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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS JOGOS E BRINCADEIRAS CRIATIVIDADE E APRENDIZAGEM Por: Valéria Fabiano Alves da Silva Orientador: Marco Antônio Chaves Rio de Janeiro, RJ, dezembro de 2001 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

JOGOS E BRINCADEIRAS

CRIATIVIDADE E APRENDIZAGEM

Por:

Valéria Fabiano Alves da Silva

Orientador:

Marco Antônio Chaves

Rio de Janeiro, RJ, dezembro de 2001

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

JOGOS E BRINCADEIRAS

Por:

Valéria Fabiano Alves da Silva

Trabalho Monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do Grau de

Especialista em Arteterapia.

Rio de Janeiro, RJ, dezembro de 2001

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Agradeço a todos que me ajudaram

direta e indiretamente na execução

desta pesquisa.

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Dedico às crianças, seres

poéticos e encantadores.

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“ Por motivo as crianças de modo geral são poetas, e com o tempo,

deixam de sê-lo?

A escola enche o menino de matemática, de geografia, de linguagem

sem via de regra, faze-lo através da poesia da matemática, da geografia, da

linguagem. A escola não repara em seu ser poético, não o atende em sua

capacidade de viver poeticamente o conhecimento e o mundo.

O que eu pediria à escola, se não me faltassem luzes pedagógicas era

considerar a poesia como primeira visão direta das coisas, e depois como veículo

de informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico,

lúdico, intuitivo e criativo que se identifica basicamente com sensibilidade poética.

... E arte, como a educação e tudo mais, que fim mais alto pode ter em mira

senão este, de contribuir para adequação de ser humano à vida, o que, numa

palavra, se chama felicidade?”

CARLOS DRUMOND DE ADRANDE

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SUMÁRIO

P.

Resumo ........................................................................................................... 7

Introdução........................................................................................................ 8

Capítulo I

Repensando o lúdico

1.1 - O lúdico através dos tempos.................................................................. 10

1.2 - O lúdico na escola.................................................................................. 12

1.3 - Função dos jogos e brincadeiras........................................................... 13

1.4 - Classificação dos jogos......................................................................... 14

1.5 - Sugestão de atividades........................................................................... 17

Capítulo II

Homem um ser criativo

2.1- Potencial criativo....................................................................................... 20

2.2- Criatividade e a escola............................................................................... 21

Capítulo III

Importância dos jogos e brincadeiras para a aprendizagem

3.1- A importância de brincar........................................................................... 26

3.2- Jogos na escola: Competição X cooperação............................................ 28

3.3- Jogos e a aprendizagem escolar............................................................... 29

Capítulo IV

Conclusão.......................................................................................................... 31

Referências Bibliográficas.................................................................................. 33

Anexos .............................................................................................................. 35

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RESUMO

Esta Monografia enfoca as várias formas de estudo sobre

jogos e brincadeiras, aliados à criatividade e aprendizagem, tomando como

referenciais teóricos autores que estudaram este assunto do ponto de vista

educacional, psicológico e social, através dos tempos, desde o pensar de jogos e

brincadeiras como atividades de passar o tempo, até os dias de hoje em que eles

estão tão inseridos no contexto do processo de ensino aprendizagem que se

tornaram ferramenta de vital importância na prática pedagógica, levando o

educador a utiliza-las de forma consciente, sem desculpas. O educador para

utilizar jogos e brincadeiras no dia a dia de sala de aula, precisa apenas de

interesse, boa vontade e criatividade, utilizando-os de maneira certa e na hora

correta, não ao acaso, mas de maneira pedagógica, interagindo com o cognitivo,

levando em conta que o homem é um ser criativo, que precisa ter este potencial

estimulado, e a escola tem papel fundamental neste processo, porque ela deve

estar consciente que ao ligar criatividade a aprendizagem estará oferecendo aos

seus alunos um conjunto de trabalhos livres e desbloqueadores, abrindo assim

múltiplas oportunidades de progresso, pois a sociedade que surge exige homens

criativos e cônscios de suas emoções.

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INTRODUÇÃO

A partir de experiências na prática pedagógica, buscou-

se algo que já é uma constante no nosso dia a dia, a ansiedade e a falta de

concentração em crianças.

A escolha do tema surgiu das dificuldades encontradas e

observadas no ambiente escolar, com intenção de auxiliar e alertar pais,

professores e todos que convivem com crianças, trazendo questões reflexivas

quanto a importância da utilização de jogos e brincadeiras, seja na escola como

na família.

As atividades lúdicas são consideradas por mestres em

educação como um caminho facilitador para que a criança entre no mundo do

adulto.

É consenso entre educadores que educar usando

atividades lúdicas é uma forma de fazer com que o cérebro se desenvolva mais,

amadurecendo mais rápido as habilidades como fala, comportamento, raciocínio

lógico, controle motor e até mesmo a personalidade. O potencial de criatividade

que a criança desenvolve é ilimitado.

O objetivo deste trabalho é apresentar nos capítulos que

o compõe, a importância do lúdico no desenvolvimento da concentração e no

controle da ansiedade em crianças de 7 a 9 anos da 1ª série do ensino

fundamental.

Apresentando um relato detalhado de todos os aspectos envolvidos no tema, a

concentração, a ansiedade, reflexão sobre a cultura e sua influência nos

brinquedos e formas e uso de brincadeiras e jogos, e para finalizar mostrando que

o lúdico é o caminho mais fácil entre a criança e o mundo adulto.

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É através de uma infância bem estruturada e com certa

liberdade que a criança se tornará um adulto criativo e seguro de si.

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CAPÍTULO I

REPENSANDO O LÚDICO

1.1- O lúdico através dos tempos.

O ser humano sempre demonstrou tendência atividades

lúdicas, por isso recebeu a designação Homo Ludens, ou seja, capacidade de

dedicar-se à atividade lúdica.

Na antigüidade greco-romana, o jogo visto como

recreação era utilizado como forma de relaxamento e não se limitava ao

aprendizado de regras e valores.

Brincar, antigamente era uma atividade atribuída

somente às crianças, porque tinha a função apenas de preencher o tempo. A

pedagogia tradicional sempre considerou o jogo como uma atividade sem

significação funcional, hoje a visão de brincar é outra, pois muitas escolas já estão

conscientes da importância do lúdico para aprendizagem.

Para Platão, os primeiros anos da criança deveriam ser

ocupados por jogos educativos, a educação propriamente dita só deveria começar

aos sete anos, além disso, ele defendia o esporte como valor educativo com a

função de contribuir para a formação do caráter e da personalidade.

De acordo com Aranha (1989), através dos tempos, os

jogos sempre constituíram uma forma de atividade inseparável ao ser humano,

portanto podemos concluir que o jogo é tão antigo quanto o próprio homem.

Com o Cristianismo, os jogos perderam valor e foram

considerados profanos , imorais e sem nenhum significado. Só no início do

século XVI, os jogos voltaram a ser valorizados pelos humanistas. ( Almeida,

1990).

A idéia de aplicar o jogo à educação surgiu através dos

movimentos da Escola Nova e da adoção dos chamados “ métodos ativos” .

Porém, esta idéia não é tão nova, pois Commenius em 1632, escreveu sua obra

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Didáctica Magna, apresentando sua concepção de educação que pregava a

utilização de um método natural, recomendando a utilização de jogos.

Nas décadas de cinqüenta e sessenta, ainda podíamos

encontrar livros, que associavam o lúdico à questão da obediência e da moral,

porém através dos tempos esta concepção teve suas bases modificadas, com

estudos e pesquisas de diversos autores que davam importância e reconheciam o

valor pedagógico da utilização do lúdico.

Entre os autores que ressaltaram esta importância

podemos citar: François Rabelais (1494 – 1553) ; Jean – Jacques Rousseau (

1712- 1780) ; Frederico Froedel ( 1782 – 1852) ; John Dewey ( 1859 – 1952) ;

Maria Montessori (1870 – 1952) ; Jean Piaget (1896 – 1980) e outros.

Ressaltamos aqui os estudos de Maria Montessori, que

empenhava-se na individualização do ensino, estimulando a atividade livre

concentrada e o princípio da auto-educação, os jogos voltados para a

estimulação dos sentidos. Os jogos sensoriais estão ligados ao seu nome. E

também ressaltamos Piaget, para ele os jogos ajudam no desenvolvimento

intelectual, acreditando que qualquer criança pode e deve jogar, a partir do

desenvolvimento delas os jogos se tornam mais complexos, exigindo mais

raciocínio.

Almeida (1990) concluiu que : “Desde Claparide e

Dewey, Wallon e Piaget, está bastante claro que a atividade lúdica é o berço das

atividades intelectuais e sociais superiores, por isso indispensáveis a prática

educativa” (p.20). E que a natureza do jogo, mesmo sendo fruto de uma prática

social, fenômeno psicológico ou cultural, nem sempre aparece com caráter

formador. Às vezes é relacionada com o ócio, a alienação e o consumismo.

Para Paulo Freire (1992) “A escola não deveria trabalhar

a criança no sentido de treiná-la para ser adulta, mas sim, no sentido da criança

construir e reforçar as estruturas corporais e intelectuais de que dispõe” (p.04).

Com o passar dos tempos a concepção do uso lúdico na

educação mudou, vários autores como Vigotsky, Piaget e outros verificaram a

importância d lúdico, na educação, pois através dos jogos as crianças adquirem a

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primeira representação do mundo, compreendendo e assimilando melhor as

relações sociais, desenvolvendo um senso de iniciativa e cooperação junto ao

grupo, desse modo o jogo pode e deve ser usado como fundamento pedagógico e

como agente socializador.

A escola não pode abrir mão do lúdico porque se melhor

observarmos, o lúdico está em quase tudo que fazemos, basta que o façamos

com prazer.

1. 2- O lúdico na escola

Desde pequenas, as crianças exploram o ambiente e

tudo a sua volta, o que lhe dará base para futura atividade lúdica.

Ao entrar na escola, o mundo dos brinquedos sofre

modificações, sendo os brinquedos substituídos por letras e números, provocando

reações diversas por parte das crianças.

Quando a criança brinca, ela não está preocupada em

adquirir conhecimento ou em desenvolver qualquer habilidade, seja mental ou

intelectual. O professor ao utilizar o jogo educativo em sala de aula, não o deverá

fazê-lo de modo coercivo, porque não dará oportunidade aos alunos à liberdade.

Alguns professores tentam justificar a ausência das

brincadeiras dizendo que não o fazem por falta de espaço e de tempo, porque a

escola não possui material apropriado. Porém, tudo isto não passa de desculpas.

O professor para realizar estas tarefas necessita apenas de: Interesse, boa

vontade e criatividade.

Sabemos que nem todo jogo serve para todos os fins,

torna-se necessário então, uma investigação acerca dos objetivos pretendidos e

das oportunidades de vivência e reflexão que cada jogo oferece.

O papel do professor mediador e consciente de seus

direitos e deveres é o de estar sempre em busca de conhecimento pesquisando e

se atualizando, para que a escola caminhe junto com as constantes mudanças

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que nossa sociedade sofre, pois o mundo se move, evolui e se transforma e

nossos alunos devem estar preparados, acompanhando e vivenciando essas

mudanças. Isto torna necessário que a escola adapte-se aos novos tempos.

É muito importante perceber o significado do brincar para

a criança, através da brincadeira, a criança liga o imaginário ao real. O brinquedo

é parte integrante da vida, ao brincar a criança organiza seu pensamento, faz uso

da linguagem e de sua criatividade.

“Para Piaget (1971), quando brinca, a criança assimila o

mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com

o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe

atribui [ Kishimoto, org. ( 1999 p.59) ]”. A teoria de Piaget é particularmente

interessante para darmos a devida importância ao estudo do jogo e à relação

desse estudo com a aprendizagem.

Existem muitos livros onde são encontrados sugestões

de atividades com jogos, artes, recreação e brincadeiras. Ao educador cabe usá-

los e adaptá-los às necessidades em sala de aula, estimular e seduzir nos alunos

com atividades prazerosas é nossa tarefa e deve ser um compromisso de todos

na escola.

1. 3- Função dos jogos e brincadeiras

A partir do movimento da Escola Nova e da adoção dos

“ métodos ativos”, que surgiu a idéia de utilizar jogos e brincadeiras como

complemento pedagógico, por suas funções educativas. Na antigüidade o valor

pedagógico do jogo já era reconhecido, mas não amplamente utilizado e

divulgado.

Piaget desenvolveu pesquisas sobre as inteligências e o conhecimento, e

verificou três tipos de jogos e brincadeiras de exercício, simbólico e de regras.

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O jogo de exercício sensório motor tem a função apenas

de proporcionar prazer do funcionamento. O jogo simbólico exerce papel

semelhante ao de exercício, porém tem a função de satisfazer por meio da

transformação da realidade em função dos desejos. Já no jogo de regras, supõe-

se que haja relações sociais e inter - individuais, pela presença de ordenação e

regularidade.

Por meio dos jogos e brincadeiras, as crianças adquirem

a primeira representação do mundo, desse modo o jogo pode e deve ser usado

como complemento pedagógico e como agente socializador.

Dentre as múltiplas funções do jogo e das brincadeiras,

podemos ressaltar que além de corresponder a um impulso natural satisfazendo

às necessidades individuais, ele também, é capaz de provocar vibração e euforia,

por ser uma atividade motivacional, e excitante e liberadora de espontaneidade;

estimula e mobiliza as funções psiconeurológicas, estimula o pensamento,

fazendo uma integração das dimensões da personalidade, afetiva, motora e

cognetiva.

1. 4- Classificação dos jogos

Os jogos podem ser classificados de diferentes formas,

de acordo com alguns critérios adotados por autores que se dedicaram a este

estudo.

Vejamos a seguir, a classificação dos jogos, segundo

alguns autores em especial Piaget.

Segundo Claparide e Groos, os jogos classificam-se de acordo com a função,

dividindo-se em duas grandes categorias com suas subdivisões:

• Jogos de experimentação ou de funções gerais:

Jogos sensoriais (gritos, assobios); jogos motores

(corrida ); jogos intelectuais (imaginação e

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curiosidade); jogos afetivos ( amor e sexo); exercício

da vontade ( ficar numa posição difícil o máximo de

tempo possível).

• Jogos de funções especiais: Jogos de luta, imitação,

jogos sociais e familiares.

Quèrat, classificou os jogos de acordo com a origem,

dividindo-os em três categorias:

• Jogos de hereditariedade.

• Jogos de imitação (mãe e professor).

• Jogos de imitação ( objetos, brinquedos imaginários,

representação de histórias).

Stern, classificou-os de acordo com a estrutura, em:

• Jogos individuais ( conquista do corpo, jogos motores,

conquista das coisas, jogos de interpretação).

• Jogos sociais ( jogos de imitação simples, jogos de

papéis complementares pai e mãe e jogos

competitivos).

Bühler, adotou o critério de Stern, mas dividiu-os em

cinco classes:

• Jogos funcionais ou sensório - motores

• Jogos de ficção ou de ilusão

• Jogos receptivos

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• Jogos de construção

• Jogos coletivos

Jean Piaget, classificou os jogos de acordo com a

observação e registro de crianças em atividade na escola, na rua e em casa. Para

Piaget existem três estruturas que caracterizam o jogo:

• Jogo de exercício sensório - motor ( exercitar e

explorar os movimentos do próprio corpo)

• Jogo simbólico ( imaginação, imitação e de ficção)

• Jogo de regras ( “lenço atrás”, “gato e rato”, etc.)

Estas três classes de jogos correspondem às três fases do desenvolvimento

mental, segundo seus estudos.

Essas atividades deverão ser desenvolvidas integradas a

um contexto através de uma música ou brincadeira, para que o jogo seja aplicado

com função pedagógica e não apenas mera repetição desprovida de sentido e

finalidade.

No jogo de exercício sensório – motor (fase pré-verbal 0

a 2 anos), a atividade é realizada com a finalidade de prazer, pois a realização

desta atividade é apenas a maturação do aparelho motor , explorando e

exercitando o próprio corpo.

O jogo simbólico (2 a 6 anos), engloba os jogos de ficção,

imaginação e de imitação, porque a criança tende a assimilar a realidade,

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transportando para o faz-de-conta, seus sonhos, desejos e até mesmo conflitos

internos.

1. 5- Sugestão de atividades:

A seguir, são sugeridas algumas atividades que podem

servir de apoio ao trabalho de educadores, comprometidos com a qualidade do

processo ensino - aprendizagem.

As brincadeiras são divididas em: sensório – motores;

que envolvem representação simbólica e jogos de regras.

• Sensório – motores:

- Andar livremente, batendo palmas

- Andar nas pontas dos pés

- Andar seguindo um comando: esquerda, direita,

para frente e para trás

- Correr com as mãos na cintura ou na cabeça

- Rolar como bola

- Correr desviando de obstáculos

- Pular corda

- Pular amarelinha

- Saltar

- Escravos de Jó

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• Jogos que envolvem representação simbólica

- Andar imitando: pessoas, animais

- Dramatização

- Teatro de sombra

- Brinquedos cantados ( “ciranda, cirandinha ” ; “ a

linda rosa juvenil “, etc)

- Telefone sem fio

- Colagem, modelagem

- Jogos de quebra-cabeças.

• Jogos de regras

- Jogos de adivinhação

- Corrida de sacos

- Queimado

- Descobrir o objeto

- Forca

- Jogos dos provérbios

- Jogos das cores

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“ A ciência pode classificar e nomear os órgãos

de um sabiá, mas não pode medir seus encantos”.

Manuel de Barros

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CAPÍTULO II

HOMEM UM SER CRIATIVO

2. 1- Potencial Criativo

Desde o início de sua história, o homem revelou sua

capacidade criadora, ao explorar o ambiente a sua volta e adaptar-se a ele.

O homem em todas as épocas procurou criar soluções

para seus problemas, criando não apenas para exprimir seus impulsos internos,

mas porque precisa relacionar-se com o mundo, buscando alternativas para

sobreviver.

Desde o homem primitivo que criou armas para caçar e

obter alimentos, descobriu o fogo, utilizando as pedras como abrigo e a peles

animais como vestimenta, desenhou nas grutas para representar sua vida,

necessidades e anseios, mostrando toda sua criatividade ao se relacionar com o

mundo a sua volta, até a atualidade já é imenso o progresso do homem,

permanentemente criando novas possibilidades de relação com o mundo.

A criatividade no plano individual leva o homem a ser

mais aberto e disposto a tentar realizar experiências ricas, exprimindo e ativando

suas capacidades de realizar-se.

No social a criatividade contribui para que o homem se

torne solidário. Quando os homens criam, eles se aproximam de seus

semelhantes, difundindo conhecimentos e idéias.

A partir do nascimento, o ser humano vai descobrindo o

mundo criativamente, à medida que vai tomando conhecimento de tudo que o

rodeia. Ao emitir sons e gestos que passam a exprimir seus desejos e

necessidades, engatinhar, andar, falar, correr e brincar, a criança já está criando,

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está ampliando seus conhecimentos, pois é através dos sentidos que o mundo

onde vive vai sendo interiorizado por ela e também através dos sentidos ela se

comunica com o mundo.

A criança tem uma enorme capacidade criadora, que se

desenvolve quando é estimulada por atividades que lhe permitam extravasar todo

seu potencial.

A escola e a sociedade limitam esta espontaneidade

com suas regras e imposições. A criança perde sua naturalidade e vai reprimindo

o seu potencial criativo, pois o estímulo para criação, não surge do produto

artístico em si, mas sim de uma sensibilidade crescente às experiências e

vivências. Cultivar essa sensibilidade é uma das tarefas mais importantes do

processo ensino aprendizagem.

Educar é ampliar as vivências da criança, é fazê-la

observar entender o mundo a sua volta propiciando experiências para o

desenvolvimento de suas potencialidades.

2. 2- Criatividade e a escola

Na época de nossa colonização o acesso às instituições

escolares era bastante restrito. Ler e escrever, e o conseqüente domínio da

cultura do mundo era privilegio das classes dominantes. As classes subalternas

necessitavam apenas de um conhecimento prático do ofício que praticavam.

Neste ponto estabeleceu-se uma separação entre o pensar e o fazer.

Com a revolução industrial, a escola foi franquiada cada

vez mais, pelas necessidades das classes subalternas . Ler e escrever tornou-se,

então um fator determinante para o manuseio das máquinas sofisticadas e para

melhor enquadramento nas modernas organizações.

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Uma nova mudança ocorre no século XIX,

psicologicamente a “razão” foi separada da emoção, pois para a sociedade

dominante não interessava a existência de pessoas com visão geral do todo, e a

escola surge para produzir mão – de – obra para o mundo moderno.

A visão transmitida pela escola é a visão determinada

pelo poder. Preparam-se pessoas para executar um trabalho padronizado, no

contexto social, sem perceber como ele se liga a todos os outros no interior da

sociedade, impondo uma visão do mundo e transmitindo conhecimentos

desvinculados das experiências de vida.

O mundo contemporâneo pretende uma educação que

forme cidadãos plenos, com consciência do mundo a sua volta. E para que a

educação cumpra esta finalidade deve antes de tudo ser criadora, favorecendo a

mobilização do potencial criativo em todas as disciplinas e assuntos.

O processo ensino - aprendizagem deverá garantir o

máximo desenvolvimento das potencialidades do indivíduo. As experiências

educativas de estímulo à criatividade são importantes ao desenvolvimento do

potencial criativo.

O educador não conhecendo os recursos educativos

adequados muitas vezes torna negativa, as experiências no espaço pedagógico,

bloqueando o desabrochar de seus alunos.

O comportamento criador pertence à categoria dos

comportamentos integradores. O ser humano pensa, age e cria como um todo,

interagindo e adaptando-se às influências do meio ambiente, associando,

integrando e manipulando idéias e objetos com a finalidade de desenvolver suas

funções mentais e descobrir novas potencialidades.

A educação, de maneira geral, tem tomado o caminho

oposto, se concentrando em demasia no pensamento convergente, repetitivo,

mostrando ao aluno como encontrar respostas que a sociedade considera como

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correta, desestimulando o desenvolvimento das capacidades próprias do

pensamento divergente. Para Maslow (1968), as características da personalidade

criadora são: Independência de pensamento, espontaneidade e confiança tanto

no social, como no pessoal.

Kneller (1978), assinala como obstáculo ao

desenvolvimento da criatividade, a decisão dos professores de manterem a

disciplina em detrimento da iniciativa e espontaneidade; tendência dos livros e

brinquedos à praticidade, reduzindo o trabalho de imaginação; exigência para

uma maior precisão nos trabalhos por parte dos professores em detrimento à

originalidade; excessivo realce dado à aquisição de conhecimento acumulado e o

programa organizado previamente, onde não são previstas experiências que

estimulem a descoberta do conhecimento, pelo próprio aluno.

Novaes (1980), também apresenta alguns fatores que

servem de obstáculos à criatividade como: Falta de conhecimento e de

informação; o condicionamento social e educacional; hábitos pessoais negativos,

estereótipos (desenhos prontos para colorir) ; atitudes de pessimismo,

conformismo e falta de esforço pessoal.

Como condições que podem estimular o

desenvolvimento da criatividade, estão: Criar no indivíduo a necessidade de

atividade e atitude criadora, através da mobilização de fontes geradoras de idéias

e da crítica construtiva; aquisição de conhecimentos em vários campos,

sensibilizando o aluno aos estímulos ambientais e encorajando-o à manipulação

de objetos e idéias, para que possa ter o controle das situações apresentadas.

Desenvolver o pensamento e o comportamento criativo

em crianças nas diferentes fases do seu desenvolvimento e em diversas

situações é possível e deve ser a grande preocupação de educadores, sem

contudo deixar de se preocupar com o desenvolvimento intelectual dessas

crianças. Criatividade e aprendizagem devem sempre caminhar juntas.

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Alguns educadores tentam justificar a ausência de jogos

e brincadeiras, dizendo que não o fazem por falta de material, de espaço e de

tempo. Porém, isto tudo não passa de desculpas. O educador para realizar estas

tarefas necessita apenas de: Interesse, boa vontade e criatividade.

É necessário tomar consciência que aprendizagem

cognitiva isolada da criatividade é um erro, pois a sociedade que surge exige

homens criativos e cônscios de suas emoções e que a escola começará a criar

seres humanos realizados, confiantes, estimulados e criativos, resgatando assim

a originalidade de cada um.

É preciso reforçar a necessidade de descobrir e

experimentar, viver o hoje na sua plenitude com liberdade, fazendo da educação

uma atividade criadora e em constante movimento.

A escola que oferece aos seus alunos um conjunto de

trabalhos livres e desbloqueadores, abre múltiplas oportunidades de progresso.

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“O desenho é um pedacinho

da alma da criança deitado no papel”.

Chaparéde

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CAPÍTULO III

IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA

A APRENDIZAGEM

3. 1- A importância de brincar

O brincar é a forma mais espontânea de entrar em

contato com a realidade, o fantástico, o imaginário, expressos na brincadeira,

misturando realidade e fantasia. É o sonho, na brincadeira, que os desejos que

pareciam irrealizáveis podem ser realizados.

Basta apenas proceder à releitura da prática pedagógica

para enriquecê-la com emoção e fantasia utilizando jogos e brincadeiras, além de

outros recursos.

Alguns professores entendem que a proposta de levar a

brincar, infantiliza o ensino porque é “coisa de criança”, de pré - escola.

Realmente é coisa de criança, mas também de adulto. O prazer contido na

atividade de natureza lúdica encanta a todos.

Devemos levar em conta que o brincar preenche

necessidades que mudam de acordo com a idade, dessa forma a maturação

dessas necessidades são de suma importância para entender-mos o brincar

como uma atividade singular.

Para Vigotsky (1994), o que define o brincar é a situação

imaginária criada pela criança. Ele dá ênfase à ação e ao significado no brincar. À

medida que a criança vai se desenvolvendo, há modificações : Primeiro

predomina a situação e as regras estão ocultas (não implícitas); quando ela vai

ficando mais velha, predominam as regras e a situação imaginária fica oculta.

Piaget, Wallon, Winnicott e outros estudiosos, procuram

interpretar e classificar os jogos assumindo várias posições a respeito de sua

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importância e significado no processo de desenvolvimento e aprendizagem da

criança.

Para Piaget (1975), o conhecimento tem que ser

descoberto e reconstruído através das atividade dos alunos e não pode ser dado

às crianças.

No trabalho com o jogo em sala de aula, o aluno interage

com um elemento novo, incorporando-o aos esquemas de assimilação anteriores,

como diz Piaget, a inteligência modifica. Quando há modificação dos esquemas

mentais para assimilar o novo `a estrutura cognitiva prévia, há acomodação

cognitiva, ou seja, há aprendizagem.

Através do jogo é possível também, identificar-se a fase

evolutiva da criança em conformidade com suas atividades e seus interesses.

Essa atividade favorece a integração dos domínios das áreas do desenvolvimento

E oportuniza para a criança a percepção de si própria, do seu corpo, suas

capacidades e suas relações com o outro.

Henri Wallon, outro pesquisador, que como Piaget se

interessou pelo jogo infantil, fez inúmeros comentários onde evidenciava o caráter

emocional em que os jogos se desenvolvem e seus aspectos relativos à

socialização.

Em seus estudos sobre a brincadeira infantil, Winnicott

conclui que a criança ao brincar, além de encontrar prazer, é capaz de dominar a

angústia e os impulsos que conduzem a ela.

Os jogos e as brincadeiras, são fundamentais para a

criança, como podemos observar. No jogo e nas atividades lúdicas a criança

libera e canaliza suas energias e podem dar vazão à fantasia satisfazendo suas

necessidades.

O jogo permite que a criança compreenda a realidade e

se adapte espontaneamente a ela.

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3. 2- Jogos na escola: Competição X cooperação

A aprendizagem acompanha todo o curso da vida e

ultrapassa os muros da escola. Fora da escola ela é, em geral, informal. Na

escola , ela é formal e exige a utilização de uma metodologia competente,

amparada por recursos e mediada pelo professor.

O professor interessado na mediação da aprendizagem

ao planejar suas atividades, deve incluir certamente uma parcela de atividades

lúdicas. Em várias ocasiões ao propor as tarefas, encontrará alunos naturalmente

motivados para a competição e sem senso de limites que preferem jogar

individualmente contra um adversário, competindo.

Na escola, este comportamento egocêntrico começa a

ser deixado de lado, o aluno começa a desenvolver o seu espírito de equipe,

enxerga no outro o parceiro do jogo. É nesta passagem pela escola que deve

despontar no professor a sensibilidade para despertar no aluno valores como

solidariedade e fraternidade.

A importância do trabalho de grupo deve ser valorizado,

sem abrir mão da individualidade e identidade . Deve ser estimulado a

compartilhar opiniões, estratégias e decisões, sem que se alimente a

competitividade . Não há como negar a importância das lideranças que emergem,

são lideranças positivas ou negativas, que definirão o grupo.

Através do jogo se exercita o diálogo com o mundo,

conhecendo-lhe os questionamentos e dele recebendo provocações fecundas

para construir o seu conhecimento.

Na vida adulta, convive-se em grupos, sejam religiosos,

comunitários ou profissionais. Deve-se respeitar os limites dessas relações de

convivência. Por isso, nada mais dinâmico que a prática do jogo, em que a

criança aprende a se perceber como indivíduo dentro d universo coletivo.

Seduzindo os alunos ao compartilhamento e à troca de

idéias, ao respeito aos limites das regras e à cooperação espontânea, a escola

estará cumprindo o seu papel de agente formador e transformador da sociedade.

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É preciso reforçar a necessidade de descobrir e

experimentar, viver o hoje na sua plenitude com liberdade, fazendo da educação

uma atividade criadora e em constante movimento, a escola de senso crítico,

será com certeza a que iluminará o futuro.

3. 3- Jogos e a aprendizagem escolar

Na escola, o lúdico, o criativo e o corpo não podem estar

restritos às disciplinas de educação física ou de educação artística e sim, devem

ser ressaltados como conhecimento escolar e vivenciados na prática da sala de

aula.

A atividade lúdica deve contribuir no processo de

aprendizagem e não ser, simplesmente, um ato para passar o tempo, sem

finalidade pedagógica. O jogo pode e deve ser usado como instrumento

pedagógico, suas regras devem ser experimentadas, construídas

contextualizadas e alteradas quando necessário.

O jogo como atividade física e mental aciona e ativa as

funções psiconeurológicas e as operações mentais, estimulando pensamento.

Para Piaget, não existe oposição entre atividade lúdica e

a atividade séria. O que as distingue é apenas uma variação de grau de

equilíbrio entre “o eu” e “o real” , ou melhor, entre a assimilação (aplicação dos

esquemas ou experiências anteriores a uma nova situação incorporando-a) e a

acomodação ( modificação dos esquemas anteriores, ajustando-as à nova

situação)

A inteligência para Piaget, constitui uma atividade

organizadora cujo funcionamento prolonga o da organização biológica e o supera,

devido à elaboração de novas estruturas, isto é, o desenvolvimento da inteligência

está voltado para o equilíbrio; a inteligência é a adaptação, o indivíduo sempre

está buscando uma melhor adaptação com o meio.

Dessa forma podemos entender a importância do brincar

para o desenvolvimento da criança.

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Vygotsky (1991), diz que a relação entre a aprendizagem

e o desenvolvimento é uma questão muito importante; elas estão interligadas e

inter-relacionadas desde o primeiro dia de vida.

O mundo contemporâneo pretende uma educação que

forme cidadãos plenos com consciência do mundo que os rodeia e conhecedores

de sua participação efetiva e transformadora.

Para que a educação cumpra essa finalidade deve antes

de tudo ser criadora, favorecendo a mobilização do potencial criativo em todas as

disciplinas e assuntos.

O educador desenvolverá a originalidade recebendo bem

as idéias originais de seus alunos, estimulando-os a apresentarem suas próprias

soluções. Ao incentivar os estudantes a examinarem as novas idéias sem lhes

opor resistência e ao encorajar expressões espontâneas, através de jogos e

brincadeiras, estará desenvolvendo a apreciação do novo e a inventividade.

A aprendizagem cognitiva isolada da aprendizagem

afetiva é um erro, pois a sociedade exige homens cônscios de suas emoções e

que estejam em contato com seus sentidos. É conscientizando-se dessa

afirmativa é que a escola começará a produzir seres humanos auto realizados,

confiantes e criativos.

A atividade lúdica na escola deve contribuir no processo

de aprendizagem e não ser, simplesmente um ato para passar o tempo, sem

finalidade pedagógica.

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CAPÍTULO IV

CONCLUSÃO

O ato de ensinar deve proporcionar ao educando

condições de desenvolver a espontaneidade, criatividade e espírito crítico.

Como educadores devemos desempenhar uma atividade

libertadora, ajudando as crianças a desenvolverem sua capacidade crítica e torná-

las aptas a saber o que fazer com o conhecimento.

Educar no sentido de possibilitar que as pessoas não

tenham limites ao seu crescimento natural, mergulhando na aventura criativa da

superação e da transformação.

A escola que possibilita aos seus alunos um conjunto de

trabalhos livres e desbloqueadores, abre múltiplas oportunidades de progresso.

A ludicidade é um aspecto importante para a saúde

mental do ser humano, daí sua valorização no sentido de ser respeitada e Ter

maior credibilidade nas escolas.

Aprendemos , ensinamos e temos por escolha fazer tudo

de modo a atender às necessidades de realização de nossa liberdade e assim

concretizar os nossos sonhos. E isto implica em inovar, modificar e construir

novos modos de ensinar e aprender.

Desenvolver o pensamento criativo em crianças nas

diferentes fases do seu desenvolvimento e em diversas situações é possível e

deve ser a grande preocupação de educadores, sem deixar contudo de se

preocupar com o desenvolvimento cognitivo dessas crianças.

Alguns educadores tentam justificar a ausência de jogos

e brincadeiras no processo de aprendizagem, dizendo que não o fazem por falta

de material, de espaço e de tempo. Porém isto não passa de desculpas; o

educador para realizar estas tarefas necessita apenas de : Interesse, boa vontade

e criatividade.

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Quando crianças , o que nos move é a emoção das

descobertas. E ao sair do universo infantil perdemos um pouco desta emoção e

damos lugar ao medo. Os riscos grandes e a nossa incompetência para viver uma

aventura nos paralisa.

É preciso reforçar a necessidade de descobrir e

experimentar, fazendo da educação uma atividade criadora e em constante

movimento.

Ser livre é um ato essencialmente de insubmissão e de

afirmação da originalidade.

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ANEXOS

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