DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Brasil - capitaneado por ... ampliada sobre esse...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO, A
FORMAÇÃO DOS PROFESSORES E O FUTURO DA
EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA
Fabio Eduardo M. de Paula
Orientadora
Mônica Ferreira de Melo
RIO DE JANEIRO
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO, A FORMAÇÃO
DOS PROFESSORES E O FUTURO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
BRASILEIRA
Apresentação de
monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial
para obtenção do grau de
especialista em Docência do Ensino
Superior
Por: Fabio Eduardo Marques de Paula
3
AGRADECIMENTOS
A minha esposa Rosana, por acreditar em minha
capacidade, meus amigos Assis, Guedes, Reis,
Sidnal e Valnei, por facilitarem minhas “fugas” do
trabalho no intuito de cumprir horários do curso, e
a minha cunhada Roseane, por dar-me suporte
logístico ímpar em um momento extremamente
necessário, facilitando muito a execução deste
trabalho.
A todos, obrigado!
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DEDICATÓRIA
Evidentemente, não há como mensurar
a importância de uma carreira de trabalho ou de
outra dentro da sociedade, mas algo deve ser
visto como senso comum: antes de qualquer um
ser bem sucedido dentro da que escolheu para
exercer, tem necessariamente que passar pelos
bancos escolares. Então, não seria a profissão
docente mais importante que as demais?
Assim, dedico este trabalho a todos
que como eu, tem na profissão docente a sua
realização profissional e em especial, a minha
primeira professora – A Pedagoga Lucia Marques
de Paula.
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RESUMO
Este trabalho se pré-dispõe, sem querer ser a voz da verdade, a
mostrar discrepâncias no ensino brasileiro em seus vários níveis (fundamental,
médio e superior), como são formados os professores (os responsáveis diretos
pelo processo educacional), identificar as dificuldades da profissão docente no
Brasil - capitaneado por tópicos específicos ao ensino da matemática, além de
tentar apontar caminhos e medidas que possam ser tomadas, dando exemplos
que podem e devem ser analisados e seguidos e passando uma lupa em
questões vitais para a evolução do país, ratificando assim, um dos objetivos de
um curso de pós-graduação que é a formação de indivíduos questionadores e
com conhecimentos para propor novas abordagens sobre os variados temas
que pertençam a sua área de conhecimento intrínseca.
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METODOLOGIA
Haja vista a expansão da internet, implementando uma facilidade
na pesquisa de modo geral, este trabalho foi elaborado em grande parte
através da pesquisa em material impresso (livros, periódicos, revistas e etc),
citados na bibliografia, com destaque para os autores Lauro de Oliveira Lima,
Paulo Ghiraldelli Jr e Paulo Freire, através de leitura tenaz dos mesmos, no
sentido de captar não apenas as informações descritas pelas palavras, mas
também, as mensagens sublinhares.
Além disso, a programação dos canais televisivos ligados
diretamente à cultura, as conversas com professores do curso, com outros
profissionais renomados na área de educação e também a grande rede
mundial de computadores foram fatores importantes na arrecadação de
material destinado à confecção desta obra.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – O PANORAMA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
11
CAPÍTULO II – A DESVALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO DOCENTE
20
CAPÍTULO III – AS DIFICULDADES ESPECÍFICAS DA
MATEMÁTICA 27
CAPÍTULO IV - A QUESTÃO DO ENSINO SUPERIOR 31
CONCLUSÃO 38
ANEXOS 41
ÍNDICE 48
8
INTRODUÇÃO
O fracasso escolar tem sido amplamente discutido em diversos
trabalhos acadêmicos, bem como nas conversas cotidianas de todos.
Diferentes aspectos que se relacionam com esse tema são analisados, numa
tentativa de mapear as muitas variáveis envolvidas que, articuladas, nos
permitem compreender a situação que vive a escola brasileira hoje. Do
macrossocial ao microssocial, questionam-se os métodos pedagógicos, a
interferência das políticas públicas propostas para a educação, a formação dos
professores as influências socioeconômicas, dentre outras questões relevantes
e polêmicas que se entrelaçam, na busca de contribuir para uma visão
ampliada sobre esse assunto.
A educação, em seus diferentes segmentos – da educação Infantil
aos níveis superiores de graduação, passa por um momento de grande
reformulação, em que os pilares nos quais tem se sustentado até hoje são
postos em questão: sua identidade, sua função, seus instrumentos, enfim, tudo
que concerne ao seu funcionamento é questionado à luz dos novos
paradigmas impostos pelas mudanças socioculturais, políticas e econômicas
da atualidade. É preciso pensar criticamente o papel e a função da escola que
se quer, em oposição a uma escola regida pelas leis do mercado: democrática,
não-tecnicista, lugar de produção cultural, espaço de socialização do saber, de
debate e crítica social. Uma escola que não ignore as enormes diferenças
socioculturais e econômicas, e que possa fazer de seu “palco” lugar de
enfrentamento; onde seja possível procurar caminhos que possa favorecer um
olhar reflexivo e crítico sobre a situação de nosso país, para que aqueles que
não possuem um alto status social, que têm sua cultura desvalorizada, que
sofrem com o preconceito possam se ver como sujeitos construtores de suas
histórias, vislumbrando espaços de resistência e luta.
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Compreender o contexto em que vivemos é fundamental para
pensarmos a escola que temos, a que desejamos e a que podemos construir,
nas brechas do sistema. Para que um projeto educativo consciente seja
elaborado e executado, é preciso que se debruce sobre a formação dos
professores. È no âmbito da formação que podemos aprofundar reflexões e
ações eficazes, consciente, buscando rumos para a educação de hoje.
É no espaço da formação que podemos colocar em debate as polêmicas
de nosso tempo, refletindo sobre os caminhos da práxis, definindo o papel da
escola e do professor, garantindo assim uma educação voltada para todos e
que considere as diferenças da população.
Na história republicana, o Estado tem agido “como controlador da
cidadania das classes trabalhadoras, a cidadania regulada ou a fórmula
corporativa que, dissimulando o caráter excludente do sistema político, abre
apenas canais de participação política controlados pelo Estado, restringindo a
movimentação de grupos sociais” (Arroyo, 1987). Assim, a escola é uma
instituição destinada a promover a expectativa de ascensão social e o
crescimento individual, tanto quanto o social. É um laboratório de vida social
em que o educando formula atividades morais básicas, desenvolve relações
sociais apropriadas, adquire conhecimentos acadêmicos, cultiva habilidades
fundamentais e refinadas, destinadas ao aprimoramento da sociedade
democrática que idealizamos. Seu espaço físico deve ser o mais apropriado e
aparelhado possível para o desenvolvimento dos fins a ele destinados. Se a
educação é, em última análise, um processo social, o papel do professor está
profundamente vinculado à cultura de sua época e de seu povo, sofrendo a
influência das expectativas sociais em torno da perpetuação, da mudança ou
do aprimoramento dos valores dessa cultura. As atividades escolares devem
ser planejadas, não apenas tendo-se em vista o desenvolvimento de cada
aluno, em separado, mas também a significação social que possam ter essas
atividades.
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Visto isto, cabe ao professor e à escola, fixar os objetivos das ações
educativas de acordo com as conveniências sociais, alcançando-os por meio
de experiências propostas, segundo as necessidades de ação e de expressão
do educando. Se é, realmente, a experiência que educa, então o aluno deve ter
sua aprendizagem facilitada e lhe devem ser proporcionadas oportunidades
freqüentes para o desenvolvimento de experiências ricas e significativas.
Professores de todas as áreas devem prover o educando de meios para que
ele atinja os objetivos necessários e, destacando-se o ensino da matemática,
esses objetivos têm de interagir com cotidiano dos alunos de maneira positiva,
visto a dificuldade em decorrência de motivos variados, que a grande maioria
tem de assimilar os conteúdos desta e das demais matérias.
Assim, estaremos reinventando a cada dia a educação por ser ela a
formadora não apenas do sujeito-cidadão, mas da cultura da sociedade, da
qualidade da democracia que irão caracterizar o Estado, o Povo e a Nação.
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CAPÍTULO I
O PANORAMA BRASILEIRO
1.1 Histórico da escola brasileira
Até o ano de 1808, ocasião em que chegou à Colônia a Família Real
Portuguesa, escorraçada por Napoleão, eram proibidos no Brasil, jornais,
circulação de livros, associações, discussão de idéias, agremiações políticas,
escolas e bibliotecas, além de qualquer outra forma de movimento cultural ou
de produção livre de bens, sendo as opiniões controladas pela Inquisição
Peninsular. Durante 259 anos, de 1500 a 1759, os jesuítas montaram, quase
clandestinamente, uma “rede escolar”, de caráter estritamente profissional
(preparação de clérigos e de amanuenses para a colônia das Companhias de
Comércio e Navegação), que nunca alcançou número superior a 3000 (três mil)
alunos. Rizzini observou que “as escolas jesuítas nem se destinavam
propriamente ao ensino, nem eram públicas. O seu fim estava no proselitismo e
no noviciado, em instruir os de casa e em despertar a vocação nos de fora (...).
Excepcionalmente, as escolas abriam-se aos rapazes talentosos, embora
pobres e sem nome. Mais tarde, abriram-se também aos brancos nativos, nas
condições de europeus. Quanto a mamelucos e mulatos, jamais tiveram nelas
ingresso¨. Em 1759, Pombal, o poderoso ministro anticlerical, expulsou da
Colônia os padres jesuítas, acabando com este tipo de instituição de ensino,
por mais limitada que fossem. Desde então, até 1889 (proclamação da
república), a Colônia deixou de ter escolas mesmo para a rarefeita elite de
colonizadores que, constituída de mascates, transportou seus filhos para os
portos, mandando-os estudar na Europa. As exceções foram a Fameb
(Faculdade de Medicina da Bahia), criada em 18 de fevereiro de 1808 e a
Escola de Anatomia, Cirurgia e Medicina, a atual UFRJ, criada em 5 de
novembro desse mesmo ano.
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Com a proclamação da República, os militares positivistas
instituíram o Ministério da Instrução Pública, viabilizando assim, a volta quase
clandestina das “companhias religiosas” que foram se instalando em todo
território, ao lado dos raros liceus públicos leigos, iniciativa das províncias do
Império.
De 1889 a 1930, enquanto as ordens religiosas se reinstalavam, o
país ficou sem um “ministério da educação” – a educação nacional era
controlada, et pour cause, por um departamento do Ministério da Justiça. Em
1930, cria-se o Ministério da Educação, que passa a organizar o sistema
educacional brasileiro, inclusive com a Constituição de 1934 determinando que
a União e os municípios aplicassem no mínimo de 10% e os Estados e o
distrito Federal, nunca menos de 20% da renda dos impostos no sistema
educativo.
Porém, a partir de 1937, o Estado Novo se desincumbiu da
educação pública através de sua legislação máxima, assumindo apenas papel
subsidiário. Com o artigo 130, ele forneceu indícios de não desejar carrear os
recursos públicos provindos de impostos para a democratização das
oportunidades de educação para a população. Pelo contrário, deixou
transparecer a intenção de que os mais ricos, diretamente, é que deverial
financiar a educação dos mais pobres, institucionalizando-se assim, a escola
pública paga e a esmola obrigatória através da caixa escolar.
“Artigo 130 – O ensino primário é obrigatório e gratuito. A
gratuidade, porém, não exclui o dever de solidariedade dos
menos para com os mais necessitados; assim, por ocasião
da matrícula, será exigida aos que não alegarem, ou
notoriamente não puderem alegar, escassez de recursos,
uma contribuição módica e mensal para a caixa escolar”.
Paulo Guiraldelli Junior – História da educação, pág. 82
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Inclusive, a Carta de 37 simplesmente não legislou sobre dotação
orçamentária para a Educação. Enquanto a Carta de 34 exigia concurso
público para o magistério oficial, a Constituição de 1937 desconsiderou a
questão. Durante o Estado novo (1937 a 1945) até 1946, foram também
emitidas uma série de decretos-leis ou leis orgânicas do ensino chamadas de
Reforma Capanema, consubstanciadas em número de seis, que ordenavam o
ensino primário, secundário, industrial, comercial, normal e agrícola, com
destaque para a criação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP),
do Instituto Nacional do Livro, do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional e o Sistema “S”: SENAI e SENAC (o sistema de ensino
profissionalizante instituído pela Reforma Capanema não atendeu aos
interesses imediatistas da industrialização crescente. Nessa época o país
modernizava-se rapidamente e o parque industrial exigiu uma qualificação de
mão de obra que o sistema público de ensino profissional, não poderia fornecer
em curto prazo. Além do mais, as classes médias, que procuravam a escola
pública, não estavam interessadas na profissionalização precoce. Alimentadas
pelo desejo de ascensão social de modo individual, as classes médias se
esforçavam para manter os filhos no ensino secundário, propedêutico ao
ensino superior. Diante disso, o governo criou um sistema de ensino
profissionalizante em paralelo com a rede pública. Foram o SENAI, em
convênio com a Confederação Nacional das Indústrias e o SENAC, em
convênio com a Confederação Nacional do Comércio. Mais ágeis e rápidos na
formação de mão de obra qualificada,tiveram um crescimento vigoroso após o
término da ditadura varguista. Além do mais, no SENAI e no SENAC, ao
contrário da rede pública de ensino profissionalizante, os alunos passaram a
receber um salário para estudar e iniciaram treinamento nas próprias
empresas, o que tornou essa rede de ensino mais atrativa para as classes
populares).
De acordo com a Constituição de 1946, a União deveria fixar as
“diretrizes e bases da educação nacional”. Para tal foi constituída uma
comissão de educadores para a elaboração de um projeto para a LDBEN.
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De 1947 a 1961 tramitou o projeto que deveria reformular a estrutura
educacional brasileira deixada pelo Estado Novo, com defensores árduos do
ensino público e partidários da escola privada se conflitando, até que 61, o
projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – Lei
4024/61) foi aprovado pelo Senado e sancionado pelo Presidente da
República. Projeto este que foi, segundo Anísio Teixeira uma “meia-vitória, mas
vitória”, dada polarização da sociedade que ele efetuou.
Essa lei acabou sendo em grande parte responsável pela integração
dos intelectuais jovens nos movimentos de educação popular (MEB, CPCs,
MCP, etc) do início dos anos 60.
No período de ditadura militar, a educação brasileira experimentou
algumas medidas totalmente incoerentes e desastrosas, por conta da falta de
experiência dos militares em administrar a sociedade civil, pela influência dos
governo americano na soberania do Estado brasileiro e pela ausência de
oposição. Dentro dessas medidas, tivemos a criação do Movimento Brasileiro
de alfabetização (MOBRAL) em 1967, que para se fazer passar por eficaz,
chegou mesmo a dizer que poderia utilizar-se do “método Paulo Freire
desideologizado”. Evidentemente, isso era um absurdo, dado que o método
Paulo Freire autêntico não poderia conviver com uma educação que não
conscientizasse a partir da constatação e denúncia do modelo econômico
concentrador de renda que, de fato, atingiu duramente justamente a clientela
do MOBRAL.
A aprovação, sob pressão do Executivo da “Lei Suplicy” (Lei
4464/64) que extinguiu a União Nacional dos Estudantes (UNE) e demais
entidades representativas, assegurando novas formas de representação de
mais fácil controle governamental.
A ditadura militar também montou, a partir da orientação dos
acordos MEC-USAID, uma reorganização legislativa da educação brasileira,
15
através das Leis 5540/68 e 5692/71. A substituição da ideologia nacionalista-
desenvolvimentista pela ideologia do desenvolvimento com segurança, não
destoante do modelo econômico desnacionalizante, era um dos objetivos
centrais do governo, o que justificava o cerceamento da universidade. Os
estudantes, por sua vez, mesmo vivendo sob ditadura, insistiram numa
bandeira antiga: a reforma universitária. Como a universidade tornou-se
rapidamente, um pólo de resistência ao regime, o governo Costa e Silva
percebeu que medidas policialescas não eram suficientes para conter a onda
de protestos e, utilizando-se do velho raciocínio elitista de promover reformas
que se adiantam à organização da clientela realmente interessada em
mudanças, tratou de criar o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária
(GRTU), que entregou em outubro de 1968, o projeto de reforma universitária
ao Congresso mutilado, que a aprovou. Essa lei criou a departamentalização e
a matrícula por disciplinas, instituindo o curso por créditos e instituiu o curso
parcelado, completando uma estrutura pouco viável para um ensino
universitário eficaz. Adotou o vestibular unificado e classificatório e criou a
mentalidade empresarial dentro das escolas (como queriam técnicos
americanos arrolados para a execução do projeto). O slogan “vista a camisa de
sua empresa” passou a vigorar na universidade como ‘vista a camisa de seu
departamento”.
Os velhos princípios de taylorização, presentes nas teorias de
administração de empresas aninhadas nas cabeças dos teóricos americanos e
brasileiros responsáveis pela reforma universitária, sustentaram a introdução
da sistemática do parcelamento do trabalho na universidade. A racionalidade,
eficiência e produtividade, desejadas em qualquer empresa, foram exigidas na
universidade, desconsiderando-se as especificidades da educação e das
atividades de ensino e pesquisa em geral. Com isso, conseguiu-se a
fragmentação do trabalho escolar e, ainda, a dispersão dos alunos pelo
sistema de créditos provocando a despolitização e a impossibilidade de
organização estudantil a partir do núcleo básico que era a ‘turma’.
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Já a Lei 5692/71 agrupou os cursos primário e ginasial em ensino de
1º grau, fixando o núcleo comum, fazendo desaparecer a divisão entre
Português, História, Geografia, ciências Naturais, etc e colocando no lugar
“Comunicação e Expressão, “Estudos Sociais” e “Ciências”. O 2º grau, por sua
vez, tornou-se integralmente profissionalizante. O Conselho Federal de
Educação relacionou 130 habilitações técnicas que poderiam ser adotadas pela
escola para seus respectivos cursos profissionalizantes (depois este número
subiu para 158). As escolas particulares, preocupadas em satisfazer os
interesses da sua clientela, ou seja, propiciar o acesso ao 3º grau,
desconsideraram tais habilitações e continuaram a oferecer o curso colegial
propedêutico à universidade. As escolas públicas, obrigadas a cumprir a lei,
foram desastrosamente descaracterizadas. Mas o maior equívoco dessa lei, foi
que tendo transformado todo o 2º grau em profissionalizante, acabou
desativando a Escola Normal, transformando o curso de formação de
professores de 1ª a 4ª série na “Habilitação Magistério”, que na prática passou
a ser reservada aos alunos que, por suas notas mais baixas, não conseguiam
vagas nas outras habilitações que poderiam encaminhar para o 3º grau. Essa
profissionalização perdurou até 1986, quando o general Figueiredo, através da
Lei 7044/82, substituiu a “qualificação para o trabalho” por “preparação para o
trabalho”. Essa lei foi reconhecimento público da falência da política
educacional da ditadura e a demonstração de que atitudes e planos
tecnocráticos haviam colocado o governo numa situação de distanciamento
para com a maior parte da sociedade, até mesmo as classes dominantes.
Em 20 de dezembro de 1996 foi publicada a Lei 9324/96, para
atender a exigência constitucional de uma legislação específica para tratar das
diretrizes básicas da educação nacional. Ao contrário da lei anterior (Lei
5692/71), a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) apenas traz os
princípios gerais da Educação Nacional, deixando a possibilidade para que
cada sistema de ensino melhor adapte o ensino à sua situação específica.
Essa lei surgiu de uma proposta legislativa do Senador Darci Ribeiro e, por
isso, costuma ser chamada de “lei Darci Ribeiro” por esse motivo.
17
1.2 O papel do professor
A palavra reforma, sempre presente no vocabulário educacional,
é definida em âmbito internacional como “uma iniciativa do Estado que
estabelece objetivos e critérios claros e ambiciosos, recorre a todas as
instâncias políticas para apóia-la, estimulando iniciativas no nível das escolas e
mobilizando recursos humanos e financeiros para sustentar as mudanças
propostas” (Timpane e White, 1998).
É claro que o professor exerce um papel fundamental na educação
do ser humano, porém, há outros fatores (família, grupo social a que pertence,
bagagem cultural) que são diretamente ligados a este contexto e não podem,
nem devem, ser esquecidos no cômputo final da educação.
Dessa maneira, vê-se na atual realidade, certa inversão de valores:
muitos jovens sem uma estrutura adequada ao aprendizado acadêmico e à
formação cultural pouco suportada pela família. A mídia, principalmente a
televisão que é um dos maiores formadores de opinião (se não o maior) em
nosso país, trabalhando em prol da contra-cultura, desqualificando boas ações,
apresentando maus exemplos cotidianamente, enaltecendo atividades erradas
e diminuindo as instituições pilares da sociedade. O governo que exerce seu
papel de maneira pífia e dissimulada, maquiando estatísticas e dados em geral,
além de não incentivar a cultura e a educação de forma efetiva, somente com
soluções paliativas, panfletórias e que não apresentam resultados satisfatório a
longo prazo. Um exemplo claro pode ser visto na questão da leitura. Uma
pesquisa encomendada por oito entidades ligadas ao mercado brasileiro de
livros mostra que o brasileiro gasta apenas 0,05% de seu orçamento com livros
não didáticos. Se considerados os didáticos, revistas e jornais, dicionários,
apostilas, livros técnicos e religiosos, o total vai para 0,5%. Ou cerca de 4,7
livros didáticos por ano. Numa comparação com outros países pesquisados, o
brasileiro lê menos que os espanhóis ( 5 livros), os argentinos (5,8 livros) e os
franceses ( mais de 7 livros didáticos lidos por ano). No Brasil, o governo não
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se preocupa em produzir livros com preços que caibam na realidade
orçamentária da maioria da população e ainda, distribui livros didáticos com
conteúdos inadequados, errados e fracos.
O Estado Brasileiro investe em educação, menos de 4,5% do PIB e
tenciona a ampliação progressiva até atingir o mínimo de 7% do produto
interno bruto, com revisão desse percentual em 2015.
Em nações que primam por uma educação de excelência, como a
Dinamarca, por exemplo, pode-se aferir investimentos na ordem de 9% (isto
para uma população de 5,5 milhões de pessoas – quase 35 vezes menor que a
do Brasil!). O índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) – criado
em 2007, mostra que a média brasileira é 4,6 nos anos iniciais do ensino
fundamental (primeiro ao quinto ano). A meta é chegar a 6 (em uma escala até
10) e também elevar a média dos resultados em matemática, leitura e ciências
obtidos nas provas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa),
de pífios 395 para 473, em 2021(!).
Observe o declínio que acontece na OAB-RJ
VI Exame de ordem unificado
8.278 inscritos na 1ª fase – passaram na 2ª fase 2.124 (26,39%)
VII Exame de ordem unificado
9.167 inscritos na 1ª fase – passaram na 2ª fase 1565 (17,58%)
Por esse prisma, é facilmente constatável que não há por aqui, um
comprometimento dos governantes com a evolução real da educação. Em
2008, o governo federal alardeou investimentos da ordem de R$ 7 bilhões para
serem utilizados na criação de salas de informática em escolas públicas de
todo o país. Tal fato seria razoável, se não houvesse um porém: muitas dessas
escolas agraciadas com os computadores não tinham nem uma modesta
biblioteca e nem pessoal qualificado para gerenciar este material. Isto é
queimar etapas. Se o jovem não sabe ler direito ou sequer consultar um
dicionário, como já vai direto utilizar o computador? Cria-se uma lacuna que
dificilmente será preenchida. Criou-se em 2009, um programa no Estado do Rio
19
de Janeiro, para agraciar professores da rede estadual de ensino com laptops,
mas não lhes foi dado treinamento para o uso satisfatório e os aparelhos além
de ser de qualidade inferior, não possuem local credenciado para manutenção
técnica.
Evidencia-se com isto a falta de comprometimento da esfera máxima
da administração pública com o resgate da educação brasileira, com o
desenvolvimento de nosso povo e, também, o caráter marqueteiro da medida.
O Japão saiu de uma situação de caos geral e irrestrito ao final da segunda
guerra mundial para a potência que é atualmente, com investimentos maciços
em educação. Lá quase todos os estudantes concluem o equivalente ao ensino
fundamental e médio brasileiros, e no ensino superior, há uma taxa de acesso
de cerca de 50%. Tudo com o gerenciamento das autoridades competentes. A
Coréia do Sul vive um “excesso de educação”: as famílias, mesmo as de baixa
renda, fazem de tudo para propiciar educação aos seus jovens e como os
estudantes lá tem uma carga horária média de 8 horas de estudo por dia,
facilmente chegam ao ensino superior e todos estão se qualificando em nível
de excelência, com vários partindo para estudar nas melhores universidades do
mundo (Harvard, MIT, Oxford, Souborne).
Talvez seja o caso do Brasil interagir com especialistas desse país e
de outros que tem a educação como prioridade, estudar os bons exemplos e
moldá-los para que tenham aplicabilidade efetiva por aqui (como fez a
Finlândia, na década de 70 e hoje em dia é top 5 no Pisa) .
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CAPÍTULO II
A DESVALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO
DOCENTE
2.1 A formação do professor
Infelizmente no Brasil, a formação do professor, uns dos pilares
primordiais da sociedade, não recebe o verdadeiro valor a que tem direito e
encontra-se seriamente deficiente: o Curso de Formação de Professores,
Modalidade Normal em Nível Médio, incrivelmente, não é sequer classificado
como curso técnico. Ele é tido como uma "variante" do Curso de Formação
Geral(!!).
A formação universitária dos professores não é somente uma
necessidade da função educativa, mas o único meio de, elevando-lhes em
verticalidade a cultura, e abrindo-lhes a vida sobre todos os horizontes,
estabelecer entre todos, para a realização da obra educacional, uma
compreensão recíproca, uma vida sentimental comum e um vigoroso espírito
comum nas aspirações e nos ideais. Se o estado cultural dos adultos é que dá
as diretrizes da formação da mocidade, não se poderá estabelecer uma função
e educação unitária dos jovens, sem que haja unidade cultural naqueles que
estão incumbidos de transmiti-las. Não há o feiticismo, mas o princípio da
unidade que reconhece-se não ser possível senão quando se criou esse
“espírito” esse “ideal comum”, pela unificação, para todos os graus do ensino,
da formação do magistério, que elevaria o valor dos estudos, e corrigiria, tanto
quanto humanamente possível, as injustiças da situação atual. Os professores
do ensino fundamental e médio, assim formados, em escolas ou cursos
universitários, sobre a base de uma educação geral comum, dada em
estabelecimentos de educação secundária, não fariam senão um só corpo com
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os do ensino superior, preparando a fusão sincera e cordial de todas as forças
vivas do magistério.
2.2 O lado financeiro
Segundo Freire, a respeito do compromisso do profissional (de
educação) com a sociedade, “se de seu compromisso como homem, não pode
fugir, fora deste compromisso verdadeiro com o mundo e com os homens, que
é solidariedade com eles para a incessante procura da humanização, seu
compromisso como profissional, além de tudo isto, é uma dívida que assumiu
ao fazer-se profissional”. No entanto, o próprio Estado inviabiliza este
compromisso pessoal buscado por todos da envolvidos com o ensino
profissionalmente. Os gestores do poder executivo e legislativo vivem
repetindo o mantra da ‘valorização dos professores’, mas na realidade isto é
uma verdadeira chacota. O governo tenta, desde a promulgação da lei
11738/2008, tabelar um piso salarial para os professores e agora, aumentá-lo
de valor, conforme nota abaixo divulgada no site do MEC, em 31/12/12:
O piso salarial do magistério deve ser reajustado em 7,97268%,
conforme determina o artigo 5º da Lei nº 11738, passando a ser no valor
de R$1.567. Conforme a legislação vigente, a correção reflete a variação
ocorrida no valor anual mínimo por aluno definido nacionalmente no
Fundeb de 2012 em relação a 2011.
(website do MEC)
No entanto, muitos estados da federação, recorreram até ao Supremo
Tribunal Federal para não pagarem essa quantia ‘enorme’ aos profissionais da
educação, com alegações inclusive de que o valor seria inviável para o
fechamento das contas.
22
Em jornal de grande circulação, foi estampada a seguinte matéria:
“Escolas municipais terão reforço de trainees” (jornal O Globo, 18/07/10). De
acordo com a matéria, município do Rio de Janeiro estaria se preparando, à
época, para implantar um programa internacional de formação de líderes em
educação, para universitários e profissionais recém-formados em qualquer área
de conhecimento, que participariam de um programa de trainee em colégios da
rede municipal de ensino, recebendo salários de R$ 2.500. Como pode o
governo municipal chancelar tamanha afronta aos professores? Este é um
retrato cruel da desvalorização dos profissionais em educação: um trainee, de
qualquer área de formação, que trabalharia em apoio aos professores,
receberia mais que esses mesmos professores. A única explicação para isso é
o desrespeito com esses profissionais. Em comparação salarial com outras
profissões de que exigem formação superior, a docência segue perdendo,
conforme mostra comparativo abaixo;
Profissão Rendimento mensal médio
(R$)
Dentistas-------------------------------------------------------3.322
Advogados----------------------------------------------------2.889
Jornalistas-----------------------------------------------------2.358
Farmacêuticos------------------------------------------------2.212
Arquitetos-----------------------------------------------------2.018
Enfermeiros---------------------------------------------------1.751
Biólogos-------------------------------------------------------1.719
Professores*---------------------------------------------------927
*entre os profissionais da educação básica. (Fonte: Pesquisa Professores do Brasil:
Impasses e desafios, com base em dados da PNAD 2009 – website do MEC)
Em qualquer edital de concursos que tenha vagas para docentes,
pode-se evidenciar esse absurdo do sistema. Nos últimos anos, tornou-se
comum a noção de que cada vez menos jovens querem ser professores. Um
estudo encomendado pela Fundação Victor Civita (FVC) à Fundação Carlos
Chagas (FCC) traz dados concretos e preocupantes: apenas 2% dos
23
estudantes do Ensino Médio têm como primeira opção no vestibular,
graduações diretamente relacionadas à atuação em sala de aula – Pedagogia
ou alguma licenciatura.
A pesquisa, que ouviu 1501 alunos de 3º. ano em 18 escolas
públicas de oito cidades, tem patrocínio da Abril Educação, do Instituto
Unibanco e do Itaú BBA e contou ainda com grupos de discussão para
entender as razões da baixa atratividade da carreira docente. Apesar de
reconhecerem a importância do professor, os jovens pesquisados afirmam que
a profissão é desvalorizada socialmente, mal remunerada e com rotina
desgastante.
O Brasil já experimenta as conseqüências do baixo interesse pela
docência. Segundo estimativa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apenas no Ensino Médio e nas séries
finais do Ensino Fundamental o déficit de professores com formação adequada
à área que lecionam chaga a 710 mil. E não se trata de falta de vagas. ‘A
queda de procura tem sido imensa. Entre 2001 e 2006, houve o crescimento de
65% no número de cursos de licenciatura. As matrículas, porém, se
expandiram apenas 39%’, afirma Bernadete Gatti, pesquisadora da Fundação
Carlos Chagas e supervisora do estudo. De acordo com dados do Censo da
Educação Superior de 2009, o índice de vagas ociosas chega a 55% do total
oferecido em cursos de Pedagogia e de Formação de Professores.
O estudo indica ainda que a docência não é abandonada logo de
cara no processo de escolha de uma profissão. No total, 32% dos estudantes
entrevistados cogitaram ser professores em algum momento da decisão. Mas,
afastados por fatores como a baixa remuneração (citado nas respostas por
40% dos que consideraram a carreira), a desvalorização social da profissão e o
desinteresse e desrespeito dos alunos (ambos mencionados por 17%),
acabaram priorizando outras graduações. O resultado é que enquanto
24
Medicina e Engenharia lideram as listas de cursos mais procurados, os
postulantes à carreiras da Educação aparecem bem abaixo.
Um recorte pelo tipo de instituição dá mais nitidez a outra face da
questão: o tipo de aluno que é atraído para a docência. Nas escolas públicas, a
Pedagogia aparece no 16º lugar das preferências. Nas particulares, apenas em
36ª. A diferença também é grande quando se consideram alguns cursos da
Escola Básica. Educação Física, por exemplo, surge em 5º nas públicas e 17º
nas particulares. “Essas informações evidenciam que a profissão tende a ser
procurada por jovens da rede pública de ensino, que em geral pertencem a
nichos sociais menos favorecidos”, afirma Bernadete. De fato, entre os
entrevistados que optaram pela docência, 87% são da escola pública. E a
grande maioria (77%), mulheres.
O perfil é bastante semelhante ao dos atuais estudantes de
Pedagogia. De acordo com o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
(Enade) de Pedagogia, 80% dos alunos cursaram o Ensino Médio em escola
pública e 92% são mulheres. Além disso, metade vem de famílias cujos pais
têm no máximo a 4ª série, 75% trabalham durante a faculdade e 45%
declararam conhecimento praticamente nulo em inglês. E o mais alarmante:
segundo estudo da consultora Paula Louzano, 30% dos futuros professores
são recrutados entre os alunos com piores notas no Ensino Médio. O
panorama desanimador é resumido por uma aluna de escola pública em Feira
de Santana, a 119 quilômetros de Salvador: “Hoje em dia, quase ninguém
sonha ser professor. Nossos pais não querem que sejamos professores, mas
querem que existam bons professores. Assim fica difícil”; por Thais, aluna de
escola particular em Manaus, AM: “Se por acaso você comenta com alguém
que vai ser professor, muitas vezes a pessoa diz algo do tipo: Que pena, meus
pêsames!” e, decisivamente por André, aluno de escola particular em Campo
Grande, MS: “Se eu quisesse ser professor, minha família não iria aceitar, pois
investiu em mim. É uma profissão que não dá futuro.”
25
Por outro lado, o próprio professor não valoriza sua profissão, nem
incute status a ela. Observando duas carreiras clássicas, vemos que no curso
de medicina, é pensamento comum que todos usem jaleco branco,
caracterizando sua carreira ligada à saúde, fazem festas representando o
curso, etc. Os estudantes de direito, a partir do meio do curso já são obrigados
a se apresentarem para as aulas em vestimentas que os designem como
advogados (embora os mesmos sejam bacharéis em Direito, ao terminar a
graduação) e portam-se como tais desde o início da graduação, além de terem
Conselhos fortes e que exigem impõem representatividade perante a
sociedade. Já os professores, muitas vezes são os mais “largados” das
faculdades. Normalmente assistem as aulas de chinelo, bermudas e/ou outros
tipos de vestimentas que não demonstram a dignidade e importância da função
que exercerão. O pior é que este costume é levado para a futura prática
profissional. É fácil encontrar profissionais ministrando aulas em trajes
incoerentes com o exercício profissional (e não só em sala de aula, mas
também em congressos, encontros, cursos específicos, etc.). Ninguém luta
pelos direitos do professor. A entidade responsável por isto não tem força
política nem representativa. Além disso, parece haver enraizado na sociedade
brasileira, inclusive entre os próprios professores, que a profissão tem uma
obrigação social a realizar. Se um professor cobra pra dar aulas particulares
para alguém de seu laço de amizades, muitas vezes recebe a alcunha de
mercenário. As pessoas acham que o professor tem que ensinar e pronto, não
sendo necessário o pagamento de pecúnia a este profissional, desde que ele
não esteja em uma instituição de ensino. Realmente, o mestre tem uma
obrigação social a realizar, no entanto, ela deve ser remunerada, a menos que
a priori, ela seja de cunho comunitário. O interessante é que paga-se a
consulta a um advogado. O mesmo acontece com uma ida ao médico. Mesmo
o flanelinha que não é dono da rua, não trabalha para as prefeituras e nem tem
sequer registro profissional, recebe o não lhe é de direito. O registro
profissional dos professores serve para que? Ganhar desconto na entrada do
cinema. O que mais se vê por aí, é gente sem registro, sem gabarito e que nem
são professores, dando aulas em diversas instituições (escolas, academias,
cursinhos variados e até em órgãos do governo), desmerecendo cada vez mais
26
os verdadeiros profissionais da educação. Sem contar a relação
professor/aluno. No primeiro dia de aula, o professor se apresenta como
Professor Fulano. Na próxima aula, se estabelece uma relação de proximidade
tão grande que o título (Professor) já é esquecido e passa-se a chamá-lo
apenas de fulano. Por que isso? Podem alegar que é para estreitar a relação e
facilitar o diálogo, mas alguém chama o seu médico, por exemplo, pelo primeiro
nome? E há alguma relação mais íntima do que com o médico?
27
CAPÍTULO III
AS DIFICULDADES ESPECÍFICAS DA MATEMÁTICA
3.1 O trauma da má formação
Tem sido longo e árduo, o caminho percorrido pela matemática no
sentido de superar a concepção de ser um conjunto de técnicas,
conhecimentos prontos e acabados, que é transmitido aos alunos de forma
mecânica e acrítica. Importam, nesta perspectiva, a solução de problemas
artificiais, a descoberta de respostas predeterminadas e obtidas por fórmulas e
equações com predominância da memorização de informações
descontextualizadas. Arcando com este tipo de concepção, os alunos têm sido
apontados, por seus professores e até por seus pais, como culpados pelo seu
próprio fracasso escolar. Entretanto, há ciência de que esse tipo de ensino gera
uma “ordem internalista”, isto é, cada tópico estudado se justifica pela
necessidade de compreensão de outros conhecimentos matemáticos
previamente hierarquizados e distantes da possibilidade de percepção dos
alunos.
O ensino da matemática, em relação aos saberes escolares
oferecidos aos estudantes, ao longo do tempo, tem sido mera transmissão de
conhecimentos dos professores aos discípulos, apresentando terminologia
própria e usando exemplos, muitas vezes, irreais que simplificam a situação
examinada, mas complicam para quem aprende. Esse tipo de abordagem, vem
sendo substituída por uma visão inovadora com a concepção de que todo
ensino precisa ser baseado em evidências, dando uma humanização maior ao
ensino matemático. Dessa forma, os alunos verão aplicações direta da matéria
em seu dia-a-dia e construirão links com os conteúdos de sala de aula, sem
traumas.
28
Dentro do status quo da educação brasileira, a parte que diz respeito
ao ensino da matemática, encontra-se numa situação grave, onde as matérias
são dadas a alunos que não gostam de matemática e que têm extrema
dificuldade de construir esses links. Observando-se alunos do Curso de
Formação de Professores do Ensino Médio, onde são formados os
profissionais responsáveis por iniciar as noções matemáticas, pode-se
constatar que muitos alunos(as) o terminam sem compreender perfeitamente
os conteúdos estudados relacionados diretamente à matemática, em
decorrência de sua diluição num currículo que compreende as Ciências da
Natureza, Matemática e suas Tecnologias, dificultando o repasse dessas
informações para seus futuros alunos e uma futura graduação em matemática.
O aluno brasileiro geralmente é ensinado a ter ‘medo’ de matemática. Essa
situação ocorre, geralmente, pelo limitado grau de conhecimento observado
nos professores das séries iniciais. Dessa forma, eles amedrontam a criança e
o trauma com a matemática muitas vezes, segue por toda vida acadêmica.
A anedota corrente no mundo virtual e abaixo reproduzida, reflete o
quão catastrófico está o patamar do ensino brasileiro e, por conseqüência, da
matemática, a partir da decrescente exigência de um saber matemático
específico e da crescente amplificação de cobrança de noções gerais apenas:
1.Ensino da matemática em 1950:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de
produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?
2. Ensino da matemática em 1970:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de
produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro?
3. Ensino da matemática em 1980:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de
produção é R$ 80,00. Qual é o lucro?
29
4. Ensino da matemática em 1990:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de
produção é R$ 80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
()R$20,00 ()R$40,00 ()R$60,00 ()R$80,00 ()R$100,00
5. Ensino da matemática em 2000: Um lenhador vende um carro de
lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. O lucro é de R$ 20,00.
Está certo?
() Sim ()Não
6. Ensino da matemática em 2009:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de
produção é R$ 80,00. Se você souber ler, coloque em X no R$ 20,00.
()R$ 20,00 ()R$ 40,00 ()R$ 60,00 ()R$ 80,00
7. Ensino de matemática em 2012:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de
produção é R$ 80,00. Se você souber ler, coloque em X no R$ 20,00. (Se você
é afrodescendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social, não
precisa responder):
()R$ 20,00 ()R$ 40,00 ()R$ 60,00 ()R$ 80,00
3.2 A presença da matemática no cotidiano
A matemática, além de seu papel acadêmico, tem destaque na vida
cotidiana em todos os setores da sociedade. Todos devem saber contar, ver as
horas, contabilizar dinheiro, além de ser uma coadjuvante importantíssima em
várias carreiras (engenharias, contabilidade, informática, etc). Da maneira em
que se encontra o ensino brasileiro, as funções básicas e o aporte acadêmico
propiciado pela matemática, encontram-se comprometidos. Deve-se
urgentemente investir numa retomada de qualidade do ensino, a partir da
anulação de, por exemplo, a restrição do uso de tecnologias (calculadores,
celulares multifunções, palms, etc) por parte dos educandos, exigindo dos
30
deles, uma vivencia maior dos conteúdos básicos da matéria, tais como
operações matemáticas básicas, tabuada, noções de medidas, etc. Os próprios
alunos que por comodidade utilizam tais recursos, devem abdicar dos mesmos
para realizar as tarefas matemáticas que embora possam parecer trabalhosas,
exercerão papel de suma importância em sua vida acadêmica e não
acadêmica.
O brasileiro é um povo que apresenta aptidão para a matemática,
o que ocorre é uma má administração dos conteúdos lecionados. A matemática
acaba exercendo o papel de ‘bicho-de-sete-cabeças’ da formação acadêmica.
Todo mundo conhece ou já ouviu falar de alguém que seja analfabeto. Agora,
quem conhece alguma pessoa que não conte dinheiro? Não escolha ônibus
para embarcar apenas pelo número da linha? Tais fatos denotam que há que
se redimensionar a práxis para uma maior democratização da compreensão
dos conteúdos desta matéria.
31
CAPÍTULO IV
A questão do ensino superior
4.1 Programas de ingresso no Ensino superior
A Universidade, que se encontra no ápice de todas as instituições
educativas, está destinada, nas sociedades modernas a desenvolver um papel
cada vez mais importante na formação das elites de pensadores, sábios,
cientistas e educadores, de que elas precisam para o estudo e solução de suas
questões científicas, morais, intelectuais, políticas e econômicas, além de ser
uma grande porta para a mobilidade social. De acordo com o Artigo 43 da LDB,
a educação superior tem por finalidade dentre outros propósitos, estimular a
criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento
reflexivo e formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos
para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua. Assim, o ensino superior torna-se o formador da mão de obra
qualificada e gerenciadora de que tanto precisa um país em vias de
desenvolvimento.
O ensino superior é alvo do governo através da Secretaria de
Educação Superior (Sesu), unidade do Ministério da Educação responsável por
planejar, orientar, coordenar e supervisionar o processo de formulação e
implementação da Política Nacional de Ensino superior. Além disso, a Sesu
também é responsável pela manutenção, supervisão e desenvolvimento das
instituições públicas federais de ensino superior (Ifes) e a supervisão das
instituições privadas de educação superior, conforme a LDB. Uma das ações
da Sesu a partir da última década, foi a adoção de vários programas para
facilitar o ingresso dos estudantes nesse nível de escolaridade, sem o estigma
do vestibular tradicional.
32
Tais programas são:
- o Exame Nacional do Ensino Médio que de acordo com uma
proposta do Ministério da Educação será utilizado como forma de seleção
unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais. A
proposta tem como principais objetivos democratizar as oportunidades de
acesso às vagas federais de ensino superior, possibilitar a mobilidade
acadêmica e induzir a reestruturação dos currículos do ensino médio.
- o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), desenvolvido pelo
ministério da Educação para selecionar os candidatos às vagas das instituições
públicas de ensino superior que utilizarão a nota do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) como única fase de processo seletivo.
- o Programa Universidade para Todos (ProUni), criado em 2004, e
institucionalizado pela Lei no. 11.096/2005, tem como finalidade a concessão
de bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação
e de cursos seqüenciais de forma específica, em instituições privadas de
educação superior. As instituições que aderem ao programa recebem isenção
de tributos. Dirigido aos estudantes egressos do ensino médio da rede pública
ou da rede particular na condição de bolsistas integrais, com renda per capita
familiar máxima de três salários mínimos, este programa conta com um sistema
de seleção informatizado e impessoal, que confere transparência e segurança
ao processo. Os candidatos são selecionados pelas notas obtidas no Enem,
conjugando-se, desse modo, inclusão à qualidade e mérito dos estudantes com
melhores desempenhos acadêmicos. O Prouni possui também ações conjuntas
de incentivo à permanência dos estudantes nas instituições, como a Bolsa
Permanência, os convênios de estágio MEC/CAIXA e MEC/FEBRABAN e
ainda o FIES.
- o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa
destinado a financiar prioritariamente estudantes de cursos de graduação, com
bolsas de até cem por cento do valor das mensalidades em faculdades
privadas.
- Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), que busca ampliar o acesso e a permanência
da educação superior. A meta é dobrar o número de alunos nos cursos de
33
graduação em dez anos, a partir de 2008, e permitir o ingresso de 680 mil
alunos a mais nos cursos de graduação. Para alcançar o objetivo, todas as
universidades federais aderiram ao programa e apresentaram ao ministério,
planos de reestruturação, de acordo com a orientação do Reuni. As ações
prevêem, além do aumento de vagas, medidas como a ampliação ou abertura
de cursos noturnos, o aumento do número de alunos por professor, a redução
do custo por aluno, a flexibilização de currículos e o combate á evasão.
O programa busca ampliar e interiorizar a oferta de cursos e
programas de educação superior, por meio de educação a distância. A
prioridade é oferecer formação inicial a professores em efetivo exercício na
educação básica pública, porém ainda sem graduação, além de formação
continuada àqueles já graduados. Também pretende ofertar cursos a
dirigentes, gestores e outros profissionais da educação básica da rede pública.
Outro objetivo do programa é reduzir as desigualdades na oferta de ensino
superior e desenvolver um amplo sistema nacional de educação superior a
distancia. Há polos de apoio para o desenvolvimento de atividades
pedagógicas presenciais, em que alunos entram em contato com tutores e
professores e têm acesso a biblioteca e laboratórios de informática, biologia,
química e física.
- a Universidade Aberta do Brasil (UAB) que tem como uma das
propostas, formar professores e outros profissionais de educação nas áreas da
diversidade. O objetivo é a disseminação e o desenvolvimento de metodologias
educacionais de inserção dos temas de áreas como educação de jovens e
adultos, educação das relações étnico-raciais, de gênero e orientação sexual e
temas da atualidade no cotidiano das práticas das redes de ensino pública e
privada de educação básica no Brasil. Vale ressaltar, que através da Ensino a
distância (EAD), a UAB vem proporcionando um crescimento significativo nas
matrículas em cursos superiores em instituições diversas:
34.479 em 2008 de um total de 562.238;
76.278 em 2009 de um total de 608.820;
90.539 em 2010 de um total de 629.996
34
- Programa de cotas raciais e sociais. A partir do ano 2000, com a
aprovação da lei estadual 3524/00, passou-se a adotar a reserva de 50% das
vagas nas universidades estaduais do Rio de Janeiro ( a Universidade do Rio
do Estado do Rio de Janeiro e a Universidade Estadual do Norte fluminense),
para estudantes da rede pública de ensino. A lei 3708/01, instituiu o sistema de
cotas para estudantes negros ou pardos, com percentual de 40% das vagas
das universidades estaduais do Rio de Janeiro, passando a ser aplicada no
vestibular 2002 da UERJ e da UENF. A Universidade de Brasília (UNB) e a
Universidade do Estado da Bahia (UNEB) também aderiram a tal sistema,
tendo como critérios os indicadores sócio-econômicos ou a cor ou raça do
indivíduo. Existe também uma lei federal, que é a Lei 10.558/2002, conhecida
como "Lei de Cotas", que "Cria o Programa Diversidade na Universidade, e dá
outras providências". Além dessa lei, há também o Decreto 4.876/2003, que
"Dispõe sobre a análise, seleção e aprovação dos Projetos Inovadores de
Cursos, financiamento e transferência de recursos, e concessão de bolsas de
manutenção e de prêmios de que trata a Lei nº 10.558, de 13 de novembro de
2002, que instituiu o Programa Diversidade na Universidade". Esse decreto foi
alterado pelo Decreto 5.193/2004, que "Dá nova redação aos arts. 3º, 4º, 5º, 8º
e 9º do Decreto nº 4.876, de 12 de novembro de 2003, que dispõe sobre a
análise, seleção e aprovação dos Projetos Inovadores de Cursos,
financiamento e transferência de recursos, e concessão de bolsas de
manutenção e de prêmios de que trata a Lei nº 10.558, de 13 de novembro de
2002, que instituiu o Programa Diversidade na Universidade". Vale destacar
ainda o "Estatuto da Igualdade Racial", como é conhecida a Lei 12.288/2010,
que em seu Artigo 1º Parágrafo Único item VI classifica como ações afirmativas
os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa
privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da
igualdade de oportunidades.
Dessa forma, esses programas somados à expansão da rede de
educação profissional e tecnológica ampliam significativamente o número de
vagas na educação superior, contribuindo para um maior acesso de jovens à
educação superior. No entanto, apesar de toda a evolução do sistema vigente,
35
há questões que devem ser levantadas. Uma delas é a falta de preparo de
muitos dos que entram na vida acadêmica, através destes programas. Muitas
vezes, os jovens conseguem a tão sonhada vaga no ensino superior, mas não
foram preparados para ‘pensar’ como educados superiormente, ou seja, eles
concluem a graduação com dificuldades em decorrência do fraco background
adquirido nos ensinos fundamental e médio e, também em consequência do
meio onde vivem - muitas vezes, esses alunos não conseguem sequer juntar
as cerca de 200 horas de atividades complementares, exigidas por instituições
particulares para o término da graduação, por simplesmente, não terem hábito
de freqüentarem cinema, teatro, palestras, etc. Este fato, possivelmente vai
interferir na performance do futuro profissional.
Outra questão, essa muito mais importante, é que tirando o
programa Universidade Aberta do Brasil que viabiliza a qualificação profissional
em Licenciatura, através principalmente de ensino a distância (anexo 2), não
há, por parte do MEC, nenhum programa direcionado à melhoria e/ou aumento
da formação e qualificação da profissão docente. A única medida efetiva que o
Governo Federal fez recentemente nesta direção, foi possibilitar aos
postulantes à carreira docente que optaram por faculdades privadas, a
possibilidade de solicitar o Fies sem a apresentação de um fiador para seu
crédito. Em contrapartida, este mesmo Governo vem deixando vários cursos de
Licenciatura privados Brasil afora, simplesmente fechar, pois como não dão
lucros e têm pouca procura, não são interessantes para os gestores das
faculdades (privadas).
4.2 A pós-graduação
Quanto aos cursos de pós-graduação, são oferecidas no Brasil em
nível de pós-graduação lato sensu presencial (onde se incluem também os
cursos designados como MBA – Master Business Administration), por
instituições de ensino superior e devem atender ao disposto na Resolução
36
CNE/CES nº 01, de 08 de junho de 2007. Esses cursos lato sensu, também
podem ser ofertados a distância, desde que as instituições possuam
credenciamento para educação a distância (anexo 3). Já as pós-graduações
stricto sensu compreendem programas de mestrado e doutorado abertos a
candidatos diplomados em cursos superiores de graduação e que atendam às
exigências das instituições de ensino e ao edital de seleção de alunos (art. 44,
III, Lei nº 9394/96). Os cursos de pós-graduação stricto sensu são sujeitos às
exigências de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento
previstas na legislação – Resolução CNE/CES nº 1/2001, alterada pela
Resolução CNE/CES nº 24/2002. Em decorrência dessas exigências, esses
cursos acabam se tornando um “clubinho”. Para se conseguir acessar cursos
de mestrado (e posteriormente, doutorado) no Brasil, o aspirante deve ter muita
perseverança. Este fato acaba refletindo na graduação, pois como é exigência
do MEC um percentual de professores portadores de título de mestre ou de
doutor de 80% (oitenta por cento) nos cursos de graduação e 50% (cinqüenta
por cento) nos cursos de pós-graduação lato sensu, obtido em programa de
pós-graduação stricto sensu reconhecido, os graduados (principalmente em
licenciaturas) acabam ficando fora desse nicho e, conseqüentemente, há uma
defasagem no número de docentes para o ensino superior. Parece a história do
cão que corre atrás da cauda: Há defasagem de professores para o ensino
superior. Mas há defasagem porque não há o interesse de popularização de
cursos de mestrado e/ou doutorado. Segue abaixo, gráfico demonstrativo da
evolução das matrículas em cursos de pós-graduação, nos últimos anos:
(Fonte: www.uab.capes.gov.br)
20.213 21.09122.426
23.83425.199
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012
37
Assim, pode-se constatar que tem havido um aumento significativo
na demanda de oferta e também de procura, muito embora esta procura seja
mais efetiva na área de Lato Sensu, principalmente nos cursos de gestão,
MBA, etc, sendo que os cursos na área de Docência, são procurados na
maioria das vezes, por profissionais de áreas afins que exercem a função de
magistério em instituições de ensino diversas e procuram uma maior
capacitação e conhecimento na área educacional e os profissionais
provenientes das áreas de ensino, são os que mais procuram os cursos de
pós-graduação stricto sensu, já que essa modalidade exige um trabalho muito
grande com pesquisa.
38
CONCLUSÃO
A busca de compreender o mundo e a ânsia de encerrar o processo
antes de tê-lo começado nos impulsionam a antecipar um fim sempre muito
preocupante. A realidade vivida a cada momento é cheia de mistérios
impenetráveis e muitas surpresa, de descobertas ocultas na aparência das
coisa, de um desafio constante, de uma aventura para alcançar o essencial em
nosso próprio destino. Procuramos continuadamente uma orientação para
nossa prática pedagógica, e nossas reflexões se transforma à medida que nos
transformamos, nem sempre de forma lúcida ou programada.
No crescente movimento da própria consciência, desvelamos
caminhos e adquirimos novas forma de significar, de dar sentido ao rela, de
estabelecer novas conexões, percebendo o que pode ser permanente (ou pelo
menos durável) e o que é transitório. Compartilhando o pensamento de que
nunca há rupturas totais, mas, sim, uma continuidade para superar
contradições, permanecemos com um princípio de síntese integradora que nos
permite agregar novas idéias, novos pensamentos e modificar ou manter
nossos ideais. Nesta época de intensas mudanças de valores, de hábitos e,
possivelmente, até em um trabalho novo ou em nova função assumida, muito
ainda temos de aprender em outros cursos programados e, também, com as
leituras reservadas e não realizadas, por conta de tantas exigências
universitárias. Tecendo o próprio futuro, cada um chega a um ponto de
coragem e ousadia onde se encontram muitas perguntas para não serem
respondidas, e sim, incrementarem as pesquisas que existem para definir o
perfil do profissional que desejamos ser (como dito em chamada televisiva do
Canal Futura, “não são as respostas que movimentam o mundo, e sim, as
perguntas”).
Dessa maneira, cabe aos educadores, imporem a si próprios um
comprometimento com a educação e lutarem com todos os métodos
disponíveis para mudar esta situação, elevando a sociedade ao patamar
educacional que ela merece estar e o povo brasileiro a uma situação de
igualdade com as nações desenvolvidas, encaminhando e amparando os
educandos em sua formação intelectual, moral e cívica, evitando-lhes esforços
39
inúteis, mas levando-os a uma atividade intensa e proveitosa pela propriedade
e significação das atividades que promoverá, uma vez que o professor, em sua
função docente, tem deveres em relação à sociedade, de modo geral, e em
particular em relação ao aluno e a sua família.
Talvez a melhor definição de um novo paradigma para a educação
brasileira e seus profissionais, seja uma guinada no sentido de: a) Oferecer
salários iniciais mais altos, pois a conta é simples: como ocorre em qualquer
ramo, se a remuneração não compensa, os melhores candidatos tendem a não
se interessarem, b) Propor bons planos de carreira, pois em geral, as carreiras
docentes no Brasil têm progressão muito burocrática, quase exclusivamente
baseadas em tempo de serviço. É preciso criar caminhos para a evolução do
docente sem ter de sair de sala de aula pra virar coordenador, diretor ou
formador, como ocorre hoje, c)Melhoria das condições de trabalho. A falta de
condições diz respeito tanto à estrutura material da escola quanto à dinâmica
no ambiente escolar, onde a violência é um dos problemas mais graves, d)
Focar a formação em serviço nas dificuldades em sala. Apesar do Brasil
investir muito em formação continuada, falta considerar o que o corpo docente
de cada instituição deve aprender, e) Oferecer boa experiência escolar, pois se
o estudante consegue aprender e tem uma boa relação com os professores,
tende a pensar mais na possibilidade de escolher a docência como carreira, f)
Melhorar a formação inicial. Muitos docentes abandonam a carreira pela
frustração de não ajudar os alunos a aprender. As deficiências de formação
que começam na Educação Básica, se aprofundam nas Licenciaturas e nos
cursos de Pedagogia – segundo pesquisa FVC-FCC de 2008, apenas 28% das
disciplinas da grade curricular se destinam à formação profissional específica,
g) Resgatar o valor do professor na sociedade com um possível equilíbrio da
cobertura midiática entre a precariedade do ensino e iniciativas positivas para
não desmotivar os futuros candidatos. Uma alternativa é ampliar a divulgação
de prêmios existentes, disseminando iniciativas que merecem reconhecimento
e podem ser adotadas como modelo, h)Por fim, tratar o professor como
profissional, desmontando a idéia de que a docência exige um dom e sacrifício
próximos do sacerdócio, além de criar um organismo de classe nos moldes da
OAB, por exemplo, para que ele fiscalize, lute pelos direitos e faça com que
40
seja obrigatório a capacitação em curso de Licenciatura ou extensão nessa
área para todos que quiserem ministrar aulas em qualquer nível ou situação.
Qualquer um que acha que sabe alguma coisa é taxado como professor, dando
aulas em inúmeros tipos de estabelecimentos: o cidadão sabe um pouco de
informática, dá aula em cursinhos dessa área; outro cursa engenharia, dá aula
de matemática e física em preparatórios diversos, e por aí vai.
Não bastam atenção, paciência e boa vontade. É preciso reforçar o
saber específico que o profissional possui: o conhecimento didático e o controle
das ferramentas pedagógicas, algo que se constrói não apenas na graduação,
mas ao longo de toda a trajetória profissional. Assim, a profissão será mais
respeitada e, não usada como “degrau” ou “quebra-galho enquanto não me
formo e/ou estou desempregado”. Quer dar aulas? Os cursos de Licenciatura
estão de braços abertos para novos candidatos.
41
ÍNDICE DE ANEXOS
anexo 1
Evolução da Situação Mundial, segundo Tendências
no Ensino (1950 – 2000)
Guerra Fria Guerra
Tecnológica
Globalização
Tendências no
Ensino
1950 - 1970 1970 - 1990 1990 - 2000
Objetivo do Ensino
*Formar Elite
*Programas rígidos
*Formar
cidadão-
trabalhador
*Propostas
curriculares
estaduais
*Formar
cidadão-
trabalhador-
estudante
*Parâmetros
curriculares
federais
Instituições
Promotoras de
Reformas
*Projetos curriculares
*Associações
profissionais
*Universidades,
Centros de
ciências
*Universidades
e Associações
Profissionais
Modalidades
Didáticas
Recomendadas
*Aulas Práticas *Projetos e
discussões
*Exercícios no
computador
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Anexo 2
Pólos, cursos e vagas no Rio de Janeiro
Ensino a distância – UAB
Pólos Nº de cursos Vagas 2007 Vagas 2008 Vagas 2009
Angra dos Reis 13 262 634 754
Bom Jesus de Itabapoana 5 50 145 190
Cantagalo 6 105 170 285
Duque de Caxias 8 - 240 440
Iguaba Grande 3 40 80 30
Itaguai 5 - 80 170
Itaocara 5 60 85 140
Itaperuana 9 247 509 484
Macae 7 97 259 294
Miguel Pereira 7 - 220 320
Natividade 4 - - 215
Nova Friburgo 4 50 50 75
Nova Iguaçu 2 - 115 170
Paracambi 9 - 340 510
Petrópolis 9 122 359 474
Piraí 5 145 235 300
Resende 10 260 395 500
Rio Bonito 12 80 545 620
Rio das Flores 6 80 260 245
Rio das Ostras 4 - 60 85
Rio de Janeiro 4 - 120 110
Santa Maria Madalena 5 269 470 290
São Fidélis 3 46 42 15
São Francisco de Itabopoana 8 185 310 390
São Gonçalo 5 90 175 120
S. José do Vale do R. Preto 4 - 75 260
43
São Pedro da Aldeia 1 - 50 -
Saquarema 4 75 140 270
Três Rios 8 240 345 460
Volta Redonda 7 235 415 380
44
Cursos oferecidos no Rio de Janeiro e instituições oferecedoras
ADMINISTRAÇÃO BACHARELADO UFRRJ
BELAS ARTES LICENCIATURA UFRRJ
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LICENCIATURA UENF-UERJ-UFRJ
DESIGN INSTRUCIONAL PARA EAD VIRTUAL LATO SENSU UNIFEI
EDUCAÇÃO AMBIENTAL APERFEIÇOAMENTO UFF
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS APERFEIÇOAMENTO UFF
EDUCAÇÃO ESPECIAL LATO SENSU UNIRIO
EDUCAÇÃO ETNORRACIAL APERFEIÇOAMENTO UFF
EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA LATO SENSU CEFET-RJ
EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO EQUENCIAL UFF
ENGENHARIA AMBIENTAL BACHARELADO UFSCAR
ENG. DE CONTROLE E AUT BACHARELADO UNIFEI
ENSINO DE CIÊNCIAS LATO SENSU UFF
FÍSICA LICENCIATURA UFRJ
GESTÃO DE PES. E PROJ. SOCIAIS LATO SENSU UNIFEI
G. DE PROJ. INVEST. EM SAÚDE EXTENSÃO FIOCRUZ
GESTÃO EM SAÚDE LATO SENSU FIOCRUZ
HISTÓRIA LICENCIATURA UNIRIO
MATEMÁTICA LICENCIATURA UFF/UFRRJ/UNIRIO
PEDAGOGIA LICENCIATURA UERJ/UNIRIO
P. I. GESTÃO DA ED. A DISTÂNCIA LATO SENSU UFF
QUÍMICA LICENCIATURA UENF
SISTEMA DE COMPUTAÇÃO TECNÓLOGO UFF
TEC. EM GESTÃO AMBIENTAL TECNÓLOGO IF-PE
TEC. NO ENSINO DA MATEMÁTICA LATO SENSU UFF
TURISMO BACHARELADO UFRRJ
TURISMO LICENCIATURA UFRRJ
45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
*A Escola em Movimento – Reorientação Curricular – Educação
Infantil, Ciclo de Alfabetização 3ª e 4ª Séries do Ensino fundamental –
Prefeitura de Duque de Caxias, 1996
* Estrutura e funcionamento da escola de 1º. Grau: introdução à
prática de ensino, estágio supervisionado [por] Amadice Amaral dos Reis [ e
outras ] Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico; 1977.
Coleção Educação e Comunicação vol. 1
*Guiraldelli Junior, Paulo – História da educação / Paulo Guiraldelli
Jr. – São Paulo: Cortez, 1994 – 2ª Ed. Ver – (Coleção magistério. 2º grau. Série
formação do professor)
*Jornal Folha Dirigida – Caderno de Educação – 29 de junho a 05 de
julho de 2010
* Jornal O Globo de 18 de julho de 2010 – Caderno Rio, página 25
Kloh, Fabiana Ferreira Pimentel – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira – Rio de Janeiro, Degrau Cultural, 2009.
*Oliveira Lima, Lauro - Estórias da Educação no Brasil: de Pombal a
Passarinho. 3ª Ed. Ampliada. Editora Brasília/Rio. 3ª Edição ampliada.
*Revista Época - Edição 591 -14 de setembro de 2009.
* Revista Nova Escola 229 – ano XXV ( Janeiro-Fevereiro 2010)
páginas 68, 69, 70 e 71
46
BIBLIOGRAFIA CITADA
*Bell, B. – Teaching development in Science education. In: Fraser,
B.J.; TOBIN, K.G. (Ed.) International Handbook of Science Education, 1998. p
681-693.
*Freire, Paulo – Educação e mudança / Paulo Freire; tradução de
Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979
*Rizzini, Carlos – O Livro, O Jornal e a Tipografia no Brasil, Ed.
Vozes.
47
WEBGRAFIA
http://www.futura.org.br/blog/2011/09/28/nova-serie-investiga-desempenho-
dos-paises-lideres-em-educacao/, acessado em 12/10/12
www.mec.gov.br, acessado em 12/10/12
HTTP://portal.mec.gov.br/index.php?option=com
content&view=article&id=387&Itemid=352 , acessado em 12/10/12
www.folhauol.com.br/folha/brasil/ult96u372876.shtml , acessado em 01/01/13
HTTP://uab.capes.gov.br, acessado em 01/01/13
www.cgu.gov.br , acessado em 01/01/13
HTTP://www.oabrj.org.br/lista/40/Est%C3%ADstics.html , acessado em
01/01/13
HTTP://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=711577 , acessado
em 15/01/13
HTTP://www.fnde.gov.br/ , acessado em 15/10/13
http://www.fnde.gov.br/fnde/sala-de-imprensa/noticias/item/4021-piso-salarial-
vai-ter-reajuste-de-7,9-e-chegar-a-r$-1-567, acessado em 15/01/13
http://painel.mec.gov.br/painel/detalhamentoIndicador/detalhes/estado/estuf/RJ,
acessado em 26/01/13
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm,
acessado em 28/01/13
http://atualidadesp.blogspot.com.br/2013/01/piso-nacional-do-magisterio-para-
o-ano.html, acessado em 28/01/13
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O PANORAMA BRASILEIRO 11
1.1 – Histórico da educação brasileira 11
1.2 – O papel do professor 16
CAPÍTULO II
A DESVALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO DOCENTE 20
2.1 – A formação do professor 20
2.2 – O lado financeiro 21
CAPÍTULO III
AS DIFICULDADES ESPECÍFICAS DA MATEMÁTICA 27
3.1 – O trauma da má formação 27
3.2 – A presença da matemática no cotidiano 29
CAPÍTULO IV
A QUESTÃO DO ENSINO SUPERIOR 31
4.1 - Programas de ingresso no Ensino Superior 31
4.2 – A pós-graduação 35
CONCLUSÃO 38
ANEXOS 41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
49
BIBLIOGRAFIA CITADA 46
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48