DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · (CHIAVENATO, 1999, prefacio XXVII). Atualmente,...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Formação e atuação do Coordenador Pedagógico de Língua
Inglesa
Por: Ester Roberta Cardoso Moreira
Orientador(a)
Profa. Mary Sue Carvalho Pereira
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Formação e atuação do Coordenador Pedagógico de Língua
Inglesa
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de Especialista em Administração e Supervisão
Escolar. Por: Ester Roberta Cardoso Moreira.
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AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a todos os professores do curso como também aos meus
colegas de classe, que engrandeceram minha vida participando desta minha
nova caminhada. Um agradecimento especial a minha amiga Jacqueline
Rodrigues Martinho, que com muito carinho sempre me ouviu e aconselhou nos
momentos difíceis. Agradeço também a infinita paciência e bondade da Profa.
Mary Sue, que de maneira ímpar me conduziu pela jornada.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a meus pais: Adenir e Paulo, ao meu filho Arthuro
Gabriel, ao meu companheiro de lutas Patrick Matiola e, a todos os meus guias e
protetores espirituais, que em face às batalhas da vida me iluminaram o caminho
e me orientaram que seguisse sempre com fé.
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“Nada é alheio à política, porque nada é alheio à arte
superior que rege todas as relações de todos os
homens. A medicina, a guerra, a arquitetura, etc.,
todas as artes menores e todas as artes maiores,
todas, sem exceção, integram essa arte soberana,
estão sujeitas a essa arte soberana” (AUGUSTO
BOAL, 2011, p.49).
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RESUMO
Qual a formação e quais as habilidades e competências necessárias ao
exercício profissional do Coordenador Pedagógico da área de Letras? Sabendo
que o papel do Coordenador Pedagógico dentro das escolas muitas vezes se dá
por segmentos e por áreas específicas, focamos este trabalho na formação do
Coordenador Pedagógico de Língua Inglesa. Uma boa formação do profissional
de Administração e Supervisão Escolar vai além da parte administrativa e
pedagógica, pois há muitas novas demandas para este profissional devido às
transformações sócio-econômicas e culturais pelas quais o mundo vem
atravessando, portanto, é crucial uma formação de excelência para capacitar o
Coordenador Pedagógico, tendo em vista o objetivo de melhor prepará-lo para
estar apto a enfrentar tais demandas. Nosso objetivo, portanto, foi pontuar a
formação e as habilidades e competências do Coordenador Pedagógico de
Língua Inglesa. E designar o conhecimento necessário para que este
Coordenador Pedagógico tenha uma formação profissional de qualidade, capaz
de torná-lo apto para atuar com competência.
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METODOLOGIA
Através da leitura feita dos autores da área(dentro da Bibliografia apresentada),
será estabelecido o passo a passo que o Coordenador Pedagógico precisará
percorrer para dar sustentabilidade a sua carreira. A pesquisa será pautada na
literatura da área de Administração e Supervisão Escolar, tendo a princípio, por
base os seguintes autores: Jose Carlos Libâneo, Celso dos Santos Vasconcelos,
Heloisa Luck. Na área de Letras, ensino de línguas estrangeiras, os seguintes
autores: Stephen Krashen e Magda Soares.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - O Perfil do Coordenador Pedagógico 10
CAPÍTULO II - A Formação do Coordenador Pedagógico 25
CAPÍTULO III - Atuação do Coordenador Pedagógico de Língua Inglesa 48
CONCLUSÃO 59
BIBLIOGRAFIA 60
ÍNDICE 65
FOLHA DE AVALIAÇÃO 66
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INTRODUÇÃO
A formação e a atuação do Coordenador Pedagógico - C.O, como será
representado em toda a monografia - é assunto de vital importância para os
profissionais da Administração Escolar, tanto no nível da Educação privada
quanto na pública; por ser este profissional que dará suporte tanto a professores
quanto a administradores educacionais na práxis didático-pedagógica.
A importância deste profissional dentro da Instituição Escolar nem sempre
é compreendida pelos membros da Comunidade Escolar: professores, pais,
alunos e até diretores, ainda não reconhecem sua real necessidade ou desejam
suas intervenções. Por esta razão, o C.O deverá ter consciência de sua
identidade profissional e entender qual a sua função e importância na Instituição
escolar. Este profissional deverá desenvolver e pôr em ação competências
específicas para assumir o cargo de Gestor educacional de maneira que suas
ações se reflitam no crescimento e desenvolvimento dos alunos e da Instituição
como um todo.
Muitas habilidades importantes para gerir um bom trabalho estarão
relacionadas ao perfil de gestores empresariais, pois o C.O deverá estar ciente
de que a Instituição escolar precisa e se beneficia das teorias da Administração
para obter bons resultados. O C.O deverá conhecer as políticas públicas
educacionais para poder moldar sua Instituição de acordo com o padrão de
qualidade exigido pelo governo. E, além da parte burocrática um C.O de sucesso
terá que analisar os conflitos que surgirão ou que já existem no interior da
Instituição de maneira ética e com profissionalismo, para isso deverá ser capaz
de utilizar sua competência interpessoal para enfrentar situações onde a
convivência humana é desafiadora e, que por muitas vezes influência o clima
organizacional da Instituição fazendo com que: metas não sejam atingidas,
desperdício de tempo e dinheiro, desgaste dos relacionamentos entre os
funcionários, estudantes e gestores.
Sabemos que o C.O muitas vezes está atuando dentro das Instituições
escolares em áreas específicas, como C.O da Educação Infantil, C.O do Ensino
médio ou muitas vezes por disciplinas, como C.O de Língua Portuguesa ou
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matemática. Neste trabalho iremos focar o caso da formação e atuação do C.O
de Língua Inglesa. Uma boa formação do profissional de Administração e
Supervisão Escolar vai além da parte administrativa e pedagógica, pois há
muitas novas demandas para este profissional devido às transformações sócio-
econômicas e culturais pelas quais o mundo vem atravessando, portanto, é
crucial uma formação de excelência para capacitar o coordenador pedagógico,
tendo em vista o objetivo de melhor prepará-lo para estar apto a enfrentar tais
demandas. Pontuaremos quais são os conhecimentos necessários para que o
C.O de Língua Inglesa tenha uma boa formação profissional de qualidade.
O presente trabalho tem em vista dizer quem é o C.O de Língua Inglesa,
qual a sua formação e como este atua. No capítulo I, abordaremos o perfil
necessário ao C.O: suas habilidades e competências para enfrentar os desafios
da carreira e, quais as demandas do mercado para este profissional. No capítulo
II, iremos tratar da formação do C.O: as bases teóricas da Administração,
Supervisão Escolar e a função do C.O na instituição escolar. E, no capítulo III,
vamos abordar a atuação do C.O de Língua Inglesa, na área pública, sua
responsabilidade ideológica e política frente aos mitos de “deficiência cultural” e
“deficiência lingüística”, mitos estes que são apontados como os grandes
culpados pelo fracasso escolar dos alunos. E complementando este capítulo III,
analisaremos também a atuação do C.O de Língua Inglesa na área privada,
quando abordaremos as demandas requeridas pelo mercado para este
profissional.
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CAPITULO I O PERFIL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
“Com a globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o forte impacto da mudança e o intenso movimento pela qualidade e produtividades, surge uma eloqüente constatação na maioria das organizações: o grande diferencial, a principal vantagem competitiva das empresas, decorre das pessoas que nelas trabalham” (CHIAVENATO, 1999, prefacio XXVII).
Atualmente, em conseqüência das grandes mudanças do mercado de
trabalho, os profissionais precisam estar cada vez mais atentos à questão da
competitividade. O profissional precisa ter um currículo que revele suas
habilidades e competências e prever se seu perfil esta em sinergia com o perfil
da empresa. O C.O deve ter consciência de sua identidade profissional e
entender sua função na escola. Assim sendo, o perfil do Coordenador
Pedagógico deve estar baseado de acordo com o perfil da Instituição escolar na
qual trabalha; pois suas ações irão revelar o produto final da empresa: o ensino
de qualidade. Neste capítulo I, focaremos no tópico 1.1, as demandas do
mercado de trabalho: currículo e carreira; e no tópico 1.2, quais habilidades e
competências o C.O deverá possuir para poder ter sucesso em sua carreira de
gestor escolar.
1.1 As Demandas do mercado de trabalho: currículo e carreira De acordo com o site CATHO, referência na internet que disponibiliza
vagas de emprego de pequenas e grandes empresas, nas mais diversas áreas;
há grande procura para o Coordenador pedagógico de Língua Inglesa, com
salários variando entre R$1.000,00 a R$ 6.000,00. A maior parte dos anúncios
acompanha uma descrição do cargo e os requisitos básicos necessários para a
candidatura. O currículo desejado inclui uma formação na área de Pedagogia ou
Letras, conhecimentos do sistema operacional Office e Gestão de R.H.
Dentre os requisitos encontrados nos anúncios, listamos os que mais
aparecem:
- Ter capacidade de Liderança;
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-Ter conhecimento de Planejamento Estratégico;
-Ser proativo;
-Ter iniciativa;
- Ter experiência em Gerência de RH e treinamento de pessoas;
- Promover e estimular um bom clima organizacional entre a comunidade
escolar: alunos, professores, pais e funcionários;
- Monitorar desempenho dos alunos;
- Controle de faltas e reprovações;
- Dar aulas quando for preciso substituir professores;
- Orientar e direcionar novas propostas pedagógicas e o treinamento de
professores;
-Planejar e liderar reuniões pedagógicas;
-Observação e avaliação de aulas;
-Elaborar calendários e relatórios, etc.
De acordo com a listagem acima, o conhecimento para o cargo de
Coordenador pedagógico de Língua Inglesa precisa ultrapassar o conteúdo
oferecido pelo currículo da graduação, pois as disciplinas do curso de Letras não
cobrem a área de Planejamento Estratégico e Gestão Escolar; muito menos de
R.H, por exemplo. É fato que a formação acadêmica na graduação não prepara
os professores de Inglês para a função de Gestor. Os currículos são voltados
para o estudo da Língua, Cultura e Literatura Inglesa, dentre outras disciplinas
como: lingüística, gramática do português, PCNs, didática, fonética, pronúncia,
análise do discurso, etc. Ou seja, um currículo voltado para o conteúdo da
disciplina basicamente.
Portanto, o C.O irá à busca de sua capacitação em cursos específicos de
Pós-graduação Lato Sensu, neste caso o de Especialização em Administração e
Supervisão Escolar, que lhe dará base teórica para conhecer toda a dinâmica de
atuação desta área. Este profissional, portanto, deverá estar atento aos temas
de interesse da área, que tem como foco a Gestão Escolar.
Segundo Heloísa Luck a Gestão escolar:
“é o ato de gerir a dinâmica cultural da escola, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas para a
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implementação de seu projeto político-pedagógico e compromissado com os princípios da democracia e com os métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo(soluções próprias, no âmbito de suas competências), de participação e compartilhamento(tomada de decisões conjunta e efetivação de resultados) e auto-controle (acompanhamento e avaliação com retorno de informações)” (2009, p.24).
Segundo a reportagem feita por Dagmar Serpa da revista Nova Escola,
vemos abaixo as principais características de um bom coordenador pedagógico:
Como observamos acima, as 5 primeiras características são: capacitação,
habilidade para promover boas relações no trabalho, dinamismo, dedicação e
comprometimento, e por fim determinação e ousadia. Vemos a partir desta
reportagem que o perfil do C.O tem sofrido mudanças decorrentes das
demandas do mercado de trabalho, que passou a exigir mais deste profissional
da educação.
A sociedade Brasileira tem enfrentado o desafio de acompanhar as
intensas transformações mundiais em várias áreas: econômica, política, cultural,
científica, dentre outras; e essas novas exigências as quais o mundo vem
enfrentando conseqüentemente acabam refletindo no ambiente educacional.
Pois o impacto já se faz presente, exigindo dos profissionais da educação novos
conhecimentos, habilidades, novas formas de pensar e agir, para com isso
driblarem as novas exigências do mercado de trabalho, da sociedade e de seus
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indivíduos. Portanto, para obter uma boa formação este profissional de
Administração e Supervisão Escolar terá que estar em constante atualização
com as exigências do mercado.
1.2 As Habilidades e Competências do C.O
Primeiramente, vamos apontar algumas definições a respeito de
habilidades e competências, atentos para o fato de que existem divergências
quanto às definições entre os autores da área.
“As habilidades estão associadas ao saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades. (AMATO apud MORETO, ZACHARIAS, 2008). De acordo com Amato a habilidade estaria distanciada do saber teórico de
determinada área de conhecimento, como por exemplo: medicina ou engenharia.
E estaria próxima “à capacidade de se adaptar e agir sobre determinada
situação”(2008,p.17).
Brandão afirma que “a noção de competência caracteriza-se como
complexa e multifacetada, podendo ser interpretada de diferentes maneiras”
(2007, p.46). Embora haja divergência entre os autores sobre a definição de
competência, um ponto em comum seja o fato de que a competência não é um
conhecimento adquirido; visto ser possível termos conhecimento e habilidades,
porém, não termos competência para realizar uma tarefa. Para Roberto
Cruz(2009) “por se tratar de um termo multidimensional, diversos tipos de
competências podem ser descritas”, de acordo com seu estudo, destacamos
abaixo seis conceitos:
1) Competências profissionais (capacidade de utilizar os conhecimentos e as habilidades adquiridos para o desempenho em uma situação profissional);
2)Competências ocupacionais (habilidade para desempenhar atividades no trabalho dentro de padrões de qualidade esperados);
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3)Competências básicas (capacidade de abstração, boa comunicação oral e escrita, raciocínio lógico, capacidade de prever e resolver problemas do processo e do produto);
4)Competências tecnológicas (conhecimento das técnicas e tecnologias de uma profissão ou de profissões afins);
5)Competências interpessoais (capacidade de negociar, decidir em equipe, comunicar-se);
6)Competências participativas (capacidade de organizar seu trabalho de modo cooperativo e solidário, disposição para assumir responsabilidades).
No estudo de Fleury & Fleury, a noção de competência está associada a
verbos: agir, mobilizar, comunicar, aprender, comprometer-se, assumir
responsabilidades e ter visão estratégica; como podemos analisar no quadro
abaixo:
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Fonte: Fleury (2008, p. 31).
De acordo com as idéias expostas anteriormente, a competência está
associada a 3 fatores principais, são estes: conhecimentos, habilidades e
atitudes. Segundo Cruz
“As competências são construídas por meio de processos de aprendizagem influenciados por três conjuntos de ca- pacidades humanas: conhecimentos(informação, saber o que e saber o porquê); habilidades(técnica, capacidade e saber como fazer) e atitudes (querer fazer, identidade e determinação)” (2009 apud BRANDÃO;GUIMARÃES, 2001).
Figura: A formação da competência. Ramirez(2000).
Um competente C.O irá usar suas habilidades da melhor forma, sendo
capaz de cumprir e atingir suas metas com sucesso, enfrentando os desafios na
jornada. No presente trabalho citaremos três habilidades imprescindíveis para o
bom desempenho do trabalho do C.O: Liderança, Conhecimento técnico/teórico
e a Inteligência emocional.
Liderança
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A instituição de ensino que apresenta uma excelente gestão demonstra
ter como um dos fatores de sucesso uma liderança bem estruturada e
capacitada. Pois à medida que os gestores estiverem preparados e dispostos,
entregues totalmente as demandas exigidas para o crescimento e
desenvolvimento da instituição, será possível encontrar um Coordenador
pedagógico em sintonia com suas atribuições e, conseqüentemente uma
instituição que se destacará das demais, devido a sua qualidade de ensino e o
desempenho dos alunos. Dentre muitas habilidades, a principal para um gestor
educacional, como no caso do C.O, é a liderança, como salienta Luck:
“todo trabalho em educação, dada a sua natureza formadora, implica ação de liderança, que se constitui na capacidade de influenciar positivamente pessoas, para que, em conjunto, aprendam, construam conhecimento, desenvolvam competências, realizem projetos, promovam melhoria”(2008, p.17).
No quadro 1, Heloísa Luck lista as atitudes que possuem as pessoas em
posição de liderança:
Aceitaçao a desafios
Autoconfiança
Autocontrole
Autodeterminação
Comprometimento
Dedicação
Determinação
Empatia
Empreendedorismo
Entusiasmo
Espírito de equipe
Expectativas elevadas
Flexibilidade
Gosto pelo trabalho
Iniciativa
Inteligência emocional
Inteligência social
Laboriosidade
Maturidade psicológica e social
Motivação
Ousadia
Perseverança
Persistência
Proatividade
Resiliência
Tolerância aos desafios
Quadro 1 – Atitudes identificadas em pessoas que expressam comportamentos de liderança(LUCK, 2008, p.74).
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Os líderes possuem traços de personalidade comuns, como podemos ver
relacionados no quadro acima. Existe uma explicação para este fato, baseada
na ‘Teoria dos traços de personalidade’. Esta teoria é uma das principais
abordagens da psicologia neste quesito e indica as características em comum
destes indivíduos.
De acordo com a teoria de traços de personalidade, os líderes
apresentam dentre outras, capacidade de perseverança diante das adversidades
no ambiente, seja este de trabalho ou social. Ou seja, possuem motivação e
persistência para realizar os objetivos propostos, acima do comum de outros
indivíduos. Segundo a teoria, os líderes possuem boa habilidade de
comunicação, verbal e não verbal. Eles conseguem obter resultados positivos e
grande cooperação entre os indivíduos com os quais se inter-relacionam.
Os líderes também possuem alto nível de autoconfiança, advindos de sua
maturidade social e psicológica, motivo de sua capacidade de
empreendedorismo, entusiasmo, flexibilidade, tolerância e, etc. Como podemos
perceber todas as características do líder estão relacionadas umas as outras.
Segundo Faria (1982, apud LUCK, 2008, p.39)
“líder é aquele que é seguido, mesmo não dispondo de qualquer autoridade estatutária, porque consegue ser aceito e respeitado, unindo e representando o grupo na realização dos anseios comuns”.
O Gestor escolar que cria um ambiente favorável, ou seja, onde o poder
exercido passa a ser visto como forma dinamizadora da produtividade, ao invés,
de ser visto como mecanismo hierárquico de controle; pode fazer de sua gestão
inspiração para que os funcionários exerçam suas funções de forma cooperativa
e, com bom desempenho. As equipes que possuem um líder excepcional, que
consegue entusiasmar e manter seus funcionários progredindo, costumam estar
satisfeitas com seu trabalho. De acordo com Peter Senge, autor do BestSeller “A
quinta disciplina”:
“Quando perguntamos às pessoas como é a experiência de fazer parte de uma excelente equipe, o que destacam
é o significado dessa experiência. As pessoas falam em fazer parte de algo maior do que elas mesmas, de estarem conectadas, de serem produtivas”(2011, p.40).
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Segundo a teoria dos estilos de liderança(LUCK,2010), existem três tipos
de líder: autoritário, democrático e o Laissez faire. Abaixo, relacionamos
algumas das características de cada um.
O líder autoritário
É uma figura conservadora, que está deixando de existir nas grandes
corporações, visto ser ele o detentor de todas as decisões e não ter a prática de
delegar poderes e inovar. Heloísa Luck no aponta a diferença entre autoritarismo
e autoridade, segundo ela:
“O autoritarismo é diferente de autoridade. Autoridade todos devemos construir e constitui a capacidade de ser autor dos próprios atos, isto é, consciente dos mesmos, dos seus significados, das suas implicações e do seu alcance e resultados. O autoritarismo corresponde a uma ação centralizada em pessoas e não em idéias” (2010, p.111).
Luck assinala que no estilo autoritário os indivíduos por estarem sempre
esperando ordens superiores centralizadas, fazem parte do processo de maneira
passiva e não como sujeitos, com idéias próprias e determinação, prontos a
atuarem como co-participantes do processo de construção e desenvolvimento da
escola como um todo.
O líder democrático
Apresenta caráter participativo, ao contrário do líder autoritário, este foca
sua ação na tomada de decisões compartilhadas, segundo Luck “em equipe, os
membros da organização assumem responsabilidades conjuntas pelo seu
desenvolvimento e realização de objetivos”(2008, p.78). Este tipo de gestão é
benéfico para a Instituição Escolar, pois todos dentro da organização passam a
estar em sintonia com as decisões tomadas, o que acarreta maior
comprometimento com o trabalho e os resultados, ou seja, gera um sentido de
responsabilidade. Segundo Luck: “Este estilo de liderança é marcado pelo
fortalecimento da escola como um todo”(ibidem).
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O líder Laissez faire
Conforme Halloran este estilo é “marcado por uma falta de liderança e de
direcionamento” (LUCK, 2008,p. 81). Para Luck
“esta liderança demonstra ser, na grande maioria dos casos, inócua e até mesmo contraproducente, quanto à realização dos objetivos educacionais, pois...a liderança informal assume muitas vezes a orientação dos interesses corporativos e de grupos...sem a devida perspectiva da dimensão social para a qual a organização foi criada”(LUCK, 2008, apud LIKERT, 1971).
A liderança acima de tudo não se faz por uma só pessoa, ela não está
reclusa a um só indivíduo, portanto, o poder não deve ser visto como um
mecanismo de dominação de uma pessoa ou grupo sobre os outros, segundo
nos assinala Michel Foucault:
“O poder deve ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado como uma riqueza ou um bem. O poder funciona e se exerce em rede. Nas ma- lhas os indivíduos não só circulam mas estão sempre em posição de exercer este poder e de sofrer sua ação; nunca são o alvo inerte ou consentido do poder, são sempre centros de transmissão. Em outros termos, o poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles...Ou seja, o indivíduo não é o outro do poder: é um de seus primeiros efeitos. O indivíduo é um efeito do poder e simultaneamente, ou pelo próprio fato de ser um efeito, é seu centro de transmissão”.(FOUCAULT,2011, p.183, 184).
De acordo com Donald Kirkpatrick, ex-presidente da Sociedade
Americana de Treinamento e Desenvolvimento o líder precisa sempre estar
focado em estratégias. Kirkpatrick descreve 5 princípios de liderança defendidos
por Jim Kouzes e Barry Posner(2006, p.55,56):
1)Desafie o processo. Líderes procuram oportunidades de mudar o
status quo, experimentam e assumem riscos;
2)Faça com que sua visão seja compartilhada. Líderes visionam o
futuro e incluem outros em seus sonhos;
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3)Ajude os outros a agir. Líderes encorajam a colaboração e
fortalecem os outros;
4)Modele o caminho. Líderes são um exemplo para outros seguirem e
estabelecem metas interinas, de modo que as pessoas possam alcançar
pequenas vitórias;
5)Estimule o coração. Líderes reconhecem as contribuições
individuais e celebram sua concretização.
Conhecimento técnico/teórico
A segunda habilidade é o conhecimento teórico da área de administração
escolar e da área pedagógica. O C.O exerce uma função dentro da Instituição
escolar que exige amplo conhecimento técnico e teórico: o administrativo e
pedagógico, que o tornará apto a gerir esta empresa chamada escola. O
conhecimento teórico será abordado com mais ênfase no capítulo II deste
trabalho, quando focaremos sobre a formação do C.O.
Inteligência emocional
A terceira habilidade que citamos é a inteligência emocional. De acordo
com José Haas Bueno e Ricardo Primi, o termo Inteligência emocional está
relacionado à Inteligência social e, teria como definição o “monitoramento dos
sentimentos e emoções em si mesmo e nos outros, na discriminação entre
ambos e na utilização desta informação para guiar o pensamento e as ações”
(apud SALOVEY & MAYER, 1990, p.189). Este termo se popularizou na década
de 1990, com o livro de Daniel Goleman, professor da Universidade de Harvard.
Porque este impacto? Segundo Richard Roberts da Universidade de Sidney, as
pessoas voltam-se para este assunto, pois, aparentemente
“pessoas com melhor gerenciamento das próprias emoções são aquelas que provavelmente são mais bem sucedidas no mercado de trabalho e apresentam melhor qualidade de vida. Numa época altamente tecnológica e competitiva, mas com baixo nível de emprego, o investimento na IE surge como uma alternativa promissora para aumentar o potencial de empregabilidade”(2002, p.77).
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Howard Gardner em sua teoria de Inteligências Múltiplas explica 2 tipos
de inteligências que estão relacionadas a Inteligência emocional de Coleman,
são elas: a inteligência interpessoal e intrapessoal. Gardner conceitua
inteligência interpessoal como estando
“baseada numa capacidade(...) de perceber distinções entre os outros; em especial,(...) estados de ânimo, temperamentos, motivações e intenções(...). Essa capacidade aparece numa forma altamente sofisticada em líderes religiosos ou políticos, professores, terapeutas e pais” (ROBERTS, apud GARDNER, p.27).
E inteligência intrapessoal como:
“aspectos internos de uma pessoa: o acesso ao sentimento da própria vida, à gama das próprias emoções, discriminar essas emoções e eventualemente rotulá-las e utilizá-las como uma maneira de entender e orientar o próprio comportamento”(ROBERTS, apud GARDNER, p.28).
A inteligência interpessoal é a capacidade para lidar com o público. As
relações interpessoais são o coração da prática do coordenador. Este precisa
saber ouvir, ver a escola como uma empresa, e todos os envolvidos como
clientes, usar do conhecimento de marketing para atender o público e superar as
expectativas. É necessário que o C.O possua uma forma de lidar com o público
de maneira a ouvi-lo como um cliente, para poder assim ter uma atitude proativa
diante de qualquer situação inusitada. Ouvir e resolver conflitos, estas são as
tarefas que estão mais em pauta na atuação do C.O diante do público.
O C.O atuante na área pública ou privada deverá estar capacitado para
apaziguar os diversos conflitos existentes na Instituição escolar. O mundo tem
apresentado inúmeras mudanças nas últimas décadas, e isso reflete no
ambiente escolar. Problemas antigos tomando nova roupagem, como: bullying,
drogas, gravidez na adolescência, violência, TDHA. Somando a isso, há um
grande impacto advindo das inovações científicas e tecnológicas, como o uso de
celulares e aparelhos de MP4, Ipod, etc, no interior das escolas e dentro das
salas de aula, interrompendo constantemente o bom desempenho das aulas.
Por estas razões, uma das competências mais importante do C.O é sua
habilidade para lidar com os conflitos, as novas gerações atualmente, vem
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apresentando diversos problemas de indisciplina, o que acarreta dificuldades
para o bom manejo das aulas e, conseqüentemente um baixo rendimento
escolar dos alunos.
Finalizando este capítulo I, somando as habilidades e competências já
citadas anteriormente, acrescentamos uma característica vital para o bom
desempenho do Coordenador Pedagógico - sua habilidade de ser resiliente.
Para driblar todos os desafios, um C.O bem treinado estará verdadeiramente
comprometido com o desenvolvimento da organização quando se mostrar
atualizado aos novos treinamentos de gestores existentes atualmente. Um dos
focos da Administração atual é manter seus executivos, enfim, seus gestores
aptos a transformarem suas instituições em grandes organizações, e através dos
estudos da Psicologia Positiva, passam a se basear com o intuito de atingir
estas metas. Um princípio muito em voga atualmente é a resiliência. Os líderes
possuem esta característica em comum.
Segundo Barlach “Resiliência é um conceito que tem sido utilizado para
explicar fenômenos psicossociais referidos a indivíduos, grupos ou organizações
que superam ou transcendem situações adversas”(2008, p.101). Resilio –
palavra originária do latim significa retornar ao estado anterior, foi introduzida na
física em 1807. Na física, resiliência “consiste na capacidade de um material
absorver energia sem sofrer deformação plástica ou permanente”(CARMONA
2012, apud BARLACH, 2005). Já no contexto do trabalho dentro das
organizações o termo resiliência:
“refere-se à existência – ou á construção –de recursos adaptativos, de forma a preservar a relação saudável entre o ser humano e seu trabalho em um ambiente em transformação, permeado por inúmeras formas de rup- turas”(BARLACH, 2008, p.104).
O C.O precisará desenvolver a habilidade de resiliência devido ao fato de
seu trabalho em grande parte estar envolto em uma atmosfera de
desenvolvimento de pessoas. Dentro da Instituição escolar, todos os indivíduos
estão lidando com a transformação psíquico-social-cogntiva dos alunos. E,
portanto, quanto maior for à capacidade de ser resiliente do C.O, melhor para a
equipe que este coordena e para a escola como um todo, pois será visível a
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progressão do ambiente em todos os aspectos. Segundo Indinalva Farjardo:
“a resiliência não é um atributo que nasce com o sujeito, mas sim uma qualidade que nasce da relação da pessoa com o meio em que ela vive; e que pode fortalecê-la para superar as dificuldades e violência vividas. Desta forma, a resiliência pode ser trabalhada e estimulada por qualquer grupo social ou instituição escolar”(apud ASSIS, 2005, p.7).
Quadro 1. Interações existentes entre resiliência, agilidade estratégica e desempenho organizacional(CARMONA, Viviane Celina, s/d, p.5). Fonte: adaptado de Legnick-Hall e Beck (2009). O esquema acima mostra o efeito da resiliência dentro da organização.
Neste podemos observar que a resiliência é fruto da associação de habilidades,
recursos e competências e que está diretamente relacionada a uma maior
agilidade estratégica e a um desempenho superior da organização. Paulo Yazigi
Sabbag, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação
Getúlio Vargas de São Paulo(FGV) através de uma pesquisa feita com 3.700
estudantes formulou a primeira escala nacional para medir o nível de resiliência
de profissionais adultos. Segundo a pesquisa, a resiliência é a principal
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competência para enfrentar os desafios do século XXI. Abaixo os 9 fatores para
avaliação do nível de resiliência:
1)Autoeficácia – Crença na própria capacidade de organizar e executar
ações requeridas para produzir resultados desejados. Associada à
autoconfiança, transforma-se em “combustível” para a proatividade e para a
solução de problemas.
2)Competência social – Capacidade de ir em busca de apoio externo
em momentos de estresse. Engloba tanto a abertura para receber apoio
quanto a busca proativa de ajuda.
3)Empatia - Habilidade promotora tanto da competência social quanto
da solução de problemas. Significa colocar-se no lugar do outro, compreender a
pessoa a partir do quadro de referência dela.
4)Flexibilidade Mental – Está relacionada à maior tolerância à
ambigüidade e à maior criatividade. O pessimismo faz com que o indivíduo de
baixa resiliência insista teimosamente em atitudes pouco efetivas. Já o
resiliente, em oposição, é flexível. Pensa em opções, age e, se a ação não é
efetiva escolhe outra opção e persiste.
5)Tenacidade – Trata-se da persistência e da capacidade de agüentar
situações incômodas ou adversas.
6)Solução de problemas – Característica dos agentes de mudança,
indivíduos preparados para diagnostica problemas, planejar soluções e agir,
sem perder o controle das emoções. Atitude que mobiliza para a ação
7)Proatividade – Está associada a desafios, a conviver com incertezas e
ambigüidades. Refere-se à propensão a agir e à busca de soluções novas.
Reativos tendem a esperar pelos impactos de adversidades; proativos tomam
iniciativas.
8)Temperança – Está associada ao controle da impulsividade e da
raiva. Significa maior capacidade de regular emoção, mantendo a serenidade
em situações difíceis.
9)Otimismo – Na escala de resiliência, o otimismo é uma competência
resultante da união de três outras: a competência social, a proatividade e a
autoeficácia.
25
CAPÍTULO II
A FORMAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
“Se desejamos avançar na conquista de uma educação de qualidade social democrática, temos de investir, com toda a urgência, na formação dos professores em geral e da coordenação pedagógica em particular” (VASCONCELOS, Celso dos Santos. Entrevista Edição 50: Portal do Professor).
A função do supervisor escolar ou coordenador pedagógico pode ser
exercida por um dos profissionais da Educação, a seguir: Pedagogos ou
Licenciados, que tenham uma especialização em nível de Pós-graduação na
área de Administração e Supervisão Escolar e, que tenham passado em
Concurso Público de provas e títulos. Poderá exercer esta função também, os
profissionais formados em Pedagogia e todos aqueles indicados pela direção da
escola, mesmo não tendo títulos que os designem para tal. Para Angela
Dannemann, diretora executiva da Fundação Victor Civita “Não existe um curso
de formação específico, cabe às secretárias de Educação delimitar e capacitá-
los”¹. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional(LDBEN), lei
nº 9.394/96 em seu Art. 94:
“a formação de profissionais da educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional”.
Neste Capítulo II, iremos abordar no tópico 2.1, os temas básicos da
Administração Escolar: a gestão escolar, o planejamento, o projeto político-
pedagógico e as políticas públicas. Em segundo plano, no tópico 2.2, os temas
referentes às bases da Supervisão Escolar: perspectiva histórica, mediação,
formação continuada de professores e a avaliação.
¹ “Os caminhos da coordenação pedagógica e da formação de professores”.Disponível em:http://revistaescola.abril.com.br/pdf/coordenacao-formacao.pdf.Acesso: 10.outubro.2012.
26
2.1 As bases da Administração Escolar: gestão escolar, planejamento,
projeto político-pedagógico e políticas públicas
“A gestão escolar constitui uma das áreas de atuação profissional na educação destinada a realizar o planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos necessários à efetividade das ações educacionais orientadas para a promoção da aprendizagem e formação dos alunos” (LUCK, 2009, p.23).
Administração escolar ou Gestão escolar? Atualmente a nomenclatura
mudou para Gestão escolar, para acompanhar as mudanças de paradigmas
ocorridas na área de Educação. Ou seja, a mudança não foi somente no nome,
mas principalmente no teor ideológico e político, vindo refletir nas ações
realizadas dentro das escolas. A origem desta mudança deu-se a partir da
Constituição Federal de 1988, a qual institucionalizou a Gestão Democrática do
Ensino Público. Segundo o Artigo 206:
“VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei”.
Juntamente a esta mudança na Constituição a LDB (Lei 9.394/96) aponta
as diretrizes da nova Gestão escolar em seus Artigos 14 e 15, abaixo:
“Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Art. 15 – Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e, administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro público”.
27
A partir destas mudanças de leis, o termo ‘Gestão escolar’ passa a tomar
o lugar da ‘Administração’ em documentos relacionados ao planejamento
educacional como um todo. De acordo com Soraia Salermo, numa pesquisa
realizada pela ANPAE(Associação Nacional de Política e Administração da
Educação) em 2001, já vemos destacada a preocupação no sentido de
promulgarmos esta mudança de nomenclatura:
“A horizontalidade causa-efeito e a verticalidade hierarquia- função – característica da administração das coisas -, cede lugar à liderança e coordenação de processos, Interdependência de sistemas e intersubjetividade dos seres e das relações sócio-ambientais – caracteristícas da gestão de projetos e de instituições que cultivam a vida, aformação do humano e do cidadão”(2007, p.77).
Para entendermos melhor estas mudanças podemos situá-las numa linha
do tempo, onde colocamos as principais concepções da organização e de
gestão escolar existentes no âmbito da Educação Brasileira, a saber: técnico-
científica, autogestionária e democrático-participativa. Ainda atualmente, grande
parte das escolas operam dentro do modelo técnico-científico, onde prevalece o
“baixo grau de participação das pessoas”(LIBANEO, 2006, p.324). Segundo
Libaneo as concepções escolhidas para nortearem a organização escolar
“refletem diferentes posições políticas e pareceres acerca do papel das pessoas
na sociedade”(2006,p. 325). No primeiro modelo: o técnico-científico podemos
notar que o grau de autonomia e de envolvimento profissional é quase nulo, pois
todas as decisões são exercidas com base na hierarquia de cargos, normas,
organogramas, enfim, ações realizadas de acordo com o poder: de cima para
baixo, onde a tomada de decisões é centralizada em uma pessoa em específico:
o mantenedor da instituição escolar, que efetiva estas decisões, através da
direção nomeada por este.
Em contrapartida as outras concepções de organização mudam seu foco
político onde as decisões são compartilhadas de maneira democrática e
participativa. Como nos assinala Libaneo “Elas consideram essencial levar em
conta o contexto social e político, a construção de relações sociais mais
humanas e justas e a valorização do trabalho coletivo e participativo”(2006,
p.326). Abaixo quadro com as características das concepções de organização e
28
gestão escolar, segundo José Carlos Libaneo, descritas em seu livro ‘Educação
Escolar: políticas, estrutura e organização’.
CONCEPÇÕES DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR Técnico-científica -Prescrição detralhada de funções e tarefas, acentuando a divisão técnica do trabalho escolar. - Poder centralizado no diretor, destacando-se as relações de subordinação, em que uns tem mais autoridade do que outros. -Ênfase na administração regulada(rígido sistema de normas, regras, procedimentos burocráticos de controle das atividades),descuidando-se, às vezes, dos objetivos específicos da instituição escolar. - Comunicação linear(de cima para baixo),baseada em normas e regras. -Mais ênfase nas tarefas do que nas pessoas.
Autogestionária -Vínculo das formas de gestão interna com as formas de autogestão social(poder coletivo na escola para preparar formas de autogestão no plano político). -Decisões coletivas (assembléias,reuniões), eliminação de todas as formas de exercício de autoridade e de poder. -Ênfase na auto-organização do grupo de pessoas da instituição, por meio de eleições e de alternância no exercício de funções. -Recusa a normas e a sistemas de controles, acentuando a responsabilidade coletiva. -Crença no poder instituinte da instituição e recusa de todo poder instituído. O caráter instituinte dá-se pela prática da participação e da autogestão, modos pelos quais se constesta o poder instituído. - Ênfase nas inter-relações, mas do que nas tarefas.
Democrático-participativa -Definição explícita, por parte da equipe escolar, de objetivos sociopolíticos e pedagógicos da escola. -Articulação da atividade de direção com a iniciativa e a participação das pessoas da escola e das que se relacionam com ela. -Busca de objetividade no trato das questões da organização e da gestão, mediante coleta de informações reais. -Acompanhamento e avaliação sistemáticos com finalidade pedagógica: diagnóstico,acompanhamento dos trabalhos, reorientação de rumos e ações, tomada de decisões. -Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são avaliados. -Ênfase tanto nas tarefas quanto nas relações.
Nas entranhas de toda Gestão, há a organização informal, denominada
de cultura organizacional e clima organizacional. Segundo Heloisa Luck o termo
‘cultura’ nos passa a idéia
enquanto, o ‘clima’ nos tra
A gestão escolar d
cultura e no clima organ
políticas e das transform
aos avanços tecnológicos
sempre, toda e qualquer o
que nunca dependente
pessoas que ocupam cada
Abaixo, quadro com
a idéia de algo voltado para uma abordagem
os transporta para um tema ligado a psicologia
olar dependerá desta organização informal,
organizacional. Neste nosso tempo de grand
sformações dentro das organizações empres
gicos e científicos terem mudado as últimas
quer organização seja ela educacional ou não
ente das ações e dos procedimentos rea
cada cargo dentro de uma organização. Na v
“Destacar a cultura organizacional comcentral na análise da organização das ebuscar a relação das práticas culturais dsua subjetividade com sua influência norganização e de gestão escolar. Sorganização tem como uma de suas básicas a relação interpessoal, tendo em vide objetivos comuns, torna-se relevantesubjetividade dos indivíduos e o papel determiná-la”(2006, p.319).
o com as características da organização inform
29
agem antropológica,
cologia.
rmal, embasada na
ndes mudanças
mpresariais, devido
ltimas décadas para
u não, está mais do
s realizados pelas
Na visão de Luck:
como um conceito das escolas significa rais dos indivíduos e cia nas formas de r. Se determinada suas características
em vista a realização evante considerar a apel da cultura em
informal:
30
Elemento Dimensão
Cultura
organizacional
Comportamento organizacional
Clima organizacional
Temporal Abrangência durante todo o tempo de existência da organização.
Abrangência das ações mais recentes percebidas pelos funcionários.
Pontual, em um determinado momento.
Reativa Mudanças são lentas. Mudanças são mais rápidas.
Mudança do cenário a cada momento.
Funcional Fatores históricos e formadores do grupo.
Fatores do comportamento humano.
Fatores de mensurabilidade.
Científica Antropologia e Sociologia
Psicologia e Sociologia.
Administração.
Relacional É influenciada pelas determinantes da empresa(fundadores, ramo de negócio, estilos de liderança...), pelo ambiente interno e externo e pelo comportamento organizacional.
É influenciado pelo ambiente interno e externo, pela cultura organizacional, pelo poder e normas organizacionais.
É formado pela cultura e pelo comportamento organizacional.
Fonte:Disponível em: http://ccompormentorganizacional.blogspot.com.br/2010/04/cultura-comportamento-e-clima_26.html. Acesso 20.dez.2012. Segundo Luck, a cultura organizacional é formada pelos seguintes
elementos: (2009, p.117):
1) Ideário ou Preceitos, expressos por crenças, pressupostos, normas
tácitas, padrões de comportamento, hábitos de pensamento, modelos
mentais, padrões lingüísticos, valores, códigos informais e
regulamentos em prática, hábitos e costumes, muitos dos quais
implícitos e não escritos.
2) Tecnologia, caracterizada pelo conjunto de processos e modo de
fazer as coisas − o seu saber fazer −, o seu modo de organizar e
compartilhar responsabilidades, de usar o tempo, que extrapola as
proposições formais de cronograma.
31
3) Caráter, constituído pelo sentimento e reações das pessoas sobre
todo o conjunto de coisas e sobre o seu papel no contexto delas.
A cultura organizacional é definida por Luck segundo: “o conjunto de
fatores sociais, culturais e psicológicos que influenciam os modos de agir da
organização como um todo e o comportamento das pessoas em
particular”(2006, p.320). Portanto, a partir destas concepções podemos entender
que toda a Gestão estará dependente, além das Diretrizes e normas estipuladas
pelo governo(LDB, ECA, PCNs, etc) e, das rotinas administrativas e
operacionais que são as estruturas objetivas do sistema organizacional, também
estará vinculada aos elementos humanos – ou seja – as pessoas, seus valores e
princípios, devido aos relacionamentos interpessoais serem fontes de influência
indireta nas tomadas de decisões.
Instâncias ou órgãos colegiados
Na gestão escolar, existem os órgãos colegiados que participam das
tomadas de decisões, seguindo a estrutura de cada Instituição. A instância
colegiada são entidades participantes das decisões tomadas pela direção e
gestores escolares. Existem várias instâncias colegiadas na escola: Conselho
Escolar, Conselhos de Classe, o Grêmio Estudantil e a Associação de Pais e
Mestres(APM).
Ø O Conselho escolar
É composto por membros da comunidade escolar. O conselho escolar
elabora o Regimento escolar. É um órgão de natureza consultiva, deliberativa,
normativa e fiscalizadora, segundo Edna Amâncio de Souza, da Secretária do
Estado de Educação do Paraná², abaixo suas 4 naturezas:
² Disponível em: http://www.educacao.al.gov.br/rede-estadual-de-ensino/escolar/conselho-escolar. Acesso: 21.dezembro.2012.
32
1) Consultiva – é consultado sobre questões de suma importância da
escola;
2) Deliberativa – quando aprova, decide e vota sobre assuntos
pertinentes às ações da escola nos âmbitos administrativo,
pedagógico e financeiro;
3)Normativa – elabora o regimento escolar, avalia e define as
diretrizes e metas de ações pertinentes à dinâmica do processo
educativo;
4) Fiscalizadora – exerce o papel de controle, ficando subordinado
apenas à Assembléia geral, fórum máximo de decisão dentro da
comunidade escolar.
Ø O Conselho de Classe
Segundo Souza é o órgão colegiado que delibera sobre assuntos didático-
pedagógicos e está fundamentado no Projeto Político Pedagógico da escola e
no Regimento Escolar e possui “a responsabilidade de analisar as ações
educacionais, indicando alternativas que busquem garantir a efetivação do
processo de ensino e aprendizagem”(2010, p. 25).
“O Conselho de Classe é uma instância colegiada contraditória. De um lado, ele se reduz em grande parte a um mecanismo de reforço das tensões e dos conflitos, com vistas à manutenção da estrutura vigente, tornando-se peça-chave para o fortalecimento da fragmentação e da burocratização do processo de trabalho pedagógico. Por outro lado, o Conselho de Classe pode ser concebido como uma instância colegiada que, ao buscar a superação da organização prescritiva e burocrática, se preocupa com processos avaliativos capazes de reconfigurar o conhecimento, de rever as relações pedagógicas alternativas e contribuir para alterar a própria organização do trabalho pedagógico” (VEIGA, 1998, p.117).
Ø Associação de Pais e Mestres(APM) foi regulamentada
definitivamente em 1978(VEIGA apud GADOTTI, 1988, p.25). Segundo Veiga a
APM “É uma instituição auxiliar que tem como finalidade colaborar no
aprimoramento da educação e na integração família-escola-comunidade”(1998,
p.118).
33
Ø O Grêmio Estudantil é a instância que possibilita ao aluno ter
participação ativa para além das paredes da sala de aula. De acordo com Ilma
Veiga:
“O grêmio estudantil não é um instrumento de luta contra a direção da escola, mas uma organização onde se cultiva o interesse dos estudantes, onde eles tem possibilidade de democratizar decisões e formar o sentimento de responsabilidade”(1998, p.123).
A Lei nº 7.398, foi sancionada em 4 de Novembro de 1985, no Governo
do Presidente José Sarney e, garante o direito aos alunos à criação e
organização do grêmio estudantil. A seguir o Art.1º:
“Aos estudantes dos estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus fica assegurada a organização de Estudantes como entidades autônomas representativas dos interesses dos estudantes secundaristas com finalidades educacionais, culturais, cívicas esportivas e sociais”.
Planejamento Educacional
O planejamento escolar é uma atividade que consiste em colocar no papel
as atividades que serão realizadas, num certo período de tempo, com o intuito
de satisfazer uma meta que desejamos alcançar. Cada indivíduo que trabalha na
escola deverá saber qual sua parte dentro deste planejamento para poder
melhor acompanhar o processo como um todo e impulsionar a realização deste.
O C.O também precisará ter o conhecimento de seu papel no planejamento
escolar, visto ser uma peça de suma importância para seu funcionamento. De
acordo com Libaneo:
“O planejamento escolar consiste numa atividade de previsão da ação a ser realizada, implicando definição de necessidades a atender, objetivos a atingir dentro das possibilidades, procedimentos e recursos a serem empregados, tempo de execução e formas de avaliação. O processo e o exercício de planejar referem-se a uma antecipação da prática, de modo a prever e programar as ações e os resultados desejados, constituindo-se numa atividade necessária á tomada de decisões. As instituições e organizações sociais precisam formular objetivos, ter um plano de ação, meios de sua execução e critérios de avalição da qualidade do trabalho que realizam. Sem planejamento, a gestão corre ao sabor das circunstâncias,
34
as ações são improvisadas, os resultados não são avaliados”(2008,p.149).
Segundo Celso Vasconcelos “O planejamento educacional é da maior
importância e implica enorme complexidade, justamente por estar em pauta a
formação do ser humano”(2003). Em seu livro ‘Dimensões de gestão escolar e
suas competências, Heloísa Luck nos aponta a necessidade de estabelecermos
o objetivo do planejamento do ensino focado na aprendizagem do aluno:
“O objetivo maior da comunidade educacional revela-se, portanto, o de estabelecer uma comunidade de ensino efetivo, onde persevere, coletivamente, não somente o ideal de ensinar de acordo com o saber produzido socialmente, mas o de aprender, em acordo com os princípios de contínua renovação de conhecimento, criando-se um ambiente de contínuo desenvolvimento para alunos, professores, funcionários e é claro, os gestores. O conhecimento da realidade ganha novas perspectivas: a organização do projeto político-pedagógico da escola e o seu currículo; o papel da escola e o desempenho de seus profissionais, que devem renovar-se e melhorar sua qualidade continuamente, tendo o aluno como centro de toda a sua atuação” (LUCK, 2007, p.16).
Segundo Sousa, o planejamento deve estar pautado a princípio em 3
fases, que organizarão de forma pontual o processo de elaboração e
implementação, abaixo quadro explicando as fases do processo:
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/10_trab_esc_teo_ad.pdf Acesso em 05.novembro.2012. Acesso: 2.dezembro.2012.
Abaixo, ainda segundo José Vieira Sousa, os níveis de planejamento educacional:
35
Fonte: SOUSA, José Vieira. Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Curso técnico de formação para os funcionários da educação.
Projeto Político-Pedagógico (PPP)
Segundo Ilma Veiga o Projeto pedagógico é a identidade da instituição
escolar: “O ‘PPP’ explicita os fundamentos teórico-metodológicos, os objetivos, o
tipo de organização e as formas de implementação e avaliação da escola”
(VEIGA,1998,p.13). Para Soraia Salermo “o projeto da escola não se distancia
do projeto de Estado, pois “entende-se que essa relação e mesmo correlação de
influências promove a identidade de uma escola, que se constrói antes dela, em
seu cenário social” (2007,p.27). O Projeto político-pedagógico é o mesmo que
proposta pedagógica. Segundo a LDBEN nº9394 de 1996 em seu Art.12:
“Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do sistema de ensino, terão a incumbência de:
I- elaborar e executar sua proposta pedagógica”.
36
Abaixo quadro, especificando a estrutura de dois documentos: Projeto
Pedagógico, com base nas referências da LDBEN nº 9.394/96, e Par. CEE nº
67/98, formulado pela Diretoria de Ensino da Região de São Vicente, São
Paulo(Secretaria de Estado da Educação)²:
DOCUMENTO ESCOLAR NATUREZA QUEM FAZ COMO FAZ QUANDO FAZ
PROPOSTA PEDAGÓGICA
- a Proposta Pedagógica afirma as finalidades da instituição escolar e suas intencionalidades de acordo com o contexto sócio-histórico-cultural no qual está inserida.
- É construção coletiva, da qual participam os especialistas em educação, os docentes, os discentes, os pais/responsáveis, os funcionários da escola, enfim, a comunidade escolar, especialmente através dos colegiados e instituições escolares.
- Ao indicar as finalidades e intenções da escola, subsidia a construção do Plano de Gestão Escolar.
- Indicando finalidades e intenções das práticas escolares e, consoante às normas do sistema de ensino, subsidia a construção do Regimento Escolar.
- Consolida em documento único, as concepções de escola, de ensino-aprendizagem, de avaliação, de gestão democrática e de gestão pedagógica, dos diferentes atores, objetivando tais concepções em práticas concretas através de metas de gestão.
- Permite a objetivação “da escola que temos e da escola que queremos”, obrigando o estabelecimento de metas e estratégias e o planejamento de ações para a realização histórica da escola.
- Toda a comunidade escolar
Através do registro, sistematização e sínteses, por parte da equipe gestora ou de comissões formada por membros da comunidade escolar, de reuniões:
- Coletivas em assembléias gerais ou por segmento;
- Do Conselho de Escola, ordinárias e extraordinárias;
- Da APM, ordinárias e extraordinárias;
- Pedagógicas e HTPCs(horas de trabalho pedagógico coletivo);
Depende de articulação política da comunidade escolar sob a liderança, no que tange aos limites legais do sistema de ensino, da equipe gestora.
É de construção dinâmica e deve passar por constante revisão, adequação e evolução de forma a permitir que a escola cumpra sua função social.
Não há prazo determinado, porém deve representar a concretude das ações cotidianas da escola.
Para a construção do Plano de Gestão Escolar do quadriênio 2011/14, está proposta a documentação da Proposta Pedagógica conforme consolidada no primeiro semestre de 2011. Alterações, se houverem, deverão ser incorporadas nos anexos anuais ao PGE.
Fonte: ² Disponível em: http://www.dersv.com/PGE_QUADROCONCEITUAL2011.htm. Acesso em 27.dez.2012.
37
Segundo Veiga o Projeto pedagógico “exige profunda reflexão sobre as
finalidades da escola, assim como explicitação de seu papel social”(1998, p.9).
Abaixo o quadro que identifica a estrutura do Projeto pedagógico.
MARCO REFERENCIAL DIAGNÓSTICO PROGRAMAÇÃO O que queremos alcançar? O que nos falta para ser o
que desejamos? O que faremos concretamente para suprir a falta?
É a busca de um posicionamento:
Político: visão do ideal de sociedade e de homem.
Pedagógico: definição sobre a ação educativa e sobre as características que deve ter a instituição que planeja.
É a busca das necessidades, a parti da análise da realidade e/ou do juízo sobre a realidade da instituição comemoração com aquilo que desejamos que seja.
É a proposta de ação. O que é necessário e possível para diminuir a distancia entre o que vem sendo a instituição e o que deveria ser.
Fonte: Universidade Federal da Bahia. Estrutura e elementos dos PPP.
Disponível em: http://www.moodle.ufba.br/mod/book/print.php?id=14365. Acesso:10.novembro.2012.
Regimento Escolar
“É o regimento escolar que estrutura, define, regula e normatiza as ações do coletivo escolar, haja vista ser a escola um espaço em que as relações sociais, com suas especificidades, se concretizam integrante de um Sistema de Ensino, em uma sociedade, a escola tem, no Regimento Escolar, a sua expressão política, pedagógica, administrativa e disciplinar e deve regular, no seu âmbito, a concepção de educação, osprincípios constitucionais, a legislação educacional e as normas específicas estabelecidas pelo sistema de Ensino”(SOUZA,2010, p.11).
O Regimento dá forma as regras e normas dentro da Instituição escolar,
descrevendo os direitos e deveres de cada membro da comunidade escolar,
assim como as proibições dentro da Instituição. Segundo Souza, o regimento
identifica a escola “porque apresenta seus princípios filosóficos e descreve sua
organização didático-pedagógica, administrativa e disciplinar”(2010, p.14).
38
Abaixo, segundo Souza, as características do regimento escolar:
I. atender à legislação educacional vigente;
II. descrever todos os aspectos da realidade escolar, estruturados
com clareza;
III. apresentar flexibilidade suficiente para permitir reformulações e
adaptações,garantindo a legalidade dos trabalhos escolares;
IV. organizar-se segundo as normas da LDBEN n° 9.394/96 e do
Sistema Estadual de Ensino;
V. distribuir-se em Títulos, Capítulos, Seções, Artigos e Parágrafos,
conforme disposição técnico legislativa.
REGIMENTO ESCOLAR
- é o conjunto de normas que determinam os objetivos, a organização e funcionamento da escola, os princípios da gestão democrática, os parâmetros do Plano de Gestão, o processo de avaliação institucional e do processo de ensino e aprendizagem, a organização e o funcionamento do ensino e da vida escolar, a composição dos diversos segmentos, instituições e colegiados escolares, as normas de convivência entre os envolvidos no processo pedagógico, sempre consoante com a Proposta Pedagógica da escola.
- Subsidia a construção anual das Normas de Convivência
- Todo o coletivo escolar, orientado pelos especialistas em educação (equipe gestora)
- Idem acima.
- Observando o disposto nas Normas Regimentais Básicas, conforme Parecer CEE nº 67/98.
Deve representar a adequação da instituição escolar às normas do sistema de ensino e às normas gerais da educação para garantir a legalidade dos atos escolares.
Poderá sofrer alterações pontuais nos artigos ou ser totalmente refeito.
Disponível em: http://www.dersv.com/PGE_QUADROCONCEITUAL2011.htm. Acesso em 27.dez.2012.
Políticas Públicas
“O planejamento educacional situa-se numa perspectiva de construção na rede de influências sociais, econômicas, políticas e culturais, de que participam unidades escolares, instâncias intermediárias (Diretorias Regionais), Secretarias de Educação e Ministério de Educação” (SALERMO,2007,p.24).
39
A educação no Brasil segue alguns padrões que são estipulados pelo
Ministério da Educação através de leis, como: Plano Nacional da Educação, Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) Lei nº 9.394/96, PCNs.
“Os objetivos da escola se confundem com a ação exercida sobre crianças e adolescentes(principalmente), para torná-las aptas a viver numa determinada sociedade. A ação pedagógica é, assim, o traço de união entre o indivíduoe o social. Entretanto, pelo fato de a realidade social ser histórica e, por isso, superável, é relevante perguntar-se: de que sociedade se trata? Que homem se quer formar? Qual o sentido da aprendizagem escolar? Que significa falar em desenvolvimento da criança e adolescente? Tem sido dadas muitas respostas a essas questões e, quaisquer que sejam elas, são marcadas por uma dimensão política, pois que os propósitos de educação individual não se separam da totalidade social em que se insere” (LIBANEO, 1994, p.93).
Além de seu papel na formação docente, o C.O precisa acompanhar de
perto e conhecer as políticas públicas voltadas para a área da educação para
poder organizar dentre várias demandas as seguintes: currículos, o
planejamento da unidade escola e o projeto político pedagógico. O C.O exerce
um papel como um “espelho retrovisor”, pois reflete a imagem do que se passa
na instituição escolar, para, a partir daí direcionar novos caminhos em conjunto.
Segundo Luck, os gestores precisam ter conhecimentos das seguintes políticas
públicas(2009, p.19):
• Constituição Federal e Constituição Estadual; • Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional(LDB); • Diretrizes Curriculares Nacionais dos diversos níveis e modalidades de ensino; • Legislação Educacional de seu Estado e do seu Município, • Instrumentos Normativos e Executivos de seu sistema e rede de ensino; • Estatuto do Magistério; • Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA).
2.2. As bases da Supervisão Escolar: perspectiva histórica, mediação,
formação continuada de professores e avaliação
O profissional de Coordenação pedagógica e o Supervisor Escolar andam
lado a lado e possuem a mesma base histórica, atualmente o papel da
40
supervisão escolar é feito pelos coordenadores pedagógicos e vice-versa; por
isso, para o fim a que este trabalho se destina continuaremos abordando o
assunto no perfil do profissional de Coordenação pedagógica.
Perspectiva Histórica
No Brasil, a função do S.E começou a ter influência dos Jesuítas no séc.
XVI. No sistema Jesuíta havia um manual chamado Ratio Studiorium, publicado
em 1599, que determinava com rigor como deveria ser a organização das
escolas jesuítas.
À época da revolução industrial surgem os métodos de supervisão, com o
intuito de melhorar o trabalho realizado dentro das indústrias e comércio. E, em
1841, nos Estados Unidos, em Cincinnati, a idéia de supervisão passa fazer
parte também do processo de ensino. Segundo Lima, primeiramente, a
supervisão estava voltada apenas para a “verificação das atividades
docentes”(2011, p.69). E, já no século XX, passou-se a utilizar a supervisão
como um método de avaliação da aprendizagem dos alunos. Em 1930, seguindo
o quadro de avanço histórico de acordo com Lima “a supervisão vai assumir um
caráter de liderança, de esforço cooperativo para o alcance dos objetivos, com a
valorização dos processos de grupo na tomada de decisões”(2011,p.70).
Continuando seu avanço, a supervisão em 1960, passa a englobar a área do
currículo.
Já no Brasil, no início da Era Vargas (1930-1945), a supervisão surge em
1931, com o Decreto-Lei 19.890, juntamente com a primeira Reforma
Educacional que teve o nome do Ministro da Educação e saúde da época,
Francisco Campos. Em 1961, com a LDB 4.024/61, a formação do supervisor
passa para o ensino normal. E, em 1968, a supervisão passa para o ensino
superior, com a Lei 5540/68. De 1996 até hoje, a formação do supervisor está
prevista na nova LDB 9394/96 como uma especialização à nível de pós-
graduação.
Mediação
41
O C.O tem a função de mediar o encontro entre o aluno, o professor e a
disciplina. Para poder exercer bens suas funções deverá estar em sintonia com
as práticas pedagógicas e os instrumentos referenciais didáticos. Para Cybele
Amado: “é fundamental que o coordenador pedagógico construa uma relação de
confiança com os professores”(2012, p.5). Segundo Giovana Zen a relação entre
o C.O e os professores não é a mesma que professor e aluno: “Nessa mediação,
é preciso, entretanto, considerar que os professores não são alunos do
coordenador pedagógico, mas profissionais em formação”(2012, p. 9). É
importante frisar que os pares dentro da Escola muitas vezes desconhecem o
verdadeiro papel do C.O, e acaba que este profissional fica exercendo outros
papéis, ao invés de focar em suas qualificações de primeira ordem, como nos
assinala Zen:
“Uma rápida reflexão sobre o trabalho dos coordenadores pedagógicos mostra o quanto eles estão sendo engolidos pelo cotidiano da escola, dedicando boa parte do tempo de sua rotina para resolver problemas de emergência, fazer atendimentos rápidos ou apenas para fiscalizar o trabalho dos professores. No entanto, isso é muito pouco, pois seu papel principal é ajudar na formação dos professores e na gestão pedagógica da escola” (2012, p.8-9).
O C.O precisará ter capacitação para orientar os profesores, de acordo
com Giovana Zen: “Não é de qualquer jeito que se faz formação de professores.
Para realizar um trabalho de qualidade, é preciso conhecer a discussão sobre o
objeto de conhecimento e sobre os processos de aprendizagem, tanto dos
alunos como dos professores.”(2012, p.10)
Abaixo no quadro, algumas questões que devem estar na pauta dos
Coordenadores durante o processo de mediação, segundo Jose Carlos
Libaneo(1994, p.79-80):
1)Como mobilizar professores para realizar uma ação docente conseqüente, em termos de melhor qualidade dos conteúdos transmitidos?
6)Como proceder, didaticamente, o desvelamento das contradições sociais através do ensino das matérias e das práticas escolares de socialização, dentro uma escola pública mantida pelo poder dominante?
2)Como transformar o meio social de origem do aluno em ponto de partida para o trabalho escolar?
7) Como fazer com que os alunos enfrentem suas desvantagens, como estimular o desejo pelo conhecimento,
42
como elevar seu nível de aspiração suas perspectivas por um futuro melhor?
3)Como modificar a atitude dos professores frente aos alunos portadores de fracasso escolar?
8)Como encarar o atendimento ao nível individual, levando em conta que o aluno não é um indivíduo abstrato, mas um ser social inserido numa realidade material concreta?
4)Que mudanças podem ser feitas na sistemática de planejamento das aulas, de forma a garantir o encontro produtivo e dinâmico entre o aluno e as matérias de estudo?
9) Como auxiliar os professores a aprenderem afazer análises críticas de situações pedagógicas concretas e que lhes permitam tomar consciência de todas as imposições e mecanismos sociais que mantêm os indivíduos não emancipados?
5)Como desenvolver a atitude permanente de pesquisa na sala de aula?
10) Como exigir dos professores domínio dos conteúdos e técnicas de trabalho?
Formação continuada de professores
Uma das funções primordiais do C.O é estruturar, avaliar, estimular,
organizar e principalmente promover: a formação continuada dos professores.
Para Libâneo:
“o professor deve estar preparado teoricamente para perceber as contradições da sociedade, os determinantes de classe que direcionam sua atividade prática, o papel do ensino enquanto coadjuvante do movimento histórico de emancipação. A prática educativa emancipatória requer, efetivamente, do educador uma tomada de posição pela missão histórica consciente e conseqüente da humanidade, de destruir as relações de classe que sustentam a alienação e privam o homem de seu pleno desenvolvimento humano”(1994, p.81).
Segundo a LDB em seu Art.3º, os docentes das escolas públicas e
privadas possuem deveres e funções fundamentais, eles deverão incubir-se de:
I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III – zelar pela aprendizagem dos alunos; IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
43
VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e as comunidades.
Segundo Cybele Amado, tanto as instituições públicas quanto as privadas
“devem assegurar aos professores condições para que sigam aprendendo ao
longo de todo o exercício profissional, pois esta é uma das condições
fundamentais para garantir a boa qualidade da docência”³(2012,p.4). Para
Cybele: “o coordenador pedagógico, em parceria com a direção escolar, tem
entre suas funções articular redes de aprendizagem que instalem e sustentem
processos de formação e (auto) formação de professores”(2012, p.4).
A formação continuada é também de responsabilidade do professor, pois
ela acontece dentro e fora da jornada de trabalho e “o compromisso com a
profissão requer que ele tome para si a responsabilidade com a própria
formação”(LIBANEO,2008, p. 229). Libaneo afirma que:
“A formação continuada consiste de ações de formação dentro da jornada de trabalho(ajuda a professores iniciantes, participação no projeto pedagógico da escola, entrevistas e reuniões de trabalho para discutir a prática com colegas, pesquisas, minicursos de atualização, estudos de caso, conselhos de classe, programas de educação a distância, etc.) e fora da jornada de trabalho(congressos, cursos, encontros, palestras, oficinas). Ela se faz por meio do estudo, da reflexão, da discussão e da confrontação das experiências dos professores” (2008, p.229).
Segundo Maria Nascimento (1997, apud DEMAILLY, 1992, p.71) são 4 os
modelos de formação continuada de professores, que apontamos a seguir:
³Disponível em: Coordenação pedagógica em foco. TVEscola. Ano XXII - Boletim 1 - Abril 2012. http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/15122101-CoordenacaoPedagogica.pdf.
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“1) a formação universitária, que se caracteriza por ter como
finalidade a transmissão do saber e da teoria, por ter caráter
voluntário e pela forma de relação entre formador-formando
semelhante à dos profissionais liberais-clientes. Nesta forma, os
mestres são produtores do saber.
2) A forma escolar, onde se encontram todos os “cursos” organizados
por um poder legítimo(nação, estado ou igreja), com escolaridade
obrigatória e onde os formandos não são os responsáveis pelos
programas ou posições, que são definidos pelos organizadores.
3) A forma contratual, que se caracteriza pela negociação entre
diferentes parceiros ligados pro uma relação contratual do programa
pretendido e das modalidades matérias e pedagógicas da
aprendizagem.
4) A forma interativa-reflexiva, presentes nas iniciativas de formação
ligadas à resolução de problemas reais, com a ajuda mútua entre
formandos e uma ligação à situação de trabalho”.
O MEC, no papel da Secretaria de Educação Básica, da Diretoria de
Apoio a Gestão Educacional, mantém a Rede Nacional de Formação Continuada
de Professores criada em 2004. Esta Rede tem como objetivo a capacitação dos
professores para dar maior qualidade ao ensino dos alunos. O funcionamento
parte das instituições de ensino superior públicas, federais e estaduais que
produzem materiais de orientação para cursos EAD e semipresenciais. O MEC
oferece o suporte financeiro e técnico ao programa que foca as áreas de:
alfabetização e linguagem, educação matemática e científica, ensino de ciências
humanas e sociais, artes e educação física.
Avaliação Escolar
Segundo Christiane Martinatti Maia, quando falamos sobre processos
avaliativos, precisamos também falar de inteligência, visto ser este o propósito
principal do objetivo da avaliação, historicamente falando. Sabemos que quando
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os alunos são avaliados, estamos querendo saber o quanto são capazes ou não
de assimilar os conteúdos das disciplinas ministradas. E quanto aos
professores? Quando o C.O avalia os professores, o que está a avaliar? O C.O
avalia a capacidade dos professores de transmitirem os conteúdos e também de
transformarem os alunos em reprodutores do sistema, ou pensadores
autônomos. De acordo com Maia a avaliação:
“é um dos elementos presentes no processo de ensino-aprendizagem, o qual nos permite o confrontamento de nossas propostas educativas, sua visibilidade e construção na prática e reelaboração futura associadas à construção de conhecimentos pelos educandos” (2010, p.243).
Cipriano Luckesi, nos aponta a preocupação existente em relação a
função da avaliação estar voltada apenas ao exame e não a aprendizagem em
si, como relata abaixo:
“A característica que de imediato se evidencia na nossa prática educativa é de que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por uma “pedagogia do exame””(2008, p.17)
Todo o sistema de ensino está voltado para apresentar bons resultados;
aos pais, ao governo e a escola. Porém, muitas das vezes para os alunos, as
avaliações são motivo de estresse e desmotivação, visto o aprendizado virar um
meio de tortura e não um meio de promoção e avanço que encaminhará os
estudantes para um futuro promissor e de sucesso. Luckesi aponta que
atualmente a avaliação da aprendizagem escolar no Brasil “está a serviço de
uma pedagogia dominante”, autoritária; que tem como objetivo conservar a
sociedade e os modelos sociais de classe, onde não é possível a equalização
social. Paulo Freire destaca a existência de dois grupos de pedagogias, uma a
da “domesticação” dos educandos e, a outra da “humanização” dos educandos,
Segundo Freire:
“as pedagogias que pretendem a conservação da sociedade e, por isso, propõem e praticam a adaptação e o enquadramento dos educandos no modelo social e, de outro, as pedagogias que pretendem oferecer ao educando meios pelos quais possa ser sujeito desse processo e não objeto de ajustamento”(LUCKESI, 2008, p. 31).
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Quando falamos de avaliação, precisamos descrever as tendências
pedagógicas, visto os processos avaliativos estarem imbricados nos processos
pedagógicos, um ser conseqüência da ação do outro. Abaixo os quadros que
sintetizam as tendências pedagógicas no Brasil:
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Fonte: Disponível em: http://memoriasdepedagogia.blogspot.com.br/2012/04/sintese-das-tendencias-pedagogicas.html. Acesso: 4.dez.2012.
Segundo Rodrigues(apud MAIA, 2009, p.250)o método de Avaliação
formativa seria uma forma dialógica de se construir o conhecimento em pares,
alunos e professores; considerando que o aluno aprende “ao longo do
processo”. De acordo com Luckesi (2002, apud MAIA) “o processo avaliativo
está relacionado ao contexto mundial educacional” e por isso “não se dará num
vazio conceitual, mas sim dimensionada por um modelo teórico de mundo e,
conseqüentemente de educação, que possa ser traduzido em prática
pedagógica”. Maria cita Rodrigues quando fala da importância principal da
avaliação, que é a formação de cidadãos conscientes:
“Uma necessidade do contexto educacional é fazer com que nossa prática educativa seja desenvolvida, de maneira coerente, e que esteja comprometida com a promoção da transformação social e a formação de cidadãos conscientes. Para alcançarmos esse objetivo, a avaliação não pode ser um ato mecânico, no qual o professor dá atividades, a aluno as realiza, sendo lhes dado um conceito para transmitir a medição do conhecimento. A avaliação tem que ser um ato, no qual a reflexão seja inerente, contribuindo para a construção de competências técnicas e sócio-político-culturais” (MAIA, 2009, p.250, apud RODRIGUES).
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CAPÍTULO III
ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
DE LÍNGUA INGLESA
“Há quem acredite que ensinar seja uma vocação”. (Gustavo Heidrich)
Ser professor depende apenas de vocação? Sempre quando alguém se
refere a ensino e formação de professores, a primeira coisa que me vem à
mente, é uma experiência que tive quando cursava a disciplina de didática, na
licenciatura do curso de Letras da Universidade Federal de Santa Catarina.
Nossa professora gostava de dizer nas aulas: “vocês aprenderam a ensinar
ensinando”. E, um dia nos contou que em sua primeira prova de didática ela foi
reprovada, pois não tinha dividido o quadro em três partes iguais. Bem, algo me
diz que se esta professora tivesse aprendido a estrutura de como dar aulas, com
certeza teria passado em sua primeira prova de didática.
O fato do governo(dinheiro público) ter contratado aquela professora para
nos dar aula de didática, fez com que eu pudesse avaliar mais a fundo a
qualidade dos cursos que existem dentro das Universidades Federais públicas
do Brasil, onde professores dentro de suas salas de aula, dizem o que querem,
sem se importarem com a ciência. Sim, a ciência, pois toda vez que alguém
escreve um livro de didática mostrando os métodos de ensino, as teorias e os
teóricos, estas pessoas estão sim, ensinando como devemos proceder para
poder transmitir o conteúdo de uma disciplina da melhor forma possível; estão
nos mostrando que existe uma estrutura, existe uma técnica, ou melhor- várias
técnicas, que nos ensinam o que fazer, como fazer e porque. E o resultado com
certeza será melhor.
Quem é o C.O? O C.O é antes de tudo um educador. Ser educador é uma
função de excelência. Uma das funções do C.O é gerir a formação continuada
dos professores. Portanto, educar e capacitar educadores deveria ser uma
função duas vezes mais importante. Para o olhar atento do educador
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especializado sim, mas muitos não encontram justificativas para a existência
desse profissional – o Coordenador Pedagógico. Como quem acredita que para
ensinar baste a vocação. Segundo Fernando Carneiro(SALVADOR, 2005) o
C.O é o agente de mudanças da realidade escolar. Para Mônica Guerra o C.O “é
o articulador entre os aspectos pedagógicos e administrativos do cotidiano
Escolar”. E, onde atua o C.O?
O Coordenador pedagógico atua nas mais diversas frentes de trabalho
dentro da unidade escolar, dentre as principais podemos destacar: formação
continuada, projeto político pedagógico, planejamento escolar, reuniões
pedagógicas, grupos de estudo, reuniões com pais e comunidade escolar e o
atendimento individual à alunos e professores. O C.O é o profissional
direcionado para capacitar e acompanhar os docentes dentro da unidade
escolar, com o objetivo de trazer resultados de sucesso ao desenvolvimento dos
alunos. Para isso deverá ter suas bases na docência, ou seja, ter experiência em
sala de aula, formação técnico-pedagógica, para poder dar os treinamentos e
promover os grupos de estudo de formação continuada a estes profissionais da
educação.
O C.O poderá atuar no ensino juntamente às escolas públicas e privadas,
como também cursos de línguas estrangeiras, artes dramáticas, escolas de
educação física(natação, artes marciais, etc), escolas de ensino técnico
profissionalizantes, dentre muitas outras áreas educacionais. De acordo com
Cybele Amado devemos ampliar nossos horizontes quanto ao trabalho do C.O
dentro da Instituição escolar visto:
“que o trabalho dos coordenadores pedagógicos não é mais definido apenas como “atividades de supervisão’, devendo compreender também a gestão pedagógica da escola. Por isso, são significativas as exigências para esses trabalhadores, o que repercute sobre suas condições de trabalho, sua formação e sua identidade” (2012, p.6).
Neste capítulo III, iremos focar o estudo na atuação, na prática diária do
C.O como gestor educacional. No tópico 3.1, analisaremos a atuação do C.O
dentro da área pública e, no tópico 3.2 sua atuação dentro da área privada.
50
3.1. Atuação na área pública
O C.O de língua Inglesa atuante na educação em escolas públicas deverá
pautar suas atividades direcionando-se pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais. Segundo Ruy Leite Berger Filho, os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) “cumprem o duplo papel de difundir os princípios da reforma
curricular e orientar o professor, na busca de novas abordagens e
metodologias”, de acordo com Filho “Tínhamos um ensino descontextualizado,
compartimentalizado e baseado no acúmulo de informações”(1999, p.13)
De acordo com Filho(1999) “as Línguas Estrangeiras na escola regular
passaram a pautar-se, quase sempre, apenas no estudo de formas gramaticais,
na memorização de regras e na prioridade da língua escrita” agora, o processo
de ensino-aprendizagem passa a ter uma nova configuração, segundo Filho
“Torna-se, pois, fundamental, conferir ao ensino escolar de Línguas Estrangeiras um caráter que, além de capacitar o aluno a compreender e a produzir enunciados corretos no novo idioma, propicie ao aprendiz a possibilidade de atingir um nível de competência lingüística capaz de permitir-lhe acesso a informações de vários tipos, ao mesmo tempo em que contribua para a sua formação geral enquanto cidadão”(1999, p.148).
O C.O deverá atuar em várias frentes dentro da área de Gestão
pedagógica e suas atribuições estarão voltadas para os seguintes passos,
listados abaixo:
1. Participar da elaboração da proposta pedagógica;
2. Elaborar e cumprir Plano de Trabalho, de acordo com a proposta
pedagógica;
3. Fazer a avaliação do aproveitamento escolar, refazendo o
planejamento quando necessário, registrando seus avanços e
dificuldades;
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4. Participar da reunião pedagógica, avaliando os alunos e apresentando
registros referentes à vida escolar dos mesmos, analisando e
discutindo as causas de aproveitamento não satisfatório e propondo
medidas para superá-lo;
5. Encaminhar à equipe administrativo-pedagógica os conceitos e
relatórios das avaliações bimestrais e anuais, e os dados de apuração
de assiduidade dos alunos;
6. Planejar e executar estudos contínuos de recuperação, estabelecendo
estratégias onde seja garantido novas oportunidades de aprendizagem
ao aluno de menor rendimento;
7.Participar junto à comunidade escolar na criação, organização e
funcionamento das instâncias colegiadas, tais como: Conselho
Escolar, A.P.P., Grêmio Estudantil e outros, incentivando a participação e
democratização das decisões e das relações na Unidade Escolar;
8. Orientar o professor no planejamento da ação pedagógica, para o
alcance da articulação vertical e horizontal dos conteúdos.
O ‘Déficit lingüístico’ e o ‘fracasso escolar’
Magda Soares de maneira exemplar em seu livro ‘Linguagem e escola:
uma perspectiva social’, nos introduz as teorias de ‘deficiência linguística’,
‘deficiência cultural. Soares levanta também a problemática do fracasso escolar.
E o que este tema tem haver com o C.O de língua Inglesa? Para responder esta
questão irei por partes, e darei uma pequena explicação sobre cada item citado
acima.
Os estudiosos de linguagem, os lingüistas, apontam que existem alguns
mitos quanto ao aprendizado de línguas por crianças e adolescentes das
escolas públicas. E, o fracasso escolar está diretamente relacionado a estes
mitos. É importante para o C.O de Língua Inglesa ter conhecimento destas
relações entre fracasso escolar e ensino de línguas, tanto a materna quanto a
língua estrangeira, pois a forma como os alunos são avaliados e os resultados
oriundos desta avaliação devem refletir o nível de um bom ensino. E um bom
52
educador deve ter o conhecimento destes mitos, para que a partir deste ponto
possa ser capaz de formular um planejamento pedagógico de melhor eficiência.
Sabemos que é na escola que aprendemos a maneira “correta” de falar.
Embora este pensamento seja o que predomina no ‘senso comum’, na realidade
não podemos dizer que existe uma forma “certa” e uma forma “errada” de falar
uma língua. O que existe são maneiras diferentes de se expressar, pois segundo
os estudos lingüísticos, há tantas maneiras de falar quanto há indivíduos.
O mito do ‘déficit linguístico’ e ‘déficit cultural’ aponta que existe o
‘fracasso escolar’ devido ao fato dos alunos com maior rendimento escolar que
utilizam a língua ‘padrão’ desprezarem a forma como os outros alunos utilizam a
língua, o que acaba acarretando um sentimento de incapacidade e revolta
nestes alunos, fazendo assim com que eles abandonem a escola, ou desistam
de se esforçarem nos estudos de uma maneira geral. Ou seja, fala ‘bem’ aqueles
alunos que possuem uma educação melhor em casa, que fazem parte de uma
classe social mais abastada e, decorrente disso podem ter mais chances de se
comunicarem melhor. E, os alunos que não tem oportunidades de estarem em
contato com os falantes de classes mais abastadas, estão fadados a
perpetuarem o modo de falar de suas comunidades lingüísticas, ou seja, seu
núcleo social, o que de acordo com os lingüistas, não segue as regras da Língua
‘padrão’ utilizada nos meios de comunicação e mídia, como: Jornais, revistas,
programas de Televisão, etc.
A lingüística nos diz que a maneira como os falantes da língua não padrão
se comunicam entre si não pode ser considerada como sendo ‘errada’, visto que
não existe na verdade uma forma de falar ‘certa’ ou ‘errada’, o que existem são
formas diferentes de utilizarmos a mesma língua, que irá variar de idade, classe
social, formação e, etc. Portanto, o C.O deverá esclarecer a sua equipe as
questões lingüísticas referentes às variações lingüísticas, fazendo assim poderá
evitar que o fracasso e a evasão escolar se perpetuem por falta de
conhecimento nesta área.
Currículo voltado para o perfil do aluno de escola pública
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Muitas vezes, vemos alunos da rede pública comentando que “não dão
para isso”, quando se referem a aprendizagem da Língua Inglesa. Porém, o que
se percebe é um abismo entre o currículo exigido e o conhecimento prévio da
disciplina. Ou seja, não adianta os professores de Língua Inglesa aplicarem
testes de interpretação com textos de duas páginas, se metade da turma não
sabe o que significa “I ”(“Eu”), ou “I can do it”(“Eu posso fazer isso”). Por
experiência, no meu estágio de Licenciatura realizado em 2011, na Escola
Municipal Santos Dumont localizada no Município de Niterói, pude presenciar
alunos que na hora da prova me perguntaram o que era “I”, ou seja, o pronome
“eu” em Inglês. Coisa tão banal, básica que deveria já estar internalizada pelos
alunos.
Creio que isso deva acontecer todos os dias, pois existem professores
que não sabem planejar ou não estão dispostos a se comprometerem com o
planejamento das aulas, com base no ‘perfil’ dos alunos de escola pública e,
acabam exigindo muito além do possível diante da realidade, visto estes alunos
não terem formas de estudarem em casa, ou com outros adultos que possam
reforçar o conteúdo das aulas dadas durante o período para que assim
consigam no mínimo acompanharem as aulas oferecidas na escola.
3.2. Atuação na área privada
Na área privada a atuação do C.O é vista como imprescindível, pois o C.O
será o elo entre os alunos e os mantenedores da Instituição escolar. Visto que
geralmente os mantenedores deixarem a parte pedagógica totalmente nas mãos
do C.O.
O C.O como gestor educacional irá gerir um programa amplo que engloba
várias atividades, a saber: acompanhar os alunos faltantes, as reprovações, a
evasão, o teste de nivelamento, as provas, a recuperação, o planejamento de
atividades extras, as datas comemorativas, os painéis, os treinamentos,etc. O
C.O da Instituição privada também irá atuar como um gerente de vendas, pois
deverá ter em mente que dentro deste prisma de atuação a meta é o lucro e o
54
valor da marca na mídia é essencial, ou melhor dizendo: vital, visto que deverá
estar apto a administrar a captação e manutenção dos alunos matriculados, para
assim conseguir bater as metas estipuladas pelo mantenedor.
Abaixo iremos focar em pontos específicos do conteúdo a respeito da
prática de ensino de línguas.
Diferença entre ‘Learning’ e ‘Acquisition’
No ensino de línguas, há dois termos que indicam o processo pelo qual as
pessoas vivenciam quando passam a internalizar uma segunda língua: o
aprendizado da língua e a aquisição da língua.
O aprendizado da língua, ou como dizemos em inglês: ‘language learning’
é a maneira formal de aprender uma língua. Está ligado aos métodos
tradicionais existentes, onde o objetivo é o estudo da gramática e, se dá dentro
de Instituições escolares, ou seja, dentro de uma sala de aula.
A aquisição da linguagem refere-se à maneira natural de se aprender uma
língua, ou seja, na convivência social com pessoas que falam a língua alvo,
onde o aluno participa de forma ativa. É um processo inconsciente e intuitivo. O
aluno passa a internalizar as regras da gramática sem um estudo sistemático,
sem freqüentar aulas. Este método assemelha-se a maneira como as crianças
aprendem a língua materna, através de estímulos do meio.
Diferença entre ‘competence’ e ‘performance’
O que significa entender uma língua e usá-la com eficiência?
competência(competence) no conhecimento de uma língua é conhecer sua
gramática e vocabulário. E a habilidade (performance) é saber usar este
conhecimento em situações reais no dia a dia.
As 4 capacidades: ‘writing’, ‘speaking’, ‘listening’ and ‘reading’.
Estas capacidades traduzidas para o português se referem
respectivamente a: escrever, falar, ouvir e ler. Cada capacidade precisa de seu
método particular de ensino, pois cada uma depende de uma compreensão
cognitiva/pedagógica em específico. Por exemplo, na língua Inglesa os textos
não são escritos da mesma forma que em português, o uso do vocabulário e a
55
sintaxe usam outra estrutura e isso deve ser enfatizado nas aulas para que os
alunos estejam atentos as diferenças de estrutura entre as línguas. Na hora da
aprendizagem oral, o professor deverá explicar sobre o alfabeto fonético de
acordo com a tabela do IPA (alfabeto fonético internacional). Abaixo exemplos
dos símbolos fonéticos das vogais e consoantes:
A partir deste ponto, o aluno poderá decodificar qual a pronúncia de cada
palavra com o uso do dicionário, como nos exemplos da pronúncia das palavras
abaixo:
> now - /naʊ /
> tea – /tiː/
> shoe - / ʃuː/
Na aprendizagem da escuta(‘listening’), o professor deverá enfatizar que
os falantes nativos do Inglês costumam contrair certas palavras, ou grupos de
palavras, o que pode acarretar confusões na hora da aprendizagem para o aluno
iniciante. Alguns exemplos abaixo:
-‘I have’ por ‘I’ve’.
56
- ‘He is’ por He’s.
Na leitura, há dois pontos a considerar, ler em voz alta com a pronúncia
‘correta’ e o segundo ponto é ter a compreensão do que se lê. Na hora da leitura
em voz alta, o aluno deverá unir os conhecimentos do ‘listening’, ou seja, o
conhecimento armazenado do ‘input’ que recebeu que diz respeito à pronúncia
das vogais e consoantes, para que assim possa produzir ‘output’ de maneira
adequada dentro dos padrões fonéticos.
Outro ponto em questão é apreender se os alunos conseguem assimilar o
conteúdo dos textos. Basicamente as técnicas de leitura que existem podem ser
utilizadas em qualquer ensino de línguas, não somente no Inglês. Quanto mais o
aluno responder de forma correta sobre o conteúdo de um texto - ter
compreensão, mas poderemos supor que ele possui domínio do vocabulário e
da gramática.
As abordagens do ensino de línguas
Atualmente grande parte dos cursos livres de inglês estão fazendo uso da
abordagem chamada ‘Communicative Approach’, o famoso método chamado de
Abordagem Comunicativa. Porém, há inúmeras abordagens existentes nesta
área e, iremos descrever em poucas palavras um pouco sobre cada uma delas.
Pois vemos que na atuação do C.O de língua Inglesa é necessária uma
bagagem teórica dos métodos utilizados até agora, pois através do histórico das
abordagens, este conhecimento torna o C.O capaz de entender o passado dos
métodos de ensino de línguas, o presente e, porque não prever o futuro das
novas abordagens que surgirão.
# ‘Grammar-translation’
Segundo Stephen Krashen(1983), este método consiste na explicação
das regras gramaticais, da apresentação de um vocabulário com os termos nas
duas línguas, ou seja, no nosso caso, no português(L1) e no inglês(L2). E na
tradução nas duas direções, tanto do L1 para L2 quanto do L2 para o L1.
# ‘Audiolingual’
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De acordo com Krashen neste tipo de método a aula começa geralmente
com um diálogo, que contém as estruturas da gramática e o vocabulário a ser
aprendido no dia. É esperado que os alunos possam fazer mímica do diálogo e
repeti-lo em pequenos grupos através dos ‘drills’. Existem quatro tipos básicos
de ‘drills’: repetição, substituição, transformação e tradução. Abaixo um exemplo:
That’s a ___________(key, knife, pencil, etc.)
# ‘Direct method’
Krashen nos diz que este termo vem sendo usado par nomear vários
métodos, porém ele prefere referi-lo ao método específico de Sauzé. O método
foca no ensino indutivo da gramática. As atividades baseiam-se no exercício que
os alunos precisam fazer para adivinhar as regras gramaticais usadas durante a
conversa com o professor e os textos e áudio utilizados em sala.
# ‘Natural approach’
De acordo com Krashen este método foi desenvolvido por Tracy Terrell na
Universidade da Califórnia. Coloca a idéia de que a aprendizagem pode
acontecer sem uma explicação da gramática e sem a cobrança dos erros,
baseando seu foco no significado em si. O professor irá falar somente a segunda
língua(L2) dentro de sala de aula, ou seja, no nosso caso o inglês.
# ‘Total Physical response’
Este método segundo Krashen foi desenvolvido por James Asher. E
envolve a resposta pelos alunos de comandos dirigidos pelo professor. Onde os
estudantes só são encorajados a falar quando se sentirem preparados. Nos
primeiros meses de aula as atividades estarão divididas como indicamos a
seguir:
- 70%, compreensão auditiva, obedecendo aos comandos;
-20%, falando;
-10%, lendo e escrendo.
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# ‘Suggestopedia’
É um método desenvolvido pelo Educador Psiquiatra Búlgaro Georgi
Lozanov. É baseado na aprendizagem sistemática não racional ou não
consciente.
# ‘Communicative approach’
Geralmente é confundido com o ‘natural approach’, pois também coloca
seu foco no significado em si. Esta baseada no uso da língua dentro de um
contexto. Neste método, o ensino da língua não é baseado na gramática e na
pronúncia ‘perfeita’, mas na habilidade de se fazer entender de forma apropriada
usando a nova língua.
# ‘Lexical approach’
Esta abordagem foca o ensino no léxico, ou melhor, no vocabulário, na
combinação de palavras, ao invés da aprendizagem de palavras soltas. Foi
desenvolvido por Michael Lewis nos início da década de 90. Lewis com esta
abordagem nos faz olhar a gramática por um novo ponto de vista. Em sua obra
vemos a idéia de que a língua não é uma gramática lexicalizada, ao contrário
disso, a língua é o léxico gramaticalizado. Para Lewis, aprender gramática sem o
conhecimento lexical seria ineficiente e como demonstra não produz resultados
satisfatórios.
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CONCLUSÃO
A figura de um Coordenador pedagógico me lembra uma história, de um
homem que sai de sua aldeia e à medida que sobe a montanha passa a ter uma
visão diferente de sua cidade. Lá do alto da montanha ele pode observar os
limites da aldeia, exatamente onde começa e onde termina. Onde a ponte está
com problemas, o parque instalado logo depois da praça central, que a Igreja
tem a maior torre da cidade e vários outros detalhes. O homem passa a pensar
então, nas coisas que gostaria de mudar, que pudessem trazer maiores
benefícios para a população. O C.O é como este homem que observa tudo de
um ponto estratégico tem uma visão do todo e, a partir daí pode assim ter idéias
de como gerir mudanças significativas para sua Instituição escolar.
Neste trabalho tentamos direcionar o caminho que deve percorrer o
Coordenador Pedagógico em sua jornada rumo a uma atuação de excelência.
Visto que sua formação deve ir além dos conteúdos de administração e
pedagogia no intuito de se tornar um Gestor escolar. Um gestor que saiba a
diferença entre autoridade e liderança e, também de cidadania e sucesso, dentro
da escola e no mundo lá fora.
60
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Laurinda R; PLACCO, Vera M.N.S(Org.).O coordenador pedagógico
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ÍNDICE
65
FOLHA DE ROSTO 1
AGRADECIMENTO 2
DEDICATÓRIA 3
EPÍGRAFE 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O perfil do coordenador pedagógico 10
1.1- As demandas do mercado de trabalho: currículo e carreira 10
1.2 - As habilidades e competências do C.O 13
CAPÍTULO II
A formação do Coordenador pedagógico 25
2.1 - As bases da administração escolar: gestão escolar,
planejamento, Projeto político-pedagógico e políticas públicas 26
2.2 – As bases da Supervisão escolar: perspectiva histórica,
Mediação, formação continuada de professores e avaliação 39
CAPÍTULO III
Atuação do coordenador pedagógico da Língua Inglesa 48
3.1 Atuação na área pública 50
3.2 Atuação na área privada 54
CONCLUSÃO 59
BIBLIOGRAFIA 60
ÍNDICE 65
FOLHA DE AVALIAÇÃO 66