Dom Bosco Parte II: Amigo dos jovens ... · “Entreguei-me à vida recolhida e fiquei mesmo...

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Dom Bosco

Parte II: Amigo dos jovens

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No dia 3 de novembro de 1835, João entrava noSeminário de Chieri. Tem início o biênio deestudos de filosofia. Ao entrar no seminário, leua sentença que estava numa das paredes: “Paraos tristes as hora passam lentamente; para osalegres, depressa”. Disse ao colega Gangliano:“eis ai nosso programa: vamos estar semprealegres e o tempo passará depressa”. Perguntouao professor, P. Francisco Ternavasio (1806-1886)o que deveria fazer para ser um bomseminarista. E a resposta veio lacônica: “Uma sócoisa, o cumprimento exato do dever”.

“Entreguei-me à vida recolhida e fiqueimesmo persuadido de que quem quer dar-se ao serviço do Senhor deve deixarinteiramente os divertimentos mundanos.”

Os anos foram passando. Bosco eLuís Comollo continuavam grandesamigos. Muitas vezes deixavam ocafé da manhã para irem juntos àigreja S. Filipe comungar.

Muitos jovens de Chieri chegavampara conversar com Bosco. Ele osreunia no salão do seminário, comdisciplina e muita alegria.

Também de Becchi e Castelnuovo osantigos colegas iam visitá-lo. Quandoalguém, por brincadeira, dizia que nãogostava de padre, João respondia:“Então, não há problema, pois ainda nãosou padre!” E a diversão era geral…

Após a recreação, Bosco levava osamigos até a Igreja, para uma prece. Nahora da despedida, convidava-os paravoltarem no domingo seguinte. Seusonho parecia estar se realizando…

Durante as férias, a casa de mamãeMargarida se transformava em escolade artes e ofícios: muita coisa paraconsertar e construir. João aprendiapara mais tarde ensinar os jovens aganhar o pão com o trabalho.

-”Colegas, amanhã faremos umarevisão no programa de HistóriaAntiga. E, depois de amanhã, umexercício de redação. Preparem-sebem! Por hoje é só, boa sorte!”

João empregava boa parte do tempo paraestudar e refletir. -”Foi neste prado que vipela primeira vez meus ferozes cordeirinhos.Nesta árvore aqui amarrei a corda para onúmero de equilíbrio. Aqui, as exibições deequitação; lá, a estrada de Castelnuovo. Opadre Calosso…”. Em 1837, D. Bosco inicia oquinquênio de estudos de teologia.

No seminário, conheceu o padre JoãoBorel, (1801-1873), pregador dosexercícios espirituais na primavera de1838. D. Bosco descreve nas Memóriasdo Oratório o encontro com ele.

Luis Comollo, o grande amigo de Bosco, évítima de uma doença fatal. Ao serconsolado, Comollo diz que o maisimportante não é ter uma longa vida, massim vontade de cumprir a vocação e quelogo terão notícias dele…Morreu no dia 2de abril de 1839.

Na noite de 3 ou 4 de abril, uma voz ressoaforte no dormitório dos seminaristas:“Bosco… Bosco! estou salvo!… “ Era a voz deComollo. Bosco e Comollo tinham feito umpacto de que, quem morresse primeiro, iriadizer se estava salvou ao não.

O episódio deixou todos apavorados. Bastanteatordoado, Bosco teve de passar alguns dias na cama.Teve a ideia de ganhar um ano, estudando durante asférias. Fez o pedido para o Arcebispo Fransoni, quedeu autorização. Assim, poderia concluir oquinquênio teológico no ano letivo 1840-1841. Alegou,como razão, a idade: já tinha completado 24 anos.

Foi ordenado subdiácono em 19 desetembro de 1840. No dia 29 demarço de 1841, recebeu o diaconato.

Preparou-se para a ordenação com os exercícios espirituais iniciados na casa daMissão em Turim, no dia 26 de maio de 1841. A pregação de conclusão foi sobre otema: “o padre não vai sozinho para o céu, nem vai sozinho para o inferno”. Tomoualgumas resoluções: fazer “passeios” só “por graves necessidades”, “ocuparrigorosamente o tempo”, sofrer tudo para “salvar almas”, temperança na comida e nabebida, muito trabalho e pouco repouso noturno, nenhum durante o dia. O quartodizia: “A caridade e a doçura de São Francisco de Sales guiem-me em tudo”. O oitavoreferia-se à vida de oração, o último à discrição no trato com as mulheres.

No dia 5 de junho de 1841, JoãoBosco foi ordenado padre nacapela do Arcebispado, sendo oordenante D. Fransoni.

“Celebrei a primeira missa na igreja de S. Francisco deAssis, em Turim, assistido pelo P. Cafasso, meu insignebenfeitor e diretor. Esperavam-me, ansiosamente, nomeu povoado, onde fazia muitos anos que não haviaprimeira missa. Mas preferi celebrá-la em Turim, sembarulho, no altar do Anjo da Guarda. Posso chamaraquele dia de o mais belo da minha vida”.

Na quinta-feira seguinte, 10 dejunho, dia de Corpus Domini, DomBosco cantou a missa na terra natal.

Naquela noite, Mamãe Margarida achou um momento para lhefalar a sós: “João, agora você é padre. Está mais perto de Jesus. Eunão li livros, mas lembre-se que: começar a rezar Missa é começara sofrer. Por enquanto, nem perceberá. Mas, aos poucos, verá quesua mãe lhe disse a verdade. De agora em diante, pense apenas nasalvação das almas. E não se preocupe comigo.”

No dia 3 de novembro, Dom Bosco, depois deconsultar o P. Cafasso em vista da destinação, entrano Colégio Eclesiástico de Turim e é envolvido nacatequese para jovens e adultos. Entretanto, demodo crescente, revelaram-se determinantes oimpacto com a cidade de Turim…

E o envolvimento na sorte de umajuventude que, no futuro, Dom Boscodefiniria como “pobre e abandonada”e “emperigo e perigosa”.

O P. Cafasso convidou Dom Bosco para ir visitar asprisões. Causou dor “ver um grande número de jovens,dos 12 aos 18 anos, todos sãos, robustos, de espíritovivaz, mas sem nada para fazer, picados de insetos, àmíngua de pão espiritual e temporal, foi algo que meencheu de horror”, escreveu nas Memórias do Oratório.

Bosco percebe que as coisas ali estão erradas: “o que mais me impressionava”,escreveu Dom Bosco, “era que muitos, ao sair de lá, estavam decididos a levaruma vida melhor, diferente. Talvez só por medo da prisão. Mas, depois depouco tempo, acabavam voltando”. “Esses rapazes precisariam ter lá fora umamigo que cuide deles, os assista, instrua, leve à igreja nos dias santos. Então,não voltariam à prisão”.

Observando alguns jovens que sedesentendiam na rua, em meio a umabrincadeira, João pensa consigo: “Foi assimque começaram aqueles que estão atrás dasgrades.”

O tímido inicio desta realização acontece namanhã de 8 de dezembro de 1841. D. Bosco estápara rezar a missa na igreja de S. Francisco. Umjovem está na sacristia. O sacristão pede paraque ele ajude a missa. Ele diz que não sabe. Osacristão o expulsa dali… e Dom Bosco o mandachamar… diz ao sacristão que aquele jovem éseu amigo.

Conversando com o garoto, Bosco ficasabendo seu nome: Bartolomeu Garelli.Seus pais já morreram, e ele está só. Joãoconvida-o a conversarem após a missa.

Durante a conversa, Garelli conta queainda não sabe ler e nem fez a primeiracomunhão. João o convida para vir aomenos uma vez ao catecismo, mas Garellise sente inibido, pois é bem maior que osoutros. Dom Bosco, após rezar uma Ave-Maria, dá a primeira aula de catecismopara este jovem.

Certamente, não era a primeira vez queDom Bosco ensinava catecismo. Contudo,uma emoção muito especial tomou contadele. Uma semente muito fértil estavasendo lançada. E começou a germinar commuito vigor.

João Bosco diz para que ele retorne etraga mais colegas. No domingoseguinte, aparecem mais jovens.

Com o tempo, o grupo foi crescendo.A sala de aulas particulares decatecismo já estava pequena demais.

O padre Cafasso ofereceu a Dom Boscoo pátio do seminário para os jogos,depois da aula. A garotada se divertia,mas ao mesmo tempo perturbava osossego dos moradores próximos.

Os pátios internos também já se tornavampequenos, e todos passaram a reunir-se aoar livre. Eram mais de 200, e Dom Boscosabia o nome de cada um.

Os jovens aprendiam de tudo: ler, escrever, somar, subtrair.Os mais velhos, garçons, varredores e trabalhadoreseventuais, invadiam as dependências de Dom Bosco parareceber alguma instrução. Nesta época, Dom Bosco eracapelão da Marquesa Barollo. Os jovens iam ao Refúgio,que era uma obra destinada a meninas.

-“Dom Bosco, admiro muito seu trabalho, mas, assim, ficará esgotado.Deixe de lado os rapazes e venha se dedicar só às meninas de meu colégio”.-”Sinto muito, senhora Marquesa. Esses jovens são muito importantes paramim, e estão necessitados. Eu fico com eles!”.-“Lamento muito, mas tenho de lhe pedir que não use mais meu terrenopara os seus garotos.”

Naquela noite, D. Bosco viu novamentesua Mestra e Auxiliadora.-”Não sei onde levá-los agora. São muitos,e ninguém nos suporta mais.”-”Há um descampado em Valdocco, olugar dos mártires de Turim. Leva-os paralá.”Nossa Senhora mostra-lhe em sonho umesplêndido santuário em sua honra.-”Esta é a minha casa. Este é o lugar daminha glória.”