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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA Por: Silvania de Lima Gonçalves Orientador Prof. Solange Monteiro Niterói 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO DIANTE DAS

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA

Por: Silvania de Lima Gonçalves

Orientador

Prof. Solange Monteiro

Niterói

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO DIANTE DAS

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia

Por: Silvania de Lima Gonçalves

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter

me abençoado com sabedoria, a minha

família: pai Gilberto, irmãs Sylvia e

Suzana, sobrinhos Vitor Hugo, Sara e

Israél pelo carinho e apoio direto ou

indireto e aos meus alunos que foram

os meus incentivos.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Gilberto G. de Souza e

Germinda de L. Gonçalves (in memory)

pelo exemplo de fé, perseverança e

valores.

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RESUMO

Apresenta-se as principais dificuldades de aprendizagem, tais como

dislexia, disgrafia, dislalia, descalculia, desortografia e TDAH (transtorno do

déficit de atenção/hiperatividade), seus conceitos embasado em alguns

autores, suas causas e suas características, onde este irá contribuir para o

melhor desenvolvimento e desempenho de todos e compreender como ensinar

supõe seu significado e a extensão de sua organização, de seu

desenvolvimento e de sua avaliação. Destaca-se a importância do profissional

psicopedagogo e seu papel no contexto escolar de ajudar a selecionar e

buscar novos métodos para enriquecer o trabalho de maneira mais ampla para

que aconteça a aprendizagem. Descreve-se possíveis caminhos que

possibilitem entender quais as dificuldades que o aluno enfrenta ao aprender e

quais a possibilidades de mudança que ele apresenta, através das medidas de

intervenções psicopedagógicas.

.

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METODOLOGIA

Este trabalho aborda a importância do Psicopedagogo diante das dificuldades

de aprendizagem no contexto escolar, a partir de duas estratégias da pesquisa

bibliográfica: a revisão bibliográfica e coleta do material analisado.

Inicialmente, buscou-se a conceitualização das principais dificuldades

aprendizagem, com a leitura de livros revistas e artigos de diversos autores,

onde foram apontadas as possíveis causas e características dessas

dificuldades, tais informações indicaram a necessidade de ressaltar a

importância do profissional psicopedagogo na escola. Este que, através de

suas intervenções encontram possíveis soluções que norteiam toda a

instituição escolar para a aprendizagem.

Foi realizada uma entrevista (conversa informal) com a psicopedagoga

de uma escola da rede pública e Niterói, sobre a importância do profissional e

de suas intervenções na construção do conhecimento de alunos com DAs, já

que convive diariamente com esses casos. A entrevista foi realizada oralmente

com registro feito em blocos de anotações de forma voluntária e ciente do

objetivo deste estudo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Dificuldades de Aprendizagem 10

CAPÍTULO II

A Importância do Psicopedagogo 23

CAPÍTULO III

Medidas de Intervenções Psicopedagógicas 31

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 44

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INTRODUÇÃO

O presente estudo está centrado no funcionamento da intervenção

psicopedagógica nas dificuldades de aprendizagem no contexto escolar,

destacando as habilidades para trabalhar essas dificuldades, ressaltando a

importância deste profissional, para assessorar a coordenação pedagógica,

professores e pais e melhorando a qualidade de ensino.

Dessa forma, nos leva a refletir sobre a seguinte questão: qual

importância do psicopedagogo no cotidiano escolar das crianças com

dificuldade de aprendizagem?

Perante tal situação, a presença do psicopedagogo no ambiente

escolar, trará conhecimentos novos que possam ser utilizados na resolução

dessas dificuldades pelos professores que estão lidando com essa

problemática, no contexto da reflexão sobre o processo de ensino

aprendizagem, atento as características do aluno quanto ao perfil do professor,

já que ambos são peças chave para compreender o contexto da aprendizagem

escolar.

É importante ressaltar também, a psicopedagogia como complemento,

que é a ciência nova que estuda o processo de aprendizagem e dificuldades,

muito tem contribuído para explicar a causa das dificuldades de aprendizagem,

pois tem como objetivo central de estudo o processo humano do

conhecimento. Isso nos desperta para a sua contribuição no trabalho

educativo, apresentando postura, ações e contribuições psicopedagógicas

para o desenvolvimento de crianças que tenham dificuldades de

aprendizagem.

Cada vez mais é necessário que haja dentro da instituição escolar este

profissional, porque cabe a ele analisar os fatores que favorecem intervir ou

prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição escolar. Cabe ao

psicopedagogo e à educação apresentar caminhos que possam ligar saber e

não saber e estas ações devem ser realizadas individualmente, em grupo, na

instituição, na comunidade com um único objetivo: a aprendizagem.

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Portanto o trabalho tem como objetivo, Identificar quais as

dificuldades de aprendizagens, ressaltar a importância do profissional

psicopedagogo no processo ensino-aprendizagem, restabelecer medidas de

intervenção em alunos com dificuldades de aprendizagem, sendo estas

apontadas como as causas do fracasso escolar, em um olhar educativo e

psicopedagógico, através dos dados obtidos em pesquisas bibliográficas,

artigos baseados nos relatos de experiências de psicopedagogos e entrevista

realizada com orientador educacional com formação em psicopedagogia.

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CAPÍTULO I

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Não existe exatamente um consenso que define o termo. Geralmente a

expressão “dificuldades de aprendizagem” tem sido utilizada em diversos

sentidos, por causa das diversidades de fatores que interferem no processo da

aprendizagem humana, assim como a diversidades de profissionais que tem

se dedicado ao estudo dessa temática.

A expressão tem sido usada para indicar um fenômeno extremamente

complexo, em um espaço que reúne múltiplos conceitos e critérios, teorias

modelos e hipóteses. Uns especialistas conceituam as dificuldades de

aprendizagem do ponto de vista clínico e outros consideram os fatores

biopsicossociais e educacionais.

De acordo com Marchesi e Martín (1995), o conceito de dificuldade de

aprendizagem é relativo e está relacionado aos objetivos educacionais, ao

currículo estabelecido, aos níveis exigidos e aos sistemas de avaliação

empregados. Quanto maiores forem o rigor do sistema educacional e a ênfase

atribuída aos objetivos cóginito racionais diante dos emocionais, empregado,

manipulativos, artísticos e outros e quanto menor for a capacidade de

adaptação, flexibilidade e oferta global da escola, maiores serão as

probabilidades de que existem alunos que se sintam desligado do processo de

aprendizagem e apresentam grandes dificuldades.

Para Kiguel (1996), as dificuldades de aprendizagem seriam

incapacidades funcionais ou dificuldades encontradas na aprendizagem de

uma ou de várias matérias escolares.

Para Miranda (2000), a definição das dificuldades de aprendizagem tem

sido especificada de maneiras diferentes na literatura sobre o assunto.

Expressões como distúrbio de aprendizagem, distúrbios psiconeurogênicos de

aprendizagem, disfunção cerebral mínima, dislexia e outros são utilizados para

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indicar situações que acontecem com frequência e coincidentemente,

confundindo a classificação e avaliação de crianças com dificuldades de

aprendizagem.

Para Strick e Smith (2001), as dificuldades de aprendizagem referem-se

não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem

afetar qualquer área do desempenho acadêmico. As dificuldades são definidas

como problemas que interferem no domínio de habilidades escolares básicas,

e elas só podem ser formalmente identificadas até que uma criança comece a

ter problemas na escola.

Muitos autores dizem que é praticamente impossível opor os fatores

bioetiológicos aos socioetiológicos. Ambos se agregam, sendo assim, uma

relação entrelaçada e dinâmica.

A definição de dificuldades de aprendizagem indicada como a mais

comum pelos estudiosos do assunto é dada por Fonseca que diz o seguinte:

Dificuldade de aprendizagem (Das) é um termo geral que se refere a um grupo heterogênio de desordens, manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala da leitura e do raciocínio matemático. Tais desordem consideradas intrínsecas ao indivíduo, presumindo que sejam devidas a uma disfunção no sistema nervoso central (SNC), podem ocorrer durante toda a vida. (FONSECA, 1995, p.71)

Ao contrário de Fonseca, para Sternberg e Grigorenko (2003), as

dificuldades de aprendizagem são caracteristicamente definidas como uma

desarmonia de certa amplitude entre geral e desempenho em uma área

específica de esforço, como Leitura e matemática, por exemplo.

Drouet ressalta que as dificuldades de aprendizagem escolar podem estar

ligadas as seguintes causas:

Causas físicas orgânicas ou somáticas: proveniente de perturbações do estado físico geral da criança, como por exemplo: febre, dor de cabeça e de ouvido, cólicas intestinais anemia, asma, verminoses e todos os males

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que atinjam o físico de uma pessoa, levando-a a um estado anormal de saúde.

Causas sensoriais ou perceptivas: são todos os distúrbio que atingem os órgãos dos sentidos, que são os responsáveis pela percepção que o individuo tem do meio exterior. Qualquer problema que afete os órgãos responsáveis pela visão, audição, gustação, olfato, tato, equilíbrio, reflexo postural ou os respectivos sistemas de condução entre esses órgãos e o sistema nervoso, causará problemas no modo de a pessoa captar as mensagens do mundo exterior e, portanto dificuldade para ela compreender o que se passa ao seu redor.

Causas neurológicas: estão atreladas às perturbações do sistema nervoso, quanto do cérebro quanto do cerebelo, da medula e dos nervos. Como o sistema nervoso comanda todas as ações físicas e mentais do ser humano, qualquer distúrbio em um dessas partes se constituirá em um problema de maior ou menor grau, de acordo com a área lesada.

Causas emocionais: fazem referência aos distúrbios psicológicos, ligados as emoções e aos sentimentos dos indivíduos e a sua personalidade. Esses problemas geralmente não aparecem sozinhos, eles estão associados a problemas de outros campos, como por exemplo, da área motora e sensorial etc.

Causas intelectuais ou cognitivas: dizem respeito a inteligência do indivíduo, isto é, a sua capacidade de entender e compreender o mundo em que vive, de raciocinar sobres os seres animados e inanimados que os cercam e de estabelecer relações entre eles.

Causas educacionais: o tipo de educação que a pessoa recebe na infância irá condicionar distúrbios de origem educacionais, que a prejudicarão na adolescência e na idade adulta tano no estudo quanto no trabalho. Portanto

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as falhas de seu processo educativo terão repercussões futuras. (DROUET,1990, p.97-98)

Todas essas possíveis causas de alguma maneira, favorece

significativamente o aparecimento das dificuldades de aprendizagem,

conduzindo a sérios prejuizão para os alunos e, para o desenvolvimento do

trabalho do professor. Por isso, a importância de diagnosticar essas

dificuldades precocemente, visando erradica-las ou minimizá-las através de

um processo de intervenção psicopedagógica.

1.1 As principais dificuldades de aprendizagem e suas

características.

O aluno que apresenta dificuldade na aprendizagem em sua maioria

apresenta sintomas diversos como à tristeza, a timidez e a perda de iniciativa,

agressividade, a ansiedade, tem dificuldade em se relacionar com os colegas e

muitas vezes o professor não percebe que aquela criança tem uma dificuldade

de aprendizagem e acaba por titulá-la como aluno problema. Dizemos isso

porque o processo do aluno não aprender:

Desperta a atenção para a existência de crianças que frequentam escolas e apresentam dificuldades de aprendizagem, embora não aparentem defeitos físico, sensorial, intelectual ou emocional. Por longos anos, tais crianças têm sido ignoradas, mal diagnosticada ou maltratadas e a dificuldade que demonstram tem recebido várias designações como “hiperatividade”, “síndrome hipercinética”, “síndrome da criança hiperativa”, “lesão cerebral mínima”, “disfunção cerebral na aprendizagem” entre outras. (ROSS,1997, p.13)

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As crianças com dificuldades de aprendizagem são crianças

suficientemente inteligentes, não tem problemas de audição ou visão, mas se

deparam com bloqueios em sua habilidade em aprender. Para Guerra (2002),

crianças com dificuldades de aprendizagem não são deficientes, não são

incapazes e, ao mesmo tempo, demonstram dificuldades para aprender.

As dificuldades específicas de aprendizagem significa um distúrbio em

um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos no entendimento

ou no uso da linguagem, falada ou escrita, que pode surgir em uma

capacidade imperfeita para , ouvir, pensar, falar, ler, escrever soletrar ou

realizar cálculos matemáticos. Este termo engloba condições como

deficiências perceptuais, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e

afasia desenvolvimental.

Entretanto, as dificuldades específicas de aprendizagem pode ser

melhor entendidas se examinadas, também no contexto da definição legal de

necessidades especiais incluída na Lei n.º 9. 394/96. Essa lei fornece uma

ideia em etapas, em que uma dificuldade para aprender ou uma deficiência

tem a possibilidade de levar a uma dificuldade de aprendizagem que pode

precisar de uma ação educacional especial.

As dificuldades de aprendizagem mais comuns e frequentes

identificadas são:

Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de

ser fluente, apresentando as seguintes características:

- Confusão de letras, sílabas ou palavras que se parecem graficamente: a-o, e-

c, f-t, mn, v-u.

- Inversão de letras com grafia similar: b/p, d/p, d/q, b/q, b/d, n/u, a/e.

- Inversões de sílabas: em/me, sol/los, las/sal, par/pra.

- Adições ou omissões de sons: casa Lê casaco, prato lê pato.

- Ao ler pula linha ou volta para a anterior.

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- Soletração defeituosa: lê palavra por palavra, sílaba por sílaba, ou reconhece

letras isoladamente sem poder ler.

- Leitura lenta para a idade.

- Ao ler, movem os lábios murmurando.

- Frequentemente não conseguem orientar-se no espaço sendo incapazes de

distinguir direita de esquerda. Isso traz dificuldades para se orientarem com

mapas, globos e o próprio ambiente.

- Usa dedos para contar.

- Possui dificuldades em lembrar se sequências: letras do alfabeto, dias da

semana, meses do ano, lê as horas.

- Não consegue lembrar-se de fatos passados como horários, datas, diário

escolar.

-Alguns possuem dificuldades de lembrar objetos, nomes, sons, palavras ou

mesmo letras.

- Muitos conseguem copiar, mas na escrita espontânea como ditado e ou

redações mostra severas complicações.

- Afeta mais meninos que meninas.

A herança genética aumenta a tendência para desenvolver a dislexia, ou

seja, é maior a probabilidade da criança apresentar o problema caso um dos

pais seja portador. Mas, se ela tiver dislexia, vários fatores podem contribuir

para atenuar ou reforçar os sinais, como o estímulo que ela tem em casa e o

ambiente sóciocultural, que pode oferecer a ela recursos para lidar com suas

dificuldades. O ambiente vai moldar esta tendência genética.

O aluno disléxico apresentaria uma dificuldade mais importante na

estratégia alfabética. Alguns teriam dificuldade de chegar a esta fase, ficando

presos a uma leitura do tipo logográfica. Outros utilizariam a estratégia

alfabética, mas com muita dificuldade, sob muito esforço. Por este motivo,

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leriam menos, apresentando, então, um dicionário mental (ou léxico) com um

número reduzido de palavras. Consequentemente, a estratégia ortográfica

ficaria prejudicada.

Existem diferentes níveis de Dislexia, Em casos leves, por exemplo,

ocorrem alguns erros na escrita e a compreensão de texto é possível após

algumas leituras. Já em casos graves, o aluno que não conseguem ser

alfabetizados porque não conseguem ler ou escrever, mas, ainda assim,

compreendem textos se alguém fizer a leitura para eles e conseguem fazer

uma redação ditando para um digitador.

Disgrafia: normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz

trocas e inversões de letras consequentemente encontra dificuldade na escrita.

Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito

próximas e desorganização ao produzir um texto. Pode-se classificar como,

Disgrafia de superfície - dificulta o reconhecimento e a escrita de palavras já

trabalhadas anteriormente. Ex: são aqueles erros ortográficos vistos com

frequência; Disgrafia fonológica - permite aos alunos a escrita de palavras

familiares, impedindo os de escreverem pseudopalavras. Ex: não apresentam

consciência fonológica no momento da escrita de palavras pouco usadas no

dia a dia; Disgrafia profunda - dificulta aos alunos a possibilidade de estarem

escrevendo palavras abstratas, ditados ou nomes de objetos. Ex: se for ditada

a palavra cadeira, ele acaba escrevendo mesa, se ditar hora e ele escreve

relógio.

Apresenta as seguintes características:

-Lentidão na escrita.

- Letra ilegível.

-Escrita desorganizada.

- Traços irregulares: ou muito fortes que chegam a marcar o papel ou muito

leves.

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- Desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial.

-Desorganização do texto, pois não observam a margem parando muito antes

ou ultrapassando. Quando este último acontece, tende a amontoar letras na

borda da folha.

- Desorganização das letras: letras retocadas, hastes mal feitas, atrofiadas,

omissão de letras, palavras, números, formas distorcidas, movimentos

contrários à escrita (um S ao invés do 5 por exemplo).

- Desorganização das formas: tamanho muito pequeno ou muito grande,

escrita alongada ou comprida.

- O espaço que dá entre as linhas, palavras e letras são irregulares.

- Liga as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular.

Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números, um problema

causado por má formação neurológica que provoca dificuldades na

aprendizagem de tudo que se relaciona a números. De um modo geral os

portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-

los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou

fazer comparações, não entendem sequências. Como a aprendizagem

matemática depende também de fatores como leitura e compreensão, fica

claro que um aluno disléxico apresenta dificuldades de aprender Matemática

Podemos classificá-la da seguinte maneira:

Discalculia Verbal - dificuldade para nomear as quantidades

matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.

Discalculia Practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar e

manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.

Discalculia Léxica - Dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.

Discalculia Gráfica - Dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.

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Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazer operações mentais e

na compreensão de conceitos matemáticos.

Discalculia Operacional - Dificuldades na execução de operações e

cálculos numéricos.

Apresenta característica como:

- Dificuldades frequentes com os números, confundindo os sinais (+, -, ì , x)

- Problemas de diferenciar entre esquerdo e direito.

- Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e oeste) e pode também

ter dificuldade com um compasso.

- A inabilidade de dizer qual de dois números â o maior.

- Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental, etc.

- Melhor nos assuntos tais como a ciência e a geometria, que requerem a

lógica mais que as fórmulas, até que um nível mais elevado que requer

cálculos seja necessário.

- Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do tempo.

- Dificuldade com tarefas diárias como verificar a mudança e ler relógios

analógicos.

- A inabilidade de compreender o planejamento financeiro ou incluir no

orçamento, nivela as vezes em um nível básico, por exemplo, estimar o custo

dos artigos em uma cesta de compras.

- Tem dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma

distância.

- Inabilidade em apreender e recordar conceitos matemáticos, regras,

fórmulas, e sequencias matemáticas.

- Dificuldade de manter a contagem durante jogos.

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- Dificuldade nas atividades que requerem processar sequências (etapas de

dança), sumário (leitura, escrita, sinalizar na ordem direita). Pode ter problema

mesmo com uma calculadora, devido às dificuldades no processo da

alimentação nas variáveis.

- A circunstância pode conduzir em casos extremos a uma fobia da matemática

e de dispositivos matemáticos (por exemplo, números).

Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala. Apresenta pronúncia

inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as

confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na

língua ou lábio leporino.

A Dislalia pode ser causada de três formas:

- A dislalia funcional é a mais frequente e se caracteriza o ponto e modo

incorreto de articulação do fonema.

- A dislalia orgânica faz com que a criança tenha dificuldades para articular

determinados fonemas por problemas orgânicos. Quando apresenta alterações

nos neurônios cerebrais, ou alguma má formação ou anomalias nos órgãos da

fala.

- A dislalia audiógena se caracteriza por dificuldades por problemas auditivos.

A criança se sente incapaz de pronunciar corretamente os fonemas porque

não ouve bem. Em alguns casos, é necessário que a criança utilize próteses.

Disortográfia: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode

aparecer como consequência da dislexia. Suas principais características são:

troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação

indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de

pontuação e acentuação. Pode ser diagnosticada no final da educação infantil

e no 2° ano do Ensino Fundamental, sendo que até este período é comum que

as crianças façam confusões ortográficas porque a relação com os sons e

palavras impressas ainda não estão dominadas por completo. Entre as causas,

suspeita-se: de uma aprendizagem incorreta da leitura e da escrita; mudanças

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na linguagem devido a um atraso na aquisição e/ou no desenvolvimento e

utilização da linguagem; erros na percepção, tanto visual como auditiva; falta

de atenção. Apresenta as seguintes características:

Troca de grafemas: Geralmente as trocas de grafemas acontecem por

problemas de discriminação auditiva. Quando a criança troca fonemas na fala,

a tendência é que ela escreva apresentando as mesmas trocas, mesmo que os

fonemas não sejam auditivamente semelhantes, faca/vaca, chinelo/jinelo,

porta/borta;

- Falta de apetite para escrever;

- Dificuldade em perceber as sinalizações gráficas (parágrafos, travessão,

pontuação e acentuação);

- Dificuldade no uso de coordenação/subordinação das orações;

- Textos muito reduzidos;

- Aglutinação ou separação indevida das palavras;

- Confusões de sílabas como : encontraram/encontrarão;

- Adições: ventitilador;

- Omissões: cadeira/cadera, prato/pato;

- Fragmentações: em saiar, a noitecer;

- Inversões: pipoca/picoca;

- Junções: no diaseguinte, sairei maistarde;

TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um

problema de ordem neurológica, que trás consigo sinais evidentes de

inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Hoje em dia é

muito comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como DDA

(Distúrbio de Déficit de Atenção), porque apresentam alguma agitação,

nervosismo e inquietação, fatores que podem advir de causas emocionais. Os

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sintomas devem ocorrer em diferentes ambientes, como por exemplo, em casa

e na escola, com prejuízo no desempenho acadêmico e também no

relacionamento interpessoal e nas atividades sociais começa na primeira

infância e que pode continuar até a idade adulta.

Apresenta as seguintes características:

- Falta de atenção na escola, com erros frequentes em tarefas simples,

- Dificuldade para manter a atenção em atividades em grupo,

- Falta de atenção à fala direta,

- Erros em seguir instruções, com dificuldade para finalizar tarefas,

- Dificuldade para organizar atividades escolares e tarefas,

- Falta de êxito na execução de tarefas escolares que requerem atenção

sustentada.

- Distração fácil aos estímulos externos. Movimentos constantes de braços e

pernas.

- Frequentemente levanta durante a aula,

- Hábito de correr em situações inadequadas,

- Dificuldade de permanecer sentado ou participar de atividades em grupo.

- Hábito de falar em excesso.

- Dificuldade para esperar a sua vez.

- Interrupções ou intromissões na conversa dos outros.

Os alunos com TDAH que apresentam dificuldades na leitura

geralmente não apresentam problemas no reconhecimento de palavras; a

decodificação fonológica se processa bem, mas os problemas estão na

compreensão leitora, devido à falha em monitorar a compreensão, podem

apresentar um aspecto desorganizado do trabalho e traçado inadequado das

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letras, poderão ter dificuldades na fixação das representações ortográficas,

geralmente apresentam dificuldades em planejar e elaborar narrativas e

dificuldades mais comuns referindo a diferentes tipos de esquecimentos (vai

um ou emprestou um), dificuldades para memorizar a multiplicação e para

coordenar os diferentes passos na resolução de uma tarefa matemática.

Os alunos que apresentem sinais de dificuldades gerais de

aprendizagem (moderada, grave ou profunda) assim como dificuldades

específicas de aprendizagem, necessitam de atendimento de apoio

especializado por parte da escola e / ou de programas educacionais

específicos.

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CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO

Em todas as salas de aulas, é possível observar alunos que, por

diferentes motivos, não acompanham cognitivamente seus colegas de classe,

independentemente do nível de complexidade dos conteúdos abordados ou

metodologia de ensino que é utilizada pelo professor.

Nas Diretrizes Curriculares para Educação Especial na Educação

Básica os alunos com dificuldade de aprendizagem deve ser atendido por

alternativas teórico metodológicas da Educação Especial, esta deve ser

responsável pelo planejamento das intervenções educativas melhor sirvam

para permitir a aprendizagem dos conteúdos escolares e por conseguinte,

beneficie o desenvolvimento absoluto dos alunos.

Diante do baixo desempenho, as escolas estão cada vez mais

preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem, não

sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o

processo considerado normal e não possuem política de intervenção capaz de

contribuir para a superação das dificuldades de aprendizagem. Considerando a

escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho

psicopedagógico na ambiente escolar tem como caráter preventivo no sentido

de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas com

esta finalidade.

De acordo com Visca:

A Psicopedagogia nasceu como ocupação empírica pela necessidade de atender as crianças com dificuldades na aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e psicologia. Com o decorrer do tempo, o que inicialmente foi uma ação subsidiaria dessas disciplinas, perfilou-se com um conhecimento independente e

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complementar, possuidor de um objeto de estudo (o processo aprendizagem) e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios. (VISCA, 1987, p.7).

A psicopedagogia teve a sua origem na Europa, ainda no século XIX.

Janine Mery, psicopedagoga francesa adotou o termo psicopedagogia curativa

para caracterizar uma ação, terapêutica que considera aspectos pedagógicos e

psicológicos no tratamento de crianças que apresentam fracasso escolar.

Somente no final do século XIX, que educadores como Itard, Pereire,

Pertallozi e Seguin, começaram a se dedicar às crianças que apresentavam

problemas de aprendizagem em razão de vários tipos de distúrbios.

Mery aponta esses educadores como pioneiros no tratamento dos

problemas de aprendizagem observando porém, que eles se preocupavam

mais pelas deficiências sensoriais e pela debilidade mental.

Em 1946, foram fundados os primeiros centros psicopedagógicos

chefiados por J. Botonieri e George Mauco, onde se buscava unir

conhecimentos da psicologia, da psicanálise e da pedagogia para tratar

comportamentos socialmente inadequados de crianças tanto na escola como

no lar, objetivando a sua readaptação.

A literatura francesa, influência as ideias sobre a psicopedagogia na

Argentina, a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileira.

O movimento da psicopedagogia no Brasil remete o seu histórico na

Argentina. Encontramos trabalhos de autores argentinos na literatura brasileira,

os quais constituem os primeiros esforços referentes à psicopedagogia. Entre

esses autores que muito contribuem com seus trabalhos literários, podemos

citar: Sara Paín, Jorge Visca, Alícia Fernández e outros.

Segundo Alícia Fernández, a cidade de Buenos Aires há trinta anos

atrás, foi a primeira a surgir com a faculdade de psicopedagogia.

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Na década de 70 criou-se em Buenos Aires os centros de Saúde

Mental, onde atuavam equipes de psicopedagogos que faziam diagnóstico e

tratamento. Mas ocorria também uma grande mudança, os psicopedagogos

começam a incluir no seu trabalho o olhar e a escuta clínica da psicanálise,

resultando no atual perfil do psicopedagogo argentino.O movimento da

psicopedagogia no Brasil, como já foi dito, remete o seu histórico na Argentina,

influenciando a nossa prática.

Na década de 70 foi amplamente difundida a idéia de que tais

problemas teriam como causa uma disfunção neurológica não detectável em

exame clínico chamada de disfunção cerebral mínima (DCM).

Foi nessa concepção de problemas de aprendizagem na escola, que no

final da década de 70, que surgiram os primeiros cursos de especialização em

psicopedagogia no Brasil, idealizados para complementar a formação dos

psicólogos e educadores que buscavam soluções para esses problemas.

A partir de 1980, criou-se a Associação Brasileira de Psicopedagogia,

com finalidade de promover o aperfeiçoamento de seus associados e a

qualidade de sua prática mediante a realização de cursos e de encontros

científicos. Além da publicação de um periódico especializado na área.

Um documento publicado no n° 19 do boletim da ABPp, de 1990, define

a psicopedagogia como área que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e suas dificuldades, tendo como objeto de estudo o sujeito do

conhecimento, como as instituições e os agentes de transmissão

No Brasil, a Psicopedagogia existe a cerca de mais de 40 anos, surgiu

da necessidade de atenderem as crianças que apresentavam dificuldade de

aprendizagem, age no campo da relação particular do sujeito com a

aprendizagem, estuda e analisa as questões ligadas ao processo de

aprendizagem e ao tratamento de seus problemas. Atenta-se para as relações

professor / aluno e para a maneira como são abordados os conteúdos

curriculares, assim como com os processos de desenvolvimento cognitivo e

emocional do aluno. Pode-se dizer que professor e psicopedagogos têm

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funções parecidas, o que muda é a postura, a última intenção, o olhar sobre o

aluno.

É importante destacar o que Villas-Bôas diz acerca desses assuntos:

O psicopedagogo mesmo que trabalhe com um grupo, está votado para o individual. Compara o indivíduo com ele mesmo. pensa sobre o que ele pode aprender hoje, se já representa um avanço sobre como usava seus recursos cognitivos ontem. Antecipa os desafios que lhe proporá para que saia melhor amanhã. Mas esse ontem – hoje – amanhã do psicopedagogo é diferente daquele do professor, que é marcado por prazos fatais que termina desaguando no binômio, às vezes terríveis aprovação-reprovação. (VILLAS-BÔAS,1999, p.48)

Enquanto o professor e o pedagogo se atentam a levar em

consideração as diferenças individuas, a psicopedagogia as explora, e aí se

aloja. O pedagogo obedece ao currículo, já o psicopedagogo, busca uma meta

cognitiva, que às vezes, combina em parte com o currículo regular, mas não se

prende a ele. O psicopedagogo pensa mais em como fazer o aluno aprender

determinados conteúdos ou habilidades. Esse profissional desenvolve seu

trabalho a partir de conceitos procedentes do campo da Pedagogia, Psicologia

e Psicanálise, ele sempre procura incluí-los à tarefa específica do aprender.

O trabalho do psicopedagogo se dá numa situação de relação entre

pessoas. Não é uma relação qualquer, mas um encontro entre educador e

educando, em que o psicopedagogo precisa assumir sua função de educador,

numa postura que se traduz em interesse pessoal e humano, que permite o

desabrochar das energias criadoras, trazendo de dentro do educando

capacidades e possibilidades muitas vezes desconhecidas dele mesmo e

incentivando-o a procurar seu próprio caminho e a caminhar com seus próprios

pés.

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O papel do psicopedagogo é o de conduzir o aluno ou a Instituição a

reinserir-se, reciclar-se numa escolaridade normal e saudável, de acordo com

as possibilidades e interesses dela. Com a sua formação procura-se

compensar as lacunas detectadas na formação inicial, tanto dos psicólogos

como dos pedagogos, com abordagem e aprofundamento de aspectos teóricos

e práticos específicos para a realização de tarefas tipicamente

psicopedagógicas, tarefas essas, que implicam o trato com uma gama de

conflitos presentes no cotidiano escolar, na demanda clínica, nos programas

sociais, nas políticas e outros. Nessa formação busca-se coletar e integrar as

contribuições de diferentes campos do conhecimento, principalmente dos

campos de conhecimentos psicológicos e educativos. Deste modo, a sua

formação exige o domínio de conhecimentos e atribuições de diferentes

âmbitos da Psicologia, das Ciências da Educação e outras, pois o contato com

a pluralidade de culturas no campo do saber e a diversidade de cultura da vida

cotidiana do professor possibilita diferentes trajetórias no trabalho desse

profissional.

O campo de trabalho do Psicopedagogo é caracterizado pelo processo

de aprendizagem e de desenvolvimento das pessoas, como aprendem e se

desenvolvem as dificuldades, os problemas, como também, as intervenções

educativas que devem ocorrer nessa relação pedagógica. Essa intervenção

psicopedagogica é um mecanismo educativo que visa à articulação adequada

das atividades escolares de ensino e de aprendizagem, às necessidades de

formação integral e de desenvolvimento dos alunos.

A finalidade fundamental do trabalho psicopedagógico é a adaptação

dos alunos à escola, em concordância com seus interesses e suas

possiblidades. Compreendendo melhor esse processo, é importante ressaltar

as principais funções deste profissional na atualidade:

Possibilitar intervenção educativa, visando a solução dos problemas de aprendizagem, tendo como enfoque, o aprendiz e/ou a instituição de ensino público ou privado;

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realizar avaliação-diagnóstico, utilizando métodos, instrumentos e técnicas de ensino próprias da Psicopedagogia; atuar na prevenção do surgimento e evolução de possíveis dificuldades de aprendizagem; desenvolver pesquisa e estudo científicos relacionado ao processo de aprendizagem humana e seus distúrbios; fortalecer assessoria psicopedagógica as trabalhos realizados em espaços institucionais educativo escolares entre outras. (SILVA, 2009, p.58)

Em termos político, no Brasil, a secretaria de educação Especial

(SEESP), do MEC, propôs a criação de salas de apoio pedagógico

especializado, destinada aos alunos com dificuldades de aprendizagem, além

de salas de recursos, tradicionalmente organizadas para alunos com

deficiência que frequentam classes de ensino regular. Para evitar que os

alunos com dificuldades de aprendizagem fossem rotulados como “retardados

mentais” e encaminhados para as classes especiais, a SEESP propôs a

criação das supra citadas salas e consubstanciou sua proposta em

documentos oficiais de caráter legal. (Brasil, 2002)

Em entrevista a psicopedagoga welcilene Sá, que atualmente trabalha

na sala de recurso de uma Escola da rede pública de Niterói conta um pouco

do seu trabalho mostrando a importância deste profissional na escola.

1 - Qual a sua formação?

Sou antes de tudo e com muito orgulho Professora. Formei-me

Pedagoga em 1992, Pós graduada em Psicopedagogia em 2008, Especialista

em educação inclusiva em 2010, e hoje faço uma terceira Pós graduação em

Educação Básica pela UERJ.

2 - Como surgiu o interesse por esta área?

Desde minha infância queria ser médica ou professora... tentei medicina

duas vezes , mas não consegui passar...decidi não perder tempo...fiz

Pedagogia e.... Adorei!

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3 - Como psicopedagogo, qual seu principal campo de atuação?

Antes de qualquer coisa, é preciso esclarecer que o trabalho na sala de

recursos não é exclusivo de psicopedagogo. O trabalho na sala de recursos é

competência de um professor com a formação em AEE( atendimento

educacional especializado), porém para entender as nuances das dificuldades

de aprendizagens de alguns alunos com NEE( necessidades educativas

especiais)se faz necessário o olhar da psicopedagogia. Então se este trabalho

com o NEE tem o olhar do psicopedagogo, esse trabalho será potencializado.

Maria Teresa Égler Montoan, afirma e orienta o MEC que a sala de recurso

não seja lugar para psicopedagogia e nem psicanálise, discordo e acrescento

que a psicopedagogia junto com o AEE, faz com que analisemos melhor a

condição de aprendizagem desse aluno, como ele aprende, como fazer um

Plano Educacional Individualizado com o enfoque de Reuven Feurstein, além

de analisar o aluno com os testes piagetianos.

4 - Como você definiria a psicopedagogia?

O olhar de raio-x da Pedagogia!

5 - A escola tem aceitado este novo profissional e qual a importância

dele no ambiente escolar?

A importância dele é a visão sobre o tipo de aprendizagem do aluno e

orientação\ sugestão\apoio que ele deve dar ao professor( caso ele esteja

numa posição fora da sala de aula\da sala de recursos) Além disso sua

atuação junto a família, observando as relações familiares que impulsionam ou

travam a aprendizagem, e sua relação com a escola. A escola tem aceitado

este profissional, mas ainda é necessário entender a sua real função neste

espaço.

6 - Qual é o principal desafio da psicopedagogia hoje?

Entender e esclarecer que o papel da Psicopedagogia não é a

“patologização do ensino” e , ao contrário desse pensamento, a

psicopedagogia é necessária para apontarmos às dificuldades sociais e

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educacionais que existem na rede de ensino, as falhas do sistema na

formação do professor, nos sistemas de avaliação e nas questões curriculares,

para esclarecer que a dificuldade de aprendizagem não condiciona o aluno ao

fracasso, mas deve ser solucionada em busca da superação de dificuldades do

aluno e também do professor.

7 - O que é fundamental na atuação psicopedagógica?

A aproximação do aluno... Como diria Paulo Freire... Conhecer a sua

realidade e possibilitar a construção do conhecimento.

8 - Quais resultados já obtidos com a prática psicopedagógica?

1- Com alunos especiais (deficientes intelectuais) a leitura e escrita de

palavras simples. 2- E com alunos com “dificuldade de aprendizagem”; fazer

alunos entenderem suas relações familiares e expressarem por escrito

(dificuldade de escrita) seus sentimentos e posicionamentos, passando a fazer

redações sem medo.

Dessa forma, acredita-se que o trabalho da Psicopedagogia quando

encontra consonância e parcerias na escola, pode promover efeitos muito

positivos para a minimização das dificuldades que emergem no contexto

escolar, apesar de representar um constante desafio, pois requer o

envolvimento de toda a equipe, e um desejo permanente de mudanças, para

que as transformações, de fato, ocorram.

O psicopedagogo está preparado para dar apoio os educadores

realizando atendimentos pedagógicos individualizados, contribuindo para a

compreensão de problemas na sala de aula, permitindo ao professor ver

opções de ação e ver como as demais técnicas podem intervir, bem como

participando do diagnostico das dificuldades de aprendizagem e do

atendimento a um pequeno grupo de aluno.

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CAPÍTULO III

MEDIDAS DE INTERVENÇÕES PISICOPEDAGÓGICAS

O papel do psicopedagogo escolar é muito importante e pode e deve ser

pensado a partir da instituição, a qual cumpre uma importante função social

que é socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento

cognitivo, ou seja, através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma

mais organizada no mundo cultural e simbólico que incorpora a sociedade.

Para tanto, prioridades devem ser estabelecidas, dentre elas: diagnóstico e

busca da identidade da escola, definições de papéis na dinâmica relacional em

busca de funções e identidades, diante do aprender, análise do conteúdo e

reconstrução conceitual, além do papel da escola no diálogo com a família.

O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e

terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se

ocupar dos problemas que podem surgir.

Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma

prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou

atuar dentro da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao

psicopedagogo detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem;

participar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de

favorecer o processo de integração e troca; promover orientações

metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos;

realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto

na forma individual quanto em grupo.

Numa linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas,

orientando pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais

das áreas psicológicas, psicomotora. Fonoaudiológica e educacional, pois tais

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dificuldades são multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu

tratamento. Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo,

indo além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita

uma intervenção psicopedagógica visando à solução de dificuldades de

aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe

escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia

e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal

processo. Esses recursos tem a finalidade de descobrir os estilos de

aprendizagem do paciente: ritmos, hábitos adquiridos, motivações, ansiedades,

defesas e conflitos em relação ao aprender. O psicopedagogo tem a função de

auxiliar o indivíduo que não aprende a se encontrar nesse processo, além de

ajudá-lo a desenvolver habilidades para isso.

Segundo Souza, as intervenções psicopedagógicas são:

1) Estratégias que visam à recuperação, por parte das crianças, de conteúdos escolares avaliados como deficitário; 2) procedimentos de orientação de estudos (organização, disciplina etc); 3) atividades como brincadeiras jogos de regras e dramatizações realizadas na escola fora dela, com o objetivo de promover a plena expressão dos afetos e o desenvolvimento da personalidade de crianças com e sem dificuldades de aprendizagem; 4) atendimentos em consultório de crianças com dificuldades de aprendizagem na escola (encaminhamentos feitos pela própria escola); e 5) pesquisa de instrumentos que podem ser utilizados para auxiliar o processo de aprendizagem de criança, bom como o seu desenvolvimento, no que se refere à inteligência e afetividade. (SOUZA,2004, p.123)

As intervenções psicopedagógicas com a tendência atual de

diagnosticar os problemas de aprendizagem entre crianças e adolescentes,

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para que haja de fato uma aprendizagem inovadora na vida deles. Além disso,

o psicopedagogo pode identificar também fatores psicológicos, neurológicos,

fonoaudiólogos, psicomotores, estrutura familiar adequada e ações práticas

que poderão intervir na relação professor-aluno, família-escola a lidarem com

seus próprios modelos de aprendizagens para uma melhor qualidade de

aprendizado. Assim, terá a oportunidade em criar novos espaços e horizontes

direcionados para uma aprendizagem valorizada no saber, fortalecendo o

conhecimento tanto para crianças e adolescentes que tem dificuldades de

aprender ou assimilar determinados conteúdos ou regras comportamentais.

O psicopedagogo pode usar como recursos a entrevista com a família; investigar o motivo da consulta; procurar a história de vida da criança realizando Anamnese; fazer contato com a escola e outros profissionais que atendam a criança; manter os pais informados do estado da criança e da intervenção que está sendo realizada; realizar encaminhamento para outros profissionais, quando necessário. (RUBINSTEIN,1996).

A intervenção é a etapa final do processo psicopedagógico e, ao mesmo

tempo, seu “re-início”, pois seus resultados podem levar o psicopedagogo e a

escola a um novo ponto de partida e de reflexão sobre o fazer

psicopedagógico no contexto educacional. Assim como a avaliação, a

intervenção não representa um fim, em si mesma, mas um conjunto de

medidas que vão gerar novas práticas de prevenção, correção e

enriquecimento da aprendizagem, mesmo que de modo não intencional. Pode

ocorrer na escola, como um todo, somente em sala de aula, diretamente com o

professor, incluindo (ou não) a família, enfim, em diferentes espaços conforme

a urgência ou demanda por modificações de padrões, práticas e crenças

impeditivas da aprendizagem.

É de suma importância que os psicopedagogos adotem um referencial

teórico norteador de sua prática. É neste corpo de conhecimentos que ele vai

buscar alternativas para lidar com dificuldades de aprendizagem no espaço

escolar, e mesmo fora dele.

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Alguns objetivos das medidas de intervenção são: Contribuir para o

alcance dos objetivos educacionais da instituição de ensino; Promover

situações que proporcionem ao aluno condições de progressão em seus

processos de aprendizagem e desenvolvimento, articulando os meios

necessários para que isto ocorra; Atuar no sentido de buscar condições ideais

de ensino, o que inclui alterações e/ou modificações nas práticas docentes,

didáticas, do currículo, nos recursos educacionais, dentre outros aspectos;

Auxiliar o docente em todas as situações de aprendizagem, em especial

aquelas ondes evidenciam problemas e/ou queixas; Contribuir para um ensino

de qualidade e diversificado ajustado para os diferentes tipos de alunos;

Assessorar a instituição escolar para o alcance de ótimas condições de

funcionamento que permitam a consolidação de processos de ensino e

aprendizagem de qualidade; Promover ações que permitam à instituição de

ensino aperfeiçoar seus recursos humanos, potencializando talentos e

competências não só dos alunos, como do corpo docente e demais agentes

educacionais; ouvir os alunos, o que pensam sobre sua escola e sua turma.

Isso pode ser feito através de desenhos, entrevistas, ou mesmo que escrevam

o que pensam, sentem, como percebem sua turma e sua escola.

Partindo de uma “ação compartilhada” é que o psicopedagogo vai

estruturando os seus modelos de intervenção, considerando o papel de cada

sujeito nestas ações, as condições de implantação e as possibilidades de

sucesso das estratégias. Com base na avaliação psicopedagógica de um dado

contexto, o psicopedagogo começará a organizar as intervenções necessárias

de modo planejado e partilhado com toda a comunidade escolar. Podendo

somar esforços no espaço escolar e contribuir para a geração de um ambiente

nutritivo não só para a aprendizagem dos alunos, mas, especialmente, para os

seus processos de desenvolvimento.

Para situar a dificuldade de aprendizagem no contexto da avaliação é

necessário considerar, o lócus onde ocorre o problema; os sujeitos diretamente

envolvidos; os sujeitos indiretamente envolvidos; a identificação do problema e

sua caracterização; a identificação dos diferentes contextos (sala de aula,

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relação professor e aluno, currículo, estratégias didáticas, características do

professor e do aluno envolvidos na queixa escolar, contexto familiar do aluno

etc.) que configuram o quadro de não-aprendizagem; as principais áreas de

interferência da dificuldade de aprendizagem (conteúdos específicos,

dimensões afetiva, cognitiva, relacional etc.).

Obtendo todas essas informações o psicopedagogo vai pensar sobre a

queixa de aprendizagem, refletir sobre seus condicionantes e elementos

representados, conversar com os sujeitos envolvidos e começar a decidir sobre

os caminhos que vai propor para intervir e buscar opções de solução e/ou

prevenção para a situação em questão.

“Para que o trabalho psicopedagógico tenha êxito, é preciso que ele conheça o modelo de sistema escolar e de sociedade com a qual irá trabalhar, facilitando assim o seu diagnóstico para poder intervir dentro e fora do âmbito escolar”. (AUER e OLIVEIRA, 2000, p.37)

Isso significa que, o psicopedagogo deve aprofundar-se na investigação

da instituição escolar onde irá intervir. Para isto é indispensável compreender a

história da unidade escolar, os sujeitos envolvidos nesta história, as crenças e

valores que foram surgindo ao longo da existência da instituição de ensino, as

mudanças mais significativas, os vínculos da escola com os macros sistemas

educacionais, seus projetos pedagógicos, suas estratégias de gestão,

coordenação pedagógica e orientação dos educadores e alunos, o currículo,

as metodologias de ensino disseminadas, as estratégias de avaliação, as

práticas em sala de aula, a forma como a escola lida com o sucesso escolar, o

fracasso escolar e as dificuldades de aprendizagem, dentre tantos outros

fatores.

Um comportamento desviante de um aluno ou um grupo de aluno, em

relação ao seu desempenho escolar traduz-se em condutas que se afastaram

dos padrões de adequação de processos de desenvolvimento e aprendizagem

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de um sujeito. Quando um aluno fracassa na escola, todo um sistema fracassa

junto a ele. Por isso a falácia em buscar a fonte ou a origem do problema de

aprendizagem apenas no aluno. O psicopedagogo preparado deve ter esta

premissa em mente quando for investigar a origem de uma dificuldade de

aprendizagem. Todos os sujeitos envolvidos no aprender têm sua cota de

responsabilidade nas situações de não aprendizagem. Compreender o papel

de cada uma destas pessoas no quadro de fracasso da aprendizagem, o modo

com cada indivíduo interfere e impede uma criança de aprender, o papel do

sistema de ensino nesta situação específica e o modo como o aluno que

expressa esta queixa lida com a questão é da maior relevância para qualquer

ação interventiva.

Conhecer o aluno, que traz à tona o problema de aprendizagem, é parte

do processo de enfrentamento destas dificuldades. É importante compreender

sua estrutura personológica, seu contexto familiar, seu histórico de vida, seu

histórico escolar, seu desempenho atual, suas potencialidades, seu modo de

enfrentar o problema, suas crenças e valores sobre si mesmo e sobre seu

processo educacional.

No processo ensino aprendizagem na escola, o sucesso do aluno

depende muito mais daquilo que o professor recebe dele do que aquilo que o

professor lhe oferece, ou seja, se o professor aceitar o aluno como ele é e

atender para o que ele realmente precisa e traz consigo, então tudo se torna

mais fácil, obtendo assim o êxito tão almejado.

Para construir as medidas de intervenção é necessário saber que sem

uma avaliação psicopedagógica de qualidade não é possível intervir

psicopedagogicamente, de modo Planejado; a intervenção surge da avaliação

psicopedagógica, portanto, aprenda a avaliar corretamente e a intervenção

está quase pronta; tudo é intervenção, ou seja, no momento em que ocorre

contato entre o psicopedagogo, a escola e o aluno, a intervenção inicia; nem

tudo é intervenção, ou seja, o contato não é suficiente para solucionar

problemas de aprendizagem, ele é parte do contexto. Para intervir é necessário

saber construir estratégias de intervenção; para elaborar estratégias de

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intervenção psicopedagógicas é preciso destacar os pontos nodais que deram

origem ao impedimento da aprendizagem, os focos centrais e periféricos da

intervenção. É preciso distinguir quais caminhos a tomar!

Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao professor,

num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora, principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas. Não só a sua intervenção junto ao professor e positiva. Também o

e a sua participação em reuniões de pais, esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos; em conselhos de classe, avaliando o processo metodológico; na escola

como um todo, acompanhando a relação professor e aluno, aluno e aluno,

aluno que vem de outra escola, sugerindo atividades, buscando estratégias e

apoio.

[...] cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/pratico das politicas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e as necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ‘ensinagem’. (BOSSA,1994, p.23)

Segundo Bossa (2000), a presença de um psicopedagogo no contexto

escolar é fundamental, a sua intervenção compreende em: orientar os pais;

auxiliar os educadores e consequentemente à toda comunidade aprendente;

buscar instituições parceiras (envolvimento com toda a sociedade); colaborar

no desenvolvimento de projetos (Oficinas psicopedagógicas); acompanhar a

implementação e implantação de nova proposta metodológica de ensino;

promover encontros socializadores entre corpo docente, discente,

coordenadores, corpo administrativo e de apoio e dirigentes.

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A família é a instituição que organiza a construção da identidade do

sujeito. É ela que intervém significativamente no processo de desenvolvimento

social da criança e é também a fonte das primeiras aprendizagens da criança.

Depois, quando este sujeito chega à escola, a família passa a compor, junto

com a instituição de ensino, um sistema que define o desenvolvimento e

aprendizagem de suas crianças.

A importância da participação da família no processo de aprendizagem

é inegável e a necessidade de se esclarecer e instrumentalizar os pais quanto

as suas possibilidades em ajudar seus filhos com dificuldades de

aprendizagem é evidenciada ao manifestarem suas dúvidas, inseguranças e

falta de conhecimento em como fazê-lo. Conforme Martins (2001, p.28), “essa

problemática gera nos pais sentimentos de angústia e ansiedade por se

sentirem impossibilitados de lidar de maneira acertada com a situação”.

A família sempre está envolvida em uma queixa de aprendizagem,

assim como o professor e a escola. Trabalhar com a família é fundamental e

muito difícil. Nem sempre contamos com sua boa vontade ou desejo de

assumir suas responsabilidades com relação ao fracasso escolar de um filho.

Mas é indispensável tentar envolver a família nas ações psicopedagógicas,

sempre.

Cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que

apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma

entrevista e de uma anamnese com essa família para tomar conhecimento de

informações sobre a sua vida orgânica, cognitiva, emocional e social.

Como principal agente de socialização, a família reproduz padrões culturais no indivíduo. Não só confere normais éticas, proporcionando à criança sua primeira instrução sobre as regras sociais predominantes, mas também molda profundamente seu caráter, utilizando via das quais nem sempre ela tem consciência. A família inculca modos de pensar e de atuar que se transformam em hábitos. Devido a sua enorme influência emocional afeta

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toda a experiência anterior à criança. (LASCH, 1991, p.25)

A família pode ser orientada, ser convidada a participar do cotidiano

escolar do seu filho, compartilhar o seu sucesso (e não só o fracasso),

participar ativamente das atividades escolares, ser encaminhada (caso

necessário) para outras ações preventivas e/ou terapêuticas.

Se os pais acompanharem o rendimento escolar do filho desde o começo do ano, poderão identificar precocemente essas tendências e, com o apoio dos professores, reativarem seu interesse por determinada disciplina em que vai mal. (TIBA, 2002, p.181).

A intervenção psicopedagógica também se propõe a envolver os pais no

processo, através de reuniões, possibilitando o acompanhamento do trabalho

realizado junto aos professores. Garantida uma maior compreensão, os pais

preenchem um novo espaço no contexto do trabalho, deixando o papel de

apenas espectadores, adotando a posição de parceiros, participando e

opinando.

Lahire apud Zago alega que:

A criança constitui seus esquemas comportamentais, cognitivos e de avaliação através de forma que assumem as relações de interdependência com as pessoas que a cercam com mais frequência e com mais tempo, ou seja, os membros da família. Suas ações são reações que ‘se apoiam' relacionalmente nas ações dos adultos que, sem sabê-lo, desenham, traçam espaços de comportamento e de representações possíveis para ela. (LAHIRE e ZAGO, 2000, p. 21)

Isso deixa claro a responsabilidade que a escola tem em incentivar e

apoiar sem articulação família-escola. As duas instituições são responsáveis

pela inserção do sujeito no contexto social, devendo torná-lo capaz de alcançar

o conhecimento com autonomia e acompanhar as mudanças sociais,

tecnológicas e econômicas. Seagoe (1978, p.07) "Ensinar é propiciar situação

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que permitam ao educando modificar o seu comportamento de determinado

modo".

Além dessas intervenções, existem muitas outras que são praticadas

pelos profissionais da área de psicopedagogia. Deste modo, quem quer que se

proponha a trabalhar comas dificuldades de aprendizagem terá de ter bem

claro todas as atribuições profissionais, no intuito de amparar o aluno às suas

limitações cognitivas.

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CONCLUSÃO

Com este trabalho vimos que, a escola precisa conhecer as dificuldades

de aprendizagem dos alunos para criar medidas de intervenção educativas que

ajudam o desenvolvimento cognitivo deles. Ao adquirir o conhecimento mais

profundo sobre sua práxis e o que ela pode desencadear, o profissional deixa

de reagir somente àquilo que se coloca em seu campo perceptivo, ou seja, em

seu tempo presente e em sua experiência imediata. Sendo assim, torna-se

urgente a necessidade de atendimentos psicopedagógicos na escola, levando

em consideração ao grande números de crianças com dificuldade de

aprendizagem.

Vendo que, a psicopedagogia é considerada como diferencial para a

aquisição de melhorias educacionais. Acredita-se que o principal papel do

psicopedagogo é interagir os agentes, para que haja desenvolvimento mútuo

proporcionando melhoras no que diz respeito ao afetivo, cognitivo e social, o

que acarreta para o indivíduo um modo melhor para se viver em sociedade.

Pode-se considerar que, com os psicopedagogos presentes na escola

trabalhando com essas dificuldades de aprendizagem, o numero de crianças

com problemas seria bem menor. Uma vez que, esse profissional tem um

trabalho conjunto que envolve a participação da assessoria pedagógica,

agentes escolares e família, certamente trará ao aluno a segurança de que ele

é perfeitamente capaz de superar obstáculos e vencer os desafios com os

quais se encontra continuamente, visto que está sendo amparado por

profissionais nos quais ele confia e que também confia nele.

Portanto, a atuação dos psicopedagogos por meio das intervenções, na

escola deve direcionar seu olhar de maneira simultânea, para os seguintes

interesses: ao indivíduo aprendente que mantém cada aluno; ao indivíduo

ensinante que reside e sustenta cada educando; à modalidade de ensino do

professor; à comunidade que pertence o aluno; por fim ao sistema educativo

como um todo.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 10

1.1 - As principais dificuldades de aprendizagem e 13

suas características

CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO 23

CAPÍTULO III

MEDIDAS DE INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICA 31

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 44