DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL filepessoa brasileira em sustentar o interesse...
Transcript of DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL filepessoa brasileira em sustentar o interesse...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Vida real X Vida virtual - Estamos de fato mais politizados?
Fabiano Guedes
ORIENTADOR: Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Transmídia: Gestão de Mídias Digitais.
Vida real X Vida virtual - Estamos de fato mais politizados?
Rio de Janeiro 2016
AGRADECIMENTOS
Antes de tudo agradeço a Deus por me amar e ter
concedido suas bênçãos sobre minha vida. À
minha esposa Miriam Rafael pelo apoio
incondicional. Aos companheiros de classe que
construíram belos e construtivos debates acerca
dos mais variados temas e aos professores, em
especial a Cristina Barbosa que compartilharam
grandes ensinamentos e experiências.
DEDICATÓRIA
A Deus, esposa e familiares e a todos brasileiros.
RESUMO
Política sempre foi um tema tido como tabu por boa parte dos
brasileiros contribuindo para um distanciamento entre o cidadão e a classe
política. Nesse trabalho monográfico, abordaremos essa efetiva resistência da
pessoa brasileira em sustentar o interesse político na sua vida real, assim
como a prática nas redes sociais e como elas contribuíram para esse
distanciamento, se caso existir, entre as vidas políticas virtuais e as reais.
A facilidade de acesso a informação que hoje se tem é um fato que
não pode se negligenciar. E no caso da política isso é mais gritante, pois fatos
são “vazados” e ofertados para toda e qualquer pessoa, facilitando a interação
democrática. Mas a pergunta que fica é: O povo está de fato interessado em
política ou seu interesse é apenas em “reclamar” de parlamentar “A” ou “B” de
partido “A” ou “B”?
METODOLOGIA
Utilizei para a elaboração deste trabalho o método da pesquisa
bibliográfica para embasar tal documento. Começando com obras tradicionais e
atuais da área de comunicação e fazendo um paralelo com algumas obras das
áreas de psicologia e filosofia.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Ser humano e sua opinião política 11
CAPÍTULO II
2.1 - Dois seres em um 20
2.2 - Início das Mídias Sociais 21
2.3 – Bipolaridade de personalidade virtual 23
CAPÍTULO III
3.1 - Brasileiro e política combina? 31
3.2 – O que as redes sociais mudaram nesse cenário? 35
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 41
INTRODUÇÃO
As redes sociais, assim como as diversas evoluções tecnológicas
atuante na área da comunicação ou não, junto aos aspectos culturais, sociais,
políticos e econômicos, contribuíram e ainda contribuem para o estreitamento
das relações entre pessoas, influenciando de uma forma geral na mudança de
seus comportamentos como costumes, ideologias, crenças, desejos e
necessidades, principalmente nas gerações mais recentes, que se
desenvolvem em curto espaço de tempo e já nascem sob o uso dessas
ferramentas.
Neste aspecto, a construção da identidade do indivíduo, a
comunicação social como um todo, o manuseio dos dados e a construção de
conhecimento têm sido afetados de maneira central por essas tecnologias da
informação e da comunicação. E é necessário que cada cidadão, independente
de idade, se aproprie desse universo disponível para poder interagir e refletir
com os jovens, por exemplo, sobre as relações e os limites entre o público e o
privado do conteúdo a ser publicado nas redes, a usabilidade do mesmo
espaço pode ter, uma vez que tanto serve à prática de bullying quanto para
fortalecer relações positivas de solidariedade, busca de emprego, estudos,
orientações e novos modos de engajamento civil.
Deixando o lado sócio filosófico e comportamental de lado, pelo menos
por enquanto, e se colocarmos nossa ótica sobre a questão do interesse
político, isso fica mais aparente. As pessoas ficaram mais efêmeras, basta uma
publicação sobre parlamentar tal com letras garrafas já replicam dando
opiniões, veredictos e penas, sem antes dá-se o trabalho de averiguar se é
verdade, qual a fonte é dada a notícia ou a periodicidade dela. Esse talvez seja
um dos grandes desafios que a rede apresenta: a conscientização, por parte do
usuário, do tamanho da comunidade da qual passa a fazer parte e o real poder
de disseminação de informações que esse ambiente possui: aquilo que se
registra na rede, seja em imagens ou palavras, atinge pessoas conhecidas e
desconhecidas, em uma velocidade incontrolável; uma vez registrado, não se
apaga, por mais que se busquem mecanismos para isso.
Os brasileiros são considerados um povo pouco “politizado”. Essa é
uma afirmação antiga, no entanto, fica sempre a dúvida, será que é verdade?
Se formos comparar sob uma ótica internacional, podemos encontrar uma linha
que irá confirmar essa afirmação. Afinal, nossas taxas de preferências
partidárias ou de participação política ainda são mais baixas do que a média
mundial, de acordo com estudo apresentado (CARREIRÃO e KINZO. 2004) e
repercutido pela Regional da ONU no Brasil.
A forma como foi construído a nação brasileira pode responder um
pouco sobre esse cenário. O povo brasileiro, aquele que é fruto da
miscigenação foi mantido como dependente nas grandes fazendas até 1930.
Sendo que de 1532 até 1930 nunca passamos de uma relação entre senhor e
subordinado. O brasileiro viveu ao longo da história governado, ou por
oligarquias ou por ditaduras, com três exceções: entre 1934-1937, entre 1946-
1964, e a partir de 1985 até os dias de hoje. Com isso, a participação política
brasileira democrática, em quesitos quantitativos, é de inferior de 60 anos, no
curso de 516 anos de história de nosso país.
No entanto, hoje temos uma ferramenta que antes não havia o que é
de grande importância, que é a internet. A facilidade de acesso a informação
que há atualmente não se pode negligenciar. Tempo atrás, a opinião pública
era formada com base em dados passados pelos veículos de comunicação
tradicionais como jornal, rádio e televisão. Hoje, na era da tecnologia, Twitter,
Facebook, Instagram, Google+ e tantos outros servem informações sobre
diversos assuntos, dogmas e costumes. No caso da política isso é mais
gritante, pois fatos são “vazados” e ofertados para toda e qualquer pessoa,
facilitando assim a aproximação da política do cidadão. Assuntos que eram tão
complicados e “cabulosos” outrora, agora são explicados demasiadamente
pelos veículos de informação visando facilitar a linguagem particular do “meio
político”
Porém ter facilidade de acesso a informação, não quer dizer que ela
está sendo adquirida, pensada, processada e que tenha contribuído para a
ativa participação política democrática nacional. Com isso em mente, a
pergunta que fica é: O povo está de fato interessado em política ou seu
interesse é apenas em “reclamar” de parlamentar “A” ou “B”, atacar partido “A”
ou “B”? Há um termo bastante popular sobre o assunto: “ativismo de sofá”.
Esse termo representa aquelas pessoas que se manifestam, gritam e se
revoltam nas redes sociais, sentadas em seus sofás (é possível, também,
traçar um paralelo com o “bater panelas” dentro de suas casas, em suas
varandas confortáveis).
Será que é isso que acontece hoje no Brasil? Nas redes sociais todos
fiscalizam, propõem, buscam debates fazem denuncias etc. Já na vida real não
se informam, não se lembram de quem votou, e nem sabem quantas sessões
seu representante participou no ano. Será que o mesmo interesse que tantos
demonstram nas redes sociais é o mesmo que estes praticam e sustentam da
vida real? Nesse trabalho procuramos entender esse fenômeno. O brasileiro
está mais para politizado do que ativista do sofá?
Dividida em quatro partes, o trabalho tem como a primeira etapa
abordar a necessidade do ser humano em falar sua opinião e fazê-la ser aceita.
Na segunda, mergulhamos no como as opiniões podem ser diferentes no plano
real e comparativo ao plano virtual. Já no terceiro estágio, mergulhamos no
comportamento político, propriamente dito, do povo brasileiro ao longo da
história. E finalizamos, com o advento das redes sociais e suas influências
nesse comportamento.
CAPÍTULO I
SER HUMANO E SUA OPINIÃO POLÍTICA
Opinar sobre tudo é uma característica do ser humano a tentativa de
dar conta do todo. Somos expansionistas por natureza, assim como os bebês.
As crianças demonstram suas curiosidades desde muito cedo. Essa
curiosidade pulsa fortemente na infância não é modificada na fase adulta,
apenas seus objetos de pesquisa. Se ainda pequenos fazemos travessuras
para saber o que tem acima do armário, quando adultos tentamos saber se há
água em Marte. A partir desta formulação, pode-se afirmar que há uma
predisposição do ser humano em oferecer saberes acerca do todo, uns com
mais precisão e outros com menos.
Através da linguagem e da cultura o ser humano é inserido na
sociedade, há uma diversidade extensa de cultura, tribos, etnias, grupos
sócias, familiares etc, onde cada indivíduo inserido na mesma estará
propensos a seguir, diversos fatores que muitas vezes são frequentes e
comum em uma sociedade em outra pode ser estranha, atípica e rara, além do
fato da influência familiar como valores sócias, morais, ordens e costumes que
terá grande peso sobre a formação do pensamento de cada individuo além de
sua própria singularidade.
De acordo com o Novo Michaelis Dicionário Prático Língua Portuguesa.
2ª ed. Revisada. e ampliada. Rio de Janeiro: Melhoramentos; 2011., o termo
opção é: modo de pensar, de julgar, de ver, ponto de vista ou posição tomada
sobre assunto em particular (social, político, religioso etc.); teoria, tese. No
sentido filosófico, opinar é a ter a liberdade de ter e adotar, como verdadeiras,
preferências e convicções religiosas e políticas, a despeito de estarem sujeitas
a dúvidas e questionamentos sobre sua validade e seus pressupostos, como o
próprio dicionário traz.
Nessa ideia filosófica, podemos traçar um paralelo com o termo muito
conhecido, que é a opinião pública, que se refere a um conjunto de
considerações próprias da população. Normalmente, ligada às opiniões
generalizadas sobre política, economia e todos os assuntos de interesse
público que se apresentam em uma determinada comunidade. Essa opinião
supostamente popular é minuciosamente estudada na área da política como
um meio de conhecer as tendências dos eleitores. Geralmente refletida nos
meios de comunicação, todavia haja pesquisas constantes para obtê-la.
Dentro da sociedade existe um debate constante sobre o seu
desenvolvimento. E isso não é novidade e pode ser vista desde a Grécia
Antiga, onde era comum a troca de ideia sobre temas que interferem no dia a
dia de todos os cidadãos. Hoje, estes debates estão longe de ser centralizados
e podem ser registrados em uma infinidade de situações. Assim, uma série de
opiniões vai solidificando e tornando-se comum.
O sociólogo francês Pierre Bourdieu, relata que a opinião pública seja
uma espécie de opinião geral. Como um consenso estabelecido entre uma
comunidade. Porém, na realidade a chamada ‘opinião pública’ consiste numa
opinião restrita somente aos que podem ter opinião, que possuem dignidade ou
instrução para tanto. A opinião pública seria, na verdade a opinião dos ilustres,
das pessoas que importam. Ela seria, então, uma forma de discurso de
autoridade. Esse discurso pode ser elaborado por meio de uma comissão de
especialistas, figuras públicas das mais variadas, que, em sua diversidade,
produzem um discurso resultante com ares de consenso, e impressão de
legitimidade.
A este respeito, a imprensa tem um papel importante para as opiniões,
mas que de certa forma podem ser dirigidas. A opinião pública se desenvolve
da mesma forma que um acervo de conhecimentos em assuntos que são
importantes para os moradores de uma sociedade. Em certas ocasiões, dada a
sua importância, a opinião pública tenta ser dirigida. Assim, por exemplo, nos
regimes totalitários, existem certas posturas e opiniões que são perseguidas e
suas publicações são censuradas.
Neste contexto, o objetivo é que algumas ideias sobre o funcionamento
da sociedade não circule para evitar a adesão popular ou a perda da força de
uma parcela protegida de um sistema beneficiário à ela. Seguindo o mesmo
critério, a intenção é circular apenas ideias, geralmente complacentes no que
se diz respeito à ordem das coisas.
De acordo com a (BOURDIEU, 2012) a mídia tem um papel bastante
significativo e influenciador a criação e consolidação da opinião pública uma
vez que as vezes constrói fatos do dia a dia que ganham a imagem das
emissoras de TV, as ondas dos rádios e as folhas dos jornais, e com a era
digital pulsante no nosso cotidiano, não podemos negligenciar os visores dos
smartphones e tablets. Esse protagonismo não para de expandir e ganhar
notoriedade com os novos mecanismos oriundos da revolução dos tempos
modernos, como internet e redes sociais. E esse cenário só ratifica a corrente
ideológica do pensador francês que evidencia o papel de domínio impositivo
dos meios de comunicação de massa.
E para classe política essa realidade é ótima. Um dado que demonstra
muito bem isso é que 271 políticos são sócios ou executivos de empresas de
radiodifusão nacional. Entre eles, há 147 prefeitos, 55 deputados estaduais, 48
federais, um governador, e 20 senadores. Os números são do HERZ, Daniel,
Donos da Mídia, 2013, Porto Alegre. Esse panorama nos faz pensar na linha
tênue entre o jornalismo ético, imparcial e de qualidade, aquele se choca com
os interesses dos parlamentares. No que tange a opinião pública, resta o
questionamento e a análise criteriosa sobre a isenção da notícia no momento
de sua abordagem e elaboração.
Como já abordamos, as opiniões manipuladas visam atender a
determinados interesses, que direcionam para racionalidade dos fatos vistos
pela versão das lideranças dominantes, conferindo a está visão o teor de
veracidade e que normalmente não são do bem comum. Esse cenário
constrangedor quanto quem são os supostos donos das notícias, acaba sendo
um ponto que enfraquece o próprio poder delas quanto se tem esse
conhecimento.
Nesse contexto, Bordieu destaca o grandioso poder de convencimento
da televisão para atingir as pessoas através do áudio e imagem. Ele denomina
essa capacidade como desempenho de “força perniciosa de violência
simbólica”. O poderio dos veículos de comunicação desperta a curiosidade dos
telespectadores e acaba atraindo pelo espetáculo promovido por eles. Como os
espectadores possuem a escolha da hora, dos canais e dos programas de
preferência para assistir, buscando ganhar a atenção deles, os fatos
importantes acaba ganhando artifícios que se aproxima da dramatização ou
dos filmes e novelas. Isto cede a possibilidade da TV criar realidades com o
fruto das edições que corta palavras do texto e dos personagens da história.
No cotidiano atual, a imprensa tradicional perdeu um pouco desse
monopólio, no que tange a produção de notícia. As mídias digitais representam
uma concorrência feroz, uma vez que permite os seus usuários consumir e
produzir conteúdo. Por isso, a internet representa uma grande ruptura cultural,
digna de ser chamada de terceira revolução industrial. Através dela, os
pertencentes dessa grande rede, se reúnem em grupos de interesses afins nos
sites de relacionamento e expõe idéias em diversos canais com incrível
capacidade de mobilização e engajamento, como Twitter e Facebook..
Com esse advento das redes sociais, tentar dominar, dirigir, manipular
a opinião pública, é um pouco mais difícil em relação outrora. Atualmente
brasileiros e habitantes da Terra, possuem como seu principal meio de
informação a internet e como nos já sabemos, o meio virtual informacional é
descentralizado, democrático aos que utilizam, no sentido lato da palavra, e
praticamente incontrolável. Além desses adjetivos, o que mais dificulta o
controle é o fato de ser um meio prioritariamente efêmero. Isso significa que
exige uma carga de esforço muito grande e o tempo todo dos pseudos
controladores da opinião pública.
As pessoas, de uma maneira geral, antes do boom da internet
esperavam os telejornais para obterem as informações, ter acesso as
novidades do país e do mundo. Em paralelo havia um charme nessa espera,
uma vez que as matérias já haviam sido transmitidas no rádio e as fotos só
iriam ser divulgadas no dia seguinte, e este fato fazia crescer a expectativa
para acompanhar os telejornais. E é lógico que as classes dominantes via, e
continua vendo, com muito bons olhos.
Na internet essa relação é diferente já que ela flexibilizou o acesso aos
fatos, e um grande diferencial é que nas redes, os usuários passam ser,
também, fornecedores de informações, opiniões e fatos. Isso não significa que
o charme mencionado tenha acabado. Ele foi transformado em ansiedade
compulsiva, uma vez que esperar até as 20h para receber as notícias e um
icônico ‘boa noite’, representa uma eternidade.
Analisando os pensamentos de Bourdieu, em sua teoria, é possível
eleger as redes sociais e a internet de maneira geral como os novos atores na
mídia contemporânea no complexo processo de formação da opinião pública.
O que ressalta ainda mais o papel crucial da imprensa como agente direto de
persuasão nas tomadas de decisões de qualquer cidadão e isso é muito
precioso para os controladores populacional. É importante salientar que o
pensador francês em suas teses não leva em consideração o fator econômico
desse processo.
A mídia tradicional entende-se TV, rádio, revistas e jornais, reportam os
fatos sempre seguindo uma linha editorial dos seus conglomerados, mas por
mais que engrandeçamos o papel persuasivo da imprensa de massa, temos
que sempre visualizar que é o publico que responde qualquer tipo de estímulo
midiático de posse das suas coletâneas de informações e escolhem as
decisões a serem tomadas, sendo ela de bem comum ou não.
Nesse contexto, não podemos negligenciar o poder que a publicidade
pulveriza em torno das pessoas notórias, também conhecidas como
celebridades. Desde os anos 50, o uso de celebridades em propagandas é
uma estratégia recorrente e valorizada no universo da comunicação. No campo
da política essa realidade não é muito diferente. Já que ano após anos pessoas
conhecidas são mais frequentes. Ao associar um rosto famoso a uma marca,
espera-se influenciar o comportamento do consumidor e impactar sua intenção
de aceitação da ideia. Embora esse recurso seja recomendado em muitos
casos, o uso de uma celebridade não garante a eficiência de um comercial.
Ultimamente, as empresas e as organizações têm usado uma nova e
eficiente ferramenta, que é o neuromarketing, uma ciência que tem por objetivo
descobrir as reações que acontecem no cérebro quando uma pessoa é exposta
a produtos, marcas e anúncios. O seu uso aumenta, e muito
comprovadamente, as chances de acerto da comunicação ao entender de
maneira mais profunda o impacto das celebridades.
Para avaliar de maneira objetiva o impacto dessa estratégia, a empresa
especializada em neuromarketing, Forebrain lança o Brain Special Report: “A
influência de celebridades na comunicação” (FOREBRAIN, 2009). No estudo,
participantes foram convidados a assistir a um documentário intercalado por
intervalos comerciais. Os participantes – 1140 homens e mulheres com idade
entre 18 e 50 anos, pertencentes às classes sociais A, B e C – foram
monitorados pelas técnicas de eletroencefalograma e eye tracking.
O estudo avaliou 49 filmes durante 19 meses e analisou os índices de
atenção, motivação e memorização para cada comercial. A análise do
desempenho dos filmes mostrou que a presença de celebridades contribui para
a boa performance de filmes publicitários. No entanto, esse efeito não é
garantido exclusivamente pela presença das celebridades. São estratégias
eficientes a fidelização de celebridades, as representações realistas dos
famosos e a associação desse rosto com a marca.
Resultados:
• Quando uma celebridade popular é retratada em situações
condizentes com a sua realidade, o filme costuma ter bom
desempenho. Porém, quando a celebridade é descaracterizada
ou pouco destacada, o investimento feito pelas marcas acaba
sendo comprometido;
• Dependendo do tipo de produto ou serviço anunciado no
comercial (por exemplo, produtos de alto valor de alto
agregado), um perfil específico de celebridade é recomendado
para que o filme seja eficiente;
• O uso de celebridades como embaixadores de uma marca se
mostrou altamente eficiente em provocar uma maior
aproximação do espectador e memorização do conteúdo;
• Os resultados comprovam que as celebridades podem provocar
respostas de aproximação diferenciadas em função de aspectos
motivacionais, de questões histórico-culturais e da própria
representação da celebridade na sociedade.
Outros aspectos que o estudo publicado fora:
• O emprego de celebridades impacta diretamente os índices
neurais avaliados, podendo ser um diferencial importante nas
campanhas de comunicação;
• Aspectos como os objetivos da marca, o tipo de produto, o
público alvo e o contexto da peça deverão ser levados em
consideração na hora de escolher a celebridade que apresenta
maior potencial de impacto para campanha;
• Embora as celebridades sejam consideradas um estímulo de
alto impacto, sua eficiência é influenciada por questões de
execução, construção e conteúdo das peças. Esta análise
mostra que o uso da celebridade por si só não garante um
impacto favorável da campanha;
• Através da neurociência, o estudo mostrou que a valorização da
presença das celebridades, assim como o uso de propostas de
conteúdo que adotam representações realistas dos famosos são
estratégias consideradas eficientes para potencializar o impacto
das celebridades nas peças avaliadas. (FOREBRAIN, 2009).
No âmbito da política, o neuromarketing aplicado à política vem
ganhando destaque eleições após eleições, mas de uma forma geral ainda é
praticamente desconhecida do público. Isso é um fenômeno mundial e não
apenas brasileiro. No entanto, há outro estudo muito interessante para se
destacar nesse panorama político, durante o pleito presidencial dos Estados
Unidos da América, Drew Westen, Pavel S. Blagov, Keith Harenski, Clint Kilts,
and Stephan Hamann publicaram um artigo abrangendo os impactos do neuro
marketing naquela ocasião.
Os estudiosos divulgaram as seguintes considerações
• Confrontados com um conflito de ideias próprias e as que são
apresentadas, tendemos a não aceitar o que estão sendo
ofertados. Isto é devido a uma interação curiosa entre o córtex
pré-frontal orbital, envolvido na resolução de conflitos, e o
stritatum ventral, envolvida nas recompensas. Quando o valor
criticamente nossas opiniões, mecanismos de recompensa são
ativados - emoção positiva com maior força. O resultado é um
reforço de crenças. Então, mudar a visão política de um militante
leal é uma tarefa quase impossível.
• O rosto é importante indicador das influencias. Perceberam-se
os rostos dos candidatos desconhecidos, mas percebidos como
competentes foram mais propensos a receber apoio eleitoral. É
verdade que a campanha como um todo influencia em muitos
aspectos, mas não resta dúvida que fazer uma impressão
positiva é um bom começo.
• Storytelling: uma poderosa arma persuasiva . Uma boa história
pode preencher qualquer cédula de votação. A distância
emocional de viver uma alternativa ao modelo atual é uma
narrativa mestra. Ser capaz de se conectar por meio de histórias
pessoas com grandes metáforas foi uma das chaves para a
vitória de Obama em 2008.
Como sempre desconfiamos e às vezes soubemos, na política, a
razão nunca existiu, é uma questão que agora pode dizer claramente a partir
dos achados da neurociência. Os políticos têm sempre trabalhado com os
sentimentos não com a razão e eles sabiam, mas que não tinha fórmulas
empíricas para demonstrar a eficácia de suas ações, agora com a
neurociência, eles podem achar que o que eles fizeram antes é intuitivamente a
maneira correta de ganhar a eleições.
Com isso, fica mais explícita a necessidade dos eleitores vestirem em
todos os sentidos essa ‘camisa’ e analisarem, discutirem e avaliarem as
melhores propostas baseado nos programas de governos dos candidatos e não
acerca de suas falácias e tentativas de persuasão.
CAPÍTULO II
DOIS SERES EM UM
2.1 Inicio da Internet
Cercada de vários aspectos não virtuais, a origem da internet se deu
como um fruto de uma necessidade do militarismo. Por mais que esse
requerimento impactasse assuntos sociais, políticos e humanitários, essa
ferramenta sempre foi colocada, em sua origem, pela grande contribuição que
proporcionaria para frentes de combates. Essa visão se dava devido o contexto
bélico da Guerra Fria, haja vista, que representaria uma forma das forças
armadas norte-americanas se comunicarem com as demais tropas, caso os
soviéticos destruíssem os meios convencionais de telecomunicações. Durante
as décadas de 1970 e 1980, o uso da rede ganhou novas funcionalidades.
Estudantes e professores acadêmicos interagiam trocando mensagens,
novidades universitárias pelas linhas da rede mundial.
Com passar do tempo, essa ferramenta, foi ganhando adeptos e
funcionalidades, por mais que tenha sido de maneira restrita, no entanto se
distanciando da exclusividade militarização das redes virtuais. Prova disso, foi
o invento do o engenheiro inglês Tim Bernes-Lee, que desenvolveu a World
Wide Web popularizando a internet para ‘todos’. A partir deste momento,
estamos falando da década de 90, a rede cresceu em ritmo exponencial. Seu
desenvolver foi tão acelerado que para muitos, representa a maior criação
tecnológica, depois da televisão na década de 1950.
Em meados dos anos 90, surgiram os primeiros provedores de acesso
à internet, que teve seu acesso liberado para todos, isso é empresas e pessoas
comuns. Nesse início, o seu uso não era muito intenso, devido à lentidão de
seu acesso e alto custo dos equipamentos. Seguindo a tendência natural da
tecnologia, com os expressivos avanços tecnológicos que surgiram e com o
crescente interesse de todos fazendo com que o numero de usuários da
internet crescesse e hoje se consolidasse como principal meio de comunicação
no ocidente.
No Brasil, essa realidade é vivida até hoje. A Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) realizado em 2014 mostrou que são mais de 9,8
milhões de pessoas com mais de 10 anos que dentro de um ano passaram a
acessar a internet no país. Ainda segundo o estudo, cerca de 54,4% dos mais
de 200 milhões de brasileiros possuem acesso à internet.
2.2 - Início das Redes Sociais
Foi em 1997 que surgiu a primeira rede social, dentro do conceito que
conhecemos hoje, como o lançamento da Sixdegrees. Sendo pioneira com a
funcionalidade que permitia o usuário criar seu perfil juntamente com o registro
e publicações de contatos o que viabilizou a navegação pelas redes sociais de
outros usuários, nascia assim o ‘fuxico virtual’. A Sixdegrees conseguiu
conquistar muitos simpatizantes e usuários, mas não conseguiu obter sucesso
financeiro, resultando no seu encerramento no ano de 2000, três após sua
criação.
A partir desse momento, houve um grande ‘boom’ de redes, surgindo a
Live Journal, Asianevenue, Blackplanet, LunarStorm, Migente, Cyworld, Ryze e
Fotolog. Em 2002 surgia a rede mais semelhante com as quais hoje usamos, o
Friendster, um fenômeno de popularidade, ela rapidamente foi aderida pelos
nortes americanos. No entanto, ela sucumbiu perante o despreparo dos
criadores e mantedores, que não esperavam o grandioso sucesso somado com
a frustração dos usuários com a limitação encontrada por falta de inovação e
mecanismo que induzisse a interatividade entre eles.
A consequência dessa debandada do Friendster foi a ‘inflada
meteórica’ do Myspace a partir de 2003. A partir desse momento, houve uma
prosperidade de inúmeras redes sociais, como:
QQ na china,
Orkut no Brasil e Índia,
Live Spaces no México e na Europa,
Xanga, LiveJournal and Vox e Skyrock nos Estados Unidos,
LunarStorm na Suécia,
Mix no Japão e
Hyves na Alemanha.
Essas todas surgiram apenas e 2003. Já em no ano seguinte no
mundo mudou de uma vez por todas no mundo virtual, com o surgimento
efetivo do Facebook, que no seu início era uma comunicação exclusiva para os
alunos da universidade de Havard. Com o sucesso no campus, em um
segundo momento abriu-se para outras universidades americanas e escolas de
ensino médio. Dois anos após essa alteração, em 2006, Facebook se
transformou nesse fenômeno que fazemos parte hoje com a abertura para o
público geral.
O brasileiro gasta 650 horas por mês em redes sociais, 60% a mais do
que o resto do mundo, segundo A pesquisa "Futuro Digital em Foco Brasil
2015" (Digital Future Focus Brazil 2015), divulgada pela consultoria comScore.
Desde o Orkut, que trouxe a febre em 2005, parece que a nossa vida passou a
ser regida por novas redes sociais. O brasileiro tem a fama de ser um povo
carinhoso, de cultura amiga e próxima, nunca distante dos amigos e da família.
Assim, é possível que ele tenha encontrado nas redes sociais o acolhimento do
qual sentia falta com a vida corrida que costumamos ter.
Em tempos individualistas como esses em que vivemos, poder acionar
um amigo com um clique é algo realmente mágico. Vale lembrar aqui que essa
“amizade” é unilateral, já que adicionar e deletar amigos, controlando as
pessoas com quem você se relaciona, vem sendo cada vez mais comum. É
como se, pelo menos no mundo virtual, tivéssemos a possibilidade de decidir
quem faz parte ou não das nossas vidas. O problema é que é muito fácil falar
com quem é igual a você e pensa igual a você.
A partir do momento em que deletamos aquela pessoa que publica
algo de um partido político contrário ao nosso, estamos nos limitando a ouvir o
eco de nossa própria voz. Ler e reler o que os amigos que compartilham da
mesma opinião publicam é nada mais do que escutar o eco da nossa própria
voz.
2.3 – Bipolaridade de personalidade virtual
O conceito de Rede Social é oriundo da Antropologia e Sociologia,
ciências que examinam o comportamento da relação homem-sociedade. E
essas redes são o complexo de relações entre pessoas que fazem parte de um
grupo e que facilitam o compartilhamento das informações, de conhecimento e
interesses entre os participantes. De acordo com Sotero, não é de hoje que
existe redes sociais:
• As redes sociais existem desde sempre na história humana,
tendo em vista que os homens, por sua característica gregária,
estabelecem relações entre si formando comunidades ou redes
de relacionamentos presenciais. Hoje, por meio da internet,
estamos transcrevendo nossas relações presenciais no mundo
virtual de forma que aquilo que antes estava restrito a nossa
memória agora está registrado e publicado. (SOTERO, 2009,
p.2)
No advento da exponencial popularização das redes sociais nos últimos anos,
elas são os meios de comunicação mais utilizados pelas pessoas para
manterem relações umas com as outras, se manterem informadas, busca de
emprego, além de serem utilizadas para entretenimento próprio.
Mas, essa funcionalidade também pode representar um risco para os
usuários desta rede. Uma vez que, o ser humano por sua natureza, é um ser
opinativo, e como sabemos, opiniões podem e é natural que se divirjam entre
os internautas. Evidentemente que se deve expressar e dar as suas opiniões a
respeito de qualquer assunto tendo em vista que vivemos em um país
democrático, mas é importante que você saiba fazer isso da maneira correta. A
intolerância é uma grande realidade nas redes sociais em diversos assuntos, e
na política não é diferente.
Até porque como é nítido, vivemos numa sociedade que a aparência
externa é supervalorizada, a ‘casca é mais importante que o conteúdo’,
padrões de beleza, por exemplo, são impostos o tempo todo. Revistas, jornais,
televisão, cinema, desfiles de moda e outdoors, a mídia de modo geral vende a
imagem de um “ideal” de perfeição de forma que as pessoas que não se
enquadram neste “padrão” sentem-se não aceitas e excluídas do meio social.
Desde pequenos, somos criados com a regra que necessitamos
sermos bonitos, fortes e perfeitos para ser “aceito” pelas pessoas. Para nos
alcançarmos ou assemelharmos a está suposta perfeição agimos, às vezes, da
seguinte forma, não admitimos nossos erros, não podemos perder ou fracassar
na nossa vida profissional, ostentamos as aquisições, principalmente, os bens
materiais para mostrar aos outros que somos bons e possuímos ‘status’.
Para fingirmos o que não somos na realidade, muitas das vezes nos
enchemos de despesas, nos endividamos e geramos conflitos com as pessoas
próximas que amamos somente para parecer algo que na realidade não
somos. Mas, quando essa ficção chega ao fim, quando a máscara cai,
entendemos que vivemos de aparência, deixando de lado a nossa essência.
A cobrança para se obter sucesso a todo custo criou uma grande
parcela da população que se sente perdedora por não alcançar o que a
sociedade criou como um “ideal de perfeição”. Precisamos nos conscientizar de
que somos seres humanos passíveis de inseguranças, erros, impotências,
simplesmente porque somos seres humanos. Mas, nas redes sociais o cenário
parece ser mais radical e cruel.
As pessoas influenciáveis continuam sendo influenciáveis, mas, agora,
além do som de suas vozes, eles ganharam uns autofalantes virtuais que são
os posts ou com os memes. É claro que, ao mostrar nossa opinião sobre
qualquer coisa, influenciamos as pessoas que esteja de alguma forma à nossa
volta. Assim como na interação real, alguns podem concordar e outros
discordar, mas a reflexão se faz necessária. Ao fazer parte de uma
comunidade o ser humano se sente inserido no mundo, seja ele real ou virtual,
buscando uma determinada ligação que seja similar os seus pensamentos e
sentimentos, o que ajuda a fortalecer sua identidade, sendo, a rede social um
lugar onde as pessoas podem compartilhar suas opiniões, sentimentos e
pensamentos a respeito de algum assunto não se sentindo sozinhas em suas
próprias idéias, ou seja, ao compartilhar suas opiniões na rede social o
individuo pode se afirmar se sentindo inserido na sociedade.
Essa aproximação virtual fez com que pudéssemos dar nossas
opiniões abertamente, dividir com os internautas planos de governo, contestar
leis novas, compartilhar falcatruas e por aí vai. É interessante perceber, que
diante dessas participações virtuais, as redes sociais são utilizadas também
como fontes de pesquisa interativa, onde o leitor não é apenas o passivo diante
das notícias e informações recebidas. O que se percebe é que com a
oportunidade de se expressar, por meio das redes, qualquer usuário é capaz,
não só de partilhar e ter acesso às informações, mas também de produzi-las e
se tornar formadora de opinião, ainda que não tenha necessariamente
formação acadêmica ou conhecimento técnico em algum assunto abordado. E
é nesse ponto que permeia o encanto do uso das redes sociais, a liberdade de
expressão diante dos fatos, ao invés da passividade de recepção de dados e
notícias das mídias impressas.
Essa imensa capacidade interativa e de liberdade gera dificuldades
para quem deseja controlar a opinião pública, já que a rede é um espaço criado
e utilizado em que todos podem publicar suas opiniões, insatisfações,
pensamentos e sentimentos em relação ao mundo como abordamos no
capítulo anterior.
Nascer, crescer e evoluir, esse é o ciclo natural da nossa vida e nele
construímos uma imensidão de conexões até o dia em que morremos. Com os
olhos e dedos nos smartphones, tablets e na opinião alheia as gerações mais
recentes crescem e por influencia do cotidiano cibernético se afastam em muito
dos casos esquivando os olhares das relações físicas, simplórias, de
sentimentos primários e às vezes do primeiro sentimento que temos acesso, o
amor. E esse triste fato, faz com que outro sentimento se torne um fenômeno,
capaz de arrastar multidões quando não se aceita opiniões contrarias ou
diferentes, possibilitando cada usuário expressar sua maneira de pensar de
forma peculiar, mas não menos copiada e disseminada nas redes, estamos
falando do ódio. Ameaças e agressões físicas e verbais resultantes da
intolerância e da distorção de achar que podemos sempre mais que os outros
só porque defendemos ideias distintas são divulgadas constantemente nas
redes sociais e na imprensa de massa.
O recalque é um termo que é bastante usado na psicologia onde
denomina uma atitude inconsciente que o individuo possui de sublimar certos
desejos e emoções em sua vida, onde o individuo tenta muitas vezes eliminar
suas vontades que para ele são inaceitáveis, o recalcado não admite ser
contrariado. Então quando o ser humano se depara com outro indivíduo
expondo sua maneira de pensar, expressando seu desejo que para ele é difícil
de admitir ele passa a censurar, criticar e reprimir o outro. Fica claro que o ser
humano tem dificuldades para entrar em contato com seus próprios
sentimentos e encontra no próximo uma maneira de reprimir isso e através da
depreciação do outro, de suas atitudes ou seus pensamentos o ser humano se
sente valorizado.
Ao fazer parte de uma comunidade o ser humano se sente inserido no
mundo, seja ele real ou virtual, buscando uma determinada ligação que seja
similar os seus pensamentos e sentimentos, o que ajuda a fortalecer sua
identidade, sendo a rede social um lugar onde as pessoas podem compartilhar
suas opiniões, sentimentos e pensamentos a respeito de algum assunto não se
sentindo sozinhas em suas próprias idéias, ou seja, ao compartilhar suas
opiniões na rede social o individuo pode se afirmar se sentindo inserido na
sociedade.
Está mais que claro, que o uso maciço dessas tecnologias da
informação e comunicação transformou profundamente as relações sociais dos
seres humanos, já que possibilita as mais variadas interações entre habitantes
de lugares distintos com culturas diferentes, o que provoca um efeito
amplificador desse ódio que paira nas redes. Para exemplificar, podemos
lembrar-nos do caso do linchamento de um assaltante que terminou morto no
Maranhão, após sua foto ‘vazar’ na internet. Outro caso que foi
demasiadamente reportado foi o caso da jornalista Maria Julia Coutinho, que foi
ofendida no Facebook por ser negra.
Indo para o outro lado do balcão, há também registros de
manifestações, efusiva às vezes, pedindo atitudes que beiram a
desumanidade. Exemplo clássico nesse ponto, quando há um suicídio na linha
do metrô ou pessoa que se joga de uma passarela em um via movimentada na
cidade causando um engarrafamento , internautas incentivam, cobram a
divulgação das fotos dos casos, sem contar que sempre fica visível que as
pessoas que os falecidos são pessoas e não demonstra, em sua maioria,
qualquer traço de compaixão.
Como sabemos, a maneira como falamos de alguém esta muito ligada
como pensamos sobre nós mesmos, o que pode ser uma estratégia para
lidarmos com nossas próprias questões e superar os nossos complexos. Pode
ser uma maneira que encontramos para poder se afirmar, portanto ao
opinarmos sobre os outros ou sua maneira de ser, na verdade estamos na
maioria das vezes tentando nos referir a nós mesmos ou a nos convencer de
algo que no momento consciente não estamos preparados para admitir, pois
muito do que se encontra em nosso julgamento esta também em nosso interior,
o ser humano tem uma tendência de projetar no outro aquilo que pensa sobre
si mesmo.
Bom, tendo isso em vista, como poder explicar a contradição que fica
evidente ao analisar os exemplos citados? Todos nós, de uma maneira
individual, um lugar onde possa viver melhor, gozando de justiça e ética de
todos. Porém, esses mesmos ‘cidadãos de bem’ em outros momentos
defendem o amoral e a antiética quando dizem: ‘Que morra toda sua família
por um menor’, ‘Tomara que essa mulher seja estuprada’, “Quero que os
nordestinos explodam’.
Muitos dizem que apenas se expõe nas redes sociais aquilo que é
bom, perfeito ou, pelo menos, que parece ser. Mas até que ponto também não
fazemos isso quando alguém nos pergunta se está tudo bem? Podemos dizer a
verdade e criar um diálogo extenso ou sermos omissos e dizer “tudo ótimo,
inclusive fui viajar semana passada...”. Nas redes sociais, veríamos essas fotos
acompanhadas de alguma frase sobre aproveitar a vida e hashtags variadas
sobre a felicidade. A mentira acontece tanto pessoalmente quanto atrás de um
computador.
Voltando para o dicionário, um dos significados do vocábulo ‘bem’
significa aquilo que enseja as condições ideais ao equilíbrio, à manutenção, ao
aprimoramento e ao progresso de uma pessoa ou de uma coletividade. Com
isso, podemos pensar que somos contraditórios porque não nascemos
padronizados, apreendemos o tempo todo. O mesmo humano que ajuda em
questões humanitárias, pode ser cidadão usa as redes sociais para alastrar a
ignorância e o racismo por exemplo.
Um ponto a ser levantado é que, atrás de um computador, smartphone
ou qualquer outro dispositivo, há a tendência a achar que se veste uma capa
de invisibilidade que nos protege de olhares, de julgamentos e da justiça.
Assim, nos damos o direito de dizer o que queremos, da forma que quisermos,
afinal, não há ninguém ali, diretamente, para nos impedir. Junto a isso, vem o
fato de que a única coisa que nos impede de escrever exatamente o que
pensamos é a necessidade de digitar. O fluxo de pensamento está cada vez
mais rápido e a tecnologia aflora o pensar e escrever sem refletir. Por isso,
temos a tendência a achar que estamos mais agressivos, quando, na verdade,
sempre fomos; a diferença é que, agora, mostramos isso quase que com a
mesma rapidez dos pensamentos.
Desde a época do homem das cavernas, nós nos reunimos em volta de
uma fogueira para falar da vida e compartilhar experiências. Era certo que,
nesse mundo digital, precisaríamos de algo similar a isso. As redes sociais
existem para que as pessoas se falem e dividam um pouco de suas vidas em
um ambiente virtual. A questão aqui é que, cada vez mais, queremos ser
ouvidos, mas não queremos ouvir. Por isso, repetimos incessantemente aquilo
que sabemos, mas, de fato, não nos importamos com quem tenta provar o
contrário. E desse movimento, nasce a intolerância à opinião alheia.
Outro ponto que vale ser mencionado é que, já que todos querem falar
sobre tudo, temos a oportunidade de ver nossos amigos, familiares e
conhecidos expondo suas opiniões sobre qualquer assunto.
Outro ponto que vale ser mencionado é que, já que todos querem falar
sobre tudo, temos a oportunidade de ver nossos amigos, familiares e
conhecidos expondo suas opiniões sobre qualquer assunto. Com isso,
podemos perceber que esse universo virtual está cada vez mais acessível e
disponível para as manifestações intolerantes e movimentos que praticam
apologia à expressões desses preconceitos. É importante ressaltar que a
internet não é a criadora da intolerância, ela certamente a reproduz, aumenta
seu alcance, conserva os discursos de ódio, mas a mesma internet ajuda a
neutralização dessas correntes ideológicas. Entre os anos de 2010 e 2013, se
constatou um aumento em mais de 200% o número de denúncias de páginas
que contém alguma divulgação com conteúdo xenofóbicos, misóginos,
neonazistas, racistas, de intolerância religiosa, homofóbico, entre outras formas
de discriminação contra minorias em geral. Os dados são da ONG Safenet.
É compreensivo que analisando dados com esse, é inevitável que
venha à nossa mente a sensação que foi a internet que criou essa realidade.
Mas, como já vimos que o que acontece é a amplificação os discursos de ódio
já existentes no nosso dia a dia. Pensando bem, como é possível separar a
manifestação de preconceitos ocorridos no ambiente virtual das práticas sociais
do “mundo real”? As pessoas são as mesmas, no computador, nas ruas, nas
praias etc. O ambiente cibernético, no entanto, dado a probabilidade de um
pretenso anonimato e a confortável reclusão atrás de computadores e/ou
celulares facilita que cada um solte seus ‘demônios’.
Quando uma pessoa posta ou compartilha algum discurso de ódio na
internet, ela está reforçando e reafirmando um preconceito que ela já tem, já
existente. É uma reprodução no mundo virtual de algo que faz parte da
realidade daquela pessoa, daquela sociedade. Com isso, podemos pensar que
a intolerância nas redes é resultado direto das desigualdades e preconceitos
sociais em geral, e não uma “invenção da internet”.
É impossível tratarmos desse assunto sem fazer menção à obra de
(Debord, 1967) A Sociedade do Espetáculo. O autor critica os ideais
consumistas que os meios de comunicação impõem de maneira massiva o que
é muito bem visto pelas organizações comerciais. A teoria do francês fica
evidente quando analisamos o grande poderio das imagens na construção e
manutenção das relações sociais.
• Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas
condições de produção se apresenta como uma imensa
acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente
tornou-se uma representação. (DEBORD, 2003, p.13).
É mega importante salientar que consumo não representa apenas
compra ou não pode ser utilizada apenas no ato de consumir. A relação entre
estilos de vida, autonomia de consumo, posição social também pode ser
englobado no vocábulo. Com isso, podemos afirmar que independente da
sociedade, qualquer tipo de consumo, não é apenas material e sim cultural.
• Independentemente da carência material de determinados
segmentos sociais e sociedade o fato é que consumir e utilizar
elementos da cultura material como elemento de construção e
afirmação de identidades, diferenciação e exclusão social são
universais. (BARBOSA, 2008, p. 12).
Baumam (2001) afirma que a maneira de viver atualmente é uma
modernidade líquida. Na qual, as relações são cada vez mais superficiais,
mutantes, e sustentada enquanto há o sentimento de satisfação, sendo fácil
conectar e desfazer as relações construídas. Nesse conceito, fica claro que
vivemos com muito mais intensidade e, em alguns casos, mais tempo em um
mundo virtual comparado ao real.
Então, é correto dizer que cada pessoa pode dizer essencialmente não
há diferença. Apenas os meios que nos modificam. Ortega Y Gasset (1998) diz
que nós somos o que somos e nossas circunstâncias. O que sou eu? Aquele
que se apresenta no espelho, diante de você para um evento social, mas
também sou meus pensamentos, sonhos, dificuldades, desejos, agressividade,
etc. O que gira ao meu redor compõe o que sou. Desta forma, a minha vida
virtual não se difere do meu real. Sou aquele que digita na calada da noite
coisas indizíveis publicamente, mas também sou o homem cordial e educado
em uma entrevista de emprego.
Essencialmente não há diferença, mas na prática se observa uma
alteração. Na virtualidade temos a coragem de expor um desejo e uma
agressividade e na realidade nem sempre. Entretanto, os dois aspectos
mantêm o diálogo e brotam da mesma essência. Somos o que pensamos o
que escrevemos e fazemos. Esse é o real que mais se aproxima da visão
psicanalítica.
CAPÍTULO III
Política virtual brasileira
3.1 Brasileiro e política combinam?
A democracia é um regime governamental, no qual o povo elege seus
representantes por meio do voto e para dar certo necessita da aproximação da
população com o poder de decisão, exigindo sua participação continua no
sistema, uma politização dos cidadãos. No entanto, nós brasileiros somos
considerados um povo pouco “politizado”. A forma como foi construído a nação
brasileira pode responder um pouco sobre esse cenário, como (VIANNA,
Oliveira, 1930) explicou:
• Durante os primeiros 4 séculos do Brasil não havia cidadania.
Nosso povo, aquele que é produto da miscigenação foi
enclausurado como dependente nas grandes fazendas até 1930.
De 1532 até 1930 nunca passamos de uma relação entre senhor
e súdito. Não tivemos vida urbana nos primeiros 4 séculos e
como tal não desenvolvemos uma cultura de solidariedade para
enfrentar problemas comuns. (VIANNA, Oliveira, 1930)
Outra razão para esse cenário se construa é juventude da nossa participação
política democrática é menor de 60 anos, no curso de 500 anos de história de
nosso país.
• Nosso povo viveu ao longo da história sendo apenas o agente
passivo das decisões. Sendo governado, ou por oligarquias ou
por ditaduras, com três exceções: entre 1934-1937, entre 1946-
1964, e a partir de 1985 até os dias de hoje. (Adaptado VIANNA,
Oliveira, 1930)
Nas características da nossa civilização também podemos traçar um
paralelo buscando razões para a formulação do cenário atual. Com ritmo
acelerado do cotidiano das economias capitalistas e seus estilos de viver, não
existe tempo para o nosso povo se dedicar ao mundo público, ao mundo do
Estado, ao mundo da política.
Com os frequentes escândalos e manchetes de jornais e dos portais a
população fica mais chocada com os ‘servidores da população’. Além da
violência pura e simples dos grandes centros urbanos, hoje predomina a
violência da criminalidade política, o qual se revela dominado por um grupo de
criminosos que degradam a atividade política. A política real,
predominantemente, se transformou em campo de ação de quadrilheiros e
esse talvez seja o fator que atualmente distancie o povo da política. Fica muito
evidente que o que vivemos no Brasil não é uma crise política e sim uma crise
ética.
No cerne dessa questão, creio que esteja a diminuída ou inexistência
do sentimento de coletividade. Quando o egoísmo, egocentrismo e
individualismo acabam falando mais alto do que o bem comum, conseqüência
da ideia do liberalismo. Todas as esferas sociais foram transbordadas pela
autentica ideia mercadológica, se instalando com valor central da vida
econômica. Nessa ideia, os partidos políticos e seus componentes se
transformaram em produtos de mercado, onde a classe política forma no
sistema governamental um mundo clandestino repleto de financiadores e
clientes.
E nesse cenário, o resultado de todos esses fatores o resultado natural
é a falta de interesse expresso ou encoberto do brasileiro na política. Nessa
ótica, se for comparar sob uma ótica comparativa internacional, podemos
encontrar uma teoria que irá confirmar a afirmação que, de fato, não somos um
povo que não gosta de política. Afinal, nossas taxas de preferências partidárias
ou participação política ainda são mais baixas do que a média mundial
(CARREIRÃO e KINZO. 2004). Além disso, nossas taxas de escolaridade e de
leitura de jornais também deixam muito a desejar.
• Embora o grau de envolvimento com a política e a escolaridade
dos eleitores com preferência por um partido sejam superiores
aos dos eleitores que não manifestam preferência partidária
alguma, estamos abaixo dos níveis mais baixos ao verificado no
mundo quanto a preferência e acima do não interesse pelo
assunto. Mas, é valido ressaltar que os primeiros não formam,
ao menos, um grupo homogêneo. (CARREIRÃO e KINZO.
2004).
Um dado que figura ainda mais essa realidade brasileira, meses
antecedentes do último pleito presidencial brasileiro a Confederação Nacional
da Indústria junto com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
realizou uma pesquisa que revelou que, na ocasião, 26%, ou seja, mais de um
quarto da população não estava interessado nas eleições e apenas 16%
declararam que estavam muito interessados. A maior parte dos jovens e das
pessoas com 45 anos a 54 anos não estão interessadas na eleição. Dos
entrevistados entre 16 anos e 24 anos, 12% disseram ter muito interesse no
pleito. Somando os que responderam muito interesse com médio interesse,
chega-se a 43%. Já o somatório dos que escolheram pouco interesse com
nenhum, atingiu-se 57%.
No caso dos que estão na faixa dos 45 anos a 54 anos, 41% estava
com muito interesse ou interesse médio. E 59%, com pouco ou nenhum
interesse.
Entre as pessoas com 25 anos a 34 anos, a diferença entre os muito e
pouco interessados diminui. A soma de muito e médio interesse atingiu na
pesquisa 48%, enquanto a de pouco e nenhum, 52%. O panorama é
semelhante quando se consideram os entrevistados com mais de 55 anos:
47% têm muito ou médio interesse. E 52%, pouco ou nenhum.
A parcela que tem ensino superior apresentou maior interesse nas
eleições. Os que tinham de quinta a oitava séries do ensino fundamental são
os que responderam ter menor interesse.
A cidadania, o voto, as trocas cíclicas do poder, o ser politizado são
fontes primárias do autentico regime democrático de direito. Mas, para tudo
esse sistema dar-se por eficiente o interesse deve ser homogêneo e por
completo e acima de tudo participativo, como a formulação de um texto com o
começo, no qual se busca o entendimento das propostas, o meio onde se
analisa a viabilidade da competência para cumpri-lás e caso julgar o correto a
cessão do voto e o último estágio desse ciclo é a fiscalização do poder público
durante a vigência do mandato.
3.2 O que as redes sociais mudaram nesse
cenário?
A aproximação virtual permite aos cidadãos opinar abertamente, dividir
com os outros moradores da cidade os planos de governo, contestar leis
novas, compartilhar falcatruas, deslizes crimes etc. Com isso, marcas e
celebridades estão muito pertinho, ao alcance de um post, de uma curtida, de
um tweet. Os políticos eram inatingíveis, pessoas muito distantes de nós, que
mal conhecíamos e sabíamos o que pensavam. Hoje, curtimos até as suas
fotos em família do fim de semana e, assim, nos sentimos íntimos, conhecidos,
parceiros e defensores.
O interesse, por mais que pouco ou menor que o considerado como
salutar no assunto sempre existiu, afinal, são as mesmas pessoas. A diferença,
agora, é que podemos falar e ser ouvidos; podemos falar o que quisermos,
afinal, o perfil é nosso. No campo político, o papel das mídias sociais vem se
protagonizando a cada dia que passa. Com seu peculiar imediatismo, o número
crescente de usuários e a franca possibilidade de expressar suas opiniões, tais
canais ficam repletos de percepções, comentários e avaliações políticas de
diversos pontos de vistas das mais diferentes realidades. E essa constatação
fica mais aparente nos períodos mais próximos de eleições. Com isso, o papel
desempenhado pelas redes sociais é muito importante e super válido para se
conseguir aproximar a população da classe governante e aumenta o interesse
político do brasileiro e consolidando o tão esperado sentimento democrático.
Se atendo apenas na questão política, na última eleição presidencial
(2014), pode ser considerado um marco de uma nova era, no que tange a
participação popular, tanto da parte dos eleitores, quanto da parte dos
candidatos. Tal participação chamou atenção da revista inglesa "The
Economist" que publicou artigo em suas edições impressa e online que analisa
o papel das redes sociais na disputa eleitoral para presidente da República no
Brasil. Segundo a revista, o ciberespaço foi visto como "um campo de batalha
crucial" na campanha e que os políticos vão quiseram reforçar as respectivas
imagens nas redes sociais para suas campanhas eleitorais.
Recentemente, o nosso Brasil passou pelo segundo processo de
impeachment presidencial, quando após de poucos meses de ter sido reeleita
Dilma Rousseff teve seu mandato interrompido. Nesse processo, o
envolvimento do assunto com os usuários foi de saltar os olhos. Foi
disponibilizado vários meios de acompanhar, em tempo real, todos as etapas
do processo apenas checando as redes sociais. Destacou-se frases, imagens e
memes e até acontecimentos curiosos que ocorreram durante a votação, fato
que outrora era realizado apenas pelas televisões e portais de notícias
Outro ponto muito positivo da participação política virtual é a
possibilidade de complementar o tempo curto e limitado de programa de
televisão. Conseguindo ampliar o debate com a sociedade e esclarecendo suas
propostas e visões dos mais variados assuntos. Nas mídias, os candidatos
aproveitam a liberdade disponibilizada para aceitar denúncias e divulgar sua
agenda se tornando ainda mais sua representatividade popular.
Os críticos políticos ou personalidades também se aproveitam e muito
dessa interação, fato também retratado na reportagem estrangeira:
• A maioria dos articulistas mais respeitados do meio político
possui páginas nas principais redes sociais. Sendo assim, é
possível que os internautas sigam esses profissionais e recebam
periodicamente análises e opiniões sobre o cenário atual. Se
antes as conversas sobre política se restringiam apenas ao
encontro com os amigos, atualmente as redes sociais se
tornaram o cenário ideal para os debates ideológicos. Nessas
plataformas, as conversas costumam ser mais embasadas, pois
os participantes têm tempo para pesquisar mais sobre o tema
discutido e podem compartilhar materiais e estudos que
reforcem sua ideia. (The Economist, 2014)
Esse cenário também foi retratado na mídia brasileira:
• Todos os especialistas sustentam o peso das redes sociais
citando números. Esses são coisas que estão fora do mundo
político tradicional. No Brasil, são 94,2 milhões de usuários na
internet. São móveis 80% desses acessos. São 261,8 milhões
de aparelhos celulares no país. São 80% os brasileiros, entre 16
e 44 anos, que têm celular. O mais impressionante é que na
classe C, a quem os políticos se referem como "povão", 67%
deles tem, pelo menos, um aparelho celular. O desafio de todos
os candidatos, e partidos, é atrair esses usuários, pelo menos
nas campanhas eleitorais, para a política. (FRANCO, Ilmar.
2016)
Com esse fenômeno sociotecnológico que são as redes sociais, um
fato muito negativo tem acontecido é a proliferação da superficialidade das
informações. Como já foi dito nesse trabalho monográfico, elas se tornaram a
principal fonte de informação e que ela oferece uma vasta quantidade de
notícias e com uma agilidade descomunal. Com a ansiedade de consumir todo
esse conteúdo muitos praticam a leitura de chamadas rápidas ou notícias
condensadas e rasas.
Esse talvez seja o ela que as redes sociais ainda não conseguiram
transpassar. Antes não havia muito o interesse político em quantidade, mas
havia uma qualidade considerável. Hoje há o interesse e a participação política,
mas a qualidade ainda não é o que se pode ser. Mas fica a mensagem de
esperança do crescimento e do desenvolvimento dela.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o surgimento das redes sociais como principal fonte de
informação popular, houve uma profunda alteração de cultural em todos os
âmbitos. Desde o jeito de comprar um lanche, agendar um taxi, abrir uma conta
bancária, até a maneira de se expressar suas preferências partidárias ou
ideologias políticas. É inegável que ficou muito mais fácil receber informações
que contribua para formar o pensamento político de cada cidadão. Além disso,
as redes sociais é uma ferramenta imprescindível para fazer grandes
mobilizações como foi possível ver nas manifestações populares de 2013.
Podemos perceber que a participação popular dos brasileiros nos assuntos
políticos ficou muito facilitada.
Talvez, compensando as dificuldades que sempre foi notado, cerca de
400 anos sem poder opinar sobre tais assuntos. Certamente, contribuindo para
o distanciamento entre sistema e cidadão. A qualidade dos políticos nacionais
também reforça esse quadro que só começa passar por uma mutação com o
massivo uso dessas redes.
No entanto, ainda é um começo dessa nova era política popular
brasileira. As eleições de 2014 mostraram, na pratica, que são novos dias e
novos tempos começava a se desenhar, o que foi confirmado nos pleitos de
2016. Após, as análises fica claro que a participação aumentou. Mas, a
qualidade dessas interações também deve ser mencionada. O ser humano por
natureza é um ser social e opinativo, que deseja ser inserido em todos os
movimentos sociais possíveis almejando sempre conceder sua maneira de
pensar.
Levando em consideração os dois últimos pleitos, ficou fácil perceber a
presença do ativismo do sofá nas redes sociais. Agressividades mútuas de
ordem pessoal entre indivíduos que nem se conheciam, ideias e conceitos
inventados por partidos, políticos e candidatos impossíveis de se
concretizarem, crimes virtuais e em alguns casos evoluindo para o ‘meio físico’
em sequência. Fica a pergunta, isto é ser politizado? Acusações levianas as
outras instituições e autoridades sem provas ou com base em comprovações
inventadas e repassadas nas redes sem responsabilidade alguma, tanto de
quem inventava quanto de quem passava adiante. Focar nas falhas dos outros
e esquecer as próprias, formular enganações, esbanjar o uso da intolerância,
palavras chulas, rasteiras presentes na maioria das conversas virtuais que
abrangesse a política, isto é ser politizado?
Lembrando que vivemos em um país que nos permite a liberdade de
expressão política e ideológica, no entanto, não se pode ofender ou
descriminar, muito menos fazer apologia a prática de qualquer crime. Onde
ficam o debate e a defesa das questões sociais? Olhando esse panorama, fica
difícil dizer que estamos mais politizados, mas é muito fácil dizer que o
interesse aumentou e com as facilidades trazidas pela 3ª revolução industrial, a
revolução chamada mídias sociais.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Jorge. (1996), Como Vota o Brasileiro. São Paulo, Casa
Amarela
BAUMAN, Zygmunt. Consuming Life, Journal of consumer Culture,
vol.1, n.1. Londres: Sage Publications, 2001.
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2012
CARREIRÃO,Yan de Souza e KINZO, Maria D’Alva G. “Partidos
Políticos, Preferência Partidária e Decisão Eleitoral no Brasil (1989/2002)
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/dados/v47n1/a04v47n1.pdf . Acesso
29/08/16.
DEBORD, Guy . A Sociedade do Espetáculo. São Paulo: Coletivo
Periferia, 1967
DREW Westen, PAVEL S. BLAGOV, KEITH Harenski, CLINT Kilts, e
HAMANN Stephan. Neural Bases of Motivated Reasoning: An FMRI Study of
Emotional Constraints on Partisan Political Judgment in the 2004 U.S.
Presidential Election Massachusetts, Journal of Cognitive
Neuroscience , Novembro de 2006, Vol. 18, No. 11 , Páginas 1947-1958.
Disponível em :
http://www.mitpressjournals.org/doi/abs/10.1162/jocn.2006.18.11.1947#.V-
l81YgrLIV. Acesso em 23/08/16.
FOREBRAIN, Brain Special Report: “A influência de celebridades na
comunicação”. Disponível em:
http://www.forebrain.com.br/celebridades/celebridades-trial.pdf. Acesso em
23/06/16.
FRANCO, Ilmar, Panorama político: “As redes sociais vão dar o tom
das eleições municipais”. Disponível em
http://blogs.oglobo.globo.com/panorama-politico/post/redes-sociais-vao-dar-o-
tom-das-eleicoes-municipais.html. Acesso em 28/10/2016.
ISAACSON, Walter. Os Inovadores: Uma Biografia da Revolução
Digital. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008.
MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria das Mídias Digitais: Linguagens,
Ambientes, Redes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
ORTEGA Y GASSET, JOSE. Rebelião das Massas. Portugal. Relógio
D’agua, 1998.
Winning hearts and likes The Economist, Londres, página 18, 15 de
março de 2014
VIANNA, Oliveira. Problemas da Política Objetiva. São Paulo: Nacional,
1930.