Dissertacao Marco TuotoMARCO
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7/26/2019 Dissertacao Marco TuotoMARCO
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MARCO AURELIO MONTEIRO TUOTO
OS INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS NO BRASIL UM
ESTUDO DE CASO DO SETOR FLORESTAL
Dissertao apresentada como requisito parcial obteno do grau de Mestre em Cincias Florestaisna rea de Concentrao de Economia e PolticaFlorestal, Curso de Ps-graduao em EngenhariaFlorestal, Centro de Cincias Florestais e daMadeira, Setor de Cincias Agrrias, UniversidadeFederal do Paran.
Orientador: Prof. Dr. Vitor Afonso Hoeflich
CURITIBA
2007
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Deus sutil, mas no maldoso
Einstein
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Dedico memria de meu Pai, Carlos Carmelo Tuoto
(1951-1988)
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Ofereo
Minha querida Av por seu exemplo
de superao
Minha querida Me pela dedicao incondicional aos
seus filhos
Minha querida Esposa pelo incentivo e por estar
sempre ao meu lado
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AGRADECIMENTOS
Ao orientador Professor Dr. Vitor Afonso Hoeflich pela sua valiosa orientao,
estmulo e amizade e ao co-orientador Professor Dr. Ricardo Berger pela sua anlise crtica e
sugestes apresentadas.
Professora Dra. Graciela Ines Bolzn de Muiz, coordenadora do Curso de Ps-
graduao em Engenharia Florestal, pelo incentivo e amizade.
STCP Engenharia de Projetos Ltda pela oportunidade de realizao do Curso de
Ps-graduao em Engenharia Florestal, especialmente ao Dr. Ivan Tomaselli pelas suas
contribuies e ao Dr. Josio Deoclcio Pierin Siqueira pelo estmulo sempre presente.
Ao colega Dr. Marcelo Wiecheteck por suas sugestes e estmulo.
Sra. Gisele Batista pelo apoio na reviso bibliogrfica, estruturao de informaes,
formatao e edio, sem o qual no seria possvel a finalizao deste estudo.
Ao Sr. Vincius Igncio da Costa, acadmico do Curso de Cincias Econmicas da
Universidade Federal do Paran, pela sua valiosa contribuio no levantamento de
informaes e formatao.
famlia e aos amigos pela compreenso da ausncia de convvio.
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BIOGRAFIA DO AUTOR
MARCO AURELIO MONTEIRO TUOTO, filho de Carlos Carmelo Tuoto e de
Raquel Maria de Andrade Monteiro, nasceu em Rio Negro, no Estado do Paran, em 09 de
novembro de 1973.
Em 1991 inicia o Curso de Engenharia Florestal na Universidade Federal do Paran,
concluindo-o em 1995.
Iniciou sua carreira profissional na STCP Engenharia de Projetos Ltda em 1992, onde
desde ento tem atuado no desenvolvimento de projetos relacionados indstria e ao mercado
de produtos florestais, bem como planos e programas setoriais. Tem conduzido projetos em
toda a Amrica Latina, particularmente no MERCOSUL e nos pases andinos para
identificao de oportunidades de negcios e anlise de mercado para empresas privadas e
organizaes internacionais (BID, FAO, ITTO e outros). Atuou como gerente de projetos em
mais de 100 projetos/estudos no Brasil e exterior. Atualmente acumula as funes de Assessor
de Diretoria de Planejamento e Controle de Operaes e de Gerente de Unidade de Negcios,
alm de atuar como consultor snior em projetos especiais.
Em 1996 ingressa no Curso de Ps-graduao em nvel de Especializao em Cincias
Econmicas, com rea de Concentrao em Economia de Empresas, na Faculdade Catlica
de Administrao e Economia, tendo concludo-o no mesmo ano.
Em 2002 trabalhou na INDUFOR Oy, em Helsinque, Finlndia, empresa com a qual a
STCP possui acordo operacional, tendo sido responsvel pela conduo de estudo de
benchmarkingentre indstrias florestais brasileiras e finlandesas, o qual tinha como propsito
introduzir novas tecnologias de informao no setor florestal brasileiro e melhorar a
competitividade da indstria florestal nacional.
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Ao longo de sua carreira profissional proferiu mais de 30 palestras em seminrios,
congressos e simpsios tanto em nvel nacional como internacional. Possui mais de 50 artigos
publicados em revistas, jornais, publicaes especializadas tanto nacionais como
internacionais.
Em 2005 iniciou o Curso de Ps-graduao em Engenharia Florestal, na Universidade
Federal do Paran, visando a obteno do ttulo de Mestre em Cincias Florestais, com rea
de Concentrao em Economia e Poltica Florestal.
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SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................... 11.1 EVOLUO RECENTE DOS INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS
DIRETOS....................................................................................................... 4
1.1.1 Investimentos Estrangeiros Diretos no Mundo ...................................... 4
1.1.2 Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil......................................... 10
1.2 O SETOR FLORESTAL BRASILEIRO E OS INVESTIMENTOSESTRANGEIROS DIRETOS........................................................................ 15
2 OBJETIVO DO ESTUDO .................................................................................. 19
2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 19
2.2 OBJETIVO ESPECFICO ............................................................................. 19
3 MATERIAIS E MTODOS ............................................................................... 20
3.1 ABRANGNCIA........................................................................................... 20
3.2 MTODOS..................................................................................................... 20
3.2.1 Conceitos de Investimentos Estrangeiros Diretos .................................. 20
3.2.2 Teorias sobre Investimentos Estrangeiros Diretos.................................. 22
3.2.3 Fatores Determinantes dos Investimentos Estrangeiros Diretos ............ 25
3.2.3.1 Geral ................................................................................................ 25
3.2.3.2 Setor Florestal.................................................................................. 33
3.2.4 Marco Legal dos Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil ............ 37
3.2.5 O Mtodo de Estudo de Caso ................................................................. 40
3.3 INFORMAES PARA ANLISE .............................................................. 45
3.4 COLETA DE DADOS E FONTES DE INFORMAO ............................. 46
3.5 PERODO DE ANLISE .............................................................................. 47
4 RESULTADOS E DISCUSSES ....................................................................... 48
4.1 INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS NO SETORFLORESTAL ................................................................................................. 48
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4.1.1 Aspectos Gerais....................................................................................... 48
4.1.2 Panorama Mundial.................................................................................. 49
4.1.2.1 Investimento Estrangeiro Direto em Silvicultura............................ 494.1.2.2 Investimento Estrangeiro Direto na Indstria Florestal .................. 52
4.1.3 Panorama Nacional ................................................................................. 57
4.2 INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS IDENTIFICADOS NOSETOR FLORESTAL DO BRASIL.............................................................. 60
4.2.1 Montantes e Origem................................................................................ 60
4.2.2 Investimentos Estrangeiros Diretos e Atividades Alvo .......................... 65
4.2.2.1 Silvicultura ...................................................................................... 65
4.2.2.2 Indstria Florestal............................................................................ 69
4.2.3 Tipo de Investimentos Estrangeiros Diretos........................................... 74
4.3 FATORES DETERMINANTES DOS INVESTIMENTOSESTRANGEIROS DIRETOS........................................................................ 80
4.4 IMPACTO DOS INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS ........... 92
4.4.1 Produo ................................................................................................. 92
4.4.1.1 Silvicultural ..................................................................................... 92
4.4.1.2 Industrial.......................................................................................... 95
4.4.2 Exportao .............................................................................................. 99
5 CONCLUSES E RECOMENDAES ......................................................... 102
5.1 CONCLUSES.............................................................................................. 102
5.2 RECOMENDAES .................................................................................... 106
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 107
DOCUMENTOS CONSULTADOS ...................................................................... 112
ANEXO I CLASSIFICAO DE PASES DE ACORDO COM A UNCTAD
ANEXO II QUESTIONRIO
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LISTA DE TABELAS
TABELA 01 PRINCIPAIS FAS MUNDIAIS ENVOLVENDO EMPRESAS DOSETOR FLORESTAL (1996-2005)......................................................... 56
TABELA 02 INVESTIMENTOS DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS NO SETORFLORESTAL DO BRASIL (1996-2005)................................................. 61
TABELA 03 INVESTIMENTOS DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS EMATIVIDADES SILVICULTURAIS NO BRASIL (1996-2005).............. 66
TABELA 04 INVESTIMENTOS DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS NAINDSTRIA FLORESTAL NO BRASIL (1996-2005) .......................... 70
TABELA 05 TIPOS DE INVESTIMENTOS DE EMPRESAS ESTRANGEIRASNO SETOR FLORESTAL DO BRASIL (1996-2005) ............................ 76
TABELA 06 IEDs NO ESTABELECIMENTO DE NOVAS PLANTAESFLORESTAIS NO BRASIL (1996-2005)................................................ 93
TABELA 07 IEDs EM GREENFIELD INVESTMENTSE AMPLIAES DAINDSTRIA FLORESTAL NO BRASIL (1996-2005) .......................... 96
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 CLASSIFICAO DOS FATORES QUE AFETAM OS IDs NOSETOR FLORESTAL.............................................................................. 36
FIGURA 02 ORIGEM DOS INVESTIMENTOS DE EMPRESAS ESTRANGEIRASNO SETOR FLORESTAL DO BRASIL (1996-2005) ............................ 63
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 EXEMPLOS DE VANTAGENS ESPECFICAS SEGUNDO OMODELO OLI.......................................................................................... 24
QUADRO 02 FATORES DETERMINANTES DOS IDs APLICADOS AO SETORFLORESTAL NA AMRICA LATINA.................................................. 36
QUADRO 03 PRINCIPAIS RESTRIES PARA IEDs NO BRASIL......................... 39
QUADRO 04 METODOLOGIA APLICADA EM ESTUDOS SOBRE IEDs............... 41
QUADRO 05 O AVANO DAS TIMOs NO SETOR FLORESTAL............................ 51
QUADRO 06 RESUMO DA CLASSIFICAO DOS FATORES INDUTORES ERESTRITIVOS AOS IEDs NO SETOR FLORESTAL BRASILEIRO.. 92
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LISTA DE GRFICOS
GRFICO 01 EVOLUO DOS INGRESSOS MUNDIAIS DE IED (1996-2005)..... 5GRFICO 02 EVOLUO DAS OPERAES MUNDIAIS DE FAS (1996-2005) .. 6
GRFICO 03 PRINCIPAIS PASES RECEPTORES E EMISSORES DE IEDs .......... 7
GRFICO 04 EVOLUO DOS IEDs MUNDIAIS SEGUNDO OS PRINCIPAISSETORES DA ECONOMIA.................................................................... 9
GRFICO 05 EVOLUO DOS IEDs NO BRASIL (1970-2005) ............................... 13
GRFICO 06 ORIGEM DOS IEDs PARA O BRASIL.................................................. 13
GRFICO 07 EVOLUO DOS ESTOQUES DE IEDs NO BRASIL SEGUNDOOS PRINCIPAIS SETORES DA ECONOMIA....................................... 14
GRFICO 08 PARTICIPAO DAS ATIVIDADES DE AGRICULTURA,SILVICULTURA, CAA E PESCA NOS IEDs NO SETORPRIMRIO EM NVEL MUNDIAL (2004) ........................................... 50
GRFICO 09 IMPORTNCIA RELATIVA DOS IEDs NA INDSTRIAFLORESTAL FRENTE A OUTROS SEGMENTOS (2004) .................. 53
GRFICO 10 EVOLUO DAS FAS NA INDSTRIA FLORESTAL EM NVELMUNDIAL (1996-2005)........................................................................... 55
GRFICO 11 DISTRIBUIO DO ESTOQUE DE IEDs NO SETOR FLORESTALBRASILEIRO (2005) ............................................................................... 58
GRFICO 12 EVOLUO DO FLUXO DE IED NO SETOR FLORESTALBRASILEIRO (1996-2005)...................................................................... 58
GRFICO 13 PRINCIPAIS PASES ESTRANGEIROS QUE INVESTIRAM NOSETOR FLORESTAL BRASILEIRO (1996-2005)................................. 64
GRFICO 14 PARTICIPAO DOS TIPOS DE IED NO SETOR FLORESTAL DOBRASIL (1996-2005) ............................................................................... 78
GRFICO 15 EVOLUO DAS FAS NO SETOR FLORESTAL DO BRASIL(1996-2005) .............................................................................................. 78
GRFICO 16 FATORES DETERMINANTES DOS IEDs NO SETOR FLORESTALBRASILEIRO........................................................................................... 81
GRFICO 17 COMPARAO ENTRE O IMA E O CICLO DE CORTE DO
BRASIL E DE OUTROS PASES SELECIONADOS............................ 82
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GRFICO 18 COMPARAO DO PREO DE MADEIRA EM TORA PARACELULOSE (NO-CONFERA) NO BRASIL E PASESSELECIONADOS (2005)......................................................................... 84
GRFICO 19 COMPARAO ENTRE O CUSTOS DE PRODUO DECELULOSE BRANQUEADA DE FIBRA CURTA (2006).................... 85
GRFICO 20 PARTICIPAO DAS PLANTAES FLORESTAISESTABELECIDAS ATRAVS DE IEDS EM RELAO REATOTAL DE FLORESTAS PLANTADAS NO BRASIL......................... 94
GRFICO 21 IMPACTO DOS IEDs NA CAPACIDADE DE PRODUOBRASILEIRA DE PRODUTOS FLORESTAIS SELECIONADOS ...... 97
GRFICO 22 PARTICIPAO DOS IEDs OCORRIDOS ENTRE 1996 E 2005 NAS
EXPORTAES BRASILEIRAS DE PRODUTOS FLORESTAISSELECIONADOS EM 2005 .................................................................... 100
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LISTA DE SMBOLOS
% Porcentagemha Hectare
km Quilmetro
m2 Metro quadrado
m3 Metro cbico
t Tonelada
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LISTA DE SIGLAS
ABDIB Associao Brasileira de Infra-estrutura e Indstrias de BaseABIMAQ Associao Brasileira de Mquinas e Equipamentos
ABIMCI Associao Brasileira da Indstria de Madeira Processada Mecanicamente
ABIPA Associao Brasileira da Indstria de Painis de Madeira
ABRAF Associao Brasileira de Florestas Plantadas
AGL Aglomerado
AMP Ampliao
APEX Agncia de Promoo de Exportaes e Investimentos
APP rea de Preservao Permanente
BCB Banco Central do Brasil
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social
BRACELPA Associao Nacional dos Fabricantes de Celulose e Papel
BRIC Brasil, Rssia, ndia e China
C&P Celulose e papel
CBE Celulose branqueada de eucalipto
CNA Confederao da Agricultura e Pecuria do Brasil
CNC Confederao Nacional do Comrcio
CNF Confederao Nacional das Instituies Financeiras
CNI Confederao Nacional da Indstria
COME Compensado de eucalipto
EE Empresas estrangeiras
EGP Edge glued panel
EMN Empresa multinacional
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EUA Estados Unidos da Amrica
FAS Fuses e aquisies
FMI Fundo Monetrio InternacionalGI Greenfield investment
ID Investimento direto
IDD Investimento domstico direto
IED Investimento estrangeiro direto
IFC International Finance Corporation
IMA Incremento mdio anual
INCRA Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria
ITTO International Tropical Timber Organization
JV Joint-venture
MDF Medium Density Fiberboard
MDIC Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio.
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MP Moldura de pinus
MSP Madeira serrada de pinus
nd Informao no disponvel
OCDE Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico
OEMAs rgos Estaduais de Meio Ambiente
OLI Ownership,LocationeInternalization
OMC Organizao Mundial do Comrcio
OSB Oriented Strand Board
OSCIP Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico
P&D Pesquisa e desenvolvimento
PIB Produto Interno Bruto
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PL Piso laminado
PMS Produtos de madeira slida
PNUD Programa das Naes Unidas para o DesenvolvimentoRENAI Rede Nacional de Informaes sobre o Investimento
RL Reserva Legal
SBS Sociedade Brasileira de Silvicultura
SFB Servio Florestal Brasileiro
SINICON Sindicato Nacional da Indstria da Construo Pesada
TIMO Timberland Investment Management Organization
UE Unio Europia
UNCTAD United Nations Conference on Trade and Development
USD Dlar Americano
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RESUMO
O presente estudo tem como objetivo principal entender a dinmica envolvida nosinvestimentos estrangeiros diretos (IEDs) aplicados no setor florestal brasileiro, enquanto queos objetivos especficos foram (i) caracterizar e analisar os ingressos de IED no setor florestalbrasileiro; (ii) identificar e analisar os fatores determinantes dos IEDs no setor florestalbrasileiro; e (ii) avaliar os impactos dos IEDs na produo e exportao da indstria florestalbrasileira. A metodologia empregada est baseada no mtodo de estudo de caso, levando emconsiderao uma extensa reviso bibliogrfica e entrevistas com executivos de subsidiriasde empresas multinacionais (EMNs) que operam no Brasil. Os resultados indicam que osestoques de IEDs aplicados no setor florestal brasileiro so pouco significativos frente aosIEDs aportados no setor florestal mundial. Os IEDs ocorridos no setor florestal do Brasil nosltimos anos foram concentrados na indstria de celulose & papel, marcado por um intenso
processo de fuses e aquisies (FAS). Embora os IEDs no setor florestal brasileiro tenhamsido predominantemente baseados em FAS, os limitados IEDs em novos empreendimentosexerceram impacto tanto na produo como na exportao da indstria florestal nacional.Alm disso, os resultados do estudo sugerem que os fatores indutores aos IEDs no setorflorestal brasileiro so a produtividade florestal/custo da matria-prima, o tamanho e potencialde mercado, a estabilidade macroeconmica, a integrao MERCOSUL e a estabilidadepoltica, enquanto os fatores restritivos so o custo Brasil, a carga tributria excessiva, omarco legal e institucional ineficiente, a ausncia de poltica especfica para atrao de IED ea falta de poltica florestal com foco na produo. A classificao do BID se mostrou muitomais adaptvel identificao dos fatores determinantes dos IEDs aplicados no setor florestalbrasileiro que a classificao da UNCTAD. No caso dos principais fatores indutores
prevalecem os intra-setoriais (intrnsecos ao setor florestal), porm no caso dos principaisfatores restritivos predominam os supra-setoriais (aqueles que afetam todos os setoresprodutivos do pas). Isso indica que caso o pas queira intensificar a atrao de IEDs para osetor florestal brasileiro, aes especficas devem ser orientadas para os fatores supra-setoriais, os quais geralmente exigem solues mais complexas e que, quase sempre,demandam maior tempo e esforo quando comparado com os fatores intra-setoriais.
PALAVRAS-CHAVE: investimento estrangeiro direto; setor florestal brasileiro; empresasmultinacionais; fatores determinantes; indstria florestal.
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ABSTRACT
The main objective of this study was to understand the dynamic involved in the flow offoreign direct investments (FDIs) into the Brazilian forest sector. The specific objectives were(i) to characterize and analyze the inflows of FDI in the Brazilian forest sector; (ii) to identifyand analyze the FDI determinants in the Brazilian forest sector; and (iii) evaluate the impactsof FDIs on the production and exports of the Brazilian forest industry. The methodologyadopted in this study was based on the case study method, taking into consideration acomprehensive bibliography review and interviews with executives from subsidiaries oftransnational corporations (TNCs) operating in Brazil. The results of this study pointed thatthe FDI stocks in the Brazilian forest sector are less significant compared to the flow of FDItowards the forest sector worldwide. The FDIs applied to the Brazilian forest sector during thelast decade were concentrated in the pulp and paper industry, which was marked by an
intensive process of mergers and acquisitions (M&A). Although FDIs in the Brazilian forestsector have been predominantly based on M&A, the reduced greenfield FDIs provoked someimpact on both the production and exports of the national forest industry. Furthermore, theresults of this study suggest that FDI-inducing factors in the Brazilian forest sector are thehigh forest productivity/low raw material cost, large market size and potential,macroeconomic stability, the MERCOSUR integration, and political stability. On the otherhand, FDI-restricting factors are the Brazil cost, excessive taxes, inefficient institutional andlegal framework, lack of specific policies to attract FDI, and lack a forest policy with focus onproduction. The IADB classification of FDI determinants has been much more suitable toidentify the determinants of FDI in the Brazilian forest sector than UNCTAD classification.As for the main FDI-inducing factors, the intra-sectorial ones (intrinsic to the forest sector)
prevail. However, in the case of FDI-restricting factors, the supra-sectorial ones (those thataffect all productive sectors of the country) predominate. This shows that if Brazil wants tointensify the attraction of FDI to the forest sector, specific actions should be oriented toimprove the supra-sectorial factors, which usually require complex solutions and, almostalways, demand more time and efforts compared to intra-sectorial factors.
KEYWORDS: foreign direct investments (FDI); Brazilian forest sector; transnationalcorporations (TNC); FDI determinants; Brazilian forest industry.
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1 INTRODUO
Os investimentos estrangeiros diretos (IEDs) so definidos como recursos de
investidores de um determinado pas aplicados no estabelecimento de novas empresas ou na
aquisio (total ou parcial) de empresas, instalaes e/ou estoques existentes em outro pas
(SOUSA, 2001).
Para um pas receptor, o IED pode ser uma maneira de estimular o crescimento
econmico quando o nvel de poupana interna for insuficiente para atender s necessidades
potenciais de investimento, embora isso geralmente acentue o grau de dependncia econmica
e poltica do pas anfitrio em relao aos pases exportadores de capital. Na realidade, em
pases onde o nvel de poupana baixo, fundamental a complementao com investimento
estrangeiro (SOUSA, 2001).
O IED tambm considerado como um importante canal para a transferncia de
tecnologia. Tal afirmao baseia-se em fatos que demonstram que as empresas multinacionais
(EMNs) podem ser importantes veculos para a transferncia direta e indireta de tecnologia
entre os pases. A utilizao de tecnologia mais avanada ou de inovao so caractersticas
que, muitas vezes, se evidenciam naquelas empresas que investem no estrangeiro
(GREGORY & OLIVEIRA, 2005).
A difuso da tecnologia associada aos IEDs pode ocorrer de forma deliberada, quando
a tecnologia licenciada pela filial a uma empresa local, ou pode ser na forma de spillover
tecnolgico, quando as atividades de uma EMN proporcionam benefcios para agentes
econmicos locais alm dos pretendidos pela prpria EMN. Outro exemplo de difuso
deliberada a elevao da capacidade tecnolgica das empresas locais que realizam negcios
com as EMNs (GREGORY & OLIVEIRA, 2005).
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Existem situaes em que os IEDs podem ser difusores de conhecimento.
Normalmente, as empresas estrangeiras que entram no mercado e trazem novos mtodos de
organizao e distribuio oferecem assistncia tcnica aos fornecedores locais e clientes e
treinam a mo-de-obra, a qual poder, posteriormente, trabalhar em empresas locais.
Subsidirias estrangeiras podem empreender pesquisas e desenvolver atividades direcionadas
a adaptar as inovaes introduzidas na matriz para condies presentes no pas receptor
(GREGORY & OLIVEIRA, 2005).
Outro aspecto em que os IEDs exercem grande importncia para o pas receptor no
tocante sua internacionalizao. Geralmente, as empresas estrangeiras tm uma vantagem
comparativa tpica no conhecimento do mercado internacional, no tamanho e eficincia dos
canais de distribuio e na habilidade de responder rapidamente s mudanas de padres no
mercado mundial. As filiais estrangeiras tambm podem gerar efeitos positivos na propenso
a exportar de algumas empresas locais (SAUVANT, 2004).
A experincia de alguns pases sugere ainda que o IED desempenha importante papel
como indutor de competitividade nas exportaes. As empresas estrangeiras geralmente
introduzem novas tecnologias e conhecimento, alm de facilitar o acesso aos mercados
globais e s redes de produo integradas (UNCTAD & PNUD, 2004).
No menos importante a correlao positiva entre os ingressos de IED e as
exportaes do pas receptor. Estudos evidenciam que freqentemente as empresas querealizam investimentos estrangeiros j so exportadoras. As empresas controladas no exterior
tendem a exportar numa proporo maior que as empresas nacionais em um mesmo setor ou
segmento (LACERDA, 2004).
Uma anlise dos desdobramentos dos IEDs inclui tambm o impacto no balano de
pagamentos do pas receptor de IED. Embora o impacto inicial do ingresso do IED no balano
de pagamento do pas receptor possa ser positivo, em mdio prazo tal impacto seria negativo,
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pois as EMNs aumentariam suas importaes de bens intermedirios e de servios, e
comeariam a repatriar seus rendimentos (IEDI, 2003). No entanto, de acordo com a
Organizao Mundial do Comrcio (OMC), o IED provoca impacto positivo maior nas
exportaes do pas receptor que nas suas importaes. Assim, os problemas de balano de
pagamentos, se ocorrerem, podero no ser significativos. Alm disso, o IED no a nica
fonte de flutuaes na demanda e oferta por divisas e os governos adotam regularmente
polticas monetria, fiscal e cambial para manter a conta do balano de pagamentos em nvel
sustentvel. muito provvel que os ganhos trazidos pelo IED para a economia do pas
excedam os custos gerados por eventuais problemas no balano de pagamentos.
Segundo o IFC (1997), se por um lado os IEDs so importantes para os pases em
desenvolvimento e a maioria deles procura encorajar seu ingresso, por outro os IEDs podem
provocar:
Impacto negativo sobre o balano de pagamentos, caso as remessas de lucros,
dividendos e royaltiesexcedam os ingressos de capital;
Perda de receita tributria no caso das EMNs instaladas empregarem polticas de
transferncia de preos (superfaturamento de importaes e subfaturamento de
exportaes), com o propsito de reduzir os lucros tributveis;
Enclaves com pequena ou nenhuma relao com a economia domstica;
Prejuzos s firmas domsticas, diante da concorrncia desleal de competidores
estrangeiros mais fortes;
Perda da soberania econmica, a qual ficaria cada vez mais concentrada e
dependente das estratgias das EMNs.
Quase sempre as vises negativas sobre os efeitos gerados pelos IEDs esto associadas
explorao do mercado do pas receptor e conseqente reduo da sua capacidade de
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comando sobre a economia. Existem tambm preocupaes a respeito dos efeitos dos IEDs
nas polticas pblicas, quanto vulnerabilidade dos governos a presses externas e no tocante
aos interesses nacionais (GREGORY & OLIVEIRA, 2005).
De qualquer maneira, a influncia do IED sobre os pases receptores quase sempre
controversa, pois se podem observar efeitos positivos e negativos decorrentes de sua presena
(CARVALHO, 2005; GREGORY & OLIVEIRA, 2005).
1.1 EVOLUO RECENTE DOS INVESTIMENTOS ESTRANGEIROSDIRETOS
1.1.1 Investimentos Estrangeiros Diretos no Mundo
Em que pese as primeiras evidncias claras sobre os IEDs datarem do sculo XV e
XVI e tenham se mostrado crescentes principalmente na primeira metade do sculo XX
(WILKING, 1970 apudLIPSEY, 2001), os IEDs passaram a ocupar posio de destaque no
cenrio internacional somente no final da dcada de 80, resultado do processo de globalizao
da economia mundial, associado a liberalizao dos mercados financeiros. Na segunda metade
da dcada de 90, os fluxos de IED se acentuaram ainda mais devido a diferentes fatores, entre
eles: (i) intensificao da liberalizao dos IEDs; (ii) ampliao dos tratados comerciais
bilaterais e multilaterais; (iii) intensificao dos processos de privatizao; (iv) forte onda defuses e aquisies (FAS) transfronteirias, principalmente na trade EUA, UE e Japo; (v)
fortes investimentos em empresas .com e de alta tecnologia; e (vi) espetacular desempenho
da economia americana, a qual impulsionou as demais economias mundiais (BID, 2004).
Toda essa dinmica de eventos foi importante para que os IEDs em nvel mundial
fossem crescentes at 2000, quando foi alcanado o valor recorde de USD 1,4 trilhes. Os
fluxos de IED sofreram uma drstica reduo nos anos subseqentes, o que perdurou at
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2003. O valor dos IEDs mundiais alcanaram USD 558 bilhes em 2003, montante similar ao
verificado em 1997. Em 2004, o fluxo mundial de IED voltou a crescer e, em 2005, atingiu
um montante da ordem de USD 916 bilhes. Entretanto, tal crescimento ainda no foi
suficiente para superar o recorde experimentado em 2000 (vide grfico 01) (UNCTAD, 2006).
GRFICO 01 EVOLUO DOS INGRESSOS MUNDIAIS DE IED (1996 2005)
0
200
400
600
800
1000
1200
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
USDbilhes
Pases desenvolvidos Pases em desenvolvimento Economias em transio
FONTE: UNCTAD, 2001-2006ELABORAO: prpria
A retomada do crescimento dos fluxos mundiais de IED reflete basicamente um
aumento de FAS transfronteirias, especialmente entre pases desenvolvidos1, aliado s
elevadas taxas de crescimento e melhores resultados da economia de muitos pases emdesenvolvimento2e das economias em transio3(UNCTAD, 2006).
As operaes de FAS ocorridas em 2005 atingiram USD 716 bilhes (vide grfico 02),
montante somente inferior ao valor verificado em 2000 (USD 1,1 trilhes) quando ocorreu o
pico dos IEDs e, conseqentemente, das operaes de FAS (UNCTAD, 2006).
1Vide lista de pases desenvolvidos, segundo classificao da UNCTAD no Anexo I.2Vide lista de pases em desenvolvimento, segundo classificao da UNCTAD no Anexo I.
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GRFICO 02 EVOLUO DAS OPERAES MUNDIAIS DE FAS (1996 2005)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
No.deOperaesdeFAS
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
OperaesdeFAS(USD
bilho)
No. de Operaes de FAS Operaes de FAS (USD bilho)
FONTE: UNCTAD, 2006ELABORAO: prpria
Uma nova caracterstica do recente auge das FAS o aumento dos investimentos dos
fundos de investimento coletivo, principalmente fundos de capital privado. Vrios fatores,
como taxa de juros baixa e uma crescente integrao financeira, tm conduzido as empresas
de investimento de capital privado a realizar investimentos diretos no estrangeiro, as quais,
segundo estimativas, alcanaram em 2005 aproximadamente USD 135 bilhes e
representaram quase 20% das operaes de FAS. Diferentemente do que ocorre com outros
tipos de IED, as empresas de investimento de capital privado no tendem a realizar
investimentos de longo prazo e seu horizonte cronolgico varia entre 5 e 10 anos. Cabe
mencionar que a propriedade estrangeira pode abrir mercados e permitir acesso a novas
tecnologias, enquanto os investimentos de capital privado podem ajudar as empresas do pas
receptor em uma conjuntura crtica a avanar em uma fase crtica de desenvolvimento
(UNCTAD, 2006).
3Vide lista das economias em transio, segundo classificao da UNCTAD no Anexo I.
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Historicamente, os pases desenvolvidos so os principais receptores de IED. Em
2005, os fluxos de IEDs para os pases desenvolvidos subiram para USD 542 bilhes, o que
significou um aumento de 37% em relao ao ano anterior, enquanto os fluxos de IEDs para
os pases em desenvolvimento atingiram o nvel mais alto at ento registrado (USD 334
bilhes). Os IEDs aplicados em pases desenvolvidos representaram 59% do fluxo mundial de
IEDs em 2005. Por sua vez, os pases em desenvolvimento contriburam com 36% do fluxo
mundial de entrada de IEDs em 2005 e as economias em transio participaram com os
restantes 5% (UNCTAD, 2006).
Isoladamente, o principal pas receptor de IED em 2005 foi o Reino Unido (USD 165
bilhes). Embora tenha sofrido uma forte reduo de IED, os EUA foram o segundo principal
pas receptor de IED em 2005 (vide grfico 03).
GRFICO 03 PRINCIPAIS PASES RECEPTORES E EMISSORES DE IEDs
Principais Receptores de IED Principais Emissores de IED
-50 0 50 100 150 200
Reino UnidoEUA
ChinaFrana
HolandaHong Kong
CanadAlemanha
BlgicaEspanha
CingapuraItlia
MxicoBrasil
Rssia
USD bilhes
2005
2004
0 20 40 60 80 100 120 140
HolandaFrana
Reino UnidoJapo
AlemanhaSuiaItlia
EspanhaCanad
Hong KongSucia
BlgicaIlhas Virgens Britnicas
NoruegaRssia
USD bilhes
2005
2004
FONTE: UNCTAD, 2006ELABORAO: prpria
Entre os pases em desenvolvimento, o rol de principais pases receptores de IED
permaneceu praticamente estvel em comparao com os anos anteriores recentes. China
ocupou o primeiro lugar, seguido por Cingapura, Mxico e Brasil. Sob o ponto de vista
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regional, os 25 membros da UE foram o destino principal dos IEDs mundiais, pois receberam
quase metade dos IEDs em 2005 (USD 442 bilhes). A sia recebeu USD 200 bilhes em
IED, enquanto que a Amrica do Norte experimentou USD 133 bilhes em IED. A Amrica
Latina, liderada por Mxico e Brasil, recebeu USD 65 bilhes. A frica, por sua vez, recebeu
USD 31 bilhes, montante sem precedente para a regio (UNCTAD, 2006).
Embora os principais pases receptores de IEDs ainda sejam os pases desenvolvidos,
os processos de ajustes macroeconmicos e a desregulamentao dos mercados
experimentada em grande parte nos pases em desenvolvimento vm motivando o interesse
dos pases detentores de capital em ampliar negcios em tais pases. Basicamente, os
seguintes fatores explicam o aumento do fluxo de IED para os pases em desenvolvimento: (i)
o sucesso de polticas de estabilizao econmica; (ii) intensificao de polticas de atrao de
capitais; (iii) nfase nas polticas de privatizao; (iv) melhores expectativas de crescimento; e
(v) busca de novos mercados (GREGORY & OLIVEIRA, 2005).
Tradicionalmente, os pases desenvolvidos so a principal fonte de IED. Em 2005, a
Holanda investiu USD 119 bilhes no estrangeiro, seguido pela Frana (USD 115 bilhes) e
Reino Unido (USD 101 bilhes). Cabe observar um significativo aumento dos IEDs
realizados pelos pases em desenvolvimento, encabeados por Hong Kong (China). Na
realidade, o papel dos pases em desenvolvimento e das economias emergentes como fonte de
IEDs tem aumentado nas ltimas dcadas. At meados da dcada de 80, os IEDs por parte dospases em desenvolvimento e das economias emergentes eram quase insignificantes, porm,
em 2005, alcanaram USD 133 bilhes, o que equivale a 17% dos IEDs mundiais (UNCTAD,
2006).
O fluxo mundial de IED experimentou uma importante mudana na dcada de 90 em
relao aos diferentes setores da economia. Durante a primeira metade da dcada de 90,
predominou basicamente os IEDs para o setor secundrio (indstria). Neste perodo, o setor
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secundrio respondeu por praticamente metade do fluxo mundial de IED, enquanto o setor
tercirio (servios) representou 45% e o setor primrio contribuiu com apenas 4% (BID,
2004; UNCTAD, 2006).
A partir do incio da segunda metade da dcada de 90, a importncia do setor
secundrio como receptor de IEDs caiu significativamente (vide grfico 04). Em 2000, o setor
secundrio representou somente 26% do fluxo mundial de IED, enquanto o setor tercirio
passou a responder por 73%. No mesmo ano, o setor primrio atingiu sua menor
representatividade em termos de IED (1%) (BID, 2004; UNCTAD, 2006).
GRFICO 04 EVOLUO DOS IEDs MUNDIAIS4 SEGUNDO OS PRINCIPAIS SETORES DAECONOMIA
0%
20 %
40 %
60 %
80 %
100%
1990 1995 2000 2005
Setor Primrio Setor Secundrio Setor Tercirio FONTE: UNCTAD, 2001-2006ELABORAO: prpria
Sem dvida nenhuma, a importncia alcanada pelo setor tercirio a partir da segunda
metade da dcada de 90 em termos de IED foi influenciada pela intensificao do processo de
privatizao de empresas de servio estatais (comunicao, energia, gs, gua, etc.) nos pases
4Baseado em dados da UNCTAD de FAS.
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em desenvolvimento e nas economias de transio. Outros aspectos tambm influenciaram o
fluxo mundial de IED para o setor tercirio, entre os quais se pode mencionar, por exemplo, o
aumento das operaes de FAS entre bancos e instituies financeiras e o aumento de IED
para as empresas .com e atividades imobilirias (BID, 2004).
Na realidade, o predomnio dos servios no fluxo mundial de IED no uma
novidade. O que se evidencia o espetacular crescimento dos IEDs no setor primrio,
sobretudo na indstria petroleira (incluindo leo e gs natural) e na indstria de minerao.
Em 2005, os IEDs aplicados no setor primrio passaram a representar 16% dos IEDs totais em
contraposio a participao de 1% experimentada em 2000 (UNCTAD, 2006).
A expectativa, pelo menos no curto prazo, que os fluxos mundiais de IED seguiro
aumentando. Tal expectativa se baseia no contnuo crescimento econmico, no aumento das
utilidades das empresas (com o conseqente aumento do preo das aes que, por sua vez,
aumentar o valor das FAS) e a liberalizao de polticas econmicas. Dados preliminares da
UNCTAD indicam que no primeiro semestre de 2006, as operaes de FAS aumentaram
quase 40% em comparao com o mesmo perodo de 2005. Entretanto, existem fatores que
podem impedir um maior crescimento dos IEDs, entre eles: a persistncia dos elevados preos
do petrleo no mercado internacional, o aumento da taxa de juros e o aumento das presses
inflacionrias (que podem restringir o crescimento econmico na maioria das regies). Alm
disso, os diversos desequilbrios da economia mundial e as tenses geopolticas em algumasregies podem acentuar as incertezas (UNCTAD, 2006).
1.1.2 Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil
Aps o fim da 2aGuerra Mundial, o Brasil foi o principal receptor de IED na Amrica
Latina e uma importante fonte de IED para a regio at incio dos 80, quando a crise da
dvida externa praticamente inviabilizou o recebimento de IED at o princpio da dcada de
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90 (UNCTAD & PNUD, 2004). Na realidade, a crise da dvida externa fez com que o
Brasil no aproveitasse o surto de crescimento dos IEDs durante os anos 80. Nesse perodo
at os primeiros anos da dcada de 90, os nveis de ingresso de IED no pas permaneceram
muito baixos e praticamente estagnados (SOUSA, 2001; TIMM & GRABENSHROER,
2004).
Nos primeiros anos da dcada de 1990, o governo brasileiro implementou um conjunto
de medidas liberalizantes, de forma a promover a abertura comercial do pas ao exterior e a
desregulamentao do mercado interno. A carncia de investimentos que se refletia na
precariedade dos servios de infra-estrutura, principalmente nas reas de energia,
telecomunicao, transportes e portos levou implementao da fase inicial do programa de
privatizaes. Alm dessas iniciativas que contriburam para melhorar o ambiente para a
realizao de IED no pas, o governo brasileiro tambm renegociou sua dvida externa e
estabeleceu uma estratgia para conter a inflao (Plano Real) (GREGORY & OLIVEIRA,
2005).
As medidas tomadas trouxeram um resultado imediato em termos de atrao de IED
para o pas, pois o controle da inflao, que tanto assustava os investidores estrangeiros, veio
consolidar o ambiente interno receptivo a novos investimentos, complementando as medidas
liberalizantes, a negociao da dvida externa e o programa de privatizaes. Outro fator
relevante foi o surgimento do MERCOSUL, o que representou a ampliao do mercadodomstico brasileiro (MORAES, 2003; GREGORY & OLIVEIRA, 2005).
Os ingressos de IED no Brasil se mostraram crescentes desde a metade dos anos 90,
culminando em 2000 com um valor de USD 33,3 bilhes. Em grande parte, esse fato se
explica pela ocorrncia de uma onda de investimentos com predominncia de operaes de
FAS de empresas em nvel mundial. Embora essa tendncia tenha sido mais acentuada nos
pases desenvolvidos, o Brasil tambm se beneficiou desse movimento, em virtude do
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processo de privatizao empreendido na dcada de 90, que contou com expressiva
participao do capital estrangeiro (GREGORY & OLIVEIRA, 2005).
J em 2001 o fluxo de IED diminuiu, reflexo de um conjunto de acontecimentos
ocorridos internacionalmente, marcado sobretudo pelo desaquecimento da economia mundial.
Isso provocou uma queda abrupta nos ingressos de IED no Brasil. Embora a reduo
verificada nos IEDs em pases em desenvolvimento tenha sido, em mdia, de 15%, no caso
brasileiro os IEDs caram quase 40%, resultado da reduo do programa de privatizaes, da
crise energtica e da instabilidade provocada pelo processo de eleio presidencial
(desconfiana de possveis mudanas no rumo da poltica nacional). Mesmo assim, o Brasil
esteve, em 2001, entre os quatro principais pases em desenvolvimento receptores de IED.
Porm, na segunda metade da dcada de 90, no conjunto dos pases em desenvolvimento, o
Brasil s havia sido superado pela China em ingressos de IED, o que demonstra que novos
atores foram inseridos na competio por ingresso de IED mais recentemente, a exemplo do
Mxico e pases do leste europeu (GREGORY & OLIVEIRA, 2005).
A reduo dos ingressos de IED no Brasil se acentuou ainda mais em 2002 e
2003, acompanhando a queda nos fluxos dos IED em nvel mundial. Em 2002, o Brasil
ocupou a 11. colocao dentre os pases receptores de IED em todo o mundo, atingindo um
total de USD 18,8 bilhes. Em 2003, os valores registrados de entrada de IED no pas
alcanaram quase USD 13 bilhes, o que significou uma reduo de aproximadamente 30%em comparao ao ano anterior, confirmando a tendncia global de declnio observada a partir
de 2001. Somente em 2004 os IED voltaram a crescer, atingindo um montante de USD 20,3
bilhes. A tendncia de retomada de crescimento dos ingressos de IED confirmou-se em
2005, quando os mesmos ultrapassaram USD 21 bilhes (vide grfico 05) (BCB, 2007;
UNCTAD, 2006).
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GRFICO 05 EVOLUO DOS IEDs NO BRASIL (1970 2005)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
USDmilhes
FONTE: BCB, 2007ELABORAO: prpria
Tradicionalmente, os EUA e a Alemanha tm sido a principal fonte de IED para o
Brasil. Em 1995, tais pases, em conjunto, respondiam por 40% dos estoques de IEDs do pas.
A partir de 1996 verifica-se uma significativa mudana na origem dos IEDs no Brasil. Pases
como Espanha, Portugal, Frana e Holanda passaram a ocupar posio de destaque (vide
grfico 06) (GREGORY & OLIVEIRA, 2005; BCB, 2007).
GRFICO 06 ORIGEM DOS IEDs PARA O BRASIL
Estoques 1995 Estoques 2005
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
EUA
Alemanha
Suia
Japo
Frana
Reino Unido
Canad
Holanda
Itlia
Ilhas Virgens Britnicas
Outros
USD milhes
0 1 00 00 2 00 00 3 00 00 4 00 00 5 0 00 0
EUA
Holanda
Espanha
Ilhas Caim
Frana
Alemanha
Portugal
Japo
Ilhas Virgens Britnicas
Canad
Outros
USD milhes
FONTE: BCB, 2007ELABORAO: prpria
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Quando analisado os IEDs experimentados pelo Brasil entre 1995 e 2005, segundo as
principais atividades econmicas, verifica-se uma concentrao na atividade de servios (vide
grfico 07). O foco dos IEDs na atividade de servios foram os segmentos de
telecomunicaes e eletricidade, reflexo do intenso processo de privatizao vivenciado pelo
pas nos ltimos dez anos. Alm disso, os IEDs na atividade de servios foram marcados pelo
forte aporte de recursos de instituies financeiras (bancos). Na atividade industrial, os
ingressos de IED foram direcionados principalmente para as indstrias automotiva, qumica e
de produtos alimentcios e bebidas. Por sua vez, os IEDs na atividade primria foram
orientados para a extrao de recursos naturais, principalmente petrleo e minerais metlicos,
onde o governo brasileiro exerceu um papel preponderante na atrao de IED a partir da
intensificao do processo de concesso de explorao de recursos naturais existentes no pas
(SOUSA, 2001; MORAES, 2003; GREGORY & OLIVEIRA, 2005; BCB, 2007).
GRFICO 07 EVOLUO DOS ESTOQUES DE IEDs NO BRASIL SEGUNDO OS PRINCIPAIS
SETORES DA ECONOMIA
0%
20 %
40 %
60 %
80 %
100%
1995 2000 2005
Setor Primrio Setor Secundrio Setor Tercirio
FONTE: BCB, 2007ELABORAO: prpria
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1.2 O SETOR FLORESTAL BRASILEIRO E OS INVESTIMENTOS
ESTRANGEIROS DIRETOS
O setor florestal mundial enfrentou um forte processo de reestruturao durante a
dcada de 90, influenciado, sobretudo, pelo fenmeno da globalizao. Em um primeiro
momento, a internacionalizao da indstria florestal foi caracterizada pelo forte aumento do
comrcio internacional de produtos florestais em decorrncia de uma maior liberalizao dos
mercados e uma acentuada reduo de barreiras tarifrias. J a partir da segunda metade da
dcada de 90, a globalizao da indstria florestal foi marcada pela consolidao de empresas
atravs de operaes de FAS tanto nacionais como internacionais (BID, 2004; BAEL &
SEDJO, 2006).
Mais recentemente, a globalizao da indstria florestal ganhou uma nova dimenso
na medida em que sua matria-prima bsica, representada pelos recursos florestais (floresta),
tem sido realocada para capitalizar as vantagens competitivas de determinadas localidades,
regies ou pases. A globalizao tambm tem favorecido a transferncia da base de
suprimento de matria-prima da indstria florestal de regies onde j se atingiu a capacidade
de produo sustentada das florestas (pases desenvolvidos) para regies que possuem
condies edafo-climticas mais favorveis ao desenvolvimento de plantaes florestais e
onde, geralmente, os fatores de produo so, quase sempre, mais baratos (pases em
desenvolvimento). Soma-se ainda o fato que os pases em desenvolvimento concentram os
mercados emergentes com maior potencial de crescimento, onde o quarteto de naes
conhecido como BRIC (Brasil, Rssia, ndia e China) ocupa posio de destaque.
De qualquer maneira, o que se verifica que o processo de globalizao da indstria
florestal, principalmente no Brasil, ainda est em um estgio inicial e tem muito para evoluir.
A expectativa que novas vantagens comparativas passem a ser exploradas por aquelas
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indstrias florestais globalizadas, da mesma forma que vem ocorrendo em segmentos
industriais onde a processo de globalizao tem sido mais intenso e est mais evoludo, a
exemplo da indstria de eletro-eletrnicos, de telecomunicaes e, at mesmo, da indstria
automotiva.
Tomando-se como base dados oficiais do Banco Central do Brasil (BCB), os estoques
de IED no setor florestal brasileiro em 2005 atingiram USD 3,6 bilhes. Trata-se de um
montante que representa pouco menos de 2% do estoque de IED do pas.
As plantaes florestais tem sido um importante destino dos recentes IEDs no setor
florestal brasileiro, influenciado sobretudo pela entrada das TIMOs (Timberland Investment
Management Organizations) no pas. Desde a segunda metade da dcada de 90, as TIMOs
estrangeiras investiram no Brasil uma cifra da ordem de USD 200 milhes e a tendncia que
elas continuem investindo em plantaes florestais no Brasil, pelo menos no curto prazo
(BID, 2004). O aporte de capital das TIMOs no Brasil foi impulsionado pelo forte aumento
dos preos da madeira em tora no mercado domstico em decorrncia da crise no suprimento
de madeira (o chamado apago florestal) (TUOTO, 2003).
Alm das TIMOs, a indstria de produtos de madeira slida tem ocupado posio de
destaque em termos de IED, principalmente em virtude do aporte de capital estrangeiro tanto
no estabelecimento como na aquisio de plantas de painis reconstitudos (aglomerado, MDF
e OSB) em operao no pas. No menos importante tm sido os investimentos de empresasestrangeiras na produo de madeira serrada e produtos de maior valor agregado, como, por
exemplo, aplainados, blocks, blanks, molduras, mveis, entre outros (TUOTO & HOEFLICH,
2006).
Mais recentemente, os IEDs aplicados no setor florestal brasileiro crescerem
significativamente em virtude do aporte de capital estrangeiro na indstria de celulose &
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papel, reflexo do intenso processo de FAS aliado ao deslocamento da base de produo de
pases desenvolvidos, sobretudo os escandinavos (TUOTO & HOEFLICH, 2006).
Independentemente do tipo de indstria florestal considerada, a maioria dos ingressos
de IEDs esto concentrados em empreendimentos industriais que tm como fonte de
suprimento de madeira as plantaes florestais. Os IEDs em empreendimentos industriais que
operam a partir de madeira oriunda de florestas nativas so pouco expressivos (BID, 2004).
Embora os ingressos de IED no setor florestal brasileiro tenham crescido de forma
expressiva durante a presente dcada, sua participao ainda bastante modesta frente aos
investimentos domsticos diretos (IDDs) (BID, 2004). Em algumas economias de transio e
pases desenvolvidos, os IEDs ocupam posio de destaque, atingindo, em certos casos, entre
30 e 40% dos investimentos diretos (IDs), a exemplo do que ocorre no Canad (ZHANG,
PEARSE & LEITCH, 1995). No Brasil, a participao dos IEDs no setor florestal no
ultrapassa 15% dos IDs, o que demonstra sua limitada contribuio para ampliao da base de
produo.
Os IEDs so uma importante fonte de recursos financeiros, tcnicos e comerciais para
ampliao da base de produo do setor florestal de qualquer pas, especialmente quando se
trata de pases em desenvolvimento, como o caso do Brasil, onde o setor florestal ocupa
posio de destaque e enfrenta dificuldades para expandir (BID, 2004; TUOTO,
RODRIGUES & JIANOTTI, 2004). A ampliao da base de produo por meio dos IEDspode proporcionar significativos benefcios para o pas, seja em decorrncia de melhoria nos
nveis de produtividade e competitividade, bem como em virtude da introduo de novas
tecnologias e conhecimento, gerao de emprego, incremento de renda, obteno de divisas,
combate pobreza e, ainda, melhoria das condies ambientais.
Assumindo a premissa de que os IEDs podem contribuir para a ampliao da base de
produo do setor florestal brasileiro e, conseqentemente, gerar benefcios econmicos,
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sociais e ambientais ainda maiores que os atualmente proporcionados, o aumento dos IEDs
aplicados no setor florestal do pas depende essencialmente de um perfeito entendimento dos
seus fatores determinantes, ou seja, daqueles fatores que os favorecem (indutores) e/ou os
restringem (inibidores). No menos importante o entendimento sobre as tendncias quanto
s entradas de IEDs no setor florestal brasileiro, se elas esto aumentando ou diminuindo (em
termos absolutos ou relativos) em determinados segmentos do setor florestal. Inclusive, se as
entradas de IED futuras estaro concentradas em novos empreendimentos (greenfield
investments) ou na intensificao dos processos de FAS, os quais, sob o ponto de vista de
aumentar o valor da produo, so pouco desejveis. Na realidade, existe a expectativa de que
os IEDs possam vir a exercer um papel preponderante na estrutura de produo do setor
florestal brasileiro num futuro prximo.
Alm disso, o entendimento de toda essa dinmica envolvendo os IEDs reveste-se de
fundamental importncia para o estabelecimento de mecanismos e instrumentos que venham a
permitir melhorar o ambiente para atrair IEDs para o setor florestal do Brasil.
Estudos contemplando IEDs associados ao setor florestal brasileiro ainda so muito
incipientes e o presente trabalho um dos pioneiros neste assunto. Obviamente, no se tem a
pretenso de exaurir o assunto com este trabalho, mas sim de promover uma nova linha de
pesquisa e encorajar trabalhos complementares.
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2 OBJETIVO DO ESTUDO
2.1 OBJETIVO GERAL
O presente estudo tem como objetivo geral:
Entender a dinmica envolvida nos IEDs aplicados no setor florestal brasileiro.
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Para que o objetivo geral seja alcanado, os seguintes objetivos especficos foram
estabelecidos para o presente estudo:
Caracterizar e analisar os ingressos de IED no setor florestal brasileiro;
Identificar e analisar os fatores determinantes dos IEDs no setor florestal
brasileiro;
Avaliar os impactos dos IEDs na produo e exportao da indstria florestal
brasileira.
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3 MATERIAIS E MTODOS
3.1 ABRANGNCIA
O trabalho ora desenvolvido contempla os investimentos de empresas estrangeiras no
setor florestal brasileiro, considerando aqueles orientados exclusivamente para as seguintes
atividades:
Silvicultura: inclui exclusivamente os IEDs em florestas plantadas;
Indstria: inclui os IEDs tanto na indstria de produtos de madeira slida
(indstria de serrados, indstria de compensado, indstria de painis
reconstitudos5, indstria de remanufaturas de madeira6e indstria mveis) como
na indstria de celulose & papel.
Cabe mencionar que para fins deste trabalho considera-se exclusivamente as indstrias
florestais que operam a partir de madeira oriunda de plantaes florestais.
3.2 MTODOS
3.2.1 Conceitos de Investimento Estrangeiro Direto
De uma forma geral, os IEDs so definidos como recursos de investidores de um
determinado pas aplicados no estabelecimento de novas empresas ou na aquisio (total ou
parcial) de empresas, instalaes e/ou estoques existentes em outro pas (SOUSA, 2001).
De acordo com a Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico
(OCDE), o IED definido como um investimento envolvendo uma relao de longo prazo,
5Aglomerado, chapa dura, MDF e OSB.6Blocks, blanks, molduras, painel colado lateral, entre outros.
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refletindo um interesse e o controle de uma entidade residente (investidor indireto) em um
negcio ou empresa de um pas que no o do investidor, de forma a influir na gesto do
negcio (OECD, 1999).
O termo relao de longo prazo pode estar asssociado ao estabelecimento de um
novo empreendimento (chamado, em ingls, de greenfield investment), joint-venture ou,
mesmo, aquisio direta ou fuso com uma empresa no exterior (chamada, em ingls, cross-
border merger and acquisition). Uma vez estabelecido o IED, sua expanso pode ocorrer na
forma de injees de capital, emprstimos intercompanhia e reinvestimento total ou parcial de
lucros. No entanto, no considerado IED o recurso proveniente de operaes de crdito que
a empresa subsidiria ou afiliada tome no mercado domstico ou internacional (RIBEIRO,
2006).
LIPSEY (1999) apudRIBEIRO (2006) menciona que os fluxos de IED diferem dos
fluxos de investimento em portfolio(ou carteira), dentre outras razes, pelo fato de que tm
uma relao diferente com os mercados financeiros, seja nos pases investidores, seja nos
pases receptores. Nos mercados financeiros, os fluxos de investimento so, geralmente,
resultado de oscilaes nas taxas de juros e de cmbio. No caso dos fluxos de IED, os mesmos
tendem a ser mais relacionados com a dinmica interna das EMNs e cabe observar que no h
cancelamentos entre entradas e sadas. Um outro aspecto que difere o IED do investimento em
portfoliotambm a maior concentrao do primeiro em um menor nmero de pases.No Brasil, o BCB o rgo responsvel pelo registro dos investimentos estrangeiros,
compreendidos os emprstimos, os financiamentos, a tecnologia e os investimentos, tanto de
portfolio quanto o IED no pas (SOUSA, 2001). De acordo com o BCB, o IED aquele
investimento no qual o investidor estrangeiro adquire 10% das aes ou quotas com direito a
voto ou, ento, 20% ou mais do capital total (MORAES, 2003).
O BCB classifica as empresas nacionais de investimento direto em dois grupos:
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Empresas com participao estrangeira direta ou indireta: participao direta
compreende a participao da matriz, enquanto que a participao indireta
envolve a participao de subsidirias ou filiais de empresas multinacionais
sediadas no exterior;
Empresas controladas por no-residentes (holdings): trata-se daquelas empresas
em que os no residentes participam com mais de 50% do capital votante.
As definies e classificaes adotadas pelo BCB atendem s recomendaes do
Fundo Monetrio Internacional (FMI) e da OCDE (MORAES, 2003).
3.2.2 Teorias sobre Investimento Estrangeiro Direto
Inmeros autores (GROSSE & BEHRMAN, 1992; MORAES, 2003; LAAKSONEN-
CRAIG, 2004) mencionam que o desenvolvimento de teorias sobre IED comeou a se
intensificar durante a dcada 60.
Existem diferentes teorias que tentam facilitar o entendimento sobre os IEDs.
Segundo MORAES (2003), Stephen Hymer foi o pioneiro no desenvolvimento de uma
teoria prpria para IED. De acordo com a Teoria de Hymer, as EMNs so vistas como uma
instituio voltada para produo internacional ao invs do comrcio internacional.
A Teoria de Hymer explora o fato de que empresas locais possuem vantagens sobre
empresas estrangeiras no mercado domstico devido ao seu melhor entendimento da dinmica
do ambiente em que ela opera. Por outro lado, as empresas estrangeiras possuem algumas
vantagens especficas que vem a compensar a vantagem das empresas locais (LAAKSONEN-
CRAIG, 2004).
Uma extenso das pesquisas de Hymer foi o desenvolvimento da Teoria de Dunning, o
qual prope o Modelo OLI (ownership, location e internalization) para analisar a atividade
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das empresas multinacionais, verificando seus impactos tanto nos pases hospedeiros como
nos pases de origem. De acordo com o Modelo OLI proposto por DUNNING (1981), o
impacto da atividade das EMNs determinado pela justaposio de trs fatores:
Vantagens especficas da empresa estrangeira (ownership advantage): so
aquelas vantagens que as empresas tm sobre outras empresas na mesma
localizao, tais como tamanho, poder de monoplio e melhor capacidade de
utilizao dos recursos;
Vantagens especficas do pas hospedeiro (locational advantage): utilizao das
vantagens junto com alguns fatores disponveis fora do pas de origem;
Vantagens especficas da internacionalizao (internalization advantage): tais
vantagens podem ser preferveis a, por exemplo, internaliz-las, na forma de
venda ou aluguel das mesmas.
A estrutura de produo externa de uma empresa depende do atendimento de quatro
condies bsicas: (i) do grau que a empresa possui e sustenta suas vantagens especficas vis-
-vis empresas de outras nacionalidades em um determinado mercado; (ii) do grau no qual a
empresa percebe que de seu interesse produzir com a dotao da sua vantagem especfica,
ao invs de vender ou dar direito de uso (licena) para empresas estrangeiras, as chamadas
vantagens da internacionalizao; (iii) do grau que o interesse global da empresa atingido,
criando ou utilizando suas vantagens especficas em um local externo, levando em
considerao as vantagens especficas do pas hospedeiro; e (iv) do grau pelo qual a empresa
acredita que a produo internacionalizada consistente com sua estratgia gerencial de longo
prazo, dada a configurao das vantagens ownership, location e internalization da empresa
(NEGRI, 1997).
Em suma, o Modelo OLI tenta responder por que empresas investem no estrangeiro,
aonde elas investem e qual forma de globalizao elas escolhem. Todas as trs vantagens do
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Modelo OLI devem estar presentes simultaneamente para que uma empresa penetre no
mercado estrangeiro por meio dos IEDs. Caso uma empresa possua apenas uma ou duas
dessas vantagens, ela penetrar no mercado estrangeiro por meio das exportaes
(LAAKSONEN-CRAIG, 2004).
No quadro 01 so apresentados alguns exemplos de vantagens especficas da empresa
estrangeira (ownership), do pas hospedeiro (location) e da internacionalizao
(internalization), segundo o Modelo OLI proposto por Dunning.
QUADRO 01 EXEMPLOS DE VANTAGENS ESPECFICAS SEGUNDO O MODELO OLI
Vantagens Especficasda Firma
Vantagens Especficas do PasHospedeiro
Vantagens EspecficasInternacionalizao
- Vantagens prprias:propriedades de tecnologia edotaes especficas (pessoal,capitais e organizao)
- Vantagens ligadas
organizao como grupo:
a) economias de escala: poder de
mercado como vendedor ecomo comprador; acesso aosmercados (de fatores e deprodutos)
b) multinacionalizao anterior,conhecimento do mercadomundial; aprendizagem dagesto internacional,capacidade de explorar asdiferenas entre pases,aprendizagem da gesto deriscos
- Economia de transao naaquisio dos insumos(inclusive tecnologia)
- Reduo da incerteza
- Maior proteo da tecnologia
- Acesso s sinergias prpriasdas atividades independentes
- Controle da validade e dasiniciativas
- Possibilidade de evitar ou deexplorar medidasgovernamentais (especialmentefiscais)
- Possibilidade de praticarmanipulao dos preos detransferncia, fixao depreos predatrios, etc.
- Recursos especficos do pas
- Qualidade e preos dosinsumos
- Qualidade das infra-estruturase externalidades (P&D, etc.)
- Custos de transporte ecomunicao
- Distncia psicolgica (lngua,cultura, etc.)
- Poltica comercial (barreirastarifrias e no-tarifrias,contingenciamento)
- Ameaas protecionistas
- Poltica industrial, tecnolgicae social
- Subvenes e incentivos paraatrair as companhias
FONTE: CHESNAIS, 1996 apudDUNNING, 1988
Exemplos tpicos de vantagens especficas da firma estrangeira (ownership) so
tecnologia, economia de escala ou uma marca. Tais vantagens podem ser transferidas para um
pas estrangeiro, permitindo assim que uma empresa supere as desvantagens que ela teria em
operar em um pas estrangeiro. As vantagens especficas do pas hospedeiro ( location) esto
relacionadas com a possibilidade de uma empresa operar em um pas estrangeiro usando
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como fatores de produo locais, por exemplo, mo-de-obra e recursos naturais (minrio,
petrleo, madeira, gua, etc.). Na realidade, a escolha de um determinado pas hospedeiro
para um IED dependente de fatores econmicos e polticos. Por sua vez, as vantagens da
internacionalizao (internalization) guardam estreita relao com a forma de entrada no pas
estrangeiro. De acordo com o Modelo OLI, as empresas decidem pela internacionalizao
quando os mercados no existem ou eles so imperfeitos (LAAKSONEN-CRAIG, 2004).
3.2.3 Fatores Determinantes dos Investimentos Estrangeiros Diretos
3.2.3.1 Geral
A deciso de um investidor ou empresa em aplicar seu capital fora do seu pas de
origem est condicionada a uma srie de fatores, os chamados fatores determinantes dos
IEDs, os quais afetam direta ou indiretamente a estratgia do investidor em maximizar a
rentabilidade do capital investido. Conhec-los e ter clara a influncia e a importncia deles
sobre o negcio um aspecto imprescindvel para qualquer investidor estrangeiro (BID,
2004).
Embora os estudos sobre IEDs ganharam importncia a partir da dcada de 60,
somente nos anos 80 que a identificao dos fatores determinantes dos IEDs passaram a se
destacar como tema de pesquisas sobre IEDs (RIBEIRO, 2006). Desde ento, inmeros
pesquisadores tm se dedicado a estudar os fatores determinantes que afetam os IEDs, entre
eles RAGAZZI (1973), SCHNEIDER & FREY (1985), DUNNING (1993 e 1999), UNCTAD
(1998-2006), LOREE & GUISINGER (1995), NUNNENKAMP (2002), MORAES (2003),
NONNEMBERG & MENDONA (2004) e BUSSE & HEFEKER (2005).
Um dos estudos precursores sobre os fatores determinantes dos fluxos de IEDs foi
realizado por RAGAZZI (1973), o qual, diante de imperfeies nos mercados de capitais
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europeus, afirma que as EMNs norte-americanas eram capazes de realizar investimentos de
larga escala em pases e setores em que havia dificuldade de acesso para as prprias empresas
europias, decorrentes de falta de capital, tecnologia ou mesmo habilidades mercadolgicas.
Talvez o principal estudo sobre os fatores determinantes dos IEDs foi desenvolvido
por DUNNING (1993), no qual ele distingue o IED voltado para exportao daquele atrado
pelo potencial do mercado domstico. O mesmo autor ainda enfatiza que as EMNs podem ser
atradas por um determinado pas em funo da mo-de-obra (eficiente e barata). Neste
contexto, as EMNs buscam realizar investimentos eficientes e acabam reforando a diviso
internacional do trabalho e da produo. J no final da dcada de 90, DUNNING (1999)
passou a destacar a mudana de orientao dos IEDs em pases em desenvolvimento: da busca
de recursos ou de mercado, para a busca de uma maior eficincia, particularmente em termos
de reduo de custos. Tais mudanas implicam na necessidade de reformulao das
estratgias adotadas pelos governos nacionais no sentido de estimular os ingressos de IED
(RIBEIRO, 2006).
A UNCTAD (2000) agrupou em quatro tipos os fatores que afetam os fluxos de IED,
quais sejam:
Recursos Naturais (natural resource-seeking)
Historicamente, a existncia e a disponibilidade de recursos naturais tem sido o mais
antigo e importante fator indutor ao fluxo de IED para um determinado pas.Exemplos tpicos de recursos naturais que atraem IEDs so petrleo, gs, minerais,
florestas, entre outros (UNCTAD, 2000; MORAES, 2003).
COLEBROOK (1972) menciona em sua obra que desde o sculo XVII empresas
americanas e europias j investiam no estrangeiro em busca de matria-prima
(recursos naturais). At 1984, o setor primrio absorvia um tero dos estoques de
IED realizados pelos EUA e Reino Unido. Desde ento, a participao dos recursos
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naturais nos estoques de IEDs da maioria dos principais pases investidores tem
cado drasticamente.
A onda de nacionalizao ocorrida durante a dcada de 60 arruinou o clima para
investimentos estrangeiros no setor primrio. De qualquer maneira, apesar da
reduo da importncia relativa dos recursos naturais como determinante dos IEDs,
isso no significa uma reduo em termos absolutos. No perodo entre 1975 e 1990,
o estoque de IED no setor primrio dos pases desenvolvidos aumentou mais de
cinco vezes, enquanto nos pases em desenvolvimento o estoque de IED no setor
primrio aumentou seis vezes. A partir de meados da dcada de 90 muitos pases em
desenvolvimento passaram a reabrir o setor primrio (recursos naturais) para
investidores estrangeiros, como, por exemplo, Azerbaijo, Casaquisto, Rssia e
muitos pases da frica (UNCTAD, 2000; MORAES, 2003).
Mercado (market-seeking)
Os IEDs so atrados pelo tamanho e perspectiva de crescimento do mercado do pas
hospedeiro, evitando barreiras de importao, polticas de governo discriminatrias e
alto custo de transporte no atendimento do mercado por meio de exportaes. Na
realidade, o tamanho e a perspectiva de crescimento do mercado tm se mostrado os
mais importantes fatores de atrao de IED, segundo a maioria dos estudos empricos
sobre o assunto (UNCTAD, 2000).A busca por mercado tornou-se o motivo predominante para os IEDs no setor de
manufatura de pases em desenvolvimento nas dcadas de 60 e 70 durante o apogeu
da substituio da importao pela industrializao. Tal motivao tambm foi
importante para os investimentos americanos na produo de manufatura na Europa
logo aps a II Guerra Mundial e para os investimentos japoneses nos EUA desde o
incio dos anos 80 (UNCTAD, 2000).
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Na realidade, as polticas comerciais inner-ring de tarifas e cotas de importao
sobre os tradablescontriburam para o processo de industrializao por substituio
de importaes. Possibilitaram s EMNs transpor as tarifas aduaneiras ou realizar um
salto sobre as barreiras tarifrias e passarem a produzir nos pases para onde antes
exportavam, beneficiando-se da proteo do pas hospedeiro. Esse tipo de atividade
das EMNs ilustrado pelas montadoras de automveis que investiram na Argentina,
Brasil e Mxico nas dcadas de 60 e 70 (MORAES, 2003).
At recentemente, todos os IEDs no setor tercirio (servios) poderiam estar
relacionados a busca de mercado, isso porque os servios no eram comercializados
internacionalmente. O setor tercirio responde por mais da metade de todo o fluxo de
sada e estoque de IEDs da maioria dos pases desenvolvidos. No entanto, a
revoluo tecnolgica na comunicao e transmisso de dados tornou possvel
produzir alguns servios em um determinado pas e consumi-lo em um outro. Um
caso tpico so os softwares(UNCTAD, 2000).
No caso dos IEDs em busca de mercado, os custos de transao e de transporte so
aspectos importantes, bem como a existncia de barreiras tarifrias e a variedade de
preferncias de consumo. Entretanto, tais fatores vm pesando cada vez menos nas
decises das EMNs, que passam a se preocupar cada vez mais com o aspecto
tecnolgico e estratgico de seus investimentos. Alm disso, a formao oufortalecimento de acordos regionais tem aumentado significativamente os IEDs, uma
vez que eles ampliam os mercados (UNCTAD, 2000).
Eficincia (efficiency-seeking)
A busca por eficincia um fator importante para atrao de IEDs. Os IEDs em
busca de eficincia tm como objetivo racionalizar a estrutura estabelecida pelos
investimentos que buscam mercados e recursos, maximizando os ganhos atravs da
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gesto conjunta de atividades geograficamente dispersas. uma forma de ampliar
benefcios nas formas de ganhos de escala e escopo atravs de uma atuao
globalizada. De acordo com DUNNING (1993), o IED voltado para a eficincia pode
ser de dois tipos. Primeiro, ele pode ser feito com objetivo de tirar vantagem das
diferentes disponibilidades e custos dos fatores entre os pases, o que explicaria a
diviso do trabalho que se apresenta nas EMNs que atuam em pases desenvolvidos e
em desenvolvimento. Segundo, ele pode ocorrer em pases com estruturas
econmicas e nveis de renda semelhantes a fim de explorar ganhos de escala e
escopo, mesmo sem as vantagens de dotao dos fatores (DUNNING, 1993;
UNCTAD, 2000).
As EMNs que buscam por eficincia passaram a se expandir na dcada de 60, as
quais esto predominantemente orientadas para atender os mercados mundiais
padronizados. As filiais das EMNs esto integradas no s com a matriz, mas
tambm entre si. Especializaram-se na produo de componentes ou linhas diferentes
de produtos, trocando os produtos semi-manufaturados ou manufaturados entre as
filiais. A matriz adota um controle centralizado, assegurado uma perfeita integrao
entre as filiais. Tal centralizao inclui as polticas de financiamento, preos,
tecnologias, P&D, busca de matria-prima e componentes, vendas e distribuio,
design do produto, arranjo fsico da produo, seleo de sites e, at mesmo, apoltica de recursos humanos. Na realidade, as decises sobre o presente e o futuro
das filiais das EMNs so determinadas fora do pas hospedeiro (MORAES, 2003).
No caso da busca por eficincia, as EMNs so atradas, por exemplo, pelo baixo
custo da mo-de-obra no pas hospedeiro. Na medida em que os salrios aumentam
nos seus pases de origem, as EMNs buscam mo-de-obra mais barata em pases em
desenvolvimento alocando indstria de mo-de-obra intensiva ou parte da produo
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em tais pases. Esta tem sido a caracterstica do investimento japons na indstria
txtil da sia, do investimento americano nas maquiladoras no Mxico, Amrica
Central e sia e do investimento da UE na Europa Oriental e Central. Mais
recentemente, na medida em que os salrios tm aumentado em alguns pases
asiticos, os IEDs em busca de mo-de-obra barata tm sido direcionados para a
China (UNCTAD, 2000).
Outra forma mais complexa de busca por eficincia est relacionada integrao da
produo em nvel internacional. Isso requer mo-de-obra mais capacitada aliada a
elevados nveis de produtividade, diferentemente da simples busca por eficincia
atravs de mo-de-obra. Neste caso, parte da produo de um pas desenvolvido
terceirizada em pases em desenvolvimento industrializados. A integrao da
produo em nvel internacional tem sido extensivamente usada pelas EMNs
americanas nas indstrias automotiva e eletrnica. Vrias empresas coreanas
comearam sua penetrao em mercados de pases desenvolvidos atravs da
produo de componentes de mquinas e equipamentos, os quais, por sua vez, eram
manufaturados nos pases desenvolvidos. Posteriormente, as empresas coreanas
comearam a produzir integralmente mquinas e equipamentos sob a licena da
EMN. Mais tarde, as empresas coreanas passaram a produzir mquinas e
equipamentos com a sua prpria marca (UNCTAD, 2000).Ainda, outra forma de busca por eficincia so os IEDs em produtos diferenciados, o
qual menos comum em pases em desenvolvimento e tendem a ser amplamente
associados com fluxo de investimentos entre pases desenvolvidos, envolvendo, por
exemplo, automveis, computadores, produtos qumicos e bens de consumo. Isso
ocorre em virtude da necessidade de adaptar produtos para preferncia ou atender
requerimentos de qualidade de um mercado particular. Os IEDs em produtos
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diferenciados requerem um mercado relativamente amplo, uma vez que eles esto
relacionados a demanda por diferentes marcas de um produto similar em indstrias
que so caracterizadas pela economia de escala. Como os mercados dos pases em
desenvolvimento esto aumentando atravs de acordos comerciais, os IEDs em
produtos diferenciados esto se tornando mais comuns nestes pases (UNCTAD,
2000).
Ativo estratgico (strategic asset-seeking)
A busca por um ativo estratgico como fator de atrao de IED geralmente ocorre em
um estgio avanado da globalizao das atividades de uma empresa. Isso significa
que uma EMN que investe no estrangeiro busca incorporar ativos previamente
inexistentes, ampliando seu portfolio de ativos, fortalecendo assim sua estratgia
competitiva internacional. Em geral, isso se d atravs de fuses ou aquisies de
empresas locais ou de subsidirias de outras EMNs, no intuito de incorporar esse
ativo. Na maioria dos casos, esse novo ativo um negcio complementar ou
estratgico para a atividade principal da empresa, e adicion-lo aos ativos da empresa
viabiliza a obteno de melhores resultados, como um melhor posicionamento da
empresa no mercado (UNCTAD, 2000; MORAES, 2003; CARVALHO, 2005).
O ativo alvo da empresa pode ser tecnologia, por exemplo. De fato, so muitos os
casos em que as EMNs se instalam em um pas a fim de se beneficiar de suasuperioridade tecnolgica em determinados setores (CHUNG, 2001; DRIFFIELD &
LOVE, 2003; CARVALHO, 2005).
Empresas, incluindo algumas de pases em desenvolvimento, investem no estrangeiro
para adquirir capacidade de P&D, como, por exemplo, investimentos japoneses e
coreanos em microeletrnica nos EUA. A integrao da produo em nvel
internacional envolve a locao de qualquer componente na cadeia de valor onde ela
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contribui principalmente para a competitividade das EMNs e, finalmente, para sua
rentabilidade. Pode ser eficiente para uma empresa realocar design, P&D ou outra
atividade de alto valor agregado da sua matriz para uma empresa afiliada no
estrangeiro. Alguns pases em desenvolvimento so capazes de atrair IED em busca
de ativos estratgicos como, por exemplo, a disponibilidade de mo-de-obra
capacitada e a existncia de infra-estrutura de comunicao. Isso tm contribudo
para a alocao de centros de P&D e filiais de servios em Cingapura por EMNs,
desenvolvimento de softwaresna ndia e centros de servio para reserva de vos no
Caribe (UNCTAD, 2000).
Muitos autores, em extenso aos quatro tipos de fatores que afetam os fluxos de
IEDs mencionados pela UNCTAD, desenvolveram um rol de fatores determinantes aos
IEDs bastante detalhado, envolvendo, quase sempre, fatores ditos extra-setoriais, os
quais so classificados em dois tipos: supra-setoriais e inter-setoriais. Os fatores
supra-setoriais podem ser caracterizados como aspectos macroeconmicos e outros que
afetam a rentabilidade dos investimentos em todos os setores produtivos de um pas,
enquanto os fatores inter-setoriais so aqueles gerados em outros setores produtivos de
um pas que no aquele de interesse e que afetam a rentabilidade dos investimentos (BID,
2004).
GREGORY & OLIVEIRA (2005), por exemplo, mencionam os seguintes fatoresdeterminantes dos IEDs: (i) recursos naturais; (ii) tamanho do mercado; (iii) ambiente
econmico e regulatrio estvel; (iv) perspectivas de crescimento e de incremento na
produtividade; (v) liberdade para operar; (vi) infra-estrutura e capital humano; (vii)
disponibilidade de fornecedores locais e um bom clima de negcios; (viii) risco para o
ingresso; (ix) estabilidade cambial; (x) manuteno de contratos; (xi) crescimento; (xii)
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estabilidade econmica e poltica; (xiii) proteo dos direitos de propriedade intelectual; (xiv)
tica e integridade comercial; e (xv) eficincia e transparncia burocrtica.
Por sua vez, SOUSA (2001) cita como fatores que podem influenciar os IEDs (i) o
progresso tecnolgico; (ii) a poltica econmica do governo; (iii) a estabilidade econmica;
(iv) estabilidade poltica; (v) crescimento populacional; (vi) lucro esperado pelo investidor; e
(vii) estoque existente de capital ocioso.
OECD (2001) apud RIBEIRO (2006) elenca as seguintes proposies acerca dos
determinantes dos IEDs: (i) tamanho do mercado interno do pas receptor, avaliado pelo PIB
per capita, e a taxa de crescimento do mercado, medida pela taxa de crescimento do PIB; (ii)
dotao de recursos humanos e naturais; (iii) infra-estrutura de transporte e comunicao; (iv)
estabilidade macroeconmica (taxa de cmbio e inflao); (v) estabilidade poltica; (vi)
contexto estvel, transparente e receptivo; (vii) incentivos fiscais; e (viii) existncia de blocos
regionais e acordos preferenciais de comrcio com outros pases.
Em resumo, embora para cada fator determinante do IED os investidores exeram
consideraes diferentes ao analisar a possibilidade de um investimento fora de seu pas de
origem, a literatura tcnica analisada aponta como sendo os aspectos mais freqentemente
indicados como decisivos: o tamanho do mercado domstico do pas hospedeiro, as
possibilidades de crescimento do referido mercado domstico (em termos histricos e/ou
potencial) e o ambiente para negcios, incluindo a liberdade para operar, a estabilidade deregras e procedimentos burocrticos transparentes e no-restritivos (GREGORY &
OLIVEIRA, 2005).
3.2.3.2 Setor Florestal
Os estudos envolvendo os fatores que afetam os IEDs no setor florestal so escassos e
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recentes, pois o assunto passou a despertar interesse de alguns pesquisadores somente na
dcada de 90, na medida em que a indstria florestal passou a experimentar um
maior processo de internacionalizao (TOPPINEN, LHTIEN & LAAKSONEN-CRAIG,
2006).
Em 1995, ZHANG, PEARSE & LEITCH estudaram os fatores determinantes dos
IEDs na indstria florestal canadense. Tais autores evidenciam os seguintes fatores como
determinantes para a atrao de IED para a indstria florestal canadense: (i) estabilidade
poltica e econmica; (ii) disponibilidade de mo-de-obra qualificada; (iii) poltica tributria
favorvel; (iv) infra-estrutura adequada; (v) garantia no suprimento de matria-prima
(madeira); e (vi) polticas adequadas de promoo para atrao de IEDs.
ZHANG (1997), estudando os IEDs na indstria florestal americana, verificou que os
IEDs tm sido prioritariamente direcionados para a indstria de celulose & papel quando
comparado com a indstria de produtos de madeira slida, dada a estrutura de produo da
indstria de celulose & papel que est predominantemente voltada economia de escala. O
mesmo autor ainda evidencia que a estabilidade econmica e poltica dos EUA aliado ao
tamanho do seu mercado domstico so aparentemente os principais fatores que tm atrado
IEDs para o setor florestal do pas. Por outro lado, ZHANG (1997) menciona que a reduo
da disponibilidade de matria-prima (madeira) nos EUA tem levado diversas indstrias
florestais americanas a investir no exterior.NILSSON & SDERHOLM (2002) estudaram os obstculos enfrentados pelo setor
florestal russo para atrair IED, embora o pas possua disponibilidade de matria-prima barata,
mo-de-obra relativamente qualificada e a baixo custo e um amplo mercado domstico. Os
autores concluram que os principais fatores restritivos aos IEDs no setor florestal russo
estavam basicamente associados a instabilidade poltica, dificuldades em negociar com
autoridades locais, insegurana jurdica, direito de propriedade e sistema legal ambguo (entre
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instncia local e federal), os quais acabam se convertendo em elevados custos de
transao.
SIITONEN (2003) analisou a produo e a localizao estratgica das 100 maiores
indstrias florestais do mundo. A autora descobriu que a internacionalizao da indstria
florestal est positivamente relacionada sua rentabilidade e que o valor de mercado das
empresas norte-americanas globalizadas supera o das empresas europias. Em um estudo
prvio desenvolvido por UUSUVUORI & LAAKSONEN-CRAIG (2001a), analisando as
inter-relaes entre os IEDs e a exportao de produtos florestais dos EUA, Sucia e
Finlndia, eles descobriram que no caso da Finlndia, as exportaes tm sido substitudas por
IEDs.
Objetivando entender os fatores que levam a indstria florestal a investir em um pas
especfico, LAAKSONEN-CRAIG (2004) analisou a relao causal entre os IEDs e sua
localizao. Os resultados indicaram que os IEDs na indstria florestal em pases