora, después de interrumpir estaslíneas para mirar su retrato colgado en lapared, creo que traía impresa en el rostroesa cualidad. No se explica de otra manerala opinión de Escobar que apenas habíaintercambiado cuatro palabras con ella. Sólouna bastaba para adivinarle su esenciaíntima; sí, sí, mi madre era adorable. Por másque estuviese obligándome entonces a unacarrera que yo no quería, no podía dejar desentir que era adorable, como una santa.

¿Pero acaso era cierto que meobligaba a la carrera eclesiástica? Aquí llegoa un punto que creía que se presentaríadespués, tanto que ya había calculado en quémomento le dedicaría un capítulo. Realmente,no cabía decir ahora lo que sólo más tarde

CAP ÍTULO LXX IX

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MACHADO DE ASSIS

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presumí descubrir; pero, una vez que hetocado en el asunto, mejor es acabar con él.Es grave y complejo, delicado y sutil, uno deesos en que el autor tiene que atender a suhijo y el hijo ha de oír a su autor, para queuno y otro digan la verdad, sólo la verdad ytoda la verdad. Cabe aquí señalar que estepunto es justamente el que hace que la santasea más adorable, sin perjuicio (¡al contrario!)de lo que de humano y terrenal había en ella.Basta de prefacio al capítulo; vayamos alcapítulo.

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Capítulo 80 

Vengamos al capítulo

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los dos oficios no fuesen ni seanirreconciliables e incluso más de un cura haparticipado en la confrontación de los partidosy en el gobierno de los hombres. Pero mi padrehabía muerto sin saber nada y ella se quedóante el contrato como única deudora.

Uno de los aforismos de Franklin esque la cuaresma es corta para quien tieneque pagar en pascua. Nuestra cuaresma nofue más larga que las demás y mi madre,aunque me había mandado aprender latíny doctrina, comenzó a aplazar mi entradaen el seminario. Es lo que se llama,comercialmente hablando, renovar una letra.El acreedor era archimillonario, no dependía

de aquella cuantía para comer y permitiólos aplazamientos del pago sin siquieraaumentar la tasa de interés. Un día, sinembargo, uno de los familiares que servíande endosantes de la letra, habló de lanecesidad de entregar el precio convenido;se encuentra en uno de los primeroscapítulos. Mi madre concordó y me metió

en S. José.

Ahora bien, en ese mismo capítulo, ellavertió unas lágrimas, que se enjugó sinexplicaciones y que ninguno de los presentes,ni mi tío Cosme, ni prima Justina, ni el

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allegado José Días entendieron en absoluto;yo, que estaba detrás de la puerta, no lasentendí más que ellos. Bien analizadas, apesar de la distancia, se ve que erannostalgias anticipadas, la pena de laseparación y puede ser también (es elprincipio de la historia), puede ser que fueranel arrepentimiento de su promesa. Católica ydevota, sabía muy bien que las promesas secumplen; la cuestión es si es oportuno yadecuado hacerlas todas y naturalmente seinclinaba por la negativa. ¿Por qué la habríade castigar Dios negándole un segundo hijo?La voluntad divina podía ser mi vida, sinnecesidad de dedicársela ab ovo . Era unrazonamiento tardío, debería haber sido

hecho el día en el que fui concebido. En todocaso, era una primera conclusión; pero nobastando concluir para destruir, todo semantuvo y yo fui al seminario.

Una siesta de la fe habría resuelto lacuestión a mi favor, pero la fe velaba con susgrandes ojos ingenuos. Mi madre haría, si

pudiese, un cambio de promesa, dando partede sus años para conservarme consigo, fueradel clero, casado y padre; es lo que supongo,así como presumo que rechazó tal idea porparecerle una deslealtad. Así la sentí siempreen el curso de la vida cotidiana.

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Sucedió que mi ausencia fue enseguidaatenuada por la asiduidad de Capitú. Éstacomenzó a hacérsele necesaria. Poco a pocose fue persuadiendo de que la pequeña meharía feliz. Entonces (es el final de la historia,anunciarla), la esperanza de que nuestroamor, siendo absolutamente incompatible conel seminario, me llevase a no quedarme allí ni por Dios ni por el diablo, esta esperanzaíntima y secreta, comenzó a invadir el corazónde mi madre. En ese caso, yo rompería elcontrato sin que ella tuviese culpa. Ella sequedaría conmigo sin que hubiera un actopropiamente suyo. Sería como si, habiéndoleconfiado a alguien la suma de una deudapara llevársela al acreedor, el portador se

guardase el dinero y no le llevase nada. Enla vida corriente, el acto de un tercero noexime al contratante; pero el beneficio decontratar con el cielo es que la intención valecomo dinero.

Habrás tenido conflictos parecidos aéste y, si eres religioso, habrás buscado

alguna vez conciliar el cielo con la tierra porprocedimientos idénticos o análogos. El cieloy la tierra acaban conciliándose; habiendosido el cielo hecho en el segundo día y latierra en el tercero, son casi hermanosgemelos. Como Abraham, mi madre llevó a

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DON CASMURRO

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su hijo al monte de la Visión y además la leñapara el holocausto, el fuego y el cuchillo. Y atóa Isaac sobre el haz de leña, agarró el cuchilloy lo alzó. En el momento crucial, oye la voz delángel que le ordena de parte del Señor: “No lehagas ningún daño a tu hijo, que ya conozcoque temes a Dios”. Tal sería la esperanza secretade mi madre.

Capitú era naturalmente el ángel de lasEscrituras. La verdad es que mi madre no podíatenerla ahora lejos de sí. El afecto creciente semanifestaba por actos extraordinarios. Capitúpasó a ser la flor de la casa, el sol de lasmañanas, la frescura de las tardes, la luna delas noches; allí vivía horas y horas, oyendo,

hablando y cantando. Mi madre sondeaba sucorazón, escudriñaba sus ojos y mi nombre eraentre ambas como la clave de la vida futura.

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El canapé

De ellos, sólo el canapé parecióhaber comprendido nuestra situaciónmoral, visto que nos ofreció los serviciosde su trenzado de rafia, con tal insistenciaque los aceptamos y nos sentamos. Datade entonces la opinión particular que tengodel canapé. Alía la intimidad con el decoroy muestra toda la casa sin salir de la sala.Dos hombres sentados en él podríandebatir el destino de un imperio y dosmujeres la gracia de un vestido, pero unhombre y una mujer solamente poraberración de las leyes naturales diríanalgo que no fuese de sí mismos. Fue lo

que hicimos Capitú y yo. Me viene a lamemoria vagamente que le pregunté si lademora allí sería grande…

- No lo sé; la fiebre parece que cede…,pero…

CAPÍTULO LXXXII

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También me viene vagamente a lamemoria que le expliqué mi visita a la callede los Inválidos, con la pura verdad, esto es,por consejo de mi madre.

- ¿Por su consejo?, murmuró Capitú.

Y añadió con sus ojos, que brillabanextraordinariamente:

- ¡Seremos felices!

Repetí estas palabras sólo con losdedos, estrechando los suyos. El canapé, nosviese o no, continuó prestando sus serviciosa nuestras manos enlazadas y a nuestras

cabezas juntas o casi juntas.

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Capítulo 83 

El retrato

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El retrato

Gurgel volvió a la sala y le dijo aCapitú que su hija la llamaba. Yo me levantédeprisa y no hallé compostura, miraba entrelas sillas. Por el contrario, Capitú se levantócon naturalidad y le preguntó si habíaaumentado la fiebre.

- No, dijo él.

Ni sobresalto ni nada, ningún aire demisterio por parte de Capitú; se volvió haciamí y me dijo que le diese recuerdos a mimadre y a la prima Justina y que hasta pronto,me dio la mano y se fue por el pasillo. Todas

mis envidias se fueron tras ella. ¿Cómo eraposible que Capitú se controlase tanfácilmente y yo no?

- Está hecha una mujer, observóGurgel, mirándola también.

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Murmuré que sí. La verdad es queCapitú iba creciendo a toda marcha, susformas se redondeaban y se fortalecían congran intensidad; moralmente le sucedía lomismo. Era una mujer por dentro y por fuera,mujer a la derecha y a la izquierda, mujerpor todos lados, de los pies a la cabeza. Sudesarrollo parecía más rápido, ahora quela veía de vez en cuando; siempre que yoregresaba a casa la encontraba más alta ymás hermosa, sus ojos parecían tener unanueva reflexión y su boca un nuevo imperio.Gurgel, mirando una pared de la sala dedonde pendía un retrato de una joven, mepreguntó si Capitú se parecía a aquelretrato.

Una de las costumbres de mi vida hasido concordar siempre con la opiniónprobable de mi interlocutor, siempre que elasunto no me sea oneroso, desagradable oimpuesto. Antes de examinar si efectivamenteCapitú se parecía al retrato, fuirespondiendo que sí. Entonces él me dijo que

era el retrato de su mujer y que cuantos laconocieron decían lo mismo. También leparecía que sus facciones eran semejantes,principalmente la frente y los ojos. En cuantoal carácter, era el mismo; parecíanhermanas.

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- Hasta el afecto que le tiene aSanchiña era igual al de su madre… En lavida hay parecidos así de raros.

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Capítulo 84

Llamado

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Capítulo 85 

El difunto

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El difunto

Tal fue el sentimiento confuso con elque entré en la tienda de lozas. La tiendaera oscura y el interior de la casa teníatodavía menos luz, ahora que las ventanasestaban cerradas. En un lado del comedor via su madre llorando; en la puerta de laalcoba, dos niños miraban asustados haciadentro, con el dedo en la boca. El cadáveryacía en la cama, la cama…

Suspendamos la pena y vayamos a laventana a entretener la memoria… Realmentela escena era fea, por la muerte y por eldifunto, que era horrible… Pero eso es otra

cosa. Todo lo que veo afuera respira vida, lacabra que rumia junto a una carroza, lagallina que picotea en el suelo de la calle, eltren de la Estrada Central que ruge, pita,humea y pasa, la palmera que puja hacia elcielo y finalmente aquella torre de iglesia, a

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pesar de no tener músculos ni follaje. Unmuchacho, que en el callejón lanza unacometa de papel no murió ni muere, aunquetambién se llame Manduca.

Cierto es que el otro Manduca era mayorque éste, un poco mayor. Tendría dieciocho odiecinueve años, pero tanto le atribuirías quincecomo veintidós, su cara no permitía mostrar suedad a la vista, antes bien la escondía en lospliegues de la… Venga, digámoslo todo; estámuerto, sus parientes están muertos, si existealguno no lo será con tanta evidencia que seofenda o entristezca. Dígase todo; Manducapadecía una cruel enfermedad, nada menosque la lepra. Vivo era feo, muerto me pareció

horrible. Cuando vi, tendido en la cama, el tristecuerpo de mi vecino, quedé aterrorizado yaparté los ojos. No se qué mano oculta mecompelió a mirar otra vez, aunque de soslayo;cedí, miré, volví a mirar, hasta que retrocedí del todo y salí del cuarto.

- ¡Sufrió mucho!, suspiró su padre.

- ¡Pobre Manduca!, sollozaba sumadre.

Traté de salir, dije que me esperabanen casa y me despedí. Su padre me preguntó

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si le haría el favor de ir al entierro; respondí con la verdad, que no lo sabía, haría lo quemi madre decidiese. Y salí rápidamente,atravesé la tienda y salté a la calle.

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La calesa

Había llegado al último escalón y unaidea me entró en el cerebro como si meestuviese esperando entre los barrotes de lacancela. Oí de memoria las palabras delpadre de Manduca pidiéndome que fuese alentierro al día siguiente. Me detuve en elescalón. Reflexioné un instante; sí, podía iral entierro, pediría a mi madre que mealquilase un coche…

No pienses que tenía ganas de ir encoche, aunque me gustase. De pequeño, meviene a la memoria que iba muchas veces así con mi madre a las visitas de amistad o

compromiso y a misa, si llovía. Era una calesavieja de mi padre que ella conservó todo loque pudo. El cochero, que era un esclavonuestro, tan viejo como la calesa, cuando meveía en la puerta, vestido, esperando a mimadre, me decía riendo:

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- ¡Papá Juan va a llevar al señorito!

Y era raro que yo no le advirtiese:

- Juan, refrena mucho a esos animales,ve despacio…

- A la señora Gloria no le gusta.

- ¡Pero ve despacio!

Quede claro que era para disfrutar lacalesa, no por vanidad, porque nadie podíaver a las personas que iban dentro. Era unavieja calesa, obsoleta, de dos ruedas,estrecha y corta, con dos cortinas de cuero

delante que se corrían hacia los lados cuandoera necesario entrar o salir. Cada cortinatenía un ojo de cristal por donde me gustabaespiar afuera

- ¡Siéntate, Bentiño!

- ¡Déjame espiar, mamá!

Y de pie, cuando era más pequeño,pegaba la cara al cristal y veía al cocherocon sus grandes botas, cabalgando sobre lamula de la izquierda y sosteniendo las riendasde la otra; en la mano llevaba un látigo

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grueso y largo. Todo incómodo, las botas, ellátigo y las mulas, pero a él le gustaba y amí también. Por los lados veía pasar lascasas, comercios o no, abiertas o cerradas,con gente o sin ella, y en la calle las personasque iban y venían o cruzaban frente a lacalesa con grandes zancadas o pasitoscortos. Cuando había obstáculo de personaso animales, la calesa paraba y entonces elespectáculo era particularmente interesante;las personas, paradas en la calzada o a lapuerta de las casas, miraban a la calesa yhablaban entre sí, naturalmente sobre quiéniría dentro. Cuando fui creciendo en edadimaginé que lo adivinaban y decían: “Esaquella señora de la calle de Matacavalos

que tiene un hijo, Bentiño…” 

La calesa condecía tan bien con la vidarecóndita de mi madre que cuando ya noquedaba ninguna otra continuábamos yendoen ella y era conocida en el barrio como “lacalesa antigua”. Al final, mi madre consintióen dejarla, sin venderla inmediatamente;

cuando lo hizo fue sólo porque los gastos dela cochera la obligaron. La razón paraguardarla inútil fue exclusivamentesentimental, era un recuerdo de su marido.Todo cuanto procedía de mi padre eraconservado como una parte suya, un resto

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Capítulo 88 

Un pretexto honesto

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Un pretexto honesto

No, la idea de ir al entierro noprocedía del recuerdo del carruaje y susdeleites. El origen era distinto: era porque,acompañando al entierro al día siguiente,no iría al seminario y le podría hacer otravisita a Capitú un tanto más demorada. Deeso se trataba. Los recuerdos del carruajepodían venir accesoriamente después, perola idea principal e inmediata fue ésa.Volvería a la calle de los Inválidos, con elpretexto de interesarme por la señoritaGurgel. Contaba con que todo me salierabien como el otro día, Gurgel triste, Capitúconmigo en el canapé las manos enlazadas,

el peinado…

- Voy a pedírselo a mi madre.

Abrí la cancela. Antes de atravesarla,así como había oído en la memoria las

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palabras del padre del muerto, oí ahora lasde su madre y repetí a media voz:

- ¡Pobre Manduca!

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La negativa

Mi madre se quedó perpleja cuandole pedí ir al entierro.

- Perder un día del seminario…

Le hice notar la amistad que Manducame tenía y además era gente pobre… Todolo que se me ocurrió decir, lo dije. La primaJustina se inclinó por la negativa.

- ¿Crees que no debe ir?, le preguntómi madre.

- Creo que no. ¿Qué amistad es ésa

que nunca he visto?

La prima Justina se impuso. Cuandole referí el caso al allegado, éste sonrió y medijo que el motivo oculto de la prima eraprobablemente no dar al entierro “el lustre

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de mi persona”. Fuese lo que fuese me quedéanonadado; al día siguiente, pensando en elmotivo, no me desagradó; más tarde le halléun gusto particular.

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Capítulo 90 

La polémica

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La polémica

Al día siguiente pasé por la casa deldifunto sin entrar ni detenerme o, si me detuve,fue sólo un instante más breve que éste enque os lo cuento. Si no me engaño, anduveincluso más deprisa, temiendo que mellamasen como el día anterior. Ya que no ibaal entierro, mejor lejos que cerca. Fuiandando y pensando en el pobre diablo.

No éramos amigos ni nos conocíamosdemasiado. Intimidad, ¿qué intimidad podíahaber entre su enfermedad y mi salud? Tuvimosrelaciones breves y distantes. Fui pensando enellas, recordando algunas. Se reducían todas

a una polémica entre nosotros, dos años antes,a propósito… Difícilmente podréis creer a quépropósito respondió. La guerra de Crimea.

Manduca vivía en el interior de su casa,tumbado en la cama, leyendo para distraerse.

CAP ÍTULO XC

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DON CASMURRO

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domingo en que entré en la tienda volvimosde nuevo sobre el asunto. Entonces Manducapropuso que intercambiásemos losargumentos por escrito y el martes o elmiércoles recibí dos hojas de papelconteniendo la exposición y defensa delderecho de los aliados y de la integridad deTurquía, concluyendo con esta frase profética:

“¡Los rusos no entrarán enConstantinopla!” 

La leí y me puse a refutarla. Norecuerdo ni uno sólo de los argumentos queempleé ni quizá interese conocerlos ahoraque el siglo está expirando, pero la idea que

me quedó de ellos es que eran irrefutables.Yo mismo le llevé mi papel. Me hicieron entraren la alcoba, donde él yacía tumbado en lacama, mal cubierto por una colcha de retales.El gusto por la polémica o cualquier otra cosaque no alcanzo no me dejó sentir toda larepugnancia que salía de la cama y delenfermo, pero el placer con que le di el papel

fue sincero. Manduca, por su parte, por másrepugnante que tuviese entonces su cara, lasonrisa que la encendió disimuló suenfermedad física. No hay palabras propiaso ajenas que den cuenta con veracidad de laconvicción con la que recibió el papel y dijo

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que lo leería y me respondería; no eraexaltada ni ruidosa, no tenía afectación ni sumodestia la hubiera permitido; era sencilla,grande, profunda, un goce infinito de victoria,antes de conocer mis argumentos. Ya teníapapel, pluma y tinta junto a la cama. Al cabode unos días recibí la réplica, no me viene ala memoria si traía cosas nuevas o si no,crecía su vehemencia y el final era el mismo:

“¡Los rusos no entrarán enConstantinopla!” 

Volví a replicar, y así continuó poralgún tiempo una polémica ardiente en la queninguno de nosotros cedía, defendiendo cada

uno a sus patrocinados con fuerza y brío.Manduca era más extenso y enérgico que yo.Naturalmente a mí me sobraban mil cosasque me distraían, mis estudios, misdiversiones, mi familia y mi propia salud queme impulsaba a otros ejercicios. Manduca,salvo el palmo de calle del domingo por latarde, tenía sólo esta guerra, tema de la

ciudad y del mundo, pero que nadie iba adiscutir con él. La casualidad le dio en mí unadversario; él, que tenía gusto por laescritura, se entregó al debate como a unfármaco nuevo y radical. Las horas tristes ylargas eran ahora breves y alegres y sus ojos

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DON CASMURRO

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se olvidaron de llorar, si es que anteslloraban. Sentí este cambio suyo en lasmaneras de su padre y de su madre.

- No se imagina cómo está ahora,desde que usted le escribe aquellospapeles, me dijo el dueño de la tienda, unavez, en la puerta de la calle. Habla y ríemucho. En cuanto que le mando a usted almensajero para llevarle sus papeles,comienza a preguntar por la respuesta, sidemorará mucho y que le pregunte alnegrito cuando pase. Mientras espera, releeperiódicos y toma notas. Pero también, así que recibe sus papeles, se lanza a leerlosy comienza inmediatamente a escribir la

respuesta. Hay ocasiones en que no comeo come mal, tanto que quisiera pedirle unacosa: que no los mande a la hora delalmuerzo o de la cena…

Yo me cansé primero. Comencé ademorar las respuestas, hasta que ya no ledi ninguna; él todavía insistió dos o tres veces

después de mi silencio, pero no habiendorecibido respuesta, quizá por fatiga o porno molestarme, acabó del todo con susapologías. En la última, como en la primera,como en todas, afirmaba la misma prediccióneterna:

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“¡Los rusos no entrarán enConstantinopla!” 

No entraron efectivamente ni entonces,ni después, ni hasta ahora. ¿Pero lapredicción será eterna? ¿No acabaránentrando algún día? Problema difícil. Elpropio Manduca, para entrar en la sepultura,pasó tres años de disolución, tan cierto esque la naturaleza al igual que la historia nose hacen corriendo. Su vida resistió comoTurquía; si cedió al final fue porque le faltóuna alianza como la anglo-francesa, nopudiéndose considerar tal el simple pacto dela medicina con la farmacia. Al final muriócomo los Estados mueren; en nuestro caso

particular, la cuestión es saber no si Turquíamorirá, porque la muerte no respeta a nadie,sino si los rusos entrarán algún día enConstantinopla; ésa era la cuestión para mivecino leproso, bajo la triste, rota e infectacolcha de retales…

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Capítulo 91

Ocurrencia que consuela

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Ocurrencia que consuela

Está claro que las reflexiones que dejo aquí no fueron hechas entonces, camino del seminario,sino ahora en el despacho del Ingenio Nuevo.Entonces no hice propiamente ninguna, a no ser ésta:que un día le serví de alivio a mi vecino Manduca.Hoy, pensándolo mejor, creo que no sólo le serví dealivio, sino que incluso le proporcioné felicidad. Yla idea me consuela; ahora ya no me olvidaré másde que le di dos o tres meses de felicidad a un pobrediablo, haciéndole olvidar su enfermedad y el resto.Eso pesa en la balanza de mi vida. Si hay en el otromundo algún premio para las virtudes sin intención,ésta pagará uno o dos de mis muchos pecados. Encuanto a Manduca, no creo que fuese pecado opinar

contra Rusia, pero si lo era, él estará purgando desdehace cuarenta años la felicidad que gozó durantedos o tres meses, de donde concluirá (ya tarde) quehubiese sido mejor gemir solamente y abstenersede opinar.

CAP ÍTULO XC I

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Capítulo 92

El diablo no es tan feo como lo pintan

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El diablo no es tan feo como lo pintan

Enterraron a Manduca sin mí. Amuchos otros les sucedió lo mismo sin queyo sintiese nada, pero este caso me afligióparticularmente por la razón ya expuesta.También sentí no sé qué melancolía alrecordar la primera polémica de mi vida,el placer con que él recibía mis papeles yse disponía a refutarlos, sin contar ladiversión del carruaje… Pero el tiempoborró deprisa todas esas nostalgias yresurrecciones. No fue sólo él , dospersonas vinieron a ayudarlo: Capitú, cuyaimagen durmió conmigo esa misma nochey otra que contaré en el próximo capítulo.

El resto de este capítulo es sólo para pedirque si alguien quisiera leer mi libro conmayor atención que la que exige el preciode este ejemplar, no deje de concluir queel diablo no es tan feo como lo pintan.Quiero decir…

CAP ÍTULO XC I I

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Quiero decir que mi vecino deMatacavalos, aliñando la enfermedad con laopinión antirrusa, le daba a la podredumbrede sus carnes un reflejo espiritual que lasconsolaba. Hay mayores consuelosciertamente y uno de los más excelentes esno padecer ésa ni ninguna otra enfermedad,pero la naturaleza es tan divina que se diviertecon tales contrastes y a los más repulsivos omás afligidos los recompensa con una flor. Ytal vez así brote la flor más bella; mi jardineroafirma que las violetas, para tener un aromasuperior, necesitan estiércol de cerdo. No lohe comprobado, pero debe ser verdad.

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Capítulo 93 

Un amigo por un difunto

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Un amigo por un difunto

La otra persona que tuvo poderobliterador fue mi colega Escobar que eldomingo, antes del mediodía, vino a vermea Matacavalos. Un amigo suplía así a undifunto y un amigo tal que durante cerca decinco minutos estuvo con mi mano entre lassuyas como si no me hubiera visto desdelargos meses:

- ¿Cenas conmigo, Escobar?

- He venido para eso.

Mi madre le agradeció la amistad que

me tenía y él le respondió con muchaeducación, aunque un tanto embarazado,como si no tuviese la palabra pronta. Ya hasvisto que no era así, las palabras leobedecían, pero los hombres no son siempreiguales en todos los momentos. Lo que me

CAP ÍTULO XC I I I

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dijo, en resumen, fue que me estimaba pormis buenas cualidades y apurada educación;en el seminario todos me apreciaban comono podía ser menos, añadió. Insistía en laeducación, en los buenos ejemplos, “en ladulce y extraordinaria madre” que el cielome dio… Todo con trémula y emocionadavoz.

Todos quedaron entusiasmados con él.Yo estaba tan contento como si Escobar fueseinvención mía. José Días le descargó dossuperlativos, mi tío Cosme dos palizones alas cartas, y la prima Justina no le halló tacha;después, sí, en el segundo o tercer domingovino a confesarnos que mi amigo Escobar era

algo entrometido y tenía unos ojos policíacosa los que no escapaba nada.

- Son sus ojos, expliqué.

- No digo que sean de otro.

- Son ojos reflexivos, opinó mi tío

Cosme.

- Seguramente, acudió José Días; sinembargo, puede ser que la señora D.ª Justinatenga algo de razón. La verdad es que unacosa no impide la otra y la reflexión casa

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muy bien con la curiosidad natural. Parececurioso, lo parece, pero…

- A mí me parece un jovencito muyserio, dijo mi madre.

- ¡Justamente!, confirmó José Díaspara no disentir de ella.

Cuando le referí a Escobar aquellaopinión de mi madre (sin contarle las otras,naturalmente), vi que le producía un placerextraordinario. Lo agradeció, diciendo queeran bondades, y elogió también a mi madre,señora grave, distinguida y joven, muyjoven… ¿Qué edad tendría?

- Más de cuarenta, respondí vagamente, por vanidad.

- ¡No es posible!, exclamó Escobar.¡Cuarenta años! Ni siquiera aparenta treinta,está muy joven y bonita. A alguien le hastenido que salir, con esos ojos que Dios te

dio; son exactamente los suyos. ¿Hace muchoque enviudó?

Le conté lo que sabía de su vida y dela de mi padre. Escobar escuchaba atento,preguntando más, pidiendo explicaciones de

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los pasajes omisos u oscuros. Cuando le dijeque no recordaba nada de la plantación,pues me había venido muy pequeño, me contódos o tres recuerdos de sus tres años de edad,frescos todavía ahora. ¿Y no pensábamosvolver a la plantación?

- No, ya no volveremos más. Mira, aquelnegro que va pasando, es de allí. ¡Tomás!

- ¡Señorito!

Estábamos en la huerta de mi casa yel negro estaba de servicio, se acercó anosotros y esperó.

- Está casado, le dije a Escobar.¿Dónde está María?

- Está moliendo maíz.

- ¿Todavía te acuerdas de laplantación, Tomás?

- Me acuerdo, sí señor.

- Bien, te puedes ir.

Le mostré otro, otro más y todavía otro,éste Pedro, aquél José, aquél otro Damián.

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- Todas las letras del alfabeto,interrumpió Escobar.

En efecto, eran diferentes letras y sóloentonces me di cuenta; señalé otros esclavos,algunos con los mismos nombres, que sedistinguían por un apellido, o de persona,como Juan Fulo, María Gorda, o de nación,como Pedro Benguela, AntonioMozambique.

- ¿Y están todos aquí en casa?, mepreguntó.

- No, algunos andan trabajando en lacalle, otros están alquilados. No sería posible

tenerlos a todos en casa. No son todos losde la plantación, la mayoría se quedó allí.

- Lo que me sorprende es que D.ªGloria se acostumbrara tan pronto a viviren una casa de la ciudad, donde todo esestrecho; la de allí será naturalmentegrande.

- No lo sé, pero creo que sí. Mamátiene otras casas más grandes que ésta, perodice que morirá aquí. Las otras estánalquiladas. Algunas son muy grandes, comola de la calle de la Quitanda.

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- La conozco, es bonita.

- Tiene otras en Rio Comprido, enCidade-Nova, una en el Catete…

- No le faltarán techos, me dijosonriendo con simpatía.

Caminamos hacia el fondo. Pasamosel lavadero, él se paró un instante allí mirandola piedra de batir la ropa y haciendoconsideraciones a propósito del aseo;después continuamos. No me viene a lamemoria cuáles fueron esas reflexiones, perosí recuerdo que me parecieron ingeniosas, yque me reí, él se rió también. Mi alegría

despertaba la suya y el cielo estaba tan azul,el aire tan claro, que la naturaleza parecíareír también con nosotros. Son así los buenosmomentos de este mundo. Escobar confesóese acuerdo de lo interno con lo externo conpalabras tan finas y elevadas que meconmovieron; después, a propósito de labelleza moral que se ajusta a la física, volvió

a hablar de mi madre, “más que un ángel”,dijo.

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Ideas aritméticas

No lo contaré todo, que fue mucho. Nosólo sabía elogiar y pensar, también calculardeprisa y bien. Era de las cabezas aritméticasde Holmes (2+2=4). Es inimaginable la facilidadcon que sumaba o multiplicaba de memoria.La división, que fue siempre una de lasoperaciones más difíciles para mí, era como sinada para él: cerraba un poco los ojos, vueltoshacia arriba y susurraba las denominacionesde los dígitos; ya estaba resuelto. Eso lo hacíacon siete, trece, veinte dígitos. Su vocación eratal que amaba los símbolos de las sumas y erade la opinión que los dígitos, siendo pocos,eran más ingeniosos que las veinticinco letras

del alfabeto.

- Hay letras inútiles y letrasdispensables, decía. ¿Qué servicio prestanla d y la t ? Tienen casi el mismo sonido. Lomismo digo de la b y la p , lo mismo de la s , la

CAPÍTULO XC IV

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c y la z , lo mismo de la k y de la g , etc. Sonridiculeces caligráficas. Mira los números: nohay dos que hagan el mismo trabajo; 4 es 4, y7 es 7. Y sorprende la belleza con que un 4 yun 7 forman esa cosa que se expresa con un11. Ahora doblas 11 y tendrás 22; multiplicaspor el mismo número y tendrás 484, y así endelante. Pero donde la perfección es mayores en el empleo del cero . El cero por sí mismono vale nada. Pero el oficio de este signonegativo es precisamente aumentar. Un 5 soloes un 5; ponle dos 00, es 500. Así el que novale nada hace valer mucho, cosa que nohacen las letras repetidas, pues yo tantoapruebo con una p como con dos pp .

Criado en la ortografía de mis padres,me costaba oír tales blasfemias, pero noosaba refutarlo. Sin embargo, un día proferí algunas palabras de defensa, a lo cualrespondió que eran prejuicios y añadió quelas ideas aritméticas podían llegar hasta elinfinito con la ventaja de que eran más fácilesde administrar. Así, yo no era capaz de

resolver en un momento un problemafilosófico o lingüístico, mientras que él podíasumar en tres minutos cualquier cantidad.

- Por ejemplo…, hazme una prueba…,dime una porción de números que yo no sepa

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ni pueda saber de antes…, mira, dime elnúmero de casas de tu madre y los alquileresde cada una y si no te digo la suma total endos, en un minuto, me ahorcas.

Acepté la apuesta y en la semanasiguiente le llevé escritos en un papel elnúmero de casas y las cantidades de losalquileres. Escobar tomó el papel, lo miró afin de memorizarlo y, mientras yo miraba elreloj, él levantaba sus pupilas, cerraba suspárpados y susurraba… ¡Oh, el viento no esmás rápido! Fue dicho y hecho; en mediominuto me gritaba:

- Un total de 1.070.000 reales

mensuales.

Me quedé pasmado. Considera que noeran menos de nueve casas y que losalquileres variaban de una a otra entre 70.000y 180.000 reales. Pues todo eso, en que yoperdería tres o cuatro minutos, valiéndomeademás de papel, Escobar lo hizo de

memoria, corriendo. Me miraba triunfalmentey me preguntaba que si no era exacto. Yo,para mostrarle que sí, saqué del bolsillo unpapel que traía con la suma total del dineroy se lo enseñé; era eso mismo, ni un error:1.070.000.

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- Esto prueba que las ideas aritméticasson más sencillas y por tanto más naturales.La naturaleza es sencilla. El arte confuso.

Me quedé tan entusiasmado con lafacilidad mental de mi amigo que no pudedejar de abrazarlo. Estábamos en el patio,otros seminaristas repararon en nuestraefusión; a un cura que estaba con ellos no legustó.

- La modestia, nos dijo, no tolera esosactos excesivos; podéis estimaros conmoderación.

Escobar me hizo notar que los demás

y el cura hablaban por envidia y me propusocontinuar separados. Lo interrumpí diciéndoleque no; si era envidia, peor para ellos.

- ¡Vamos a darles la castaña!

- Pero…

- Vamos a ser más amigos que hastaahora.

Escobar me estrechó la mano aescondidas con tal fuerza que aún me duelenlos dedos. Es una ilusión, seguro, si no es

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efecto de las largas horas que vengoescribiendo sin parar. Suspendamos la plumapor algunos instantes.

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Capítulo 95 

El Papa

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El Papa

Mi amistad con Escobar se hizogrande y fecunda, la de José Días no quisoser menos. En la primera semana me dijoéste en casa:

- Ahora vas a salir de verdad delseminario.

- ¿Cómo?

- Espera hasta mañana. Voy aintentarlo con ellos ya que me han llamado;mañana, en la habitación, en el huerto, o enla calle, yendo a misa, les cuento lo que pasa.

La idea es tan santa que no está mal en elsantuario. Mañana, Bentiño.

- ¿Pero es seguro?

- ¡Segurísimo!

CAP ÍTULO XCV

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Al día siguiente me reveló el misterio.En una primera impresión, confieso que mequedé deslumbrado. Tenía un aire degrandeza y de espiritualidad que hablaba amis ojos de seminarista. Era ni más ni menosesto. Mi madre, según él creía, estabaarrepentida de lo que había hecho y deseabaverme afuera, pero entendía que el vínculomoral de la promesa la prendíaindisolublemente. Procedía romperlo y paraeso servían las Escrituras y el poder dedesatar dado a los apóstoles. Así que él y yoiríamos a Roma a pedir la absolución delPapa… ¿Qué me parecía?

- Me parece bien, le respondí después

de algunos segundos de reflexión. Puede seruna buena solución.

- ¡Es lo único, Bentiño, es lo único! Hoymismo iré a conversar con D.ª Gloria, se loexpondré todo y podremos partir de aquí ados meses, o antes…

- Es mejor decírselo el domingo queviene, déjeme pensarlo primero…

- ¡Oh, Bentiño!, interrumpió elallegado. ¿Pensar en qué? Tú lo quequieres… ¿Te lo digo? ¿No te enfadarás con

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tu viejo amigo? Tú lo que quieres esconsultárselo a una persona.

En rigor, era a dos personas, Capitú yEscobar, pero negué a pie juntillas quequisiese consultárselo a nadie. ¿A quién, alrector? No sería natural que le confiase talasunto. No, ni al rector, ni a un profesor ni anadie; quería sólo tiempo para reflexionar,una semana, el domingo le daría la respuesta,pero desde ya le decía que la idea no meparecía mala.

- ¿No?

- No.

- Pues decidamos hoy mismo.

- No se va a Roma corriendo.

- Quien tiene boca va a Roma, y bocaen nuestro caso es el dinero. Tú puedesgastártelo tranquilamente en ti… En mí no

hace falta; un par de pantalones, trescamisas, el pan diario, no necesito más. Serécomo San Pablo, que vivía de su trabajomientras predicaba la palabra divina. Y yovoy, no a predicarla, sino a buscarla.Llevaremos cartas del internuncio y del

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obispo, cartas para nuestro embajador,cartas de los capuchinos… Ya sé la objeciónque se le puede oponer a esta idea; diránque se puede pedir la dispensa desde aquí,desde lejos; pero, además de lo que no digo,basta pensar que es mucho más solemne ybonito ver entrar en el Vaticano y postrarse alos pies del Papa al propio objeto del favor,al levita prometido que va a pedir para sumadre ternísima y dulcísima la dispensa deDios. Considera la escena, tú besándole elpie al príncipe de los apóstoles; Su Santidad,con una sonrisa evangélica, se inclina,interroga, oye, absuelve y bendice. Losángeles lo contemplan, la Virgen lerecomienda a su hijo santísimo que todos tus

deseos, Bentiño, sean satisfechos y que lo queamas en la tierra sea igualmente amado enel cielo…

No digo más, porque es precisoacabar el capítulo y él no acabó su discurso.Le habló a todos mis sentimientos de católicoy de enamorado. Vi el alma aliviada de mi

madre, vi el alma feliz de Capitú, ambas encasa y yo con ellas y él con nosotros, todomediante un pequeño viaje a Roma, que yosólo geográficamente sabía dónde estaba;espiritualmente también, pero no la distanciaa la que estaría de la voluntad de Capitú.

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Ése era el punto esencial. Si a Capitú leparecía lejos, no iría; pero era necesarioescucharla y también a Escobar, quien medaría un buen consejo.

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Capítulo 96 

Un sustituto

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Un sustituto

Le expuse a Capitú la idea de JoséDías. Me oyó atentamente y se puso triste.

- Como vayas, me dijo, me olvidaráscompletamente.

- ¡Nunca!

- Me olvidarás. Dicen que Europa esmuy bonita y principalmente Italia. ¿No vienende allí las cantantes? Me olvidarás, Bentiño.¿No habría otra manera? D.ª Gloria se muerede ganas de que salgas del seminario.

- Sí, pero se considera atada por supromesa.

A Capitú ni se le ocurría otra idea niacababa de gustarle ésta. De camino, me

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pidió que, si acaso fuese a Roma, le juraseque antes de seis meses estaría de regreso.

- Lo juro.

- ¿Por Dios?

- Por Dios, por todo. Juro que antesde seis meses estaré de regreso.

- ¿Pero y si el Papa no te hubieraeximido?

- Mando que alguien te lo diga.

- ¿Y si mintieras?

Esas palabras me dolieron mucho y novi la manera de replicarle. Capitú organizóun jaleo, riendo y llamándome falso. Despuésdijo creer que yo cumpliría el juramento, peroni aun así aceptó inmediatamente; vería sino había otro medio y quería que yo tambiénindagase por mi parte.

Cuando regresé al seminario, se loconté todo a mi amigo Escobar que me oyócon la misma atención y acabó con la mismatristeza que Capitú. Sus ojos, de suyo huidizos,casi me comieron observándome. De repente

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le vi en el rostro un fulgor, un reflejo de idea.Y le oí decir con volubilidad:

- No, Bentiño, eso no es necesario. Hayalgo mejor, no digo mejor porque el SantoPadre vale siempre más que todo, pero hayuna cosa que produce el mismo efecto.

- ¿Qué es?

- Tu madre le hizo la promesa a Diosde darle un sacerdote, ¿no es eso? Pues bien,que le dé un sacerdote que no seas tú. Puedesolicitar algún jovencito huérfano, hacerloordenar a su costa, estaría dándole un curaal altar, sin que tú…

- Entiendo, entiendo, de eso se trata.

- ¿No te parece?, continuó.Consúltaselo al protonotario; él te dirá si noes igual o, si quieres, se lo consulto yo mismo;si duda, hablamos con el Sr. obispo.

Yo, reflexionando:

- Sí, parece que es eso; realmente lapromesa se cumple, al no perderse el cura.

Escobar observó que, por el aspecto

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económico, la cuestión era fácil; mi madre segastaría lo mismo que conmigo y un huérfanono necesitaría grandes comodidades. Citó lasuma de los alquileres de las casas, 1.070.000reales, además de los esclavos…

- No hay más que hablar, dije yo.

- Y saldremos juntos.

- ¿Tú también?

- Yo también. Voy a mejorar mi latín yme voy, no asistiré a teología. Ni siquiera ellatín me es necesario; ¿en el comercio, paraqué sirve?

- In hoc signo vinces , dije riendo.

Me sentía ingenioso. ¡Oh!, cómo laesperanza lo alegra todo. Escobar sonrió,pareciendo gustarle la respuesta. Despuésnos quedamos ensimismados, cada uno conla mirada perdida. La suya estaba así cuando

volví a mi natural y le agradecí de nuevo elplan sugerido, no podía haber otro mejor.Escobar me escuchó contentísimo.

- Una vez más, dijo gravemente, lareligión y la libertad hacen buena pareja.

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Capítulo 97 

La salida

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La salida

Todo se hizo de ese modo. Mi madredudó un poco, pero acabó cediendo, despuésque el padre Cabral, habiéndole consultadoal obispo, volvió a decirle que sí, que eraposible. Salí del seminario a finales de año.

Tenía entonces algo más de diecisiete…Aquí debería haber llegado a la mitad del libro,pero la inexperiencia me ha hecho ir detrás dela pluma y llego casi al final del papel con lomejor de la narración todavía por contar. Ahorano hay más remedio que llevarla a grandeszancadas, capítulo tras capítulo, pocasenmiendas, pocas reflexiones, todo resumido.

Si esta página vale por meses, otras valdránpor años y así llegaremos al final.

Uno de los sacrificios que le hago aesta dura necesidad es el análisis de misemociones de los diecisiete años. No sé si

CAP ÍTULO XCV I I

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alguna vez tuviste diecisiete años. Si lostuviste, debes saber que es la edad en la quela mitad del hombre y la mitad del niñoforman un único curioso. Yo era un únicocuriosísimo que diría el allegado José Días,y no diría mal. Lo que esa cualidadsuperlativa me rindió nunca podría decirloaquí sin caer en el error que acabo decondenar, el análisis de mis emociones deaquel tiempo es lo que entraba en mis planes.Aunque hijo del seminario y de mi madre,sentía ya debajo del recato casto ciertosimpulsos de petulancia y atrevimiento; veníande la sangre, pero venían también de lasmozas que en la calle o en la ventana no medejaban vivir sosegado. Les parecía lindo y

me lo decían, algunas querían admirar mibelleza más de cerca y la vanidad es unprincipio de corrupción.

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Capítulo 99

El hijo es el retrato de su padre

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El hijo es el retrato de su padre

Mi madre, cuando regresé licenciado,casi estalló de felicidad. Aún oigo la voz deJosé Días, recordando el evangelio de SanJuan y diciendo al vernos abrazados:

- ¡Mujer, he aquí a tu hijo! ¡Hijo, heaquí a tu madre!

Mi madre, entre lágrimas:

- Hermano Cosme, es el retrato de supadre, ¿verdad?

- Sí, t iene algo, los ojos, la

configuración del rostro. Es su padre, unpoco más moderno, concluyó bromeando.Y dime ahora, hermana Gloria, ¿no ha sidomejor que no se obstinara en ser cura? Creesque este presumido hubiera sido un buencura.

CAP ÍTULO XC IX

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- ¿Cómo le va a mi sustituto?

- Va bien, se ordena el próximo año,respondió mi tío Cosme. Tendrás que asistira su ordenación, yo también iré si mi señorcorazón me lo consiente. Es bueno que tesientas en el alma de otro como si recibiesesen ti mismo la consagración.

- ¡Justamente!, exclamó mi madre. Perofíjate, hermano Cosme, fíjate si no es la figurade mi difunto. Mírame, Bentiño, mírame bien.Siempre creí que te parecías a él, ahoramucho más. El bigote lo estropea un poco…

- Sí, hermana Gloria, el bigote

realmente…, pero se le parece mucho.

Y mi madre me besaba con una ternuraque no sé describir. Mi tío Cosme, paraalegrarla, me llamaba doctor, José Díastambién, todos en casa, la prima, los esclavos,las visitas, Padua, su hija y ella misma merepetían el título.

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Capítulo 100 

“¡Tú serás feliz, Bentiño!” 

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“¡Tú serás feliz, Bentiño!” 

En mi habitación, deshaciendo lamaleta y sacando el título de bachiller delestuche, iba pensando en la felicidad y en lagloria. Veía mi boda y mi carrera ilustre,mientras José Días me ayudaba, callado ydiligente. Un hada invisible apareció y medijo con voz tan tierna como cálida: “Tú serásfeliz, Bentiño; tú vas a ser feliz.” 

- ¿Y por qué no habrías de ser feliz?,me preguntó José Días, irguiéndose ymirándome.

- ¿Lo ha oído también?, le pregunté

incorporándome asombrado.

- ¿Oír qué?

- Que si ha oído una voz que decíaque yo seré feliz.

CAP Í TULO C

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- ¡Vaya por Dios! Eres tú mismo quienlo estaba diciendo…

Incluso ahora sería capaz de jurar quela voz era del hada; naturalmente las hadas,expulsadas de los cuentos y de los versos, semetieron en el corazón de las personas yhablan desde dentro hacia afuera. A ésta,por ejemplo, la he oído muchas veces claray nítida. Debe ser prima de las hechicerasde Escocia: “¡Tú serás rey, Macbeth!” 

- “¡Tú serás feliz, Bentiño!” A fin decuentas es la misma predicción, la mismacantinela universal y eterna. Cuando volví demi asombro, oí el resto del discurso de José

Días:

- …Has de ser feliz como mereces, así como has merecido ese diploma que está ahí,que no te lo ha regalado nadie. Lascalificaciones que has sacado en todas lasasignaturas son prueba de eso; te he contadoya que he oído de ti los mayores elogios de

los profesores. Además la felicidad no es sólola gloria, es también otra cosa… ¡Ah! No selo has confiado todo al viejo José Días. Elpobre José Días está ahí arrinconado, es unfruto exprimido, no vale nada; ahora prefieresa los jóvenes, los Escobares… No niego que

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es un joven muy distinguido y trabajador yun marido de categoría; pero, en fin, los viejostambién saben amar…

- ¿Pero de qué se trata?

- ¿De qué va a ser? ¿A quién se leoculta algo? Aquella intimidad de vecinostenía que acabar en esto, que esverdaderamente una bendición del cielo,porque ella es un ángel, un angelísimo …Perdona el error, Bentiño, ha sido una manerade acentuar la perfección de esa joven. Enotros tiempos pensaba lo contrario; confundíasus modales de niña con expresiones decarácter y no me di cuenta de que esa niña

traviesa, y ya de ojos pensativos, era la florcaprichosa de un fruto sano y dulce… ¿Porqué no me contaste a mí también lo que todossaben y que aquí en tu casa está más queadivinado y aprobado?

- ¿De verdad mi madre lo aprueba?

- Pues claro. Hemos hablado sobre esoy me hizo el favor de pedirme mi opinión.Pregúntale lo que le dije en términos claros ypositivos, pregúntale. Le dije que no podíadesear mejor nuera, buena, discreta, capaz,amiga de la gente…, y un ama de casa que

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no te digo más… Después de la muerte de sumadre se hizo cargo de todo. Padua, ahoraque se ha jubilado, lo único que hace escobrar su salario y dárselo a su hija. Ellaadministra el dinero, paga las cuentas,organiza los gastos, cuida de todo, comida,ropa, luz; ya la viste el año pasado. Y encuanto a su hermosura, tú lo sabes mejor quenadie…

- ¿Pero de verdad mi madre le haconsultado sobre nuestra boda?

- Explícitamente, no; me hizo el favorde preguntarme si Capitú sería una buenaesposa; fui yo quien en mi respuesta hablé

de nuera. D.ª Gloria no lo negó e incluso tuvoun atisbo de alegría.

- Mi madre siempre que me escribíame hablaba de Capitú.

- Ya sabes que se llevan muy bien ypor eso su prima está cada día más

contrariada. Quizá ahora se case antes.

- ¿La prima Justina?

- ¿No lo sabes? Son rumoresnaturalmente; pero en fin, el doctor João da

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Costa enviudó hace pocos meses y dicen (nolo sé, me lo contó el protonotario), dicen quelos dos están casi decididos a acabar con laviudez casándose entre ellos. Aunque todavíano haya nada, tampoco sería ningúndespropósito, y eso que ella ha pensadosiempre que el doctor es un saco de huesos…Si ella es un cementerio…, comentó riendo; ydespués en serio: digo esto de broma…

No escuché el resto. Oía sólo la vozde mi hada interior que me repetía, aunqueya sin palabras: “¡Tú serás feliz, Bentiño!” Yla voz de Capitú me dijo lo mismo, conpalabras distintas y también la de Escobar yambos me confirmaron la noticia de José Días

con sus propias opiniones. En fin, mi madre,algunas semanas después, cuando fui apedirle permiso para casarme, además desu consentimiento, me hizo la misma profecía,con las palabras propias de una madre: “¡Túserás feliz, hijo mío!” 

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Capítulo 101

En el cielo

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En el cielo

Pues seamos felices de una vez antesde que el lector caiga en la cuenta y harto deesperar se vaya a distraerse a otra parte;casémonos. Fue en 1865, una tarde de marzo,recuerdo que llovía. Cuando llegamos al altode la Tijuca donde estaba nuestro nido denovios, el cielo retuvo la lluvia y encendió lasestrellas, no sólo las ya conocidas, sinoincluso las que sólo de aquí a muchos siglosserán descubiertas. Fue una gran cortesía yno fue la única. San Pedro, que tiene las llavesdel cielo, nos abrió sus puertas, nos hizoentrar y, después de tocarnos con su báculo,recitó algunos versículos de su primera

epístola: “Vosotras mujeres sed sujetas avuestros maridos… No se preocupen tantopor lucir peinados rebuscados, collares deoro y vestidos lujosos, sino el hombre queestá escondido en lo íntimo del corazón.Vosotros, maridos, semejantemente, habitad

CAP Í TULO C I

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con ellas, según ciencia, dando honor a lamujer como a vaso más frágil, y como aherederas juntamente de la gracia de lavida…” Enseguida hizo un gesto a los ángelesy ellos entonaron un fragmento del Cantar ,tan concertadamente que desmentirían lahipótesis del tenor italiano si la interpretaciónfuese en la tierra, pero era en el cielo. Lamúsica condecía con el texto, como sihubiesen nacido juntos, a la manera de unaópera de Wagner. Después visitamos unaparte de aquel lugar infinito. Sosiégate queno haré ninguna descripción ni la lenguahumana posee formas idóneas para tanto.

Al cabo, puede que todo fuese un

sueño, nada más natural a un exseminaristaque oír por todas partes el latín y lasEscrituras. Es verdad que Capitú, que noconocía las Escrituras ni sabía latín, memorizóalgunas palabras, como éstas, por ejemplo:“Bajo la sombra del deseado me senté.” Encuanto a las de S. Pedro, me dijo al díasiguiente que estaba de acuerdo, que yo era

el único encaje y el único adorno que algunavez se pondría. A lo que respondí que miesposa tendría siempre los más finos encajesde este mundo.

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Capítulo 102

De casada

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De casada

Imagina un reloj que sólo tuviese péndulo,sin esfera, de modo que no se mostrasen lashoras. El péndulo iría de un lado a otro, peroningún signo externo mostraría el paso deltiempo. Tal fue aquella semana de Tijuca.

De vez en cuando, volvíamos alpasado y nos divertíamos recordandonuestras tristezas y calamidades, pero esomismo era un modo de no salir de nosotros.Así vivimos de nuevo nuestra larga esperade enamorados, los años de la adolescencia,la denuncia que está en los primeroscapítulos, y nos reíamos de José Días que

conspiró para nuestra desunión y acabóalabando nuestro consorcio. Alguna que otravez hablábamos de bajar del alto de Tijuca,pero las mañanas convenidas eran siemprede lluvia o de sol y nosotros esperábamos undía nublado que se obstinaba en no aparecer.

CAP ÍTULO C I I

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No obstante, me pareció que Capitúestaba un poco impaciente por bajar.Concordaba en quedarse, pero hablaba desu padre y de mi madre, de la falta de noticiasnuestras, de esto y de aquello, hasta el puntode que nos enfadamos un poco. Le preguntési ya estaba harta de mí.

- ¿Yo?

- Eso parece.

- Siempre serás un niño, me dijotomando mi cara entre sus manos y acercandomucho sus ojos a los míos. ¿He esperadotantos años para hartarme en siete días? No,

Bentiño; digo esto porque es realmente así,creo que pueden estar deseosos de vernos eimaginarse alguna enfermedad y confieso quepor mi parte me gustaría ver a mi padre.

- Pues mañana bajamos.

- No, ha de ser en un día nublado,

replicó riendo.

Le tomé la palabra y la risa, pero laimpaciencia continuó y bajamos con sol.

La alegría con que se puso su

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sombrero de casada y el aire de casada conque me dio la mano para entrar y salir delcoche y el brazo para andar por la calle,todo me mostró que la causa de laimpaciencia de Capitú eran los signosexternos de su nuevo estado. No le bastabaestar casada entre cuatro paredes y algunosárboles, necesitaba también del resto delmundo. Y cuando me vi abajo, pisando lascalles con ella, parando, mirando, hablando,sentí lo mismo. Inventaba paseos para queme viesen, lo confirmasen y me envidiasen.En la calle, muchos se volvían curiosos, otrosse paraban, algunos preguntaban: “¿Quiénesson?, y un sabihondo explicaba: “Es el doctorSantiago, que se casó hace días con aquella

joven, D.ª Capitolina, después de un largonoviazgo desde niños; viven en Gloria, susfamilias residen en Matacavalos.” Y ambos:“¡Es un pedazo de mujer!” 

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Capítulo 103 

La felicidad tiene buen corazón

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La felicidad tiene buen corazón

Pedazo de mujer es vulgar; José Díasencontró algo mejor. Fue la única personade abajo que nos visitó en Tijuca y nos traíaabrazos de los nuestros y palabras suyas,pero palabras que eran verdadera música;no las escribo aquí para ir ahorrando papel,aunque fueron deliciosas. Un día noscomparó a aves criadas en vanos contiguosdel tejado. Imagina el resto, las avesexhibiendo sus alas y subiendo al cielo, peroa un cielo ahora más ancho para podercontenerlas también. No nos reímos; ambosescuchábamos conmovidos y convencidos,olvidándolo todo, desde la tarde de 1857…

La felicidad tiene buen corazón.

CAP ÍTULO C I I I

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Capítulo 104

Las pirámides

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Las pirámides

José Días se dividía ahora entre mí ymi madre, alternando las cenas de Gloriacon los almuerzos de Matacavalos. Todomarchaba bien. Pasados dos años decasados, salvo el disgusto grande de no tenerun hijo, todo marchaba bien. Había perdidoa mi suegro, es cierto, y mi tío Cosme vivíade milagro, pero la salud de mi madre erabuena; la nuestra excelente.

Yo era abogado de algunas casas ricasy los procesos iban llegando. Escobar habíacontribuido mucho para mis comienzos en elforo. Habló con un abogado célebre para

que me admitiese en su bufete y me consiguióalgunas administraciones, todoespontáneamente.

Por lo demás nuestras relacionesfamiliares estaban perfectamente

CAP Í TULO C IV

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establecidas; Sancha y Capitú continuaban suamistad de la escuela después de casadas,Escobar y yo la del seminario. Ellos vivían enAndaraí, adonde querían que fuésemos amenudo y, no pudiendo ser tanto comodeseábamos, íbamos a cenar algunosdomingos o ellos cenaban con nosotros. Cenares poco. Íbamos siempre muy temprano,después del almuerzo, para disfrutar a lo largodel día y sólo nos separábamos a las nueve,diez u once, lo más tarde posible. Ahora quepienso en aquellos días en Andaraí o enGloria, siento que la vida y el resto no seantan resistentes como las Pirámides.

Escobar y su mujer vivían felices, tenían

una hijita. En una ocasión oí hablar de unaaventura del marido, cosa de teatro, con nosé qué actriz o bailarina, pero si fue ciertono provocó escándalo. Sancha era modesta,su marido trabajador. Cuando un día le dijea Escobar que sentía no tener un hijo, merespondió:

- No te preocupes. Dios te los darácuando quiera, y si no, es que los quiere parasí y será mejor que se queden en el cielo.

- Un niño, un hijo es el complementonatural de la vida.

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- Vendrá, si fuere necesario.

Pero no venía. Capitú lo pedía en susoraciones, yo en más de una ocasión mesorprendí rezando y pidiéndolo. Ahora noera como cuando era niño, ahora pagabaanticipadamente como el alquiler de unacasa.

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Capítulo 105 

Los brazos

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Los brazos

Por lo demás, todo marchaba bien. ACapitú le gustaba reír y divertirse y, en losprimeros tiempos, cuando íbamos de paseoo a espectáculos, era como un pájaro quesaliese de la jaula. Se arreglaba con graciay modestia. Aunque le gustasen las joyascomo a las demás jóvenes, no quería que yole comprase muchas ni caras y un día seafligió tanto que prometí no comprarle más;pero fue por poco tiempo.

Nuestra vida era más o menos plácida.Cuando no estábamos con la familia o losamigos, o si no íbamos a algún espectáculo

o sarao particular (y estos eran raros),pasábamos las noches en nuestra ventanade Gloria, mirando el mar y el cielo, lasombra de las montañas y de los navíos o lagente que pasaba por la playa. A veces lecontaba a Capitú la historia de la ciudad,

CAP Í TULO CV

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otras le daba clases de astronomía; clasesde aficionado, que ella escuchaba atenta ycuriosa, aunque a veces dormitase un poco.Como no sabía tocar el piano, aprendiódespués de casada y en poco tiempo tocabaen casa de los amigos. En Gloria era una denuestras distracciones; también cantaba, peropoco y raramente, porque no tenía voz; undía llegó a comprender que era mejor nocantar y cumplió su decisión. Le gustababailar y se arreglaba con esmero cuando ibaa un baile; sus brazos… Sus brazos merecenun buen párrafo.

Eran bonitos y en la primera noche quelos llevó desnudos a un baile no creo que los

hubiera iguales en la ciudad, ni los tuyos,lectora, que entonces serían de niña, si esque habían nacido, aunque probablementeestarían todavía en el mármol, de dondeproceden, o en las manos del divino escultor.Eran los más bellos de la noche, hasta elextremo de que me llenaron de orgullo.Conversaba apenas con las demás personas,

sólo para verlos, aunque ellos se entrelazasencon los de las chaquetas ajenas. Ya no fueasí en el segundo baile; en ése, cuando vique los hombres no se hartaban de mirarlos,de buscarlos, casi de pedirlos y que rozabancon ellos sus mangas negras, me quedé

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atormentado y enfadado. Al tercero no fui yaquí tuve el apoyo de Escobar, a quien confiécándidamente mis enfados; concordóenseguida conmigo.

- Sanchiña tampoco irá, o irá conmangas largas; lo contrario me pareceindecente.

- ¿Verdad? Pero no digas el motivo onos llamarán seminaristas. Capitú ya me hallamado así.

No por eso dejé de contarle a Capitúla aprobación de Escobar. Sonrió y respondióque los brazos de Sanchiña estaban mal

torneados, pero cedió rápidamente y no fueal baile; fue a otros, pero los llevó mediovestidos de crespón o no sé qué, que ni cubríani descubría enteramente, como el cendal deCamoens.

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Capítulo 106 

Diez libras esterlinas

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Diez libras esterlinas

Ya he dicho que era ahorrativa, o sino, lo digo ahora, y no sólo con el dinero,también con las cosas usadas, de las que seguardan por tradición, por recuerdo o pornostalgia. Unos zapatos, por ejemplo, unoszapatitos rasos de tiras negras que secruzaban en el empeine y en el comienzo dela pierna, los últimos que usó antes de calzarbotines, los trajo a casa y los sacaba de vezen cuando del cajón de la cómoda, con otrasantiguallas, diciéndome que eran trozos deniña. A mi madre, que tenía el mismo carácter,le gustaba oír hablar y obrar así.

En lo que se refiere propiamente a laseconomías de dinero, contaré un caso ybasta. Fue precisamente con ocasión de unalección de astronomía en la playa de Gloria.Sabes que algunas veces la hice dormitar unpoco. Una noche se perdió mirando el mar,

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con tal fuerza y concentración que me dio celos.

- No me escuchas, Capitú.

- ¿Yo? Te escucho perfectamente.

- ¿Qué te estaba diciendo?

- Hablabas…, hablabas de Sirio.

- ¿De qué Sirio, Capitú? Hace veinteminutos que hablé de Sirio.

- Hablabas de…, hablabas de Marte,enmendó enseguida.

Realmente era de Marte, pero estabaclaro que sólo había retenido el sonido de lapalabra, no el sentido. Me puse serio y meentraron deseos de abandonar la sala;Capitú, al percibirlo, se convirtió en la másmimosa de las criaturas, me tomó la mano,me confesó que había estado contando, estoes, sumando unos dineros para descubrir una

cantidad que no encajaba. Se trataba de unaconversión de papel en oro. Al principiosupuse que se trataba de un recurso paracontentarme, pero enseguida estaba yocalculando también, ahora con papel y lápizsobre las rodillas y el resultado era la

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diferencia que ella estaba buscando.

- ¿Pero qué libras son esas?, lepregunté al final.

Capitú me miró riendo y replicó que laculpa de romper el secreto era mía. Se levantó,se fue a la habitación y regresó con diez librasesterlinas en la mano; era el sobrante del dineroque yo le daba mensualmente para los gastos.

- ¿Todo esto?

- No es mucho, sólo diez libras; es loque la avariciosa de tu mujer ha podidoconseguir en algunos meses, concluyó

haciendo tintinear el oro en la mano.

- ¿Quién ha sido el corredor?

- Tu amigo Escobar.

- ¿Y como no me ha dicho nada?

- Ha sido hoy mismo.

- ¿Ha estado aquí?

- Poco antes de que llegaras, no te lohabía dicho para que no sospecharas.

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Me dieron ganas de gastar el dobledel oro en algún regalo para celebrarlo, peroCapitú me detuvo. Por el contrario, meconsultó sobre lo que deberíamos hacer conaquellas diez libras.

- Son tuyas, respondí.

- Son nuestras, corrigió.

- Pues guárdalas.

Al día siguiente fui a ver a Escobar alestablecimiento y me reí del secreto deambos. Escobar sonrió y me dijo que estabaa punto de ir a mi despacho para contármelo

todo. Su cuñadita (continuaba dándole esenombre a Capitú) le había hablado de eseasunto con ocasión de nuestra última visita aAndaraí y le dijo el motivo del secreto.

- Cuando le conté esto a Sanchiña,concluyó él, se quedó asombrada: “¿CómoCapitú puede hacer economías ahora que

está todo tan caro?” – “No lo sé, sé queconsiguió diez libras.” 

- A ver si ella aprende también.

- No lo creo; Sanchiña no es

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gastadora, pero tampoco ahorrativa; con loque le doy le basta, pero sólo le basta.

Yo, después de algunos instantes dereflexión:

- ¡Capitú es un ángel!

Escobar concordó con la cabeza, perosin entusiasmo, como quien sentía no poderdecir lo mismo de su mujer. Así pensarías tútambién, tan cierto es que las virtudes de laspersonas próximas nos dan tal o cualvanidad, orgullo o consuelo.

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Capítulo 107 

Celos del mar 

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Celos del mar 

Si no hubiese sido por la astronomía,no habría descubierto tan pronto las diezlibras de Capitú; pero no vuelvo sobre ellapor eso, sino para que no creas que fue lavanidad del profesor lo que me hizo sufrircon la desatención de Capitú y tenerle celosal mar. No, amigo mío. Quiero explicarte quetuve tales celos por lo que pudiera estar enla cabeza de mi mujer, no afuera o encimade ella. Es sabido que las distracciones deuna persona pueden ser culpables, mitadculpables, un tercio, un quinto, un décimoculpables, ya que en materia de culpa lagradación es infinita. El recuerdo de unos

simples ojos basta para mirar otros que losrecuerden y se deleiten con su recuerdo. Noes menester un pecado efectivo y mortal niun intercambio de notas, ni una simplepalabra, gesto, suspiro o signo aún máspequeño y leve. Un anónimo o anónima que

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pase por la esquina de la calle hace quemetamos a Sirio dentro de Marte y tú sabes,lector, la diferencia que hay entre uno y otroen distancia y tamaño, pero en la astronomíase pueden producir esas confusiones. Fue esolo que me hizo palidecer, callar y querer huirde la sala para volver Dios sabe cuándo;probablemente diez minutos después. Diezminutos después, estaría yo de nuevo en lasala, junto al piano o en la ventana,continuando la lección interrumpida:

- Marte está a la distancia de…

¿A tan poco tiempo? Sí, a tan pocotiempo, a diez minutos. Mis celos eran

intensos, aunque cortos; con poco loderribaría todo, pero con el mismo poco omenos reconstruiría el cielo, la tierra y lasestrellas.

Lo cierto es que me sentí más amigode Capitú, si fuera posible; ella aun másdulce, el aire más blando, las noches más

claras y Dios más Dios. Y no fueronpropiamente las diez libras esterlinas las quelo produjeron ni el sentimiento de economíaque revelaban y que yo conocía, sino lascautelas que Capitú empleó paradescubrirme un día su celo de todos los días.

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Escobar también se me hizo más cercano alcorazón. Nuestras visitas se fueron haciendomás próximas y nuestras conversaciones másíntimas.

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Capítulo 108 

Un hijo

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Un hijo

Ni siquiera todo eso me saciaba la sedde un hijo, aunque fuese un triste hijo, pálido ydelgado, pero un hijo, un hijo propio de mipersona. Cuando íbamos a Adaraí y veíamos ala hija de Escobar y Sancha, familiarmenteCapitusiña, por diferenciarla de mi mujer, ya quele dieron el mismo nombre de pila, sentíamosmucha envidia. La pequeña era graciosa ygordita, parlanchina y curiosa. Sus padres, comolos demás padres, contaban las travesuras ygracias de la chiquilla y nosotros, cuandoregresábamos por la noche a Gloria, íbamossuspirando nuestras envidias y pidiéndolementalmente al cielo que nos las matase…

…Las envidias murieron, lasesperanzas nacieron y no tardó en venir almundo el fruto de ellas. No era débil ni feo,como yo incluso había pedido, sino unmuchachote robusto y lindo.

CAP ÍTULO CV I I I

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Mi alegría, cuando nació, no sabríaexpresarla; nunca la tuve igual ni creo quepueda haberla idéntica ni que de lejos o decerca se le asemeje.

Fue un vértigo y una locura. Nocantaba por la calle, por vergüenza natural,ni en casa, por no molestar a Capitúconvaleciente. Tampoco me desmayaba,porque hay un dios para los nuevos padres.Afuera, vivía con el alma en el niño; en casa,con los ojos observándolo, mirándolo,preguntándole de dónde venía y cómo separecía tanto a mí y otras varias tonterías sinpalabras, pero pensadas o deliradas a cadainstante. Quizá perdí algunos pleitos en el

foro por descuido.

Capitú no era menos tierna con él yconmigo. Nos dábamos las manos el uno alotro y, cuando no mirábamos a nuestro hijo,hablábamos de nosotros, de nuestro pasadoy de nuestro futuro. Las horas de mayorencanto y misterio eran las de amamantarlo.

Cuando yo veía a mi hijo chupando la lechede su madre y toda aquella unión de lanaturaleza para la nutrición y vida de un serque no había sido nada, pero que nuestrodestino decidió que lo sería y nuestraconstancia y nuestro amor hicieron que

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llegase a ser, me quedaba como no sé decirni digo; positivamente no me acuerdo ysospecho que lo que dijese sería ininteligible.

Excusad las minucias. Así que no espreciso contar la dedicación de mi madre yde Sancha, que también fue a pasar conCapitú los primeros días y noches. Quiserechazar la ayuda de Sancha, me respondióque yo no tenía nada que ver con eso;también Capitú, de soltera, fue a asistirla enla calle de los Inválidos.

- ¿No te acuerdas que fuiste allí averla?

- Me acuerdo, pero Escobar…

- Vendré a cenar con vosotros y porlas noches vuelvo a Andaraí, ocho días yhabrá pasado todo. Cómo se nota que eresun padre primerizo.

- Tú también, ¿dónde está la segunda?

Usábamos estas bromas en familia.Hoy que me he refugiado en mi cazurrería,no sé si aún existe ese lenguaje, pero debeexistir. Escobar cumplió lo que dijo, cenabacon nosotros y se iba por la noche. Por la

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tarde bajábamos a la playa o íbamos alPaseo Público, haciendo él sus cálculos y yomis sueños. Veía a mi hijo médico, abogado,negociante, lo metía en varias universidadesy bancos e incluso acepté la hipótesis de quefuera poeta. También consideré la posibilidadde que fuera político y creí que me saldríaorador, un gran orador.

- Puede ser, replicaba Escobar; nadiehubiera dicho lo que llegó a ser Demóstenes.

Escobar acompañaba muchas vecesmis niñerías, también interrogaba al futuro.Llegó a hablar de la hipótesis de casar alpequeño con su hija. La amistad existe; estuvo

toda en las manos con que estreché las deEscobar al oír esto y en la total ausencia depalabras con la que firmé allí el pacto; éstasvinieron después de golpe, armonizadas conmi corazón que latía con gran fuerza. Aceptéla idea y propuse que los encaminásemos enesa dirección, dándoles una educación igualy común y una infancia unida y perfecta.

Era mi intención que Escobar fuesepadrino del pequeño, la madrina debía ser ysería mi madre. Pero la primera parte se truncópor intervención de mi tío Cosme, quien, alver al niño, le dijo entre otros cariños:

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- Anda, recibe la bendición de tupadrino, sinvergüenza.

Y, dirigiéndose a mí:

- No renuncio al privilegio y el bautizotiene que ser pronto, antes de que mienfermedad acabe de una vez conmigo.

Le conté discretamente el asunto aEscobar para que me comprendiese ydisculpase, se rió y no se ofendió. Hizo más,quiso que el almuerzo del bautismo fuese ensu chácara y así fue. Yo todavía intentéaplazar la ceremonia por si mi tío Cosmesucumbía primero a la enfermedad, pero

parece que ésta molestaba más que mataba.No hubo más remedio que llevar al niño a lapila, donde se le dio el nombre de Ezequiel;era el de Escobar, porque yo quise suplir deesta manera el que no fuéramos compadres.

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Capítulo 109

Un hijo único

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Un hijo único

Ezequiel, aún no había sido concebidocuando comenzó el capítulo anterior; cuandoacabó ya era cristiano y católico. Éste estádestinado a hacer llegar a mi Ezequiel hastalos cinco años, un muchachote bonito, consus ojos claros, ya inquietos, como siquisiesen conquistar a todas las mozas delvecindario o a casi todas.

Ahora, si consideras que él fue el único,que no vino ningún otro, cierto o incierto,muerto o vivo, uno solo y único, imaginaráslas preocupaciones que nos dio, los sueñosque nos quitó y los sustos que nos dieron, entre

otras, las crisis de sus dientes, la menor fiebre,toda la existencia común de los niños. A todoacudíamos, según cumplía y urgía, cosa queno sería necesario decir, pero hay lectores tanobtusos, que no entienden nada si no se lesrelata todo y el resto. Vamos al resto.

CAPÍTULO CIX

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Capítulo 110 

Rasgos de la infancia

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Rasgos de la infancia

El resto me ocupará todavía muchoscapítulos; hay vidas que necesitan menos yaun así están completas y acabadas.

A los cinco y seis años, Ezequiel noparecía desmentir mis sueños de la playa deGloria; al contrario, se adivinaban en él todaslas vocaciones posibles, desde ocioso hastaapóstol. Ocioso está aquí en el buen sentido,en el sentido de hombre que piensa y calla;se ensimismaba a veces y en eso recordabaa su madre de pequeña. Del mismo modo,se inquietaba e insistía en ir a convencer alas vecinas de que los dulces que yo le traía

eran dulces de verdad; no lo hacía antes dehartarse de ellos, pero tampoco los apóstolesllevaban la buena doctrina hasta que la teníancompleta en el corazón. Escobar, buennegociante, opinaba que la causa principalde esta otra inclinación tal vez fuese incitar

CAP ÍTULO CX

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implícitamente a las vecinas a idénticoapostolado cuando sus padres les trajesendulces y se reía de su propia broma y meanunciaba que lo haría su socio.

Le gustaba la música no menos quelos dulces y le dije a Capitú que le sacase alpiano la melodía del pregón del negro delas cocadas de Matacavalos…

- No me acuerdo.

- No me digas eso, no te acuerdas deaquel negro que vendía dulces por lastardes…

- Me acuerdo de un negro que vendíadulces, pero no de la tonada.

- ¿No te acuerdas de la letra?

- No, ni siquiera de la letra.

La lectora, que aún se acordará de la

letra, dado que me habrá leído con atención,se quedará sorprendida por semejanteolvido, tanto más porque le recordará lastonadas de su infancia y adolescencia; habráolvidado alguna, porque no todo se quedaen la memoria. Así me replicó Capitú y no

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hallé respuesta. Hice, sin embargo, lo queella no esperaba; corrí a mis papeles viejos.En S. Paulo, cuando yo era estudiante, le pedí a un profesor de música que me transcribiesela melodía del pregón; lo hizo con placer(me bastó repetírsela de memoria) y yoguardé el papelito, fui a buscarlo. Al pocotiempo interrumpí, con el pedacito de papelen la mano, una romanza que ella tocaba.Se lo enseñé, ella tocó las dieciséis notas.

Capitú le encontró a la tonada unsabor particular, casi delicioso, le contó alniño la historia del pregón y lo cantaba y lotocaba. Ezequiel aprovechó la música parapedirme que desmintiese la letra, dándole

algún dinero.

Hacía de médico, de militar, de actory de bailarín. Nunca le regalé oratorios, peroeran habituales los caballos de madera y unaespada a la cintura. Ya no hablo de losbatallones que pasaban por la calle y que élcorría a ver, todos los niños lo hacen. Pero

no todos los niños tienen los ojos que él tenía.En ninguno vi las ansias de placer con quepresenciaba al paso de la tropa y oía tocarla marcha de los tambores.

- ¡Mira, papá, mira!

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- ¡Estoy mirando, hijo mío!

- ¡Mira el comandante! ¡Mira elcaballo del comandante! ¡Mira los soldados!

Un día amaneció tocando la cornetacon la mano, le regalé un cornetín de metal.Le compré soldaditos de plomo, grabadosde batallas que él miraba durante muchotiempo, queriendo que le explicase una piezade artillería, un soldado caído, otro con laespada levantada y no apreciaba a ningunomás que al de la espada levantada. Un día(¡ingenua edad!) me preguntó impaciente:

- Pero papá, ¿por qué no deja caer la

espada de una vez?

- Hijo mío, porque está pintado.

- Entonces, ¿por qué se pintó?

Me reí de la confusión y le expliqué queno era el soldado quien se había pintado en el

papel, sino el grabador y tuve que explicarletambién lo que era un grabador y un grabado:las curiosidades de Capitú, en suma.

Estos son los principales rasgos de suinfancia: uno más y acabo el capítulo. Un

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día, en la chácara de Escobar, vio un gatoque llevaba un ratón en la boca. El gato nodejaba su presa ni ésta veía cómo escapar.Ezequiel no dijo nada, se paró, se agachó, yse quedó mirando. Al verlo tan atento, lepreguntamos de lejos qué pasaba; nos indicóque nos callásemos. Escobar concluyó:

- Veréis que el gato ha atrapado unratón. Los ratones me continúan invadiendola casa que es un horror. Vamos a ver.

Capitú quiso también ver a su hijo; losacompañé. Efectivamente, eran un gato y unratón, asunto banal, sin interés ni gracia. Laúnica circunstancia particular era que el ratón

estaba vivo, agitando las patas y mi pequeñoextasiado. Por lo demás, la escena duró poco.El gato, en cuanto sintió más gente, se dispusoa huir; el niño sin quitarle los ojos de encima,nos hizo otra señal de silencio; el silencio nopodía ser mayor. Iba a decir religioso, tachéla palabra, pero aquí la pongo de nuevo, nosólo por significar la totalidad del silencio,

sino también porque había en aquelcomportamiento del gato y del ratón algo quese relacionaba con el ritual. El único rumoreran los últimos chillidos del ratón, por lodemás debilísimos; las patas se le movíanmal y desordenadamente. Un tanto harto, batí 

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palmas para que el gato huyese y el gatohuyó. Los demás no tuvieron tiempo dedetenerme, Ezequiel se quedó postrado.

- ¡Papá, por favor!

- ¿Qué pasa? El gato ya se habrácomido al ratón.

- Pues claro, pero yo quería verlo.

Los dos se rieron, incluso yo loencontré gracioso.

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Capítulo 111

Contado rápidamente

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Contado rápidamente

Lo encontré gracioso y no lo niegoahora, a pesar del tiempo transcurrido, delos sucesos ocurridos y de la simpatía que letengo al ratón; fue gracioso. No me pesadecirlo; los que aman la naturaleza como ellaquiere ser amada, sin rechazos parciales niexclusiones injustas, no ven en ella nadainferior. Me gusta el ratón, no me disgusta elgato. Ya pensé en hacerlos convivir, pero vique son incompatibles. En verdad, uno meroe los libros, otro el queso; pero no tengomucho que perdonarles, cuando inclusollegué a perdonar a un perro que me quitóel descanso en peores circunstancias. Contaré

el caso deprisa.

Fue cuando nació Ezequiel; su madreestaba con fiebre, Sancha estaba siemprejunto a ella y tres perros callejeros ladrabantoda la noche. Fui en busca de la policía y

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fue como si buscase al lector, que sólo ahoraconoce este asunto. Entonces decidí matarlos;compré veneno, mandé hacer tres bolas decarne y yo mismo introduje en ella la droga.Salí de noche, serían la una; ni la enferma nila enfermera podían dormir con el jaleo delos perros. Cuando me vieron, se alejaron;dos bajaron hacia la playa de Flamengo, unose quedó a corta distancia, como esperando.Fui hacia él, silbando y chasqueando losdedos. El diablo todavía ladró, pero, confiadoen la muestras de amistad, se fue callando,hasta que se calló completamente. Comocontinué, vino hacia mí despacio, moviendoel rabo, que es el modo que ellos tienen dereír; yo tenía ya en la mano las bolas

envenenadas e iba a darle una cuandoaquella risa especial, cariño, confianza, o loque sea, me quitó las ganas; me quedé así,no sé cómo, afectado por la pena y guardélas bolas en el bolsillo. Al lector quizá leparezca que fue el olor a carne lo que indujoal perro al silencio. No digo que no, perocreo que no le quiso atribuir maldad a mi

proceder y se me entregó. La conclusión esque se salvó.

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Capítulo 112

Las imitaciones de Ezequiel 

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de empeños que presta sobre todas lasvirtudes, a interés alto y plazo corto. Pero losplazos se renuevan, hasta que un día una odos virtudes medianas pagan todos lospecados grandes y pequeños.

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Capítulo 115 

Dudas sobre dudas

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Dudas sobre dudas

Vamos ahora a los embargos… ¿Y porqué tenemos que ir a los embargos? Diossabe lo que cuesta escribirlos, cuanto máscontarlos. Del caso nuevo que Escobar metraía sólo digo lo que dije entonces, esto es,que no valía nada.

- ¿Nada?

- Casi nada.

- Entonces vale algo.

- Para reforzar las razones que ya

tenemos, vale menos que el té que vas a tomarconmigo.

- Es tarde para tomar el té.

- Lo tomaremos deprisa.

CAP ÍTULO CXV

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MACHADO DE ASSIS

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Lo tomamos deprisa. Durante esetiempo, Escobar me miraba desconfiado,como si pensase que yo rechazaba elnuevo caso para ahorrarme escribirlo;pero tal sospecha no condecía con nuestraamistad.

Cuando salió referí mis dudas aCapitú; ella las disipó con el fino arte queposeía, un modo, una gracia, únicamentesuya, capaz de disipar las mismas tristezasde Olimpio.

- Sería el asunto de los embargos,concluyó; y si él vino hasta aquí, a esas horas,es que está preocupado con la demanda.

- Tienes razón.

Las palabras tiran unas de otras, habléde otras dudas. Yo era entonces un pozo dedudas; croaban dentro de mí comoverdaderas ranas, hasta el extremo de queme quitaban el sueño algunas veces. Le dije

que mi madre me estaba empezando aparecer un tanto fría y distante con ella. ¡Puestambién aquí se mostró el fino arte de Capitú!

- Ya te he dicho lo que es, cosas desuegra. Mamaíta tiene celos de ti; en cuanto

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pasen y las nostalgias aumenten, volverá aser lo que era. Así que note la falta de sunieto…

- Pero me ha parecido fría también conEzequiel. Cuando viene conmigo, mamá yano le hace las mismas fiestas.

- ¿Estará enferma?

- ¿Y se fuéramos a cenar con ellamañana?

- Vamos… No… Pues vamos.

Fuimos a cenar con mi vieja. Ya la

podía llamar así, aunque sus cabellos nofuesen del todo blancos y su rostro estuviesecomparativamente fresco; era una especie dejuventud quincuagenaria o de ancianidadjuvenil, como prefieras… Pero nada demelancolías; no quiero hablar de sus ojoshúmedos, a la llegada y a la partida. Participópoco en la conversación. No es que fuera

diferente de lo acostumbrado. José Díashabló del casamiento y sus encantos, de lapolítica, de Europa, de la homeopatía; mi tíoCosme de sus molestias; la prima Justina delvecindario, o de José Días, una vez que éstesalió de la sala.

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Cuando regresamos, por la noche,vinimos a pie, hablando de mis dudas. Capitúnuevamente me aconsejó que esperásemos.Las suegras eran todas así, llegaba un día ycambiaban. Conforme me hablaba seexacerbaba su ternura. De allí en adelantefue cada vez más dulce conmigo; no iba aesperarme a la ventana para no despertarmelos celos, pero cuando subía, veía en lo altode la escalera, entre los barrotes de lacancela, la cara deliciosa de mi amiga yesposa, risueña como en toda nuestrainfancia. Ezequiel a veces estaba con ella; lohabíamos acostumbrado a que viera el ósculode llegada y partida y él me llenaba la carade besos.

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Capítulo 116 

Hijo del hombre

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Hijo del hombre

Tanteé a José Días sobre la nuevaactitud de mi madre, se quedó asombrado.No había nada ni podía haber nada, tantoseran los elogios incesantes que él oía “a labella y virtuosa Capitú”.

- Ahora, cuando los oigo, entro tambiénen el coro; pero al principio me quedabaavergonzadísimo. Para quien llegó, como yo,a renegar de este casamiento, es duroconfesar que es una verdadera bendición delcielo. ¡Cuán digna señora nos salió la niñatraviesa de Matacavalos! Su padre nos separóun poco, mientras no nos conocíamos, pero

todo acabó bien. Pues sí señor, cuando D.ªGloria elogia a su nuera y comadre…

- ¿Entonces mi madre?…

- ¡Perfectamente!

CAP ÍTULO CXV I

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- ¿Pero por qué hace tanto tiempo queno nos visita?

- Creo que ha estado más achacadade sus reumatismos. Este año ha hecho muchofrío… Imagina su sufrimiento, ella, que sepasaba el día entero andando, obligadaahora a estarse quieta, junto a su hermano,que también tiene su enfermedad…

Quise manifestarle que tal razónexplicaría la interrupción de las visitas, pero nosu frialdad cuando íbamos a Matacavalos; perono llevé tan lejos mi intimidad con el allegado.José Días pidió ver a nuestro “profetita” (llamabaasí a Ezequiel) y le hizo las fiestas de costumbre.

Esta vez habló a la manera bíblica (había estadoel día anterior hojeando el libro de Ezequiel,según supe después) y le preguntaba: “¿Cómova eso, hijo del hombre?” “¿Dime, hijo delhombre, dónde están tus juguetes?” “¿Quierescomer dulces, hijo del hombre?” 

- ¿De qué hijo del hombre está usted

hablando?, preguntó Capitú irritada.

- Es la manera de hablar de la Biblia.

- Pues no me gusta, replicó ella conaspereza.

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- Tienes razón, Capitú, concordó elallegado. No te imaginas hasta qué punto laBiblia está llena de expresiones crudas ygroseras. Yo hablaba así para variar… ¿Túcómo estás, ángel mío? Ángel mío, ¿cómocamino yo por la calle?

- No, interrumpió Capitú; ya le estoyquitando esa costumbre de imitar a la gente.

- Pero tiene mucha gracia; a mí,cuando me imita, me parece que soy yomismo en pequeñito. El otro día llegó a hacerun gesto de D.ª Gloria tan bien que ella ledio un beso en pago. Venga, ¿cómo andoyo?

- No, Ezequiel, dije yo, mamá noquiere.

A mí también me parecía feo esehábito. Algunos gestos ya le iban quedandomás repetidos, como el de las manos y lospies de Escobar; últimamente, incluso había

copiado su modo de mover la cabeza cuandohablaba y de echarla atrás cuando reía.Capitú lo reñía. Pero el crío era travieso comoel diablo; apenas comenzamos a hablar deotra cosa, saltó en medio de la sala,diciéndole a José Días:

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- Tú andas así.

No pudimos dejar de reír, yo más quenadie. La primera persona que se puso seria,que lo reprendió y lo llamó, fue Capitú.

- No me gusta eso, ¿me oyes?

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Capítulo 117 

Amigos próximos

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Amigos próximos

Para entonces Escobar había dejadoAndaraí y había comprado una casa enFlamengo, casa que todavía vi hace unosdías, cuando me dieron ganas de probar silas sensaciones antiguas estaban muertas osolamente adormecidas; no puedo explicarlobien, porque los sueños, cuando son pesados,si no fuese por la respiración, confunden vivoscon difuntos. Yo respiraba un poco, peropuede que fuese por causa del mar algoagitado. En fin, pasé, encendí un puro y meencontré en el Catete; había subido por lacalle de la Princesa, una calle antigua… ¡Ohcalles antiguas!, ¡oh casas antiguas!, ¡oh

piernas antiguas! Todos nosotros éramosantiguos y no es necesario decir que en elmal sentido, en el sentido de viejo y acabado.

Vieja es la casa, pero no le habíancambiado nada. Ni siquiera sé si todavía

CAP ÍTULO CXV I I

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tiene el mismo número. No digo qué númeropara que no vayáis a indagar y a rebuscaren la historia. No es que Escobar viva todavíaallí o viva siquiera; murió poco después, deun modo que contaré. Mientras vivió, ya queestábamos tan próximos, teníamos por así decir una sola casa, yo vivía en la de él, él enla mía, y el trozo de playa entre Gloria yFlamengo era como un camino de uso propioy particular. Me hacía pensar en las dos casasde Matacavalos, con su muro de por medio.

Un historiador de nuestra lengua, creoque João de Barros, pone en boca de un reybárbaro una frase dudosa; cuando losportugueses proponían levantar a su lado una

fortaleza, decía el rey que los buenos amigosdebían estar lejos unos de los otros, no cerca,para que no se enfadasen como las aguasdel mar que batían furiosas en la roca quedesde allí divisaban. Que la sombra delescritor me perdone si yo dudo de que el reydijese esa frase ni que sea verdadera.Probablemente fue el mismo escritor quien

se la inventó para embellecer el texto, y nolo hizo mal, porque es bonita; realmente esbonita. Yo creo que entonces el mar batía enla piedra como es su costumbre desde Ulisesy desde antes. Ahora, que la comparaciónsea verdadera, apuesto a que no.

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Seguramente hay enemigos contiguos, perotambién hay amigos próximos y de corazón.Y el escritor olvidaba (salvo si aún no era desu época), olvidaba el adagio: ojos que noven, corazón que no siente. No podíamostener ahora más cerca nuestros corazones.Nuestras mujeres vivían una en casa de otra,pasábamos las noches aquí o allí conversando, jugando o mirando al mar. Losdos pequeños pasaban días a veces enFlamengo, a veces en Gloria.

Cuando reparé en que podía sucederentre ellos lo que había sucedido entre Capitúy yo, todos lo encontraron razonable, ySancha añadió que incluso ya se iban

pareciendo. Yo expliqué:

- No, es porque Ezequiel imita losgestos de los demás.

Escobar concordó conmigo e insinuóque algunas veces los niños que se frecuentanmucho acaban pareciéndose entre sí. Asentí 

con la cabeza, como me sucedía en losasuntos que yo no sabía ni bien ni mal. Todoera posible. Lo cierto es que ellos se queríanmucho y podrían acabar casados, pero noacabaron casados.

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Capítulo 118 

La mano de Sancha

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La mano de Sancha

Todo acaba, lector; es una viejaperogrullada, a la que se puede añadir queno todo lo que dura, dura mucho tiempo. Estasegunda parte no encuentra seguidoresfácilmente; por el contrario, la idea de queun castillo de aire dura más que el mismoaire de que está hecho, difícilmente se borraráde la mente y es bueno que así sea, paraque no se pierda la costumbre de esasconstrucciones casi eternas.

Nuestro castillo era sólido, pero undomingo… En la víspera habíamos pasadola noche en Flamengo, no sólo los dos

matrimonios inseparables, sino también elallegado y la prima Justina. Entonces Escobar,hablándome por la ventana, me dijo quefuésemos allí a cenar al día siguiente;necesitábamos hablar en familia de unproyecto, un proyecto para los cuatro.

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- ¿Para los cuatro? Una contradanza.

- No, no eres capaz de adivinar dequé se trata ni te lo voy a decir. Ven mañana.

Sancha no apartaba sus ojos denosotros durante la conversación al lado dela ventana. Cuando su marido se fue, vino ahablar conmigo. Me preguntó de queestábamos hablando, le dije que de unproyecto que yo desconocía, ella me pidióque le guardase el secreto y me reveló dequé se trataba: un viaje a Europa dentro dedos años. Me lo dijo de espaldas al interiorde la casa, casi suspirando. El mar batía congran fuerza en la playa, había resaca.

- ¿Vamos a ir todos? Preguntéfinalmente.

- Naturalmente.

Sancha levantó la cabeza y me mirócon tanto placer que a mí, gracias a sus

relaciones con Capitú, me hubiera sidoindiferente besarla en la frente. Sin embargo,los ojos de Sancha no invitaban a expresionesfraternales, parecían calientes y buscabanintimidad, decían otra cosa y no pasó muchotiempo sin que se apartasen de la ventana,

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no sólo el cielo nos da nuestras virtudes, latimidez también, sin contar el acaso, pero elacaso es un mero accidente; su mejor origenes el cielo. Sin embargo, como la timidez vienedel cielo, que nos da la complexión, la virtud,hija de ella, tiene genealógicamente la mismasangre celestial. Así hubiera reflexionado yo,si hubiera podido; pero al principio vaguésin rumbo. Pasión no era, ni inclinación.¿Sería capricho? Al cabo de veinte minutosera nada, enteramente nada. El retrato deEscobar pareció hablarme, vi su gesto francoy sencillo, negué con la cabeza y fui aacostarme.

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Capítulo 119

 ¡No hagas eso, querida! 

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¡No hagas eso, querida!

La lectora que es mi amiga y ha abiertoeste libro con el fin de descansar de lacavatina de ayer para el vals de hoy, al verque bordeamos un abismo, quiere cerrarlode golpe. No hagas eso querida; cambiaréde rumbo.

CAP ÍTULO CX IX

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Capítulo 120 

Los autos

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Los autos

A la mañana siguiente me despertélibre de las abominaciones del día anterior;las llamé alucinaciones, tomé café, hojeé losperiódicos y fui a estudiar unos autos. Capitúy la prima Justina habían salido para la misade nueve en Lapa. La figura de Sanchadesapareció completamente en medio de lasalegaciones de la parte contraria, que yo ibaleyendo en los autos, alegaciones falsas,inadmisibles, sin fundamento en la ley ni enla jurisprudencia. Vi que era fácil ganar lademanda; consulté a Dalloz, Pereira ySousa…

Sólo una vez miré el retrato de Escobar.Era una bella fotografía hecha un año antes.Estaba de pie, chaqueta abotonada, la manoizquierda en el respaldo de una silla, laderecha en el pecho, la mirada a lo lejoshacia la izquierda del espectador. Tenía garbo

CAP ÍTULO CXX

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y naturalidad. El marco que le hice poner noocultaba la dedicatoria, escrita debajo, noen el reverso: “A mi querido Bentiño de suquerido Escobar. 20-4-70.” Estas palabras merefrendaron los pensamientos de aquellamañana y destruyeron los recuerdos del díaanterior. En aquel tiempo mi vista era buenay podía leerlas desde el lugar en el queestaba. Volví a los autos.

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Capítulo 121

La catástrofe

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La catástrofe

En lo mejor de ellos, oí pasosprecipitados en la escalera, el timbre sonó,sonaron palmas, golpes en la cancela, voces,acudieron todos, acudí yo mismo. Era unesclavo de la casa de Sancha que mellamaba:

- Vaya allí…, señor nadando, señormuriendo.

No dijo nada más, o yo no oí el resto.Me vestí, le dejé recado a Capitú y corrí aFlamengo.

Por el camino fui adivinando la verdad.Escobar se fue a nadar como solía hacer, seatrevió un poco más lejos que de costumbrea pesar del mar bravío, fue atrapado y murió.Las canoas que acudieron apenas pudieronrecuperar su cadáver.

CAP ÍTULO CXX I

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Capítulo 122

El entierro

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El entierro

La viuda… Os ahorro las lágrimas dela viuda, las mías, las de las otras personas.Salí de allí cerca de las once; Capitú y laprima Justina me esperaban, una con elaspecto abatido y estupefacto, la otra apenasfastidiada.

- Id a acompañar a la pobre Sanchiñaque yo me ocuparé del entierro.

Así lo hicimos. Quise que el entierrofuese pomposo y la afluencia de los amigosfue numerosa. Playa, calles, plaza de Gloria,todo eran coches, muchos de ellos

particulares. Como la casa no era grande,no podían caber todos; muchos estaban enla playa, hablando del desastre, señalandoel lugar en el que Escobar había fallecido,oyendo referir la llegada del cadáver. JoséDías oyó también hablar de los negocios del

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Capítulo 123 

Ojos de resaca

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Ojos de resaca

Finalmente llegó la hora del responsoy de la partida. Sancha quiso despedirse desu marido y la desesperación de aquelacontecimiento nos consternó a todos.Muchos hombres también lloraban; lasmujeres, todas. Sólo Capitú, amparando a laviuda, parecía dominarse a sí misma.Consolaba a la otra, quería sacarla de allí.La confusión era general. En medio de ella,Capitú miró algunos instantes hacia elcadáver, con la mirada tan fija, tanapasionadamente fija, que no es de extrañarque se le saltasen algunas lágrimas pocas ycalladas…

Las mías cesaron enseguida. Me quedémirando las de ella; Capitú se las secódeprisa, mirando furtivamente hacia la genteque estaba en la sala. Redobló las caricias asu amiga e intentó llevársela, pero el cadáver

CAP ÍTULO CXX I I I I

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parecía también retenerla. Hubo un momentoen que los ojos de Capitú miraron al difuntocomo los de la viuda, sin su llanto ni suspalabras, pero grandes y abiertos, como laola del mar allí afuera, como si quisiesetragarse también al nadador de la mañana.

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Capítulo 124

El discurso

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El discurso

- Vamos, ya es el momento…

Era José Días que me conminaba acerrar el ataúd. Lo cerramos y yo agarré unade las argollas; estalló el clamor final. Palabraque, cuando llegué a la puerta, vi el sol claro,una multitud de personas y coches, las cabezasdescubiertas, tuve uno de esos impulsos quenunca se llevan a cabo: tirar a la calle el ataúd,difunto incluido. En el coche le dije a José Díasque se callase. En el cementerio tuve querepetir la ceremonia de la casa, desatar lascorreas y ayudar a llevar el féretro a lasepultura. Imagina lo que me costó. Bajado el

cadáver a la sepultura, me trajeron la cal y lapala; conoces eso, habrás ido a más de unentierro, pero lo que no sabes ni puede saberninguno de tus amigos, lector, o cualquier otroextraño, es la crisis que me afectó cuando vitodos los ojos clavados en mí, los pies quietos,

CAP ÍTULO CXX IV

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los oídos atentos y, al cabo de algunosinstantes de silencio total, un susurro vago,algunas voces interrogativas, señales, yalguien, José Días, que me decía al oído:

- Habla ya.

Era el discurso. Querían el discurso.Tenían derecho al discurso anunciado.Maquinalmente me metí la mano en el bolsillo,saqué el papel y lo leí a trompicones, no todo,ni seguido ni claro; la voz me parecía queentraba en lugar de salir, las manos metemblaban. No era sólo la emoción nueva loque me producía eso, era el propio texto, losrecuerdos del amigo, las nostalgias

confesadas, los elogios a su persona y a susméritos; todo lo que yo estaba obligado adecir y decía mal. Al mismo tiempo, temiendoque me adivinasen la verdad, luchaba poresconderla bien. Creo que pocos me oyeron,pero la actitud general fue de comprensión yde aprobación. Me estrechaban la mano consolidaridad; algunos decían: “¡Muy bonito!”,

¡muy bien!, ¡magnífico! A José Días le parecióque la elocuencia había estado a la altura dela piedad. Un hombre, que me parecióperiodista, me pidió permiso para llevarse elmanuscrito e imprimirlo. Sólo mi granturbación pudo negar un obsequio tan sencillo.

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Capítulo 125 

Una comparación

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Una comparación

Príamo se creía el más infeliz de loshombres por besar la mano de quien mató asu hijo. Homero lo relata y es un buen autor,a pesar de contarlo en verso, pero haynarraciones exactas en verso y hasta en malosversos. Compara tú la situación de Príamocon la mía; yo acababa de alabar las virtudesdel hombre que había recibido, difunto,aquellos ojos… Es imposible que algúnHomero no sacase de mi situación muchomejor partido; o cuanto menos, igual. Nodigas que nos faltan Homeros por el motivoapuntado por Camoens; no señor, es ciertoque nos faltan, pero es porque los Príamos

buscan la sombra y el silencio. Las lágrimas,si las tienen, se las enjugan detrás de lapuerta, para que sus caras aparezcan limpiasy serenas; sus discursos son más de alegríaque de melancolía y todo ocurre como siAquiles no hubiera matado a Héctor.

CAP ÍTULO CXXV

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Capítulo 126 

Cavilando

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Cavilando

Poco después de salir del cementeriorompí mi discurso y tiré los pedazos por laportezuela, pese a los esfuerzos de José Díaspara impedirlo.

- No sirve para nada, le dije, y, comopuedo tener la tentación de darlo a imprimir,ya está destruido de una vez. No sirve, novale nada.

José Días me demostró largamente locontrario, después elogió el entierro y porúltimo hizo el panegírico del muerto, un almagrande, espíritu activo, corazón recto, amigo,

buen amigo, digno de la esposa amantísimaque Dios le había dado…

En ese momento del discurso, lo dejéhablar solo y comencé a cavilar conmigomismo. Lo que cavilé fue tan oscuro y confuso

CAP ÍTULO CXXV I

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que no me permitió hacer pie. En Catetemandé parar el coche y le dije a José Díasque fuese a buscar a las señoras a Flamengoy las llevase a casa, yo iría a pie.

- Pero…

- Voy a hacer una visita.

El motivo era acabar de cavilar y tomaruna decisión que fuera adecuada almomento. El coche iría más deprisa que laspiernas; éstas irían pausadas o no, yo podíaaflojar el paso, parar, desviarme del caminoy dejar que la cabeza cavilase libremente.Fui andando y cavilando. Ya había

comparado el gesto de Sancha en la vísperacon la desesperación de aquel día, eranirreconciliables. La viuda era realmenteamantísima. Así se desvaneció completamentela ilusión de mi vanidad. ¿No me pasaría lomismo con Capitú? Traté de recuperar susojos, la posición en que la vi, la aglomeraciónde personas que tenía naturalmente que

imponerle el disimulo, si hubiese algo quedisimular. Lo que aquí se expresa por ordenlógico y deductivo, había sido antes unabarahúnda de ideas y sensaciones, graciasa las sacudidas del coche y a lasinterrupciones de José Días. Ahora, sin

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embargo, razonaba y recordaba claramentey bien. Concluí que lo que me ofuscabatodavía y me hacía desvariar como siempreera la antigua pasión.

Cuando llegué a esta conclusión final,llegaba también a la puerta de mi casa, perovolví hacia atrás y subí otra vez la calle delCatete. ¿Eran las dudas que me atormentabano la necesidad de preocupar a Capitú conmi gran retraso? Pongamos que eran las doscausas; anduve un largo espacio hasta queme sentí sosegado y me dirigí a casa. Dabanlas ocho en una panadería.

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Capítulo 127 

El barbero

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El barbero

Cerca de casa había un barbero queme conocía de vista, amaba el rabel y notocaba del todo mal. En el momento en queiba pasando, interpretaba no sé qué pieza.Me paré a oírlo en la calzada (todo sonpretextos para un corazón angustiado), él mevio y continuó tocando. No atendió a uncliente ni después a otro, que fueron allí, pesea la hora y a ser domingo, a confiarles suscaras a la navaja. Los perdió sin perder unanota; estaba tocando para mí. Estaconsideración me hizo llegar explícitamentea la puerta del establecimiento, mirándolode frente. En el fondo, levantando la cortina

de algodón que cerraba el interior de la casa,vi aparecer a una moza trigueña, vestidoclaro, flor en el pelo. Era su mujer; creo queme descubrió desde dentro y vino aagradecerme con su presencia el favor queyo le hacía a su marido. Si no me equivoco,

CAP ÍTULO CXXV I I

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llegó a decirlo con los ojos. En cuanto a sumarido, tocaba ahora con más calor; sin vera su mujer, sin ver a sus clientes, pegaba lacara al instrumento, pasaba el alma al arcoy tocaba, tocaba…

¡Divino arte! Ya se iba formando ungrupo, dejé la puerta del establecimiento yvine andando a casa; seguí por el pasillo ysubí las escaleras sin estrépito. Nunca se meha olvidado el caso de este barbero, o porestar ligado a un momento grave de mi vida,o por la siguiente máxima que loscompiladores pueden sacar de aquí e insertaren los compendios de escuela. La máxima esque la gente olvida despacio las buenas

acciones que practica, aunque realmente nolas olvida nunca. ¡Pobre barbero!, perdió dosbarbas aquella noche, que eran su pan deldía siguiente, todo para ser oído por untranseúnte. Supón ahora que éste, en vez deirse como yo me fui, se quedase en la puertaa oírlo y a enamorarle a su mujer; mientrasque él, todo arco, todo rabel, tocaría

desesperadamente. ¡Divino arte!

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Capítulo 128 

Puñado de sucesos

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Puñado de sucesos

Como iba diciendo, subí la escalerassin estrépito, empujé la cancela, que estabaapenas ajustada y me encontré a la primaJustina y a José Días jugando a las cartas enel saloncito próximo. Capitú se levantó delcanapé y se me acercó. Su rostro era ahorasereno y puro. Los otros suspendieron eljuego y todos hablamos del desastre y de laviuda. Capitú censuró la imprudencia deEscobar y no disimuló la tristeza que leproducía el dolor de su amiga. Le preguntépor qué no se había quedado con Sanchaesa noche.

- Hay mucha gente allí; de todosmodos me ofrecí, pero no quiso. También ledije que era mejor que se viniese aquí ypasase unos días con nosotros.

- ¿Tampoco quiso?

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- Tampoco.

- Pero la vista del mar debe serlepenosa, todas las mañanas, ponderó JoséDías, y no sé cómo podrá…

- Pero pasará; ¿habrá algo que nopase?, interrumpió la prima Justina.

Y en torno a esta idea comenzamos unintercambio de palabras, Capitú salió paraver si el niño dormía. Al pasar frente al espejo,se arregló los cabellos tan demoradamenteque parecería afectación si no supiésemos queera muy femenina. Cuando regresó traía losojos enrojecidos; nos dijo que, al mirar al niño

durmiendo, había pensado en la hijita deSancha y en la aflicción de la viuda. Y sinpreocuparse por nadie ni reparar en si habíaalgún criado me abrazó y me dijo que, siquería preocuparme por ella, sería mejor queprimero me preocupara por mi vida. José Díashalló la frase “lindísima” y le preguntó a Capitúpor qué no hacía versos. Intenté suscitar una

discusión sobre el asunto y así acabamos lanoche.

Al día siguiente, me arrepentí de haberrasgado el discurso, no porque quisiese darloa imprimir, sino porque era un recuerdo del

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finado. Pensé en reconstruirlo, pero sólo halléfrases sueltas, que, una vez juntas, no teníansentido. También pensé en hacer otro, peroera ya difícil y podía ser sorprendido en falsopor quienes me habían oído en el cementerio.En cuanto a recoger los pedacitos de papeltirados a la calle, era tarde, estarían yabarridos.

Inventarié los recuerdos de Escobar,libros, un tintero de bronce, un bastón demarfil, un pájaro, el álbum de Capitú, dospaisajes del Paraná y otros. Él también poseíarecuerdos míos. Pasábamos la vida así,intercambiando recuerdos y regalos, ya enlos cumpleaños, ya sin una razón en especial.

Todo eso me empañaba los ojos… Llegaronlos periódicos del día: daban la noticia deldesastre y de la muerte de Escobar, susestudios y sus negocios, sus cualidadespersonales, la simpatía de los comerciantesy también hablaban de los bienes que habíadejado, de su mujer y de su hija. Todo esofue el lunes. El martes se abrió el testamento,

que me nombraba segundo albacea; elprimero le cabía a su mujer. No me dejabanada, pero las palabras que me había escritoen carta aparte eran sublimes de amistad yestima. Capitú esta vez lloró mucho, pero serecompuso enseguida.

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Testamento, inventario, todo anduvocasi tan deprisa como aquí quedó dicho. Alcabo de poco tiempo, Sancha se retiró a casade sus parientes en Paraná.

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Capítulo 129

A D.ª Sancha

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A D.ª Sancha

A D.ª Sancha le pido que no lea estelibro; o, si lo hubiese leído hasta aquí, queabandone el resto. Basta cerrarlo; mejor seríaquemarlo, para no tener la tentación de abrirlootra vez. Si, a pesar del aviso, quisiera seguirhasta el final, la culpa es suya; no respondopor el daño que sufra. El que ya le haya hecho,

al contar los sucesos de aquel sábado, acabódesde que los acontecimientos, y yo con ellos,desmentimos mi ilusión; pero lo que desdeahora la alcance, eso es indeleble. No, amigamía, no leas más. Ve envejeciendo sin maridoni hija, yo hago lo mismo, y es lo mejor queuno puede hacer después de la juventud. Undía iremos desde aquí hasta la puerta del cielo,

donde nos encontraremos renovados, comolas plantas nuevas, come piante novelle,

Rinovellate di novelle fronde.

El resto en Dante.

CAP ÍTULO CXX IX

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Capítulo 130 

Un día…

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Un día…

Un día Capitú quiso saber lo que mehacía estar callado y disgustado. Y mepropuso ir a Europa, Minas, Petrópolis, unaserie de bailes, mil de esos remediosaconsejados a los melancólicos. Yo no sabíaqué responderle; rechacé las diversiones.Como insistió, le repliqué que mis negociosmarchaban mal. Capitú sonrió paraanimarme. ¿Y qué pasaba porque anduviesenmal? Volverían a marchar bien y hastaentonces venderíamos las joyas y los objetosde algún valor e iríamos a residir en algúncallejón. Viviríamos sosegados y olvidados,después saldríamos de nuevo a la superficie.

La ternura con que me lo dijo era como paraconmover a las piedras. Pues ni por esas. Lerespondí secamente que no era precisovender nada. Me quedé callado y disgustado.Me propuso jugar a las cartas o a las damas,un paseo a pie, una visita a Matacavalos; y,

CAP ÍTULO CXXX

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como yo no aceptaba nada, se fue a la sala,abrió el piano y comenzó a tocar; yoaproveché su ausencia, agarré el sombreroy salí.

…Perdón, pero este capítulo deberíair precedido de otro en el que contase unincidente, ocurrido pocas semanas antes, dosmeses después de la partida de Sancha. Voya escribirlo; podría anteponerlo a éste, antesde mandar el libro a la imprenta, pero cuestamucho alterar los números de las páginas;se queda así, después la narración seguirádirecta hasta el final. Además, es corto.

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Capítulo 131

Anterior al anterior 

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Anterior al anterior 

El caso es que mi vida era otra vezdulce y plácida, el despacho de abogado merendía bastante. Capitú estaba más bella,Ezequiel iba creciendo. Comenzaba el añode 1872.

- ¿Has reparado en que Ezequiel tieneen los ojos una expresión rara?, me preguntóCapitú. Sólo he visto dos personas así, unamigo de mi padre y el difunto Escobar. Mira,Ezequiel; mira fijamente, así, vuélvete haciapapá, no necesitas girar los ojos, así…

Era después de cenar; estábamos

todavía en la mesa, Capitú jugaba con suhijo, o él con ella, o el uno con el otro, porqueen verdad se querían mucho, pero tambiénes cierto que él me quería todavía más a mí.Me aproximé a Ezequiel, vi que Capitú teníarazón; eran los ojos de Escobar, pero no me

CAP ÍTULO CXXX I

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parecieron raros por eso. A fin de cuentasno habría más de media docena deexpresiones en el mundo y muchassemejanzas se darían naturalmente. Ezequielno entendió nada, miró sorprendido haciaella y hacia mí y al final me abrazó:

- ¿Papá, vamos a pasear?

- De acuerdo, hijo mío.

Capitú, indiferente a ambos, mirabaahora hacia el otro lado de la mesa; pero,cuando le dije que, en belleza, los ojos deEzequiel se parecían a los de su madre,Capitú sonrió, moviendo la cabeza con un

aire que nunca vi en ninguna mujer,probablemente porque nunca me gustarontanto las demás. Las personas valen por elafecto que se les tiene y de ahí que maesePueblo sacara aquel adagio de que quienama lo feo, bonito le parece. Capitú teníamedia docena de gestos únicos en la tierra.Aquél me entró muy dentro del alma. Así 

queda explicado que yo corriese hacia miesposa y amiga y le cubriese la cara de besos,pero este otro incidente no es estrictamentenecesario para la comprensión del capítulopasado y de los futuros; quedémonos en losojos de Ezequiel.

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Capítulo 132

El boceto y la pintura

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ni cansancio. Pero diré lo principal. Y loprincipal es que nuestras tormentas eranahora continuas y terribles. Antes de haberdescubierto aquella mala tierra de la verdad,tuvimos otras de corta duración; no tardabael cielo en volverse azul, el sol claro y el marsereno, por donde abríamos nuevamente lasvelas que nos llevaban a las islas y costasmás bellas del universo, hasta que otro golpede viento lo desbarataba todo y nosotros,capeándolo, esperábamos otra bonanza, queno era tardía ni vacilante, antes bien, total,próxima y firme.

Discúlpame estas metáforas; huelen almar y a la marea que dieron muerte a mi

amigo y comblezo Escobar. Huelen tambiéna los ojos de resaca de Capitú. Así, aunquesiempre fui hombre de tierra, cuento esa partede mi vida como un marino contaría sunaufragio.

Ya entre nosotros sólo faltabapronunciar la última palabra; la leíamos, sin

embargo, uno en los ojos del otro, vibrante ydecisiva y siempre que Ezequiel venía hacianosotros no hacía más que separarnos.Capitú me propuso meterlo en un colegio yque sólo viniese los sábados; al niño le costómucho aceptar esa situación.

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-¡Quiero ir con papá! ¡Papá tiene quevenir conmigo!, gritaba.

Yo mismo lo llevé un día por lamañana. Un lunes. Era en la antigua plazade Lapa, cerca de nuestra casa. Lo llevé apie, de la mano, como había llevado el ataúddel otro. El pequeño iba llorando y haciendopreguntas a cada paso, si volvería a casa ycuándo y si iría a verlo…

- Vendré.

- ¡No vendrás!

- ¡Sí!

- ¡Júralo, papá!

- Que sí.

- No has dicho que lo juras.

- Lo juro.

Y allí lo llevé y lo dejé. La ausenciatemporal no cortó el mal y todo el fino artede Capitú, para al menos atenuarlo, fue comosi nada; yo me sentía cada vez peor. La propiasituación nueva agravó mi pasión. Ezequiel

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vivía ahora más tiempo lejos de mi vista; perosu regreso los fines de semana, o por la faltade costumbre que yo tenía, o porque el tiempoiba pasando y completando la semejanza,era el regreso de un Escobar más vivo yclamoroso. Incluso la voz, en poco tiempo,ya me parecía la misma. Los sábadosprocuraba no cenar en casa y entrar cuandoya estuviese dormido; pero no me escapabael domingo, en el despacho, cuando meencontraba entre periódicos y pleitos.Ezequiel entraba bullicioso, expansivo, llenode risas y de amor, porque el demonio delniño cada vez se moría más por mí. Yo, adecir verdad, sentía ahora una aversión queapenas podía ocultarles ni a ella ni a los

demás. No pudiendo encubrir enteramenteesta disposición moral, intentaba noencontrármelo, o hacerlo lo menos quepudiese; o tenía tanto trabajo que meobligaba a encerrarme en el despacho, osalía el domingo para ir a pasear por laciudad y sus arrabales mi mal secreto.

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Capítulo 133 

Una idea

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Una idea

Un día –era un viernes- no pude más.Cierta idea que se ensombrecía en mí, abriósus alas y comenzó a batirlas de un lado aotro, como hacen las ideas que quieren salir.Que fuera viernes creo que fue casualidad,pero también puede haber sido a propósito;fui educado en el terror a ese día, oí cantarbaladas en casa, llegadas del campo y de laantigua metrópoli, en las cuales el viernesera día aciago. No obstante, no habiendoalmanaques en el cerebro, es probable quela idea no batiese sus alas más que por lanecesidad que sentía de salir al aire y a lavida. La vida es tan bella que la propia idea

de la muerte necesita llegar primero a ella,antes de verse cumplida. Ya me vasentendiendo, lee ahora otro capítulo.

CAP ÍTULO CXXX I I I I

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Capítulo 134

El sábado

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El sábado

La idea salió finalmente del cerebro.Era de noche y no pude dormir por más quela ahuyentase de mí. Nunca una noche seme hizo tan corta. Amaneció cuando pensabaque no serían más de la una o las dos. Salí,creyendo dejar la idea en casa; vino conmigo.Aquí afuera tenía el mismo color oscuro, lasmismas alas trémulas y, aunque volase conellas, era como si estuviera fija; yo la llevabaen la retina, no porque me encubriese lascosas externas, sino porque las veía a travésde ella, con el color más pálido que decostumbre y sin que se demorasen.

No me viene bien a la memoria el restodel día. Sé que escribí algunas cartas, compréuna sustancia, que no digo para no despertarel deseo de probarla. La farmacia quebró,es verdad; el dueño se hizo banquero y elbanco prospera. Cuando me hallé con la

CAP ÍTULO CXXX IV

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MACHADO DE ASSIS

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muerte en el bolsillo, sentí tanta alegría comosi acabase de ganar el premio gordo, oincluso mayor, porque el premio de la loteríase gasta y la muerte no se gasta. Fui a casade mi madre, con el fin de despedirme, atítulo de visita. O de verdad o por ilusión,todo allí me pareció mejor ese día, mi madremenos triste, mi tío Cosme olvidado de sucorazón, la prima Justina de su lengua. Paséuna hora en paz. Llegué a olvidarme delproyecto. ¿Qué necesitaba para vivir? Nodejar jamás aquella casa, o prender esemomento a mí mismo…

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Capítulo 135 

Otelo

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Otelo

Cené fuera. Por la noche fui al teatro.Representaban justamente Otelo , que yo nohabía visto ni leído nunca; conocía sólo elargumento y aprecié la coincidencia. Vi lasgrandes furias del moro a causa de unpañuelo -¡un simple pañuelo!- y aquí doymateria a la meditación de los psicólogos deeste y de otros continentes, pues no me pudehurtar a la observación de que un pañuelobastó para encender lo celos de Otelo y crearla más sublime tragedia de este mundo. Lospañuelos se han perdido, hoy son necesariaslas propias sábanas; algunas veces nisábanas hay y sirven sólo las camisas. Tales

eran las ideas que me iban pasando por lacabeza, imprecisas y turbulentas, a medidaque el moro seguía convulso y Yago destilabasu calumnia. En los intervalos no me levantabadel asiento, no me quería exponer aencontrarme algún conocido. Las señoras se

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quedaban casi todas en los palcos mientraslos hombres iban a fumar. Entonces mepreguntaba a mí mismo si alguna de aquellasno habría amado a alguien que yacieseahora en el cementerio y se me ocurrían otrasincoherencias hasta que subía el telón ycontinuaba la obra. El último acto me mostróque no yo, sino Capitú, debía morir. Oí lassúplicas de Desdémona, sus palabrasamorosas y puras y la furia del moro y lamuerte que éste le dio entre los aplausosfrenéticos del público.

- Y era inocente, iba yo diciendo calleabajo; ¿qué haría el público si ella de verdadfuese culpable, tan culpable como Capitú?

¿Y qué muerte le daría el moro? Unaalmohada no bastaría; serían precisos sangrey fuego, un fuego intenso y vasto, que laconsumiese del todo y la redujese a polvo, yel polvo sería lanzado al viento como eternaextinción…

Vagué por las calles el resto de la

noche. Comí, es cierto, un casi nada, pero losuficiente para aguantar hasta por lamañana. Vi las últimas horas de la noche ylas primeras del día, vi los últimos paseantesy los primeros barrenderos, las primerascarrozas, los primeros ruidos, los primeros

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albores, un día que venía después de otro yque me vería irme para nunca más volver.Las calles por las que caminaba me huíancomo por sí mismas. No volvería acontemplar el mar de Gloria ni la sierra delos Orgãos, ni la fortaleza de Santa Cruz nilas demás. La gente que pasaba no era tantacomo en los días normales de la semana,pero ya era numerosa e iba a algún trabajo,que repetiría después; yo ya no repetiría nadamás.

Llegué a casa, abrí la puerta despacito,subí de puntillas y me metí en el despacho;iban a dar las seis. Saqué el veneno delbolsillo, me quedé en mangas de camisa y

escribí todavía una carta, la última, dirigidaa Capitú. Ninguna de las otras era para ella;sentí la necesidad de decirle algo para quele quedaran remordimientos por mi muerte.Escribí dos textos. El primero lo quemé porser largo y confuso. El segundo contenía sólolo necesario, claro y breve. No le recordabanuestro pasado, ni las dificultades habidas,

ni ninguna alegría; le hablaba sólo deEscobar y de la necesidad de morir.

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Capítulo 136 

La taza de café 

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La taza de café

Mi plan fue esperar al café, disolveren él la droga e ingerirla. Hasta entonces,no habiendo olvidado del todo la historia deRoma, me vino a la memoria que Catón, antesde matarse, leyó y releyó un libro de Platón.No tenía a Platón conmigo, sino un tomomutilado de Plutarco, donde se narraba lavida del célebre romano, que me bastó paraocupar aquel escaso tiempo y, para imitarloen todo, me tumbé en el canapé. No setrataba sólo de imitarlo en eso, teníanecesidad de infundir en mí su valor, así comoél había necesitado de los sentimientos delfilósofo para morir intrépidamente. Uno de

los males de la ignorancia es no tener esterecurso de última hora. Hay mucha gente quese mata sin él, y noblemente expira; pero creoque mucha más gente pondría fin a sus díassi pudiese hallar esa especie de cocaínamoral de los buenos libros. No obstante,

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queriendo huir de cualquier sospecha deimitación, caigo en la cuenta de que, paraque no fuera encontrado junto a mí el librode Plutarco ni fuera dada la noticia en lasrevistas con el color de los pantalones queyo llevaba puestos, decidí ponerlonuevamente en su lugar, antes de beber elveneno.

El camarero trajo el café. Me levanté,guardé el libro y fui hasta la mesa dondehabía dejado la taza. Ya había rumores enla casa; era el momento de acabar con mivida. La mano me tembló al abrir el papel enque llevaba la droga envuelta. Aun así, tuveánimo para vaciar la sustancia en la taza y

comencé a remover el café, los ojos perdidos,la memoria en Desdémona inocente; elespectáculo de la víspera venía aentrometerse en la realidad de la mañana.Pero la fotografía de Escobar me dio el ánimoque me venía faltando; allí estaba, con lamano en el respaldo de la silla, mirando a lolejos…

- Acabemos con esto, pensé.

Cuando iba a beberlo, pensé si nosería mejor esperar a que Capitú y el niñosaliesen de misa; lo bebería después, sería

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mejor. Así decidido, comencé a pasear porel despacho. Oí la voz de Ezequiel en elpasillo, lo vi que entraba y corría hacia mí gritando:

- ¡Papá!, ¡papá!

Lector, se produjo aquí un hecho queno describo por haberlo olvidado porcompleto, pero créete que fue bello y trágico.Efectivamente, la figura del pequeño me hizoretroceder hasta darme de espaldas con laestantería. Ezequiel se abrazó a mis rodillasy se puso de puntillas como queriendo subiry darme el beso de costumbre; y repetía,tirando de mí:

- ¡Papá!, ¡papá!

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Capítulo 137 

Segundo impulso

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Segundo impulso

Si no hubiera mirado a Ezequiel, esprobable que no estuviese aquí escribiendoeste libro, porque mi primer impulso fuecorrer hacia el café y beberlo. Llegué aagarrar la taza, pero el pequeño me besabala mano como de costumbre y su imagen ysu gesto me dieron otro impulso que mecuesta relatar aquí; pero, venga, dígase todo.Aunque me llamen asesino, no seré yo quienlos desdiga o contradiga; mi segundo impulsofue criminal. Me incliné y le pregunté aEzequiel si ya había tomado café.

- Ya, papá; voy a misa con mamá.

- Toma otra taza, media sólo.

- ¿Y tú?

- Mandaré traer más; ¡anda, bebe!

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Ezequiel abrió la boca. Le di la taza,tan trémulo que casi lo derramé, perodispuesto a obligarlo a que se la tomase ala fuerza, en el caso de que el sabor lerepugnase, o la temperatura, porque el caféestaba frío… Pero no sé qué sentí que mehizo retroceder. Puse la taza sobre la mesa yme encontré besando locamente la cabezadel pequeño.

- ¡Papá!, ¡papá!, exclamaba Ezequiel.

- ¡No, no, yo no soy tu padre!

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Capítulo 138 

Capitú que entra

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Capitú que entra

Cuando levanté la cabeza me encontrécon la figura de Capitú ante mí. He aquí otrasituación que parecerá de teatro y es tannatural como la primera, puesto que madre ehijo iban a misa y Capitú no salía sin hablarconmigo. Era un modo de hablar seco y breve;la mayoría de las veces yo ni la miraba. Ellame miraba siempre, esperando.

Esta vez, al topármela, no sé si seríanmis ojos, pero Capitú me pareció lívida. Seprodujo uno de aquellos silencios que, sinmentir, se pueden llamar de un siglo, tal es laextensión del tiempo en las grandes crisis.

Capitú se recuperó, le dijo al niño que salieray me pidió una explicación…

- No hay nada que explicar, le dije.

- Todo; no entiendo tus lágrimas ni las

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de Ezequiel. ¿Qué os ha pasado?

- ¿No has oído lo que le he dicho?

Capitú respondió que había oídollantos y rumor de palabras. Yo creo que lohabía oído todo claramente, pero confesarlohubiera sido perder la esperanza del silencioy la reconciliación, por eso negó la audienciay confirmó únicamente la vista. Sin contarleel episodio del café, le repetí las palabrasdel final del capítulo.

- ¿Cómo?, preguntó como si oyera mal.

- Que no es hijo mío.

Grande fue la estupefacción de Capitúy no menor la indignación que le siguió, tannaturales ambas que hubieran hecho dudara los primeros testigos de vista de nuestroforo. Ya he oído que los hay para distintoscasos, cuestión de precio; yo no lo creo, sobretodo porque quien me lo contó acababa de

perder una demanda. Pero haya o no testigosde alquiler, el mío era verdadero; la propianaturaleza juraba por sí misma y yo no queríadudar de ella. Así que, sin atender al lenguajede Capitú, a sus gestos, al dolor que laretorcía, a nada, repetí las palabras dichas

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dos veces con tal resolución que la hicieronvenirse abajo. Después de algunos instantes,me dijo:

- Sólo se puede explicar tal injuria porla sincera convicción; sin embargo, tú queeras tan celoso de mis menores actos, nuncarevelaste la menor sombra de desconfianza.¿De dónde te ha venido esa idea?Cuéntamelo, continuó viendo que yo norespondía nada, cuéntamelo todo; despuésde lo que he oído, puedo oírlo todo, no puedehaber mucho más. ¿Qué te ha provocadoahora esa convicción? Anda, Bentiño, ¡habla!,¡habla! Échame de aquí, pero antes dilo todo.

- Hay cosas que no se dicen.

- Que se dicen sólo a medias; pero yaque has empezado, dímelo todo.

Se había sentado en una silla junto ala mesa. Podía estar un tanto confusa, su porteno era de acusada. Le pedí una vez más que

no insistiese.

- No, Bentiño, o me cuentas el restopara que yo me defienda, si crees que tengodefensa, o desde ya te pido la separación:¡no puedo más!

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- La separación está decidida,repliqué, tomándole la palabra. Sería mejorque la hiciéramos con medias palabras o ensilencio; cada uno se iría con su herida. Peroya que insistes, ahí va todo lo que te puedodecir, y es todo.

No se lo dije todo; no pude aludir alos amores de Escobar sin nombrarlo. Capitúno pudo dejar de reír, con una risa que sientono poder reproducir aquí; después, con untono a la vez irónico y melancólico:

- ¡Hasta los difuntos! ¡Ni los muertosescapan a tus celos!

Se ajustó la capa y se levantó. Suspiró,creo que suspiró, mientras que yo, que nopedía otra cosa más que su plenajustificación, le dije no sé qué palabrasadecuadas a ese fin. Capitú me miró condesdén y murmuró:

- Sé el motivo; es la casualidad del

parecido… La voluntad de Dios lo explicarátodo… ¿Te ríes? Es natural; a pesar delseminario, no crees en Dios; yo creo… Perono hablemos de eso; es mejor no decir nadamás.

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Capítulo 139

La fotografía

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La fotografía

Palabra que estuve a pique de creerque era víctima de una gran turbación, unafantasmagoría de alucinado; pero la entradarepentina de Ezequiel gritando: -”¡Mamá,mamá, es la hora de ir a misa!” me restituyóla conciencia de la realidad. Capitú y yo,involuntariamente, miramos la fotografía deEscobar y después uno al otro. Esta vez suconfusión se hizo confesión pura. Éste eraaquél; tendría que haber por fuerza unafotografía del pequeño Escobar que seríanuestro pequeño Ezequiel. De palabra, sinembargo, no confesó nada; repitió sus últimaspalabras, tiró del niño y salieron para ir a

misa.

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Capítulo 140 

A la vuelta de la iglesia

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A la vuelta de la iglesia

Al quedarme solo, hubiera sido naturaltomar el café. Pero no señor, había perdidoel gusto por la muerte. Aunque la muerte erauna solución, yo acababa de encontrar otra,tanto mejor cuanto que no era definitiva ydejaba la puerta abierta a la reparación, situviese que haberla. No he dicho perdón , sinoreparación , esto es, justicia. Sea cual fuerela razón del acto, rechacé la muerte y esperéel regreso de Capitú. Éste fue más demoradoque de costumbre; llegué a temer que hubieraido a casa de mi madre, pero no lo hizo.

- Le he confiado a Dios todas mis

amarguras, me dijo Capitú al volver de laiglesia; he oído dentro de mí que nuestraseparación es inevitable y estoy a tu disposición.

Me lo dijo encubriendo sus ojos, comoescrutando una actitud mía de negativa o de

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aplazamiento. Contaba con mi debilidad oincluso con la incertidumbre que yo podríatener de la paternidad, pero le falló todo.¿Acaso había en mí un hombre nuevo, unoque aparecía ahora, descubierto tras nuevasy fuertes impresiones? En tal caso se trataríade un hombre apenas encubierto. Le respondí que lo pensaría y que haríamos lo que yopensase. En verdad os digo que todo estabapensado y hecho.

En el intervalo, había evocado laspalabras del finado Gurgel, cuando memostró en su casa el retrato de su mujer,parecido a Capitú. Tienes que acordarte deellas; si no, relee el capítulo, cuyo número

no pongo aquí porque ya no me acuerdo,pero no está lejos. Se limitan a decir que hayalgunas semejanzas inexplicables… A lolargo del día y en los siguientes, Ezequielvenía a verme al despacho y las faccionesdel pequeño daban una idea clara de lasdel otro, o yo me iba fijando más en ellas. Ala vez me recordaban episodios vagos y

remotos, palabras, encuentros e incidentes,todo aquello a lo que mi ceguera no le pusomalicia y a lo que mis viejos celos le faltaron.Aquella vez que los encontré solos y callados,un secreto que me hizo reír, una palabra deella soñando, todas esas reminiscencias iban

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viniendo ahora, tan atropelladamente que meaturdieron… ¿Y por qué no los estranguléaquel día cuando desvié los ojos de la calledonde estaban dos golondrinas posadas enun hilo telegráfico? Adentro, mis otras dosgolondrinas estaban posadas en el aire, unosojos fijos en los otros, pero tan cautelososque se apartaron enseguida, diciéndome unapalabra amiga y alegre. Les conté el amoríode las golondrinas de afuera y lo encontrarongracioso; Escobar declaró que, para él, seríamejor si las golondrinas en lugar de posadasen el hilo de alambre, estuvieran en la mesadel comedor, cocidas. “Nunca he comido susnidos, continuó, pero deben ser buenos si loschinos así lo inventaron.” Y nos quedamos

hablando de los chinos y de los clásicos quehablaron de ellos, mientras Capitú,confesando que la enojábamos, se fue a otrosmenesteres. Ahora me acordaba de todocuanto entonces me parecía nada.

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Capítulo 141

La solución

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La solución

Esto es lo que hicimos. Juntos, nosfuimos a Europa, no a pasear ni a ver nadanuevo ni viejo; nos quedamos en Suiza. Unaprofesora de Rio Grande, que vino connosotros, se quedó en compañía de Capitú,enseñándole su lengua materna a Ezequiel,que aprendió el resto en las escuelas delpaís. Organizada así la vida, regresé alBrasil.

Al cabo de algunos meses, Capitúcomenzó a escribirme cartas, a las querespondí breve y secamente. Las suyas eransumisas, sin odio, quizá afectuosas y

finalmente nostálgicas; me pedía que fuesea verla. Un año después embarqué, pero nola busqué y repetí el viaje con el mismoresultado. A mi regreso, quienes seacordaban de ella querían noticias y yo selas daba como si acabase de estar con ella;

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naturalmente hacía los viajes con la intenciónde simular eso mismo y engañar a la opiniónpública. Un día, finalmente…

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Capítulo 142

Una santa

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Una santa

Entiéndase que si en los viajes que hicea Europa José Días no vino conmigo no fueporque le faltase voluntad; se quedabahaciendo compañía a mi tío Cosme, casiinválido, y a mi madre, que había envejecidodeprisa. También él estaba viejo, aunquefuerte. Subía a bordo para despedirse de mí y las palabras que me decía, los gestos consu pañuelo, sus propios ojos que se secaba,eran tales que me conmovían también. Laúltima vez no subió a bordo.

- Suba…

- No puedo.

- ¿Tiene miedo?

- No, no puedo. Ahora, adiós, Bentiño,no sé si me verás más; creo que me voy a la

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otra Europa, a la eterna…

No se fue enseguida, mi madreembarcó primero. Busca en el cementerio deS. João Batista una sepultura sin nombre, conesta única inscripción: Una santa . Allí está.Mandé hacer la inscripción con algunasdificultades. Al escultor le pareció rara; eladministrador del cementerio le consultó alvicario de la parroquia, éste alegó que lassantas están en los altares y en el cielo.

-Pero, perdón, interrumpí, no quierodecir que en esa sepultura esté unacanonizada. Mi idea es dar con esa palabrauna definición terrenal de todas las virtudes

que la finada poseía en vida. Tanto es así que, siendo la modestia una de ellas, deseoconservarla póstuma, no escribiendo sunombre.

- Sin embargo, el nombre, la filiación,las fechas…

- ¿A quién le importarán las fechas,filiación ni nombres cuando yo me hayamuerto?

- ¿Quiere decir que es una santaseñora, no es eso?

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DON CASMURRO

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- Justamente. El protonotario Cabral,si estuviese vivo, confirmaría ahora mismo loque le digo.

- No contradigo la verdad, dudo sólode la manera de expresarla. ¿Conoció ustedal protonotario?

- Sí señor. Era un sacerdote modelo.

- Buen canonista, buen latinista, pío ycaritativo, continuó el vicario.

- Y poseía algunas habilidadessociales, le dije; en mi casa siempre oí queera un compañero insigne en el back 

gamón …

- ¡Tenía muy buena mano para losdados!, suspiró lentamente el vicario. ¡Unamano de maestro!

- ¿Entonces, le parece que…?

- Ya que no hay otro sentido ni podríahaberlo, sí señor, se admite…

José Días asistió a estas diligenciascon gran melancolía. Al final, cuando salimos,me habló mal del cura, le llamó meticuloso.

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MACHADO DE ASSIS

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Sólo lo disculpaba porque no había conocidoa mi madre, ni él ni los demás hombres delcementerio.

- No la conocieron, si la hubieranconocido hubieran mandado esculpirsantísima .

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Capítulo 143 

El último superlativo

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El último superlativo

No fue el último superlativo de José Días.Tuvo otros que no vale la pena escribir aquí,hasta que llegó el último, el mejor de ellos, elmás dulce, el que le dio a su muerte un amagode vida. Entonces ya vivía conmigo; aunque mimadre le había dejado un pequeño recuerdo,vino a decirme que, con legado o sin él, no sesepararía de mí. Tal vez su esperanza fueseenterrarme. Se escribía con Capitú, a quien lepedía que le mandase el retrato de Ezequiel;pero Capitú iba aplazando el envío de correoen correo, hasta que él no pidió nada más, ano ser el afecto del joven estudiante; le pedíatambién que no dejase de hablarle a Ezequiel

del viejo amigo de su padre y de su abuelo,“destinado por el cielo a amar la mismasangre”. Así preparaba los cuidados de latercera generación; pero la muerte llegó antesque Ezequiel. La enfermedad fue rápida.Mandé llamar a un médico homeópata.

CAP ÍTULO CXL I I I

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MACHADO DE ASSIS

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- No, Bentiño, dijo; basta con unoalópata; en todas las escuelas se muere.Además fueron ideas de juventud que eltiempo se llevó; me convierto a la fe de mispadres. La alopatía es el catolicismo de lamedicina…

Murió sereno, después de una agoníacorta. Poco antes oyó decir que el cielo estabalindo y pidió que abriésemos la ventana.

- No, el aire puede hacerle daño.

-¿Qué daño? El aire es vida.

Abrimos la ventana. Realmente había

un cielo azul y claro. José Días se incorporóy miró hacia afuera; después de algunosinstantes dejó caer la cabeza murmurando:¡Lindísimo! Fue la última palabra que profirióen este mundo. ¡Pobre José Días! ¿Por quéhe de negar que lloré por él?

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Capítulo 144

Una pregunta tardía

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Una pregunta tardía

Así lloren por mí todos los ojos de losamigos y amigas que dejo en este mundo,pero no es probable. Me he hecho olvidar.Vivo lejos y salgo poco. No es que hayaligado efectivamente las dos puntas de mivida. Esta casa del Ingenio Nuevo, aunquereproduzca la de Matacavalos, apenas merecuerda la otra, y si me la recuerda es máspor efecto de la comparación y la reflexiónque del sentimiento. Esto ya lo había dicho.

Me preguntarán por qué razón,teniendo la auténtica casa vieja en la mismacalle antigua, no impedí que la demoliesen y

vine a reproducirla en ésta. La pregunta debióser hecha al comienzo, pero ahí va larespuesta. La razón es que, apenas murió mimadre, queriendo yo irme allí, hice primerouna larga visita de inspección durantealgunos días y toda la casa me desconoció.

CAP Í TULO CX L IV

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En el huerto, el lentisco, la pitanga, el pozo,el balde viejo y el lavadero nada sabían demí. La casuarina era la misma que yo habíadejado al fondo, pero el tronco, en lugar derecto como antes, tenía ahora un aire de signode interrogación; naturalmente se sorprendíadel intruso. Paseé los ojos por el aire,buscando algún pensamiento que hubieradejado allí y no hallé ninguno. Al contrario,el follaje comenzó a susurrar algo que noentendí enseguida y parece que era la cantigade las mañanas nuevas. Junto a esa músicasonora y jovial, oí también el gruñir de loscerdos, especie de mofa concentrada yfilosófica.

Todo me era extraño y hostil. Dejé quedemoliesen la casa y más tarde, cuando vineal Ingenio Nuevo, caí en la cuenta de haceresta reproducción según las explicacionesque le di al arquitecto, conforme conté en sumomento.

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Capítulo 145 

El regreso

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El regreso

Fue ya en esta casa cuando un día,mientras me vestía para almorzar, recibí unatarjeta con este nombre:

EZEQUIEL A. DE SANTIAGO

- ¿Está ahí?, le pregunté al criado.

- Sí señor; está esperando.

No fui inmediatamente; lo hice esperardiez o quince minutos en la sala. Sólo despuéscaí en la cuenta que procedía tener ciertoalborozo y correr, abrazarlo, hablarle de su

madre. Su madre, creo que aún no he dichoque estaba muerta y enterrada. Ciertamente;reposa en la vieja Suiza. Acabé de vestirmede prisa. Cuando salí del cuarto adopté unaire paternal, un padre entre tierno y rudo,medio Don Casmurro. Al entrar en la sala,

CAP Í TULO CX LV

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encontré a un muchacho, de espaldas,mirando el busto de Masinisa pintado en lapared. Llegué cauteloso y no hice ruido. Noobstante, oyó mis pasos y se giró deprisa.Me reconoció por los retratos y corrió haciamí. No me moví; era ni más ni menos miantiguo y joven compañero del seminario deS. José, un poco más bajo, menos voluminosoy, salvo los colores, que eran vivos, el mismorostro de mi amigo. Vestía a la moderna,naturalmente, y sus maneras eran diferentes,pero el aspecto general reproducía a lapersona muerta. Era el mismo, el exacto, elverdadero Escobar. Era mi comblezo; era elhijo de su padre. Vestía de luto por su madre;yo también vestía de negro. Nos sentamos.

- Papá, no te diferencias de los últimosretratos, me dijo.

Su voz era la misma de Escobar, suacento afrancesado. Le expliqué que realmentepoco difería de lo que era y comencé uninterrogatorio para tener que hablar menos y

dominar así mi emoción. Pero esto mismo leanimaba la cara y mi colega del seminario ibaresurgiendo cada vez más del cementerio. Heloaquí, ante mí, con la misma risa y mayorrespeto; total, la misma gentileza y la mismagracia. Ansiaba verme. Su madre le había

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DON CASMURRO

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hablado mucho de mí, elogiándomeextraordinariamente como el hombre más purodel mundo, el más digno de ser querido.

- Murió bonita, concluyó.

- Vamos a almorzar.

Si piensas que el almuerzo fue amargo,te equivocas. Tuvo sus momentosdesagradables, es verdad; al comienzo medolió que Ezequiel no fuese realmente mi hijo,que no me completase y continuase. Si eljoven le ha salido a su madre, yo acabaríacreyéndolo todo, tanto más fácilmente cuantoque parecía haberme dejado el día anterior,

evocaba la niñez, escenas y palabras, su idaal colegio…

- ¿Papá, te acuerdas todavía de cuandome llevaste al colegio?, preguntó riendo.

- ¡Cómo no me voy a acordar!

- Era en Lapa; yo iba desesperado ytú no parabas, me dabas cada tirón y yo conlas piernecitas… Sí señor, acepto.

Acercó la copa al vino que yo leofrecía, lo bebió de un trago y continuó

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comiendo. Escobar también comía así, conla cara metida en el plato. Me contó su vidaen Europa, sus estudios, particularmente losde arqueología que era su pasión. Hablabade la antigüedad con amor, contaba Egipto ysus millares de siglos sin perderse en lascifras; tenía la cabeza aritmética de su padre.A mí, aunque la idea de la paternidad delotro me resultase ya familiar, no me gustabasu resurrección. A veces cerraba los ojos parano ver sus gestos ni nada, pero el diablotehablaba y reía y el difunto hablaba y reíapor él.

No teniendo más remedio quequedarme con él, me convertí en un padre

de verdad. La idea de que pudiese habervisto alguna fotografía de Escobar, queCapitú por descuido llevase consigo, no seme ocurrió ni, si se me hubiera ocurrido,hubiera persistido. Ezequiel creía en mí comoen su madre. Si estuviese vivo José Días,vería en él a mi propia persona. La primaJustina quiso verlo; pero, como estaba

enferma, me pidió que lo llevase a visitarla.Conocía a aquella parienta. Creo que eldeseo de ver a Ezequiel era con el fin deverificar en el joven el boceto que quizáhabía visto en el niño. Sería un último regalo;lo paré a tiempo.

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- Está muy mal, le dije a Ezequiel quequería verla, cualquier emoción puedeprovocarle la muerte. Iremos a verla cuandoesté mejor.

No fuimos, la muerte se la llevó a lospocos días. Ella descansa en el Señor o comosea. Ezequiel le vio la cara en el ataúd y nola reconoció, ni hubiera podido, de tandiferente que la hicieron los años y la muerte.En el camino del cementerio le iban viniendoa la memoria un montón de cosas, una calle,una torre, un trozo de playa y todo era paraél motivo de alegría. Ocurría así siempre quevolvía a casa al final del día; me contaba losrecuerdos que le iban viniendo de las calles

y de las casas. Se sorprendía de que muchasfueran las mismas que él había dejado, comosi las casas muriesen niñas.

Al cabo de seis meses, Ezequiel mehabló de un viaje a Grecia, a Egipto y aPalestina, un viaje científico, promesa hechaa unos amigos.

- ¿De qué sexo?, le pregunté riendo.

Sonrió avergonzado y me respondióque las mujeres eran criaturas tan de la moday tan del día que nunca entenderían una ruina

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de treinta siglos. Eran dos colegas de launiversidad. Le prometí medios y le dienseguida los primeros dineros necesarios.Me dije a mí mismo que una de lasconsecuencias de los amores furtivos delpadre era que yo pagase las arqueologíasdel hijo; mejor que se contagiase de lalepra… Cuando esta idea me atravesó elcerebro, me sentí tan cruel y perverso queagarré al joven y quise estrecharlo entre misbrazos, pero retrocedí; lo miré después comose mira a un hijo de verdad; los ojos con queme miró fueron tiernos y agradecidos.

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Capítulo 146 

 No hubo lepra

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No hubo lepra

No hubo lepra, pero hay fiebres portodas esas tierras humanas, sean viejas onuevas. Once meses después, Ezequiel murióde unas fiebres tifoideas y fue enterrado enlas inmediaciones de Jerusalén, donde los dosamigos de la universidad le levantaron untúmulo con esta inscripción, sacada delprofeta Ezequiel, en griego: “Tú eras perfectoen tus caminos.” Me mandaron ambos textos,griego y latino, el dibujo de la sepultura, lacuenta de los gastos y el resto del dinero queél llevaba; hubiera pagado el triple por novolver a verlo.

Como quise verificar el texto, consultémi Vulgata y vi que era exacto, pero teníaademás un complemento: “Tu eras perfectoen tus caminos, desde el día de tu creación .” Paré y me pregunté en silencio: “¿Cuándohabría sido el día de la creación de Ezequiel?” 

CAP Í TULO CX LV I

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Nadie me respondió. He aquí un misterio máspara añadir a los muchos de este mundo.Pese a todo, cené bien y fui al teatro.

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Capítulo 147 

La exposición retrospectiva

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La exposición retrospectiva

Ya sabes que mi alma, por máslacerada que haya sido, no se quedó en unrincón como una flor pálida y solitaria. Nole di ese colorido o descolorido. Viví lomejor que pude sin que me faltasen amigasque me consolasen de la primera.Caprichos de poca duración, es verdad. Medejaban como personas que asisten a unaexposición retrospectiva y, o se hartabande verla, o mermaba la luz de la sala. Sólouna de esas visitas tenía coche en la puertay cochero de librea. Las otras veníanmodestamente, calcante pede  y, si llovía,iba yo a buscar un coche a la plaza y las

despachaba con grandes despedidas ymayores cortesías.

- ¿Llevas el catálogo?

- Sí, hasta mañana.

CAP ÍTULO CXLV I I

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No volvían más. Yo me quedaba en lapuerta esperando, iba hasta la esquina,vigilaba, consultaba el reloj y no veía nadani a nadie. Entonces, si aparecía otra visita,le daba el brazo, entrábamos, le mostrabalos paisajes, los cuadros históricos o degénero, una acuarela, un pastel, un gouache ,y también ésta se cansaba y se iba con elcatálogo en la mano…

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Capítulo 148 

Bien, ¿y el resto? 

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Bien, ¿y el resto?

Ahora bien, ¿por qué ninguna de esascaprichosas me hizo olvidar a la primeraamada de mi corazón? Quizá porqueninguna tenía los ojos de resaca, ni los degitana oblicua y disimulada. Pero no es estepropiamente el resto del libro. El resto essaber si la Capitú de la playa de Gloria yaestaba dentro de la de Matacavalos, o si éstase transformó en aquélla a causa de algúnsuceso. Jesús, hijo de Sirac, si supiese de misprimeros celos, me diría, como en su cap. IX,vers. I: “No tengas celos de tu mujer, paraque no te engañe con la malicia que aprendade ti.” Pero yo creo que no y tú concordarás

conmigo; si te acuerdas bien de Capitú niña,has de reconocer que una estaba dentro dela otra, como la fruta dentro de su piel.

Y bien, sea cual sea la solución,persiste una cosa, y es la suma de las sumas

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o el resto de los restos, a saber, que miprimera amiga y mi mayor amigo, tancariñosos ambos y también tan queridos,quiso el destino que acabasen juntándose yengañándome… ¡La tierra les sea leve! Vamosa la Historia de los suburbios .