Docência na Educação Básica

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edição 1 - 2013 Docência na Educação Básica

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REVISTA PIBID UNIVALI ed

ição 1

- 2013

Docência na Educação Básica

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Esta publicação condensa o resultado de dois esforços combinados: o de prover mais qualidade à educação básica e o de mobilizar o ensino superior nesse processo de qualificação da docência na educação básica. Consciente de sua responsabilidade nessa conjuntura e convencida da necessidade de elevar os indicadores educacionais, a Univali aderiu consistentemente ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID - Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). No Estado, é a instituição com o maior número de bolsas, o que é bastante representativo do forte compromisso institucional com a causa que inspira a implementação desse programa.

Nesta obra, podemos distinguir experiências enriquecedoras oportunizadas pelo PIBID, casos que não só estabelecem melhores referenciais para o exercício da docência, mas também ampliam o arcabouço teórico e instrumental da Universidade na qualificação de docentes para a educação básica. O relato dessas experiências aponta, portanto, para os avanços possíveis e desejáveis no sentido de ofertar à sociedade um padrão de qualidade que torne viável a pretensão brasileira de se firmar como uma das grandes nações em desenvolvimento humano, condição só alcançada por outros países que não hesitaram em investir convincentemente na qualidade da educação em todos os seus níveis.

É um desafio que compartilhamos, ao abraçar nossa cota de responsabilidade e trabalho na formação de docentes mais preparados para a complexidade da vida contemporânea. Ao divulgar experiências tão diversas do PIBID Univali, nossa expectativa é que esta publicação não só possa estimular as boas práticas docentes. Que sirva também para inflamar o entusiasmo de educadores que precisam insistir incansavelmente na capacidade de inovar, assegurando que a escola continue sendo uma instituição capaz de revolucionar vidas e de conferir impulso à constituição de uma sociedade justa nas oportunidades, pacífica na convivência entre seus diferentes, inclusiva e sustentável na prosperidade futura.

Cássia FerriPró-reitora de Ensino da Univali

Mário Cesar dos SantosReitor da Univali

Universidade do Vale do Itajaí | Rua Uruguai, 458 | Centro | Itajaí | Santa Catarina | CEP 88302-202 | Telefone: (47) 33417500

Mário Cesar dos SantosReitor

Amândia Maria de BorbaVice-Reitora

Vilson Sandrini FilhoProcurador Geral

Mércio JacobsenSecretário Executivo da Fundação Univali

Cássia FerriPró-Reitora de Ensino

Valdir Cechinel FilhoPró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura

Adair de Aguiar NeitzelCoordenadora Institucional do PIBID - Univali

Adair de Aguiar NeitzelCoordenação

James KoehnlineCapa

Ioannis KafidasProjeto GráficoElaboração de ilustraçõesEditoração Eletrônica

Janete BridonColaboração e Revisão

Impressul Indústria GráficaImpressão

Exemplares: 1000

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ARTES

EDUCAÇÃO FÍSICA

MÚSICA

GEOGRAFIA

M ATEM ÁTICA

PEDAGOGIA

EDUCAÇÃO ESPECIAL

LETRAS

O impactO dO pibid nas licenciaturas

Contar é muito, muito dificultoso.Guimarães Rosa

Concordo com Riobaldo que Contar é muito, muito dificultoso, principalmente porque o contar exige que selecionemos os fatos mais importantes, sob nosso ponto de vista, e nessa tarefa acabamos, muitas vezes, por obnubilar a matéria vertente, composta dos desafios que enfrentamos no dia a dia, mas também dos risos e choros. Mas... temos que correr o risco para que não percamos nesse imenso mar de territórios. E uma das informações que não quero deixar escapar é que o PIBID UNIVALI tem como marca a formação estética. Esta perpassa todos os subprojetos, sendo entendida como um “saber-fazer carregado de dimensões artísticas, poéticas,” o qual nos permitiria “pensar a docência com novas luminosidades”, como nos diz Miguel Arroyo. Uma estética da docência que perceba não só o conhecimento em outra lógica, mas principalmente aponte para uma postura mais sensível frente à vida, responsável inclusive por mudanças de atitudes.

Na tentativa de registrar nossa caminhada na UNIVALI, trazemos à baila textos produzidos pelos bolsistas do PIBID: coordenadores de área, professores supervisores e licenciandos. Em 2010, iniciamos o Programa Docência na Educação Básica com 4 subprojetos e dois anos após seu início atingimos um crescimento de aproximadamente 300%. De 4 subprojetos ampliamos para 13 e de 60 bolsistas de iniciação à docência passamos a atender 250, de 12 professores supervisores para 50 e de 4 coordenadores de área para 13.

A partir de 2012, trabalhamos com 19 escolas municipais, 9 CEIs e 9 escolas estaduais.

Houve, consequentemente, a ampliação do número de municípios que foram inseridos no programa, que a partir de 2012 passou a atender de Barra Velha, SC a Tijucas, SC. Podemos observar o impacto do PIBID UNIVALI pelo número de unidades de ensino que passaram a participar do programa, pelos licenciandos que têm a oportunidade de vivenciar experiências na docência, pelos eventos científicos que figuram na agenda dos bolsistas, pelos recursos financeiros que movimentam a produção de jogos e materiais didáticos, pelo número de projetos inovadores em desenvolvimento, pelos materiais didáticos produzidos, pelos eventos produzidos nas escolas, pelas formações promovidas, dentre outros. Ao lado desses resultados mensuráveis, há outros de caráter subjetivo que precisam ser registrados, tais como: a aproximação da família com a escola, o contato da universidade com a educação básica, o retorno do professor regente da sala de aula à universidade, as melhorias nas relações interpessoais, as experiências cotidianas da escola que enriquecem a formação dos licenciandos.

Todo esse movimento gerou um amplo campo de aprendizagens que fortalece o ensino e atesta a necessidade de políticas públicas como a do PIBID. Nesse redemoinho no qual nos inserimos, saudamos os bolsistas do PIBID UNIVALI que são os principais atores desse processo com esta frase de Grande sertão veredas que traduz muito bem o espírito desse programa:

“O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.”

Muito obrigada a todos.

Prof.a Dr.a Adair de Aguiar NeitzelCoordenadora Institucional do PIBID UNIVALI

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200

250

Coordenadorde Gestão

CoordenadorInstitucional

Coordenadoresde Área

BolsistasSupervisores

Bolsistas ID

2010 2012

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7 “Os pais ficam atrás de uma faixa ObservandO”. diálOgOs e relações das familias cOm Os núcleOs de educaçãO infantil Marisa Zanoni Fernandes

10 pais e escOla: tecnOlOgia facilita aprOximaçãO Patrícia Rodrigues Gaudereto

13 pibid: música na educaçãO infantil Mônica Zewe Uriarte

15 a família dOs instrumentOs musicais. pibid: música na educaçãO infantil Thamiris Corrêa

16 algumas reflexões sObre Os desafiOs da fOrmaçãO inicial dO pibid pedagOgia eja Tânia Regina Raitz

19 a expOsiçãO percussãO catarina Coletivo Arteiro

20 O rap na escOla: entre a Oralidade e a escrita Marcelo S. Siqueri, Ana Cristina Bornhausen Cardoso

22 e a leitura bateu a nOssa pOrta e pOr aqui ficOu Rafael Moura de Morais

24 as (an)danças de um cOletivO chamadO arteirO Coletivo Arteiro

27 música na escOla padre pedrO barOn Darlisa Anders, Carla Carvalho

29 tenda literária Valéria Ferreira, Karina Rolão, Giselle Lima, Taiana Modanese, Sandra Barbosa Oliveira e Vera Lúcia Santos

30 intervenções pedagógicas inOvadOras na alfabetizaçãO inicial Lourdes Furlanetto

32 auxiliandO a aprendizagem da matemática Cirlei Marieta de Sena Corrêa

33 mais arte na escOla Leidi Censi, Aline Freitas do Amaral, Julieta Jaurretche, Carla Carvalho

35 educaçãO física: um espaçO para brincar Vanderlea Ana Meller, Elaine Farina

37 jOgOs digitais acessíveis: inOvaçãO e parcerias dO prOjetO pibid educaçãO especial Regina Celia Linhares Hostins

38 que música é essa? artistas da música na regiãO de itajaí e nOvas perspectivas para O ensinO de música nas escOlas Mário Cesar Nascimento Júnior

40 pibid cOletivO arteirO leva a cOmunidade aO teatrO municipal de itajaí Coletivo Arteiro

41 mais música na escOla básica jOãO paulO ii Carla Carvalho, Helena Cristina de Azeredo

42 sacOla literária Valéria Ferreira, Karina Rolão, Giselle Lima, Taiana Modanese, Sandra Barbosa Oliveira e Vera Lúcia Santos

43 vamOs Ouvir! Thales de Godoi Nunes

44 cursOs de fOrmaçãO: uma prática valiOsa Amanda Bonatti, Cleide J. M. Pareja

45 investigaçãO da açãO pedagógica para a fOrmaçãO dO alfabetizadOr Sandra Cristina Vanzuita da Silva, Rejane do Nascimento Batista

46 a cidade nO cOntextO da geOgrafia Ailton dos Santos Junior, Gracilda Raimundo, Rosita Terezinha Melo de Melo

SUMÁRIO

O O projeto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) da área de Pedagogia teve início em agosto de 2012 em dois Núcleos de Educação Infantil (NEI) no

município de Balneário Camboriú (SC): Sementes do Amanhã e Iate Clube, nas turmas do berçário I (0-2 anos de idade). As principais atividades envolvem estudos, investigação da realidade, vivências pedagógicas, estando pautadas em projetos específicos como: a) as relações interpessoais dos bebês e o envolvimento com o meio; b) o envolvimento e corresponsabilização das famílias; c) o papel dos educadores na integração entre cuidar e educar; d) as funções específicas do atendimento de bebês e de crianças pequenas.

“OS PAIS FICAM ATRÁSDE UMA FAIXA OBSERVANDO”diálOgOs e relações das familias cOm Os núcleOs de educaçãO infantil

Texto escrito a partir dos relatórios das professoras supervisoras do PIBID – educação infantil: Sandra Cerri, Miclelly Alexandra Rudolf; Tatiane Silva; Raquel Fernandes e acadêmicas: Alzira dos Santos; Ana Cristina de S. G.Deifeld; Andrea W. M. H. de Oliveira; Andréia Mauricio; Arlene Rosa Reolon; Clara Daniele L. Castro; Janaina B. de Souza; Lilian C. M. Lajus; Maria Eurídice A. Soares; Marina R. Veloso; Nara R. Leite André; Rakiele A. da Silva; Raquel E. J. de Oliveira; Rosimeire R. C. Cardoso.

Marisa Zanoni Fernandes Coordenadora de área

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As vivências nos dois NEIs apontam para a necessidade do PIBID investir mais nos espaços educativos ampliando os materiais e metodologias que oportunizem a brincadeira, a livre expressão, a autonomia, as interações sociais e o envolvimento das famílias no contexto educativo.

Foi nesse último aspecto que focamos neste trabalho, o qual se pautou em dois movimentos. O primeiro buscou identificar as formas de participação dos pais dos bebês no cotidiano do núcleo de educação infantil; a comunicação entre as professoras e essas famílias; os tempos de interação; os instrumentos e os meios usados para a comunicação e as percepções dos pais sobre o serviço educativo. O segundo visou a organização de situações que possibilitassem o envolvimento, a aproximação e a corresponsabilização das famílias nos NEIs.

Em entrevistas com os pais, foi observado que as famílias têm poucas oportunidades para participar e partilhar a educação dos filhos. Alegam falta de tempo e sentem-se “culpados” por essa ausência. Desejam ficar com os filhos e participar mais da creche/Núcleo, mas dizem não alcançar essa condição porque trabalham muito e, principalmente, porque os horários de folga são incompatíveis com os horários do núcleo. Vejamos depoimento de uma mãe: “[...] as professoras são uns anjos, nossa nem sei como agradecer... fico com ciúmes, pois sabem mais da minha filha do que eu... eu queria vir mais vezes, sei lá, me rolar com ela, me sujar, brincar com ela aqui [...] minha filha passa mais tempo aqui, com as professoras do que em casa [...]” .

Outro pai relata que conhece bem o núcleo, pois há 4 anos tem as filhas que frequentam e diz: “eu queria participar mais, mas os pais ficam atrás de uma faixa observando ... eu queria estar pro lado de dentro da faixa, fazendo, ajudando e não só assistindo[...]”. Esse relato do pai refere-se aos momentos em que o núcleo organiza apresentações artísticas das crianças para os pais como nas comemorações do dia dos pais, das mães, dia das crianças etc. A faixa (fita larga de plástico amarela e preta) utilizada é usada para demarcar o espaço das crianças (dentro da faixa) e das famílias, que ficam atrás dessa faixa observando/assistindo.

“OS PAIS FICAM ATRÁS DE UMA FAIXA OBSERVANDO”

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ilAs percepções iniciais, assim, apontam certa dificuldade no processo de comunicação, pois as estratégias utilizadas tanto pelos pais quanto pelo próprio núcleo parecem pouco eficazes, comprometem o envolvimento, a corresponsabilização e, muitas vezes, restringem a participação e a ampliação de diálogo.

Dessa forma, algumas ações foram realizadas pelos “pibidianos” para ampliar o envolvimento e participação das famílias nos Núcleos. A primeira delas foi avançar da retórica simplista de que os pais não podem (sentimento de incapacidade), não querem e pouco contribuem (desleixo e transferência de responsabilidade). Assim, três movimentos marcaram as relações com as famílias: a) a organização de álbuns da família; b) a confecção de kits de brinquedos; c) o diálogo/comunicação por meio da arte.

Na organização dos álbuns, as famílias puderam auto representar-se por meio de fotografias, escrita, colagem, etc. Os álbuns confeccionados em material simples provocaram um exercício de identificação das características, particularidades de cada família e tornaram-se objetos de brincadeira e manuseio livre para os bebês. Isso possibilitou a aproximação dos pequenos com a cultura, com imagens de referências como os próprios pais, irmãos, cachorros, fato que os deixam muito envolvidos e em “diálogo” com os álbuns.

A organização junto aos pais de bonecos e respectivos “kits de brinquedos” foi uma experiência reveladora da capacidade de criação e carinho dos pais. O percurso de parceria para tal tarefa envolveu a organização do material básico (tecidos, moldes, costura da base feita pelas professoras e alunas do PIBID); conversa com as famílias sobre a forma de construção dos kits e data da entrega (cada família recebeu um guia orientador da proposta a ser desenvolvida e estimulada a fazer o registro fotográfico e escrito da produção); momento de entrega pelos pais dos kits prontos para as crianças. Cabe ressaltar que de 23 pais do grupo envolvidos na tarefa, 22 confeccionaram os kits. Esse material ampliou as possibilidades de brincadeiras para as crianças, que além de terem mais brinquedos, possuem, também, objetos do seu convívio familiar (roupas pessoais nos bonecos; mamadeiras, chupetas, fraldas, escovas de cabelo, etc.) presentes nos enredos da escola.

O terceiro momento nomeado como “a arte de educar os filhos” possibilitou momentos de contação de história aos pais; diálogo sobre a tarefa de compartilhar a educação dos filhos e a produção de registros dessas cenas por meio de pintura em tela, tornando-se um momento de encontro em que os pais não ficaram “atrás da faixa”, mas foram protagonistas do encontro no núcleo.

A rotina e as formas tradicionais de encontros com as famílias (reuniões gerais, apresentações em festas e conversas rápidas) podem ser redimensionadas para que os papéis da família sejam mais colaborativos, estreitando a distância entre o ambiente familiar e NEIs. Por isso, nessa experiência, pensou-se em uma educação compartilhada a qual só pode ser possível em uma dinâmica que, sobretudo, estimule, cotidianamente, todos os envolvidos a reconstruir a ideia dos serviços destinados à primeira infância como um lugar de diálogo, de relações e de trocas abertas e plurais. (HADDAD, 1987; 1997)

Referências

HADDAD, L. A ecologia do atendimento infantil: construindo um modelo de sistema unificado de cuidado e educação. 1997. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, USP, São Paulo.

_____. A relação Creche – Família: relato de uma experiência. Cadernos de Pesquisa, v. 23, n. 60, p. 70-78, 1987.

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Patricia Rodrigues Gaudereto Professora Supervisora

PAIS E ESCOLA:

TECNOLOGIA FACILITA APROXIMAÇÃO

O PIBID - Pedagogia/Educação Infantil tem como um dos eixos centrais da sua proposta o envolvimento dos pais com a educação de suas crianças. A comunicação entre escola

e família é um desafio constante. Como comunicar à família as aprendizagens dos filhos? Que estratégia poderia auxiliar nessa tarefa? Como a tecnologia da informação pode ajudar?

Utilizar a Internet como meio facilitador na comunicação entre pais e comunidade escolar foi o grande desafio estabelecido pelo grupo de bolsistas que atuam no Centro de Educação Infantil Ana da Silva Fontes, localizado no bairro de Cordeiros em Itajaí - SC.

Esse trabalho foi um grande desafio tanto para a professora, quanto para as bolsistas envolvidas no PIBID, pois nosso objetivo era desenvolver um veículo de comunicação que aproximasse as famílias do centro de educação infantil, bem como as informassem sobre as atividades realizadas no período de tempo que as crianças permanecem na escola e suas aprendizagens.

Ainda é muito forte a concepção dos pais de que para que as crianças aprendam elas necessitam fazer alguma atividade registrada no papel. Ao chegar ao centro de educação infantil, as famílias circulam por um corredor que as levam à sala de seus filhos. Nele observam o que as crianças fizeram naquela manhã ou tarde. Entretanto, realizamos muitas atividades na área externa bem como atividades envolvendo circuitos psicomotores e brincadeiras livres e dirigidas, sendo estas atividades sem registro no papel. Nosso desafio, então, foi o de criar um meio de comunicação indireta com as famílias informando este rico trabalho desenvolvido, antes, durante e sem o papel.

Iniciamos os trabalhos observando a entrada e saída das crianças, como era o contato das famílias com os profissionais que trabalham no centro de educação infantil - se questionavam ou não o que a criança fez naquele período que esteve na escola.

Em seguida, bolsistas e professoras reuniram-se e discutiram sobre possíveis estratégias de comunicação com as famílias. Após a análise da clientela atendida, decidimos enviar fotos das atividades realizadas utilizando o recurso da Internet. Algumas opções foram levantadas como: Orkut, blog, Picasa ou e-mail.

O grupo de bolsistas propôs que utilizássemos o Orkut ou o Picasa, por meio do e-mail dos pais. A proposta de trabalho foi sugerida à coordenação. Com a aprovação, foi realizada uma reunião com os pais para informá-los do trabalho que iríamos desenvolver. Colocamos as duas propostas para que eles escolhessem qual delas seria a mais segura uma vez que trabalharíamos com a imagem de seus filhos.

Os pais decidiram juntamente com a professora que o veículo mais seguro seria o Picasa, ferramenta do Gmail, em que as fotos seriam enviadas através de links utilizando o e-mail pessoal de cada família. Vale ressaltar que queríamos estabelecer um canal com as famílias e não com as redes sociais, portanto a ferramenta escolhida foi a mais segura e pertinente aos nossos objetivos.

O trabalho pôde ser realizado por meio dessa ferramenta com tranquilidade, pois das quarenta famílias apenas seis não tinham acesso à Internet. Para essas seis famílias, o trabalho desenvolvido foi informado por meio de um CD com as fotos.

Após a reunião, mãos à obra. Os bolsistas criaram a conta no Gmail. Tendo o e-mail de todo o grupo, foram anexados álbuns de fotos com os trabalhos desenvolvidos. Cada álbum continha descrições e informações importantes sobre as atividades desenvolvidas. Nas fotos foram, também, registradas algumas legendas com informações. Nossa intenção foi informar os objetivos das atividades de forma sucinta e numa linguagem clara. Com todos os álbuns de fotos criados, enviamos os links para as famílias.

A confiança e a credibilidade das famílias foram se fortalecendo a cada dia. Os pais ficaram mais tranquilos em relação às atividades, passaram a entender que, mesmo não havendo atividades registradas no papel, a criança fez outras atividades tão importantes quanto estas para o seu desenvolvimento.

E os pais se manifestam...

Boa noite professora,

As fotos nos mostram uma variedade imensa de atividades que

visam envolver e motivar todas as crianças, desenvolvendo

a união, amizade, competitividade e espírito de equipe. Em

todas as atividades é possível identificar que nossa filha é

participativa e está muito feliz com o grupo e as professoras.

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O POeta Inventa vIagem, RetORnO e mORRe de SaudadeSe for possível, manda-me dizer:

- É lua cheia. A casa está vazia -Manda-me dizer, e o paraíso

Há de ficar mais perto, e mais recenteMe há de parecer teu rosto incerto.

Manda-me buscar se tens o diaTão longo como a noite. Se é verdade

Que sem mim só vês monotonia.E se te lembras do brilho das marés

De alguns peixes rosadosNumas águasE dos meus pés molhados, manda-me dizer:- É lua nova -E revestida de luz te volto a ver.Wor Itajaí Stop Over – Telas e gravuras - Série Especial – obra de Wencesslauw

Imagem cedida pelo autor para fins educacionais.Poema de Hilda HilstDo livro: Poesia: 1959 - 1979. São Paulo: Quíron/INL, 1980.

Mônica Zewe UriarteCoordenadora de área

O PIBID Música na Educação Infantil iniciou suas atividades em agosto de 2012, contando com 20 bolsistas licenciandos em Música e 4 professoras supervisoras, com atividades desenvolvidas no Centro de Educação Infantil (CEI) Anninha Linhares Miranda e CEI Rosete Palmeira Silva, ambos do município de Itajaí, SC. O grupo tem contado, ainda, com a presença da coordenadora de um dos CEIs nas reuniões e demais atividades propostas.

O principal objetivo da educação musical nos CEIs é desenvolver um trabalho pedagógico no qual a música possa ser entendida como um processo contínuo de construção que envolve ouvir, perceber, sentir, experimentar, imitar, criar e se divertir com ela.

Esse projeto parte da ideia de uma educação musical para todos, com objetivos socializadores e didáticos, desenvolvendo os sentidos de uma forma abrangente, especialmente a articulação entre audição e visão, de

forma a contribuir para a formação integral de todos os participantes do grupo, entendendo formação integral como a que promove experiências cognitivas, físicas e sensíveis.

O projeto PIBID Música na Educação Infantil organiza encontros mensais para formação estética e planejamento, momento em que são partilhados o andamento dos projetos de cada grupo, as dúvidas e ansiedades trazidas para a reflexão e, também, contatos com diferentes atividades artísticas, dentre elas a literatura, artes visuais, música e movimentos corporais, procurando articular os discursos artísticos.

Entendemos que professores supervisores e professores em formação – licenciandos – que participam de atividades estéticas com certa regularidade terão muito mais condições de promover um ensino de música mais significativo e integrador.

PIBID:Música na educação infantil

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O projeto também propicia um movimento pedagógico dos licenciandos, colocados a refletir continuamente sobre sua própria vivência musical, integrando teoria e prática e procurando sempre buscar respostas sobre por que a música é importante na educação infantil, e como ele poderá contribuir para a formação artística das crianças a partir do seu trabalho de educador musical.

As proposições musicais do trabalho tem promovido a descoberta de diferentes fontes sonoras, jogos de improvisação, sonorização de histórias, construção de instrumentos com materiais alternativos, o trabalho vocal e corporal, o tratamento auditivo e a escuta, além de um rico repertório de brincadeiras, canções e parlendas. As músicas também procuram proporcionar um contato com outras culturas, especialmente as que formam a música ética brasileira, como a africana, indígena e portuguesa.

Também estão presentes os jogos musicais que se constituem em formas de atividade lúdica infantil bastante criativa e sensível, no sentido da exploração e da adequação do som ao gesto e na percepção do valor expressivo e significativo do discurso musical. Além disso, são estabelecidos os primeiros contatos com a organização e a estrutura da música.

Podemos dizer que esse projeto tem a intenção de aproximar educadores, música e crianças, compartilhando experiências e informações, estimulando o questionamento e a reflexão, trilhando caminhos para a música na escola, sem a pretensão de delimitar territórios. O que se pretende é falar sobre música, sobre sua presença na vida das crianças e contribuir em sua formação.

Partindo de um pensamento abrangente acerca da arte e da música inserida nesse contexto, temos procurado aproximar os licenciandos do universo artístico de forma bastante articulada com suas vivências, pois acreditamos que um projeto de formação docente parte do princípio de que o licenciando precisa conhecer e gostar de arte para poder ensinar a arte, e somente conhece e gosta de arte quem tem contato e estabelece relações e significados com ela.

Depois de alguns meses de trabalho contínuo, é possível perceber a integração dos grupos, fato bastante evidenciado nos portfólios individuais produzidos no final do primeiro semestre de atuação, nos quais o alcance sobre a importância do projeto é mostrada de diferentes formas: a adesão das crianças às propostas musicais e artísticas, o acompanhamento atento e disponível das professoras supervisoras, o acolhimento da escola, e a atitude agregadora dos encontros mensais que têm se configurado como momentos de crescimento e reflexão, imprescindíveis para o sucesso do projeto.

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No segundo semestre do ano letivo de 2012, surgiu a oportunidade de participar do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. Assim sendo, no dia 22 de agosto iniciamos nosso projeto PIBID 2012 no C.E.I. Anninha Linhares de Miranda, localizado no bairro São Vicente, com uma turma de15 alunos, de 4 a 5 anos de idade.

Começamos, então, juntamente com a professora supervisora Márcia Beatriz Nascimento, a nos organizar com relação às intervenções. Focamos na ideia de trabalhar com as famílias dos instrumentos: corda, sopro e percussão. Esse tema surgiu com a intenção de explorarmos as vivências de cada aluno e, a partir do que eles já conheciam, ensinarmos novos conceitos e possibilidades sonoras dos instrumentos.

Para dar início ao nosso projeto principal, apresentamos os instrumentos musicais na nossa primeira intervenção, um de cada vez, cantando a música A Loja do Mestre André (folclore popular). Utilizamos para essa música o bandolim, o baixolão, o acordeão (ou sanfona, como eles chamavam) e a flauta transversal.

A partir daí, passamos a introduzir as famílias de instrumentos e suas características de forma, tamanho, uso e sonoridade, e a primeira família explorada foi a da percussão. Os alunos tiveram a oportunidade de manusear o ganzá, pandeiro, tamborim, xilofone, triângulo e agogô, que estavam expostos no centro da sala. Como forma de integrar os alunos ao conteúdo apresentado, confeccionamos juntamente com eles alguns chocalhos, utilizando materiais alternativos tais como latinhas e sementes.

Seguimos com os instrumentos de cordas nas próximas intervenções. O violão teve maior ênfase e foi dada atenção sobre a variedade de altura nos sons que ele emite: graves e agudos. Também pensamos ser relevante falarmos sobre o piano, já que poucas crianças sabem que ele também é um instrumento de corda.

Construímos, então, nas aulas seguintes, um violão feito de caixa de leite, elástico de dinheiro e papéis coloridos e, também, um piano confeccionado a partir de dobradura de papel.

Para a família do sopro, exemplificamos com o acordeão e a flauta. Durante a apresentação das flautas, os alunos tiveram a oportunidade de tocar uma variedade de sons, graves e agudos, por meio das flautas doces (sopranino, soprano, contralto e tenor), levadas pelos “pibidianos” e exploradas pelos alunos. Para a materialização, confeccionamos uma sanfona construída a partir de caixas de leite e uma trompa, confeccionada com conduíte e garrafa pet.

Pensamos ser de grande importância para os alunos reconhecerem que o corpo, juntamente com a voz, é um instrumento musical. Dessa forma, utilizamos uma de nossas intervenções para essa finalidade. Realizamos diversas atividades utilizando os sons do corpo, e, como produto, os alunos criaram uma música por meio de escrita alternativa. As atividades propostas foram bem aceitas pelo grupo e realizadas com entusiasmo.

Para a nossa última intervenção, planejamos uma apresentação utilizando todos os instrumentos que confeccionamos no decorrer do semestre, sendo eles sonoros ou não. A música escolhida foi A Loja do Mestre André, a mesma que iniciamos o semestre.

Após a apresentação, montamos uma “loja” com todos os instrumentos confeccionados e cada criança teve a oportunidade de “comprar” os seus instrumentos e compartilhar com as famílias tudo que construímos durante a realização do projeto.

A intenção do PIBID – Música na Educação Infantil - não é formar músicos, mas sim incrementar a atual condição do ensino de música nas escolas, desenvolvendo atividades para professores e alunos.

A FAMÍLIA DOS INSTRUMENTOS MUSICAIS pibid música na educaçãO infantil Thamiris Corrêa

Bolsista de Iniciação à Docência

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Iniciamos o subprojeto em Pedagogia direcionado à Educação de Jovens e Adultos (EJA) em agosto de 2012, com 20 bolsistas (alunos e alunas do curso de Pedagogia da Univali) e 4 professores supervisores da rede estadual e municipal. O eixo articulador é a escolarização como possibilidade de novas oportunidades de inserção no mundo do trabalho.

Os alunos da EJA voltam à escola para retomar sua trajetória escolar, muitas vezes, interrompida e motivada pela demanda crescente de um nível de escolaridade cada vez maior para inserção no mundo do trabalho, na cultura e na própria sociedade. Dessa maneira, a proposta de trabalho no PIBID Pedagogia EJA buscou, desde seu início, promover a inclusão de temáticas específicas do mundo do trabalho como conhecimento e novos aprendizados com a finalidade de contribuir para melhor preparar (alunos trabalhadores) para novas competências de inserção ocupacional ou profissional.

Não podemos prescindir de que se trata de uma modalidade de ensino que deve ser pensada diferente das outras modalidades educacionais. Jovens e adultos são sujeitos que, nas últimas décadas, tiveram o acesso garantido às políticas educacionais. Entretanto, não conseguiram a possibilidade de permanência - influência de diversos fatores econômicos, sociais e culturais, que, sem sombra de dúvidas, interferem direta ou indiretamente nos processos educacionais e formativos, seja dos alunos e de educadores dessa modalidade (BERNARDINO, 2008). Diante desse contexto, lançamos neste pequeno texto a reflexão da

complexidade que envolve a formação dos educadores da EJA, bem como a problematização dos processos de formação inicial dos futuros educadores implicados na formação da prática cotidiana.

De início, foi necessário novos pensamentos e conhecimentos para aqueles que pretendem, futuramente, juntar-se à prática docente na educação de jovens e adultos. Pensar como estes constroem suas aprendizagens requer a compreensão do lugar social ocupado por estes atores sociais na escola e na sociedade. Para Oliveira (apud BORG, 2007, p. 229), “[...] três campos específicos contribuem para a definição deste lugar: a condição de ‘não criança’, a condição de excluído da escola e o pertencimento a determinados grupos culturais, acrescentando, ainda, na maioria dos casos “o pertencimento às classes populares”.

Definir o que seria a formação necessária ao educador e futuro educador de jovens e adultos não é uma tarefa fácil, pois, além de conhecer e compreender o perfil desse público alvo e os parâmetros curriculares que oferecem as linhas gerais, sabe-se que há necessidade de eixos articuladores para a construção de propostas de formação implicadas na complexidade dos profissionais da área. Foi a partir desse movimento que destacamos uma atividade que proporcionou aos envolvidos demarcar e destacar esta experiência como de extrema relevância do PIBID Pedagogia EJA, produzida pelos pibidianos (alunos e professores supervisores), no Núcleo de Estudos Avançados (NAES), no município de Tijucas.

Algumas reflexões sobre os desafios da formação inicial do PIBID Pedagogia EJA

Este programa tornou-se lócus privilegiado para o estudo, planejamento, formação e prática pedagógica quando se realizou a apresentação e socialização das narrativas dos alunos e ex-alunos sobre suas experiências de volta à escola (os motivos) e suas experiências sobre o trabalho, atividade relacionada ao Projeto “Melhoria das práticas educativas aplicadas à escolarização dos estudantes trabalhadores para inserção no mercado de trabalho”. Os alunos e ex-alunos contaram em forma de narrativas orais e descrições escritas em cartazes suas experiências sobre os motivos que os levaram a voltar à escola e suas experiências associadas ao trabalho. Os materiais didáticos produzidos foram a exposição de mural com cartazes descritivos sobre as experiências dos alunos e ex-alunos e produção de um vídeo com depoimentos dos alunos e ex-alunos sobre suas vivências em relação à educação e ao trabalho.

Entender essas experiências sob o prisma do investimento que o sujeito realiza na busca de criar e se recriar a partir de seus relatos talvez não apareça muito nos conteúdos ensinados e nos espaços escolarizados, mas, naquele momento, teve lugar a expressão dos sujeitos em suas práxis, o que levou a realização de processos formativos a todos os envolvidos no PIBID – Pedagogia EJA.

Referências

BERNARDINO, Adair José. Exigências na formação dos professores de EJA. In: VII Seminário de Pesquisa da Região Sul. Junho, 2008. Univali-Itajaí-SC.

BORGH, Idalina Souza Mascarenhas. Formação de Educadores da EJA: Inquietações e Perspectivas. In: Diálogos possíveis, julho/dezembro 2007.

Tânia Regina RaitzCoordenadora de área

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Ovidebis est et doluptati cus repudae qui dis aut quam, et eum fugitate que non nonsed est eaturia ectiae volo de nimagna tendam dolorru ptasperovit, te qui tor ad moluptum erat quiae re periaectur rerorecerum alitias magnis vendit, cuptat di soluptur accum acerfer chitio velite quis mo dolorep erroritiis expelit, sectatio omnitat ecerios untur maionsectat asit faccusa niminvel ium labores

Todo dia eu paro

e penso

que

não paro

não penso

não sinto

e que

se continuar

assim não

bem

deixa pra

amanhã...

“Oi dendendê cativindará, ô cativindarê, cativindará” - assim ressoa o canto secular diaspórico executado pelo capitão do Grupo Catumbi de Itapocu do município de Araquari no litoral norte de Santa Catarina. Um folguedo afro-brasileiro em louvor a Nossa Senhora do Rosário, uma manifestação tradicional caracterizada pelo sincretismo religioso da população negra local. Uma variante das congadas a qual é acompanhada por dois tambores bicentenários confeccionados por seus antepassados, feitos de “olandim”, uma madeira típica da região, sendo ambos percutidos por uma baqueta chamada de “bimbo”. Esses tambores são um dos instrumentos recentemente contemplados em uma pesquisa acadêmica e que fazem parte da Exposição Percussão Catarina.

A exposição Percussão Catarina é uma ação educacional idealizada pelo Grupo Coletivo Arteiro do programa CAPES/PIBID/UNIVALI, um dos projetos em atividade desenvolvidos por esse grupo de acadêmicos sediados na Escola Básica Antônio Ramos, que tem o objetivo de levar à comunidade de Itajaí e região uma exposição itinerante. Essa exposição é o resultado parcial da pesquisa que levantou, catalogou e organizou uma parcela dos instrumentos de percussão dos grupos folclóricos de Santa Catarina.

A exposição acontece em uma tenda de 3,5 x 3,5 metros onde são expostos banners com fotografias e informações a respeito dos instrumentos de percussão tradicionais, não tradicionais e não convencionais utilizados pelos grupos folclóricos catarinenses. Cada banner procura dar conta de um único instrumento, trazendo uma classificação científica que aborda as

nomenclaturas êmicas, a forma de tocar, formato, componentes, material, peculiaridades e seu grupo folclórico. Constitui, também, uma parceria com os pesquisadores Luciano Candemil e Rodrigo Paiva, da UNIVALI, além de promover ações integradas com o Grupo de Percussão de Itajaí do Projeto PROLER.

Esse projeto aconteceu no pátio externo da UNIVALI em Balneário Camboriú, envolvendo professores, direção, equipe administrativa e alunos do Colégio Aplicação e dos cursos de Graduação. Ainda, numa ação conjunta com o Grupo de Percussão de Itajaí, a tenda itinerante recebeu a visita de grande quantidade de alunos e professores durante a instalação na Escola Básica Antônio Ramos, a base do Grupo Coletivo Arteiro.

À convite do Setor de Arte e Cultura da UNIVALI, a Exposição Percussão Catarina permaneceu no interior do piso térreo da Biblioteca Central e teve o privilégio de ser visitada por estudantes de música de outros países como Espanha, França, Inglaterra e Portugal, e de outras regiões do país, que vieram participar das oficinas do 15º Festival de Música de Itajaí, como também da grande gama de estudantes de graduação dos cursos regulares.

Sabemos que estamos, ainda, dando os primeiros passos nesse percurso e que temos um longo caminho pela frente. Entretanto, os convites recebidos para futuras instalações mantêm-nos motivados a aprimorar cada vez mais a Exposição Percussão Catarina, dando-nos o privilégio de contribuir para a difusão de nossa cultura popular.

A EXPOSIÇÃO PERCUSSÃO CATARINA

Coletivo ArteiroParticiparam deste projeto os seguintes membros do grupo Coletivo Arteiro:Valéria de Oliveira | Professora supervisoraLuciano da Silva Candemil | Bolsista de Iniciação à Docência

Wor Itajaí Stop Over – Telas e gravuras - Série Especial – obra de WencesslauwImagem cedida pelo autor para fins educacionais.

Poema de Leandro de MamanDo livro: Suspenso. Blumenau, SC: Nova Letra Gráfica E Editora, 2008.

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Um grande desafio para os professores de Língua Portuguesa, nos dias atuais, é tornar a aula de produção textual motivadora e menos cansativa para os alunos. Uma das estratégias utilizadas para driblar a apatia de alguns alunos seria trazer para a sala de aula propostas de produções textuais em que eles pudessem encontrar identidade e refletir sobre a linguagem utilizada. Considerando essas questões, elegeu-se o gênero discursivo rap.

Foram desenvolvidas, assim, atividades de produção textual no Centro Educacional Municipal Dona Lili, envolvendo 65 alunos, 5 licenciandas, 1 professor supervisor e 1 coordenadora de área, em busca de estabelecer um diálogo com os conhecimentos teóricos formais e a prática pedagógica vivenciada na realidade escolar. As atividades foram realizadas em sequências didáticas, contemplando as características do gênero, discussões sobre o tema, reflexões sobre a cultura POP e HIP HOP, além de criação de grafites e participação em palestras. Basta pesquisar sobre o assunto para identificar que a diversidade cultural desses movimentos é extremamente rica, podendo ser trabalhada no contexto escolar.

Procurou-se inserir as licenciandas do curso de Letras em vivências pedagógicas e motivar os alunos a ler e produzir RAP, reconhecendo que a presença da oralidade nesse gênero textual é oportuna por apresentar em sua forma composicional um misto de ritmo e poesia, com a função social de criticar as mazelas da sociedade e da alma, por meio dos diferentes estilos de raps: políticos e românticos. Além disso, algumas noções de musicalidade como ritmo, métrica e pulsação foram trabalhadas, uma vez que o rap se realiza de forma plena enquanto gênero textual quando é cantado.

Segundo Preti (2004, p. 15), a oralidade não deve ser compreendida “como uma escrita cheia de erros”. Sabe-se que, historicamente, costuma-se atribuir à escrita um valor social superior à fala. Ao mesmo tempo, sabe-se que o gênero rap tende a ser marginalizado enquanto objeto formal de conhecimento uma vez que o suporte desse gênero não são os livros e os teatros, mas as ruas e as prisões. Contudo, há de se considerar que são mecanismos da língua e gêneros diferentes e como tal possuem um entendimento específico.

O rap na escola:entre a oralidade e a escrita

Marcelo S. Siqueri Professor Supervisor

Ana Cristina Bornhausen CardosoCoordenadora de área

Neves (2001, p. 339), ao estabelecer as relações entre fala e escrita no contexto da aprendizagem, defende a hipótese de que “cabe à escola dar a vivência plena da língua materna. Todas as modalidades têm de ser valorizadas (falada e escrita, padrão e não-padrão)”. A partir dessa afirmação, pode-se entender que, ainda segundo a autora, “todas as práticas discursivas devem ter o seu lugar na escola cabendo ao professor o papel de oferecer ao usuário da língua materna [...] o bom exercício da língua escrita e da norma padrão”.

Para os alunos envolvidos no projeto, a produção de letras de rap não foi uma tarefa simples, mas, acima de tudo, prazerosa. A criatividade de transformar suas biografias em letras de rap possibilitou o estímulo à imaginação, além de garantir uma aprendizagem de qualidade. Foi possível criar um clima de cumplicidade e divertimento entre os alunos envolvidos no projeto, partindo de suas rimas, seus questionamentos, suas angústias, mostrando que qualquer um é capaz de ampliar os olhos de ver o mundo, quando se tem como ponto de partida o estímulo à autonomia e à liberdade de expressão.

Referências

NEVES, Maria Helena Moura. Língua falada, língua escrita e ensino: reflexões em torno do tema. In: URBANO, Hudinilson et al. Dino Preti e seus temas: oralidade, literatura, mídia e ensino. São Paulo: Cortez, 2001.

PRETI, Dino. Estudos de língua oral e escrita. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.

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Page 12: Docência na Educação Básica

Ler sem receios e deixar-se encantar ou mesmo estranhar-se pelo texto sempre foram uma das prerrogativas dos docentes de Língua Portuguesa. E a Escola, de modo geral, tem se preocupado com essa questão. Imbuídos desse sentimento, a Escola de Ensino Médio Professor Henrique da Silva Fontes (HSF), no bairro São João, em Itajaí (SC), engajou-se no Programa PIBID da UNIVALI e realizou uma série de atividades voltadas ao incentivo da leitura e da apreciação literária em um processo semelhante ao que relata o poema de João Cabral de Melo Neto, Catar Feijão, na escolha da melhor palavra-texto.

Desde que iniciou o projeto, o grupo dos bolsistas de Letras tem proposto atividades de interação e motivação à leitura fruitiva por meio de oficinas temáticas e momentos de pura leitura e descontração, de autores locais ou até mesmo dos já consagrados pela crítica.

A ação do PIBID ocorre no período noturno para estudantes, em sua grande maioria, provenientes da Rede Municipal, com idades entre 15 e 24 anos, sexo masculino, com acesso semanal diário à rede de computadores principalmente nas redes sociais e, eventualmente, em sites de pesquisas, sem o hábito de leitura literária.

Do verso à prosa, os momentos de leitura têm sido sempre uma descoberta e um convite à criação, seja para os estudantes, seja para os bolsistas, porque o texto literário é por excelência plurissignificativo, permitindo-nos navegar entre ficções e vivências.

Cada frase, página, livro lido sem a preocupação de devolutivas escritas é uma chave que abre portas para uma experiência de leitura fruitiva, sem o rótulo de ler por obrigação ou por prazer, que forma sentidos e conceitos, habituando o olhar e a percepção estética.

Incentivar e mostrar que é possível ler é fazer com que pessoas se emocionem e descubram novos saberes, percorram outros caminhos e construam outros olhares. É um pouco do que diz a Educação pela Sensibilidade.

A trajetória começou em 2011 pelo verso, uma decisão metodológica e estratégica muito bem aceita por todos. Das primeiras oficinas e textos ao bate-papo com Alcides Buss, o grupo apresentou aos estudantes um leque de opções. A poética questionadora e intrigante de Magru Floriano, em Codidianas; o texto sagaz e apropriado de Bento Nascimento, em Celacanto; as possibilidades de fomento do processo literário de Leandro de Maman, em Suspenso e, por fim, a fala e a experiência de um poeta multifacetado como Alcides Buss. Tais quais as camisetas penduradas num varal, dançando ao sopro do vento frio, ora morno que nos aquece e anuncia à próxima estação, Buss explicou seu processo de criação e o que o fez considerar-se um escritor. Logos após o bate-papo com Alcides Buss, os estudantes estrearam o sarau Homo Urbanus Erectus. Uma reunião de textos selecionados pelos estudantes, lidos fruitivamente, literatura e música.

Na segunda fase do projeto, as oficinas voltaram-se a um novo foco: a sensibilização para a leitura de textos mais longos, narrativas mais complexas com um universo de personagens distantes de suas realidades, em tempo e espaço distantes. Desde outubro passado, os bolsistas têm construído um painel multicultural pela leitura de três obras contemporâneas em que cada estudante pode escolher o que gostaria de ler após a exibição e debate do filme Desmundo, da obra homônima de Ana Miranda e da oficina Banca Literária, que, de certa forma, recriou uma feira onde cada um escolhe o que mais lhe agrada.

E a leitura bateu a nossa porta e por aqui ficou

Quando a leitura é compreendida como razão e meio de apropriação do currículo escolar, os processos desencadeados são diferenciados e ressignificam a prática docente no sentido de repensá-la. Nesse contexto, o grupo de bolsistas percebeu que o espaço da sala de aula precisava ser readequado e, após um estudo, deu-se a esse espaço uma nova roupagem, facilitando o acesso aos livros e multimeios eletrônico-pedagógicos. Um espaço de constante transformação, de criação literária, catarse e, fundamentalmente, linguagem. A proposta aqui é aprender a conviver com a diversidade e a linguagem aproximar-se pelo viés da literatura.

Um dos momentos marcantes foi, também, o encerramento das atividades do ano: a Escola foi invadida pelo conto Liberdade Clandestina, de Clarice Lispector. Uma contação emocionada e coletiva. Vibrante e convidativa. Assim, o PIBID de Letras bateu à porta do HSF e por lá ficou. Ficou para mostrar que com leitura, estratégias e um objetivo, a Educação pode reverter os índices de analfabetismo e letramento, proporcionar uma alternativa diferente de formação docente, em que a prática preconizada na teoria acontece e a Universidade dialoga com a Educação Básica contribuindo para sua melhoria. PIBID não é uma prática docente desconexa com o fazer pedagógico do professor da sala de aula - PIBID é ação, convivência e aprendizagem. É a pesquisa em ação. A prática revisitada. Novos valores surgindo e pedindo licença.

Rafael Moura de Morais: Professor Supervisor

CATAR FEIJÃO

Catar feijão se limita com escrever:

joga-se os grãos na água do alguidar

e as palavras na folha de papel;

e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel,

água congelada, por chumbo seu verbo:

pois para catar esse feijão, soprar nele,

e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:

o de que entre os grãos pesados entre

um grão qualquer, pedra ou indigesto,

um grão imastigável, de quebrar dente.

Certo não, quando ao catar palavras:

a pedra dá à frase seu grão mais vivo:

obstrui a leitura fluviante, flutual,

açula a atenção, isca-a como o risco.

Fonte: MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995.

Participaram deste projeto os seguintes Bolsistas de Iniciação à Docência:

Carlos Medeiros, Elisângela Roloff Mendez, Juliano Cleverson Policarpo, Marina Sanches de Oliveira, Sônia Maria Crisanto

23REVISTA PIBID UNIVALI22 REVISTA PIBID UNIVALI

Page 13: Docência na Educação Básica

Um passo bastante significativo para nós foi a realização do I Seminário PIBID Coletivo Arteiro na escola, onde contamos com a participação do corpo docente e funcionários. Nessa atividade, compartilhamos as realizações do ano, confraternizamos com todos e realizamos uma apresentação artística do Espetáculo Teatral Luisa. Esse espaço sintetizou a excelência da parceria entre o PIBID Coletivo Arteiro e a Escola Antônio Ramos.

Para realizarmos o 3º projeto, o Coletivo Arteiro buscou, primeiramente, atender à diretriz do PIBID, no sentido de expandir suas atividades à comunidade e dar oficinas de formação aos docentes da Escola Antônio Ramos. Dessa forma, nasceu o Projeto PIBID na Comunidade. Montamos um arcabouço de atividades que pudessem, centralmente, abarcar nossos saberes e pesquisa já existentes, bem como estabelecermos uma parceria com o Projeto Proler da Univali. Assim, estivemos com atividades que foram desde levar a comunidade ao teatro e realizar oficinas com os alunos, a darmos oficinas de formação aos docentes e circularmos com uma exposição sobre instrumentos musicais chamada Percussão Catarina.

O Coletivo Arteiro é um grupo formado por acadêmicos das graduações em Artes Visuais e Música da UNIVALI. Foi constituído para desenvolver projetos artísticos/culturais, por meio do Programa PIBID, com o objetivo de ampliar e dinamizar a formação docente dos bolsistas envolvidos, bem como para oxigenar o pensamento e a prática da área de conhecimento envolvida: A ARTE. A nossa ação é desenvolvida na Escola Básica Antônio Ramos do bairro Cordeiros.

Realizamos dois projetos, a saber: Arte Urbana em Foco e Paisagens Artísticas Compartilhadas. Cada projeto foi dedicado a inserções distintas. O primeiro buscou na Arte feita na rua e na cidade um lugar para discutir as relações da arte institucionalizada, da arte presa

às galerias e aquela que está ao alcance de todo e qualquer cidadão. Na segunda empreitada, alicerçamos nossa atuação no uso de fundamentos das linguagens do Teatro, Artes Visuais e Música, para, por meio dessas expressões, promovermos práticas interdisciplinares, com o objetivo de estabelecer diálogos criativos, tendo a música como eixo estrutural. O Coletivo Arteiro propôs, assim, espaços para a vivência artística/estética, introduzindo elementos artísticos de forma lúdica, apresentando novas referências musicais, sonoras, visuais, verbais e escritas, ampliando a formação artística dos alunos. Ambos os projetos foram desenvolvidos com alunos dos 1º, 2º e 3º ano das séries iniciais da Escola Básica Antônio Ramos.

Grupo é um conjunto de pessoas que estão atreladas por compartilhar regras, por meio de suas relações uns com os outros e conscientes dessa relação. Percebem-se, portanto, como grupo e buscam a relação entre aceitar e ser aceito. Grupo é um sistema de relações sociais e de interações, recorrentes entre pessoas, que, por meio desse sistema, constitui uma identidade, ou seja, de acordo com as relações dialéticas do mundo interno e, com os objetos do mundo exterior, defini-se o perfil e caracteriza-se ou, ainda, classificam-se os grupos. Grupo não é apenas uma soma de indivíduos que o compõem. É um inteiro, um conjunto, um espaço que contém, é ainda um conceito. Junto a isso, é, ainda, um evento uma experiência. (Valéria de Oliveira).

As (an)danças de um coletivo chamado arteiro

Todas as atividades dos projetos do Coletivo Arteiro são desenvolvidas por meio de oficinas, apresentações artísticas, exposições, estudos, seminários, participação em conselhos de classe, reuniões, saídas de campo e formação continuada. Temos organizado as atividades para que as linguagens da música, artes visuais, teatro, literatura e contação de histórias estejam sempre presentes e articuladas à disposição para contribuir com a formação estética das pessoas envolvidas.

As questões acerca do desenvolvimento artístico/estético são importantes. Cada vez mais, fazem-se urgentes uma escola e uma docência, que, na prática, estejam dispostas a assumir e atravessar essa seara. Consideramos que vivemos num momento em que o processo de humanização do sujeito necessita do processo de sensibilização. E pensamos que o universo artístico contribui com esse processo, pois alfabetizar/sensibilizar os sentidos é modificar expressivamente nossas relações com o mundo.

Coletivo Arteiro

Participaram deste projeto os seguintes membros do grupo Coletivo Arteiro:Valéria de Oliveira | Professora supervisora

Sandra Cornelsen da Silva, Kim Kauã Cunha Coimbra, Luciano Candemil, Silvana Rebello, Elvis Pauli | Bolsistas de Iniciação à Docência

25REVISTA PIBID UNIVALI24 REVISTA PIBID UNIVALI

Page 14: Docência na Educação Básica

O projeto PIBID na Escola Padre Pedro Baron promoveu a aplicação de um questionário de gostos e preferências artísticas, que abrangeu artes visuais, música, teatro, dança e atividades culturais. Isso para desenhar com o grupo o território do nosso trabalho. Constatamos que somente metade dos alunos compreende música como arte, mesmo que a grande maioria deles escute música todos os dias e que, apesar de um número inexpressivo de alunos ter assistido a ao menos um show musical na vida, a maioria deles participa de atividades com música na família e na comunidade. Segundo os alunos, o lugar onde mais se vê arte é na televisão, e o lugar que mais oferece arte aos alunos é a escola. Com base nesses dados, sentimo-nos ainda mais dispostos a oferecer música na escola e apresentá-la como arte e, mesmo com momentos de apreensão iniciais relativos ao interesse da criançada para com as oficinas, percebemos a participação positiva que poderíamos ter junto àquela comunidade.

Um dos nossos projetos foi uma oficina de construção de instrumentos musicais alternativos, ao qual, carinhosamente, chamamos de Reutilizar em Harmonia. Para essa batalha inicial, convidamos alunos das quintas e sétimas séries, nos horários de contraturno. Nesse primeiro contato, alunos que, normalmente, nas atividades de sala de aula não interagiam com o grande grupo de forma completa, foram os primeiros a escolher pela participação no projeto e, durante as oficinas, apresentaram uma interação com o grupo que não existia em outras situações.

Hoje, essa interação persiste e estendeu-se aos colegasde turma, já na oitava série. Durante essa oficina, os

alunos, além de construir seus próprios instrumentosmusicais, desenvolveram em grupo exercícios queabrangeram vários conteúdos importantes da músicae desenvolveram a percepção e a criatividade. Foramconstruídos ganzás com latas de achocolatado, pausde chuva com canos de PVC, pandeiros com pratosplásticos de jardinagem e tampinhas de garrafaachatadas, tambores e caixas com latas sem usorecolhidas pela comunidade e efeitos sonoros commateriais variados.

Na sequência, oferecemos às turmas de 4º ano oficinas depercussão, explorando, com instrumentos da escola einstrumentos confeccionados pelos alunos, os ritmosdo xote e do baião. Paralelamente, acontecia a oficinade musicalização e representação da história Asorelhas do rei, com turmas de 3º ano, explorando ossons da natureza, de alguns instrumentos musicais etambém do nosso instrumento primeiro, a voz.

Com foco na música regional, exploramos ritmosdo tradicional boi de mamão e musicamos poesiasdo escritor Bento Nascimento. Desenvolvemosexercícios a partir de canções do artista VenâncioDomingos e exercitamos a criatividade dos pequenoscom apreciações e interpretações da cultura local,favorecendo o aprendizado das turmas e ampliando orepertório musical. Oferecemos uma oficina de cantocoral que atraiu muitos alunos das sétimas séries eem parceria com o novo grupo de percussão da escolaapresentamos e encantamos na festa de dia das mães..

MÚSICA NA ESCOLA PADRE PEDRO BARON

Darlisa AndersProfessor Supervisor

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Page 15: Docência na Educação Básica

O recreio também foi explorado com sessões de boa música e ótimas conversas, pois como diz a escritora Cecília Cavalieri França no texto Sozinha eu não danço, não canto, não toco, “nada é mais eficaz e definitivo do que a própria música, com seu poder de impactar, arrebatar, emocionar, arrepiar, acordar os sentidos, fazer o corpo pular feito pipoca e o pensamento flutuar como pluma. Basta uma canção para um universo musical se abrir”. Com esse incentivo, alguns alunos até deixaram a vergonha de lado e apresentaram sua música e seus gostos aos colegas, tornando o ambiente de correria mais saudável e integrando vários grupos distintos.

Hoje. contamos com duas oficinas ativas, uma de pintura musical ou música pintada, como costumamos chamar, onde os alunos desenvolvem trabalhos de artes visuais estimulados por diferentes estilos e ritmos, e uma oficina de criação musical que empolga os alunos com o título Uma música para mudar o mundo. Hoje já sentimos que conquistamos o nosso espaço na escola. Podemos perceber a música muito mais presente na comunidade escolar e, principalmente, podemos sentir as barreiras diminuindo, acreditando no nosso trabalho e percebendo as pequenas mudanças na vivência cotidiana.

MÚSICA NA ESCOLA PADRE PEDRO BARON

Uma das atividades do projeto DiferentesLinguagens, realizada juntamente com ascrianças nas idades entre dois e seis anos, do Centrode Educação Infantil Neusa Reis Cesário Pereira, foia que chamamos de Tenda Literária. O objetivo dessaatividade foi o de envolver as crianças com a literaturade forma mais fruitiva, por meio de uma experiênciaestética, desenvolvendo, assim, a imaginação e asensibilidade das crianças.

Essa experiência estética possibilitou às crianças vivenciarem a história de um livro plano para uma cena em que todos os sentidos foram aguçados. O livro escolhido foi Carlota quer ser princesa das autoras Doris Dorrie e Julia Kaergel, de 1998.

Foram montadas três tendas de praia no espaço externo da escola. Estas foram envoltas com tecido e decoradas para representarem cenários da história. A primeira tenda foi o quarto da Carlota, em sequência a cozinha e a última era a escola e o escritório. As crianças participaram da representação da história a

qual foi encenada pelas bolsistas. Antes de começar essa experiência foi apresentado o título do livro e seu autor.

Essa atividade envolveu todas as crianças do CEI. Elas demonstraram grande interesse participando e envolvendo-se com as personagens, interagindo com a história, muitas vezes dando sugestões, ou seja, opinando quais atitudes o personagem deveria tomar, vibrando com os acontecimentos. “Incentivar o contato com a literatura infantil propõe a criança descobrir o mundo, sonhar e fantasiar” (CAGNET, 1996, p. 7). Cagnet ressalta o valor fruitivo da leitura na infância:

Tenda literária

Literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática; o imaginário e o real: os ideais e sua possível/impossível realização. (CAGNET, 1996, p.7).

Valéria Ferreira Coordenadora de área

Karina Rolão, Giselle Lima, Taiana Modanese, Sandra Barbosa Oliveira e Vera Lúcia SantosBolsistas de Iniciação à Docência

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Page 16: Docência na Educação Básica

O grupo do Pibid Pedagogia – Alfabetização da Universidade do Vale do Itajaí tem como foco selecionar e desenvolver ações pedagógicas diversificadas, que sejam referência para a alfabetização e o letramento em turmas do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental de Nove Anos. Nesse contexto, a interação entre o ensino superior e a educação básica, além de promover a formação inicial para os licenciandos do Curso de Pedagogia, também favorece a formação continuada para os professores alfabetizadores, possibilitando reflexões sobre a organização do tempo e do espaço escolar, a seleção e produção de materiais pedagógicos inovadores, bem como as intervenções pedagógicas adequadas às crianças desse nível de ensino.

Entre as principais metas, o grupo dedica-se ao desenvolvimento de projetos, planejados e supervisionados pelo coordenador de área e professores alfabetizadores, sendo eles: A interação com a escrita de tipo urbana e doméstica; Organização de um ambiente de cultura escrita; Literatura infantil em sala de aula para alfabetizar letrando; Atividades envolvendo a linguagem escrita e as outras linguagens. Tais projetos envolvem a alfabetização e o letramento por meio da leitura e da produção textual, respeitando a faixa etária, ritmo e necessidades das crianças.

Assim, os licenciandos tiveram a oportunidade de, junto aos professores supervisores de campo e a coordenadora de área, participar de momentos de formação a fim de compreender e refletir sobre os documentos do Ministério da Educação (MEC) envolvendo as Diretrizes Curriculares Nacionais

para o Ensino Fundamental dos nove anos, bem como sobre os processos de aquisição da língua escrita, estabelecendo relação entre alfabetizar e letrar. Além disso, os licenciandos participaram, na escola, de um curso de Formação de Leitores para professores de 1º e 2º ano do projeto TRILHAS/NATURA, da linha Crer para ver, em parceria com o MEC. Tais estudos proporcionaram aos futuros professores pensar e planejar novas ações e práticas docentes articuladas com a realidade local da escola.

Além disso, vivenciaram ações pedagógicas por meio da observação e do registro no espaço de atuação, percebendo o contexto educativo, sua rotina, o intercâmbio com as famílias e comunidade, a interação com e entre os professores, as instalações físicas e sua utilização, a organização dos espaços e o Projeto Político Pedagógico da escola.

Eles observaram e registraram, também, a prática docente do professor alfabetizador, o planejamento das aulas, o ambiente alfabetizador, as atividades pedagógicas, os materiais didáticos utilizados para alfabetização e as interações professores/crianças, criança/criança, professores/professores, criança/professor/conhecimento.

Por fim, passaram a desenvolver projetos envolvendo a alfabetização e o letramento com vistas à compreensão da função social da leitura e da escrita e sua estrutura. Para isso, confeccionaram um jogo/dominó envolvendo nomes de animais; participaram da realização de atividades de leitura e escrita com

os alunos de 1º e 2º ano; trabalharam as operações matemáticas básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão), utilizando o material dourado; acompanharam a professora supervisora de campo e os alunos, em um passeio fora da escola para estudar sobre o meio ambiente; participaram da Mostra Pedagógica sobre Educação Fiscal, vivenciando trabalhos artísticos culturais, teatros e apresentação de fantoches.

Os licenciandos estão, ainda, trabalhando com jogos para desenvolver os conhecimentos matemáticos; atividades envolvendo o alfabeto móvel, cantigas de roda para trabalhar a alfabetização, analisando e explorando diversos tipos de textos, enfim, atividades lúdicas que alimentem o imaginário infantil e contribuam para o desenvolvimento da leitura e escrita.

Nessa perspectiva, nossa intenção com o subprojeto Alfabetização é repensar e dinamizar as ações pedagógicas para trabalhar a aquisição da língua escrita nesse período da educação da infância. E o professor alfabetizador não deve esquecer as diferentes dimensões da formação da criança, tendo clareza de que a construção dessa prática educativa deve tê-la como eixo do processo.

Intervenções pedagógicas inovadoras na alfabetização inicial

Lourdes FurlanettoCoordenadora de área

Vogante

Mirante da música,a tarde nos leva

aos seios secretosdo Amor.

Ao rastilho n’água,as águas se abrem,

sal e sulco à esperada noite.

Não queremos issomas a vida é avarari da juventude,

sem pena.

Assim vamos vagose assim vamos virgens

comparsas do marvogante.

Somos tão simpáticos,tão cheios de nós, e a vida nos larga

a sós.

Falece-nos terolhos rasos d’águaFalta-nos sofrer

à larga

para que ela, a vidanos aceite, humanosrefugos da glória

que amamos.

Poema de Lêdo IvoDo livro: Poesia Completa (1940-2004). Rio de Janeiro: Topbook, 2004.

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Page 17: Docência na Educação Básica

As atividades do subprojeto Contextualizando a Matemática, inserido no Programa de Iniciação à Docência (PIBID), são desenvolvidas na Escola de Educação Básica Deputado Nilton Kucker. Desde o segundo semestre de 2010, investigações e ações têm sido realizadas com o objetivo de auxiliar a aprendizagem da Matemática naquela escola, as quais são justificadas pela necessidade que os alunos têm de vivenciar diferentes estratégias de ensino e de aprendizagem.

Tais estratégias foram solicitadas pelos alunos em pareceres descritivos. Verificamos que o grande apelo feito aos professores era pela adoção de novas maneiras de ensinar Matemática. Para completar a lista de solicitações, os alunos reivindicavam aulas em que jogos fossem utilizados como recurso para ensinar alguns conteúdos. Os alunos questionavam, ainda, a monotonia das aulas que aconteciam sempre nos mesmos espaços, indicando aulas em outros lugares, como por exemplo, nas salas ambiente.

A partir dessas constatações, desafiamo-nos a realizar diferentes atividades que auxiliassem a aprendizagem da Matemática. Destacamos duas ações, as quais culminaram com a instalação de duas obras no hall de entrada da Escola: a Árvore de Natal do século XXI com tetraedros, hexaedros, octaedros, dodecaedros e

icosaedros, confeccionados em origami e dobraduras pelos alunos das turmas 188 e 333; e a malha da geometria, montada no hall da escola. Para essas montagens, o trabalho em equipe e a concentração foram fundamentais.

Essas estratégias de ensino da Matemática qualificam as aulas e exemplificam como o ensino dessa disciplina pode ser feito de forma mais contextualiza e dinâmica, envolvendo também atividades artísticas. O PIBID, nesse sentido, causa impacto na formação dos futuros professores, mas também na docência do professor supervisor que se vê envolvido em atividades que extrapolam os exercícios de cálculo costumeiros.

Auxiliando a aprendizagem da matemática

Cirlei Marieta de Sena Corrêa | Coordenadora de área

Mais arte na escola

O subprojeto Mais Arte na Escola teve como objetivo inserir os educandos do ensino fundamental da Escola Básica Antônio Ramos e seus gestores a conhecerem as manifestações artísticas regionais e seus principais artistas, possibilitando maior interação dos educandos nas aulas de Arte, favorecendo o prazer estético na apreciação das obras in loco dentro e fora da Escola. Dessa forma, os alunos tiveram contato direto com as obras e artistas locais, tais como Meyer Filho, Lindinalva Deolla, Márcia D’Ávila e Wencesslauw.

Partimos da necessidade de sistematizar as informações dos artistas regionais, na produção de “ jogos didáticos” e fortalecendo a arte dentro da escola. Verificando as reais dificuldades de inserção da arte como disciplina, produzimos ações diferenciadas no cotidiano escolar, propondo uma mudança com maior interação das obras de arte e dos artistas.

Nossas primeiras intervenções aconteceram fora do espaço escolar na Galeria Municipal de Arte, durante a exposição Bestiário do artista itajaiense Meyer Filho, onde tivemos uma capacitação com a curadora da mostra para realizarmos as monitorias com as quatro turmas que foram apreciar.

Leidi CensiProfessora Supervisora

Aline Freitas do AmaralJulieta Jaurretche

Bolsistas de Iniciação à Docência

Carla Carvalho Coordenadora de área

33REVISTA PIBID UNIVALI32 REVISTA PIBID UNIVALI

Page 18: Docência na Educação Básica

Mais arte na escola

As exposições das artistas Lindinalva Deolla e Márcia D’Ávila ocorreram em um segundo momento, dentro do contexto escolar. O refeitório foi adaptado para receber as obras, as artistas e os alunos. Os encontros foram cheios de expectativas, anseios, dúvidas e respeito. As artistas socializaram suas trajetórias, a escolha dos materiais para seus trabalhos, tempo e processo de produção, como se inspiram, etc. Finalizada a conversa, elas realizaram uma pintura para os alunos observarem o uso do material e um pouco do processo criativo.

Após as primeiras exposições, identificamos a necessidade de preparar um ambiente que propicie uma melhor apreciação estética. Portanto, na vez do artista Wencesslauw, escolhemos o pátio da escola que oferece menos interferência visual. O resultado foi positivo, oferecendo maior proximidade entre público, obra e artista, favorecendo assim melhor interação.

As exposições foram marcadas por um clima de entusiasmo, experiência pouco comum no cotidiano escolar, até mesmo para os artistas que saíram da escola satisfeitos com o resultado e interação dos alunos.

O terceiro momento foi de oficinas, pensadas para possibilitar a experiência de manusear material diferenciado, vivenciando o processo criativo.

A aula de Educação Física é um espaço para fomentar e oportunizar a vivência do brincar. Por meio das brincadeiras podemos promover experiências, na dinâmica de um espaço livre, para a interação com o outro e o (re)conhecimento da diversidade cultural. Os professores são os mediadores de situações de ensino e aprendizagem, compartilhadas com os alunos. Ao pensar o brincar na escola, a seleção dos conteúdos inerentes e procedimentos tornam-se fundamentais para que o aluno sinta-se acolhido e confiante a fim de vivenciar experiências que permitam descobertas individuais e coletivas. Assim, um dos objetivos que propomos é o reconhecimento das brincadeiras tradicionais e inovadoras para promover a (re)criação a partir da historicidade, organização e processos criativos.

O brincar

A dinâmica do brincar, como uma ação válida no acontecer, torna-se organizada com estratégias de ensino diversificadas e inovadoras a fim de contemplar os conteúdos e favorecer a promoção do sentido do conhecimento no aluno. É perceptível que os diferentes materiais didáticos têm contribuído para o sucesso das diferentes estratégias para a efetivação do brincar. Brincar é experiência vivida num mundo real e transpõe este universo permitindo a criação de outros mundos, com infinitas possibilidades de organização no tempo e no espaço. Valorizamos os diferentes territórios, os saberes e as experiências por meio do brincar como manifestação lúdica da cultura corporal de movimento.

Educação física: Um espaço para brincar

Vanderlea Ana Meller Elaine Farina

Coordenadoras de área

35REVISTA PIBID UNIVALI34 REVISTA PIBID UNIVALI

Page 19: Docência na Educação Básica

açãO pedagógica

Descobrir diferentes formas de brincar torna-se fundamental na ação pedagógica, pois estimulamos o corpo em movimento e a expressão da cultura. As atividades podem ser compartilhadas entre os professores, os alunos, a família e a comunidade. Com tais ações passamos a valorizar a subjetividade e a interação com os diversos saberes. Para efetivação dessa proposta, realizamos uma pesquisa para estimular a expressão e identificar as brincadeiras reconhecidas pelos pais. Os Pibidianos consideraram que a prática pedagógica que estimula o brincar precisa ser pensada e estruturada com consciência do: o quê? Como? Para quê?

A PETECA, por exemplo, foi brinquedo citado pelos pais dos alunos. Portanto, esse objeto foi explorado como um recurso didático, vinculado a diferentes estratégias para reconhecê-lo, provocar conhecimento e criação. Foram identificados saberes sobre a historicidade desse objeto, o reconhecimento pessoal e familiar. Posteriormente, ocorreu a construção artesanal da peteca, com apoio da família e pibidianos, e tivemos inúmeras formas de peteca. Ocorreu a roda do brincar, dialogando, explorando o objeto por meio do movimento e linguagem. Foram criadas muitas brincadeiras com a peteca e mesclamos com diversas culturas do brincar, recriando a organização e as regras.

As aprendizagens e o desenvolvimento das crianças dão-se a partir das experiências com outras crianças, com os adultos e com o meio em que vivem. A partir desse prisma é que acontece a percepção de que a brincadeira propicia a inserção sociocultural. O carinho e a atenção estiveram sempre presentes, comemoramos cada vez que os alunos superavam um desafio e surgia uma nova criação, uma nova proposta e um novo entendimento. O respeito foi estimulado e consideramos este um fator primordial na relação com o outro na dinâmica da socialização das diferentes culturas. Os sentimentos gerados em torno do processo tornou-se uma proposta construtiva e humanizada. Os alunos expressaram desejos e construíram recursos com expressão de prazer.

O subprojeto: “BRINCRIAR”, vinculado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência na Educação Básica (PIBID) – UNIVALI, busca a articulação entre o Ensino Superior e a Educação Básica de forma a possibilitar aos licenciandos de Educação Física conhecer os fundamentos didáticos, filosóficos e políticos de sua área de atuação. Nosso campo de atuação ocorre em duas escolas de Ensino Fundamental de Itapema (SC) – Escola Maria Linhares e Escola Oswaldo dos Reis. Em torno de 300 alunos participam das ações desenvolvidas no projeto propostas por 4 professores supervisores e 20 licenciandos.

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Jogos digitais acessíveis:inovação e parcerias do Projeto PIBID Educação Especial

O grupo do Pibid Educação Especial da Universidade do Vale do Itajaí tem como foco de formação/atuação do licenciando em Educação Especial o Atendimento Educacional Especializado oferecido nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs), organizadas nas Escolas Regulares da Rede Municipal de Ensino de Balneário Camboriú, Santa Catarina. Nesse contexto de articulação do ensino superior com a educação básica, ou de modo particular, com a Educação Especial como modalidade transversal à Educação Básica, o presente projeto busca propiciar o planejamento, a execução e a avaliação de atividades educativas pertinentes aos conhecimentos em Educação Especial e Educação Inclusiva, por meio de estudos teórico-práticos, investigação e reflexão crítica, associada à produção de material didático adaptado de interesse para a área.

Entre suas principais metas, o grupo dedica-se ao desenvolvimento de Projeto de Recursos Pedagógicos Adaptados às necessidades educacionais de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades que frequentam as SRMs e classes regulares: jogos, brinquedos, recursos diversos utilizados nos processos de escolarização desse público.

Nesse contexto, merece destaque as ações desencadeadas no sentido de investigar e produzir jogos digitais acessíveis, a partir da análise de jogos analógicos e em parceria com acadêmicos e professores do curso de Design de Jogos e Entretenimento Digital da Univali. A proposta articula conceitos, métodos e processos educacionais, de computação e de design na produção de tecnologias assistivas para prover educação e lazer para crianças com necessidades especiais.

No período de setembro a dezembro de 2012 foram desenvolvidas reuniões de trabalho com um grupo de seis a oito acadêmicos da área do design, três professores do curso (dois da área do design e um da computação), a coordenação do subprojeto Educação Especial e as professoras supervisoras para discutir e analisar as propostas desenvolvidas pelos acadêmicos. Foram, também, organizadas visitas destes nas SRMs para observar os alunos e conhecer os jogos utilizados naquele espaço. O jogo ainda está em andamento, devendo ser testado a partir de junho de 2013.

Essa iniciativa visa a ampliação do escopo de atuação do grupo PIBID Educação Especial mediante a realização de parcerias com outras áreas do conhecimento que podem contribuir para a aprendizagem de crianças com deficiências e também com a mudança de concepção sobre esses sujeitos na sociedade.

Considera-se que o projeto proporcionará: o desenvolvimento de soluções inovadoras e acessíveis em recursos e processos tecnológicos digitais no âmbito da educação especial e inclusiva; o intercâmbio de ideias, métodos e processos entre diferentes grupos (design, computação e educação); o desenvolvimento e a transferência de inovação e tecnologias para instituições públicas e privadas vinculadas a essas áreas; a conexão entre universidade e escola com orientação para o desenvolvimento de novas soluções de acessibilidade e inclusão escolar.

Regina Celia Linhares Hostins | Coordenadora de área

37REVISTA PIBID UNIVALI36 REVISTA PIBID UNIVALI

Page 20: Docência na Educação Básica

Que música é essa? Artistas da música na região de Itajaíe novas perspectivas para o ensino de música nas escolas

O projeto Que música é essa? foi realizado na Escola Básica Antônio Ramos. Ele surgiu da seguinte problemática: Pouca existência de materiais didáticos para o ensino de música na escola pública, bem como falta de conhecimento dos alunos sobre a produção musical de sua região. Com isso o grupo percebeu uma dificuldade dos alunos de perceberem uma identidade musical regional.

O foco principal do projeto foi a produção de um livro (em fase de edição) para ser utilizado pela escola. O intuito desse livro é ilustrar o panorama musical de nossa região, e, assim, incentivar a construção de um espaço de diálogo crítico musical para a formação cidadã dos alunos.

O desenvolvimento do projeto partiu de uma pesquisa sobre os artistas atuantes da região de Itajaí e a apreciação de suas obras. Posteriormente, houve prática musical vocal e percussiva como complemento, articulando teoria e prática. Essa pesquisa foi efetuada pelos alunos por meio de audições comentadas, ou seja, os bolsistas trouxeram para sala de aula discos, CDs e vídeos de alguns artistas regionais, sendo a pesquisa complementada no laboratório da escola.

Divididos em equipes, os alunos escolheram um artista, coletaram dados, e com auxílio dos bolsistas fizeram uma seleção dos materiais para preenchimento de uma ficha de tabulação de dados. Nessa fase, os alunos escolheram as músicas para constar no livro, organizando-as de forma a constar as letras das músicas cantadas e as partituras das de caráter instrumental. Com os dados tabulados iniciou-se uma fase final de musicalização, com a escolha de uma música por turma, sendo elas: Certos amigos, da banda Expresso Rural, e Amanhecer, de Carlinhos Niehues.

Foi possível perceber, nesse percurso, o alargamento da experiência docente. Para os bolsistas, essas vivências foram importantes, pois elas os alertaram de muitas dificuldades sobre o ensino das artes e da música nas escolas públicas. Eles observaram que os alunos estão interessados em novas práticas docentes e novos assuntos, pois os alunos demonstraram interesse em discutir e apreciar músicas de estilos e referências diversas, tais quais: hip hop, reggae, sertanejo, pagode, samba, etc. Essa diversidade mostrou-se muito saudável, pois os bolsistas e os alunos da escola Antônio Ramos perceberam que a produção musical de nossa região tem ampla variedade estilística e características únicas.

Mário Cesar Nascimento Júnior

Bolsista de Iniciação à Docência

O ObjetivO

Devotei meu diaàs crianças, às florese a você, embora vocênão saiba.

Devotei meu diaaos pássaros, às borboletase a você, embora vocênão queira saber.

Devotei meu diaao sol, às nuvense a você, embora vocênão dê a mínimaa esse querer.

Devotei meu diaà travessia dos riose dos ventosque levam a você.

Devotei meu diaà causa da vida,essa que ainda se escondena noite fria da Terrae assim amanhecedia após dia.

Wor Itajaí Stop Over – Telas e gravuras - Série Especial – obra de Wencesslauw

Imagem cedida pelo autor para fins educacionais.Poema de Alcides BussDo site: www.alcidesbuss.com.

39REVISTA PIBID UNIVALI38 REVISTA PIBID UNIVALI

Page 21: Docência na Educação Básica

Coletivo Arteiro

Participaram deste projeto os seguintes membros do grupo Coletivo Arteiro:Valéria de Oliveira | Professora supervisora

Kim Kauã, Luciano Candemil, Sandra Cornelsen da Silva, Iago Gonçalves, João PoterBolsistas de Iniciação à Docência

PIBID COLETIVO ARTEIRO LEVA A COMUNIDADE

AO TEATRO MUNICIPAL DE ITAJAÍ

No intuito de atender a diretriz do PIBID 2012-2013, que orienta para que haja inserção das suas atividades na comunidade, o Coletivo Arteiro criou um cronograma cheio de ações que atendem a essa solicitação. O PIBID de Artes levou ao Teatro Municipal cerca de 300 pessoas da comunidade de Cordeiros, pais, alunos, professores, funcionários, que estiveram lá para assistir a peças teatrais.

A ação se estendeu ao Festival Itajaí em Cartaz – levando a comunidade para o teatro de rua, com a peça Júlia apresentada pelo Grupo “Cirquinho do Revirado”. A Escola apostou na atividade e se envolveu completamente e a comunidade respondeu positivamente. Estão de parabéns o PIBID Coletivo Arteiro e a Escola básica Antônio Ramos.

O Coletivo Arteiro, PIBID da Escola Antonio Ramos, acredita que, por meio dessas ações, ele articula a comunidade em torno da área artístico/cultural, bem como estimula o interesse por esse tipo de atividade. O permanente contato com a arte dá condições e sensibilidade a todo cidadão e toda cidadã para a apreciação e a fruição não só de obras, mas também do mundo que os cercam.

A Escola Básica João Paulo II está sendo tomada pela música! Essa é a proposta dos acadêmicos do curso de Licenciatura em Música da Univali, após realizarem

uma pesquisa com os alunos das turmas de 8ª séries e diagnosticarem que todos têm vivência com a música, mas não possuem informações teóricas, como definição, principais funções, noções básicas de ritmos, elementos que a compõem e a sua contextualização histórica.

Voltar a atenção à habilidade de mediar o conhecimento que é construído na Universidade com o propósito de fortalecer o exercício da educação musical foi prioridade, pretendendo-se, com isso, servir a ideologia do importante papel da música como formadora de cidadãos mais sensíveis e capazes de perceber melhor o mundo e de expressarem-se por meio de diversas linguagens.

Após o desenvolvimento de diversas oficinas que abordaram e proporcionaram que os alunos explorassem os elementos que compõem a música, os professores bolsistas ousaram em sua proposta de trabalho: formar uma banda para a execução de um arranjo da música Fome Come do Grupo Palavra Cantada. Esse arranjo foi elaborado coletivamente pelos professores bolsistas e incluía ritmos como baião, funk e maracatu.

Os alunos vibraram com a proposta e aceitaram prontamente o desafio! Todo esse empenho culminou com uma gravação em DVD nos estúdios da TV UNIVALI.

Para acadêmicos e alunos, a experiência de todo esse processo foi ímpar, pois perpetua todo o encantamento e o desenvolvimento cognitivo proporcionado pela música aos alunos.

A prática de conjunto dentro da Unidade Escolar trouxe um maior envolvimento entre os alunos, além de despertar valores como confiança, parceria e doação mútua, a fim de que o objetivo maior fosse atingido.

É importante destacar que a escola oferece infraestrutura física adequada à aplicação do projeto, além de profissionais comprometidos com a qualidade da educação, o que permite acreditar no desenvolvimento coletivo.

Carla Carvalho Coordenadora de área

Helena Cristina de AzeredoProfessora Supervisora

Participaram deste projeto os seguintes Bolsistas de Iniciação à Docência: Luciano Cabral Garcia, Madlon Martins de Freitas, Nicolau Clarindo Paulo Neto

MAIS MÚS

ICA NA E

SCOLA BÁ

SICA JOÃ

O PAULO

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41REVISTA PIBID UNIVALI40 REVISTA PIBID UNIVALI

Page 22: Docência na Educação Básica

Pensando na perspectiva de proporcionar o acesso à literatura infantil, potencializando a experiência fruitiva por meio da ludicidade, nós bolsistas e professor supervisor implementamos a Sacola Literária.

A Sacola Literária fez parte das ações desenvolvidas no projeto de Literatura Infantil, iniciadas no decorrer do PIBID de Pedagogia e se mantém como rotina de sala.

Ela consiste em uma sacola confeccionada em feltro decorado com tema infantil. Nessa sacola, a criança leva para casa uma obra e juntamente com a família fazem a sua leitura. No dia seguinte, a criança faz o reconto na assembleia inicial e, quando possível, traz um objeto que se relacione com a história contada.

Para que o envolvimento com a família acontecesse de maneira efetiva, a professora supervisora informou-os da sacola literária, como funcionaria e de que forma os pais ou familiares poderiam contribuir nesse processo de incentivo à formação dos pequenos leitores.

Ainda assim, a reação dos familiares, em sua maioria, era de insegurança. No entanto, quando as crianças faziam o reconto e traziam os objetos, era notável a participação da família para a aquisição do conhecimento acerca do livro que foi levado para casa.

Sacola literária

Participaram deste projeto os seguintes Bolsistas de Iniciação à Docência:

Karina Rolão, Giselle Lima, Taiana Modanese, Sandra Barbosa Oliveira e Vera Lúcia Santos

Valéria Ferreira Coordenadora de área

Vamos ouvir! foi uma experiência de trabalho realizada pelo projeto de música do PIBID no Centro de Educação Infantil Aninha Linhares de Miranda, com crianças de 5 anos na cidade de Itajaí (SC).

Dentre os objetivos da educação musical, podemos destacar, neste trabalho, elementos que envolvem principalmente a formação de ouvintes. Mesmo em aulas específicas de instrumento, esse aspecto faz-se cada vez mais presente por partir da ideia simples de que para saber tocar é importante aprender a ouvir. As duas coisas devem caminhar juntas e em aulas de educação musical o assunto não é diferente. Foram dez aulas que ministramos. O fio condutor foi mostrar os instrumentos musicais divididos em famílias, para depois confeccionarmos miniaturas destes, ligando cada instrumento a algum conteúdo baseado em atividades. Dessa forma, o estudante pode desenvolver maior sensibilidade para expressar-se e tornar-se um ouvinte mais consciente e crítico ao praticar atividades de percepção sonora e de apreciação musical.

Toda aula era regida por uma rotina de estudos que se iniciava com uma canção, que chamamos de “canto de entrada”, com todos sentados em círculo. Essa atividade era para manter um ambiente agradável, deixando os alunos mais soltos e com boa disposição mental. Basicamente, o repertório girou em torno do cancioneiro folclórico nacional. O folclore faz parte da cultura popular cuja riqueza cultural é atemporal, perpetuada por muitas e muitas gerações. Quando cantamos canções desse repertório, haja vista a territorialidade e a diversidade cultural de nosso País, deparamo-nos com mensagens

que dizem respeito aos nossos antepassados, com histórias, lendas, causos, costumes. Essa manifestação é de grande relevância no que diz respeito à educação, preservando-a ao divulgá-la e executá-la.

Após o canto de entrada, a proposta foi construir pequenos instrumentos musicais com sucata - nem sempre com a finalidade de tocá-los, mas sim para ter uma referência visual. A ideia era mostrar os instrumentos divididos em famílias, para que os alunos os reconhecessem quando fossem tocados em gravações de áudio. Para cada uma ou duas aulas era mostrada uma “família” de instrumentos, como cordas, sopro, percussão, e o próprio corpo como instrumento, utilizando a voz e a percussão corporal.

Na medida em que cada instrumento era apresentado - por meio de gravações ou tocando ao vivo – outros conteúdos permeavam a aula. Por exemplo, quando foi mostrada a família dos instrumentos de corda, a diferenciação do timbre do violino com o contrabaixo era baseada nos conceitos de grave e agudo – primeiramente mostrado como “grosso” e “fino”. O violão pode tocar notas mais longas do que outras. O bandolim toca em uma região aguda, e pode soar forte ou fraco. Também foram realizadas atividades de ritmo e marcha enquanto um instrumento era tocado.

O PIBID faz a ponte entre a universidade, representada pelos acadêmicos e a escola de educação infantil. No caso desse trabalho, esta ponte foi pavimentada com a colaboração de todos os envolvidos, principalmente com o Centro de Educação Infantil Aninha Linhares de Miranda, que já possuía aulas de música antes do projeto.

Vamos ouvir!Thales de Godoi Nunes | Bolsista de Iniciação à Docência

Carla Carvalho | Coordenadora de área

42 43REVISTA PIBID UNIVALI REVISTA PIBID UNIVALI

Page 23: Docência na Educação Básica

CURSOS DE FORMAÇÃO:UMA PRÁTICA VALIOSA

Segundo Tardif (2002, p. 262), os saberes profissionais são temporais, pois são utilizados e desenvolvem-se no âmbito de uma carreira, isto é, de um processo de vida profissional de longa duração do qual fazem parte dimensões identitárias e dimensões de socialização profissional, bem como fases e mudanças.

Nesse sentido, entendemos que a Formação Continuada é um dos aspectos mais importantes aos educadores que estão atuando, bem como aos que estão se preparando para essa atividade profissional. Perrenoud (2000, p. 155) afirma que “nenhuma competência permanece adquirida por simples inércia. Deve-se, no mínimo, ser conservada por seu exercício regular”. Para isso, é fundamental que se tenha em mente que a Formação Continuada é um exercício constante.

Dentre os encontros formativos realizados, vale ressaltar o curso de formação Arte e Multimídia/Poesia Digital, com Leandro De Maman. Leandro é poeta, designer, produtor teatral focado em multimídia com vários prêmios recebidos e teve como função, neste curso, apresentar o espaço cibernético para produção de literatura por meio eletrônico. À medida que ele demonstrava o suporte técnico para se trabalhar essa nova ferramenta de ensino, ele aplicava atividades para construção de blog e intertexto, sempre em sintonia com a poesia como objeto estético. Tal iniciativa deve-se ao fato de que o próximo projeto do grupo para as escolas conveniadas será sobre poesia em meio eletrônico. Pode-se dizer que foi um momento único para transformar nossas ideias em produto.

Para que pudéssemos criar poemas “com os olhos livres”, o palestrante aplicou uma técnica de respiração e relaxamento utilizada pelos atores antes de iniciarem um espetáculo. Foi somente a abertura da porta para entrarmos nesse novo gênero textual, mas suficiente para conscientizar a todos sobre as mudanças necessárias ao processo de ensino, aprendizagem e fruição da literatura por outro suporte.

Podemos afirmar que o tema Arte e multimídia/Poesia Digital foi de suma importância para o grupo, visto que fazemos uso de blog para divulgação dos nossos trabalhos: pibidletrasgt02.blogspot.com.br; e também porque queremos construir um blog nas escolas nas quais atuamos.

O curso sobre o processo de criação serviu para a multiplicação de conhecimento e boas experiências - é disso que vive e se alimenta um eterno aprendiz. Se em todas as profissões o aprendizado é contínuo, para nós, que escolhemos uma carreira de educadores, este aprendizado torna-se inerente.

Esses são pequenos momentos do imenso crescimento que este programa nos proporciona. É como se estivéssemos fazendo dois cursos superiores ao mesmo tempo - teoria e prática interagindo conosco, ora na classe do Curso, ora na classe de Formação, ora na classe da sala da Escola Pública.

Referências

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

PERRENOUD, Philippe. Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Os eventos científicos possibilitaram que eu aprendesse ainda mais, aprimorasse minhas relações com o grupo, observasse o processo ensino-aprendizagem pela

ótica de outras disciplinas e aprendesse a articular um olhar que se entrelaça com a língua portuguesa que é a minha área de estudo. Nos eventos, tive a oportunidade

de presenciar relatos de experiências, e palestras de docentes de diversas outras universidades. Atividades como essas e mais a prática diária do projeto em sala de aula, as reuniões de formação continuada fomentadas pela Coordenação de Área,

certamente estão promovendo um salto de qualidade em nossa formação como docente, que é o grande objetivo do projeto PIBID.

Bruno Lazzaroto Farias | Bolsista de Iniciação à Docência

Amanda Bonatti Bolsista de Iniciação à Docência

Cleide J. M. ParejaCoordenadora de área

INVESTIGAÇÃO DA AÇÃO PEDAGÓGICAPARA A FORMAÇÃO DO ALFABETIZADOR

Compreender os saberes construídos na ação pedagógica do professor alfabetizador é um dos principais objetivos da professora Rejane do Nascimento Batista, Supervisora da Escola Básica Pedro Paulo Rebello de Itajaí. Por isso, no início deste ano, as acadêmicas tiveram a oportunidade de vivenciar, junto com todos os profissionais da escola, momentos de formação tanto no âmbito macro, organizada pela Secretaria Municipal de Educação, como no espaço micro que é a escola. Atividades como reelaboração das Diretrizes Curriculares para Rede Municipal de Ensino, construção do Plano de Desenvolvimento da Escola – PDE, acolhida dos profissionais e reunião pedagógica, foram atividades importantes para que as acadêmicas observassem a organização do processo educativo antes da chegada das crianças.

Além dessa vivência, as acadêmicas juntamente com a Professora Rejane do Espaço de Vivência em Alfabetização, realizaram o diagnóstico para verificar nas turmas de 2° e 3° anos as principais dificuldades de aprendizagem. Para esse trabalho, auxiliaram na elaboração e na aplicação dos instrumentos de avalição das crianças e puderam identificar os problemas e planejar intervenções sistemáticas, que irão auxiliar as crianças em seus processos de aquisição da leitura e da escrita.

Segundo a professora Supervisora Rejane Batista, “o grupo estudou os níveis de escrita de Emília Ferreiro e verificou em que nível de escrita se encontrava cada criança avaliada. Desse estudo, formamos o grupo de crianças que fará parte do Espaço de Vivência em Alfabetização no ano de 2013”.

Para as acadêmicas, esse momento foi de intensa aprendizagem, pois como relata Sara, bolsista do Programa, “o que construímos servirá de fundamento para trabalharmos durante todo o projeto. Todas contribuíram participando ativamente dessa etapa do nosso trabalho coletivo”. Já, Naira sinaliza que “não foi uma tarefa muito fácil, pois eu não tinha noção da existência daqueles documentos e nem como fazer uma atividade avaliativa.” Tatiana revela, ainda: “Este trabalho nos oportunizou vivenciar os espaços de sala aula, conhecer os alunos, praticar saberes e informações, assim como experimentar esta relação professor aluno, que é única e gratificante para a realização de um bom trabalho”.

Paulo Freire (1991, p. 58) lembra-nos que: “Ninguém começa sendo professor numa certa terça- feira às quatro horas da tarde... ninguém nasce professor ou marcado para ser professor. A gente se forma como educador permanente na prática e na reflexão sobre a prática”. Assim, refletir, descobrir, aprender, acertar e, muitas vezes, errar têm sido ações constantes que contribuem para a construção dos saberes, sobre o que é ser um professor alfabetizador. Outra aprendizagem fundamental nesse processo foi entender que a ação pedagógica deve se voltar, principalmente, para a criança, pois ajudá-las em suas dificuldades é sem dúvida uma das principais tarefas do professor.

Referências

FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1991.

Sandra Cristina Vanzuita da Silva | Coordenadora de áreaRejane do Nascimento Batista | Professora Supervisora

45REVISTA PIBID UNIVALI44 REVISTA PIBID UNIVALI

Page 24: Docência na Educação Básica

O Subprojeto de Licenciatura em Geografia, denominado A Cidade no contexto da Geografia, foi planejado para trabalhar com os alunos do Ensino Médio da Escola de Educação Básica Presidente João Goulart, localizada em Balneário Camboriú, em atendimento ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Este subprojeto teve como pressuposto fundamental a compreensão de que nessa etapa da escolaridade a Geografia vai além de seu caráter instrumental, colocando-se como ciência com características próprias de investigação e de linguagem e com papel integrador importante junto às demais Ciências Sociais.

Nesse sentido, alunos, bolsistas e professoras supervisoras envolveram-se neste projeto desenvolvendo uma gama de atividades que possibilitou uma prática didática inovadora no colégio. Cotidiano e fundamentação teórica integraram-se em um olhar diferenciado, mostrando que é o próprio sujeito que estabelece, nas suas relações com o meio, a mudança da realidade, evidenciando que é por meio de ações coletivas que ocorrem uma melhoria na qualidade de vida no qual ele está inserido.

Como estratégias de ensino, foram realizadas diversas atividades e uma delas foi uma palestra com um arquiteto e urbanista sobre o processo de ocupação do espaço em Balneário Camboriú no decorrer do tempo, a lógica na verticalização do espaço e as consequências dessas ações humanas sobre o elemento natural. O tema abordado gerou muitas discussões e os alunos propuseram-se a coletar e trazer imagens antigas de Balneário Camboriú que evidenciaria aquela realidade abordada pelo palestrante. Por meio dessa atividade, pode-se trabalhar a ideia de que é necessário desenvolver a percepção do cotidiano no olhar da diversidade, cujo sujeito é partícipe do processo de construção de seu espaço de vivência, no sentido de evitar que decisões isoladas e de interesse individual prejudiquem toda a comunidade no presente e no futuro.

Essas fotografias formaram um banco de imagens antigas e recentes de Balneário Camboriú, que estão disponibilizadas em um blog produzido em função deste projeto (www.joaogoulart2012pibidcapes.blogspot.com.br).

Assim, os alunos perceberam que as ações de ocupação do espaço a qualquer preço visaram somente o lucro individual ou de grupos e trouxeram como conseqüência um custo social e ambiental incalculável e de difícil solução na atualidade. Para evidenciar essa realidade, professoras supervisoras, bolsistas e alunos estão desenvolvendo outra atividade pedagógica que faz a intermediação entre a realidade prática e a fundamentação teórica, que são as maquetes tridimensionais, como forma de mostrar a maneira agressiva e predatória da ocupação do espaço em Balneário Camboriú e os impactos negativos sobre o meio ambiente e nas comunidades economicamente mais carentes.

Na fala das professoras supervisoras e dos alguns alunos, percebemos que essa nova abordagem dos conteúdos de Geografia, evidenciando o cotidiano e fazendo a ligação com os fundamentos teóricos, estão produzindo uma melhoria na qualidade do ensino, pois as aulas estão mais dinâmicas, ‘produtivas’ e fazendo mais ‘sentido’.

A CIDADE NO CONTEXTO DA GEOGRAFIAAilton dos Santos Junior | Coordenador de área

Gracilda Raimundo e Rosita Terezinha Melo de Melo | Professoras SupervisorasParticiparam deste projeto os seguintes Bolsistas de Iniciação à Docência:

Adriana Vieira; Alexsandro José da Silva; Carlos Augusto Paulo; Ederson Leonel Möller; Edinéia Luzia Corrêa dos Santos; Edna Luiza Corrêa; Eliana Nadia Ramos; Jaime José

Monenari; Jônatas Demétrio; Rosemari GonçalvesBolsistas de Iniciação à Docência

ImpressIonIsta

Uma ocasião, meu pai pintou a casa toda de alaranjado brilhante. Por muito tempo moramos numa casa,como ele mesmo dizia, constantemente amanhecendo.

Partitura: Study in G Op. 37, No. 27 de Henry Lemoine.Poema de Adélia PradoDo livro: Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

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Page 25: Docência na Educação Básica

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