DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · acadêmicos e profissionais me fizeram afastar...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
MODERNIZAÇÃO DA ÁREA DE COMPRAS: COMPRADORES
OU ESTRATEGISTAS
Por: MICHEL DE ASSIS MESSIAS
Orientador
Prof. JORGE TADEU VIEIRA LOURENÇO
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
MODERNIZAÇÃO DA ÁREA DE COMPRAS: COMPRADORES
OU ESTRATEGISTAS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão de Compras e
Suprimentos.
Por: Michel de Assis Messias
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter
me dado força e saúde para superar as
dificuldades. À universidade e seu
corpo docente por ter me
proporcionado está oportunidade. Ao
meu orientador pelo suporte. Aos meus
pais e noiva, pelo amor, incentivo e
apoio incondicional. E a todos que
direta ou indiretamente fizeram parte
da minha formação, o meu muito
obrigado.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha noiva
Silvania Urtiga da Costa, pelo grande
incentivo para realização desse sonho
que me fez não desistir nos momentos
mais difíceis, aonde os deveres
acadêmicos e profissionais me fizeram
afastar do convívio familiar. Obrigado aos
meus pais Jairo e Jucilda, à minha irmã
Michelle, à minha sobrinha Ana Clara e
aos meus poucos amigos que torcem por
mim mesmo devido à ausência.
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RESUMO
Ao longo do tempo, a área de compras nas empresas passou por grandes
transformações. A área de compras que era voltada apenas para a atividade
de aquisição, passou a ser parte integrante de um processo complexo,
envolvendo, não somente a área de compras, mas outras áreas da
organização como: Engenharia, Qualidade, Financeiro, Marketing, entre outras
que exercem papel fundamental no planejamento estratégico da organização.
Diversos fatores contribuíram para essa mudança, destacando a competição
global e as novas formas de relacionamento entre empresas na cadeia de
suprimentos, submetendo uma grande restruturação organizacional nas
empresas. Neste cenário, o presente trabalho estuda a evolução da atividade
de compras e mostra os pontos importantes que as áreas de compras
atualmente precisam evoluir para que possam maximizar seus resultados e
adotar o perfil moderno de compras. Como contribuição científica, o presente
trabalho procura mostrar as práticas modernas da área de compras tanto na
gestão como no relacionamento com o fornecedor, mostrando a nova forma de
atuação, cuja a atividade vai além da negociação padrão de preço e prazo,
requerendo um aprimoramento do setor em diversos pontos como: Perfil e
Qualificação dos compradores, Ética e Normas, Strategic Sourcing,
Relacionamento com Fornecedor e Avaliação de Desempenho.
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METODOLOGIA
A elaboração desse trabalho se deu a partir da pesquisa bibliográfica. A
Pesquisa Bibliográfica teve a finalidade fornecer subsídios teóricos para o
desenvolvimento da pesquisa acadêmica sobre a modernização da área de
compras. Foram pesquisados livros e material como artigos on-line.
Na busca da base para o desenvolvimento do presente trabalho foi efetuado
uma pesquisa bibliográfica pelos termos “modernização da área de compras”.
A proposta é que, no final da leitura, os leitores possam visualizar e entender
os fatores que levaram a grande mudança da área de compras ao longo dos
anos até os dias atuais, além de saber sobre os pontos importantes que um
setor de compras precisa se modernizar para se adequar ao conceito atual.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O antigo setor de compras 11
CAPÍTULO II - O cenário atual da área de compras 13
CAPÍTULO III - Modernizando a área de compras 19
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA 44
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INTRODUÇÃO
Este estudo visa mostrar a importância da modernização da área de compras,
dentro da necessidade desse setor apresentar melhores resultados em um
mercado tão competitivo e exigente. Com essas transformações vamos
mostrar de que forma a área de compras pode se modernizar, a fim de se
adequar ao novo perfil exigido pelo mercado, mostrando maior potencial
competitivo e diferencial para companhia.
De que forma o setor compras precisa se modernizar para deixar de ser
apenas uma atividade meio e rotineira, se tornando uma área que
desempenha um papel estrategista dentro da companhia na atualidade?
Vamos mostrar o perfil e como a área de compras se comportava antigamente
até o cenário dos dias atuais. Modernizar a área de compras é um grande
desafio, primeiro devemos começar pelos profissionais da área, que são a
chave do sucesso de qualquer empreendimento. O segundo passo é
implementar o conceito de strategic sourcing, transformando os compradores
em estrategistas, trocando o foco de menor preço para custo benefício, dessa
forma otimizando e aperfeiçoando o processo de compras. Terceiro passo é
escolher as melhores ferramentas que vão dar suporte e auxiliar o setor de
compras a atingir os seus objetivos e no caso não estamos falando somente
dos ERP, mas também de outras ferramentas como BI e OLAP, que
possibilitam relatórios mais rápidos e relevantes para o controle dos processos,
com a promessa de maior visibilidade e governança, formando e mantendo um
banco de dados relevantes que tragam maior base para tomada de decisão e
rotinas operacionais de compras. Estamos citando algumas das principais
ferramentas, mas também não podemos esquecer dos portais eletrônicos,
acompanhamento de contratos etc. Preenchendo esses três pilares podemos
dar foco em outras questões como ética e normas, qualificação e avaliação de
9
desempenho de fornecedores, busca de novas oportunidades nos negócios,
negociações coorporativas etc.
O objetivo geral do trabalho é mostrar a importância da área de compras e de
que forma ela precisava se modernizar para se adequar às novas exigências
do mercado, maximizando o seu desempenho e trazendo um diferencial
competitivo para as empresas.
O objetivo específico é mostrar as melhores práticas de suprimentos, os
conceitos modernos desta área, além de aprofundar de que forma podemos
chegar neste nível de excelência.
Dentro de um cenário atual de mercado tão competitivo, o setor de compras
ganhou mais foco por se tratar de uma atividade com grande potencial de
retorno para as empresas. O setor de compras antigo, era visto apenas como
uma área de operações rotineiras, mas devido à globalização e ao alto nível
competitivo de mercado, o seu sentido mudou-se completamente. A área de
compras passou a se envolver diretamente no planejamento estratégico de
uma empresa, tendo papel importante para que as empresas possam atingir as
suas metas de curto e longo prazo, definidas em seu planejamento.
Compras é um forte aliado que interfere diretamente nas áreas produtivas e
financeiras das empresas. Dessa forma, o setor de compras não se dedica
apenas a comprar ou adquirir, mas passou a ser parte estratégica das
empresas que pretendem continuar participando do mercado de hoje e do
futuro.
Cada vez mais a área de suprimentos está envolvida diretamente com o alto
escalão da empresa. Está área não é apenas responsável por conseguir
preços baixos, e sim realizar aquisições onde todo demanda de uma
determinada família de serviços ou produtos é estudado de forma profunda e
assim, há possibilidade de se analisar o TCO da compra/aquisição de maneira
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detalhada, visualizar oportunidades de negócios e trazer maior respaldo para
uma tomada de decisão. Nesse modelo, o objetivo principal é buscar o custo-
benefício, minimizando o custo e maximizando o benefício. Uma das
características desse novo modelo é que ele não tem foco no preço da
contratação, mas no custo, conforme já citado anteriormente. O comprador
analisa o processo como um todo, os custos envolvidos, práticas, demandas,
volumes, etc. Todo este entendimento somente reforça o objetivo principal que
é buscar o melhor custo-benefício, e não somente o melhor preço.
Para que a área de compras chegue nesse nível de excelência, se faz
necessária uma tomada de ações para modernização deste setor, com relação
às pessoas e procedimentos.
Além do capítulo 1, que abordam o cenário antigo da área de compras, este
trabalho está estruturado pelos seguintes capítulos:
ü Capítulo 2 (O cenário atual da área de compras)
ü Capítulo 3 (Modernizando a área de compras)
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CAPÍTULO I
O ANTIGO SETOR DE COMPRAS
O conceito da área de compras engloba todo o processo de prospecção de
fornecedores e fontes de suprimento, compra de materiais por meio de
negociação comercial que envolve preço e condições de pagamento, bem
como o acompanhamento do processo de compras (follow-up) junto aos
fornecedores, a partir do envio da ordem de compra até o recebimento do
material comprado, para dessa forma controlar e garantir o fornecimento
dentro das especificações requisitadas. Em certos casos, a área de compras
funciona como um intermediador entre a produção e os fornecedores
(CHIAVENATO, 2005).
1.1 Características do antigo setor de compras
O setor de compras antigamente apresentava como principal característica ser
apenas uma área transacional. O profissional de compras fazia atividades
operacionais e burocráticas em um setor que era conhecido como central de
custos de uma empresa. Para desempenhar a atividade, o comprador possuía
uma agenda com os contatos dos fornecedores conhecidos que era
fundamental para a função. Na estrutura de hierarquia da companhia, os
profissionais de compras não figuravam entre os profissionais estratégicos. O
setor se estruturava apenas com um coordenador e os seus compradores,
reportando-se à área administrativa ou financeira da companhia.
O foco da área de compras era garantir dos suprimentos, para Arnold (1999), a
função de compras era a responsável direto pelo abastecimento do fluxo dos
suprimentos para a empresa, pelo contato com os fornecedores e agilidade da
entrega.
Além disso, Arnold (1999) descreve o ciclo de compras em oito pontos:
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1- Receber e analisar as requisições de compras da empresa;
2- Selecionar fornecedores e solicitar propostas;
3- Negociar;
4- Escolher o melhor preço;
5- Emitir ordem de compra;
6- Acompanhar entrega para garantir o prazo;
7- Receber as mercadorias;
8- Aprovar fatura para pagamento;
A relação entre o comprador e o fornecedor funcionava de forma bem menos
formal e ética do que hoje em dia. Os compradores mantinham um
relacionamento com os fornecedores, baseado em cordialidade e amizade. Na
época ainda não existia toda essa tecnologia dos tempos atuais, os
documentos de compras (solicitação de compra, mapa de cotação, pedido e,
até mesmo, as fichas de cadastro do fornecedor) eram impressos e
preenchidos manualmente pelos próprios compradores. Esse tipo de relação
se manteve até meados da década de 90.
O objetivo e missão da área de compra era basicamente executar a atividade
de comprar produtos e serviços para atender as demandas das áreas
requisitantes. Como o volume de compras era menor e representava
percentuais bem menos impactantes em relação ao custo final de produção,
então não era pratica se adotar uma divisão de compradores por categorias.
De maneira bem resumida podemos dizer que a área de compras exercia um
papel exercia um papel burocrático, rotineiro e reativo para garantir o
fornecimento de materiais negociados com fornecedores a partir dos fatores
preço, prazo e qualidade.
13
CAPÍTULO II
O CENÁRIO ATUAL DA ÁREA DE COMPRAS
Ao longo dos anos 90, a atividade de compras nas empresas passou por
transformações bastante significativas. Conforme abordamos no capítulo
anterior a área de compras, era simplesmente voltada para atividades
burocráticas de rotina, já nos dias atuais ela passou a fazer parte de um
processo complexo e de forte integração, envolvendo não somente a área de
compras, mas sim todas as áreas que exercem papel estratégico na
companhia como a engenharia, qualidade, finanças, logística, marketing entre
outras.
A área de compras passou a ter responsabilidade mais abrangente, indo além
da simples atividade de comprar, isto significa analisar profundamente aquela
demanda, desenvolvendo soluções com foco no custo total e não somente o
preço. Dessa forma tornando-se interlocutora na difusão das estratégias.
Segundo Gaither; Frazier (2002), a área de compras desempenha, atualmente,
um papel fundamental na realização dos objetivos estratégicos da empresa,
porque pode afetar a entrega dos produtos e serviços, as entregas no tempo
certo, os custos de produção e a qualidade do produto ou serviço, todos os
elementos-chaves na estratégia de operações. A missão de compras é
perceber as prioridades competitivas necessárias a cada produto ou serviço
importante (baixos custos de produção, entregas rápidas e no tempo certo,
produtos ou serviços de alta qualidade e flexibilidade) e desenvolver planos de
compra (coerentes com as estratégias de operações) para cada produto ou
serviço importante.
Pooler (1992) enumera três objetivos da área de compras:
1- Controlar Custos;
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2- Garantir a economia com fornecimento;
3- Contribuir para o lucro;
Esses três objetivos maximizam a abrangência da área de compras no caso de
aquisições global sourcing, uma vez que se envolvem fornecedores globais.
Podemos comparar o papel do gerente de compras com o papel do
gerente do gerente de produção. O gerente de produção está ao redor
da esfera de produção, mas, também, na esfera de fornecedores
globais. Assim, o comprador ganha poder para manter os preços dos
fornecedores locais competitivos. (POOLER, 1992, p.11)
Segundo Martins Alt (2000, p.64):
Hoje a função de compras é vista como parte do processo de logística
da empresa, ou seja, como parte integrante da cadeia de suprimentos
(supply chain). Por isso, muitas empresas passaram a usar a
denominação gerenciamento da cadeia de suprimentos, um conceito
voltado para processo, em vez do tradicional compras, voltado para
as transações em si, e não para o todo.
À medida que área de compras cresce, o trabalho tende a ser mais estratégico
ser mais estratégico, concentrando-se em atividades de negociação de
relacionamentos a prazos mais longos, desenvolvimento de fornecedores e
redução do custo total, ao invés de executar tão somente as atividades de
reposição de estoque, em atendimento aos pedidos feitos por outras áreas
(BAILY et al, 2000).
Segundo Baily et al(2000) e Gaither; Frazier(2002), diversos fatores
contribuíram para o aumento do grau de importância da função de compras
nos últimos anos.
Segue alguns desses fatores que influenciaram essas mudanças:
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• Novo conceito de vantagem competitiva
Nos dias atuais, as organizações têm aplicado conceitos como administração
de qualidade, benchmarking, foco no consumidor, relacionamento de parceria
com fornecedores, sempre buscando obter vantagens competitivas em seus
mercados. Com relação a gestão de compras esses conceitos têm contribuído
para o desenvolvimento e importância da área de compras que passam a fazer
parte integrada da empresa e não independente.
As organizações que adotam abordagens de vantagem competitiva
na administração de materiais estão pondo em prática ideias de
integração que são, pelo menos em parte, baseados no papel
estratégico e integrado das compras. O sucesso demonstrado por
essas organizações está estimulando esse maior interesse e, à
medida que outras organizações tentam repetir esse sucesso, a
função compras torna-se mais atual. (BAILY ET AL, 2000, p.16)
• Avanço tecnológico e a especialização técnica de fornecedores
A tecnologia aliada à complexidade tem estimulado as empresas a obterem
know how apenas na atividade fim da empresa, obrigando-se a contratar os
serviços e materiais de atividades de apoio com fornecedores mais
especializados. Apesar de certas empresas compradoras terem hegemonia na
cadeia de suprimentos, ela não está isenta da dependência fornecedores
críticos, fazendo com que a área de compras desenvolva um melhor
relacionamento com esses fornecedores ao invés das típicas transações de
compras.
• Competição Global
Como a globalização tem aumentado a competição por mercados
internacionais, exigindo um grande esforço da área de compras em reduzir
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custos não somente com os materiais que podem ser adquiridos em território
nacional, mas sim procurando soluções no mercado internacional, para isso é
exigido novas competências da área de compras para atuar em um escopo
mais abrangente, por outro lado, restringe, pois a matriz mundial pode interferir
diretamente selecionando previamente os fornecedores globais para
determinados materiais e serviços.
• A maior proporção de compras junto a um número menor de
fornecedores
As empresas estão fazendo mais compras e cortando os custos com salários e
despesas indiretas, o que resulta em um maior impacto do custo de materiais
sobre os lucros. Apesar do aumento das compras em termo de volume, as
empresas estão diminuindo o número dos fornecedores diretos na cadeia de
suprimentos, mantendo com eles um relacionamento de parceria mais forte,
procurando em certos casos o desenvolvimento de produtos, e até mesmo o
compartilhamento de espaços em plantas industriais.
Em média, cerca de 60% do dinheiro das vendas das fábricas é pago
a fornecedores por materiais comprados. Por exemplo, os fabricantes
de automóveis gastam cerca de 60% de suas receitas em compras de
materiais. (GAITHER; FRAZIER, 2002, p. 430)
Abaixo veremos um quadro, fazendo um comparativo entre compras reativo e
compras proativo:
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COMPRA REATIVA(até os anos 80) COMPRA PROATIVA(depois dos anos 80)Área de compras é um centro de custo Área de compras deve adicionar valor
Área de compras recebe especificaçõesÁrea de compras e Fornecedores contribuem para as especificações
Área de compras rejeita materiais defeituosos
Área de compras evita materiais defeituosos
Área de compras subordina-se à finanças ou produção
Área de compras é importante função gerencial, subordina-se à presidência
Compradores respondem às condições do mercado
Área de compras contribui para o desenvolvimento do mercado
Os problemas são de responsabilidade do fornecedor
Os problemas são responsabilidade compartilhada
Preço é variável-chave O custo total e o valor são variáveis-chavesÊnfase no hoje Ênfase estratégica que pode ser no longo prazoSistema independente de fornecedores Sistema integrado aos sistemas dos fornecedoresNegociações ganha-perde Negociações ganha-ganhaMuitos fornecedores significam mais segurança
Muitos fornecedores significam perda de oportunidades
Estoques excessivos significam mais segurança
Estoque em excesso significam desperdícios
Informação é o poder A informação é valiosa se compartilhada Figura 1 – Comparativo Comprador Reativo e Proativo (Extraído de BAILY et al, 2000, p.20)
O Compras reativo, cujas características são apresentadas na tabela acima,
reflete o cenário do compras tradicional (antigo), mas que ainda está presente
nas organizações de hoje.
Na prática, esses papéis de reativo e proativo não são excludentes, pois,
mesmo em empresas modernas com atividades de compras bem
desenvolvidas, em algumas partes ainda existira uma postura reativa. Por
exemplo, isso ocorre em empresas quando a aquisição de produtos e serviços,
são pré-determinadas pelo setor de compras corporativa ou também em casos
em que as especificações técnicas de certos materiais/serviços fazem com que
a área de compras siga uma determinação da área de engenharia, quem tem o
poder de vetar o fornecedor tecnicamente. Entretanto, a dinâmica deste
relacionamento com o compartilhamento de informações entre a organização e
o fornecedor no processo, faz com que as características do papel proativo de
compras sejam mantidas.
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A mudança da postura de compras de reativo para proativo, reflete uma
alteração no relacionamento entre o comprador e o fornecedor, denominados
por Baily et al(2000) de “relacionamento transacional” e “relacionamento
mútuo”. O relacionamento transacional, relacionado ao papel reativo de
compras, apresenta uma visão simples da atividade de compra, aonde a
essência consiste em localizar um fornecedor que esteja disposto a trocar os
bens ou serviços por determinada quantia em dinheiro. Já o relacionamento
mútuo, consiste em o fornecedor e o comprador construírem um
relacionamento que visa desenvolver negócios e o compartilhamento de ideias.
A mudança de papéis da área de compras também está ligada ao novo perfil
que este setor vem assumindo nas empresas, exercendo um papel proativo.
Dessa forma a área de compras passa a atuar com as definições de
estratégias da companhia, influenciando nas decisões do setor de como
produzir, comprar e fornecer, de acordo com o plano estratégico. Por isso é
fundamental analisar a estrutura da área de compras, assim como o seu
processo e o trabalho do comprar diante desse novo cenário.
A área de Compras desempenha um dos papéis principais na realização dos
objetivos estratégicos da empresa, pois pode afetar a rápida entrega de
produtos e serviços, entregas no tempo requisitado, além dos custos da
operação e qualidade do produto/serviço, elementos chaves na estratégia de
operações de qualquer empresa (GAITHER e FRAZIER, 2002).
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CAPÍTULO III
MODERNIZANDO A ÁREA DE COMPRAS
Apesar de encontrarmos na literatura diversos artigos e trabalhos que discutem
o papel estratégico que área de compras vem assumindo nas empresas, de
meados 90 até os dias de hoje, pouco se discutiu sobre a estrutura de
compras, bem como sobre o perfil dos profissionais que atuam na área além
de outros pontos que exigem do setor uma modernização, a fim de alcançar e
desempenhar bem este papel estratégico dos dias atuais.
3.1 Profissionais de Compras
As pessoas são fundamentais para o sucesso das organizações, são pessoas
que gerenciam e comandam a empresa, são elas que executam, controlam
atividades e processos, são as pessoas também que consomem os produtos
de uma determinada empresa.
De acordo com Bordenave (1995, p. 16):
A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua
tendência inata de realizar, fazer coisas, afirmar-se a si mesmo e
dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua prática envolve a
satisfação de outras necessidades não menos básicas, tais como a
interação com os demais homens, auto expressão, o desenvolvimento
do pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar coisas, e, ainda, a
valorização de si mesmo pelos outros.
Desta maneira, é fundamental a participação das pessoas nas tarefas das
organizações, principalmente quando falamos de atividades as quais o
indivíduo está diretamente ligado. As empresas estão cada vez mais
reconhecendo que o fator humano é fundamental ao bom funcionamento dos
processos.
20
Para Filho (2007, p. 32): “A mão de obra deixou de ser considerada como um
simples recurso ou insumo dos processos produtivos e passou a ser
valorizada, pois é ela que tem a responsabilidade de gerenciar ações
empresariais”.
São as pessoas que promovem as transformações necessárias, estabelecem
os limites e as potencialidades das empresas e tomam as decisões que
conduzem a organização rumo ao sucesso.
Baily et al (2000) considera que o perfil do profissional de compras precisa
estar vinculado de alguma forma as necessidades estratégicas da empresa.
Além desse fator, afirma o apoio desses profissionais são afetados pelo
desenvolvimento da organização. O autor classifica como provável novo perfil
do profissional de compras em cinco etapas de desenvolvimento. Na etapa 1, o
comprador é visto apenas como um profissional de atividade burocrática e
reativa, mas já na etapa 5, ela se modifica para proativa, com pouco
envolvimento do mesmo em atividades rotineiras de compras – emissão de
pedidos, programação e encaminhamento de pedidos resumem-se agora a
tarefas burocráticas automatizadas, com o mínimo de envolvimento do
comprador.
Estágios de Desenvolvimento Características gerais e responsabilidades do responsável de compras
PrimitivoSem qualificações especiais; abordagem burocrática; cerca de 80% do tempo é dedicado às atividades burocráticas.
Conscientização Sem qualificações especiais; algumas rotinas básicas de compras; 60-79% do tempo dedicado às atividades burocráticas.
DesenvolvimentoQualificações acadêmicas formais exigidas; envolvimento em negociações; reconhecimento da função compras e suprimentos; 40-50% do tempo é dedicado às atividades burocráticas.
Maturação
Qualificação gerencial exigida; compradores especializados em commodities integrados com as áreas funcionais; envolvimento com todos os aspectos do desenvolvimento de novos produtos; maior parte do trabalho dedicada à negociação e à redução do custo/desenvolvimento de fornecedores; 20-30% do tempo dedicado às atividades burocráticas.
AvançadoÉ necessário a qualificação profissional ou pós-graduada; o comprador está mais envolvido com os assuntos mais estratégicos do trabalho; mais dedicado ao custo total de aquisição, à administração da base de fornecedores etc.; menos de 20% de seu tempo é dedicado às atividades burocráticas.
Figura 2 – Desenvolvimento do Comprador (Extraído de BAILY et al ,2000, p.18)
21
Com o mercado tão competitivo nos dias de hoje, as novas relações de
fornecimento, a modernização da tecnologia e a maior participação dos
fornecedores na cadeia de suprimentos, são fatores que entre outros, exige do
profissional de compras uma visão que vai além dos limites da organização,
atingindo a cadeia de suprimentos como um todo e facilitando a identificação
de oportunidades de negócio no que se refere às fontes de suprimentos. O
comprador atual abandonou, pelo menos em parte, as atividades burocráticas
e os relacionamentos transacionais, para administrar os relacionamentos
mútuos entre a organização e os fornecedores diretos na busca de objetivos
comuns.
O desempenho do profissional de compras atual, requer o aprimoramento de
suas competências e qualificações, envolvendo um upgrade no nível de
escolaridade (geralmente superior e com MBA), conhecimento de idiomas
(inglês, espanhol e alemão), conhecimento internacional (em função das
compras serem locais e globais), capacidade de liderança intergrupal (para
saber trabalhar em equipes complexas) e visão holística (tanto da organização
como da cadeia de suprimentos como um todo), de forma a buscar
oportunidades competitiva.
A qualificação é usualmente definida pelos requisitos associados à
posição, ou ao cargo, ou pelos saberes ou estoque de conhecimentos
da pessoa, os quais podem ser classificados e certificados pelo
sistema educacional. Já o conceito de competência procura ir além do
conceito de qualificação: refere-se à capacidade de a pessoa assumir
iniciativas, ir além das atividades prescritas, ser capaz de
compreender e dominar novas situações no trabalho, ser responsável
e ser reconhecido por isso. (ZARIFIAN, 1994, p.111)
22
3.2 Ética e Normas
3.2.1 Normas
Como podemos ver nos capítulos anteriores, a atividade de compras não pode
ser mais tratada de forma simplesmente operacional e sim como um fato
essencial para o cumprimento do planejamento estratégico da organização.
Para isso, se faz necessário o estabelecimento de uma política de compras
que siga as diretrizes do planejamento da organização e que sejam
multiplicadas entre todos envolvidos direto e indiretamente com a atividade de
compras da empresa. Os responsáveis por elaborar a norma de compras
precisam analisar também as políticas e valores da organização, pois a mesma
obrigatoriamente deve estar alinhada com esses pontos. Essa questão se faz
importante pelo fato de garantir uma boa interação com os demais
departamentos e não permitir a chance de ser tratada como uma função
isolada pela alta direção.
3.2.2 Ética
A ética é de extrema importância na área de compras, é sempre esperado do
profissional de compras um comportamento ético e exigido por outras pessoas
com grande comparação com o conceito moral. Segundo Lima (apud Batista e
Maldonado, 2008) a moral faz uma ligação do código de ética e a empresa,
onde define que a organização moderna atua em cenários cada vez mais
competitivos e complexos, participando cada vez mais de operações
inovadoras, mesmo quando essas operações repetem atividades antigas.
Implementar um código de ética pode servir como prova legal da intenção da
empresa, ou seja, ele tem a intenção de padronizar e formalizar o
entendimento da organização empresarial em seus diversos relacionamentos e
operações. A existência de um código de ética na organização evita que
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julgamentos subjetivos deturpem, impeçam ou restrinjam a aplicação dos
princípios. O código de ética possui grande importância na sociedade e,
sobretudo dentro dos departamentos chaves de uma organização, neste caso
o setor de compras.
Para Campos, Greik & do Vale (2002), “todo ser humano é dotado de uma
consciência moral, que o faz distinguir entre o certo e o errado, justo ou injusto,
bom ou ruim, com isso é capaz de avaliar suas ações; sendo portanto, capas
de ética. A ética, portanto, é a ciência do dever, da obrigatoriedade, a qual
rege a conduta humana”. Este tipo de conduta é o esperado e necessário para
um profissional de compras.
Segundo Vazquez (apud Godinho et al, 2005), “ética é a teoria ou ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é a ciência de uma
forma específica do comportamento humano”.
Nos dias de hoje com a corrupção em evidência devido aos escândalos de
esquemas de beneficiamento que assolam o Brasil, quando falamos sobre a
área de compras, percebemos que passa pela cabeça de diversas pessoas
que é um setor onde as pessoas são “presenteadas “por grande parte dos
seus fornecedores”. Presentes estes, que podem vir a ser simples e barato até
o de mais alto valor financeiro. É justamente o aceite destes presentes por
parte dos profissionais da área de compras, que gera nas pessoas uma dúvida
com relação à conduta dos mesmos. Os profissionais da área de compras são
sempre indagados se estão recebendo algum tipo de beneficiamento ou se
aceitaram suborno de um fornecedor.
Levando os conceitos de ética acima citados neste artigo, vemos que o
comportamento ético é essencial dentro de qualquer empresa e sobretudo
fundamental no departamento de compras. No relacionamento com o
fornecedor, cabe ao profissional de compras apresentarem uma conduta ética
e sobretudo transparente em suas relações comerciais.
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Muito se fala do suborno, conhecida popularmente por “bola”, propina,
caixinha. Segundo Stukart (2003) é um dos tipos mais comuns de corrupção.
Quantas vezes já ouvimos relatos sobre compradores que aceitaram “bola”
para beneficiar um determinado fornecedor. Atitude está totalmente
antiprofissional e desonesta
A área de compras trabalha geralmente com grande volume financeiro. E em
função do constante contato com fornecedores, os profissionais da área
compras tendem a ter uma relação bem próxima e estreita com os mesmos.
Este tipo de relação acaba influenciando alguns compradores desonestos a
aceitarem qualquer tipo de suborno para beneficiar uma empresa dentro de um
processo de concorrência.
Dias e Costa (apud Batista e Maldonado, 2008) alertam sobre esse tipo de
relação e deixam claro a necessidade do comprador se manter distante dos
interesses dos fornecedores, onde não interfira, o comprador, durante a
avaliação de um processo de compra de determinado material ou de
contratação de serviço, evitando que outros aspectos que não sejam
profissionais interfiram nas suas decisões, beneficiando um único fornecedor
em detrimento de outros e, consequentemente, da sua própria empresa.
Dessa maneira o profissional de compras não pode esquecer que está
comprando para empresa que trabalha e que seus interesses pessoas não
podem entrar em questão. O comprador tem que pensar desse modo ao
analisar um processo de concorrência, este tipo de conduta deve ser a base
ética de todo profissional de compras.
De outro lado, para Dias e Costa (apud Batista e Maldonado, 2008) o
comprador deve criar um relacionamento com o fornecedor que inclua além
dos contatos comerciais, encontros sociais, visitas a fábrica, almoços e
jantares desde que sigam padrões éticos.
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Segundo Stukart (2003), presentes de baixo valor comercial como brindes
publicitários que possuam o nome do fornecedor impresso neles podem ser
aceitos, desde que não causem uma situação em que o comprador se sinta
influenciado a tomar uma decisão tendenciosa ou que levem outros a
pensarem assim. Em síntese, o bom senso nos diz que nada deve ser aceito
se causar uma situação em que nos sintamos submissos.
De que forma podemos coibir o suborno?
De acordo com Stukart (2003) toda empresa deve procurar métodos para
coibir qualquer tipo de suborno da área de compras:
• Exemplo ético da cúpula da empresa;
• Rotação de compradores;
• Auditoria interna e externa;
• Código de Ética claro e explicado.
As medidas acima são de prevenção, mas mesmo assim, de acordo com a
bibliografia de Stukart (2003), alguns compradores se submetem ao suborno.
O profissional de compras que aceita suborno, age com má fé em relação à
organização que o emprega, torna-se um profissional desonesto e será
rotulado como corrupto. Muitas vezes não é simples comprovar de maneira
clara e inquestionável a desonestidade do empregado.
Nesse tipo de situação, não é aconselhado a empresa demitir o comprador
“boleiro” por justa causa, mas que seja desligado sem qualquer indicação da
razão, evitando assim qualquer discussão judicial. Entretanto, em situações
que foi devidamente comprovado o desvio, o comprador pode ser demitido por
justa causa.
26
3.3 Strategic Sourcing
O Compras Estratégicas, ou Strategic Sourcing, se trata de um termo
relativamente novo, que começou a ser utilizar a partir da década de 90. Nos
últimos anos teve um grande crescimento, tanto que já existem empresas de
consultoria especializadas no tema.
De acordo com Smeltzer et al. (2003), para garantir que a atividade de
compras esteja alinhada com os objetivos do planejamento estratégico da
organização, muitas empresas migraram das compras táticas para Strategic
Sourcing. A Compra tática focava nas transações rotineiras necessárias para
aquisição de produtos e serviços pelas áreas requisitantes. Já o Strategic
Sourcing é caracterizado por diversas iniciativas como: estudos de otimização
de processos, engenharia, desenvolvimento de fornecedores, realização de
acordos de longo prazo entre outros. Trata-se de um processo sistemático e
abrangente que possui foco em agregar valor para atingimento dos objetivos
de curto, médio e longo prazo estabelecidos no planejamento estratégico da
organização.
Não existe uma definição única para o Strategic Sourcing, muito menos um
consenso sobre as etapas que compõe esta metodologia. Para Anderson e
Katz (1998), Strategic Sourcing é construída sobre o conceito de Custo Total
de Propriedade e auxilia aos gestores de compras a determinar a estratégia de
compra para diferentes categorias de acordo com seu valor para o atingimento
dos objetivos de desempenho interno. Segundo Narasimhan e Das (1999), é o
processo de desenho e gestão da rede de fornecimento, alinhado com os
objetivos de desempenho organizacional e operacional.
Uma definição objetiva e clara pode ser expressa como: Strategic Sourcing é
um processo que sistematicamente identifica potenciais fontes de fornecimento
dos produtos requeridos pela empresa; avalia, negocia e contrata fornecedores
27
e continuamente gerencia a relação com estes fornecedores, com o objetivo de
aumentar a competitividade das empresas (Roberts, 2003).
A alta competitividade do mercado, a pressão por custos menores e lead times
bastante reduzidos, deram maior relevância a metodologia do Strategic
Sourcing, uma vez que seu principal objetivo é gerenciar seus fornecedores,
identificando e selecionando os melhores parceiros para o estabelecimento de
um relacionamento estratégico a longo prazo. A utilização do Strategic
Sourcing tem permitido às empresas atingir grandes ganhos significativos em
redução custo, diminuição do número de fornecedores e alavancar o nível de
qualidade dos materiais e serviços.
Na literatura, o Strategic Sourcing possui várias formas. Para este trabalho
escolhi falar do modelo apresentado pelo A.T. Kearney (2008), que se trata de
um processo de sete etapas que inicia com a análise do perfil da categoria de
compra e considera benchmarking e melhorias.
Figura 3 - Metodologia de Strategic Sourcing – A. T. Kearney (2008)
A metodologia proposta pela consultoria A.T. Kearney (2008) é composta por
sete etapas:
28
Figura 4 – Os sete passos de implementação do Strategic Sourcing.
1- Análise dos gastos da empresa (Spend Analysis) e Previsão de
demanda futura;
No primeiro passo o setor de compras verifica as necessidades e expectativas
dos clientes internos, faz uma análise detalhada da categoria escolhida, a
previsão de consumo e a definição de targets.
2- Definição da importância estratégica dos itens comprados;
No segundo passo, o objetivo será identificar as oportunidades e o que pode
ter melhoria a curto e longo prazo. Dessa forma o setor de compras vai definir
os objetivos a serem atingidos após as ações do strategic sourcing, como
redução de custo, melhoria na qualidade do serviço, mitigação de risco, etc.
Além de selecionar as estratégias para atingimento desses objetivos, como
melhorar a avaliação e seleção das melhores estratégias e estimativa dos
potenciais impactos no negócio.
29
3- Inteligência de Mercado;
A inteligência de mercado é dividia em duas partes. Uma é o foco no
fornecedor que vai estabelecer o critério de avaliação, identificação de
potenciais fornecedores, solicitação de informações detalhadas via RFI
(Request For Information), avaliação criteriosa das informações recebidas e
início da qualificação técnica dos fornecedores participantes do processo de
concorrência. Já o foco no mercado, inclui uma avaliação do mercado
referente a categoria escolhida e as tendências do futuro. Analisa também
detalhadamente os custos de fornecimento e benchmarking.
4- Estudo do poder e dependência do relacionamento com os
fornecedores;
Nesse momento a área de compras tem o objetivo de selecionar os melhores
fornecedores que possam atender todas as necessidades definidas
anteriormente na RFI (Request For Information). Após escolha dos
fornecedores, será enviado a RFP aos mesmos, onde é apresentado o
cronograma das principais atividades e descrito todas as regras de
participação e SLA (Service Level Agreement), além de informar estimativas de
quantidade, forma de apresentação das propostas, critérios de avaliação,
formato da negociação e escolha do vencedor.
5- Definição dos tipos de estratégia de relacionamento com fornecedores;
Neste passo é definida a estratégia de negociação, a escolha por negociações
presencial ou eletrônica (leilão reverso), seleção dos vencedores,
estabelecimento de acordos ou contratos formais e alinhamento da estratégia
de longo prazo.
30
6- Implementação das estratégias de relacionamento;
Neste período é elaborado um plano de implementação e avaliação de
possíveis falhas. Também será necessário definir ações preventivas,
desenvolver um plano de comunicação e finalmente a implementação do
planejamento.
7- Monitoramento e Controle:
Na última o setor de compras escolhe os indicadores que serão monitorados
periodicamente para avaliar o projeto, elaborando um plano de avaliação de
desempenho dos fornecedores para uma busca por melhoria continua.
O Strategic Sourcing envolve pessoas, processos e ferramentas mais
adequadas para tomar as melhores decisões de compras, com foco no
aumento da eficácia para alcance de um nível classe mundial.
Benefícios obtidos com a implantação do Programa de Transformação:
Figura 5 – Vantagens obtidas com o strategic sourcing
1- Parceria com fornecedores, que busca com relacionamento de um
relacionamento ganha-ganha;
31
2- Padronização das especificações técnicas, condições comerciais e
condições de pagamento;
3- Processo transacional mais ágil;
4- A área de compras ganha mais notoriedade por ser um setor que agrega
valor, passando do perfil operacional para estratégico;
5- Definição dos KPI’s e SLA’s para acompanhamento do desempenho de
compras, priorizando a análise do custo total de aquisição (TCO);
6- Formação de equipes multifuncionais, melhorando o fluxo de
comunicação e o planejamento em conjunto das estratégias de
fornecimento nos planejamentos de longo prazo;
7- Estabelecimento de metodologia padrão nos processos de compras. A
gestão dos projetos passou a ser realizada pelos líderes de categoria
globais, com o objetivo de aproveitar as sinergias existentes em todos
os continentes;
8- Outro benefício importante foi o aumento da qualificação da equipe de
Compras. Os diversos treinamentos ministrados e o fácil acesso a
informações de alto nível relacionadas aos produtos/serviços adquiridos
e também aos mercados fornecedores permitiu a cada profissional uma
importante evolução individual.
As empresas que implementarem o strategic sourcing pode se deparar com
algumas dificuldades devido ao acumulo de atividades e ter que realizar
treinamentos com os profissionais da área, além de fazer um
acompanhamento mais próximo no primeiro projeto. Exatamente por se tratar
de atividades inéditas, a produtividade no início era baixa devido à curva de
aprendizado.
32
Este tipo de sobrecarga de trabalho inicial, criou uma certa resistência ao
strategic sourcing. No primeiro momento os profissionais da área que não se
sentiam capacitados em conduzir projetos desta magnitude, colocaram a
credibilidade do programa em questão, tendo em vista o alto tempo de
dedicação necessário para a conclusão de um projeto. Mas esse tipo de
questionamento foi eliminado ao passar do tempo, com a demonstração dos
resultados que este programa pode trazer.
3.4 Indicadores de Desempenho
Segundo KRAJEWSKI (2009), no livro Administração de Materiais, enfatiza
que as prioridades competitivas de um processo devem ser Uma Abordagem
Logística enfatiza que as prioridades competitivas de um processo devem
alcançadas através de desempenho aceitáveis e coerentes. De acordo com o
autor, medida de desempenho é a denominação que se dá a atividade
sistemática e contínua de medir e avaliar a eficiência, a eficácia, a
economicidade e a efetividade dos processos por meio da aplicação de
indicadores previamente formulados.
Os indicadores são definidos e escritos com o uso de linguagem matemática e
servem de parâmetros para medir o desempenho de algumas atividades. Após
identificar os indicadores, será necessário coletar informações sobre como o
processo está sendo executado em cada um deles.
Medir os indicadores pode se tornar bastante simples. Técnicas para analisar
tempos de espera e atrasos podem fornecer informações importantes, outras
técnicas também valiosas incluem amostragem de trabalho, estudos temporais
e análise de curva de aprendizagem.
A avaliação de desempenho poderá ser realizada após um determinado
período, planejado quando da elaboração da forma de medição do
desempenho necessário a que ações de desburocratização possam começar a
33
produzir os efeitos desejados. Uma análise detalhada e cuidadosa do processo
e de seus indicadores selecionados deverá apresentar inconsistências, ou
espaços entre o desempenho real e o desejado. A equipe responsável pelo
projeto deverá fazer uma profunda investigação para encontrar as origens da
falha do desempenho.
Na área de compras, conforme KAPLAN e NORTON (2004), as relações de
negociações sofrem conflitos diários, na busca continua de manter um contrato
equilibrado entre os interesses dos fornecedores e dos clientes internos com
os melhores resultados. Isso significa que a área de compras precisa ser eficaz
para gerar produtos capazes de proporcionarem resultados que satisfaçam
simultaneamente às necessidades de todos os envolvidos no processo.
Segundo os autores NORTON e KAPLAN (1997), para que a área de compras
possa mensurar a evolução do setor a satisfação do cliente interno, é
necessário a elaboração de alguns indicadores que avaliem o seu próprio
desempenho, visando uma melhoria continua. Abaixo segue alguns
indicadores chaves da área de compras mais utilizados.
1- Saving (Orçado x Comprado)
É um dos indicadores mais utilizados e importantes na área de compras. Ele é
o responsável indicar a eficiência e capacidade de geração de lucro do setor.
2- Lead time de compra
Este indicador é essencial para medir a eficiência da operação da área de
compras e o tempo gasto com o atendimento das demandas de aquisição.
3- Entrega no prazo
34
Este indicador mede a capacidade dos fornecedores em cumprir os prazos de
entrega dos produtos e serviços contratados. Este indicador é muito importante
visto a programação de atividades das áreas requisitantes.
4- % de erro das requisições
Este indicador mede a capacidade técnica dos solicitantes em fazer as
requisições de compras, segundo parâmetros exigidos na norma de compras.
5- Número de requisições devolvidas
Este indicador, junto do indicador de % de erro das requisições, mede a
qualidade técnica e conhecimento dos requisitantes.
Os Fatores Críticos de Sucesso são fatores que mostram os diferenciais
competitivos importantes que podem dar vantagens competitivas as
organizações em relação aos seus concorrentes.
De acordo com o autor DIAS (1993) em seu Livro Administração de Materiais –
Uma Abordagem Logística existe dois tipos de Fatores Críticos de Sucesso e
que são classificados como externo e interno. Esses fatores influenciam
diretamente nas estratégias da área de compras, onde os fatores externos
(FCSe) estão relacionados com fatores que estão fora da organização, como
exemplo da figura abaixo:
Figura 6 - Informações externas para a seção de compras (DIAS, Marco Aurélio P.,
1993)
35
Os fatores Internos (FCSi) estão relacionados com recursos disponíveis ou
controláveis dentro da organização, como demonstrada na figura abaixo.
Figura 7 - Informações internas da seção de compras (DIAS, Marco Aurélio P., 1993) Analisando os fatores internos e externos, fica claro que antes de estabelecer
os indicadores de desempenho, devemos fazer uma análise detalhada do
processo para confirmar a sua validade e dar uma visão global dos assuntos
estratégicos da área de compras. Dentro desse aspecto, o profissional de
compras possui um papel de destaque porque não se limita apenas a
desempenhar a atividade de comprar, mas sim de contribuir para uma
lucratividade maior da empresa, buscando atingir a eficiência e a eficácia
através do resultado atingido com os índices de desempenho.
É de extrema necessidade trabalhar com quatro ou cinco indicadores chaves,
onde serão estabelecidos os critérios de cálculos possíveis para realizar a
análise com base nos dados coletados. Com base nessa análise pode-se
programar algum modelo de gestão de compras. Desta forma tem-se uma
visão geral do processo e garantia de um controle efetivo. Pode-se também
ampliar os processos e desempenho, minimizar os riscos, otimizar a aplicação
de recursos e reduzir os custos, fatores essenciais para a busca das melhores
decisões e garantia de sucesso para as organizações.
36
3.5 Qualificação e Desenvolvimento de fornecedores
O bom relacionamento de empresas com os seus fornecedores é bastante
importante e se tornou uma preocupação ao longo dos anos. Na década de 50,
Edward Deming definiu alguns famosos princípios da gestão da qualidade e,
dentre esses, dedicou um, o quarto princípio, à necessidade de se estabelecer
um relacionamento mais próximo com os fornecedores, que tem como texto:
“Cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Em vez disso,
minimize o custo total. Desenvolva um único fornecedor para cada item, num
relacionamento de longo prazo, fundamentado na lealdade e na confiança”.
A Confederation of Brtish Industry e o Department of Trade and Industry
definem parceria como (BAILY ET AL., 2000, p.205):
Parceria de suprimentos é o compromisso entre
clientes/fornecedores, independente da dimensão, com um
relacionamento a longo prazo baseado em objetivos claros e
mutuamente definidos, visando ao esforço em termos de capacidade
e competitividade mundial.
Esse princípio definido por Edward Deming sugere cita algumas questões
interessantes relacionadas à visão moderna da gestão de compras, como a
análise do custo total e não somente do preço de aquisição, redução do
número de fornecedores e a necessidade de se estabelecer relacionamento de
confiança, que significa a parceria entre empresas e seus fornecedores.
Para Mchug et al. (2003), as relações de parceria entre empresas e
fornecedores apresentam alguns aspectos comuns, como: relacionamento de
longo prazo baseado em confiança mútua e em cooperação mais do que em
competição; forte interesse do fornecedor pela qualidade dos produtos que são
entregues; e cooperação, visando o aumento de desempenho dos
fornecedores. Maia e Cerra (2004) complementam, ressaltando que a
confiança mútua é um dos requisitos essenciais da parceria e está fortemente
37
condicionada às relações de longo prazo. Desse modo, fica claro que existe a
necessidade de fornecedores confiáveis, para que o fornecimento seja
realizado conforme condições previamente estabelecidas. A relação entre
empresas e fornecedores deve ser construída de acordo com regras claras e
de forma que prevaleçam o entendimento e os objetivos comuns, para que
haja sucesso na relação.
Estabelecer relações de parceria entre empresas, se tornar uma empresa
confiável são fatores que requerem uma postura apropriada de empresas que
tenham interesse. Com relação ao relacionamento com fornecedores,
situações como essa requerem condições mínimas que a empresa deve
atender para estabelecer relações duradouras e mais colaborativas. Requer
que o fornecedor seja qualificado, isto é, que apresente um nível de
organização que atenda a condições estabelecidas e possa comprovar esse
atendimento.
A qualificação se trata de um modo de avaliação da conformidade de
empresas, que podem ser medidas por diversos métodos e ferramentas
disponíveis no mercado atual. O objetivo da qualificação está em definir e
avaliar para a escolha do “melhor fornecedor”.
3.5.1 Desenvolvimento de fornecedores
O Objetivo de criar um programa para desenvolvimento de fornecedores é
melhorar a capacidade deles, que seja necessária para a organização
contratante alcançar os seus desafios de competitividade.
Um bom projeto de desenvolvimento de fornecedores vai possibilitar às
empresas a identificar e atrair os melhores fornecedores, visando estabelecer
um relacionamento de parceria a longo prazo. O relacionamento entre
empresa e fornecedor, é fortalecido pelo programa de desenvolvimento de
fornecedor, pois o mesmo busca um ganho mútuo em qualidade, tempo de
38
ciclo de pedido, redução de custos, eliminação de desperdícios e melhoria do
serviço, produzindo resultados para ambas as organizações – relacionamentos
ganha-ganha.
Para Krause (1997), desenvolver fornecedores significa “qualquer esforço de
uma empresa para aumentar o desempenho e a capacidade para alcançar
pequenas ou grandes necessidades de suprimentos”. Como exemplo de um
pequeno esforço, é a avaliação informal, normalmente praticada pelas
empresas que ainda não desenvolveram um programa de relacionamento.
Como exemplo de um esforço intensivo, podemos citar o treinamento e
melhoria de processo. Leenders (1989) destaca que esse esforço deve ser
organizado e sistemático, fazendo parte de uma ação estruturada da empresa
compradora, em forma de um programa.
Importante lembrar que a escolha e o desenvolvimento da base de
fornecedores deve ser um processo contínuo nas empresas. Esse processo
não deve ser usado somente para aumentar negócios com os melhores
fornecedores e eliminar os piores, mas também para melhorar o desempenho
dos fornecedores mais fracos.
Cada empresa deve definir o que é um “melhor fornecedor”. Baily et al. (2000),
apresentam o que deveria ser uma lista de atributos de um bom fornecedor:
• Cumpre prazos de entrega
• Fornece itens com qualidade
• Oferece preço competitivo
• Tem um bom histórico de referências
• Fornece um bom serviço
• Cumpre o prometido
• Apoia tecnicamente
39
De modo limitado, envolve a criação de novas fontes de fornecimento, quando
não existem fornecedores adequados para os requisitos da empresa. De forma
mais ampla, também envolve atividades que visam à melhoria de fornecedores
com os quais a empresa já tem relação de fornecimento, ou seja, a melhoria
das habilidades existentes no fornecedor para atender os requisitos de
mudança competitiva. (HAHN et al.,1990)
O programa de desenvolvimento tem por essência, apoiar a melhoria de sua
organização, infra-estrutura e tecnologias usadas para que os fornecedores
tenham a competência necessária para trazer confiança às empresas e se
tornem parceiras na cadeia de valor de seu negócio. É muito mais amplo que
uma relação contratual ou avaliação do desempenho de fornecimento.
Após o desenvolvimento dos fornecedores, vem a fase da avaliação,
denominada por alguns como qualificação, aonde a empresa contratante
certifica que o fornecedor avaliado apresenta competência requerida no
momento da contratação. A atividade de avaliação tem por característica a
realização de auditorias e a concessão de certificado ao fornecedor
qualificado, passando a empresa a ser seu parceiro.
Primeiro passa para se elaborar uma avaliação de fornecedores, é definir qual
o desempenho esperado dos fornecedores, que deve estar alinhado com o
planejamento estratégico da empresa. Uma empresa que busca alcançar um
nível de excelência precisa que seus fornecedores mais importantes estejam
alinhados com a sua própria estratégia organizacional. A falta de sincronização
de estratégias pode gerar impactos no custo, qualidade e entrega.
Um fator importante é a definição da abordagem de avaliação e
monitoramento. Entre os aspectos mais comuns utilizados pelas grandes
empresas, na avaliação de fornecedor, podemos citar:
40
- Estabilidade financeira: Importante para fornecedores-chave e parceiros de
longo prazo. Um fornecedor-chave que apresente problemas de fluxo de caixa
poderá ter dificuldades em cumprir as entregas nas datas previstas, influencia
na qualidade de seus materiais/serviços. O maior desafio é identificar
tendências negativas, antes que ocorra um grande problema.
- Indicadores de desempenho operacional: Indicadores-chave de desempenho
(KPI’s) podem cobrir muitos aspectos, como qualidade, pontualidade de
entrega, lead times, flexibilidade, tempo de resposta, custo de garantia. Estes
indicadores podem ser obtidos do fornecedor ou do próprio sistema interno da
empresa.
Quase todas as empresas hoje em dia sabem da importância de estar
avaliando o desempenho de seus fornecedores. Contudo, para agir
efetivamente na melhoraria do desempenho dos seus fornecedores e ao
mesmo tempo produzir resultados e retorno do investimento, um processo de
desenvolvimento e avaliação de fornecedores deveria ser desdobrado nas
seguintes etapas:
• Alinhar as metas de desempenho do fornecedor com as metas e objetivos
organizacionais da empresa.
• Definir quais aspectos de desempenho serão avaliados e monitorados.
• Determinar o método de coleta de informações
• Fornecer feed-back aos fornecedores quanto ao seu desempenho.
• Produzir resultados a partir da melhoria do desempenho do fornecedor.
Fornecedores bem administrados fornecem produtos com o melhor valor,
dentro do prazo e exatamente como foi pedido pelo cliente, além de reduzirem
custos e desenvolverem produtos melhores. As informações sobre as práticas
gerenciais do fornecedor são críticas para a manutenção de relações benéficas
de longo prazo, contudo são as informações que necessitam de mais recursos
para serem obtidas, tanto para o cliente quanto para o fornecedor.
41
Uma característica importante da avaliação de fornecedores é mitigar os
riscos. Além dos riscos na saúde financeira, no desempenho operacional e nas
práticas de gestão, existe o risco associado à liderança do fornecedor. Uma
liderança forte e comprometida possui uma chance maior de sucesso e
superação das dificuldades do negócio.
O próximo passo é escolher uma ferramenta capaz de realizar a coleta de
dados. Existem várias formas de coleta de dados, cada um com suas
particularidades e limitações. Os métodos mais comuns incluem questionários
em papel, questionários via internet, relatórios de sistemas atuais, visitas ao
fornecedor e certificações de terceira parte. A maior preocupação é com a
abrangência e exatidão dos dados, pois se o processo não for bem planejado e
executado, os dados gerados podem ser vagos e de validade questionável.
As empresas precisam ter uma comunicação transparente com seus
fornecedores a respeito do desempenho deles. Se os resultados das medições
de desempenho e as expectativas de ações não forem comunicados aos
fornecedores, estas ações não acontecerão. É muito comum as empresas
enviarem os resultados de desempenho sem nenhum comentário sobre as
próximas etapas para melhoria contínua, destruindo parte do propósito do
processo.
Fornecedor certificado é aquele que demonstra ter uma organização que
atende aos requisitos estabelecidos, sendo avaliado por auditoria,
comprovando ter capacidade de atendimento à empresa cliente. Como
referências normativas para avaliação de fornecedores, segundo ABNT (1995),
são citadas: Normas de Sistemas de Gestão – como a ISO 9001 ou SGQF do
Prodfor; Prêmios da Qualidade – Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ - Brasil)
entre outros, que apresentam modelo de referência baseado nos critérios de
excelência.
42
O fato de existir um Sistema de Gestão da Qualidade implantado com base em
uma norma internacional aceita dá aos clientes uma confiança maior de que o
fornecedor atenderá os requisitos estabelecidos (FERREIRA, 2005). Muitas
das grandes empresas não considerarão a hipótese de negociar com seus
fornecedores que não sejam certificados conforme as normas ISO 9000. A
certificação que hoje ainda é uma vantagem competitiva, em breve será
apenas um simples requisito. (MARINHO e AMATO NETO, 1995).
43
CONCLUSÃO
Neste trabalho, estudamos sobre a modernização da área de compras. Na
minha visão, a área de compras atualmente assumiu um papel de relevância
na estratégia das empresas, mas por muitos anos ela tinha a função apenas
de comprar. A importância estratégica de compras tem contribuído para que
esse setor receba maior atenção, pois o processo de compras é fundamental
para as empresas para a organização, envolvendo tanto os relacionamentos
transacionais como relacionamento mútuos com os fornecedores. Hoje a área
de compras passou a integrar um processo muito mais abrangente, com
atividades ligadas diretamente ao planejamento estratégico da organização,
mas para chegarmos nessa conclusão foi necessário entender como a área de
compras atuava antigamente, para que a partir desse contexto fosse possível
estabelecer um comparativo com um setor de compras moderno. A revisão
bibliográfica e a análise da trajetória da área de compras ao longo dos anos,
assim como os conceitos, características e fundamentos de compras,
permitiram estabelecer pontos em que a área de compras ainda não moderna,
precisa trabalharem para alcançar um perfil moderno e mais eficiente, se
adequando dentro das novas concepções de compras. Dentro desses pontos
podemos destacar a questão do profissional de compras, conceito de strategic
sourcing e as novas ferramentas de TI, que tornaram o processo de compras
cada vez mais sedimentada em base virtuais, eliminando a execução manual
de tarefas burocráticas e repetitivas, direcionando o profissional de compras
para o planejamento estratégico. A conclusão é que a área de compras se é
assim que será chamada no futuro, vai assumir cada vez mais feições
estratégicas nas empresas, independentemente da influência da matriz e de
outras áreas.
44
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