DO VINIL AO MP3

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ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, mercado e sociedade. 26 a 28 de maio de 2010 Campus do Bancanga São Luis-MA 1 DO VINIL AO MP3: Musicalidade via celular na modernidade 1 Anissa Ayala Rocha da Silva Cavalcante 2 Marina Fernanda Veiga dos Santos de Farias 3 Universidade Federal do Maranhão, São Luís/MA Resumo: Esse artigo busca avaliar como a música pode se adaptar mediante as novas tendências fonoaudiólogicas, ou seja, na comunicação oral como meio de formação e consolidação nas relações sociais da atualidade. Ressaltando a trajetória musical desde o vinil até o mp3, analisamos suas adaptações de veiculação e recepção, tornando acessível à preferência das massas. Diante dos novos suportes tecnológicos, vendo a necessidade de conciliar o lazer com a correria do dia-a-dia, o celular tem procurado se encaixar nessa modalidade, procurando, também, colaborar com outros meios de comunicação para disponibilização e acesso a músicas de uma forma fácil e rápida. A partir disso, pretendemos entender a evolução da música através do mp3 perpassando pelo vinil como importante suporte para o processo musical. Palavras-chave: Música. Convergência. Mídia. Comunicação. INTRODUÇÃO “A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição.” (Aristóteles) O vinil surgiu em meados da década de 50, numa época em que a música se tornava um privilégio de apreciação. Fazia parte da rotina das famílias que ao fim das tardes se reuniam em volta das vitrolas para relaxar ao som dos grandes cantores da época. Com o passar do tempo e a transformação na mentalidade musical das pessoas, a busca pela novidade tem se tornado constante, pois a música é algo fugaz que precisa se reconfigurar diante de 1 Trabalho apresentado ao GT (nº 04): Música e convergência tecnológica, do II Musicom Encontro de Pesquisadores em Comunicação e Música Popular, realizado no período de 26 a 28 de maio de 2010, no Campus da UFMA, em São Luis MA. 2 Aluna do 5º período do Curso de Comunicação Social - Jornalismo da UFMA http://lattes.cnpq.br/2788717181423010. Email: [email protected] 3 Aluna do período do Curso de Comunicação Social Rádio e TV da UFMA. http://lattes.cnpq.br/9994267253743990. Email: [email protected]

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Resumo: Esse artigo busca avaliar como a música pode se adaptar mediante as novastendências fonoaudiólogicas, ou seja, na comunicação oral como meio de formação econsolidação nas relações sociais da atualidade. Ressaltando a trajetória musical desde o vinilaté o mp3, analisamos suas adaptações de veiculação e recepção, tornando acessível àpreferência das massas. Diante dos novos suportes tecnológicos, vendo a necessidade deconciliar o lazer com a correria do dia-a-dia, o celular tem procurado se encaixar nessamodalidade, procurando, também, colaborar com outros meios de comunicação paradisponibilização e acesso a músicas de uma forma fácil e rápida. A partir disso, pretendemosentender a evolução da música através do mp3 perpassando pelo vinil como importantesuporte para o processo musical.

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    Abordagens interdisciplinares na pesquisa em msica popular: arte, mercado e sociedade. 26 a 28 de maio de 2010 Campus do Bancanga So Luis-MA

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    DO VINIL AO MP3:

    Musicalidade via celular na modernidade1

    Anissa Ayala Rocha da Silva Cavalcante

    2

    Marina Fernanda Veiga dos Santos de Farias3

    Universidade Federal do Maranho, So Lus/MA

    Resumo: Esse artigo busca avaliar como a msica pode se adaptar mediante as novas

    tendncias fonoaudilogicas, ou seja, na comunicao oral como meio de formao e

    consolidao nas relaes sociais da atualidade. Ressaltando a trajetria musical desde o vinil

    at o mp3, analisamos suas adaptaes de veiculao e recepo, tornando acessvel

    preferncia das massas. Diante dos novos suportes tecnolgicos, vendo a necessidade de

    conciliar o lazer com a correria do dia-a-dia, o celular tem procurado se encaixar nessa

    modalidade, procurando, tambm, colaborar com outros meios de comunicao para

    disponibilizao e acesso a msicas de uma forma fcil e rpida. A partir disso, pretendemos

    entender a evoluo da msica atravs do mp3 perpassando pelo vinil como importante

    suporte para o processo musical.

    Palavras-chave: Msica. Convergncia. Mdia. Comunicao.

    INTRODUO

    A msica celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condio.

    (Aristteles)

    O vinil surgiu em meados da dcada de 50, numa poca em que a msica se

    tornava um privilgio de apreciao. Fazia parte da rotina das famlias que ao fim das tardes

    se reuniam em volta das vitrolas para relaxar ao som dos grandes cantores da poca. Com o

    passar do tempo e a transformao na mentalidade musical das pessoas, a busca pela novidade

    tem se tornado constante, pois a msica algo fugaz que precisa se reconfigurar diante de

    1 Trabalho apresentado ao GT (n 04): Msica e convergncia tecnolgica, do II Musicom Encontro de

    Pesquisadores em Comunicao e Msica Popular, realizado no perodo de 26 a 28 de maio de 2010, no Campus

    da UFMA, em So Luis MA. 2 Aluna do 5 perodo do Curso de Comunicao Social - Jornalismo da UFMA

    http://lattes.cnpq.br/2788717181423010. Email: [email protected] 3Aluna do 5 perodo do Curso de Comunicao Social Rdio e TV da UFMA.

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    cada perodo e de cada poca. Os artistas tm observados essa necessidade de adaptao e tem

    proporcionado seus estilos atravs de pacotes disponveis via celular, ou seja,

    comercializando e divulgando seus contedos.

    Com isso, a msica tem sofrido uma convergncia tecnolgica no mbito do

    ciberespao em que a prtica do download permite a acessibilidade musical e a facilidade de

    transferncia de arquivos para inmeros suportes como o MP3 player ou o celular, em que o

    indivduo pode ouvir a msica da sua preferncia em um simples play em qualquer lugar e

    em qualquer hora.

    A msica tem a capacidade de aproximar pessoas de diversas tribos que

    possuem gostos afins e compartilham experincias na sua integrao, como explica Olga

    Pombo.

    Mas a palavra falada tambm uma palavra escutada e, enquanto tal, a cultura

    oral/acstica supe um outro tipo de proximidade, a proximidade dos homens entre

    si, isto , a constituio de fortes relaes grupais. Mas, por isso mesmo, os ouvintes

    tendem a manter-se prximos, ligados entre si por nexos familiares e de estreita

    convivencialidade, relaes tribais ou laos de cidadania e pela necessidade de

    manter viva uma memria colectiva. (OLGA POMBO, 1960, pg. 4)

    Ou seja, do ponto de vista da mistificao cultural, a msica no s ouvida, mas

    internalizada de acordo com seu estado de esprito. Consequentemente, vendo a importncia

    de manter essa internalizao entre a msica e o seu ouvinte, surge o celular que, dentre

    muitas de suas funes, proporciona a portabilidade musical atravs do MP3 para acesso

    individual ou coletivo.

    UMA NOVA COMUNICAO

    A msica se manifesta desde a pr-histria em que o homem tomava

    conhecimento de um novo meio de comunicao com diferentes povos e permitia uma

    interao entre as diversas culturas e identidades. Com a modernizao da sociedade e as

    influncias sociais e culturais, a msica tem tomado rumos diferentes em sua recepo se

    adaptando s novas ferramentas. Carrega consigo mdias sonoras musicalizadas que tem como

    pressuposto buscar a aceitao do grande pblico e se solidificar no meio em que compe.

    A partir disso, o Vinil, a Fita cassete, o CD e atualmente o MP3, tornaram-se

    extenses da msica, ou seja, atravs deles a msica chega aos nossos ouvidos e nos prope

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    uma nova interao com o mundo e suas relaes mercadolgicas provenientes do seu

    consumo.

    Walter Benjamin enfatiza em sua obra, Reprodutibilidade Tcnica, que a msica,

    devido reproduo, perde a sua aura, ou seja, o seu valor artstico. Decio Pignatari ressalta

    essa questo quando diz que, A reverso do consumo da obra de arte no mais o espectador

    que vai ao objeto, mas o objeto que vai ao apreciador. (PIGNATARI, 1976, pg. 82)

    Com esse pensamento analisa-se que a msica se manifesta de acordo com o

    contexto social a que se est inserida e que a mesma depende da condio de aceitao do

    homem. Maurcio Monteiro associa essa ideia de adaptao da poca civilidade,

    Seguir os modelos de comportamento significava inserir-se e fazer parte de um

    determinado grupo que se diferenciava dos outros pela postura, pelo gosto e pelo

    costume. Esses manuais no s determinaram os modos de comportamento e as

    regras de bem viver, como tambm serviram para distanciar ainda mais uma classe

    da outra. (MAURCIO, 2008, pg. 67)

    Esse distanciamento que Maurcio fala, mostra na verdade, como a msica se

    diversifica para todas as classes sociais. Forr, ax, pop, clssico, instrumental, rock, reggae

    entre outros, so gneros que convivem no seu espao, alm de serem exemplos de como a

    msica se compreende diante de um novo mundo com pblicos diversificados e vises

    diferentes. Na medida em que o indivduo se permite compartilhar das prticas moldadas pelo

    meio, classifica-se o gosto como um fenmeno social. Logo, gosto se discute.

    NEM IDEAIS ABSOLUTOS, NEM PRECONCEITOS INFLEXVEIS4.

    No ciberespao a msica visa a coletividade, em que a disponibilizao de

    contedo musical facilmente encontrada em programas especficos e sites, buscando a

    convergncia da msica com seus usurios.

    O mercado on line no conhece as distncias geogrficas. Todos os seus pontos

    esto em princpio igualmente prximos uns dos outros para o comprador

    4 Frase de Gilberto Freyre, utilizada por Maurcio Monteiro na obra: A Construo do Gosto. Msica e

    Sociedade na corte do Rio de Janeiro 1808-1821. (2008, pg. 15)

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    potencial (telecompra). Em suma, o cibermercado mais transparente que o

    mercado clssico. (LVY. 1996, pg. 62)

    Portanto, o ciberespao possibilita a convergncia de tribos que buscam

    afinidades e contedos para manuteno dos seus gostos e aproxima a msica de seus

    usurios. A partir disso, o celular faz com que a pessoa disponibilize do pleno domnio

    daquela mdia, pois, a transferncia desse arquivo faz com que o indivduo detenha controle

    do que ouve podendo selecionar as msicas de sua preferncia em playlists. Alimentando

    assim, um mercado como o das grandes companhias de celular que, direta ou indiretamente,

    promovem a parceria entre os artistas e a telefonia celular, que vem na msica um

    interessante meio de obteno de lucro por ambas as partes.

    Como exemplo, temos o caso apresentado em 2008, no qual a Nokia lanou um

    pacote de msicas gratuitas, Comes with Music,5 que teve como objetivo dificultar a

    comercializao ilegal da msica. Porm esse pacote acabou causando uma possvel ameaa

    no s superioridade da Apple no campo da mdia digital, mas tambm de todas as outras

    operadoras. Esse fato reflete um mercado crescente e competitivo vigente na indstria atual.

    A msica, obedecendo ao impulso de sua prpria coerncia objetiva, tem

    dissolvido criticamente a ideia da obra redonda e compacta e cortado a conexo do efeito

    coletivo. (ADORNO, 2007, pg. 33). Um exemplo do que Adorno refere, so os fones de

    ouvido, responsveis pela individualizao musical em que, a msica foca-se apenas ao

    auditivo pessoal, podendo o mesmo compartilhar com outras pessoas que venham a se

    interessar ou no do mesmo estilo. Para Mcluhan o canal de audio intrinsecamente mais

    rico, ou como ele expressa, mais quente do que, digamos, o da viso (MCLUHAN, 1971,

    pg. 11), ou seja, a msica como mdia sonora desperta em seus adeptos o imaginrio pela

    riqueza de suas letras, diferentemente da viso, em que tudo se encontra de forma muito

    especfico.

    MSICA SEM FRONTEIRAS: uma nova maneira de socializao

    A msica como fonte inspiradora de grandes artistas trabalha com a recepo e se

    torna a pea chave para a aceitao do pblico.

    5 Termo citado no site Terra, referindo-se ao novo pacote da Nokia para divulgao da msica e sua

    consolidao no mercado.

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    A msica como expresso artstica da razo e da sensibilidade das

    pessoas, a partir da qual se cria a cultura musical. A msica cumpre

    ao mesmo tempo as funes de linguagem e de signo, que expressa e

    simboliza acontecimentos particulares de cada sociedade. (CLVIS

    LIMA E ROSE SANTINI, 2009, pg. 2)

    Desta forma, as letras das msicas, de acordo com a poca, so o primeiro atrativo

    que, ao serem ouvidas tanto pelo vinil como pelo celular, aguam os sentidos

    automaticamente apreendendo pblicos especficos que buscam nas mesmas, identificao e

    memrias associadas vida pessoal. Simone S6, no artigo, Mediaes musicais atravs dos

    telefones celulares, argumenta com Meyrowitz (2004) sobre a cultura dos nmades globais,

    ou seja, estaramos entrando em uma era de perda da cultura das letras e, conseqentemente,

    retornando era das cavernas. Esse regresso mostraria como os indivduos tm sofrido a

    recepo musical, Ler e escrever no so to naturais quanto ouvir e falar, e no so to

    facilmente aprendidos. (MEYROWITZ, 2004, p.24)

    O vinil vem delimitar a msica como referencial, em que pessoas guardavam-os

    como verdadeiras obras de arte vendo no seu delicado design um meio de diverso, e, nas

    suas melodias, relaxamento. Com gravao analgica, os riscos de conservao do vinil eram

    inevitveis. Com ajuda de uma agulha para reproduo do vinil, esse processo acabava

    danificando-os e tornando-se pouco atraente com o uso contnuo. Com o passar do tempo e o

    desenvolvimento das cidades esse perodo de ouvir msica em casa, tornou-se remoto. Era

    necessrio ter praticidade e melhor qualidade para que a msica acompanhasse o novo ritmo

    de vida das pessoas A partir dessas transformaes o homem aprimorou o disco de vinil para

    um formato mais compacto e com maior armazenamento, surgindo o CD. Esse era apenas o

    ponto de partida para digitalizao musical levando produtores a investir cada vez mais no

    ramo musical.

    MP3: Uma extenso musical da modernidade

    Para ter acesso ao CD, as pessoas tinham que pagar um preo, na maioria das

    vezes, alto. Porm, com a disponibilizao das msicas na internet pelo download, ficou mais

    fcil ter uma ou mais faixas de um ou mais CDs. Com isso, inicia-se uma nova era musical

    6 Simone Pereira de S Doutora em Comunicao e antroploga. professora do Programa de Ps-Graduao

    em Comunicao da Universidade Federal Fluminense, onde coordena o C.U.L.T Laboratrio de Cultura Urbana, Lazer e Tecnologias, desenvolvendo no momento pesquisa (apoiada pelo CNPq) sobre tecnologias

    digitais e msica eletrnica. autora de Baiana Internacional As mediaes culturais de Carmen Miranda (MIS 2002); co-organizadora da coletnea Prazeres Digitais: computadores, entretenimento e sociabilidade (e-papers; 2004); tendo publicado diversos artigos sobre tecnologias da comunicao, msica e sociabilidade.

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    em que a Internet contribui para a rpida evoluo. Novas interaes so consolidadas e a

    procura pelo ineditismo se torna a maior das angstias para aqueles que produzem e

    pretendem fabricar msicas para comercializao. Assim, as msicas so disponibilizadas

    em sites especializados almejando a aceitao do grande pblico. Os meios de

    armazenamento se desenvolvem despertando o interesse e facilitando a massificao musical.

    Clvis Lima fala sobre as transformaes tecnolgicas que afetam a msica e

    como o MP3 influencia neste sentido. As mudanas tecnolgicas afetam os modos de

    registro e de difuso da msica. e as formaes subjetivas em torno do mp3 so extremamente

    ricas e claramente transitrias (CLVIS LIMA E ROSE SANTINI, 2009, pg. 2 e 3)

    Com a Internet, o MP3 causou grande revoluo no mundo do entretenimento,

    marcando uma nova transio da msica em que a digitalizao permite melhor sonoridade e

    compresso de arquivos podendo ser armazenado at 1000 msicas. O MP3 uma ferramenta

    til para armazenar as msicas que as pessoas venham a acessar e baixar atravs da internet.

    Esse processo rpido e fcil de acesso ao material disponvel na rede acaba por fortalecer o

    novo mercado da msica.

    Henry Jenkings7, na obra Cultura da Convergncia, traz tona trs conceitos

    pertinentes que so a convergncia dos meios de comunicao, cultura participativa e

    inteligncia coletiva, nos norteando na real interao destes meios para publicizao musical,

    A convergncia no ocorre por meio de aparelhos, por mais sofisticados que venham a ser. A

    convergncia ocorre dentro dos crebros de consumidores individuais e em suas interaes

    sociais com outros (HENRY JENKINGS, 2008, p.27-28).

    O que demonstra que alm da participao massiva de suportes miditicos, o

    homem precisa tambm se deixar levar por esta cultura, em que o ouvido humano se torna um

    importante instrumento no campo da cibercultura.

    Msica e Cibercultura: influncias na musicalidade contempornea

    7 Henry Jenkins III (nascido em 4 de junho de 1958 em Atlanta, Gergia) um americano estudioso da mdia e

    atualmente reitor Professor de Comunicao, Jornalismo e Artes Cinematogrficas, uma cadeira comum na USC

    Annenberg School for Communication e a Escola de Artes Cinematogrficas da USC . [1]

    Anteriormente, ele era

    o Peter de Florez Professor de Humanidades e co-diretor do MIT Media Comparative Studies programa com

    William Uricchio . Ele tambm autor de vrios livros, incluindo a convergncia: Cultura onde os antigos e

    New Media Collide, Poachers Textual: fs de televiso e Participativo da Cultura e que fez Pistachio Nuts?:

    Early Sound Comdia e da Esttica Vaudeville

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    Mesmo com a msica tendo sofrido evolues em sua aura, como explicitou

    Benjamin, o que se observa hoje, a reutilizao de meios que na dcada de 50 estavam no

    auge da popularidade e, que, atualmente servem como ferramentas para elaborao de um

    novo som que vem a proporcionar uma mesclagem do antigo com o moderno.

    A cibercultura tambm est relacionada a esses processos de digitalizao musical

    em que a virtualizao da msica vem ganhando adeptos que procuram acessibilidade e ser

    inserido na cultura do digital. Clvis e Rose Santini (2009) argumentam com Lvy (1999)

    que, A cibercultura - isto , a sinergia entre a esfera tecnolgica das redes de comunicao

    e a sociocultural - imprimiu um redimensionamento ao mundo da msica advindas das

    tcnicas de compresso em arquivos de udio (LVY, 1999).

    A palavra virtual significa fora, ou seja, a virtualizao conota um importante

    meio de interaes vigentes no ciberespao. Como o prprio Lvy cita metaforicamente que

    a rvore est virtualmente presente na semente, em que o virtual e o atual caminham juntos

    para desenvolvimento da cibercultura.

    Uma grande parcela desse desenvolvimento depende exclusivamente dos seres

    sociais que, inseridos no meio, se vem em uma nova realidade, onde comunidades so

    formadas e construdas identidades imaginrias, que o homem detm do poder de formar

    sua prpria imagem ditada pela sociedade para aceitao nessa rede.

    Quando uma pessoa, uma coletividade, um ato, uma informao se virtualizam, eles

    se tornam no presentes se desterritorializam. Uma espcie de desengate e separa

    do espao fsico ou geogrfico ordinrio e da temporalidade do relgio e do

    calendrio. verdade que no so totalmente independentes do espao tempo de

    referncia, uma vez que deve sempre se inserir em suporte fsico e se atualizar aqui

    ou alhures, agora ou mais tarde. (LVY, 1996, pg. 21)

    Os cibernautas no tm necessidade de dinheiro porque sua comunidade j

    dispe de um objeto constitutivo, virtual, desterritorializado, produtor de vnculo e cognitivo

    por sua prpria natureza. (LVY, 1996, pg. 129). Portanto, percebemos que com a

    compresso e armazenamento desses arquivos permiti-se abrir um leque de possibilidades

    comunicacionais em que a msica est inserida atravs de suas redes e influncias identitrias

    provenientes da cultura do consumidor.

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    CONSIDERAES FINAIS

    A passagem da msica, inicialmente, pela pr-histria como um novo meio de

    comunicao; sua capacidade de evoluo de acordo com o contexto histrico qual est

    inserida; extenses perpassando pelo Vinil, Fita cassete, CD e MP3; modernizao tanto em

    seus gneros como em sua reproduo e recepo; os meios tecnolgicos facilitando na

    distribuio da msica; a individualizao musical em decorrncia desses aparelhos e o

    constante processo de evoluo da msica, das ferramentas e da mentalidade humana, foram

    as peas-chave para desenvolvimento desse estudo.

    Realizar um regresso ao passado e ver como a msica est inserida nas nossas

    vidas descobrir a nossa prpria identidade. Como deixamos claro, a msica no se

    transforma, se evolui. E essa evoluo nos permite descobrir como a msica se manifestou em

    cada poca, como meio de comunicao entre os povos, como referncia de nobreza, como

    causa de movimentos pacifistas, como crtica social e poltica e como identidade cultural.

    Portanto, a msica se torna uma expresso do esprito do indivduo que durante as

    transformaes socioculturais ganhou uma conotao mercadolgica. E nessa transposio

    da msica para comercializao, e que a mesma perde sua aura, se tornando um produto de

    consumo das massas.

    REFERNCIAS

    JENKINS, Henry. Cultura da Convergncia. 1 edio. So Paulo. Editora Aleph. 2008.

    TRAVASSOS, Elizabeth. Modernismo e Msica brasileira. 2 edio. Rio de Janeiro. Jorge

    Zahar. 2000.

    MILLER, Jonathan. As idias de Mcluhan. So Paulo. Cultrix. Edio da Universidade de

    So Paulo, 1973.

    LVY, Pierre. O que virtual? 1 ed. 1996 e 1 reimpresso 1997. So Paulo. Editora 34.

    1996.

    ADORNO, Theodor W. Filosofia da nova msica. 3 edio 2 reimpresso. Editora perspectiva. So Paulo. 2007.

    PIGNATARI, Decio. Informao. Linguagem. Comunicao. 7 edio. Editora

    perspectiva. So Paulo, 1976.

    MONTEIRO, Maurcio. A construo do gosto: msica e sociedade na corte do Rio de

    Janeiro 1808-1821. Editora Ateli editorial. So Paulo, 2008.

    LIMA, Reinaldo. Um pouco da histria do vinil.

    http://reinaldol.wordpress.com/2007/06/12/um-pouco-da-historia-do-vinil/ com acesso em

    11/05/2010.

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    POMBO, Olga. O meio a mensagem.

    http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/cadernos/mcluhan/estudo_mcl_olga.pdf com

    acesso em 11/05/2010

    LIMA, Clvis; SANTINI ROSIE. Produo de msica com as novas tecnologias de informao

    e comunicao http://www.gepicc.ufba.br/enlepicc/pdf/RoseMarieSantini.pdf, Com

    acesso:11/05/2010.

    LIMA, Clvis; SANTINI ROSIE Msica e cibercultura

    http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index. php/famecos/article/viewFile/5964/5269, Com

    acesso:12/05/2010

    TERRA, Site. http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI3227411-EI15606,00-

    Nokia+enfrenta+Apple+com+celular+e+pacote+de+musica.html, com acesso em 13/05/2010.