DISSERTAÇÃO AGRICULTURA

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Arqueologia da pré-história colombiana

DISSERTAÇÃO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA

PARA ESSAS SOCIEDADES.

Nome: Jeremias Silvério de Moura

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho procura de uma forma simples e clara dissertar sobre a importância

da agricultura e o que ela representou para as principais sociedades mesoamericana e pré-

colombiana.

Meu objetivo não é aprofundar no tema ou levantar debates acalorados, pois sabemos que

todo debate deve ser discutido no campo teórico o que leva tempo e pesquisa.

Neste trabalho terei como bibliografia base o livro História da Agricultura, cuja

bibliografia, encontra-se nas ultimas folhas desse trabalho. Para contrapor com ele utilizarei o

livro Pré-História do Novo Mundo e o trabalho do brasileiro Eduardo Góes Neves sobre

Arqueologia da Amazônia.

Primeiramente o meu trabalho trata do processo de sedentarização, onde os homens após

anos de caminhada se estabelecem ás margens dos rios e dali cria uma nova forma de vida.

Para alguns especialistas, teria surgido á partir deste momento uma nova forma não só

econômica, social e também política, tendo a agricultura como base desse processo.

É importante inferir que muitos autores não compartilham da ideia do desenvolvimento

agrícola com a sedentarização. Esses autores apresentam nos seus escritos que antes mesmo

do desenvolvimento agrícola, algumas sociedades indígenas já domesticavam algumas plantas

ditas selvagens. Sendo sociedades litorâneas ou não estabeleceram-se nas margens de rios,

lagos ou mar, onde retiravam todo o seu sustento como peixes, moluscos etc.

Após a discussão sobre a sedentarização, me atento, para a forma que essa terra irá ser

trabalhada. Essas sociedades, antes mesmo de iniciar sua plantação, derrubavam suas matas e

as queimavam na sequência, esse tipo de sistema ficou conhecido como derrubada-queimada.

Como já apontado no corpo desse trabalho essas sociedades tinham uma relação muito

íntima com á terra, diferente do homem dito “moderno” que não se reconhece mais nela.

Essas sociedades desmatavam com o intuito de desenvolver seu sistema de plantio, mas se

preocupavam com a recuperação do solo em tempos futuros. Essa revitalização poderia ser

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feita com adubos como excrementos humanos, ou de animais como a ilhama ou resíduos da

própria floresta como folhas, raízes ou troncos.

A terceira e última parte darei atenção ao Império Inca que se difere das outras, pois essa

sociedade localizava-se numa região muito complexa, o que explica a capacidade humana de

adaptação e de criação de inúmeros recursos para tirar o seu proveito.

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UMA BREVE DISSERTAÇÃO SOBRE AGRICULTURA DAS SOCIEDADES

AMERICANAS.

Segundo o geneticista J.R Harlan (1972), “a agricultura nunca foi descoberta ou

inventada”1.

Assim como homem caminhou ao longo do processo histórico a agricultura fez o

mesmo percurso evolutivo. A relação homem e agricultura transformaram todas as relações

sociais, políticas e econômicas da humanidade. Essa relação intima seria regida pelo meio

natural que ambos estavam inseridos, permitindo assim, o desenvolvimento de certas

particularidades.

Engels no seu livro Publicado em Zurique, em 1884, “A origem da família, da

propriedade privada e do Estado”, afirma que a sedentarizarão seria o primeiro estágio da

propriedade privada e para a formação de um Estado controlador e organizado.

Citando o antropólogo norte-americano Lewis H. Morgan para fundamentar sua

pesquisa, Morgan classifica a pré-história cultural em Estados, sendo o primeiro Selvagem:

apropriação dos produtos da natureza; o segundo Estado da Barbárie: domesticação pastoril e

agricultura e o terceiro e último de Civilizado: criação da escrita e domínio do minério ferro.

Segundo Marcel Mazoyer e Laurence Roudart a agricultura não pode ser classificada

com uma visão homogenia. Dentro de um estudo analítico conseguiremos encontrar certas

particularidades que mudam com o tempo e espaço, portanto, cada região esta sujeito ao meio

que o cerca.

Para um melhor entendimento destas singularidades a arqueologia busca em outras

áreas do conhecimento como a química, a geografia, a história etc. o entendimento deste

sistema organizacional e o funcionamento das relações sociais de uma determina região.

Devemos nos atentar que todo sistema produtivo são formados por homens e

mulheres que juntamente com sua prole aplicam uma determinada força e conhecimento para

alcançar um determinado objetivo. Sua capacidade de criação e adaptação possibilitou a

1 MARCASSA, Luciana. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Universidade Federal de Goiás.

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criação de ferramentas, o cultivo plantas e domesticação de animais para uma melhor

realização de suas atividades.

Para os pesquisadores Marcel Mazoyer e Laurence Roudart “O processo de

sedentarizarão instigou o homem a criar novas tecnologias de sobrevivência como

ferramentas feitas de pedras e métodos de exploração dos recursos vegetais, levando-o ao

convívio em pequenos grupos religiosos”.2

Mas não seria um equivoco acreditar que o processo de sedentarizarão ou “Revolução

Neolítica” foi fruto do desenvolvimento agrícola? Não temos que levar em consideração que

antes desse período já existiam populações litorâneas que se estabeleceram ás margens do

mar, onde os mesmos retiravam todo seu sustento? E que a agricultura foi incorporada ao seu

modelo de vida mais tarde.

O arqueólogo Eduardo Góes Neves ao estudar algumas populações no período pré-

colonial na Amazônia, defende que a ocupação humana por volta de 6000 e 1000 a.C já

domesticava algumas plantas e possuíam uma economia totalmente mista voltada para caça,

pesca ou coleta com uma agricultura de baixa intensidade.

Outro fator de suma importância para estas populações são os lugares que se

assentavam. Sujeitos aos fatores climáticos e geográficos os mesmo não se dedicavam a uma

única atividade específica. Essa capacidade de adaptação ao meio levou essas populações a

inúmeras criações tecnológicas como a criação de vasos para o armazenamento de alimentos

ou instrumento líticos como a machadinha para suas atividades de consumo.

Umas das dificuldades da arqueologia quando nos remetemos a América do Sul é

localizar a região aonde teria originado a agricultura. Alguns pesquisadores como D.

H.Thomas defende que a domesticação de algumas plantas e o cuidado com alguns animais

teriam iniciado antes mesmo da agricultura como o feijão de Lima, a batata, ou porco da

índia, a Ilhama e outros datados há 6000 anos. Diferente da América do Sul a do norte já seria

possível datar e inferir sua localização nos Apalaches e a Grande pradaria continental a 4000 e

3000 ap.

A agricultura de origem centro-americana, á base de milho, só começou a estender-se

fora de seu centro de origem apenas no sexto milênio antes da presente Era, para alcançar os

2 MAZOYER, Marcel, História das agriculturas no mundo: do neolítico á crise contem. São Paulo UNESP; Brasília, 2010.

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continentes sul-americano e norte-americano. Progredindo rumo ao sul, ela atingiu os Andes e

a costa peruana há 3.500 anos, e o Chile há 2.000 anos aproximadamente. 3

A domesticação de certas plantas e de alguns animais passa por um duro processo de

transformação biológica que antecede o surgimento da agricultura. Tanto a arqueologia como

a biologia tem o consenso das dificuldades de entendimento deste processo, pois é necessário

tempo que as plantas e os animais percam suas origens selvagens e adotem características da

domesticação.

A concentração do pólen em uma determinada área facilita a investigação da origem

ou o caminho que determinada espécie percorreu ao longo do tempo. Este caminhar pode ser

dado como exemplo com a chegada dos europeus no século XVI.

Esta diversidade de plantas domesticadas nas Américas tem como primeira hipótese á

introdução de plantas domesticadas vinda do Velho Mundo que se sentiram muito a vontade

com o novo solo e com o clima totalmente favorável.

Para Sanders os imigrantes chegaram com um complexo de cultivo inteiramente

desenvolvidos, seria improvável que eles perdessem tempo fazendo experiências com plantas

selvagens o mais provável que os nativos adotassem as plantas estrangeiras muito mais

produtivas e totalmente domesticadas.4

O arqueólogo Eduardo Góes Neves defende que a maior contribuição dos índios das

Américas para humanidade foi à domesticação de uma série de plantas consumível no mundo

inteiro como o abacate, batata, mandioca, amendoim, milho, maracujá e outros tantos de

diferentes lugares antes mesmo da chegado dos europeus.

Normalmente um centro de domesticação pode ser identificado a partir dos próprios

vestígios paleobotânicos encontrados nos sítios arqueológicos ou de estudos botânicos e

genéticos indicando a ocorrência, em áreas específicas, de espécies selvagens que tenham

parentesco com espécies domesticadas. 5

Acredita-se que tanto as sociedades mesoamericanas e pré-colombianas adotavam um

sistema de rodízio de suas terras com o intuito de recuperar sua fertilidade perdida.

3 MAZOYER, Marcel, História das agriculturas no mundo: do neolítico á crise contem. São Paulo UNESP; Brasília, 2010.

4 SANDERS,W.T. Pré-História do Novo Mundo. Rio de Janeiro. Zahar Editora. 1971.

5 EDUARDO,Góes Neves. Arqueologia da Amazônia: Descobrindo o Brasil. Rio de Janeiro. Zahar Editora.2006.

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Denominada de derrubada – queimada este sistema poderia perdurar de 10 a 50 anos, onde o

tempo de uso do solo seria de um, dois e três anos no máximo.

Praticado em meio as florestas densas ou secundarias por instrumentos rústicos já se

tinham uma preocupação da recuperação do solo desgastado. Após o abate de folhas e troncos

elas eram entulhadas e queimadas antes da chegada das chuvas. Suas cinzas serviam como

fertilizantes que penetravam entre á terra com ajuda das chuvas. Outra preocupação após a

capinagem era não arrancar do solo raízes e brotos para que pudessem contribuir com o

processo de recuperação.

Em algumas sistemas adotavam um único plantio que geralmente eram plantas de alto

valor calórico que pudessem suprir as necessidades básicas da população como o arroz, o

milho, a batata, a mandioca e outros. Para contribuir com essa alimentação básica,

cultivavam-se plantações secundaria como o feijão, o amendoim e etc. Sem abandonar a caça

e a pesca.

Como já citado acima, as sociedades mesoamericanas e pré-colombina tiveram um

crescimento populacional considerável devido ao desenvolvimento agrícola. Esse

desenvolvimento só foi possível graças a um aparato estatal que cuidava da produção e da

distribuição á população.

O Estado Inca é um bom exemplo de estado atuante. Este Império tratava de diversos

assuntos como construções de estradas que permitiam se deslocar rapidamente no meio de

montanhas e florestas, transporte, sistema troca com outras regiões, nos assuntos religiosos e

cobrança de impostos das comunidades camponesas pouco diferenciadas.

Situada na região andina á 4500 metros acima do mar hoje região da Colômbia,

Equador, Peru, Bolívia, Argentina e Chile. O Império inca desenvolveu seu sistema agrícola

de acordo com as particularidades de cada região. Diferente das sociedades mesoamericanas a

sociedade Inca se deparou com uma geografia muito complexa não só no seu relevo, mas nas

suas condições climáticas.

A ausência de terrenos planos para seu plantio, a sociedade inca ficou famosa por

utilizar as encostas das montanhas íngremes para desenvolver seu sistema. Criaram um

sistema de aquedutos e canais nas costas das montanhas e com a chegada das chuvas que

escorriam pelas montanhas permitia a irrigação dos terraços um de cada vez.

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Este sistema permitiu o Império Inca ser um dos pioneiros na plantação do milho e a

cultivar dos mais diversos tipos de batatas. Rica em nutrientes servia boa parte da população.

Mais tarde com a chegada dos europeus o milho e a batata foram exportados para a Europa

fazendo parte da sua culinária.

Uma questão que se apresenta para a discussão é se as dificuldades geográficas pode

determinar uma complexidade cultural em detrimento de outras.

Sabemos que o meio influencia e provoca a capacidade humana para sua adaptação.

Como também temos ciência que as culturas não podem ser classificadas em mais ou menos

ricas.

É importante salientar que o meio não determina se uma civilização chegara á um

estagio muito mais avançado do que outras sociedades. Temos que levar em consideração que

a forma que esses homens utilizam os recursos e tiram vantagens da natureza podem ser sim o

fator chave para o seu legado.

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CONCLUSÃO

Concluo o meu trabalho reafirmando o que já foi afirmado por muitos estudiosos ao

longo da história humana: “quem tem terra tem o poder”.

O trabalho com a terra permitiu a sobrevivência humana e dessa sobrevivência

despertou toda uma criatividade para uma melhor forma de adaptação e dominação sobre o

outro.

Essa disputa pela terra nos dias atuais não é fruto dos homens da contemporaneidade,

o homem quando percebe que dela vem o seu sustento, cria diversos mecanismo para um

melhor aproveitamento do que ela pode oferecer.

Entre inúmeras riquezas que ela nos oferece como o minério de ferro, bronze, o níquel

ou os metais preciosos como a prata, o ouro, o diamante etc. A agricultura se tornou a riqueza

mais valiosa e cobiçada por todos os homens.

Quando o homem percebe que não precisa mais se locomover por longos trajetos para

obter o seu sustento e que um único pedaço de chão germinava milhares de vida ele

transformou um único pedaço de terra em laboratório. Fazendo experimentações com plantas

e animais de outras áreas ou regiões, teve o discernimento de compreender que outras

espécies não tinham a mesma capacidade de adaptação ao meio.

Essa adaptação de algumas plantas ou animais transformou-se na alimentação base de

uma sociedade como o milho, a mandioca, o arroz e outros tantos que seria desnecessário

apresenta-los todos aqui.

Dessa singularidade que cada região apresenta vai se desenvolver novas ferramentas,

novas domesticações, novos sistemas de captação de recursos, estradas, transporte,

armazenamento, distribuição, exploração sobre o outro, as festas (sucesso na plantação), a

religiosidade (descontentamento dos deuses) e o calendário que vai de acordo com o que vai

ser plantado.

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BIBLIOGRAFIA

EDUARDO,Góes Neves. Arqueologia da Amazônia: Descobrindo o Brasil.

Rio de Janeiro. Zahar Editora.2006.

SANDERS,W.T. Pré-História do Novo Mundo. Rio de Janeiro. Zahar Editora.

1971.

MARCASSA, Luciana. A origem da família, da propriedade privada e do

Estado. Universidade Federal de Goiás.

MAZOYER, Marcel, História das agriculturas no mundo: do neolítico á crise

contemporânea Marcel Mazoyer, Laurence Roudart; [tradução de Cláudia

F.Falluh Balduino Ferreira]. – São Paulo UNESP; Brasília, DF: NEAD, 2010.