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www.conedu.com.br DO ENSINO TRADICIONAL À ABORDAGEM HUMANISTA: UMA ANÁLISE DO FILME SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS Demóstenes Dantas Vieira (1); Pedro Felipe de Lima Henrique (2); Josenildo Pinheiro da Silva (3); Efraim de Alcântara Matos (4). 1 Doutorando em Letras pela universidade Federal do Pernambuco UFPE E-mail: [email protected] 2 Mestre em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba UFPB E-mail: [email protected] 3 Especialista em Literatura e Ensino pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte IFRN E-mail: [email protected] 4 Mestre em Matemática pela Universidade Federal Rural do Semiárido UFERSA E-mail: [email protected] Resumo: Este trabalho visa analisar a obra fílmica Sociedade dos Poetas Mortos (2004), levando em consideração o confronto entre a educação tradicional/tecnicista e o modelo de educação centrada no sujeito. Com relação à fonte teórica, vale ressaltar as considerações dos estudos de Rogers (1987), Freire (1979), Gadotti (2003), Ausbel (1963), Anastasiou (2002), Demo (2004), dentre outros que, aqui, julgamos essenciais à essa discussão. A partir da análise fílmica, propomos perceber como o papel do educador e da Abordagem Humanista é fundamental para o despertar das subjetividades, da criticidade e sensibilidade dos educandos, características indispensáveis à formação totalitária de indivíduos capazes de decidirem quanto aos rumos de suas vidas e de intervir na vida social, agindo conforme os princípios da autonomia e de sua consciência. Palavras-chave: análise fílmica, Abordagem Humanista, autonomia. PARA INÍCIO DE CONVERSA O filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989) apresenta-se como exemplar de obras cinematográficas de cunho pedagógico em evidencia pós-teorias humanistas e interacionistas. Podemos inferir que o mesmo representa a crítica ao ensino tradicional que predominou no processo de ensino-aprendizagem desde a origem da instituição escolar até meados do século XX com o desenvolvimento e propagação da psicologia humanista e teorias interacionistas, seja o cognitivismo piagetiano ou o sociointeracionismo de Lev Vygotsky. A obra em análise traz à baila a importância da Abordagem Humanista representada principalmente por Maslov, Carl Rogers e Paulo Freire. A princípio, salientamos a riqueza da mimese na transposição/transcriação das realidades sociais que apresenta um período de ruptura com a educação centrada no professor e no conteúdo para uma educação centrada no sujeito. À vista disso, propomos a análise da obra partindo

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DO ENSINO TRADICIONAL À ABORDAGEM HUMANISTA: UMA

ANÁLISE DO FILME SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS

Demóstenes Dantas Vieira (1); Pedro Felipe de Lima Henrique (2); Josenildo Pinheiro da Silva (3);

Efraim de Alcântara Matos (4).

1Doutorando em Letras pela universidade Federal do Pernambuco – UFPE

E-mail: [email protected] 2 Mestre em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB

E-mail: [email protected] 3 Especialista em Literatura e Ensino pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio

Grande do Norte – IFRN

E-mail: [email protected] 4 Mestre em Matemática pela Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA

E-mail: [email protected]

Resumo: Este trabalho visa analisar a obra fílmica Sociedade dos Poetas Mortos (2004), levando

em consideração o confronto entre a educação tradicional/tecnicista e o modelo de educação

centrada no sujeito. Com relação à fonte teórica, vale ressaltar as considerações dos estudos de

Rogers (1987), Freire (1979), Gadotti (2003), Ausbel (1963), Anastasiou (2002), Demo (2004),

dentre outros que, aqui, julgamos essenciais à essa discussão. A partir da análise fílmica, propomos

perceber como o papel do educador e da Abordagem Humanista é fundamental para o despertar das

subjetividades, da criticidade e sensibilidade dos educandos, características indispensáveis à

formação totalitária de indivíduos capazes de decidirem quanto aos rumos de suas vidas e de

intervir na vida social, agindo conforme os princípios da autonomia e de sua consciência.

Palavras-chave: análise fílmica, Abordagem Humanista, autonomia.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

O filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989) apresenta-se como exemplar de obras

cinematográficas de cunho pedagógico em evidencia pós-teorias humanistas e interacionistas.

Podemos inferir que o mesmo representa a crítica ao ensino tradicional que predominou no processo

de ensino-aprendizagem desde a origem da instituição escolar até meados do século XX com o

desenvolvimento e propagação da psicologia humanista e teorias interacionistas, seja o

cognitivismo piagetiano ou o sociointeracionismo de Lev Vygotsky. A obra em análise traz à baila

a importância da Abordagem Humanista representada principalmente por Maslov, Carl Rogers e

Paulo Freire.

A princípio, salientamos a riqueza da mimese na transposição/transcriação das realidades

sociais que apresenta um período de ruptura com a educação centrada no professor e no conteúdo

para uma educação centrada no sujeito. À vista disso, propomos a análise da obra partindo

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principalmente da teoria humanista que preza por processos educativos centrados na pessoa.

Influenciada pela fenomenologia existencial, o humanismo apresenta-se como uma reação a práticas

psicológicas e pedagógicas centradas no comportamentalismo behaviorista e no ensino tradicional.

Nesse sentido, este trabalho nos remonta a uma reflexão sobre a participação do humanismo no

processo de ruptura com a educação tecnicista/tradicional e behaviorista, trazendo à tona o princípio

existencialista do ser humano como ponto de partida da reflexão e o princípio fenomenológico da

consciência humana do mundo que o cerca, dos fenômenos e dos processos de subjetivação

(MACHADO, 2015).

Em vista disso, este trabalho propõe uma discussão sobre a educação e condição humana,

o que nos remete a uma reflexão sobre o processo de formação de subjetividades inerentes à prática

educativa. Para tanto, adotamos o filme como um documento histórico pensando a relação da arte

com a vida social. Como métodos procedimentais, adotamos a análise fílmica e método

bibliográfico, cujo aporte teórico compreende os estudos de Rogers (1987), Freire (1979), Gadotti

(2003), Anastasiou (2002), Demo (2004). Propomos, portanto, compreender o filme supracitado

levando em consideração o papel do professor no processo de construção de subjetividades, na

“erupção” do sujeito sócio, histórico, político afetivo, e, acima de tudo, humano, como indivíduos

capazes de se fazerem senhores de sua própria existência.

A ESCOLA E AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM

A existência da escola cumpre um objetivo antropológico muito importante, desde a

socialização do conhecimento cientifico e cultural para as novas gerações até a inserção efetiva dos

educandos na sociedade. O educador precisa estar atento aos processos de construção da

aprendizagem, de modo que se possa combater o ensino centrado apenas na reprodução de

conteúdos, focando na formação total do homem, não só no desenvolvimento cognitivo, mas

também social, físico, afetivo, psíquico, emocional etc.

Desde o início da instituição escolar, o ensino técnico foi privilegiado; para tal, o discurso

positivista vigente foi transferido à instituição escolar, de modo que esta tornou-se, de certa forma,

repetidora dos ideais sociocapitalistas. É perceptível no sistema educacional de ensino tradicional:

a formação técnico-industrial, a formação administrativa hierárquica e impositiva, a avaliação

quantitativa, o relacionamento impessoal professor-aluno, a competitividade, a exaltação dos

“melhores” alunos, até mesmo na formação das carteiras em sala de aula, que se impõem enquanto

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ordem necessária a uma boa aula. Tais princípios, de modo geral, predominaram por mais de um

século e ainda encontram espaço nas estruturas socioeducacionais. O filme Sociedade dos Poetas

Mortos nos mostra o quanto esse tipo de ensino é desconcertante e desinteressante, visto que

suprime os desejos, valores, objetivos e necessidade individuais dos alunos, assim como também

suplanta a possibilidade de formação do “ser”. Quando usamos o vocábulo ser nos referimos à

construção de uma educação centrada no indivíduo.

Com relação aos fatores que proporcionam a construção do conhecimento, destacam-se as

seguintes teorias: o behaviorismo (centrado nas relações psicológicas de estímulo-resposta-

recompensa); o cognitivismo (centrado no desenvolvimento das estruturas mentais); a teoria

histórico-cultural (centrada na interação); a teoria da percepção (baseada na Gestalt); a teoria das

inteligências múltiplas (baseada na premissa de que existem diversos tipos de inteligências, cujas

capacidades podem ser adquiridas), entre outras. Inspirados nessas teorias, muitos trabalhos

científicos e até mesmo artísticos, como é o caso da obra em análise, desenvolveram inúmeros

trabalhos que nos proporcionaram contundentes reflexões sobre o papel do educador em sala de

aula.

Nesse sentido, o mesmo nos faz refletir sobre a necessidade de significação à educação,

que numa perspectiva não-dialógica, técnico-profissional e cientifica suplanta as características

sensíveis, frutos do processo de humanização e, fundamental à inserção do indivíduo na sociedade,

não só enquanto profissional, mas como ser humano pensante, sensível etc., e cujos valores

sobrepõe-se aos ideais mercantilistas e industriais de produção capitalista. Nesse sentido, podemos

inferir que o professor-educador, personagem do filme, proporciona uma mensagem bastante

significativa à educação e ao professor-educador da contemporaneidade. Mensagem esta que

denominamos de “erupção do outro”, que facilmente poderia ser chamada de “erupção do ser”.

Compreender o processo de ensino-aprendizagem no filme Sociedade dos Poetas Mortos e

as críticas ao ensino tradicional exige antes de tudo entender como este processo ocorre interna e

externamente, numa perspectiva não só orgânica como também psicossocial.

Piaget (1977) descreve em seus estudos que o desenvolvimento humano acontece mediante

a formação de estruturas mentais que se sucedem. O mesmo atribui ao desenvolvimento humano

um carácter psicobiológico, visto que, segundo ele, a aprendizagem que se daria num contexto

social só poderia acontecer mediante a formação das estruturas mentais. Apesar de o processo de

“imitação” na formação cognitiva desenvolver-se no social, parece-nos que Piaget privilegiou as

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capacidades psíquicas e, por sua vez, também genéticas de determinadas fases de desenvolvimento.

Piaget propõe que a aprendizagem pode alcançar um nível de maturação cognitiva.

Enquanto Piaget (1977) desenvolve uma teoria geral sobre a aprendizagem humana,

Vygotsky (1991/1997) elabora um estudo mais próximo específico sobre as condições da

aprendizagem escolar. De certa forma podemos inferir que este realiza um estudo que complementa

aquele. Vygotsky (1991/1997) não anula o entendimento sobre a formação das estruturas mentais,

entretanto o mesmo ressalta que estas sozinhas não garantem a efetivação da aprendizagem.

Segundo ele o fator determinante da aprendizagem é o meio social e, por sua vez, a interação.

Talvez nessa teoria o filme supracitado tenha sido construído, visando demonstrar como as relações

com o meio e com o outro contribuem para a aprendizagem. E quando nos referimos ao outro,

falamos também do educador, não só nas relações de mediação como também nas relações de

“erupção” do indivíduo enquanto ser humano, individual e social. Indivíduo repleto de

necessidades, desejos, sonhos e voz, que não podem ser sufocados por normas centradas numa

educação comportamentalista, de certa forma, nos moldes da educação sociocapitalista.

Já a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausbel (1963), pode ser entendida como

elemento continuador das teorias interacionistas/construtivistas, conforme escreve Moreira,

Cabalheiro e Rodriguez (1997, p. 19) “o conceito de aprendizagem significativa, hoje tão utilizado

no contexto educativo, embora proposto, inicialmente, por Ausubel (1963, 1968) é compatível com

outras teorias construtivistas contemporâneas”, entenderemos o porquê nas linhas que seguem.

De acordo com Ausbel (1963) a aprendizagem só terá sentido quando o sujeito consegue

atribuí-la um significado. Conforme escreve Ausubel (1963), a aprendizagem é o mecanismo

humano através do qual as informações são processadas pelo indivíduo de forma não-arbitrária e

substantiva. O conhecimento torna-se não-arbitrário quando o educando consegue apropriar-se de

novos saberes com os conhecimentos já adquiridos em sua formação. Segundo esse princípio, as

novas informações não se relacionam com todos os aspectos da estrutura cognitiva, mas apenas com

os conhecimentos relevantes para o sujeito, onde o conhecimento prévio pode ser compreendido

como matriz cognitiva através da qual incorpora-se novos saberes. Nesse sentido, a incorporação

cognitiva apresenta-se como possibilidade de se aprimorar os conhecimentos adquiridos através das

experienciação.

Certos disso, vale refletir sobre os processos que se estabelecem dentro e fora dos

relacionamentos escolares, assim como compreender a relação dos mesmos com a efetivação dos

educandos como indivíduos que se fazem e se reconhecem enquanto seres sócio-histórico-culturais,

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como sujeitos detentores de conhecimento. Seguindo o pensamento de Ausbel (1963) a

aprendizagem será significativa quando for substantiva, ou seja, quando entendermos que as

estruturas cognitivas assimilam apenas a substância do novo conhecimento, sua essência e não as

regras, palavras e leis que regem os conteúdos curriculares. Nesse sentido, a aprendizagem

significativa deve ser entendida como “um conceito subjacente a subsunçores, esquemas de

assimilação, internalização de instrumentos e signos, construtos pessoais e modelos mentais,

significados compartilhados e integração construtiva de pensamentos, sentimentos e ações”

(MOREIRA, CABALHEIRO E RODRIGUEZ, 1997 , p. 01). O que nos remete diretamente “aos

construtos dos demais autores e à internalização de instrumentos e signos de Vygotsky”

(MOREIRA, CABALHEIRO E RODRIGUEZ, 1997, p. 20).

Abordagem Humanista, por sua vez, traz à baila o sujeito como construtor do

conhecimento. Acredita no educando como ser epistêmico na totalidade da condição humana, não

apenas o lado cognitivo. Ela retoma uma discussão já tratada por outrem o papel das emoções, os

vínculos afetivos, à aprendizagem com significado, etc. A sua grande contribuição é o

entendimento da educação como uma “busca realizada por um sujeito que é o homem”, sendo ele

mesmo “sujeito da sua própria educação” (FREIRE, 1979, p. 28). Nesse sentido, o indivíduo possui

dentro de si diversos mecanismos para autocompreensão e para modificação de seus próprios

conceitos, atitudes e comportamentos. Tais mecanismos serão ativados se proporcionados o clima

(passível de subjetivação) e procedimentos psicológicos facilitadores (ROGERS, 1989).

Conforme escreve Rogers (1989, p. 73) “as experiências de vida, o clima psicológico da

sala de aula, a integração professor/aluno são fatores importantes para a aprendizagem”, destacando

a autonomia do indivíduo educando. Pensando essa questão, Rogers (1989) elenca algumas

condições necessárias para a efetivação da educação centrada no sujeito: a necessidade de liderança

ou de facilitadores; a motivação; a busca por autonomia do indivíduo; a responsabilização pelo

processo de aprendizagem; o clima psicológico facilitador da aprendizagem, entre outros.

Discutiremos cada um deles no tópico a seguir, onde apresentaremos a discussão dos dados da

nossa pesquisa.

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A ABORDAGEM HUMANISTA E OS POETAS MORTOS

O filme Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society – título original) é uma

produção de 1989, direção de Peter Weir1. A narrativa fílmica se passa em 1959, na Welton

Academy, tradicional escola preparatória dos Estados Unidos. Nesse ano, o Sr. Keating, ex-aluno da

escola (interpretado por Robin Williams) retorna à instituição como professor de literatura,

entretanto os seus métodos logo tornam-se inconvenientes por não se situarem no contexto

tradicional-tecnicista da instituição. De certa forma, o filme traz à tona o contexto das

transformações socioeducacionais advindas da abordagem humanista surgida na década de 1950 e

que se tornou bastante significativa nas décadas de 1960 e 1970.

Em vista disso, propomos analisar o papel do professor John Keating na obra levando em

consideração como a construção do personagem perpassa o entendimento do professor a partir da

Abordagem Humanista. Para tanto, partiremos de quatro categorias citadas por Roger (1989): a

necessidade de liderança; a motivação; a busca por autonomia do indivíduo; a responsabilização

pelo processo de aprendizagem; o clima psicológico facilitador da aprendizagem.

Focado nas necessidades de superação da timidez e da ausência de interação entre os

alunos, o professor Keating dispõe-se a romper as barreiras que se formaram no percorrer de sua

trajetória na instituição na qual leciona. Essas se apresentam não só nos educandos (em superar sua

timidez e relacionar-se com o outro), mas, e, principalmente, nos paradigmas estabelecidos no

processo de ensino tradicional até então vigentes. O professor permanece íntegro e instransponível,

mesmo quando sua metodologia não é bem-quista pelos demais professores e funcionários.

Mudar é necessário, entretanto as mudanças exigem idealizadores, sonhadores e, acima de

tudo, pessoas dispostas a tentar lutar por um objetivo muitas vezes tido como utópico. Uma das

cenas mais importantes do filme é aquela em que o professor solicita que os alunos rasguem a

página do livro em que há uma tradicional explicação sobre o que é uma poesia, dando instruções

sobre métrica, rima, estrutura e uma “receita” de como o poema deve ser analisado. A princípio, o

professor causa certo estranhamento nos alunos, entretanto um a um começa a fazer conforme

orientado pelo docente, conforme imagem abaixo:

1 Peter Weir é diretor de cinema e renomado roteirista australiano, com formação Arte e Direito pela Universidade de Sydney. Vem colecionando diversos prêmios importantes na área do cinema, tendo conquistado o Globo de Ouro quatro vezes na categoria Melhor Diretor com as seguintes produções: A testemunha, Sociedade dos Poetas Mortos, O show de Truman - O show da vida e Mestre dos mares. Tendo conquistado também o maior prêmio do cinema francês, César, na categoria Melhor filme estrangeiro com a produção de Sociedade dos Poetas Mortos. É considerado um dos maiores nomes do cinema contemporâneo.

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Figura 01: Cena I

Fonte: Sociedade dos Poetas Mortos (1987)

A cena nos mostra o quanto o Ensino Tradicional/Tecnicista oprime o indivíduo, fazendo

da própria arte um manual de normas e regras. Esse primeiro contato com os alunos foi de grande

importância, pois o docente os instiga a romper com os paradigmas existentes que tendem a

modular o processo de ensino aprendizagem, restringindo-o à regras, normas e tratamento

positivista que predominou (e ainda predomina) na instituição escolar e mesmo no tratamento dado

à arte e às Ciências Humanas no contexto educacional. O professor traz à tona um ensinamento

muito importante de que devemos “aprender a apreciar as palavras e a linguagem”, trazendo uma

discussão sobre a própria condição humana. Segundo o Sr. Keating, “não lemos e escrevemos

poesia porque é bonito. Nós lemos e escrevemos poesia porque pertencemos a raça humana. E a

raça humana está cheia de paixão. Medicina, lei, negócios e engenharia são ocupações nobres para

manter a vida. Mas poesia, beleza, romance e amor… São razões para ficar vivo.” (SOCIEDADE

DO POETAS MORTOS, 1987).

A prática pedagógica do professor nos remete à necessidade de liderança, de facilitadores.

O processo de constituição do sujeito perpassa o papel docente de facilitador. O que o professor

propôs foi ir além do mecanicismo, da técnica, e mergulhar na própria condição metafísica do

homem. Nesse sentido, coube a ele liderar os garotos para despertar o interesse pela disciplina,

estimulando a reflexão sobre o próprio sistema e sobre as amarras que nos prendem a um forte

positivismo da vida, em que não paramos para refletir sobre o que está além da matéria, sobre a

arte, as emoções, a paixão. Conforme escreve Cassirer (2004), o homem constitui-se como homem

pelos saberes que produz, magia, linguagem, mito, religião, ciência, cultura e arte. Sem esses

saberes, não seríamos diferentes dos demais animais. Segundo Rogers (1989, p. 78) “o lider é uma

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figura de autoridade numa dada situação”, um “facilitador” que é essencial para o despertar da

autonomia do sujeito. Cabe a ele promover o clima necessário ao autoconhecimento e ao

desenvolvimento das potencialidades do educandos.

Outro aspecto importante trazido por Rogers (1987, p. 78) é a responsabilização do aluno

pelo processo de aprendizagem. Segundo ele, “a pessoa facilitadora compartilha com os outros

alunos [...] a responsabilidade pelo processo de aprendizagem”. Nesse sentido, rompe-se com o

paradigma reprodutivista em que as aulas são centradas no professor e na reprodução de conteúdos.

Abre-se espaço ao aprender compartilhado, ao aprender fazendo. Sobre essa questão, gostaríamos

de destacar dois momentos, retratados nas imagens abaixo:

Figura 02: Cena II

Fonte: Sociedade dos Poetas Mortos (1987)

Figura 03: Cena III

Fonte: Sociedade dos Poetas Mortos (1987)

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A primeira materialidade citada é um caso peculiar em que o professor incentiva a

imaginação e a criatividade de um aluno tímido. Nessa aula, o Sr. Keating propõe que os alunos

exponham oralmente as produções escritas (poesias) solicitadas na aula anterior. A personagem

Todd Anderson, aluno bastante tímido, não havia realizado a atividade. Então o professor convidou-

o a realizar descrições das imagens do seu pensamento.

Antes disso, o professor elabora um pequeno discurso sobre o aluno reiterando o seu valor.

De olhos fechados, Tod Anderson começa a descrever as imagens do seu pensamento,

demonstrando que dentro de cada um de nós existe a poesia, criatividade, beleza e emoção, sendo

necessário deixar fluir as nossas competências linguísticas e estéticas, pois fazem parte da natureza

humana. Tod Anderson conclui a atividade produzindo, vivenciando, deixando fluir a arte que nos

perpassa. Isso nos remonta à responsabilização do aluno pela própria aprendizagem e à

necessidade de motivação que, segundo Rogers (1989), é fundamental para a construção da

autonomia dos educandos. Segundo Rogers (1989, p. 78), é necessário que o professor/facilitador

proporcione a partir de si mesmo, de suas experiências, de recursos didáticos, dentre outros, o

estímulo necessário ao processo de ensino aprendizagem, assumindo para si o papel de “erotizador”

do saber, conforme escreve Rubem Alves (2008).

É interessante lembrar que a responsabilização da aprendizagem perpassa o

autoconhecimento e a motivação, pois os alunos só assumiram esse papel se tornarem

conhecimentos de suas competências e habilidades, para assim assumirem a postura de construtores

da própria aprendizagem. Para tanto, relatamos a importância de se aprender fazendo, pois só assim

o aluno sentirá que faz parte do processo. Segundo a Unesco, no que se refere aos quarto pilares da

educação para o século XXI, é necessário aprender a conhecer, a conviver, a ser e a fazer. E isso só

se torna possível se houver motivação.

A segunda materialidade citada nos remonta a necessidade de inclusão do indivíduo no

processo. Ao solicitar que os alunos subissem em cima das mesas, o professor estava, a princípio,

desenvolvendo uma metáfora sobre a necessidade de vermos as coisas de cima, sobre outros

ângulos. Isso denota a importância de inserir o aluno no desenvolvimento das aulas. Não se concebe

mais a organização de salas em que o professor é o detentor do saber e da voz, enquanto os alunos

são depósitos de informação. É necessário que o aluno faça, que ele experimente. É preciso que haja

interação e participação para que haja responsabilização.

Em parte, a Abordagem Humanista apresenta-se como uma utopia, se levarmos em

consideração o sistema educacional vigente, em especial, o brasileiro. Entretanto, é uma utopia

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necessária sem a qual os objetivos de formação humana total não podem se realizar. Gadotti (2003)

afirma que não se pode deixar de crer na educação, “a boniteza de um sonho”. Demo (2004)

enfatiza que a utopia é indispensável ao educador, pois é ela que nos dá forças para lutar pelas

mudanças necessárias. Acreditar nas mudanças é fundamental para que as mesmas se concretizem,

embora seja evidente que

quando o professor é desafiado a atuar numa nova visão em relação ao processo de ensino e

aprendizagem, poderá encontrar dificuldades, até mesmo pessoais, de se colocar numa

diferenciada ação docente. Geralmente, essa dificuldade se inicia pela própria ruptura com

o repasse tradicional (ANASTASIOU, 2003, p. 71).

Conjecturar-se em uma prática distinta é compreender-se diferente do outro. Numa

perspectiva histórico-social é ser excluído. Nesse sentido, o educador necessita estar consciente das

barreiras que enfrentará caso deseje lutar pela “utopia” humanista à qual, aqui, nos referimos. A

necessidade de mudarmos a ordem, de trocarmos a tradição pela espontaneidade, o individual pelo

coletivo, o técnico pelo pessoal, a quantitatividade pela qualidade, o silêncio pelo dialogismo.

Santos (apud ANASTASIOU, 2003, p. 72) enfatiza as seguintes mudanças:

No lugar do mecanicismo, a interpenetração, a espontaneidade e a auto-organização; no

lugar do determinismo a imprevisibilidade; No lugar da reversibilidade, a irreversibilidade

e a evolução; no lugar da ordem a desordem; no lugar da necessidade, a criatividade e o

acidente, e, portanto, no lugar da eternidade, a história construída com a ação dos seres

humanos, num tempo e num espaço histórico. O complexo é o que é tecido junto.

Nesse sentido, o educador torna-se mola mestra no despertar das individualidades, ou seja,

no “desvendar” dos sonhos, da criticidade, do inserir-se socialmente orientado pelos seus objetivos

enquanto seres humanos e profissionais. Para tal, é indispensável a interação com o outro, e, por sua

vez, o diálogo. Vale ainda salientar que o educador necessita romper, mudar etc. Afinal, o processo

de construção do conhecimento não pode ser visto numa perspectiva positivista, objetiva e

imutável, mas numa perspectiva dialética, visto que os avanços são obtidos através dos confrontos

entre o passado e o presente, o velho e o novo, o concreto e o abstrato.

A erupção do sujeito no filme é bastante clara e contundente. A expressão que facilmente

caracterizaria esse fenômeno é a expressão em latim tão utilizada pelo professor: carpe diem.

Estimulados pelo educador para viverem o presente, experienciarem as emoções, lutarem pelos seus

sonhos, não deixarem a poesia morrer nos corações, os alunos começam a perceber o quanto suas

vidas vão além dos mecanicismos e imposições sociais. As personagens se mostram decididas a

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tornarem-se sujeitos sociohistóricos e culturais e, por conseguinte, senhores de suas vidas. Essa

expressão poderia ser compreendida como o despertar das individualidades de cada aluno, despertar

este valorizado no discurso do professor e expresso através de algumas indagações feitas por ele aos

seus discentes: “O que vocês querem hoje? Para que vocês estão aqui? Quais os seus objetivos?”.

O último aspecto que gostaríamos de analisar sobre a Abordagem Humanista no filme é a

construção de um clima facilitador em que se torne possível a aprendizagem com o outro, conforme

escreve Rogers (1989). Durante o desenrolar da narrativa, um grupo composto por alunos do Sr.

Keating e por ele inspirado reinicia uma pequena sociedade cujo objetivo era viver o presente e

deleitar-se com a poesia.

Figura 03: Cena IV

Fonte: Sociedade dos Poetas Mortos (1987)

O nome do grupo dá nome ao filme, Sociedade dos Poetas Mortos, e refere-se à morte da

poesia, da sensibilidade, do amor e, por sua vez, da subjetividade. Esse título faz uma alusão à

sociedade moderna e industrial, cujos poetas estão “mortos”, cuja poesia e beleza já não existem,

tudo isso, evidentemente, no sentido metafórico da existência na qual se privilegia o material em

detrimento do metafísico. É interessante lembrar que essa “organização” é mais do que um grupo de

alunos “baderneiros”, como foi compreendido pela instituição. É um grupo formado para se

estabelecer a troca de experiências, o compartilhamento de produções poéticas, de aprendizagens.

Um grupo de resistência ao sistema tradicional opressor, no qual só há espaço para a técnica e que

não deixa ecoar a voz dos principais interessados no processo de ensino-aprendizagem, os

educandos.

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Podemos ainda inferir que o filme faz uma severa crítica ao ensino tradicional/tecnicista,

cujo objetivo era formar apenas profissionais técnicos/especializados. A crítica a esse sistema é

bastante clara. Neil, uma das personagens do filme e aluno da instituição Welton Academy, é

forçado pelo pai a preparar-se para exercer uma profissão que agradava à sua família e à sociedade

capitalista da época. Objetivando a ascensão social do filho, seu pai suprime os desejos do estudante

em ser ator e fazer teatro. A imagem abaixo antecede a última cena do personagem no filme. Para

cursar teatro, o aluno Neil falsifica a assinatura do pai em um documento que lhe permite atuar em

uma peça de teatro em que ele conseguiu o papel principal. Embora o professor tenha-o orientado a

dialogar com seu pai sobre suas angústias e sonhos, sobre o quanto o teatro era importante na sua

vida, o personagem preferiu continuar ensaiando a peça escondido de seu pai. Ao descobrir, o

progenitor culpou o professor Keating por conduzi-lo à desobediência e decidiu tirá-lo da escola,

não dando chances para o garoto se explicar.

Figura 03: Cena V

Fonte: Sociedade dos Poetas Mortos (1987)

O final da obra é trágico. Neil tira toda a roupa do corpo e coloca um adereço da

personagem que encenou no palco. Dirige-se ao escritório de seu pai e, com a arma deste, suicida-

se. O desenrolar da obra nos traz algumas lições importantes. A primeira é que é necessário lutar

sempre pelos nossos objetivos e ensinar aos nossos alunos o quão importante é a busca pela

realização dos nossos sonhos pessoais e profissionais, o que nem sempre está atrelado ao capital. A

segunda lição é que devemos a cada dia estimular os nossos alunos a descobrirem coisas novas,

desenvolverem suas habilidades e competências. Enquanto a escola reproduzir a educação bancária,

centrada na pedagogia de conteúdo e no tecnicismo industrial, continuaremos formando jovens

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infelizes, inseguros e incapazes de se inserirem na sociedade e de se realizarem enquanto

profissionais.

A educação tradicional/tecnicista não está centrada no sujeito, nem tampouco no aluno.

Está centrada na técnica, no conteúdo, no capital. Isso faz da educação uma mera repetidora dos

paradigmas materialistas e individualistas da sociedade moderna. O despertar da Abordagem

Humanista suscita o desenvolvimento do sentimento de responsabilização, a formação de um

sujeito coparticipante do processo de ensino-aprendizagem, na relação consigo mesmo, com o outro

e com os objetos de aprendizagem. O professor enquanto agente mediador do processo deve

instigar a “erupção” dos seus educandos, proporcionando um clima facilitador no desenvolvimento

de suas individualidades e inteligências e, para tal, apresenta-se o humanismo, enquanto abordagem

de compreensão dos educandos enquanto seres humanos totais.

CONSIDERAÇÕES (NÃO) FINAIS

O objetivo deste trabalho foi analisar o filme Sociedade dos Poetas Mortos (1987) levando

em consideração a crítica ao Ensino Tradicional/Tecnicista e construção de uma Abordagem

Humanista. A princípio, salientamos as contribuições do filme analisado para compreendermos o

processo de mudança dentro da própria instituição escolar e as dificuldades do educador de se

colocar frente aos métodos tradicionais arraigados em determinados sistemas e instituições.

A análise aponta para as transformações advindas da concepção humanista e da

Aprendizagem Significativa de Ausbel, intimamente relacionadas, assim como das contribuições

Interacionismo Sociohistórico de Leon Vygotsky. De certa forma, a construção do enredo

apresenta-se como uma reflexão das teorias citadas, embora seja mais evidente a Abordagem

Humanista a que nos detemos.

A postura docente do professor Keating aponta para o que Rogers (1989) denominou de

precondições para a construção da autonomia dos educandos: a necessidade de um professor

líder/facilitador; a responsabilização do aluno pela própria aprendizagem; a necessidade de

motivação e o desenvolvimento do clima facilitador da aprendizagem. Esses aspectos (embora

existam outros) possibilitam a formação de um indivíduo autônomo capaz de ser coparticipante do

processo de ensino-aprendizagem que, na perspectiva humanista, deve estar centrada no sujeito, nas

suas competências, inteligências, sonhos, objetivos, angústias e emoções. Nesse sentido, ela se

difere do Ensino Tradicional/Tecnicista tanto do ponto de vista teórico como metodológico.

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Do ponto de vista teórico, não cabe mais aceitar o ensino centrado no professor, nem no

conteúdo, como no Ensino Tradicional/Tecnicista; ele deve estar centrado no sujeito. Do ponto de

vista metodológico, não é aceitável a passividade do indivíduo/educando, é necessário a sua

interação com o outro, com o conhecimento, com os objetos de aprendizagem. Dessa forma, o

discente se sentirá integrado ao processo de aprendizagem, e poderá conduzi-lo de acordo com suas

necessidades, desejos e inteligências, de modo que o saber seja deveras significativo.

Por fim, os resultados apontam para a necessidade de repensarmos práticas de ensino

centradas no professor, no conteúdo e na técnica, de modo que possamos dar espaço à uma

formação humana mais totalitária centrada nas diversas áreas que nos constituem como seres

humanos: a ciência, a arte, a metafísica, as emoções e afetos, etc.

Em a Sociedade dos Poetas Mortos (1987), materializam-se as dificuldades enfrentadas

pelo docente na tentativa de ruptura com os paradigmas tradicionais, superação das dificuldades de

aprendizagem, de interação e socialização dos educandos. Entretanto, o mesmo congrega reflexões

que subscrevem à necessidade de uma abordagem mais humanista de ensino, tanto na superação dos

problemas de aprendizagem como também no despertar da autonomia dos educandos, indispensável

para a sua efetiva inserção no processo de ensino-aprendizagem e, consequentemente, na sociedade,

como sujeitos históricos, sociais, políticos e culturais.

REFERÊNCIAS

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minutos).