DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · ORIENTAÇÃO E APOIO PSICOPEDAGÓGICO NA...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
AVM FACULDADE INTEGRADA
ORIENTAÇÃO E APOIO PSICOPEDAGÓGICO NA INCLUSÃO DE
ALUNOS COM TEA NA ESCOLA REGULAR
Por: Roberta Angelo Monteiro
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2014
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
AVM FACULDADE INTEGRADA
ORIENTAÇÃO E APOIO PSICOPEDAGÓGICO NA INCLUSÃO DE
ALUNOS COM TEA NA ESCOLA REGULAR
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia.
Por: . Roberta Angelo Monteiro
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais por terem me ensinado
o valor do estudo e possibilitado o
mesmo com qualidade.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe por
cada caderno encapado com carinho,
pelos uniformes escolares bem passados,
pelas cobranças acadêmicas e por nos
levar para a escola todos os dias nos
ensinando a importância da mesma.
5
6
RESUMO
O Transtorno do Espectro Autístico é uma patologia que pode levar a
graves comprometimentos acadêmicos e sociais e, portanto, é importante
garantir que a escola tenha recursos e conhecimento abrangente para
promover a inclusão destas crianças na escola regular. O presente trabalho foi
dividido em três capítulos. No primeiro, pretendeu-se esclarecer os temas
abordados com os devidos conceitos dos objetos de estudo. No segundo, por
sua vez, buscou-se esclarecer de formar mais específica as características do
Transtorno do Espectro Autístico e o último capítulo tem o objetivo de
instrumentalizar a equipe escolar, preparando-a para o desafio da inclusão
destes alunos, respeitando suas limitações e características. Concluiu-se que
os desafios são enormes, mas que a inclusão é possível e que o
psicopedagogo pode e deve auxiliar neste processo através de seus
conhecimentos das áreas da saúde e da educação utilizando práticas prévias
bem sucedidas e criando novos recursos e propostas pedagógicas.
7
8
METODOLOGIA
Foi realizado um levantamento da literatura disponível nas áreas da
saúde e educação com objetivo de fazer uma revisão bibliográfica sobre o
tema da inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autístico (TEA) em
escolas regulares. Foram utilizados, principalmente, os bancos de dados da
Scielo e Pubmed, além da pesquisa de livros e sites de referência como o do
MEC, o da Sociedade Brasileira de Psicopedagogia, o Código Internacional de
Doenças (CID-10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos
Mentais (DSM-IV e DSM-V).
A partir deste levantamento foi possível produzir o presente trabalho que
discorre tanto sobre os conceitos, quanto sobre as características da patologia
do estudo, as estratégias, os recursos e os manejos comportamentais e
pedagógicos para desenvolver uma proposta de intervenção psicopedagógica
institucional, promovendo assim, a inclusão de alunos com TEA no ensino
regular.
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10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 12
CAPÍTULO I - Conceituação 14
CAPÍTULO II - caracterização da criança com TEA:
conhecer para criar estratégias 20
CAPÍTULO III – Adaptações, estratégias, recursos
e manejos para a inclusão de alunos com TEA
no ensino regular 26
CONCLUSÃO 32
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 34
ÍNDICE 36
11
INTRODUÇÃO
Em um momento em que as políticas públicas educacionais no Brasil
têm evidente caráter inclusivo, faz-se necessário instrumentalizar os
professores e equipe escolar com informações e manejos para lidar e inserir
crianças portadoras de Transtorno do Espectro Autístico (TEA) no ensino
regular.
O Transtorno do Espectro Autístico é uma patologia que pode levar a
graves comprometimentos acadêmicos e sociais e, portanto, é importante
garantir que a escola tenha recursos e conhecimento abrangente para
promover a inclusão destas crianças na escola regular. De acordo com a
Associação Brasileira de Psicopedagogia, a Psicopedagogia é uma área
interdisciplinar de conhecimento, atuação e pesquisa, que se insere no campo
da Educação e da Saúde e auxilia na promoção da aprendizagem,
contribuindo também para os processos de inclusão escolar e social. Desta
forma, o psicopedagogo é o profissional que fará a ponte entre a saúde e a
educação, lançando mão de conhecimentos da área da saúde para garantir
uma boa compreensão por parte da equipe escolar sobre a patologia em
questão e desta forma buscar estratégias para promover uma educação
efetivamente inclusiva.
O presente estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro,
pretendeu-se esclarecer os temas abordados com os devidos conceitos dos
objetos de estudo: o Transtorno do Espectro Autístico, a inclusão escolar, a
adaptação curricular e a psicopedagogia. No segundo, por sua vez, buscou-
se esclarecer de formar mais específica as características do Transtorno do
Espectro Autístico. Com o título: “Caracterização da criança com TEA:
conhecer para criar estratégias”, este capítulo retrata de forma minuciosa, as
particularidades do Transtorno do Espectro Autístico, seja pelo viés da
12
comunicação, do comportamento ou mesmo de suas habilidades e
dificuldades acadêmicas e sociais. O objetivo deste capítulo foi fundamentar as
estratégias sugeridas no terceiro e último capítulo. Por fim, o capítulo 3, cujo
nome é: “Adaptações, estratégias, recursos e manejos para a inclusão de
alunos com TEA no Ensino Regular” tem o objetivo de instrumentalizar a
equipe escolar, preparando-a para o desafio da inclusão destes alunos,
respeitando suas limitações e características.
O produto final deste estudo servirá de amparo para a atuação do
psicopedagogo, que poderá realizar orientação e capacitação da equipe
escolar a partir das informações e sugestões desenvolvidas neste trabalho.
CAPÍTULO I
13
CONCEITUAÇÃO
1.1 Transtorno do Espectro Autistico (TEA)
O autismo é uma patologia complexa que até hoje ainda sofre
mudanças quanto à terminologia e critérios diagnósticos. É definido pelo
CID-10 (Código internacional de doenças, 2000) pelo termo TGD
(Transtorno Global do Desenvolvimento) e engloba não só o autismo infantil,
mas também, o autismo atípico, a síndrome de Rett, o Transtorno
desintegrativo da infância, o transtorno com Hipercinesia associada a
Retardo mental e Movimentos Estereotipados, a Síndrome de Asperger,
Outros Transtornos Globais do Desenvolvimento e os Transtornos Globais
do Desenvolvimento Não Especificados.
Já a versão para o português brasileiro do DSM-IV-TR (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais, 2002) utiliza a sigla TID
(Transtorno Invasivo do Desenvolvimento) e afirma que fazem parte deste
quadro: o transtorno Autista, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo
da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento sem Outra Especificação.
Segundo Khoury e colaboradores (2014), há mais de 20 anos que os
estudos sobre autismo utilizam o termo Transtorno do Especto Autístico
(TEA) para se referir ao Transtorno Autista, ao Transtorno de Asperger e ao
Transtorno Global ou Invasivo do Desenvolvimento sem Outra
Especificação. Considerando essa nova tendência e a adoção do termo
TEA em 2013 pela quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais – DSM-5, o termo escolhido e utilizado no decorrer
deste trabalho será o Transtorno do Espectro Autístico e sua sigla: TEA.
14
Para um indivíduo ser diagnosticado com Transtorno do Espectro
Autístico ele deve apresentar comprometimentos nas relações sociais e
comportamentos fixos ou repetitivos.
1.2 Inclusão Escolar
O direito a educação em escolas regulares para alunos com
necessidades especiais no Brasil é garantido por lei desde a Constituição de
1988 que estabeleceu o direito à escolarização de toda e qualquer pessoa,
igualdade de condições para o acesso e para a permanência na escola, além
de assegurar atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino ( Brasil, 1988). Este
direito também é amparado pela lei de Diretrizes e bases de nº 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, na qual se afirma que os sistemas de ensino assegurarão
aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica,
para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar
para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
Em um trabalho desenvolvido por Bosa (2012), podemos entender a
proposta de inclusão como a participação de todo indivíduo na escola regular,
15
independente de talento, deficiência, condição socioeconômica ou cultural e
supõe a adaptação da escola às necessidades e demandas de todas as
crianças. Incluir não significa simplesmente inserir o indivíduo no ambiente
escolar e sim preparar a escola para receber a criança com TEA de forma
plena e adequada. Infelizmente, a falta de investimento nas crianças com
Transtorno do Espectro Autístico, em virtude da crença de que são incapazes
de se comunicar e interagir pode ainda intensificar os déficits encontrados
nestas crianças (Bosa, 2002). Por outro lado, a escola proporciona as crianças
com TEA oportunidades de conviver com as demais crianças com faixa etária
semelhante e desta forma, possibilita o estímulo de suas capacidades
interativas e desenvolvimento de competência social, evitando o isolamento
contínuo a partir de modelos de interação fornecidos pelas demais crianças e
equipe escolar.
É importante que ocorra um diálogo com toda a instituição escolar, pois
o processo de inclusão não depende somente do professor, mas do
conhecimento, aceitação e respeito dos alunos, professores e demais
funcionários da escola. O psicopedagogo pode e deve dialogar e sensibilizar
todos os integrantes da instituição escolar de modo a garantir a inclusão dos
alunos com TEA, lembrando que a inclusão escolar vai além do acolhimento,
respeito e aceitação inicial do diferente. A inclusão é um processo contínuo e
em constante transformação que caminha de acordo com as habilidades
desenvolvidas pela criança e as necessidades acadêmicas curriculares. Na
maioria das vezes faz-se necessária a adaptação curricular.
1.3 Adaptação Curricular
De acordo com a secretaria de educação especial do ministério de
educação (2000) , adaptações Curriculares são respostas educativas que
devem ser dadas pelo sistema educacional, de forma a favorecer a todos os
alunos e, dentre estes, os que apresentam necessidades educacionais
especiais: acesso ao currículo, a participação integral, efetiva e bem-sucedida
16
em uma programação escolar tão comum quanto possível, a consideração e o
atendimento de suas particularidades e necessidades especiais.
O processo de elaboração da adaptação curricular não é simples, pois
envolve várias instâncias, desde o plano Municipal de Educação, passando
pelo projeto Pedagógico da Unidade Escolar até o plano de Ensino do
professor. Estas adaptações podem ser de pequeno a grande porte para
atender ao conjunto de necessidades educacionais especiais do alunado. É
fundamental que as adaptações sejam precedidas de uma criteriosa avaliação
do aluno. Deve-se, portanto, considerar sua competência acadêmica para a
partir dela criar estratégias, conhecer o contexto escolar e familiar e favorecer
e facilitar a participação de equipe multiprofissional orientando este processo.
A secretaria de educação (2000) ainda denomina as modificações
menores, de competência específica do professor, como adaptações de
pequeno porte. Elas constituem pequenos ajustes nas ações planejadas a
serem desenvolvidas no contexto da sala de aula. Já as adaptações
curriculares de grande porte são adequações cuja implementação depende de
decisões e de ações técnico-político administrativas, que extrapolam a área de
ação específica do professor, e que são da competência formal de órgãos
superiores da Administração Educacional Pública. São exemplos de
adaptações, a flexibilização curricular de: objetivos, conteúdos, método,
avaliação, temporalidade e organização. Cabe ao psicopedagogo participar da
equipe multiprofissional evolvida, orientando, conhecendo o aluno e criando
alternativas e adaptações para atender ao aluno com TEA de maneira integral.
.
1.4 Psicopedagogia
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que
se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a
escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos
17
próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos. Sua área de
conhecimento, atuação e pesquisa relaciona-se com os processos de
aprendizagem humana e, portanto, visa o amparo aos indivíduos e aos grupos
envolvidos neste complexo processo, considerando, sempre a diversidade e a
inclusão.
De acordo com o Código de Ética do psicopedagogo, o trabalho
psicopedagógico tem como objetivo promover a aprendizagem, garantindo o
bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos
recursos disponíveis, incluindo a relação inter-profissional. Além disso, o
psicopedagogo é o profissional que deve assegurar:
I - A produção e divulgação do conhecimento científico e tecnológico
relacionado com a aprendizagem humana;
II - Os compromissos éticos e políticos com a Educação de qualidade para
todos;
III - A articulação com os demais profissionais da Educação e da Saúde para a
construção de uma sociedade justa, respeitando a equidade e a diversidade,
onde todos tenham o direito ao aprender.
1.5 A psicopedagogia na inclusão escolar de alunos com TEA
O psicopedagogo se torna indispensável para garantir a inclusão efetiva
de crianças com dificuldades escolares, visto que é o profissional que lança
mão de recursos pedagógicos e conhecimentos da área da saúde. Tais
conhecimentos permitem que o psicopedagogo realize o papel de ponte entre
os profissionais da saúde e da educação, firmando um elo fundamental para a
a promoção de uma educação realmente inclusiva.
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A psicopedagogia pode e deve contribuir através de projetos de
educação inclusiva dentro da escola tanto no que diz respeito aos
procedimentos pedagógicos, na condução dos problemas comportamentais,
da falta de conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autístico por parte
de toda a equipe escolar e famílias, do exercício da diversidade e respeito com
os demais alunos com desenvolvimento típico de modo a contribuir com a
inclusão das crianças com TEA partindo do envolvimento de todos os
indivíduos que fazem parte diretamente da instituição escolar: equipe escolar,
alunos e familiares.
Deste modo, o profissional psicopedagogo pode e deve assegurar os
direitos das crianças com Transtorno do Espectro Autístico, que apesar de
garantidos por lei, muitas vezes não são estabelecidos no dia a dia de forma a
contribuir com o desenvolvimento acadêmico e social destes alunos.
CAPÍTULO II
CARACTERIZAÇÃO DA CRIANÇA COM TEA:
CONHECER PARA CRIAR ESTRATÉGIAS
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"Abre a mente ao que eu te revelo e retém bem o que eu te digo, pois não é
ciência ouvir sem reter o que se escuta." – Dante Alighieri
De acordo com o DSM-V, para um indivíduo ser diagnosticado com
transtorno do Espectro autístico, este deve respeitar os seguintes critérios:
Apresentar persistentes deficiências na comunicação e interação social
que podem surgir pela limitação na reciprocidade social e emocional,
limitação nos comportamentos de comunicação não verbal utilizados para
interação social e restrição em iniciar, manter e entender relacionamentos,
demonstrando dificuldades com adaptação de comportamento para se
ajustar as diversas situações sociais.
Demonstram padrões restritos e repetitivos de comportamento,
interesses ou atividades que se manifestam pelo menos por dois dos
seguintes comportamentos descritos: movimentos repetitivos e
estereotipados no uso de objetos ou fala; insistência nas mesmas coisas,
aderência inflexível às rotinas ou padrões ritualísticos de comportamentos
verbais e não verbais; interesses restritos que são anormais na intensidade
e foco ou hiper/hiporreação a estímulos sensoriais do ambiente.
Os sintomas devem estar presentes nas primeiras etapas do
desenvolvimento. Apesar de poderem não estar totalmente manifestados
até que certa demanda social exceda as capacidades do indivíduo ou até
mesmo podem ficar mascarados em virtude de algumas estratégias de
aprendizado ao longo da vida.
Os sintomas apresentados pela pessoa com TEA causam prejuízos
significativos nas áreas social, ocupacional ou até outras áreas importantes
para o funcionamento do paciente. Para ser considerado indivíduo com TEA
não pode haver deficiência cognitiva ou atraso global do desenvolvimento.
20
Estes critérios serão observados por equipe multiprofissional em
avaliação para se chegar ao diagnóstico, mas auxiliam todo e qualquer
profissional seja clínico ou institucional a compreender quem é o aluno com
Transtorno do Espectro Autístico.
2.1 TEA: interação social, comunicação e comportamento
A criança com TEA apresenta dificuldade na comunicação e na
interação social o que torna o envolvimento dela com a equipe escolar difícil,
pois é através da linguagem que interagimos socialmente. Estes indivíduos
podem apresentar falhas na comunicação verbal e não verbal, isso inclui:
gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação da
linguagem oral (Mello, 2007). Estas dificuldades se apresentam tanto em nível
de compreensão do que o outro quer expressar, quanto para sua própria
produção, demonstrando pobre ou ineficaz linguagem expressiva. Para
algumas crianças o comprometimento linguístico é tão grande que se faz
necessário o uso de uma comunicação alternativa.
Crianças com desenvolvimento típico, a partir dos nove meses
começam a apresentar um comportamento denominado atenção conjunta,
também denominada atenção compartilhada (Tomasello, 2003). Em outras
palavras, a atenção conjunta significa dividir a experiência em relação a
objetos ou eventos com outras pessoas. Crianças com TEA apresentam
prejuízos na atenção compartilhada, dificultando, assim, a reciprocidade e a
interação.
O termo atenção conjunta costuma ser usado para caracterizar
todo esse complexo de habilidades e interações sociais. A situação
prototípica nessa idade é dos bebês pela primeira vez começarem a
olhar, de modo flexível e confiável, para onde os adultos estão olhando
(acompanhamento do olhar), se envolver com ele em sessões
relativamente longas de interação social mediada por um objeto
21
(envolvimento conjunto), usar os adultos como pontos de referência
social (referência social) e agir sobre os objetos da maneira como os
adultos agem sobre sobre eles (aprendizagem por imitação)
(Tomasello, 2003)
.
Tomasello (2003) ainda afirma que no autismo (TEA) os indivíduos
muitas vezes são incapazes tanto de compreender as outras pessoas como
agentes mentais/ intencionais iguais a eles mesmos, como também de se
envolver em habilidades de aprendizagem cultural típicas da espécie. Estes
alunos, portanto, apresentarão dificuldades de se colocar no lugar do outro,
fazer suposições precisas sobre o que as pessoas sentem, pensam ou
desejam, fazer previsões de comportamento, habilidades estas relacionadas
com a teoria da mente. Em função disso, os prejuízos para o estabelecimento
de relações interpessoais fica prejudicado, e podem ter dificuldades para
estabelecer contato visual, seguir o olhar do outro, entender emoções,
compreender que serão ajudados, dentre outros (Khoury e cols, 2014).
Bosa (2006) informa que a maioria das crianças com TEA apresenta
dificuldades de compreensão de linguagem abstrata ou dificuldades para lidar
com sequências complexas de instruções que necessitam ser divididas em
pequenas partes, decompondo a informação.
Muitas crianças repetem o que lhes foi dito sem uma função ou situação
adequada. Esse fenômeno é chamado de ecolalia e pode ser imediata quando
há repetição do que ouviu imediatamente ou pode ser denominada ecolalia
tardia quando repetem frases ouvidas horas ou até dias atrás (Mello, 2007 e
Bosa, 2006).
Em relação ao comportamento, fica claro e inclusive faz parte dos
critérios diagnósticos, os comportamentos motores estereotipados como por
exemplo: pular, balançar, fazer movimentos com dedos e ou mãos e a
aderência a rotinas e a certos rituais (Khoury e cols, 2014). Khoury (2014) e
22
Bosa (2006) também salientam para alguns comportamentos denominados
desafiadores como: agressividade e comportamentos autodestrutivos.
Alguns estudos demonstram que comportamentos desafiadores
têm funções comunicativas importantes, que são: indicar a necessidade
de auxílio ou atenção; escapar de situações ou atividades que causam
sofrimento; obter objetos desejados; protestar contra atividades
/eventos não desejados; obter estimulação. O conhecimento de que os
comportamentos desafiadores são uma forma de comunicação também
permite que as pessoas respondam melhor a esses comportamentos,
pois elas sabem que eles são evocados devido à comunicação pobre e,
portanto, não são atos deliberados de agressão.
(Bosa, 2006)
Khoury ( 2014) também descreve algumas características que podem
estar presentes como: andar nas pontas dos pés, autoagressão, preferências
por brincadeiras de giros ou balanço, podem ter habilidades específicas bem
desenvolvidas, dificuldade de manter a atenção, instabilidade de humor e
limiares de dor elevados.
2.2 TEA e aprendizagem
De acordo com Gomes (2007), alunos com TEA apresentam
dificuldades acadêmicas por diversos motivos. Eles respondem aos
estímulos do meio, pensam e se comportam de maneira diferente.
Costumam responder a apenas parte do estímulo e não percebem o todo.
Isso acontece, pois tendem a prestar atenção nos detalhes, tornando difícil
o estabelecimento da relação das partes com o todo.
È importante entender que descobrimos o mundo através das vias
sensoriais: visão, audição, olfato, tato e paladar. O indivíduo com TEA
apresenta muita ou pouca sensibilidade a estímulos sonoros, visuais, táteis
e olfativos (Gomes, 2007). A experiência tátil, sons altos, o toque e até
mesmo provar um alimento de textura diferente do habitual pode gerar
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reações inesperadas. Além disso, crianças com TEA respondem melhor a
estímulos visuais que auditivos.
Rubens Wajnsztejn ( 2009) ainda esclarece que o processo de
aprendizado do aluno com TEA é muito prejudicado por dificuldades da
compreensão do ponto de vista do outro, dificuldades na generalização das
palavras e na aquisição de conhecimentos, e também pela interpretação
inadequada das noções temporais. O autor ainda enfatiza que métodos de
educação apropriados somados a uma sociedade esclarecida seriam a
ajuda essencial para que o processo de desenvolvimento do ser com TEA
não fosse tão doloroso para ele e sua família.
A restrição de interesses também é uma característica evidente, o que
poderá restringir a motivação da criança em qualquer processo de
aprendizagem acadêmica pela simples falta de desejo pelo tema de estudo
proposto. Além disso, muitos alunos com TEA apresentam um rebaixamento
intelectual, porém independente desta característica muitas vezes presente,
Peeters (1998) afirma que crianças com TEA apresentam um estilo
cognitivo diferente. O autor alega que estes indivíduos possuem uma forma
diferente de pensar cuja característica principal seria a rigidez dos
pensamentos e pouca flexibilidade no raciocínio. Peeters (1998) ainda relata
as dificuldades em criar coisas novas, fazer raciocínio inverso, dar sentido
além do literal, associar palavras ao seu significado, compreender a
linguagem oral e generalizar a aprendizagem. Além de tudo isso, a
imaginação e a brincadeira simbólica são restritas ou mesmo ausentes.
De acordo com Rubens Wajnsztejn ( 2009) a criança com TEA requer
acompanhamento precoce e contínuo. Este acompanhamento deve ser feito
por equipe multiprofissional e o psicopedagogo deve contribuir seja pelo
atendimento clínico ou apoio institucional. Além do psicopedagogo, a
criança com TEA também deve contar com o acompanhamento de
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psiquiatra, neurologista, pediatra, psicólogo, dentista, fonoaudiólogo e
terapeuta ocupacional.
CAPÍTULO III
ADAPTAÇÕES, ESTRATÉGIAS, RECURSOS E
MANEJOS PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS COM TEA
NO ENSINO REGULAR
"Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a si
mesmo" Tolstói
25
O processo se inclusão de qualquer indivíduo com necessidades
especiais não é uma tarefa fácil, mas ter uma postura profissional não
conformada, ousada e empenhada levará a mudanças significativas na vida
destas crianças e de toda equipe escolar. Cunha (2013) sugere que o primeiro
passo a ser dado pelo educador será o de conhecer seu aluno, seus afetos e
interesses, pois isso possibilitará a instituição de exercícios, atividades e
afazeres que ajudarão a canalizar sua atenção. Se a equipe escolar conhece
as características do autismo fica muito mais fácil entender seus
comportamentos e necessidades.
Em contrapartida, os saberes dos professores provêm de diversas
origens. Partem de sua história pessoal e social, da sua subjetividade, dos
seus grupos, das crenças, da família, da mídia, da cultura e muitas outras
fontes (Cunha, 2013). Pensar em uma intervenção psicopedagógica
institucional perpassa não só o conhecimento do aluno com TEA, mas também
os comportamentos, desejos, preconceitos, conhecimentos, formação,
experiências e emoções do educador que lida diretamente com o aluno. O
psicopedagogo poderá traçar o perfil institucional e dos profissionais para
então agir com propostas mais assertivas.
No desafio de incluir um aluno com TEA, não há metodologias ou
técnicas salvadoras. O que se busca neste estudo e dividir ideias e
experiências que deram certo. É fundamental o entendimento de que o ensino
não precisa estar centrado nas funções formais e nos limites preestabelecidos
pelo currículo escolar. A escola precisa se relacionar com a realidade do
educando e nessa relação quem primeiro aprende é o profissional que busca
incluir o aluno (Cunha, 2013).
O educando com TEA poderá necessitar de mediação, esta poderá ser feita
pelo professor, pois mediar é servir de elo entre um estímulo e uma resposta.
Pode-se ainda conceituar a mediação como o processo de intervenção na
26
relação do aluno com o conhecimento (Cunha, 2013). Porém, muitas vezes é
necessário um mediador exclusivo para o aluno com TEA que irá ser o grande
provocador de estímulos, irá auxiliar na administração de tempo, adaptação
das atividades e foco de atenção, além das formas e estratégias diferenciadas
de ensino. A decisão pelo mediador deverá ser tomada pela equipe,
considerando a disponibilidade deste profissional, sua capacitação e condições
da classe. Classes com números excessivos de alunos tornam a mediação
fundamental para favorecer o entendimento mais global e uso dos
conhecimentos expostos em sala de aula.
De acordo com Gomes (2007), a dificuldade dos autistas em perceber o
todo se dá pela necessidade de ralações mais consistentes entre estímulos,
respostas e consequências. É importante favorecer essa relação direta para
que estes alunos adquiram novos comportamentos e aprendizagens e
consigam mantê-los a longo prazo. O mediador deverá favorecer este
processo, pois sabendo disso, poderá esclarecer explicações ou textos lidos.
Deste modo, não se deve nunca deixar algo implícito quando se trata de
inclusão de crianças com TEA. Todo o conteúdo deve ser claro, direto e
explícito com uma linguagem mais clara possível. Crianças com TEA
respondem melhor a propostas de trabalho estruturadas, que a situações
livres. Cunha (2013) ainda salienta ao fato de que o educador poderá se
surpreender quando seu aluno com autismo atentar para detalhes que, para a
maioria de nós, seriam imperceptíveis, devido à forma diferente de perceber o
mundo.
Khoury (2014) afirma que muitos estudos evidenciam que crianças
diagnosticadas com TEA não conseguem manter a atenção, responder a
instruções complexas nem manter e focar a atenção em diferentes tipos de
estímulos simultâneos e, portanto, necessitam de estratégias diferenciadas e
específicas de intervenção educacional. Os estímulos simultâneos podem
ainda gerar atitudes disruptivas. De acordo com Cunha (2013) além do
excesso de estímulos, muitos outros são os fatores que podem gerar essas
27
atitudes, como o barulho, a mudança de rotina, as incertezas, as ansiedades,
os conflitos e as frustrações. Cabe ao educador que observa, estar atento as
vivencias do educando que antecederam o comportamento impróprio,
evitando-as ou antecipando ao aluno o que irá acontecer.
Ainda sobre a atenção, Cunha (2013) sugere a utilização de trabalhos
artísticos e música, pois estimulam o foco de atenção e de forma lúdica
desenvolvem sua capacidade de concentração e memória necessárias para a
aprendizagem de outras áreas como a leitura e matemática.
Já em relação à linguagem, Bosa (2006) relata que crianças com TEA
podem não conseguir desenvolver a linguagem oral e necessitam de uma
comunicação alternativa. Um sistema baseado em figuras parece exigir menos
habilidades cognitivas, linguísticas ou de memória e pode e deve ser usado
para facilitar a comunicação em sala de aula. Uma sugestão seria implantar
um quadro com imagens de acontecimentos do cotidiano escolar para a
criança ou a professora apontarem. Ex.: necessidade de beber água ou ir ao
banheiro, cópia do quadro, etc. Cunha (2013) também sugere a criação de
mecanismos que facilitem a comunicação como cartões de imagens ou figuras
e música. É comum na escola o cantar de alguma música antecedendo alguma
atividade rotineira da escola. Essa prática pode auxiliar o aluno com TEA caso
o mesmo não tenha sensibilidade auditiva excessiva. Cabe ao psicopedagogo
observar juntamente com o professor para verificar a eficácia desta prática.
Ainda se tratando das vias sensoriais, mecanismos visuais de forma
geral podem gerar grandes avanços. Num estudo realizado por Gomes (2007)
utilizou-se cores e uma linha divisória entre dígitos para auxiliar e sistematizar
o ensino da adição e subtração com uma criança com TEA. Os resultados
foram satisfatórios e a criança conseguiu desenvolver a habilidade de somar e
diminuir números com até dois dígitos. O ensino foi bem estruturado com apoio
visual onde a cor azul foi utilizada para soma e a vermelha para subtração e a
utilização de recursos concretos como levantar os dedos para soma e abaixar
28
para subtração favoreceram um bom entendimento e auxílio. As atividades
começavam com cálculos simples com apenas um dígito e somente um tipo
de cálculo (soma ou subtração) e só avançavam na medida em que já havia
domínio. Os auxílios também foram diminuídos a medida em que a criança
conseguia dominar a atividade.
Em relação às rotinas, Cunha (2013) sugere que essa tendência de se
fixar a elas poderá ser usada em benefício do aprendente na organização de
seu dia, estabelecendo horários e uma ordenação das atividades. É importante
comunicar o aluno tudo que irá acontecer ao longo do dia escolar, pois uma
mudança pode levar a comportamentos inapropriados que acabam
desestabilizando toda a classe. Em casos em que há pouquíssima interação
verbal, sugere-se que sejam utilizadas imagens com o intuito de reduzir
possíveis comportamentos inadequados. Por exemplo, mostrar a foto da
cantina e pátio antes de sair com as crianças para o recreio, explicando a
criança o que irá acontecer pode ser uma atitude simples que antecipa um
problema e o previne.
Uma prática interessante descrita por Khoury (2014) é o uso de
reforçadores positivos quando desejamos mostrar para a criança que seu
comportamento foi adequado. Estes reforçadores podem acontecer por meio
de elogios, aplauso e outros reforçadores denominados sociais, podem ser
através de atividades, brinquedos ou brindes como: quebra-cabeça, massinha,
figurinha, balão, adesivo e outros, ou até mesmo reforçador por contato físico
como abraçar, fazer cócega, beijar e outros. A escolha do reforçador irá
depender da observação prévia do aluno, pois cada um irá se identificar
melhor com algum dos tipos ou reagir negativamente a ele.
Khoury e cols (2014) de forma breve resumem as atitudes inclusivas
com crianças com TEA da seguinte maneira: uso de instruções claras, diretas
e simples para cada tarefa; uso de estímulos visuais para o estabelecimento
de rotina e instruções; ensino de comportamentos de obediência a regras;
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ensino de comportamentos de solicitação; estímulo ao desenvolvimento da
autonomia e da independência; controle de estímulos antecedentes e
consequentes para facilitar a emissão de comportamentos adequados; uso de
avaliação da funcionalidade do comportamento e utilização de reforçamento
positivo para modificação do comportamento.
Para finalizar, outro aspecto importante é a avaliação. Ao avaliar, faz-se
um julgamento valorativo acerca de um determinado aspecto em prol do
alcance de um objetivo. Através da avaliação é que se pode lançar mão de
estratégias para superar ou progredir em direção ao objetivo almejado,
(Teixeira, 2010). Teixeira (2010) ainda sugere algumas técnicas de avaliação
inclusiva, dentre elas a avaliação sistemática, o registro de observação, a
avaliação participativa oral e escrita, a troca dialógica e os portfólios. O mais
importante é que o aluno não deverá ser avaliado com base no
desenvolvimento de outro colega ou do currículo oficial, mas com base no seu
próprio desenvolvimento: o que ele fazia, o que ele faz e o que ele poderá
fazer, além da adaptação curricular quando necessária(Cunha, 2013).
Tendo em vista tudo o que foi descrito. É sugerido um roteiro de
perguntas para guiar a observação do aluno. É importante que seja observado
em vários dias para que as informações colhidas representem realmente um
padrão e não somente uma reação a evento único.
• Qual é o nível de independência do aluno no cotidiano familiar e
escolar?
• O aluno consegue expressar suas necessidades básicas? Como?
• Que atividades o aluno gosta de fazer?
• Que atividades o aluno se nega a fazer?
• O que ele faz em casa e na escola? Como é sua rotina?
• Há indícios de hiperatividade ou déficit de atenção?
• Quais as atividades que o aluno se concentra mais?
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• Quais as atividades que o aluno se concentra menos?
• Como ele aprende?Qual é sua via sensorial predominante?
• O aluno constitui amizades na sala de aula?
• De que maneira e em que ambientes ele se relaciona com seus pares?
• Apresenta estereotipias? Quais e em que situações?
• Quais são suas maiores habilidades e dificuldades?
• Sua comunicação é estabelecida de que forma? Fala, corpo, olhar,
comportamentos inadequados?
• Como é sua relação com a rotina e suas reações quando há mudanças?
• Seu comportamento se modifica ao longo do dia? Em que momentos e
como?
• O aluno apresenta agressividade? Quando e por quê?
• Que reforçadores são mais bem aceitos e entendidos pelo aluno?
• Qual é a melhor forma de avaliação de acordo com suas
características?
• O aluno necessita de adaptação curricular?
• Qual é a reação da classe diante de comportamentos disruptivos?
CONCLUSÃO
O aluno com autismo não é incapaz de aprender, mas possui uma
maneira singular de perceber, interpretar e responder aos estímulos do mundo,
culminando por trazer-lhe um comportamento diferente e desafiador para o
educador.
As adaptações são constantes e a observação é fundamental. As
práticas não são engessadas e poderão ser eficazes ou não para cada sujeito
com TEA. Conhecer as características do Transtorno do Espectro Autístico,
somente, não é suficiente para se criar práticas pedagógicas adequadas a este
alunado, mas este saber é de suma importância na tomada de consciência do
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procedimento de observação do aluno, tendo em vista que quando não
sabemos o que procuramos, quando vemos, não reconhecemos
comportamentos, habilidades e potencialidades fundamentais para a mudança
da prática pedagógica. Consequentemente, se há conhecimento sobre a
patologia, o olhar é mais técnico e as observações mais completas, valiosas e
produtivas. Além disso, admitir o caráter processual do desenvolvimento e da
aprendizagem humana possibilita uma mente aberta para alterações nas
tomadas de decisões e adaptações necessárias ao longo do processo de
inclusão.
Cabe salientar que ainda que não se possa controlar todos os fatores
que interferem no trabalho pedagógico, quanto melhor for a formação
profissional, melhores serão os resultados dos esforços propostos. Os desafios
são grandes.
É notória a dissociação entre os discursos oficiais e as recomendações que
favorecem o entendimento da eficiência e da prática pedagógica para que a
integração se efetive. Entre elas, podemos citar: o número excessivo de alunos
nas salas de aula, as dificuldades de aprendizagem, a questão dos
procedimentos da avaliação ... a descontinuidade dos programas, as mudanças
de governo acompanhadas da ausência de vontade política, os baixos salários,
as salas de aula sem condição de trabalho, a desinformação, o despreparo e
não capacitação dos recursos humanos, principalmente, nos programas
curriculares dos cursos Magistério e Superior.
Teixeira (2010)
Apesar dos empecilhos, é preciso crer que o psicopedagogo pode ser o
profissional a trazer alternativas viáveis, informação, conhecimento e
transformação para a prática educacional, favorecendo a inclusão dos alunos
com TEA e desta forma enriquecer a sociedade a partir da interação entre
sujeitos diversos.
É certo que o maior aprendiz não será o aluno com TEA, mas toda a
equipe escolar e alunado que aprendem e vivenciam a solidariedade, a
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compreensão e a cidadania através do diferente. A inclusão traz mudanças de
valores que geram atitudes de tolerância, favorecendo o viver em sociedade.
O psicopedagogo tem papel crucial na transformação social através do
processo de educação inclusiva, servindo de elo entre conhecimentos, afetos e
fazeres.
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