Do Paradigma Indiciário à Semântica Global - Roteiro Teórico-metodológico
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Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751
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DO PARADIGMA INDICIÁRIO À SEMÂNTICA GLOBAL: ROTEIRO TEÓRICO-
METODOLÓGICO PARA ANÁLISE DE DISCURSO
Débora FACIN1
Ernani Cesar de FREITAS2
RESUMO: Entre as diversas vertentes teóricas de análise do discurso, o quadro teórico-
metodológico proposto por Maingueneau (1984/2008a, 1987/1997, 2005/2008b) destaca-se
por apreender o discurso na multiplicidade de seus planos. É com base nessa concepção que
este estudo objetiva mostrar o funcionamento desses planos mediante a análise da revista
Mangueira é Nação, publicação essa elaborada por componentes que integram a escola de
samba Estação Primeira de Mangueira, divulgada em 2011. A teoria que fundamenta o
estudo concentra-se em Maingueneau (1984/2008a, 1987/1997, 2005/2008b),
especificamente na semântica global, cenografia e ethos, e em Ginzburg (1989); essa
aproximação se justifica pelo fato de que a proposta de Maingueneau assemelha-se ao
paradigma indiciário, uma vez que o autor critica a eficácia de reflexões generalizantes e
apoiadas em quantificações. Para ele, assim como o saber indiciário, o analista precisa
observar os sinais, as pistas que consolidam determinado discurso. Os procedimentos
metodológicos consistem, a partir de técnicas qualitativas, em especial do paradigma
indiciário (GINZBURG, 1989), na análise das marcas linguístico-discursivas que integram o
modelo semântico, proposto por Maingueneau, presentes no corpus. A pesquisa evidenciou
que as noções de cenografia e ethos que se depreendem do modelo semântico revelam-se
produtivas por não se reduzirem ao plano textual; são conceitos que estão relacionados à
pratica discursiva. É a cenografia, pois, que possibilita o diálogo entre os planos da
semântica global e, consequentemente, a imagem de si no discurso.
PALAVRAS-CHAVE: Paradigma indiciário; Semântica global; Cenografia; Ethos.
ABSTRACT: Between the various theoretical strands of discourse analysis, the theoretical-
methodological framework proposed by Maingueneau (1984/2008a, 1987/1997, 2005/2008b)
stands out for apprehending the discourse on the multitude of his plans. It is based on this
concept that this study aims to show the operation of these plans by analyzing the magazine
Mangueira é Nação, a publication produced by the components that make up the samba
school Mangueira, released in 2011. The theory behind the study focuses on Maingueneau
(1984/2008a, 1987/1997, 2005/2008b), specifically in the global semantics, set design and
ethos, and Ginzburg (1989), this approach is justified by the fact that the proposed
Maingueneau resembles to the indicative paradigm, as the author critical to the effectiveness
and supported by generalizing reflection measurements. For him, as well as evidentiary
knowledge, the analyst must look for signs, clues that consolidate certain discourse. The
1 Mestranda em Letras pela Universidade de Passo Fundo (UPF); Especialista em Linguística e Ensino pela
Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó) e em Produção e Revisão de Textos pela mesma
universidade; Graduada em Letras pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) Campus de Joaçaba;
bolsista da Capes; [email protected] 2 Doutor em Letras pela PUCRS, com pós-doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (PUC-
SP/LAEL); pesquisador nas áreas Linguagem e Trabalho, Semântica Argumentativa, Semiolinguística; professor
do Mestrado em Letras da Universidade de Passo Fundo; professor do Mestrado em Processos e Manifestações
Culturais da Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS; [email protected]
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methodological procedure consisting, from the qualitative techniques, in particular indicative
paradigm (GINZBURG, 1989), the analysis of linguistic-discursive marks that comprise the
semantic model proposed by Maingueneau present in the corpus. The research showed that
the notions of set design and ethos that is inferred from the semantic model prove to be
productive because they do not reduce the plan text, are concepts that are related to
discursive practice. It is the scenery, because it enables the dialogue between the planes of
global semantics and hence the image of themselves in speech.
KEYWORDS: Paradigm evidentiary; Global semantics; Scenery; Ethos.
1 Introdução
Entre as vertentes teóricas que abordam a análise do discurso, inscreve-se o quadro
teórico proposto por Dominique Maingueneau (1984/2008a, 1987/1997, 2005/2008b). Na sua
obra Gênese dos discursos (1984/2008a), o autor propõe um conjunto de teses acerca da
concepção de discurso. Ainda que ele dedique suas análises a discursos religiosos – humanista
devoto e jansenista –, os conceitos apresentados permitem ao analista olhar para corpora de
outras naturezas que não apenas o religioso. Para este trabalho, destacamos a concepção de
discurso pela semântica global, noção esta que consiste em apreender o discurso na
multiplicidade de seus planos.
O objetivo deste artigo é mostrar o funcionamento desses planos mediante a análise da
revista Mangueira é Nação, publicação essa elaborada por componentes que integram a
escola de samba Estação Primeira de Mangueira, divulgada em 2011. A escolha do corpus,
por mais estranha que possa parecer, justifica-se pelo fato do nosso interesse em trabalhar
com o discurso carnavalesco3 e, dessa forma, analisar o ethos discursivo que se depreende de
rastros inscritos em um meio carnavalizado. A teoria que fundamenta o estudo concentra-se
em Maingueneau (1984/2008a, 1987/1997, 2005/2008b), especificamente na semântica
global, cenografia e ethos, e em Ginzburg (1989); essa aproximação se justifica pelo fato de
que a proposta de Maingueneau assemelha-se ao paradigma indiciário, uma vez que o autor
critica a eficácia de reflexões generalizantes e apoiadas em quantificações. Para ele, assim
como o saber indiciário, o analista precisa observar os sinais, as pistas que consolidam
determinado discurso. Os procedimentos metodológicos consistem, a partir de técnicas
qualitativas, em especial do paradigma indiciário (GINZBURG, 1989), na análise das marcas
linguístico-discursivas que integram o modelo semântico, proposto por Maingueneau,
presentes no corpus.
Para melhor organizarmos a pesquisa, o texto está assim disposto: primeiramente,
trazemos uma prévia sobre o paradigma indiciário, de Ginzburg (1989), e esclarecemos sua
relevância para o estudo da semântica global. Na sequência, dedicamos um espaço aos
conceitos de semântica global e seu desdobramento para cenografia e ethos discursivo. A
quarta seção é dedicada aos procedimentos metodológicos e análise do corpus. Por fim, as
considerações finais abordam algumas conclusões e sugestões de pesquisa.
3 A dissertação de Mestrado – em andamento – de Débora Facin, sob orientação do professor Dr. Ernani Cesar
de Freitas, aborda a cenografia e o ethos que se depreendem de sambas-enredo. A autora trata esse gênero como
discurso carnavalizado; para isso, fundamenta o carnavalesco de acordo com a teoria de Bakhtin em atenção a
Dostoiévski e Rabelais. Para este trabalho, não temos a intenção de estender essa discussão. Fizemos referência
apenas para situar a escolha do corpus que, embora não seja especificamente sambas-enredo, os recortes da
revista Mangueira é Nação inscrevem-se no universo do discurso carnavalesco.
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2 Paradigma indiciário: sinais para decifrar a realidade
Esta seção é dedicada à abordagem do paradigma indiciário como sugestão às
pesquisas qualitativas. Instiga-nos a reservar um espaço a respeito desse saber pelo fato de
que o modelo epistemológico, elaborado por Ginzburg (1989), atém-se a pistas microscópicas
que permitem decifrar a realidade investigada. Diferentemente de propostas que se apoiam na
quantificação de dados, o paradigma indiciário corresponde à apreciação dos detalhes, daquilo
que está próximo, mas, no entanto, é deixado de lado em prol da observação genérica. Trata-
se, também nesse caso, de partir do particular para só depois chegar a possíveis
generalizações.
O modelo epistemológico, segundo Ginzburg (1989), emergiu no contexto das
ciências humanas, no final do século XIX, e compreende “[...] um modelo epistemológico
comum, articulado em disciplinas diferentes, muitas vezes ligadas entre si pelo empréstimo de
métodos ou termos-chave” (GINZBURG, 1989, p. 170). Assim, quanto mais atento estiver o
investigador a sinais deixados pelo seu objeto, maior será a possibilidade de elucidações
acerca da problemática de estudo.
O paradigma indiciário é importante não apenas por relevar dados pouco observados,
mas sim por olhar nesses dados “sinais de grande descoberta” (SILVA, 2006, p. 43). O
trabalho de quem analisa indícios é encontrar, por meio da observação atenta de pequenos
detalhes, sinais das consequências menos visíveis de um determinado “acontecimento”.
Segundo Ginzburg (1989, p. 145), “o conhecedor de arte é comparável ao detetive que
descobre o autor do crime (do quadro) baseado em indícios imperceptíveis para a maioria”. O
autor metaforiza o saber indiciário aos fios de um tapete; este corresponde ao paradigma
[...] que chamamos a cada vez, conforme os contextos, de venatório, indiciário ou semiótico. Trata-se, como é claro, de adjetivos não-sinônimos,
que no entanto remetem a um modelo epistemológico comum, articulado em
disciplinas diferentes, muitas vezes ligadas entre si pelo empréstimo de
métodos ou termos-chave. (GINZBURG, 1989, p. 170).
O autor adverte que o pensamento sistemático enfraquece quando do encontro com o
pensamento aforismático – de Nietzsche a Adorno. Isso porque a noção de aforismo denuncia
sintomas de determinada época, ou seja, se o sintoma existe, algo está mudando e carece de
observação.
Interessa, com esta pesquisa, não observar o geral, mas sim atentar a pormenores para,
posteriormente, analisarmos a cenografia e o ethos discursivo. Os detalhes, para nós, dizem
respeito aos planos que integram a semântica global (MAINGUENEAU, 1984/2008a), pois o
autor encontra uma série de pistas que o levam a construir um modelo semântico do discurso.
O diálogo entre o paradigma indiciário (GINZBURG, 1984) e a semântica global
(MAINGUENEAU 1984/2008a) mostra-se pertinente e válido, pois o autor, a partir do
momento em que propõe uma semântica global que integra todos os planos do discurso, prima
não pela noção geral do discurso, mas sim pelas pistas, os indícios que o discurso nos revela.
Gênese dos discursos é um exemplo de pesquisa que se constrói a partir de indícios, de sinais.
É o resultado de hipóteses que, depois de comprovadas com estudos de corpora, mais
precisamente, dos discursos religiosos humanista devoto e jansenista, resultaram na
construção de modelos semânticos os quais podem ser utilizados para atenção a corpora de
outras naturezas; no caso desta pesquisa, o discurso carnavalesco.
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3 Semântica global: indícios para a construção de um modelo semântico
Contemplar uma pesquisa voltada à semântica global significa privilegiar o discurso a
partir da multiplicidade de seus planos. Em Gênese dos discursos, Maingueneau (2008a) insiste
na concepção de linguagem como um constructo de várias dimensões. Isso significa que a
linguagem não se reduz a um produto inerte, mas sim representa o “conjunto de planos de uma
língua” (MAINGUENEAU, 2008a, p. 76). Desse modo, o linguista aplicado trabalha com o
discurso; este, por sua vez, é delineado por uma semântica global na qual o enunciador pode
escolher determinado plano e refutar outros, ou seja:
A própria lista desses planos considerados não é objeto de uma elaboração teórica suficiente para pretender definir um modelo de textualidade. Sua
única finalidade é ilustrar a variedade das dimensões abarcadas pela
perspectiva de uma semântica global, e nada impede de isolar outras ou de
repartir diferentemente as divisões propostas (MAINGUENEAU, 2008a, p. 77).
O primeiro plano da semântica global compreende o que Maingueneau (2008a) chama
de intertextualidade. O autor faz uma distinção entre intertexto e intertextualidade. Esta
constitui os “tipos de relações intertextuais que a competência discursiva define como
legítimas” (MAINGUENEAU, 2008a, p. 77). Já o intertexto são citações presentes no
discurso. É a intertextualidade que demarca a competência discursiva de certo campo
(SOUZA-E-SILVA; ROCHA, 2009).
Outro plano da semântica global diz respeito ao vocabulário. Segundo Maingueneau
(2008a), o discurso não comporta um conjunto lexical específico, as palavras assumem
valores distintos de acordo com cada discurso. As palavras, portanto, assumem o estatuto de
sociabilidade em determinado discurso; uma vez que os enunciadores escolhem o léxico e
com isso demarcam sua posição discursiva, o vocabulário também é permeado de coerções.
Como terceiro plano, o tema, na semântica global, é “aquilo de que um discurso trata
em qualquer nível que seja” (MAINGUENEAU, 2008a, p. 81). Em relação a esse plano, o
importante não é hierarquizar os temas, e sim o tratamento semântico destes no discurso.
A teoria de Maingueneau (2008a) admite o estatuto de enunciador e do destinatário
como plano da semântica global. Isso porque “cada discurso define o estatuto que o
enunciador deve se atribuir e o que deve atribuir a seu destinatário para legitimar seu dizer”
(MAINGUENEAU, 2008a, p. 87, grifo do autor). Sob um viés pragmático, Maingueneau
(2008a) esboça uma trajetória metodológica para reservar um lugar determinante para o
enunciador e para o destinatário (AMOSSY, 2008). Nesse momento, o enunciador projeta
uma imagem de si no discurso a partir da qual legitima seu discurso.
É importante lembrar que cada discurso dispõe de uma série de marcas as quais o
situam no espaço e no tempo; é a dêixis enunciativa, plano este que faz parte da semântica
global. Não se trata aqui, pois, de marcas empíricas, ou seja, data e local em que os textos
foram produzidos. A dêixis “define de fato uma instância de enunciação legítima, delimita a
cena e a cronologia que o discurso constrói para autorizar sua própria enunciação”
(MAINGUENEAU, 2008a, p. 89, grifo do autor). Isso consiste em estabelecer uma cena e
uma cronologia consoantes às coerções de determinada formação discursiva.
O modo de enunciação também se inscreve nesse quadro. O sentido, no plano da
semântica global, implica uma maneira de dizer e de ser. Nessa perspectiva, o modo de
enunciação é imprescindível à eficácia do discurso e às relações comunicativas entre seres
humanos por meio da linguagem.
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Por fim, o modo de coesão corresponde à interdiscursividade que é próprio de cada
formação discursiva. Dessa forma, “cada formação discursiva tem uma maneira que lhe é
própria de construir seus parágrafos, seus capítulos, de argumentar, de passar de um tema a
outro. Todas essas junturas de unidades pequenas ou grandes não poderiam escapar à carga da
semântica global” (MAINGUENEAU, 2008a, p. 96).
Percebemos que a semântica global não se propõe a estudar o discurso de modo
fragmentado, ou seja, privilegiando um plano e excluindo outro. Tal proposta epistemológica
envolve a unicidade de todos os planos como imprescindíveis à construção da cena
enunciativa a partir da qual o discurso é legitimado.
3.1 Cenografia e ethos discursivo: categorias para análise do discurso
A noção de cenografia pode ser metaforizada pelo prisma do teatro. Falar em
enunciação, segundo a epistemologia de Dominique Maingueneau, consiste em
contemplarmos pressupostos teóricos pragmáticos, uma vez que não podemos separar ato de
fala da instituição na qual acontece a enunciação.
Conforme Maingueneau (2004, p. 85), “um texto não é um conjunto de signos inertes,
mas o rastro deixado por um discurso em que a fala é encenada.” A cena de enunciação
compreende três cenas, quais sejam: a englobante, a genérica e a cenografia. “Juntas, elas
compõem um ‘quadro’ dinâmico que torna possível a enunciação de um determinado
discurso” (FREITAS, 2010, p. 179). A cena englobante refere-se ao tipo de discurso, o qual
pode ser político, religioso, administrativo, etc.; os locutores, por sua vez, “só interagem nas
cenas englobantes através de gêneros de discurso específicos, de sistema de normas: pode-se
então falar de ‘cena genérica’” (MAINGUENEAU, 2010, p. 206, grifo do autor). A
cenografia é construída pelo próprio texto e não diz respeito a um espaço físico, como se o
enunciador pertencesse a um ambiente “emoldurado”, mas sim a um espaço que é validado
por meio da própria enunciação.
[...] a cenografia não é simplesmente um quadro, um cenário, como se o discurso aparecesse inesperadamente no interior de um espaço já construído
e independente dele: é a enunciação que, ao se desenvolver, esforça-se para
constituir o seu próprio dispositivo de fala (MAINGUENEAU, 2004, p. 87).
A cenografia implica um processo de enlaçamento paradoxal entre as cenas, ou seja, a
fala supõe uma situação de enunciação que é validada à medida que a própria enunciação se
consolida (MAINGUENEAU, 2004). Obviamente, o gênero discursivo tem forte ligação com
a cenografia, uma vez que a enunciação se constrói de acordo com um gênero. No entanto, a
escolha do gênero discursivo pode nos antecipar qual cenografia será mobilizada. Quando
tratamos de relatórios científicos, receitas médicas, por exemplo, prevemos cenas enunciativas
estabilizadas, pois obedecem a certas prescrições impostas por um gênero de certo modo
“engessado”. Por outro lado, os gêneros maleáveis exigem a escolha de uma cenografia.
Acrescente-se à cena a noção de “-grafia, da ‘inscrição’: para além da oposição empírica entre
o oral e o escrito, uma enunciação se caracteriza, de fato, por sua maneira específica de
inscrever-se, de legitimar-se, prescrevendo-se um modo de existência no interdiscurso”
(MAINGUENEAU, 2008b, p. 76-77).
Além do estatuto de enunciador e coenunciador, dêixis, o discurso é circunscrito por
uma voz, a qual é revestida por um corpo. Tratamos particularmente do ethos discursivo. Na
análise do discurso, o ethos corresponde a uma situação diferente da ideia de persuasão, noção
essa herdada de Aristóteles; trata-se da imagem de si por meio do discurso. O objetivo aqui não é
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refletir o ethos como forma de convencimento, mas sim como um processo de ordem mais geral
que configura o sujeito a “certa posição discursiva”. O ethos discursivo é, pois, intrínseco à cena
de enunciação.
O sentido, no plano da semântica global, implica um modo de dizer e de ser. Nesse
momento, é necessário que o coenunciador se identifique “com a movimentação de um corpo
investido de valores historicamente especificados” (MAINGUENEAU, 2008b, p. 73). O
ethos, por sua vez, projeta um fiador, uma imagem de corpo construída pelo discurso. Essa
imagem é uma entidade abstrata que se constitui de duas propriedades: caráter e
corporalidade. “O ‘caráter’ corresponde a um feixe de traços psicológicos. Quanto à
‘corporalidade’, ela é associada a uma compleição física e a uma forma de se vestir. Além
disso, o ethos implica uma forma de mover-se no espaço social, uma disciplina tácita do
corpo, apreendida por meio de um comportamento” (MAINGUENEAU, 2008c, p. 65).
Maingueneau (2005c) associa a ideia de incorporação ao coenunciador. Isso significa que
a enunciação confere um corpo ao fiador, o coenunciador corresponde e assimila esse corpo e,
com isso, essas incorporações resultam no que o autor chama de eficácia do discurso. Não
podemos abreviar ou simplesmente padronizar o ethos da mesma maneira em todos os textos. O
ethos é característico e singular a cada gênero e tipo de discurso; logo, sua constituição
compreende uma espécie de “jogo” construído pela própria enunciação.
Ethos mais cenografia constitui um processo de enlaçamento. “São os conteúdos
desenvolvidos pelo discurso que permitem especificar e validar o ethos, bem como sua
cenografia, por meio dos quais esses conteúdos surgem” (MAINGUENEAU, 2008c, p. 71).
Quando mencionamos o processo de enlaçamento e retomando a noção de cenografia
com a metáfora do cenário, fica claro que o ethos discursivo é relevado à medida que todos os
planos são avaliados em determinado discurso. Estatuto de enunciador, coenunciador, dêixis
discursiva e a própria escolha lexical são propriedades intrínsecas à construção da “imagem
de si”. O coenunciador, por exemplo, não é apenas um mero receptor de ideias, mas é
“alguém que tem acesso ao ‘dito’ através de uma ‘maneira de dizer’ que está enraizada em
uma ‘maneira de ser’, o imaginário de um vivido” (MAINGUENEAU, 1997, p. 49).
O percurso teórico definido neste espaço mostra-se relevante à medida que este artigo
constitui uma investigação de caráter enunciativo-discursivo, quer seja: a descrição e análise
do ethos discursivo. Para isso, dedicamo-nos em expor a integração dos planos do discurso
para, a seguir, apresentar o chamado “quadro cênico” da enunciação, como este é construído
e, por conseguinte, a identificação do ethos discursivo, inerente à cenografia.
4 Metodologia e análise do corpus
O corpus escolhido para este estudo constitui-se de enunciados divulgados na revista
Mangueira é Nação, publicação essa elaborada por componentes que integram a escola de
samba Estação Primeira de Mangueira, divulgada em 2011. Isso se justifica pelo nosso
interesse em analisar discursos que se inscrevem no cenário carnavalesco. Para nós, tais
enunciados apresentam uma série de marcas as quais permitem construir a cenografia e,
consequentemente, o ethos do discurso, ou seja, a imagem da escola de samba Mangueira,
divulgada na revista.
Os conceitos mobilizados para este estudo são: semântica global, cenografia e ethos
discursivo. Uma vez que esta pesquisa se caracteriza como descritivo-qualitativa, adotamos o
paradigma indiciário, de Ginzburg (1989), como modelo epistemológico. A atenção às pistas,
aos detalhes permite decifrar certa realidade. No caso deste trabalho, o paradigma indiciário
constitui-se nas marcas linguístico-discursivas que se encontram na materialidade textual,
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especificamente na revista Mangueira é Nação, mediante o diálogo entre os planos
constitutivos da semântica global.
Por isso da pertinência do paradigma indiciário ao estudo da semântica global. Quando
Maingueneau (1984/2008a) investiga as unidades que configuram os discursos jansenista e
humanista devoto, ele identifica uma série de indícios que levam à construção de um modelo
semântico. Para isso, parte do princípio que é válido ao analista não estudar o discurso em si,
mas o espaço de trocas entre os discursos: o interdiscurso. Além disso, Maingueneau
(1984/2008a), em Gênese dos discursos, constrói outra hipótese a qual serve de espécie de
roteiro teórico-metodológico para análise de discurso: a semântica global, procedimento este
que não toma corpo privilegiando um ou outro plano isoladamente, mas sim a integração de
todos, seja na ordem do enunciado, seja na ordem da enunciação. Desse modo, o que
Maingueneau (1984/2008a) faz é dispor de uma série de hipóteses para analisar um discurso,
ou seja, possibilidades.
A perspectiva de Maingueneau (1984/2008a, p. 24) assemelha-se ao paradigma
indiciário, pois o autor desconfia de “qualquer epistemologia que pretendesse trabalhar a
partir de um mínimo de hipóteses pouco especificadas, a própria condição dos fenômenos
discursivos exclui qualquer projeto estreitamente empirista e acumulador de ‘dados’”. Assim,
tanto Ginzburg (1989) quanto Maingueneau (1984/2008a) filiam-se à ideia de observar
atentamente todos os detalhes, os sinais de certo fenômeno.
Realizamos a análise de três fragmentos extraídos da revista Mangueira é Nação,
apresentados na sequência:
Fragmento 1: As escolas de samba são, em sua origem, locais de produção e
manifestação de cultura – o local do encontro, da troca e da celebração da
expressão popular viva, fluente, onde a memória é construída dia a dia, a partir do viver de gente simples.
Fragmento 2: Agora o morro que ele tanto subiu é que desce para exaltar sua vida e sua obra. Cada componente da nossa escola vai viver intensamente a
sua vida, beber da sua obra e louvar a sua alma boêmia. Seremos uma só
voz, empunhando uma só bandeira!
Fragmento 3: O chamado “samba de morro” iria se organizar, dando forma
ao que viriam a ser as escolas de samba, que valorizadas por sua negritude e
singeleza, rapidamente assumiriam o papel de legítimas representantes da folia popular. É interessante notar, entretanto, que a própria existência do
“morro” tornava-se um elemento de grande valor simbólico para a formação
e afirmação das primeiras escolas.
Vários são os elementos contemplados na revista Mangueira é Nação, organizada por
componentes da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Entre eles, a história da
própria escola, destaque a Nelson Cavaquinho, Cartola, o surgimento das chamadas rodas de
samba, a saudação à velha-guarda, a peculiaridade da bateria, a simbologia do mestre-sala e
da porta-bandeira, a ala das baianas e outros. Em virtude do espaço deste trabalho, vamos nos
ater a um elemento: a “outra” imagem de morro.
Quanto ao estatuto do enunciador e coenunciador (MAINGUENEAU, 1984/2008a),
nos três fragmentos, identificamos esta imagem: a de saudosismo ao morro como espaço
primeiro do surgimento de escolas de samba, em especial, a Mangueira. Mais do que isso, a
escola de samba procura ressaltar o morro não apenas como lugar onde surgiram as primeiras
manifestações da cultura do samba, mas como o local que singulariza os indivíduos que fazem
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parte de uma escola de samba. Segundo Maingueneau (1984/2008a, p. 87), “cada discurso
define o estatuto que o enunciador deve se atribuir e o que deve atribuir a seu destinatário para
legitimar seu dizer”. Nos fragmentos 1, 2 e 3, a cenografia consolida-se por meio de termos os
quais moldam outra instância de morro e que se distancia da imagem estereotipada de
periferia. No universo do samba, o morro torna-se um símbolo de exaltação e legitimação das
escolas. É possível verificar essa realidade através do vocabulário pertencente a um mesmo
campo semântico e que nos projeta para a construção da cena englobante. Vejamos algumas
dessas marcas que caracterizam os morros: locais de produção e manifestação de cultura, o
local do encontro, da troca, da celebração da expressão popular viva, viver de gente simples,
elemento de grande valor simbólico para a formação e afirmação das primeiras escolas.
A cenografia que se depreende dessas pistas configura a imagem da origem das
escolas de samba, ou seja, estas não se encontram, assim digamos, em lugares prestigiados
socialmente e de elite, mas sim onde se encontra a cultura popular e gente simples. E a
Estação Primeira de Mangueira é exemplo disso. A forma que caracteriza as escolas de samba
hoje nada mais é do que o resultado das rodas de samba as quais aconteciam nos morros do
Rio de Janeiro.
No que diz respeito à imagem de si no discurso, percebemos indícios de um sujeito
que se marca no discurso por meio da aproximação com o “nós”. É o que perpassa no
Fragmento 2, quando se afirma: “nossa escola vai viver intensamente a sua vida, beber da
sua obra e louvar a sua alma boêmia. Seremos uma só voz, empunhando uma só bandeira!”.
Assim, esse tom, essa voz, corpo e vocalidade construídos discursivamente envolvem tanto o
enunciador quanto o coenunciador. Isso porque tal “perspectiva desemboca diretamente sobre
a questão da eficácia do discurso, do poder que tem em suscitar a crença. O co-enunciador
interpelado não é apenas um indivíduo para quem se propõem ‘idéias’ que corresponderiam
aproximadamente a seus interesses” (MAINGUENEAU, 1987/1997, p. 48, grifo do autor);
trata-se, portanto, de alguém que tem acesso ao dito e, ao mesmo tempo, identifica-se com o
corpo inerente à própria enunciação. No caso do Fragmento 2, o coenunciador só se identifica
com as peculiaridades marcadas discursivamente quando do reconhecimento com a imagem
da escola de samba – Estação Primeira de Mangueira; imagem esta demarcada por ações
como: viver intensamente, beber da sua obra, louvar a sua alma boêmia.
Ainda em relação ao Fragmento 2, a referência contextual “ele”, chamada de terceira
pessoa, ou não pessoa, segundo Émile Benveniste, faz alusão a um grande personagem da
escola: Nelson Cavaquinho. Conforme Maingueneau (2011, p. 107), “os grupos nominais
veem-se dotados de ‘uma pessoa’, embora essa ‘pessoa’ seja uma categoria puramente
linguística, um papel desempenhado no ato de enunciação: na realidade fora da língua
representada pelos enunciados, os seres não têm pessoa”. Vejamos: “Agora o morro que ele
tanto subiu é que desce para exaltar sua vida e obra”. Nesse caso, “ele” é considerado não
pessoa, uma vez que é dele que se fala; no entanto, em consonância com a não pessoa, tem-se
a marca “agora” a qual referencia a situação de enunciação. Ainda que o pronome classificado
como terceira pessoa esteja distante da polarização eu-tu, a sinalização dêitica de tempo –
advérbio agora – atualiza o discurso bem como indica a atitude do enunciador ante o que diz.
Isso significa que este se vale da referência “ele”, Nelson Cavaquinho, para validar, ao mesmo
tempo, que o morro é lugar de gente simples e passagem de ícones do samba.
Na análise dos fragmentos, observamos marcas de modalização, sobremaneira em
relação ao modo verbal – o indicativo –, o que particulariza a forma com que o enunciador se
apresenta. Conforme Maingueneau (2011, p. 107, grifo do autor), “o fato de todo enunciado
ter um valor modal, de ser modalizado pelo enunciador, mostra que a palavra só pode
representar o mundo se o enunciador, direta ou indiretamente, marcar sua presença por meio
do que diz”. Quando, por exemplo, o enunciador afirma que “As escolas de samba são”,
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“onde a memória é construída dia a dia”, o verbo empregado no presente atualiza o momento
em que se produz o enunciado; este, portanto, é concomitante ao ato de fala.
Através das marcas de pessoa, tempo e modalização, criam-se distintos efeitos de
sentido. Maingueneau (2011, p. 108, grifo do autor) afirma que “a atividade enunciativa se
mostra essencialmente reflexiva: ela fala do mundo apontando, de algum modo, com o dedo,
para a sua própria atividade de fala”. Assim, as marcas verbais conjugadas no presente, além
de designar o próprio momento em que se produz o enunciado, são como se reproduzissem
um efeito de zoom: as escolas de samba são locais de produção e manifestação de cultura;
logo, a Estação Primeira de Mangueira também se encontra nesse espaço.
Na passagem “seremos uma só voz, empunhando uma só bandeira”, o indicativo de
pessoa “nos” expresso pelo verbo designa “não uma soma de indivíduos, mas um sujeito
coletivo” (MAINGUENEAU, 2011, p. 127). Trata-se, especificamente, da voz da escola de
samba – Estação Primeira de Mangueira. Desse modo, o autor ressalta que “o nós não é
efetivamente uma coleção de eu, ‘é um eu expandido para além da pessoa estrita, ao mesmo
tempo aumentado e com contornos vagos’” (MAINGUENEAU, 2011, p. 127).
Os elementos dêiticos – pessoais, advérbios de tempo e lugar – têm estreita relação
com a cena enunciativa e com o ethos discursivo, uma vez que eles são indissociáveis à figura
do enunciador. Distintos são os efeitos de sentido quando do emprego das pessoas. Portanto,
“o texto não é para ser contemplado, ele é enunciação voltada para um co-enunciador que é
necessário mobilizar para fazê-lo aderir ‘fisicamente’ a um certo universo de sentido”
(MAINGUENEAU, 2008b, p. 73). Quando o enunciador se mostra destas formas: “seremos
uma só voz, empunhando uma só bandeira!” e “as escolas de samba [...] assumiriam o papel
de legítimas representantes da folia popular”, tem-se, no primeiro caso, a voz do enunciador
majestático, a própria Estação Primeira de Mangueira; logo, o coenunciador é levado a
incorporar esse tom que corresponde à maneira de se relacionar com o mundo carnavalesco.
No segundo caso, ainda que a marca de pessoa não esteja explícita, certamente o enunciado
tem um enunciador e um coenunciador. O que ocorre é um afastamento, como se estes
estivessem “desligados” da situação de enunciação e fossem interpretados de maneira
autônoma. Tem-se, com isso, outro efeito de sentido: como se o enunciador incorporasse uma
espécie de personagem para expressar a simbologia das escolas de samba.
5 Considerações finais
Os planos que constituem a semântica global, em especial a cenografia e o ethos
discursivo, permitiram concretizar o objetivo de estudo, qual seja: mostrar o funcionamento
desses planos mediante a análise da revista Mangueira é Nação, publicação essa elaborada
por componentes que integram a escola de samba Estação Primeira de Mangueira, divulgada
em 2011.
Ao observarmos os sinais, as marcas, os indícios deixados no discurso, a partir do
paradigma indiciário (GINZBURG, 1989), foi possível estabelecer um diálogo entre essa
epistemologia e a proposta de Maingueneau (1984/2008a), uma vez que ambas as correntes
teóricas contemplam o olhar microscópico do analista. Proceder a uma pesquisa dessa
natureza implica a não generalização, tampouco o acúmulo de dados; ao contrário, a
construção de hipóteses por meio da observação cautelosa de dados, que em primeira
instância parecem ser irrelevantes, é fundamental para se chegar a resultados pertinentes de
certo fenômeno.
A análise da cena enunciativa e, consequentemente, do ethos discurso construído no
corpus desta pesquisa revelou que o enunciador representa não apenas a imagem de si no
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discurso, mas deixa rastros que ecoam a voz de uma entidade maior: a voz do samba, do
morro. As modalidades da enunciação evidenciam esse tom.
Os fragmentos selecionados, ao manifestarem as origens das escolas de samba,
marcam o que elas representam: não apenas um espetáculo abreviado no tempo e no espaço –
o carnaval –, a Estação Primeira de Mangueira traduz o espaço da troca, da cultura popular,
do encontro, do viver intensamente, traços estes incorporados pelo coenunciador. Em se
tratando de escola de samba, o que prevalece é a linguagem carnavalizada, livre de qualquer
coerção; é a fala boêmia, é a voz do morro.
Referências
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SOUZA-E-SILVA, Cecília P.; ROCHA, Décio. Por que ler Gênese dos discursos? Resenha
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