Doenças metabólicas e atividade física
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CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO - EAD
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
FRANCK MASCARENHAS LIMA
DOENÇAS METABÓLICAS E ATIVIDADE FÍSICA: UMA INTERFACE NECESSÁRIA
SALVADOR – BA2013
FRANCK MASCARENHAS LIMA
DOENÇAS METABÓLICAS E ATIVIDADE FÍSICA: UMA INTERFACE NECESSÁRIA
Trabalho apresentado ao Centro Universitário Claretiano - EAD para a avaliação parcial na disciplina Bioquimíca sob orientação do prof. XXXXXXX.
SALVADOR – BA2013
INTRODUÇÃO
As doenças metabólicas também originadas de erros inatos do metabolismo
(EIM) formam um grande grupo de doenças genéticas, portanto hereditárias, que
abrangem cerca de 10% de todas as doenças de origem genéticas. Participam deste
grupo cerca de 500 distúrbios conhecidos atingindo a proporção de um indivíduo a
cada mil (1/1000) nascidos vivos, sendo assim consideradas doenças raras.
Os erros inatos do metabolismo são assim chamados porque provêm da
deficiência em alguma via metabólica que está envolvida na síntese (anabolismo),
transporte ou na degradação (catabolismo) de uma substância. Em outras palavras,
esses erros de metabolismo podem ser a falta de atividade de enzimas ou defeitos
no transporte de proteínas, basicamente.
As doenças metabólicas, geralmente são doenças que afetam todo o
organismo, podendo se manifestar em qualquer faixa etária. Por ter essa
particularidade, médicos de diferentes especialidades devem ficar atentos aos sinais
e sintomas de um erro metabólico em qualquer paciente que, por acaso, possa ser
encaminhado aos seus cuidados.
Ressalta-se que muitas dessas doenças de origem metabólica possuem
tratamento quando são diagnosticadas nos primeiros meses de vida e, se forem
tratadas corretamente pode-se evitar graves conseqüências, como por exemplo,
deficiência mental, convulsão, paralisias e até mesmo a morte, ao passo que
proporciona melhor qualidade de vida aos pacientes e seus familiares. Mesmo em
casos que não há tratamento, o diagnóstico da doença metabólica permitirá o
aconselhamento familiar com orientação do risco de reincidência em próximas
gestações. Isso porque a maioria das doenças metabólicas são herdadas de forma
autossômica recessiva (onde ambos pais são portadores sem apresentar sintomas)
de forma recessiva ligada ao cromossomo X (onde a mãe é a transportadora) e
outras como herança especial chamada de materna (ou herança mitocondrial).
No que tange ao diagnóstico precoce, a Espectrometria de Massas em
Tandem, realizada no teste do pezinho é uma revolucionária metodologia que
permite identificar mais de 20 Erros Inatos do Metabolismo. O uso deste exame
laboratorial como ferramenta no diagnóstico dessas doenças metabólicas, permite a
prevenção de deficiências e mortes prematuras, como foi exposto.
As doenças metabólicas dividem-se em duas classes: Categoria 1, que
abrangem as alterações que afetam um único sistema orgânico ou apenas um
órgão, como o sistema imunológico e os fatores de coagulação ou túbulos renais e
eritrócitos; a Categoria 2, que abarca um grupo de doenças cujo defeito bioquímico
afeta uma via metabólica comum a diversos órgãos, como as doenças lisossomais,
ou restrito a um órgão apenas, no entanto com manifestações humorais e
sistêmicas, como a hiperamonemia nos defeitos do ciclo da uréia.
Ressalta-se que as doenças metabólicas da Categoria 1 onde os sintomas
são mais uniformes, o seu diagnóstico é facilitado. Por sua vez, as doenças da
Categoria 2 apresentam enorme diversidade clínica e acarretam grande dificuldade
diagnóstica, por isso essa categoria é subdividida em três grupos:
O Grupo I: que compõe os distúrbios de síntese ou catabolismo de moléculas
complexas; o Grupo II: que abrangem os erros inatos do metabolismo intermediário
que culminam em intoxicação aguda ou crônica; e, por fim, o Grupo III: que envolve
doenças que apresentam deficiência na produção ou utilização de energia.
Diante do exposto, é mister salientar que uma doença metabólica pode
ser congênita (devido a alguma anormalidade geneticamente herdada) ou pode
ser adquirida (devido a alguma doença ou disfunção endócrina, hormonal). Aqui
trataremos das doenças metabólicas mais comuns que afetam a população
brasileira seja ela adquirida ou herdada. Como por exemplo, o diabetes, a
dislipidemia e a síndrome metabólica.
2. AS DOENÇAS METÁBOLICAS E A ATIVIDADE FÍSICA
A atividade física é indispensável para o bom funcionamento do corpo
promovendo, além de saúde, bem-estar e elevação da auto-estima. Assim, a
atividade física pode ser preventiva e também terapêutica já que os exercícios
físicos realizados de modo adequado podem eliminar até o uso medicamentoso no
tratamento de algumas doenças.
A) Dislipidemia
É uma doença metabólica caracterizada pelas concentrações anormais de
lipídios (gorduras) e lipoproteínas no sangue, fazendo com que haja alterações do
colesterol total, do colesterol LDL, do colesterol HDL e do triglicérides. Ressalta-se
que as alterações provocadas por tais concentrações anormais podem promover o
surgimento de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, o infarto, o
derrame e a aterosclerose, por exemplo.
Salienta-se que os índices elevados de triglicérides sanguíneos estão
relacionados à incidência de um mal metabolismo do pâncreas. A alteração no
metabolismo pode ocorrer devido a alterações nas concentrações dos lipídios
sanguíneos, como o aumento de peso, dieta inadequada (rica em colesterol,
gorduras saturadas e gorduras trans), sedentarismo, por meio do uso de alguns
medicamentos e a presença de algumas doenças que interferem no metabolismo,
como a diabetes e o hipotireoidismo. No entanto, a dislipidemia pode surgir também
proveniente de fatores genéticos que, em alguns casos, só se manifestam quando
há influência ambiental. Seu diagnóstico pode ser feito através de um exame de
sangue para verificação dos níveis plasmáticos de colesterol total, LDL, HDL e
triglicérides.
Outro ponto importante que deve ser ressaltado é que a dislipidemia é uma
doença metabólica que pode desenvolver doença cardíaca quando estão
associadas a:
Aumento de LDL (colesterol ruim); Pressão alta (tratada ou não tratada); Baixo HDL (colesterol bom); Sedentarismo; Sobrepeso e obesidade; Diabetes mellitus; Idade – homens ≥ 45 anos ou mulheres ≥ 55 anos; Hereditariedade – história familiar de irmão e/ou pai com doença
coronariana < 55 anos, ou mãe e/ou irmã < 65 anos.
A atividade física recomendada para quem possui a dislipidemia é a aeróbica
de 3 a 6 vezes por semana com sessões de 30 a 60 minutos com o intuito de
melhorar o condicionamento físico e promover perda de peso, especialmente para
aqueles que são sedentários e estão acima do peso adequado.
B) Diabetes
A Diabetes Mellitus (ou simplesmente diabetes) está entre as 5 doenças que
mais matam, chegando cada vez mais ao topo da lista segundo dados do Ministério
da Saúde. É uma doença metabólica que se caracteriza pela hiperglicemia
(aumento do nível de açúcar no sangue) desencadeada por secreção deficiente de
insulina pelas células do pâncreas e/ou aumento da resistência periférica à ação
desta. Ressalta-se que essa doença pode ser herdada (congênita) ou adquirida.
A hiperglicemia crônica está associada com dano e insuficiência de vários
órgãos. Salienta-se que a evolução da diabetes é a causa mais comum de cegueira,
amputações e insuficiência renal em adultos no ocidente e, também é o causador de
fator de risco coronariano, aumenta a incidência de infarto agudo do miocárdio e
acidente vascular cerebral.
A atividade física é recomendada para quem possui diabetes ou para
prevenção já que o exercício físico diminui imediatamente a taxa de glicose
(resultado imediato) e melhora o controle do diabetes a longo prazo. Assim, a
atividade física tem função parecida com a insulina no tocante ao aumento da
utilização de glicose pela célula. Atividades como caminhada e natação são
excelentes para quem possui diabetes, sendo estas serem freqüentes, pelo menos
três vezes por semana.
Alguns cuidados devem ser tomados para conciliar atividades físicas e
diabetes, por isso, o teste ergométrico é o primeiro passo para se avaliar a condição
cardiovascular. Assim, caso o teste ergométrico apresente normalidade, não é
necessário nenhuma outra avaliação. Entretanto, se a pessoa tiver diabetes do tipo
2, porque além de avaliação cardiovascular, é importante avaliar a presença de
doença arterial periférica, doença renal e etc. Ressalta-se que nenhuma dessas
doenças impede a atividade física, que deve ser feita moderadamente e sempre
prescrita de acordo com o individuo. Além disso, a pessoa diabética deve ser
orientada a ficar atenta ao aparecimento de bolhas nos pés, nas mãos, bem como a
importância da hidratação.
C) Síndrome metabólica
A síndrome metabólica ou plurimetabólica é caracterizada pela associação de
fatores de risco para as doenças cardiovasculares (ataques cardíacos e derrames
cerebrais) bem como doenças vasculares periféricas e diabetes. Esta síndrome tem
como base a resistência à ação da insulina, o que obriga o pâncreas a produzir mais
esse hormônio, causando uma série de complicações, como foi exposto.
Conforme a literatura, a Síndrome Metabólica é uma doença da civilização
moderna, associada à obesidade, como resultado da alimentação inadequada e do
sedentarismo, ou seja, é fruto de alteração do metabolismo oriundo de uma série de
fatores de risco tais como:
Intolerância à glicose, caracterizada por glicemia em jejum na faixa de 100 a
125, ou por glicemia entre 140 e 200 após administração de glicose;
Hipertensão arterial;
Níveis altos de colesterol ruim (LDL) e baixos do colesterol bom (HDL);
Aumento dos níveis de triglicérides;
Obesidade, especialmente obesidade central ou periférica que deixa o corpo
com o formato de maçã e está associada à presença de gordura visceral;
Ácido úrico elevado;
Microalbuminúria, isto é, eliminação de proteína pela urina;
Fatores pró-trombóticos que favorecem a coagulação do sangue;
Processos inflamatórios (a inflamação da camada interna dos vasos
sanguíneos favorece a instalação de doenças cardiovasculares);
Resistência à insulina por causas genéticas.
No que tange a atividade física, a recomendação de exercícios físicos para
quem possui a síndrome metabólica a recomendação é uma média de 3 a 5 dias por
semana de atividades aeróbicas com cerca de 30 a 60 minutos de duração. Os
exercícios físicos poderá ajudar diminuir os fatores de risco cardiovascular, além de
melhorar a capacidade funcional e o bem-estar e aumentar a participação em
atividades domésticas e recreativas. Essas atividades podem ser caminhada, corrida
e natação, já que são atividades que melhorem o condicionamento
cardiorrespiratório, dá força e resistência muscular.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo apresentar as doenças metabólicas seus
conceitos e características fazendo uma interface com a atividade física.
Com este estudo foi possível perceber que as doenças metabólicas são
provenientes de erros inatos do metabolismo. Além disso, abordou-se também que
as doenças que afetam o metabolismo podem ser congênitas ou adquiridas. Quando
congênitas, as doenças metabólicas se diagnosticadas precocemente,
principalmente nos primeiros dias de vida podem ser tratáveis. Por sua vez, as
doenças metabólicas adquiridas podem ter seus efeitos atenuado por meio da
prática regular de atividade física, possuindo assim características preventivas e
terapêuticas. Além disso, este estudo tratou sobre a recomendação da atividade da
para cada tipo de doença metabólica apresentada.
Por fim, conclui-se que a prevenção e a reabilitação proveniente de doenças
metabólicas se dá por meio da atividade física, desde que feita sob medida para
cada tipo de sujeito, respeitando sua condição física, idade e limitação. Enfim, com a
realização deste trabalho foi possível compreender um pouco mais sobre essas
enfermidades que estão, cada vez mais, assolando pessoas em todo o mundo. Tais
informações aqui aprendidas serão de grande valia para os futuros profissionais da
educação física que no seu dia a dia lidarão pessoas de todos os tipos, inclusive
portadoras de doenças metabólicas, sendo instrumentalizados a lidar com elas de
modo adequado, promovendo, assim, saúde e bem-estar às pessoas que tiverem
aos seus cuidados.
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