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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR E CONSERVAÇÃO DAS FONTES D´ÁGUA NO POVOADO SÃO JOÃO DO ROSÁRIO: INDIFERENÇA? Por: Darlan Mélo Orientadora Mariana de Castro Moreira São Luís 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR E CONSERVAÇÃO DAS FONTES

D´ÁGUA NO POVOADO SÃO JOÃO DO ROSÁRIO: INDIFERENÇA?

Por: Darlan Mélo

Orientadora

Mariana de Castro Moreira

São Luís

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR E CONSERVAÇÃO DAS FONTES

D´ÁGUA NO POVOADO SÃO JOÃO DO ROSÁRIO : INDIFERENÇA?

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Educação Ambiental.

Por: Darlan Mélo

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, família e aos amigos.

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DEDICATÓRIA

A Deus, a minha família e amigos.

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RESUMO

Este trabalho tem como proposta analisar o grau de aplicabilidade da

Educação Ambiental na Escola Municipal Deputado Ivar Saldanha localizada

no povoado São João do Rosário, no que diz respeito à conservação das

fontes d’água localizadas em seu território. Para isso, empreendeu-se pesquisa

de campo a fim de analisar os pormenores do desenvolvimento de uma

Educação Ambiental sendo que, ao longo da pesquisa observaram-se várias

práticas dos professores que não satisfazem ao desenvolvimento de tal

educação.

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METODOLOGIA

.

Neste trabalho utilizou-se a pesquisa de campo a fim de melhor

desenvolver o tema proposto para esta monografia, para tal fim analisou-se o

trabalho docente na Escola Municipal Deputado Ivar Saldanha que se encontra

no povoado São João do Rosário, Município de Rosário/MA tendo como

população analisada os alunos e professores do Ensino Fundamental – EF do

2º ao 8º Ano. Assim, os números de salas de aula dessa escola variam

conforme o número de alunos, sendo: uma para cada ano compreendendo os

do 2º,4º, 5º, 6º,7º e 8º ; e duas para o 3º Ano. Sendo assim, o quantitativo de

professores das etapas do Ensino Fundamental é o seguinte: oito docentes do

2º ao 5º Ano (Fundamental menor) e sete professores do 6º ao 8º Ano

(Fundamental maior). Convém ressaltar que alguns professores

desempenhavam suas funções em etapas distintas, o que se aplicou o

questionário uma única vez. Na tabela abaixo, tem-se a relação deles e as

turmas em que lecionavam.

Tabela 1: Professores e suas respectivas turmas

Professor (a) Turmas Trabalhadas

Cleonice Azevedo 3º, 5º e 6º

Darlan Melo 5º, 6º, 7º e 8º.

Madalena Lima 2º

Maurício Lima 6º, 7º e 8º.

Reinaldo Lopes 5º, 6º, 7º e 8º

Rúbia Cristina 3º, 6º, 7º e 8º

Shirley Lobato 6º, 7º e 8º

Raimundo Nonato 4º, 5º, 6º, 7º e 8º

Fonte: Escola Municipal Deputado Ivar Saldanha.

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A partir disso, elaborou-se questionários com oito perguntas para os

professores de ambas as etapas sendo aplicados a um total de sete

professores a fim de saber a formação inicial e o grau de desenvolvimento da

Educação Ambiental – Anexo 1. Concomitante aos questionários também se

utilizou a observação participante e entrevistas com moradores, além de

conversas informais com alunos, professores e moradores. Convém ressaltar

que, o professor Darlan Mélo não constou entre os que receberam

questionários e tiveram observação participante por ser o autor deste trabalho

monográfico e exercer atividade docente na respectiva escola no período de

junho de 2005 a julho de 2008, pois pertencia ao quadro de funcionários

públicos da Secretaria Municipal de Educação fato que contribui

significativamente para este trabalho monográfico pois o mesmo vivenciava o

cotidiano da escola. Dessa forma, adequou-se os horários e dias de aplicação

de questionários, observação, conversas informais e entrevistas com dias que

não fossem prejudicar o trabalho na escola. Assim, a aplicação dos

questionários deu-se em março de 2008; a observação participante, entrevistas

e conversas informais se iniciaram a partir desse mês com duração até junho

do mesmo ano. Ressalta-se ainda que, foi também realizada a aplicação de

questionários aos pais dos alunos relativa à metade (50%) deles em cada

turma de ano escolar sendo o total de 105 pais em que foram aplicados os

questionários (ANEXO 2) que continham seis perguntas em que se verificou o

grau de conhecimento com relação ao meio ambiente , sendo o quantitativo

apresentados na tabela 2.

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Tabela 2: Quantitativo de pais em que foi aplicado os questionários

Assim, através da leitura prévia da obra de Rosimeire Maria Orlando

Zeppone, intitulada Educação Ambiental: teoria e práticas escolares percebeu-

se que seria propício para este trabalho o uso em parte do procedimento

metodológico utilizado por ela já que a mesma vivenciou a atividade docente

na escola em análise.

Juntamente com a pesquisa de campo deu-se também a bibliográfica

verificando obras que contemplassem tanto o histórico da EA como

apontamentos sobre a aplicabilidade na prática docente, primeiramente,

destacou-se a obra O que é Educação Ambiental, do professor Marcos Reigota

em que o autor faz uma análise condensada sobre o assunto, além de indicar

leituras sobre a temática da educação ambiental. Em seguida, utilizou-se a

obra Educação Ambiental: Princípio e Práticas de autoria de Genebaldo Freire

Dias em que o autor constrói uma linha do tempo sobre os elementos da

História da Educação Ambiental, faz comentários sobre itens aprovados nos

encontros nacionais e internacionais, além de indicar diversos suportes para

proceder uma EA de maneira eficaz. Além destas obras, objetivou-se verificar

autores que tratassem sobre a prática docente, sendo assim destacaram-se as

obras de Cipriano Luckesi, Vera Maria Candau e Paulo Freire fato que se

Ano Quantitativo de pais

2º 15

3º 11

3º 10

4º 17

5º 12

6º 18

7º 12

8º 10

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apropriou o uso desses autores devido os mesmos contemplarem uma prática

pedagógica significativa que se reflete no cotidiano dos alunos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

CAPÍTULO I Breve Histórico da Educação 14

Ambiental

CAPÍTULO II A relação indissociável entre 20

Água e Saúde

CAPÍTULO III – O possível “silêncio” 26

3.1 O grau de aplicabilidade da EA 26 CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 40

ANEXOS 42

ÍNDICE 46

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Professores e suas respectivas turmas p. 06

Tabela 2 - Quantitativo de pais em que foi aplicado os questionários p. 07

Tabela 3 – Resultado do questionário aplicado aos pais de alunos p. 33

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INTRODUÇÃO

Este trabalho monográfico tem como proposta analisar o grau de

aplicabilidade da Educação Ambiental - EA na Escola Municipal Deputado Ivar

Saldanha, localizada no povoado São João do Rosário/MA, e o seu

posicionamento no compromisso e descompromisso na conservação das

fontes d’água localizadas em seu território. Compreende-se como

conservação, a definida nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s

volume que trata sobre os temas transversais meio ambiente e saúde. As

fontes d’água serviram durante longos anos para banhos diários de higiene

pessoal e de execução de algumas tarefas doméstica (lavar roupas e

utensílios) Dessa forma, o presente estudo nasceu de uma inquietação

pessoal frente ao quase desaparecimento dessas fontes e a imobilização

dessa escola com relação a isto. Sendo assim, analisou-se como a educação

escolar tem contribuído no comportamento de conservação delas, verificando

na prática pedagógica a sua ausência ou aplicação, pois se notou um “silêncio”

da escola com relação a isto, sendo que as fontes d’água compõem um dos

ecossistemas locais e que estão praticamente secando, desaparecendo.

O povoado São João do Rosário situa-se na zona rural do município de

Rosário/MA, a maioria de seus habitantes desempenha atividades na lavoura

e/ou pesca, tem poder aquisitivo baixo e a escolaridade média dos moradores

é de até 7º Ano do Ensino Fundamental (antiga 6ª série) sendo que ainda é

razoável o número de analfabetos. Apesar disso, a maioria dos moradores

sempre está disponível a aprender algo que venham a colaborar com o seu

bem-estar.

Já a Escola Municipal Deputado Ivar Saldanha compreende desde a

pré–escola até o ensino fundamental. Os seus professores são na maioria

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formados nos Programas de Qualificação de Docentes da Universidade

Estadual do Maranhão – UEMA que são cursos realizados nas férias escolares

e direcionados para professores que não possuem a graduação, o número de

professores que a possuem na escola em análise são em número de quatro;

dois professores são formados na Graduação Regular e dois no Magistério.

Vendo isto, pretendeu-se analisar as atividades docentes utilizadas com o fim

de desenvolver uma conscientização de conservação e atos de valorização

ambiental no contexto da sala de aula. Dessa maneira, esta pesquisa visa

contribuir para um ressignificação do fazer pedagógico dos professores dessa

escola e extensivamente a outras.

Portanto, o trabalho dividiu-se em três capítulos. O primeiro, analisa o

surgimento da Educação Ambiental desenvolvida em encontros internacionais

e documentos que a legitimaram , percebendo que os mesmos serviram para

que a proposta de discussão e implantação de uma Educação Ambiental fosse

seguida por diferentes países do mundo. O segundo, aborda a íntima relação

entre meio ambiente e saúde tendo os moradores do povoado São João do

Rosário/MA como seus principais atores e percebendo-se que nessa relação

houve dois momentos distintos: o da aproximação e o da repulsão. No terceiro,

analisa-se o objeto de estudo, a prática pedagógica, analisando seus

pormenores no que diz respeito ao desenvolvimento de uma EA,

especificamente a conservação das fontes d’água do povoado .

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CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Educação Ambiental foi fruto de várias discussões em eventos

internacionais e de documentos promovidos por organismos internacionais ,

entre eles a UNESCO que se preocupou em divulgar, a nível internacional,

uma educação ambiental conforme nos diz Reigota :

A UNESCO é organismo da ONU responsável pela

divulgação e realização dessa nova perspectiva educativa

e realiza seminários regionais em todos os continentes,

procurando estabelecer os seus fundamentos filosóficos e

pedagógicos.

A partir desses seminários, um grande número de textos,

artigos e livros foram publicados pela UNESCO em

diversas língua” ( REIGOTA ,2006, p. 15)

As discussões sobre a Educação Ambiental foram observadas

concretamente ao longo da segunda metade do século XX sendo que os

debates travados nos diversos encontros internacionais não ficavam estanques

ao momento e ao lugar em que eram realizados, pois as discussões destes

serviram de continuidade nos próximos que foram sendo realizados. A

irradiação do interesse pela efetivação da EA foi sentida por vários países,

inclusive o Brasil. Dessa forma, destacam-se aqui os fatos mais marcantes

para a EA, isto é claro, não desmerecendo os eventos e documentos

brasileiros que a contemplavam, mas sim compreendê-los em sua importância

que se fez sentir em diversas partes do mundo.

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Antes, convém destacar a importância da obra lançada em 1962, Silent

Spring (Primavera Silenciosa) de Rachel Carson em que despertava para uma

perda da qualidade de vida.Ressalta-se ainda, o relatório publicado em 1972

intitulado The Limits of Growth (Os limites do crescimento) elaborado pelo

Clube de Roma que alertava sobre os perigos do desenvolvimento a qualquer

custo. A partir disso, começou-se as discussões mundiais a respeito da

melhoria da saúde do planeta Terra (DIAS, 2004).

Esses dois momentos citados anteriormente alertavam à sociedade

global para tomada de um posicionamento urgente de organismos

internacionais para conter a degradação ambiental do planeta Terra. Sendo

assim, organizaram-se diversos encontros internacionais para tal fim e com um

ponto em comum: somente através de uma Educação Ambiental se poderia

alcançar o propósito do cuidado com o meio ambiente.

Dessa forma, para uma melhor compreensão do propósito deste

capítulo, seguiu-se uma linearidade com relação ao ano de realização desses

eventos. Sendo assim, realizou-se 1972 em Estocolmo, Suécia a Conferência

da Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano que reuniu 113

países. O fruto desse encontro foi a “Declaração sobre o Ambiente Humano”

incentivando a implantação da Educação Ambiental em âmbito internacional,

visando a preservação do meio-ambiente com o seu controle e manejo (DIAS,

2004). Observou-se que nessa conferência teve-se uma primeira preocupação

no sentido de combater os desgastes do meio ambiente via educação

ambiental como nos demonstra Reigota :

“Uma resolução importante da conferência de Estocolmo

foi a de que se deve educar o cidadão para a solução dos

problemas ambientais. Podemos então considerar que aí

surge o que se convencionou chamar de educação

ambiental” ( REIGOTA ,2006, p. 15)

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Já em 1975, realizou-se em Belgrado um encontro internacional em

Educação Ambiental promovida pela Unesco e que resultou na formulação de

princípios e orientações para um programa internacional de EA, tudo isso em

resposta às recomendações da Conferência de Estocolmo. O encontro

encerrou-se com a formulação da “Carta de Belgrado”, documento que

direcionava para uma Educação Ambiental contínua, multidisciplinar, respeito

ás diferenças regionais e direcionada aos interesses nacionais (DIAS ,2004).

Em 1977 foi realizado em Tbilisi, Geórgia, o evento mais importante

para o andamento da EA, denominada Conferência de Tbilisi. Esta foi a

primeira conferência de caráter intergovernamental sobre EA, organizada pela

UNESCO em parceria com o Programa das Nações Unidas (PNUMA), na

verdade este evento foi um prolongamento dos debates ocorridos na

Conferência de Estocolmo. A importância desse evento deve-se ao fato de que

foi estabelecido um programa internacional de EA que definia suas metas,

objetivos, funções, estratégias, princípios, características e recomendações

(DIAS, 2004).

No ano de 1987, foi elaborado pela Comissão Brundtland, presidida pela

Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland um dos mais

importantes documentos envolvendo as questões ambientais, sendo intitulado

“Our common future” em que se analisava a relação entre meio ambiente e o

desenvolvimento. Sendo assim, esse documento enfatizou incansavelmente a

implantação do desenvolvimento sustentável e ressaltou a importância da EA

como sendo de extrema importância na resolução dos problemas ambientais

(DIAS, 2004).

Em junho de 1992 foi realizada no Rio de Janeiro, a Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced) contando

com a participação de 170 países oriundos de todas as regiões do mundo. Os

debates gerados em torno da Rio – 92 , como ficou popularmente conhecida,

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tiveram entre seus objetivos a elaboração de um documento importante, “Carta

Brasileira para a EA” que tinha como objetivos socializar experiências,

discussão de metodologia e currículo em EA, bem como estratégias para a

implementação da EA no Brasil (DIAS, 2004).

Já no ano de 1998 na cidade grega Tessalônica foi realizada a

Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e

Consciência Pública para a Sustentabilidade promovida pela Unesco em que

se propunha uma a Educação Ambiental voltada para o Desenvolvimento

Sustentável (DIAS, 2004).

No Brasil, a influência desses debates internacionais se fez sentir a

partir da organização de eventos além da elaboração e divulgação de

documentos oficiais direcionados principalmente ao setor educacional. Dessa

forma, adotou-se uma linearidade no que diz respeito ao ano de divulgação de

alguns desses documentos e realização dos eventos. Sendo assim, em 1987,

o Plenário do Conselho Federal de Educação (MEC), aprovou o parecer

226/87 que considerava imprescindível a inclusão da EA nos currículos das

escolas de 1º e 2º graus (Ensino Fundamental e Médio), sendo este um

importante passo para a incorporação da EA no currículo da educação formal,

embora algumas dúvidas ainda pairassem sobre a sua execução conforme nos

explicita Dias:

“ A dúvida ou a dificuldade maior - estaria no como fazê-

lo. Seria a inclusão de “Educação Ambiental”, como

destaque específico, singular e obrigatório nos currículos

de 1º e 2º graus o melhor caminho?” (DIAS, 2004, p. 481)

Em 1991, a Portaria 678 do MEC ampliava os temas/conteúdos

referentes à Educação Ambiental que deveriam ser contemplados nos

sistemas de ensino em todas as suas instâncias, níveis e modalidades-. Já no

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período de 25 a 29 de novembro desse ano, ocorreu em Brasília o Encontro

Nacional de Políticas e Metodologias para a Educação Ambiental. Sendo

assim, observou-se que esse encontro serviu para incentivar encontros

técnicos de EA nas regiões norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul com o

intuito de definir critérios que pudessem dar apoio aos programas de EA em

cada região, definir estratégias para sua implantação, intercambiar

experiências na região (DIAS, 2004)

No final do ano de 1994, o presidente da República aprovou o Programa

Nacional de Educação Ambiental – o Pronea, com o objetivo de se criar um

arcabouço estrutural para o desenvolvimento da EA que segundo Dias: “...

tinha como objetivo instrumentalizar politicamente o processo de Educação

Ambiental” (DIAS, 2004, p. 52)

Já em 1997, o MEC (Ministério da Educação e do Desporto) divulgou os

novos PCN’s em que nos diz Dias que “ a dimensão ambiental foi incorporada

como tema transversal no currículo do ensino fundamental ” (DIAS, 2004,

p.54). Nesse mesmo ano, foi realizada em Brasília a I Conferência Nacional de

Educação Ambiental em que foi exposto um minucioso relatório da situação da

EA no Brasil acompanhado de observações a serem acolhidas para o seu

maior desenvolvimento.

Em 1999, foi sancionada a Lei Federal nº 9795 que estabeleceu a

Política Nacional de Educação Ambiental regulamentada através do decreto nº

4281 do ano de 2002, é considerada a mais importante direcionada para a

Educação Ambiental, pois definia os seus princípios que deveriam ser

seguidos em todo o País tanto na educação formal como não formal. Afirmou-

se ainda que a EA deveria se fazer presente em todos os níveis de ensino

como temática transversal, evitando com isto que a mesma fosse considerada

uma disciplina própria, específica. Apesar desse avanço, ainda existiam alguns

pontos a serem melhor definidos como nos afirma Carvalho:

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“... ainda não existe um consenso claro sobre sua

natureza, conceitos chave (como o de meio ambiente) e

sua definição (marcada por diferentes linhas de

compreensão), em função de sua complexidade e

heranças históricas que vão desde as heranças

apaixonadas dos primeiros movimentos ambientalistas

radicais até a disciplinarização formal da mesma...”

(CARVALHO, 2006, p.87)

Os debates desses eventos ainda não cessaram

, embora a EA já esteja legalmente e educacionalmente instituída em alguns

países, percebe-se que a efetiva implementação dela em algumas de suas

escolas ainda seja algo a alcançar.

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CAPÍTULO II

A ÍNTIMA RELAÇÃO ENTRE ÁGUA E SAÚDE

Biologicamente, o corpo humano é composto aproximadamente de

100% de água e isso é tão provável que cientistas afirmam que o homem

tolera certos dias sem alimento, porém o mesmo não se pode dizer com

relação à água, pois o mesmo necessita dela para sua manutenção

intracorpórea, além de ser responsável pelo seu asseio físico. Todas estas

coisas vêm a confirmar a relação íntima entre a água e a saúde, e isso é tão

explícito que os PCN’s englobaram conjuntamente em um de seus volumes os

temas transversais meio ambiente e saúde.

Vendo isto, compreende-se como as fontes d’água do povoado São

João do Rosário/MA tiveram um papel importante na vida da população local,

uma vez que estas contribuíram durante um longo tempo nos hábitos

saudáveis dela. A termo de definição, entende-se como fonte d’água, espécie

de piscina escavada em areia de terra branca, com aproximadamente com 1 m

de profundidade ,abundante mata ciliar, águas cristalinas oriundas de olhos

d’água e que outrora, serviam para banhos diários de higiene pessoal e para a

execução de alguma tarefas doméstica (lavar utensílios de cozinha e

roupas).Dessa maneira, aborda-se ao longo deste capítulo a mudança de

significado que as fontes adquiriram nos últimos anos, passando do papel de

propiciadora de saúde a veículo de proliferação de doença. Contempla-se

ainda o uso dos poços d’água manuais existindo os destinados ao asseio

corporal diário e outros para o abastecimento d’água com a finalidade de ser

usada como bebida e cozimento de comidas.

Seu Válber, 50 anos, morador há vinte anos no povoado afirmou que em

décadas anteriores a 1997, as fontes d’água mantinham um papel importante

perante a população local, nele, existiam tanto aquelas destinadas a diversas

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tarefas (higiene pessoal diária e complemento de tarefas domésticas) como

outras que serviam somente para a execução de alguns trabalhos do lar. Elas

eram inúmeras como lembra D. Maria Roxa, 60 anos (Entrevista realizada em

15/05/2008): “Meu fio, aqui em Sãjoão era muita fonti por todo os lado tinha

muita fonti, quando chegava a época das chuva elas alagava tudo”. Essas

fontes tinham um “dono”, em sua maioria mulheres, como ilustra D. Marineth

Veloso (Entrevista realizada em 15/05/2008) “Aqui em Sãjoão cada fonti tinha

um dono, mais que a genti podia banhá e lavá roupa, não sujando!! . Cabia

assim, aos donos das fontes a sua limpeza que consistia na retirada das

folhagens que se depositavam no fundo das fontes e utilizavam para isso

vassouras naturais oriundos da palmeira conhecida na região como juçara.

Foto 1 – Uma das fontes utilizada pela população local

Os banhos eram realizados por grupos de igual sexo e o procedimento

para usufruir das fontes d’água consistia em perguntar a uma distância

aproximadamente de 6 metros e em voz alta se havia alguém tomando banho,

conforme a resposta dada, a ida estava liberada caso a pessoa fosse do

mesmo sexo da pessoa que fez a pergunta.

Este quadro sofreu um reverso em 1997, época em que a população

local sofreu uma epidemia de cólera, sendo que as fontes serviram para

disseminar a doença e isso foi possível devido ao contato das fezes de

pessoas contaminadas com as suas águas. Dessa forma, as fontes d’água

foram vistas com “maus olhos” pelos moradores e totalmente desprezadas.

Aliou-se a isso, a um “desenvolvimento” experimentado no povoado em que as

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fontes foram perdendo o seu lugar de prestígio chegando muitas delas a

desaparecerem já que o local deveria ser “ajeitado”, ou seja, terem suas ruas

niveladas por tratores que se encarregavam de sobrepô-las com piçarra, com

isso, várias áreas que continham fontes de porte médio foram soterradas, isso

se fez necessário, pois esses locais umedeciam ruas, impedindo o trânsito

fluente de automóveis, pessoas e animais conforme relata Marineth O. Veloso

(Entrevista realizada em 15.06.2008): “Colocaro piçarra pois atrapaiava os

animais e pessoa passari e antes de alargar as ruas colocando piçarra as fonti

foram disapareceno e as que sobrou foi as das pessoa que conservaram e elas

ficaram cuidano, limpano”.

Foto 2 – Local anteriormente considerado muito úmido

Foto 3 – Àrea soterrada onde existiam muitas fontes

Define-se aqui como desenvolvimento a implantação de repartições

públicas tais como escola e posto de saúde, ou seja, uma melhoria da

qualidade de vida conforme definição de Carvalho:

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“ ... o desenvolvimento só tem sentido, na medida em que

colabore (direta ou indiretamente) para uma melhoria da

qualidade de vida da população, sendo impossível a

possibilidade de compreendê-lo apenas como

crescimento econômico, já que este, visto apenas como

uma unidade isolada, não representa um avanço em

termos de qualidade de vida” (CARVALHO, 2006, p. 144)

Sendo assim, o desprezo pelas fontes acelerou-se ainda mais com a

instalação da rede municipal de abastecimento d´água, o SAAE – Serviço de

Abastecimento de Água e Esgoto em que as pessoas já não precisavam se

locomover até as fontes para efetuar seus banhos diários, lavar louças e

roupas. Com a implantação do SAAE, muitas casas têm água encanada, e

também há um chafariz em que verifica-se o desperdício de água, pois a

maioria das pessoas que o utilizam para a lavagem de roupas deixa as

torneiras abertas sem nenhum fim. Com isso, observasse que o desperdício

desse bem comum não-renovável necessita de uma conscientização sobre o

seu uso racional visando uma mudança da mentalidade dessas pessoas

conforme explicita Carvalho (2006) lembrando-nos que o processo de

aprendizagem é contínuo e ...

“...contribui pouco a pouco para a ampliação da

consciência dos membros da comunidade, sobre os

potenciais e os limites que esta apresenta.

Conscientização essa, que é construída, não apenas

através de mera transmissão de informações e

conhecimentos, mas também e principalmente, a partir da

reflexão da própria comunidade sobre seu cotidiano,

através de constatações práticas de ‘como é’ a realidade

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em que se encontram e ‘do como melhor poderia ser’

“(CARVALHO, 2006, p.. 179)

Paralelo ao uso das fontes d’água , existia também o dos poços

manuais, assim denominados pois não necessitavam de bombas sugadoras

para se extrair a sua água tais como os artesianos. O uso de suas águas era

para o cozimento de comidas, beber diariamente e ser usada nos banhos

Esses poços eram escavados junto aos olhos d´água e chegavam a ter a sua

profundidade entre 1,6 a 2 m , no seu interior eram construídas paredes que

formavam um círculo e este era formado de pedras sobrepostas umas sobre

as outras e no seu cume era feita uma borda no mesmo nível do solo para dar

equilíbrio às pessoas ao retirarem água. Essa retirada consistia em jogar um

balde amarrado por uma corda fazendo que o mesmo caísse emborcado e

quando o mesmo imergia totalmente na água a pessoa o puxava cheio. Esses

poços tinham um “dono”, sendo este o responsável pela convocação das

pessoas que usufruíam do poço a fim de realizar a sua limpeza.

Os poços estão na memória da população local, principalmente na dos

moradores antigos que vivenciaram a seca ocorrida por volta da década de

1940 em que os moradores eram obrigados a beber água do rio que não era

límpida e pura, esse fato gerou um sentimento de respeito (conservação) para

com os poços devido ao abastecimento d´água para beber proporcionado por

eles durante longas datas e sua extrema valorização durante e após a seca.

Seu João ,61 anos, conta-nos que um dos poços nessa época destacou-se

devido o mesmo dar água em pequena proporção, apesar da seca, daí o seu

nome ficar conhecido como “Poço dos Milagres”.

A proliferação da cólera não teve êxito nos poços, pois o contato de

suas águas com fezes era difícil em comparação ao que ocorria com as fontes,

já que estas ficavam mais vulneráveis a esse contato. Dessa forma,

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atualmente o usufruto dos poços é mínimo mais eles ainda são conservados,

ao contrário das fontes d’ água.

Como foi visto anteriormente, compreende-se como a falta de

conhecimento sobre os cuidados na manipulação do meio ambiente ainda

serve de prejuízo para o mesmo e isto se verificou no caso da proliferação do

vibrião colérico, pois se a população local tivesse conhecimento sobre como

prevenir-se dessa doença muitos casos seriam evitados e conseqüentemente

as fontes manteriam o seu prestígio, fato que certamente não provocaria “o

suicídio ambiental” que a população de São João do Rosário está vivenciando

com relação às fontes d’água, pois a população local precisa adotar uma nova

postura perante o ambiente natural como explicita nos Carvalho:

“... a adoção de princípios mais justos e eqüitativos de

relacionamento sócio-ambiental, sem que ambos

(comunidade e meio ambiente) precisem se destruir

mutuamente” ( CARVALHO, 2006, p., 28)

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CAPÍTULO III

O POSSÍVEL “SILÊNCIO”

Conforme ressalta Luckesi (1994) inexiste uma pedagogia que “não

toma partido” mesmo que esta não mencione explicitamente qual tendência

filosófico – político a conduz. Neste sentido, a prática pedagógica na Escola

Municipal Deputado Ivar Saldanha silencia junto aos alunos assuntos que

fazem menção às relações com o meio ambiente que os circunda colaborando

para que os seus problemas acelerem-se. Este capítulo discorre sobre isto e

também sobre lacunas existentes na prática docente que constituem óbices

para que os objetivos da EA propostos na Carta de Belgrado elencados por

Reigota (2006) que são: Conscientização, Conhecimento, Comportamento,

Competência, Capacidade de Avaliação e Participação sejam plenamente

alcançados.

3.1 O grau de aplicabilidade da EA

No espaço da sala de aula a vivência de alunos e professores vai se

moldando e é também nesse espaço que a identidade profissional do

professor é despertada seja para a continuidade ou para a decepção do

exercício profissional conforme Schaffel (2000, p.114) “os seus atores sociais

assumem uma dimensão estruturante e estruturadora na atribuição e na

incorporação da identidade profissional do professor”. Dessa maneira,

percebeu-se no exercício da atividade docente que 80% dos professores

analisados demonstraram uma identificação com a prática docente, embora

alguns deles manifestassem o desapontamento com a desvalorização da

profissão por alguns alunos, mas que confessaram se conformar, pois a

mesma propicia um “dinheiro certo”, já que se trata de um emprego público,

embora ocorrendo isto fazem de tudo para demonstrar um bom trabalho.

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A partir do contato com o cotidiano do aluno, analisou-se a possibilidade

da existência de uma prática docente com relação ao desenvolvimento de uma

EA, caso não existisse, enveredou-se por observar atitudes metodológicas do

professor que tornassem um terreno fértil para implantá-la. Dessa forma,

primeiramente partiu-se para a análise do EF menor (2º a 5º Anos) e em

seguida para o EF maior (6º ao 8º Ano). Logo após, arrolou-se fatos comuns

na prática docente dessas duas etapas do EF.É importante salientar que no

Ensino Fundamental torna-se propício ao desenvolvimento de uma relação

saudável com o meio ambiente:

“... a escola deverá, ao longo das oito séries do ensino

fundamental, oferecer meios efetivos para que cada aluno

compreenda os fatos naturais e humanos a esse respeito,

desenvolva suas potencialidades e adote posturas

pessoais e comportamentos sociais que lhe permitam

viver numa relação construtiva consigo mesmo e com seu

meio, colaborando para que a sociedade seja

ambientalmente sustentável e socialmente justa;

protegendo, preservando todas as manifestações de vida

no planeta; e garantindo condições para que ela prospere

em toda a sua força, abundância e diversidade.”

(Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente:

saúde)

Então, observa-se que a partir do 2º Ano do Ensino Fundamental - EF

menor encontram-se crianças com 7 anos de idade que ao longo do tempo

alguns irão transpondo idades e simultaneamente anos escolares até chegar

ao 5º Ano. Sendo assim, a criança nessa etapa do EF encontra-se no período

chamado por Jean Piaget de estágio operatório - concreto, cujo período

corresponde a faixa etária dos 7 aos 11 anos. É justamente nessa etapa que a

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criança conserva o respeito e a consideração dos sentimentos das outras

pessoas (TAFNER, 2009).

Assim, nessa faixa etária a EA deve se fazer presente, pois há uma

sensibilização maior para com os diversos assuntos, inclusive os do meio

ambiente que os tornam significativos para os pequeninos. Vendo isto, então,

lembrei - me de um desabafo do pequeno Ruan, aluno do 5º Ano, 10 anos de

idade, em relação á disciplina Ciências em que o mesmo dizia que não gostava

da mesma por não se perceber envolvido nela. Neste caso específico,

observa-se uma distância entre o conteúdo trabalhado em sala de aula com o

vivido pelo aluno fato que extensivamente pode ser aplicado à EA conforme

Dias: “A aprendizagem será mais significativa se a atividade estiver adaptada

concretamente à situação da vida real da cidade, ou do meio, do aluno e do

professor” (DIAS, 2004, p. 217). O professor de Ciências, poderia ter se valido

do rico ambiente natural na qual o povoado São João do Rosário/MA está

envolvido pois no mesmo existe abundância de matas, insetos, répteis,

ecossistemas aquáticos etc, propício ao desenvolvimento tanto da disciplina

Ciências como em outra matéria escolar principalmente em EA.

Analisando a metodologia dos professores dessa etapa do EF,

observou-se que apenas dois professores fez referência aos saberes

preexistentes dos alunos como forma de conduzir o seu trabalho docente

embora os outros cinco professores ainda rejeitam o princípio de respeito aos

saberes dos educandos, tanto proposto por Freire (1996). Também não se

observou uma Pedagogia de Projetos desenvolvida nessa etapa do EF, se

assim fosse, tanto a comunidade local como os alunos estariam envolvidos

pela mesma conforme cita Luckesi “ não se fará somente tão – somente pelo

educador, mas pelo educador, conjuntamente, com o educando e outros

membro dos diversos setores da sociedade” ( LUCKESI, 2003, p. 33 – 34)”.

Assim, não há uma aproximação entre a escola e a comunidade, fato que deve

ser almejado tanto pelos professores como pela direção da escola conforme

nos diz Zeppone “necessidade de orientação educativa das pessoas quanto

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aos mecanismos da natureza, às atitudes de homens, mulheres e crianças

para com estes...” ( ZEPPONE, 1999, p. 39). Verificou-se ainda que pouco

utilizou-se atividades lúdicas, uma vez que estas quando bem usadas

produzem uma aprendizagem substancial nas crianças (MAURÍCIO, s/d).

Sendo assim, a criança requer outra postura para abordar as questões

ambientais citado por Dias:

“ O estudo do meio ambiente deve recorrer aos sentidos

das crianças (percepção do espaço, das formas, das

distâncias e das cores), e fazer parte das visitas e dos

jogos. O estudo do entorno imediato do aluno (casa,

escola, caminho entre ambos) reveste-se de muita

importância” (DIAS, 2004, p.212/213)

Vendo isto, as crianças nessa etapa do EF sentem-se estimuladas por

aulas que contemplem o recurso visual o que torna mais significativo para elas,

este caso não foi observado na escola em estudo, destaque-se que as aulas

são majoritariamente expositivas sem nenhuma aproximação com o que elas

vivenciam.

Já os alunos compreendidos nos anos Ensino Fundamental maior (6º ao

8º Ano) já têm idade suficiente para uma maior capacidade cognitiva e uma

percepção apurada, características do período das operações formais

(TAFNER, 2009). Assim, verificou-se uma apatia, por boa parte dos

professores e consequentemente dos alunos sobre questões sociais fazendo

com que se conformem com sua falsa harmonia conforme ressalta Candau

“uma situação considerada “normal” e “natural” se revela como permeada por

relações de poder, historicamente construídas”. (CANDAU, 2002, p. 97). Vendo

isto, este comportamento pode ser aplicado extensivamente aos problemas

ambientais, uma vez que, os alunos tendem a considerá-los como “naturais”.

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Este fato desestimula a criticidade do aluno e colabora para a manutenção do

status quo conforme nos explicita Dias :

“ Desenvolvimento do senso crítico, como preconiza

Paulo Freire, foi o que menos se praticou em nossas

escolas, nos últimos vinte anos. Temos o tipo de escola

que prepara excluídos, dominados. O sistema é rígido,

pouco dado ao diàlogo, e os seus conteúdos não lidam

com a realidade dos estudantes. Representa o interesse

das classes dominantes, ávidas de manter o que está aí,

um mundo de assalariados, sem teto, imersos num

quadro de mobilidade inexistente” ( DIAS, 2004, P. 123)

Nas duas modalidades do EF analisadas anteriormente, notou-se pontos

semelhantes na atividade docente, entre elas destacam – se:

A inexistência de uma aprendizagem dialógica em que a mesma “transforma

as relações entre as pessoas e seu meio.” (IMBERNÓN, 2000, p.32);

Nas vezes em que são abordados assuntos ambientais, majoritariamente nas

aulas de Ciências, estes ficam restritos apenas à sala de aula, diferentemente

ao que seria proposto caso a EA já estivesse em funcionamento conforme

explicitado no comentário de Dias “A EA deve chegar a todas as pessoas,

onde elas estiverem – dentro e fora das escolas”. (DIAS, 2004, p. 110) O autor

ainda destaca na mesma obra a importância que se deve dar ao

desenvolvimento da educação não – formal, sendo esta entendida como a

desenvolvida para o público externo ao âmbito escolar;

Os professores vêem os recursos didáticos para o desenvolvimento da EA

como sendo de difícil acesso e consideram-nos mais um obstáculo para não

desenvolvê-la, caso em que Zeppone (1999) aponta o uso de vários deles tal

como os meios de comunicação de massa;

As questões do meio ambiente ainda são vistas pela maioria dos professores

(80% deles), como pertencentes única e exclusivamente a disciplina Ciências,

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sendo que o restante das disciplinas não deve abordá-las de maneira alguma,

fato que contraria o caráter interdisciplinar da EA citado por Zeppone (1999) e

ratificada por Dias:

“Antes, a EA ficava restrita à área de Ciências ou

Biologia, o que foi um erro. Precisamos praticar a EA de

modo que ela possa oferecer uma perspectiva global da

realidade e não uma perspectiva científica e biológica

apenas. São importantes os aspectos sociais, históricos,

geográficos, matemáticos, de línguas, da expressão

corporal, da filosofia, etc.” (DIAS, 2004, p. 117)

Sete professores não deram uma solução satisfatória para a resolução de

alguns problemas ambientais formulados hipoteticamente tal como o

desmatamento da mata ciliar das fontes e do leito dos rios, percebendo-se

assim que os mesmos ainda são vítimas do “analfabetismo ambiental” citado

por Dias (2004).

Seis professores têm uma compreensão errada da definição de questões

ambientais, fato que seis dos docentes as definem restritas apenas ao espaço

ecológico e que aquelas não têm vínculos com assuntos de ordem econômica,

social e política, compreensão totalmente refutada por Dias:

“Não se pode compreender uma questão ambiental sem

suas dimensões políticas, econômicas e sociais. Analisar

a questão ambiental apenas do ponto e vista ‘ecológico’

seria praticar um reducionismo perigoso, no qual as

nossas mazelas sociais (corrupção, incompetência

gerencial, concentração de renda, injustiça social,

desemprego, falta de moradias e de escolas para todos,

menores abandonados, fome, miséria, violência e outras)

não apareceriam” (DIAS, 2004, p. 109)

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Cinco professores implicitamente entendem que as questões

ambientais, de localidades distantes não importam para o aluno, pois afirmam

que eles devem aprender assuntos que fazem parte de sua realidade. Embora

tomem esse posicionamento, na prática docente os mesmos não tendem por

trabalhar questões ambientais da realidade do aluno nem as que são de

localidades distantes. Portanto, essa idéia de abordar única e exclusivamente

assuntos da realidade do aluno é totalmente combatida por Reigota:

“O fato de a educação ambiental escolar priorizar o meio

onde vive o aluno não significa, de forma alguma, que as

questões (aparentemente) distantes do seu cotidiano não

devam ser abordadas, pois não devemos esquecer que

estamos procurando desenvolver não só a sua

consciência e participação como cidadão brasileiro, mas

também como cidadão planetário” ( REIGOTA, 2006, p.

27).

Durante a aplicação do questionário sete professores assinalaram que

trabalhavam com seus alunos os problemas ambientais (lixo, desmatamento,

queimadas, destruição das fontes d’água ou outro) então, percebeu-se na

prática cotidiana dos professores que isto não acontece. Seis professores

informaram que orientam seus alunos para os cuidados com as fontes d’água

do povoado, fato negado pelos alunos em conversas informais com os

mesmos. Essa atitude dos professores em responder mentirosamente a essas

questões se explica pelo medo que alguns deles têm de sofrerem algum

prejuízo do governo municipal caso afirmassem que não trabalhassem tais

conteúdos.

Na observação, percebeu-se a inexistência de estratégias de ensino tal

como discussão em classe, em grupo, debate etc; uma vez que estas

estratégias contribuem para a prática da EA (DIAS, 2004).

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Os professores ao inicializarem suas aulas não despertam o desejo dos

alunos para aprendizagem do conteúdo a ser abordado, isto de certa forma,

contribui tanto para o distanciamento do assunto como para o significado que a

escola adquire para o aluno, pois a mesma deve ser uma “escola onde se

respire envolvimento, interesse, motivação e trabalho” (MASSETO, 1997, p.

25)

Com relação aos conhecimentos que os pais dos alunos possuem sobre

as questões ambientais, obteve-se os seguintes dados elencados na tabela 3 :

Tabela 3 Resultado do questionário aplicado aos pais de alunos

Dessa forma, objetivou-se por traduzir esses dados em porcentagem

visando uma melhor compreensão dos mesmos:

No primeiro quesito, 95% não conversam com os filhos sobre os

cuidados com a natureza;

No segundo,aproximadamente 50% são contra a derrubada de árvores;

No terceiro, aproximadamente 96% não sabem que a derrubada das

matas ciliares proporcionam o desaparecimento das fontes;

No quarto, aproximadamente 90% não são contra as queimadas;

No quinto, 90% não sabem que as queimadas jogam no ar gases que

nos prejudicam;

E no sexto quesito, 97% não sabe que a água potável irá acabar.

Pelos dados anteriormente apresentados, percebe-se como a EA precisa e

deve ser implantada com urgência. Visto isto, os índices do 1º, 3º, 4º, 5º e 6º

Item Respostas Positivas Respostas Negativas

1 5 100

2 52 53

3 4 101

4 9 96

5 9 96

6 4 101

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seriam menores se fossem colocados em prática as idéias propostas nos

objetivos da EA esquematizado no Diagrama de Cooper como nos explicita

Dias:

“A idéia é que, por exemplo, se executamos uma dada

atividade de EA, cujo objetivo seja oferecer

conhecimentos, esse conhecimento adquirido possa levar

o indivíduo ou grupo a desenvolver uma dada habilidade.

A aquisição dessa habilidade pode sensibilizá-lo e levá-lo

a participar de alguma iniciativa. Essa participação traz

novos conhecimentos e desenvolve novas habilidades...

Enfim, tudo leva a tudo, num sistema em que todos têm

sucesso.” (DIAS, 2004, p. 111)

Em conversas informais com alguns moradores e alunos, ambos de

diferentes faixas etárias, tentou-se falar sobre a conservação das fontes

d’água, mas a maioria deles desconversou dando pouca importância a este

assunto. Assim, percebeu-se nessa atitude uma falta de conhecimento e

conscientização, ficando evidente a inoperância da escola em desenvolvê-los,

embora os mesmos constituam dois dos objetivos prioritários da EA citado por

Reigota (2006).

A maioria da população ainda percebe a escola como um espaço

apartado do restante da população e que a mesma não deve se preocupar

com outros assuntos, inclusive os ambientais, que quando tratados

simplesmente devem ocupar linhas nos cadernos, ou seja, conteúdos. Então, o

papel da escola é apenas o de repassar aos alunos os conhecimentos

historicamente acumulados pela humanidade, sendo considerado um “bom”

professor aquele que “dá” grande quantidade de conteúdos mesmo que muitas

das vezes não haja um mínimo de aprendizagem pelo aluno e isto e reflete

muito bem na tendência liberal tradicional em que “os conteúdos são

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separados da experiência do aluno e das realidades sociais, valendo pelo valor

intelectual”. ( LUCKESI, 1994, p.56)

Nota-se também nas falas da população de São João do Rosário um

sentimento de inferioridade para resolver seus problemas locais valorizando

“as pessoas de fora” considerando-as como as mais “capacitadas”, tudo isto

seria evitado ou amenizado se a escola tomasse a iniciativa nas discussões

sobre os problemas locais essa “salvação externa” é explicitada e combatida

por Carvalho:

“... romper com toda a tradição paternalista que graça na

maior parte das comunidades – de modo especial nas

mais carentes – aonde o mito de um salvador externo a

comunidade que virá trazendo a solução para todos os

problemas, ainda é bastante presente. Somente através

de fóruns comunitários, reuniões com os moradores, e

outras ferramentas de diálogo formais e informais que

acentuam a participação comunitária, é possível tentar

reverter esta situação e conscientizar a comunidade de

que a redenção que tanto almejam, está em suas próprias

mãos, ou melhor depende fundamentalmente dos

integrantes que a compõem e de mais ninguém”

(CARVALHO, 20065, p. 173)

Muitos moradores do povoado acima de cinqüenta anos acomodam-se

com relação à educação afirmando que já estão em idade avançada para

aprender algum conteúdo e isto vale também para a EA, posicionamento este

negado por Reigota:

“Um outro aspecto consensual sobre a educação

ambiental é que não há limites de idade para os seus

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estudantes, tendo um caráter de educação permanente,

dinâmica, variando apenas no que diz respeito ao seu

conteúdo e à metodologia, procurando adequá-los às

faixas etárias a que se destina”. (REIGOTA, 2006, p. 24)

Então, percebeu-se nas falas e atitudes dos professores, alunos e de

alguns moradores do povoado, como o desenvolvimento de uma EA torna-se

urgente, uma vez que a mesma não é abordada e muitos menos a questão da

conservação das fontes d´água. No caso dos professores os mesmos

encontram-se em situações desfavoráveis pelos motivos que passo a expor:

O acesso á informação dá-se exclusivamente pelo meio televisivo devido ao

baixo custo do mesmo;

Os livros lidos são somente os didáticos, pois comete-se um absurdo já que os

objetivos propostos educacionalmente passam a ser os do livro e não os da

realidade local; que conforme nos diz Dias:

“Infelizmente temos uma “indústria” de livros didáticos no

Brasil, centralizados no eixo Rio-São Paulo, produzindo

materiais para o Brasil. Como conseqüência, raramente

os professores de uma dada região dispõem de materiais

didáticos que se refiram, especificamente, á sua

região.Assim, as suas características e os problemas

ambientais locais (realidades locais) são desconsiderados

/ desconhecidos.” (DIAS, 2004, p. 117/118)

Acrescenta-se a isso a inexistência do acesso á internet e baixos salários.

Mesmo assim alguns estão preocupados com a aprendizagem de seus alunos

e outros ainda estão “dormindo” por uma falta de debate sobre a melhoria do

trabalho docente bem como a excitação ao desenvolvimento da Educação

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Ambiental, pois inexiste um treinamento direcionado para os professores

incentivando-os a realizar uma EA conforme destaca Dias :

“O treinamento de pessoal docente é o fator principal no

desenvolvimento da EA”. A aplicação de programas de

EA e o próprio uso adequado dos materiais de ensino só

serão possíveis se os docentes tiverem acesso a

treinamento, tanto em conteúdos quanto em métodos,

nessa forma de educação”.(DIAS, 2004, p. 152)

Vendo os resultados dessa pesquisa, algumas metas são sugeridas

para a inicialização e desenvolvimento de uma Educação Ambiental na Escola

Municipal Deputado Ivar Saldanha, povoado São João do Rosário/MA ,

visando o seu espraiamento para toda a população local tornando-a mais

eficaz, assim, tanto os moradores desse povoado como os educadores saem

ganhando conforme o propõe Carvalho:

“A partir dessa compreensão inicial, é que este buscará

literalmente ‘encaixar’ seu programa, projeto ou estratégia

a realidade educativa já presente na comunidade, via

participação da mesma em todas as fases desse

encadeamento, inclusive as que se referem a uma

aplicação prática....o educador é acima de tudo um

aprendiz, especialmente o educador que tem na

comunidade seu campo de atuação; devendo este buscar

‘ver, ouvir e acolher’ demoradamente a realidade

comunitária antes de nela ‘agir’ ”. ( CARVALHO, 2006, p.

177)

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38

Sendo assim, elaborou-se metas a serem seguidas em que se

destacam:

1º) Sensibilização dos professores da referida escola sobre o Meio Ambiente;

2º) Sensibilização de seus alunos;

3º) Desenvolver formas de apresentação de fácil compreensão sobre a

importância do Meio Ambiente, tudo isto sob orientação dos professores e

realizadas pelos próprios alunos;

4º) Divulgação para a população local do horário e dia de apresentação dos

trabalhos desenvolvidos em sala de aula;

5º) Apresentação à população local dos trabalhos desenvolvidos em sala de

aula;

Logo após isto, propõem-se a realização de uma Feira Escolar

Ambiental em que serão exposta a flora local, remédios naturais e contos

populares do povoado em que as fontes d’água sejam seus cenários, trazendo

à memória coletiva a importância que as fontes tiveram nesse povoado e a

partir disso trabalhar o sentimento de conservação das mesmas.

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39

CONCLUSÃO

Através do estudo sobre o posicionamento da Escola Municipal

Deputado Ivar Saldanha em desenvolver o comportamento de conservação

das fontes d’água no povoado São João do Rosário/MA, percebeu-se uma

inércia dessa escola com relação a isso. Constatou-se que a prática docente

em nada contribui para que seja desenvolvido o sentimento de conservação e

valorização do ambiente em sala de aula.

Portanto, identificaram-se fatores que contribuem para esse imobilismo

da escola, tem-se então:

Falta de veículos (pessoas, ONG’s, órgão públicos, etc) sensibilizadores

desses profissionais da educação a fim de motivarem-lhes para uma

implantação imediata da Educação Ambiental na prática escolar;

Alia-se a esse fato o dificílimo acesso a fontes bibliográficas específicas sobre

Educação Ambiental.

Percebeu-se que durante a pesquisa, a mesma despertou a curiosidade

e interesse tanto dos profissionais da educação analisados quanto do restante

da população local, pois queriam compreender a importância que a

conservação das fontes d’água tinha para este trabalho e dispôs-se em poucas

palavras a explicar-lhes o significado da pesquisa. A partir desse momento,

objetivou-se então, um retorno ao povoado São João do Rosário/MA para

socializar e discutir com os professores os conhecimentos adquiridos com este

estudo enfatizando a aplicação da Educação Ambiental na escola bem como

fazer-lhes multiplicadores do sentimento de conservação das fontes d’água

junto aos moradores do local.

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http://www.cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/construtivismo.htm,

acesso em 10.08.09.

MAURICIO, Juliana Tavares. Aprender Brincando: O Lúdico na

Aprendizagem. URL : http://www.profala.com/arteducesp140.htm, acesso em

12.08.09.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Questionário;

Anexo 2 >> Questionário; Anexo 3 >> Roteiro da Entrevista

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ANEXO 1

QUESTIONÁRIO Nome: Formação profissional: Ano (s) escolar (es) em que leciona:

1º) Você trabalha com seus alunos problemas ambientais? Obs: Em caso afirmativo, continue respondendo as respostas abaixo Quais dos itens abaixo você trabalha em sala de aula ( ) lixo ( ) desmatamento ( ) queimadas ( )destruição das fontes d’água ( ) outros 2º) Como você trabalha as questões do meio ambiente em suas aulas? 3º) Em sua opinião, qual a importância de se abordar questões do meio ambiente na escola? 4º) Em qual disciplina ou disciplinas você acha adequado se trabalhar o assunto do meio ambiente? 5º) Além do livro didático, existem outras fontes de informação (jornais televisivos, jornais de papel, revistas e etc.) que você usa para manter-se atualizado sobre os cuidados com o meio ambiente? Cite-as. 6º) Falando do local onde você mora, você orienta os alunos para os cuidados com as fontes d’água do povoado? 7º) Você tem algum projeto para ser desenvolvido com seus alunos? Qual? 8º) A escola tem algum projeto de conservação ambiental, especificamente com relação às fontes d’água, desenvolvido junto à comunidade?

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ANEXO 2 QUESTIONÁRIO

1º) Você fala com seu filho (a) sobre os cuidados que se deve ter com a natureza (os rios, o ar, não jogar lixo em todo lugar, não fazer queimadas)? ( ) Sim ( ) Não 2º) Você é contra a derrubada de árvores? ( ) Sim ( ) Não 3º) Você sabia que a derrubada das árvores que ficam ao redor das fontes d’água faz que elas sequem? ( ) Sim ( ) Não 4º) Você é contra as queimadas? ( ) Sim ( ) Não 5º) Você sabia que as queimadas jogam no ar substâncias (gases) que nos prejudicam? ( ) Sim ( ) Não 6º) Você sabia que no futuro próximo a água potável ( que se pode beber)vai acabar? ( ) Sim ( ) Não

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ANEXO 3

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Nome: Idade: Morador (a) há quanto tempo no povoado? Qual era a quantidade de fontes d’água no povoado? Fale sobre as fontes d’água do local e o seu quase desaparecimento.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 10

LISTA DE TABELAS 11

INTRODUÇÃO 12

CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 14

CAPÍTULO II

A ÍNTIMA RELAÇÃO ENTRE ÁGUA E SAÚDE 20

CAPÍTULO III

O POSSÍVEL “SILÊNCIO” 26

3.1 A aplicabilidade da EA 26

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 40

ANEXOS 42

ÍNDICE 46