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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O CÉREBRO E A ANSIEDADE NA ALFABETIZAÇÃO Cynthia dos Santos Marques ORIENTADOR: Prof. Marta Pires Relvas Rio de Janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

O CÉREBRO E A ANSIEDADE NA ALFABETIZAÇÃO

Cynthia dos Santos Marques

ORIENTADOR: Prof. Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro 2017

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UTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica. Por: Cynthia dos Santos Marques

ANSIEDADE E ALFABETIZAÇÃO

Rio de Janeiro 2017

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Domingos e Vera Lúcia, minha

base, minha força maior!

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais, Domingos e Vera Lúcia,

que sempre me incentivaram a continuar

buscando maiores informações sobre a minha

área de atuação.

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RESUMO

Este resumo tem por objetivo apresentar como

acontece a aprendizagem nos seres humanos e como, o

cérebro atua durante o processo de alfabetização,

principalmente quando sofre a influência da ansiedade

nesse período.

O processo de aquisição da leitura e escrita é

complexo e permite fazer uma reflexão de como isso ocorre

no cérebro, pois isso compreende um conjunto de várias

adaptações do sistema nervoso.

Ao longo desse período, surgem dificuldades de

aprendizagem que dificultam a aquisição da leitura e escrita

e que necessitam de atenção por parte dos profissionais

que atuam ao lado da criança.

A emoção é fator fundamental para a cognição e

aprendizagem; por conseguinte, a ansiedade ocorre

associada ao medo, a frustração e angústia. É preciso

entender como o cérebro age e reage durante essa fase,

para que a escola seja capaz de reverter esse quadro

negativo, criado no emocional do aluno.

Palavras- chave: alfabetização – cérebro –

aprendizagem – ansiedade

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METODOLOGIA

O presente estudo tem como objetivo a reflexão

sobre a influência da ansiedade nas crianças, durante o

período de Alfabetização; a importância de entender como

os seres humanos aprendem; as dificuldades de

aprendizagem em leitura e escrita, desenvolvidas pelos

alunos e encontradas durante esse processo e, como a

escola pode, atualmente, através da Neurociência

Pedagógica, minimizar essas questões.

O referido trabalho foi realizado através de uma

abordagem qualitativa, a partir de pesquisas bibliográficas

de alguns autores conhecidos como Marta Relvas Pires,

Antônio Damásio, Gilda Rizzo, Magda Soares, Lou de

Olivier e outros, tomando como referência a produção

teórica desses estudiosos de Psicologia, Pedagogia e

Neurociência; pesquisas nas mais variadas mídias e

internet também foram feitas, visando como resultado

entender como o processo de alfabetização se concretiza e

como o cérebro atua durante a aquisição dessa

aprendizagem, sobre a influência da ansiedade.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I: Aprendizagem 10

1.1 – A construção da Aprendizagem 1.2 – Concepções acerca das dificuldades de aprendizagem

CAPÍTULO II: A Alfabetização 18

2.1 – Alfabetização e Letramento 2.1 – As dificuldades no processo de Leitura e Escrita

CAPÍTULO III: Os processos cognitivos relacionados à Ansiedade no

período da Alfabetização 27

3.1 – Escola, um “estimulador neural”

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 35

ÍNDICE 36

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INTRODUÇÃO

É fato que as dificuldades de aprendizagem, não possuem uma só

causa ou fator desencadeante e, em conseqüência, tem vários tipos e

características. As dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita devem

ser consideradas como formas do fracasso escolar em geral.

É possível que a razão pela qual as crianças se esforçam pouco em

suas tarefas seja as dúvidas que têm sobre suas habilidades. Muitas crianças

com dificuldades de aprendizagem apresentam frustrações e baixas

expectativas de realização, desenvolvendo uma baixa auto-estima. Como

conseqüência, produzem uma redução da motivação, gerando sentimentos

negativos sobre si mesmos.

A natureza da dificuldade, tanto na leitura, quanto na escrita, ocorre a

partir de uma interação entre os fatores sociais, educacionais e individuais.

Cabe mencionar dois aspectos distintos: as importantes diferenças individuais

que facilitam a aquisição de certas matérias e, as diferenças na capacidade

para responder emocionalmente a situações de esforço e de tensão.

A questão da alfabetização e suas dificuldades é extremamente

complexa. A aprendizagem da leitura e da escrita é uma atividade muito

aguardada e desejada, e os distúrbios nessa aquisição necessitam ser

considerados dentro de uma abordagem psicopedagógica mais abrangente.

Conforme RELVAS (2015),

“A criança quando vai à escola geralmente é um misto de alegria e ansiedade.”

Ansiedade esta, que pode causar uma angústia ou, até mesmo, uma

fobia escolar. Talvez existam crianças muito ansiosas, que consigam

apresentar um rendimento inferior ao esperado, como o de ter grandes

dificuldades no aprendizado da leitura e da escrita.

No primeiro capítulo, abordou-se a construção da aprendizagem e as

dificuldades durante sua aquisição.

No segundo capítulo, encontra-se a conceituação e a diferenciação

quanto ao processo de leitura e escrita.

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No terceiro capítulo, são apresentadas fundamentações teóricas

referentes à ansiedade, sendo considerados os processos cognitivos e a

relação direta entre ansiedade e o processo de alfabetização.

No quarto e último capítulo, aborda-se a importância da neurociência

pedagógica no processo de aprendizagem. A influência de um ambiente rico

em estímulos, principalmente durante o processo de alfabetização, favorece a

consolidação da aprendizagem, permitindo ao indivíduo construir os

comportamentos necessários para sua sobrevivência.

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CAPÍTULO I

APRENDIZAGEM

A Aprendizagem é um complexo processo pelo qual o indivíduo adquire

saberes, conhecimentos, valores, comportamentos e habilidades através de

experiências, de ensinamentos e do estudo. O cérebro aprende por tentativa e

erro, aprende-se na medida em que experimenta-se e faz-se novas

associações. Nas áreas de Psicologia e Pedagogia existem inúmeras teorias

sobre a aprendizagem que a definem de diferentes formas e que buscam fazer

do processo de aprender algo mais eficaz e eficiente.

Segundo CAMPOS (2016):

“A aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro reage aos estímulos do

ambiente, ativando sinapses e tornando-as mais claras, formando, desse modo,

circuitos que processam as informações e com capacidade de armazenamento

molecular.”

Tudo o que acontece na vida, de uma forma ou de outra, pode agregar

algum conhecimento e nesse sentido constituir-se em aprendizagem, pois

esses acontecimentos constituem-se de experiências que, através de

observações, na medida em que aumenta-se o grau de conhecimento,

permitem fazer relações cognitivas cada vez mais ricas e complexas.

Em geral, a aprendizagem sempre apresenta uma mudança na

conduta de uma pessoa, uma nova percepção. Consistindo sempre numa nova

informação adquirida e que vem a somar no seu processo cognitivo.

1.1. Construção da Aprendizagem

Durante muito tempo o foco da educação esteve voltado para o ensino

mecânico e direcionado a um grupo homogêneo de alunos, sem dar a devida

atenção à especificidade, individualidade e a forma com que cada um aprende.

As informações eram transmitidas pelo professor, em que os alunos as

recebiam e aceitavam sem qualquer questionamento; porém, essas

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informações eram perdidas, sem ser assimiladas, uma vez que os alunos não

conseguiam relacioná-las às vivências ou conhecimentos anteriores.

O teórico Alexandre Luria, como tantos outros teóricos, não acreditava

na ideia do aluno ser uma tábula rasa, como Jonh Locke acreditava que todos

os sujeitos eram.

“Quando uma criança entra na escola, ela não é uma tabula rasa que possa ser

moldada pelo professor segundo a forma que ele preferir.” (LURIA, 1929, P.101)

Dessa forma, o meio no qual o sujeito está inserido o influencia; ou

seja, ao entrar no mundo escolar, já possui suas ideias e até mesmo uma

escrita formada.

De acordo com RELVAS (2014),

“Para que ocorra a aprendizagem, o aluno depende de alguns fatores, como

interesse, estímulo e principalmente atenção.”

Os fatores que mais influenciam no aprendizado são: EXPERIÊNCIA

(ter muitas vivências, explorar diversos materiais, locais, interagir com diversas

pessoas de diferentes contextos), PRÁTICA (métodos adequados para cada

indivíduo), dedicar a ATENÇÃO (para aquilo que se está fazendo, não há como

fazer duas coisas ao mesmo tempo, pois nosso foco fica alternando) e o

principal é a MOTIVAÇÃO (se o indivíduo não tiver interesse, poderá até

praticar, mas o resultado não será tão eficiente).

Todos os alunos são capazes de aprender, mas aprendem de maneiras

diferentes. O processo de aprendizagem não acontece da mesma forma em

cada indivíduo, pois cada um tem seu ritmo e suas habilidades. Por isso, é

importante a utilização de diversos métodos de ensino, de acordo com a

necessidade individual de cada um. A aprendizagem ocorre em momentos e

em etapas diferentes, dependendo dos estímulos utilizados.

Para Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui relações entre uma ou

mais pessoas; o desenvolvimento é pensado como um processo, onde estão

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presentes a maturação do organismo, o contato com a cultura produzida pela

sociedade em que vivem e as relações sociais que permitem a aprendizagem.

É a aprendizagem se torna um fator de desenvolvimento da criança.

Ninguém produz nada como espectador passivo, pois aprender é um

desafio pessoal e intransferível, que resulta na mudança de um comportamento

por meio da experiência, da aquisição de conhecimentos e da capacidade de

armazenar as informações obtidas (memória).

A Aprendizagem é um complexo processo pelo qual o cérebro reage

aos estímulos do ambiente, e ativa suas sinapses (ligações entre os neurônios

por onde passam os estímulos), tornando-as mais fortes e rápidas.

A cada estímulo, cada repetição de comportamento, torna-se

consolidado, pelas memórias de curto e longo prazo, onde as informações, que

guardadas em regiões apropriadas, serão resgatadas para novos

aprendizados.

O cérebro e suas regiões, lobos, sulcos, etc. ;possuem cada um sua

função e importância no processo da aprendizagem, onde cada área necessita

e interage com o desempenho na consolidação das memórias, com o sistema

límbico, responsável pelas emoções, possibilitando desvendar os mistérios

que envolvem o cérebro.

A Aprendizagem pode ser Motora, Cognitiva ou Afetiva (Emocional). A

emoção interfere no processo de retenção das informações; para isso, é

preciso motivação para aprender, ter um objetivo, um foco (concentração

produzida pela mente).

O cérebro se modifica em contato com o meio durante toda a vida e

existem fatores influenciadores da aprendizagem, como: Sensação (impressão

a partir dos órgãos dos sentidos), Percepção (é uma interpretação da realidade

e cada indivíduo tem a sua, dependendo da vida de cada um), Atenção

(precede a percepção, pois é um componente básico para o indivíduo

perceber), Memorização (é a influência de experiências anteriores do indivíduo

em relação às situações) e Motivação (significado que a informação recebida

tem para cada um).

Segundo REBELLO (2016):

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“Pensar em aprendizagem é vislumbrar que tal conceito tem início no período

gestacional e ocorrerá ao longo de nossas vidas.”

Ou seja, pensar em aprendizagem é compreender que esse processo

acontece de forma natural e que todos os dias ocorrem diversos aprendizados,

a partir das experiências e vivências individuais.

Para Ausubel (1918- 2008), a aprendizagem precisa ser significativa; ou

seja, os conhecimentos prévios dos alunos precisam ser valorizados, para que

possam construir estruturas mentais, como meio para descobrir e redescobrir

outros conhecimentos, acontecendo assim, uma aprendizagem prazerosa e

realmente eficaz para o indivíduo.

Nutrir essas células nervosas com informações diversificadas (visual,

tátil e etc) eleva a capacidade de fazer mais conexões no cérebro, aumentando

a agilidade da mente e, portanto, a capacidade de aprender.

1.2. Concepções acerca das dificuldades de aprendizagem

Quando se pensa em dificuldades de aprendizagem, vem a mente

uma incapacidade que o indivíduo apresenta para realizar uma

determinada tarefa. Alguns estudiosos enfatizam os aspectos afetivos,

outros os aspectos perceptivos e, uma grande maioria, justifica essa

dificuldade como uma imaturidade funcional do sistema nervoso. A

verdade, é que não existe uma única causa que determine uma

dificuldade de aprendizagem, é uma conjugação de fatores.

É necessário focar em três pontos distintos: escola, alunos e

família, pois um não funciona sem o outro. A parceria entre eles, é

fundamental para o bom desenvolvimento do aluno no ambiente escolar.

Muitas famílias criam grandes expectativas em relação ao resultado

acadêmico de seus filhos, buscando sempre boas notas. Quando esse

resultado, tão esperado, não é atingido, essas famílias nem sempre são

capazes de perceber que existe uma dificuldade de aprendizagem; quase

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sempre, esse aluno é rotulado como indisciplinado, teimoso, preguiçoso e

desatento.

Todo trabalho escolar de uma criança deve ser investigado

precocemente, pois a identificação de qualquer dificuldade de

aprendizagem por parte desse aluno, será muito importante para atendê-

lo melhor e de maneira correta, respeitando seu ritmo, mas oferecendo-

lhe oportunidades adequadas para suas necessidades.

Ainda hoje, a aquisição do conteúdo é mais importante do que

qualquer outra especificidade ou habilidade que os alunos tenham a

apresentar. Dessa forma, surgem com freqüência alunos, que em sua

vida social criam mecanismos de defesa para amenizar sua dificuldade de

aprendizagem. Tornam-se indisciplinados e desinteressados pelas

questões escolares. Com isso, passam a ser também, excluídos do meio

social em que vivem, se isolando cada vez mais no mundo da imaginação

e construindo um mundo só deles.

Alguns professores não se reconhecem no sucesso ou no

“fracasso” de seus alunos, pois acreditam que o bom aluno é fruto

unicamente de um bom suporte familiar e de atributos pessoais. Tal

pensamento, leva o professor a ter uma baixa expectativa sobre os alunos

com dificuldades de aprendizagem, sendo extremamente pessimistas,

criticando e pouco interagindo com esses mesmos alunos. O diferente, o

que não aprende na mesma velocidade e ritmo, causa inquietação. Como

resultado, o professor nomeia, diagnostica e rotula esse aluno.

Cada aluno aprende de forma diferente porque cada pessoa é

única e com múltiplos talentos. Dessa forma, qualquer pessoa é capaz de

aprender, possuindo um tempo e um ritmo específicos. É preciso saber

valorizar, entender e respeitar as diferenças existentes. Não estamos

criando máquinas e toda dificuldade, por maior que seja, pode ser

superada. O segredo está no modo como essas questões são

trabalhadas.

De acordo com Relvas (2014)

“No olhar neurocientífico, os atrasados não existem.”

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Aprender é algo único e deve-se valorizar todas as potencialidades

dos alunos, trabalhando com a Paciência Pedagógica, observando que

cada pessoa possui momentos diferentes de aprendizagem.

Levando em consideração, “a capacidade do sistema nervoso central

em modificar sua organização estrutural própria e de funcionamento em resposta

a condições mutantes, aprendizados e a estímulos repetidos.” (FERREIRA,

2009, P.56), é possível perceber que todas as pessoas possuem a

possibilidade de aprender, pois o cérebro humano desenvolve a

capacidade de obter novas informações, ampliando e ativando novas

sinapses, tornando o cérebro cada vez mais ativo.

Atualmente já se sabe, por meio dos resultados das pesquisas

científicas, que embora o cérebro seja incapaz de se regenerar ele possui

uma capacidade de se reorganizar, ou seja, de se adaptar, de modificar o

processamento das informações e que essa capacidade de modificação e

rearranjo das redes neuronais, formam novas sinapses. Assim, múltiplas

possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis, pois o

cérebro é altamente maleável e com os estímulos adequados, pode-se

modificar a estrutura cerebral, desenvolvendo habilidades.

Segundo HOUZEL (2007):

“O que nós sabemos, no entanto, é que mesmo que o cérebro não consiga reconstruir o tecido afetado, o tecido que ele perdeu, ele é capaz de usar

o que sobrou e modificar a maneira como essas regiões restantes do cérebro são usadas. A reorganização funcional do cérebro acontece quando existe

demanda, quando nós insistimos em resolvermos um problema.”

A aprendizagem modifica o sistema nervoso central, e isso, faz

pensar em plasticidade cerebral, que é um processo adaptativo dando ao

indivíduo possibilidades de aprender, mesmo frente às novas situações

ambientais. O Ideal é que desde a infância haja uma grande estimulação

da aprendizagem, onde as informações devem atender ao interesse de

quem as procura.

A descoberta da Neuroplasticidade ou Plasticidade Cerebral, fez

perceber a capacidade plástica do cérebro, da sua maleabilidade em se

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adpatar às experiências, havendo uma conexão neural ampla. O cérebro

das crianças apresenta uma neuroplasticidade mais intensa; porém, o do

adulto também apresenta essa plasticidade, criando novas e corretas

conexões para que ele possa aprender a cada dia mais.

De acordo com RELVAS (2014):

“A plasticidade cerebral é a capacidade que o cérebro tem em se

remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando suas conexões

em função das necessidades e dos fatores do meio ambiente.”

Dessa forma, a neuroplasticidade cerebral nunca cessa, pois está

sempre realizando novas conexões, fazendo com que o cérebro

reformule, reorganize e remodele suas conexões, em função das

necessidades e dos fatores do meio ambiente.

As dificuldades de aprendizagem não significam um transtorno de

aprendizagem e não tem origem apenas na criança, podendo ocorrer por

problemas na escola, como: dificuldades com a metodologia utilizada pelo

grande número de alunos ou por problemas com os professores.

Frequentemente, alunos que apresentam sintomas relativos a problemas

de atenção, ansiedade ou agitação desenvolvem os problemas por causa

de algum conflito pessoal e não, por razões de mal funcionamento

fisiológico.

Diante de muitos comportamentos, considerados inadequados pela

escola, os professores estão realizando diagnósticos, como uma forma de

esclarecimento aos pais, dos motivos que levam os alunos a não

aprenderem em sala de aula. Dessa forma, encaminham as crianças para

diversos profissionais da área médica. Com alguma frequência, a escola

interpreta as dificuldades de aprendizagem como uma conseqüência de

um distúrbio orgânico; com isso, a escola se isenta das

responsabilidades, que lhe são cabíveis, e, ainda rotulam essas crianças

como possuidoras de problemas em sua aprendizagem.

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CAPÍTULO II

A ALFABETIZAÇÃO

Através das descobertas neurocientíficas, cada vez mais os

conhecimentos vão se aprimorando e, dessa forma, contribuindo para o

processo de aprendizagem.

Muito antes de começar a falar, a criança já está apta a utilizar o olhar, a

expressão facial e o gesto para se comunicar com os outros. Apresenta

também, capacidade para discriminar os sons da fala. A aprendizagem da

linguagem se baseia no conhecimento adquirido em relação a objetos, ações e

etc. É o resultado direto da interação entre as capacidades biológicas inatas e

a estimulação externa e vai evoluindo, de acordo com a progressão do

desenvolvimento neuropsicomotor.

No desenvolvimento da linguagem, duas fases podem ser descritas: a

pré-linguística, que são verbalizados apenas fonemas (sem palavras) e que

persiste até os 11-12 anos; e logo depois, a fase lingüística, momento em que

a criança começa a falar palavras isoladas, mas sem compreensão. Este

processo é contínuo e ocorre de forma seqüencial.

O processo de aquisição da linguagem envolve o desenvolvimento de

quatro sistemas: o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da

linguagem num contexto social; o fonológico, que envolve a percepção e a

produção de sons para formar as palavras; o semântico, que respeita as

palavras e os seus significados; e o gramatical, que compreende as regras

sintáticas, combinando palavras em frases compreensíveis.

Segundo RELVAS (2015):

”Aprender a ler e a escrever perpassa pela compreensão humana. A aquisição

desse sistema de comunicação humana é extremamente complexa e envolve todas as

áreas cerebrais, para que se desenvolvam.”

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Alfabetizar consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização como

código de comunicação. É um processo no qual o indivíduo constrói a

capacidade de ler, compreender, escrever textos e operar números.

O aluno precisa encontrar os usos sociais da leitura e da escrita, pois a

alfabetização envolve também, o desenvolvimento de novas formas de

compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral.

A alfabetização de um indivíduo promove a sua socialização, já que

possibilita trocas com outros indivíduos e acesso a bens culturais. A

alfabetização é um fator propulsor para o desenvolvimento da sociedade como

um todo.

Segundo RIZZO (2005):

“O alfabeto atual, que nos permite escrever qualquer palavra conhecida, é o

resultado de longos anos de história da escrita do homem decorrente de sua

necessidade de registrar fatos, ideias e pensamentos.”

Esse processo se iniciou com a pintura das cavernas no período

paleolítico; transformando-se depois, na pictografia (registro de ideias por

desenhos copiados da natureza com realismo); ampliou-se com o

aperfeiçoamento dos desenhos, resultando na criação dos fonogramas (sinais

que representam os sons da língua falada).

O ensino do alfabeto deu origem ao termo ALFABETIZAR. Saber

escrever era sinal de status, e somente classes privilegiadas tinham acesso a

esse conhecimento. No Brasil, esse processo chegou com os padres jesuístas

e se difundiu de Norte a Sul do país, desde o início de sua história.

2.1. Alfabetização e Letramento

De acordo com RELVAS (2014):

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“O processo de aprendizagem é acompanhado por sentimentos, envolvendo o

domínio de conhecimento na forma de fatos, figuras e pensamentos. A emoção ativa a

atenção (o componente primário e mais vital de qualquer ato de aprendizagem ou

processamento da informação), que depois desencadeia a memória de curto prazo e

longo prazo e, eventualmente, torna o processo de aprendizagem possível. Para se ter

aprendizagem, é preciso que ocorra excitação emocional.”

Letrar é mais do que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um

contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do

aluno. Já não basta aprender a ler e a escrever, é necessário mais que isso

para ir além da alfabetização funcional (pessoas que foram alfabetizadas, mas

não sabem fazer o uso da leitura e da escrita).

Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa

“literacy” (considerada como letrado). O letramento,seria o sentido ampliado da

alfabetização. Um indivíduo alfabetizado não é, necessariamente, um indivíduo

letrado.

Uma criança é capaz de começar a falar logo após o seu nascimento,

devido ao seu contato direto com adultos. Porém, para aprender a ler é preciso

uma inclusão social e uma escolarização formal.

Alfabetizado é aquela pessoa que sabe ler e escrever; letrado é aquele

que sabe ler e escrever, mas que responde adequadamente às demandas

sociais da leitura e da escrita. O aluno precisa saber fazer uso e envolver-se

nas atividades de leitura e escrita.

Para SOARES (2003):

“É preciso compreender, inserir-se, avaliar,apreciar a escrita e a leitura.

Para entrar no universo do letramento, o aluno precisa apropriar-se do

hábito da leitura, de buscar um jornal, um livro e com esse contato direto com a

leitura, apropriar-se do sistema de escrita.

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Segundo RELVAS (2014):

“Os conhecimentos são construídos por meio da ação e da interação.

Aprendemos quando nos envolvemos ativamente no processo de produção do

conhecimento...”

Ainda existem pessoas que se preocupam com alfabetização sem se

preocupar com o contexto social em que os alunos estão inseridos. Um ponto

importante para o letramento é perceber que é possível alfabetizar letrando. É

permitir que os alunos vivenciem a prática social da leitura. O conhecimento

das letras é apenas um meio para o letramento, que é o uso social da leitura e

da escrita.

De acordo com SOARES (2003):

“Não adianta simplesmente letrar quem não tem o que ler nem o que escrever.

Precisamos dar as possibilidades de letramento. Isso é importante, inclusive, para a

criação do sentimento de cidadania nos alunos”.

Cada professor é responsável pelo letramento em sua área de atuação,

é um trabalho em conjunto de todas as disciplinas. Para formar cidadãos

atuantes, é preciso conhecer a importância da informação. Essa inclusão

começa muito antes da alfabetização, quando a criança começa a interagir

socialmente com as práticas de letramento no seu mundo social. O letramento

é cultural, por isso muitas crianças já chegam à escola com o conhecimento

alcançado de maneira informal absorvido no seu cotidiano.

Ao conhecer a importância do letramento, deixa-se de exercitar o

aprendizado automático e repetitivo, baseado na descontextualização.

2.2. As dificuldades no processo de leitura e escrita

Basicamente as dificuldades de leitura e escrita são apresentadas em

função de uma situação orgânica ou psicológica que envolve a memorização, o

armazenamento de informações por parte da criança.

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Como destacou RELVAS (2015):

“É na sala de aula que o professor realiza suas tarefas cognitivas com seus

aprendentes, mas também “escuta” seus parceiros e, por conseguinte, surgem laços

que poderão afetar todas as partes envolvidas na aprendizagem.”

Pode-se considerar as dificuldades de aprendizagem em leitura e

escrita, relacionadas às causas pedagógicas, ou seja, quando técnicas,

métodos e ações educacionais não são condizentes com o potencial de cada

aluno. Esse quadro vai se acumulando e o aluno fica sem adquirir os

conhecimentos básicos, onde sem eles, não é possível acompanhar as

atividades e os conteúdos escolares, pois a sequência didática já se perdeu

durante esse caminho e, sozinhos, esses alunos não são capazes de fazer o

resgate e o acompanhamento desses saberes.

Para RELVAS (2015):

“A boa leitura e a escrita dependem de bons olhos, bons ouvidos, bom cérebro

e boa cultura.”

Ao longo dos anos, com o estudo do cérebro humano, constatou-se que

a aprendizagem da leitura e escrita, depende do amadurecimento

neurofisiológico das células, assim como seu lado emocional e social. Os seres

humanos aprendem três tipos de sistemas verbais: o auditivo, o visual e o

escrito.

A aquisição da leitura compreende um conjunto de adaptações do

sistema nervoso, pois todo esse processo acontece no cérebro por vários

caminhos sensoriais, que transmitem informações ao sistema nervoso. Tudo

isso depende, também, de estímulos externos.

A leitura é o processo mediante o qual se compreende a linguagem

escrita. Assim como o ouvir e o falar, ler e escrever são atividades de

comunicação. A leitura é essencial na vida de qualquer indivíduo que busca

conhecimento e informação necessários para a compreensão e interpretação

de textos da realidade a qual está inserido e por torná-lo um cidadão

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consciente dos seus direitos e deveres. A leitura tem o poder de despertar,

refletir, criticar e proporcionar saberes.

As dificuldades podem caracterizar-se pela dificuldade de aprendizagem

em algum módulo da leitura, que podem ser: perceptivo (extração da

informação), léxico (conceito associado à unidade lingüística) e e sintático

(estrutura gramatical).

A dificuldade mais conhecida e que vem repercutindo na atualidade é a

Dislexia. Nesse sentido, a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), conceitua

como: “Causa genética e hereditária, é um transtorno ou distúrbio neurofuncional, ou

seja, o funcionamento cerebral depende da ativação integrada e simultânea de

diversas redes neuronais para decodificar as informações, no caso, as letras do

alfabeto. Quando isso não acontece adequadamente, há uma desordem no caminho

das informações, dificultando o processo da decodificação das letras, o que pode,

muitas vezes, acarretar o comprometimento da escrita.”

Observa-se uma freqüência, quase que normal, da Dislexia, durante a

aprendizagem da leitura e da escrita. Analisando a origem do grego dis –

dificuldade e lexia – linguagem, entende-se que a dislexia seja uma dificuldade

na aquisição da linguagem.

Levando-se em conta que léxico significa, o conjunto das palavras

usadas em uma língua e/ou idioma, o termo disléxico deve definir o indivíduo

desprovido de capacidade na aquisição desse conjunto de palavras.

Segundo OLIVIER (2011):

“A dislexia é um distúrbio que independe de causas intelectuais, emocionais ou

culturais. Apresenta dificuldade acentuada no processo de leitura e de escrita.”

Pode apresentar também, alterações nos hemisférios cerebrais, fazendo

sobressair o hemisfério direito (da criatividade) em detrimento do esquerdo (do

raciocínio lógico), mas isso não pode ser considerado como uma verdade

única.

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Stanislas Dehane, conta que seu filho de 5 anos ao iniciar a escrita,

começou escrevendo seu nome da direita para a esquerda; fato que lhe causou

grande ansiedade pela preocupação que o menino estivesse apresentando um

quadro de dislexia. A partir desse momento, iniciou suas pesquisas em torno

da letra espelhada.

Para DAHENE (2012):

“Todas passam pelas mesmas dificuldades em discriminar as letras ou

palavras de sua imagem de espelho. [...] Trata-se aí de um comportamento

estritamente normal, que se manifesta em todas as culturas...”

Dehane descobriu, que para os ancestrais, esse espelhamento era uma

função de sobrevivência, pois durante uma ataque, um animal visto pelo lado

direito, poderia ser identificado também, pelo lado esquerdo. Ou seja, o cérebro

pode identificar um tigre, por exemplo, do lado direito, mesmo estando do lado

esquerdo. A simetria do sistema nervoso, em conservação durante a

aprendizagem, apresenta a possibilidade de codificar o objeto no espaço,

independente da sua posição direita/ esquerda.

Com isso, DAHENE (2012) diz:

“Para a aprendizagem da leitura e escrita a criança precisa ultrapassar este

estágio do espelhamento e “desprender” a generalização por simetria, enfim entender

que letras como “d” e “b”, são letras diferentes.”

Os circuitos visuais da criança, possuem uma propriedade para a leitura,

pois simetrizam os objetos. Essa é a razão pela qual todas elas cometem erros

no início de sua aprendizagem, de leitura e de escrita, pois espelham letras. Já

a distinção entre direita e esquerda, começa na via visual dorsal, onde a

criança aprende a traçar os contornos das letras, percebendo a diferença entre

eles. Com o passar do tempo, essa aprendizagem motora é transferida para a

via visual ventral, que reconhece os objetos; dessa forma, a simetria não

acontece mais e a criança adquire conhecimentos visuais sobre a escrita

normal.

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O processo da linguagem é bastante complexo e envolve uma rede de

neurônios distribuída entre diferentes regiões cerebrais. A área cortical dos

seres humanos é bastante extensa e torna-se a responsável por analisar

informações que recebemos, permitindo pensar, conhecer, comunicar e decidir.

A partir do século XIX, a humanidade tomou conhecimento da existência de

duas regiões no cérebro; regiões essas, parte do córtex cerebral.

A primeira fica localizada no lobo frontal do hemisfério esquerdo, e é

conhecida como a área de Broca. Nome este, recebido, após a publicação de

um artigo, pelo médico francês Pierre Paul Broca (1824-1880), com pesquisas

realizadas em pacientes com comprometimento na linguagem, causadas por

lesões no lobo frontal do hemisfério esquerdo. Para verbalizar um pensamento,

é ativada uma representação interna do assunto, que é canalizada para essa

área, na parte inferior do lobo frontal e convertida numa ativação neuronal

necessários à produção da fala. Também estão envolvidas na linguagem áreas

de controle motor e as responsáveis pela memória.

A segunda localiza-se na junção dos lobos temporal e pariental, também

do lado esquerdo e está relacionada com a compreensão da linguagem. Carl

Wernicke (1848-1905),, neurologista alemão, descobriu uma área no lobo

temporal esquerdo,eu reconhece o padrão de sinais auditivos e interpreta-os

até obter pensamentos. Wernicke percebeu, que em caso de lesão nessa área,

causaria um prejuízo na linguagem. O indivíduo seria incapaz de reconhecer

palavras, mesmo que estivesse com a audição inalterada. Após algumas

pesquisas, descobriu-se que essa área fazia conexão com a área de Broca, na

produção e compreensão da fala.

Acredita-se que o hemisfério esquerdo seja dominante para a linguagem

em cerca de 90% da população; entretanto, o hemisfério direito participa do

processamento.

O processo de aquisição da linguagem escrita, assim como o da

linguagem oral, envolve diversas regiões cerebrais, entre elas a área parieto-

occipital. Nessa região, o córtex visual primário é o responsável pelo

processamento dos símbolos gráficos, e as áreas do lobo parietal são

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responsáveis pelas questões visuo-espaciais da grafia. Essas informações

processadas são reconhecidas e decodificadas na área de Wernicke,

responsável pela compreensão da linguagem, e a expressão da linguagem

escrita necessita da ativação do córtex motor primário e da área de Broca. Para

todo este processo ocorrer, é importante que as fibras de associação estejam

intactas.

Alterações nos processos perceptivos da leitura ou nos processos

psicolingüísticos (lexicais, visuais, fonológicos, sintáticos ou semânticos)

podem acarretas dificuldades de leitura e, por conseqüência, dificuldades na

escrita.

É preciso estimular a descoberta e a lógica de seu pensamento na

construção de palavras e textos e na representação de fonemas; oferecer

oportunidades para a escrita leitura espontâneas; explorar constantemente as

diversas funções da escrita (não apenas produção textual mas também cartas

e bilhetes); e explicitar as diferenças entre língua falada e língua escrita. É

fundamental que a criança tenha adequada consciência de que a fala e a

escrita são formas diferentes de expressão da linguagem.

Todas as atividades de estimulação da linguagem escrita devem ser

realizadas de forma lúdica, através de jogos e brincadeiras, para que a criança

sinta prazer em ler e escrever. A leitura de pequenas histórias infantis, a

estimulação de jogos de rimas, que ajudem na consciência fonológica, jogos

com letras e desenhos para a criança ter contato com a forma escrita, leitura de

rótulos e propagandas, fazem toda a diferença durante a aprendizagem.

Não se deve obrigar uma criança a ler um livro, e sim fazê-la ter vontade

de ler e conhecer esse universo, da maneira mais prazerosa possível.

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CAPÍTULO III

OS PROCESSOS COGNITIVOS RELACIONADOS À

ANSIEDADE NO PERÍODO DA ALFABETIZAÇÃO

Segundo Cury (2013):

“Vivemos numa sociedade urgente, rápida e ansiosa. Nunca as pessoas

tiveram uma mente tão agitada e estressada.”

A complexidade atual da civilização, a rapidez das mudanças e

perdas de valores criam novos conflitos e ansiedade para os indivíduos. Pode-

se perceber que o conceito de ansiedade ainda parece não ter sido

compreendido em sua totalidade, pois apresentam diferentes enfoques, como:

um processo passageiro; uma característica permanente de personalidade e

outras, como traços duradouros da personalidade.

Ansiedade é uma característica biológica do ser humano, que

antecede momentos de perigo, real ou imaginário. Atualmente, a ansiedade é

considerada o mal do século.

De acordo com RELVAS (2014):

“Tudo indica que a aprendizagem está intimamente ligada à afetividade, ao

desejo.”

Atribuir o afeto como suporte ao aprendizado infantil já não é

nenhuma novidade. Piaget, Vygotsky e Wallon já possuíam suas teorias sobre

afetividade/aprendizado e sua importância. Ao passar dos anos, novas teorias,

baseadas no afeto, surgiram, como a Teoria das Inteligências Múltiplas, de

Howard Gardner e a Inteligência Emocional, Daniel Goleman.

Segundo CURY (2000):

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“A memória não é apenas o armazém de informações e experiências, mas

uma “função psicológica” que deve ser usada como base para a arte de pensar, para a

criatividade e destaca sua importância na formação da inteligência.”

A capacidade de armazenamento de dados, ocorre através da rede

neural, sem a qual, não haverá memória, ou seja, não acontecerá a

aprendizagem.

A memória apresenta uma grande relação com a emoção, pois o

que determina a qualidade da memória é a emoção, é ela que “fixa” na

memória os registros a fatos novos e informações gerando novas emoções

pensamentos. Nesse processo de memória associada a emoção, tem-se como

resultado o aprendizado.

Os estímulos entram pelos receptores sensoriais, passam pelo

hipotálamo, amígdalas (sistema límbico) e caminham para as glândulas. Após

esse processo, retornam para o sistema límbico, vindo do hipotálamo,

aumentando o feedback negativo, a ansiedade.

Durante o processo de alfabetização, quando a criança apresenta

grande expectativa e não é capaz de atingir seus próprios anseios, ela pode

desencadear uma ansiedade, que leve até mesmo a síndrome do pânico,

fazendo com que ele “trave” durante este processo.

O medo é químico e surge dos circuitos cerebrais. Ao sentir-se

ameaçado, o indivíduo acelera o seu metabolismo. Seu corpo lança uma

corrente de hormônios aceleradores da freqüência cardíaca. Dessa forma, o

coração bate mais rápido e mais forte. Não se pode conter uma emoção,

apenas controlá-la ou filtrá-la.

A afetividade constitui o alicerce sobre o qual se constrói o

conhecimento racional. Crianças portadoras de bloqueios afetivos apresentam

também inibições intelectuais, insegurança, falta de interesse pelo mundo

exterior e ansiedade.

Cada criança tem o seu tempo para aprender a ler e escrever. É

preciso perceber seu interesse pelo universo das letras. Estar pronto para a

alfabetização depende do desenvolvimento motor e cognitivo. A orientação

temporal e espacial, conceitos como grosso e fino, em cima e embaixo, largo e

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estreito, são adquiridos antes da leitura e da escrita. Esse desenvolvimento não

depende apenas da maturidade, mas também de estímulos e da interação com

outras pessoas.

A habilidade de segurar um lápis, exige maturação do sistema

nervoso central, mas é algo ensinado. Escrever passa por etapas que

começam com o desenho, depois com a noção da existência das letras e de

suas funções na escrita, até atingir a compreensão de que a escrita representa

os sons da língua.

Esse desenvolvimento normalmente ocorre associado à evolução da

leitura.Inúmeros fatores podem interferir no sucesso da alfabetização, um deles

é ansiedade causada pela aceleração durante esse processo, sem que o

indivíduo esteja pronto.

Na perspectiva de Wallon, sem o vínculo afetivo não há

aprendizagem, já que aprender é um investimento que o indivíduo empreende

e estabelece com seus educadores. A dimensão afetiva é tão importante

quanto a inteligência. Wallon alega que as trocas relacionais da criança com os

outros são essenciais para o seu desenvolvimento.

3.1. Escola, um “estimulador neural”

De acordo com RELVAS (2015):

“O papel educacional deve estar centrado na formação do ser pensante, crítico

e transformador, que desenvolva a capacidade de lidar com os problemas

educacionais e sociais, evitando-se, desta forma, o “empobrecimento da espécie

humana”.”

Ao aprender, as conexões neurais se modificam; com isso, se a

aprendizagem ocorrer em um ambiente que desperte o interesse, que seja

motivador, esse processo acontecerá de maneira significativa para o educando.

O aprendizado acontece muito antes dos alunos freqüentarem uma

educação formal, a escola. Elas aprendem vivenciando situações no dia a dia,

ou seja, é necessário que vivenciem e experimentem sensações concretas. Por

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meio da percepção, a criança organiza e interpreta o que vivencia. A percepção

é produto das experiências vivenciadas pelos estímulos sensoriais.

Através dos órgãos sensoriais, percebem os estímulos externos,

acontecendo então, a transmissão para o cérebro, através de correntes

elétricas. O processo de aprendizagem ocorre de maneira crescente.

A cognição pode ser entendida como um processo mental de obtenção

de conhecimento por meio dos cinco sentidos, da percepção, da memória,

raciocínio, imaginação e linguagem. A cognição é como o cérebro percebe ou

lembra das informações recebidas. Também é um processo de adaptação ao

meio, considerando as informações já registradas na memória.

De acordo com CAMPOS (2016):

“A motivação e o desempenho escolar se relacionam de uma forma

diretamente proporcional, isto é, quanto mais motivada a criança estiver, melhor será o

seu desempenho e vice-versa. Tudo isso favorece a motivação doa alunos, tornando o

aprendizado mais divertido, e isto possibilita o desenvolvimento de habilidades e

competências como argumentação, criatividade, raciocínio lógico, abstração, dedução

e formulação de hipóteses, que permitem que o aluno trabalhe no seu ritmo, e esse

processo auxilia o desenvolvimento cognitivo da criança.”

A emoção positiva melhora o interesse e a concentração dos alunos;

porém, os educadores precisam saber trabalhar com as emoções, chamadas

negativas, como: medo, vergonha e ansiedade.

É fundamental que o profissional de Educação faça um trabalho

investigativo para descobrir quais as causas da falta de afetividade em sala de

aula, seja ela de forma agressiva, timidez ou ansiedade. O aluno tem facilidade

em aprender, mas não consegue controlar suas emoções. Esse descompasso

gera as dificuldades no aprendizado.

A aprendizagem depende da biologia, da organização e da estrutura

do sistema nervoso para acontecer. Conhecer essas características, fará com

que o professor entenda porque algumas estratégias que utiliza, funcionam ou

não. É importante que os educadores conheçam as estruturas cerebrais para

que consigam adaptar as aulas e as metodologias.

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Sem a devida atenção aos conteúdos, o aluno não será capaz de

ativar o centro de memória do cérebro, pois o sistema nervoso precisa estar

direcionado à experiência. Se o professor não conseguir ter a atenção do

aluno, as redes neurais não serão ativadas e ele não vai memorizar e nem

armazenar informações. É o estímulo que a criança recebe do meio que fará

com que ela adquira hábitos,atitudes e valores.

É preciso pensar em todos os alunos como seres que estão em

processo de crescimento e que vivenciam a aprendizagem, mesmo com suas

diferenças individuais.

Segundo RELVAS (2014):

“Aprender significa mudar de comportamento, por isso a informação para

ser processada precisa ter coerência para o aluno.”

Um indivíduo poder ter um ou vários estilos de aprendizagem. Deve-

se levar em consideração que os alunos apresentam diferentes formas de

aprender e, cabe a escola, descobrir o estilo de cada aluno.

As intervenções pedagógicas modificam as conexões cerebrais na

plasticidade da aprendizagem cognitiva e emocional, ou seja, o cérebro pode

ser modificado pelas intervenções pedagógicas, pois sabe-se que a

aprendizagem ocorre com a neuroplasticidade ou plasticidade cerebral.

Quando inseridos em sala de aula, esses estímulos resultam na

chamada aprendizagem significativa, tornando o processo mais prazeroso para

o aluno.

Reconhecer que todo o corpo do aluno e toda sua configuração

psicobiológica estão presentes no processo de aprendizagem, fará com que a

escola seja capaz de encontrar estratégias de ensino, diminuindo as

dificuldades de aprendizagem e a insegurança doa alunos, existentes nesse

processo.

Manter a auto-estima elevada dos alunos, é fundamental para o

sucesso do processo ensino-aprendizagem e, principalmente, da alfabetização.

A pessoa que possui uma auto-estima positiva sente-se em condições de

enfrentar os desafios apresentados durante o processo ensino-aprendizagem.

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Evitar cobranças em excesso, faz com que cada criança siga sua

aprendizagem de maneira a seguir seu próprio ritmo neural.

De acordo com TEIXEIRA (2016, p.79), para as teorias

motivacionais, estimulação pode se referir ao ato de incentivar, impulsionar

alguém para uma ação que vai lhe gerar alegria ou ganho.

Um dos possíveis mediadores de um processo ensino-aprendizagem

voltado para uma aprendizagem efetiva, seria a atividade lúdica, como jogos e

brincadeiras. Diversos jogos e/ou brincadeiras estão diretamente voltados para

o desenvolvimento dos diferentes tipos de linguagem, como a mímica e a fala.

Por ser uma comunicação e expressão, verbal ou não verbal, a linguagem

torna-se uma possibilidade de interação social. A atividade lúdica contribui para

o desenvolvimento da linguagem.

Na alfabetização, a participação em brincadeiras e/ou jogos, é papel

fundamental para a aquisição da leitura e da escrita, pois é uma oportunidade

dos alunos conhecerem novas palavras e assim, desenvolverem um

vocabulário mais amplo.

Ao mesmo tempo, os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, que

enriquecem as possibilidades de comunicação e expressão, permitem um

maior desenvolvimento na socialização das crianças.

Segundo RELVAS (2012):

“O professor, ao estabelecer as estratégias de ensino em relação ao seu

conteúdo em seus planejamentos, deve se sensibilizar que as turmas constituem em

uma biologia cerebral, tal qual uma verdadeira ecologia cognitiva. Afinal, funcionam

em movimentos ininterruptos de transformações intrínsecas e extrínsecas. É preciso

que o professor perceba que, neurofisiologicamente, os alunos estão com os sistemas

dos sentidos biológicos muito estimulados e, por conseguinte, existe um movimento de

conexões nervosas que nunca estancam.”

É função do professor e da escola, ajudar seus alunos a

descobrirem e perceberem sua individualidade, intensificando suas habilidades

e competências, que facilitem sua aprendizagem, tornando o aluno ativo

durante esse processo.

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Segundo REBELLO (2016):

“O educador precisa se colocar como mediador das aprendizagens.”

O professor precisa conhecer o funcionamento do cérebro e suas

ações cognitivas, para saber o que esperar, como resultado, após o

lançamento de um conteúdo e/ou atividade proposta. A aprendizagem é

produto da modificabilidade após a mediação do educador em sala de aula. O

professor é o colaborador desse processo de ensino-aprendizagem.

O cérebro humano possui cerca de cem bilhões de neurônios, que

se comunicam com outros milhares, fazendo com que ocorra as conexões

neurais. Dessa forma, a aprendizagem, é obtida por meio de estimulação das

sinapses e a intervenção pedagógica, pode ou não, fortalecer essa

aprendizagem.

A estrutura cerebral apresenta crescimento considerável, nos

primeiros anos de vida dos seres humanos, pois é uma fase decisiva para o

bom desenvolvimento do cérebro. Quando ocorrem prejuízos no

desenvolvimento nessa idade, podem ser irremediáveis, comprometendo as

aprendizagens futuras e dificultando o desenvolvimento da pessoa.

O cognitivo e a afetividade estão entrelaçados em todos os

momentos da vida. A escola deve buscar desenvolver o aluno, integralmente,

valorizando todos os aspectos: motor, afetivo, social e cognitivo.

A escola deve oferecer uma grande variedade de experimentações e

vivências para seus alunos, principalmente no período de alfabetização, onde

as crianças estão ávidas por novos conhecimentos e oportunidades, sempre

respeitando as particularidades de cada um.

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CONCLUSÃO

O processo de alfabetização inicia-se muito antes do ingresso

na educação formal, na escola. Ele desenvolve-se através do contato com o

meio externo e das experiências vivenciadas e experimentadas pelas crianças O cérebro reage aos estímulos recebidos pelo meio, dessa

forma, acontece a aprendizagem. Entender como esse processo funciona, é

fundamental para que o professor, as famílias e os próprios alunos, sejam

capazes de intervir de maneira correta, objetiva e eficaz, observando como a

aquisição dos conhecimentos e a retenção das informações, ocorrem no

cérebro humano.

O aprendizado escolar requer prontidão emocional,

pedagógica, neurobiológica e cognitiva. O meio social em que vivem, também

influenciam na qualidade do aprendizado.

Educar é uma tarefa desafiadora, pois ensinar acarreta

compreender que é preciso fazer uma intervenção social e externa. Ensinar e

formar cidadãos representa uma grande responsabilidade por parte da escola e

dos educadores envolvidos nesse processo.

As crianças são seres biopsicossociais, dessa forma, deve-

se levar em consideração que, mesmo que genética e biologicamente

limitados, pode-se mudar as condições emocionais e do ambiente de

aprendizagem.

Criar em sala de aula um ambiente favorável e estimulador

para a aprendizagem, torna possível a redução da insegurança, do medo e da

ansiedade, existentes nessa fase de alfabetização, oportunizando a criação de

um vínculo afetivo e emocional, importantes para que as crianças sejam

capazes de desenvolverem a atenção, a memória e a retenção das

informações adquiridas.

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BIBLIOGRAFIA

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VALLE, Luiza Elena. Cérebro e aprendizagem: um jeito diferente de

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Aprendizagem 10

1.1. A construção da aprendizagem 10

1.2. Concepções acerca das dificuldades de aprendizagem 13

CAPÍTULO II

A Alfabetização 18

2.1. Alfabetização e letramento 19

2.2. As dificuldades no processo de leitura e escrita 21

CAPÍTULO III

Os processos cognitivos relacionados à Ansiedade no período de

alfabetização 26

3.1. Escola, um “estimulador neural” 29

CONCLUSÃO 34 BIBLIOGRAFIA 35