DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · apresenta as concepções clássicas de amor:...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
MARKETING E A FILOSOFIA DO AMOR
Claudio José de Souza Nespoli
ORIENTADOR: Prof. (nome do orientador)
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Marketing Por: Claudio José de Souza Nespoli
MARKETING E A FILOSOFIA DO AMOR
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
.
Aos colegas de um modo geral e principalmente
ao meu orientador, professor Mario Luiz, por me
entender e me dignificar. .
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DEDICATÓRIA
Dedico ao professor Tufic Derzi, por sua maneira empolgante de conduzir as
aulas levou toda a turma a sentir saudades e com o desejo ao reencontro.
Em especial também ao professor Vitorino, que sabe, como poucos, empoderar
seus alunos, com seu modo, firme, exigindo o máximo de todos. Sinto que poderia ter
participado um pouco mais, para poder trocar e aprender
mais do que sei agora, o parabenizo pela estética elegante de conduzir suas belas
aulas.
E é claro dedico também a Jaqueline que me ajudou muito. Classifico -a como
uma coautora deste trabalho. Para quem não sabe, Jaqueline é minha esposa, amor
Platônico/Aristotélico/Cristão, ou simplesmente meu bebê.
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RESUMO
O presente trabalho pode ser resumido como uma busca de encontrar
afinidades entre marketing e filosofia, de modo que ao final possamos identificar onde
se encontram tais afinidades e porque essa busca acrescentaria no estudo, ou mesmo
no entendimento de algumas situações do mundo corporativo.
O trabalho se apresentará em três capítulos, nos quais serão abordados o
tema central da proposta: (AMOR) , na interpretação filosófica do professor Clovis de
Barros Filho. Tomando por base suas palestras e vídeo aulas onde o professor
apresenta as concepções clássicas de amor: EROS/ PHILIA / ÁGAPE.
O que se propõe com neste trabalho é associar diretamente (Eros/desejo) ao
mercado, aos consumidores/clientes que sempre buscam por algo. Assim como
(Philia), à alegria de uma aquisição, de uma compra, de um negócio fechado,
enfatizando a importância da satisfação dos clientes. Concluindo o ciclo virtuoso com
(Ágape), onde o desejo e satisfação da conquista sejam de tal importância que se
queira dividir, compartilhar. Encerrando e ao mesmo tempo dando início a ciclos
perenes de desejos, capacidade de satisfação e compartilhamento.
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METODOLOGIA
A busca, proposta no resumo, vai tomar por base as palestras e vídeo aulas
do professor Clovis, que dentre outros títulos, é professor titular de ética da USP.
Também será acompanhada de leituras de livros relacionados ao marketing tais como:
marketing 3.0. E demais obras que possam acrescentar no objeto de estudo.
Devo mencionar que as aulas assim como a convivência na AVM também
farão parte desta pesquisa e, com toda a certeza, ajudarão na análise dos dados
consultados
.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
EROS 10
CAPÍTULO II
PHILIA 19
CAPÍTULO III
ÁGAPE 24
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 34
ÍNDICE 35
ÍNDICE DE FIGURAS 00
ANEXOS 00
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INTRODUÇÃO
Qualifico esse momento como mágico, como momento fundamental para
estar aqui agora, e também será o início de muito trabalho, muita dedicação para tentar
por em palavras tudo que se imagina, se pensa. Então começo uma grande jornada em
busca de referenciar as ideias, em buscar, na literatura, em experiências vivenciadas, o
que já se torna limpo na percepção. Esse longo caminho foi marcante e me fez ver que
ter inspiração é muito importante, mas que somente com o trabalho se consegue algo e
é muito interessante entender que a inspiração pode vir sim através do trabalho, do
esforço. Digo que foi uma grande luta que travei durante esse tempo mas digo também
que foi fascinante ter a noção de que não estava só,
Foi uma grata surpresa para mim este tempo que passei e passo, em
contato com essa disciplina que achava não ter a menor afinidade. Meu objetivo
principal quando me matriculei neste curso se baseava em conseguir o tão almejado
diploma para melhorar minhas chances de concorrência no banco onde trabalho.
Entretanto, com o passar das aulas e nisto agradeço em muito aos professores,
percebi que tinha muitas coisas em comum e que, além de aprender, poderia também
ser um espaço único para trocar experiências, discutir assuntos diversos.
Logo na minha primeira disciplina, tive a oportunidade de falar para os
demais colegas, justamente a respeito do tema que inicio agora. O professor Tufic
Derzi, me deu 15 minutos para falar de filosofia e aliar conceitos ao marketing. Acho
que foi um pouco decepcionante minha apresentação, meu nervosismo não me deixou
falar tudo que queria e com a clareza necessária.
Neste trabalho procurarei honrar a oportunidade que me foi dada pelo
professor, tentando colocar no papel, com clareza e lucidez, àquilo que não consegui
durante a apresentação. Espero que o professor em questão possa ler meu trabalho e
me entender melhor.
Inicio neste momento uma tentativa muito empolgada de aliar, inspirado em
algumas palestras e vídeo aulas do professor Clovis de Barros Filho, todas disponíveis
na internet, de associar pensamentos consagrados da filosofia com conceitos também
consagrados do marketing de uma maneira geral. Destacarei uma palestra em
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especial, que aborda justamente a temática do amor, as mais importantes definições do
amor que marcaram e ainda marcam nossa história.
Abordarei (Eros), o amor segundo o pensamento platônico, que se define
basicamente pelo desejo, inerente a todo ser humano; em seguida falarei do amor na
visão de Aristóteles (Philia), que trata o amor como sendo a alegria dos encontros com
o mundo, não se resumindo ao desejo, e sim às realizações já em andamento; por fim
vou falar do amor segundo Cristo, (Ágape) que se evidencia com o amor pelo próximo,
pelo outro.
Foi fascinante para mim, assistir ás aulas na AVM e ir fazendo conexões
com conceitos filosóficos que iam ao encontro do conteúdo das aulas em geral. Cada
professor me despertava essa o aquela lembrança, sendo inevitável relacionar: o
desejo platônico com os anseios dos consumidores, a alegria aristotélica com a
satisfação de uma boa compra, saber compartilhar conquistas com a equipe, família,
amigos, com nossos próximos à moda do amor de Cristo.
Nisto consiste minha busca, conseguir encontrar afinidades em tais
conceitos ao objeto de estudo em questão, e devo dizer que me sinto impregnado por
Eros , almejando conseguir, assim como de Philia ao escrever cada palavra na
esperança de serem dignas de leitura e entendimento. O suficiente para que o ciclo se
complete e eu possa ter a honra de dividir com todos o que inicio agora.
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CAPÍTULO I
EROS
"Se você criar um caso de amor com seus clientes, eles próprios farão sua
publicidade."
Philip Kotler
O pensamento de Platão é, sem dúvida, um dos mais influentes da cultura
ocidental. O platonismo, por assim dizer, está na origem de muitos conceitos que
norteiam nossa sociedade, cultura, valores, entre outros.
Penso que seja pertinente para este trabalho, tecer um comentário a respeito
da forma singular com que Platão vai nos brindar com seu pensamentos, que são
justamente através de diálogos. Platão, discípulo de Sócrates, vai utilizar com maestria
toda influência e importância de seu mestre. Ao nos reportamos à Grécia de então,
perceberemos a fundamental relevância do dom da oratória, espécie de arte para falar
em público, com poder de influenciar, converter a opinião a seu favor. Sócrates tinha
esse dom ou poder, assim como gozava de muito respeito e admiração do povo de
Atenas.
Platão ao escrever por diálogos vai lançar mão de Sócrates como seu
interlocutor, utilizando sua reputação, seu nome e para nos reportar a linguagem do
marketing, sua marca. Sócrates já não era vivo quando Platão inicia seus
pensamentos, mas sua "marca", estava imortalizada na alma dos atenienses. A forma
de diálogos é, a meu ver, bastante interessante e diria até imprescindível para almejar
uma conquista no acirrado mercado atual e também no momento histórico em
questão.
Como premissa, um diálogo requer humildade, fundamental para saber ouvir.
No caso socrático, ouvir seu oponente . Em nosso caso, a figura do cliente se
encaixaria nesta reflexão, assim como salientar a importância de, mais do que ouvir,
seria saber ouvir com a humildade necessária às expectativas, anseios, desejos de
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nossos clientes, seria um grande passo para conquistá-lo.
Outra questão que julgo ser fundamental, a respeito dos diálogos como
forma, é justamente (e Sócrates fazia brilhantemente) a possibilidade que tal proposta
tem de fazer com que seu "oponente" chegue à conclusão que você, no caso,
Sócrates, quer, sem que com isso digamos assim, se sinta "derrotado", muito ao
contrário, com a sabedoria que lhe era peculiar, Sócrates conduzia seu oponente a
concluir por si mesmo, o que na verdade ele queria impor desde o início da conversa.
Entendo que seja de fundamental importância aprendermos essa lição, para quando
estivermos propondo uma ideia a um cliente em potencial, não sejamos arrogantes a
ponto de preferir uma suposta vitória momentânea, sobre uma ideia, e com isso
deixarmos o cliente desconfortável e inferiorizado, fato que provavelmente fará com
que o percamos em definitivo. Como nos diz Rafael Rez:
“Conversar não é apenas falar. Conversar é ouvir, compreender e interagir com a outra parte... Acabou a era do discurso. As marcas que quiserem participar da conversa e serem ouvidas precisam entender que agora vivemos a era do diálogo. Dialogar, é se interessar pelo que outro tem a dizer”. (Rafael Rez, 2013)
Kotler vai nos dizer que uma crucial tendência para o novo mercado é
justamente o empowerment do consumidor:
“No mundo horizontal, as pessoas gostam de conferir autonomia a figuras menos conhecidas... Proporcionar aos consumidores uma noção de empowerment, portanto, é fundamental para a busca da missão da marca. Mostre que a missão pertence aos consumidores e que é responsabilidade concretizar a missão. Não se trata apenas de obter adesão mas de causar impacto”. (Kotler, 2010, p. 67)
Para que fique registrado, este método Socrático vai ser chamado de
maiêutica, expressão que tem como significado clássico, o parto de ideias, onde o
interlocutor é levado pelo processo de perguntas e respostas a um conhecimento que
seria verdadeiro e eterno por essência.
Trazendo para nossos dias, podemos perceber que Sócrates foi um dos
mais bem sucedidos vendedores da história, haja vista estarmos falando sobre ele,
dois séculos e meio depois de sua morte. E o que Sócrates precisamente vendia?
Sócrates “vendia” pensamentos, ideias. Sócrates quando dizia nada saber, não estava
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apenas sendo modesto ou se utilizando de uma falsa humildade, realmente acreditar
que não sabe, é o princípio para saber, é a base do conhecimento. Penso que temos
muito a aprender com o poder de persuasão, com a arte de dialogar visando a
excelência e a magia de tais métodos, que se imortalizaram formulando as bases de
nossa civilização.
Platão, por sua vez, soube utilizar todo talento e potencial socrático, para
que seus pensamentos fossem conhecidos, aceitos e por consequência, lembrados por
todos de seu tempo, assim como por toda a história do pensamento ocidental.
O platonismo, por assim dizer, está na origem de muitos conceitos que
norteiam nossa sociedade, cultura, valores... O foco deste capítulo é justamente trazer
à tona um dos pensamentos do gigantesco universo de nosso grande mestre, Platão.
Fazendo um recorte, com vistas a sintetizar o Amor ou Eros, no pensamento platônico,
para encontrar pontos convergentes com nosso objeto de estudo.
Baseado em uma Vídeo Aula, disponível na internet, do professor Clovis de
Barros Filho, que dentre outros títulos é professor titular de ética da USP. Nesta aula o
professor Clovis vai nos brindar com três definições de amor, começando com a
definição de Platão que define: Eros, palavra que definirá o sentimento em questão.
Platão define o amor, Eros, num diálogo muito conhecido chamado “O
Banquete”, onde seu interlocutor Sócrates diz que: “amar é desejar, se ama o que
deseja, aquilo que deseja, aquele que deseja...” Define também o desejo como sendo
"a falta", pois desejamos ou amamos, o que não temos, o que nos faz falta. Dessa
forma, o professor Clovis de Barros citando Platão afirma que: "amar é desejar, e
desejo é pelo que nos falta, o desejo, amor, é sempre na falta".
“Sócrates - Não é isso então amar o que ainda não está à mão nem consigo, o que não tem, o querer que, para o futuro, seja isso o que se tem conservado consigo presente? Agatão – Perfeitamente. Sócrates - Esse então, como qualquer outro que deseja, deseja o que não está à mão nem consigo, o que não tem o que não é ele próprio e o de que é carente; tais são mais ou menos as coisas de que há desejo e amor não é? Agatão- Perfeitamente.” (Sócrates, apud. Barros Filho, 2010, P.33)
No instante imediatamente seguinte à conquista, segundo esta definição, já
não amamos mais e voltamos a desejar. Este ciclo tem características perenes, ou
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seja, não há fim. Sempre teremos falta de algo e o desejaremos, mas na medida em
que nos satisfizermos já não amaremos mais e partiremos para um caminho sem fim
de desejos e conquistas realizadas.
O homem, por natureza, sempre sentirá falta de algo, o amor seria então, o
sentimento que nos move, que nos anima, para a busca do que nos falta, do que ainda
não temos:
“Os profissionais de marketing precisam identificar as ansiedades e desejos dos consumidores e, então, almejar suas mentes, corações e espíritos. No paradoxo da globalização, a ansiedade e o desejo genéricos dos consumidores consistem em transformar a sociedade - e o mundo como um todo - em um lugar melhor e talvez até ser ícones devem compartilhar do mesmo sonho com os consumidores e fazer a diferença. ” ( Kotler, 2010, p. 45)
Entendo que esta definição de amor tenha a relação mais clara e direta com
o marketing. Saber, ter em mente, de que o desejo é inerente ao ser humano, ou seja,
o homem, cliente, vai sempre ter o desejo como motivador de suas ações. Conhecer
esta característica dá ao profissional de marketing, em especial, uma ferramenta de
trabalho impressionante e inesgotável, já que, saberemos de antemão, que o
consumidor/cliente irá sempre desejar algo, nos poupando, dentro deste ponto de vista,
de despertar tal sentimento.
Se o homem deseja, por que não desejar o que temos para oferecer:
nossos produtos, nossa ideia, comprar em nossa loja, contratar nosso serviço... Seria
inesgotável a lista de coisas a desejar assim como é também inesgotável a capacidade
de transformar a realização desses desejos
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1.1. Primeiro Subtítulo
Vontade x Desejo
Acho propício abrir um parêntese nesta discussão para entender
filosoficamente as diferenças entre: VONTADE/DESEJO, para ser mais uma
ferramenta a nos auxiliar na busca de entender e em consequência conquistar nosso
público alvo. Devo advertir que essa reflexão, é sob a ótica filosófica e também
baseada numa vídeo aula, do professor Clóvis de Barros Filho de mesmo título.
O DESEJO, na abordagem Kantiana, vai ser similar ao que estamos vendo
em Platão, entendendo sua atuação em nossos sentimentos, emoções, sonhos, que
nos dá a força necessária para lutarmos e seguir em direção a realizações de coisas
aparentemente inatingíveis. O desejo está intimamente ligado aos nossos instintos, é
aleatório, variável, tem a necessidade de se realizar em algum momento, um impulso
quase que incontrolável na busca de algo que nos complete, que venha preencher um
certo vazio existencial.
Em nossa abordagem, tal impulso ganharia exemplos múltiplos, tais como: a
inclinação para comprar, ser mais facilmente seduzido por ofertas, propagandas, dentre
outas tantas situações que se poderia citar. Onde estaríamos de certa forma,
acorrentados, presos ao nosso próprio ser, a nossos instintos.
A VONTADE, também na visão de Kant, seria nossa capacidade de usar a
razão de não nos submetermos aos impulsos instintivos, emotivos. Entre o que
queremos com muita força e o que realmente realizamos, existe algo que tem o poder
de racionalizar impulsos, que nos faz decidir entre uma ou outra coisa, entre um ou
outro produto. A vontade, nos faz pensar antes de agir.
Penso que ao entendermos como funciona este princípio gerador de
emoções, impulsos, assim como a capacidade de analisar e decidir, poderemos lançar
mão de uma infinidade de recursos para obtermos êxito em nossa busca por um lugar
de destaque no tão acirrado mercado. Entendermos quem compra por desejo ou por
vontade pode e no meu entender deve ser norteador de nossa conduta como
profissionais, do que vamos oferecer, de como vamos oferecer, atuar, nos portar diante
de tal percepção
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1.2. Segundo Subtítulo
Habitus
Devo, neste momento, pedir licença novamente e trazer para a reflexão o
conceito de um grande pensador, que me ajudou muito durante meu Trabalho Final
daGraduação e que pode nos ajudar a entender, com o viés filosófico, comportamentos
dos consumidores. Refiro-me a Pierre Bourdieu, um pensador muito influente no século
XX que, com certeza, vai, com seu conceito de Habitus, acrescentar positivamente em
nossa busca:
“O habitus é esse princípio gerador e unificador que retraduz as características intrínsecas e relacionais de uma posição em um estilo de vida unívoco isto é, um conjunto unívoco de escolhas de pessoas, de bens, de práticas [...] Os habitus são princípios geradores de práticas distintas e distintivas – o que o operário come, e sobretudo, sua maneira de comer, o esporte que pratica e sua maneira de praticá-lo, suas opiniões políticas e sua maneira de expressá-las diferem sistematicamente do consumo ou das atividades correspondentes do empresário industrial; mas são também esquemas classificatórios, princípios de visão e de divisão e gostos diferentes. Eles estabelecem as diferenças entre o que é bom e mau, entre o bem e o mal, entre o que é distinto e o que é vulgar etc. , mas elas não são as mesmas. Assim , por exemplo, o mesmo comportamento ou o mesmo bem pode parecer distinto para um, pretensioso ou para outro e vulgar para um terceiro.” (Bourdieu 1997, p. 21-22)
Partindo dessas premissas podemos entender que os valores sociais
adquiridos, vão ter papel decisivo para os indivíduos sintetizarem seus entendimentos
sobre o justo e o injusto, sobre o correto e o incorreto, o quo seria bom ou ruim.
Podendo estes valores definir comportamentos, condutas nos mais diferentes setores
da vida social, entendendo que a visão de mundo de cada indivíduo será definida pelo
grupo social a qual pertence, do qual formou seu habitus. O indivíduo é dominado
consciente e inconscientemente por um poder sutil e invisível, o “poder simbólico”. Os
símbolos terão papel estruturante das ações e pensamentos dos indivíduos, criando
para si uma legitimidade que terá um efeito quase que paralisante das reflexões,
passando o indivíduo a pensar e agir de acordo com o que é conduzido a fazer. Ainda,
segundo Bourdieu:
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“... o habitus é um sistema subjetivo mas não individual de estruturas interiorizadas , de esquemas de percepções e de concepção, ação que serão comuns aos membros do mesmo grupo ou da mesma classe, constituindo a condição de toda objetivação e de toda a percepção...” (1983, p. 80-81)
Bourdieu procura demonstrar que existe uma relação entre a cultura
estabelecida que terá um poder de coação que levará os indivíduos a tomarem
decisões e mesmo defenderem ideias, que são o reflexo do meio cultural onde vivem,
onde foram expostos desde a infância, passando pela escola, pelo meio em que
vivemos. Esse condicionamento vai delimitar nosso espaço, nosso lugar na sociedade,
sendo proposto por Bourdieu a noção de espaço social, com suas divisões que nos faz
tomar posição tanto para conservar como para transformar o espaço em que nos
situamos.
O poder simbólico terá seu efeito majorado tanto maior for a ignorância
em relação a ele. O desconhecimento de tal poder terá o efeito de estabelecer a
legitimidade de um discurso, de uma decisão ou mesmo de instituições, legitimar
agentes, legitimar poder, mas essa legitimidade supõe o desconhecimento da origem
do poder que a criou
O desconhecimento desse poder, nisso reside seu segredo e sua força,
assemelhando-se a uma prisão invisível sem paredes nem portas e, por conta disso,
torna-se difícil buscar uma fuga, fuga no sentido de tomarmos consciência do que nos
envolve. São conceitos importantíssimos de um grande autor que devem ser
analisados com mais cuidado porque são cruciais para entendermos a realidade que
nos cerca,. Seria importante refletirmos e tentar tornar visível ou mais aparente, ao
menos para um melhor entendimento da realidade que nos cerca, esse, quase que
invisível ou imperceptível, poder simbólico que, sem nos darmos conta, permeia em
nossas vidas, em nossas atitudes, ações, respostas, com o nosso consentimento.
Dentro do que nos foi exposto, é fundamental perceber que, na mesma
sociedade, a distinção da classe a qual o indivíduo pertence, será decisiva em relação
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às percepções de comportamentos, fazendo com que se qualifique determinadas
condutas.
Espero não ter sido prolixo, mas gosto muito desses conceitos, tanto o de
habitus como o de poder simbólico. Penso que tais conceitos nos ajudam a entender o
poder das estruturas sociais e em nosso caso, as estruturas mercadológicas que
formam nossa opinião, nos conduzindo para este ou aquele caminho. Importante ter
em mente que um ponto crucial no entendimento do habitus de Bourdieu, é justamente
não percebê-lo, sendo assim, agimos quase que por reflexo, tendo um poder
gigantesco de sedução, sem nos darmos conta disso, produzindo e reproduzindo
comportamentos.
Essa proposta de Bourdieu é bastante abrangente e trata de muitos
aspectos dos campos sociais. Seria necessário um estudo mais aprofundado para
colhermos mais e melhores frutos de tais pensamentos. Entretanto, acho possível
subtrair de seus pensamentos, e suas pesquisas, aspectos convergentes para o
trabalho que está em andamento. Entender como e porque as pessoas em geral agem,
decidem se inclinando para determinadas coisas e não para outras. É bem provável
que nos ajudem a entender qual seria a melhor maneira de nos posicionar diante do
mercado que se apresenta. Assim como onde concentrar esforços, com que produtos,
com qual estratégia. Enfim deixar que os (clientes) nos conduzam, nos oriente, nos
ajude a agir desta ou daquela forma.
Fechando o parêntese e retomando o ponto de vista Platônico, em que
somos dominados por Eros, vejo como fundamental basear-se nesta perspectiva para
canalizar esse princípio gerador, esse sentimento, proporcionando ao
consumidor/cliente, o que ele deseja. Mas qual seria o objeto de tal desejo inerente ao
ser humano? Sabemos a importância da pesquisa de mercado, de comportamento, de
entender de que forma as pessoas adquirem e consomem. Se nossos clientes são
guiados pela vontade ou pelo desejo/impulso e então criarmos estratégias de ação
baseadas nos resultados, de modo a estarmos preparados para trabalhar com mais
assertividade, exibindo os melhores resultados possíveis, dentro desta proposta.
O amor como desejo encerra um ciclo em que amamos o que não temos e
quando conseguimos obter, satisfizer o amor, já não amaremos mais. Então, dentro
deste ponto de vista, nas palavras do professor Clovis: “irritantemente simples”, temos
que entender que o desejo/amor, não termina, e sim o objeto em questão é que passa
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a não mais interessar, no exato momento da conquista. Como então trabalhar com
consumidores/clientes que já não ama/deseja nossos produtos, nossas ideias e a nós
mesmos?
Em uma visão, também simplista, estaríamos tentados a achar essa
resposta estaria justamente na busca incessante por inovação, por tornar nossos
produtos e tudo mais, novamente objetos de desejos por parte dos clientes, assim
como buscar novos clientes que ainda não realizaram, conquistaram o que temos a
oferecer. Entretanto este trabalho não visa a respostas, mas sim iniciar uma discussão
que, no meu entender, pode ser bem frutífera, lançando uma visão a respeito do ser
humano em geral, que tenha como foco central, pensamentos fundamentais de nossa
cultura, pensamentos filosóficos que se eternizam devido sua abrangência e influência
em todos os campos de nossa civilização: ciências, artes... Como também, e nisto
consiste meu esforço, meu desejo, identificar semelhanças com que façam sentido e
até mesmo enriqueça nosso objeto de estudo.
Devo alertar ao leitor que um possível excesso de pensamentos filosóficos e
citações de autores não ligados diretamente ao marketing, faz-se necessário
exatamente pela proposta do capítulo que estou concluindo, assim como todo o
trabalho deverá se basear nos mesmos moldes já que, minha busca se baseia e se
ampara justamente neste desejo e nesta vontade de trazer para o mundo
mercadológico, tais conceitos eternizados pela sua relevância histórica.
Espero que no próximo capítulo possamos caminhar com mais clareza e se
contamos com a companhia de Platão, conteremos agora com a inestimável alegria de
estarmos em companhia de Aristóteles, que vai, espero eu nos ajudar muito dando um
significado diferente e ao mesmo tempo completivo do que acabamos de nos deparar.
Desejo muita alegria a todos.
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CAPÍTULO II
PHILIA
“Um músico deve compor,
um artista deve pintar, um poeta deve escrever,
caso pretendam deixar seu coração em paz, o que um homem pode ser, ele deve ser.
A essa necessidade podemos dar o nome de auto-realização.”
Abraham Harold Maslow Neste capítulo vamos dar prosseguimento a vídeo aula do professor
Clovis de Barros, que vai abordar uma nova visão de amor. Trata-se do amor de
Aristóteles ou Philia: “Todo homem deseja conhecer", assim começa o grande
Aristóteles, sua metafísica. Devo dizer, também, que me sinto um tanto assustado para
escrever sobre este autor, devido a sua enorme importância e complexidade.
Aristóteles, o grande pai da investigação, como nos diz o professor
Clovis, queria assim como Da Vinci, saber tudo. Para ele nada era normal. E se
enveredou para todos os campos do saber. Mesmo com grande parte de sua obra
destruída ou deturpada, ainda nos restou bastante, o suficiente para transformá-lo num
gigante do conhecimento.
É bastante interessante perceber como a citação de Maslow, no início
desse capítulo vai ao encontro do pensamento cosmológico de Aristóteles, onde o
universo seria perfeito, como uma engrenagem, cabendo a cada ser procurar seu
espaço neste universo perfeito e logicamente constituído para todos. Sendo assim, a
noção de felicidade estaria atrelada ao autoconhecimento, que levaria o sujeito a
encontrar seu lugar no cosmos e uma vez encontrado, bastaria desenvolver com
plenitude seu “papel”, que se atingiria a felicidade que oportunamente é a palavra
central desta reflexão.
Aristóteles vai propor em uma de suas diversas reflexões, que o homem seria um ser
político, social, devido a sua enorme diferença entre os outros animais, enfatizando
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aspectos como a linguagem, a possibilidade de escolher condutas. Destaco, apenas
como uma pausa reflexiva, a enorme importância exercida pela capacidade humana de
usar a linguagem, não somente a fala mas todos os símbolos existentes capazes de
comunicar. E destaco isto justamente pela influência por que passei nas aulas desta
instituição, onde a linguagem falada, do corpo, emocionais foram bastantes destacadas
e tidas como cruciais para atuar no mercado. Aristóteles nos diz:
“Assim, o homem é um animal cívico, mais social do que as abelhas e outros animais que vivem juntos. A natureza, que nada faz em vão, concedeu apenas a ele o dom da palavra, que não devemos confundir com o dom da voz. Este é apenas a expressão de sensações agradáveis de desagradáveis, de que os outros animais são, como nós, capazes. A natureza deu-lhes um órgão limitado a este único efeito; nós, porém, temos a mais, senão o conhecimento desenvolvido, pelo menos o sentimento obscuro do bem e do mal, do útil e do nocivo, do justo e do injusto, objetos para os quais nos foi dado o órgão da fala” (Aristóteles, apud. Barros Filho, 2010.p. 48)
E Para entrarmos diretamente no tema deste capítulo, parto dando
seguimento, de uma palestra, o professor Clovis vai tratar da visão de Aristóteles sobre
o amor. Como nos diz o professor, Aristóteles vai entender que o amor não pode ser o
que Platão havia proposto, ele vai dizer que a vida seria infeliz se entendermos que
amar é o desejo, a busca eterna por realizações que perdem o sentido no momento de
sua glória. Seria uma grande infelicidade viver sempre na busca, sempre no futuro,
sendo melhor, então, jamais conseguir, para que a chama não se apague no momento
seguinte
Aristóteles, então, vai propor um novo pensamento a respeito do amor.
(Philia) seria a nova visão de amor, que podemos traduzir como sendo: alegria, um
sentimento de satisfação do encontro com mundo, quando este encontro nos alegra,
nos faz bem. Há também é claro, encontros tristes, que nos apequena. Sob esta ótica,
o amor/philia, é justamente o sentimento, a força que nos move e nos faz querer viver.
E essa força está não na busca, mas na conquista, no exato momento em que ela
acontece, seria a glória do momento alegrador, quando entendemos que tal coisa ou
situação é boa em si mesma, não precisa se tornar nada, se transformar em nada além
do que já é, do que já aconteceu. A alegria, então seria “a passagem de um estágio
mais potente do próprio ser.” Entendendo que próprio ser, não se enquadraria em
fórmulas mágicas comum a todos e sim, formas de percepções em que cada um de
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nós entenderá o que nos faz bem, o que nos alegra.
Portanto a vida é feliz quando somos capazes de nos alegrar com o
que já conquistamos, com a pessoa que já conseguimos ser, com o carro que já
compramos, com a esposa que temos, o trabalho que realizamos... Enfim para
Aristóteles, é feliz quem consegue dar valor e se alegrar nos instantes de vida. O
professor Clovis comenta que viver sempre em busca de algo futuro, é uma vida triste.
“Vivemos a segunda, esperando o fim de semana, que nos separa de outra semana entediante, assim como desejamos chagar o fim do mês, as férias, o fim do ano, sem nos darmos conta que estamos, indiretamente, “torcendo” pelo fim da vida".
Mas, o que tem a ver esta visão do amor com o marketing, que
associação poderíamos encontrar? Sofisticação é a palavra usada pelo professor
Clovis em sua vídeo aula, para nos alertar que esta forma de conceituar o amor é mais
rara, mais difícil de se achar “pela rua, ou num boteco”. O desejo platônico é bem mais
comum, todos desejam, querem alguma coisa ou alguém. Porém, se alegrar com o que
conseguiu é bem mais difícil, não faz parte de nossa educação. O professor exemplifica
nos dizendo que:
“(...) somos educados desde a escola a desejar, mas não fomos preparados para a alegria, ao contrário, em muitas situações de educação todas as manifestações de alegria, é sinônimo de punição, castigo: “este menino não tem maturidade para estar na sexta série”, devemos aparentar uma perene seriedade, como também uma eterna busca por algo “melhor” do que já somos, do que já temos... Assim entramos em um jogo de correr atrás de cenouras, metas a perseguir ou, no início do ano, o “chefe” celebra metas já alcançadas? Quando muito o faz no fim do ano anterior em um breve momento de comemoração, que já se dissipa com vistas ao ano seguinte. ‘Só a alegria dará sentido aos zeros buscados, pelas metas’”.
Retomando à pergunta do parágrafo anterior, relacionar marketing com
o conceito de amor aristotélico, é também um desafio, porém, não menos empolgante
da relação do primeiro capítulo. Ao entendermos que o homem, por natureza, quer
sempre alguma coisa, e que, na primeira definição, a conquista encerra o amor/desejo.
Terei como meta lançar mão da definição de Aristóteles para que o desejo, que sempre
nos acompanha, seja novamente por nossos produtos, nossas ideias, por nós
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enquanto profissionais atuantes no mercado. Tendo como meta principal atingir a
excelência no atendimento, nos produtos, no trato com nossos consumidores/clientes,
para que os mesmos se alegrem com o que temos a oferecer, se satisfaçam tanto na
falta (Eros) como na conquista (Philia). Que eles queiram comprar conosco e que se
alegrem, gostem do que compraram, que a qualidade seja tal, a ponto de propiciar
essa mágica do encantamento com o que temos a oferecer. E assim, o ciclo seguirá a
nosso favor.
Almejando que o desejo, que sempre estará conosco, se canalize para
nós novamente, já que nosso produto os alegrou, sendo uma tendência querer repetir
esse momento: “quem não é visto não é lembrado.” Para que tal lembrança seja, não
para uma reclamação, mas para um novo pedido, é crucial que a experiência da
primeira compra seja alegradora.
“(...) hoje, quando os consumidores veem uma marca, avaliam imediatamente se ela é falsa ou verdadeira. As empresas devem sempre tentar ser verdadeiras e proporcionar experiências que representar de fato suas alegações. Não devem tentar aparentar uma falsa realidade apenas na propaganda; caso o façam, perderão instantaneamente a credibilidade. No mundo horizontal dos consumidores, perder credibilidade significa perder toda a rede de possíveis compradores. (Gilmore apud. Kotler, 2010,p.39)
Vejo como imprescindível para essa discussão, refletir a respeito de
valores éticos, haja vista o momento pelo qual passamos. Quando dizemos que
momentos de crise são também de oportunidades, estamos então diante de uma
grande oportunidade de pautar nossas condutas em princípios éticos. Não há como
tecer argumentos para falar em Philia, ou alegria, sem estarmos estritamente ligado a
valores, a princípios éticos, seja na relação com clientes/consumidores, empregados,
com o mercado de uma maneira geral.
Ética segundo o professor Clovis de Barros, seria a melhor maneira de
conviver, de se relacionar. Para conviver é preciso respeitar e conciliar nossas
aspirações pessoais com a sociedade. Da mesma maneira as empresas que tem seus
próprios códigos de ética, também precisam estar afinadas com a sociedade em geral.
Como nos diz a citação acima, no mundo de hoje não é apenas de bom
tom se pautar em princípios éticos, mas imprescindível, vital para um empresa
continuar atuante e em grau de igualdade com as demais. O cliente tem hoje muito
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mais poder, está atualizado, tem acesso rápido às informações e não tolera mais ser
enganado, o poder está com ele.
“(...) no Marketing 3.0, uma vez bem-sucedida, a marca deixa de ser propriedade da empresa. As empresas que adotam o Marketing 3.0 precisam se acostumar com o fato de que é quase impossível exercer controle da marca agora passa ser missão deles. O que as empresas podem fazer é alinhar suas ações com a missão da marca.” (Kotler, 2010. P. 59)
Transparência é uma palavra que define bem o estamos dizendo, quando
se é age de maneira transparente se nega, vai de encontro ao cinismo. É fundamental
dizer o que realmente se quer dizer, o que realmente se pretende fazer. A empresa, o
profissional que consegue alinhar o discurso com os fatos, já está na frente e estará
cada vez mais em consonância com os novos tempos, com as novas aspirações do
mercado. Assim como é vital para uma empresa se adequar aos avanços tecnológicos,
é também de vital importância se adequar aos avanços pessoais, de personalidade,
avanços sociais.
“Se tentarmos enganar as pessoas oferecendo um produto de baixa abandonarão(...) Ao conquistar um cliente, mantenha com ele um bom relacionamento. Conheça-os pessoalmente, um por um, para ter noção exta de suas necessidades e desejos, preferências e comportamentos. Em seguida ,incremente seus negócios com eles . Esses são o princípios da gesto do relacionamento com o cliente. É essencial atrair os clientes certos , que continuarão comprando com você em função da profunda satisfação racional e emocional. Eles também são capazes de se tornar defensores de sua empresa através do marketing boca a boca.” (Kotler, 2010. P.201,203)
Gosto muito deste trecho de Kotler justamente por ir no ponto certo que
poderia sintetizar este capitulo. Por que trata da satisfação do cliente, da importância
de ser transparente e verdadeiro na hora realizar uma venda, de implantar uma ideia.
Na atualidade os clientes estão cada vez mais informados e antenados, atentos aos
mínimos detalhes, assim como estão mais conscientes de seus direitos, de suas
potencialidades e por conta disso serão muitos mais exigentes e cada vez mais no
controle. Entendo que não há mais espaço para enganar, omitir, acho que estamos
num momento onde valores éticos e morais deverão fazer parte de nosso cotidiano, de
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nossa conduta para com os clientes, sob a pena de os perdemos para sempre.
Voltando um pouco para Platão e entendendo o desejo (Eros) como
inerente ao ser humano e é importantíssimo para nós da área de marketing realiza-los
da melhor forma possível. Não podemos entender o mesmo a respeito de (Philia), já
que nem todos se alegram com o que possuem, com o que consomem conosco, com
as experiências proporcionadas, por assim dizer, de nosso negócio
Demandando então de nós muito mais esforço e dedicação para que
nossos clientes se satisfaçam, e consigam encontrar alegria de tal forma que nos
procurem novamente, comprem de novo e nos recomendem para seus familiares,
amigos, reiniciando com o que temos a oferecer, o ciclo que abordo neste trabalho.
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CAPÍTULO III
ÁGAPE
“Ainda que eu falasse a língua dos homens, e falasse a língua dos anjos, sem amor,
eu nada seria.”
[1 Coríntios 13]
Se no capítulo anterior foi dito que: Philia tem um grau de sofisticação
mais elevado do que Eros, agora entraremos na reflexão a respeito do amor, que nas
palavras do professor Clovis, vamos ter que subir vários degraus, já que o amor de
Cristo é sem dúvida, o mais raro e bem mais difícil de relacioná-lo ao mundo
corporativo, tendo em vista que, a grosso modo, o amor cristão/ágape, é pelo outro.
Entendendo que esse outro não necessariamente é alguém que gostamos, alguém da
família. Ao contrário, para que se reconheça com plenitude o amor de Cristo, será tanto
mais genuíno, quanto for em relação a um estranho, ou até mesmo para com um
desafeto, um inimigo.
Sabemos que o mundo corporativo é uma verdadeira guerra, onde muitas
vezes a competição não dará espaço para qualquer tipo de comportamento solidário,
de compaixão, em que a figura do outro ou do próximo, como preferir, tenha vez, seja
em pensamentos, em atitudes. Então se faz necessário entender melhor, ou como a
filosofia trata deste tal de outro, quem é, qual sua importância, onde se situa.
Iniciando nossa busca para entender quem é o outro, e para que faça
sentido tal entendimento em relação a nosso objeto de estudo, O professor Clovis vai
nos ajudar novamente com algumas reflexões que irão nos conduzir a um
entendimento mais complexo e mais afinado a nossa realidade.
Durante bastante tempo na história da filosofia, mais precisamente na
Modernidade, se fundamentará o conceito do (eu), com o chamado paradigma da
subjetividade. Tendo com ponto de partida e também chegada a figura central do
próprio ser. O filósofo que melhor representa, este período é: René Descartes, sendo o
grande nome deste período, e segundo Clovis de Barros, o pai fundador da filosofia
26
moderna exercendo uma enorme influência para o pensamento de então assim como
para as demais gerações. A famosa frase: ´Penso logo existo", de autoria de
Descartes, vai nortear o pensamento do século XV em diante.
Como nos diz o professor Clovis, Descartes partirá da dúvida para
impulsionar sua filosofia, em que tudo era passível de engano: os sentidos,
percepções, pensamentos... Chegando enfim à conclusão de que justamente a dúvida
seria sua única certeza, chagando a essa frase na perspectiva em que, quem pensa,
ou duvida, sou eu. Haveria um eu pensante mas nada garante que o outro pense como
ele ou que sequer exista, sendo então a figura do eu exaltada como centro da
referência existencial.
Na mesma linha de pensamento Berkeley, vai entender o mundo como
um feixe de percepções individuais, em que cada sujeito percebe, vê o mundo de forma
absolutamente particular. Onde ninguém teria a capacidade de entrar na mente do
outro, de participar da mesma experiência “a vida seria um filme visto de uma maneira
diferente por cada expectador.” O pensamento filosófico foi, então, impregnado pela
noção do sujeito, do eu, onde o outro não tinha espaço.
Seguindo os ensinamentos do professor Clovis, essa primazia do sujeito,
começará a ser rompida com o pensamento bastante peculiar e revolucionário de
Nietzsche, que a esse respeito vai lançar a ideia de que, o eu, simplesmente não
existe, é uma ilusão que criamos para nos adequar ao mundo e seus ideais perpétuos,
tais como: Verdades, Transcendência, Moral. Nietzsche resumidamente vai entender
que a figura do eu, seria a confluência de fluxos que se constituem num corpo, num
corpo que sente, que sofre oscilação, que se transforma a todo tempo, então seria
inviável pensar em permanência. O que nas palavras de Clovis, tal pensamento dará
início a chamada: “erosão do paradigma da subjetividade”, lançando as primeiras
bases para o outro entrar em cena.
Durkheim vem em seguimento dizendo que: “durante séculos, nós
entendemos que a sociedade era o produto de um acordo entre sujeitos que decidiram
viver juntos”. Durkheim vai propor uma inversão sociológica onde dirá que: “o sujeito é
lógica e cronologicamente posterior à sociedade, primeiro veio a sociedade e depois o
sujeito.” O sujeito já surge social, sendo na sociedade, em sua materialidade das
relações é que aprendemos quem somos, um resultado das relações sociais. Para
Clovis essa reflexão será um golpe duríssimo em Descartes, quebrando a primazia do
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eu como referência.
Para ilustrar Durkheim, busco ajuda de: Cynthia A. Sarti, que embora
faça referências a sentimentos como a dor, podem nos ajudar a fixar o pensamento em
questão.
“(...) nenhuma realidade humana prescinde de dimensão social, tampouco o corpo ou a dor. A singularidade da dor como experiência subjetiva torna-a um campo privilegiado para se pensar a relação entre indivíduo e sociedade. Toda experiência individual inscreve-se num campo de significações coletivamente elaborado. As experiências vividas pelos indivíduos, seu modo de ser, de sentir ou de agir serão constitutivamente referidos à sociedade à qual pertencem. Ainda que traduzido e apreendido subjetivamente, o significado de toda experiência humana é sempre elaborado histórica e culturalmente, sendo transmitido pela socialização, iniciada ao nascer e renovada ao longo da vida” (SARTI, 2001, p.2)
Viver em sociedade, conforme vai nos dizer Sarti, é experimentar um
constante processo de confronto entre o individual e o coletivo, em que a realidade
social objetiva se introjeta no sujeito e passa a fazer parte de sua realidade subjetiva,
construindo significado para as suas experiências. A dor, assim como os demais outros
sentimentos, remete a uma subjetividade radical. Contudo, as experiências humanas
têm seu significado inseridos em uma realidade coletiva, social. (2001,p. 4)
Identificar uma experiência coletiva, implica em ter como referência a
sociedade em que se vive, onde o indivíduo se situa. De um modo geral, as sociedades
têm influência decisiva e definitiva que vai acompanhar o indivíduo em toda a sua
trajetória. Os fatores exteriores, que só ocorrem em sociedade, têm um forte poder de
coerção, fazendo com que o indivíduo interiorize em si, o que é produzido na
coletividade. Assim, será fundamental o local, o momento histórico onde o indivíduo se
insere.
Para que fique mais claro e concreto o que está sendo dito, vamos
recorrer a uma alegoria proposta pelo professor Clovis de Barros de autoria de Sartre
em “O Ser e o Nada”, a proposta é pensar em um garoto, ainda não apresentado
plenamente à experiência sexual , que se depara diante de uma porta, onde ouve um
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casal produzindo gemidos, que ele identifica como sendo sons sexuais, e não
suportando um “bom comportamento” de sua parte em tal contesto, resolve então no,
mesmo instante, ir para o buraco da fechadura e fica vendo o casal fazendo sexo, o
rapaz fica paralisado com o que vê: “sua consciência fica plasmada no instante”,
estando cem por cento voltado para a cena. Então, de repente, o rapaz ouve um outro
som, que percebe não vir de dentro do quarto e sim perto dele, e neste exato momento
o rapaz volta para si mesmo e percebe que não seria “bom” que alguém o visse nesta
situação, e então resolve sair para não ser flagrado nesta situação.
Podemos evidenciar que houve a necessidade da presença de um outro
para que o rapaz se percebesse a si próprio, para que voltasse para a sua própria
consciência. “o outro não é apenas importante mas condição fundamental para a
própria existência do eu,” sem o outro não haveria o eu.”
Busco, com essa reflexão, tornar a figura principal do amor Ágape menos
romantizada, procuro fazer com que tal figura ganhe robustez, tenha um entendimento
histórico, não ficando ao bel prazer, digamos assim, de nossa caridade, ou qualquer
outro sentimento que se distancie demasiadamente do mundo corporativo. Ainda que o
amor de Cristo tenha, no sentido religioso, uma conotação de absoluta entrega e
compaixão, nosso propósito seria justamente refletir o amor Ágape, sob uma
perspectiva histórico-filosófica, onde a figura do outro, ganha uma dimensão mais
afinada e concreta com nosso objeto de estudo. Uma pausa para Kotler:
“No Marketing 3.0, cultura corporativa é sinônimo de integridade. Significa alinhar os valores compartilhados ao comportamento dos empregados. No contexto das forças em ação, a cultura corporativa deve ser colaborativa, cultural e criativa. Deve transformar a vida dos empregados e lhes conferir autonomia, para que transformem a vida dos outros. Ao construírem sua integridade, as empresas podem competir pelos talentos no mercado, aumentar a produtividade, melhorar sua interface junto ao consumidor e administrar as diferenças. O marketing de seus valores junto aos empregados é tão importante quanto o marketing da missão junto aos consumidores.“ (KOTLER, 2010, p. 95)
Nas aulas de endomarketing me dei conta da dificuldade e importância da
relação da empresa com seus funcionários, de como os empregados refletem a cara da
empresa. Justamente por isso e tomando gancho na temática do capítulo vejo como
um ponto convergente entre Ágape e esta área tão relevante que é o endomarketing.
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Como nos ensina Kotler, seria fundamental ter preocupação diária com os
empregados, conferindo-lhes importância nas funções que exercem, entendendo que
partilham de necessidades específicas, para que a reciprocidade aconteça e os
empregados possam ter a noção da importância do local de trabalho assim como de
sua própria importância. Sendo provável que isso se reflita em um bom ambiente de
trabalho e por consequência um bom ambiente para os clientes e colaboradores em
geral. Dando seguimento:
“Nos negócios, amar os clientes significa conquistar sua fidelidade, oferecendo-lhes valor e tocando suas emoções e seu espírito (...) Além disso é preciso respeitar os concorrentes. São os concorrentes que impulsionam o mercado como um todo; sem eles, o crescimento de um dado setor é muito mais lento. Monitorando nossos concorrentes, podemos detectar nossos pontos fortes e fracos( e também os deles), algo que pode ser muito útil para nossa empresa” (KOTLER, 2010, p. 197)
Continuo citando Kotler, que nos relata uma estratégia bastante
interessante da Unilever no Vietnã:
“A estratégia de ampliar o mercado, permitindo a concorrência, pode ser colocada em prática por meio de transferências de tecnologia verticais ou horizontais. A Unilever oferece a todos os fornecedores locais treinamento nas melhores práticas. Durante o treinamento, os fornecedores aprendem sobre o padrão de qualidade e a tecnologia necessária para alcançar esse padrão. Além disso, a Unilever também oferece apoio financeiro aos fornecedores. Ao fazê-lo, a Unilever consegue manter os baixos custos dos fornecedores locais e, ao mesmo tempo, gerenciar a qualidade. Uma coisa a considerar é a possibilidade de os fornecedores da Unilever servirem também aos concorrentes. Uma curiosidade: a Unilever permite que isso aconteça porque acredita que a prática ajuda a desenvolver o mercado em geral.” (KOTLER, 2010, p. 197)
Vejo que o amor á moda de Cristo tem mais afinidades do que, em
princípio poderia nos ocorrer. O próximo ou o outro pode ser representado por diversos
personagens em diversas nuances de nossa realidade. Gosto muito de um
pensamento que me ocorreu em um jogo de futebol, onde o jogador principal do meu
time fez um gol decisivo e todos do estádio fizeram reverência enaltecendo seu feito ao
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extremo. Logo pensei quem era quem na verdade, ídolo ou fã, quem teria mais
importância?
Penso que todos temos papeis relevantes, sem público, sem a paixão
pelo esporte no caso o futebol, que seria de um talento? Sem os clientes o seria de
nós? os exemplos para enfatizar a relevância do papel do outro, do amor Ágape vão
ao infinito. A mais atual visão do marketing, que tem como foco os clientes em geral,
me deixam muito a vontade para falar neste capítulo de um tema mais delicado, não
busco apenas associar a figura do cliente à figura do outro, mas realmente salientar
sua crucial relevância
“As pessoas se importam mais com as em presas que se importam com elas. Marketing 3.0 explica o que as empresas precisam fazer para se destacar e ser valorizadas. Antes, bastava fabricar um produto a preços razoáveis. Depois, tornou-se importante ao produto emoção e não só funcionalidade. Agora, está se tornando importante apelar para o espírito humano.” (Kotler, 2010. p. 54)
Portanto o amor à moda de Cristo está no âmago das relações sociais
sejam elas de colegas de trabalho, entre patrões e empregados, que nem sempre é
bem resolvida, de empresas afiliadas ou mesmo concorrentes. Todos fazemos partes
da mesma história e somos imprescindíveis uns para os outros.
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CONCLUSÃO
Chego num momento um tanto difícil para mim, onde tenho que finalizar
um trabalho que me trouxe muito prazer em fazê-lo. Longe de ser uma obrigação
curricular, este trabalho traz bastante do que queria dizer. São reflexões que precisava
dividi.
Espero, e nisto consiste minha motivação, ter de alguma forma
contribuído para uma análise crítica e reflexiva a respeito do marketing associado, a
pensamentos filosóficos, que norteiam nossa civilização.
Foi também uma grande honra poder trabalhar com grades autores, que
me ajudaram bastante para fundamentar questões que já pareciam claras em minhas
percepções. Assim como sou muito grato à AVM e seus professores, que com passar
das aulas me deram mais e mais motivação e base para falar de um tema tão
apaixonante para mim.
O trabalho que concluo agora, baseado, em uma palestra que me
impressionou bastante. Nesta palestra, o professor Clovis de Barros Filho vai
justamente, abordar o amor nas três visões clássicas, que segundo ele, marcaram e
ainda marcam nossa cultura.
O amor tal como abordado na palestra e ao longo do trabalho, tem a
meu ver, muitas afinidades com conceitos e situações vivenciadas, durante minha
experiência na AVM, assim como em meu trabalho, e demais contextos que nos
deparamos ao longo da vida.
O amor platônico tal como foi exposto, vejo que é bastante recorrente e
enraizado em nossas experiências. A meu ver, os conceitos e inclinações do marketing
estão repletos, impregnados do amor à moda de Platão. Entendo que o desejo e a
realização são motores fundamentais do próprio significado do mercado como um todo.
Desejar, realizar e desejar de novo são, no meu entender, conceitos basilares e
perenes para entender, estudar e trabalhar com as diversas nuances do mundo
corporativo.
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O amor Aristotélico, abordado neste trabalho, tem um grau de sofisticação,
para usar a palavra do professor Clovis, que pode ser plenamente entendido e
associado ao marketing, em especial aos novos rumos do marketing que tem como
foco principal a figura do cliente. Tendo o cliente como foco e colocando-o em primeiro
plano, nada seria mais apropriado do que agradá-lo, do que não medir esforços para
conquista-los e uma vez conquistados mantê-los felizes conosco e com o que temos a
oferecer. Esta talvez seja a grande finalidade e mais provável associação do amor à
moda Aristóteles.
Entretanto, vejo que numa visão mais abrangente, seria mais oportuno ter
como meta e não apenas fazer associação deste pensamento. Haja vista ser
visivelmente mais complexo proporcionar alegria do que desejo, uma vez que esse
último seria inerente ao ser humano, já a alegria não é tão simples, demanda mais
esforço e capacitação dos profissionais em questão para que o cliente volte, indique e
compartilhe o que temos a oferecer. Sempre lembrando que oferecer o que temos
talvez já não seja o suficiente, o mundo, sob o ponto de vista da alegria, exige mais,
bem mais.
Para falar do amor Ágape é preciso ter em mente a visão histórica do que tal
sentimento representa. Não se trata absolutamente de compaixão, de dar espaço para
o outro abdicando de nós mesmos. É sobretudo, entender a importância das pessoas,
colegas, clientes, corporações, concorrentes. Ter uma visão global de toda a
engrenagem, de todas as peças, para que entendamos a importância de compartilhar,
de dividir. Não há sucesso solitário, segundo Durkheim nem o suicídio é um fato
individual. Então para que Ágape faça sentido é preciso ter a, não imaginária e lúdica,
mas a real significação e relevância do outro.
“(...) quando e economia da experiência amadurece, está na hora de surgilr a economia da transformação- em que a oferta de uma empresa é uma experiência que transformará a vida do consumidor – já está a caminho.” ( Kotler 2010, p.65)
Concluo dizendo que me sinto agora repleto de: Eros; Philia; Ágape, repleto
de desejo que meu trabalho seja digno de leitura, e que de alguma forma acrescente.
De alegria, por ter escrito com muita vontade cada palavra, esquecendo
completamente qualquer obrigação curricular, digo que este trabalho me deu e me dá
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neste momento muito orgulho. E finalmente me sinto repleto do amor à moda de Cristo,
na medida em que não vejo a hora de poder dividir com todos, o resultado de meu
trabalho. Assim o ciclo do amor se encerra neste trabalho assim como se encerra em
mim.
34
BIBLIOGRAFIA
.
BARROS FILLHO, Clovis de. Do balanço da Empresa ao Balanço da Vida, a Vida que Vale a Pena Viver. ExpoGestão 2013 realizada em Joinville - SC. Disponível em:< htt://www.youtube.com> Acesso BARROS FILLHO, Clovis de. Kant Aula 1 Desejo x Vontade Disponível em:< htt://www.youtube.com> Acesso em: 25, out. 2015 BARROS FILLHO, Clovis de. Tranparência e Cinismo. Disponível em:< htt://www.youtube.com> Acesso em: 25, jan, 2016 BARROS, Filho. A Vida que vale a pena ser vivida. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014 BOURDIEU, Pierre. A Economia Das Trocas Simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2005 BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007 BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma Teoria da Prática. In Pierre Bourdieu – sociologia. São Paulo, Ática. 1983. KOTLER, Philip. Marketing 3.0, As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano- Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 SARTI, Cynthia A. A dor, o indivíduo e a cultura. Saude soc. [online]. 2001, v. 10, n. 1,
pp. 3-13. ISSN 0104-1290. doi: 10.1590/S0104-129020010001000002
strução do Conhecimento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I EROS
10 1.1. DESEJO X VONTADE 14 CAPÍTULO II PHILIA 19 CAPÍTULO III ÁGAPE 25 CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 34 ÍNDICE 00 ÍNDICE DE FIGURAS 00 ANEXOS 00