Dom Casmurro1900

1839 1908

Joaquim Maria Machado de Assis

• Nasceu no Rio de Janeiro, em 1839.

• Filho de pai negro, um pintor, e de uma professoraprimária portuguesa

• Após a morte dos pais, fora criado pela madrasta,quem o introduziu no mundo das letras

• Ele sofria de epilepsia, gagueira, pobreza e era muitotímido – isolamento social

• Foi autodidata, o que o ajudou a progredir na vida.

• Fundou, ao lado de Joaquim Nabuco, a AcademiaBrasileira de Letras.

• Em 1908, falece.

Características do autor.

• Enredo não-linear;

• Microcapítulos;

• Análise psicológica das personagens: esquematismo;

• Forte ironia e sarcasmo apurado;

• Visão metafísica, relativista de todos os valores humanos(pessimismo/negativismo);

• Verossimilhança: espelho da realidade, a busca pelaverdade das relações

• Niilismo: não crê nas instituições criadas pelo homem

• Críticas à teatralidade das relações sociais e da hipocrisiaburguesa, que vive do status e das aparências;

• Forte contraposição entre essência e existência, pois asaparências se sobrepõem a tudo.

• A existência precede e governa a essência (Jean Paul-Sartre): a existência humana, para Machado, não presta.

Machado de Assis em tela de1905, retratado pelo pintorHenrique Bernardelli.

Dom Casmurro -***- estrutura

• Dividido em 148 capítulos• Narrado em 1ª pessoa• Linguagem: altamente erudita, irônica e sarcástica• Referências Bíblicas: para compor a ironia• Os negros apenas compunham as cenas, sem importância• Romance da dúvida, da ambiguidade – nada se esclarece• Anti-tensão: narrativa amarrada, não linear, fragmentada

Bento: personagem-narrador e protagonista do enredo Ciúmes – personagem principal

O Narrador• Machado cria um narrador que dialoga com o leitor, porém o

trata como um imbecil que não entende nada• Isso fere a intelectualidade do leitor burguês

[...] É uma metáfora, não acho outra forma mais viva de dizer a dore a humilhação de meu vizinho. (p. 43)

O Narrador em Análise

A genialidade de Machado

• Narrador protagonista (1ª pessoa, EU)• Bentinho: menino, ingênuo, 15 anos• Bento: homem, envenenado, 55 anos

• Ob. Bento é o narrador e o escritorfictício da obra. Logo, Bentinho nãoexiste mais.

Bento é um homem maduro,bem quisto socialmente,advogado, em busca da verdadeque melhor acomode suaconsciência, que justifique suasatitudes; por isso, não se podecrer totalmente nele, até porqueseus julgamentos estãoedificados nas lembranças, oque, por si só, já são duvidosas,nos ciúmes e num possívelarrependimento. No fim, Bento ésó emoção para entender opassado, afim de apaziguar opresente. A sua razão é ilusória;e sua verdade, questionável.

Minissérie CapituRede Globo, 2008

Personagens

Bento(Bentinho)

Tio Cosme

Pedro Albuquerque

Santiago

Dona Glória Pádua Dona

Fortunata

Capitu(Maria

Capitolina)

Ezequiel

Prima Justina

Prima de Dona Glória

José Dias

Agregado da família Santiago

É o personagem a ser entendido: O diabo é inteligente porque é velho.

* superlativos

Sancha

?

Escobar

Edição: Ed. Abril Cultural S.A. São Paulo, 1981

Enredo em

Análise

Capítulo Primeiro/DO TÍTULO

• A explicação da alcunha Dom Casmurro• Bento não deu devida atenção a um conhecido no trem que lhe recitou alguns

versos; ele cochilava• Bento é um homem recluso e calado, de poucos amigos e nada simpático• Dom: ironia e fidalguia Casmurro: teimoso e introvertido

Cap. II/DO LIVRO: o protagonista passa a escrever o livro

e explica seus motivos

• Bento mora sozinho numa casa reproduzida semelhante a da sua infância na Ruade Matacavalos: interior pacato e exterior ruidoso (casa/homem)

• Deseja entender a vida, seus acontecimentos• Tenta tirar o foco de si com o intuito de parecer imparcial: narrador

venenoso/enganoso• Tudo começa a narração de uma “célebre tarde de novembro”• Bento tende a conquistar a credibilidade do leitor porque representa-o: é burguês

e conserva os valores da elite.• Quem ousaria questionar um homem, advogado, de família tradicional e

respeitado socialmente???

[...] O meu fim evidenteera atar as duas pontasda vida, e restaurar navelhice a adolescência.Pois senhor, não conseguirecompor o que foi nem oque fui. Em tudo, se orosto é igual, a fisionomiaé diferente. Se só mefaltassem os outros, vá;um homem consola-memais ou menos daspessoas que perde; masfaltou eu mesmo, e esta éa lacuna. (p. 6)

• O que falta a Bento é entender-se, encontraruma verdade que ampare suas ações, acharuma certeza que lhe absolva.

• Podemos dizer que há indícios de umarrependimento, porém o orgulho e asensação de moral não lhe permitem aceitaresta possibilidade,

de que ele possa ter cometido um grande erro

Coleção Clássicos Brasileiros em HQ – Ed. ÁticaAdaptador: Ivan JafIlustrador: Rodrigo Rosa

Cap. III/A DENÚNCIA: 1857, Dona Glória (42 anos) deseja

colocar o filho, Bentinho (15

anos), no seminário

• José Dias: empregado da casa, homem meticuloso com as palavras e influente⁻ Alertou Dona Glória sobre a filha dos Pádua, Capitu (14 anos)

• Dona Glória fez uma promessa: Bentinho se tornaria padre. Mas por quê?⁻ Viúva desde os 31 anos, dedicou-se ao luto e à Igreja (Beata)⁻ Jovem e bonita, mas escondia-se

• Tio Cosme, irmão de Dona Glória, tem um olhar avesso aos fatos; foi juiz criminale tentava mostrar o mundo a Bentinho, mas sua mãe o mimava e protegia demais

• Prima Justina: “Verdade é que cada um sabe melhor de si.” (p. 9)• A casa dos três viúvos: viviam juntos Glória, Cosme e Justina

Quem é José Dias?

• Magro, calvo, chupado, 55 anos• O silogismo em pessoa, uso dos superlativos: Amaríssimo, Santíssima• Era um médico charlatão que cuidava dos pobres• Foi convidado a morar na casa de Bentinho pelo seu pai

“Para servir à verdade, menti;” (p.10)

Cap. VIII/É TEMPO: [...] Agora é que eu ia

começar a minha ópera. A

vida é uma ópera.” (p.

14)

• O tenor Marcolini explica a Bentinho o surgimento do inferno (aterra): Ópera de Salomão

• A ironia: a arte é a obra de Satanás; Bento é escritor• A teoria de Marcolini é verossímil à vida de Bento• A denúncia de José Dias foi uma revelação a Bentinho• Bento introduz, de fato, o leitor em sua narração como se

quisesse um cúmplice• Ópera é uma peça dramática, trágica: podemos dizer que a vida

de Bento, por conta de seus ciúmes foi trágica também

Cap. XI/A PROMESSA: Bentinho já tinha 16 anos

• Dona Glória abortara o 1º filho e fez a promessa para que osegundo vingasse: torná-lo homem da Igreja

• Bentinho fora educado pelo Padre Cabral nos primeiros votosquando criança, e tinha lições de latim com José Dias

Cap. XII/NA VARANDA: Bentinho e Capitu eram amigos

inseparáveis

• Capitu era mais “ousada” até na ingenuidade e gestos⁻ 14 anos, reta, forte, cheia, cabelos grossos em duas tranças e longos⁻ Morena, olhos claros e grandes, boca fina e queixo largo

• Bentinho era um menino sem graça⁻ Pensava em Capitu até nas missas, mas não confidenciava

• A revelação/denúncia de José Dias: Bentinho amava Capitu, e ela o amava⁻ Os fatos agora tinham lógica: o comportamento de Capitu

Cap. XIV/A INSCRIÇÃO: Bento e Capitolina têm uma

confissão de criança: Capitu

escreveu uma declaração no muro

que fazia fronteira entre suas

casas

• Com as mãos dadas: Bento e Capitolina• Bento se achava inteligente, mas...

[...] Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar. Tinha orgias dolatim e era virgem de mulheres. (p. 22)

Cap. XV/OUTRA VOZ REPENTINA: Capitu engana o pai sobre o

rabisco no muro

• Capitu era esperta, ativa e rápida; Bentinho era muito devagar:

[...] Há coisas que só se aprendem mais tarde; é mister nascer com elas parafazê-las cedo. E melhor é naturalmente cedo que artificialmente tarde. (p.23)

• Pádua: pai de Capitu, meio irresponsável, e funcionário do Ministério da Guerra;gostava das coisas supérfluas

⁻ Vaidoso, fútil, vive das aparências• Dona Fortunata: verossímil a Capitu, séria e racional, forte

Cap. XVII/OS VERMES: ironia à falsa intelectualidade; as

pessoas fingem que sabem, apenas

seguem

[...] Meu senhor respondeu-me um longo verme gordo nós não sabemosabsolutamente nada dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos,nem amamos ou detestamos o que roemos; nós roemos. (p. 26)

• O teatro da vida: o jogo de aparências; o leitor burguês apenas aceita o ponto devista de Bento

Cap. XVIII/UM PLANO: Capitu sempre olha Bentinho com

firmeza, no olho, como se o

penetrasse

• Capitu tinha certa indignação por ser pobre, e Bento tenta envenenar o leitor, apesara visão apaixonada que tem pela beleza da menina:

[...] Como vês, Capitu, aos catorze anos, tinha já ideias atrevidas, muito menorque outras que lhe vieram depois. (p. 29)

• Capitu sabe que só José Dias poderia ajudar Bentinho a não ir para o seminário; sabecomo agradá-lo e que ele influencia Dona Glória

• Bento não aceita perceber-se menos esperto que Capitu (machismo)- Bentinho decide falar com José dias e marca uma conversa- José Dias trata o menina com muito esmero: da higiene à educação

• Vemos um Bentinho mais saliente, não por esperteza, e sim por necessidade eingenuidade pueril

- Bentinho não cumpria as promessas: deixava de fazer as orações; então, omenino não era tão íntegro assim

• Bentinho se espantava com as mentiras como se nunca tivesse proferido uma• Prima Justina questiona se ele quer ser padre e o alerta sobre José Dias: ela entende

e apoia o menino

Cap. XXV/NO PASSEIO PÚBLICO: José Dias alerta Bentinho

sobre Capitu.

• Bentinho confessa a José Dias que não quer ser padre e implora por sua ajuda• Advertência de José Dias:

[...] A gente do Pádua não é de todo má. Capitu, apesar daqueles olhos que odiabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua edissimulada. (p. 36)

Cap. XXVI/AS LEIS SÃO BELAS: José Dias tentaria interceder

por Bentinho junto a Dona

Glória, mas sem esperanças

• Parece que ele deseja o menino distante da casa• Tem interesse na escolha do menino, pois Dona Glória não deixaria o filho sozinho

caso aceitasse que fosse estudar na Europa- José Dias tinha o interesse de retornar e viver na Europa

• Ilusões de Bentinho:- dá dois vinténs a um mendigo na esperança que Deus interceda na sua

história- Sonha que o imperador convence sua mãe de torná-lo médico, não padre

Cap. XXXI/AS CURIOSIDADES DE CAPITU: julgamento venenoso

de Bento

• Capitu queria sempre saber de tudo, com detalhes; questionava tudo

[...] Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que euera homem. Se ainda não o disse, aí fica. Se disse, fica também. Há conceitos quese devem incurtir na alma do leitor, à força de repetição. (p. 44)

Cap. XXXII/OLHOS DE RESSACA: Capitu está se penteando

frente ao espelho na sala

• Bentinho agarrou os cabelos de Capitu e se oferece para penteá-los, e ela aceita• O menino não sabe lidar com a espontaneidade de Capitu

[...] Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. (p. 47)

• Bentinho senta ao lado de Capitu a pedido dela, roçava as mãos em seus cabelos ena nuca

• Ela a compara a Tétis, uma ninfa: Capitu deita sua cabeça nas mãos do menino,olharam-se e os lábios se aproximaram e trocaram um beijo

• Bentinho toma um susto e recua até a parede com a invasão de Dona Fortunata nasala:

- Capitu age como se nada tivesse acontecido, e Bentinho sentia-se um homem

Cap. XXXV/O PROTONOTÁRIO APOSTÓLICO: Padre Cabral recebeu

do Papa uma grande

honra

• Numa conversa entre Padre Cabral, Dona Glória, José Dias e Bentinho:- José Dias menciona a possibilidade de Bentinho não ser padre, mas é

ignorado

[...] Não tem que festejar a vadiação; o latim sempre lhe há de ser preciso,ainda que não venha a ser padre. (p. 52)

• Bentinho já está imerso na malícia: pensamentos impróprios, mentiras e julgamentossem precedentes para alcançar o que deseja

• Capitu teme a partida de Bentinho, e ele só pensa em beijá-la: ele tenta forçar a cenada manhã, mas ela não permite

• Quando Pádua chegou à sala, Capitu, mais uma vez agiu como se nada estivesseacontecendo, o que surpreende o menino

Cap. XXXIX/A VOCAÇÃO: Padre Cabral e José Dias dizem que

sem vocação a vida eclesiástica

não se confirma, e pode-se

servir a Deus sem ser padre

• Padre Cabral queria ser médico, mas fora metido no seminário e tomou gosto pelavocação – destino de Bentinho

• Bentinho pensa em contar tudo a sua mãe, até sobre a cena na casa de Capitu no diaanterior- conversa com a mãe: tenta enganá-la com sua afeição para não ir ao seminário- Revela que não tem vocação para padre- Dona Glória repreende o filho, e ele se submete- Bentinho iria par ao seminário no próximo ano

Cap. XLII/CAPITU REFLETINDO: Paula (15)e Sancha (17),

colegas de Capitu

• Bentinho conta a Capitu sobre a conversa com a mãe, mas ela apenas reflete• Capitu o chama de covarde: “Você tem medo...?”• Ele não entendeu ou se fez de desentendido

Cap. XLIV/PRIMEIRO FILHO: Capitu apela ao drama e põe

Bentinho na parede

[...] Se você tivesse de escolher entre mim e sua mãe, a quem é que escolheria?(p. 64)

• Apela para o pensamento de morte, por saudades: o menino diz que largariatudo por ela, e Capitu escreve no chão METIROSO

• Capitu e Bentinho entram num diálogo provocador e orgulhoso, de ironias,como se ambos não se preocupassem com o assunto

• Ele faz dois pedidos caso se torne padre, e ela respondeu:- Capitu haveria de confessar-se apenas com ele: SIM- Bento casaria Capitu: NÃO

• Capitu retruca: Bento batizaria seu primeiro filho

Cap. XLV/ABANE A CABEÇA, LEITOR: provocação de Machado,

que incentiva o leitor

a desistir do livro

• Bento inicia sua narrativa assumidamente motivada pelas emoções: os ciúmescomeçam a tomar corpo (p. 66-67)

[...] O pecado em comum iguala por instantes a condição das pessoas. (p. 68)

• Juramento: Capitu e Bentinho juram casarem-se, mas as conclusões são todas damenina (segundo Bento)

• A promessa de um futuro: Bento promete à futura esposa uma vida tranquila, bela,amorosa, fora da cidade

Cap. L/UM MEIO-TERMO: Bentinho vai para o seminário de São

José aos 15 anos

• Padre Cabral experimentaria a vocação do menino por 2 anos e alerta Dona Glóriasobre o destino do filho

• José Dias intervém nos pensamentos de Bentinho e o lembra da Europa caso nãoseja padre: o menino iria ao seminário por 1 ano

• Capitu ficou ao lado de Dona Glória, inseparável, durante a ausência de Bentinho

Cap. LI/ENTRE LUZ E FUSCO: o narrador que jogar a culpa da

interpretação maliciosa nos

leitores

[...] Deus, como fez as mãos limpas, assim fez os lábios limpos, e a malícia estáantes na tua cabeça perversa que na daquele casal de adolescentes. (p. 71)

• Parece que toda e qualquer atitude que coloca em dúvida o caráter de Bento, ele dizque é culpa da Capitu ou do leitor

• Bentinho cortou um maço de cachos de seus próprios cabelos e os embrulhou depresente para Capitu

• José Dias aconselha Bentinho a esperar 1 ano para ver-se livre do seminário

Bento se nega a contar sobre o que viveu no seminário

• 1882: reencontra, anos depois do seminário, um velho amigo, que prefere não dizero nome

Cap. LV/UM SONETO: Bentinho escreve uns versos no

seminário pensando em Capitu

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!Perde-se a vida, ganha-se a batalha!Ganha-se a vida, perde-se a batalha! (p. 77)

• Flor = Capitu / vida = amar Capitu / batalha = vocação eclesiástica

Cap. LVI/UM SEMINARISTA: o amigo Ezequiel de Sousa

Escobar, do tempo do

seminário

• Escobar: esbelto, olhos claros e de jeito misterioso (fugitivo); não encarava ao falarnem era claro ao falar

- De Curitiba, suavemente irônico, católico veemente- Tinha uma relação muito próxima com a irmã, que era um anjo

• O fim do capítulo fica em aberto para introduzir uma malícia sobre Escobar

Ob. Bento organiza a narrativa para que a todo momento o leitor tenha elementospara não simpatizar com Capitu nem com Escobar

Cap. LVIII/O TRATADO: Bentinho despertava desejos carnais

– viu uma mulher cair e

mostrar as pernas cobertas

com uma meia francesa

Cap. LVIX/CONVIVAS DE BOA MEMÓRIA: Bento joga tudo pro

leitor

[...] Não, a minha memória não é boa. Ao contrário, é comparável a alguém

que tivesse vivido por hospedarias, sem guardar delas nem caras nem nomes,

e somente raras circunstâncias. [...] E antes seja olvido que confusão; explico-

me. Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos

livros omissos. [...] Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também

preencher as minhas. (p. 82)

• Como confiar num escritor fictício e que confessa não ter boa memória?

IRONIA PURA

Cap. LXI/A VACA DE HOMERO: Tio Cosme e José Dias visitam

Bentinho no seminário (1858)

• Os olhos de José Dias são comparados a vaca de Homero:

- Tristeza por adiar a ida à Europa

- Plano: Bentinho deveria fingir que estava doente

• Bentinho pergunta: Capitu, como vai?

- Esse era o único interesse de Bentinho, e único empecilho de José Dias

Cap. LXII/UMA PONTA DE IAGO: a malícia de José Dias sobre

Capitu

• Bentinho pergunta sobre Capitu:

[...] Tem andado alegre, como sempre; é uma tontinha. Aquilo, enquanto não

pegar um peralta da vizinhança que case com ela... (p. 86)

• Bentinho é tomado pelo ciúme:

[...] Outra ideia, não um sentimento cruel e desconhecido, o puro ciúme, leitor

das minhas entranhas. (p. 86)

Cap. LXIII/METADES DE UM SONHO: Bentinho já tinha em si

todo o veneno do ciúme

que corrompe um homem

• Bentinho sonha com peraltas que cortejam Capitu

[...] Tudo isto é obscuro, dona leitora, mas a culpa é do vosso sexo, que

perturbava assim a adolescência de um pobre seminarista. (p. 87)

Cap. LXV/A DISSIMULAÇÃO: Capitu repreende Bentinho sobre

contar segredos a Escobar e

sobre ficar mais tempo com

sua mãe

• Capitu não queria que desconfiassem mais dos dois

• Prima Justina vivia de favor na casa, era azeda e implicante, mas não

falava de seus ressentimentos

- Tinha ciúmes do convívio de Capitu com Dona Glória

• Dona Glória estava muito doente, à beira da morte: o filho fora chamado

às pressas

Cap. LXVIII/ADIEMOS A VIRTUDE: ironia de Bento

• Bentinho sonha com peraltas que cortejam Capitu

[...] Ora, há só um modo de escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem

e o mal. (p. 94)

• Dona Glória se recuperou

• Bentinho nunca se confessou sobre Capitu, nem pagou as dívidas com a

Igreja (orações)

• Ob. Bento narra com 55 anos (cap. LXXI/Visita de Escobar)

• Ob. Bento e Escobar confidenciam-se que não podem ser padres

Cap. LXXXVIII/UM PRETEXTO HONESTO:

• Bentinho não se interessou pela morte do amigo Manduca, porém a utilizoucomo pretexto para ver Capitu

• A promessa fora quebrada: José Dias que ir com Dona Glória ao vaticano

implorar pelo perdão do Papa

• A ideia de Escobar: Dona Glória deveria pegar um dos meninos escravos e

torná-lo padre no lugar de Bentinho: descaso com a escravidão

• Dona Glória e Padre Cabral aceitam a ideia e Bentinho larga o seminário aos

17 anos

Cap. XCVIII/CINCO ANOS: aos 22 anos, Bentinho era Bacharel

em Direito

• Dona Fortunata falece

• Prima Justina indica Escobar para casar com Dona Glória, mas ela não

aceita

• Escobar casa com Sancha

Cap. CI/NO CÉU: 1865 – Bentinho e Capitu Casam

• Foram morar na Rua Glória; apenas José Dias os visita na Tijuca

• Sancha e Escobar moravam no Andaraí e tinham uma filha

• Capitu aprendeu a tocar piano e fazia apresentações nos bailes: Bentinho

tinha ciúmes de seus braços à mostra, e a proibiu de ir aos bailes, ou deveria

ir com os braços cobertos

Cap. CVI/DEZ LIBRAS ESTERLINAS: Capitu poupou por meses da

mesada que Bentinho dava

para as despesas, mas em

segredo com Escobar

• Bentinho a questiona sobre o segredo e sobre a presença de Escobar durante

sua ausência: cobrou de Escobar, ri da situação, mas não a esqeuce

Cap. CVII/CIÚMES DO MAR: Bentinho embasa, sem perceber,

seus ciúmes: possessivo, exigia

total atenção da mulher em

todos os sentidos

[...] É sabido que as distorções de uma pessoa podem ser culpadas,

metade culpadas, um terço, um quinto, um décimo de culpadas, pois que

em matéria de culpa a graduação é infinita. (p. 135)

Cap. CVIII/UM FILHO: Bento e Capitu tiveram um filho,

Ezequiel

• Ezequiel: batizado na pia, cristão/católico

- Olhos claros, bonito, mesmo nome de Escobar

- Aos 5/6 anos, era esperto e namorador

- Gostava de imitar as pessoas; tinha o jeito de ser de Escobar

Bento insinua:

[...] já lhe achei até um jeito dos pés de Escobar e dos olhos. (p. 141)

Ob. Bento tem ciúmes de Capitu com tudo e todos – do filho e até dos

esquecimentos da esposa de coisas do tempo de infância e adolescência

Cap. CXIV/EM QUE SE EXPLICA O EXPLICADO:

Bento tenta justificar suas falhas, seus pecados

[...] Purgatório é uma casa de penhores, que empresta sobre todas as virtudes,

a juro alto e prazo curto. Mas os prazos renovam-se, até que um dia uma ou

duas virtudes medianas pagam todos os pecados grandes e pequenos.

(p. 143-144)

• Bento teve uma vertigem ao pegar na mão de Sancha e fica dias pensando

maliciosamente nisso

• Bento menciona que Escobar morreu, mas sem comoção alguma

Cap. CXXI/A CATÁSTROFE: Escobar morreu afogado em março de

1871; tinha o costume de nadar

Cap. CXXIII/OLHOS DE RESSACA: o funeral de Escobar

[...] Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da

viúva, sem pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do

mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã. (p. 152-153)

• Durante o enterro, Bento observa Capitu, que olha fixa para o cadáver de Escobar:

[...] Capitu olhou alguns instantes para o cadáver fixa, tão apaixonadamente fixa,

que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas. (p. 152)

• Bento compara sua desgraça a do Rei Príamo de Tróia, que beijou a mão do

assassino de seu filho Heitor, Aquiles

- Fizera um discurso para o funeral

- Rasgou-o para esquecê-lo, mas se arrepende mais tarde

Cap. CXXXII/O DEBUXO E O COLORIDO:

a raiva de Bento, o sentimento de posse e

insegurança

[...] Quando nem mãe nem filho estavam comigo, o

meu desespero era grande, e eu jurava matá-los a

ambos, ora de golpe, ora devagar, para dividir pelo

tempo da morte todos os minutos da vida embaçada e

agonizada. (p. 159)

• O casamento de Bento e Capitu estava em crise: as

metáforas cheiram ao mar e aos olhos de ressaca

• Ezequiel foi para um colégio interno, ideia de Capitu:

- Era apegado ao pai, mas, a cada sábado de visita,

mais se parecia com Escobar

Ob. Bento vai ao teatro e assisti à peça Otelo, de William

Shakespeare:

- os ciúmes são o tema da tragédia

- Último ato: Benta pensa que Capitu deveria morrer

- Está cego pelos ciúmes

• Bento não se reconhece mais como pai de Ezequiel:

[...] Não, não, eu não sou teu pai! (p. 164)

Cap. CXXXVIII/CAPITU QUE ENTRA: questiona Bento sobre o

episódio no café com

Ezequiel

• Bento acusa a esposa de trai-lo com Escobar

[...] Pois até os defuntos! Nem os mortos escapam a seus ciúmes! (p. 166)

• Quando Capitu olha para o retrato de Escobar, Bento entende que o gesto é

uma confissão da traição

• Bento está certo de que deve se separar de Capitu e planeja uma viagem à

Europa com a família

- Ele retorna ao Brasil, mas deixa esposa e filho na Suíça

- De ano em ano, viaja à Europa, mas não os visita

- As viagens eram para similar isso e acalmar os curiosos

Cap. CXLII/UMA SANTA: Dona Glória falece

• Inscrição no túmulo: “Uma Santa”

• José Dias falece logo depois

• Anos mais tarde, Bento construiu uma casa no Engenho Novo, uma réplica

da casa de Mata Cavalos e mandou destruir a casa antiga

Cap. CXLV/O REGRESSO: Bento recebe uma carta de Ezequiel

• O filho foi entregá-la pessoalmente

• Capitu faleceu na Suíça

• Bento teima em ver no rapaz a imagem de Escobar

• Ezequiel falece de febre tifóide, e fora enterrado em Jerusalém

[...] Tu eras perfeito nos teus caminhos. (p. 173)

• Bento jantou bem, foi ao teatro, como se nada tivesse acontecido

Cap. CXLVIII/E BEM, E O RESTO?

• Bento se relaciona com várias mulheres, mas nenhuma o faz esquecer Capitu

[...] cap. IX, vers. 1: Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se

meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti. (p. 179)

• Último parágrafo:[...] E bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica, e é a suma das sumas, ou oresto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tãoextremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-see enganando-me... A terra lhes seja leve! (p. 174)

QUESTÕES

INSTRUÇÃO: (UFRGS/1998) Instrução: as questões de números 1 a 3 referem-se à obra DomCasmurro, de Machado de Assis.

CAPÍTULO XXIV DE MÃE E DE SERVO

José Dias tratava-me com extremos de mãe e atenções de servo. A primeira coisa que conseguiulogo que comecei a andar fora, foi dispensar-me o pajem; fez-se pajem, ia comigo à rua. Cuidavados meus arranjos em casa, dos meus livros, dos meus sapatos, da minha higiene e da minhaprosódia. Aos oito anos os meus plurais careciam, alguma vez, da desinência exata, ele acorrigia, meio sério para dar autoridade à lição, meio risonho para obter o perdão da emenda.Ajudava assim o mestre de primeiras letras. Mais tarde, quando o padre Cabral me ensinavalatim, doutrina e história sagrada, ele assistia às lições, fazia reflexões eclesiásticas, e, no fim,perguntava ao padre: "Não é verdade que o nosso jovem amigo caminha depressa?" Chamava-me "um prodígio"; dizia a minha mãe ter conhecido outros meninos muito inteligentes, mas queeu excedia a todos esses, sem contar que, para a minha idade, possuía já certo número dequalidades morais sólidas. Eu, posto não avaliasse todo o valor deste outro elogio, gostava doelogio; era um elogio.

1. O capítulo foi extraído de um romance de Machado de Assis chamado

(A) Memorial de Aires.(B) Memórias Póstumas de Brás Cubas.(C) Quincas Borba.(D) Dom casmurro.(E) Esaú e Jacó.

3. Considere as seguintes afirmações.

I. O personagem-narrador recorda eventos de suainfância e de sua educação sob a tutela de JoséDias, que o tratava com indiferença durante odia e o avaliava com isenção ao comentar, deforma depreciativa, com a mãe do narrador, odesempenho escolar deste.

II. José Dias oscila entre extremos de mãe eatenções de servo, ambivalência que ressurge noquarto período do capítulo-parágrafo, em que opersonagem é caracterizado, ao mesmo tempo,como meio sério, para garantir autoridade, emeio risonho, ao exibir servilismo.

III. Embora José Dias seja o fio condutor danarrativa do capítulo citado e nos sejamfornecidos dados preciosos sobre sua infância eadolescência, o personagem-narrador não odescreve fisicamente nem reproduz sua fala.

Quais estão corretas?

(A) Apenas I.(B) Apenas II.(C) Apenas I e III.(D) Apenas II e III.(E) I, II e III.

2. É correto afirmar que o auxiliopedagógico de José Dias incluía

(A) ajudar na instrução do personagem-narrador sem incentivar sua vaidade.

(B) corrigir a prosódia e os deslizesgramaticais do jovem personagem-narrador.

(C) substituir a mãe do personagem-narrador na atividade de decorar oquarto deste.

(D) elogiar a solidez das qualidades moraisda mãe do personagem-narradorperante este.

(E) discutir com o padre Cabral as liçõesde doutrina e história sagrada.

(UFRGS-2003) Assinale a alternativa correta em relação ao romance Dom

Casmurro.

(A) Para libertar-se do cumprimento da promessa materna, sair do seminário e

casar com a sua amiga de infância, Bentinho alega estar com lepra.

(B) Por sugestão do Imperador, Bentinho ingressa na Escola de Medicina no

Rio de Janeiro com o apoio entusiasta de dona Glória e da família do

Pádua.

(C) Nos capítilos dedicados ao enterro de Escobar, o narrador impressiona-se

com o olhar que Capitu lança ao afogado, comparando-o com as ondas do

mar.

(D) Trata-se de um romance realista, narrado de forma isenta e linear, evitando

recuos, dubiedades e intromissões do narrador.

(E) Os capítulos finais narram a viagem de Bento à Europa, na tentativa de

reencontrar Capitu e Ezequiel.

UFRGS 2016

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