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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião: Rita Figueiras24 - Opinião: José Luis Gonçalves26 - Semana de.. Paulo Rocha28 - Dossier Assembleia Plenária da CEP

56 - Multimédia58- Estante60 - Concílio Vaticano II62- Agenda64 - Por estes dias66 - Programação Religiosa67- Minuto Positivo68 - Liturgia70 - Ano da Vida Consagrada74 - Fundação AIS76 - Lusofonias

Foto da capa: D. R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Paris no coraçãodo mundo[ver+]

Desenvolvimentoao serviço daspessoas[ver+]

Uma Igreja deportas abertas [ver+]

José Ignacio Garcia | FEC| PauloRocha | Rita Figueiras | José LuisGonçalves | Miguel Panão | OctávioCarmo | Manuel Barbosa Paulo Aido| Tony Neves | Fernando CassolaMarques

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A máscara do medo

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Há muitos momentos em que as palavras sobrame, diante da violência que se vai multiplicando emtantas partes do mundo, é justo dizer-se que sãomesmo aquilo de que menos precisamos nestemomento. Naturalmente, ficamos mais aturdidosquando essa violência terrorista nos bate à porta- lá longe isso é “costume” e acabamos porhabituar-nos -, mas uma resposta global aofundamentalismo e à radicalização ideológica,que usa a religião como justificação para o seuanseio de domínio e sede de morte, exige queolhemos com atenção para todos os pontos doglobo.Desde logo, colocando o dedo na ferida comotem feito o Papa Francisco: quem lucra com avenda das armas que se multiplicam nas mãosde guerrilheiros, exércitos ao serviço deditaduras, terroristas e lunáticos onde menos seesperaria? Como é que podemos assistirimpavidamente a este longo arrastar de conflitosarmados que vão saltando de um lado para ooutro, caindo no esquecimento, naquilo a que oPapa chama III Guerra Mundial aos bocados?Sim, o terrorismo chegou ao coração da Europa.Não teria sido necessário esperar por isso paradespertarmos para esta triste realidade, masagora não adianta discutir isso. O que é quevamos fazer a seguir? É justo dizer que naorigem do problema está apenas a dificuldade deintegração de gerações juvenis cuja identidadenão está bem definida? É difícil exigir a quemreside num país ocidental que respeite a suaConstituição como primeira referência, acima dequalquer

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ordenamento jurídico de inspiraçãoreligiosa, evitando assim aconstrução de comunidadesparalelas? Demora muito aexigência de reciprocidade narelação entre países, quando estáem causa a garantia da liberdadereligiosa, independentemente docredo professado?Há muito para refletir e para decidirnos próximos tempos. Da Síria, hánão muito tempo, recebíamosqueixas de responsáveis cristãos,espantados com a chegada dejovens europeus para combaterpelo autoproclamado ‘EstadoIslâmico’. É, de facto,

altamente perturbador que umacivilização ancestral tenha perdido acapacidade de cativar as novasgerações com os seus valoresfundamentais, a começar pelo maiselementar, o respeito pela vidahumana, igual em dignidadeindependentemente de raças oureligiões. O primeiro passo érecuperar esses valores, professá-los publicamente e sem hesitações,deixar cair a máscara do medo. Aforça militar até poderá ganhar opresente, mas só a força moral podeconquistar um futuro de paz.

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Este sangue nasceu em nome do Alto?

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- «Como é possível encher a bocacom o nome de Deus e ter umcoração duro de ódio, vingança epreconceitos?» (Rui Osório, In: «VozPortucalense» 18 de novembro de2015) - «O Estado Islâmico mata emmassa para atacar símbolos.Mas, por mais que queira matarParis, Paris não morre» (JacintoGodinho, In: «Público» 19 denovembro de 2015) - «O terror e o medo não vãoprevalecer e a memória dos quetombaram vai inspirar soluçõessustentáveis contra esta violênciaindiscriminada» (Fernando Brito, In:«Notícias da Covilhã 19 denovembro de 2015) - «Os terroristas são hediondos,mas estão nos antípodas deserem parvos. Urge atuaremosfirmes e velozmente, senãoaumenta a xenofobia de igualmodo tenebrosa» (ArmandoFernandes, In: «Mensageiro deBragança» 19 de novembro de2015)

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Centrar as tomadas de decisãonas pessoas e no planeta

Um seminário internacionalpromovido esta quinta-feira emLisboa pela Fundação Fé eCooperação (FEC), sublinhou aimportância de projetar odesenvolvimento mais ao nível daspessoas e de ir além do meroassistencialismo.

Em entrevista à AgênciaECCLESIA, a diretora-executiva daFEC destacou a necessidade dasdecisões a este nível “serem não sóalicerçadas em fatores económicosmas olharem para a pessoa e parao planeta como o principal critériode decisão”.

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E neste âmbito, as organizaçõesempenhadas na cooperação para odesenvolvimento devem assumir-se cada vez mais como “pontesentre as políticas e a realidade daspessoas”, sublinhou SusanaRéfega.Intitulado “Repensar odesenvolvimento, reinventar acooperação”, o semináriointernacional surgiu no âmbito dos25 anos da FEC para clarificar asprioridades deste setor, numa erade rápida mudança.Segundo Susana Réfega, o objetivofoi “olhar para a frente, colocarestas questões, que não são fáceis,e sobretudo promover um debatesobre o que pode ser umdesenvolvimento diferente e quepapel é que pode ter nisto asociedade civil”. A iniciativa, que foi acolhida pelaFundação Calouste Gulbenkian,contou com a participação derepresentantes e responsáveis devários organismos empenhados nodesenvolvimento, católicos e dasociedade civil.Destaque para a presença de D.Pedro Zilli, bispo da Diocese deBafata, na Guiné-Bissau, quesalientou que “quanto mais aspessoas são envolvidas” no seupróprio processo desustentação,“melhor as coisassaem”.Outro desafio, segundo o bispo

brasileiro, é fazer com que odesenvolvimento seja cada vez maispreventivo e de longo prazo emenos reativo ou assistencialista.“Por exemplo o caso do ébola, estaé uma problemática enorme emÁfrica mas o paludismo continua, amalária continua, a Sida continua, eno entanto fala-se tão pouco destasquestões que parece que nãoexistem mais. Então, temos deprocurar evitar estas modas domomento”, alerta D. Pedro Zili.O Seminário mostrou a vontade dasorganizações da Igreja Católica seafirmarem cada vez mais como“interlocutoras” na promoção de umdesenvolvimento sustentável eacessível a todos.Neil Thorns, da CAFOD – agênciade desenvolvimento oficial da IgrejaCatólica no Reino Unido - referiuque as instituições católicas, pelasua abrangência, “estão muito bemcolocadas para fazerem a diferença”.“E cada um de nós, como católicos,especialmente nos países do Norte,podemos olhar para a forma comovivemos a nossa vida, pois estamosa consumir muito mais do que aquiloque o planeta tem para oferecer eisso tem um claro efeito sobre ospaíses mais pobres”, apontou.

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50 anos depois do Pacto daCatacumbasO cardeal-patriarca de Lisboaafirmou que recordar «O Pacto dasCatacumbas» é dar “um novo realcee novo impacto na vida da Igreja”,50 anos depois deste compromisso.“O pacto com o radicalismoevangélico em torno da pobreza queteve e nos deixou é, mais uma vez,um daqueles estímulos que quaseciclicamente é dado à Igreja todapara voltarmos ao princípio que nosdefine como cristãos”, explicou àAgência ECCLESIA D. ManuelClemente, que apresentou a obraesta segunda-feira, na Capela doRato.O livro ‘O Pacto das Catacumbas’,de Xabier Pikaza e José Antunes daSilva, recorda os 40 bispos que sereuniram nas criptas de SantaDomitila, Roma, a poucos dias dofinal do Concílio Vaticano II.“Muito inserido numa certa linhagemcorrespondendo ao apelo do PapaJoão XXIII. Os pobressociologicamente falando e apobreza em sentido maisenglobante ganharam uma grandeprevalência e mesmo na tradiçãocatólica deixaram de estar tãoligados ao trabalho de algumascongregações religiosas”, recordouD. Manuel Clemente.O presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa sustentouque

a “encarnação” deste pacto hoje é oPapa Francisco. “Creio que paramim, como para todos os meuscolegas do episcopado, é umafigura muito estimulante e desafiantepara esse radicalismo evangélico.Creio que a melhor figuração dopacto, 50 anos depois, é a pessoa eprotagonismo eclesial do PapaFrancisco”, desenvolveu o cardeal-patriarca de Lisboa.A nova publicação, da chancela daPaulinas Editora, foi apresentada naCapela do Rato e o seu capelãodestacou que este pacto “é de factoevangélico”. “Direitos, privilégios,que são heranças históricas queeles renunciam voluntariamentepara de uma forma desprendidaexpressarem a liberdade com queJesus a anunciou o reino de Deus”,comentou o padre TolentinoMendonça.

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Terras Sem Sombra ultrapassafronteirasO diretor-geral do Festival TerrasSem Sombra afirmou que esteevento cultural e de preservação dabiodiversidade representa um atode “resistência cultural e afirmaçãodo Baixo Alentejo”. “[O festival]revindica a sua identidade mastambém a quer projetar e nummomento em que música sacra temmuito que trazer à nossa Europa,espiritualidade, cultura, o território,a própria conservação da naturezasão realidades muito importantesnesta lógica da inclusão social,religiosa e cultural”, explicou JoséAntónio Falcão, na apresentação daedição 2016, que decorreu noCentro Cultural de Belém (CBB).À Agência ECCLESIA, o diretor-geral do Festival Terras SemSombra explicou que a 12.ª ediçãovai sublinhar a ligação entre trêscontinentes - Europa, América eÁfrica – “centrando” tudo no Brasil,“um país irmão”, que tem umpatrimónio musical “extraordinário”.‘Torna-Viagem. O Brasil, a África e aEuropa (Da Idade Média ao SéculoXXI)’ é o tema da iniciativa quecomeça na Igreja Matriz de SantoIldefonso, em Almodôvar, a 27 defevereiro de 2016, e termina com

a entrega do Prémio Internacional“Terras Sem Sombra”, a 2 de julho,em Sines.O diretor artístico do Festival TerrasSem Sombra considera que as“grandes características” desteevento são a oferta de “músicas detodas as épocas”, desde a IdadeMédia ao século XXI, que secompletam com ações debiodiversidade.“Quem vem aos concertos podefazer a sua história da música ecomplementar os concertos com asações de biodiversidade adquirindouma cultura natural comprometidacom a terra, com a paisagem queintroduz elementos de paixão nofestival que só com a música nãoseria tão completo”, comentou JuanÁngel Vela del Campo à AgênciaECCLESIA.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Iniciativa Legislativa de Cidadãos contesta revogação de Lei do Apoio àMaternidade e Paternidade

Os novos manuais de EMRC

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Jubileu quer mostrar Igreja deportas abertas, diz o Papa

O Papa disse no Vaticano que oJubileu da Misericórdia, com iníciomarcado para 8 de dezembro, quermostrar uma Igreja de portasabertas para todos. “É assim que aIgreja deve ser reconhecida emtodos os cantos da terra: comoguardiã de um Deus

que bate à porta, como oacolhimento de um Deus que não tefecha a porta na cara com adesculpa de não seres de casa”,assinalou, na audiência públicasemanal que decorreu na Praça deSão Pedro.Perante cerca de 15 mil pessoas,

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Francisco recordou que duranteeste ano santo extraordinário, quese prolonga até novembro de 2016,haverá o símbolo da porta santa,evocando “a porta da misericórdiagrande de Deus”. “Que hajatambém a porta do nosso coraçãopara recebermos todos o perdão deDeus ou dar o nosso perdão eacolher todos os que batem à nossaporta”, apelou.Menos de um mês depois de terencerrado o Sínodo dos Bispossobre a família, Francisco sublinhouque nesta assembleia a Igreja foi“encorajada a abrir as suas portaspara sair, com o Senhor, aoencontrodos filhos e filhas emcaminho, às vezes incertos, àsvezes perdidos, nestes temposdifíceis”. “Se a porta da misericórdiade Deus está sempre aberta,também as portas das nossasigrejas, das nossas paróquias edioceses devem estar sempreabertas. Assim todos podemos saire levar esta misericórdia de Deus”,sustentou.Para o Papa, o próximo Jubileuimplica a abertura das “pequenasportas” das igrejas, evitando atendência de muitas sociedades queprecisam de “portas blindadas”.“Não devemos render-nos à ideia deaplicar este sistema à vida dafamília, da cidade,

da sociedade e, menos ainda, àvida da Igreja”, observou.Francisco entende que uma Igrejasem “hospitalidade” e uma família“fechada em si mesma”, prejudicama mensagem do Evangelho. “Nadade portas blindadas na Igreja! Tudoaberto!”, apelou.A intervenção referiu que muitaspessoas perderam a confiançanecessária para bater à porta daIgreja, por diversos motivos. “Não éo secretário ou a secretária daparóquia que decide quem entrar. AIgreja é a porteira da casa doSenhor, não a dona”, alertou.O Papa dirigiu-se depois a umadelegação do sindicato autónomodos trabalhadores polacos, o“Solidarnosc” (solidariedade),presente no Vaticano, e deixouvotos de que “os interesses políticosou económicos não prevaleçamsobre os valores que constituem aessência da solidariedade humana”.“Há 35 anos, o vosso sindicatoempenha-se em favor do mundo dotrabalho, físico e intelectual, bemcomo na tutela dos direitosfundamentais da pessoa e dasociedade”, reconheceu Francisco.

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Em defesa dos direitos das crianças

O Papa recordou no Vaticano acelebração anual do Dia Mundialdos Direitos das Crianças, pedindoque a comunidade internacionalassegure a todos os meninos emeninas o acesso à educação e osproteja da exploração. “Desejo quea comunidade internacional possavigiar atentamente sobre ascondições de vida dos pequenos,especialmente onde estão expostosao recrutamento por parte degrupos armados”, disse, no final daaudiência pública semanal quedecorre na Praça de São Pedro.

Francisco sublinhou a obrigaçãodos responsáveis políticos de“ajudar as famílias a garantir a cadamenino e menina o direito à escola eà educação”. “É um dever de todosproteger as crianças e antepor aqualquer outro critério o seu bem,para que não sejam nunca sujeitasa formas de escravidão e maus-tratos nem a formas de exploração”,advertiu.O dia 20 de novembro assinalaanualmente o aniversário daDeclaração da ONU em favor dosdireitos da infância e adolescência.

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Vaticano denuncia abusoscontra pescadores

O Conselho Pontifício para aPastoral dos Migrantes e Itinerantes(CPPMI) afirma na mensagem o DiaMundial da Pesca que os “abusoscometidos contra os pescadores”,apanhados em redes de “trabalhoforçado e exploração”, são práticasfrequentes. O Dia Mundial da Pescafoi instituído em 1998 e assinala-seem cada ano no 21 de novembropara “chamar a atenção sobre apesca excessiva, a destruição dohabitat marinho e outras ameaçasgraves à sustentabilidade dosnossos recursos pesqueiros”,lembra um comunicado enviado àAgência ECCLESIA.No documento, o CPPMI, doVaticano, frisa que “o recrutamentoilegal e o contrabando ou tráfico deseres humanos com o propósito deempregá-los em trabalhos forçadosa bordo dos navios pesqueiros,ainda são práticas utilizadas comfrequência”. A Santa Sé realça queestas práticas atingem sobretudo“pessoas pobres e sem instrução,provenientes das áreas rurais dos

países em via de desenvolvimento”.“Contratos de trabalho falsos eilegais”, “condições de trabalho e desalários ridículos por longas horasde trabalho”, são situações quemarcam o dia-a-dia de “milhares depescadores” que são usados como“escravos” para benefício de“proprietários e empresas do setorpesqueiro, cujo objetivo é obter umarenda maior na venda dos seusprodutos”, pode ler-se.A mensagem do Vaticano denunciaainda a situação “dramática” demuitos pescadores que sofrem“acidentes de trabalho” ou “lesõespermanentes” que têm de enfrentar“sem qualquer tipo decompensação” e os que morrem oudesaparecem no mar.“A morte súbita ou odesaparecimento no mar são ospesadelos com os quais muitosjovens e muitas famílias sedepararam na tentativa de melhorara sua miserável vida com umtrabalho a bordo de um naviopesqueiro”, frisa o mesmo texto.

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Árvore de Natal chega mais cedo ao Vaticano, com decorações especiais

Papa condena atentados de Paris

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O Independente, a TSF e a produçãode tempestades perfeitas

Rita Figueiras Universidade Católica Portuguesa

Muito recentemente foi lançado o livro OIndependente. A Máquina de Triturar Políticos daautoria dos jornalistas Filipe Santos Costa doExpresso e Liliana Valente do Observador . Este éum livro importante e com muitos méritos. Oprimeiro é o de se ocupar de um jornal numaépoca em que a imprensa vive momentos deprovação e perde crescentemente terreno paraoutros meios e outros conteúdos. Um segundomérito, decorrente do primeiro, é que ahomenagem estende-se assim ao jornalismo.Num tempo em que é cada vez mais difícil fazerinformação em Portugal – por razõeseconómicas, mas também porque osproprietários dos grupos de comunicaçãorespondem hoje de forma distinta à perguntapara que é que serve, e a quem serve, ojornalismo –, este livro recorda-nos um passadoem que se fazia notícias sem medo dasconsequências.O terceiro grande mérito deste livro é o seuobjecto de análise, O Independente. A obracoloca a ênfase na agenda política do semanárioe na forma audaz, para uns, ou incauta, paraoutros, como abordou a vida política portuguesae os seus principais protagonistas. O jornalimpôs-se no país, porque teve capacidade de seagendar nos outros media e conduzir, muitasvezes em parceria com a agenda judicial, aagenda política. Este semanário souberentabilizar a relação privilegiada que tinha comum conjunto de fontes muito bem posicionadasna sociedade portuguesa que,

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apesar de poderem ter interessesdistintos do jornal, coincidiam nosobjetivos, consubstanciando assimuma aliança tão frutífera quanto onúmero de lesados que o semanárioproduziu.O livro dá bem conta daexcepcionalidade d’O Independente.Da sua originalidade, da sua graça,da sua loucura, do seu rasgointelectual e criativo. De tudo o queo tornou único e especial e tambémum objecto de culto. Este jornaldeixou uma nostalgia insuperávelem muitos

dos seus leitores, que se tornaramos seus “viúvos” – para evocar aimagem-síntese brilhante que JoãoMiguel Tavares usou naapresentação da obra.Num aparente paradoxo, asingularidade d’O Independente nãodeixa de ser, no entanto, umexemplo perfeito do seu tempo. Aocontrário dos outros títulos jáexistentes, cuja adaptação àtransformação em curso nasociedade portuguesa – com aentrada de Portugal na CEE, anormalização democrática,

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a consolidação da economia demercado e as alterações no sectordos media – foi compreensivelmentelenta e difícil, OIndependente nasceu numa era emque o jornalismo já encarava deforma descomplexada a ideiados media como um negócio, alógica do star-system e uma novarelação com a(s) autoridade(s).As mudanças em curso nassociedades ocidentais,nomeadamente na política, naindústria dos media e nos gostosdos públicos, manifestaram-se emPortugal através d’O Independente.Nas páginas deste jornal foi possívelassistir ao crescente esbater dasfronteiras tradicionais entre ainformação e a ficção, a política e oentretenimento, as questõespúblicas e a cultura popular, o sérioe o satírico, colaborando, assim,para a emergência da pop politics àportuguesa. Este processo dehibridização ficou bem patente, porexemplo, nos títulos de capa e nasfotomontagens do jornal.Por outro lado, o semanário tambémnão pode ser isolado dos outrosmedia, nomeadamente da suacontemporânea TSF. Sem ser umacoincidência, os tempos áureos d’OIndependente corresponderam,

grosso modo, aos da TSF. O que ojornal começava, a estação de rádioampliava. Mas não fazia apenasisso, também moldava o resto do diainformativo. A TSF continuava otrabalho iniciado pelo jornal,reclamando, logo nas primeirashoras do dia, declarações e reaçõesaos implicados e demais actorespolíticos. A matéria escrita era oponto de partida de um escândaloque evoluía durante a manhã e quetantas vezes culminava natransmissão em direto pela TSF dademissão do visado da semana. Omodelo da breakfast news que aestação de rádio introduziu emPortugal foi uma peça-chave natrituração dos políticos,nomeadamente através dainstituição do imediatismo noticiosoe, posteriormente, dos fóruns TSF.Estes passaram a permitir aoscidadãos anónimos falaremlivremente, i.e., sem terem de seater às regras do debate públicoancorado em opiniõesfundamentadas, esclarecidas eracionais. A vox populi foi assimmais uma instância imprescindívelpara a produção de tempestadesperfeitas às sextas-feiras.

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Au nom de quoi?

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Há acontecimentos que não são de semanas,mas de épocas da História. É o caso dosatentados terroristas em Paris, no dia 13 denovembro de 2015.Transportar o genocídio para o quotidiano da“cidade luz”, para ambientes de lazer, de horascalmas e de diversão foi a “novidade”, a mánovidade do novo capítulo de uma terceiraguerra mundial em curso. A expressão é do PapaFrancisco e – infelizmente – trata-se de umaintuição que se comprova a cada passo.No contexto hipermediatizado em que tudoacontece, a violência de Paris é mostrada,comentada, criticada, censurada, reprovada… Ecom palavras sempre insuficientes para qualificaro mal cometido. Neste, como em todos os casos,os meios de comunicação social amplificamacontecimentos e sobretudo as emoções quegeram.Longe dos media, ao assinalar o Dia Mundial daFilosofia, a Universidade Católica Portuguesapropôs para tema não escritos de Platão,Aristóteles ao Kant, mas “Ostracismo, asilo eresidência: o problema dos refugiados deguerra”. Um colóquio onde se ouviram análisesaos acontecimentos que mudam a história apartir dos fundamentos humanos que osprovocam. Uma forma de aproximar a reflexãofilosófica do ambiente quotidiano e sobretudo ummeio para encontrar respostas às muitasperguntas que os acontecimentos atuaiscolocam.

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Paris deixou no ar, uma vez mais,essa pergunta: “Em nome de quê?”A resposta nunca será conclusiva,para quem a formula. Mas podemreferenciar-se contributos eexemplos, que encontram na Cruz osinal maior da morte que gera vida.Nos debates apresentados no DiaMundial da Filosofia, um dosconferencistas

sugeriu respostas para essapergunta a partir do pensamento dofilósofo francês René Girard. Areflexão que produziu sobre aviolência e o sagrado aponta nosentido de que a história começapela violência, redime-se pelosagrado e é o mau sagrado quegera novamente violência. Um cicloa interromper!

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Paris no coração do mundoOs atentados terroristas da última sexta-feira emParis provocaram uma onda de consternaçãoe indignação um pouco por todo o mundo,com a solidariedade de responsáveis políticose religiosos para com as vítimas e todos os quesão afetados pela violência. Uma situação quecolocou a capital francesa no centro do mundodias antes de um grande encontro internacional,visto por muitos como decisivo, sobre as alteraçõesclimáticas. É de tudo isto que se fala nesta ediçãodo Semanário ECCLESIA, com testemunhose reflexões de especialistas.

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França em choque sem medo dofuturo O português José Coutinho da Silva, antigo diretor do Serviço da Pastoraldas Migrações da Conferência Episcopal Francesa, está em território gaulêshá mais de 40 anos e diz que os recentes atentados em Paris deixaram opaís em estado de choque com um tipo de terrorismo completamenteincontrolável e imprevisível.Atualmente a coordenar a equipa pastoral da Paróquia de São João Bosco,na Diocese de Orleães, a cerca de 100 quilómetros de Paris, com mais seteleigos e um sacerdote, José Coutinho da Silva contacta todos os dias com acomunidade magrebina e muçulmana, com forte presença na região, eespera que a França saiba preservar a sua interculturalidade

Entrevista conduzida por Paulo Rocha

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Agência ECCLESIA (AE) - Como éque este atentado foi vivido na suacomunidade?José Coutinho da Silva (JCS) - Paraalém do choque inicial das imagens,com a incerteza quanto ao númerode mortes e às circunstâncias emque tudo se ia desenrolando, haviaaqui a especificidade de este ser umbairro de forte presença magrebina,muçulmana. Tive ocasião de, ondecostumo comprar a fruta para anossa família, falar com um dosresponsáveis, que estavatotalmente transtornado e dizia:“Não é só o medo, é a revolta, é onojo por este acontecimento”.Nunca imaginamos: até aquisabíamos que eram açõesconcretas contra alvosdeterminados, era a polícia, asinstituições, agora ninguém estáprotegido contra estes loucos. Osmuçulmanos sentem que vão serainda mais discriminados, porque aspessoas com o medo e apreocupação tendem a avaliar tudopela mesma medida.Acabei uma conversa com um jovemde 25 anos, com quem costumofalar e que sabe que sou católico,que tenho algumasresponsabilidades, com um

Neste momento, a nossapreocupação é comomanter os laços desolidariedade, de amizade,de boa vizinhança. aperto de mão e quase de lágrimasnos olhos. É evidente que diante dosofrimento do país inteiro hátambém o sofrimento e a apreensãodos muçulmanos que não têmabsolutamente nada a ver comestes loucos selvagens. As pessoascomeçam a sentir que não podemter de maneira nenhuma ligaçãocom esta gente.O problema que se põe é como gerirsituações tão complicadas comoesta. Neste momento, a nossapreocupação é como manter oslaços de solidariedade, de amizade,de boa vizinhança.

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AE - Sente que há jovens que vãoassumindo este extremismo que levaa atos terroristas?JCS - Sim, para alguns é a Françaque marginaliza os magrebinos, aFrança que não dá trabalho aosmagrebinos, é uma França que nãoos quer. Os magrebinos sãoapresentados como muçulmanos,como árabes: tudo isso vai cavandoum fosso entre setores de umapopulação que, tendo caraterísticas,raízes diferentes é francesa, porquea França é isto

mesmo, um país que não existiriasem esta interculturalidade. Não háuma cultura francesa dita pura. AE - O ideal de diálogo entreculturas e religiões acaba por serdifícil no terreno…JCS - É um ideal e, no fundo, é ocimento deste país. Hárelativamente pouco tempo, mais de25 por cento da população francesaera descendente de imigrantes,considerando só até à terceirageração. AE - Como é que a França se vaireerguer destes acontecimentos?JCS - Vimos que as pessoascomeçaram a cantarespontaneamente o hino nacional,algo que saiu naturalmente.Também me parece muitosignificativo que tenham aparecidotantas pessoas para doar sangueque os hospitais tiveram de recusarmais dádivas. Milhares e milhares depessoas juntaram-se, istodemonstra a sua vontade, damesma maneira que alguns dosferidos falaram diretamente para ascâmaras, para dizer que não vãoviver no medo.Estes atos bárbaros não vão deitarabaixo a força do povo deste país,que somos também nós, emigrantes.Uma preocupação é que acomunidade portuguesa nãoenverede por acusações fáceis,numa tendência natural paraconsiderar-se superior aosmagrebinos.

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Papa chocado com atentados deParisO Papa condenou publicamente noVaticano os atentados terroristasque provocaram pelo menos 129mortos e centenas de feridos emParis, esta sexta-feira, e rejeitou autilização da religião para aviolência. “Diante de tais atos, não épossível deixar de condenar aafronta inqualificável à dignidade dapessoa humana. Quero reafirmarcom determinação que o caminhoda violência e do ódio não resolveos problemas da humanidade”,disse, perante milhares de pessoasreunidas na Praça de São Pedro,este domingo.Segundo o Papa, "utilizar o nome deDeus para justificar este caminho éuma blasfémia".Após a recitação do ângelus,Francisco manifestou “profunda dor”pelos ataques que provocaram“numerosas vítimas” na capital deFrança, enviando as suascondolências ao presidente do paíse a todos os seus cidadãos da"querida nação francesa, primeirafilha da Igreja". “Estouparticularmente próximo dosfamiliares de quantos perderam avida e dos feridos”, acrescentou.O Papa realçou que “tanta barbárie”deixou as pessoas “consternadas”

e levou-as a questionar-se “como éque o coração humano podeprojetar e realizar acontecimentostão horríveis, que perturbaram nãosó a França mas também o mundointeiro”.“Convido-os a unirem-se à minhaoração: confiemos à misericórdia deDeus as vítimas inocentes destatragédia. Que a Virgem Maria, mãede misericórdia, suscite noscorações de todos pensamentos desabedoria e propósitos de paz”,referiu, antes de um momento desilêncio na Praça de São Pedro.Horas mais tarde, o Papa voltou acondenar o uso da religião parajustificar a violência. “É muito feio tero coração fechado e hoje vemosisso, o drama. O meu irmão pastor[Jens Martin Kruise] falou de Paris.Corações fechados. Também onome de Deus é usado para fecharos corações”, lamentou, durante avisita que realizou à ComunidadeLuterana de Roma.O secretário de Estado do Vaticanorejeitou qualquer alteração naagenda do Papa após os atentadosem Paris, e afirmou que osterroristas procuram criar “medo”.“O que aconteceu em Françamostra, de uma maneira

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ainda mais poderosas, que ninguémestá a salvo do terrorismo. OVaticano pode ser um alvo porcausa do seu significado religioso”,admitiu o cardeal Pietro Parolin, ementrevista ao jornal católico francês‘La Croix’.

O responsável sublinhou que umaumento das medidas de segurançano Vaticano não pode "paralisar como medo" a atividade no pequenoEstado. “Isto não muda nada daagenda do Papa, que vai continuar”,precisou.

A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE)reagiu aos atentados de Paris defendendo a necessidade de uma “frenteeuropeia unida contra a ameaça terrorista”. “As forças que ameaçam aregião não conhecem fronteiras, daí que seja imperativo que os chefes deEstado dos 28 países membros da União Europeia trabalhem em conjunto ede forma mais eficaz em prol da segurança das suas populações, daliberdade das pessoas e de um futuro em conjunto”, frisa o secretário-geraldo organismo, padre Patrick Daly.

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Bispos portugueses condenamviolênciaO cardeal-patriarca de Lisboasublinhou à Agência ECCLESIA o“ineditismo” dos atentados queocorreram em Paris, por atingirem o“coração cultural da Europacontemporânea”. “Não é a primeiravez que acontecem tragédiasdestas, com Nova Iorque e todas asque se seguiram, mas agora nocoração cultural da Europacontemporânea em que vivemos”,referiu D. Manuel Clemente.Para o presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP), osatentados na cidade de Parisatingem a sociedade europeia de“uma maneira particular e intensa”.Já o vice-presidente da CEP diz queos atentados de Paris requerem“uma reação solidária da parte detodos” no sentido de “contrastar” aviolência que atingiu a capitalfrancesa. “Quero antes de maisunir-me à dor de todo o povofrancês, ao sofrimento das famíliasatingidas por este drama, e fazervotos para que não se perca aserenidade no meio disto tudo e quesejamos capazes de estenderpontes de reconciliação”, disse D.António Marto.Também os bispos das dioceses do

Algarve e de Setúbal manifestarama sua solidariedade às vítimas dosatentados. D. José Ornelas, bispode Setúbal, rejeita a utilização dareligião para justificar o terrorismo epede que “ninguém use o nome deDeus para oprimir, odiar e matar”.Em comunicado enviado à AgênciaECCLESIA, o bispo do Algarve, D.Manuel Neto Quintas, considera osatentados como “inqualificáveis” einjustificáveis “a todos os títulos,pelo desrespeito, desprezo eaniquilação da vida humana detantos cidadãos indefesos”.D. Manuel Linda, bispo das ForçasArmadas e de Segurança, disse emLisboa que é preciso encontrar umavia para “reconciliar duas culturasque estão desavindas, nãoenquanto religião mas naglobalidade, a ocidental cristã e amuçulmana”.D. José Traquina, vogal daComissão Episcopal da PastoralSocial e Mobilidade Humana,classificou os atentados em Pariscomo uma “regressão” no caminhoda humanidade que deveria tersempre “a pessoa como o que há demais sagrado”.O bispo de Angra condenou os

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ataques terroristas e destacou queo momento é de “grandeconsternação” mas o “medo nãodeve fazer abdicar dos referenciaisde liberdade”, diálogo eacolhimento. “A nossa civilizaçãobaseada em valores cristãos apelaao diálogo e tem como pressupostobase a liberdade”, comentou D.António de Sousa Braga.O bispo de Beja defendeu que osrecentes atentados terroristas emParis exigem, para além da oraçãodos crentes, que os governos einstituições internacionais que sesentem à “mesa do diálogo”,destacando a importância daeducação. “A educação na família,

na escola, nas comunidadesreligiosas deve ajudar a construir apaz”, assinala D. António Vitalino.O Santuário de Fátima manifestou asua solidariedade com as vítimasdos atentados terroristas dosúltimos dias, em particular os deParis, e convidou os peregrinos ater presente esta intenção nas suasorações.A Fundação Ajuda à Igreja queSofre convocou uma jornadainternacional de oração pela paz nomundo e convidou os portugueses aassociar-se à iniciativa no próximodomingo, pelas 16h30, no Santuáriodo Cristo-Rei, em Almada.

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Apelo às partes negociadoras da COP21O seguinte apelo foi lançado porCardeais, Patriarcas e Bispos detodo o mundo em representaçãodas associações continentais deConferências Episcopais nacionais.É dirigido aos negociadores da COP21 em Paris e exorta-os para que seesforcem por aprovar um acordoclimático justo, juridicamentevinculativo e autenticamentetransformativo. Representando a Igreja Católica doscinco continentes, nós, Cardeais,Patriarcas e Bispos, juntamo-nospara expressar, em nosso próprionome e em nome das populaçõesao nosso cuidado, a esperançamuito disseminada de que umacordo climático justo ejuridicamente vinculativo seráalcançado nas negociações da COP21, em Paris. Apresentamos umaproposta de linhas de orientaçãocom dez pontos, a partir daexperiência concreta de pessoas detodos os continentes, eestabelecendo um elo entre asalterações climáticas e a injustiçasocial e exclusão social dos nossoscidadãos mais pobres e maisvulneráveis.

Alterações Climáticas:desafios e oportunidadesNa sua carta encíclica, Laudato Si’(LS), dirigida ‘a cada pessoa quehabita neste planeta’ (LS 3), o PapaFrancisco sustenta que ‘asmudanças climáticas constituematualmente um dos principaisdesafios para a humanidade’ (LS25). O clima é um bem comum, quepertence a todos e a todos sedestina (LS 23). ‘O meio ambiente éum bem coletivo, património de todaa humanidade e responsabilidadede todos’ (LS 95).Quer sejamos crentes ou não,estamos hoje de acordo que a terraé essencialmente uma herançacomum, cujos frutos se destinam aobenefício de todos. Para os crentes,trata-se de uma questão defidelidade ao Criador, uma vez queDeus criou o mundo para todos. Porconseguinte, qualquer abordagemecológica deve integrar umaperspetiva social que tenha ematenção os direitos fundamentaisdos pobres e mais desfavorecidos(LS 93).Os danos provocados no clima e nomeio ambiente têm enormesrepercussões. O problema gerado

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pela dramática aceleração dasalterações climáticas tem efeitosglobais. Constitui um desafio àredefinição das nossas noções decrescimento e de progresso. Colocauma questão de estilo de vida. Éimperativo que encontremos umasolução que seja consensual,devido à escala e à natureza globaldo impacto do clima, pelo que seexige uma solidariedade que sejauniversal, uma ‘solidariedade entreas gerações’ e ‘entre os indivíduosda mesma

geração’ (LS 13, 14, 162).O Papa define o nosso mundo como‘a nossa casa comum’ e, noexercício do nosso ofício deadministradores, temos de daratenção à degradação humana esocial que é consequência de ummeio ambiente deteriorado.Apelamos a uma abordagemecológica integral, apelamos a que ajustiça social ocupe um lugarcentral, ‘para ouvir tanto o clamor daterra como o clamor dos pobres’ (LS49).

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O desenvolvimentosustentável deve incluiros pobresAo mesmo tempo que deplora oimpacto dramático das rápidasalterações climáticas no nível dosoceanos, em fenómenos climáticosextremos, nos ecossistemas emdeterioração e na perda debiodiversidade, a Igreja é tambémtestemunha de como as alteraçõesclimáticas estão a afetar ascomunidades e populaçõesvulneráveis, que são gravementeprejudicadas. O Papa Franciscoalerta-nos para o impactoirreparável das

alterações climáticas desenfreadasem muitos países emdesenvolvimento do mundo. Alémdisso, no seu discurso às NaçõesUnidas, o Papa afirmou que o abusoe a destruição do meio ambientesão também acompanhados de umpersistente processo de exclusão(1). Líderes corajosos àprocura de acordosexecutáveisA edificação e manutenção de umacasa comum sustentável requeremuma liderança política corajosa eimaginativa. São necessáriossistemas normativos queestabeleçam com

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clareza determinados limites eassegurem a proteção doecossistema (LS 53).Há dados científicos credíveis quesugerem que as alteraçõesclimáticas aceleradas são resultadoda atividade humana desenfreada,ao serviço de um modelo particularde progresso e de desenvolvimento,e que uma das causas principaisreside na excessiva dependênciados combustíveis fósseis. O Papa eos Bispos católicos dos cincocontinentes, sensíveis aos danosque são provocados, apelam a umadrástica redução das emissões dedióxido de carbono e outros gasestóxicos.

Unimos a nossa voz ao apelo doSanto Padre em favor de umprogresso significativo em Paris, deum acordo compreensivo e demudança apoiado por todos, combase em princípios de solidariedade,justiça e participação (2). Esteacordo deve colocar o bem comumà frente dos interesses nacionais. Étambém essencial que asnegociações desemboquem numacordo executável que proteja anossa casa comum e todos os seushabitantes.Nós, Cardeais, Patriarcas e Bispos,proferimos um apelo geral epropomos dez propostas específicasde orientação. Apelamos à COP 21

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que formule um acordo internacionalpara limitar o aumento global datemperatura aos parâmetrosatualmente sugeridos pelacomunidade científica global, demodo a evitar impactos climáticoscatastróficos, especialmente para osmais pobres e para as comunidadesmais vulneráveis. Estamos deacordo quanto à existência de umaresponsabilidade comum, mastambém diferenciada, de todas asnações. Os distintos paísesalcançaram um estádio diverso dedesenvolvimento. É imperativo quese trabalhe em conjunto em prol deum empreendimento comum.

Os nossos dez apelos: 1. Ter em atenção não apenas asdimensões técnicas masparticularmente éticas e morais dasalterações climáticas, como indicadono Artigo 3 da Convenção-Quadrodas Nações Unidas para asAlterações Climáticas (CQNUAC). 2. Aceitar que o clima e a atmosferasão bens comuns globais que atodos pertencem e a todos sedestinam. 3. Adotar um acordo global justo, demudança e juridicamente vinculativo,com base na nossa visão comum do

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mundo que reconhece anecessidade de viver em harmoniacom a natureza, e que garanta quetodos possam fruir dos direitoshumanos, incluindo os direitos dosPovos Indígenas, das mulheres,jovens e trabalhadores. 4. Impor limites estritos ao aumentoglobal da temperatura e estabelecerum objetivo de completadescarbonização para meados doséculo, com vista a proteger ascomunidades de primeira linha quesofrem os impactos das alteraçõesclimáticas, como aquelas das Ilhasdo Pacífico e das regiões costeiras.- Assegurar que o limite detemperatura é codificado numacordo global juridicamentevinculativo, com compromissos eações de mitigação ambiciosos porparte de todos os países,reconhecendo as suasresponsabilidades comuns, masdiferenciadas, e respetivascapacidades (CBDRRC), com baseem princípios de equidade,responsabilidades históricas e nodireito ao desenvolvimentosustentável.- Para assegurar que as reduçõesdas emissões dos governos estãoem linha com o objetivo dedescarbonização, os governos têmde desenvolver revisões periódicasdos compromissos que

estabelecem e das ambições quemanifestam. E, para terem sucesso,estas revisões têm também de sebasear nos dados científicos e naequidade e devem ser obrigatórias. 5. Desenvolver novos modelos dedesenvolvimento e estilos de vidaque sejam compatíveis com o clima,enfrentem as desigualdades e tiremas pessoas da pobreza. Umelemento primordial para que talaconteça é pôr fim à era doscombustíveis fósseis,calendarizando a redução dasemissões de combustíveis fósseis,incluindo as emissões militares, daaviação e da marinha, eproporcionando a todos o acesso aenergias renováveis económicas,fiáveis e seguras. 6. Assegurar que as pessoaspossam ter acesso à água e à terrapara desenvolverem sistemasalimentares resistentes àscondições climatéricas esustentáveis, que deem prioridadeàs soluções propostas pelaspopulações e não aos lucros. 7. Assegurar que os mais pobres,mais vulneráveis e quantos sofremmaiores impactos possam participarem todos os níveis dos processosde tomada de decisões.

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8. Assegurar que o acordo de 2015aponte para uma abordagem deadaptação que respondaadequadamente às necessidadesimediatas das comunidades maisvulneráveis e tenha em conta asalternativas locais. 9. Reconhecer que as necessidadesde adaptação dependem dosucesso das medidas de mitigaçãoa serem tomadas. Os responsáveispelas alterações climáticas têm aresponsabilidade de apoiar os maisvulneráveis na sua adaptação, agerirem as perdas e os danos, edevem partilhar a tecnologia e osaber-fazer necessários. 10. Oferecer quadros de referênciaclaros quanto ao modo como ospaíses irão dar resposta à provisãode compromissos financeiros fiáveis,consistentes e adicionais,assegurando um financiamentoequilibrado de ações de mitigação enecessidades de adaptação.

Tudo isto implica uma educação euma consciência ecológica sérias(LS 202-215). Oração pela TerraDeus de amor, ensina-nos a cuidardeste mundo como nossa casacomum.Inspira os líderes governamentaisque se reúnem em Paris:- para que escutem e prestematenção ao clamor da terra e aoclamor dos pobres;- para que se unam de mente ecoração dando uma respostacorajosa;- que procurem o bem comum eproteja o belo jardim terrestre quecriaste para nós, para todos osnossos irmãos e irmãs, para todasas gerações vindouras.Ámen

------------1 - Discurso do Santo Padre, Sede da Organização das Nações Unidas, Nova Iorque,Sexta-feira 25 de setembro de 2015.2 - Discurso do Papa Francisco aos Ministros do Meio Ambiente dos Países Membrosda União Europeia, Cidade do Vaticano, Quarta-feira 16 de setembro de 2015.

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Os bispos que assinam esta declaração:Cardeal D. Oswald Gracias, Arcebispo de Bombaim, Índia, Presidente daFABC (Ásia) D. Gabriel Mbilingi, Arcebispo de Lubango, Angola. Presidente do SECAM(África) Cardeal D. Péter Erd?, Arcebispo de Esztergom – Budapeste, HungriaPresidente do CCEE (Europa) D. Joseph Kurtz, Arcebispo de Louisville, Presidente da USCCB (EUA) Cardeal D. Reinhard Marx, Arcebispo de Munique, Alemanha, Presidente doCOMECE (Europa) D. John Ribat, Arcebispo de Port Moresby, Papua Nova-GuinéPresidente da FCBCO (Oceânia) Cardeal D. Rubén Salazar Gómez, Arcebispo de Bogotá, ColômbiaPresidente do CELAM (América Latina) D. David Douglas Crosby, Bispo de Hamilton, Canadá, Presidente da CCCB-CECC (Canadá) Cardeal D. Béchara Boutros Raï, Patriarca de Antioquia (Maronita)Presidente do CCPO (Conselho dos Patriarcas Católicos do Oriente) Escrito em colaboração com as redes católicas CIDSE e CaritasInternationalis e com o patrocínio do Concelho Pontifício Justiça e Paz

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A caminho da COP21

Em contagem decrescente para a21ª Cimeira da ONU sobreAlterações Climáticas, a FECacompanha e mobiliza a nivelnacional por uma ‘Mudança peloPlaneta, Cuidando das Pessoas’.Vai além fronteiras e associa-se àCIDSE numa ação global com omesmo mote, a par e passo com assuas congéneres Europeias eNorte-Americanas num caminho dereflexão e ação conjunta inspiradana Encíclica do Papa Francisco,Laudato Si."Mudar pelo planeta - cuidar daspessoas" é uma campanha queexige

uma mudança radical no estilo devida das pessoas para uma vidasimples, fazendo escolhas diferentese mais conscientes. Vai muito alémdo consumo de energia e alimentos,apelando por melhores políticas,bem como ao envolvimento de todasas pessoas. Ultrapassa as fronteirasformais do conceito de ambiente,realçado inúmeras vezes pelo Papana Encíclica Laudato Si. O ambienteé a relação entre a natureza e asociedade e entre as pessoas que aconstituem. A natureza não é umcenário ou um

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palco separado das pessoas, éparte intrínseca.Uma reflexão atual e pertinente nummomento particularmente sensível,reforçada pela urgência deenfrentar uma crise ecológica quenão é só uma crise técnica, degestão de recursos naturais, masantes uma crise moral e de sentido,como referiu o anfitrião da COP21,o Presidente da República Francês,François Hollande e a sua Ministrado Ambiente, SegoleneRoyal apoiando-se na Encíclica ecitados por Elena Lasida,economista e teóloga, docente noInstituto Católico de Paris.

Para a COP21 e alinhada com o 5ºcapítulo que nos remete para aação, desafiando cada um de nósnas nossas tarefas diárias e emtodas as áreas e esferas da vida, aFEC associa-se à CIDSE e apelapor um ambicioso acordo justo,juridicamente vinculativo assinadopor todas as partes (países) naCOP21.De salientar a descarbonização daseconomias em 2050. Um plano deação pelo qual os países deverãoreduzir as suas emissões a zero egradualmente implementar sistemasque dependam 100% de energiarenovável.O acordo deve conter cláusulas

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de revisão a cada 5 anos e ospaíses deveriam rever os seuspróprios objectivos. Garantir queseja alcançada uma redução deemissões no sentido de cumprir ameta de longo prazo de limitar oaquecimento global a apenas 1,5ºC,identificando áreas estratégicas decooperação para proteger todos osgrupos e regiões vulneráveis ??dasalterações climáticas perigosas.Sem financiamento climático não sepoderão satisfazer as necessidadesde adaptação ou transformar as

economias para atingir os objetivos.A CIDSE defende um compromissosério para o Fundo Verde para oClima e uma trajetória clara para osalcançar os 100 mil milhões dedólares já acordados para o apoiodas ações climáticas nos países emdesenvolvimento até 2020.A equidade deve estar no centro dequalquer compromisso assumido,responsabilizandoproporcionalmente os paísesresponsáveis ??pela maioria dasemissões e do consumo per capitaapoiando os países em

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desenvolvimento, resolvendo a“verdadeira dívida ecológica” citadana Encíclica do Papa Francisco.As pessoas e comunidades maisvulneráveis ??devem assumir umpapel mais forte. A CIDSE e todasas organizações aliadas como aFEC, enquanto organismo deinspiração religiosa, têm aobrigação moral de trazer essasvozes para o palco e apresentar assuas preocupações.As expectativas da CIDSEcomtemplam ainda a igualdade degénero, a participação plena,promovendo a segurança alimentare a proteção dos ecossistemasnaturais.A aliança das organizaçõescatólicas da Europa e América doNorte –

CIDSE, acredita no poder daspessoas para mudar o rumo domundo, e trabalha para que a essavoz seja ouvida em diferentesfóruns. Durante a COP 21, que serealiza entre 30 de novembro e 11de dezembro, na capital Francesa,estão ainda previstas váriasatividades no âmbito de uma açãoconjunta liderada pela CIDSE queenvolvem os cidadãos num apeloconcertado pela justiça climática.Com uma segurança reforçada e emalerta máximo, Paris receberá osgrandes líderes mundiais numaCimeira que mostrará todas as facesdo ambiente, num dado que vaialém da política, que é feito depessoas, da natureza e dasrelações que são o embrião da Pazmundial.

Fundação Fé e Cooperação

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COP21A conferência COP21 (21ª ediçãoda Conference Of Parties) estáprevista para o final de novembro,início de dezembro, na cidade doamor, Paris, mas invadida pelo ódioatravés dos atentados terroristas a13 de novembro que levaram àmorte de mais de uma centena depessoas. O Papa Francisco na suaCarta Encíclica Laudato Si' afirmaque não podemos dissociar osrelacionamentos que temos com omeio ambiente dos relacionamentosque temos entre nós. É dessasíntese que emerge uma EcologiaIntegral. Assim, o cenário sobre oqual se desenvolve este COP21acaba por ser histórico eemblemático.O Presidente Francês FrançoisHollande no seu discurso após osataques terroristas afirmava queeste COP21 é uma forma de trazera esperança e a solidariedade, nãoapenas aos franceses, mas a todos,pois, esperam-se mais de 50000participantes de todo o mundo.Assim, Paris torna-se a capital domundo, e, uma vez mais, a questãoambiental extravasa o mundonatural onde se desenrola estahistória de relacionamento entre oser humano e o ambiente, para setornar uma

resposta positiva aos desafiossócio-culturais associados aoterrorismo.Considerando esteenquadramento, as metas para esteCOP21 são claras e a palavra-chave é compromisso.Uma das metas mais relevantesrefere-se à temperatura global quenão deverá aumentar mais do que2°C até 2100. Como pode ser essevalor relevante quando o choquetérmico num dia de verão entreestar dentro de casa e fora delapode ir até aos 10°C? Basta pensarque o aquecimento global produzefeitos num todo e não numa parte.Por exemplo, a temperatura donosso corpo é de 37°C, mas bastaaumentar 1°C e ficamos de cama,sentimos dores de cabeça e portodo o corpo. Enfim, apanhámosuma gripe. Com o planeta não édiferente, um pequeno aumento detemperatura pode alterar o equilíbriocom graves consequências, daí ocontributo das ciências climáticasem estabelecer um valor comocritério. É esse o papel doIntergovernamental Panel forClimate Change (IPCC) que reúneespecialistas de todo o mundo paraajudar os governantes a assumir umcompromisso com base na

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informação mais credível possível.A segunda meta mais relevante é oestabelecimento de um fundo de100 mil milhões de dólares paraorientar os países em vias dedesenvolvimento na direção de umprogresso mais sustentável,viabilizando a transferência detecnologia e apoio a uma educaçãoambiental mais responsável. Nestefundo se inclui o Green ClimateFund (Fundo Clima Verde) queapoiou recentemente os primeiros 8investimentos,em diversos continentes,relacionados com sistemasde proteção civil, sistemassanitários e de fornecimento deágua.Em síntese, às palavras"esperança" e "solidariedade"acrescentaria "compromisso". É umapalavra cada vez mais importante noâmbito das Alterações Climáticas,mas também em todos os âmbitosda família humana. Aliás, essa seriaa maior

descoberta que se poderia fazerneste COP: Somos uma só Família.A visibilidade dessa mensagem seráuma resposta para o drama doterrorismo que atualmente se vivecom maior intensidade.

Miguel Oliveira Panão,Investigador

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Sociedades livres de emissões decarbono

A 21ª Conferência do Clima dasNações Unidas é o Encontro dosEstados Parte da ConvençãoQuadro da ONU sobre AlteraçõesClimáticas (CQNUAC), maisconhecida por COP21. Está previstoter lugar na capital francesa, entreos próximos dias 30 de novembro e11 de dezembro. Esta Conferênciaassume elevada importância, entreoutros aspetos, pela renovação doProtocolo de Quioto, em vigor desde2005. E este Protocolo foi o primeiro(e até à data, o único) instrumentointernacional para a redução dasemissões de gases com efeito

de estufa, a principal causa doaumento da temperatura média doPlaneta e, consequentemente, dasalterações climáticas.O Acordo de Quioto foi poucoambicioso. Propôs uma redução deapenas 5% nas emissões de gasese falhou na tentativa de implicar asgrandes economias, garantindoapenas o compromisso da UniãoEuropeia. Não obstante, a ciênciatem evidenciado de forma muitoclara a necessidade de limitar asemissões de gases com efeito deestufa. Aumentar a temperaturamédia do planeta para lá de 2ºCpoderá colocar-nos

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perante cenários de dimensõesverdadeiramente catastróficas. Emtodo o caso, os desastres naturaisirão crescer, em quantidade e emintensidade e a desertificação e aescassez de água aumentarãotambém.E é neste clima de receio de umnovo fracasso que a Conferência deParis irá decorrer: que os paísesnão sejam capazes de chegar a umacordo, obrigatório e ambicioso. Éum risco que existe mas as suasconsequências seriam lamentáveispara todos. A COP21 deverá sercapaz de alcançar um acordoambicioso que garanta sociedadeslivres de emissões de carbono até2050. E isto apenas se podeconseguir através de acordosobrigatórios, que tenham acapacidade para sancionar quemnão cumpra, e com a transferênciade fundos e de tecnologia para oschamados Países emDesenvolvimento, permitindo-lhesincorporar-se neste caminhocolaborativo.Através da Encíclica Laudato Sio Papa Francisco deixou o seucontributo para estas negociações,deixando uma mensagemde esperança e apelando a umdiálogo honesto que conduza

a um compromisso real. O Papareconhece que estamos perante umdesafio de enormes proporções,que nos faz questionar o nossopróprio modelo socioeconómico: osnossos atuais sistemas deprodução, de consumo e de criaçãode resíduos estão a conduzir aoesgotamento de recursos e àexclusão social. E a COP21 poderáser um passo importante na longacaminhada pela transformaçãosocial. É esta a chamada do PapaFrancisco.Por fim, e como nos recordaFrancisco, não estamos peranteduas crises: uma social e outraambiental. Pelo contrário somosconfrontados com uma única eprofunda crise sócio- ambiental.E a violência recente em Paris vemrecordar-nos que as questões daigualdade e da paz não podem ficarà margem. O momento que estamosa viver é um momento onde muitasdestas tensões se tornam maisevidentes sendo urgente enecessário um compromissoprofundo para cuidar desta “CasaComum”, esta Casa que inclui aspessoas e o lugar onde habitam.

Jose Ignacio Garcia,sjJesuit European Social Centre

(JESC)- Artigo facilitado pela Fundação

Gonçalo da Silveira (ONGD Jesuíta)

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COP21: Igreja Católicamobiliza-se em França400 mil participantes esperados eentre eles muitos responsáveisreligiosos. D. Jean-Luc Brunin, bispode Havre (França), destaca amobilização dos cristãos para apróxima cimeira do clima de Paris,procurando medidas concretas que,entre outras, ajudem a limitar oaquecimento global a 2 graus ereduzir a emissão de gases comefeito de estufa.O responsável francês sustenta quea problemática do clima, comdimensão universal, deu uma “novalegitimidade” às religiões no que dizrespeito às questões sociais,abrindo caminhos de diálogo com osatores políticos.A este respeito, a encíclica ‘LaudatoSi’, do Papa Francisco, reforçou olugar da ecologia na Doutrina Socialda Igreja, a partir do princípio deque “tudo está ligado” (crisesambiental, económica, social epolítica).A Igreja Católica em França vê oacolhimento da COP21 como umaoportunidade de promover a“espiritualidade ecológica” naopinião pública, ajudando arepensar

a dinâmica do desenvolvimento e docrescimento económico.A cimeira do clima vai contar comalguns eventos paralelospromovidos pela Igreja Católica,desde conferências a momentos deoração, com destaque para oconvite dirigido ao patriarcaecuménico de Constantinopla (IgrejaOrtodoxa), Bartolomeu I, que vaifalar a 1 de dezembro no célebreColégio dos Bernardinos, em Paris.Associações católicas vão dar vida auma “cidade das alternativas” epromover uma marcha durante aCOP21.A Catedral de Notre-Dame de Parisvai acolher uma celebraçãoecuménica a 3 de dezembro,presidida pelo cardeal André Vingt-Trois, o patriarca Bartolomeu I e osecretário-geral do ConselhoEcuménico das Igrejas, o pastorOlav Fykse Tveit.

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COMECE

A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE)deixou uma mensagem aos participantes na próxima Conferência sobreas Mudanças Climáticas de Paris, pedindo que os acordos sejam mais doque “letra morta”. Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, osparticipantes sublinham que esta reunião constitui um “desafioconsiderável” para o planeta e para toda a humanidade, manifestando asua “mobilização total”, seguindo a orientação do Papa na encíclica‘Laudato Si’.O presidente da COMECE, cardeal Reinhard Marx, sustenta que nenhumacordo deve “ficar como letra morta”, pelo que é necessário “passar àfase de concretização”. Para o arcebispo de Munique, a Igreja tem amissão de propor modelos de vida alternativos que possam inspirar asociedade.A COP21 pretende alcançar na capital francesa um acordo mundial sobremetas vinculativas de redução de emissões de gases com efeito de estufapara substituir o Protocolo de Quioto.Os trabalhos da COMECE contaram com a presença de D. António Marto,bispo de Leiria-Fátima e vice-presidente da Conferência EpiscopalPortuguesa.

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ESTRADA VIVA – Liga contra oTrauma

http://estradaviva.org/ No passado domingo, dia 15 denovembro, celebrou-se mais um DiaMundial em Memória das Vítimas daEstrada, este ano sob o lema “Étempo de recordar – diga NÃO aocrime rodoviário”. O espírito destacelebração, que é realizadaanualmente no terceiro domingo domês de novembro, “é de que aevocação pública da memóriadaqueles que perderam a vida ou asaúde nas estradas e ruasnacionais significa umreconhecimento, por parte doEstado e da sociedade, da trágicadimensão da sinistralidade, e ajudaos sobreviventes a conviver com otrauma de memórias dolorosasresultantes de acidentesrodoviários. É neste sentido que aminha sugestão de visita passaprecisamente pelo sítio daassociação Estrada Viva.Ao digitarmos o endereçowww.estradaviva.org encontramosum espaço eminentementeinformativo e que destaca na páginainicial, naturalmente, os cartazes espots promocionais relativos a estacelebração.Na opção “quem somos” dispomosde informações que nos indicam

quem é esta associação.Nomeadamente que esta é uma“rede informal de organizações epersonalidades que se reúnem como objetivo de promover iniciativasconjuntas e coordenadas decombate ao trauma rodoviário, desensibilização para a necessidadeda sua prevenção, da sua gestão”entre outros.Se pretender saber quem são ascinquenta e sete entidades coletivassubscritoras da liga contra o trauma,basta que clique em “rede”.Em 2002, São João Paulo II,“perante o aumento exponencial donúmero de vítimas de desastresrodoviários no mundo, promoveu amudança do então dia Europeu emMemória das Vítimas da Estradapara dia Mundial”. Assim em “Dia daMemória” pode consultar todas asinformações relativas a cada ano emque foi vivido este dia.

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Uma das grandes potencialidadesdeste espaço passa pelapossibilidade de poder tirar umcurso online de SobrevivênciaRodoviária. Esta formação “constituiuma ferramenta, para a dinamizaçãoem diversos contextos, de formaçãotécnica sobre as causas dasinistralidade e as estratégias paraa sua mitigação. Os conteúdos sãoorganizados em torno dos 5 pilaresdo Plano Global de Ação para aSegurança Rodoviária, definidospela ONU e OMS no âmbito daDécada Global”.Por último em “rádio estrada viva”

temos ao dispor uma rádio onlinecujos “conteúdos se baseiam emdepoimentos, entrevistas,reportagens, campanhas e notícias.Cada ficheiro de som pode sertambém divulgado individualmente”.Fica então lançada a sugestãoporque “a morte e lesão poracidente de viação são ocorrênciasrepentinas, violentas e traumáticas,e o seu impacto duradouro, porvezes, permanente”.

Fernando Cassola [email protected]

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Um «terramoto doutrinal»para aprofundar a inquisição emPortugalUma obra com dados novos para ahistoriografia portuguesa visto que oautor tratado na investigaçãoapenas merecia, antes destetrabalho, uma referência diminuta –meia página – da história dainquisição. Da autoria de D. CarlosMoreira Azevedo, a obra «TerramotoDoutrinal – A carta dogmático-política (1775) do P. João Moutinhocontra a Inquisição» tem a chancelada «Temas e Debates – Círculo deLeitores» foi apresentada, a 13deste mês, na Biblioteca Nacional,em Lisboa.Através desta apaixonante e inéditainvestigação, o portuense JoãoMoutinho (1698-?) passa de umquase desconhecido a umrocambolesco e provocante autorde longa carta aberta ao rei D. José(1755), sátira congeminada aolongo de vários anos. “Foi umasurpresa encontrar nacorrespondência entre o secretáriode Estado do Vaticano e o núncioem Lisboa e vice-versa, cartas”sobre este padre, disse à AgênciaECCLESIA D. Carlos MoreiraAzevedo, delegado do ConselhoPontifício da Cultura.Esta recomposição da vida e obra

de João Moutinho “pode parecerum cativante romance policial,conjugando abertura mental,erudição teológica e ironia altiva,perante a inquisição e seusresponsáveis em Portugal: o Estadoe a Igreja”, lê-se na contracapa daobra.

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Com cerca de 270 páginas edividida em duas partes, o autorsocorreu-se da correspondênciaexistente no arquivo do Vaticano edos dois exemplares conhecidos:Um na Biblioteca Nacional dePortugal (com 192 páginas) e ooutro, com menos páginas, mas comcuriosas notas manuscritas, naBiblioteca Nacional de França. Aprodução da obra foi interrompidapela inquisição, mas o autorconseguiu retirar algumas dezenasde exemplares da tipografia(Florença – Itália) e enviar, mesmoincompleto, ao rei, ao marquês dePombal e a amigos.O documento do padre JoãoMoutinho é “uma crítica dogmática àinquisição, dizendo que os bisposportugueses são todos hereges” aopermiti-la e que esta tem de acabarrapidamente. Este oratorianofundamenta-se com “argumentos dapatrística e da Escritura”,

realça D. Carlos Azevedo.Com formação erudita, o padre JoãoMoutinho foi uma personalidadevisionária e tem “uns inéditos naárea da Filosofia que nunca forampublicados, quando lecionou emBraga”.Mesmo com uma distância secular,este oratoriano que o Marquês dePombal quis apagar da história,fazendo-o morrer no castelo deSant´Angelo (Roma-Itália), tinhaideias inovadoras para a época: “Oque importa é apostar na educaçãoporque o futuro de um país” passapor aí.A obra «Terramoto Doutrinal» foiapresentada pelo investigador JoséEduardo Franco, o qual falou deuma obra “extraordinária” queinteressa ao público especializado,mas não só, por apresentar a“crítica mais contundente” àInquisição em Portugal, do ponto devista intraeclesial.

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II Concílio do Vaticano:A equipa do cardeal Bea triunfou…

A votação definitiva da declaração sobre a LiberdadeReligiosa foi feita a 19 de novembro de 1965. O IIConcílio do Vaticano (1962-65) entrava na reta final…Esta votação foi feita cerca de mês depois da docapítulo sobre os judeus (esquema sobre as religiõesnão cristãs) é um dos momentos que entrou nos anaisdeste acontecimento magno convocado pelo PapaJoão XXIII.Nenhum outro esquema conheceu tantas vicissitudescomo este, que apareceu, justamente, a numerososobservadores como o teste por excelência da boavontade, e mesmo de boa-fé, da Igreja romana. Comeste esquema, um dos principais obstáculos daestrada do ecumenismo foi levantado. O que eraimpossível ontem será possível amanhã.Ao criar o secretariado para a unidade dos cristãos edando-lhe todos os poderes para redigir e apresentaresquemas relativamente às comissões conciliares, oPapa João XXIII “tinha a intuição de que esteorganismo – confiou-o ao seu amigo cardeal Bea –conheceria imensas dificuldades” (Henri Fesquet – «ODiário do Concílio»; Volume 3, Publicações Europa –América, pág 315). A cúria romana olhou comdesconfiança este secretariado concorrente, que, sobo impulso dum cardeal alemão, despojava o SantoOfício duma parte das suas tradicionais atribuições.Os trabalhos vieram provar que a equipa do CardealBea triunfou “quase totalmente” (Obra citada).“A animosidade dos inimigos deste texto foiextraordinária. Em certo sentido ultrapassa aquela

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que se verificou a propósito daquestão judaica porque os motivosinvocados aqui são mais racionaisque os referentes àquela questão”(Ver: Henri Fesquet). O dogmatismodoutrinal erguia-se com “toda a suaforça, temível e temida”. A minoriatentava opor antigos textospontifícios, ou brandir a ameaça dolaicismo ou do indiferentismo.O peso do passado erraterrivelmente duro e foi necessárioque a obstinação dos teólogos maisabertos se

conjugasse com o instinto pastoraldos bispos e a firme vontade doPapa Paulo VI para chegar ao fim detodas as resistências. Dois libeloscirculavam na assembleia, datadosdo dia anterior. Vinham “do famoso«Coetus Internationalis Patrum»”. Amaioria da assembleia mostrou-seextremamente compreensiva emrelação à minoria. No entanto acomissão e o Papa Paulo VI fizeramgrandes esforços para reunir osoponentes.

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novembro 2015 Dia 20 de Novembro* Funchal – Sé – A comunidade dosPadres Carmelitas Descalços (OCD)do Funchal, informa que, esta sexta-feira, o padre frei Félix AstondoaGortázar (Cecílio do Menino Jesus)completa 100 anos de vida

* Porto – Espinho - Debate sobre«Religião e Educação» com aparticipação de António Nóvoa eJoaquim Azevedo

* Lisboa – Alfragide - O Movimento«Encontro Matrimonial» promove aatividade «Um fim-de-semana muitoespecial...» (20 a 22)

* Fátima - Sessão de Estudos deEspiritualidade Inaciana com o tema«Nada nem ninguém te rouba aalegria» (20 a 22)

Dia 21 de Novembro* Funchal - Colégio Santa Teresinha- Jornada do Apostolado dos Leigosdedicada ao Ano da Misericórdia

* Santarém - Encontro diocesano decoros

* Fátima - Domus Carmeli - A CNISpromove o encontro de dirigentes deIPSS com os candidatospresidenciais Marcelo Rebelo deSousa (14:30) e Maria de Belém(10:30).

* Aveiro – Seminário - Assembleia deAnimadores de Aveiro (A3) com otema «O tempo perguntou ao tempo»

* Vaticano - Entrega da quintaedição do Prémio Ratzinger,considerado o «Nobel» da Teologia,vai distinguir dois professores,naturais do Brasil e do Líbano.

* Lisboa - Convento de SãoDomingos - O historiador JoséMatoso vai participar na celebraçãodos 40 anos do Centro de ReflexãoCristã (CRC).

* Santarém - Encontro diocesano decatequistas com conferência sobre«A Misericórdia de Deus naSagrada Escritura» pelo padreFrancisco Ruivo.

* Leiria - Centro Pastoral Diocesano- A Diocese de Leiria-Fátima promove encontro dos mediada região

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* Lisboa - São Domingos de Rana(Salão paroquial) - O Agrupamento113 do Corpo Nacional de Escutasorganiza uma recolha de sangue

* Porto - Seminário de Cucujães -Lançamento da obra «Os Salmos»da autoria de D. António Couto,Bispo de Lamego.

* Viseu – Sé - Vigília de oração parapreparar a Solenidade de Cristo Rei* Fátima - As Equipas de NossaSenhora vão realizar o seuencontro nacional para refletiremsobre o pulsar deste movimento. (21e 22)

* Leiria - Mercado solidário deSant´Ana promovido pela Cáritas deLeiria (21 e 22)

Dia 22 de Novembro* Leiria – Seminário - AssembleiaDiocesana do Apostolado da Oração

* Porto – Sé - A Diocese doPorto homenagea D. João Lavrador,que vai assumir a missão de bispocoadjutor de Angra, nos Açores.

* Setúbal - Almada - Santuário deCristo Rei - Jornada internacionalde oração pela paz no mundopromovida pela Fundação Ajuda àIgreja que Sofre (AIS)

* Porto - PaçoEpiscopal Apresentação da obra «AIgreja em Diálogo com o mundo» daautoria de D. João Lavrador comapresentação a cargo do Bispo doPorto, d. António Francisco e comintervenções do próprio autor, D.João Lavrador, do padre ManuelCorreia Fernandes, director doSemanário «Voz Portucalente» e dopadre José Carlos Nunes, directorda Paulus.

Dia 23 de Novembro* Braga - Famalicão (CentroPastoral de Santo Adrião) - SemanaBíblica do arciprestado deFamalicão com o tema «Convocadospara o Anúncio» orientada por D.António Couto, bispo de Lamego.(23 a 25)

* Açores - Ilha de São Miguel (PontaDelgada) - Semana BíblicaDiocesana dos Açores com o tema«Santificados pela Palavra» (23 a25)

Dia 24 de Novembro* Porto - Fundação SPES - AFundação SPES promove debatesobre a «Laudato Si»

Dia 25 de Novembro* Portalegre - Encontro de Adventopara o Clero da Diocese dePortalegre-Castelo Branco.

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- Exposição “Presépios do Mundo”, no MuseuFrancisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco,com peças oriundas dos cinco continentes econsiderada como uma das melhores do mundo, avisitar entre 21 de novembro e 10 de janeiro, de terçaa domingo entre as 10h00 e as 12h30 e as 14h00 e as17h30. - Teatro “A Fórmula de Deus”, baseado numa obra dojornalista José Rodrigues dos Santos e levado a cenapelo grupo “Fatias de Cá”, dia 22 de novembro, às16h00 no Palácio Nacional de Mafra. - Colóquio “O Papel do Voluntariado no Séc. XXI”, dia25 de novembro às 14h30, no auditório 3 daFundação Calouste Gulbenkian, com a participação deJoão Pedro Tavares, presidente da Associação Cristãde Empresários e Gestores e João Afonso, vereadorda Ação Social da Câmara Municipal de Lisboa. - Conferência “Criação, Antropologia e Economia noLivro do Génesis: Reflexões à luz da Laudato Si”, doprofessor Luigino Bruni, da Universidade Lumsa deRoma, dia 26 de novembro às 19h00, no auditórioCarvalho Guerra, da Universidade Católica do Porto. - Concerto de flauta de bisel e órgão, na igreja de S.Francisco de Évora, com atuações de António Carrilhoe Rafael Reis, dia 29 de novembro às 16h30, inseridono ciclo “Música nas Igrejas”, organizado pela DireçãoRegional de Cultura do Alentejo e pelo Cabido da Séde Évora

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, 22 de novembro- Projetos da Cáritas noLíbano RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 23 -Entrevista a D. Pedro Zilli,bispo de Bafatá, Guiné-Bissau Terça-feira, dia 24 -Informação e entrevista aopadre António AlexandreFerreira, missionário no Quénia Quarta-feira, dia 25 - Informação e entrevista aopadre Marcos Alvim, autor do CD "Tu, Senhor" Quinta-feira, dia 26 - Informação e entrevista àescritora Maria Teresa Maia Gonzalez Sexta-feira, dia 27 - Análise às leituras bíblicas dasmissas de domingo com padre João Lourenço e JuanAmbrosio Antena 1Domingo, dia 22 de novembro - 06h00 - Wake Up:o novo CD do PApa Francisco Segunda a sexta-feira, 23 a 27 de novembro - 22h45 - Diocese de Angra: fique a conhecerum poucomelhor a realidade da diocerse que vai acolher o novobispo coadjutor, D. João Lavrador, no próximodomingo, dia 29 de novembro

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Ano B – Solenidade de Cristo Rei Rei do amor eda verdade

Jesus Cristo é Rei e Senhor do Universo. É aafirmação central da Solenidade deste último domingodo ano litúrgico. O Evangelho apresenta-nos, numquadro dramático, Jesus a assumir a sua condição derei diante de Pôncio Pilatos.As declarações de Jesus não deixam lugar a dúvidas:Ele é rei e recebeu de Deus, como diz a primeiraleitura, “o poder, a honra e a realeza” sobre todos ospovos da terra. Somos hoje convidados, antes demais, a descobrir e interiorizar esta realidade: Jesus, onosso rei, é princípio e fim da história humana, estápresente em cada passo da caminhada dos homens econduz a humanidade ao encontro da verdadeira vida.Os grandes líderes das nações são, frequentemente,pessoas com uma visão muito limitada do mundo, quenem sempre se preocupam com o bem da humanidadee que conduzem as suas políticas de acordo comlógicas de ambição pessoal ou de interessesparticulares. Esta constatação não deve lançar-nos nodesânimo: nós sabemos que Cristo é o nosso rei, quepreside à história e que, apesar das falhas daspessoas, continua a caminhar connosco e a apontar-nos os caminhos da salvação e da vida.Jesus apresenta-Se aos homens sem qualquerambição de poder ou de riqueza, sem o apoio dosgrupos de pressão que fazem os valores e a moda,sem qualquer compromisso com as multinacionais daexploração e do lucro. Ele apresenta-se só, indefeso,prisioneiro, armado apenas com a força do amor e daverdade. Não impõe nada; só propõe às pessoas queacolham no seu coração uma lógica de amor, deserviço, de obediência a Deus e aos seus projetos, dedom da vida, de solidariedade

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com os pobres e marginalizados, deperdão e tolerância. É com estasarmas que Ele vai combater oegoísmo, a autossuficiência, ainjustiça, a exploração, tudo o quegera sofrimento e morte. É umalógica desconcertante eincompreensível, à luz dos critériosque o mundo avaliza e enaltece.A forma simples e despretensiosacomo Jesus, o nosso Rei, Seapresenta, convida-nos a repensarcertas atitudes, certas formas deorganização e certas estruturas quecriamos. A comunidade de Jesus, aIgreja, não pode estruturar-se eorganizar-se com os mesmoscritérios dos reinos da terra. Deveinteressar-se

mais por dar um testemunho deamor e de solidariedade para comos pobres e marginalizados do queem controlar as autoridadespolíticas e os chefes das nações;deve preocupar-se mais com oserviço simples e humilde aoshomens do que com os títulos, ashonras, os privilégios; deve apostarmais na partilha e no dom da vidado que na posse de bens materiaisou na eficiência das estruturas.A Igreja está a ser gravemente infielà sua missão, se não testemunhar amesma lógica de realeza que Jesusapresentou diante de Pôncio Pilatos.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.pt

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Novo presidente da Conferênciados Institutos ReligiososO novo presidente da Conferênciados Institutos Religiosos de Portugal(CIRP) foi eleito por dois anos, até2017, esta terça-feira naassembleia-geral em Fátima, epretende “dar continuidade” ao Anoda Vida Consagrada e depois oJubileu da Misericórdia. “Há umacontinuidade em relação à direçãoanterior. A minha preocupação é darcontinuidade ao Ano da VidaConsagrada e depois o Ano Santoda Misericórdia”, explicou o padreJosé Vieira à Agência ECCLESIA.O religioso adiantou que na primeirareunião da direção da CIRP vãodebater “o caminho a fazer”, até2017. “Agora junta-se a misericórdiaque é outra dimensão importante davida religiosa. De dezembro a iníciode fevereiro, as duas celebraçõesvão estar juntas e é um aspetoimportante porque temos de sercorações misericordiosos nummundo dividido por tanta falta demisericórdia, confiança e paz”,desenvolveu o novo presidente daCIRP.Para o padre José Vieira, doInstituto dos MissionáriosCombonianos,

o ano especial, proposto pelo PapaFrancisco, foi uma “oportunidadepara repensar a consagração e adimensão fundamental” de serem“profetas do amor, da ternura damisericórdia de Deus”.O religioso destaca que realizaram-se e estão a decorrer diversasiniciativas em Portugal e, embora, opériplo do velocípede do Ano daVida Consagrada tenha sidocancelado as comunidades que oiam receber “podem realizar namesma atividades” ao encerramentooficial do AVC em Portugal, a 7 defevereiro de 2016, com umaperegrinação ao Santuário deFátima.O missionário comboniano foi eleitoesta terça-feira e revelou querecebeu com “total surpresa” estevoto de confiança porque nãoestava

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à espera “este lugar deresponsabilidade” quando foi para oencontro em Fátima. “Como fomoseducados para aceitar os sinais deDeus através da confiança que aspessoas põem em nós, aceitei.Pensava que havia gente com maiscapacidade entre os homens emulheres religiosos de Portugal”,acrescentou o padre José Vieira.A assembleia-geral teve ummomento de formação sobre‘Proximidade

e liderança, liderança egoverno, governo e liderança’ e onovo presidente da CIRP consideraque há a “necessidade” de setornarem “mais próximos uns dosoutros”.O padre José Vieira nasceu emCinfães, foi diretor das revistas‘Audácia’ e ‘Além-Mar’, editoriais dosCombonianos, de publicações nasFilipinas e rádios no Sudão do Sul ena Etiópia; há vários anos escreveno blogue Jirenna, dedicado àmissão.

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Luto na Vida ConsagradaO funeral da irmã Maria do CarmoMartins, que faleceu na sequênciade um acidente com o velocípededa vida consagrada ocorrido estasegunda-feira, foi celebrado estamanhã no Instituto Jesus, Maria eJosé, em Viseu. Horas depois foicelebrada uma Eucaristia pelareligiosa na Paróquia dos Alhais(Vila Nova de Paiva, Diocese deLamego), de onde era natural.O Instituto Jesus, Maria e Josérevelou em comunicado que a irmãMaria do Carmo Martins Lino morreuna sequência de um traumatismocraneoencefálico. As religiosaspedem orações por outra dasvítimas, uma educadora do CentroSocial JMJ de Viseu, que ainda seencontra no Hospital de Coimbra.O velocípede do Ano da VidaConsagrada era uma iniciativa daConferência dos InstitutosReligiosos de Portugal (CIRP) quena assembleia-geral desta terça-feira, depois do acidente, cancelouo périplo por Portugal."A decisão foi um ato de respeito daAssembleia da CIRP pela vida epela morte da irmã que foi vitima do

acidente", disse à AgênciaECCLESIA o presidente da CIRP, opadre José Vieira.Para o missionário comboniano,esta decisão era "o mínimo" que sepodia fazer após o falecimento deuma religiosa, "por respeito pelamemória da irmã que perdeu a vidanaquele

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acidente, pelas irmãs dacongregação e pelas pessoas queficaram feridas".O acidente com o velocípede de 12lugares do Ano da VidaConsagrada, que feriu cincopessoas, uma das quais viria afalecer, aconteceu esta segunda-feira na Diocese de Viseu.

Outras três pessoas foramassistidas no local pelos Bombeirose pelo INEM. “O que poderemosdizer como direção da CIRP é quehouve falha nos travões da bicicletae pânico”, tinha explicado a irmãGlória Lopes, esta terça-feira, àAgência ECCLESIA.

CENTENÁRIO CARMELITA

A comunidade dos Padres Carmelitas Descalços (OCD) do Funchal vaicelebrar esta sexta-feira o 100.º aniversário de vida do Frei FélixAstondoa Gortázar (Cecílio do Menino Jesus).“Toda a comunidade estará em festa, no agradecimento a Deus pelo domda sua vida e das suas obras ao serviço de todos, e no reconhecimentoque devemos ao padre Cecílio por toda a amizade, dedicação, empenho,alegria e amor que coloca na missão que lhe foi confiada e a transformaem obra e graça de Deus”, refere um comunicado enviado à AgênciaECCLESIA.A nota sublinha a atividade do religioso como professor na arte musical,principalmente como organista, e a sua dedicação ao confessionário.Nesta data, será celebrada a Eucaristia, presidida pelo bispo D. AntónioCarrilho, na Sé do Funchal às 18h30.“Sinto um grande agradecimento ao Senhor pelo dom da vida, por sercarmelita e pela companhia dos irmãos. Estou fraco mas tenho semprealguém que me ajuda”, disse o padre Cecílio.

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Padre americano apoia antigos prisioneiros dos Gulags

Orações clandestinasTrocou o Alasca pelas terrasgeladas da Sibéria para ajudarantigos prisioneiros dos Gulags.Conheceu histórias de coragem,de terços rezados em silêncio,de mulheres forçadas a abortar.Hoje, Michael Shields querreconciliar todas estas pessoascom a vida… O padre americano Michael Shields,dos Irmãos do Sagrado Coração deJesus, estava em retiro, no Alasca,quando ouviu como que uma voz ainterpelar a sua consciência, amandá-lo para a Rússia, para juntodos que viviam nos campos deprisioneiros, os famosos Gulags.Alguns anos antes, em 1989, oPadre Michael tinha estado numdesses terríveis campos, emMagadan, onde o regime soviéticodepositava todos os querepresentavam uma ameaça aopoder de Moscovo. A ideia dededicar a sua vida àquelas pessoasque foram empurradas para a mortena Sibéria começou a ganhar forma.Em 1992, já com o regime soviéticoa desmembrar-se, Shields decidiutrocar as terras geladas do Alaskapelas terras inóspitas de Magadan.Tudo ali era como que um símbolodesses

anos terríveis em que milhares dehomens e mulheres foramdeportados para os campos detrabalho.Quando chegou a Magadan, oPadre Michael estava decidido aajudar o maior número possível depessoas. Foi difícil. Lembrar ostempos dos trabalhos forçados, davida nos barracões, da violência dosguardas, era como que avivar umaferida que teimava em não sarar.Muitos dos que foram desterradospara ali provinham de países comforte tradição cristã. Se o regimehavia decretado a morte de Deus,ali, nos Gulags, seria inimaginávelqualquer manifestação de fé. Orações clandestinasE, no entanto, havia quem rezasse.“Rezavam em silêncio para nãolançarem qualquer suspeita”, explicao padre Michael recordando asmuitas conversas com antigosprisioneiros. Todos os condenadospara os Gulags sabiam queprovavelmente não sobreviveriam àprisão. Tudo ali era violento,miserável. Mas foi ali, naquelesbarracões onde se

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amontoavam os presos políticos,que aconteceram as mais incríveishistórias de fé que o Padre Michaelnunca mais irá esquecer.Uma das mulheres que sobreviveuaos trabalhos forçados é agorauma grande amiga do “padreamericano”, como às vezes étratado. Chama-se Braslava e umdia decidiu prescindir do pedaçode pão escuro que era distribuídoaos prisioneiros para fazerpequenos rosários. Amassando opão, fazia bolinhas que iriatransformar em contas que deixavaa secar. À noite, no escuro, comuma agulha feita com uma espinhade peixe, e com uma linhaarrancada da sua própria roupa, iafazendo os rosários. Depois,oferecia-os aos outros prisioneiros.São imensas as cicatrizes dosofrimento que se escondem nospróprios rostos dos que habitamhoje em Magadan. Para o PadreMichael, a sua missão é clara:ajudar os sobreviventes dosGulags a reconciliarem-se com avida. O Padre Michael estáeufórico. “O Senhor está aabençoar o nosso trabalho e aabrir portas que durante muitotempo estiveram fechadas.”

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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A VOZ DOS BISPOS DE ANGOLA

Tarefas inadiáveis e urgentes

Tony Neves Espiritano

40 anos após a independência, Angola fezgrande festa a 11 de Novembro e os Bisposcatólicos associaram-se a este momento deespecial comemoração.Destaco algumas passagens da Nota Pastoral daCEAST que considero mais significativas:“A paz e a reconciliação nunca são uma possedefinitiva, mas uma tarefa e um horizonteirrenunciável que exige um trabalho nuncaacabado. Por isso, estamos a aprender arenovar a nossa mentalidade, despindo-a detodos aqueles males e preconceitos que noscolocaram de costas viradas uns contra osoutros; estamos a aprender a respeitar osdireitos e a dignidade dos outros; estamos asolidificar a unidade nacional e a estimular oespírito patriótico; enfim, estamos a construir averdadeira família angolana na diversidade ebeleza do seu mosaico cultural. Para estaempresa Angola precisa de todos os seus filhos efilhas, sem exclusão nem discriminação dequalquer natureza que seja.Neste contexto, cada um de nós, no quadro dassuas competências, tem tarefas inadiáveis acumprir para que os frutos da Independênciasejam permanente e copiosamente saboreadospor todos: Continuar a investir na reconstrução espiritual emoral de todos os angolanos, enquanto chavepara o sucesso de todos os projectos derenovação sócio-culturais em curso, fazendo comque esta data seja comemorada por todos

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independentemente das suas corespartidárias;Trabalhar com afinco na criação decondições para que todos tenham oindispensável para uma vidadignamente humana, repartindojustamente por todos as mesmasoportunidades e os rendimentosque o país produz e, assim, diminuiro fosso profundo existente entre osextremamente ricos e osextremamente pobres, bem comodespartidarizando o Estado e oemprego: afinal, à mesa dodesenvolvimento todos somosconvidados;Incrementar e generalizar asescolas de base e os cursostécnico-profissionais e dealfabetização qualificados, para que,duma vez por todas, se vençam astrevas da ignorância e doobscurantismo que mantêmcomunidades inteiras aprisionadasnas suas crendices opressoras eatrofiantes, lutando

contra as disfuncionalidades donosso sistema educativo para queos cidadãos assumam ascompetências necessárias paraserem protagonistas do seudesenvolvimento;Garantir que todos os cidadãostenham uma habitação condigna eque as infra-estruturas que se estãoa realizar sejam de qualidadeduradoira;Melhorar a qualidade da nossalinguagem política, jornalística eartística, para que nos sintamossempre mais irmãos e necessáriospara a construção e embelezamentoda Pátria;Promover o direito à liberdade deconsciência, reunião, livreassociação, manifestação,expressão e informação,constitucionalmente garantidos,para que tenhamos cidadãosdevidamente actualizados eavisados sobre os acontecimentosdo País e do mundo, podendo assimexercer uma cidadania consciente,responsável e participativa”.

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Page 39: do mundo - agencia.ecclesia.pt · Desde logo, colocando o dedo na ferida como tem feito o Papa Francisco: quem lucra com a ... que bate à porta, como o acolhimento de um Deus que

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