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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O Papel dos Jogos e Brincadeiras na Educação Infantil Por: Viviane Vieira de Pinho Vidal Orientadora Profª. Solange Monteiro Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O Papel dos Jogos e Brincadeiras na Educação

Infantil

Por: Viviane Vieira de Pinho Vidal

Orientadora

Profª. Solange Monteiro

Rio de Janeiro

2014

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O Papel dos Jogos e Brincadeiras na Educação

Infantil

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia

Por. Viviane Vieira de Pinho Vidal

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer, em primeiro lugar, a

Deus, pela força e coragem durante

toda esta longa caminhada.

Agradeço também a todos os

professores que me acompanharam

durante a Pós-Graduação, em especial

a professora Solange Monteiro,

responsável pela minha orientação

monográfica.

Aos amigos e colegas, pelo incentivo e

pelo apoio constantes.

Agradeço também ao meu esposo José

Carlos, que de forma especial e

carinhosa me deu força e coragem, me

apoiando nos momentos de

dificuldades.

E não deixando de agradecer de forma

grata e grandiosa a minha mãe Nice,

minha avó Isabel, pelo apoio e

incentivo de sempre, sem elas

certamente eu não teria chegado até

aqui.

Agradeço também ao meu irmão

Vinícius que em todos os momentos

me fez sentir capaz de vencer.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, em

especial a minha mãe que sempre me

ajudou a superar os obstáculos da vida e

a minha sobrinha Catharina, que foi fonte

de inspiração para realização do mesmo.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a reflexão sobre a importância dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento das crianças e quais os seus benefícios no processo de ensino-aprendizagem. Para se compreender melhor o estudo em causa, Buscou-se os estudos de Piaget, Vygostsky, Kishimoto e muitos outros que de forma direta ou indiretamente citam em seus livros a importância do lúdico no cotidiano infantil. Será demonstrado através desse trabalho, como surgiram os jogos e suas principais contribuições, qual a importância do brincar e seus principais benefícios tendo como objetivo, demonstrar que as brincadeiras são atividades de estimulação capazes de contribuir para o desenvolvimento cognitivo, físico, social e emocional da criança, e por fim qual a importância do professor para que essa aprendizagem aconteça.

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METODOLOGIA

Na educação infantil, os jogos e brincadeiras possibilitam as crianças a

se expressarem através da prática diária de atividades dirigidas que as fazem

desenvolver suas capacidades motoras, cognitivas e sociais. Para fundamentar

a pesquisa e análise dos dados buscou-se, os estudos de Vygostsky, Piaget,

Kishimoto, entre outros por trazerem contribuições acerca do jogo e do brincar

na educação infantil, além de tratarem da questão da socialização e

constituição do ser pela interação social.

Esta pesquisa pretende propiciar a realização da atividade docente na

educação infantil no sentido da observação favorecendo a compreensão dessa

investigação, leituras de livros com embasamentos teóricos, pesquisas

bibliográficas, observação da aula, enfocando a análise nas ações das crianças

e também no modo como o professor age frente as presença de brincadeiras

desenvolvidas por seus alunos, os benefícios do brincar, o tempo e o espaço

que a rotina escolar reserva ao lúdico, as brincadeiras livres e dirigidas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8

CAPÍTULO I

JOGOS E BRINCADEIRAS NO CONTEXTO ESCOLAR ................................. 10

CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......................... 20

CAPÍTULO II

O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................ 31

CONCLUSÃO ................................................................................................... 42

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 45

WEBGRAFIA .................................................................................................... 49

ANEXOS ........................................................................................................... 51

ÍNDICE ...................................................................................................................................... 58

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo analisar o papel dos jogos e

brincadeiras na educação Infantil e com o objetivo de verificar como estes

jogos e brincadeiras são trabalhados, perceber em que medida as brincadeiras

contribuem para a socialização das crianças e se há interesse e participação

dos educadores nas situações lúdicas. Este tema foi escolhido por acreditar

que na infância o brincar faz parte da construção da criança.

Através do brincar a criança consegue criar e vencer seus próprios

limites e construir suas próprias aprendizagens. Podemos dar inúmeras

definições para brincadeira e uma delas, é a seguinte: “A brincadeira é

atividade física ou mental que se faz de maneira espontânea e que proporciona

prazer a quem a executa.” Queiroz (2003, p.22)

Na educação infantil, os jogos e brincadeiras possibilitam as

crianças a se expressarem através da prática diária de atividades

dirigidas que as fazem desenvolver suas capacidades motoras,

cognitivas e sociais. Para fundamentar a pesquisa e análise dos

dados buscou-se, os estudos de alguns teóricos para complementação do

trabalho.

Os jogos e as brincadeiras fazem parte da vida de toda criança

auxiliando-as no processo de pensar, imaginar, criar, se relacionar com os

demais, trazendo como recurso pedagógico o bom desempenho no processo

de ensino e aprendizagem. Através dos jogos as crianças podem aprender a

respeitar regras, discutir, inventar, criar e transformar o mundo onde estão

inseridos.

O jogo constitui-se em “Uma atividade organizada por um sistema

de regras, na qual se pode ganhar ou perder”. Queiroz (2003, p.158)

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No momento em que a criança brinca a aprendizagem acontece.

“A aprendizagem é construção do conhecimento”. Queiroz (2003, p.22)

Na brincadeira a criança se sente solta, ela deixa fluir naturalmente

sua criatividade, podemos acreditar que a criança vai construindo seu

conhecimento de mundo de modo criativo, lúdico, modificando a realidade com

os recursos da sua imaginação e desenvolvendo habilidades de forma natural e

agradável, gerando um forte interesse em aprender e garantindo o prazer.

Sendo assim, este trabalho apontará para importância dos jogos e

brincadeiras ligadas ao campo da aprendizagem para que sejam utilizadas

como uma ferramenta estimuladora, facilitadora e enriquecedora que auxilia de

maneira prazerosa todo o processo de aprendizagem da criança.

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CAPÍTULO I

JOGOS E BRINCADEIRAS NO CONTEXTO ESCOLAR

Antes de começarmos a falar sobre jogos e brincadeiras no contexto

escolar retomaremos um pouco na história da humanidade para

compreendermos as diferentes visões sobre o jogo. No entanto, é necessário

relembrar que as mudanças não aconteceram instantaneamente.

A relação entre o jogo e a educação vem de muito longe. Estes

sempre marcaram presença nas diferentes épocas e, foram objeto de estudo

ao longo dos tempos o que nos permite hoje compreender melhor os aspetos

históricos dos jogos. O jogo aparece no século XVI e os primeiros estudos

foram realizados na Roma e Grécia, destinados a facilitar o aprendizado das

tarefas escolares. Esse interesse decresceu com a chegada do cristianismo

que visava uma educação disciplinada como memorização e obediência.

É no Renascimento que o jogo perde esse caráter de reprovação e

entra no cotidiano dos jovens como diversão. Somente no período

Renascentista que se reconhece o ato da brincadeira como algo importante,

como um espaço de criação cultural.

Brougère cita que foi Winnicott (1975) quem reativou a ideia de que

é no espaço lúdico que o indivíduo cria e entretém uma relação positiva e

aberta com a cultura.

A brincadeira e o jogo podem estar presentes na vida das crianças

desde a antiguidade, a exemplo disto temos estudos arqueológicos que

constatam que desde a Baixa Idade Média existiam instrumentos identificados

como brinquedos. Segundo Bragança, estes em sua maioria eram feitos de

madeira, osso, cerâmica, dentre outros materiais.

Entre os egípcios, romanos e maias, os jogos eram usados para

transmissão de conhecimentos e valores, das gerações mais antigas para as

gerações mais novas.

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No século XVI, os humanistas deram novo valor aos jogos

educativos e desenvolveram novas propostas pedagógicas com a utilização

dos jogos e brinquedos. Podemos destacar Rousseau, Froebel, Decroly,

Dewey, Piaget e Vygotsky.

Jean Jacques Rousseau (1712) defendia que aprender deveria ser

uma conquista ativa, onde a criança aprende com prazer.

Froebel (1782) escreveu que a criança deve ser vista como atividade

criadora e a melhor forma para tal é usar os jogos. Defendia que um bom

educador é aquele que faz do jogo uma arte de ensinar.

Decroly (1871) criou materiais para a educação de crianças com

deficiências com a finalidade de desenvolver a percepção, motricidade e

raciocínio.

Dewey (1859) dizia que a aprendizagem da criança só era possível

num ambiente natural e é nos jogos que a criança é mais espontânea. A

criança deve aprender segundo os seus interesses e não a partir de coisas

abstratas.

Maria Montessori (1870) propunha atividades que remetessem à

realidade, à vida diária contraponde-se à brincadeira “Considerada uma

atividade inata infantil, sem fins lucrativos” (Wajskop, 1995, p.64); Deu grande

ênfase aos jogos sensoriais.

No fim do século XIX e início do século XX, o movimento conhecido

como Escola Nova manteve as ideias elaboradas por Froebel em relação à

importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil.

Já no século XX, outros pesquisadores como Vygostsky e Piaget

debruçaram sobre os jogos.

Vygostsky (1896) considerava a brincadeira, como resultado das

influências sociais que a criança vai recebendo através do contato com o meio

em que vive.

Piaget (1896) via os jogos como meio para o desenvolvimento

intelectual. À medida que a criança cresce, os jogos tornam-se mais

significativos e vão-se transformando em construções adaptadas.

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A escola deve oferecer as crianças oportunidades para a construção

do conhecimento através da descoberta e da invenção, elementos estes

indispensáveis para a participação ativa da criança no seu meio.

Segundo Piaget (1998), a atividade relacionada ao jogo, não poderia

ser somente vista para a criança jogar fora suas energias, mas deve ser visto

como algo mais sério, pois, o jogo contribui para o desenvolvimento físico,

cognitivo, afetivo, social e moral.

Através dos jogos, a criança forma conceitos, ideias, relações

lógicas, integra percepções compatíveis com o seu crescimento físico e

desenvolvimento e, o mais importante, se socializa.

A aprendizagem depende em grande parte da motivação:

as necessidades e os interesses da criança são mais importantes que qualquer

outra razão para que ela se ligue a uma atividade.

Nos dias de hoje, a educação infantil introduz a brincadeira

valorizando a socialização e a recriação de experiências.

1.1 Principais teóricos e suas contribuições para as

atividades lúdicas

Estudos de educadores, psicólogos e outros pesquisadores da área

servem como instrumentos para entender aspectos ligados à fase do

desenvolvimento infantil. A infância é marcada por jogos e brincadeiras,

atividades de grandes importâncias para o auxílio na construção de habilidades

sociais e cognitivas das crianças.

Muitas teorias surgiram para explicar o significado dos jogos,

mostrando que aquilo que aparentemente é apenas uma forma de preencher o

tempo de lazer, tem raízes profundas no que diz respeito à vida e ao saber.

Alguns estudiosos consideram então, a brincadeira o elemento

central da fase infantil, que desempenha o papel de treinadora da realidade

adulta. Porém, este é um tipo de treinamento involuntário, pois, não apresenta

consciência deste fato.

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Froebel (1782) foi o criador e fundador do jardim de infância na

Alemanha (1837), conhecido como Kindergarten, sendo o pioneiro a

compreender a importância dos jogos e brincadeiras como fonte do

desenvolvimento da criança de maneira adequada. Esse autor propôs uma

educação que pautasse nas fases do desenvolvimento, nas características e

necessidades das crianças. Froebel entendia que as crianças precisavam de

cuidados, seja na educação institucional ou familiar.

Froebel (1837) comparava a criança como uma planta, pois a

mesma sendo um ser vivo precisaria de elementos fundamentais para o seu

desenvolvimento como carinho e cuidados especiais desde a mais simples

para que possa crescer forte, sadio e tornar-se um adulto sensato. Kishimoto

(2002) comenta que Froebel defendia o valor do lúdico na infância e a

expressão de liberdade como um meio para o ensino. Froebel também

acreditava que o imaginário era impulsionador no processo de conhecimento,

ou seja, ele considerava importante a apreensão do objeto explorado através

do aspecto lúdico.

E a proposta de Froebel (2001) se caracterizava no caráter lúdico,

pois esse era o fator determinante da aprendizagem das crianças, gerando no

autor o interesse pela importância da brincadeira e da música como

instrumentos para o desenvolvimento da criança, pois tais atividades poderiam

auxiliar no fortalecimento dos músculos, no conhecimento das partes do corpo

e na aquisição da linguagem.

“O brincar envolve a criança inteira, seus sentimentos, seus

movimentos, sua percepção e seu pensamento, as mães e os pais.” Kishimoto

& Pinazza (2007, p.52).

A teoria froebeliana considera o ato de brincar como algo essencial,

apoiando na ideia de que “o brincar é a mais alta fase do desenvolvimento

infantil – do desenvolvimento humano neste período. É a representação auto-

ativa do interno – representação do interno da interna necessidade de impulso”

Froebel apud Kishimoto & Pinazza (1986, p.48)

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Kishimoto faz uma relevante abordagem sobre Froebel.

“Embora não tenha sido o primeiro a analisar o valor educativo de um jogo,

Froebel foi o primeiro a colocá-lo como essencial do trabalho pedagógico, ao

criar o jardim de infância, com uso de jogos e brinquedos.” Kishimoto (1998,

p.61)

Através do lúdico, a criança teria mais condições de viver melhor

sempre acrescentando brinquedos e jogos direcionados, livres ou espontâneos.

Assim, o autor, de acordo com Aranha (2002), consegue perceber o significado

e a importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento sensório-motor,

criando meios para aprimorar a capacidade intelectual da criança através da

relação com brinquedos estimulando a criatividade, imaginação e experiências

vivenciadas, ou seja, Froebel (1782) considera que a criança

desperta seus interesses mediante estímulos.

Vygostsky (1896) foi pioneiro na nação de que o desenvolvimento

intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições

de vida.

Diante da teoria sócio-interacionista, onde primeiro o indivíduo

aprende para depois se desenvolver, Vygostsky (2003) reforça a importância

de jogos para o desenvolvimento infantil enfatizando ainda mais a

responsabilidade do professor no desenvolvimento do aluno. Quando o

professor propõe situações de jogos na sala de aula, ocasiona momentos de

afetividade entre a criança e o aprender, tornando a aprendizagem mais

significativa e prazerosa.

É fundamental que a criança tenha oportunidades de manusear

brinquedos e com isso brincar, se movimentar, conhecer, experimentar, sentir,

descobrir, explorar, criar, interagir para que possam desenvolver suas

potencialidades.

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É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de

uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir

numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa,

dependendo das motivações e tendências internas, e não por

incentivos fornecidos por objetos externos. A incorporação de

brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica, podem

desenvolver diferentes atividades que contribuem para

inúmeras aprendizagens.

(VYGOSTSKY, 1998, p.126)

O uso dos jogos proporciona ambientes desafiadores, capazes de

“estimular o intelecto” proporcionando a conquista de estágios mais elevados

de raciocínio.

Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas

capacidades importantes tais como, atenção, imitação,

memória e imaginação, amadurecem também algumas

capacidades de socialização, por meio da interação e da

utilização e experimentação de regras e papeis.

(REGO apud VYGOTSKY, 2000, p.79)

Segundo Vygostsky (1998), a criança usa as interações sociais

como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem a regra do jogo,

por exemplo, através dos outros e não como resultado de um engajamento

individual na solução de problemas.

A infância é marcada por algumas características que podem ser

consideradas de nascença, como por exemplo, a curiosidade, a necessidade

de exploração, e outras que são consideradas socioculturais, que se aprendem

no meio, como por exemplo, a brincadeira.

Ainda hoje encontramos contradições teóricas em relação ao caráter

das atividades lúdicas. Uns consideram a brincadeira como algo natural, inato,

outros a reconhecem como um aspecto cultural, que se aprende através do

convívio social. Para alguns “a atividade de brincar é o aspecto mais importante

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da infância da criança” Aranega, Nassim, Chiappetta (2006, p.41). Já para

Brougère (1995), “a criança está inserida, desde o seu nascimento, num

contexto social e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão

inevitável” (Alves & Inez, p.3). Ou seja, o brincar não é uma atividade de

resultado de um processo interno do indivíduo.

O brincar não é uma atividade espontânea. Ela parte do princípio do

que é construído pela sociedade e apresenta-se como algo a ser aprendido

através das diversas formas de convívio.

1.2 Contribuições dos jogos e brincadeiras utilizados como

recurso pedagógico

As brincadeiras e os jogos são importantes para o desenvolvimento

infantil e para sua aprendizagem.

De acordo com Oliveira (2002), o ato de brincar proporciona uma

mudança “significativa” na “consciência infantil” pelo motivo de determinar das

crianças um jeito mais “complexo” de conviver com o mundo.

Por meio da brincadeira, a criança pequena exercita

capacidades nascentes, como as de representar o mundo e de

distinguir entre pessoas possibilitadas especialmente pelos

jogos de faz-de-conta os de alternância respectivamente. Ao

brincar, a criança passa a compreender as características dos

objetos seu funcionamento, os elementos da natureza e os

acontecimentos sociais. Ao mesmo tempo, ao tomar o papel do

outro na brincadeira, começa a perceber as diferentes

perspectivas de uma situação, o que lhe facilita a elaboração

do diálogo interior característicos de seu pensamento verbal.

(OLIVEIRA, 2002, p.160)

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O brinquedo é a maior ferramenta do desenvolvimento cognitivo,

pois, quando brinca, a criança descobre , inventa, e experimenta, e com isso

estimula a curiosidade e a sua confiança em si mesma e traz também o

desenvolvimento da linguagem. O brincar é sempre a fase da autorealização.

Segundo Vygostsky (1998), como ressalta Oliveira (2002), é nas

brincadeiras que as crianças passam a representar as vivências cada vez mais

abstratas e a criar novas estruturas “auto-reguladoras de ação”.

É, portanto, no processo de desenvolvimento, que a criança começa

usando as mesmas formas de comportamento que outras pessoas inicialmente

usaram em relação a ela. Isto porque, desde os primeiros dias de vida as

atividades da criança adquirem um significado próprio em um sistema de

comportamento social, espelhada através de seu ambiente humano, que a

auxilia a atender seus objetivos, envolvendo a comunicação e a fala.

É também, através da brincadeira, que podemos devolver a

liberdade de se expressar, de ser criativa. Na interação com o meio, as

crianças vão construindo seu conhecimento, e as atividades lúdicas, dentro de

sua variedade, permitem manipular os dados da realidade, reelaborando e

transformando-os.

O brinquedo traduz, de acordo com Piaget (2003), o real para a

realidade infantil. Portanto brincando, sua inteligência e sua sensibilidade estão

sendo desenvolvidas. Assim, a presença de atividades lúdicas na prática

educativa articula-se de duas formas: uma espontânea e outra dirigida.

Em ambas percebe-se a função educativa.

De acordo com Piaget (2003), o brincar na formação da criança é o

que pressupõe o desenvolvimento total da própria, tanto na sua capacidade

física, moral, intelectual e também a sua individualidade, o seu caráter e a sua

personalidade. As brincadeiras na escola têm total influência no processo de

aprendizagem e no desenvolvimento. Por isso que a atividade lúdica deve

sempre estar presente na educação infantil.

Os jogos podem ser também utilizados na sala de aula, uma vez que

são uma realidade muito próxima das crianças. Através dos jogos podemos

trabalhar a coordenação, o raciocínio, o equilíbrio.

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Cabe aos professores nas suas aulas incluir jogos e brincadeiras

como estratégias e melhoria do desenvolvimento lúdico nas crianças.

O jogo faz parte da nossa história da nossa sociedade, onde a escola deve

contribuir para que os seus alunos conheçam as suas raízes culturais.

Principio 7.º da Declaração dos direitos da Criança (ONU, 1959)

A criança deve ter plena oportunidade para brincar e para se

dedicar a atividades recreativas, que devem ser orientadas

para os mesmos objetivos da educação: a sociedade e as

autoridades públicas deverão esforçar-se para promover o

gozo dos direitos.

O professor utiliza os jogos e brincadeiras como instrumentos para

ajudar a criança a se desenvolver como pessoa. Devendo ser praticados com

uma finalidade e de forma construtiva e nunca como preenchimentos de

lacunas.

Utilizar a brincadeira como recurso pedagógico, é tão complexo

quanto desenvolver o trabalho pedagógico em outras áreas de

estudo, como Português, Matemática, Artes, exigindo do

educador fundamentação teórico-prática, clareza de princípios

e de finalidades. (LIMA apud SOUZA, 2005, p.158)

A escola tem um grande desafio pela frente ao desenvolver

mecanismos para cativar as crianças a se interessarem por jogos e

brincadeiras com o objetivo de melhorar a qualidade de vida delas.

1.3 O tempo e o espaço para brincar na aprendizagem

O jogo acontece em determinados momentos no cotidiano infantil.

Partindo da idéia de que o jogo é uma necessidade para a criança, constata –

se que o tempo para ela brincar tem se tornado cada vez mais escasso, tanto

dentro como fora da escola.

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Na escola “não dá tempo para brincar”, justificam os

educadores. Por quê? Há evidentemente um programa de ensino a ser

cumprido e os objetivos a serem atingidos, para cada faixa etária. Com isso, o

jogo fica relegado ao pátio ou destinado a “preencher” intervalos de tempo

entre aulas.

Entretanto, o jogo pode e deve fazer parte das atividades

curriculares, sobretudo na educação infantil, e ter um tempo preestabelecido

durante o planejamento, na sala de aula.

Na escola é possível planejar os espaços de jogo. Na sala de aula a

professora pode transformar o espaço de trabalho em espaço de jogo,

aproveitando se quiser mesas, cadeiras como recursos.

O desenvolvimento e o aprendizado da criança se dão também de

outra forma no seu dia-a-dia, fora da escola, em contato com outras crianças e,

sobretudo, de forma direta com os meios de comunicação. Toda a mídia

eletrônica tem influência profunda na mente infantil. Acredita-se também que o

alto índice de violência das grandes cidades privou muitas crianças de

brincarem nas ruas. O trânsito dos carros aumentou, a velocidade em que

percorrem as ruas também se tornou elevada. Os ataques repentinos dos

traficantes contra os cidadãos civis e militares. Todos esses fatores

influenciaram para que o espaço do brincar se tornasse reduzido. Mesmo

vivendo imersos em novas tecnologias e tendo dificuldades de encontrar um

espaço para brincar, é necessário reconhecer que as brincadeiras em coletivo,

que o corpo se faz presente em um grupo são consideradas por Paternost

(2005), de grande valor para o desenvolvimento da interação social da criança.

A criança quando brinca, aumenta seu quadro de experiências

vividas. A escola tem o papel de proporcionar tempo e espaço para que a

criança brinque, contribuindo com suas evoluções nos aspectos sociais,

intelectuais, físicos e motores.

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CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO

INFANTL

Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é

muito mais do que isso, pois é uma das formas mais complexas que a criança

tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo.

O brincar, em todas as suas formas, é capaz de proporcionar alegria

e divertimento. Almeida (2004) afirma que o ato de brincar desenvolve o

intelectual, a criatividade e estabilidade emocional, proporcionando alegria e

prazer.

Para alguns psicólogos e filósofos existem várias concepções, para

uns é a energia acumulada do indivíduo que precisa ser descarregada, para

outros, é uma forma de relaxamento.

Se, por um lado, para alguns autores, o brincar é livre se opõe a

toda regra fixa, por outro, podemos questionar as ideias dos autores que vêem

o brincar sem importância. Parece, pois, que vários motivos levam a criança a

brincar. Não é, portanto, somente por “simples prazer” ou para “gastar suas

energias" que as crianças brincam. Existem amplos aspectos que devem ser

considerados, não se devendo de forma alguma subestimar esta atividade, que

é, sem dúvida, essencial para o desenvolvimento da criança na educação

infantil.

O Brincar é agradável, dá prazer à criança e estimula o

desenvolvimento intelectual da mesma. É o que nos afirma, por exemplo,

Bettelheim (1988),as crianças brincam porque esta é uma atividade agradável

e ao brincar a criança exercita também a mente, além do corpo, pois ambos

estão envolvidos.

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As brincadeiras variam de uma região para outra e adquirem

peculiaridades regionais ou locais. No entanto, é possível reconhecer uma

mesma brincadeira e identificar as variantes surgidas, as fusões ocorridas no

decorrer do tempo.

Muitas atividades desaparecem quando deixam de ser funcionais

aos grupos lúdicos, podendo vir a reaparecer em novas combinações.

Ao reconhecermos que o brincar é inato, perceberemos que este ato

é composto por significações sociais e que, por não nascer com o indivíduo, é

adquirido através da aprendizagem.

A brincadeira pode servir como diagnóstico no sentido de tentar

identificar alguma situação que a criança esteja vivenciando.

No momento da brincadeira a criança revive suas experiências e as

tais são fruto das interações sociais, então, a brincadeira também será fruto da

cultura geral.

Através das brincadeiras as crianças podem conhecer as regras de

convivência e os valores sociais e ainda poderão experimentar outros

costumes que talvez não estejam presentes em uma, mas em outra cultura.

Segundo Machado (1994), “o brincar para criança é ter prazer em

viver.”

O ato de brincar envolve várias áreas do desenvolvimento. Quando

uma criança brinca, ela trabalha aspectos cognitivos, no que se referem às

funções simbólicas; sociais, em relação às regras, os valores; afetivos, na

relação entre os que a cercam; e físicos motores, no que diz respeito ao

desenvolvimento dos músculos, o auxílio no equilíbrio corporal, etc. Brincar é

criar, imaginar, interagir com o outro. A brincadeira não só desenvolve o lado

motor da criança, como promove processos de socialização e descoberta do

mundo.

O ato de brincar estimula o uso da memória que ao entrar em ação

se amplia e organiza o material a ser lembrado, tudo isto esta relacionado com

aparecimento gradativos dos processos da linguagem que ao reorganizarem a

vivencia emocional e eleva a criança a um nível de processos psíquicos.

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A importância do ato de brincar fica clara nos escritos de

Nicolau (1988), quando afirma que:

Brincar não constitui perda de tempo, nem é simplesmente

uma forma de preencher o tempo (...) O brinquedo possibilita o

desenvolvimento integral da criança,já que ela se envolve

afetivamente e opera mentalmente, tudo isso de maneira

envolvente, em que a criança imagina, constrói conhecimento e

cria alternativas para resolver os imprevistos que surgem no

ato de brincar. (NICOLAU, 1998, p.78)

Brincar é um direito das crianças, através das atividades lúdicas elas

exploram o seu mundo interior, imitam aspectos da vida adulta para

compreendê-la.

O brincar tem funções lúdicas e educativas ambos com valor

pedagógico. A brincadeira pode ser livre ou dirigida, mas o importante é que o

educador consiga equilibrar estas funções para que aconteça o aprendizado.

Salomão, Martini e Jordão (2007) citam a importância do lúdico, da

brincadeira, afirmando que esta atividade pode facilitar a aprendizagem

espontânea, o estímulo à produção critica e criativa, assim como colaborar

para uma saúde mental.

O que percebemos em algumas instituições é a preocupação com a

“absorção” de conteúdos sem levar em consideração que este período de

desenvolvimento necessita de meios que estimularão as estruturas cognitivas a

fim de facilitar o futuro aprendizado.

As brincadeiras devem ser praticadas de maneira construtiva e não para

“tampar buracos” com atividades sem sentido; mas para que isso não ocorra o

professor tem que se planejar e ser organizado com objetivos concretos.

É importante que cada professor procure fazer a sua parte no sentido de

contribuir para o desenvolvimento de seus alunos, valorizando o que a criança

mais sabe e gosta de fazer: As brincadeiras devem fazer parte diária da rotina

da Educação Infantil, para que a criança tenha a possibilidade de aprender de

forma prazerosa.

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As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de

construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de

sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro) jogos

tradicionais, didáticos, corporais, etc., propiciam a ampliação

dos conhecimentos da criança por meio da atividade lúdica.

(RCNEI, l998, p.28)

O brincar tem funções lúdicas e educativas ambos com valor.

A brincadeira pode ser livre ou coordenada, mas o importante é o professor

conseguir mediar as duas brincadeiras para que aconteça o aprendizado.

O professor necessita de um suporte teórico e, acima de tudo,

acreditar que a brincadeira é uma ferramenta indispensável para o processo de

desenvolvimento da criança.

A seguir verificaremos através de estudos realizados no Brasil, como

a brincadeira é importante na concepção de alguns teóricos.

Wajskop (1996) pesquisou as concepções dos professores sobre o

brincar e verificou que a brincadeira é vista como diversão e separada da

educação.

Kishimoto (1998) analisou a disponibilidade de brinquedos nas

escolas infantis de São Paulo. O brincar é interditado para dar lugar a outras

atividades. A autora afirma que falta espaço, material, remanejamento dos

horários e formação adequada para as professoras.

Os estudos de Carvalho, Alves e Gomes (2005) identificaram uma

dicotomia, em relação ao brincar, entre a prática e a visão dos professores, ou

seja, o professor reconhece a importância da brincadeira, mas tem dificuldades

em utilizá-la.

Biscoli (2005) ao analisar a produção científica brasileira a respeito

da relação entre brincadeira e educação constatou que os estudos nacionais

dão maior destaque ao brincar como um recurso da pré-escola e que visa à

aprendizagem de conteúdos escolares.

Leif e Brunelle (1978) ressaltam a importância do olhar do professor

sobre a brincadeira, enfatizando que este necessita ter, além de uma formação

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adequada, certo gosto e interesse pelo brincar. As pesquisas podem

auxiliar os adultos a compreenderem melhor os significados que as crianças

dão às suas experiências, e aos professores a organizar e observar o brincar

delas, tudo isso se dará como o professor fará a intervenção durante a

brincadeira.

Bomtempo (1997) coloca que a intervenção do professor deve

explicar o brincar e não dirigir as atividades, pois quando a brincadeira é

dirigida por um adulto com um determinado objetivo ela perde o seu

significado, lembrando que a brincadeira deve possuir um fim em si mesmo.

Spodek e Saracho (1998) distinguem dois modos de intervenção por

parte do professor durante a brincadeira, o participativo e o dirigido. No modo

participativo a interação do professor visa à aprendizagem incidental durante a

brincadeira. As crianças acham um problema e o professor, como um membro

a mais no jogo, tenta junto com o grupo encontrar a solução, estimulando estas

a utilizarem a imaginação e a criatividade.

No modo dirigido o professor aproveita a brincadeira para inserir a

aprendizagem de conteúdos escolares e dirigir as atividades para situações

não lúdicas, causando uma desvalorização do brincar, que deixa de ser

espontâneo, impedindo o desenvolvimento da criatividade. Uma tendência que

vem ganhando espaço é a ludo educação que se resume em educar através da

brincadeira e da descontração. Segundo Dohme (2002) é uma técnica por meio

da qual podem ser postos em prática conceitos como os do construtivismo,

uma vez que a aprendizagem se dá por meio da participação do aluno, e de

uma forma que, para este, é divertida, por meio de brincadeiras e jogos que

estimulam o desenvolvimento emocional e o relacionamento entre as crianças

e também entre as crianças e professores.

Respeitando as brincadeiras, o educador poderá desenvolver novas

habilidades no repertório de seus alunos. Bomtempo (1997) sugere que as

intervenções não específicas por parte dos professores podem oferecer várias

possibilidades e também estimular a criatividade das crianças. A mesma autora

também afirma que a intervenção do professor não deve, de forma alguma,

podar a imaginação criativa da criança, mas sim orientar para que a brincadeira

espontânea apareça na situação de aprendizagem.

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2.1 O brincar livre

A Educação Infantil tem como principal meio de aprendizagem o

lúdico, a fantasia, a brincadeira, e dentro do ambiente escolar a maioria das

brincadeiras são livres, ou seja, o professor não dita uma regra a ser cumprida,

e através dessa brincadeira é que o professor observará qual a criança que

gosta de liderar ou não. Na rotina escolar o brincar acontece de duas maneiras:

livre e coordenado.

Para compreender melhor é preciso explicitar cada um deles, apesar

de muitas vezes eles acontecerem de maneira interligadas. O brincar livre

acontece de forma espontânea, onde a criança por si só ou em pequenos

grupos decide a brincadeira sem a mediação do professor. Um exemplo a ser

destacado é a “brincadeira de casinha” na as situações acontecem com o

desejo e o combinado entre as crianças.

Através da brincadeira livre a criança é estimulada, de acordo com

sua maturidade, faz com que ela busque perguntas, e faça descobertas

explorando o espaço que ela está inserida.

O brincar leva a criança a se desenvolver socialmente por meio da

interação.

A maneira como a criança brinca e desenha reflete de maneira

implícita na forma como esta lida com a realidade. Ao mesmo

tempo em que se diverte, constrói laços de amizade,

compartilha o funcionamento de um grupo, aprende a respeitar

limites e a ceder para que o outro também se satisfaça. É um

processo constante de construção da consciência de si mesmo

e do outro.

(OLIVEIRA, 1995, p.37)

O professor deve, nessa fase, variar os objetos oferecidos para a

criança, deixando que elas explorem e criem situações através de jogos. Como

exemplo, os encaixes, as sucatas, as fantasias, os fantoches, as máscaras, as

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caixas, entre outros, possibilitam que elas criem diferentes formas de brincar

com os objetos.

A brincadeira infantil permite que a criança reviva suas alegrias,

seus conflitos e seus medos, resolvendo à sua maneira e transformando a

realidade.

Sabe-se que a criança através da brincadeira ela se expressa,

conhece o mundo, desenvolve capacidades e habilidades. Mas o que se

observa é que a mídia vem substituindo esse espaço infantil, seria interessante

as instituições de ensino procurarem não deixar que momentos importantes

como os da brincadeira se percam.

Segundo Aguiar (1977) "A atividade lúdica é o berço obrigatório das

atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática

educativa.”

Na Educação Infantil a prática pedagógica e a brincadeira precisam

caminhar juntas, só assim o aprendizado terá um significado para a criança.

2.2 O brincar coordenado

Nas brincadeiras coordenadas, o papel do professor deve ser o de

mediador, proporcionando a socialização do grupo, a integração e participação

das pessoas envolvidas, favorecendo atitudes de respeito, aceitação, confiança

e conhecimento mais amplo da realidade social e cultural. Além de oportunizar

situações de aprendizagens específicas e aquisição de novos conhecimentos,

dando condições para que a criança explore diferentes materiais, objetos e

brinquedos.

O brincar dirigido é tão importante quanto o brincar livre. Através

dele a criança desenvolve habilidades específicas como: percepção, atenção,

concentração, identificar a voz de comando, etc. pode-se observar através de

uma atividade dirigida se a criança tem capacidade de organizar seu

pensamento, o nível de concentração, e se dentro das regras impostas

consegue resolver situações problemas.

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O brincar coordenado sempre terá uma regra, um ponto de partida e

é através dele que educadores e educandos terão uma troca de

conhecimentos, ou seja, é através do brincar coordenado é que a criança

estará desenvolvendo seu raciocínio lógico, a memorização e a capacidade de

observação.

“Brincar é muito importante, pois enquanto estimula o

desenvolvimento intelectual da criança, também ensina, sem que ela perceba,

os hábitos necessários ao seu crescimento”. Bettelheim apud Maluf

(2003, p.19)

O educador ao dirigir uma atividade colocará condições e regras

para serem cumpridas. E dentro de cada brincadeira existirão conteúdos e

objetivos a serem alcançados.

“Por meio do brincar dirigido as crianças têm uma outra dimensão e

uma nova variedade de possibilidades estendendo-se a um relativo domínio

dentro daquela área ou atividade”. Moyles (2002, p.33)

2.3 O papel do brinquedo no desenvolvimento da criança

Brinquedo e criança são duas coisas inseparáveis. Ninguém põe

dúvida que brincar não só faz parte da vida da criança, mas é a própria criança.

Quando olhamos para uma criança e observamos seu raciocínio através de

seu comportamento, podemos notar que toda sua vida é iluminada pela

brincadeira. Piaget, in Kishimoto (1998) diz que a atividade lúdica é o berço

obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo por isso indispensável

à prática educativa.

Toda criança brinca. No brinquedo, entra em ação a fantasia. O

indivíduo ao brincar, transforma a realidade e a realidade o transforma; cria

personagens e mundo de ilusão.

Fazendo das brincadeiras uma ponte para o imaginário, muito pode

ser trabalhado. Contar, ouvir histórias, dramatizar, jogar com regra, desenhar,

entre outras atividades, constituem meios prazerosos de aprendizagem.

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Na brincadeira a criança cria uma situação imaginária, e também se

submete a regras. A situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já

contém regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras

formais estabelecidas a priori, como por exemplo, a criança se imagina como

mãe e a boneca como criança devendo obedecer dessa forma às regras do

comportamento maternal.

“Sempre que há uma situação imaginária no brinquedo, há regras –

não as regras previamente formuladas e que mudam durante o jogo, mas que

têm sua origem na própria situação imaginária.” (Vygostsky (1989 p.108).

Para o autor, é enorme a influência do brinquedo no

desenvolvimento de uma criança, incluindo neste contexto não só as

brincadeiras que envolvem a situação imaginária, mas também o jogo com

regras.

Assim como fomos capazes de mostrar, no começo, que toda

situação imaginária contém regras de uma forma oculta,

também demonstramos o contrário – que todo jogo com regras

contém, de forma oculta, uma situação imaginária. O

desenvolvimento a partir de jogos em que há uma situação

imaginária às claras e regras ocultas para jogos com regras às

claras e uma situação imaginária oculta delineia a evolução do

brinquedo das crianças. (VYGOTSKY, 2007, p.112)

Para Cunha (1994), o brincar é uma característica primordial na vida

das crianças, porque é bom, é gostoso e dá felicidade. O brinquedo aproxima

as crianças, tornando-as mais felizes e mais pré-dispostas a serem bondosas,

a amarem o próximo e a partilharem fraternalmente.

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2.4 Os benefícios do brincar

Em relação aos benefícios do brincar, podemos dizer que estão

ligados ao desenvolvimento infantil. Tanto o brincar pelo brincar, quanto o

brincar dirigido (jogos), faz bem à criança e ao seu desenvolvimento em todos

os aspectos.

É importante criar uma parceria entre os pais, responsáveis,

profissional da educação, a fim de explicitar os benefícios do ato de brincar na

educação infantil, além de estimular, deixar as crianças mais alegres,

possibilitando o desenvolvimento de habilidades físicas, motoras, cognitivas,

etc.

Segundo Carneiro e Dodge (2007) afirmam que:

Ao estimular as crianças durante a brincadeira, os pais tornam-

se mediadores do processo de construção do conhecimento,

fazendo com que elas passem de um estágio de

desenvolvimento para outro. Também, ao brincar com os pais,

as crianças podem se beneficiar de uma sensação de maior

segurança e liberdade para exploração, além de se sentirem

mais próximas e mais bem compreendidas, o que pode

contribuir para o melhor desenvolvimento de sua auto-estima e

independência. (CARNEIRO & DODGE, 2007, p.21)

Outro benefício do brincar é o desenvolvimento da memória, o

raciocínio, as emoções, a coordenação motora, a imaginação e a sociabilidade.

A criança que não brinca não aprende, não tem interesse, não tem

entusiasmo, não demonstra sensibilidade e não desenvolve afetividade.

Daí a necessidade de compreender o brincar como uma linguagem

infantil, uma maneira que as crianças pequenas utilizam para falar não

convencionalmente, mas para se expressar e demonstrar seus sentimentos,

suas vontades, suas inquietudes.

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Oferecer oportunidades para que a criança brinque é algo muito

importante, mas é preciso que pais e educadores contribuam de muitas outras

maneiras. Através do manuseio de uma massinha, por exemplo, as crianças

utilizam a imaginação, a percepção de criar formas e os personagens que as

elas quiserem, possibilitando também ensinar a mistura de cores.

Ao brincar de carrinho, por exemplo, a criança assimila fatos que ela

vê e observa na vida cotidiana; além de repetir o que vê o adulto fazendo, ela

incorpora e repete na brincadeira.

Pular amarelinha, pular corda, jogos de queimada, futebol e dança

da cadeira, são alguns exemplos de brincadeiras de intensa atividade física,

que contribuem para a saúde e desenvolvimento dos pequenos.

O papel do educador e da escola é estimular as crianças; só assim

as crianças poderão ter uma educação de qualidade e o reconhecimento dos

benefícios terá um valor muito maior.

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CAPÍTULO III

O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Cientes da importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil

o professor deve elaborar propostas de trabalho que incorporem as atividades

lúdicas. Não há necessidade de o jogo ser espontâneo, idealizado pela criança.

“O que faz do jogo um jogo de liberdade de ação física e mental da criança

nessa atividade”. Brasil (1995, p.103)

A ação do professor sobre o brincar infantil não é apenas simples

oferta de brinquedos, ele deve observar como essas crianças estão brincando

e fazer disso para definir novas propostas de trabalho e reelaborar suas

hipóteses. Assim “não se sente ocupado por esse tempo que passa

observando e refletindo sobre o que está acontecendo em sua sala de aula dá

espaço para a ação de quem brinca, além de investigar e conter mistérios”.

Moyles (2002, p.123)

O professor pode também intervir no brincar, estimulando a atividade

mental, social e psicomotora, fazendo a criança avançar do ponto em que está.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação

Infantil

As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e

aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade

(também chamados de jogos de tabuleiros) jogos tradicionais,

didáticos, corporais, etc., propiciam a ampliação dos

conhecimentos da criança por meio da atividade lúdica.

(RCNEI, 1998, p.28)

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Para que um professor introduza jogos no dia-a-dia de sua classe ou

planeje atividades lúdicas, é preciso, que ele acredite que brincar é essencial

na aquisição de conhecimentos, no desenvolvimento da sociabilidade e na

construção da identidade.

É importante que cada professor procure fazer a sua parte no

sentido de contribuir para o desenvolvimento de seus alunos, valorizando o que

a criança mais sabe e gosta de fazer: As brincadeiras devem fazer parte diária

da rotina da Educação Infantil para que a criança tenha a possibilidade de

aprender de forma prazerosa.

3.1 Critérios para escolha dos jogos e algumas sugestões de

atividades

A escola e o professor têm um grande desafio pela frente ao

desenvolver mecanismos para cativar as crianças a se interessarem por jogos

e brincadeiras com o objetivo melhorar a qualidade de vida dessas crianças.

Através dos jogos o professor encontrará um campo rico de

experiências para seus alunos estimulando-os em toda sua dimensão, no seu

desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo.

É importante que o professor conheça as etapas no

desenvolvimento infantil, para que possa avaliar e escolher os jogos que

melhor atender as expectativas e necessidades dos alunos.

O professor ao escolher materiais e jogos, para oferecer aos seus

alunos durante as atividades diárias, deve primeiro verificar as facilidades da

escola, os conhecimentos adquiridos pelos alunos anteriormente e o material

disponível a ser manipulado por aquelas com determinada faixa etária, além de

conhecer as características do desenvolvimento e os desejos das crianças nos

níveis de desenvolvimento, sendo assim o professor pode utilizar, por exemplo,

caixas, tampinhas entre outros materiais e levá-las a aumentar seus

conhecimentos sobre: superfície, forma, esquema corporal, cor, espessura,

altura, distancia, localização.

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Segundo Piaget (1896) os jogos são muito valiosos para a

aprendizagem, pois, eles possibilitam o desenvolvimento de estruturas para

conhecer e o viver. Qualquer jogo se sustenta pelo desejo de querer fazer o

novo (e, possível melhor) e tem como característica maior o prazer funcional, o

gosto da repetição. Piaget dedicou-se a estudar os jogos e chegou a

estabelecer uma classificação de acordo com a evolução das estruturas

mentais. Segundo seus estudos o jogo tem significado funcional onde a

realidade é incorporada pela criança e transformada, de acordo com seus

hábitos motores, com as necessidades do eu e em função das exigências do

social.

Para Piaget (1896) os jogos são classificados em: jogos de exercícios,

jogos de símbolos e jogos de regras, conforme as etapas do desenvolvimento

infantil (sensório motor – crianças 0 a 2 anos de idade ; pré operatório –

crianças de 2 a 7 anos de idade e operatório concreto – crianças de a partir de

11 anos de idade).

Jogos de exercícios

Os jogos de exercícios são característicos do período sensório motor

(0 a 2 anos) quando a criança é movida pela satisfação de suas necessidades

básicas,o prazer é que traz significados para suas ações.Os jogos de

exercícios consistem em manipulações de objetos em função dos desejos e

hábitos motores da própria criança.

São atividades com valor exploratório, pois são realizadas para explorar

e exercitar os movimentos do próprio corpo, seu ritmo, sua cadencia e seu

desembaraço, bem como os efeitos que sua ação pode produzir. O movimento

de andar, correr, saltar, lançar, pegar, chutar etc... , são alguns exemplos que

especificam esse tipo de jogo.

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Jogos simbólicos ou faz-de-conta

A criança experimenta diversos papeis sociais, funções sociais

generalizadas a partir da observação do mundo dos adultos.

Envolvem a representação e a elaboração de papeis como, por

exemplo, brincadeiras de escolinha ou de casinha; jogos imitativos, jogos de

adivinhação, repetir e inventar, reproduzir ritmos entre outros.

As crianças imitam e recriam os personagens observados ou

imaginados nas suas vivencias. A fantasia e a imaginação são elementos

fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação entre as

pessoas, sobre o eu e sobre o outro.

No faz- de- conta, as crianças aprendem a agir em função da

imagem de uma pessoa, de uma personagem, de um objeto e situações que

não estão imediatamente presentes e perceptíveis para elas no momento e

evocam emoções, sentimentos e significados vivenciados em outras

circunstâncias.

O brincar funciona como um cenário no quais as crianças tornam-se

capazes não só de imitar a vida como também de transformá-la.

Podemos considerar que este é o espaço para imitar, fantasiar e

simular acontecimentos.

Estas brincadeiras são muito ricas e o adulto deve evitar

intervenções. Uma conversa com o grupo após a brincadeira, deixando-os à

vontade para descrever (ou não) os papeis e as situações representadas,

tendem a serem experiências muito ricas.

Jogos de regras

São aquelas brincadeiras que combinam aspectos motores-

exploratórios (movimento corporal e sensações) e/ou aspectos intelectuais,

com competição dos jogadores e regras pré-estabelecidas.

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Os jogos de regras começam a ser explorados pelas crianças,

geralmente, entre os 4 e 7 anos . Pega-pega, futebol, amarelinha, batata-

quente, cabo de guerra, dança das cadeiras, são alguns exemplos. O xadrez,

dama, dominó e jogos de percurso são exemplos da outra forma de

combinação. Esses jogos também auxiliam no desenvolvimento das regras

sociais. Quando as crianças são submetidas às regras do jogo, elas vivenciam

tais regras transpondo-as para outras situações e brincadeiras.

É importante que as regras sejam apresentadas aos participantes

antes do início do jogo deforma clara. Elas devem ser mantidas, tornando-se

um desafio aos jogadores. Observar se todos entenderam as regras, se

sugerem variações deste mesmo jogo com novas regras e se desejam “batizar”

este novo jogo com nomes escolhidos pelo grupo.

Segundo Macedo (2010) é com e por meio do outro que os

pequenos aprendem a argumentar, tomar decisões, compartilhar experiências,

observar e coordenar pontos de vista. Além desses procedimentos tão

importantes aprendem também a concluir, esperar, respeitar se concentrar,

ganhar ou perder em função de conhecer. Graças ao jogo de regras,

aprendemos a tomar decisões, planejar, desenvolver, fazer algo que valha a

pena do começo ao fim.

Existem também os jogos cooperativos que contribuem no processo de

ensino e aprendizagem, por favorecerem a inclusão, não existem perdedores

ou fracassados.

Crianças educadas na cooperação, na aceitação e no sucesso

têm uma chance muito maior de desenvolver uma saudável

auto-imagem, uma adequada auto-estima, da mesma forma

como crianças nutridas com dietas balanceadas têm uma maior

chance de desenvolver corpos fortes e saudáveis.

(ORLICK apud SOLER, 2003, p.32)

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Estudos apontam que o comportamento dos indivíduos é

naturalmente o de cooperação. Logo, os atos de individualismo e extrema

competitividade, que atualmente se destacam em nossa sociedade,

são provindos do meio em que crianças, jovens e adultos estão inseridas, o

que acarretará em uma possível formação inadequada destes indivíduos, caso

não haja uma intervenção visando mudanças.

Jogos cooperativos são dinâmicas de grupo que têm por

objetivo, em primeiro lugar, despertar a consciência de

cooperação, isto é, mostrar que a cooperação é uma

alternativa possível e saudável no campo das relações sociais;

em segundo lugar, promover efetivamente a cooperação entre

as pessoas, na exata medida em que os jogos são eles

próprios, experiências cooperativas.

(BARRETO apud SOLER, 2003, p.21)

É uma boa estratégia para o professor procurar maneiras que

possibilitem oferecer um ensino melhor de qualidade aos seus alunos;

rendendo grandes resultados se o professor acreditar em sua importância.

A cooperação é necessária dentro da escola, em cada funcionário, deve

atravessar os muros da escola e chegar a quem se encontra fora dela.

Mas essas características dos jogos, não estão claramente definidas e

muitas atividades envolvem várias características diferentes ao mesmo tempo.

Os jogos por si só são interessantíssimos e despertam o interesse de todos

que se dispõe a realizá-lo. Para as crianças são ótimas maneiras de manter

seu divertimento e desenvolver características importantes no seu

desenvolvimento físico e mental.

A cooperação faz parte do processo educacional quando alunos e

professores se dispõem a ensinar e aprender, quando fazem parte de nossos

objetivos, conteúdos ou estratégias.

É importante compreender que vida e conhecimento não são

jogos, mas que formas de viver e conviver são. É por meio deles que

exercitamos, simbolizamos e aperfeiçoamos nossa maneira de interagir com as

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pessoas e as coisas e de proceder bem. Quando o tornar-se lúdico é mediado

pelo lúdico, o amor ao conhecimento e as pessoas encontra realização e

sentido; outro tipo de jogo é o da construção, que acontecem quando as

crianças usam, transformam objetos e materiais variados (blocos ou sucatas,

por exemplo) e criam novos produtos (parque de diversões, fazenda,

engenhocas...)

Segundo Kishimoto (1994) Froebel, o criador dos jogos em

construção, oportunizou muitos fabricantes a duplicação de seus tijolinhos para

a alegria das crianças que constrói cidades e bairros que estimulam a

imaginação infantil.

O jogo de construção denominado, Jogo do Mundo, criado por

Mme. Lowenfels (1935) destina-se ao livre manuseio das peças para que a

criança construa seu mundo. Construindo, transformando e destruindo, a

criança expressa o seu imaginário e seus problemas e permite aos terapeutas

o diagnóstico de dificuldades de adaptação Nogofold (1990) bem como a

educadores o estimulo da educação infantil e o desenvolvimento afetivo e

intelectual Michelete (1990).

Desta forma , quando está construindo a criança está expressando

suas representações mentais, além de manipular os objetos.

As construções se transformam em temas de brincadeiras para as

crianças. Mas, a partir de 3 anos, a complexidade crescente das construções

não permite o avanço nesta modalidade de jogo.

Nesta ação educativa é que Vygostsky (1978) denomina a zona de

desenvolvimento proximal (é a distância entre o nível de desenvolvimento real,

determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de

desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema

sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro.

Ou seja, é a série de informações que a pessoa tem a

potencialidade de aprender mas ainda não completou o processo,

conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis)

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Nestes jogos as crianças começam a entrar em contato com o

mundo social e a desenvolver níveis mais complexos de inteligência através do

desenvolvimento de suas capacidades de antecipar situações, movimentos e

elaborar propostas e possibilidades que podem ou não se concretizar.

Estes jogos também possibilitam maiores oportunidades de

cooperação entre as crianças.

Para estes jogos devemos considerar a faixa etária aproximada da

criança e observar se ela consegue a seu modo, participar da brincadeira.

É necessário que haja uma relação saudável entre o erro e o acerto, sem que a

criança se sinta desestimulada a brincar. Não devemos esperar que a criança

brinque por horas a fio com estes materiais. Ela determina seu tempo.

3.2 Jogar ou brincar: algumas considerações

Certamente encontraremos professores que utilizam a palavra jogo e

brincadeira como sinônimos, outros encontrarão uma diferença entre elas.

O primeiro aspecto diz respeito como às palavras podem assumir diferentes

significados desde a nossa infância, bem como ao longo a sua fase adulta.

O segundo aspecto refere-se aos diferentes significados que unam uma

mesma palavra. No entanto Jogo e brincadeira podem ser sinônimos de

divertimento, isso se consolida com o uso que as pessoas fazem dela.

Quando o professor recorre aos jogos, ele está criando dentro da

sala de aula uma motivação entre as crianças permitindo que elas assimilem ,

troquem experiências e informações, incorporando atitudes e valores, mas para

que a aprendizagem aconteça de forma natural é necessário respeitar o

conhecimento que a criança tem seu mundo cultural, movimentos, atitudes

lúdicas, criaturas e fantasias.

O jogo é uma fonte de prazer e descoberta para a criança, o que

poderá contribuir no processo ensino e aprendizagem; porém tal contribuição

no desenvolvimento das atividades pedagógicas dependerá da concepção que

se tem do jogo.

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O jogo como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento

passa a ser considerado nas práticas escolares como

importante aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante

de situações lúdicas como jogo pode ser uma boa estratégia

para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados

na escola. (KISHIMOTO, 1994, p. 13)

Para esclarecer essa polissemia dos termos, Henriot (1983), Brougère

(1998) e Baptista da Silva (2003) dissertam sobre a necessidade de investigar

a utilização dessas palavras no contexto social e cultural no qual se encontram

e são empregadas.

Biscoli (2005) tenta definir a diferenciação entre brincar e jogar pelo

aparecimento de regras. Conforme a autora, a utilização de regras pré-

estabelecidas designa o ato de jogar. “A brincadeira é a ação que a criança tem

para desempenhar as regras do jogo na atividade lúdica. Utiliza-se do

brinquedo, mas ambos se distinguem”. Biscoli (2005, p. 25)

Como se pode depreender, até este ponto, definir o que é brincadeira

não é uma tarefa simples, pois o que pode ser considerado como brincar, em

determinado contexto, pode não o ser em outros. Kishimoto (1994) conceitua o

brinquedo como o objeto suporte da brincadeira.

Brougère; Wajskop (1997) vão um pouco mais além, quando consideram

o brinquedo um objeto cultural que, como muitos objetos construídos pelos

homens, tem significados e representações.

Esses significados e representações podem ser diferentes, de acordo

com a cultura, o contexto e a época no qual estão inseridos os objetos. Por

exemplo, a boneca Barbie representa o padrão de beleza feminina para a atual

sociedade ocidental, todavia, em épocas passadas, ela poderia representar

falta de saúde e raquitismo. Para Sutton-Smith (1986), o brinquedo é o produto

de uma sociedade e, como objeto lúdico da infância, possui funções sociais.

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Quanto à função do brinquedo, Brougère e Wajskop (1997) esclarecem

que ele tem um valor simbólico que domina a função do objeto, ou seja,o

simbólico torna-se a função do próprio objeto. Um cabo de vassoura pode

exemplificar esta relação entre função e valor simbólico. A função de um cabo

de vassoura pode mudar nas mãos de uma criança que, simbolicamente, o

transforma em um cavalo.

Portanto, a função do brinquedo é a brincadeira. O brinquedo tem como

princípio estimular a brincadeira e convidar a criança para esta atividade.

A brincadeira é definida como uma atividade livre, que não pode ser delimitada

e que, ao gerar prazer, possui um fim em si mesmo. Um elenco de autores

como Bomtempo e cols (1986), Friedmann (1996), Negrine (1994), Kishimoto

(1999), Alves (2001), e Dohme (2002) confirmam e reforçam a afirmativa

anterior. Bomtempo e cols (1986) colocam que a brincadeira é uma atividade

espontânea e que proporcionam para a criança condições saudáveis para o

seu desenvolvimento biopsicossocial.

Friedmann (1996) inclui que a brincadeira tem características de uma

situação não estruturada. Para Kishimoto (1999) o brincar tem a prioridade das

crianças que possuem flexibilidade para ensaiar novas combinações de idéias

e de comportamentos. Alves (2001) afirma que a brincadeira é qualquer desafio

que é aceito pelo simples prazer do desafio, ou seja, confirma a teoria de que o

brincar não possui um objetivo próprio e tem um fim em si mesmo.

Existe uma linha muito o tênue que diferencia a brincadeira do jogo.

Pesquisadores como Negrine (1994), Friedmann (1996), Baptista da Silva

(2003), Biscoli (2005) e o próprio Vygostsky (1991) não fazem diferenciação

semântica entre jogo e brincadeira. Estes autores utilizam ambas as palavras

para designar o mesmo comportamento, a atividade lúdica.

Negrine (1994) acrescenta que o termo jogo vem do latim iocus e

significa diversão, brincadeira. Entretanto existem algumas características que

podem diferenciar o jogar do brincar. Brougère e Wajskop (1997) afirmam que

a brincadeira é simbólica e o jogo funcional, ou seja, enquanto a brincadeira

tem a característica de ser livre e ter um fim em si mesmo, o jogo inclui a

presença de um objetivo final a ser alcançada, a vitória.

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Este objetivo final pressupõe o aparecimento de regras pré-

estabelecidas. Estas regras geralmente já chegam prontas às mãos da criança.

As regras dos jogos têm relação íntima com as regras sociais, morais e

culturais existentes.

O jogo de xadrez é um exemplo disso, uma vez que, quanto maior a

grau de poder da peça, maiores serão as possibilidades de ações junto ao

jogo.

Para Vygostsky (1984), o brincar tem origem na situação imaginária

criada pela criança, em que seus desejos irrealizáveis podem ser realizados

com a função de reduzir a tensão e ao mesmo tempo, para construir uma

maneira de acomodação a conflitos e frustrações da vida real.

Logo é importante entender o lugar que o jogo ocupa para que possa ser

usado de forma adequada. Ele só é educativo quando o educador o

desenvolve com objetivo e intencionalidade, caso contrário é apenas uma

brincadeira. É importante destacar que o jogo por si só não permitirá o

desenvolvimento e a aprendizagem, mas sim a ação de jogar é que desenvolve

a compreensão. Mas também no lúdico é importante que o indivíduo seja

percebido como ele é, mesmo apresentado dificuldades, e que o planejamento

de atividades esteja voltado para atender as suas necessidades.

Os professores não devem encarar o brincar apenas como uma

atividade recreativa de distração, pois como Piaget (1971) defendia, a atividade

lúdica é essencial para o desenvolvimento integral das crianças, por isso jogos

e brincadeiras devem ser inseridos nas práticas educativas. Todos os jogos e

brincadeiras devem ser devidamente planejados, os objetivos a serem

alcançados devem ser bem definidos. Toda a atividade lúdica deve ter por

finalidade o desenvolvimento e a aprendizagem da criança.

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CONCLUSÃO

Após um extenso estudo bibliográfico, constatamos que a

aprendizagem acontece de maneira significativa enquanto a criança brinca, a

aprendizagem acontece.

Para se adquirir o aprendizado é muito importante que o aluno tenha

desejo em aprender. Tenha motivação, estímulo para o aprendizado e esta

motivação pode ser incentivada pelo professor através de recursos atrativos,

utilizando a linguagem do aluno com intuito de enriquecer seus

conhecimentos. Uma forma de tornar o saber prazeroso é inserindo jogos e

brincadeiras no planejamento diário.

Todos nós devemos buscar o bem–estar dos pequenos durante o

processo de ensino e aprendizagem, resgatando assim os jogos e brincadeiras

como instrumentos de construção do conhecimento. Assim a criança

conseguirá extravasar suas tristezas e alegrias, angústias, entusiasmos,

passividades e agressividades proporcionando mecanismos para desenvolver

a memória, a linguagem, a atenção, a criatividade e habilidade.

Durante esse trabalho monográfico pude verificar através de uma

pesquisa de campo com entrevistas semi estruturadas, como as crianças se

comportavam mediante as brincadeiras que as professoras introduziam dentro

da sala de aula.

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Goldenberg (2007) chama a atenção para o fato de que a entrevista

pode revelar o que de fato o entrevistado sinta, assim também pode ocultar

algo que ele não queira dizer, ou ainda, passar uma imagem não real. Por isso,

é necessário além de escutar, estar atento as expressões / reações dos

participantes a fim de fazer uma análise crítica.

Quanto à estrutura do trabalho a primeira ação visava notar o

entendimento das crianças em relação à brincadeira, não só através das

respostas, mas, também das reações pelas perguntas. A segunda ação

propõe-se a perceber na prática, através de observações, algumas teorias do

brincar.

Salomão, Martini e Jordão (2007) citam a importância do lúdico, da

brincadeira, afirmando que esta atividade pode facilitar a aprendizagem, o

desenvolvimento, pessoal, social e cultural, a construção do conhecimento,

a aprendizagem espontânea, o estímulo à produção crítica e criativa, assim

como colaborar para uma boa saúde mental.

A brincadeira, por exemplo, é entendida por alguns pesquisadores

como uma pré-disposição, algo inato, enquanto outros teóricos acreditam que

esta atividade está ligada às relações estabelecidas no convívio social que

proporcionarão um aprendizado da cultura em que o indivíduo encontra-se

inserido.

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A Educação Infantil entendida como o espaço de ingresso da criança

no meio educacional – e não acadêmico – deve estar atenta não só ao cuidar,

mas ao educar baseado no incentivo das habilidades a fim de construir no

indivíduo capacidades que servirão como base para a constituição de um

sujeito competente que analisará criticamente a sociedade em que vive e agirá

sobre esta.

Os jogos e brincadeiras devem sair do conceito presente no senso

comum como algo não sério e ganhar a devida atenção através de estudos

aprofundados que ofereçam subsídios aos profissionais que atuarão no meio

educacional, possibilitando à criança um meio de expressar-se, construir

conhecimentos, conhecer e criar regras sociais.

A partir do momento que os profissionais envolvidos entenderem a

importância dos jogos e brincadeiras e incentivarem o desenvolvimento lúdico

como práticas escolares, estarão contribuindo para a formação de um sujeito

mais crítico, criativo e socialmente competente para lidar com os fatos culturais,

sociais e políticos de sua sociedade.

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ANEXO 1

FOTOS DE JOGOS E BRINCADEIRAS

Jogos Infantis, obra de Pieter Brueger (1560)

A exploração do quadro serviu para que as crianças percebessem que no

mundo todo e em todos os tempos, as brincadeiras sempre estiveram

presentes. E principalmente, que para brincar e se divertir, os brinquedos não

precisam ser comprados.

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Brincadeira de faz-de-conta

Ao brincar de faz-de-conta, as crianças, ao mesmo tempo em que

desenvolvem importantes habilidades trabalham alguns valores.

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Jogos de Construção

Os jogos de construção são utilizados para introduzir algo, para explicar,

exemplificar o que precisa ser ensinado.

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Jogos de regras

Jogos com regras

Os jogos com regras têm um aspecto importante, pois as crianças participarão

de jogos em grupo e estimularão o seu raciocínio lógico.

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ANEXO 2

ENTREVISTA

Neste momento serão expostos os trabalhos metodológicos

escolhidos como instrumentos que possibilitem uma ligação entre estudo

realizado e a prática. Tais trabalhos consistem em entrevistas semi

estruturadas com questões abertas feitas com crianças, observações simples

de crianças pertencentes à Educação Infantil de duas escolas particulares do

Rio de Janeiro, uma Zona Norte e outra da Zona Oeste.

Segundo Santos e Candeloro (2006) em relação às observações

simples estas se caracterizam pela não sistematização categórica dos

elementos a serem observados, mas, consiste em observar de forma

espontânea os fenômenos ou fatos sociais.

Apresento os trechos mais significativos dos diálogos coletados,

seguidos de uma análise crítica e relato algumas situações de brincadeiras e

convívio em grupo entre algumas crianças de 3 e 4 anos aproximadamente .

Agora relatarei três momentos de observações seguidos de análises teóricas.

Observação1- O grupo era composto por três meninas: Júlia (3 anos

completos), Valéria( 3 anos e 5 meses) e Aline ( 4 anos e 2 meses). Este

momento foi vivenciado na sala de aula onde as crianças estudavam.

Um dia Aline brincava de salão de beleza juntamente com Júlia e

Valéria.

Aline colocou Júlia e Valéria no canto da sala, pegou uma cadeira da

sala, um pente de boneca, e colocou uma das meninas sentada na cadeira e

começou a pentear o cabelo, com toda desenvoltura. Valéria, assim como

Júlia, posteriormente também queria mexer no cabelo de Aline. As meninas

queriam revezar os papeis, mas Aline, a menina mentora da brincadeira, não

concordou com a troca. Valéria persistiu e conseguiu fazer com que Júlia

sentasse na cadeira, mesmo sem permanecer por muito tempo.

Júlia, a mais quieta das três, ficou por perto e não se envolveu muito, apenas

passou a mão, uma vez ou outra, no cabelo de que estava sentada na cadeira.

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O melhor papel era o de pentear o cabelo e não ser penteada. Logo,

o interesse para a criança seria a atividade de pentear, a profissão de

cabeleireiro.

Neste grupo podemos perceber o que Vygostsky (1998) chama de

Zona de Desenvolvimento Proximal, (apud NASCIMENTO, 2004), em que

crianças de idades e vivencias variadas trocam seus conhecimentos adquiridos

e podem construir, a partir daí, outros conhecimentos e representar atividades

que vão além de seus comportamentos habituais diários.

Segundo Nascimento (2004) “A brincadeira de faz-de-conta

possibilita a criança o aparecimento de novas formas de entendimento do real.

A criança passa a agir com os objetos não apenas em função do que percebe,

mas também do que deseja.”

Observação2: Júlia vê um colega fazendo alguma coisa errada. Ela

o repreende da mesma forma que a educadora chamava a atenção de outras

crianças. Ela diz “Não pode!” com tom de voz firme e postura corporal séria.

Vasconcelos (2006) assim como Brougère, afirma que “com a interiorização

das regras e dos papeis sociais a criança constrói formas imaginárias apoiando

suas próprias criações em esquemas que são os menos encontrados em sua

trajetória cultural e em relações como objetos e pessoas.”

Ou seja, Júlia partiu de uma observação, em seguida de uma

interiorização, um aprendizado de regra e posteriormente da imitação da

atitude da professora a fim de corrigir o colega. Ela assimila, acomoda e

reproduz no momento necessário, não é simplesmente uma imitação por si só,

pois, ela não repreende outra criança em qualquer situação.

Observação3: Sofia, de aproximadamente 5 anos, encontrava-se no

Pré II. Era insegura para realizar atividades, passava a maior parte do tempo

em sala de aula pintando, desenhando, cobrindo ou copiando as letras na folha

de exercício como as demais crianças.

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Em um momento quando houve oportunidade das crianças

brincarem com jogos de encaixe, Sofia mostrou-se aflita por não conseguir

encaixar uma peça na outra. Esta criança parecia não ter desenvolvido

habilidades ou segurança em si para resolver a situação.

Precisava sempre da ajuda de alguém, não se sentia segura em

tentar outras maneiras para resolver.

Com essas observações, foi possível perceber que a brincadeira

está muito ligada à criança, a disponibilidade de tempo, a sensação de alegria,

conforto.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 08

CAPÍTULO I – Jogos e brincadeiras no contexto escolar ................................. 10

1.1 Principais teóricos e suas contribuições para as atividades lúdicas .......... 12

1.2 Contribuições dos jogos e brincadeiras utilizados como recursos

pedagógicos llllllllllllllllllllllllllll 16

CAPÍTULO II – A importância do brincar na educação infantil ......................... 20

2.1 O brincar livre ............................................................................................. 25

2.2 O brincar dirigido ........................................................................................ 26

2.3 O papel do brinquedo no desenvolvimento da criança .............................. 27

2.4 Os benefícios do brincar ............................................................................ 29

CAPÍTULO III – O papel do professor na educação infantil ............................. 31

3.1 Critérios para escolha dos jogos e algumas sugestões de atividades ........ 32

3.2 Jogar ou brincar: algumas considerações .................................................. 38

CONCLUSÃO ................................................................................................... 42

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 45

WEBGRAFIA .................................................................................................... 49

ANEXOS ........................................................................................................... 51

ÍNDICE .............................................................................................................. 58