Distribuição, abundância e fenologia de sete espécies...

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GOIA DE MATTOS LYRA Distribuição, abundância e fenologia de sete espécies simpátricas de Gracilaria na praia de Stella Maris, Salvador, Bahia 2005

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GOIA DE MATTOS LYRA

Distribuição, abundância e fenologia de sete espécies

simpátricas de Gracilaria na praia de Stella Maris, Salvador,

Bahia

2005

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GOIA DE MATTOS LYRA

Distribuição, abundância e fenologia de sete espécies

simpátricas de Gracilaria na praia de Stella Maris, Salvador,

Bahia

Dissertação apresentada ao Instituto de Biologia da

Universidade Federal da Bahia como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do Título de

Mestre em Ecologia e Biomonitoramento

Orientador: Prof. Dr. José Geraldo de Aquino Assis

2005

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Biblioteca Central Reitor Macêdo Costa - UFBA

L992 Lyra, Goia de Mattos. Distribuição, abundância e fenologia de sete espécies simpátricas de Gracilaria na praia de Stella Maris, Salvador, Bahia. / Goia de Mattos Lyra. - 2005. 61f. : il. Orientador : Prof. Dr. José Geraldo de Aquino Assis. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Biologia, 2005.

1. Alga marinha. 2. Alga vermelha. 3. Gracilariaceae. 4. Taxonomia vegetal - Salvador (BA). 5. Flora marinha – Salvador (BA). 6. Fenologia vegetal – Salvador (BA). I. Assis, José Geraldo de Aquino. II. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Biolo- gia. III. Título.

CDD – 579.89

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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho foi possível graças ao apoio, dedicação e entusiasmo do

meu orientador José Geraldo de Aquino Assis. O meu co-orientador José Marcos de Castro

Nunes (Instituto de Biologia-Universidade Federal da Bahia) iniciou-me no estudo das

algas marinhas e sempre lhe serei grata pelas valiosas contribuições à minha formação

acadêmica e a este trabalho.

O desenvolvimento deste trabalho foi viabilizado pelo recebimento de oito meses

de bolsa de estudos da CAPES. As técnicas citológicas foram apuradas junto à professora

Mutue Toyota Fujii (Seção de Ficologia do Instituto de Botânica da Universidade de São

Paulo), que também me orientou na elaboração do projeto de pesquisa. As discussões com

a Dra. Sílvia Maria Beauclair Guimarães (Seção de Ficologia do IB-USP) foram essenciais

para a compreensão da taxonomia do grupo estudado.

O meu orientador do estágio docente, professor Cid José Passos Bastos (IB-UFBA),

discutiu aspectos metodológicos e abordagens do trabalho, juntamente com a professora

Silvana Bastos. Contei, ainda, com o apoio do Dr. Carlos Frederico Gurgel (University of

Louisiana at Lafayette) para tirar algumas dúvidas importantes e de Augusto Minervino

(Universidade Estadual de Santa Cruz), que mostrou o caminho das informações

geológicas. A assistência técnica dos professores Francisco Barros (IB-UFBA) e Teresa

Nadya Lima dos Santos (Departamento de Estatística-UFBA) durante as análises

estatísticas foi fundamental.

O auxílio de Jaqueline, Adriana, Carla, Nicholas, Adriana Lucio e Liziane foi

importante nas coletas e também nas análises de laboratório. Minha mãe fotografou as

coletas e fez a revisão da dissertação. Lícia Diu e Juliana Lázaro participaram de todas as

etapas do desenvolvimento da pesquisa e estiveram sempre disponíveis e animadas com o

trabalho. Foi muito bom aprender junto com vocês. E, em especial, com Samanta, amiga

de todas as horas.

Todos os meus amigos deram força, especialmente Jô, Mici, Leo, Luciano e

Nivaldo. João Reis me incentivou todo o tempo.

A meu pai agradeço o exemplo. E a Vince, ter tornado esse caminho mais tranqüilo.

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SUMÁRIO

1. Introdução Geral 1

Bibliografia 6

2. Aspectos florísticos, taxonômicos e corológicos de

Gracilaria Grev. (Gracilariaceae, Rhodophyta)

de ocorrência na praia de Stella Maris, Salvador, Bahia 12

Abstract 12

Resumo 12

Introdução 13

Material e métodos 17

Resultados 19

Discussão 28

• Considerações florísticas 28

• Considerações taxonômicas 31

Conclusões 32

Bibliografia 34

3. Distribuição abundância e fenologia de

Gracilaria Grev. (Gracilariales, Rhodophyta)

na praia de Stella Maris, Salvador, Bahia 37

Abstract 37

Resumo 37

Introdução 38

Material e métodos 41

Resultados 44

Discussão 50

• Distribuição espacial e abundância de

espécies de Gracilaria na praia de Stella Maris 50

• Distribuição temporal e fenologia de

espécies de Gracilaria na praia de Stella Maris 52

Conclusões 55

Bibliografia 57

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1. Introdução Geral

A família Gracilariaceae inclui as algas produtoras de agaranas mais importantes do

mundo (OLIVEIRA FILHO, 1981b; CRITCHLEY, 1993; BELLORIN et. al., 2002). O ágar-ágar é

utilizado na preparação de alimentos e na indústria farmacêutica. É usado como

geleificante e espessante, particularmente em enlatados de carne ou peixe, reduzindo os

efeitos indesejáveis da lata e proporcionando proteção contra o balanço do produto em

trânsito. É também usado na preparação de queijos processados, maionese, pudins, cremes

e geléias. Na indústria farmacêutica, é usado como laxante, embora seja mais

freqüentemente utilizado como veículo inerte para drogas (em medicamentos em que

pouca quantidade da droga é necessária), como estabilizante de emulsões e como

constituinte de cosméticos para a pele e loções. O uso de agar como meio de crescimento

em bacteriologia e micologia, que já foi o seu uso principal há mais de um século, é

também responsável por uma parte considerável da demanda (LEE, 1999).

Além de serem usadas como agarófitos, algumas espécies de Gracilaria Grev. são

também usadas na alimentação humana, como ração em cultivo de invertebrados, como

fertilizante, adubo, na medicina (OLIVEIRA & PLASTINO, 1994; DE LARA-ISASSI et

al.,1999) e na indústria de cosméticos. Até 1939 o Japão era o maior produtor de agar, mas

durante a guerra, a demanda do produto japonês em áreas privadas levou ao

desenvolvimento de indústrias de agar em muitos países aliados (LEE, 1999). O Brasil

ainda é um grande importador de agar, pois não há no país um investimento na produção

comercial deste produto (OLIVEIRA FILHO, 1981a).

No que diz respeito à explotação de espécies para fins comerciais a atividade de

maior porte no país diz respeito à coleta de algas vermelhas dos gêneros Gracilaria e

Hypnea na costa nordeste do país, particularmente no trecho que se estende do Ceará até a

Paraíba. A coleta de Gracilaria, particularmente G. cornea, G. caudata e Gracilaria sp. é

feita por coleta manual, sobretudo nas marés baixas de sizígia, mas também através de

mergulho livre, ou excepcionalmente com ar comprimido, da região entremarés até a

isóbata de cinco ou pouco mais metros. Esta explotação vem sendo feita desde a década de

60 e os registros históricos apontam uma sobre-explotação dos bancos. Estas algas vêm

sendo explotadas para exportação, mas também para processamento no próprio país, para a

produção de ágar-ágar. Não há ainda dados reais sobre o impacto ecológico da explotação

dos bancos de Gracilaria da costa nordeste do Brasil. Entretanto, dados preliminares

indicam que o processo de coleta utilizado na região pelos pescadores não tem efeitos

mensuráveis nos indicadores de biodiversidade (OLIVEIRA et al., 2005).

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Devido ao seu valor econômico, muitos estudos têm sido realizados com o objetivo

de conhecer a biologia das algas da família Gracilariaceae e implementar o cultivo e a

explotação comercial. Dada a sua grande diversidade, muitas investigações se dedicam a

resolver problemas taxonômicos e estabelecer filogenias, para os quais se tem utilizado

enfoques morfoanatômicos (FREDERICQ & HOMMERSAND, 1989; GARGIULO et al., 1992),

citologia e compatibilidade de cruzamentos (VAN DER MEER & BIRD, 1977; VAN DER

MEER, 1977, 1978, 1979; BIRD et al., 1986; PLASTINO, 1991; GODIN et al., 1993; SHEN &

WU, 1995; PLASTINO & OLIVEIRA, 1997), polimorfismos de DNA e sequenciamento (BIRD

& RICE, 1990, GURGEL et al., 2004a, BIRD et al., 1992; GOFF et al., 1994; BELLORIN et al.

2002); enquanto uma proporção menor da bibliografia disponível trata de aspectos

ecológicos destas espécies (ORDUÑA-ROJAS & ROBLEDO, 2002; ENGEL & DESTOMBE,

2002).

A maioria dos estudos refere-se a espécies que ocorrem em clima temperado,

porém, segundo OLIVEIRA (1984), a distribuição de espécies de Gracilaria concentra-se

em regiões tropicais, decrescendo em direção aos pólos. O gênero, que inclui 150 espécies,

se distribui por todos os continentes e, no Brasil, ocorrem espécies com distribuição mais

ampla, tais como Gracilaria cornea e G. domingensis, enquanto outras apresentam

distribuição restrita, como G. flabelliformis, G. intermedia e G. pauciramosa, que ocorrem

apenas no litoral da Bahia. As populações mais densas encontram-se na costa nordeste

(OLIVEIRA FILHO, 1981a), e na Bahia foi registrada a ocorrência de 18 espécies de

Gracilaria (NUNES, 2005), que é o mais representativo entre os sete gêneros da família

Gracilariaceae.

Dentre os gêneros da família Gracilariaceae dois são muito semelhantes ao gênero

Gracilaria. Atualmente, Gracilariopsis E. Y. Dawson encontra-se bastante aceito,

enquanto que o gênero Hydropuntia (J Agardh) M. J. Wynne ainda é alvo de ampla

discussão. Alguns trabalhos consideram que há razões para tratar Hydropuntia como um

gênero distinto de Gracilaria, com base em dados morfoanatômicos e biomoleculares

(GURGEL & FREDERIQ, 2004). BELLORIN (2002) discute em seu trabalho a ausência de

características morfológicas exclusivas para se considerar Hydropuntia como um gênero

válido, além de ter estudado as algas com técnicas biomoleculares, cujos resultados

também apontam para a falta de consistência deste gênero.

As espécies do gênero Gracilaria representam, ainda, uma fonte de problemas

taxonômicos, certamente por se tratar de um grupo de diferenciação recente. Em muitos

casos não é possível distinguir as espécies apenas por suas características vegetativas,

sendo necessário encontrar espécimes reprodutivos para uma identificação confiável.

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Historicamente tem havido dificuldade por parte dos especialistas na distinção entre G.

domingensis e G. cervicornis, e entre G. cuneata e G. curtissiae, que são espécies de talo

achatado. As espécies de talo cilíndrico também representam complexos, como é o caso de

G. cornea, G. caudata e G. birdiae.

Dentre os aspectos considerados na distinção das espécies, os aspectos

morfoanatômicos têm se mostrado limitados de modo que outras abordagens têm sido

acrescentadas aos estudos biossistemáticos como citogenética e genética molecular.

O número de cromossomos em Gracilaria tem sido conhecido em espécies de

clima temperado e determinado como n = 24 (BIRD & RICE, 1990). Entretanto, algumas

espécies apresentam número muito distante do que tem sido determinado para o gênero.

Em Gracilaria foliifera (Forsskal) Borgesen, por exemplo, o número haplóide de

cromossomos foi estimado entre 6 e 7 (COLE, 1990). GODIN et al. (1993) encontrou n=18

para Gracilaria verrucosa (Hudson) proveniente do norte da França. O autor ressalta a

importância da poliploidia e da aneuploidia no processo evolutivo da família

Gracilariaceae e sugere que a diferença no número de cromossomos de G. verrucosa tenha

sido causada por isolamento reprodutivo, embora as variações no número cromossômico,

muitas vezes, possam provocar o isolamento reprodutivo em simpatria, visto que espécies

com números cromossômicos divergentes normalmente não produzem híbridos viáveis.

Na divisão Rhodophyta apenas cerca de 5% das espécies tiveram seus números

cromossômicos publicados (COLE, 1990). Registros citogenéticos são encontrados, por

exemplo, em Bangia Lyngb. (Bangiales) (COLE et al., 1983; GARGIULO et al., 1998),

Porphyra C. Agardh (Bangiales) (COLL & OLIVEIRA FILHO, 1977; KAPRAUN &

FRESHWATER, 1987), Acantophora J. V. Lamour. (Ceramiales) (CORDEIRO-MARINO et al.,

1974), Laurencia J. V. Lamour. (Ceramiales) (CORDEIRO-MARINO et al., 1983, 1985;

CORDEIRO-MARINO & FUJII, 1985; FUJII, 1990, 1998) e Polysiphonia Grev. (Ceramiales)

(KIM et al., 1999). Nestes gêneros, em geral, se encontra variação cromossômica numérica.

Tais estudos são também muito úteis na identificação de espécies que não se consegue

distinguir apenas morfologicamente (MCLACHLAN, 1979; GODIN et al., 1993; GARGIULO et

al. 1998; BELLORIN, 2002).

Os estudos moleculares, em geral, revelam maior clareza na definição das relações

filogenéticas, entretanto os trabalhos desenvolvidos na família Gracilariaceae têm se

mostrado conflitantes (BIRD et al., 1992; GURGEL & FREDERICQ, 2004; BELLORIN, 2002).

Estudos com abordagens ecológicas têm sido realizados com muitas famílias da

divisão Rhodophyta. NETO (2000) analisou a biologia e ecologia de macroalgas do litoral

de São Miguel (Açores). SERVIERE-ZARAGOZA & SCROSATI (2002) estudaram a fenologia

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reprodutiva de Pterocladiella capillaceae (Gelidiales) e NECCHI & BRANCO (1999)

desenvolveram estudos fenológicos de uma população de Batrachospermum delicatulum

(Batrachospermales). ÁVILA et al. (1999) analisaram a biologia reprodutiva de Gigartina

skottsbergii (Gigartinaceae), considerando, inclusive, a variação na densidade de

cistocarpos e soros tetrasporangiais nos meses do ano. Estudos de fenologia reprodutiva

foram realizados, ainda, com Chondracanthus canaliculatus (GARCIA-LEPE et al. 1997) e

G. cornea (ORDUÑA-ROJAS & ROBLEDO, 2002) no México.

O histórico de vida de algumas espécies de Gracilaria de talo cilíndrico foi

estudado por PLASTINO (1991), que desenvolveu cultivos em laboratório para este fim. As

espécies do gênero apresentam ciclo de vida trifásico do tipo Polisiphonia, como mostrado

na figura 1.1. ENGEL & DESTOMBE (2002) desenvolveram, no norte da França, um

experimento para testar a influência da maré na fertilização e a adaptação de espécies de

Gracilaria a ambientes específicos do recife, através da determinação de índices de

fertilidade, baseados em contagens dos cistocarpos por centímetro do talo das algas. No

Brasil, ainda são escassas as abordagens ecológicas nos estudos do gênero Gracilaria.

Figura 1.1. Ciclo de vida trifásico do tipo Polysiphonia

Dados levantados no Herbário Alexandre Leal Costa Bahia (ALCB) (Instituto de

Biologia da Universidade Federal da Bahia), associados aos dados do trabalho de NUNES

(2005), mostram a ocorrência de oito espécies do gênero Gracilaria no ambiente recifal da

praia de Stella Maris, o que levou ao questionamento sobre o que poderia explicar a sua

ocorrência em simpatria. Alguns mecanismos de isolamento podem estar associados à

simpatria em Gracilaria, como variação cariotípica, isolamento espacial em microhabitats

e isolamento temporal.

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A praia de Stella Maris situa-se na cidade de Salvador, Bahia, a 27 Km do centro,

tem cerca de 2,5 Km de extensão, e caracteriza-se pela presença de um amplo ambiente

recifal. São áreas de crostas carbonáticas associadas a rochas cristalinas pré-cambrianas,

onde se estruturam arenitos (NOLASCO, 1998), constituindo um ambiente recifal na região

entremarés, propício à fixação de algas marinhas bentônicas, como mostra a figura 1.2.

Figura 1.2. Aspecto geral do ambiente recifal da praia de Stella Maris, Salvador,

Bahia

O presente estudo analisou o padrão de distribuição das espécies de Gracilaria nos

diferentes microhabitats e nas épocas do ano amostradas, além de estudar os períodos

reprodutivos das espécies que ocorrem no ambiente recifal da praia de Stella Maris e sua

fertilidade nos diferentes períodos do ano. Desta forma, é objetivo do estudo analisar a

relação destes fatores com a explicação da ocorrência simpátrica de oito espécies de

Gracilaria na praia de Stella Maris.

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2. Aspectos florísticos, taxonômicos e distribuição de Gracilaria Grev.

(Gracilariaceae, Rhodophyta) de ocorrência na praia de Stella Maris, Salvador,

Bahia

Abstract

In the northeast of Brazil the largest natural founds of agar producing algae have been detected, but

knowledge about the biology and ecology of these algae is thin. Studies developed in the last

decades concentrated in species that occur in temperate climate regions. Stella Maris beach in

Salvador, Bahia, presents a considerable diversity of the Gracilaria species, which is largely used

as agarophytes. The aim of the present study is to identify the Gracilaria species found on Stella

Maris beach and their distribution in the macroeconomic regions of Bahia and other states in

Brazil. During the raining and dry seasons, 20 samples were collected from each microhabitat of

the reef environment by casually throwing a disk with 20cm diameter. The algae were deposited in

the ALCB herbarium at the IB/UFBA. Other materials found in the herbarium, which included 329

specimens from different points along the coast of Bahia, were also analyzed. The most abundant

species were G. domingensis, G. cuneata and G. cornea. G. curtissiae, G. intermedia, G.

flabeliformis and G. pauciramosa were rarely found. A study of the algae’s morphology was

undertaken and no exclusive characters at the reproductive structures found that could characterize

a distinction between the genera Gracilaria and Hydropuntia. These algae, which have been found

before on the southern and northern shores of Bahia, were colleted for the first time in Stella Maris

beach and have been classified as Gracilaria. G. caudata and G. cervicornis species were not

found among the samples, in spite of detection of their earlier presence in the same beach. There is

in the Northeast region of Brazil the greatest diversity of the Gracilaria species and Bahia

represents the richest environment, with eighteen species. The metropolitan region of Salvador

presented the largest number of species (seventeen). The G. cuneata and G. domingensis species

are widely distributed in Bahia, being found in all regions of the state, while G. pauciramosa is

restricted to the metropolitan region of Salvador. G. cornea and G. domingensis have the widest

distribution along the Brazilian coast.

Resumo

O Nordeste brasileiro apresenta os maiores bancos naturais de algas produtoras de agaranas do

mundo, mas, apesar disto, o conhecimento sobre a biologia e ecologia destas algas é bastante

escasso. Os estudos realizados nas últimas décadas têm-se concentrado em espécies de ocorrência

em regiões de clima temperado. A praia de Stella Maris apresenta considerável diversidade de

espécies de Gracilaria, gênero que inclui espécies largamente utilizadas para extração de ágar-ágar.

O presente estudo visou caracterizar as espécies de Gracilaria de ocorrência na praia de Stella

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Maris e discutir a distribuição destas e de outras espécies do mesmo gênero nas macrorregiões

econômicas da Bahia e nos estados do litoral do Brasil. As amostragens realizadas nas estações

seca e chuvosa do ano foram feitas em 20 pontos de cada um dos microhabitats do ambiente recifal

(zona batida, zona protegida e poça), coletando-se as algas dentro da área de um círculo de 20cm de

diâmetro, lançado aleatoriamente. Os espécimes foram depositados no Herbário Alexandre Leal

Costa Bahia do IB/UFBA. Foram analisadas 329 exemplares, coletados ao longo do litoral baiano,

encontrados no herbário ALCB. Um total de 284 espécimes foi coletado. As espécies mais

abundantes foram: G. domingensis (92 indivíduos), G. cuneata (57) e G. cornea (15). As raras

foram: G. curtissiae, G. intermedia, G. flabeliformis e G. pauciramosa. O estudo dos exemplares

foi anátomo-morfológico e, como não foram encontradas características exclusivas nas estruturas

reprodutivas que permitissem separar Gracilaria de Hydropuntia, as espécies foram incluídas em

Gracilaria. G. flabelliformis é registrada pela primeira vez na praia de Stella Maris, existindo

registros anteriores desta espécie na Bahia em praias do extremo Sul e litoral Norte do estado. G.

caudata e G. cervicornis não foram encontradas nas amostragens, apesar de existirem registros

anteriores de coleta destas espécies na praia de Stella Maris. O Nordeste brasileiro destaca-se pela

grande diversidade de espécies de Gracilaria, sendo a Bahia o estado brasileiro mais rico, com

dezoito espécies. Dentre as macrorregiões econômicas da Bahia, a região metropolitana de

Salvador apresentou o maior número de espécies (dezessete). As espécies G. cuneata e G.

domingensis apresentam ampla distribuição na Bahia, sendo encontradas em todas as

macrorregiões, enquanto que G. pauciramosa apresenta-se restrita à região metropolitana de

Salvador. G. cornea e G. domingensis são as mais amplamente distribuídas no litoral brasileiro.

Introdução

Gracilaria Grev. constitui um dos maiores gêneros da divisão Rhodophyta, com

mais de 150 espécies conhecidas (BYRNE et al., 2002), distribuídas em águas tropicais e

temperadas de quase todo o mundo. A determinação das espécies do gênero Gracilaria é

complicada por existirem poucos caracteres morfológicos taxonomicamente distintivos

(GURGEL et al., 2004a). A maior parte das espécies apresenta uma grande plasticidade

morfológica inter e intrapopulacional. A identificação das espécies deve contar com a

análise de características das estruturas reprodutivas, sendo que estas algas apresentam o

ciclo de vida trifásico do tipo Polysiphonia (LEE, 1999).

O ciclo de vida caracteriza-se pela fecundação dos gametas produzidos por mitose

pelos gametófitos masculino e feminino (haplóides), dando origem ao carposporófito, que

se desenvolve sobre o gametófito feminino, formando estruturas conhecidas como

cistocarpos. Nesta fase, o zigoto é amplificado, sofrendo sucessivas mitoses, até que os

carpósporos sejam liberados, originando o tetrasporófito (diplóide), que produz tetrásporos

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por meiose. Este ciclo pode ser completado em seis meses em Gracilaria domingensis

(Kütz.), como mostrou o cultivo in vitro desenvolvido por GUIMARÃES et al. (1999). Nesta

espécie, o tetrasporófito torna-se fértil em cerca de 60 dias e os gametófitos em 101 dias,

com a razão entre indivíduos femininos e masculinos de 1:1.

O gênero Gracilaria foi estabelecido por GREVILLE (1830), constituindo-se em um

dos gêneros aceitos para a família Gracilariaceae. Hydropuntia (nome válido de

Polycavernosa CHANG & XIA, 1963) é muito semelhante ao gênero Gracilaria, havendo

uma ampla discussão acerca da sua aceitação.

WYNNE (1989) estabeleceu diferenças entre os gêneros Gracilaria e Hydropuntia,

com base nos tipos de espermatângios e cistocarpos. Assim, o gênero Hydropuntia foi

caracterizado por espermatângios do tipo Polycavernosa ou “henriquesiana”, no qual os

espermatângios são produzidos em conceptáculos profundos compostos por várias

cavidades que se abrem por um único poro, e por cistocarpos que apresentam células

nutritivas tubulares localizadas apenas na base (inferiores). Com base nestas observações,

WYNNE (1989) transferiu, dentre outras espécies, Gracilaria cornea (J. Agardh) e G.

crassissima (Crouan) para o gênero Hydropuntia. As figuras 2.1, 2.2 e 2.3 mostram

estruturas de reprodução características destes gêneros.

O gênero Gracilaria foi caracterizado com base no tipo de cistocarpos que não

apresentam células nutritivas tubulares inferiores e de espermatângios do tipo “textorii”, no

qual os espermatângios são produzidos no fundo de criptas rasas limitadas à região

cortical. As células alongadas que bordejam os conceptáculos do tipo “textorii” , como

mostra a figura 2.3, são células corticais que permaneceram estéreis (BELLORIN, 2002).

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Filamentos nutritivos tubulares superiores

Figura 2.1. Corte longitudinal do cistocarpo de Gracilaria pauciramosa.

Figura 2.2. Corte transversal da região cortical, mostrando espermatângios do tipo

“henriquesiana” (setas)

Pericarpo externo

100 µm

Filamentos nutritivos tubulares inferiores

Carposporângios

Pericarpo interno

Célula de fusão

emininoRegião medular do gametófito f

50 µm

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Figura 2.3. Corte transversal da região cortical, mostrando espermatângios do tipo

“textorii” (setas).

Autores subseqüentes adotaram o gênero Hydropuntia (KAPRAUN, 1993; BIRD,

1995; WYNNE, 1998; GURGEL & FREDERICQ, 2004) e, mesmo autores que preferiram não

reconhecer a sua validade, apontaram para a necessidade de estudos adicionais, não

descartando sua revalidação (SILVA et al., 1996).

Baseando-se em estudos moleculares, GURGEL & FREDERICQ (2004) transferiram

Gracilaria caudata (J. Agardh), além de outras espécies, para o gênero Hydropuntia. No

entanto, BELLORIN (2002), também com base em estudos de biologia molecular, não

encontrou resultados que sustentassem Hydropuntia como um gênero distinto de

Gracilaria e considerou como Gracilaria sensu lato todas as espécies por ele estudadas,

tendo inclusive analisado material coletado na Bahia. NUNES (2005) estudou sob o ponto

de vista morfoanatômico dezoito espécies de ocorrência no litoral baiano e não reconheceu

características exclusivas entre os dois referidos gêneros.

Dentre os gêneros da família Gracilariaceae, o gênero Gracilaria é o mais

representativo em número de espécies, apresentando grande valor econômico e ampla

distribuição geográfica pelo mundo, sendo encontrado em todos os continentes. No Estado

da Bahia, foram encontradas dezoito espécies de Gracilaria ao longo do litoral, de acordo

com NUNES (1998, 2005) e dados de herbário referentes ao material coletado no período de

1985 a 2004. As espécies encontradas foram G. birdiae (PLASTINO & E. C. OLIVEIRA), G.

caudata, G. cearensis (Joly & Pinheiro), G. cervicornis (Turner), G. cornea (J. Agardh), G.

crassissima, G. cuneata (Areschoug.), G. curtissiae (J. Agardh), G. domingensis, G.

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flabelliformis subsp. flabelliformis (Gurgel, Frederiq & J. N. Norris), G. foliifera var.

angustissima (Harv.), G. galetensis (Gurgel, Frederiq & J. N. Norris), G. intermedia (J.

Agardh), G. isabelana (Gurgel, Frederiq & J. N. Norris), G. mammilaris (Mont.), G.

ornata (J. E. Areschoug), G. pauciramosa (N. Rodriguez Rios) e G. smithsoniensis

(Gurgel, Frederiq & J. N. Norris).

Esses dados mostram a ocorrência de oito espécies de Gracilaria na praia de Stella

Maris: G. caudata, G. cervicornis, G. cornea, G. cuneata, G. curtissiae, G. domingensis,

G. intermedia e G. pauciramosa. Apesar dos esforços recentes para um levantamento

amplo das espécies de ocorrência no litoral baiano (NUNES, 2005), buscou-se realizar um

levantamento florístico complementar aos dados de herbário, específico para Gracilaria,

na praia de Stella Maris, onde a diversidade do gênero é considerável, em comparação com

outras praias do estado da Bahia.

Para a inclusão das espécies estudadas adotou-se a abordagem de BELLORIN (2002)

e NUNES (2005), tendo em vista que as características morfológicas observadas no presente

trabalho não foram consistentes para permitir a separação dos espécimes estudados em

Gracilaria e Hydropuntia. Além de caracterizar as espécies de ocorrência na praia de

Stella Maris, buscou-se discutir a distribuição destas e de outras espécies de Gracilaria nas

macrorregiões econômicas da Bahia e nos estados do litoral do Brasil.

Material e Métodos

O material de estudo corresponde às algas marinhas bentônicas do gênero

Gracilaria (Rhodophyta) fixas à região entremarés do recife de arenito localizado na praia

de Stella Maris, Salvador, Bahia. Foram realizadas, ao todo, quatro coletas nos meses de

setembro de 2003, março e agosto de 2004 e fevereiro de 2005, sempre durante o período

de maré baixa. As marés baixas de sizígia foram indicadas pelas Tábuas das Marés

publicadas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha no

endereço www.dhn.mar.mil.br .

As coletas no ambiente recifal da praia de Stella Maris foram realizadas em três

regiões distintas, divididas com base no hidrodinamismo, e que representam microhabitats:

zona batida, zona protegida e poças. Estas regiões são apresentadas a seguir com suas

características predominantes:

Zona batida: região frontal do recife, com declividade tênue, sujeita à ação direta das

ondas, sendo a zona de maior hidrodinamismo.

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Zona protegida: região emersa durante a baixamar e protegida do embate direto das

ondas.

Poças: apresentam profundidades variadas, sofrendo maior ou menor ação das ondas a

depender da sua localização no ambiente recifal.

O ambiente recifal foi subdividido em dois sítios de coleta, considerando-se que

ambos os sítios correspondem à mesma população, pois a proximidade entre eles permite o

fluxo gênico entre as algas. A primeira coleta, em setembro de 2003, foi realizada sem

casualização. Nas demais, foram amostrados 20 pontos de cada um dos microhabitats

(zona batida, zona protegida e poça) nos dois sítios. As amostragens foram feitas

coletando-se as algas que estavam dentro da área de um círculo de 20 cm de diâmetro,

lançado aleatoriamente, como mostra a figura 2.4.

Figura 2.4. Amostragem de Gracilaria na praia de Stella Maris

Os exemplares foram preservados em formol a 4%, de acordo com CORDEIRO-

MARINO et. al. (1984) e identificados através dos trabalhos de NUNES (2005), BELLORIN et.

al. (2002), GURGEL & FREDERIQ (2004) e PLASTINO & OLIVEIRA (1997). Para separar as

espécies foram utilizadas características vegetativas, como o padrão de ramificação, a

forma do talo (cilíndrico, achatado ou em forma de fita) e o espessamento das paredes das

células medulares, e também características reprodutivas, como a anatomia do cistocarpo

(presença de filamentos nutritivos tubulares superiores e inferiores, presença de pericarpo

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interno e arranjo dos carposporângios) e o tipo de espermatângio (“henriquesiana” ou

“textorii”). Todo o material coletado encontra-se depositado no Herbário Alexandre Leal

Costa (ALCB) do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia.

O material existente no Herbário ALCB foi analisado e identificado sob os critérios

atuais. Esse material é proveniente de 39 praias distribuídas pelo litoral baiano, coletados

ao longo de vinte anos (de 1985 a 2004).

Foram feitos cortes histológicos, em microscópio estereoscópico, localizados a 1

cm do ápice do talo de cada exemplar seco. Os cortes foram corados com azul de anilina a

1% e observados ao microscópio óptico. Foi observada a estrutura do talo vegetativo, além

de estruturas reprodutivas como cistocarpos (presentes no gametófito feminino),

espermatângios (presentes no gametófito masculino) e tetrasporângios (presentes no

tetrasporófito).

A distribuição geográfica das espécies de Gracilaria para o litoral baiano e litoral

brasileiro baseou-se em NUNES (2005), além de dados do Herbário ALCB.

Resultados

Foram identificadas sete espécies do gênero Gracilaria: G. cornea, G. cuneata, G.

curtissiae, G. domingensis, G. flabelliformis, G. intermedia e G. pauciramosa, descritas a

seguir.

Gracilaria cornea J. Agardh. Sp. Gen. Ord. Algar. 2 (2): 598. 1852.

Prancha 1

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BAIANO: Região Sul: Itacaré (praia da Engenhoca),

Uruçuca (praia de Serra Grande) e Ilhéus (praia de Olivença). Região Metropolitana de

Salvador: Camaçari (praias de Arembepe, Jauá e Guarajuba), Lauro de Freitas (praia de

Ipitanga), Vera Cruz (praias de Barra Grande, Cacha-Prego e Penha) e Salvador (praia de

Stella Maris).

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BRASILEIRO: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do

Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Fernando de Noronha e

Trindade.

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COMENTÁRIOS: crescendo no mesolitoral, epilítica na região frontal do recife e na

região protegida do recife. Foram coletados exemplares tetraspóricos e femininos.

Gracilaria cuneata Areschoug. Phyc. Nov. Minus Cogn: 25. 1854.

Prancha 1

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BAIANO: Região Sul: Cairu (praia de Bainema), Ilhéus

(praia do Gravatá) e Itacaré (praia da Engenhoca). Extremo Sul: Santa cruz de Cabrália

(praia de Arakakaí), Prado (praia de Cumuruxatiba) e Porto Seguro (praia de Mucugê).

Região Metropolitana de Salvador: Camaçari (praia de Guarajuba), Vera Cruz (praias de

Barra Grande, Cacha-Prego e Penha) e Salvador (praia de Stella Maris). Região Norte:

Mata de São João (Praia do Forte) e Entre Rios (praia de Subaúma).

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BRASILEIRO: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,

Pernambuco, Bahia e Espírito Santo.

COMENTÁRIOS: coletada no mesolitoral, na região frontal do recife, na região protegida

e em poças. Foram coletados exemplares tetraspóricos e femininos.

Gracilaria curtissiae J. Agardh. Acta Univ. Lund 21 (8): 61. 1885.

Prancha 2

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BAIANO: Região Sul: Itacaré (praia da Engenhoca) e

Ilhéus (praia do Gravatá). Extremo Sul: Santa Cruz de Cabrália (praia de Arakakaí), Prado

(praia de Cumuruxatiba). Região Metropolitana de Salvador: Vera Cruz (praia da Penha)

e Salvador (praias de Stella Maris e Placafor).

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BRASILEIRO: Ceará, Paraíba, Bahia e Espírito Santo.

COMENTÁRIOS: coletada no mesolitoral, crescendo na região protegida do recife. Foram

coletados exemplares tetraspóricos e femininos.

Gracilaria. domingensis (Kütz.) Sonder ex Dickie. J. Linn. Soc. Bot. 14: 149. 1874.

Sphaerococcus domingensis Kütz. Tab. phyc. 19: 8. 1869.

Prancha 2

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DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BAIANO: Região Sul: Uruçuca (praia de Serra Grande),

Ilhéus (praias de Olivença e do Gravatá), Itacaré (praia da Engenhoca). Extremo Sul:

Porto Seguro (praia de Mucugê), Santa Cruz de Cabrália (Recife da Coroa Vermelha e

praia do Arakakaí), Prado (praia de Cumuruxatiba). Região Metropolitana de Salvador:

Lauro de Freitas (praias de Ipitanga e Villas do Atlântico), Camaçari (praias de Jauá,

Guarajuba e Itacimirim), Vera Cruz (praias de Barra Grande, Penha e Cacha-Prego), Ilha

dos Frades (praia de Paramana) e Salvador (praia de Stella Maris). Região Norte: Entre

Rios (praia de Subaúma), Mata de São João (praia do Diogo e Praia do forte), Conde

(Barra do Itariri), Saubara (Recife de Saubara).

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BRASILEIRO: Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte,

Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e

Santa Catarina.

COMENTÁRIOS: crescendo no mesolitoral, epilítica na região frontal do recife, na região

protegida do recife e em poças. Foram coletados exemplares femininos, masculinos e

tetraspóricos. Os espermatângios são produzidos em conceptáculos do tipo “verrucosa” e

“henriquesiana”, tendo sido observados os dois tipos de estrutura no mesmo talo. Os

cistocarpos são do tipo Gracilaria sensu stricto apresentado por GURGEL & FREDERICQ

(2004).

Gracilaria flabelliformis (P. & H. Crouan in Mazé & Schramm) Fredericq & Gurgel

in Gurgel & Fredericq subsp. flabelliformis Gurgel, Fredericq & J.N. Norris. Cryptog.

Algol., 2004, 25 (4): 379, figs. 18-19, 25-28.

Plocaria flabelliformis P. et H. Crouan in Schramm et Mazé. Essai de classification des

algues de la Guadeloupe. 1865: 21.

Prancha 2

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BAIANO: Extremo Sul: Porto Seguro (praia de

Mucugê), Prado (praia de Cumuruxatiba) e Santa Cruz de Cabrália (praia do Arakakaí).

Região Metropolitana de Salvador: Salvador (praia de Stella Maris). Região Norte:

Mata de São João (Praia do Forte).

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BRASILEIRO: Bahia

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COMENTÁRIOS: crescendo no mesolitoral, epilítica na região protegida. Foram coletados

exemplares femininos. GURGEL et al. (2004b) analisaram material proveniente do litoral

baiano (Mata de São João, praia de Itacimirim) e identificaram-no como Gracilaria

flabelliformis subsp. flabelliformis Gurgel, Fredericq & J.N. Norris, comparando a

morfologia com dados moleculares de espécimes provenientes de outras localidades do

Atlântico Oeste.

Gracilaria intermedia J. Agardh. Sp. gen. alg.: 95-96.1901.

Prancha 3

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BAIANO: Extremo Sul: Prado (praia de Cumuruxatiba).

Região Metropolitana de Salvador: Salvador (praia de Stella Maris).

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BRASILEIRO: Bahia

COMENTÁRIOS: crescendo no mesolitoral, epilítica na região frontal do recife. Foram

coletados exemplares tetraspóricos e femininos. GURGEL et al. (2004a) descrevem duas

subespécies para este táxon, a típica e a subespécie ganesana, baseados em dados

biomoleculares. Morfologicamente, os autores mencionam características distintivas, mas

foi observado que estas características se sobrepõem, tornando inviável sob o ponto de

vista morfológico separar as subespécies.

Gracilaria pauciramosa (N. Rodriguez Rios) Bellorín, M.C. Oliveira & E.C. Oliveira.

J. Phycol. 38: 11. 2002.

Polycavernosa pauciramosa N. Rodriguez Rios. Ernstia 56: 61. 1989.

Prancha 3

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BAIANO: Região Metropolitana de salvador:

Camaçari (praias de Jauá e Arembepe) e Salvador (praia de Stella Maris).

DISTRIBUIÇÃO NO LITORAL BRASILEIRO: Bahia

COMENTÁRIOS: Foi encontrada crescendo no mesolitoral, epilítica na região frontal do

recife. Foi coletado apenas um exemplar, feminino. Esta espécie foi transferida de

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Polycavernosa pauciramosa N. Rodriguez Rios para Hydropuntia pauciramosa

(RODRIGUEZ DE RIOS, 1989), baseada em indivíduos coletados na Venezuela. BELLORIN et

al. (2002) propuseram a transferência desta espécie para Gracilaria pauciramosa.

Os espermatângios nesta espécie são do tipo “henriquesiana” (RODRIGUEZ DE RIOS,

1989; BELLORIN, 2002), porém não foram encontrados exemplares masculinos no material

coletado na praia de Stella Maris.

Os indivíduos analisados foram identificados como Gracilaria pauciramosa por

apresentarem cistocarpos localizados em uma elevação do talo, característica desta espécie,

além dos aspectos vegetativos, condizentes com o que foi descrito por RODRIGUEZ RIOS

(1989) e BELLORIN (2002).

A tabela 2.1 apresenta uma comparação entre as espécies de Gracilaria coletadas

na praia de Stella Maris, considerando os aspectos vegetativos e reprodutivos que foram

utilizados no presente estudo para a distinção das espécies.

23

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2.8 20 µm

Fotos 2.5 e 2.6 - G. cornea: 2.5. aspecto geral. 2.6. corte longitudinal docistocarpo. Fotos 2.7 a 2.10. - G. cuneata: 2.7. aspecto geral. 2.8 cortetransversal da região cortical, mostrando espermatângios do tipo“textorii”(setas). 2.9. Corte transversal do talo. 2.10. Corte longitudinal docistocarpo.

2.6

100 µm

2.7

2 cm

2 cm

2.10

200 µ

m

2.9

100 µm

Prancha 2.1

2.5

24

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Fotos 2.11 e 2.12 - G. curtissiae: 2.11. aspecto geral. 2.12. corte longitudinal do cistocarpo. Fotos 2.13, 2.14 e 2.15: G. domingensis –2.13. aspecto geral. 2.14. corte longitudinal do cistocarpo. 2.15. corte transversal da região cortical, mostrando espermatângios do tipo“henriquesiana”. Foto 2.16 - G. flabelliformis: 2.16. aspecto geral.

2.12

200 µm

2 c

m

2.13 2 c

m

200 µ

m

2.15

100 µ

m

2 c

m

Prancha 2.2

2.16

2.14

2.11

25

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Fotos 2.17 e 2.18 - G. intermedia: 2.17. corte longitudinal docistocarpo. 2.18. aspecto geral. Fotos 2.19 a 2.21 - G. pauciramosa:2.19. corte longitudinal do cistocarpo. 2.20. corte transversal do talo.2.21. aspecto geral.

2.17

200 µm

2 c

m

100 µ

m

2 cm

200 µm

Prancha 2.3

2.20

2.21

2.19

2.18

26

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28

Tabela 2.1. Comparação entre as espécies de Gracilaria coletadas na praia de Stella Maris, Salvador, Bahia

Características

Espécies

Forma do talo

Espermatângios

Células nutritivas

tubulares

Pericarpo interno

Arranjo dos

carposporângios

G. cornea

cilíndrica

henriquesiana

inferiores e superiores

presente

fileiras curtas, ordenadas

radialmente

G. cuneata

achatada

textorii

horizontais, inferiores e

superiores

não observado

grupos irregulares

G. curtissiae

achatada

textorii

horizontais, inferiores e

superiores

ausente

grupos irregulares

G. domingensis

achatada

verrucosa ou

henriquesiana

inferiores e superiores

ausente

grupos irregulares

G. flabelliformis achatada textorii inferiores presente grupos irregulares

G. intermedia achatada textorii inferiores e superiores presente grupos irregulares

G. pauciramosa fita henriquesiana horizontais, inferiores e

superiores

ausente

grupos irregulares e em

fileiras curtas, ordenadas

radialmente

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Discussão

Considerações florísticas

Dentre as oito espécies de Gracilaria, com registro de ocorrência na Praia de Stella

Maris (NUNES, 2005), não foram encontradas, durante as coletas do presente estudo, G.

cervicornis e G. caudata. Por sua vez, G. flabelliformis foi registrada pela primeira vez

nesta praia. Esta espécie havia sido coletada anteriormente nas praias de Mucugê

(Município de Porto Seguro), Arakakaí (Santa Cruz de Cabrália) e Cumuruxatiba (Prado),

localizadas no extremo Sul da Bahia, e também na Praia do Forte (Mata de São João),

região Norte da Bahia (NUNES, 2005).

A espécie Gracilaria intermedia havia sido coletada atirada à praia nas duas praias

onde havia registro de sua ocorrência, Stella Maris e Cumuruxatiba (Prado). No presente

estudo, foram coletados exemplares de G. intermedia na zona batida.

As espécies Gracilaria intermedia, G. flabelliformis e G. pauciramosa, no Brasil,

apresentam distribuição restrita ao litoral baiano enquanto as demais espécies apresentam

registros de ocorrência em outras localidades do Brasil (tabela 2.2). Quanto à distribuição

em outros pontos da costa Oeste do Atlântico, existem registros de ocorrência de G.

intermedia na Florida e Venezuela, segundo GURGEL et al. (2004a), G. cuneata na

Venezuela e em Porto Rico (GANESAN, 1994) e G. cornea no México (ORDUÑA-ROJAS &

ROBLEDO, 2002).

Gracilaria domingensis é uma das espécies de Gracilaria mais abundantes no

Atlântico tropical e subtropical, sendo amplamente distribuída no litoral brasileiro (tabela

2.2). As populações desta espécie apresentam uma grande variedade morfológica,

incluindo variantes cromáticas (PLASTINO et al., 1999). OLIVEIRA et al. (1983) e

GUIMARÃES et al. (1999) caracterizaram em detalhe esta espécie. Registro anterior para o

litoral baiano foi feito por ALTAMIRANO & NUNES (1997).

A figura 2.4 representa a distribuição das sete espécies de Gracilaria estudadas

neste trabalho, nas macrorregiões da Bahia com base no material encontrado no herbário

ALCB. Gracilaria domingensis e G. cuneata destacam-se como as espécies mais

amplamente distribuídas no litoral baiano, ocorrendo em todas as quatro macrorregiões

(região Sul, extremo Sul, região metropolitana de Salvador e região Norte). De acordo com

as coletas realizadas entre 1985 e 2005 no litoral da Bahia, G. pauciramosa apresenta-se

restrita à região metropolitana de Salvador.

29

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G. cornea

G. cuneata

urtissiae

omingensis

ntermedia

auciramosaG. p

G. i

G. flabelliformis

G. d

G. c

Figura 2.4. Distribuição das espécies de Gracilaria estudadas nas macrorregiões do estado

da Bahia

De acordo com NUNES (2005), a região Sul da Bahia é a mais rica em número de

espécies de algas da divisão Rhodophyta, seguida pela região metropolitana de Salvador.

Quanto ao número de espécies de Gracilaria, a região metropolitana é a mais rica das

quatro macrorregiões do estado da Bahia, apresentando dezessete das dezoito espécies de

ocorrência no litoral baiano, como mostram os dados do herbário ALCB representados na

tabela 2.2. Tanto com relação à divisão Rhodophyta, quanto ao gênero Gracilaria, a região

Norte do estado da Bahia apresenta um menor número de espécies (nove espécies).

Os dados do ALCB revelam que a praia de Stella Maris é a mais rica em número de

espécies de Gracilaria de toda a região metropolitana de Salvador, com registro de

ocorrência de nove espécies, contando com o material coletado no presente estudo. A praia

de Guarajuba apresenta seis espécies do gênero, enquanto que outras praias da região e de

outras regiões do estado da Bahia são muito menos representativas em número de espécies

de Gracilaria.

30

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Tabela 2.2. Ocorrência de espécies de Gracilaria nas macrorregiões do estado da Bahia:

X= presença; - = ausência.

Macrorregiões

Espécies

Sul Extremo Sul Metropolitana Norte

G. birdiae X - X -

G. caudata X X X X

G. cearensis X X X

G. cervicornis X X X X

G. cornea X - X -

G. crassissima - - X -

G. cuneata X X X X

G. curtissiae X X X -

G. domingensis X X X X

G. flabelliformis - X X X

G. foliifera X - - -

G. galetensis X X X X

G. intermedia - X X -

G. isabelana - X X X

G mammilaris X - X -

G. ornata X X X -

G. pauciramosa - - X -

G. smithsoniensis X X X X

TOTAL 13 11 17 9

A tabela 2.3 representa a distribuição das espécies de Gracilaria estudadas, nos

estados do litoral do Brasil, segundo (NUNES, 2005) e de acordo com os dados coletados no

presente estudo. Estes dados mostram que Gracilaria domingensis e G. cornea são as

espécies com distribuição mais ampla no litoral brasileiro, dentre as espécies estudadas.

Mostram, ainda, que a Bahia apresenta o maior número de espécies (sete) e que os estados

da região Nordeste, de forma geral, apresentam maior riqueza de espécies de Gracilaria do

que outras regiões brasileiras.

31

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Tabela 2.3. Ocorrência das espécies de Gracilaria estudadas nos estados brasileiros e ilhas

oceânicas (FN = Fernando de Noronha e RC = Atol das Rocas)

Espécies

Estados

G. cornea G. cuneata G. curtissiae G.

domingensis

G.

flabelliformis

G.

intermedia

G.

pauciramosa

AP - - - - - - -

PA - - - - - - -

MA X - - X - - -

PI X - - - - - -

CE X X X X - - -

RN X X - X - - -

RC - - - - - - -

PB X X X X - - -

PE X X - X - - -

FN X - - - - - -

AL - - - X - - -

SE - - - - - - -

BA X X X X X X X

ES X X X X - - -

RJ X - - X - - -

SP - - - X - - -

PR - - - X - - -

SC - - - X - - -

RS - - - - - - -

TOTAL 10 6 4 12 1 1 1

Considerações taxonômicas

BELLORIN et. al. (2002) afirmam que seus estudos de biologia molecular (SSU

rDNA) não mostraram a ocorrência de um clado isolado para Hydropuntia, considerando-o

como um gênero inválido, uma vez que as comparações moleculares não deram suporte e

que as características morfo-anatômicas propostas para Hydropuntia não são exclusivas.

NUNES (2005) estudou as espécies de Gracilaria que ocorrem no litoral baiano, inclusive

as analisadas no presente estudo, e concordou com as observações de BELLORIN et. al.

(2002), considerando todas as espécies como pertencentes ao gênero Gracilaria.

32

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No presente estudo, algumas espécies apresentam características intermediárias nas

estruturas reprodutivas, não havendo razão para serem consideradas como pertencentes a

um gênero diferente de Gracilaria, concordando com as observações de BELLORIN et. al.

(2002) e NUNES (2005). Este é o caso de G. caudata, que teve suas características descritas

e convenientemente ilustradas por PLASTINO & OLIVEIRA (1997) e estão de acordo com o

material encontrado na Bahia. Outra espécie com características intermediárias entre

Hydropuntia e Gracilaria é a espécie G. pauciramosa, como já discutido por NUNES

(2005).

No trabalho de GURGEL & FREDERICQ (2004), a inclusão de Gracilaria

domingensis dentre as espécies Gracilaria de talo achatado confirma-se pelas

características gerais e pelas características morfológicas do cistocarpo, porém, a espécie

apresenta espermatângio do tipo “henriquesiana”, característico de Hydropuntia, o que

também foi observado por NUNES (2005) para as algas coletadas na Bahia. Tal

característica foi observada nos exemplares coletados em Stella Maris, assim, pode-se

afirmar que G. domingensis constitui uma exceção dentre as espécies achatadas de

Gracilaria quanto ao tipo de espermatângio, representando um forte argumento contrário à

separação dos gêneros Gracilaria e Hydropuntia, sob o ponto de vista morfológico.

Alguns estudos moleculares referentes à família Gracilariaceae apresentam

discordâncias com relação aos agrupamentos filogenéticos. Embora BELLORIN et. al.

(2002) e GURGEL & FREDERIQ (2004) não tenham estudado exatamente as mesmas

espécies, encontraram resultados diferentes, quanto ao agrupamento filogenético, para

argumentar a favor ou não do gênero Hydropuntia. O estudo do material coletado na praia

de Stella Maris e dos exemplares baianos depositados no ALCB foi anátomo-morfológico,

e não foram encontradas características exclusivas nas estruturas reprodutivas que

permitissem separar Gracilaria de Hydropuntia. O grupo apresenta grande plasticidade

fenotípica e características intermediárias, mesmo na estrutura dos espermatângios e

cistocarpos. Diante do exposto, as espécies estudadas foram incluídas em Gracilaria.

Conclusões

Dentre as sete espécies de Gracilaria identificadas na praia de Stella Maris,

Gracilaria domingensis e G. cornea apresentam ampla distribuição no litoral brasileiro,

enquanto que G. intermedia, G. flabelliformis e G. pauciramosa apresentam distribuição

restrita ao litoral baiano.

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As espécies Gracilaria domingensis e G. cuneata são as mais amplamente

distribuídas no litoral da Bahia, ocorrendo em todas as macrorregiões econômicas do

estado. Houve, porém, registro da ocorrência de G. pauciramosa apenas na região

metropolitana de Salvador, que se apresentou como a mais rica em número de espécies

dentre as macrorregiões do estado da Bahia.

A Bahia apresenta a maior riqueza de espécies, dentre os estados do litoral

brasileiro, sendo que o nordeste brasileiro, de forma geral, pode ser destacado das demais

regiões pela grande diversidade de espécies de Gracilaria.

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3. Distribuição abundância e fenologia de Gracilaria Grev. (Gracilariales,

Rhodophyta) na praia de Stella Maris, Salvador, Bahia

Abstract

Knowledge of marine algae ecology is thin, particularly about species found along the Brazilian

coast, despite the fact that the Northeast of Brazil is rich in agar producing species. The aim of this

study is to understand the spatial and temporal distribution pattern of species found on Stella Maris

beach in Salvador, Bahia. During the raining and dry seasons, 20 samples were collected from each

microhabitat of the reef environment, casually throwing a disk with 20 cm diameter. The algae

were deposited in the ALCB herbarium at the IB/UFBA. The differences in microhabitats

occupation, seasonal occurrence and seasonal reproduction stages were tested using χ2 and

ANOVA with a posteriori tests. The results were compared with information on the algae

deposited in the herbarium from beaches along the coast of Bahia. There were 284 specimens in the

samples. The most commonly found species were G. domingensis (92 specimens), G. cuneata (57)

and G. cornea (15). G. curtissiae, G. intermedia, G. flabeliformis and G. pauciramosa were found

to be rare. The water pools environment is less favorable for algae development probably because

of the algae’s dependence on water renewal for fertilization. Temporal or spatial isolation of the

most abundant species was not observed, but variations in the frequencies of G. domingensis and

G. cuneata were detected when occurring in the same place. These apparent variations were also

observed in the seasonal occurrence of these species. An adaptive tendency of G. cuneata has been

observed during the colder season, contrary to the other species which were more abundant in the

samples collected during the wet and hot season.

Resumo

O conhecimento sobre ecologia de algas marinhas, sobretudo aquelas de ocorrência na costa

brasileira, é bastante escasso, apesar do Nordeste brasileiro se apresentar como uma região rica em

espécies produtoras de agaranas. Assim, o estudo visou a compreensão de padrões de distribuição

espacial e temporal de espécies Gracilaria que ocorrem na praia de Stella Maris, Salvador, Bahia.

As amostragens realizadas nas estações seca e chuvosa do ano foram coletadas em 20 pontos de

cada um dos microhabitats do ambiente recifal (zona batida, zona protegida e poça), coletando-se

as algas dentro da área de um círculo de 20cm de diâmetro, lançado aleatoriamente. Os espécimes

foram depositados no Herbário ALCB do IB/UFBA. Os diferentes ambientes e épocas foram

comparados com relação à ocorrência de espécies e seu estádio reprodutivo, através do teste χ2,

análise de variância e testes de comparação de médias. Os resultados foram comparados com as

informações encontradas em herbário relativas às algas do gênero Gracilaria provenientes do

litoral baiano. Foram coletados 284 espécimes. As espécies mais abundantes em número de

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espécies foram: G. domingensis (92 indivíduos), G. cuneata (57) e G. cornea (15). As raras foram:

G. curtissiae, G. intermedia, G. flabeliformis e G. pauciramosa. O ambiente de poças foi o menos

propício ao desenvolvimento do gênero Gracilaria, provavelmente pela dependência de agitação

das águas para fertilização. Não foi verificado isolamento temporal ou espacial entre as espécies

mais abundantes, embora tenha sido possível perceber alternância nas freqüências de G.

domingensis e G. cuneata quando ocupando o mesmo microhabitat. Esta aparente alternância

também foi percebida quanto à ocorrência destas espécies nas épocas do ano. Foi observada uma

tendência adaptativa de G. cuneata ao período mais frio do ano, ao contrário das demais espécies

que foram mais abundantes na coleta realizada durante a estação quente e chuvosa.

Introdução

De acordo com AMARASEKARE (2003), a coexistência requer alguma forma de

diferenciação de nichos ou partição de recursos entre espécies que aumentam a competição

intraespecífica com relação a interespecífica. A idéia de que espécies semelhantes devem

ter ecologias diferentes para coexistir tem sido suplantada por modelos mais recentes

envolvendo fatores estocásticos, que permitem a coexistência estável de espécies

semelhantes ou que diferem apenas em habilidade competitiva (CHESSON, 2003). Em um

estudo da coexistência de espécies cripticas de vespas do figo, ZHANG et. al. (2004)

demonstraram o valor prático de modelos estocásticos.

O desenvolvimento do conhecimento teórico sobre coexistência competitiva

espacial está avançando muito mais rapidamente do que as investigações práticas nesta

área. A maioria das pesquisas tem sido realizada baseando-se na investigação de um único

mecanismo, o que tem dificultado a superação de questões sobre o tema. Investigações

experimentais que testem hipóteses variadas podem obter mais sucesso em esclarecer a

coexistência competitiva em comunidades naturais (AMARASEKARE, 2003). SHEA et. al.

(2004) ressaltam a importância da sólida compreensão do histórico de vida das espécies

para a identificação dos mecanismos de coexistência, proporcionando maior integração

entre os resultados teóricos e práticos.

Um levantamento feito no Herbário Alexandre Leal Costa Bahia (Instituto de

Biologia, Universidade Federal da Bahia) mostrou a ocorrência de oito espécies de

Gracilaria Grev. na praia de Stella Maris, Salvador, Bahia, sendo esta a praia com maior

número de espécies do gênero em todo o estado, seguida pela praia de Guarajuba, onde há

registro da ocorrência de seis espécies. O estudo realizado por NUNES (2005) confirma

estes dados que, por sua vez, levam a questionamentos sobre os fatores que permitem a

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ocorrência simpátrica deste grande número de espécies. HAY & NORRIS (1984) apontam

que no Panamá Caribenho existem mais de 12 espécies do gênero Gracilaria ocorrendo em

simpatria e sugere que este deve ser o maior número de espécies simpátricas de um mesmo

gênero de alga vermelha no mundo. A natureza simpátrica foi investigada por estes

pesquisadores, pressupondo um possível isolamento temporal ou espacial.

O isolamento espacial em microhabitats é um fator potencialmente relacionado à

coexistência de muitas espécies na praia de Stella Maris, se as algas da família

Gracilariaceae apresentarem diferentes padrões de ocupação do recife. A região entremarés

do ambiente recifal da praia de Stella Maris pode ser dividida em três zonas diferentes de

acordo com o hidrodinamismo: zona batida (movimentação intensa das ondas), zona

protegida (que não sofre tão intensamente a ação das ondas) e poças.

As algas da divisão Rhodophyta apresentam gametas aflagelados, tornando a

fecundação dependente do transporte dos espermácios (gametas masculinos) pela água e,

portanto, um evento relativamente raro. ENGEL & DESTOMBE (2002), em um estudo com

gracilárias do norte da França, demonstraram que a fertilidade das algas pode variar de

acordo com o ambiente onde ocorrem. Neste estudo foram comparados os números de

cistocarpos por cm do talo de algas que ocorrem em ambientes mais e menos

movimentados pelas ondas.

ENGEL & DESTOMBE (2002) demonstraram que algas que ocorrem em regiões

menos intensamente movimentadas pelas ondas, apresentam maior taxa de fecundação do

que algas que ocorrem em locais sujeitos a uma maior movimentação. Conclui-se que a

fertilidade é diferente porque em ambientes sob menor influência da maré é maior a

probabilidade de encontros entre os gametas masculinos e os femininos, enquanto que em

ambientes intensamente movimentados essa chance diminui. A diferença de fertilidade

relacionada à influência da maré pode significar uma tendência adaptativa das espécies a

ambientes específicos.

O isolamento temporal na ocorrência das espécies poderia explicar a co-ocorrência

de um grande número de espécies de Gracilaria, reduzindo a competição por recursos.

Estudos têm sido realizados com o objetivo de compreender a variação temporal na

ocorrência de espécies de algas em um dado local, a exemplo de FOSTER et. al. (2003) que

estudaram a variação temporal de espécies de Rhodophyta em uma comunidade de região

entremarés e o processo de sucessão ecológica.

Os espécimes da família Gracilariaceae apresentam ciclo de vida trifásico do tipo

Polisyphonia (LEE, 1999). Este ciclo caracteriza-se pela fecundação dos gametas

produzidos por mitose pelos gametófitos masculino e feminino (haplóides), dando origem

40

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ao carposporófito, que se desenvolve sobre o gametófito feminino, formando estruturas

conhecidas como cistocarpos. Nesta fase, o zigoto é amplificado, sofrendo sucessivas

mitoses, até que os carpósporos sejam liberados, originando o tetrasporófito (diplóide), que

produz tetrásporos por meiose.

Diferenças nos períodos reprodutivos das espécies podem representar um outro

mecanismo associado à simpatria em Gracilaria. Foram realizados estudos fenológicos

com espécimes da divisão Rhodophyta tais como Chondracanthus canaliculatus (Harvey),

no México (GARCIA-LEPE et. al., 1997), Gigartina skottsbergii Setchell & Gardner no

Chile (ÁVILA et. al., 1999), Acanthophora najadiformis (Delile) na Itália (CECERE et al.,

2000), Polysiphonia platycarpa (Borgesen) na Índia (RANGAIAH et al., 2003), Liagora na

Espanha (SANCHEZ et. al., 2003), Batrachospermum delicatulum (Skuja) no estado de São

Paulo, Brasil (NECCHI & BRANCO, 1999) e Hypnea musciformis (Wulfen) do Rio de

Janeiro, Brasil (REIS & YONESHIGUE-VALENTIN, 2000). Sazonalidade foi encontrada em

espécies do gênero Gracilaria de clima temperado (JONES, 1959; KIM, 1970 e PENNIMAN,

1977). Diferenças sazonais nas proporções dos estádios reprodutivos também foram

encontradas em espécies tropicais como Gracilaria cornea, no México (ORDUÑA-ROJAS e

ROBLEDO, 2002), G. bursa-pastorii (Gmel.) Silva e G. coronopifolia (J. Agardh.) no

Hawai (HOYLE, 1978), G. sojoestedii Kyl. na Índia (UMAMAHESWARA RAO, 1973), G.

verrucosa (Hudson), G. salicornia (C. Ag.) Daws. e G. coronopifolia, nas Filipinas

(TRONO & AZANZA-CORRALES, 1981) e G. cuneata, G. domingensis, G. cylindrica e outras

três espécies não identificadas no Caribe (HAY & NORRIS, 1984).

No Brasil, alguns estudos têm sido realizados com o objetivo de compreender o

histórico de vida de espécies do gênero Gracilaria. PLASTINO (1991) desenvolveu cultivos

de espécies de talo cilíndrico para estudar o seu ciclo de vida. Não têm sido realizados,

ainda, estudos fenológicos com espécies brasileiras em ambiente natural, mas apesar da

escassez de estudos relativos à fenologia de espécies de Gracilaria, é possível supor que o

investimento em fases reprodutivas em diferentes épocas do ano pode permitir a co-

ocorrência do grande número de espécies de Gracilaria na praia de Stella Maris.

Se os mecanismos referidos acima asseguram o isolamento reprodutivo sem fluxo

gênico entre as espécies, espera-se que haja divergência genética suficiente para tratá-las

como espécies diferentes. Desse modo, as investigações de natureza ecológica permitem

inferir a existência desses mecanismos. No entanto, as pesquisas com o gênero Gracilaria

envolvem, em geral, uma única espécie, havendo registro apenas de uma pesquisa sobre

sazonalidade reprodutiva e abundância de seis espécies simpátricas no Caribe (HAY &

NORRIS, 1984).

41

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O presente trabalho analisou a distribuição espacial e temporal das espécies do

gênero Gracilaria no ambiente recifal da praia de Stella Maris, bem como a sua

abundância nos diferentes períodos de coleta. Avaliou também a ocorrência de diferenças

na sazonalidade reprodutiva interespecífica nas espécies de Gracilaria que ocorrem na

praia de Stella Maris.

Para isso, foi realizado um experimento onde foram identificadas as zonas de

ocorrência das espécies no ambiente recifal, seus períodos reprodutivos, e suas taxas de

fertilidade associadas a ambientes e períodos específicos. Foram também utilizados dados

de herbário para verificar a repetibilidade do padrão em outros locais e anos. Desta forma,

este estudo pretendeu não só contribuir para o entendimento da biologia das espécies de

Gracilaria, mas também para a compreensão do isolamento reprodutivo entre as espécies

que ocorrem em simpatria na praia de Stella Maris.

Material e Métodos

O material de estudo corresponde às algas marinhas bentônicas do gênero

Gracilaria (Rhodophyta) fixas à região entremarés do recife de arenito localizado na praia

de Stella Maris, Salvador, Bahia. Foram realizadas, ao todo, três coletas nos meses de

março e agosto de 2004 e fevereiro de 2005, sempre durante o período de maré baixa. As

marés baixas de sizígia foram indicadas pelas Tábuas das Marés publicadas pela Diretoria

de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha no endereço www.dhn.mar.mil.br .

As coletas no ambiente recifal da praia de Stella Maris foram realizadas em três

regiões distintas, divididas com base no hidrodinamismo, e que representam microhabitats:

zona batida, zona protegida e poças. Estas regiões são apresentadas a seguir com suas

características predominantes:

Zona batida (ZB): região frontal do ambiente recifal, com declividade tênue, sujeita à

ação direta das ondas, sendo a zona de maior hidrodinamismo.

Zona protegida (ZP): região emersa durante a baixamar e protegida do embate direto das

ondas.

Poças (Pç): apresentam profundidades variadas, sofrendo maior ou menor ação das ondas

a depender da sua localização no ambiente recifal.

O ambiente recifal foi subdividido em dois sítios de coleta, considerando-se que

ambos os sítios correspondem à mesma população, pois a proximidade entre eles permite o

42

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fluxo gênico entre as algas. Foram amostrados 20 pontos de cada um dos microhabitats

(zona batida, zona protegida e poça) nos dois sítios. As amostragens foram feitas

coletando-se as algas que estavam dentro da área de um círculo de 20 cm de diâmetro,

lançado aleatoriamente, como mostra a figura 3.1.

Os exemplares foram preservados em formol a 4%, de acordo com CORDEIRO-

MARINO et al. (1984), identificados através dos trabalhos de NUNES (2005), BELLORIN

(2002), GURGEL & FREDERICQ (2004) e PLASTINO & OLIVEIRA (1997), e registrados no

Herbário Alexandre Leal Costa (ALCB) do Instituto de Biologia da Universidade Federal

da Bahia.

Figura 3.1. Amostragem de Gracilaria na praia de Stella Maris

Os diferentes ambientes, nos três períodos amostrados, foram comparados com

relação à ocorrência de espécies através do teste de Kruskal-Wallis. Foi utilizado, ainda, o

teste de Kolmogrov-Smirnov para comparar as distribuições das espécies nas diferentes

zonas. As análises que consideraram o gênero Gracilaria sem distinção de espécies

incluíram os indivíduos que não puderam ser identificados em nível específico.

Os dados referentes ao material de herbário foram analisados através do teste de

Tukey-Kramer para comparar as distribuições das espécies nas diferentes zonas. Foi, ainda,

utilizado o teste qui-quadrado para verificar se as espécies apresentam o mesmo padrão de

distribuição apresentado pelo gênero.

Para verificar se os indivíduos apresentavam diferenças com relação à fertilidade,

nos diferentes microhabitats e diferentes períodos do ano, foram realizadas contagens dos

cistocarpos por cm linear do talo das algas cistocárpicas encontradas. O pequeno número

de indivíduos não permitiu a verificação estatística da variação deste índice nos

microhabitats. Foi realizada análise de variância entre as médias deste índice de fertilidade

por coleta, a partir dos dados de uma espécie, G. domingensis, cujo número de indivíduos

43

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foi suficiente para a realização de análise estatística. Foi também realizado um teste de

correlação deste índice com os dados de abundância das espécies e aplicado o teste t.

Determinou-se, ainda, o índice meiótico (número de células em divisão / número

total de células) através da análise de três lâminas de cada um dos exemplares

tetraspóricos, sendo analisadas 200 células por lâmina coradas com hematoxilina férrica,

de acordo com o método desenvolvido por FUJII & GUERRA, 1997. As células analisadas

foram provenientes dos ápices retirados dos exemplares e fixadas em Carnoy 3:1 durante

as coletas. Foi realizado um teste de correlação deste índice de fertilidade com os dados de

abundância das espécies e aplicado o teste t. Devido ao pequeno número dos indivíduos

tetraspóricos amostrados para esta análise, não foi possível comparar os índices meióticos

das espécies nos diferentes microhabitats e nas três coletas.

Foram identificados os exemplares férteis, coletados nas diferentes épocas do ano,

com base na freqüência de plantas cistocárpicas, tetraspóricas e masculinas (apresentando

espermatângios). Para isto, foram feitos cortes histológicos á mão-livre, utilizando

microscópio estereoscópico, localizados a 1 cm do ápice do talo de cada exemplar seco. Os

cortes foram corados com azul de anilina e observados ao microscópio óptico. Foram

observadas estruturas reprodutivas como cistocarpos (presentes no gametófito feminino),

espermatângios (presentes no gametófito masculino) e tetrasporângios (presentes no

tetrasporófito). Foram, ainda, utilizados dados do Herbário Alexandre Leal Costa-Bahia,

que conta com uma coleção de exemplares do gênero Gracilaria provenientes de 39

localidades em toda a extensão do litoral baiano no período de 1985 a 2004. Os dados do

herbário foram comparados com os do experimento para verificar a repetibilidade do

padrão reprodutivo e de distribuição temporal em outros locais e anos.

Os dados de herbário foram agrupados com relação ao período do ano em que o

material foi coletado. Considerou-se cada ano dividido em duas estações: seca e chuvosa,

com base nos dados de pluviosidade e temperatura obtidos junto à estação meteorológica

de Salvador, para o período de janeiro de 1994 a junho de 2005. De acordo com estes

dados, pode-se considerar como estação seca o período que compreende os meses de

setembro a fevereiro (com as médias mensais de precipitação no período variando entre

50,4 mm e 118 mm). A estação chuvosa ocorre entre os meses de março e agosto, com as

médias mensais de precipitação no período variando entre 149,7 mm a 318 mm.

Os dados relativos à temperatura mostram o período de maio a outubro como mais

frio, com temperaturas médias mensais variando de 23,4 a 26,5 graus centígrados. O

período quente do ano está entre os meses de novembro a abril, com a variação das

temperaturas médias mensais entre 25.2 e 28.3 graus centígrados.

44

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Para analisar os dados relativos à distribuição temporal e fenologia, utilizou-se o

teste χ2, qui-quadrado, verificando a variação da abundância e dos estádios reprodutivos

das espécies nos períodos amostrados, para o gênero Gracilaria como um todo e para cada

uma das espécies mais abundantes. O teste χ2 também foi utilizado para analisar os dados

resultantes do material de herbário.

Resultados

Um total de 284 espécimes foi coletado, dos quais 105 não puderam ser

identificados em nível específico, pois o seu estádio de desenvolvimento não permitiu a

identificação. As espécies mais abundantes foram: Gracilaria domingensis (Kütz.) (92

indivíduos), G. cuneata (Areschoug.) (59) e G. cornea (J. Agardh) (15). As raras foram: G.

curtissiae (J. Agardh) (5), G. intermedia (J. Agardh) (4), G. flabelliformis (Gurgel,

Frederiq & J. N. Norris) (3) e G. pauciramosa (N. Rodriguez Rios) (1).

A tabela 3.1. apresenta as quantidades de indivíduos encontrados em cada coleta e

em cada microhabitat para as sete espécies estudadas e os totais para o gênero, incluindo-se

os indivíduos que não foram identificados em nível específico. As figuras 3.1 e 3.2

representam estes dados em médias.

Para inferências adicionais sobre preferências por habitat e época, os dados de

herbário de 329 exsicatas foram agrupados por microhabitat e estação do ano (seca ou

chuvosa), e estão representados nas tabelas 3.2 e 3.3, respectivamente.

Apesar das amostragens ao longo de vinte anos terem sido feitas sem periodicidade,

o número de coletas realizadas foi suficiente para permitir o seu agrupamento em duas

estações, seca e chuvosa. Em cada uma das estações foram realizadas muitas coletas, em

pontos diferentes do litoral baiano, em cada um dos anos amostrados.

O material coletado, assim como o material herborizado, foi identificado quanto ao

seu estádio reprodutivo, sendo apresentado nas tabelas 3.4 e 3.5, as porcentagens referentes

a todo o gênero e às três espécies mais abundantes.

Tabela 3.1. Número de exemplares do gênero Gracilaria coletados de cada espécies

por época e distribuição em microhabitats.

45

Março/2004 Agosto/2004 Fevereiro/2005 Espécies ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ G. cornea 0 4 0 2 4 0 4 1 0 G. cuneata 2 10 0 18 11 2 11 4 1 G. curtissiae 0 1 0 0 2 0 0 2 0 G. domingensis 37 23 0 7 13 3 7 1 1 G. flabelliformis 0 0 0 0 2 0 0 1 0 G. intermedia 2 0 0 2 0 0 0 0 0 G. pauciramosa 0 0 0 1 0 0 0 0 0 Gênero Gracilaria 74 82 0 39 42 8 24 12 3

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março de 2004

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

Zonas

Méd

ias

ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ

agosto de 2004

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

Zonas

Méd

ias

G. cornea

G. intermedia

G. domingensis

G. curtissiae

G. cuneata

G. flabelliformis

G. p osaauciram

ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ

fevereiro de 2005

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

Zonas

Méd

ias

ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ

Legenda: ZB – Zona Batida; ZP – Zona Protegida; PÇ - Poça

Figura 3.1. Distribuição espacial e temporal das espécies identificadas.

46

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Gênero Gracilaria

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

0,2

Zonas

Méd

ias

Coleta 1 Coleta 2 Coleta 3

ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ ZB ZP PÇ

Legenda: ZB – Zona Batida; ZP – Zona Protegida; PÇ - Poça

Figura 3.2. Distribuição espacial e temporal do gênero Gracilaria

Tabela 3.2. Porcentagem de indivíduos de Gracilaria ocupando diferentes zonas, obtido a

partir de material herborizado, coletado em 39 praias do litoral baiano entre 1984 e 2004

Espécies

N ZB ZP PÇ Outros locais*

G. cornea 22 57,1% 9,5% 14,3% 19%

G. cuneata 46

61,1% 5,6% 16,7% 16,6%

G. curtissiae 24

41,2% 5,9% 23,5% 29,4%

G. domingensis 84

48,5% 14,7% 23,5% 13,3%

G. flabelliformis 5

75% 25% 0% 0%

G. intermedia 2

0% 0% 0% 100%

G. pauciramosa 5

50% 25% 25% 0%

Gênero Gracilaria 329 47,1%a 11,8%b 20,1%a 21%a

* Outros locais: laguna recifal, platô recifal, atiradas à praia, infralitoral e rede de pesca.

a,b: letras iguais representam proporções estatisticamente semelhantes testadas pelo teste de Tukey-Kramer,

com confiança de 95%.

47

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Tabela 3.3. Porcentagem de indivíduos herborizados de Gracilaria coletados em época

seca e época chuvosa, em 39 praias do litoral baiano entre 1984 e 2004

Espécies N Estação seca

Estação chuvosa

G. cornea 22 45,5% 54,5% G. cuneata 46 26,6% 73,4%

G. curtissiae 24 26,1% 73,9% G. domingensis 84 33,7% 66,3% G. flabelliformis 5 0% 100%

G. intermedia 2 50% 50% G. pauciramosa 5 0% 100%

Gênero Gracilaria 329 28,6% 71,4%

Tabela 3.4. Porcentagem de exemplares de G. cornea, G. cuneata, G. domingensis e

gênero Gracilaria por estádio reprodutivo e por coleta

***∀ = 88,36 **∀ = 44 *∀ = 33,5

Táxon Período N Cistocárpicas Masculinas Tetraspóricas Inférteis

Março/2004 4 50% 0% 50% 0%

Agosto/2004 6 0% 0% 50% 50%

G. c

orne

a

Fevereiro/2005 5 40% 0% 20% 40%

Março/2004 12 8% 0% 25% 65%

Agosto/2004* 31 23% 0% 10% 68%

G. c

unea

ta

Fevereiro/2005 16 6% 0% 50% 44%

Março/2004 60 16% 7% 25% 52%

Agosto/2004 23 26% 13% 22% 39%

G.

dom

inge

nsis

Fevereiro/2005 9 67% 0% 11% 22%

Março/2004*** 156 14,7% 3,8% 27,5% 54%

Agosto/2004** 89 25,6% 0% 25,6% 48,8%

Gên

ero

Gra

cila

ria

Fevereiro/2005* 39 27% 3,4% 15,7% 53,9%

48

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Tabelas 3.5. Estádios reprodutivos do material herborizado de Gracilaria cornea, G.

cuneata, G. domingensis e gênero Gracilarias organizados por estação

Táxon Estação N Cistocárpicas Masculinas Tetraspóricas Inférteis Estação seca

9 11,1% 0% 55,6% 33,3%

G. c

orne

a

Estação chuvosa

13 7,7% 0% 61,5% 30,8%

Estação seca

12 25% 0% 50% 25%

G. c

unea

ta

Estação chuvosa

34 20,6% 11,8% 20,6% 47%

Estação seca

28 28,6% 14,3% 35,7% 21,4%

G. d

omin

gens

is

Estação chuvosa

56 17,9% 8,9% 39,3% 33,9%

Estação seca

94 25% 7% 41% 27%

Gên

ero

Gra

cila

ria

Estação chuvosa

235 19% 9% 38% 34%

Dos espécimes coletados em fase cistocárpica, obteve-se um índice de fertilidade

refletido pelo número de cistocarpos por centímetro linear do talo. Dos tetraspóricos,

obteve-se o índice meiótico, também como um índice de fertilidade, apenas das três

espécies mais abundantes, visto que os ápices foram retirados e fixados no momento da

coleta, consequentemente, antes da identificação do material. Estes dados são apresentados

nas tabelas 3.6 e 3.7, organizados por microhabitat.

Tabela 3.6. Cistocarpos/cm linear do talo em sete espécies de Gracilaria coletadas na praia

de Stella Maris

ESPÉCIE N Amplitud

e

Média

G. cornea 4 0,3 – 1,45 0,58

G. cuneata 9 0,53 - 5,5 2

G. curtissiae 1 0,36 0,36

G. domingensis 21 0,2 – 4,6 1,3

G. flabelliformis 1 0,2 0,2

G. intermedia 1 8,5 8,5

G. pauciramosa 1 1,2 1,2

49

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Tabela 3.7. Índice meiótico de três espécies de Gracilaria coletadas na praia de Stella

Maris

ESPÉCIE N AMPLITUDE MÉDIA

G. cornea 3 1-24 12,5

G. cuneata 11 0-73 43,2

G. domingensis 7 0-42 23,8

A prancha 3.1 mostra a seqüência de fases da divisão meiótica de uma célula de origem

cortical que origina os tetrasporângios. Este processo é comum a todas as espécies

estudadas.

Foto 3.3 - Célula-mãe do tetrasporângio em prófase final. Foto 3.4 - Célula-mãe dotetrasporângio em anáfase. Foto 3.5 - Duas células em divisão meiótica paraformação de tetrasporângios: fase de telófase I e fase de telófase II. Foto 3.6:Tetrasporângio formado.

3.5 3.6

3.3 3.4

50

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Discussão

Prancha 3.1

Distribuição espacial e abundância de espécies de Gracilaria na praia de Stela Maris

De acordo com testes de Kolmogorov-Smirnov, realizados para cada uma das zonas

amostradas, os dois sítios de coleta amostrados não apresentaram diferença significativa

entre si. Desta forma, os resultados obtidos para os sítios foram agrupados, já que estes

podem ser considerados como réplicas.

Um teste de Kruskal-Wallis para os números de espécimes nas zonas batida e

protegida nas três coletas mostrou que estas são ocupadas por quantidades

significativamente distintas das sete espécies estudadas (p valor <0.0001, nas duas

primeiras coletas; p valor = 0.004 na terceira coleta para zona batida e p valor = 0.012 na

zona protegida). Este resultado se deve à baixa freqüência de algumas espécies,

consideradas raras, em todas as zonas. Devido à pequena representatividade da zona de

poças com relação ao grupo estudado, esta zona não foi incluída nestas análises.

Com relação à abundância das espécies, Gracilaria domingensis, G. cuneata e G.

cornea apresentaram-se como as espécies mais freqüentes na praia de Stella Maris. Estes

dados são confirmados pelo material de herbário, o que pode significar que estas espécies

são também dominantes em outras praias do litoral baiano (tabela 3.2). Algumas das

espécies coletadas foram muito pouco representativas em número de exemplares. Em todas

as coletas foi encontrado um número muito pequeno de exemplares de G. curtissiae, G.

flabelliformis, G. intermedia e G. pauciramosa. Assim, as demais análises relativas aos

padrões de distribuição foram feitas com base nas espécies mais freqüentes e no conjunto

de todos os indivíduos do gênero, cujos números totais de indivíduos permitiram análises

estatísticas.

As espécies Gracilaria cuneata e G. domingensis, as mais freqüentes em todas as

coletas, tiveram suas distribuições comparadas na zona batida e na zona protegida. Para

saber se cada espécie ocupa uma zona específica, foram comparadas suas distribuições

nestas duas zonas em todas as coletas. O teste de hipótese de Kolmogorov-Smirnov para

duas amostras independentes mostrou que em ambas as zonas a ocupação pela espécie G.

domingensis não diferiu em nenhuma das coletas (p-valores 0.978, 0.082, 0.819,

respectivamente). Desta forma, é possível perceber que G. domingensis não ocorreu

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preferencialmente em uma zona específica, o que também ocorreu com G. cuneata, quando

realizado o mesmo teste nas três coletas (p-valores 1.00, 0.56, 1.00, respectivamente).

Os dados das espécies mais abundantes amostradas estão de acordo com o resultado

obtido quando analisado o gênero Gracilaria como um todo, incluindo os exemplares que

não foram identificados até o nível específico, pois a maior abundância de indivíduos do

gênero foi encontrada ocorrendo em zona batida e zona protegida, em proporções

semelhantes (p-valor = 0,9910), sendo que as poças, em qualquer época do ano, foram

sempre pouco representativas quanto à ocorrência de espécies do gênero estudado.

Esse resultado difere do mostrado pela análise dos exemplares das espécies de

Gracilaria depositados no herbário ALCB, que conta com material reunido ao longo de

vinte anos (de 1985 a 2004), proveniente de 39 localidades situadas no litoral do estado da

Bahia, onde a abundância na zona batida foi significativamente maior que zona protegida e

semelhante à zona de poças (tabela 3.2). Este padrão de distribuição observado para o

gênero, a partir dos dados de herbário, foi correspondente ao padrão observado nas

espécies, Gracilaria cornea, G. cuneata, G. curtissiae e G. domingensis, testados pelo teste

do χ2. As demais não apresentaram número de indivíduos suficientes para a realização do

teste.

É possível que a baixa abundância em poças na praia de Stella Maris, quando

comparada ao resultado apresentado para o litoral baiano, esteja relacionada às

características das poças naquele ambiente recifal. Ali são encontradas poucas poças,

geralmente localizadas distantes da região de maior hidrodinamismo. Assim, é possível

que as poças não apresentem movimentação da maré suficiente para a dispersão dos

espermácios, diminuindo a taxa de fecundação e, com isso, a abundância de indivíduos

neste ambiente.

Os resultados do experimento e da coleção do ALCB mostram que não é possível

encontrar diferenças significativas entre os padrões de ocupação das sete espécies. Embora

não tenham sido completamente coincidentes, já que em Stella Maris houve menor

abundância em poças enquanto que no material de herbário o ambiente de poça foi o

segundo mais representativo, ambos os resultados mostraram a maioria das espécies

ocupando o ambiente de forma semelhante sem preferência por microhabitats. Verificou-

se, no entanto, uma aparente alternância na freqüência de indivíduos de Gracilaria

domingensis e G. cuneata entre as zonas batida e protegida. Esta alternância pode

representar exclusão competitiva ou ser resultado de fatores estocásticos, de acordo com o

modelo de CHESSON (2003), podendo estar relacionada à explicação da co-ocorrência

destas espécies de Gracilaria na praia de Stella Maris.

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A utilização do índice de fertilidade baseado no número de cistocarpos por

centímetro linear do talo dos exemplares cistocárpicos pode constituir uma ferramenta útil

para verificar a adaptação das espécies a ambientes específicos. Não foi obtido, entretanto,

número de indivíduos suficientes para a realização de análises estatísticas comparando as

taxas de fertilidade nos diferentes microhabitats. Os períodos amostrados puderam ser

comparados com relação às taxas de fertilidade apenas em Gracilaria domingensis, que

apresentou número de indivíduos cistocárpicos suficientes para a análise de variância, não

tendo sido encontrada diferença significativa (p valor = 0,4179; tabela 3.6).

O índice de fertilidade baseado na taxa de esporulação (índice meiótico) foi obtido

de poucos indivíduos, pois nem todos os indivíduos tetraspóricos coletados foram

preparados para análises citológicas. Não é possível perceber em campo este estádio

reprodutivo, apenas distinguível com o uso de microscópio. Assim, os ápices retirados para

a fixação em carnoy e posterior confecção de lâminas, forma escolhidos ao acaso,

desprezando-se apenas os indivíduos cistocárpicos, que são facilmente reconhecidos em

campo. Esta limitação metodológica resultou em um número de exemplares amostrados

muito baixo, não permitindo análises estatísticas. Acredita-se, que, garantindo uma

amostragem representativa, este índice pode ser promissor na verificação da adaptação das

espécies a microhabitats.

Distribuição temporal e fenologia de espécies de Gracilaria na praia de Stela Maris

As coletas realizadas no experimento foram feitas em períodos de transição com

relação à temperatura e à precipitação. Assim, os resultados das amostragens podem ser

relacionados com o período que antecedeu cada uma das coletas.

Quando analisado o gênero Gracilaria como um todo, através do teste χ2,

observou-se que houve variação significativa na abundância de indivíduos do gênero ao

longo do período amostrado (r = 72,85; tabela 3.1). As análises referentes ao gênero

incluem os espécimes que não puderam ser identificados em nível específico. A

abundância de Gracilaria foi muito maior na coleta realizada em março e foi diminuindo

gradativamente nas coletas posteriores. O mês de março corresponde ao final do período

quente em Salvador, estando possivelmente relacionado à maior abundância de espécies de

Gracilaria. Ao contrário, a abundância decresceu na amostragem feita em agosto, que

representa o final do período frio do ano.

Esse mesmo padrão foi observado em Gracilaria domingensis (r = 45,36). A

espécie G. cuneata, entretanto, apresentou abundância significativamente maior em agosto

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(r = 8,83), o que pode significar uma tendência adaptativa desta espécie às condições

climáticas desta estação. Desta forma, a alternância na ocorrência de G. domingensis e G.

cuneata é observada não apenas na ocupação dos microhabitats, mas também nas épocas

do ano, o que pode ser percebido através da análise da tabela 3.1. É possível, assim,

perceber que a co-ocorrência das espécies no ambiente recifal de Stella Maris pode estar

pressionando as espécies para a adaptação a épocas específicas do ano, o que pode, em

última instância resultar no seu isolamento temporal.

Fatores climáticos podem ter afetado os resultados relacionados à abundância e

distribuição temporal das espécies de Gracilaria. O mês de fevereiro de 2005, quando foi

realizada a terceira coleta, pode ser considerado como atípico com relação à precipitação.

Dados da Estação Meteorológica de Salvador referentes aos anos de 1994 a 2004 mostram

que a média de precipitação mensal do mês de fevereiro é de 96,9 mm. Já o mês de

fevereiro de 2005 apresentou precipitação total mensal de 349,4 mm, ou seja, quase quatro

vezes a média dos onze anos anteriores.

Além de ter provocado o soterramento da zona protegida do segundo sítio de coleta,

a chuva intensa no mês de fevereiro pode ter destacado do substrato um número

considerável de indivíduos do gênero Gracilaria que se encontravam em qualquer dos três

microhabitats amostrados. Assim, este fator pode estar relacionado à menor abundância de

indivíduos neste período do que durante as duas coletas anteriores.

Os dados de herbário mostram que o gênero Gracilaria é mais abundante na

estação chuvosa do ano no litoral baiano (r= 60,442; tabela 3.3). Este padrão é

acompanhado pelas espécies que ocorrem em Stella Maris, nas duas estações do ano em

Salvador, segundo os testes χ2 realizados.

NETO (2000) estudou trinta espécies de algas do litoral de São Miguel, arquipélago

dos Açores, entre clorofíceas, feofíceas e rodofíceas e, em dez delas, um padrão sazonal

bem estabelecido. Nas demais espécies não houve variações sazonais claras. ORDUÑA-

ROJAS & ROBLEDO(2002) não encontraram diferenças significativas no número médio de

plantas de Gracilaria cornea em um ano de estudo na costa de Yucatan, México. No

presente estudo, o material referente a esta espécie, presente no herbário ALCB, também

apresentou distribuição sazonal, ocorrendo em maior abundância na estação chuvosa.

COSTA JR. et. al. (2002) realizaram uma investigação da distribuição espacial e

sazonal de algas em recifes de coral no sul da Bahia e, dentre as espécies encontradas,

registraram a ocorrência de apenas uma espécie do gênero Gracilaria, G. cervicornis. Esta

espécie foi coletada na estação chuvosa, como a maioria dos exemplares da mesma espécie

herborizados no ALCB.

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No trabalho de NETO (2000) foi observado que algumas espécies de macroalgas se

mostravam férteis o ano inteiro (Ulva rigida e Fucus spiralis), outras tiveram períodos de

fertilidade, e poucas espécies mostraram um período restrito de fertilidade. ENGEL &

DESTOMBE (2001) desenvolveram um estudo de dinâmica de populações de Gracilaria

gracilis (Stackhouse) em quatro pontos da costa francesa (Estreito de Dover) e

encontraram pouca variação temporal nas freqüências dos estádios reprodutivos nas

populações. De acordo com o trabalho desenvolvido por BIRD et. al. (1987) no Atlântico

do Canadá, a maioria das populações de Gracilaria apresenta tetrasporogênese máxima em

julho ou agosto, enquanto que uma porcentagem menor de gametófitos ocorre ao longo

deste período. Os autores sugerem que a prevalência de tetrasporófitos está relacionada à

sua longevidade superior e que a reprodução dessas populações se dá principalmente

através de crescimento vegetativo.

No presente trabalho, não foi verificada variação na proporção de indivíduos férteis

e inférteis quando analisado o gênero Gracilaria como um todo nas três coletas (tabela

3.4), a partir da realização do teste χ2. Porém, analisando-se a variação entre cada um dos

estádios reprodutivos, observou-se que o gênero Gracilaria, de uma forma geral,

apresentou um número significativamente maior de indivíduos masculinos e tetraspóricos

na coleta de março (r = 8,02 e r = 28,09, respectivamente), que se compreende, ainda, no

período quente do ano na cidade de Salvador, estando de acordo com o encontrado no

verão canadense por BIRD et. al. (1987).

GUIMARÃES et. al. (1999) estudaram o histórico de vida de Gracilaria domingensis

através de cultivo e concluíram que o ciclo de vida do tipo Polysiphonia foi completado

em seis meses e os tetrasporófitos tornaram-se férteis em 60 dias, mais rapidamente do que

os gametófitos que levaram até 101 dias para tornarem-se férteis. O gênero Gracilaria na

praia de Stella Maris e também em todo o litoral baiano apresentou maior abundância no

mesmo período em que apresentou um número significativamente maior de indivíduos

tetraspóricos.

A aplicação do mesmo teste para as espécies mais abundantes (tabela 3.4) mostrou

que Gracilaria cuneata não acompanhou o padrão do gênero, pois se apresentou

significativamente menos fértil em março de 2004 do que nas demais coletas (r = 88,36).

Esta espécie não apresentou variação significativa no número de indivíduos tetraspóricos

ao longo do período, mas apresentou um número significativamente maior de indivíduos

cistocárpicos na coleta realizada em agosto de 2004 (r = 7,9). A espécie G. domingensis

apresentou o mesmo padrão de distribuição fenológico observado para o gênero

Gracilaria, não apresentando variação no número de indivíduos férteis ao longo do

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período amostrado e apresentando maior freqüência de indivíduos tetraspóricos em março

(r = 14,77), quando analisada a variação entre os estádios reprodutivos.

Não foi verificado isolamento reprodutivo entre as espécies estudadas, embora o

padrão reprodutivo de Gracilaria cuneata tenha mostrado divergências do padrão

observado para o gênero e demais espécies. A grande freqüência de indivíduos

cistocárpicos no inverno reforça estes resultados, já que os gametófitos tornam-se férteis

em cerca de 101 dias, como mostrado por GUIMARÃES et. al. (1999). É possível perceber

uma tendência adaptativa desta espécie no sentido de apresentar maior abundância de

gametófitos férteis no período frio do ano. Esta tendência pode vir a estabelecer o

isolamento temporal entre as espécies mais abundantes na praia de Stella Maris.

Os resultados do teste χ2 para o material de herbário diferem do material coletado,

como pode ser observado na tabela 3.5, pois o gênero Gracilaria no litoral baiano se

mostrou significativamente mais fértil na estação chuvosa, ocorrendo maior freqüência de

todos os estádios reprodutivos nesta estação (cistocárpicas: r = 6,33; masculinas: r = 7;

tetraspóricas: r= 20,48). A análise das espécies mais abundantes mostrou que Gracilaria

cuneata apresentou mais indivíduos masculinos na estação chuvosa (r = 4) e G.

domingensis apresentou mais indivíduos tetraspóricos na estação chuvosa (r = 4,5).

O índice de fertilidade baseado no número de cistocarpos por cm linear do talo

pôde ser comparado nas diferentes coletas apenas em Gracilaria domingensis, que

apresentou número de indivíduos suficiente para a realização de análise de variância, não

apresentando diferença significativa no índice de fertilidade nas diferentes coletas (p valor

= 0,3763). Os índices mostraram, ainda, correlação positiva (r = 0,46) com a abundância

das três espécies mais abundantes nas três coletas (tabela 3.6), embora esta correlação não

tenha sido significativa, de acordo com o teste t. Foi também encontrada correlação

positiva entre a taxa de esporulação e abundância (tabela 3.7), porém, também neste caso, a

correlação não foi significativa, segundo o teste t, devido ao pequeno número de

indivíduos utilizados na análise.

Assim, percebe-se que ambos os índices de fertilidade podem ser ferramentas

promissoras não apenas para verificar tendências adaptativas a microhabitats, mas também

para compreender outros aspectos da biologia e ecologia das espécies do gênero

Gracilaria, desde que a amostragem tenha um número de indivíduos suficiente para a

realização de análises estatísticas.

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Conclusões

Os dados apresentados sugerem haver diferenças nos padrões espaciais e temporais

de abundância e na fenologia entre Gracilaria domingensis e G. cuneata por motivos

adaptativos, relacionados a maior sucesso reprodutivo, ou mesmo por fatores estocásticos.

Para as demais espécies e, mesmo para as duas citadas anteriormente, o isolamento

reprodutivo pode estar relacionado a mecanismos de reconhecimento químico ou

estrutural, como sugerido por HAY & NORRIS (1984), considerando que tentativas de

cruzamentos feitas em laboratório por BIRD & MCLACHLAN (1982) com cinco espécies de

Gracilaria indicaram que estas eram sexualmente incompatíveis.

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