Doença de Wilson e Hemocromatose
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Doença de Wilson e Hemocromatose
Aluna:Safia Naser
A Doença de Wilson
A Doença de Wilson é um distúrbio hereditário no qual há quantidades excessivas de
cobre no corpo, o que causa uma variedade de efeitos, incluindo doenças hepáticas e danos
ao sistema nervoso.
A doença de Wilson é conhecida desde 1883,quando Westphal a denominou de
pseudoesclerose ao observar a presença de tremores e rigidez em dois pacientes.. Hall, em
1921, a descreveu como degeneração hepatolenticular. A degeneração hepatolenticualar
origina-se de distúrbio genético, de transmissão autossômica recessiva, que provoca
alterações no metabolismo do cobre. Estas alterações comprometem a síntese de
ceruloplasmina e provocam deposição de cobre em vários locais do
organismo,principalmente, no fígado, cérebro, córnea (membranade Descemet) e rins. É
uma doença rara, com nício entre os 11 e 25 anos de idade.
O cobre está presente na maioria dos alimentos, e pequenas parcelas dele são tão
essenciais quanto as vitaminas.Às vezes se ingere mais cobre do que se necessita; as
pessoas saudáveis eliminam o cobre de que não precisam, mas os doentes de Wilson não
fazem isso espontaneamente.
O cobre, absorvido no intestino, ao alcançar os hepatócitos liga-se à apotioneína para
formar a Cu-metalotioneína ou é incorporado à ceruloplasmina, retornando à circulação, ou
é excretado na bile. Os dois últimos passos estão alterados na Doença de Wilson. Na bile, o
cobre liga-se a diferentes substâncias, estando associado a substâncias derivadas ou
semelhantes à ceruloplasmina;
Os pacientes podem apresentar doença do fígado ou anomalias na função hepática,
icterícia, inchaço do abdome, vômito de sangue ou dor de estômago.Podem apresentar
anomalias motoras várias: tremores ou descoordenação motora (ex: para escrever à mão),
dificuldade para caminhar, descoordenação no andar, enrijecimento ou rigidez (distonia),
reflexos anormais, dificuldade para falar e para engolir, baba, reações oculares anormais
(sintoma incomum).
Podem desenvolver alguma doença mental: depressão, agressividade, comportamento
anti-social que pode levar até o aprisionamento; a impulsividade pode, inclusive, levar ao
suicídio ou ao homicídio. O sintoma pode ser uma anemia hemolítica ou sintomas
semelhantes aos do parkinsonismo.
As mulheres podem apresentar irregularidade na menstruação, períodos de ausência de
menstruação, infertilidade ou abortos múltiplos.Não importa como a doença começa, ela é
sempre fatal se não for diagnosticada e tratada. Por outro lado, é importante se saber que os
sintomas podem ser revertidos quando a doença é tratada.
O primeiro lugar do corpo que o cobre ataca, é o fígado.Em cerca de metade dos
pacientes de Wilson, o fígado é o único órgão afetado.As alterações nas células do fígado
são visíveis apenas no microscópio.Quando a doença evolui, costuma-se pensar que se trata
de uma hepatite infecciosa ou de uma mononucleose infecciosa, quando na verdade o que
eles têm é a hepatite da doença de Wilson.Um resultado inexplicável em um teste de fígado
deve sempre levar a se pensar em um diagnóstico de Doença de Wilson..
Para o tratamento dessa doença deve-se reduzir a ingestão de cobre (com os meios
farmacológicos disponíveis atualmente, restrições dietéticas drásticas são dispensáveis
Aumentar a excreção de cobre (principal forma de tratamento). A medicação no caso da
Doença de Wilson consiste:
D-penicilamina (distribuída no Brasil pela Merck Sharp & Dohme, com o nome de
CUPRIMINER). Tem sido usada desde 1956 e é a forma mais importante de quelação do
cobre, com aumento da excreção urinária. Dose: 20mg/kg/d. Duas a quatro doses diárias
são administradas, com dose total variando de 1-2 g/dia. Plaquetopenia e leucopenia são
complicações importantes, ocorrendo também anemia aplástica e agranulocitose. Toxidade
renal (proteinúria e hematúria) é reversível. Em algumas situações, mesmo após a
suspensão da droga, ocorre progressão para síndrome nefrótica e glomerulonefrite
membranosa. Em caso de piora dos sintomas neurológicos, o tratamento consiste na
redução da dose da medicação.
Trientine (trietilenotetramina): do mesmo laboratório, nome comercial= SYPRINER,
ainda não disponível no Brasil. É uma alternativa bem razoável para os pacientes com
reações colaterais importantes à D-penicilamina. Também aumenta a excreção urinária,
porém é menos potente. É efetivo por via oral, com dose máxima de 2 g por dia para
adultos e 1,5 g para crianças, divididas em duas a quatro tomadas, em jejum. Infelizmente,
pacientes que apresentam reações adversas à D-penicilamina, como formas graves de lúpus
e lesões renais, podem também ser suscetíveis ao trientine.
Acetato ou Sulfato de Zinco: age bloqueando a absorção de cobre pelo trato intestinal.
Sua maior vantagem é a ausência de efeitos colaterais. O zinco induz a síntese de
metalotioneína (proteína carreadora de metais que oferece sítios de ligação para o cobre
livre). Acredita-se que a diminuição da absorção do cobre deva-se à indução da
metalotioneína intestinal , que se ligaria ao cobre absorvido na mucosa intestinal. Em
conseqüência à descamação da mucosa intestinal, o cobre seria eliminado nas fezes.
Poderia também ocorrer indução de uma metalotioneína hepática, que transformaria o cobre
tissular em não-tóxico.
Os sais de zinco devem ser reservados para tratamento de manutenção, após o
paciente ter sido eficazmente tratado com quelantes de cobre. Há quem o considere
indicado no tratamento inicial de pacientes assintomáticos e de mulheres grávidas. A dose
de sulfato de zinco é de cerca de 200 mg, três vezes ao dia (75-300 mg/dia do zinco
elemento), 30-60 minutos antes das refeições.
Hemacromatose
A Hemocromatose é um erro inato do metabolismo do ferro que resulta em absorção
excessiva de ferro no intestino e depósito nos tecidos podendo levar à cirrose hepática,
diabetes, cardiomiopatia e outras complicações.
O ferro inorgânico proveniente da dieta atravessa a borda em escova da membrana
duodenal dos enterócitos via DMT1 depois da redução do estado Férico (Fe3+) em Ferroso
(Fe2+) pelo citocromo B (Dcytb) duodenal.
O ferro depois migra do enterócito para a circulação através de um processo
basolateral, via ferroportina (FPN) exportadora e iron oxidase hephaestin (Heph). Na
circulação, o ferro liga-se à transferrina plasmática, e depois é distribuído pelos sítios de
uso e armazenamento de ferro. A maioria destas reservas de transferrina diférrica são
usadas para a síntese de hemoglobina, nos eritrócitos imaturos, na medula óssea. No fim de
vida os eritrócitos senescentes são fagocitados pelos macrófagos e o ferro retorna à
circulação depois de ser exportado pela ferroportina. O péptido derivado do fígado –
hepcidina reprime o transporte basolateral de ferro nas vísceras, assim como a libertação de
ferro dos macrófagos e de outras células, servido como central reguladora do transporte de
ferro no corpo. A hepcidina responde às mudanças de necessidade de ferro corporais
através de sinais mediados pela HFE, TfR2 e hemojuvelina (HJV). O Heme é metabolizado
pela heme oxigenase no interior do enterócitos, e a libertação de ferro segue o mesmo
caminho.
Os sintomas dividem-se em dois grupos. Uns são chamados sintomas precoces que
normalmente indicam que a doença está no início e se tratada curará. São sintomas
precoces a fadiga e desconforto abdominal acompanhados de alteração discreta das enzimas
hepáticas, as transaminases. São sintomas mais tardios: impotência sexual, diabetes,
hiperpigmentação da pele, artrite e cirrose hepática. Alguns destes sintomas e sinais, tais
como a cirrose hepática e a diabetes são irreversíveis. Todavia, se tratados melhorarão mas
não revertem completamente.
O tratamento utilizado globalmente, de eficácia comprovada, relativamente barato e
praticamente inócuo é a flebotomia (sangria) periódica, ou seja, a retirada de sangue. As
células vermelhas do sangue contem hemoglobina, da qual o ferro é componente
importante (normalmente, 70% do ferro no nosso organismo está concentrado na
hemoglobina). Com a retirada periódica de sangue (nos pacientes com ferritina sérica >
1.000 ng/ml, geralmente uma bolsa de sangue por semana, com nova dosagem de ferritina a
cada 4 a 8 semanas), ocorre o deslocamento do ferro depositado nos tecidos para a
formação de novas moléculas de hemoglobina, até que não há mais excesso (no início do
tratamento, definido como ferritina sérica menor ou igual a 20 ng/ml). Depois, são
realizadas novas flebotomias em intervalos variáveis procurando manter o valor de ferritina
sérica menor ou igual a 50 ng/ml. Com esses cuidados, não costuma surgir anemia
significativa durante o tratamento e a evolução da doença é interrompida, não levando a
progressão das lesões nos órgãos-alvo.
Outra opção de tratamento, usada especialmente nos que não toleram a flebotomia pela
presença de anemia, é a quelação (uso de medicação que se une a íons metálicos e é
eliminada do organismo). O único agente quelante utilizado disponível até há pouco tempo
era a desferrioxamina (DFO), medicação usada por via endovenosa geralmente com uma
bomba de infusão, pois a aplicação deve ser feita lentamente (entre 8 a 12 horas) ou por via
subcutânea. Apesar dos benefícios, a medicação é tóxica, levando a irritação no local da
aplicação, deformidades ósseas, retardo no crescimento de crianças e efeitos neurotóxicos
visuais e auditivos.
Recentemente, a deferiprona (ferriprox®) e o deferasirox (exjade®) foram introduzidos
como opções mais acessíveis, pela sua administração oral, eficácia comparável à
desferrioxamina e menor índice de efeitos colaterais. No entanto, pode levar a efeitos
colaterais como agranulocitose, leucopenia, artralgia, náuseas e vômitos, dor abdominal e
hepatotoxicidade, não sendo portanto uma opção razoável à flebotomia nos pacientes sem
contra-indicação a esse procedimento.
Referencias Bibliograficas
http://www.scielo.br/pdf/anp/v63n1/23622.pdf
http://www.hepcentro.com.br/wilson.htm
http://sisbib.unmsm.edu.pe/Bvrevistas/gastro/Vol_21N1/hemocromatose.htm http://www.hepcentro.com.br/hemocromatose.htm http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/000327sym.htm