DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas...

112
SOB O SIGNO DO ESTRUTURALISMO LINGUAGEM, CULTURA E IDEOLOGIA Livro III e-book.br EDITORA UNIVERSITÁRIA DO LIVRO DIGITAL Cid Seixas https://issuu.com/ebook.br/docs/linguagem3

Transcript of DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas...

Page 1: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

SOB O SIGNODO

ESTRUTURALISMO

LINGUAGEM, CULTURAE IDEOLOGIA

Livro III

e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA

DO L IVRO DIGITAL

Cid Seixasht

tps:

//iss

uu.c

om/e

book

.br/

docs

/ling

uage

m3

Page 2: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

A pesquisa de Cid Seixas,empreendida no final dos anos70 sobre a linguagem, numaperspectiva da cultura e da ide-ologia, contrariando os estu-dos imanentes do estruturalis-mo, antecipou importantesquestões hoje em debate.

Entre as manifestações favo-ráveis ao seu trabalho pioneiro,está a do filólogo Antonio Hou-aiss, como integrante da bancaque avaliaou o seu primeiro tra-balho acadêmico de porte.

“Quero desde o início dei-xar patente minha admiraçãopor várias altas qualidades ma-nifestas, dentre as quais real-ço a sequência nas idéias, a ma-dureza do pensamento, o es-pectro rico da informação eerudição, o inteligente apro-veitamento das fontes e bibli-ografia, e a elegância da expo-sição.

Nutro a esperança de queCid Seixas não abandone a di-reção de estudos que tomou ea prossiga, aprofundando pon-tos que parecem merecer in-dagação mais acurada de suaparte. Afloro, a seguir, algunscom o só fim de espicaçá-lo,mas sem intuitos polêmicosou, muito menos, professoraisou magistrais: será, antes, umdiálogo entre pares de angús-tias e buscas (malgrado – ah! adiferença de nossas idades).”

Antonio Houaiss

Page 3: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

SOB O SIGNODO ESTRUTURALISMO

Page 4: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

Tipologia: OriginalGaramond, corpo 12.Formato: 12 x 19.

Número de páginas: 112.

Endereços deste e-book:https://issuu.com/ebook.br/docs/linguagem3https://issuu.com/cidseixas/docs/linguagem3

http://www.e-book.uefs.brhttp://www.linguagens.ufba.br

Page 5: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

Cid Seixas

LINGUAGEM, CULTURA E IDEOLOGIA

Livro III

e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA

DO L IVRO DIGITAL

SOB O SIGNODO ESTRUTURALISMO

Page 6: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

EDITORA UNIVERSITÁRIA DO LIVRO DIGITALLinguagem, Cultura e Ideologia, Livro III

CONSELHO EDITORIAL:Adriano Eysen

Cid SeixasItana Nogueira NunesFlávia Aninger Rocha

Francisco Ferreira de LimaMoanna Brito S. Fraga

2016

[email protected]

LINGUAGEM, CULTURA E IDEOLOGIA

1 | A natureza ideológica da linguagem2 | A linguagem, origem do conhecimento

3 | Sob o signo do estruturalismo4 |O contrato social da linguagem

5 |A linguagem: do idealismo ao marxismo

Page 7: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

7e-book.br

SUMÁRIO

Capítulo IA TRADIÇÃO SAUSSURIANAE SUAS CONSEQÜÊNCIAS ................................ 9As contradições do Curso ..................................... 16O outro lado da medalha ....................................... 26

Capítulo IIHJELMSLEV: GLOSSEMÁTICA,HUMANISMO E CIÊNCIA ............................... 35A sombra do fantasma ........................................... 43Entre o ideal e o real .............................................. 54

Capítulo IIICHOMSKY: A ESTRUTURAPROFUNDA E UNIVERSAL ............................. 61A linguística cartesiana .......................................... 69A gramática filosófica ............................................. 74REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA ..................................... 87O que é a e-book.br ............................................. 110

Page 8: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

A perspectiva de Saussure, ao re-conhecer apenas a imanência da for-ma, contraria a crença de autores queopõem o conceito de estrutura ao deforma. Para Lévi-Strauss, enquanto aúltima se refere apenas a uma face doobjeto, a estrutura abrange o objetocomo um todo em que as partes se ar-ticulam. Nesta visão estaria a chavepara compreender a influência do es-truturalismo nas ciências da cultura.

Page 9: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

9e-book.br

CAPÍTULO I

A TRADIÇÃO SAUSSURIANAE SUAS CONSEQUÊNCIAS

O idealismo de Ferdinand de Saussure estátraduzido pelos organizadores do Curso delinguística geral, já nas primeiras páginas do li-vro, quando a perspectiva do mestre genebrinose manifesta na afirmativa: “Bem longe de di-zer que o objeto precede o ponto de vista, di-ríamos que é o ponto de vista que cria o obje-to”. (Saussure, 1916, p. 15)

Para o fundador da linguística estrutural,esta ciência não tem um objeto concreto, aocontrário de outras ciências que trabalham comobjetos previamente existentes e sujeitos, por-tanto, a posteriori, a serem considerados sobvários pontos de vista. Parece-nos que Saussurerefere-se ao corpus, que é constituído pelo pon-to de vista do cientista, através de um corte do

Page 10: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia10

c i d s e i x as

objeto, ao passo que o objeto independe da suaperspectiva. A discussão, aliás, nos remete aosconceitos de objeto formal e objeto ontológico,se quisermos entrar na discussão travada en-tre as concepções idealista e realista a respeitoda existência objetiva.

Por outro lado, a sentença segundo a qual“a língua é uma forma e não uma substância”(Idem, p. 141) deixa claro que, para ele, talobjeto se reduz ao sistema virtual. Devido aesse procedimento idealista, Coseriu recusa aclássica oposição langue/parole. Enquanto atradição saussuriana tende a excluir a fala e seusfatos do que chama de âmbito imanente dalinguística, Coseriu trata a língua como umfenômeno histórico, partindo do ato concre-to do falante. Para ele, a língua compreende osistema, a norma e a fala, uma vez que a suaredução ao sistema puro, potencial, não abran-ge a realidade linguística tal como ela se apre-senta e existe, deixando de explicar fatos quetransformam e, por conseguinte, criam a lín-gua. Como bem percebeu o autor de Sistema,norma y habla, “la lengua es continuidad, mien-tras que el sistema y la norma son estaticidad:se trata de conceptos que se referen al SER e noal DEVENIR.” Por isso, partindo do ato concre-

Page 11: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 11

sob o signo do estruturalismo

to de falar, diz que “nuestro concepto de lenguade ninguna manera coincide con el anunciadopor Ferdinand de Saussure y sus continuadores”.(Coseriu, 1973, p. 103 e p. 15, respectivamente)

De certo modo, a visão de Saussure, ao re-conhecer apenas a forma, contraria a crençade alguns autores que afirmam que o estrutu-ralismo opõe o conceito de estrutura ao de for-ma. Para Lévi-Strauss, enquanto esta última serefere apenas a uma face do objeto, a primeiravê o objeto como um todo em que as partes searticulam. Na verdade, a crítica que o marxis-mo e outras correntes do pensamento realistadirigem ao estruturalismo se deve ao fato des-te movimento não levar em conta os objetostratados em sua totalidade (muito embora in-sista na necessidade de se adotar uma visão sis-temática nas ciências da natureza). Mas o es-truturalismo, escudando-se nessa posição, en-veredou por outros caminhos que comprome-tem a validade do método: por um lado, de-fende uma atitude científica e, por outro, seperde em abstrações para justificar os “cortesepistemológicos” ou, mais precisamente, asconstruções subjetivas do objeto. Daí a acusa-ção ao movimento (ou ao método) de levar àsúltimas consequências duas formas opostas de

Page 12: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia12

c i d s e i x as

radicalismo: o idealismo e o mecanicismo deinspiração positivista.

Enquanto Saussure estava interessado emsistemas virtuais – como os tipos hoje repre-sentados pela noção chomskyana de competên-cia, bem mais importante para a teoriagerativista do que a de desempenho, como in-dica a figura do falante ideal, base das hipóte-ses­ da linguística cartesiana –, Coseriu seprende a conceitos fundados no ser, e não nodever ser. Institui sistema e norma como con-ceitos estruturais e sincrônicos, ao tempo emque considera a oposição dicotômica sincronia/diacronia como sendo meramente operacional,pois, num estado de língua qualquer, podemosverificar a presença constante das mudanças –o que torna evidente a constatação: todasincronia contém uma diacronia, e vice-versa.

Em Sincronia, diacronia e historia: el pro-blema del cambio linguístico, Coseriu discuteo assunto, retomando a sua oposição à pers-pectiva de Saussure. Ver especialmente os tí-tulos “La aparente aporía del cambio linguís-tico. Lengua abstracta e proyección sincrónica”e “Lengua abstracta e lengua concreta. Lalengua como ‘saber hablar’ históricamente de-

Page 13: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 13

sob o signo do estruturalismo

terminado. Los tres problemas del cambiolinguístico”, às páginas 7 a 38 do livro.

A perspectiva do estudioso ou do observa-dor é que pode ser sincrônica ou diacrônica,sem que isso modifique o objeto real. Daí asconstantes advertências de vários linguistas (ede filósofos, como Adam Schaff, por exem-plo) de que se tem confundido frequentementeo objeto com o plano da investigação. Mascomo para Saussure a língua decorre do pontode vista, a oposição dicotômica parece coerenteà sua teoria. Reduzindo a língua ao sistema,como o faz, e, arbitrariamente, limitando oobjeto por ele criado, forçosamente atribuigrande importância ao estudo sincrônico. De-corre daí o fato de Saussure opor-se à tradiçãoanterior, criando o estruturalismo linguístico(sobre um possível equívoco epistêmico, con-forme se discutirá mais adiante).

Vendo a língua como forma, Saussure ex-clui o processo do seu objeto, que abrange ape-nas o sistema; daí, Hjelmslev acreditar na pos-sibilidade da existência de um sistema aprio-rístico, independentemente de um processoatualizador e corporificador. Como se podever, estamos mais uma vez diante do problemafundamental da divergência entre o idealismo

Page 14: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia14

c i d s e i x as

platônico e o realismo aristotélico: de um lado,a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, comoresultado da divisão operacional do objeto, queresulta da solidariedade entre uma forma e umasubstância. Tanto Saussure quanto Hjelmslev,em diversos momentos, percebem a impossi-bilidade da fragmentação dicotômica. No Cur-so, aparece o exemplo da folha de papel cujasfaces não têm existência autônoma; e nosProlegômenos a uma teoria da linguagem o con-ceito de função semiótica repousa na interde-pendência dos planos. Mesmo assim, o criadordo estruturalismo linguístico afirma que a lín-gua é uma álgebra (ver a página 141 do Curso),o que entusiasmou Hjelmslev a ponto de o te-órico da glossemática esquecer que tal cons-trução do objeto, por negligenciar a substân-cia, contraria sua própria noção da função,onde forma e substância são furtivos constan-tes, isto é, existem apenas em função do outro.

Se, por um lado, a tradição saussuriana trou-xe indiscutíveis contribuições à linguística, poroutro, ela parte de pressupostos discutíveis.Cabe à posteridade incorporar os progressostrazidos por Saussure, Hjelmslev, Chomsky eoutros mestres, sem que isso implique a acei-

Page 15: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 15

sob o signo do estruturalismo

tação passiva de abstrações radicalmente idea-listas e que não resistem a um confronto coma realidade.

Nesse sentido é que o presente capítulo seconstitui numa recusa ao estruturalismo, semdeixar de aproveitar para a discussão do nossoproblema a contribuição de alguns dos auto-res mais criticados. Por mais que se discordedo idealismo estruturalista, bem como dos seusexageros em busca de um cientificismo tão emmoda no início do século (o que torna o es-truturalismo oscilante entre o idealismo e oneopositivismo), não se pretende negar a im-portância do movimento – o que seria absur-do. A nossa própria geração é um resultadotípico do estruturalismo, contendo suas van-tagens, seus vícios e contradições.

É por isso que nossa crítica se opõe à deCarlos Nelson Coutinho, em O estruturalis-mo e a miséria da razão, que só consegue iden-tificar as contradições do movimento,minimizando sua contribuição efetiva. É pro-vável que hoje esse autor não mais respondapor tais juízos, provenientes de momentos deentusiasmo e acaloradas conclusões. O fato denão aceitarmos o estruturalismo, em sua for-ma de maior ressonância que é a idealista e

Page 16: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia16

c i d s e i x as

neopositivista, por nos situarmos numa outramargem ideológica, não impede que aprovei-temos os resultados da sua contribuição. Ne-gar peremptoriamente os pontos de vista dosquais discordamos se constitui numa forma desubjetivismo e de ideologia anticientífica, nosentido atribuído ao termo por Schaff, incom-patíveis com qualquer disciplina filosófica.

AS CONTRADIÇÕESDO CURSO

A organização do Curso de linguística geral,a cargo de Charles Bally e Albert Sechehaye,foi, como se sabe, uma tarefa difícil, principal-mente porque consistia em homogeneizar aslições de três cursos ministrados por Saussure,compreendendo as investigações do autor quevão de 1906 a 1911. Embora se admitindo ahonestidade e a isenção dos organizadores dovolume, há um terceiro elemento de difícilsolução: é provável que, após discutir proble-mas linguísticos no primeiro curso, o mestresuíço tenha reformulado alguns dos seus pres-supostos filosóficos considerados insustentá-veis no decorrer das investigações. Como é dese esperar, devido ao tempo que separa o pri-

Page 17: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 17

sob o signo do estruturalismo

meiro do último curso, ele partiria de novospressupostos e chegaria a conclusões diferen-tes das precedentes.

Como então marcar tal fato num volumeem que se procura tão-somente ordenar a ma-téria discutida? A evolução do pensamento doautor, naturalmente, fica prejudicada em umprojeto dessa natureza, o que justifica as con-tradições do Curso, sem que seja possível numtrabalho como o nosso buscar a verdadeirafisionomia de Saussure. Consciente disso,limitamo-nos a discutir o texto organizado porBally e Sechehaye, apontando algumas das suascontradições e extraindo daí a lição necessáriaà nossa discussão.

Saussure sustenta o seu trabalho na nature-za social da linguagem e afirma que a línguaforma um todo com a vida da massa social. Poroutro lado, atendendo à moda cientificista doseu tempo – quando a sociologia estava sub-metida às ciências naturais –, professa a redu-ção da língua de fato social e histórico, à con-dição de sistema funcional. Mas, ao longo detodo o Curso de linguística geral, permaneceindeciso entre considerar a língua como umfato social complexo ou negligenciar esta rea-lidade. Em alguns momentos, admite a sua na-

Page 18: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia18

c i d s e i x as

tureza social, mas está diante de um social ide-al e não da própria realidade social prática, flu-tuando entre o idealismo e o positivismo, einaugurando a ambiguidade que caracterizariao estruturalismo nas ciências da linguagem.

Na preocupação de delimitar o corpus a serestudado, ele termina limitando o objeto, comose pode observar na equívoca conceituação deimanência linguística, especialmente nos capí-tulos quatro e cinco do Curso (“Linguística dalíngua e linguística da fala” e “Elementos in-ternos e elementos externos da língua”).Saussure reduz sua teoria a uma linguística dalíngua, por acreditar que a “atividade de quemfala deve ser estudada num conjunto de disci-plinas que somente por sua relação com a lín-gua têm lugar na Linguística” (p. 26). Para jus-tificar essa divisão dos elementos da língua eminternos e externos, ele busca uma série de ar-gumentos e analogias pouco pertinentes que,em vez de fundamentarem seus pontos de vis-ta, contrariamente, servem para demonstrar asua equivocidade:

“Consideremos, por exemplo, a produ-ção dos sons necessários à fala: os órgãosvocais são tão exteriores à língua como os

Page 19: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 19

sob o signo do estruturalismo

aparelhos elétricos que servem para trans-crever o alfabeto Morse são estranhos a estealfabeto; e a fonação, vale dizer, a execuçãodas imagens acústicas, em nada afeta o sis-tema em si. Sob este aspecto, pode-se com-parar a língua a uma sinfonia, cuja realidadeindepende da maneira por que é executada;os erros que podem cometer os músicos quea executam não comprometem em nada talrealidade”. (Idem, p. 27)

É verdade que os órgãos vocais são exterio-res à língua, mas o seu papel não é idêntico aodos aparelhos elétricos em relação aos códi-gos artificiais e estáticos, ou fechados. A sim-ples diferença entre uma semiótica que é umalíngua e uma semiótica que é um código tornaa analogia imperfeita. Por outro lado, ao con-trário do que acreditava Saussure, a posição deum músico com relação a uma sinfonia de umautor particular não é a mesma de um falantecom relação à língua, que é de criação coletiva,ou é um condomínio social, no dizer deRousseau. Os formalistas russos, ao falaremdas mudanças do gosto literário e das formaspoéticas, por analogia, lembraram que, nas re-voluções sociais, quando as violências contra

Page 20: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia20

c i d s e i x as

o sistema são bem sucedidas, essas se incor-poram a ele, passando a ser obrigatórias, e nãomais violências. Ora, a língua é um produto eum fator social mais íntimo das massas do quea literatura: por que então uma mudançaprovocada pela realização do falante não mo-dificaria o sistema? Concretamente, sabemosque a fala modifica o sistema e que os chama-dos “elementos externos” constituem fatoresde mudança amplamente considerados pelasociolinguística. Uma semiótica pragmática,como é a língua, não pode ser comparada, sobo aspecto da sua execução, com uma sinfoniaparticular, que é uma semiótica estética, inten-cionalmente produzida por um único autor.

Apesar de afirmar que a atividade do falan-te não importa diretamente à linguística,Saussure, em outro momento do Curso, reco-nhece que “os costumes de uma nação têm re-percussão na língua e, por outro lado, é emgrande parte a língua que constitui a Nação”.(Saussure, 1916, p. 28)

No ensaio “O estruturalismo linguístico”,referindo-se à sociologia de William DwightWhitney (1827-1894), de quem Saussure teriaaproveitado alguns dos pressupostos defendi-dos no Curso de linguística geral, Mattoso Câ-

Page 21: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 21

sob o signo do estruturalismo

mara Jr. ressalta a importância do livro dessesociólogo, autor de Language and the Study ofLanguage, a quem se deve uma pioneira refle-xão sobre a natureza arbitrária da linguagem,uma construção do homem surgida do mesmomodo que a sociedade e suas outras instituições.E completa, para discutir as influências:

“Sentiu ainda, porém, muito além disso,a outra consequência que advinha dessa con-cepção sociológica. Dela desentranhou oconceito de sistema para a língua, em linhaspela primeira vez estruturalistas em linguís-tica. A sugestão lhe veio da sociologia fran-cesa coeva, em que predominava a escola deEmile Durkheim. Não convém encarar ainfluência de Durkheim em Saussure damesma maneira absoluta em que ela apare-ce em seu discípulo Meillet, que era conco-mitantemente discípulo declarado de Dur-kheim. Há um evidente exagero de Doros-zewski, quando assim procede. É inegável,porém, ter sido o clima durkheimiano dasociologia francesa que permitiu a Saussureaproveitar no sentido estruturalista a assi-milação da língua a uma instituição social”.(Câmara Jr., 1973, p. 12-13.)

Page 22: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia22

c i d s e i x as

As duas concepções antagônicas da língua,como sistema formal ou como uma institui-ção em permanente processo de interdepen-dência com a sociedade, levaram-no a transfe-rir as características dos dois modos de ver oobjeto para o próprio objeto, solucionando oimpasse com a distinção entre o que é internoe o que é externo à língua. Uma argumento cla-ro para entendermos que esse critério de divi-são não se baseia no objeto, mas nos proces-sos de abordagem, é o fato de o conceito de“externo” perder inteiramente o seu sentidoquando o autor do Curso (p. 32) diz que “éinterno tudo quanto provoca mudança do sis-tema em qualquer grau”. Ora, esta frase en-cerra o capítulo cinco, sendo uma síntese ouuma conclusão da exposição de Saussure. Ve-jamos como é ela mesma que fornece os dadospara negar todo o raciocínio anterior, pois é afala, ou o ato concreto do falante, que modifi-ca a língua. São os elementos aí consideradosexternos que afetam o sistema, uma vez quetodo sistema não passa de um meio, de um ins-trumento a serviço de um processo. Caracte-rizar a língua como a um sistema, ou uma com-petência no sentido desenvolvido porChomsky com base na linguística saussureana,

Page 23: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 23

sob o signo do estruturalismo

implica sua redução; contrariamente, admitiro processo do uso da língua pelo homem comoum fato essencialmente, e intrinsecamente,linguístico significa atribuir à mesma o papelque ela efetivamente desempenha nas socieda-des humanas ao longo da história.

Chegamos assim a uma nova situação: oselementos que Saussure classifica como exter-nos modificam o sistema, passando, por istomesmo, à condição de elementos internos(pois, conforme suas palavras, tudo que pro-voca mudança no sistema é interno). Lembra-mos, a propósito, a afirmação que Jakobsoncostumava fazer aos seus alunos, citada segun-do Mattoso Câmara Jr.: “o linguístico confun-de-se com o humano, e portanto nada que in-teressa à vida e ao mundo do homem lhes deveficar alheio”. (Câmara Jr., 1970, p. 174)

Nesse sentido, os filólogos tradicionais(cujo adjetivo passou a ser usado depois darevolução copernicana trazida por Saussure aestes estudos) punham-se numa posição maisaceitável, em nossos dias – e mais próxima dasociolinguística –, que o fundador do estrutu-ralismo. Os manuais de filologia não excluíamda sua tarefa o estudo dos fatos históricos esociais que levaram o latim a se transformar

Page 24: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia24

c i d s e i x as

nas modernas línguas românicas. Procuravamver o objeto linguístico da forma como ele seapresenta, em toda a sua complexidade, sem aslimitações impostas pelo estruturalismo e de-pois recusadas pela sociolinguística, que, decerto modo, redimensiona os pressupostos dafilologia anterior a Saussure.

O dialetólogo Nelson Rossi, em curso mi-nistrado na Pós-Graduação em Letras daUFBa, em 1977, discutiu as relações entre adialetologia e a sociolinguística: no seu enten-der, a dialetologia já vinha realizando o traba-lho a que os sociolinguistas se atribuem o pa-pel de iniciadores. A propósito, no prefácioao livro de Ada Natal Rodrigues O dialeto cai-pira na região de Piracicaba, lemos uma colo-cação de Rossi que registra o conflito entre osmétodos estruturais e o estudo das variações eo estudo das variações sociais da linguagem:

“Nos anos 50 ganhou corpo e consistên-cia a discussão do que poderia ou deveriaser a Dialetologia à luz das correntes linguís-ticas englobadas sob o nome genérico deestruturalismo. Num artigo que constituimarco significativo nesse debate, tanto peloque diz a respeito quanto pelo que provo-

Page 25: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 25

sob o signo do estruturalismo

cou fosse dito de ambos os lados, UrielWeinreich refere-se a um abismo que separaos estudos estruturais dos dialetológicos”.(Rossi, 1974, p. 11)

Na verdade, o abismo entre o pensamentorestritivo da linguística estrutural e a dialeto-logia (ou a sociolinguística) consiste no fatode o primeiro estar preocupado com o deverser, enquanto os estudos das variações se sus-tentam no ser. Evidentemente, não se podeestender tal reducionismo a um linguista, e fi-lósofo da linguagem, como Coseriu, bemcomo a outros autores considerados estrutu-ralistas, mas que sustentaram o seu trabalhonuma crítica dos pressupostos contraditórios.Na sociolinguística, temos o caso de Labovque, mesmo se filiando à escola de Chomsky,recusa muitas das entidades abstratas que ha-bitam a gramática gerativa e transformacional.Labov abandona, por exemplo, o falante ideale vai em busca de falantes reais em circunstân-cias socialmente determinadas.

Page 26: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia26

c i d s e i x as

O OUTRO LADODA MEDALHA

Apesar de a teoria da linguagem resultantedas lições de Saussure estar comprometida como idealismo e com o cientificismo, a ponto detransformar o sistema em uma entidade virtu-al, e de eleger seus mecanismos à categoria deobjetos científicos, encontramos na sua obraum outro lado da medalha: a visão do fenôme-no linguístico como um todo. A afirmação deque o signo é constituído por significante e sig-nificado – contrariamente à concepção primi-tiva que liga os nomes diretamente aos obje-tos e reduz o símbolo à simples representação– põe no âmbito do signo e, por conseguinte,da linguagem (seja ela uma semiótica qualquerou uma língua) os conteúdos que receberam suaforma através do sistema linguístico. Nessesentido, a afirmação saussuriana de que línguaé forma torna-se mais aceitável; ou melhor, nosentido de que é a língua que permite as for-mações das expressões e dos conteúdos esta-belecidos pela sociedade. O problema da dou-trina de Saussure é que, ao descobrir isso, paraalcançar a sua demonstração “científica”, elenegligenciou a substância (no sentido

Page 27: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 27

sob o signo do estruturalismo

hjelmsleviano), achando que a língua é, ape-nas, forma. Mas a necessidade de demarcaçãodo corpus não impõe necessariamente a limita-ção do objeto, sendo mais prudente afirmarque o sistema é forma. Por outro lado, ninguémpoderia censurar o cientista que resolvesse li-mitar seus estudos apenas ao sistema; o queseria diferente de afirmar que o objetolinguístico é apenas aquilo que ele escolheupara estudar. Por isso, as correntes que seopõem ao estruturalismo, mesmo aceitando amaior parte dos ensinamentos de Saussure, nãoestão obrigadas a se submeter aos seus pressu-postos menos coerentes, como o que estabe-lece que é o ponto de vista que cria o objetolinguístico.

Mas voltemos à concepção saussuriana dosigno, através das suas palavras:

“Para certas pessoas, a língua, reduzida aseu princípio essencial, é uma nomenclatu-ra, vale dizer, uma lista de termos quecorrespondem a outras tantas coisas. [...]Tal concepção é criticável em numerososaspectos. Supõe ideias completamente fei-tas, preexistentes às palavras”. (Saussure,1916, p. 79)

Page 28: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia28

c i d s e i x as

Nesta passagem do Curso, temos uma crí-tica às tentativas de redução da língua a umanomenclatura, como as do pensamentocartesiano, que concebe a existência de ideiaspreexistentes à língua. Mas apesar de criticarcertos pontos de vista cartesianos, ele terminacaindo em iguais equívocos, possibilitando quesua obra seja retomada tanto numa tendênciacomo a de Hjelmslev quanto numa outra comoa de Chomsky; que se declara continuador deSaussure e da tradição do século XVII.(Chomsky, 1973, p. 11-38. Cf. “Contribuiçõeslinguísticas para o estudo do pensamento”.)

Mas, ao contrário dos cartesianos, Saussureconsidera que pertencem à língua tanto a ima-gem acústica quanto o conceito, termos que sãosubstituídos por significante e significado, paraassinalar mais enfaticamente que é a soma dosdois que constitui o signo. Para o autor doCurso, são os signos linguísticos que delimi-tam os objetos, e determinam a visão que fa-zemos deles:

“O caráter psíquico de nossas imagensacústicas aparece claramente quando obser-vamos nossa própria linguagem. Sem mo-vermos os lábios nem a língua, podemos

Page 29: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 29

sob o signo do estruturalismo

falar conosco ou recitar mentalmente umpoema. E porque as palavras da língua sãopara nós imagem acústica, cumpre evitarfalar dos «fonemas» de que se compõem.Este termo implica uma ideia de ação vocal,não pode convir senão à palavra falada, àrealização da imagem interior do discurso”.(Idem, p. 80)

Tais colocações demonstram que paraSaussure a língua está presente no ato do pen-samento, mesmo que ela não se manifeste ma-terialmente através de fonemas (ou degrafemas), pois a presença da língua se efetivaatravés do processo semiológico de constitui-ção do signo verbal ou da relação mental entreum conceito e uma imagem acústica.

Uma das discussões mais estimulantes aquisugeridas é a da necessidade de uma semióticacomo instrumento do pensamento: da depen-dência que temos de um sistema semióticoqualquer para ordenar nossas ideias. Supor aexistência do pensamento independente deuma semiótica ou de uma linguagem qualqueré uma abstração cartesiana das mais radicais,que contraria todas as verificações empíricas.Até mesmo os filósofos idealistas hesitam em

Page 30: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia30

c i d s e i x as

proclamar, como modernamente Chomsky ofaz, a existência de um pensamento puro, in-dependente de uma linguagem. Cassirer cons-trói a sua Filosofia das formas simbólicas (títu-lo da sua teoria e da sua obra principal, em trêsgrandes volumes) sobre a certeza de que a exis-tência de formas simbólicas – o que equivale adizer: de um sistema semiológico, seja ele umalíngua ou uma outra semiótica qualquer – énecessária para a existência do pensamento.

A posição de Saussure, nesse sentido, é degrande utilidade para a defesa dos pontos devista adotados no presente trabalho, que po-dem ser resumidos na hipótese de a linguagemconstituir um complexo, juntamente com acultura e a ideologia. O nosso ponto de vistadepende diretamente do vínculo existente en-tre linguagem e pensamento: se ambos consti-tuem verso e reverso de uma mesma medalha,ou seja, se uma expressão só existe porque éexpressão de um pensamento, e um pensamen-to só existe porque se sustenta num conceitoformado por uma língua, é necessário admitir-se a participação da cultura e da ideologia. Lin-guagem, pensamento, cultura e ideologia cons-tituem partes de um mesmo objeto, inter-de-pendentes a ponto de ser impossível a existên-

Page 31: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 31

sob o signo do estruturalismo

cia isolada de uma delas. Veja-se o que dizSaussure (p. 130):

“Psicologicamente, abstração feita de suaexpressão por meio das palavras, nosso pen-samento não passa de uma massa amorfa eindistinta. Filósofos e linguistas sempreconcordam em reconhecer que, sem o re-curso dos signos, seríamos incapazes de dis-tinguir duas ideias de modo claro e cons-tante. Tomado em si, o pensamento é comouma nebulosa onde nada está necessaria-mente delimitado. Não existem ideiaspreestabelecidas, e nada é distinto antes doaparecimento da língua”.

Insistimos, diversas vezes, em que os estru-turalistas oscilam entre o idealismo e oneopositivismo. Observe-se como Saussure,numa atitude platônica, reduz a língua à for-ma, para depois ampliar o seu objeto. Os filó-sofos da linguagem neopositivistas afirmavamque “a linguagem é o único objeto da filoso-fia”. (Schaff, 1964, p. 49-85)

Quando Saussure amplia o objeto, parece-nos que o seu pensamento está próximo do deWittgenstein, cujo Tractatus lógico-philosophicus

Page 32: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia32

c i d s e i x as

constitui um precioso estímulo à filosofianeopositivista da linguagem. “O limite será,pois, traçado unicamente no interior da língua:tudo que fica além dele será simplesmente ab-surdo”, diz Wittgenstein (p. 53). Para ele, “(4)O pensamento é a proposição significativa.(4.001) A totalidade das proposições é a lin-guagem.” Ou, mais adiante: “(4.0031) toda fi-losofia é «crítica da linguagem»”. (Aqui, comoem outros casos, especialmente os de textosclássicos, a citação é baseada na numeraçãoprópria da obra.)

Mas, como acentua Bertrand Russell, filó-sofo ligado ao neopositivismo, esse movimen-to terminou por aceitar proposições inteira-mente platônicas. Como se vê, não é de estra-nhar que o platonismo linguístico tenha acei-to também proposições neopositivistas. Asduas formas de radicalismo pensaram em sairde tais extremos incorporando o radicalismooposto, fato que o estruturalismo ilustramagnificamente. Não é sem razão que o es-truturalismo americano de Sapir produziu omecanicismo de Blommfield.

Já no fim do Curso de linguística geral, va-mos encontrar uma afirmação que reforça ain-

Page 33: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 33

sob o signo do estruturalismo

da mais as nossas hipóteses. Na página 261pode-se ler que, para Saussure,

“existe uma outra unidade, infinitamentemais importante, a única essencial, aquelaque é constituída pelo vínculo social: chamá-la-emos etnismo. Entendemos por etnismouma unidade que repousa em relações múl-tiplas de religião, de civilização, de defesacomum, etc., as quais se podem estabelecermesmo entre povos de raças diferentes e naausência de todo vínculo político”.

Para ele, o vínculo social cria a comunidadelinguística e imprime nela determinadas carac-terísticas, mais ou menos em acordo com taisrelações sociais; reciprocamente, é a comuni-dade linguística que constitui a comunidadeétnica, como no caso do etnismo romano queunia, sem vínculos políticos, no início da Ida-de Média, povos de origens muito diferentes.

Page 34: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

O termo glossemática foi introduzido porHjelmslev para demarcar a sua teoria da lin-guagem, incluindo nela o rigor científico pre-tendido e substituindo palavras com senti-dos difusos por termos claramente definidos,como num sistema algébrico. O seu objetivosó foi alcançado mais tarde, nos Prolegômenos,onde as ideias de diversos trabalhos anterio-res ganham forma definitiva. Nesse livro, ali-ás, o termo gramática vai desaparecer intei-ramente, sendo fixados conceitos como ál-gebra, esquema, sistema etc., alguns tomadosda filosofia de Condillac.

Page 35: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

35e-book.br

CAPÍTULO II

HJELMSLEV: GLOSSEMÁTICA,HUMANISMO E CIÊNCIA

A teoria da linguagem de Louis Hjelmslev– compreendendo livros como Princípios degramática geral, Sistema linguístico e mudançalinguística, A linguagem e Prolegômenos a umateoria da linguagem – é declaradamente platô-nica, apesar de tentar, em alguns momentos,incorporar as colocações advindas do realis-mo aristotélico. Essa doutrina é de um idealis-mo não muito diferente do de Ferdinand deSaussure, de quem Hjelmslev se pretende omais fiel continuador. É verdade que, ao con-trário do mestre de Genebra, ele admite a exis-tência real do objeto linguístico; mas o objetopor ele admitido já está delimitado pela suaconcepção puramente idealista, e não pela rea-lidade concreta.

Page 36: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia36

c i d s e i x as

A discussão sobre a oposição entre sincro-nia e diacronia é retomada pela glossemáticacomo referente ao ponto de vista de aborda-gem, isto é, à linguística, e não à língua, por-que os dois termos se referem a uma só coisa:“Sin embargo, es evidente que la diferenciaestriba solo en el método. El objeto es elmismo; sólo los puntos de vista difieren”.(Hjelmslev, 1971, p. 55) O livro El lenguaje[Sproget] é uma primeira tentativa de autor deformular uma teoria da linguagem; mas o seuobjetivo só foi alcançado mais tarde, nosProlegômenos a uma teoria da linguagem, ondeas ideias de diversos trabalhos anteriores ga-nham forma definitiva. Nesse livro, aliás, o ter-mo gramática vai desaparecer inteiramente,sendo fixados conceitos como álgebra, esque-ma, sistema etc., alguns tomados da filosofiade Condillac.

O termo glossemática foi introduzido porHjelmslev para demarcar a sua teoria da lin-guagem, incluindo nela o rigor científico pre-tendido e substituindo palavras com sentidosdifusos por termos claramente definidos, comonum sistema algébrico.

No entanto, apesar de compreender que oobjeto é sempre o mesmo e só os pontos de vista

Page 37: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 37

sob o signo do estruturalismo

diferem, Hjelmslev procura um meio de inva-lidar o procedimento realista, e concordar comSaussure:

“Hemos visto ya que Jespersen es unode los que han llegado a distinguir la diacro-nía y la sincronía. Pero esta distinción tienepara él un valor meramente teórico. Por loque se refiere a los procedimientos a seguiren la práctica, dice expresamente que no sedebe valorar la diferencia, y que es imposibleocuparse de la sincronía y de la diacroníaseparadamente si queremos llegar a unainterpretación científica. Pero ese punto devista no concuerda con la realidad”. (Idem,p. 16-17)

Nessas mesmas páginas citadas, Hjelmslevadmite que tanto o sincrônico quanto odiacrônico “contienen solo la mitad de laverdad. Pero los dos sistemas operan sobreplanos lógicamente diferentes.” E logo em se-guida pondera que só existe uma disciplina edois sistemas, o sincrônico e o diacrônico; aocontrário de duas forças atuando sobre ummesmo sistema linguístico. No caso, a pers-pectiva de Coseriu, por ter desenvolvido a

Page 38: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia38

c i d s e i x as

tripartição sistema, norma e fala, dentro de umafilosofia da linguagem realista, talvez apresen-te uma saída mais satisfatória para o problema,inclusive com as noções de sincronia, diacroniae história desenvolvidas mais tarde.

Outra atitude idealista de Hjelmslev se ma-nifesta ao propor a oposição entre o atolinguístico virtual e o ato linguístico concre-to: sistema e processo, na sua terminologia;langue e parole, para Saussure; competência edesempenho, para Chomsky. Tais denomina-ções têm um parentesco muito íntimo porquedenotam o apriorismo do abstrato sobre o con-creto nos três grandes linguistas que tanto in-fluenciaram a moderna ciência da linguagem.Louis Hjelmslev admite que o processo sóexiste em virtude do sistema subjacente: “Umsistema, pelo contrário não é inconcebível semum processo”. (Hjelmslev, 1943, p. 44) E pros-segue: “Quando se trata da língua natural fala-da, que é a única a nos interessar no momento,podemos também utilizar termos mais simples:chamaremos aqui o processo de texto¸ e o sis-tema de língua”. O problema é que ele chega aafirmar a possibilidade de existência de umalíngua sem que exista um texto, ou seja, o modoconcreto dessa língua.

Page 39: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 39

sob o signo do estruturalismo

Antes de tais colocações, na série de confe-rências que constituem o l ivro Sistemalinguístico e mudança linguística, ele já tinhadito que todo uso pressupõe a estrutura; masnão o inverso. Aí, ao contrário do que se pos-sa afirmar com relação à tentativa deabrangência do estruturalismo, a estrutura éapenas a forma pura. Note-se inclusive queHjelmslev associa ainda a estrutura à forma e ouso à substância (língua é forma e não substân-cia, conforme o preceito neoplatônico), cons-tatando que à mesma estrutura podemcorresponder os usos mais diversos, pois nafunção que une a estrutura ao uso, a estruturaé uma constante e o uso uma variável: “Secomprende entonces que sea la estructura deuna lengua y no su uso lo que decida suidentidad y la defina por oposición a otra”.(Hjelmslev, 1971, p. 53)

Para melhor compreensão do que foi dito,é necessário discutirmos alguns dos conceitosda teoria de Hjelmslev, tal como está expressanos Prolegômenos. O conceito de função é defundamental importância nesta álgebra que é alíngua, segundo a glossemática:

“Adotamos aqui o termo função num sen-tido que se situa a meio caminho entre seu

Page 40: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia40

c i d s e i x as

sentido lógico-matemático e seu sentidoetimológico, tendo este último representa-do um papel considerável em todas as ciên-cias, incluindo-se aqui a linguística. O sen-tido em que o tomamos está formalmentemais próximo do primeiro, sem com issoser-lhe idêntico”. (Idem, p. 39)

Funtivo, portanto, é qualquer um dos ter-mos entre os quais há função, isto é: relaçãode interdependência. No caso da funçãosemiótica, temos dois funtivos: a expressão e oconteúdo.

Para o motorista que conhece uma semióticacomo a dos sinais rodoviários, um círculo ver-melho cortado ao meio e atravessado por umaseta é uma expressão que evoca um conteúdo:é proibido trafegar no sentido indicado pelaseta. Ora, essa placa de trânsito só é uma ex-pressão porque ela tem um conteúdo estabe-lecido; o que quer dizer que uma expressão sóexiste em função do seu conteúdo, e um con-teúdo só existe em função da sua expressão. Eem decorrência dessa função entre duas cons-tantes que existe uma semiótica. Constante,portanto, é um funtivo cuja presença é neces-sária à existência do funtivo com o qual tem

Page 41: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 41

sob o signo do estruturalismo

função. O outro tipo de funtivo é designadopor Hjelmslev como variável. Desse modo, alangue e a parole de Saussure são funtivos dafunção linguística; a langue, enquanto sistema,seria uma constante e a parole, enquanto umato de fala particular, seria uma variável, poisao mesmo sistema corresponderiam diversosprocessos de fala.

O curioso é que nosso autor estabelece oconceito de funtivo como relação deinterdependência e logo depois elege um dostermos como podendo existir sem o outro.Assim, a sua própria noção de funtivo torna-se contraditória e inútil.

Mas, para Hjelmslev, assim como expres-são e conteúdo são funtivos da funçãosemiótica, cada um deles é também uma fun-ção da qual participam dois outros funtivos,uma constante e uma variável; forma e subs-tância. Existe assim uma forma da expressão euma substância da expressão; uma forma do con-teúdo e uma substância do conteúdo.

Podemos explicar a forma como uma espé-cie de linha de corte que se projeta para cons-tituir a fisionomia do objeto, resultando dessaprojeção a substância, que é a concretizaçãoda forma. Assim, é fácil de se entender por que

Page 42: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia42

c i d s e i x as

o sistema hjelmsleviano é uma forma, e o pro-cesso uma substância; ou por que, paraSaussure, língua é forma e não substância.

O raciocínio hjelmsleviano parece correto,mas coloca o sistema numa posição privilegia-da, quando negligencia o fato de ser impossí-vel um sistema linguístico sem o processo efe-tivo desempenhado pela sociedade falante. Denada nos serve um conceito ideal de língua, seele não é uma decorrência de atos linguísticosreais. Enquanto os idealistas colocam o siste-ma a priori, uma posição realista não vai pro-por que se faça o mesmo com o processo, poisassim estaria diante de um problema tão ocio-so como a discussão sobre o ovo e a galinha.O realismo quer apenas que se veja o sistema eo processo como verso e reverso de uma mes-ma medalha; o sistema nasce com o processo,QUE SE FORMA SISTEMATICAMENTE. É a junção deambos que constitui uma semiótica, pois umprocesso desordenado, caótico e assistemáticonão é objeto da semiologia. Por outro lado,supor um sistema preexistente é admitir umracionalismo incompatível com a posição rea-lista, no sentido aristotélico; o que equivaleriaa acreditar que Deus fez os homens e deposi-tou neles o domínio de um sistema. Veja-se

Page 43: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 43

sob o signo do estruturalismo

como as posições idealistas em linguística ten-dem a se confundir com a teoria da origem di-vina das línguas. É exatamente porque esse ide-alismo, numa análise mais profunda, contrariatoda hipótese da base científica que o estrutu-ralismo se constitui numa contradição: tentarfazer ciência sobre pressupostos filosóficosnão-científicos.

A SOMBRADO FANTASMA

Com o crescente prestígio da sociolin-guística, as bases idealistas do estruturalismocomeçaram a ser minadas, surgindo, inclusive,no âmbito da gramática gerativa e transfor-macional, que é uma das formas mais radicaisdo idealismo estruturalista, correntes filosofi-camente opostas à linguística cartesiana. Te-mos na sociolinguística norte-americana o jácitado caso de William Labov; e com relaçãoaos estudos da língua portuguesa, é conveni-ente destacar a orientação das pesquisas deFernanda Fonseca e Joaquim Fonseca,notadamente no livro Pragmática linguística eensino do português. O idealismo chomskyanoé criticado pelos autores, que tentam reduzir

Page 44: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia44

c i d s e i x as

sua influência, opondo ao conceito de compe-tência linguística o de competência comunica-tiva, quando se busca não mais o falante ideal,mas o falante real, percebido enquanto cons-trutor da norma.

Os pressupostos da sociolinguística e deoutras linhas modernas, em decorrência de umtrabalho empírico de campo, abandonam a ori-entação estruturalista mais dura em favor deuma perspectiva abrangente. Aos poucos, asombra do fantasma deixa de assustar, embo-ra, vez por outra, permaneçam alguns equívo-cos suscitados pela dialética pendular que se-para o idealismo do determinismo chauvinistaabstraído da realidade. Um exemplo típicodesse problema, de grande importância para anossa discussão, é dado nos parágrafos seguin-tes.

O estruturalismo desempenhou importan-te papel quando demonstrou o funcionamen-to da linguagem através de uma observação ci-entífica. As relações entre língua e raça, sus-tentadas no etnocentrismo de alguns povosque se autodenominam “civilizados”, entreoutras crenças preconceituosas que eram im-postas à teoria da linguagem, desapareceramcomo resultado das pesquisas estruturais.

Page 45: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 45

sob o signo do estruturalismo

Como parte de uma mesma ideologia, outrospreconceitos etnocêntricos foram afastadosdas ciências. Da forma, quando Hjelmslev afir-ma que uma língua se presta a qualquer fim,ele está insistindo no que hoje é um lugar-co-mum do movimento, que consiste em demons-trar como o sistema linguístico empregado pelanação Kamayurá do Alto-Xingu, por exemplo,é tão apto a discutir problemas filosóficosquanto o sistema linguístico à disposição dosalemães, de um modo geral, ou dos gregos daépoca clássica. Sabemos que qualquer línguapode expressar qualquer conteúdo – nesse sen-tido, as investigações de Hjelmslev no campoda semiologia são de grande importância –,bem como sabemos que uma língua é umasemiótica em que todas as semiótica podemser traduzidas.

Enquanto semióticas como as utilizadas pelamúsica ou pela matemática podem ser, comalgum esforço, substituídas pela língua ordi-nária, isto é, expressas em linguagem verbal,não se pode afirmar que as línguas possam sertraduzidas em música ou em matemática. Noentanto, há quem afirme o contrário:Mendenssohn diz que os pensamentos expres-sos em música são precisos demais para serem

Page 46: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia46

c i d s e i x as

postos em palavras, conforme já tivemos opor-tunidade de discutir no artigo “A linguagemdos sentidos na poética musical deStrawinsky”. Não parece, contudo, que a opi-nião de Mendelssohn tenha maior fundamen-to quando confrontada, por exemplo, com osestudos de Edward Sapir. Esta não é apenas areflexão de um linguista, mas, ao mesmo tem-po, de um músico e de um poeta:

“Certos artistas, cujo espírito se movefrancamente no nível não-linguístico (ou,melhor, de generalização linguística), che-gam a sentir dificuldade de se exprimiremnos termos rigidamente dados doidiomatismo estabelcido. Tem-se a impres-são de que eles forcejam por uma lingua-gem artística generalizada, uma álgebra li-terária, que está para o conjunto das línguasconhecidas como um simbolismo matemá-tico perfeito está para as indicações de rela-ções matemáticas que a fala normal é capazde ministrar. A expressão artística deles éfrequentemente forçada, soa às vezes comoa tradução de um original desconhecido.”(Sapir, 1964, p. 220)

Page 47: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 47

sob o signo do estruturalismo

Hjelmslev, nos Prolegômenos, também apre-senta um argumento que contraria inteiramen-te o de Mendelssohn.

“Na prática, uma língua é uma semióticana qual todas as outras semióticas podemser traduzidas, tanto todas as outras línguascomo todas as estruturas semióticas con-cebíveis. Esta traduzibilidade resulta do fatode que as línguas, e elas apenas, são capazesde formar não importa qual sentido.”(Hjelmslev, 1943, p. 115)

Anteriormente, no ensaio “Tipología de lasestructuras linguísticas”, o mesmo Hjelmslevdefende esses pontos de vista, recorrendo aoutros autores:

“Pues en la lengua cotidiana se puede,como ha dicho Soren Kierkegaard, ocuparsede lo inefable hasta enunciarlo; he aquí lavantaja y el secreto de la lengua cotidiana.Por ello el lógico polaco Tarski (que inde-pendientemente ha llegado al mismo resul-tado que el autor de este libro) tiene razónal decir que las lenguas cotidianas, al con-trario que las otras lenguas, se caracterizan

Page 48: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia48

c i d s e i x as

por su «universalidad».” (Idem, 1971, p.130)

Mas se deixarmos de ver a língua como umsistema virtual e passarmos a encarar este fatosocial na sua complexidade, incluindo aspotencialidades do sistema e o uso efetivo queos falantes fazem dele, diremos que é lícitoafirmar que a língua corresponde ao estágiocultural do seu povo. Nesse sentido, podemosentender por que Guimarães Rosa considera-ria a língua falada no Brasil, nas cidades e nossertões, mais rica que o latim dos doutosrenascentistas. Enquanto a primeira tem umcompromisso vivo com a sociedade, a segun-da é um código improdutivo destinado a tra-duzir ideias preconcebidas em outros idiomaseuropeus. Mas isto é diferente de se afirmarque o português é superior ao latim, ou vice-versa. Significa, apenas, que determinadas lín-guas estão mais ou menos desenvolvidas paradeterminados fins. A língua dos esquimós estámais apta para “pensar” o objeto gelo do que alíngua dos árabes do deserto. Por outro lado, alíngua dos jagunços de Antônio Conselheiroleva vantagem sobre a dos esquimós para “pen-sar” no objeto sertão. Quanto a isso, um

Page 49: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 49

sob o signo do estruturalismo

lógiduzir a língua ao sistema, como o fazSaussure, por vários momentos abandona talperspectiva e afirma que a língua põe limitesao mundo – o que tem significado idêntico àproposição de Wittgenstein.

O ensaio “A formação dos signos” concei-tua o que Hjelmslev entende por tabuismo (detabu), que é um fato presente não apenas nassociedades primitivas, mas também nas cultu-ras civilizadas. O chamado palavrão é um tipointeressante de signo-tabu, fazendo com queos fenômenos da vida sexual não sejam desig-nados pelos seus nomes mais conhecidos. Osfalantes procuram sempre um modo meto-nímico de denominar, ou lançam mão de ter-mos eruditos e científicos, o que leva o funda-dor da glossemática a concluir que “no es lacosa em si, sino et signo lo que es un tabú”.(Idem, p. 83) Isto porque o signo implica ummodo particular de ver e formar a coisa; mui-tas vezes, determinados signos-tabus desagra-dam às pessoas que não fazem a menor restri-ção às diversas formas chulas da linguagemcoloquial.

Será que a aversão se origina do modo comotais signos circunscrevem o objeto? Determi-nados signos revelam de maneira evidente um

Page 50: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia50

c i d s e i x as

preconceito ou uma concepção peculiar decertos fenômenos. Pode ser esta a explicaçãopara o mal-estar provocado em certas pessoaspelos signos-tabus; a formação, ou o modo dever os fenômenos, que se revela em tais signosnão corresponde à formação que essas pesso-as gostariam de atribuir aos conteúdos.

Parece-me que as indagações acima encon-tram resposta favorável nos Prolegômenos auma teoria da linguagem, onde a noção de fun-ção semiótica implica a aceitação do fato de assemióticas formarem tanto as expressões quan-to os conteúdos de modo particular, não uni-versal. Para Hjelmslev, as línguas tanto têm umabase articulatória quanto uma base conceitual;é o que ele chama de zonas de sentido, acredi-tando que as diferenças não residem apenas noselementos fônicos, mas também nos elemen-tos semânticos. “Cada uma dessas línguas es-tabelece suas fronteiras na massa amorfa dopensamento ao enfatizar valores diferentesnuma ordem diferente, de gravidade um des-taque diferente”. (Idem, 1943, p. 57)

A propósito de certas concepções hjelmsle-vianas da linguagem, é possível tentar umaaproximação dos pontos de vista do fundadorda glossemática com os de Sapir, conformeassevera Mattoso Câmara Jr.:

Page 51: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 51

sob o signo do estruturalismo

“Não é de estranhar, portanto, que opensamento de Sapir tenha impressionadoduas escolas européias, inegavelmentefiliadas a Saussure: a «glossemática» do Cír-culo de Copenhague e a «fonologia» doCírculo de Praga. L. Hjelmslev, na notíciaque em 1939 dedicou à morte de Sapir emActa linguística (1, 76-7), que é órgão da-quele primeiro Círculo, presta tributo aomestre norte-americano e ao livro que aquise traduz, como uma das fontes da concep-ção estruturalista que tem desenvolvidocom seus companheiros de Copenhague”.(Câmara Jr. 1954, p 12-13)

Bastante difundido é o quadro esquemáticode Hjelmslev que demonstra a imprecisão decorrespondências, nas principais línguas daEuropa, da formação das cores: o confrontoentre o português e o galês, por exemplo, ilus-tra esta discordância. O que os falantes doportuguês chamam de “verde”, tanto pode ser“gwyrdd” quanto “glass”, para o galês; ao tem-po em que este segundo signo compreendetambém o nosso conceito de “azul” e uma partedo que chamamos de “cinza”. A palavra“lhwyd” tanto cobre parte do espectro que

Page 52: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia52

c i d s e i x as

percebemos como “cinza”, quanto todo o es-pectro do “marrom”.

Vejamos:

A ausência de concordância no interior deuma mesma zona de sentido, segundo Hjelms-lev, encontra-se em toda parte. Entre diversoscasos estudados, ele compara as correspondên-cias de conteúdos como árvore, bosque, e flo-resta, em três línguas – dinamarquês, alemão efrancês:

Page 53: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 53

sob o signo do estruturalismo

O modo diverso de conceber objetos con-cretos como os do esquema acima mostracomo os falantes de uma língua percebem omundo diferentemente dos de outra língua. Ofato de o dinamarquês ter apenas dois signospara cobrir um campo semântico que a nossalíngua reparte em três áreas pode deixar umfalante de português perplexo. Se um signorecobrisse a área de dois – isto é, se “trae” com-preendesse “árvore”, e “skov” englobasse tan-to “bosque” quanto “floresta” –, o problemaseria mais simples para nós. Mas a linha divi-sória dos dinamarqueses passa além da linhatraçada pela língua portuguesa para distinguirárvore de bosque; o conteúdo do primeiro ter-mo contém uma parte do conteúdo do segun-do, assim como o restante do conteúdo do se-gundo pertence ao conteúdo de “skov”.

Imagine-se então como a discordância podeser ainda maior se estivermos diante de obje-tos abstratos.

Este problema vem se incluindo entre aspreocupações de Hjelmslev mesmo antes daelaboração dos Prolegômenos, livro escrito du-rante a ocupação alemã da Dinamarca. No ca-pítulo de A linguagem intitulado “Tipologia dosusos linguísticos” (1971, p.151) ele já afirma-

Page 54: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia54

c i d s e i x as

va que o conteúdo da linguagem é o mundoque nos rodeia, cabendo à mesma modelar opensamento e os sentimentos humanos. Nocontexto das coisas e das ideias, cada línguacoloca seus limites; e uma palavra de uma lín-gua não corresponde ao de outra, o que signi-fica que qualquer tradução nunca será exata.Para Hjelmslev, a diferença existente entre aslínguas, na diversidade dos sons e palavras, étão grande quanto à diversidade das coisas. Écomo se cada língua tivesse suas própria pala-vras para formatar e representar coisas perce-bidas só por elas.

ENTRE O IDEALE O REAL

Já que insistimos no caráter idealista da te-oria da linguagem proposta por Hjelmslev, cabedestacar mais um momento realista na sua obra.Na introdução de Sistema linguístico y cambiolinguístico, contrariando afirmações idealistasjá discutidas, o mestre do Círculo de Copen-hague lembra que as línguas estão sujeitas amodificações, e se transformam, necessaria-mente, para que possam acompanhar novosestados da sociedade, novas concepções de vida

Page 55: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 55

sob o signo do estruturalismo

e novas pessoas com diferentes experiênciashumanas.

“El latín clásico, tal como se hablaba enla república romana, fue durante muchotiempo el idioma común de la ciencia y losfilólogos clásicos se sirven de vez en cuandodel latín en esta forma rígida y petrificada,donde están excomulgadas todas lasmodificaciones. Pero aquí se emplea lalengua de forma artificial y no natural. Ellatín como medio natural de comunicaciónse ha modificado. El latín que se hablaba enla república romana se presenta actualmenteen su aspecto natural en las lenguas roman-ces”. (Hjelmslev, 1976, p. 19)

Como se vê, a presença da massa falanteconstitui um elemento de vital importânciapara a caracterização da língua. Aqui, portan-to, não é o sistema, enquanto possibilidade, queinteressa, mas o seu uso efetivo. Hjelmslevenvereda por considerações antropológicas esociológicas quando incorpora a convicção deque existe uma dependência entre as condiçõesnaturais e as condições sociais que se desen-volvem, incluindo a língua entre esses fatos:

Page 56: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia56

c i d s e i x as

“Todos dependemos más de lo que suponemosdel conjunto del medio ambiente en quevivimos” (cf. p. 30). E mais adiante, à página34: “La lengua está en relación con elpensamiento, con toda la vida anímica delindividuo, con la situación de la sociedad, contodo el desarrollo histórico”. Arremata que alinguística não é uma soma da lógica, da psico-logia, da sociologia, da história, etc., mas pos-sui uma natureza específica. E, na mesma pas-sagem, estabelece o papel de uma teoria da lin-guagem que não se deixa condicionar por umaideologia não-científica: “La tarea más elevadade la linguística es la de caracterizar la lenguatal como es en si misma a fin de demostrarprecisamente por esto como trabaja en con-junto con los demás fenómenos presentes”.Pena que esta proposição tenha sido vencidapela parcialidade estruturalista que isola a lín-gua dos demais fatos sociais.

Hjelmslev viveu um momento da ciêncialinguística em que, como consequência da obrade Saussure, era possível a discordância entresincronistas e diacronistas. O objeto línguaseria compreendido, então, de duas formas quelhe parecem corretas.

Page 57: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 57

sob o signo do estruturalismo

Na realidade, cada indivíduo fala sua línguaespecial, que é uma nova língua, em momen-tos diferentes, ele afirma; e acrescenta:

“La lengua es la actividad que se presentaen la comunidad linguística y esta actividadvaría en su forma de acuerdo con la cons-titución y el temperamento de los indivi-duos e no se encuentra nada realmente exis-tente excepto esta actividad variada. Unalengua como el danés es igual a la suma delas expresiones linguísticas que se produceny no otra cosa. En el momento en que estasexpresiones linguísticas cesaren no quedaríanada que pudiera llamarse lengua danesa”.(Idem, p. 40)

E observa ainda, na página seguinte:

“De la misma forma en que directamenteante nuestros ojos no existe una rosa idealsino solamente diferentes rosas individua-les, que se diferencian en si en color, aromay forma, tampoco existe la norma linguísticacomo objeto directamente palpable; elconcepto rosa lo producimos al abstraertodas las peculiaridades comunes a todas las

Page 58: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia58

c i d s e i x as

rosas individuales, y del mismo modoproducimos el concepto norma linguísticaal abstraernos para llegar a aquello oque escomún y determinante a todas las prácticasde la lengua constatadas.”

Esta é a concepção de língua, defendida pe-los partidários da diacronia, que Hjelmslevconsidera digna de ser aproveitada pela outracorrente.

A partir das propostas sincrônicas deSaussure, mesmo se admitindo a língua comoum todo, por uma questão de método, sãointroduzidas três distinções, assim apresenta-das:

1) A língua significa a atividade, ou a línguado indivíduo num momento determinado –parole.

2) Significa também uma instituição de ca-ráter social ou nacional, considerada, de umlado, como a característica de um povo numperíodo histórico, e, do outro, como um con-junto de regras e estatutos acatados pelos in-divíduos para que se realize a comunicaçãolinguística – langue.

3) A língua pode significar ambas as coisasao mesmo tempo, tanto atividade quanto ins-

Page 59: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 59

sob o signo do estruturalismo

tituição, de forma que não sejam levados emconta os traços nacionais, mas a atividadelinguística em geral – langage.

Depois de analisar estas três divisões,Hjelmslev propõe que se chame toda a sériede fenômenos de natureza diversa de lingua-gem, langage, aceitando a definição que atribuia esta um caráter amplo e impreciso – emborasua teoria pretenda o contrário.

Diretamente acessível à nossa observaçãoestá a prática isolada da língua, pelo indivíduo,a fala, parole.

Da comparação da prática de diversos indi-víduos, o observador, mediante uma primeiraabstração, chega à língua, no sentido mais es-trito da palavra, a langue.

Hjelmslev propõe que se considere tambémo resultado de uma grande maioria de práticas,o uso da língua que domina uma zona deter-minada, usus.

Mediante mais uma abstração, o observa-dor chega ao que não é apenas uso e costume,a “algo que nadie puede contravenir, si quieropracticar la lengua sin dar lugar a malenten-didos, la norma”. (Idem, p. 56) E mediante umaterceira abstração, chega, dentro da norma, auma zona mais reduzida em que os elementos

Page 60: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

coleção oficina do livro60

Cid Seixas

linguagem, cultura e ideologia

c i d s e i x as

isolados estão em mútuas relações fixas; é oque ele chama de sistema. Como se vê, a ori-gem da distinção tripartida de Coseriu, siste-ma, norma e fala, está em Hjelmslev, cabendoa Coseriu aproveitar a distinção hjelmsleviananuma perspectiva realista, valendo-se dos mé-todos e conquistas estruturalistas do mestrede Copenhague, sem se deixar influenciar porconcepções idealistas que isolam a língua docontexto humano em que é produzida.

Page 61: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

61e-book.br

CAPÍTULO III

CHOMSKY: DA ESTRUTURAPROFUNDA E “UNIVERSAL”

Ao aceitar a distinção feita por Du Marsais,em Logique et príncipes de grammaire, de 1769,entre construção e sintaxe, Noam Chomsky ela-borou a sua teoria gerativa como um passo àfrente dos estruturalistas que o antecederam,mais preocupados com a fonologia e a fonéti-ca, como demonstram as análises estruturaislimitadas a estes dois aspectos. Compreenden-do a construção como o modo de dispor aspalavras, ou “l´arrangement des mots dans lêdiscours”, conforme as palavras de Du Marsais,e a sintaxe como o estudo das relações entreas mesmas, “rapports que lês mots ont entreeux”, temos três construções distintas e umaúnica sintaxe para as seguintes frases, nas quaisas relações são idênticas entre os elementosconstituintes:

Page 62: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia62

c i d s e i x as

a) Accepi litteras tuas.b) Tuas accepi litteras.c) Litteras accepi tuas.

Tal constructo teórico é perfeitamente pos-sível a partir de uma língua como o latim oucomo o português e outras línguas modernas:recebi cartas tuas, tuas cartas recebi, recebi tuascartas. Nasce assim a distinção entre estruturaprofunda e estrutura superficial, na gramáticagerativa e transformacional, uma vez que a sin-taxe se refere à primeira estrutura e a constru-ção, à segunda.

O passo efetivo de Chomsky na sua Lin-guística cartesiana: um capítulo da história dopensamento racionalista (p. 59) pela superaçãodo estruturalismo, movimento ao qual ele acre-dita não pertencer, reside na sua maior aten-ção a concepções filosóficas como a estruturaprofunda. Mas como ele se vincula à ideologianeopositivista, de base idealista, que caracteri-za parte considerável do estruturalismo, seusestudos estão circunscritos ao plano da expres-são, única realidade imanentemente linguísticapara esse tipo de pensamento. Vejamos, atra-vés de suas próprias palavras (Chomsky, 1972,p. 45), como a língua está reduzida à mera re-

Page 63: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 63

sob o signo do estruturalismo

presentação de concepções transcendentes:“Em resumo, a linguagem tem um aspecto in-terno e um aspecto externo. Uma frase podeser estudada do ponto de vista da maneiracomo exprime um pensamento ou do pontode vista de sua forma física, isto é, do ponto devista da interpretação semântica ou da inter-pretação fonética”.

É importante destacar o fato de Chomskyaceitar a distinção feita por Descartes entrecorpo e espírito, que levou a linguística cartesia-na, através da sua mais nova reaparição, ogerativismo, a admitir que a linguagem tem doisaspectos absolutamente distintos. Assim comoas ideias platônicas, de um lado, e as coisas, dooutro, as últimas seriam simples cópias das pri-meiras, pertencentes a um plano transcendente.

Do mesmo modo que no sistema filosóficode Platão as ideias e as coisas compartilham deplanos distintos, sendo as primeiras inteira-mente desvinculadas das segundas, para alinguística gerativa, o pensamento independeda linguagem, que é uma mera representaçãodessa realidade universal. Como bem se vê,todo o problema se resume a Platão, de umlado, e Aristóteles, do outro; um acreditandona separação das ideias e dos objetos, e o ou-

Page 64: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia64

c i d s e i x as

tro proclamando que ambos coexistem atra-vés de uma função recíproca. Assim como, demodo geral, a filosofia moderna se debate en-tre estes dois pólos, a teoria da linguagem sefilia a estas duas concepções, gerando as di-versas correntes. A presente dissertação é umatentativa de discussão das duas vertentes,filiando-se à segunda, a tradição aristotélica,sendo por isso mesmo contrária aos pressu-postos idealistas nos quais se baseiam tanto oestruturalismo saussureano quanto a versãochomskyana.

Noam Chomsky define claramente sua po-sição quando afirma à página 47: “A estruturaprofunda que exprime o significado é comuma todas as línguas, tal é o que se pretende, sen-do simples reflexo das formas de pensamen-to”. Logo nas páginas iniciais de outro livro,fundamental, Aspectos da teoria da sintaxe, elediscute o ponto de vista de Diderot, segundoo qual, seja qual for “l´ordre des termes dansune langue anciènne ou moderne, l´esprit del´écrivain a suivi l´ordre didactique de lasyntaxe française”; ou ainda: “Nous disons leschoses em fraçais, comme l´esprit est forcé deles considérer em quelque langue qu´onécrive”. (Diderot: Letter sur lês sourdes et muets.

Page 65: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 65

sob o signo do estruturalismo

Oeuvres completes de Diderot, Vol. I, Paris,Garnier Fréres, 1875, p. 390 e 371, apudChomsky: Aspectos da teoria da sintaxe, p. 87.)

Quem hoje em dia poderia aceitar ofrancocentrismo de Diderot, ao afirmar que aordem dos termos nas várias línguas é a mes-ma, onde o falante é obrigado a seguir a ordemda sintaxe francesa?

Embora não endosse tais palavras, que po-dem parecer anedóticas a um linguista moder-no, o criador da sintaxe gerativa classifica oraciocínio de Diderot como de uma “coerên-cia admirável” (p. 87), naquilo que dizem res-peito à estrutura profunda.

Compromete, assim, todo o seu esforçocientífico com a hipótese segundo a qual a lín-gua é uma mera listagem de expressões à dis-posição do falante, para traduzir um modouniversal de pensar e conceber o mundo. Operigo de uma teoria dessa ordem, e de umponto de vista como o de Diderot, é dar mar-gem ao etnocentrismo mas absurdo. Acredi-tando em verdades ou em concepções univer-sais, tendemos a identificar nossa perspectivacomo verdadeira, não-ideológica, vendo asdemais como simples variações ou distorçõesdo universal e absoluto.

Page 66: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia66

c i d s e i x as

* * *

Nosso primeiro contato com o problemase deu durante o curso sobre Sintaxe do Por-tuguês Contemporâneo, ministrado por Nel-son Rossi, na Pós-Graduação em Letras daUFBA, no segundo semestre de 1977. Nessaocasião, apresentamos um trabalho intituladoEstrutura profunda e forma do conteúdo, cujasíntese acreditamos ser de alguma utilidadepara melhor entendimento do raciocínio aquiseguido:

Compreendemos a estrutura profundacomo uma estrutura teórica, uma entidade abs-trata, deduzida a partir da estrutura superfici-al, como instrumento operacional.

Essa não é a visão dos gerativistas, para osquais a estrutura profunda é uma realidade quecompreende as várias línguas, sendo portantouma entidade global, a partir da qual são deri-vadas as estruturas superficiais particulares decada língua.

Daí a nossa tentativa de confronto entreestrutura profunda, na teoria de Chomsky, eformas do conteúdo, na de Louis Hjelmslev, pos-teriormente retomada pela semiótica moderna,no livro de Umberto Eco Le forme del contenuto.

Page 67: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 67

sob o signo do estruturalismo

Hjelmslev parte de um ponto de vista opos-to, ao afirmar que não existe formação univer-sal, mas apenas um princípio universal de for-mação. Sendo assim, estrutura profunda e for-ma do conteúdo não se relacionam, pois a pri-meira é universal e a segunda, peculiar a cadalíngua, não se tratando, por conseguinte, domesmo objeto visto por duas metalinguagensdiferentes.

Se o conteúdo se forma diferentemente nasvárias línguas e a estrutura profunda compre-ende a estrutura global do pensamento, nãohá possibilidade de correspondência. O planodo conteúdo em Hjelmslev, sob esse aspecto,só poderia se aproximar do sub-componentetransformacional.

Aceitando a estrutura profunda, não se podeadmitir a possibilidade de se pensar numa lín-gua, nem a existência de unidades culturais,verificáveis pelos antropólogos, nem de for-mações de conteúdos específicos de determi-nados grupos em determinadas línguas.

O pensamento seria universal, obedecendoa uma forma comum e geral, segundo os pres-supostos filosóficos de Chomsky, enquantopara Hjelmslev a língua é o fio no qual o pensa-mento está intimamente tecido.

Page 68: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia68

c i d s e i x as

Partindo do axioma de Saussure de que lín-gua é forma, esse sentido amorfo que é o pen-samento só se efetivaria através de uma estru-tura formal. Por exemplo: o pensamento ma-temático só existe porque é formado pelo con-junto de signos que compõem a semióticamatemática. Assim, são as diversas linguagenssimbólicas que possibilitam o pensamentocomo tal.

Para admitir o pensamento independente deuma semiótica, precisaríamos admitir a exis-tência de uma cultura que não utilizasse ne-nhum tipo de linguagem e se comunicasse atra-vés de impulsos de energia mental. Mas até seprovar a possibilidade de existência de tal fato,a única hipótese convincente é a de que a for-mação se dá através das linguagens ou dassemióticas.

UMA LINGUÍSTICACARTESIANA

Herdeiro do idealismo neopositivista ou doestruturalismo, Chomsky (1975, p. 203) pro-clama não só a excelência da gramática tradici-onal, como também insiste na importância doséculo XVII para a formação do pensamento

Page 69: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 69

sob o signo do estruturalismo

moderno: “Toda a informação de que dispomoshoje em dia parece-me mostrar que, na sua mai-or parte, os pontos de vista tradicionais eramcorretos, nas matérias abordadas, e que as inova-ções surgidas são totalmente injustificadas.”Desse modo, sustenta o seu trabalho delinguista nos pressupostos e hipóteses dos sé-culos XVII, XVIII e início do XIX, erigidos àcategoria de verdades científicas. A crítica ime-diata que se pode fazer à sua teoria da lingua-gem é a de que está sustentada em pontos devista de determinadas escolas filosóficas –como tais, sujeitos à refutação por parte dasescolas mais recentes –, por ele aceitos, aprio-risticamente, como verdades demonstradas,dispensando qualquer prova ou discussão;embora da sua aceitabilidade dependa toda ateoria.

Assim é que, no âmbito da própria linguís-tica gerativa e transformacional, surgiram asdivergências, como a constituição da semânti-ca gerativa, em oposição ao modelo chomsky-ano que considera a semântica como interpre-tativa. O conceito de estrutura profunda é ne-gado por alguns linguistas e, já em 1968, Lakoffe Ross, no artigo “Is deep structure necessary?”,sintetizando as opiniões de outros gerativistas,

Page 70: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia70

c i d s e i x as

questionavam a existência ou a necessidade dese falar dessa estrutura, afirmando:

“We believe semantics may be generative,for the following reasons: 1) There hasnever been any argument that semantics beinterpretative and syntax generative, and 2)As far as we know, there are only four typesof arguments for the existence betweensemantic representation and surfacestructure of an intermediate level which anytheoretical significance”. (Lakoff & Ross,1968, p. 2)

Examinam as quatro razões e consideramdesnecessária a concepção de tal estrutura, umavez que, para eles, não existem fronteiras en-tre sintaxe e semântica, podendo-se passar di-retamente da representação semântica à estru-tura superficial.

Mas voltemos aos pressupostos filosóficosde Chomsky. No importante livro Linguísticacartesiana: um capítulo da história do pensamen-to racionalista, ele se refere à conclusão deHumboldt segundo a qual a força que gera alinguagem é indistinguível da que gera o pen-samento. Faz alusão à tradição compartilhada

Page 71: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 71

sob o signo do estruturalismo

pelos pensadores que podemos caracterizarcomo românticos (tradição que compreendedesde Rousseau e Condillac até os ideólogosfranceses e o materialismo dialético alemão),segundo a qual a língua não é um fato isoladodos demais fatos sociais. Proudhon, anarquis-ta e socialista utópico que se notabilizou prin-cipalmente pelas possíveis semelhanças e in-compatibilidades existentes entre o seu pen-samento e o de Marx (que se tornou seu cor-respondente), num projeto de estudo apresen-tado à Academia de Besaçon, em 1837, tencio-nava chegar a uma gramática geral, na qual asideias não estavam dissociadas da língua. Porisso, procurava novos caminhos para a filoso-fia e a psicologia, pretendendo

“étudier la nature et le mecanisme de l´es-prit humain dans la plus apparente et la plussaisissable de ses facultes, la parole; déter-miner, d´aprés l´origine et les procédés dulangage, la source et la filiation des croyan-ces humaines; appliquer, em um mot, lagrammaire à la métaphysique et à la morale,et réaliser une pensée qui tourmente deprofonds génies”. (Proudhon, 1875, p. 31)

Page 72: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia72

c i d s e i x as

Avaliando o papel de tais concepções filo-sóficas e linguísticas no período que procedeua chamada linguística moderna, Chomsky de-monstra como a ciência atual abandona asideias defendidas pelos estudiosos do séculoXIX em favor do período precedente, reali-zando assim a dialética que constitui o pró-prio processo de evolução do conhecimento.No livro Linguística cartesiana: um capítulo dahistória do pensamento racionalista (p. 41), elejá admite o papel ativo da língua: “Do outrolado, a observação de que a linguagem servede instrumento do pensamento começa a serreformulada na concepção de que a linguagemtem uma função constitutiva com respeito aopensamento”. Tal registro demonstra o quan-to modernamente as teorias de Humboldt –segundo o qual o homem vive com os objetos,mas a sua ação e o seu sentimento dependemdas ideias e do modo como são formulados pelalinguagem – ganham vulto e exigem umreestudo, através da sua verificação empírica.

Concluindo o ensaio “O aspecto criador douso da linguagem”, que abre o volume Linguís-tica cartesiana, Chomsky deixa entrever porque abandona intencionalmente uma direçãoque se impõe à nova linguística (especialmen-

Page 73: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 73

sob o signo do estruturalismo

te à sociolinguística – por isto mesmo, incom-patível com os princípios da linguística gerativae transformacional), em favor dos pressupos-tos cartesianos que norteiam sua teoria da lin-guagem. Segundo a concepção cartesiana, osprocessos mentais são comuns a todos os ho-mens, razão pela qual as línguas diferem quan-to à expressão, mas não quanto ao conteúdo.Cordemoy descreve a aquisição de uma segun-da língua como uma questão de atribuir novasexpressões às ideias, não havendo maiores di-ficuldades na tradução de uma língua para ou-tra. Como disse Chomsky, essa simplificaçãodo problema foi rejeitada pelos românticos,que compreendiam a língua não apenas como“espelho do espírito”, mas como elementoformativo de processos mentais.

Vejamos, através das suas próprias palavras,como Chomsky, mesmo reconhecendo a im-portância dos pontos de vista como o de Hum-boldt, adere a uma concepção universalista:“Sob o impacto do novo relativismo dos ro-mânticos, a concepção da linguagem como ins-trumento constitutivo do pensamento sofresignificativa modificação”. E conclui com umahonesta demonstração da parcialidade da suateoria: “Este desenvolvimento porém não faz

Page 74: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia74

c i d s e i x as

parte do nosso tema principal; sua elaboraçãomoderna é conhecida e não o discutirei maisaqui”. (Chomsky, 1972, p. 41)

A GRAMÁTICAFILOSÓFICA

Na série de conferências sobre o tema “Lin-guagem e pensamento”, proferidas na Univer-sidade da Califórnia, o autor dos Aspectos de-monstra como, nos últimos tempos, alinguística, a filosofia e a psicologia tentaram,com dificuldade, separar seus campos de estu-do. Para ele, essa separação, um tanto artifici-al, está chegando ao fim, uma vez que tais dis-ciplinas não mais estão preocupadas em de-monstrar sua independência em relação às ou-tras, surgindo novos interesses que exigem aformulação dos problemas clássicos sob a luzdas modernas conquistas científicas. Consideraa linguística como uma disciplina empenhadano estudo do pensamento – o que parece en-trar em choque com a sua teoria da linguagem,quando reduz a estrutura profunda à condiçãode mero sistema de correspondências entrefrases e ideias. Há, por conseguinte, uma dis-tância razoável entre os propósitos de Choms-

Page 75: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 75

sob o signo do estruturalismo

ky e a sua execução. Assim é que, ao lado deuma contribuição admirável à moderna linguís-tica, percorre caminhos tão equívocos quantoos que ele próprio critica. Vejamos, por exem-plo, duas críticas suas: uma, à maneira poucoresponsável como a gramática filosófica é tra-tada modernamente, e outra, ao estruturalis-mo, em oposição ao gerativismo.

Para ele, nem mesmo Bloomfield conseguetraduzir o verdadeiro espírito da gramática fi-losófica, fazendo uma descrição inteiramenteoposta ao que ela realmente pretende e conse-gue. Normalmente, a gramática filosófica é vis-ta como prescritiva e baseada no modelo lati-no, o que Chomsky considera inteiramentefalso:

“É particularmente irônico que a gramá-tica filosófica tivesse sido acusada de incli-nação pelo latim. De fato, é significativo queas obras originais – a Gramática e a Lógicade Port-Royal, em particular – tivessem sidoescritas em francês, pois justamente faziamparte do movimento destinado a substituiro latim pelo vernáculo. O fato é que o latimera considerado uma língua artificial edistorcida, uma língua positivamente pre-

Page 76: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia76

c i d s e i x as

judicial ao pensamento claro e ao discursode bom senso a que os cartesianos davamtanto valor. Os profissionais da gramáticafilosófica usavam os materiais linguísticosque lhes eram acessíveis; é notável que al-guns dos temas estudados com maior cari-nho e persistência durante mais de um sé-culo eram pontos de gramática que nemmesmo tinham análogo em latim”.(Chomsky, 1972, p. 28)

Mas na sua defesa da gramática filosófica,Chomsky não faz restrição alguma ao fato deos solitários de Port-Royal sustentarem as con-cepções universalistas num preconceito intei-ramente centrado numa cultura e numa língua,a cultura e a língua deles mesmos, como se ouniverso girasse em torno do umbigo francês.O latim é considerado artificial porque a suaestrutura não corresponde exatamente à dofrancês, sendo inconcebível para os cartesianoso fato de alguém poder pensar segundo osmodelos de uma outra língua, já que o modelouniversal do pensamento seria o usado por eles,e não pelos alemães, ou pelos árabes.

Tudo isso deriva do fato de Descartes ad-mitir a existência de um pensamento extralin-

Page 77: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 77

sob o signo do estruturalismo

guístico, que vê a língua como uma das causasdos nossos erros, por ser uma intermediáriadesnecessária entre as ideias e os objetos queconstituem o universo. Muito oportunamen-te, Julia Kristeva, no capítulo “A Gramática dePort-Royal” da sua História da linguagem co-menta à página 226: “É um fenômeno parado-xal que uma filosofia, a de Descartes, passan-do além da linguagem, se torne – e isso até aosnossos dias – o fundamento do estudo da lin-guagem.”

Como as ideias não são uma realidade apriori, independente dos objetos, mas umaconsequência do processo de interação entreo mundo externo e a subjetividade do homem,expressa através da linguagem, a teoria deChomsky que concebe a existência de ideiasinatas, independentes da cultura e do indiví-duo, não encontra ressonância nos trabalhosdos sociolinguistas, nem nas verificações prá-ticas de antropólogos e etnólogos. Já Mali-nowsky, que na década de 20 desenvolveu a tesede que a estrutura linguística é reveladora daestrutura social, reafirma adiante:

“E o principal resultado da nossa análisefoi que é impossível traduzir palavras de uma

Page 78: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia78

c i d s e i x as

língua primitiva ou de uma acentuadamen-te diferente da nossa sem dar uma explica-ção detalhada da cultura de seus usuários efornecendo, assim, a medida comum neces-sária para uma tradução. Mas, conquantoseja indispensável uma base etnográfica paraum tratamento científico de uma linguagem,ela não é suficiente de maneira alguma, e oproblema do Significado requer uma teoriaprópria. Tentarei mostrar que, observandoa linguagem segundo a perspectivaetnográfica e usando o nosso conceito decontexto de situação, estaremos habilitadosa esboçar uma teoria semântica útil nos tra-balhos de investigação sobre a LinguísticaPrimitiva e a projetar alguma luz sobre a lin-guagem humana em geral.” (Malinowski,1972, p. 307)

Sabendo o quanto incomoda aos linguistasda corrente, ou da escola, fricoteira uma de-signação como “língua primitiva”, convém cha-mar atenção para o fato de o adjetivo “primiti-vo” poder ser empregado em oposição a “de-rivado”, ou seja, “mais desenvolvido”, tecni-camente, ou em outro aspecto particular. Em-bora uma parte da linguística de tradição es-

Page 79: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 79

sob o signo do estruturalismo

truturalista não admita a existência de tal fato,uma vez que considera apenas o sistema, e nãoo processo, ou as potencialidades sistemáticas,e não o seu efetivo emprego; é inegável o fatode que existem línguas que formam um grupooposto a outras: as primeiras mantêm uma es-pécie de semelhança com a metaforização dalinguagem poética, não precisando conceitosjulgados essenciais ao estágio tecnológico dacultura de tradição linguistica indo-européia,mas utilizando uma forma tropológica de re-ferência – são as primitivas; as do outro gruposão as civilizadas, ou desenvolvidas – segundoJoão Guimarães Rosa, gastas pelo uso e com-prometidas com o dizer, em oposição às pri-meiras, que são ricas de elementos “que nãosão captados pela razão; a gente tem de utili-zar outras antenas”. (Rosa, 1971, p. 303)

Em “Uns índios (sua fala)” Guimarães Rosaconta sua experiência no Arraial de Limão Ver-de, formado por cerca de 60 famílias índias:

“Apenas tive tempo de ir anotando meupequeno vocabulário, por lembrança. Maistarde, de volta a Aquidauna, relendo-o deiconta de uma coisa, que era uma descober-ta. As cores. Eram:

Page 80: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia80

c i d s e i x as

vermelho – a-ra-ra-i´tiverde – ho-no-no-i´tiamarelo – he-ya-i´tibranco – ho-po-i´tipreto – ha-ha-i´ti

Sim, sim, claro: o elemento i´ti devia signi-ficar “cor” – um substantivo que se sufixaria;daí, a-ra-ra-i´ti seria “cor de arara”; e por di-ante. Então gastei horas, na cidade, querendoaveriguar. Valia. Toda língua são rastros de ve-lho mistério. Fui buscando os terenos mora-dores em Aquidauana: uma cozinheira, um va-gabundo, um pedreiro, outra cozinheira – quese sussurraram longas coisas, em sua fala aba-fada, de tanto finco. Mas i´ti não era aquilo.

Isto é, era e não era. I´ti queria dizer ape-nas ‘sangue’. Ainda mais vero e belo. Porque,logo fui imaginando, vermelho seria ‘sangue dearara’; verde, ‘sangue de folha’, por exemplo:azul, ‘sangue do céu’; amarelo, ‘sangue do sol’;etc. Daí, meu afã de poder saber exato o sen-tindo de hô-no-nó, hô-pô, há-há e he-yá.

Porém não achei. Nenhum – dizia-me – sig-nifica mais coisa nenhuma, fugia pelos fundosda lógica. Zero, nada, zero. E eu não podia dei-

Page 81: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 81

sob o signo do estruturalismo

xar lá minha cabeça, sozinha especulando, Na-kô i-kô? Uma tristeza.” (Rosa, 1970, p. 89-90)

Igualmente, não há nenhum demérito emse caracterizar um tipo de concepção comopensamento selvagem, como o faz ClaudeLévi-Strauss.

Voltemos assim ao ensaio “O problema dosignificado em linguagens primitivas”, onde,contrariando as afirmações de Chomsky,Malinowsky constata: “O estudo do texto na-tivo acima demonstrou que uma locução só setorna compreensível quando a interpretamospelo seu contexto de situação.” (Malinowski,1972, p. 307) Para ele, a língua está de tal for-ma comprometida com a realidade cotidianados povos que não se pode compreender umaindependentemente da outra.

Passemos agora à crítica de Chomsky aoestruturalismo, que, segundo ele, se limitou àanálise da estrutura superficial, ou às proprie-dades formais explícitas do sinal e às frases eunidades que podem ser determinadas atravésdas técnicas de segmentação e classificação.Embora tal limitação do objeto tenha sido pro-posital e, por isto, considerada responsável peloaprimoramento dos métodos linguísticos,

Page 82: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia82

c i d s e i x as

Chomsky discorda desse ponto de vista, porimpedir a compreensão do objeto em sua to-talidade. Por outro lado, admite que Saussureconseguiu ir além dos seus antecessores, masse afastou da tradição da gramática filosófica:

“Algumas vezes expressou a opinião deque os processos de formação de sentençasnão pertencem de todo ao sistema da lin-guagem, de que o sistema da linguagem res-tringe-se às unidades linguísticas como sonse palavras e talvez algumas poucas frases fi-xas e um pequeno número de arranjos mui-to gerais. Os mecanismos da formação dassentenças são, de outro modo, livres dequalquer coação imposta pela estruturalinguística enquanto tal. Assim, nos própri-os termos usados por ele, a formação desentença estritamente não é uma questão delangue, mas é atribuída antes ao que cha-mou parole, sendo colocada assim fora docampo da linguística propriamente dita; éum processo de criação livre, que não sofrecoação pelas regras linguísticas, exceto namedida em que essas regras governam asformas das palavras e os arranjos dos sons.Nesta concepção, a sintaxe é um assunto

Page 83: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 83

sob o signo do estruturalismo

trivial. E de fato há muito pouco trabalhosobre sintaxe durante todo o período dalinguística estrutural.” (Chomsky, 1973, p.34-35)

Considerando-se não mais pertence à tra-dição estruturalista, pois propõe unir o estru-turalismo à gramática filosófica, Chomskymantém, no entanto, uma característica cujaidentificação é fundamental ao estudo do nos-so problema – Linguagem, cultura e ideologia –que é o idealismo disfarçado em atitude cien-tífica, involuntariamente incorporado à ideo-logia norte-americana.

É verdade que a linguística gerativa ampliouas perspectivas do estruturalismo, propondoo estudo da estrutura profunda; mas, segundoAdam Schaff, no artigo “A gramática gerativae a concepção das ideias inatas”, a teoria dadupla articulação da linguagem já tinha feitoisto, embora de modo menos explícito, ou comoutros rótulos. (Schaff, 1975, p. 17) Mais adi-ante, à nota nº 15 da p. 76, lê-se: “De acordocom R. Jakobson, a prioridade neste aspectocaberia à obra de D. Bubrix, “Nieskolko slovo ptokie rietchi”, Bulletin Lojkjun, 1930, nº 5.”

Page 84: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia84

c i d s e i x as

O que se viu com relação ao estruturalismofoi o constante perceber que a excessiva limi-tação imposta ao objeto, para se atingir o esta-tuto de ciência, comprometia o resultado dasinvestigações. Tanto assim que um outro es-truturalista, Louis Hjelmslev, sob o pretextode recolocar o pensamento saussuriano, des-figurado pelos seus seguidores, afirma que alinguagem é constituída por expressão e con-teúdo, conforme já vimos anteriormente. JáEugenio Coseriu (1958), no livro Sincronia,diacronia e historia: el problema del cambiolinguístico, fala em língua abstrata e língua con-creta, e, em Sistema, norma y habla, vai alémda dicotomia saussuriana. No capítulo “Impor-tancia y utilidad de la distinción tripartida”, eledemonstra como essa distinção se manifestanos próprios aspectos formais do falar con-creto: “Por otro lado, la distinción entre nor-ma y sistema aclara mejor el funcionamientodel lenguaje, la actividad linguística, que es, almismo tiempo, creación y repetición (recre-ación), dentro del marco y según las coorde-nadas del sistema funcional (es decir, de lo quees imprescindible para que el lenguaje cumplacon su función); movimiento obligado ymovimiento libre, dentro de las posibilidades

Page 85: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 85

sob o signo do estruturalismo

ofrecida por el sistema.” (Coseriu, 1973, p.104)

Numa síntese, o que se tenta recusar na obrade Chomsky, cuja contribuição à linguística édas mais estimulantes desse século, é o fatode, partindo de uma perspectiva cartesiana,entender a linguagem como descomprometidacom a prática humana – independente, porconseguinte, das especificidades das culturase das concepções ditadas pela ideologia dasclasses sociais e dos povos. Uma língua con-cebida de tal forma não passa de mera nomen-clatura, incapaz, portanto, de figurar como fatosocial, que influencia e é influenciado pelasrelações dos homens e das sociedades.

Page 86: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

Onde ler os volumes já publicados:https://issuu.com/ebook.br/docs/linguagem1https://issuu.com/ebook.br/docs/linguagem2https://issuu.com/ebook.br/docs/linguagem3https://issuu.com/ebook.br/docs/linguagem4https://issuu.com/ebook.br/docs/linguagem5

Page 87: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

87e-book.br

REFERÊNCIASE BIBLIOGRAFIA

ABBAGNANO, Nicola. Ideologia, in —: Dicionário de fi-losofia [Dizionario di filosofia], trad. Alfredo Bosi et alii.São Paulo, Mestre Jou, 1970, p. 506-508.

AGOSTINHO, Pedro. Kwarip: mito e ritual no Alto Xingu.São Paulo, Pedagógica e Universitária/USP, 1974, 246 p.

AGOSTINHO, Santo (388). De magistro, in —: Os pensa-dores. 2ª ed. São Paulo, Abril Cultural, 1980, p. 289-324.

ALBERT, Hans. Ideologia e metodologia: o problema dajustificação e da crítica da ideologia, in —: Tratado darazão crítica [Traktat über Kritische Vemunft], trad.Idalina A. da Silva et alii. Rio, Tempo Brasileiro, 1976, p.110-114.

ALBERT, Hans. O problema da ideologia em perspectivacriticista, in —: Tratado da razão crítica [Traktat überKritische Vemunft], trad. Idalina A. da Silva et alii. Rio,Tempo Brasileiro, 1976, p. 410-414.

Incluem-se neste item tanto as referências às obras cita-das nos cinco volumes de Linguagem, cultura e ideologia quan-to a bibliografia geral consultada e não referenciada.

Page 88: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia88

c i d s e i x as

ALBERT, Hans. Pensamento analítico: a filosofia como aná-lise da linguagem, In —: Tratado da razão críica [Traktatüber Kritische Vemunft], trad. Idalina A. da Silva et alii.Rio, Tempo Brasileiro, 1976, p. 172-177.

ANDRADE, Mário. (1940) A língua radiofônica, in —: Oempalhador de passarinho, 3ª ed., São Paulo, Martins/INL,1972, p. 205-210.

ANDRADE, Mário. A língua viva, in —: O empalhador depassarinho, 3ª ed., São Paulo, Martins/INL, 1972, p. 211-215.

ANDRADE, Mário. O baile dos pronomes, in —: Oempalhador de passarinho, 3ª ed., São Paulo, Martins/INL,1972, p. 263.265.

AQUINO, Sto. Tomás de. Ver: Tomás de Aquino, Santo.ARISTÓTELES. Metafísica, trad. Leonel Vellandro. Porto

Alegre, Globo, 1969, 212 p. (Biblioteca dos séculos)ARISTÓTELES (335 a. C). Poética, trad., comentários e no-

tas de Eudoro de Souza. Porto Alegre, Globo, 1966, 266p. (Biblioteca dos séculos)

BACON, Francis (1620). Novum organum. Verdadeiras in-dicações acerca da interpretação da natureza [Pars secun-da operis quae dicitur novum organum sive indicia verade interpretatione naturae], trad. José Aluysio R. deAndrade, in Francis Bacon, Os pensadores. São Paulo,Abril Cultural, 1973, p. 7-237.

BAKHTIN, Mikhail (1929): Marxismo e filosofia da lingua-gem. Problemas fundamentais do método sociológico naciência da linguagem [Marksizm i filosofija jazyka]; trad.(da ed. francesa) Michel Lahud et alii; prefácio de RomanJakobson. São Paulo, Hucitec, 1979, 182 p.

BORBA, Francisco da Silva. Pequeno vocabulário de lingüís-tica moderna. São Paulo, Nacional/USP, 1971, 152 p.

BRIGHT, William. Dialeto social e história da linguagem[Social dialect and language history], trad. Elizabeth

Page 89: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 89

sob o signo do estruturalismo

Neffa, in Maria Stella Fonseca & Moema F. Neves,Sociolingüística. Rio, Eldorado, s. d., p. 41-47.

BRIGHT, William. Las dimensiones de la sociolingüística,in Paul Garvin & Yolanda Lastra Suárez, Antología deestudios de etnolingüística y sociolingüística. México,Universidad Nacional Autónoma, instituto deInvestigaciones Antropológicas, 1974, p, 179-202.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Dicionário de filologia egramática. Rio, J. Ozon, 1974, 410 p.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da língua por-tuguesa, 3ª ed., Petrópolis, Vozes, 1972, 118 p.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. O estruturalismolingüístico. Revista Tempo Brasileiro. Estruturalismo, 3ªed., Rio, Tempo Brasileiro, nos. 15/16, 1973, p. 5-43.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Princípios de lingüísticageral. Como introdução aos estudos superiores de lín-gua portuguesa, 4,a ed., Rio, Acadêmica, 1973, 334 p.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Prefácio do tradutor. In:SAPIR, Edward. A linguagem: introdução ao estudo dafala [Language: an introduction to the study of speech],trad. Mattoso Câmara Jr. Rio, Instituto Nacional do Li-vro, 1954, 232 p.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Roman Jakobson e a lin-güística, in Jakobson, Lingüística. Poética. Cinema. SãoPaulo, Perspectiva, 1970, p. 165-174 (Debates 22).

CAMPOS, Haroldo de. O poeta da lingüística, in Jakobson,Lingüística. Poética. Cinema. São Paulo, Perspectiva, 1970,p. 183-193 (Debates 22).

CASSIRER, Ernst (1944). Antropologia filosófica: ensaio so-bre o homem. Introdução a uma filosofia da cultura huma-na [An essay on man. An introduction to a philosophyon human culture], trad. Vicente Queiroz, 2ª ed. SãoPaulo, Mestre Jou, 1977, 280 p.

CASSIRER, Ernst (1923). La Philosophie des formes symboliques;v. 1: Le Language. Paris, Minuit, 1953, 353 p.

Page 90: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia90

c i d s e i x as

CASSIRER, Ernst (1923). La Philosophie des formessymboliques; v. 2: La pénsee mythique. Paris, Minuit, 1953,344 p.

CASSIRER, Ernst (1925). Linguagem e mito [Sprache undMythos: Ein Beitrang zum Problem der Goettemamen],trad. J. Guinsburg & M. Schnaiderman. São Paulo, Pers-pectiva, 1972, 132 p. (Debates 50).

CASSIRER, Ernst. Le langage et la construction du mondedes objets, in —: Essais sur le langage. Paris, Minuit, 1969,p. 37-68 (Le sens commun).

CHOMSKY, Noam. Aspectos da teoria da sintaxe [Aspectsof the theory of syntax], trad., introd., notas e apêndicesde José A. Meireles & Eduardo Paiva Raposo. Coimbra,Aménio Amado, 1975, 372 p. il.

CHOMSKY, Noam. Linguagem e pensamento [Language andmind], trad. Francisco M. Guimarães, 3ª ed., Petrópolis,Vozes, 1973, 128 p.

CHOMSKY, Noam. Lingüística cartesiana. Um capítulo dahistória do pensamento racionalista [Cartesian linguistics.A chapter in the history of rationalist thought], trad.Francisco M. Guimarães. Petrópolis, Vozes/USP, 1972,120 p.

COMBLIM, Joseph. A ideologia da segurança nacional. Oproblema militar na América Latina. Rio, Civilização Bra-sileira, 1978, 254 p.

COMTE, Augusto. Linguagem, in Evaristo de Moraes Fi-lho (org. e trad.), Augusto comte: sociologia. São Paulo,Ática, 1978, p. 130-133 (Grandes cientistas sociais 7).

CONDILLAC, Étienne Bonnot de (1798). A língua doscálculos [Le largue des calculs], trad. Carlos A. Moura,in Condillac et alii, Textos escolhidos. 2ª ed., São Paulo,Abril Cultural, 1979, p. 135-158 (Os Pensadores).

CONDILLAC, Étienne Bonnot de (1780). Lógica ou osprimeiros desenvolvimentos da arte de pensar [Logique],trad. Nelson Aguiar, in Condillac et alii, Textos escolhi-

Page 91: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 91

sob o signo do estruturalismo

dos, 2ª ed., São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 61-134(Os Pensadores).

CONDILLAC, Étienne Bonnot de (17..). Resumo selecio-nado do Tratado das sensações [Extrait raissoné du Traitédes sensations], trad. Carlos A. Moura, in Condillac etalii, Textos escolhidos, 2ª ed., Abril Cultural, 1979, p. 43-59 (Os Pensadores).

CONDILLAC, Étienne Bonnot de (1740). Tratado dos sis-temas [Traité des systèmes], trad. Luiz Monzani, inCondillac et alii, Textos escolhidos, 2,a ed., São Paulo, AbrilCultural, 1979, p. 1-42 (Os Pensadores).

CORBUSIER, Roland. Enciclopédia filosófica. Petrópolis,Vozes, 1974, 204 p.

COSERIU, Eugenio. Forma y sustancia en los sonidos deilenguaje, in —: Teoría del lenguaje y lingüística general:cinco estudios. 3ª ed. revista e corrigida. Madri, Gredos,1973, p. 115-234.

COSERIU, Eugenio. Sincronía, diacronía e historia; el pro-blema del cambio lingüístico. Montevidéu, Universidadde la Republica, Facultad de Humanidades y Ciencias,1958, 162 p.

COSERIU, Eugenio. Sistema, norma y habla, in –: Teoríadel lenguaje y lingüística general: cinco estudios. 3ª ed. re-vista e corrigida. Madri, Gredos, 1973, p. 11-113.

COUTINHO, Carlos Nelson. O estruturalismo e a misériada razão. Rio, Paz e Terra, 1972, 226 p. (Rumos da cultu-ra moderna, 48).

CURTIUS, Ernest Robert. Etimologia como forma de pen-sar, in Literatura européia e idade média latina[Europeische Literatur und Lateinisches Mittelalter],trad. Teodoro Cabral & Paulo Rónai, 2ª ed., Brasília, Ins-tituto Nacional do Livro, 1979, p. 531-538.

DESCARTES, René. Discurso do método / Meditações / Ob-jeções e respostas / As paixões da alma / Cartas. 2ª ed, SãoPaulo, Abril Cultural, 1979, 324 p. (Os pensadores).

Page 92: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia92

c i d s e i x as

DIEGUES JR., Manuel. Etnias e culturas do Brasil, 5,,a ed.,Rio, Civilização Brasileira/INL, 1976, 208 p.

DUCROT, Oswald & Todorov, TZVETAN. Diccionario en-ciclopédico de las ciencias del lenguaje [Dictionaireencyclopédique dos sciences du langage], trad. EnriquePezzcni. Buenos Aires, Siglo Veintiuno, 1974, 322 p.

ECO, Umberto (1971). As formas do conteúdo [Le formedel contenuto], trad. Pérola de Carvalho. São Paulo, Pers-pectiva/USP, 1974, p. 15-17 (Estudos 25).

ECO, Umberto (1968). A estrutura ausente. Introdução ápesquisa semiológica [La struttura assente], trad. Pérolade Carvalho. São Paulo, Perspectiva/USP, 1971. (Col.Estudos 6)

ECO, Umberto (1962). Do modo de formar corro com-promisso para com a realidade, in —: Obra aberta. For-ma e indeterminação nas poéticas contemporâneas [Ope-ra aperta], trad. Pérola de Carvalho. São Paulo, Perspec-tiva, 1971, p. 227-277 (Debates 4).

ECO, Umberto (1973). O signo [Segno]; trad. Mª de Fáti-ma Marinho. Lisboa, Presença, 1977.

ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados [Apocalittici eintegrati], trad. Rodolfo Ilari & Carlos Vogt. São Paulo,Perspectiva, s. d. (Col. Debates 19)

ECO, Umberto (1976): Tratado geral de semiótica [Trattatodi semiotica generale]; trad. Antonio de Pádua Danesi eValéria O. de Souza. São Paulo, Perspectiva, 1980, 282 p.(Col. Estudos, 73).

ELIOT, T. S. A função social da poesia, in –: A essência dapoesia [One poet and one poetry], trad. Maria Luiza No-gueira. Rio, Artenova, 1972, p. 28-42.

ENGELMAN, Arno. Métodos lingüísticos na investigaçãode estados subjetivos. Almanaque: cadernos de literaturae ensaio. São Paulo, Brasiliense, nº 5, 1977, p. 93-95.

ENGELS, Friedrich (1893): As tarefas da crítica marxista.Carta a Franz Mehrin. In MARX & ENGELS: Sobre a

Page 93: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 93

sob o signo do estruturalismo

literatura e a arte; trad. e seleção de Albano Lima. Lisboa,Estampa, 1971.

ENGELS, Friedrich. Prefácio ao livro segundo de O Capi-tal, in MARX, O Capital. Livro II: O processo de circu-lação do capital [Das Kapital: Kritik der politischenÒkonomie. cuch II], trad. Reginaldo Sant’Anna. Rio,Civilização Brasileira, 1970, p. 1-19.

FEVRE, Lucien. A aparelhagem mental (1. Palavras que fal-tam), in Carlcs Guilherme Mota, Lucien Febvre: histó-ria. São Paulo, Ática, 1978, p. 55-58 (Grandes cientistassociais, 2).

FERGUNSON, Charles A. Diglossia [Diglossia], trad. Ma-ria da Glória R. Silva, in Maria Stella Fonseca & MoemaF. Neves Sociolingüística. Rio, Eldorado, s. d., p. 99-l18.

FISCHER, John L. Influências sociais na escolha de varian-tes lingüísticas [Social influences on the choice of alinguistic variant], trad. Elba Souto, in Maria Stella Fon-seca & Moema F. Neves, Sociolingüística. Rio, Eldorado,s. d., p. 87-98.

FISHMAN, Joshua A. A sociologia da linguagem [Thesociology of language], trad. Álvaro Cabral, in MariaStella Fonseca & Moema F. Neves, Sociolingüística. Rio,Eldorado, s. d., p. 25-40.

FONSECA, Fernanda I. & FONSECA, Joaquim. A com-petência comunicativa, in —: Pragmática lingüísüca e en-sino do português. Coimbra, Almedina, 1977, p. 51-92.

FREUD, Sigmund. A história do movimento psicanalítico[On the history of the psychoanalytic movement], trad.Themira de Oliveira Brito & Paulo Henriques Brito, inFreud, Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1978,p. 37-84.

FREUD, Sigmund. Cinco lições de psicanálise [Five lectureson psychoanalysis], trad. Durval Marcondes & J. Bar-bosa Correa, revista e modificada por Jayme Salomão, inFreud, Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, p. 1-36.

Page 94: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia94

c i d s e i x as

FREUD, Sigmund. El delírio y los sueños en ‘La Gradiva’de W. Jansen, in Obras completas, trad. Luis Lopez-Ballesteros y Torres, 3ª ed., Madri, Biblioteca Nueva, s.d., Tomo II, p. 1285-1336.

FREUD, Sigmund. EI malestar en la cultura, in Obras com-pletas, trad. Luis Lopez-Ballesteros y Torres, 3ª ed.,Madrid, Biblioteca Nueva, s. d., tomo m, p. 3017-3967.

FREUD, Sigmund. EI poeta y los sueños diurnos, in —:Obras completas, trad. Luis Lopez-Ballesteros y Torres,3ª ed., Madrid, Biblioteca Nueva, s. d., Tomo II, p. 1343-1348.

FREUD, Sigmund (1895): Projeto para uma psicologia cien-tífica [Entwurf einer Psychologie / Project for a scientificpsichology]; trad. José Luis Meurer. Edição Standard Bra-sileira, Vol. I. Rio de Janeiro, Imago, 1977, p. 379-517.

GARVIM, Paul L. & MATHJOT, Madeleine. A urbaniza-ção da língua guarani: um problema em linguagem e cul-tura [The urbanization of the guarani language], trad.Luiza Lobo, in Maria Stella Fonseca & Moema F. Neves,Sociolingüística. Rio, Eldorado, s. d., p. 119-130.

GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história [Il ma-terialismo storico e la filosofia di Benedetto Croce], trad.Carlos Nelson Coutinho, 2ª ed., Rio, Civilização Brasi-leira, 1978, 342 p. (Perspectivas do homem 12).

GUERREIRO, Mário. Signo sonoro & signo musical: umesboço de psicologia fenomenológica. Ciências Huma-nas. Rio, Universidade Gama Filho, v. I, n.° 2, 1977, p.45-57.

HALL JR., R. A. Pidgins and creoles as standard languages,in J. B. Pride & Janet Holmes, Sociolinguistics. Selectedreadings. Penguim Education, 1974, p. 142-15.3.

HAYES, Curtius W. Lingüística e literatura: prosa e poesia,in Archibald A. Hill, Aspectos da linguística moderna[Linguistics], trad. Aldair Palácio et alii. São Paulo,Cultrix, 1972, p, 176-191.

Page 95: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 95

sob o signo do estruturalismo

HERÁCLITO DE ÉFESO. Fragmentos, doxografia e co-mentários, in Tales de Mileto et alii, Os pré-socráticos,seleção de J. Cavalcante de Souza, trad. J. C. de Souza etalii, 2ª ed. São Paulo, Abril, 1978, p. 73-136 (Os pensa-dores).

HJELMSLEV, Louis. El lenguaje [Sproget], trad. MariaVictòria Catalina. Madri, Gredos, 1971, 191 p. (Biblio-teca románica hispânica, 19).

HJELMSLEV, Louis. La forme du contenu du langagecomme facteur social [Sprugets indholdsform somsamfundsfaktor], trad. Jean-François Brunaud, inHjelmslev, Essais linguistiques. Paris, Minuit, 1971b, p.97-104 (Arguments, 47).

HJELMSLEV, Louis. Princípios de gramática general[Principes de grammaire générale], versão espanhola deFélix Torre. Madri, Gredos, 1976, 400 p. (Biblioteca ro-mânico hispânica 251).

HJELMSLEV, Louis (1943). Prolegômenos a uma teoria dalinguagem [Prolegommfia theory of language], trad. daed. inglesa J. C. Neto. São Paulo, Perspectiva, 1975, 150p. (Estudos 43).

HJELMSLEV, Louis. Sistema lingüístico y cambio lingüístico,seleção e versão espanhola de B. Pallares Arias. Madrid,Gredos, 1976, 260 p. (Biblioteca románica hispânica,249).

JACQUART, Emmanuel. Ionesco: ideologia como lingua-gem (entrevista com Eugéne Ionesco). Jornal de cultura,n. 21, Salvador, Diário de Notícias, 02 fev. 1975, p. 7.

JAKOBSON, Roman. Lingüística e comunicação, sel. e trad.Izidoro Blikstein; José Paulo Paes, 5ª ed., São Paulo,Cultrix, 1971.

JAKOBSON, Roman. Lingüística. Poética. Cinema. (RomanJakobson no Brasil), Org. Haroldo de Campos & BorisSchnaiderman, trad. Francisco Acher et alii. São Paulo,Perspectiva, 1970, 210 p. (Debates 22).

Page 96: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia96

c i d s e i x as

JAKOBSON, Roman. O que fazem os poetas com as pala-vras. Jornal de Cultura, n. 14. Salvador, Diário de Notíci-as, 14 jun. 1974, p. 8.

JAKOBSON, Roman. Relações entre a ciência da linguageme as outras ciências [Linguistics in relation to othersciences], trad. Maria Fernanda Nascimento. Lisboa,Bertrand, 1974b.

JAKOBSON, Roman. Six leçons sur le son et le sens. Préfacede Claude Lévi-Strauss. Paris, Minuit, 1976, 128 p.

JAKOBSON, Roman & TYNIANOV, Júri: Os problemasdos estudos literários e lingüísticos. In EIKHENBAUMet alii: Teoria da literatura: formalistas russos; organiza-ção, apresentação e apêndice de Dionísio Toledo, trad.Ana Mariza Ribeiro et alii. Porto Alegre, Globo, 1971,p. 95-98.

JUNG, Carl Gustav. Tipos psicológicos [PsychologischeTypen], trad. Álvaro Cabral, 2ª ed., Rio, Zahar, 1974, 568p.

KRISTEVA, Julia. História da linguagem [Le langage, cetinconnu], trad. M. Margarida Barahona. Lisboa, Edições70, 1974. 458 p. (Signos, 6).

KRISTEVA, Julia. Ideologia do discurso sobre a literatura,in Barthes et alii, Masculino, feminino, neutro, org. e trad.Tânia Carvalhal et alii. Porto Alegre, Globo, 1976, p. 129-138.

KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise [Recherches pourune sémanalyse]; trad. Lúcia Ferraz. São Paulo, Perspec-tiva, 1974, 200 p. (Col. Debates, 84).

LABOV, William. Estágios na aquisição do inglês standard[Stages in the acquisition of standard English], trad. LuizaLobo, in Maria Stella Fonseca & Moema F. Neves,Sociolingüística. Rio, Eldorado, s. d., p. 49-85.

LACAN, Jacques. Écrits. Paris, Seuil, 1966, 928 p. (Le champfreudien).

Page 97: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 97

sob o signo do estruturalismo

LACAN, Jacques. Escritos [Écrits]; trad. Inês Oseki-Derpé.São Paulo, Perspectiva, 1978, 348 p. (Col. Debates, 132).

LACAN, Jacques. Le Mythe individuel du névrosé ou poésieet vérité dans la névrose. Ornicar, 17-18, Seuil, 1978, p.290-307.

LACAN, Jacques (1954). O seminário. Livro I: Os escritostécnicos de Freud [Le séminaire de Jacques Lacan. LivreI: Les écrits techiniques de Freud]; trad. Betty Milan.Rio de Janeiro, Zahar, 1979.

LAKOFF, George & Ross, John Robert. Is deep structurenecessary? Indiana, Linguistics Club, Indiana University,1968, 4 p. (Texto policopiado.)

LAMB, Sydney M. Lexologia e semântica, in Archibald A.Hill, Aspectos da lingüística moderna [Linguistics], trad.Adair Palácio et alii. São Paulo, Cultrix, 1972, p. 42-52.

LAMOUNWR, Bolivar. Ideologia. Enciclopédia Mirador In-ternacional. São Paulo, Encydopaedia Britannica do Bra-sil, 1976, p. 5950-5954.

LANGAKER, Ronald W. A linguagem e sua estrutura. Al-guns conceitos lingüísticos fundamentais [Language andits structure], trad. Gilda Maria Azevedo. Petròpclis, Vo-zes, 1972, 264 p.

LAPLANCHE, J. & PONTALIS, J.-B. Vocabulário da psi-canálise [Vocabulaire de la psycanalyse], trad. PedroTamen, 3ª ed., Lisboa, Moraes, 1976, 707 p. 252.

LEFEBBRE. Henri. Lógica e ideologia, in —: Lógica formallógica dialética [Logique formalle Logique dialectique],trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio, Civilização Brasi-leira, 1975, p. 27-29.

LÊNIN, Nikolai. As três fontes e as três partes constitutivas domarxismo (sem tradutor). São Paulo, Global, 1978, 80 p.(Teoria/ Bases 9).

LÊNIN, Vlladimir Ilich. Contra o oportunismo e odogmatismo da esquerda [La maladie infantile ducommunisme], trad. Carlos Rizzi, in Florestan

Page 98: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia98

c i d s e i x as

Fernandes, Lênin: política. São Paulo, Ática, 1978, p. 53-64 (Grandes cientistas sociais 5).

LEROY, Maurice. As grandes correntes da lingüística moder-na [Les grands courants de la linguistique moderne], trad.Izidoro Blikstein & José Paulo Paes. São Paulo, Cultrix,1971, 196 p.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural[Antropologie structurale], trad. Chaim Katz &Eginardo Pires. Rio, Tempo Brasileiro, 1970, 440 p.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Aula inaugural [Leçoninaugurale]; trad. Mª Nazaré Soares. In COSTA LIMA(Org.): O estruturalismo de Lévi-Strauss. 2ª ed.,Petrópolis, Vozes, 1970b, p. 45-77.

LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem [La penséesauvage], trad. Celeste Souza & Almir Aguiar. São Pau-lo, Nacional, 1976, 334 p.

LOBATO, Monteiro. Idéias de Jeca Tatu. São Paulo,Brasiliense, 1967, 275 p.

LOCKE, John (1690). Ensaio acerca do entendimento hu-mano [An essay concerning human understanding], trad.Anaor Aiex. São Paulo, Abril Cultural, 1978, 350 p. (Ospensadores).

LORENZON, Alino. A comunicação humana. Ciências Hu-manas. Revista da Universidade Gama Filho, Rio, v. I, n.2, 1977, p. 31-36.

LYRA, Kate. Kate Lyra, por ela mesma. Status. São Paulo, n.51, 1978, p. 84-98.

MALINOVSKi, Brolislaw. O problema do significado emlinguagens primitivas, in Ogden & Richards, O signifi-cado de significado: um estudo da influência da linguagemsobre o pensamento e sobre a ciência do simbolismo [Themeaning of meaning: a study of the influence of languageupon thought and of the science of symbolism], trad.Álvaro Cabral. Rio, Zahar, 1972, p. 295-330.

Page 99: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 99

sob o signo do estruturalismo

MANNREIM, Karl. Ideologia e utopia [Ideology and uto-pia: an introduction to the sociology of knowledge], trad.Sérgio Santeiro (da edição inglesa, incluindo o ensaio Asociologia do conhecimento, publicado noHandworterbuch der Soziologie de A. Vierkandt). Rio,Zahar, 1976, 330 p.

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe / Escritos políticos filo-sóficos. São Paulo, Abril Cultural, 1979, 237 p. (Os pen-sadores)

MARCELLESI, Jean-Baptiste & GARDIN, Bernard. In-trodução à sociolingüística. A lingüística soc ial[Introduction á la sociolingustique], trad. Maria deLourdes Saraiva. Lisboa, Aster, 1975, 308 p.

MARSHALL, J. C. Biologia da comunicação no homem enos animais, in John Lyons, Novos horizontes em Lin-güística [New horizons in linguistics], trad. GeraldoCintra et alii. São Paulo, Cultrix, 1976, p. 219-231.

MARTINET, André. Elementos de lingüística geral [Elémentsde linguistique générale], trad. Jorge Morais-Barbosa, 5ªed., Lisboa, Sá da Costa, 1973, 224 p.

MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política.São Paulo, Flama, 1946, 168 p.

MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos e outros tex-tos escolhidos, seleção de J. Arthur Giannotti, trad. JoséC. Bruni et alii, 2ª ed.. São Paulo. Abril Cultural, 1978.410 p. (Os pensadores).

MARX, Karl. Miséria da Filosofia. Rio de Janeiro, Leitura,1965.

MARX, Karl. O capital. Livro II. Rio de Janeiro, CivilizaçãoBrasileira, 1970, 577 p.

MARX, Karl. Sociologia. São Paulo, Ática, 1979, 216 p.MARX, Karl. Teses contra Feuerbach, in –: Manuscritos eco-

nômico-filosóficos e outros textos escolhidos, seleção de J.Arthur Giannotti, trad. José C. Bruni et alii, 2ª ed.. SãoPaulo. Abril Cultural, 1978, p. 49-54 (Os pensadores).

Page 100: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia100

c i d s e i x as

MARX, Karl. Teses sobre Feuerbach, in –: Trechos escolhidossobre filosofia, seleção de P. Nizan, trad. Inácio Rangel.Rio, Calvino, 1946, p. 60-63.

MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. (1845a) A ideologiaalemã I [Die Deutsche Ideologie], trad. Conceição Jar-dim & Eduardo Nogueira. Lisboa. Presença, s. d., 316 p.(Síntese 16).

MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. (1845b) A ideologiaalemã II [Die Deutsche Ideologie], trad. Conceição Jar-dim & Eduardo Nogueira. Lisboa, Presença, s. d., 464 p.(Síntese 21).

MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Manifesto do PartidoComunista [Communist Manifesto. Sccialist Landmark],trad. Regina Moraes (da edição feita pelo Partido Traba-lhista Britânico), in Harold Laski, O manifesto comunis-ta de Marx e Engels, 2ª ed., Rio, Zahar, 1978, p. 93-124.

MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Sobre a literatura e aarte, textos escolhidos, trad. Albano Lima. Lisboa, Es-tampa, 1971, 296 p. (Teoria 7).

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe / Escritos políticos; trad.Lívio Xavier. São Paulo, Abril Cultural, 1979, 237 p.

MAUSS, Marcel. A alma, o nome e a pessoa, in RobertoCardoso de Oliveira (org.), Mauss: antropologia, trad.Regina Morel. São Paulo, Ática, 1979, p. 177-180 (Gran-des cientistas sociais, 11).

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como ex-tensões do homem [Understanding media: the extensionsof man], trad. Décio Pignatari, 4ª ed., São Paulo, Cultrix,1974, 408 p.

MCLUHAN, Marshall & PARKER, Harley: O espaço napoesia e na pintura através do ponto de fuga [Throughtthe vanishing point]; trad. Edson Bini et alii. São Paulo,Hemus, 1975.

MEIRELES, José António & RAPOSO, Eduardo Paiva. In-trodução a alguns conceitos da gramática generativa e

Page 101: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 101

sob o signo do estruturalismo

transformacional, in Chomsky, Aspectos da teoria da sin-taxe [Aspects of the theory of syntax], trad., introd., no-tas e apêndices de José A. Meireles & Eduardo P. Rapo-so. Coimbra, Aménio Amado, 1975, p. 9-77.

MERQUIOR, José Guilherme. O estruturalismo dos po-bres, in O estruturalismo dos pobres e outras questões. Rio,Tempo Brasileiro, 1975, p. 7-14 (Diagrama 2).

MERQUIOR, José Guilherme. O idealismo do significante:a Gramatologia de Jacques Derrida, in —: O estrutura-lismo dos pobres e outras questões. Rio, Tempo Brasileiro,1975, p. 60-77 (Diagrama 2).

MERQUIOR, José Guilherme. Sobre alguns problemas dacrítica estrutural, in —: A astúcia da mímese. Ensaios so-bre lírica. Rio, José Qlympio, 1972, p. 211-219.

MERQUIOR, José Guilherme. Saudades do carnaval. In-trodução á crise da cultura. Rio, Forense, 1972, 283 p.

MERQUIOR, José Guilherme. Raízes ideológicas do pes-simismo frankfurtiano, in —: Arte e sociedade em Marcuse,Adorno e Benjamin. Rio, Tempo Brasileiro, 1979, p. 149-158 (Tempo universitário, 15).

MERQUIOR, José Guilherme. Razão do poema: ensaios decrítica literária e estética. Rio, Civilização Brasileira, 1965,180 p.

MIAZZI, Maria Luíza Fernandez. Introdução à lingüísticaromânica. Histórico e métodos. São Paulo, Cultrix, 1972,124 p.

MORA, José Ferrater. Ideologia, in —: Diccionário defilosofía. Buenos Aires, Sudamericana, 1975, p. 906-907.

MOTA, Octanry Silveira da & HEGENBERG, Leonidas.Peirce e Pragmatismo, in Peirce, Semiótica e filosofia[Collected papers of Charles Sanders Peirce], seleção etrad. O. S. Mota & L. Hegenberg. São Paulo, Cultrix,1972, p. 17-22.

NARO, Anthony Julius. Estudos diacrônicos; trad. LaisCampos & Kátia Santos. Petrópolis, Vozes, 1973, 168 p.

Page 102: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia102

c i d s e i x as

OGDENDEN, C. K. & RICHARDS, I. A. (1923). O sig-nificado de significado: um estudo da influência da lingua-gem sobre o pensamento e sobre a ciência do simbolismo[The meaning of meaning: a study of the influence oflanguage upon thought and of the science of symbolism],trad. Álvaro Cabral. Rio, Zahar, 1972, 350 p.

OLIVEIRA NETTO, Luís Camilo de. História, cultura &liberdade. Páginas recolhidas. Prefácio de Francisco de As-sis Barbosa, introdução de Carlos Drummond deAndrade, Barreto Filho & João Camilo de Oliveira Tor-res. Rio, José Olympio, 1975. 256 p.

OUVEIRA, Roberto Cardoso. Identidade, etnia e estruturasocial. São Paulo, Pioneira, 1976, 120 p.

PEIRCE, Charles Sanders (1935). Semiótica e filosofia[Collected papers of Charles Sanders Peirce]; introd.,seleção e trad. de Octanny Silveira da Mota & LeonidasHegenberg. São Paulo, Cultrix, 1972, 164 p.

PERINI, Mário Alberto. A gramática gerativa. Introduçãoao estudo da sintaxe portuguesa. Belo Horizonte, Vigília,1976, 254 p.

PERRONE-MOISÉS, Leila. Crítica e ideologia, in –: Texto,crítica, escritura. São Paulo, Ática, 1978, p. 22-28.

PESSOA, Fernando. Obra poética, org., introd. e notas deMaria Aliete Galhoz. Rio, Aguilar, 1972, 788 p.

PESSOA, Fernando. Obras em prosa, org. introd. e notas deCleonice Berardinelli. Rio, Nova Aguilar, 1976, 734 p.

PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem. comunicação.6ª ed., São Paulo, Perspectiva, 1973, 148 p. il.

PIMENTEL, Osmar. Língua, literatura e trópico, in Gilber-to Freire, org., Trópico & ... Trabalhos apresentados e de-bates travados no Seminário de Tropicologia da Univer-sidade Federal de Pernambuco, no decorrer do ano de1968, sob a direção de Gilberto Freire. Recife, Universi-tária/Universidade Federal de Pernambuco, 1974, p. 37-113.

Page 103: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 103

sob o signo do estruturalismo

PLATÃO (399 a. C.). Apologia de Sócrates, trad. Mª Lacerdade Moura, introd. Alceu Amoroso Lima. Rio, Tecnoprint,1970 (Clássicos de Ouro).

PLATÃO (380 a. C.). A república, trad. Leonel Vellandro.Globo, Porto Alegre, 1964, 318 p. il. (Biblioteca dos sé-culos, 56).

PLATÃO (370 a. C.). Crátilo, o de la exactitud de laspalabras. Obras completas, trad. do grego, preâmbulos enotas por Maria Araújo et alii. Madrid, Aguilar, 1966, p.503-560.

PORTELLA, Eduardo. A ideologia esquiva no dinamismodo entre-texto, in —: Fundamento da investigação literá-ria. Rio, Tempo Brasileiro, 1974, p. 115-135 (Tempo uni-versitário, 33).

PORTELLA, Eduardo. Teoria da comunicação literária. 2ªed., Rio, Tempo Brasileiro, 1973, 176 p.

PRÉ-SOCRÁTICOS (Tales de Mileto, Anaximandro,Anaxímenes, Protágoras, Xenófanes, Heráclito,Parmênides, Zenão, Melisso, Empédocles, Filolau,Arquitas, Anaxágoras, Leucipo, Demócrito). Fragmen-tos, Doxografia e comentários. São Paulo, Abril Cultural,1978, 365 p. (Os pensadores).

PRETI, Dino. Sociolingüística: os níveis da fala. Um estudosociolingüístico do diálogo na literatura brasileira. 3ª ed.,São Paulo, Nacional, 1977, 192 p.

PROUDHON, Pierre-Joseph. Correspondence, vol. I, Pa-ris, Librarie Internationale, 1875.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Classes sociais no Bra-sil: 1950-1960. Ciência e Cultura. São Paulo, SociedadeBrasileira para o Progresso da Ciência, v. 27, n. 7, 1975,p. 735-756.

REICH, Wilhelm. Materialismo dialético e psicanálise[Verlag für Sexual Politik], trad. Joaquim José Ramos.Lisboa, Presença, 1977, 172 p. (Biblioteca de ciênciashumanas, 2).

Page 104: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia104

c i d s e i x as

RIBEIRO, Darcy. Os índios e a civilização: a integração daspopulações indígenas no Brasil moderno. Rio, CivilizaçãoBrasileira, 1970, 496 p.

RIBEIRO, João. O folclore. Rio, Organização Simões, Cam-panha de Defesa do Folclore Brasileiro, MEC, 1969.

RODRIGUES, Ada Natal. O dialeto caipira na região dePiracicaba. São Paulo, Ática, 1974, 324 p. (Ensaios, 5).

RONA, José Pedro. La concepción estructural de lasociolingüística, in Paul Garvin & Yolanda Lastra Suárez,Antología de estudios de etnolingüística y sociolingüística.México, Universidad Nacional Autónoma, Instituto deInvestigaciones Antropológicas, 1974, p. 203-2l6.

ROSA, João Guimarães. Literatura deve ser vida. Um diálo-go de Gunter Lorens com João Guimarães Rosa. Expo-sição do Novo Livro Alemão no Brasil. Frankfurt am Main,1971, p. 267-312.

ROSA, João Guimarães. Uns índios (sua fala), in –: Ave,palavra. Rio, José Olympio, 1970, p. 88-90.

ROSSI, Nelson. Prefácio, in Ada Natal Rodrigues, O diale-to carpira na região de Piracicaba. São Paulo, Ática, 1974,p. ll-15 (Ensaios, 5).

ROUSSEAU, Jean-Jacques (1762). Do contrato social; ouprincípios do direito político [Du contrat social ouprincipes du droit politique], trad. Lourdes Machado.Rousseau, Obras políticas. Porto Alegre, Globo, 1962, v.II, p. 1-165.

ROUSSEAU, Jean-Jacques (1759). Ensaio sobre a origemdas línguas; onde se fala da melodia e da interpretaçãomusical [Essai sur l’origine des langues oú il est parlé dela mélodie et de l’imitation musicale], trad. LourdesMachado. Rousseau, Obras políticas. Porto Alegre, Glo-bo, 1962, v. II. p. 417-479.

RUSSELL, Bertrand. A filosofia antiga. História da filosofiaocidental [History of the Western Philosophy], trad.Brenno Silveira. São Paulo, Nacional, Vol. I, 1977a.

Page 105: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 105

sob o signo do estruturalismo

RUSSELL, Bertrand. A filosofia católica. História da filosofiaocidental [History of the Western philosophy], trad.Brenno Silveira. São Paulo, Nacional, Vol. II, 1977b.

RUSSELL, Bertrand. A filosofia moderna. História da filoso-fia ocidental [History of the Western philosophy], trad.Brenno Silveira. São Paulo, Nacional, Vol. III, 1977c.

RUSSELL, Bertrand. Nosso conhecimento do mundo exteri-or: estabelecimento de um campo para estudos sobre o mé-todo científico em filosofia [Our knowledge of the externalworld: as a field for scientific method in philosophy],trad. R. Haddock Lobo. São Paulo, Nacional, 1966.

SANTOS, Theobaldo Miranda. Manual de filosofia. 13ª ed.,São Paulo, Nacional, 1964, 524 p.

SAPIR, Edward. A linguagem: introdução ao estudo da fala[Language: an introduction to the study of speech], trad.Mattoso Câmara Jr. Rio, Instituto Nacional do Livro,1954, 232 p.

SAUSSURE, Ferdinand de (1916). Curso de lingüística geral[Cours de linguistique generale]; trad. Antonio Cheliniet alii. 4ª ed. São Paulo, Cultrix, 1972, 280 p.

SCHAFF, Adam. A definição funcional de ideologia e o pro-blema do ‘fim do século da ideologia’. Documentos, SãoPaulo, n. 2, 1968, p. 7-23.

SCHAFF, Adam. A gramática generativa e a concepção dasidéias inatas, in Schaff et alii, Lingüística, sociedade e po-lítica, org. e trad. Ana Maria Brito & Gabriela Matos.Lisboa, Edições 70, 1975, p. 9-43 (Signos, 70).

SCHAFF, Adam (1971). História e verdade [Histoire etverité], trad. Maria Paula Duarte. São Paulo, Martins Fon-tes, 1978, 317 p.

SCHAFF, Adam. La objetividad del conocimiento a la luzde la sociología del conocimiento y del análisis dellenguaje, in Eliséo Veròn (Seleção dirigida por), El procesoideológico, 3ª ed., Buenos Aires, Tiempo Contemporâ-neo, 1976, p. 47-79.

Page 106: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia106

c i d s e i x as

SCHAFF, Adam (1964). Linguagem e conhecimento [Jezyka poznanie], trad. Manuel Reis (com base no texto fran-cês estabelecido por Claire Brendel). Coimbra,Almedina, 1974, 304 p.

SEIXAS, Cid (1978). A linguagem dos sentidos na poéticamusical de Strawinsky. Ciências Humanas. Revista daUniversidade Gama Filho, Vol. II, nº 5, Rio de Janeiro,1978, p. 26-31.

SEIXAS, Cid (1978b). A falência do estruturalismo ou aremissão dos pecados do objeto. Minas Gerais SuplementoLiterário. Belo Horizonte, n. 612, 1978, p. 6-7. (Republi-cação: Veritas. Revista da Puc do Rio Grande do Sul. Por-to Alegre, Vol. XXV, n. 98, jun. 1980, p. 194-200.)

SEIXAS, Cid (1979). A ideologia da linguagem como cria-ção literária. Encontros com a Civilização Brasileira. Rio,Civilização Brasileira, n. 9, 1979, p. 153-160.

SEIXAS, Cid (1978c). A ideologia do signo da ficção deHerculano. Pressupostos teóricos de um projeto de pes-quisa. In VI ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES UNI-VERSITÁRIOS BRASILEIROS DE LITERATURA PORTUGUESA.Assis, UNESP, ago. 1978. Comunicação. 10 p. (Publicadanos anais do encontro: Conferências e comunicações. As-sis, UNESP, 1980, p. 261-265.)

SEIXAS, Cid (1978d). A linguagem dos sentidos na poéticamusical de Strawinsky. Ciências Humanas. Rio, Univer-sidade Gama Filho, Vol. II, nº 5, 1978, p. 26-31.

SEIXAS, Cid (1979b). A standardização da fala no teatro comoreflexo da ideologia dominante: o problema no Nordeste.Comunicação ao SEMINÁRIO DE DRAMATURGIA DO NOR-DESTE. Salvador, Teatro Castro Alves, 1979, 8 p.

SEIXAS, Cid (1977). A subjetividade como elementoformativo. da linguagem poética. Minas Gerais Suplemen-to Literário. Belo Horizonte, n. 582, 1977, p. 6-7.

SEIXAS, Cid (1974). Jenner e a linguagem universal da pin-tura. A Tarde. Salvador, 6 jun. 1974, p. 4.

Page 107: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 107

sob o signo do estruturalismo

SEIXAS, Cid (1978e). Manifesto á aldeia marginal, in: Osigno selvagem. Salvador, Margem, 1978. (2ª ed., in: Fon-te das pedras, Rio, Civilização Brasileira, 1979, p. 133-137.

SEIXAS, Cid (1981). O espelho de Narciso. Livro I: Lingua-gem, Cultura e ideologia no idealismo e no marxismo.Apreserntação de Antonio Houaiss. Rio de Janeiro, Ci-vilização Brasileira / Brasília, Instituto Nacional do Li-vro, 1981.

SEIXAS, Cid (1983). O lugar da linguagem na teoriafreudiana. Salvador, Casa de Palavras, Fundação Casa deJorge Amado, 1997.

SEIXAS, Cid (1977b). O significando: superação da dicotomiado signo lingüístico na semiótica poética. Comunicação aoXV CONGRESSO INTERNACIONAL DE LINGÜÍSTICA E

FILOLOGIA ROMÂNICAS. Rio, Universidade Federal do Riode Janeiro, 1977, 15 p.

SEIXAS, Cid (1974). Poética, uma subversão lingüística, se-gundo Jakobson. Jornal de Cultura, n. 11. Salvador, Diá-rio de Notícias, 7 abr. 74, p. 5.

SILVA, Myrian Barbosa da & SILVA, Rosa Virgínia Mattose. Um traço do português kamaiurá: um momento no pro-cesso de aquisição do português. Comunicação à X REU-NIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA. Salvador, Universi-dade Federal da Bahia, 1975, 12 p.

SODRÉ, Nelson Werneck. Síntese de história da cultura bra-sileira. 2ª ed. Rio, Civilização Brasileira, 1972. 196 p.

TODOROV, Tzvetan. Estruturalismo e poética [Qu’est-ceque le struturalisme? – Poétique], trad. José Paulo Paes& Frederico Pessoa de Barros, 4ª ed. rev. e ampliada. SãoPaulo, Cultrix, 1976, 132 p.

TOMÁS DE AQUINO, Santo (1265). Compêndio de teo-logia (Capítulos I a XXXVI e LXXVI a C)

Page 108: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia108

c i d s e i x as

[Compendium theologiae]; trad. Luís J. Baraúna, in To-más de Aquino et alii: Seleção de textos. 2ª ed., São Paulo,Abril Cultural, 1979, p. 69-101 (Os Pensadores).

TOMÁS DE AQUINO, Santo (1273). Textos da sumateológica [Summa theologica]; trad. Alexandre Cor-reia, in Tomás de Aquino et alii: Seleção de textos. 2ªed., São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 103-146 (OsPensadores).

TOMÁS DE AQUINO, Santo (1273). Dos nomes divinos(Questão XIII da Suma Teológica) [Summa Theologica],trad. Alexandre Correia, in Tomás de Aquino et alii: Se-leção de textos. 2ª ed., São Paulo, Abril Cultural, 1979, p.105-123.

TRINDADE, Liana S. Analogia entre linguagem e socieda-de: sobre a origem e desenvolvimento da linguagem, in—: As raízes ideológicas das teorias sociais. São Paulo. Ática,1978, p. 106-109 (Ensaios, 40).

TROTSKY, Leon. A escola poética formalista e o marxis-mo, in Eikenbaum et alii, Teoria da literatura. Formalistasrussos. Org. Dionísio de O. Toledo, trad. Ana MarizaRibeiro et alii. Porto Alegre, Globo, 1971, p. 71-85.

TYNIANOV, Juri & JAKOBSON, Roman. Os problemasdos estudos literários e lingüísticos, in Eikenbaum et alii,Teoria da literatura. Formalistas russos. Org. Dionísio deO. Toledo, trad. Ana Mariza Ribeiro et alii. Porto Ale-gre, Globo, 1971, p. 95-97.

VANDERSEN, Paulino. Tarefas da sociolingüística no Bra-sil. Revista de cultura vozes. Panorama da sociolingüística.Petrópolis, Vozes, n. 8, 1973, p. 5-11.

VELHO, Gilberto & CASTRO, E. B. Viveiros de. O con-ceito de cultura e o estudo de sociedades complexas: umaperspectiva antropológica. Artefato. Rio, Conselho Es-tadual de Cultura, n. 1, 1978, p. 4-9.

VERÒN, Eliséo (Sel. Org.), El proceso ideológico, 3ª ed.,Buenos Aires, Tiempo Contemporâneo, 1976.

Page 109: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br 109

sob o signo do estruturalismo

VICO, Giambatista (1725). Princípios de uma ciência nova[Principi di azienza nuova]; trad. Antonio Prado. SãoPaulo, Abril Cultural, 1979, 186 p. (Os Pensadores).

VILLAS BOAS, Orlando & VILLAS BOAS, Cláudio.Xingu: os índios, seus mitos. 3ª ed., Rio, Zahar, 1974.

VOGT, Carlos. Linguagem e poder. Campinas, ediçãopolicopiada, 1977. 19 p.

WARTBURG, Walther von & ULLMANN, Stephen. Pro-blemas e métodos da lingüística [Problémes et méthodesde la linguistique], trad. Maria Elisa Mascarenhas. SãoPaulo, Difel, 1975, 230 p.

WHITNEY, William Dwight (1867). Language and the Studyof Language. Cambridge, Massachusetts, The MIT Press,1971. (Whitney on Language: selected writings ofWilliam Dwight Whitney, ed. Michael Silverstein)

WITTGENSTEIN, Ludwig (1918): Investigações filosóficas[Philosophische Untersuchungen), trad. José CarlosBroni. 2ª ed., São Paulo, Abril Cultural, 1979, 228 p. (OsPensadores).

WITTGENSTEIN, Ludwig (1945). Tractatus logico-philosophicus. Trad. José Arthur Giannotti. São Paulo,Nacional. 1968, 152 p.

WORF, Benjamin Lee. Language, thought and reality; selectedwritings. Cambridge, Press of Massachusetts Instituteof Technology, 1956, 306 p.

Page 110: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

e-book.br

linguagem, cultura e ideologia110

c i d s e i x as

O QUE É A e-book.br

A Editora Universitária do Livro Digital, identificadacomo e-book.br, é um projeto editorial do CEDAP, com-partilhado por instituições de ensino e pesquisa voltadaspara o trabalho de difusão do livro. Conta atualmente coma participação da UEFS, com vistas ao apoio da Bibliote-ca Nacional.

Os trabalhos publicados pela Editora Universitária doLivro Digital são de acesso gratuito aos leitores.

Propõe-se a funcionar de modo integrado, com nú-cleos independentes, ou unidades editoriais, em institui-ções de ensino e pesquisa. Na qualidade de universidade àqual está ligado o proponente da iniciativa, a UEFS sediaa e-book.br, em cujo campus funciona a Coordenação doprojeto.

Caberá a cada Unidade Editorial criar suas própriasColeções de Livros que, embora com linhas editoriais edesigns gráficos independentes, deverão utilizar a marcada Editora Universitária do Livro Digital | e-book.br.

Os livros eletrônicos da e-book.br também podemser impressos em tiragens destinadas a divulgação, leituraem bibliotecas e outras formas de distribuição.

Page 111: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

Mais conhecido pelos seus livrose artigos de e sobre Literatura, CidSeixas dedicou-se, nos anos setenta,aos estudos linguísticos como formade compreender a base ou a ossaturado texto literário. É desse período oseu estudo considerado inovador, poralguns estudiosos do porte do filólogoAntonio Houaiss.

Professor Titular aposentado daUniversidade Federal da Bahia e Pro-fessor Adjunto da Universidade Es-tadual de Feira de Santana, atuou nosprojetos de criação do Mestrado emLiteratura e Diversidade Cultural, bemcomo da UEFS Editora.

Jornalista e escritor, antes de se tor-nar professor universitário, atuou naimprensa como repórter, copy desk eeditor, trabalhando em rádio, jornale televisão. Fundou e dirigiu um dosmais qualificados suplementos literá-rios dos anos 70, o Jornal de Cultura,publicado pelo Diário de Notícias.

Page 112: DO ESTRUTURALISMOplatônico e o realismo aristotélico: de um lado, a crença nas formas apriorísticas e independen-tes; e, de outro, a visão da forma, apenas, como resultado da

www.e-book.uefs.brwww.linguagens.ufba.br

https://issuu.com/e-book.br/docs/linguagem3https://issuu.com/cidseixas/docs/linguagem3

SOB O SIGNODO ESTRUTURALISMO

e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA

DO L IVRO DIGITAL

O trabalho de pesquisa de Cid Seixas sobre a lin-guagem, empreendido no final dos anos 70 numaperspectiva da cultura e da ideologia, contrariandoos estudos imanentes do estruturalismo, antecipouimportantes questões hoje em debate. É o que teste-munha esta obra sobre o tema, com cerca de 500 pá-ginas, dividida em cinco pequenos livros.

LINGUAGEM, CULTURA E IDEOLOGIALivro III

1 | A natureza ideológica da linguagem2 | A linguagem, origem do conhecimento

3 | Sob o signo do estruturalismo4 |O contrato social da linguagem

5 |A linguagem: do idealismo ao marxismo