DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

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UFMG INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA GERAL DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium sp. E OUTRAS BACTÉRIAS ISOLADAS DE DIFERENTES ECOSSISTEMAS TROPICAIS Belo Horizonte 2005 Cláudia Iracema Lima Bittencourt

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UFMG

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA GERAL

DIVERSIDADE MOLECULAR

E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium sp.

E OUTRAS BACTÉRIAS ISOLADAS DE

DIFERENTES ECOSSISTEMAS TROPICAIS

Belo Horizonte

2005

Cláudia Iracema Lima Bittencourt

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DIVERSIDADE MOLECULAR

E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium sp.

E OUTRAS BACTÉRIAS ISOLADAS DE

DIFERENTES ECOSSISTEMAS TROPICAIS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Departamento de Biologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Genética.

Orientadora: Profa. Andréa Maria Amaral Nascimento Co-orientadores: Prof. Edmar Chartone de Souza

Prof. Fabrício Rodrigues dos Santos

Belo Horizonte

Departamento de Biologia Geral

Instituto de Ciências Biológicas

2005

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“And in my view, you believe on the basis of compelling evidence.”

Carl Sagan

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Dedico esta Dissertação ao meu pai, à minha mãe, e à minha irmãzinha, Dhrica, por acreditarem em mim e me apoiarem sempre. Ao Sueide, por estar sempre ao meu lado. Muito obrigada por estarem por perto!

AGRADECIMENTOS

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A Deus sempre.

À Andréa Amaral, ao Edmar Chartone e ao Fabrício S. dos

Santos, meus orientadores, por acreditarem no meu potencial.

Aos Professores Spártaco Astolfi Filho, Marcos Callisto e

Jacques Nicoli pela contribuição neste trabalho.

Às professoras Adlane, Mônica e Marisa, e ao professor Álvaro,

pela constante transmissão de conhecimento.

Aos colegas de laboratório, Amanda, Ana Alice, Ana Raquel,

Carla, Daniela, Dulce, Frederico, Gabriel, Geovane, Gilka

Híggor, Karla , Kênia, Lília, Marcela, Michele, Rosana e

Rosângela por tornarem as horas mais divertidas.

Principalmente, à Carla, à Daniela, à Dulce, ao Híggor, ao

Leandro, à Lília, à Marcela, à Michele, à Paula, à Renata, ao

Rodrigo, à Rosana e ao Vinício pelo apoio na fase final.

Às Andréa Reis, Maria Rosa e Paixão pela manutenção do

laboratório.

Aos colegas, amigos e parentes, que estiveram presentes ao longo

desta trajetória.

À minha família, à minha avó Geralda e ao meu avô José

Soares por me fazerem acreditar que os obstáculos devem ser

sempre superados.

Ao Sueide, por acreditar em mim.

À CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro

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LISTA DE ABREVIATURAS

3HB ácido 3-hidroxibutírico

3HC ácido 3-hidroxihexanóico

3HV ácido 3-hidroxivalérico

AN Agar Nutriente

BNGPC Brazilian National Genome Project Consortium

CIM Concentração Inibitória Mínima

CIM50 Concentração Inibitória Mínima, na qual 50% dos isolados

foram inibidos.

CIM90 Concentração Inibitória Mínima, na qual 90% dos isolados

foram inibidos.

CN Caldo Nutriente

CNPq Conselho Nacioanal de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico.

HCN Gás cianeto de hidrogênio

ITS Seqüência espaçadora transcrita

MP máxima-parcimônia

NCCLS National Committee for Clinical Laboratory Standards

NJ Neighbor-Joining

ORF Open Reading Frame

PCR Polimerase Chain Reaction

PERD Parque Estadual do Rio Doce

PHA polihidroxialcanoatos

PNSC Parque Nacional da Serra do Cipó

RDPII Ribosomal Database Project II

RRNDB Ribosomal RNA Operon Copy Number Database

UPGMA Unweighted Pair Group Method with Arithmatic Mean

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LISTA DE FIGURAS

Pág.

1 Árvore filogenética universal determinada por comparações de

seqüências de rRNA 16S e 18S..................................................................

21

2 Seqüência anotada do gene de rRNA 16S de Escherichia coli com as

localizações dos iniciadores usados neste estudo e regiões variáveis V1-

V9...............................................................................................................

22

3 Mapa do Parque Nacional da Serra do Cipó.............................................. 27

4 Mapa do Parque Estadual do Rio Doce...................................................... 28

5 Mapa da bacia do Rio Negro...................................................................... 29

6 Colônias bacterianas apresentando diversas tonalidades de violeta........... 40

7 Isolado 32 apresentando coloração amarela antes da produção de

violaceína....................................................................................................

40

8 Árvore filogenética envolvendo 47 isolados bacterianos coletados no

PNSC, PERD e Rio Negro. A topologia da árvore foi gerada pelo

método de neighbour-joining (1000 repetições de Bootstrap e modelo

Kimura 2 parâmetros).................................................................................

52

9 Árvore filogenética envolvendo 48 isolados bacterianos, incluindo o

isolado 8, coletados no PNSC, PERD e Rio Negro. O haplótipo

referente a ele está marcado com um ponto azul. A topologia da árvore

foi gerada pelo método de neighbor-joining (1000 repetições de

bootstrap e modelo Kimura 2 parâmetros).................................................

53

10 Árvore filogenética envolvendo 48 isolados bacterianos, incluindo o

isolado 8, coletados no PNSC, PERD e Rio Negro. O haplótipo

referente a ele está marcado com um ponto azul. A topologia da árvore

foi gerada pelo método de máxima parcimônia (1000 repetições de

bootstrap)....................................................................................................

54

11 Ampliação do ramo de Chromobacterium da FIG. 8. Apresenta os

quatro agrupamentos (A, B, C e D) considerados consistentes pelo teste

de bootstrap. Mostra, também, os haplótipos referentes a cada uma das

áreas geográficas estudadas: H01 – Rio Negro; H02 – PERD; H03, H06,

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H11, H12, H13 – PNSC............................................................................. 55

12 Concentrações Inibitórias Mínimas de ampicilina frente a 46 isolados

bacterianos..................................................................................................

57

13 Concentrações Inibitórias Mínimas de amoxicilina/ácido clavulânico

frente a 46 isolados bacterianos..................................................................

57

14 Concentrações Inibitórias Mínimas de cefotaxima frente a 46 isolados

bacterianos..................................................................................................

58

15 Concentrações Inibitórias Mínimas de quatro aminoglicosídeos frente a

46 isolados bacterianos. A. Estreptomicina. B. Gentamicina. C.

Amicacina. D. Canamicina.........................................................................

61

16 Concentrações Inibitórias Mínimas de cloranfenicol (A), rifanpicina (B),

ácido nalidíxico (C) e tetraciclina (D) frente a 46 isolados bacterianos.....

62

17 Concentrações Inibitórias Mínimas de bicloreto de mercúrio frente a 46

isolados bacterianos....................................................................................

63

18 Dendrograma do perfil de CIMs aos 11 antimicrobianos e o bicloreto de

mercúrio para os 33 isolados de Chromobacterium sp., determinado pela

medida de similaridade Euclidiana, método de UPGMA..........................

65

19 Isolados bacterianos crescidos em agar nutriente (30 µg/ml de

ampicilina). A coloração laranja ao redor da colônia indica presença de

β-lactamase.................................................................................................

68

20 Isolado 32 crescido em agar nutriente (30 µg/ml de ampicilina). A

coloração em cima da colônia indica presença de β-lactamase e esta não

é exportada..................................................................................................

68

21 Gel de agarose exibindo fragmentos de 1166 pb........................................ 70

22 Número absoluto de produtores de substância antagonista por C.

violaceum ATCC 12472, por 31 isolados de Chromobacterium sp. e 13

isolados de espécies de outros gêneros, frente às linhagens indicadoras:

E. coli K12 Row, S. typhimurium, S. flexineri, K. pneumoniae, P.

aeruginosa e S. aureus...............................................................................

72

23 A. Halo de inibição do isolado de Chromobacterium sp.(isolado 40)

frente à S. aureus. B. Detalhe da figura A..................................................

72

24 Halo de inibição do isolado R. aquatilis (isolado 8) frente à S.

aureus.........................................................................................................

73

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LISTA DE TABELAS

Pág

1 Bactérias reveladoras usadas neste estudo................................................. 30

2 Isolados bacterianos coletados nos anos de 2001, 2003 e 2004, em

ecossistemas aquáticos e terrestres dos três sítios de coleta.......................

42

3 Nome específico mais provável alcançado para os 48 isolados

bacterianos..................................................................................................

48

4 Haplótipos gerados pelo programa DnaSP (Rozas & Rozas, 1999),

envolvendo 48 isolados bacterianos...........................................................

51

5 Perfil populacional de prevalência de antimicrobianos e mercúrio frente

a 33 isolados de Chromobacterium............................................................

64

6 Perfis de Concentrações Inibitórias Mínimas para os 46 isolados

bacterianos e a linhagem padrão de Chromobacterium violaceum ATCC

12472..........................................................................................................

66

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LISTA DE QUADRO

Pág.

1 Características gerais do genoma de C. violaceum....................................... 18

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SUMÁRIO

Pág

RESUMO......................................................................................................... 12

ABSTRACT..................................................................................................... 13

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 14

1.1 Diversidade microbiana.................................................................................... 14

1.2 Características de Chromobacterium violaceum.............................................. 15

1.3 Genes de RNA ribossômico 16S – rRNA........................................................ 18

1.4 Resistência bacteriana a drogas........................................................................ 23

2 OBJETIVOS..................................................................................................... 26

3 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................. 27

3.1 Área de estudo.................................................................................................. 27

3.2 Amostras de água e solo e isolamento bacteriano............................................ 29

3.3 Estocagem......................................................................................................... 30

3.4 Linhagens bacterianas...................................................................................... 30

3.5 Antimicrobianos............................................................................................... 31

3.6 Teste de susceptibilidade aos antimicrobianos e ao mercúrio.......................... 31

3.7 Teste de detecção da produção de β-lactamase in vitro.................................. 32

3.8 Pesquisa in vitro de produção de substância antagonista (Kelner, 1948,

modificado).......................................................................................................

32

3.9 Teste de susceptibilidade de substâncias antagonistas a enzimas

proteolíticas......................................................................................................

32

3.10 Extração de DNA total..................................................................................... 33

3.11 Extração de DNA plasmidiano......................................................................... 34

3.12 Amplificação de rDNA 16S............................................................................. 34

3.13 Amplificação do gene ampC........................................................................... 35

3.14 Precipitação do produto de PCR para o seqüenciamento................................. 35

3.15 Seqüenciamento do gene de rRNA 16S........................................................... 36

3.16 Análise de dados............................................................................................... 37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 38

4.1 Isolados bacterianos.......................................................................................... 38

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4.2 Identificação molecular e filogenia.................................................................. 43

4.3 Teste de susceptibilidade aos antimicrobianos e ao mercúrio.......................... 55

4.4 Teste de produção in vitro de β-lactamase e amplificação do gene ampC....... 67

4.5 Pesquisa in vitro de produção de substância antagonista................................. 70

5 CONCLUSÃO.................................................................................................. 74

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 76

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RESUMO

Chromobacterium violaceum, conhecida desde o século XIX, possui aspectos

biotecnológicos peculiares que a fizeram alvo do seqüenciamento de seu genoma, no

Brasil, a partir de uma linhagem de origem malaia. Assim, o objetivo principal deste

trabalho foi estudar a variabilidade de isolados brasileiros de Chromobacterium violaceum,

por meio de análises fisiológica e molecular, a partir de seqüências amplifcadas, por PCR,

de rDNA 16S. Para isso, foram isoladas bactérias de duas regiões geográficas diferentes,

Minas Gerais e Amazonas. Dos 48 isolados escolhidos, 34 pertenciam ao gênero

Chromobacterium, 12 faziam parte de outros gêneros e dois isolados não puderam ser

inicialmente classificados. No entanto, após análises filogenéticas, um deles, com uma das

seqüências que não foram, inicialmente, associadas com nenhum grupo taxonômico

conhecido, foi incluído no clado monofilético de Chromobacterium. A similaridade entre

os isolados de Chromobacterium e a linhagem padrão Chromobacterium violaceum ATCC

12472 foi de 98,2%. O teste de susceptibilidade aos antimicrobianos e ao mercúrio

mostrou uma alta diversidade nos perfis de CIMs para todos os isolados. Os três β-

lactâmicos – ampicilina, amoxicilina/ácido clavulânico e cefotaxima – foram, dentre os

antimicrobianos testados, os que apresentaram as maiores CIMs. O mecanismo provável de

resistência a essas drogas é a produção de β-lactamases, detectada pelo teste de degradação

de nitrocefina. Os isolados foram, ainda, estudados quanto à produção de substâncias

antagonistas frente a seis linhagens reveladoras, sendo Staphylococcus aureus a mais

sensível a tais substâncias. Os dados abrem perspectivas para empreender estudos no

sentido de conhecer a diversidades de genes, cujas funções biológicas ainda não foram

determinadas, e de outras bactérias isoladas da natureza, que podem apresentar também

potencial biotecnológico.

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ABSTRACT

Chromobacterium violaceum, known since the 19th century, possesses peculiar

biotechnological aspects, that led to the sequencing of its genome in Brazil, beginning with

a strain of Malay origin. Thus, the main objective of this work was to study the variability

of Brazilian isolates of Chromobacterium violaceum, through physiologic and molecular

analyses, starting from amplified sequences of 16S rDNA, through PCR. For this purpose,

bacteria of two different geographical areas, Minas Gerais and Amazonas, were isolated.

Of the forty eight chosen isolates, thirty four belonged to the genus Chromobacterium,

twelve belonged to other genera, and two isolates could not be initially classified.

However, after phylogenetic analyses, one of these, having a sequence not associated with

any known taxonomic group, was included in the monophyletic clade of

Chromobacterium. The similarity between the Chromobacterium isolates and the standard

strain Chromobacterium violaceum ATCC 12472 was equivalent to 98,2%. The test of

susceptibility to antimicrobials and to mercury showed a high diversity in the MIC profiles

for all the isolates. The three β-lactamics (ampicilllin, amoxicillin/clavulanic acid e

cefotaxin) were, among the antimicrobials tested, the ones that presented the largest MICs.

The probable mechanism of resistance to those drugs is the production of β-lactamases,

detected by the test of nitrocefin degradation. The isolates were also studied with

relationship to the production of antagonistic substances, and their action tested against six

strains of bacteria, being Staphylococcus aureus the most sensitive to such substances.

These data open perspectives for studies of the diversity of genes, whose biological

functions are not yet determined, and of other bacteria isolated from nature, that can also

present biotechnological potential.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Diversidade microbiana

O mundo microbiano é imenso, existindo mais de 1030 indivíduos em nosso

planeta de inúmeras espécies, das quais conhecemos pouquíssimas. Estima-se que existam

109 vezes mais bactérias na Terra do que estrelas no Universo (Whitman et al., 1998).

Assim, a maior parte da diversidade biológica e da biomassa na Terra são constituídas de

microrganismos.

Os procariotos são capazes de colonizar todos os ecossistemas existentes na

Terra e são imprescindíveis para os ciclos biogeoquímicos e cadeias alimentares, mantendo

interações vitais entre si e com os organismos complexos. Ocorrem em todos os habitats,

inclusive naqueles em que a única fonte de energia consiste em matéria inorgânica

(Newman & Banfield, 2002). Devido a essa flexibilidade adaptativa, as bactérias têm

promovido mudanças geoquímicas na biosfera, favorecendo o surgimento de novos nichos

ecológicos.

A diversidade bacteriana reflete seu genoma que é extremamente dinâmico,

podendo adquirir e perder genes, formando um conjunto genômico adaptado a cada hábitat

determinado. As alterações responsáveis pela plasticidade do genoma são, em sua maioria,

resultantes da transferência gênica horizontal (Dobrindt & Hacker, 2001).

Embora as bactérias possuam multiplicação basicamente clonal, os

mecanismos promotores da plasticidade do genoma eventualmente geram variabilidade nas

populações. Alguns indivíduos que divergiram, por sua vez, produzem uma nova

população que competirá, com a população anterior, pelos recursos existentes naquele

ambiente ou ocuparão um novo nicho. Uma conseqüência deste processo é a manutenção

do equilíbrio da comunidade formada por várias populações de espécies bacterianas (Kerr

et al., 2002).

Estudar a diversidade pode trazer uma melhora na qualidade de vida, ajudando

na conservação e na biorremediação de áreas impactadas. Pode, também, ampliar

conhecimentos sobre os ciclos biogeoquímicos, interações que mantêm uma comunidade e

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novos conjuntos gênicos. Pode também gerar novos produtos farmacêuticos, recursos

biotecnológicos e de produção de energia (Davies, 1999).

1.2 Características da Chromobacterium violaceum

Em 1880, um pesquisador de nome Bergonzini, procurando determinar os

mecanismos que atrasam a deterioração de matérias orgânicas, fez soluções à base de

albumina. Porém, esqueceu-se de descartar o material após o experimento e, quando se

lembrou, a solução estava contaminada e apresentava uma coloração violeta. Naquela

época, conhecia-se apenas uma espécie de bactéria que possuía tal coloração –

Cromococcus violaceus. Entretanto, como não conseguiu dissolver a massa violeta em

água, concluiu que a bactéria contaminante era uma nova espécie. Desta forma, a nova

bactéria foi denominada Cromobacterium violaceum. Em 1881, Zimmerman corrigiu o

nome da espécie, acrescentando o h, assim Chromobacterium passou a ser escrito como se

conhece hoje (Durán & Menck, 2001).

O gênero Chromobacterium possuía duas espécies: C. violaceum e C.

fluviatile. No entanto, a espécie C. fluviatile foi transferida para o gênero Iodobacter,

passando a se chamar Iodobacter fluviatilis (Deutsche Sammlung von Mikroorganismen

und Zellkulturen, 2003). As duas espécies anteriores mais Janthinobacterium lividum

pertencem à classe das β-Proteobacteria, sendo que C. violaceum e I. fluviatilis pertencem

à família Neisseriaceae, enquanto J. lividum, à família Oxalobacteriaceae

(Taxonomy/NCBI). As três espécies são bastonetes Gram-negativos, oxidase e catalase

positivos, produtores de violaceína, ou seja, apresentam coloração violeta (Logan & Moss,

1992). A distinção das três espécies é fundamental para que se possa estudar

individualmente cada uma.

C. violaceum é constituída por bastonetes com espessura variando de 0,6-0,9

µm e 1,5-3,5 µm de comprimento. Esses podem se apresentar pigmentados ou não.

Possuem mobilidade, apresentando um único flagelo polar e flagelos laterais ou subpolares

mais longos. Produzem colônias, em meio sólido, cremosas e violetas, enquanto ocorre a

formação de um halo violeta na superfície do caldo e, em alguns casos, podem colorir o

meio totalmente. São bactérias aeróbicas facultativas. Podem utilizar citrato e amônia

como fontes únicas de carbono, porém seu crescimento é mais lento (Sivendra, et al., 1975;

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Holt & Krieg, 1984). C. violaceum também é naturalmente resistente às penicilinas,

possuindo em seu genoma o gene de resistência ampC (Fantinatti-Garboggini et al., 2004).

C. violaceum desperta grande interesse biotecnológico, devido ao seu amplo

potencial para uso industrial, farmacêutico e ecológico (Carepo et al., 2004). Dentre os

vários produtos biológicos interessantes destacam-se: a violaceína, polihidroxialcanoatos

(PHAs), cianeto de hidrogênio, antibióticos e quitinase.

A violaceína é a substância que chama a atenção para a bactéria por ser o

pigmento que tinge suas colônias de violeta. Além disso, atua como antimicrobiano contra

bactérias Gram-positivas e negativas, como fungicida contra o fungo fitopatogênico

Rosellinia necatrix, como antiviral contra Herpes Simplex e Poliovírus e possui atividade

contra Trypanosoma cruzi (Durán & Menck, 2001) e Leishmania amazonensis (Leon et al.,

2001). A violaceína, também, age contra células de alguns tumores in vitro: leucemia,

linfoma, câncer de pulmão e cólon (Durán & Menck, 2001). August et al. (2000)

caracterizaram o operon vioABCD, que é responsável pela síntese de violaceína. O gene

vioA possui o tamanho de 1257 pb, vioB, 2997 pb, vioC, 1290 pb e vioD, 1122 pb.

PHAs são polímeros biodegradáveis que se assemelham ao polietileno,

podendo, assim, substituir os plásticos derivados de petróleo. Eles têm a função de

armazenar energia e prover carbono para bactérias que se encontram em ambientes com

restrições nutricionais. Três monômeros podem estar envolvidos na formação de

polímeros: 3HB (ácido 3-hidroxibutírico), 3HV (ácido 3-hidroxivalérico) e 3HC (ácido 3-

hidroxihexanóico). PHAs podem existir como homopolímeros ou como heteropolímeros.

C. violaceum tem a capacidade de acumular, em sua célula, polímeros compostos por 3HB

e 3HV (Kolibachuk et al., 1999).

C. violaceum pode ser usada, ainda, para solubilizar ouro pela produção do gás

cianeto de hidrogênio (HCN), o qual reage com o ouro para formar o complexo [Au(CN)2-]

(Duarte et al., 2004; Faramarzi et al.; 2004). Isso se torna interessante, pois evita a

contaminação do meio ambiente pelo processo tradicional, quando se usa mercúrio para

resgatar o metal precioso (Brazilian National Genome Project Consortium – BNGPC,

2003). A utilização desse microrganismo para extração de ouro apresenta duas vantagens.

A primeira corresponde à recuperação de mais partículas de ouro que o processo

tradicional, podendo alcançar 1000 partes por milhão de metal após 40 dias de incubação.

A outra vantagem é a extração de ouro de materiais com baixo conteúdo deste metal

(Durán & Menck, 2001).

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Metabólitos secundários de C. violaceum têm ação bactericida ou

bacteriostática contra bactérias Gram-negativas e positivas. Essas substâncias

correspondem a antibióticos de várias classes, como glicopeptídeos e β-lactâmicos – agem

contra Gram-negativos – e monobactâmicos, aerocianidina e aerocavin – atuam contra

ambos os tipos de bactérias (Durán & Menck, 2001). Além disso, produz compostos que

atuam sinergisticamente com antibióticos β-lactâmicos (Cooper et al., 1985).

Outra característica interessante de C. violaceum é a produção de quitinase que

tem um papel fundamental para o controle de pragas, uma vez que o controle biológico

evita o uso de agrotóxicos, melhorando a qualidade dos produtos a serem consumidos e

promovendo menor impacto ambiental e desequilíbrio ecológico (Chernin et al., 1998;

BNGPC, 2003).

O quorum sensing, fenômeno de comunicação celular e regulação gênica

controlado pela densidade celular (McClean et al., 1997; Blosser & Gray, 2000), é

observado em C. violaceum. Quando a densidade celular atinge o nível adequado, o

quorum sensing é responsável pela regulação de várias características fenotípicas, como

produção de biofilme, síntese de violaceína, exportação de várias proteases, incluindo

quitinase e elastase, produção de HCN e de antibióticos (Durán & Menck, 2001; BNGPC,

2003).

A C. violaceum ocorre na água doce e no solo dos vários ecossistemas de

regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, está presente em grande quantidade no Rio

Negro, Amazônia (Caldas, 1990), e também em rios e solo do Parque Nacional da Serra do

Cipó, MG (Bittencourt, 2003). É considerada como um organismo saprófito, não

patogênico para humanos, podendo, no entanto, tornar-se um patógeno oportunista (Durán

& Menck, 2001). As infecções são geralmente associadas com pessoas

imunocomprometidas, entretanto existe um relato de infecção, no Brasil, que ocorreu em

uma pessoa saudável (Martinez et al., 2000). C. violaceum pode infectar outros mamíferos,

como porcos, primatas em geral e gado (Zins et al., 2001).

Quando C. violaceum infecta um indivíduo, apresenta-se extremamente

virulenta, com alta mortalidade em um curto período de tempo. A infecção se processa

através da pele lesada ou por ingestão de água contendo o microrganismo, podendo

avançar para uma septicemia. A doença provocada por C. violaceum é caracterizada por

vários abscessos cutâneos e viscerais, sendo o fígado e os pulmões os principais órgãos

atingidos (Martinez et al., 2000).

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Essas características peculiares de C. violaceum foram algumas das razões para

que ela fosse selecionada para ter seu genoma seqüenciado pela Rede Nacional de

Seqüenciamento do Projeto Genoma Brasileiro, patrocinado pelo CNPq. As informações

do seqüenciamento do genoma de C. violaceum são mostradas no QUADRO 1. O seu

genoma é formado por um cromossomo circular com 4.751.080 pares de bases, com 89%

de regiões codificantes. Destas ORFs, aproximadamente 61% codificam proteínas

conhecidas. As outras 39% são proteínas hipotéticas, que são divididas em proteínas

conservadas e exclusivas de C. violaceum. O genoma apresenta 98 genes de tRNA, que são

capazes de transcrever transportadores para os 20 aminoácidos da célula. Os genes de

rRNA estão agrupados em oito operons. Todos eles contêm seqüências idênticas da região

codificadora (BNGPC, 2003).

QUADRO 1. Características gerais do genoma de C. violaceum

Comprimento, pb 4.751.080 Conteúdo G + C 64,83% Número total de ORFs 4.431 Porcentagem de regiões codificadoras 89% Comprimento médio por ORF, pb 954 Número de proteínas conhecidas 2.717 Número de proteínas hipotéticas conservadas 958 Número de proteínas hipotéticas exclusivas 756 Operons de rRNAs 8 x (16S-23S-5S) Genes de tRNAs 98 FONTE: BNGPC, 2003 (modificado).

1.3 Genes de RNA ribossômico 16S – rRNA

Os genes de rRNA (rDNA) são fundamentais para a manutenção de qualquer

célula, pois são constituintes do ribossomo, juntamente com as proteínas que o formam,

participando, assim, da síntese de proteínas. Por serem tão importantes, mais de 80% da

transcrição de uma célula (procariótica ou eucariótica) correspondem aos rRNAs (Gorab,

2001; Lewin, 2000). Os genes de rRNA estão presentes em múltiplas cópias. A divergência

entre cópias é praticamente nula, geralmente menos de 1% (Lewin, 2000). Em bactérias, os

genes de rRNA estão organizados em operons. O número de operons em uma bactéria

pode variar de um até 15 destes agrupamentos (Bosshard et al., 2002).

Existem, em procariotos, três tipos de rRNA: 5S, 16S e 23S. Geralmente, os

genes do rRNA 16S (participante da subunidade menor do ribossomo), 5S e 23S

(participantes da subunidade maior do ribossomo) estão agrupados in tanden. Entre os

Page 20: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

genes 16S e 23S existe uma seqüência espaçadora transcrita – ITS. Essa região apresenta

elementos repetitivos que variam de número entre ITS. A região intergênica é responsável

pela variação de tamanho de um operon ribossômico para outro. Os quatro elementos são

gerados em um bloco único –rRNA 30S –, sendo considerados rRNAs maduros depois do

processamento pós-transcricional (Lewin, 2000; Ribosomal RNA Operon Copy Number

Database – RRNDB).

O seqüenciamento do rDNA tem sido, atualmente, utilizado para recuperar

dados de diversidade e filogenia entre as espécies bacterianas, mas também para análises

de classificação, identificação de espécies e heterogeneidade interespecífica (Bosshard et

al., 2002). Essa ferramenta possui algumas vantagens – os genes de rRNA permanecem

conservados em toda a sua extensão e estrutura. Portanto, quando ocorrem substituições de

nucleotídeos, esses funcionam como um relógio para a história evolutiva. Além disso, a

molécula como um todo não evolui igualmente, possuindo regiões mais conservadas e

outras mais variáveis (Kolbert & Persing, 1999). Mas também são homólogas entre os

organismos, fornecendo informações suficientes para comparações e parecem não sofrer

interferência da transferência lateral. Assim, os genes de rRNA retratam relações

filogenéticas entre os organismos (Olsen et al., 1986).

Das três moléculas, o rRNA 16S é a mais usada, possuindo em média 1500

nucleotídeos de comprimento. Ela guarda mais informação filogenética que o rRNA 5S

(~120 nucleotídeos), pois apresenta mais nucleotídeos variáveis. Por ser um gene bastante

conservado, reporta eventos evolutivos antigos, sendo utilizado principalmente para

delimitar táxons acima do nível de espécies (Olsen et al., 1986; Madigan et al., 1996). Por

outro lado, o rRNA 23S (~2500 nucleotídeos) tem um poder de resolução maior para

reconstruções filogenéticas e estudos de espécimes próximas, mas por ser menor e de fácil

seqüenciamento o rRNA 16S é mais utilizado (Kolbert & Persing, 1999; Rosselló-Mora &

Amann, 2001).

Atualmente, seqüências com características filogenéticas semelhantes à do

rDNA são consideradas como genes de referência. Esses genes, como citocromo c oxidase

I (Herbert et al., 2004a), mostram-se capazes de conduzir um indivíduo a uma determinada

espécie, mas também são úteis para descobrir espécies novas. Os genes de referência, desta

forma, são denominados DNA Barcodes. (Herbert et al., 2004b; Moritz & Cícero, 2004).

Um dos primeiros estudos de filogenia, usando as seqüências do rDNA 16S e

18S, mostrou que a vida era dividida em três domínios – Bacteria, Archaea e Eucaria (FIG.

Page 21: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

1) – ao invés de dois – Procarioto e Eucarioto (Olsen et al., 1986; Woese, 1987; Oliveira &

Menck, 2001).

A utilização da molécula de rDNA 16S determinou um novo conceito de

espécie para bactéria. Assim, dois indivíduos são “conceitualmente” considerados

membros da mesma espécie se apresentarem igual ou mais que 97% de identidade

(Madigan et al., 1996). Entretanto, apenas regiões variáveis do gene (FIG. 2) – podem

existir nove destas regiões – V1-V9 – são suficientes para promover a identificação

bacteriana. Estas regiões são menores, facilitando o seqüenciamento e a análise (Bosshard

et al., 2002; Grahn et al., 2003).

Portanto, uma maneira de acessar a diversidade bacteriana encontrada nos

ambientes naturais é o rRNA 16S. Isso se torna relevante, porque a maior parte dos

microrganismos não é cultivável – apenas 1% dos microrganismos é cultivável utilizando

técnicas de rotina – assim, a amplificação dessa seqüência ou parte dela associada com

abordagens de comparação de DNA facilitam a caracterização da microbiota desconhecida

(Hugenholtz & Pace, 1996; Dahllöf, 2002). Portanto, estudos de ecologia microbiana

podem alcançar uma variedade nova de microrganismos, levando ao melhor entendimento

da dinâmica de um determinado ambiente (DeLong, 1997).

Page 22: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 1 – Árvore filogenética universal determinada por comparações de seqüências de rRNA 16S e 18S. FONTE: Woese, 1987 (modificado).

Page 23: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 2 – Seqüência anotada do gene de rRNA 16S de Escherichia coli com as localizações dos iniciadores usados neste estudo e regiões variáveis V1-V9. Fonte: Baker et al., 2003 (modificado).

Page 24: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 2 – Seqüência anotada do gene de rRNA 16S de Escherichia coli com as localizações dos iniciadores usados neste estudo e regiões variáveis V1-V9. Continuação. Fonte: Baker et al., 2003 (modificado).

1.4 Resistência bacteriana a drogas

Bactérias apresentam uma grande variabilidade genética, o que lhes permite

responder rapidamente às mudanças do ambiente. A resistência a antibióticos é o melhor

exemplo conhecido da rápida adaptação das bactérias a um novo ecossistema. A

capacidade das bactérias de expandir seu nicho ecológico na presença de agentes

antimicrobianos pode ser devido à mutação e/ou à aquisição de genes de resistência pela

transferência gênica horizontal (Anderson & Levin, 1999).

A mutação espontânea e a recombinação de genes são eventos naturais e

primordiais para evolução dos seres vivos e são os responsáveis, ao lado da pressão

seletiva, pelo surgimento de resistência aos antimicrobianos (Chartone-Souza,1998). A

flexibilidade genética e a versatilidade das bactérias contribuem amplamente para

eficiência do fenômeno de resistência que tem se disseminado por diversos ambientes e

entre diferentes gêneros e espécies bacterianas (Levy, 1997). As bactérias tornam-se

Page 25: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

resistentes aos antimicrobianos pela alteração, substituição ou superprodução do alvo, por

modificação ou inativação do antimicrobiano por enzimas, por inibição da permeabilidade

ou efluxo da droga (White & McDermott, 2001).

A resistência bacteriana também pode ser devida à estrutura do próprio genoma

da espécie, conhecida como resistência intrínseca. Um exemplo, é o gene ampC, que

codifica β-lactamase – enzima inativadora de penicilina e antibióticos derivados deste –

encontrado em C. violaceum. Outro exemplo envolve as bombas de efluxo, que têm a

capacidade de transportar moléculas estruturalmente não relacionadas, em diversas

bactérias (Normark e Normark, 2002). Esses genes, primariamente, devem ter tido funções

essenciais de manutenção da célula, uma vez que são encontrados em grande parte dos

isolados bacterianos ambientais. Assim, a resistência seria ocasionada por atividades

adicionais desses genes. Um dado que reforça essa hipótese é que nem sempre todos os

antibióticos existentes atualmente estiveram presentes no meio ambiente, mas existem

isolados que apresentam resistência a eles (Baquero e Blázquez, 1997; Alonso et al.,

2001).

Mecanismos como mutações em genes reguladores podem gerar bactérias com

altos níveis de resistência. Um bom exemplo disso é o gene ampC cromossômico. Esse

gene é indutivo, em organismos como Citrobacter freundii e Pseudomonas aeruginosa, na

presença de β-lactâmicos. Ele pode ser expresso em grandes quantidades quando mutações

de ponto e inserções aumentam a sua transcrição, promovendo, assim, uma alta produção

constitutiva da enzima (Hanson & Sanders, 1999; Normark e Normark, 2002).

Desde a descoberta da penicilina, os antibióticos vêm sendo amplamente

utilizados no tratamento de doenças infecciosas nas medicinas humana e veterinária, na

agricultura e pecuária. Levy (2002) relata que nos Estados Unidos são usados 23 x 106 kg

de antibióticos anualmente. Destes, 11,5 x 106 kg foram utilizados na medicina humana, 7

x 106 kg em rações e 45 x 103 kg na agricultura. A utilização constante e indiscriminada

dos antimicrobianos promoveu a seleção e disseminação de linhagens bacterianas

resistentes a tais drogas, contribuindo na seleção das mesmas e na eliminação daquelas que

eram susceptíveis (Levy, 1997; O’Brien, 2002). A seleção e a dominância das linhagens

bacterianas resistentes em um determinado ambiente exposto aos antimicrobianos estão

associados à resistência adquirida desses microrganismos (Rowe-Magnus & Mazel, 1999).

Os principais fatores que contribuem para a rápida disseminação da resistência de

microrganismos comensais para patógenos bacterianos são a exposição das bactérias aos

antimicrobianos, que atuam como agentes seletivos, e a presença e transferência promíscua

Page 26: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

dos genes de resistência por elementos móveis: plasmídios, transposons e sistema integron-

cassete (Levy, 1997; Witte, 2000).

Embora a resistência antimicrobiana tenha sido vista tradicionalmente como

um problema clínico ela é também um problema socioeconômico e ecológico (Summers,

2002). Ecológico, pois a poluição do mercúrio, por exemplo, pode contribuir também para

o aumento da resistência a antibióticos (McArthur & Tuckfield, 2000) e para a seleção de

outros marcadores de resistência. Portanto, a expressão simultânea da resistência a

antibióticos e mercúrio pode ser causada por seleção, como conseqüência do mercúrio

presente no ambiente (Sant’ana et al., 1989)

Estudos recentes vêm sendo realizados para avaliar o impacto da utilização dos

antibióticos e a diversidade dos genes de resistência a essas drogas em populações

bacterianas de ambientes naturais (Aminov et al., 2001; Chee-Sanford et al., 2001). Nesses

estudos, a análise filogenética da seqüência conservada de genes de resistência a

antibióticos pode ainda ajudar a elucidar as relações evolutivas entre esses

microrganismos. Esses esforços são importantes para compreender a origem e a

distribuição de resistência em ambientes naturais e desenvolver mecanismos para evitá-la.

Page 27: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

2 OBJETIVOS

Considerando a relevância dos aspectos biológicos, o grande potencial

biotecnológico de C. violaceum e que ainda não existem estudos de diversidade dos

isolados brasileiros, uma vez que a linhagem seqüenciada no Brasil é de origem malaia,

este trabalho se propõe analisar a variabilidade de isolados de C. violaceum e alcançar os

objetivos específicos que se seguem:

1. Coletar amostras de água e solo de cabeceiras da bacia do Rio Doce e de solo no

Parque Nacional da Serra do Cipó (MG).

a. Isolar e identificar C. violaceum.

b. Preservar esses isolados, visando estruturar um acervo de longo-termo.

2. Caracterizar a diversidade genética desta coleção representativa de C. violaceum

isoladas de diferentes regiões geográficas: Amazonas e Minas Gerais.

a. Realizar extração de DNA total dos isolados.

b. Desenhar os iniciadores específicos para PCR

c. Confirmar a identificação taxonômica dos isolados por meio de

seqüenciamento e análise filogenética de rDNA 16S.

d. Verificar a presença do gene ampC por PCR.

3. Pesquisar a presença de plasmídios.

4. Determinar a susceptibilidade dos isolados, frente a diversos antimicrobianos.

a. Determinar as concentrações inibitórias mínimas para 11 antimicrobianos

incluindo o mercúrio.

b. Verificar a produção de β-lactamase.

5. Pesquisar a produção de antibióticos ou substâncias antagonistas nesses isolados

contra algumas bactérias patogênicas e oportunistas.

Page 28: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O Parque Nacional da Serra do Cipó – PNSC – (19-20ºS; 43-44ºW) situa-se no

centro de Minas Gerais, possuindo o papel de divisor de águas dos rios São Francisco e

Doce (FIG. 3). O PNSC, com 33.800 hectares, abriga uma vegetação composta de cerrado

nas altitudes inferiores a 1.000 m, campos rupestres nas partes mais altas e mata ciliar nos

vales mais úmidos e ao longo dos rios (Galdean et al., 2000). Assim, de acordo com estudo

prévio (Bittencourt, 2003), os sítios de coleta, nos trechos de 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª ordens do

córrego Indaiá, são considerados adequados para o isolamento de C. violaceum. Foi

também realizada uma coleta numa área em torno do córrego Indaiá com amostragem de

solo, em 2004. As coletas de água foram feitas nos anos de 2001, 2003 e 2004.

FIGURA 3 – Mapa do Parque Nacional da Serra do Cipó. FONTE: Galdean et al., 2000 (modificado).

O Parque Estadual do Rio Doce – PERD – (19º29’-19º48’S e 42º28’-42º38’W)

– fica situado no trecho médio do Vale do Rio Doce, MG (FIG. 4). O PERD constitui-se na

Page 29: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

maior "ilha" de Mata Atlântica de Minas Gerais, com 36.113,6 hectares e está inserido no

bioma Mata Atlântica. A mata que nele ocorre pertence à formação Floresta Pluvial

Atlântica Baixo-Montana. O seu sistema hídrico é formado por cerca de 50 lagoas,

correspondentes a 6% de sua área (Instituto Estadual de Florestas – online). No PERD, o

local de coleta foi a Lagoa Gambazinho, nos anos de 2001 e 2003.

FIGURA 4 – Mapa do Parque Estadual do Rio Doce. FONTE: Bortoluzzi et al., 2004.

O Rio Negro possui mais de 1.750 km de extensão, atravessando a floresta

amazônica – floresta tropical úmida. A união desse rio com o Rio Solimões, em Manaus –

Estado do Amazonas – forma o Rio Amazonas (FIG. 5). O Rio Negro apresenta águas

escuras devido à dissolução de ácidos e de matéria orgânica. Sua bacia possui uma área de

Page 30: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

690.000 km2 (Jardim & Fadini, 2001). Foram amostrados pela equipe do Dr. Spártaco

Astolfi Filho da UFAM, alguns pontos ao longo do Rio Negro, próximo a Manaus.

FIGURA 5 – Mapa da bacia do Rio Negro. FONTE: Jardim & Fadini, 2001.

3.2 Amostras de água e solo e isolamento bacteriano

As amostras de água foram coletadas em frascos esterilizados em

profundidades entre 15 e 20 cm.

Alíquotas de 100 µL de água foram semeadas em placas contendo Agar

Nutriente (AN) ¼ (Agar Difco; Caldo Nutriente Difco) com a concentração de 25% de

nutrientes (Logan & Moss, 1992), e incubadas a 25°C por até sete dias. No em torno do

vale do Córrego Indaiá foi feita também coleta de solo em placas de Petri esterilizadas.

Uma amostra desse solo foi diluída em água deionizada esterilizada e, posteriormente, 100

Page 31: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

µL foram semeados utilizando o mesmo procedimento anteriormente descrito. Isso

favoreceu a obtenção e seleção de colônias bacterianas violetas. Posteriormente, essas

colônias foram crescidas também a 4ºC e a 37ºC por sete dias. Os isolados que cresceram a

37ºC e não a 4ºC foram selecionados para análises posteriores.

3.3 Estocagem

Os isolados bacterianos foram repicados em tubos com Caldo Nutriente (CN),

com ¼ de concentração, incubados por 15 horas, a 25°C. Após esse período, misturou-se

uma alíquota de cada cultura, separadamente, com glicerol a 15%. Estes, por sua vez,

foram, primeiramente, armazenados à temperatura de -20 ºC por 24 horas e, em seguida,

estocados em um ultrafreezer a –80°C.

3.4 Linhagens bacterianas

A linhagem de C. violaceum ATCC 12472, da Malásia, seqüenciada no Brasil,

foi usada como controle neste estudo. Ela foi cedida gentilmente pelo Dr. Spártaco Astolfi

Filho (Departamento de Biologia, Universidade Federal do Amazonas).

Para a detecção da presença de substâncias antagonistas produzidas pelos

isolados em estudo, foram usadas seis linhagens de bactérias reveladoras (TAB. 1).

TABELA 1 – Bactérias reveladoras usadas neste estudo

Linhagens Procedência

Escherichia coli K12 Row

Klebsiella pneumoniae

Pseudomonas aeruginosa

Salmonella thyphimurium

Shigella flexineri

Staphylococcus aureus

LGMM

LGMM

ATCC 27853

ATCC13311

LGMM

ATCC 25923

ATCC: American Type Culture Colection, Colindale UK. LGMM: Coleção do Laboratório de Genética Molecular e de Microrganismos ICB – UFMG.

Page 32: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

3.5 Antimicrobianos

Das 12 drogas usadas, 11 são antimicrobianos: tetraciclina (Tc – Teuto

Brasileiro), gentamicina (Gm – Schering-Plough); ácido nalidíxico (Nx – Sanofi),

cloranfenicol (Cm – Medley), rifamicina (Rf – EMS), ampicilina (Ap – BASF GeneRix),

amoxicilina/ácido clavulâmico (Am – Glaxo); estreptomicina (Sm – Sigma), canamicina

(Km – GibcoBRL), amicacina (Am – Bristol-Myers) e cefotaxima (Cf – Unida Química); e

um metal pesado, bicloreto de mercúrio (Hg – Reagen). Essas drogas foram diluídas em

água deionizada esterilizada, nas concentrações adequadas para o experimento de

susceptibilidade aos antimicrobianos e ao mercúrio com exceção de tetraciclina,

cloranfenicol e rifamicina, que foram dissolvidas anteriormente em metanol, e ácido

nalidíxico, em hidróxido de sódio 1 N.

3.6 Teste de susceptibilidade aos antimicrobianos e ao mercúrio

A susceptibilidade a drogas foi determinada pelo método da diluição em meio

sólido (Agar Müller-Hinton – OXOID – para os antimicrobianos e AN acrescido de 0,5%

de cloreto de sódio para o bicloreto de mercúrio). O meio foi suplementado com

concentrações múltiplas de dois (2 até 128 µg/mL) dos 11 antimicrobianos, separadamente,

com exceção de ampicilina e de amoxicilina/ácido clavulâmico para as quais foram feitas

diluições até 1024 µg/mL. As diluições para bicloreto de mercúrio foram até 16 µg/mL.

Utilizou-se um inóculo padrão, contendo cerca de 105 UFC/ponto, de uma

cultura desenvolvida, em caldo, em replicador tipo Steer, o qual Possibilitou a aplicação

simultânea de 32 amostras por placa.

Depois desse procedimento, a leitura dos resultados foi feita após 24 horas de

incubação a 25°C, estabelecendo-se a concentração inibitória mínima (CIM) como a menor

concentração que inibiu o crescimento de cada isolado bacteriano.

Page 33: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

3.7 Teste de detecção da produção de β-lactamase in vitro

Sobre cada colônia crescida em Agar suplementado com ampicilina, por 48

horas, acrescentou-se uma gota de nitrocefina (Glaxo Research). Esse composto é uma

cefalosporina cromogênica que apresenta mudança de cor (amarelo para laranja) em

conseqüência de sua clivagem, por qualquer β-lactamase. Assim, a presença de cor laranja

sobre e/ou em torno da colônia foi considerada reação positiva (produção de β-lactamase).

3.8 Pesquisa in vitro de produção de substância antagonista (Kelner, 1948,

modificado)

Os isolados bacterianos estocados no freezer foram transferidos para CN ¼, a

25ºC, por 15 horas. Posteriormente, foram inoculados 3 µL, desta cultura, em pontos no

meio sólido. Em seguida, incubaram-se as placas por 48 horas a 25ºC. Após esse período,

colocou-se 1 mL de clorofórmio na tampa da placa de Petri, invertida, por um período de

30 minutos, a fim de que as colônias fossem mortas com o vapor. Em seguida, abriu-se a

placa, por mais 30 minutos, para que o clorofórmio residual evaporasse.

As linhagens reveladoras também foram crescidas em CN, por 15 horas, a

37ºC. Após esse período, uma alíquota de 100 µL de cada cultura foi transferida para o

meio semi-sólido (Agar 0,7%; Caldo Nutriente), sendo bem homogeneizado. A mistura

formada foi transferida para a superfície da placa de Petri, contendo as colônias já mortas.

Em seguida, a placa foi incubada a 37ºC, por 15 horas, para a visualização do resultado, o

qual quando positivo correspondia à formação de halos de inibição do crescimento das

bactérias reveladoras sobre e/ou em torno das colônias produtoras.

3.9 Teste de susceptibilidade de substâncias antagonistas a enzimas proteolíticas

Os isolados produtores de substância antagonista foram crescidos em CN ¼,

por 15 horas à temperatura de 25ºC. Em seguida, inoculou-se 5 µL dessa cultura sobre um

filtro de nylon de 0,22 µm, em AN ¼. Após o crescimento por 48 horas à 25ºC, retirou-se

o filtro e sobre o local adicionou-se 50 µL de proteinase K (20 µg/ml). Esperou-se 2 horas,

Page 34: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

para a enzima agir, antes de realizar o procedimento de sobrecamada. Se o crescimento da

linhagem reveladora mostrasse a redução do halo de inibição, a substância antagonista era

considerada de origem protéica.

3.10 Extração de DNA total

Os isolados bacterianos foram crescidos em 5 mL de caldo Broth Heart

Infusion (BHI), por até 18 horas, a 30ºC, sob agitação. Em seguida, essa cultura foi

transferida para tubos de 1,5 mL e centrifugada por 2 minutos a 13400 rpm. Após esse

procedimento, o sedimento foi ressuspendido em 1 mL de Solução 1 (Tris-HCl 10 mM pH

7,0; EDTA 10 mM pH 8,0; NaCl 300 mM) e novamente centrifugado nas condições

anteriores. Em seguida, o sobrenadante foi descartado e o sedimento ressuspendido em 300

µL de Solução 2 (Tris-HCl 25 mM pH 8,0; EDTA 10 mM pH 8,0; NaCl 10 mM). A essa

mistura foi acrescentado 300 µL de lisozima (10 mg/mL). A lisozima foi dissolvida na

Solução 2. Essa mistura foi incubada em gelo por 10 minutos, sendo transferida para um

banho de água a 37°C por mais 10 minutos. Após esse período, foi acrescentada à mistura

22 µL de sarcosil 30%, à qual foi posteriormente incubada por 20 minutos a 65°C e 5

minutos em gelo. A esse preparo foram adicionados 600 µL de fenol, homogeneizando-se

o tubo vigorosamente durante 1 minuto e centrifugando-o por 15 minutos à temperatura

ambiente, na rotação de 13400 rpm. Após a centrifugação, a fase aquosa foi transferida

para outro tubo, adicionando-se 600 µL de fenol-clorofórmio 1:1. Em seguida,

centrifugou-se por 10 minutos, nas mesmas condições anteriores. Terminado esse passo, a

fase aquosa foi novamente transferida para outro tubo, sendo adicionados 2,5 volumes de

etanol absoluto (-20ºC) e 200 mM de NaCl, virando o tubo até o DNA ser visualizado

(aproximadamente um a dois minutos). Posteriormente, a mistura foi incubada a -20°C

durante 30 minutos e centrifugada a 13400 rpm por 15 minutos. Em seguida, o sedimento

de DNA foi lavado com 600 µL de etanol 70% e centrifugado por 5 minutos na rotação de

13400 rpm. O sobrenadante foi descartado e o sedimento seco ressuspendido em 50 µL de

Tris-EDTA-RNase (Tris-HCl 25 mM pH 7,0; EDTA 10 mM pH 8,0; RNase 10 µL/mL).

Page 35: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

3.11 Extração de DNA plasmidiano

Os isolados bacterianos foram crescidos em 5 mL de caldo BHI, por até 18

horas, a 30ºC, sob agitação. Em seguida, essa cultura foi transferida para tubos de 1,5 mL e

centrifugada por 2 minutos a 13400 rpm. Após esse procedimento, o sedimento foi

ressuspendido em 200µL de tampão TE (Tris-HCl pH 8,0 10 mM; EDTA pH 8,0 1 mM) e

mantido à temperatura ambiente por 5 minutos. Em seguida, acrescentou-se 360 µL de

Solução I (NaOH 0,2 M; SDS 1,0%.) –a solução foi feita no momento da execução do

procedimento – misturando-se bem, por inversão do tubo. Essa mistura foi mantida por 5

minutos à temperatura ambiente. À mistura anterior foram acrescentados 400 µL de

Solução II (Acetato de Potássio 3 M; Ácido Acético Glacial 2 M pH 4,8-5,0), misturando-

se bem, de novo, por inversão. Essa mistura foi incubada em gelo por 5 minutos, sendo

centrifugada na rotação de 13400 rpm 5 minutos. Após esse período, o sobrenadante foi

transferido para outro tubo, sendo adicionado a ele 750 µL de isopropanol. A solução foi

misturada por inversão e mantida à temperatura ambiente por 5 minutos. Logo depois,

centrifugou-se por 15 minutos à temperatura ambiente, na rotação de 13400 rpm. O

sobrenadante foi descartado, sendo o excesso de álcool retirado com uma pipeta

automática. Imediatamente depois, o sedimento de DNA foi lavado com 1 mL de etanol

70% e centrifugado por 5 minutos nas mesmas condições anteriores. O sobrenadante foi

descartado e o sedimento seco ressuspendido em 50 µL de Tampão R (Tris-HCl pH 8,0 10

mM; EDTA pH 8,0 0,1 mM).

3.12 Amplificação de rDNA 16S

O gene do rRNA 16S foi amplificado completamente com os iniciadores PA

(5’ – TCCTGGCTCAGATTGAACGC – 3’) (Kuske et al., 1997, modificado) e U2 (5` –

ATCGGYTACCTTGTTACGACTTC – 3’) (Lu et al., 2000). As localizações dos

iniciadores estão ilustradas na FIG.2. A mistura para a reação da PCR (Polimerase Chain

Reaction) continha 100 ng de DNA molde, tampão para PCR, 0,4 µM de cada um dos

iniciadores e 0,4 mM de cada um dos dNTP’s e, por último, 1 U de Taq polimerase,

resultando em um volume total de 20 µL. O tubo contendo essa mistura foi colocado em

um termociclador, que promoveu os seguintes passos: a reação começou com 10 minutos

Page 36: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

de desnaturação na temperatura de 95°C, avançando para 30 ciclos, desnaturação por 30

segundos a 95°C, anelamento por 40 segundos a 48°C e extensão por dois minutos a 72°C.

Após os 30 ciclos, a reação terminou com incubação à temperatura de 72°C, por 15

minutos (Lu et al., 2000, modificado). Posteriormente à reação de PCR, 5 µL das amostras

foram aplicados em gel de agarose 1%, corado com brometo de etídio na concentração de 5

mg/mL, e submetidas à eletroforese em uma tensão de 80 volts, para se determinar o

tamanho dos fragmentos amplificados.

3.13 Amplificação do gene ampC

O gene ampC foi amplificado completamente com os iniciadores AMPC1 (5’ –

ATGATGCAATCCCTGAAGTT – 3’), que corresponde aos nucleotídeos 1 a 20 e

AMPC2 (5` – GACGGATCCACCGCCGACAATA – 3’), que corresponde aos

nucleotídeos 1166 a 1145 do gene CV1310 de C. violaceum. Os parâmetros da mistura

para a reação da PCR e do programa utilizado no termociclador foram semelhantes àqueles

usados para se amplificar o gene rRNA 16S, com exceção da temperatura de anelamento –

50,5 ºC.

3.14 Precipitação do produto de PCR para o seqüenciamento

Ao produto de PCR adicionou-se igual volume da solução de polietilenoglicol

20% e cloreto de sódio 2,5 M. Essa mistura foi agitada vigorosamente e incubada em

banho-maria a 37 ºC por 15 minutos. Após esse período, a mistura foi centrifugada por

mais 15 minutos na rotação de 13400 rpm. O sobrenadante foi retirado cuidadosamente

com uma pipeta automática e descartado em seguida. Após isso, foram adicionados 125 µL

de etanol 80% gelado e centrifugou-se por 2 minutos à rotação de 13400 rpm. Novamente,

o sobrenadante foi retirado cuidadosamente e descartado. Os procedimentos anteriores de

se adicionar o etanol 80% e retirar o sobrenadante foram repetidos. Após secagem, o

precipitado foi ressuspendido em volume adequado de água bideionizada.

Page 37: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

3.15 Seqüenciamento do gene de rRNA 16s

O seqüenciamento parcial do gene de rRNA 16S foi feito com os iniciadores

PA e CFV1 (5’ – TTAACGCTYGCACCCTACG – 3’). CFV1 foi o único iniciador que foi

desenhado a partir de seqüências de Chromobacterium depositadas no GenBank. As

localizações dos iniciadores estão ilustradas na FIG.2. A mistura para a reação de

seqüenciamento continha 150 ng de produto de PCR, DYEnamic ET Dye Terminator

Cycle Sequencing Kit (Amersham Biosciences) e 0,5 µM dos iniciadores, separadamente,

resultando em um volume total de 10 µL. Uma placa de 96 poços, contendo essa mistura,

foi colocada em um termociclador, que realizou os seguintes passos. A reação começou

com 2 segundos de desnaturação na temperatura de 95°C; avançando para 35 ciclos de

desnaturação por 25 segundos a 95°C, anelamento por 15 segundos a 54°C e extensão por

3 minutos a 60°C. Cada isolado foi seqüenciado pelo menos três vezes para cada um dos

sentidos forward e reverse.

Para a precipitação da reação de seqüenciamento foram adicionados 1 µL de

acetato de amônio (7,5 M) e 2,5 volumes de etanol absoluto gelado. Em seguida, lacrou-se

a placa com adesivo apropriado, agitando-se vigorosamente. Após esse procedimento,

centrifugou-se por 10 segundos, incubando-se a placa no escuro por 20 minutos à

temperatura ambiente. Posteriormente a esse período, centrifugou-se a uma rotação de

4000 rpm por 45 minutos à temperatura ambiente. Em seguida, descartou-se o

sobrenadante por inversão, mantendo-a invertida para escorrer o excesso de álcool e sendo

adicionado 150 µL de álcool 70%. Após isso, a placa foi centrifugada por 15 minutos, na

rotação de 4000 rpm. Descartou-se o sobrenadante por inversão, mantendo-a novamente

invertida e centrifugando-a ainda nesta posição por alguns segundos. Em seguida, a placa

foi deixada secar, no escuro, por 10 minutos, para posteriormente acrescentar 10 µL de

Loading Buffer (70% de formamida. 1 mM EDTA) para ressuspensão do sedimento,

agitando-se vigorosamente e centrifugando-a por alguns segundos. Essa placa é transferida

para o MegaBACE (Amersham Biosciences), onde ocorre a leitura das seqüências.

Os cromatogramas das seqüências foram base called com Phred v.0.20425

(Ewing and Green, 1998). As seqüências parciais de rDNA 16S foram alinhadas e editadas

para produzir uma seqüência consenso de alta qualidade para cada isolado bacteriano

usando Phrap v.0.990319 (Green, 1994) e Consed 12.0 (Gordon et al., 1998).

Page 38: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

3.16 Análise de dados

Para o alinhamento das seqüências, cálculo dos valores de divergências entre

seqüências, cálculo de diversidade e número médio de diferenças de nucleotídeos e para

determinar haplótipos, foram usados programas como MEGA 3 (Kumar et al., 2004) e

DnaSP (Rozas & Rozas, 1999). Árvores filogenéticas foram construídas por distintos

procedimentos (neighbor-joining e máxima parcimônia) com o programa MEGA. Critérios

filogenéticos foram adotados para averiguação da identidade taxonômica dos isolados,

quando comparados às amostras já presentes em bancos de dados do GenBank e do projeto

genoma brasileiro (www.brgene.lncc.br). A determinação da diversidade genética foi feita

usando-se o programa ARLEQUIN (Schneider et al., 2000).

Os dados de perfis de CIM dos antimicrobianos para os isolados de

Chromobacterium sp. foram convertidos em código binário e as relações entre esses perfis

foram realizadas por análises de agrupamentos (medida de similaridade Euclidiana,

método de UPGMA). As análises computacionais foram feitas com PAST

(Paleontological Statistics Software Package) (Hammer et al., 2001).

Page 39: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Isolados bacterianos

As coletas no Parque Nacional da Serra do Cipó (PNSC) foram feitas no

período chuvoso – com exceção dos isolados 7, 8, 9 e 10, que foram coletados na seca –

pois nas primeiras coletas, realizadas em 2001, observou-se a presença mais abundante de

isolados bacterianos violetas no verão do que no inverno (Bittencourt, 2003). Tal fato se

deve, provavelmente, à presença de solo quartzito, com muita matéria orgânica, que

acumula bastante água, levando a um aspecto de brejo no verão (Callisto & Gonçalves

Júnior, 2002). Assim, a água das chuvas lava o solo, carregando facilmente bactérias

(originalmente nos solos) para o rio.

De posse da informação de que a temperatura ótima de crescimento de C.

violaceum é 25ºC (Kimmel & Maier, 1968; Koburguer & May, 1982), todos os isolados

bacterianos foram inoculados em Caldo Nutriente ¼ e incubados, nessa temperatura, em

estufa. Em 2001, foram obtidos 44 isolados bacterianos de coloração violeta. Dos 21, que

mantiveram a viabilidade, foram estudados 10. No entanto, em 2003, de uma coleta de 216

isolados bacterianos, só foram adquiridos seis violetas, dos quais apenas dois

permaneceram viáveis. Por outro lado, do total de 730 isolados bacterianos, da coleta de

2004, incluindo 11 isolados do solo, foram obtidos 698, que apresentaram coloração

violeta, e 32, cinza. Desses, 28 foram escolhidos para esta pesquisa. Isolados de todas as

coletas foram cultivados, simultaneamente, a 4ºC e a 37ºC, durante uma semana. Esse teste

teve como finalidade selecionar C. violaceum, uma vez que Iodobacter fluviatile e

Janthinobacterium lividum também são produtoras de violaceína. Entretanto, C. violaceum

é a única que cresce a 37ºC e não a 4ºC, enquanto que I. fluviatile e J. lividum crescem a

4ºC e não a 37ºC (Logan & Moss, 1992). Todos os isolados bacterianos testados cresceram

somente a 37ºC, sendo assim selecionados. Das coletas no Parque Estadual do Rio Doce

(PERD) e no Rio Negro, foram estudados, respectivamente, três e cinco isolados

bacterianos violetas. Do total, foram escolhidos 48 isolados de diversas origens (TAB. 2),

para a identificação da diversidade molecular do gene de rRNA 16S, teste de

susceptibilidade a antimicrobianos e produção de substâncias antagonistas.

Page 40: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

Visando manter um acervo de longo prazo, todos os isolados bacterianos foram

armazenados a -80ºC. Utilizou-se CN com uma concentração mais baixa – ¼ – numa

tentativa de se preservar os isolados viáveis por um período de tempo maior, uma vez que

essas bactérias são encontradas em um ambiente natural com escassez de nutrientes.

Assim, tentou-se mimetizar tal ambiente, com o objetivo de diminuir variáveis que podem

afetar tanto o fenótipo como o genótipo das bactérias, quando cultivadas em laboratório.

Apesar desses procedimentos, perdas progressivas de isolados foram observadas, a partir

do terceiro mês após o armazenamento a –80ºC, alcançando cerca de 50% desses. É

importante destacar que a manutenção de linhagens de Chromobacterium sp. é laboriosa.

Bittencourt (2003) já havia observado que alguns isolados bacterianos, recuperados de

ecossistemas naturais, não sobreviveram a longos períodos de manutenção em laboratório.

Outro fato que despertou atenção foi a diversidade na pigmentação de suas

colônias. Existiam colônias com tons diferentes de violeta, umas mais claras e outras mais

escuras, variando estas últimas, por sua vez, na intensidade, podendo apresentar até um

violeta metálico conforme ilustrado na FIG. 6. A pigmentação violeta tornou-se evidente

entre 24 e 72 horas após o início do cultivo. Isso confirma que a produção de violaceína é

dependente de densidade celular, pré-requisito para o quorum sensing. No entanto, outros

fatores também são fundamentais para a produção desse pigmento, como oxigênio e

presença de triptofano no meio de cultura (Antônio & Creczyuski-Pasa, 2004). Em meio

sólido, as colônias bacterianas podem possuir coloração acinzentada, até atingir a

densidade celular adequada para a produção da violaceína (Sivendra et al., 1975). Todavia,

foi obtido, neste estudo, um isolado de Chromobacterium sp. com coloração amarela (FIG.

7). Holt & Krieg (1984) relatam a formação de um halo violeta na superfície da cultura em

tubo. Neste estudo, contudo, notou-se uma pigmentação total do meio de cultura para a

maioria dos isolados.

Page 41: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 6 – Colônias bacterianas apresentando diversas tonalidades

de violeta.

FIGURA 7 – Isolado 32 apresentando coloração

amarela antes da produção de

violaceína.

É interessante mencionar que todos os isolados (colônias), obtidos nas coletas

de 2001 e 2003, a princípio apresentaram coloração violeta. No entanto, após alguns

Page 42: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

repiques todos deixaram de apresentar essa pigmentação. Após a identificação molecular

desses isolados não pigmentados, verificou-se que a maioria não era da espécie

Chromobacterium sp., sendo que apenas dois desses isolados – 4 e 12 (TAB. 2) –

pertenciam à espécie em estudo. De posse dessas informações, e considerando que esse

comportamento se repetiu com alguns dos isolados de 2004, presumiram-se três hipóteses:

− pela primeira, os isolados deixariam de produzir violaceína, uma vez que

esse pigmento não é necessário para a sobrevivência das células in vitro. Como a

violaceína não participa das vias bioquímicas essenciais da célula, o gene poderia ser

desligado (Antônio & Creczyuski-Pasa, 2004). Por outro lado, em um ambiente que possui

limitação de recursos, como o ecossistema natural, a violaceína poderia ter um papel

fundamental na sobrevivência de C. violaceum. Desta forma, a violaceína agiria, não só

como um escudo contra os raios solares, mas também geraria uma proteção contra

predação e competição. Matz et al. (2004) relatam que C. violaceum e J. lividum produzem

alta toxicidade sobre os bacterívoros nanoflagelados. Assim, a produção e manutenção da

violaceína deve ser uma característica adaptativa importante.

− A segunda hipótese leva em consideração a plasticidade do genoma dos

procariotos. Sabe-se que o genoma bacteriano pode sofrer aquisição e perda de seqüências

sendo isso promovido por plasmídios, transposons e sistemas integrons-cassetes (Davison,

1999) Desta forma, o operon vioABCD pode ter sido transferido do genoma de C.

violaceum para o das outras espécies, sendo desta forma mantido, uma vez que organismos

que compartilham o mesmo ambiente apresentam seqüências em comum (Berg & Kurland,

2002).

− A terceira hipótese baseia-se na associação de duas espécies bacterianas.

Assim, essas espécies viveriam em associação íntima naqueles ecossistemas com ausência

de fatores modificadores humanos. Esse tipo de cooptação poderia ser favorável para todas

as espécies pertencentes ao consórcio, pois podem ocorrer trocas de metabólitos – por

exemplo, vitaminas e aminoácidos – favorecendo desta forma a sobrevivência em

ambientes naturais com pouca disponibilidade de nutrientes. Ou ainda, uma das linhagens

envolvidas no consórcio realizaria uma parte da via metabólica, que seria completada por

outros membros da associação, gerando, assim, uma fonte de nitrogênio que beneficiaria

todos no consórcio (Souza et al., 1998). Portanto, quando essas bactérias são trazidas para

o laboratório pode ocorrer um desequilíbrio nessa associação, uma vez que o meio não é

mais tão pobre nem indicador/seletivo, proporcionando um mecanismo de competição. No

caso específico de C. violaceum, que pode levar até sete dias para crescer, a competição

Page 43: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

poderia ser ganha por aquele microrganismo com menor tempo de geração. Portanto, deve-

se ter cuidado especial na fase de coleta de material no campo. Assim, após a obtenção de

colônias, deve-se acrescentar mais uma etapa de verificação, utilizando-se técnicas para

conseguir colônias isoladas.

TABELA 2 – Isolados bacterianos coletados nos anos de 2001, 2003 e 2004, em ecossistemas aquáticos e terrestres dos três sítios de coleta.

Isolados Área de estudo Ecossistema Ano de Coleta

1*

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

28(1)

43 (1)

81 (1)

85 (1)

178 (1)

295 (1)

11 (2)

72 (2)

77 (2)

92 (2)

11-3-503

13-3-503

2-3-404

3-3-404

4-3-404

19-3-404

25-3-404

26-3-404

35-3-404

39-3-404

40-3-404

43-3-404

50-3-404

62-3-404

76-3-404

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

Aquático (1ª ordem)

Aquático (1ª ordem)

Aquático (2ª ordem)

Aquático (2ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (4ª ordem)

Aquático (1ª ordem)

Aquático (2ª ordem)

Aquático (2ª ordem)

Aquático (2ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

2001

2001

2001

2001

2001

2001

2001

2001

2001

2001

2003

2003

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

* Isolado bacteriano que nunca apresentou coloração violeta. Bittencourt (2003) obteve esse isolado através da amplificação da região intergênica (ITS).

Page 44: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

TABELA 2 – Isolados bacterianos coletados nos anos de 2001, 2003 e 2004, em ecossistemas aquáticos e terrestres dos três sítios de coleta. Continuação.

Isolados Área de Estudo Ecossistema Ano de Coleta

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41**

42**

43

44

45

46

47

48

81-3-404

82-3-404

109-3-404

135-3-404

145-3-404

147-3-404

33-4-404

121-4-404

127-4-404

174-4-404

224-4-404

6-S-404

9-S-404

10-S-404

11-S-404

P11

P31

GA202

CVAC53

CVPF43

CVMO33

CVRP43

CVT193

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PNSC

PERD

PERD

PERD

Presidente Figueiredo

Margem oposta

Rio Preto da Eva

Tropical Hotel

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (3ª ordem)

Aquático (4ª ordem)

Aquático (4ª ordem)

Aquático (4ª ordem)

Aquático (4ª ordem)

Aquático (4ª ordem)

Terrestre

Terrestre

Terrestre

Terrestre

Aquático

Aquático

Aquático

Aquático

Aquático

Aquático

Aquático

Aquático

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2004

2001

2001

2003

NI

NI

NI

NI

NI

NI – não informado ** Perderam a viabilidade após três meses, mas o DNA extraído permitiu a realização da

identificação da diversidade molecular 1Isolados gentilmente cedidos pelo Dr. Carlos Rosa (Departamento de Microbiologia – UFMG). 2 Isolado gentilmente cedido pela doutoranda Daniela Pontes (Departamento de Biologia Geral – UFMG). 3 Isolados gentilmente cedidos pelo Dr. Spártaco Astolfi Filho (Departamento de Biologia – Universidade Federal do Amazonas).

4.2 Identificação molecular e filogenia

O uso da ferramenta molecular – representada pela amplificação do gene de

rRNA 16S– seguida das análises com BLAST sugeriram homologia dos isolados

bacterianos com seqüências de espécies depositadas no GenBank. A linhagem padrão de C.

Page 45: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

violaceum ATCC 12472 foi usada como controle. A TAB. 3 mostra os resultados

alcançados para os 48 isolados com o BLAST, apresentando a seqüência com o maior

valor Score. Desta forma, foram encontradas homologias com 11 espécies e a seguinte

distribuição: 27 isolados são relacionados à Chromobacterium sp., seis, à C. violaceum,

três à Stenotrophomonas maltophilia, dois a cada uma das espécies Serratia marcescens e

Staphylococcus sp e um isolado a cada uma das seguintes espécies – C. suttsuga,

Klebsiella pneumoniae, Stenotrophomonas sp, Pseudomonas sp., Staphylococcus

saprophyticus e Rahnella aquatilis. Dois isolados coincidiram com seqüências do banco de

dados que ainda não foram associadas com nenhum grupo taxonômico conhecido (isolados

1 e 7).

As espécies acima fazem parte de dois grandes Filos bacterianos –

Proteobacteria e Firmicutes (FIG. 8). Dentro de Proteobacteria estão incluídos os gêneros

Chromobacterium da Classe Betaproteobacteria e Klebsiella, Serratia, Rahnella,

Stenotrophomonas e Pseudomonas da Classe Gammaproteobacteria. Ao Filo Firmicutes,

pertence Staphylococcus da Classe Bacilli (RDPII – online).

C. suttsuga é candidata a uma espécie nova do gênero Chromobacterium,

pertencente à família Neisseriaceae (FIG. 8 e 11). Possui características diferentes de C.

violaceum, como não crescimento a 25ºC, o que reforça essa classificação. Essa espécie

possui toxinas capazes de eliminar insetos, principais pragas da agricultura, tornando-se de

interesse para o controle biológico (Martin et al., 2004). Entretanto, o isolado, cuja

seqüência foi similar a C. suttsuga cresceu a 25ºC.

As espécies K. pneumoniae, S. marcescens, R. aquatilis, S. maltophilia e S.

saprophyticus são patógenos envolvidos com infecções hospitalares em seres humanos,

mas também são ubiquamente distribuídas nos ecossistemas naturais (Kloos & Bannerman,

1994; Alonso & Martínez, 1997; Chang et al., 1999; Su et al., 2003; Struve & Krogfelt,

2004). As espécies K. pneumoniae, S. marcescens e R. aquatilis são da família

Enterobacteriaceae, sendo, portanto, constituintes naturais da microbiota intestinal de

vários animais (Koneman et al, 2001). Já a espécie S. maltophilia (Xanthomonadaceae) é

encontrada principalmente em ecossistemas aquáticos e terrestres, sendo considerada como

um patógeno emergente. No entanto, sendo uma espécie de vida livre, pode atuar no

controle biológico contra fungos fitopatógenos e na biorremediação de ambientes

impactados (Berg et al., 1999). S. saprophyticus (Staphylococcaceae) também possui

capacidade de biorremediação, removendo metais tóxicos de ambientes aquáticos (Ilhan et

al., 2004).

Page 46: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

Um total de 409 bases alinhadas entre os sítios 134 e 558 – excluindo-se gaps –

do gene de rRNA 16S foi usado para inferir a filogenia entre 47 isolados bacterianos e as

seqüências depositadas no GenBank. O isolado 8 possuía apenas uma seqüência com 220

bases; desta forma foi feita uma análise filogenética à parte para poder incluí-lo. Dos 409

nucleotídeos, 297 foram empregados, sendo excluídos aqueles com gaps e dados ausentes.

Quando todas as seqüências dos isolados bacterianos foram alinhadas, percebeu-se que

algumas se apresentavam idênticas, tornando a apresentação da árvore filogenética muito

confusa. Desta forma, decidiu-se por agrupar tais seqüências e tratá-las por haplótipos.

Duas seqüências foram consideradas haplótipos distintos quando apresentavam, pelo

menos, a diferença de um nucleotídeo, na seqüência de DNA. Assim, foram obtidos 14

haplótipos (TAB. 4), que melhorou a apresentação da árvore filogenética. A filogenia foi

inferida através dos métodos de neighbor-joining (NJ), com o modelo Kimura 2-

parâmetros, e máxima-parcimônia (MP), ambos utilizando o programa Mega 3 (Kumar et

al., 2004). A confiança estatística dos agrupamentos nas árvores foi testada com 1000

repetições de bootstrap.

Para as seqüências dos 47 isolados, o método de MP gerou 52 árvores

igualmente parcimoniosas, sendo, a partir dessas, composta uma árvore consenso, cuja

topologia foi semelhante àquela produzida pelo método NJ (FIG. 8). No entanto, ao se

acrescentar a seqüência do isolado 8, a árvore consenso (FIG. 10), gerada a partir das 364

árvores igualmente parcimoniosas do método de MP, se mostrou diferente daquela

produzida por NJ (FIG. 9). Para se construir as árvores das FIGs. 9 e 10 foram utilizados

apenas 135 sítios das seqüências de DNA, diminuindo, assim, a resolução das árvores

filogenéticas. Contudo, no método de NJ (FIG. 9), com exceção do clado de

Chromobacterium, que foi agrupado com o de Neisseria, todos os outros clados

permaneceram agrupados, como a árvore da FIG. 8, mostrando que o tamanho da

seqüência utilizada, inferior a 300 pares de bases, é inadequado para resolver diferenças

entre espécies inseridas em cada um dos ramos, mas, apesar disso, com seqüências desse

tamanho é possível chegar ao nível de gênero, para alguns grupos taxonômicos. Todavia,

através do método de MP as seqüências dos isolados foram agrupadas, preferencialmente,

ao nível de Filos, com exceção para alguns agrupamentos taxonômicos, que foi possível

chegar ao nível de gênero (FIG. 10).

Os isolados relacionados ao gênero Chromobacterium formam um grupo

monofilético com o valor de Bootstrap de 100 e 99 para os métodos de NJ e MP,

respectivamente, reforçando esse agrupamento. No entanto, vários isolados que se

Page 47: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

agruparam com a linhagem padrão C. violaceum ATCC 12472 se agruparam também com

C. suttsuga e se mostraram bem divergentes de ambas, sugerindo que fossem classificados

como Chromobacterium sp. Esta classificação deve permanecer até a execução de outros

testes moleculares e novas provas bioquímicas, bem como melhor caracterização das

bactérias deste gênero a fim de melhorar a identificação desses isolados.

Os isolados bacterianos presentes no ramo de Chromobacterium totalizaram 35

juntamente com a linhagem padrão de C. violaceum, todos agrupados em sete haplótipos –

H01, H02, H03, H06, H11, H12, H13 (TAB. 4). A determinação dos haplótipos foi

realizada pelo programa DnaSP (Rozas & Rozas, 1999). O haplótipo H12 apresentou a

freqüência relativa de 0,639, seguido pelos haplótipos H01 (0,167), H02 e H06, ambos

apresentando o valor de 0,0556. Os menos freqüentes foram os haplótipos H03, H11 e H13

com uma freqüência de 0,0278, apresentando apenas um isolado em cada haplótipo. Por

outro lado, os haplótipos H01, H02, H06 e H12 reuniram, respectivamente, isolados do Rio

Negro, do Parque Estadual do Rio Doce e os dois últimos haplótipos do Parque Nacional

da Serra do Cipó. Portanto, não houve haplótipo compartilhado entre as áreas, refletindo a

origem geográfica dos isolados bacterianos.

O estudo de diversidade dos isolados de Chromobacterium sp. (isolados do

PNSC, PERD e Rio Negro) foi feito pelo programa Arlequin (Schneider et al., 2000). A

diversidade haplotípica foi de 0,5714 e a diversidade nucleotídica de 0,009845. Essa

diversidade haplotípica pode ser considerada alta já que há uma probabilidade de 57,1% de

que dois isolados tomados ao acaso tenham seqüências distintas. No entanto, o número de

haplótipos (7) encontrados para o gênero Chromobacterium não foi tão alto, considerando

o total de isolados bacterianos obtidos no estudo. Por outro lado, a diversidade nucleotídica

foi pequena, indicando que a diversidade entre os isolados é baixa em termos de acúmulo

de substituições nucleotídicas. Isso também pode ser notado nas FIGs. 8 e 11, através dos

braços curtos dos ramos no agrupamento das Chromobacterium sp.

A análise de homologia entre os isolados de Chromobacterium sp., incluindo a

linhagem C. violaceum ATCC 12472, mostrou que os 35 isolados compartilham com a

linhagem padrão 98,2% de similaridade na seqüência do gene de rRNA 16S. De acordo

com alguns autores (Madigan et al., 1996; Bosshard et al., 2002), microrganismos que

compartilham valores de similaridade superiores a 97% poderiam ser considerados como

pertencentes à mesma espécie. No entanto, esta análise é indicada para comparações do

gene completo (~1600 pb) e a análise deste estudo incluiu apenas 409 pb. Além disto, a

inclusão de um organismo dentro de uma espécie ou mesmo a determinação de uma

Page 48: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

espécie nova não deve ser baseada somente em seqüências de DNA, sendo necessárias

outras análises (Rosselló-Mora & Amann, 2001). A FIG. 11 é uma ampliação do ramo de

Chromobacterium e mostra a existência de quatro grupos, cujos valores bootstrap foram

superiores a 50 – agrupamentos A (bootstrap = 99), B (bootstrap = 80), C (bootstrap = 75)

e D (bootstrap = 86). A distribuição ilustrada nessa figura pode representar a existência de

subespécies, ou mesmo distintas espécies, dentro do gênero de Chromobacterium. No

entanto, o tamanho limitado da seqüência e a localização do fragmento do gene de rRNA

16S usados para construir essa árvore filogenética podem representar poucos sítios

informativos. Assim, os quatro agrupamentos formados podem ser considerados como

sugestivos e devem ser confirmados, talvez com a análise da seqüência completa do rRNA

16S ou de outras seqüências para melhorar a resolução dentro do clado de

Chromobacterium sp.

Os isolados de outros gêneros também fizeram parte de ramos monofiléticos

suportados por valores de bootstrap superiores a 50, como ilustrado na FIG. 8. Esses 13

isolados foram agrupados em sete haplótipos diferentes – H04, H05, H07, H08, H09, H10

e H14. Os haplótipos H04, H09 e H14 foram encontrados cada um em apenas um isolado.

Com exceção do H10, que possuiu um isolado do PNSC (11) e um isolado do PERD (43),

os outros seis haplótipos representaram isolados do PNSC.

É interessante notar que a seqüência do isolado 1 revelou 99% de similaridade,

de acordo com o BLAST, com a seqüência de Bacterium G5_GreenLake (AY345393),

mostrando a existência de uma seqüência parecida no banco de dados do GenBank, sem

taxonomia conhecida. No entanto, ao ser realizada a inferência filogenética através dos

métodos de NJ e MP, as seqüências do isolado 1 e de AY345393 foram agrupadas no clado

de Chromobacterium. Isto foi confirmado pelas ferramentas do banco de dados do

Ribosomal Database Project II (RDPII – online), que através de Sequence Match agrupou

essas seqüências hierarquicamente no gênero Chromobacterium. O mesmo foi realizado

para as seqüências do isolado 7 e de Arctic sea ice bacterium (AF468443), que

apresentaram 100% de similaridade entre elas. Como resultado, essas seqüências foram

inseridas no clado de Staphylococcus. Essa observação ilustra a importância de se utilizar

os métodos de filogenia para confirmar as possíveis classificações e tentar relacionar

seqüências não classificadas (Rosselló-Mora & Amann, 2001).

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TABELA 4 – Haplótipos gerados pelo programa DnaSP (Rozas & Rozas, 1999), envolvendo 48 isolados bacterianos.

Haplótipos Isolados bacterianos

H01 44, 45, 46, 47, 48

H02 41, 42

H03 1

H04 2

H05 3, 34, 35, 36

H06 4, 33

H07 5, 6

H08 7, 10

H09 9

H10 11, 43

H11 12

H12 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 31, 32, 37, 38, 39, 40

H13 30

H14 8

Page 53: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 8 – Árvore filogenética envolvendo 47 isolados bacterianos coletados no PNSC, PERD e Rio Negro. A topologia da árvore foi gerada pelo método de neighbour-joining (1000 repetições de Bootstrap e modelo Kimura 2 parâmetros).

Page 54: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 9 – Árvore filogenética envolvendo 48 isolados bacterianos, incluindo o isolado 8, coletados no PNSC, PERD e Rio Negro. O haplótipo referente a ele está marcado com um ponto azul. A topologia da árvore foi gerada pelo método de neighbor-joining (1000 repetições de bootstrap e modelo Kimura 2 parâmetros).

Page 55: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 10 – Árvore filogenética envolvendo 48 isolados bacterianos, incluindo o isolado 8, coletados no PNSC, PERD e Rio Negro. O haplótipo referente a ele está marcado com um ponto azul. A topologia da árvore foi gerada pelo método de máxima parcimônia (1000 repetições de bootstrap).

Page 56: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 11 – Ampliação do ramo de Chromobacterium da FIG. 8. Apresenta os quatro agrupamentos (A, B,

C e D) considerados consistentes pelo teste de bootstrap. Mostra, também, os haplótipos

referentes a cada uma das áreas geográficas estudadas: H01 – Rio Negro; H02 – PERD; H03,

H06, H11, H12, H13 – PNSC.

4.3 Teste de susceptibilidade aos antimicrobianos e ao mercúrio

Foram determinadas as CIMs de 46 isolados bacterianos, juntamente com a

linhagem padrão C. violaceum ATCC 12472. Os isolados 41 e 42 perderam a viabilidade

no início do estudo, sendo usados somente nas análises filogenéticas. De 46, 33 pertenciam

ao gênero Chromobacterium e 13 pertenciam a espécies de outros gêneros –

Stenotrophomonas sp. (1), S. maltophilia (3), K. pneumoniae (1), S. marcescens (2),

Pseudomonas sp. (1), S. saprophyticus (1), Staphylococcus sp. (3), R. aquatilis (1) (TAB.

3). O isolados 1 e 7 foram incluídos nos gêneros Chromobacterium e Staphylococcus,

respectivamente, de acordo com a filogenia obtida no item 4.2 e demonstrada na FIG. 8.

Das 12 drogas testadas, a ampicilina, a amoxicilina/ácido clavulâmico e a cefotaxima

foram as que apresentaram as maiores CIMs (FIG. 12, 13 e 14). Dos 32 isolados de

Chromobacterium sp., 76% apresentaram CIM maiores que 1024 e 128 µg/ml de

ampicilina e de cefotaxima, respectivamente. Surpreendentemente, observaram-se altas

CIMs para cefotaxima, droga pertencente às cefalosporinas de terceira geração, com

espectro de ação contra bactérias Gram-negativas e positivas, possuindo, assim, uma

⇒ Rio Negro

⇒ PERD

⇒ PNSC

Page 57: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

modificação contra β-lactamases (Prince, sem data). Para amoxicilina/ácido clavulânico a

CIM50 foi 1024 µg/ml – no qual 50% dos isolados foram inibidos até 1024 µg/ml – e a

CIM90 foi >1024 µg/ml (TAB. 5). Ao contrário do esperado, uma vez que é descrita a

presença intrínseca do gene ampC em C. violaceum, um dos isolados de Chromobacterium

sp. (isolado 12) mostrou CIM <2 µg/ml de ampicilina. Esse gene codifica uma β-lactamase

capaz de degradar certa gama de antibióticos β-lactâmicos, sendo primeiramente relatada

como cefalosporinase. O produto do gene ampC também é pouco resistente ao inibidor de

β-lactamase, ácido clavulâmico (Hanson & Sanders, 1999). Entretanto, como mostrado na

FIG. 13, observou-se neste estudo, que a β-lactamase produzida por esse gene pode ser

bastante resistente ao ácido clavulâmico.

Os valores de CIMs alcançados, para ampicilina e amoxicilina/ácido

clavulânico, foram altos para as espécies de outros gêneros também. A CIM, para a

primeira droga foi de 256 µg/ml, conseguindo inibir o crescimento de 38% dos 13 isolados

bacterianos. Para a outra droga 62% desses isolados não cresceram (31% em 256 µg/ml e

31% em >1024 µg/ml). Ao contrário do encontrado para Chromobacterium sp., 69% dos

isolados das outras espécies foram sensíveis à concentração de 2 µg/ml de cefotaxima.

O gene ampC é um gene cromossômico que confere à bactéria altos níveis de

resistência a antimicrobianos β-lactâmicos, principalmente à ampicilina. Mas é possível

que apresente outras funções em ecossistemas naturais, uma vez que é observada uma alta

prevalência de resistência à ampicilina na maioria dos isolados coletados desses ambientes

(Ash et al., 2002, Normark & Normark, 2002, Bittencourt, 2003). Assim, a existência

desse gene parece ser importante na sobrevivência nesses ecossistemas. Ele pode, por

exemplo, participar do metabolismo da parede celular, agindo na formação de

peptidoglicanos, mas nada ainda foi comprovado (Alonso et al., 2001)

Page 58: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

0

5

10

15

20

25

30

< 2 16 128 256 1024 > 1024

Ampicilina (µg/ml)

Núm

ero

de is

olad

os

Chromobacterium violaceum Outras Espécies

FIGURA 12 – Concentrações Inibitórias Mínimas (CIM) de ampicilina frente a 46 isolados

bacterianos. ATCC: Linhagem padrão de Chromobacterium violaceum ATCC 12472.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

< 2 16 32 64 128 256 512 1024 > 1024

Amoxicilina/Ácido Clavulâmico (µg/ml)

Núm

ero

de is

olad

os

Chromobacterium violaceum Outras Espécies

FIGURA 13 – Concentrações Inibitórias Mínimas (CIM) de amoxicilina/ácido clavulânico frente a 46

isolados bacterianos. ATCC: Linhagem padrão de Chromobacterium violaceum ATCC 12472.

ATCC

ATCC

Page 59: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

0

5

10

15

20

25

30

< 2 32 128 > 128

Cefotaxima (µg/ml)

Núm

ero

de is

olad

os

Chromobacterium violaceum Outras Espécies

FIGURA 14 – Concentrações Inibitórias Mínimas (CIM) de cefotaxima frente a 46 isolados bacterianos. ATCC: Linhagem padrão de Chromobacterium violaceum ATCC 12472.

Quanto aos outros oito antimicrobianos, os isolados de Chromobacterium sp.

apresentaram CIMs diversas. Os quatro antimicrobianos da classe dos aminoglicosídios –

estreptomicina, gentamicina, amicacina e canamicina – apresentaram, respectivamente,

CIM50 de 32, 4, 16 e 16 µg/ml. Mostraram também CIM90 de 64 µg/ml, para as duas

primeiras drogas, e de 32 µg/ml, para as duas últimas (TAB. 5). Assim, para gentamicina, a

CIM foi de 4 µg/ml para 72,7% desses isolados (FIG. 15B). Por outro lado, para

estreptomicina (FIG. 15A), 63,6% do isolados foram inibidos por uma CIM de 32 µg/ml.

Já para amicacina (FIG. 15C), 81,8% dos isolados não cresceram em CIMs de 16 µg/ml

(48,5%) e 32 µg/ml (33,3%). Para o último dos antimicrobianos dessa classe, canamicina,

a CIM de 16 µg/ml impediu o crescimento de 66,7% desses isolados bacterianos (FIG.

15D).

A FIG. 16 mostra as CIMs de cloranfenicol, rifamicina, ácido nalidíxico e

tetraciclina. Frente aos 33 isolados de Chromobacterium sp., os antimicrobianos

cloranfenicol e rifamicina apresentaram CIM50 de 32 µg/ml e de 16 µg/ml,

respectivamente, e CIM90 de 128 µg/ml, para ambas as drogas (TAB. 5). Ácido nalidíxico

e tetraciclina inibiram o crescimento de 54,5% e de 75,8%, respectivamente, desses

isolados na concentração de 2 µg/ml.

ATCC

Page 60: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

Em alguns relatos de infecção por C. violaceum, descreveu-se a sensibilidade

desse organismo à gentamicina, ao cloranfenicol e à tetraciclina e resistência à amicacina

(Kaufman et al., 1986; Lee et al., 1999; Martinez et al., 2000). No presente estudo,

observou-se que o antimicrobiano cloranfenicol apresentou resultado contraditório, quando

comparado com relatos anteriores. Contudo, com o seqüenciamento de seu genoma

(BNGPC, 2003) e a abordagem de genômica comparativa, foram descritos genes de

resistência nesse organismo, como genes para bombas de efluxo, dimetiladenosina

transferase, proteína de resistência à metilenomicina A e proteína de resistência à

bacitracina. Um dos genes identificados foi o homólogo do mdfA. O produto desse gene –

MdfA – é considerado o mediador de transporte, em direções opostas, simultaneamente, de

moléculas e/ou íons para a célula. Isso possibilita o transporte de compostos quimicamente

não relacionados, incluindo os seguintes antibióticos: cloranfenicol, rifamicina, tetraciclina

e eritromicina (Fantinatti-Garboggini et al., 2004). Assim, mesmo que C. violaceum não

consiga crescer em todos esses antimicrobianos, como ocorreu com alguns isolados

crescidos em tetraciclina, esse organismo possui potencial para sobreviver em ambientes

contendo moléculas com estruturas similares a ela.

Observou-se que a maioria dos isolados de Chromobacterium sp. foi inibida

por uma CIM de 4 µg/ml de gentamicina. Contraditoriamente aos outros relatos de

infecção por C. violaceum, esse valor foi considerado resistência por Moore et al. (2001).

Essa CIM pode ser considerada baixa, quando comparada à CIM de 16 µg/ml para

Enterobacteriaceae (NCCLS, 1999). Entretanto, quando se leva em consideração o

mecanismo de ação desse antimicrobiano e o mecanismo de resistência ao mesmo, o valor

encontrado nesse trabalho não é tão baixo. Os aminoglicosídios agem diretamente na

síntese protéica da bactéria, interferindo na subunidade 30S do ribossomo. Um dos

mecanismos de resistência a essas drogas é a mutação cromossômica, alterando, assim, o

seu alvo celular. No entanto, essa mutação pode provocar certo custo biológico para a

bactéria, diminuindo a sua adaptabilidade em ecossistemas com a ausência dessa pressão

seletiva. A produção de enzimas modificadoras de aminoglicosídeos apresenta custo-

benefício, mais favorável para as bactérias resistentes (Chartone-Souza, 1998; Anderson &

Levin, 1999).

Frente aos 13 isolados dos outros gêneros, os oito antimicrobianos –

estreptomicina, gentamicina, amicacina, canamicina, cloranfenicol, rifamicina, ácido

nalidíxico e tetraciclina – apresentaram CIMs variando de < 2 µg/ml a >128 µg/ml (FIG.

Page 61: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

15 e 16). Isso ilustra uma diversidade de perfis de marcadores genéticos de resistência que

podem ser encontrados nos ambientes naturais.

Page 62: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …
Page 63: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …
Page 64: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

Para os isolados de Chromobacterium sp., 48,5% foram inibidos pela

concentração de 2 µg/ml de mercúrio. Nas concentrações de 4 µg/ml e 8 µg/ml houve a

inibição, respectivamente, de cinco (15,2%) e 11 isolados (33,3%). No entanto,

somente, o isolado 22 não cresceu na concentração ≥ 16 µg/ml (FIG. 17). Já para os

isolados das outras espécies, as CIMs <2 µg/ml e 4 µg/ml inibiram quatro isolados cada,

e as CIMs 8 µg/ml e >16 µg/ml impediram o crescimento de dois isolados cada. Por

outro lado, para a CIM 16 µg/ml, somente o isolado 36 foi inibido.

O mercúrio é ubiquamente distribuído, em pequenas quantidades, pelos

ecossistemas do planeta, sendo o sexto elemento mais tóxico. Os genes de resistência ao

mercúrio estão presentes no operon mer, que pode ser encontrado em plasmídios, em

transposons, em sistemas integrons-cassetes e no cromossomo. Tanto bactérias Gram-

negativas quanto Gram-positivas apresentam esse operon. No entanto, o número dos

genes do operon mer varia entre os grupos de bactérias (Nascimento & Chartone-Souza,

2003).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

< 2 4 8 16 > 16

Bicloreto de Mercúrio (µg/ml)

Núm

ero

de is

olad

os

Chromobacterium violaceum Outras Espécies

FIGURA 17 – Concentrações Inibitórias Mínimas (CIM) de mercúrio frente a 46 isolados bacterianos.

ATCC

Page 65: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

TABELA 5 – Perfil populacional de prevalência de antimicrobianos e mercúrio frente a 33 isolados de Chromobacterium.

Drogas Concentração

Inibitória mínima Ap Am Cf Sm Gm Ak Km Cm Rf Nx Tc Hg

CIM50 (µg/mL) >1024 1024 >128 32 4 16 16 32 16 <2 <2 4

CIM90 (µg/mL) >1024 >1024 >128 64 64 32 32 128 128 16 32 8

(CIM50, CIM90) – Concentração Inibitória Mínima (CIM) para 50% e 90% dos isolados. Antimicrobianos usados: Ap – ampicilina, Sm – estreptomicina, Cm – cloranfenicol, Tc – tetraciclina, Nx – ácido nalidíxico, Rf – rifamicina, Am – amoxicilina/ácido clavulânico, Gm – gentamicina, Km – canamicina , Ak – amicacina, Cf – cefotaxima e Hg – bicloreto de mercúrio.

A FIG. 18 mostra as relações, baseadas em medidas de similaridade

Euclidianas, dos perfis de CIMs, para os 11 antimicrobianos e o bicloreto de mercúrio,

entre os isolados de Chromobacterium sp. A escala Euclidiana varia de 0,0 a -0,9.

Quanto mais próximo de zero, os perfis são mais semelhantes; assim, o dendrograma da

FIG. 18 exibe uma diversidade de perfis de CIMs. A TAB. 6 mostra os perfis de CIMs

obtidos para cada um dos isolados bacterianos desse estudo, juntamente com o da

linhagem padrão de Chromobacterium violaceum ATCC 12472. Cada perfil continha

todas as 11 drogas e o bicloreto de mercúrio, variando, apenas, a CIM para cada droga.

Desta forma, esses isolados apresentaram 31 perfis diferentes. Somente quatro isolados,

16 e 20, e 18 e 28, agrupados dois a dois, possuíram o mesmo perfil com o menor índice

de diversidade – zero.

A capacidade de uma bactéria resistir a vários antimicrobianos e a metais

pesados é, geralmente, associada à presença de plasmídios nesse microrganismo (Guerra

et al., 2001; Mavroidi et al., 2001; Nascimento & Chartone-Souza, 2003). A partir da

observação de que os isolados de Chromobacterium sp. apresentavam uma grande

diversidade de perfis de CIMs aos antimicrobianos, incluindo o bicloreto de mercúrio,

procurou-se, assim, verificar a presença de plasmídios, através da extração de DNA,

específica para esses elementos móveis. No entanto, a presença de plasmídios não pôde

ser determinada. Contudo, essa informação não exclui a possibilidade da existência

desses elementos móveis, uma vez que o método não é adequado para a extração de

plasmídios muito grandes, muito pequenos ou em baixas cópias (Barberio et al., 2001).

Entretanto, Esiobu et al. (2002) relatam a baixa freqüência de plasmídios (29%) entre os

isolados coletados de ambientes aquáticos e terrestres.

Por outro lado, no seqüenciamento do genoma de C. violaceum ATCC

12472, também não foi descrita a presença de plasmídios (BNGPC, 2003). Assim, a

Page 66: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

capacidade de os isolados de Chromobacterium sp. crescerem em certas concentrações

das 12 substâncias aqui analisadas pode estar associada a outros mecanismos de

resistência, como bombas de efluxo. Isso pode ser reforçado pela identificação na C.

violaceum seqüenciada (BNGPC, 2003) de pelo menos 40 genes envolvidos com

sistemas de resistência a múltiplas drogas (Fantinatti-Garboggini et al., 2004).

Resistência múltipla a drogas é bem distribuída entre bactérias Gram-negativas, sendo o

principal mecanismo de resistência à extrusão de antimicrobianos e compostos tóxicos

para fora da célula (Alonso & Martinez, 1997; Fantinatti-Garboggini et al., 2004). No

entanto, as funções principais de sistemas de transporte são a captação de nutrientes e

íons, excreção de metabólitos secundários e moléculas de comunicação celular,

permitindo o relacionamento da bactéria com seu habitat. Assim, as funções de efluxo

de metais pesados, como mercúrio e arsênico, e de antimicrobianos, seriam secundárias,

mas essenciais para assegurar níveis altos de resistência (Grangeiro et al., 2004).

FIGURA 18 – Dendrograma do perfil de CIMs aos 11 antimicrobianos e ao bicloreto de mercúrio para os 33 isolados de Chromobacterium sp., determinado pela medida de similaridade Euclidiana, método de UPGMA.

Page 67: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

TABELA 6 – Perfis de Concentrações Inibitórias Mínimas para os 46 isolados bacterianos e a linhagem padrão de Chromobacterium violaceum ATCC 12472.

Isolados Perfis de Concentrações Inibitórias Mínimas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

Ap256 Sm>128 Cm64 Tc128 Nx8 Rf16 Am256 Gm128 Km>128 Ak>128 Cf<2 Hg8

Ap256 Sm128 Cm32 Tc<2 Nx4 Rf<2 Am128 Gm8 Km8 Ak<2 Cf<2 Hg<2

Ap256 Sm16 Cm32 Tc<2 Nx<2 Rf64 Am64 Gm16 Km4 Ak8 Cf<2 Hg4

Ap256 Sm64 Cm32 Tc4 Nx<2 Rf64 Am128 Gm8 Km16 Ak16 Cf<2 Hg4

Ap16 Sm8 Cm16 Tc16 Nx16 Rf32 Am256 Gm<2 Km8 Ak<2 Cf<2 Hg<2

Ap256 Sm<2 Cm128 Tc>128 Nx16 Rf64 Am256 Gm<2 Km4 Cf<2 Ak8 Hg8

Ap128 Sm<2 Cm<2 Tc<2 Nx8 Rf8 Am32 Gm<2 Km<2 Ak<2 Cf<2 Hg4

Ap256 Sm16 Cm8 Tc<2 Nx16 Rf<2 Am256 Gm<2 Km4 Ak4 Cf<2 Hg4

Ap256 Sm4 Cm>128 Tc32 Nx128 Rf8 Am256 Gm<2 Km4 Ak<2 Cf<2 Hg<2

Ap<2 Sm4 Cm8 Tc<2 Nx16 Rf<2 Am16 Gm<2 Km<2 Ak<2 Cf<2 Hg<2

Ap128 Sm8 Cm8 Tc<2 Nx<2 Rf<2 Am<2 Gm<2 Km4 Ak<2 Cf<2 Hg8

Ap<2 Sm8 Cm32 Tc<2 Nx64 Rf<2 Am<2 Gm<2 Km<2 Ak<2 Cf<2 Hg4

Ap>1024 Sm32 Cm128 Tc<2 Nx8 Rf128 Am>1024 Gm4 Km16 Ak32 Cf>128 Hg8

Ap>1024 Sm64 Cm128 Tc<2 Nx8 Rf128 Am>1024 Gm4 Km8 Ak32 Cf>128 Hg8

Ap>1024 Sm32 Cm128 Tc<2 Nx16 Rf128 Am>1024 Gm4 Km16 Ak32 Cf>128 Hg8

Ap>1024 Sm16 Cm16 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm4 Km16 Ak16 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm128 Tc4 Nx4 Rf128 Am>1024 Gm4 Km16 Ak16 Cf>128 Hg8

Ap>1024 Sm32 Cm32 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm4 Km16 Ak32 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm128 Tc<2 Nx4 Rf128 Am>1024 Gm4 Km64 Ak16 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm16 Cm16 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm4 Km16 Ak16 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm16 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm4 Km16 Ak32 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm128 Tc<2 Nx4 Rf128 Am>1024 Gm>128 Km16 Ak>128 Cf>128 Hg>16

Ap>1024 Sm16 Cm16 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm4 Km16 Ak16 Cf128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm64 Tc4 Nx8 Rf128 Am>1024 Gm4 Km32 Ak16 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm32 Tc<2 Nx4 Rf16 Am1024 Gm4 Km16 Ak16 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm64 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm4 Km16 Ak32 Cf128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm32 Tc<2 Nx<2 Rf16 Am1024 Gm4 Km16 Ak32 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm32 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm4 Km16 Ak32 Cf>128 Hg<2

Ap1024 Sm32 Cm32 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm4 Km16 Ak16 Cf128 Hg<2

Ap>1024 Sm128 Cm32 Tc4 Nx8 Rf8 Am1024 Gm64 Km 64 Ak>128 Cf>128 Hg4

Ap>1024 Sm16 Cm32 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm4 Km16 Ak16 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm>128 Cm128 Tc>128 Nx16 Rf<2 Am>1024 Gm64 Km>128 Ak64 Cf>128 Hg8

Ap>1024 Sm128 Cm64 Tc64 Nx<2 Rf32 Am256 Gm128 Km64 Ak8 Cf32 Hg8

Ap>1024 Sm>128 Cm64 Tc16 Nx16 Rf8 Am>1024 Gm>128 Km>128 Ak>128 Cf>128 Hg>16

Ap>1024 Sm>128 Cm16 Tc8 Nx16 Rf8 Am>1024 Gm>128 Km>128 Ak>128 Cf>128 Hg>16

Ap>1024 Sm>128 Cm128 Tc>128 Nx32 Rf64 Am>1024 Gm>128 Km>128 Ak128 Cf>128 Hg16

Ap>1024 Sm32 Cm128 Tc<2 Nx4 Rf128 Am>1024 Gm4 Km16 Ak16 Cf>128 Hg8

Page 68: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

TABELA 6 – Perfis de Concentrações Inibitórias Mínimas para os 46 isolados bacterianos e a linhagem padrão de Chromobacterium violaceum ATCC 12472. Continuação.

Isolados Perfis de Concentrações Inibitórias Mínimas

38

39

40

43

44

45

46

47

48

ATCC 12742

Ap>1024 Sm32 Cm128 Tc<2 Nx8 Rf32 Am>1024 Gm4 Km16 Ak32 Cf>128 Hg8

Ap>1024 Sm32 Cm32 Tc<2 Nx16 Rf64 Am>1024 Gm4 Km<2 Ak32 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm32 Cm128 Tc<2 Nx16 Rf128 Am>1024 Gm4 Km<2 Ak32 Cf>128 Hg8

Ap1024 Sm16 Cm32 Tc128 Nx4 Rf128 Am>1024 Gm<2 Km8 Ak4 Cf>128 Hg4

Ap1024 Sm32 Cm16 Tc<2 Nx<2 Rf16 Am512 Gm4 Km16 Ak16 Cf>128 Hg4

Ap1024 Sm32 Cm8 Tc<2 Nx<2 Rf16 Am1024 Gm4 Km16 Ak16 Cf>128 Hg<2

Ap>1024 Sm>128 Cm32 Tc32 Nx<2 Rf16 Am1024 Gm64 Km16 Ak16 Cf>128 Hg<2

Ap1024 Sm32 Cm16 Tc<2 Nx<2 Rf8 Am512 Gm4 Km16 Ak16 Cf>128 Hg4

Ap>1024 Sm32 Cm16 Tc32 Nx<2 Rf8 Am1024 Gm16 Km32 Ak16 Cf>128 Hg4

Ap1024 Sm16 Cm32 Tc<2 Nx<2 Rf32 Am256 Gm<2 Km4 Ak <2 Cf>128 Hg8

4.4 Teste de produção in vitro de β-lactamase e amplificação do gene ampC

Investigou-se a produção in vitro de β-lactamase, usando o teste de

nitrocefina, nos isolados bacterianos e na linhagem C. violaceum ATCC 12472 – 30

isolados de Chromobacterium sp.e 12 de espécies de outros gêneros (TAB. 5),

totalizando 43 bactérias – todas com resistência à ampicilina. Os isolados 38 e 39 não

puderam ser testados, pois perderam a viabilidade durante o estudo, mas os

experimentos de amplificação gênica foram possíveis, pois o DNA já havia sido

extraído. Concomitantemente, os isolados 10 (Staphylococcus saprophyticus) e 12

(Chromobacterium sp.) possuíam CIM <2 µg/mL, impossibilitando também o teste.

100% dos isolados de Chromobacterium sp. apresentaram produção de β-lactamase,

sendo que 28 dos 29 isolados exportavam tal enzima (FIG. 19); somente o isolado 32

não foi exportador (FIG. 20). Por outro lado, 92,3% dos isolados de espécies de outros

gêneros também apresentaram a produção dessa enzima. A produção de β-lactamase

parece ser o mecanismo principal de resistência a β-lactâmicos em bactérias Gram-

negativas, principalmente naquelas de ambientes naturais (Ash et al., 2002; Philippon et

al., 2002). No entanto, outros mecanismos, como bombas de efluxo, podem estar

envolvidos, uma vez que nem todos os isolados de outras espécies produziram tal

enzima, embora fossem resistentes à ampicilina.

Page 69: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 19 – Isolados bacterianos crescidos em Agar nutriente (30 µg/ml de ampicilina). A coloração laranja ao redor/sobre da colônia indica presença de β-lactamase.

Page 70: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 20 – Isolado 32 crescido em Agar nutriente (30µg/ml de ampicilina). A coloração sobre a colônia indica presença de β-lactamase e que esta não é exportada.

De acordo com a literatura (BNGPC, 2003; Fantinatti-Garboggini et al.,

2004), C. violaceum apresenta naturalmente o gene ampC em seu genoma. Visando o

estudo da diversidade do gene ampC realizou-se a PCR para sua amplificação. Tentou-

se amplificar o gene ampC na linhagem padrão de C. violaceum ATCC 12472 e em 33

dos isolados de Chromobacterium sp – e 13 isolados de outros gêneros. Nem todos os

isolados testados para a amplificação do gene ampC foram produtores de β-lactamase,

os isolados 7 (Arctic sea ice bacterium), 10 (Staphylococcus saprophyticus) e 12

(Chromobacterium sp.) não apresentaram produção de β-lactamase nem amplificação

do gene. Dos 31 isolados bacterianos restantes, apenas 29% apresentaram o fragmento

de 1166 pb correspondente ao gene ampC em gel de agarose (FIG. 21). É importante

ressaltar que apesar das várias tentativas, a amplificação só ocorreu uma vez, gerando

um baixo rendimento de produtos de PCR, impossibilitando, assim o seu

seqüenciamento. Somente a linhagem padrão foi, relativamente, constante nas

amplificações, sendo possível seqüenciar o fragmento amplificado.

Apesar da produção de β-lactamase pela maioria dos isolados, não houve

equivalência em relação à amplificação do gene ampC. Duas situações podem estar

envolvidas com a ausência da amplificação desse gene: i) as condições para a PCR

podem ainda não ter sido adequadamente padronizadas, diminuindo, assim, a eficiência

do método; e ii) pode ser devido a pequenas variações no gene ampC (Pérez-Pérez &

Hanson, 2002), levando a um pareamento inadequado dos iniciadores e dessa forma não

resultando em produto de PCR.

Page 71: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 21 – Gel de agarose exibindo fragmentos de

1166 pb. As setas apontam os fragmentos. Os números sobre as canaletas indicam os isolados usados no teste. 1: mix para PCR sem DNA , 2: C. violaceum ATCC 12472, 3-5: isolados 18, 41 e 3 respectivamente, 6: Padrão de peso molecular 1kb plus, 7-11: isolados 40, 24, 10, 29 e 19, respectivamente.

4.5 Pesquisa in vitro de produção de substância antagonista

A FIG. 22 apresenta os resultados sobre a produção de substâncias

antagonistas pela linhagem padrão C. violaceum ATCC 12472 e por 44 isolados: 31

isolados de Chromobacterium sp. e 13, de espécies de outros gêneros. Dos isolados do

gênero Chromobacterium, um isolado (isolado 1) nunca apresentou pigmentação

violeta, dois interromperam a produção de violaceína (isolados 4 e 12) e 28 continuaram

sendo produtores desse pigmento. A linhagem reveladora que apresentou maior

sensibilidade à grande maioria dos isolados de Chromobacterium sp. foi S. aureus

(84,4%), seguida E. coli K12 Row (9,4%) de S. typhimurium (6,3%) e K. pneumoniae

(6,3%). Por outro lado, S. flexineri e P. aeruginosa foram resistentes aos metabólitos

secundários produzidos por C. violaceum. Curiosamente, o isolado 27, que é violeta,

não inibiu o crescimento de nenhuma das linhagens reveladoras, podendo, este

resultado, ser considerado inesperado, pois as propriedades antimicrobianas – contra

bactérias Gram-negativas e positivas – de violaceína são relatadas por vários autores

(Durán & Menck, 2001; BNGPC, 2003; Duarte et al., 2004; Silva et al., 2004). O

isolado 1 também não revelou qualquer capacidade inibitória sobre as linhagens

reveladoras testadas. É necessário testar outras linhagens reveladoras contra esses

isolados de Chromobacterium, pois é possível que outras linhagens produzissem

Page 72: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

resultados positivos. Dentre os 13 isolados de outras espécies, S. maltophilia (2), K.

pneumoniae (1), S. marcescens (2), Pseudomonas sp. (1), Stenotrophomonas (1)

Staphylococcus sp. (2), R. aquatilis (1) inibiram pelo menos uma das linhagens

reveladoras. Novamente, S. aureus foi a linhagem teste mais sensível (53,8%), seguida

de P. aeruginosa (15,4%) e S. flexineri (15,4%), K. pneumoniae (15,4%), S.

typhimurium (30,8%) e E. coli K12 Row (30,8%). É interessante ressaltar que o único

isolado que inibiu todas as linhagens reveladoras foi R. aquatilis (isolado de número 8),

mostrando, portanto, potencial para estudos biotecnológicos futuros. Por outro lado, os

isolados 7, 10 e 34 não inibiram nenhuma das linhagens teste.

As bactérias são consideradas verdadeiras fabriquetas, pois possuem

capacidade imensa de gerar metabólitos secundários, devido às suas diversas

habilidades fisiológicas (Matz et al., 2004). Dentre esses metabólitos, estão incluídas

substâncias antagonistas como as colicinas (Lenski & Riley, 2002) e os antibióticos

(Challis & Hopwood, 2003), que possuem ação bactericida e/ou bacteriostática. Além

disso, alguns outros compostos, ainda não conhecidos, podem agir de forma citotóxica

sobre eucariotos, como protozoários, invertebrados e plantas (Challis & Hopwood,

2003; Matz et al., 2004). Assim, quando comunidades bacterianas são expostas às

relações ecológicas, tais como predação e competição, os metabólitos secundários, com

algum tipo de atividade antimicrobiana, se tornam fundamentais para a manutenção da

comunidade.

Os experimentos para se tentar caracterizar a natureza protéica ou não-

protéica das substâncias inibidoras do crescimento, detectadas nessa pesquisa, ainda

estão em andamento, com o uso de Proteinase K. Esta protease cliva aminoácidos

alifáticos, aromáticos e hidrofóbicos (Fermentas Life Sciences). Assim, caso a molécula

produzida fosse proteína e clivada com essa enzima, haveria a redução do halo de

inibição. As FIG. 23 e 24 mostram os halos de inibição dos isolados 40 e 8,

respectivamente, identificados como Chromobacterium sp. e R. aquatilis.

Page 73: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

0

5

10

15

20

25

30

Núm

ero

de Is

ola

dos

Staphylococcusaureus

Pseudomonasaeruginosa

Klebsiellapneumoniae

Shigella flexineri Salmonellatyphimurium

Escherichia coliK12 Row

Linhagens Reveladoras

Chromobacterium violaceum Outras Espécies

FIGURA 22 – Número absoluto de produtores de substância antagonista por C. violaceum ATCC

12472, por 31 isolados de Chromobacterium sp. e 13 isolados de espécies de outros gêneros, frente às linhagens indicadoras: E. coli K12 Row, S. typhimurium, S. flexineri, K. pneumoniae, P. aeruginosa e S. aureus.

A

B

FIGURA 23 – A. Halo de inibição do isolado de Chromobacterium sp.(isolado 40) frente à S. aureus. B. Detalhe da figura A.

Page 74: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

FIGURA 24 – Halo de inibição do isolado R. aquatilis (isolado 8) frente à S. aureus.

Page 75: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

5 CONCLUSÃO

Com o objetivo de analisar a variabilidade genética, por meio do gene de

rRNA 16S, e fisiológica de isolados de C. violaceum brasileiros, foram coletados nos

anos de 2001, 2003 e 2004, 48 isolados bacterianos: 40 isolados do Parque Nacional da

Serra do Cipó, três isolados do Parque Estadual do Rio Doce e cinco isolados do Rio

Negro, sendo os critérios de seleção dos isolados a presença de cor violeta e

crescimento a 37ºC.

� A partir da comparação das seqüências dos 48 isolados com as do banco de dados

do GenBank foi possível determinar as espécies/gêneros mais prováveis para cada

um dos isolados: 34 pertencem provavelmente ao gênero de Chromobacterium; 12

isolados faziam parte de espécies de outros gêneros, – Klebsiella,

Stenotrophomonas, Serratia, Rahnella e Staphylococcus; dois isolados coincidiram

com seqüências ainda não classificadas.

� A partir da análise filogenética foi possível observar a formação de um grupo

monofilético com o gênero Chromobacterium, sendo importante ressaltar que uma

das seqüências não classificadas previamente com o Blast foi agrupada nesse

mesmo clado, mostrando, assim, a importância de reconstruções filogenéticas nas

classificações de organismos ainda não identificados ou para confirmar as

classificações existentes.

� A similaridade das seqüências parciais (409 pb) do rRNA 16S desses isolados com a

linhagem padrão C. violaceum ATCC 12472 foi de 98,2%, no entanto, outras provas

bioquímicas poderão futuramente ser úteis para confirmar a classificação desses

isolados.

� As CIMs dos antimicrobianos β- lactâmicos foram as mais altas.

� Para 89,1% dos isolados testados, as CIMs da ampicilina foram maiores ou

iguais a 256 µg/mL.

� Para 89,1% dos isolados testados, as CIMs da amoxicilina/ácido clavulânico

foram maiores ou iguais a 128 µg/mL.

� Para 71,7% dos isolados testados, as CIMs da cefotaxima foram maiores ou

iguais a 128 µg/mL.

Page 76: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

� O mecanismo de resistência, provavelmente envolvido, é a produção de β- lactamase, uma vez que os isolados resistentes aos β- lactâmicos hidrolisaram a

nitrocefina, podendo, no entanto, o mecanismo de bombas de efluxo também estar

presente nesses isolados ambientais, sugerido pela grande diversidade de perfis de

CIM e pela ausência de plasmídios podem ser uma indicação disto.

� Chromobacterium sp. é capaz de produzir substâncias antagonistas, contra diversas

reveladoras, sendo a linhagem mais susceptível Staphylococcus aureus, sendo

entretanto, necessário testar outras linhagens que podem se apresentar sensíveis aos

metabólitos secundários desses isolados.

� Os dados fornecem perspectivas para empreender estudos no sentido de conhecer a

diversidades de genes, cujas funções biológicas ainda não foram determinadas, e de

outras bactérias isoladas da natureza, que podem também apresentar potencial

biotecnológico.

Page 77: DIVERSIDADE MOLECULAR E FISIOLÓGICA DE Chromobacterium …

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