Do verso à prosa - Releitura - Terezinha de Jesus

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Língua Portuguesa - Instituto Estadual de Educação Wilson Camargo Vilhena/RO/BR RELEITURAS DO VERSO À PROSA Professor Ronildo do Nascimento TERESINHA DE JESUS (Cantiga Popular) Teresinha de Jesus de uma queda foi ao chão. Acudiram três cavalheiros, todos três chapéu na mão. O primeiro foi seu pai, o segundo, seu irmão, o terceiro foi aquele a quem Teresa deu a mão. ------------------------------------------------ TEREZINHA MALANDRINHA DE JESUS Odlinor Otnemicsan Conheci uma menina muito bonita e educada de nome Terezinha que morava em minha rua, bem próximo de minha casa; como era muito religiosa recebeu o apelido de Terezinha de Jesus. Mas sua religiosidade não queria dizer que fosse uma garota tristonha, ou que vivesse reclusa em casa ou só ajoelhada na igreja; pelo contrário, brincava em casa, na escola e na rua com seus irmãos e as outras crianças e por isso era muito querida por todos. Passados alguns anos, agora já uma mocinha, Terezinha voltava de uma quermesse junto com os amigos e toda a família; trajava um lindo vestido azul com babados de renda branca e pequeninos e inúmeros desenhos de flores do campo tipo margaridas amarelas; usava na cabeça um chapéu rosa de crochê envolto com uma larga fita azul de cetim; seu sapatinho branco de plástico transparente contrastava com suas meias cor de rosa três quartos; parecia uma princesinha, ou noivinha se preferirem. A mãe, D. Gertrudes, recomendara antes de sair de casa: - Terezinha, não vá se sujar; não fica bem uma mocinha na sua idade ficar pulando feito moleque por aí; desse jeito não vai arranjar namorado nunca. Mas Terezinha respondeu, zombeteira: - Fique tranquila, mamãe, tomarei cuidado; mas saiba que não quero arrumar namorado! Mas algo inesperado aconteceu; descuidada, pulando em uma perna e depois com a outra saltitava pela rua calçada com paralelepípedos dispostos de forma irregular ao longo da via íngreme que mais parecia uma ladeira, quando de repente desequilibrou-se numa das fendas entre as pedras e foi ao chão. Antes

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RELEITURAS – DO VERSO À PROSA

Professor Ronildo do Nascimento

TERESINHA DE JESUS – (Cantiga Popular)

Teresinha de Jesus

de uma queda foi ao chão.

Acudiram três cavalheiros,

todos três chapéu na mão.

O primeiro foi seu pai,

o segundo, seu irmão,

o terceiro foi aquele

a quem Teresa deu a mão.

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TEREZINHA MALANDRINHA DE JESUS – Odlinor Otnemicsan

Conheci uma menina muito bonita e educada de nome Terezinha que

morava em minha rua, bem próximo de minha casa; como era muito religiosa

recebeu o apelido de Terezinha de Jesus. Mas sua religiosidade não queria dizer

que fosse uma garota tristonha, ou que vivesse reclusa em casa ou só ajoelhada na

igreja; pelo contrário, brincava em casa, na escola e na rua com seus irmãos e as

outras crianças e por isso era muito querida por todos.

Passados alguns anos, agora já uma mocinha, Terezinha voltava de uma

quermesse junto com os amigos e toda a família; trajava um lindo vestido azul

com babados de renda branca e pequeninos e inúmeros desenhos de flores do

campo tipo margaridas amarelas; usava na cabeça um chapéu rosa de crochê

envolto com uma larga fita azul de cetim; seu sapatinho branco de plástico

transparente contrastava com suas meias cor de rosa três quartos; parecia uma

princesinha, ou noivinha se preferirem.

A mãe, D. Gertrudes, recomendara antes de sair de casa:

- Terezinha, não vá se sujar; não fica bem uma mocinha na sua idade ficar

pulando feito moleque por aí; desse jeito não vai arranjar namorado nunca.

Mas Terezinha respondeu, zombeteira:

- Fique tranquila, mamãe, tomarei cuidado; mas saiba que não quero

arrumar namorado!

Mas algo inesperado aconteceu; descuidada, pulando em uma perna e

depois com a outra saltitava pela rua calçada com paralelepípedos dispostos de

forma irregular ao longo da via íngreme que mais parecia uma ladeira, quando de

repente desequilibrou-se numa das fendas entre as pedras e foi ao chão. Antes

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mesmo que pudesse derramar uma lágrima ou um grito de dor, três gentis

cavalheiros que seguiam pouco atrás dela, acudiram imediatamente estendendo

quase ao mesmo tempo seus chapéus em uma das mãos num gesto de cortesia e

com a outra indicavam sinal de socorro para que se levantasse.

O primeiro que viu à sua frente ao levantar os olhos foi seu pai, Sr. Antenor,

que lhe disse:

- Filha, você se machucou?

Ao que ela respondeu:

- Não, paizinho, estou muito bem!

O segundo cavalheiro que estendeu sua mão foi seu irmão, Abelardo, que

preocupado perguntou:

- Terezinha, quer que eu te ajude a se levantar?

Mas ela, agradecida, redarguiu:

- Muito obrigada, mas estou bem, de verdade!

No entanto, um terceiro cavalheiro apareceu diante dela e num gesto mais

puro, singelo e bem-intencionado ofereceu-lhe a mão para se levantar dizendo:

- Permita-me ajudar a senhorita levantar-se do chão?

Terezinha irradiou-se de ternura. Aquele cavalheiro parecia bem mais gentil

que seu pai e seu irmão; parecia um príncipe saído dos contos de fada; seu sorriso

e sua voz despertaram algo em si que nunca havia sentido; então, ainda

entorpecida por aquela visão como de um querubim, gaguejou com os lábios

trêmulos:

- Claro que aceito tua ajuda e fico muito agradecida.

Não será preciso dizer que o pai e o irmão não gostaram nada daquela cena;

mas tiveram que se conformar, pois em menos de seis meses se realizava o mais

animado casamento da Vila das Ladeiras entre Terezinha de Jesus e Arlindo dos

Passos que de uma queda ao chão a levou ao altar.

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Atividade elaborada como parâmetro para os alunos criarem suas releituras

a partir de textos em verso das Cantigas populares transformando-os em textos

em prosa utilizando os elementos da narrativa presentes com acréscimo de outros

para que se tornem pequenos contos ou crônicas interessantes para o leitor, mas

que ao mesmo tempo este perceba o texto base presente entremeio aos parágrafos.

Após este exercício propõe-se a reescrita de textos em verso das letras de

músicas, principalmente as modas de viola, mas não excluindo outros gêneros

musicais, transformando-as em textos em prosa, mas, neste caso, evitando-se

acrescentar elementos narrativos estranhos ao texto original a fim de não o

desfigurar; observe-se que a atividade com música pode ser posterior às cantigas,

ou não;