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  • 1. UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PS-GRADUAO LATO SENSU FACULDADE INTEGRADA AVM DISLEXIA Por: Adriana Roucas Fernandes Rodrigues Orientador Prof. Dayse Serra Rio de Janeiro 2011

2. 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PS-GRADUAO LATO SENSU FACULDADE INTEGRADA AVM DISLEXIA Apresentao de monografia Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obteno do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional Por: .Dayse Serra 3. 3 AGRADECIMENTOS ....A Deus por ter me dado fora e coragem par prosseguir nessa misso. Aos meus pais, esposo, filho e amigos que me incentivaram na realizao e concluso deste trabalho. 4. 4 DEDICATRIA .....Dedico a Deus e todos que de alguma forma contriburam e me apoiaram para concluso deste trabalho. 5. 5 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo abordar um dos transtornos de aprendizagem que atinge, segundo Capovilla(2004), cerca de 10% das crianas em idade escolar, apesar da boa escolarizao, tendo em vista que acarreta srios problemas inerentes leitura e escrita como a soletrao de palavras, por exemplo. Dessa forma, esse trabalho acadmico procura conhecer e buscar intervenes para amenizar tal problema, visto que a dislexia no tem cura, porm caracteriza-se por acarretar dificuldade de aprendizagem, sendo necessrio, portanto um acompanhamento constante. Ao longo do tratamento, fundamental o papel do psicopedagogo e do professor no auxlio para o diagnstico em parceria com a famlia a fim de alcanar o sucesso escolar do aluno dislxico. 6. 6 METODOLOGIA O presente trabalho constitui-se em uma pesquisa bibliogrfica que, segundo Gil (2002), tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo em questo, a dislexia, com vistas a torn-lo mais explcito ou a constituir hipteses. Pode-se dizer que esta modalidade de pesquisa cientfica tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuies. Tomei como aporte terico os estudos contemporneos sobre dislexia advindos das teorias de Alessandra G. S.Capovilla (2002), Lou de Olivier (2008), Simaia Sampaio (2010) entre outros citados na bibliografia desta pesquisa. 7. 7 SUMRIO INTRODUO 8 CAPTULO I - Dislexia 10 1.1. Definio 10 1.2. Tipos de dislexia 13 CAPTULO II - Dislexia nos primeiros anos de escolaridade 17 2.1. Principais sintomas 17 2.2. Avaliao Diagnstica 20 CAPTULO III Atuao em conjunto do docente e do psicopedagogo no tratamento do dislxico 23 3.1. Papel do professor 23 3.2. Interveno pedaggica 30 CONCLUSO 31 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33 NDICE 38 8. 8 INTRODUO A escolha deste tema surgiu a partir da experincia enquanto alfabetizadora dos anos iniciais do Ensino Fundamental, especificamente de turmas do 3 ano de escolaridade. No municpio de Duque de Caxias, onde leciono h sete anos, observa-se que a dislexia ainda considerada um entrave no desencadear do processo ensino- aprendizagem uma vez que muitos professores encontram dificuldades de desenvolver atividades pedaggicas assim como selecionar critrios de avaliao para alunos que apresentam esse distrbio de leitura. A criana com dislexia demonstra srias dificuldades com a identificao dos smbolos grficos no incio da sua alfabetizao, o que acarreta fracasso em outras reas que dependem da leitura e da escrita. Segundo Gonalves (2006), a dislexia um distrbio de aprendizagem que envolve reas bsicas da linguagem, podendo tornar rduo esse processo, porm, com acompanhamento adequado, a criana pode redescobrir suas capacidades e o prazer de aprender. importante ressaltar que ainda no se obtm suporte terico-metodolgico adequado para trabalhar com esse problema de aprendizagem, logo, faz-se necessrio amenizar esse quadro, principalmente no que se refere capacitao dos profissionais da educao, sobretudo, os professores, pois a maioria dos cursos de formao tanto a nvel de ensino mdio (curso normal) quanto a de graduao no preparam o profissional para lidar,com tais dificuldades que um aluno dislexo apresenta. Portanto, uma alternativa significativa a integrao entre famlia e escola, parceria indispensvel para melhorar o desempenho do aluno numa viso holstica. A interveno do psicopedagogo um elemento de relevncia na qualidade do trabalho pedaggico, pois este profissional de fundamental importncia no processo inicial de avaliao e diagnstico uma vez que a partir de uma investigao minuciosa, o psicopedagogo far as intervenes e os encaminhamentos necessrios com o objetivo nico, o sucesso do aluno. 9. 9 O presente trabalho divide-se em trs captulos: No primeiro captulo, aborda-se a definio do transtorno de leitura e sua origem, bem como os diferentes tipos de dislexia, levando em considerao que no h somente um tipo de dislexia. E de um modo geral qual a populao atingida, ou seja, quais so os indivduos em fatores de risco. No segundo captulo, observam-se os principais sintomas que atingem as crianas em fase escolar, isto , nos primeiros anos de escolaridade trazendo srios comprometimentos na rea da leitura e escrita tais como falta de ateno e concentrao diante das atividades, troca de letras que so similares graficamente e dificuldade de orientao espacial. importante ressaltar que os sintomas de dislexia variam de criana para criana. Segundo Olivier (2008), muitas crianas demonstram alguns sinais desde a pr-escola demonstrando atraso na linguagem, vocabulrio pobre, problemas no processamento fonolgico e dificuldades em aprender canes e rimas etc. Aps a anlise dos sintomas, ainda neste captulo, as avaliaes adequadas para detectar e amenizar tal problema so analisadas a fim de fazer os encaminhamentos necessrios de acordo com cada indivduo. No terceiro captulo, aborda-se o papel fundamental do professor contribuindo de maneira positiva para o diagnstico de tal dificuldade de aprendizagem atravs de sua prtica diria junto ao aluno. Por meio de sua prtica pedaggica, o professor percebe os primeiros sinais de dificuldades no aprendizado da leitura e escrita e j nos primeiro sinais, o aluno pode ser encaminhado ao psicopedagogo e este far as intervenes necessrias. Se for detectada a dislexia por meio de uma detalhada avaliao minuciosa, o ideal que esse aluno seja levado a um tratamento especfico. As intervenes adequadas para ajudar o aluno dislxico a lidar com tal problema para obter uma vida escolar mais prazerosa sero ainda estudadas neste captulo. 10. 10 CAPTULO I DISLEXIA 1.1. DEFINIO DE DISLEXIA A dislexia um dos mais comuns transtornos de aprendizagem que acarreta grande dificuldade na leitura e na escrita, causando uma defasagem inicial nos primeiros anos de escolaridade. Nesse sentido, segundo Sampaio (2010), a dislexia um distrbio na leitura que afeta a escrita, sendo normalmente detectada a partir da alfabetizao, perodo em que a criana inicia o processo de leitura. Verificando a origem da palavra dis significa dificuldade e lexia linguagem, compreende-se que a dislexia um problema na aquisio da linguagem, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras. Segundo a definio elaborada pela Associao Brasileira de Dislexia, trata-se de uma insuficincia do processo fonoaudiolgico e inclui-se frequentemente entre os problemas de leitura e aquisio da capacidade de escrever e soletrar. A dislexia um transtorno que atinge em especial a parte da leitura e consequentemente afeta a escrita, portanto, a criana que no consegue ler, tambm apresentar comprometimento na escrita. Entende-se, ento, que um problema de linguagem e no intelectual, pois h crianas super inteligente, com boa escolaridade e que so dislxica. De acordo com Leite (2005) Muitas vezes, a criana apresenta condies intelectuais normais, porm poder ler com dificuldades e transformar ou deformar as palavras. Quando a criana inicia o processo de alfabetizao normal a omisso, incluso ou troca de letras, mas essas dificuldades persistem nas crianas com dislexia entre outros sintomas, causando um domnio insuficiente da leitura. A criana dislxica entende oralmente as palavras, mas demonstra grande barreira ao ler e escrever tal palavra. Na viso de Rodrigues e Silveira (2007) a criana dislxica apresenta dificuldade de ler o que est escrito e de escrever o que est pensando. Quando tenta expressar-se no papel, o faz de maneira incorreta fazendo com que o leitor no compreenda suas idias. 11. 11 Na fase escolar, necessrio que a criana desenvolva a conscincia fonolgica para poder compreender os princpios alfabticos e a correspondncia entre grafema e fonema. Na perspectiva de Sampaio (2010, p. 110 ), A criana possui conscincia fonolgica quando se torna consciente de que palavras, slabas e fonemas so unidades identificveis. E a criana tendo desenvolvida essa conscincia, auxilia na aquisio da leitura e escrita. Conforme pesquisas realizadas a dislexia atinge entre 6% a 15% da populao trazendo grandes transtornos na rea da leitura e escrita levando muitas vezes a baixo auto estima, acarretando abandono dos estudos muito cedo pela dificuldade de detectar o problema desde a tenra idade. Segundo a Associao Brasileira de Dislexia, pessoas dislxicas e que nunca se trataram, lem com muita dificuldade, pois difcil assimilarem palavras. De acordo com estudiosos, a dislexia origina-se de fatores neurolgicos, ou seja, um distrbios que tem origem na formao do crebro antes mesmo do nascimento. Na viso de Galaburda (2003) apud Deuschle e cechella(2009) As mal-formaes cerebrais se encontram em reas vinculadas ao processamento fonolgico, incluindo a rea temporo- occipital, conhecida como rea visual da forma da palavra falada, e no corpo geniculado medial o que acarreta distrbio especfico de leitura e escrita. Um dos fatores que origina a dislexia, segundo alguns estudiosos, que o hemisfrio esquerdo menor que o hemisfrio direito e as modificaes envolvendo o lobo temporal esquerdo danificam as funes ligadas s habilidades verbais, enquanto as leses do hemisfrio direito esto ligadas s habilidades no-verbais Nesse aspecto, conforme Olivier (2008, p.60): Em paciente destros, o hemisfrio direito predominante para o processamento de informaes no-verbais (faces, figuras geomtricas /espaciais e artes em geral), podendo ser considerado sintetizador enquanto o hemisfrio esquerdo o dominante para o processamento e estmulos que tem uma conotao lingustica (letras,palavras,fonemas,nmeros). A construo da linguagem oral e escrita depende do conjunto de vrias redes neuronais, e se esses neurnios no estiverem adequadamente conectados 12. 12 acarretam srios comprometimentos na aquisio da linguagem. Nesse sentido, de acordo com a Associao Brasileira de Dislexia, A dislexia uma disfuno neurolgica: a informao faz um caminho mais longo e demora um pouco mais para ser processada. A dislexia oriunda principalmente de fatores genticos, ou seja, sofre fortes influncias genticas. De acordo com o site dislexia.com.br: A dislexia tem base neurolgica, e que existe uma incidncia expressiva de fator gentico em suas causas, transmitido por um gene e uma pequena ramificao do cromossomo # 6 que, por ser dominante,torna dislexia altamente hereditria,o que justifica que se repita nas mesmas famlias. Pesquisas feitas em gmeos idnticos comprovam que quando um dos gmeos apresenta dislexia, o outro irmo tambm apresenta. Nas palavras de Capovilla e Capovilla (2004, p. 49), Logo, uma concordncia maior entre os monozigticos sugeriria fortemente que a dislexia tem uma causa gentica importante. Entende-se, tambm, que uma das causas da dislexia so os fatores cognitivos no qual a criana sofre um dficit fonolgico. Na viso de Frith (1997) apud Capovilla e Capovilla (2004, p.52) Tais dificuldades de processamento fonolgico levariam aos problemas em leitura e escrita observados na dislexia. Os aspectos ambientais podem ser um dos fatores que originam a dislexia, os aspectos ortogrficos e o mtodo de alfabetizao podem prejudicar seriamente a construo da linguagem no indivduo. Conforme explanao de Frith (1997) apud Capovilla( 2004, p. 48): Num primeiro momento condies biolgicas (como aspectos genticos), em interao com condies ambientais (como exposio,a toxinas ou a baixa qualidade de nutrio da me durante a gestao), podem ter efeitos adversos sobre o desenvolvimento cerebral, predispondo o individuo a distrbio do desenvolvimento. 13. 13 1.2- TIPOS DE DISLEXIA A dislexia, como visto anteriormente, um distrbio que afeta a leitura e, consequentemente a escrita. Porm, no h somente um tipo de dislexia e neste captulo conheceremos as diferentes formas de dislexia que podem ser divididas em: dislexia adquirida e dislexia do desenvolvimento ou congnita. As dislexias adquiridas podem ser subdivididas em Perifricas e Centrais. Nas dislexias perifricas, na viso de Pinheiro (1994) e Morais(1996) apud Faria (2010) a leso encontra-se no campo visual, dificultando a leitura das letras. J nas dislexias centrais, as causas ocorrem pelo comprometimento do processamento da linguagem provocando alterao nas rotas. Conforme Faria (2010), Alm do distrbio do sistema de anlise visual, h tambm alterao em parte de uma das rotas fonolgica ou lexical ou em ambas. Em relao dislexia adquirida ocasionada devido a uma leso cerebral e ocorre, geralmente, aps a aquisio da leitura. Nesse aspecto, segundo Olivier (2008, p.54) a dislexia adquirida: Vem por meio de um acidente qualquer. Como por exemplo temos Anoxia Perinatal, anoxia por afogamento (obs.:Anoxia a diminuio ou ausncia de oxigenao no crebro), Acidente Vascular cerebral (o popular derrame) e outros acidentes e distrbios que podem causar uma Dislexia Adquirida. Os tipos de leitura processa-se a partir de duas rotas: a rota lexical e a rota fonolgica. A rota lexical faz uso do campo visual para a leitura das palavras. Nesse sentido, de acordo com Capovilla & Capovilla(2004, p.56 ) Nesta rota a pronncia obtida a partir do reconhecimento visual do item escrito, e o leitor tem acesso ao significado daquilo que est sendo lido antes de emitir a pronncia propriamente dita. A rota fonolgica utilizada para a leitura de palavras de baixa incidncia e pouco frequente, ou seja, a pronncia das palavras processada por meio da aplicao de regras de correspondncia entre grafema e fonema. 14. 14 Os tipos de leitura surgem com base nos quadros de dislexias adquiridas. Baseando-se na viso de Ellis (1985), prope uma subdiviso para as dislexias perifricas, dentre elas esto: Dislexia por negligncia: a dificuldade de identificar as slabas iniciais, mesmo que haja a conscincia de sua existncia em uma das posies. Conforme Capovilla &Capovilla (2004, p.56 ) Os distrbios tambm esto no sistema de anlise visual e o leitor consistentemente ignora partes das palavras, geralmente deixando de ler a parte inicial. Dislexia letra por letra: Na viso de Ellis (1995) apud Caldeira e Cumiotto (2004) o indivduo identifica as letras uma de cada vez, mas demonstra dificuldade em reconhecer e ler a palavra por inteiro . Dislexia atencional: acarreta srios problemas na codificao das posies das letras nas palavras sem alterar a identificao paralela das letras. Nesse sentido, a dislexia de ateno , de acordo com Guimares (2004) o comprometimento em focalizar a ateno numa letra ou vocbulo, as letras de uma palavra podem juntar- se a outra palavra. No que se refere s dislexias centrais, estas se subividem em quatro tipos: Dislexia no-semntica: o entendimento das palavras escritas muito baixa. Nesse sentido, Grgoire, Pirart (1997, p. 27) apud Barreto(2010) O indivduo com esse problema apresenta incapacidade de compreenso do significado das palavras, embora apresente capacidade para converter as letras em sons, demonstrando, inclusive, a capacidade de fazer leitura de no-palavras. Dislexia fonolgica: H certa dificuldade na leitura de palavras pela rota fonolgica no qual faz uso desse processamento fonolgico. Conforme Rodrigues (2008), o indivduo demonstra grande dificuldade em ler palavras desconhecidas. Dislexia profunda: apresenta certo bloqueio para leitura de no-palavras, em especial em voz alta, alm de demonstrar erros semnticos e visuais. De acordo com Ellis (1995) apud Caldeira e Cumiotto (2004) a incapacidade quase que 15. 15 completa para ler no-palavras oralmente, alm de apresentar erros semnticos e visuais. Dislexia de superfcie: demonstra dificuldade em ler palavras irregulares, ou seja, palavras que se lem de maneira diferente da escrita. Na perspectiva de Olivier(2008, p.47) Caracteriza-se basicamente pela falha de leitura de palavras irregulares, em um comprometimento da via lexical. H outros tipos de dislexia que afetam diretamente na aquisio da linguagem como a dislexia visual, dislexia auditiva e dislexia motriz. Dislexia visual: uma disfuno na anlise visual dos vocbulos. De acordo com Caldeira e Cumiotto (2004) a dislexia visual, apresenta-se na troca de letras com semelhana grfica. Dislexia auditiva ou acstica:Manifesta-se na impossibilidade de perceber os diferentes tipos de sons acarretando srios comprometimentos na identificao dos fonemas. Usando as palavras de Boorer e Miklebust(1971) apud Nico (2011) um comprometimento na percepo auditiva gerando deficincia na memria auditiva, no audibilizando cognitivamente o fonema. Dislexia motrix: Na viso de Drumond (2010) demonstra dificuldade no movimento ocular e h limitao no campo visual provocando retrocessos e principalmente intervalos mudos ao ler. Ainda dentro da Neuropsicologia, existe a dislexia que est voltada para o adulto que podem ser a dislexia profunda e a superficial, como j visto anteriormente. E em relao neuropsicologia infantil, h subgrupos de dislexia: os disfonticos, os diseidticos e os dislxicos mistos. Dislexia disfontica: a pessoa que acometida desta dislexia apresenta srios comprometimentos na percepo auditiva e na anlise e sntese dos fonemas; entraves temporais e nas percepes da sucesso e da durao provocando troca de fonemas e sons, diferentes grafemas e demonstra dificuldades na compreenso e leitura de palavras que no tm significado, modificao na ordem das slabas e letras, apresenta dificuldade na escrita das palavras. Conforme Iak (2004, p. 41) essa dislexia causa Troca de fonemas e grafemas, alteraes na ordem das letras 16. 16 e slabas, omisses ou acrscimos, apresentando maior dificuldade com a escrita do que na leitura. Dislexia diseidtica: apresenta dificuldade na percepo visual, na percepo gestltica, na anlise e sntese de fonemas. De acordo com Iak(2004, p.41): Essa dislexia traz como conseqncia uma leitura silabada, dificuldade em estabelecer snteses, aglutinao ou fragmentao de slabas e/ou palavras, troca por equivalentes fonticos, apresentando uma dificuldade maior para a leitura do que para a escrita. De acordo com alguns estudiosos, a dislexia do desenvolvimento a dificuldade que ocorre durante o processo de aquisio da leitura nos primeiros anos de escolaridade, ou seja, j nasce com o individuo. Na viso de Rodrigues(2008) a dislexia do desenvolvimento est ligado a uma perturbao ou retardo na aquisio de leitura que se relaciona com problemas na aprendizagem. A dislexia do desenvolvimento ocasiona um atraso em algum aspecto do desenvolvimento, alguma deficincia na maturao neural, que ocasiona as dificuldades da criana. Na perspectiva de Jorm (1985, p.12 apud Barreto 2010) Correspondem s falhas em adquirir as habilidades de leitura e escrita durante o curso do desenvolvimento normal. 17. 17 CAPTULO II Neste segundo captulo alguns dos principais sintomas de dislexia sero abordados desde a pr-escola at a fase da alfabetizao, ou seja, nos primeiros anos de escolaridade, bem como o diagnstico e avaliao do transtorno de aprendizagem em estudo, a dislexia. 2.1. PRINCIPAIS SINTOMAS De acordo com Olivier (2008) alguns sintomas de dislexia podem ser percebidos desde a tenra idade quando ocorre certo atraso no desenvolvimento da linguagem da criana e esta apresenta muita dificuldade em aprender as msicas, versos e histrias, demonstrando esquecimento aps ouvi-los. Alm disso, h srio comprometimento na coordenao motora tambm. Nos primeiros anos de escolaridade, a criana com dislexia apresenta ainda distrbios na leitura e no consegue soletrar as palavras corretamente e no reconhece letras nem nmeros. Observa-se, na viso de Leite (2005) que os sintomas da dislexia variam de criana para criana, algumas demonstram dificuldades em fazer laos nos sapatos, em reconhecer as horas, em pular corda e at mesmo pegar e chutar a bola. Outras, na sua grande maioria demoram em aprender a ler e a escrever nmeros e letras, em ordenar meses do ano, letras do alfabeto e ainda apresentam srios problemas de lateralidade principalmente em identificar esquerda e direita. Entende-se ainda que sua leitura mais lenta do que o esperado para sua idade; demonstra lentido nas quatro operaes aritmticas e apresentam dificuldade ao escrever nmeros e letras, em memorizar a tabuada, em seguir indicaes de caminhos e em realizar sequncias de atividades complexas. Alguns sinais podem indicar dislexia em criana na fase escolar na viso de Capovilla e Capovilla (2004, p. 60): Dificuldade especial em aprender a ler e escrever; Dificuldade em aprender o alfabeto, as tabuadas e seqncias como meses do ano; Falta de ateno ou pobre concentrao; 18. 18 Reverso de letras e nmeros (15 -51;b-d); Frustrao, podendo levar a problemas comportamentais. Outros sintomas observados so: Troca de letras, slabas ou vocbulos que so similares graficamente: a-o ;e-c;f-t;m-n; v- u ; i-j ; Inverso de letras com escrita parecida, porm com diferente orientao no espao: b/p, d/p, d/q, b/q, b/d, n/u, a/e, w-m; Troca de letras cujos sons so parecidos: d/t, j-x, c-g, m-b. v-f ; Acrscimo ou omisses de sons: casa por casaco, prato por pato; Ao realizar a leitura, pula linha ou retorna para a anterior; Ao ler, movem os lbios murmurando; Dificuldade na orientao espacial, no conseguindo se orientar com mapas, globos e o prprio ambiente. Utiliza dedos para contar; Demonstram dificuldade de lembrar de objetos, nomes, sons, palavras, ou mesmo letras; Alguns conseguem copiar do quadro com facilidade, porm na escrita espontnea( ditado e/ ou redao) mostram extrema dificuldade; Atinge mais meninos que meninas; CONDEMARN (1989) apud SAMPAIO (2010) Algumas caractersticas ainda podem ser vistas em um dislxico: baixo desenvolvimento da ateno; dificuldade em brincar com outras crianas; atraso na linguagem, na escrita e no desenvolvimento visual; dificuldade em aprender rimas e canes e em acompanhar a leitura de histrias e desinteresse por livros impressos. Na viso de Ianhez (2002), a criana pode apresentar sinais importantes de dislexia na fase escolar: Trocas referentes ortografia, porm depende do tipo de dislexia; Disperso e desateno; Desenvolvimento escolar abaixo do esperado para sua faixa etria, em matrias especficas, que dependem da linguagem escrita; Bom desempenho, nas avaliaes orais, do que nas escritas; 19. 19 Dificuldade para escrever, desenhar e pintar; Esquece palavras facilmente; Dificuldade de expressar-se, vocabulrio pobre, frases curtas, estrutura simples, sentenas vagas; Problema de conduta: retrao, timidez e depresso; Necessita de um tempo maior para realizar as atividades de casa e de aula; No gosta de frequentar escola; Dificuldade na rea da matemtica, desenho geomtrico e em decorar sequncias; Apresenta picos de aprendizagem, num dia assimila e compreende os contedos e noutro, parece ter esquecido o que aprendeu anteriormente. Em seu trabalho, Vallet apresenta seis manifestaes de comportamento caracterstico da dislexia, resumidas por alguns pesquisadores: desorganizao, inverses e tores de smbolos; disfuno da memria auditivo/visual seqencial;problemas na padronizao rtmica de sons, rimas, palavras e sentenas; dificuldade de ateno focalizada; desordens de organizao corporal, coordenao e integrao sensorial; distores associadas na cpia, na escrita e no desenho. (VALLET, 1986,P.63-64 apud BARRETO) importante ressaltar que antes mesmo da fase da alfabetizao, a criana pode apresentar algumas caractersticas que podem acarretar problemas na aquisio da leitura e da escrita. Conforme Zorzi (2009), as crianas que, desde muito cedo, vm apresentando dificuldade na aquisio da linguagem falada, vocabulrio pobre, as dificuldades de compreenso entre outros sintomas, podem estar na categoria de risco. Entende-se que esse transtorno no uma patologia, ela no tem cura e pode ser detectada logo na pr-escola, porm mesmo que a criana esteja estudando em uma escola convencional, possua funes cognitivas normais, a criana com dislexia falha no momento da aquisio da leitura e da escrita. Na viso de Capovilla & Capovilla (2004, p.59 e 60) alguns sinais podem indicar dislexia em crianas pr-escolares tais como: Histrico familiar de problemas de leitura e escrita; 20. 20 Atraso para comear a falar de modo inteligvel; Frases confusas, com migraes de letras: A gata preta prendeu o filhote em vez de a gata preta perdeu o filhote; Impulsividade no agir; Uso excessivo de palavras substitutas ou imprecisas(como coisa,negcio); Nomeao imprecisa(como helptero para helicptero); Dificuldade para lembrar nomes de cores e objetos; Tropeos, colises com objetos ou quedas frequentes; Dificuldade em aprender cantigas infantis com rimas; Dificuldade com sequncias verbais (como os dias da semana) ou visuais (como sequencias de blocos coloridos); Prazer em ouvir outras pessoas lendo para ela, mas falta de interesse em conhecer letras e palavras. Na perspectiva de Alves, Mousinho e Capellini (2011), uma vez que o transtorno detectado, inmeros estudos comprovam que a interveno precoce ajuda na preveno de crianas que apresentam desempenho de leitura e escrita abaixo do esperado em relao a sua classe, durante a fase pr-escolar e nos primeiros anos e escolaridade. 2.2 DIAGNSTICO E AVALIAO Aps uma anlise minuciosa dos sintomas de dislexia, necessrio realizar um diagnstico. O diagnstico deve ser feito no perodo de alfabetizao por volta dos 6 ou 7 anos. Segundo Carvalhais (2007) apud Cechella e Deuschle (2009), o diagnstico de suma importncia, sobretudo para definir estratgias de interveno, buscando o sucesso escolar. No perodo de alfabetizao, se o indivduo apresentar alguns dos sintomas concernentes ao transtorno de leitura, necessrio encaminh-lo a um psicopedagogo que um profissional preparado para realizar uma avaliao mais detalhada junto ao aluno nesta fase escolar. 21. 21 Aps identificar o problema, a criana deve ser avaliada por uma equipe multidisciplinar, formada por neuropsicloga, fonoaudiloga e psicopedagoga clnica e, se necessrio, ser encaminhado a outros especialistas como neurologista, oftalmologista e outros, conforme o caso. Os profissionais envolvidos devem verificar todas as possibilidades antes de qualquer confirmao de dislexia. Nessa perspectiva, de acordo com Olivier (2008, p.68): O psicopedagogo avaliar o paciente encaminhado, para detectar distrbios fonoauditivos, que exigiro encaminhamento a um fonoaudilogo e a um otorrino. Havendo deficincia na viso, poder ser indicado um oftalmologista. Tambm, certamente, o psicopedagogo o encaminhar a um neurologista, para que exames sejam realizados. Somente um diagnstico multidisciplinar avaliar com preciso o que est acontecendo com o indivduo. De acordo com Fox (2009), a dislexia deve ser avaliada por uma equipe multidisciplinar da rea da sade e os professores so considerados parceiros fundamentais. A equipe multidisciplinar analisa o paciente como um todo, detectando ou excluindo todas as possibilidades de dislexia. o que a Associao Brasileira de Dislexia (ABD) chama de avaliao multidisciplinar e de excluso. Ainda segundo a ABD, outros fatores devero ser excludos, como dficit intelectual, distrbio ou deficincias auditivas e visuais, leses cerebrais (congnitas e adquiridas), problemas afetivos anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o dislxico ir apresentar srios problemas emocionais, porm estes so consequncias e no causas da dislexia). importante ressaltar nesse processo, o relato da escola, dos pais e observar o histrico familiar e o desenvolvimento do paciente, pois essa avaliao no s investiga as causas das dificuldades como permite um encaminhamento correto a cada caso, atravs de um relatrio por escrito. Ao diagnosticar a dislexia, o encaminhamento define um tratamento detalhado conforme cada caso, pois o profissional que assumir o caso, j saber o problema e ter acesso a dados importantes sobre o paciente. Na viso de Olivier (2008 p. 68): 22. 22 Depois de se obter o resultado de todos os exames necessrios, que ser verificado se realmente h dislexia. Havendo, ser ento estabelecido o melhor tratamento, preferencialmente adaptado a cada paciente, para que se tenham melhores resultados. Compreendendo as causas, as potencialidades e as individualidades do indivduo, o profissional que estiver acompanhando diretamente o paciente, pode seguir a linha que achar mais conveniente. Os resultados iro aparecer de forma firme e gradativa. Um passo importante que a ABD sugere definir um programa em etapas e somente passar para a seguinte aps confirmar que a anterior foi devidamente absorvida, sempre retomando as etapas anteriores. o que ela chama de sistema multissensorial e cumulativo. de suma importncia que o professor e os responsveis estejam atentos, pois ao perceberem no aluno algumas caractersticas dislxicas, necessrio encaminh-lo o quanto antes para uma avaliao psicopedaggica, pois o quanto antes for iniciado um tratamento, melhores sero os resultados. A avaliao do indivduo com dislexia deve ser tanto qualitativa quanto quantitativa. A avaliao qualitativa engloba entrevistas com os pais ou responsveis e com a criana, anlise clnica, e verificao dos relatos e de registros escolares. Nessa avaliao necessrio observar alguns sinais que podem indicar dislexia, pois esses sinais ajudam a detectar o transtorno e a criana imediatamente encaminhada a uma avaliao. J a avaliao quantitativa analisa os fatores especficos da leitura e da escrita, observando a integridade das rotas de leitura e de outras habilidades cognitivas destacando o processo fonolgico, o processo visual, o sequenciamento, a memria de trabalho e de longo prazo. (CAPOVILLA & CAPOVILLA, 2004). 23. 23 CAPTULOIII 3.1- O PAPEL DO PROFESSOR E DO PSICOPEDAGOGO Entende-se que o papel do professor nesse processo de diagnstico da dislexia de suma importncia, especialmente nos primeiros anos de escolaridade, pois depois da famlia, o primeiro contato que a criana tem com o mundo com a escola e, consequentemente, com o professor. Quando o professor percebe ou detecta no aluno dificuldade de ler e entender o que l, j um sinal de risco que precisa ser investigado logo nos primeiros anos de escolaridade. Quando diagnosticado um quadro de dislexia, atravs de atividades pedaggicas rotineiras, o professor percebe que algo no caminha bem, cabe escola orientar a famlia da criana de maneira que ela procure ajuda especializada visando o diagnstico multiprofissional e o tratamento do problema.(GOMES et al.,2009) Para isso, necessria uma investigao minuciosa e logo que o professor detecta algum problema, o aluno deve ser encaminhado rapidamente ao psicopedagogo. Como j visto nos captulos anteriores, os dislxicos apresentam grandes dificuldades na aquisio da linguagem escrita ou falada, por isso o professor, ao relacionar-se com este aluno, precisa trat-lo com muita dedicao, ateno e incentivo criatividade, pois alguns dislxicos demonstram aptides no campo das artes. Conforme Olivier (2008, p.71): O professor tambm tem papel fundamental na assessoria a este aluno dislxico, para estimul-lo em aulas de criatividade, no exigir bom desempenho em aulas muito tericas, no ridiculariz-lo nem permitir que seus colegas o ridicularizem por no acompanhar a classe. Sendo assim, as crianas dislxicas precisam ser valorizadas com atividades que agucem cada vez mais essas habilidades e que promovam nelas a autoestima. Uma das tarefas do educador resgatar a autoconfiana do aluno, descobrir outras habilidades que demonstrem facilidade e que possam acreditar em si mesmo. 24. 24 O educador deve ter um olhar especial para cada aluno, compreendendo suas dificuldades de maneira que possa encaminh-los adequadamente para os profissionais especializados nessa reas e possam receber o tratamento adequado. Na opinio de Fonseca (1995), o professor dos primeiros anos de escolaridade deve buscar seus prprios instrumentos de diagnstico a fim de conduzir suas atividades de forma coerente. Da maneira que esses instrumentos permitam detectar bem cedo quaisquer transtornos de aprendizagem, pois s atravs da interveno psicopedaggica pode ser considerada socialmente til e quanto mais cedo o diagnstico, mais rpida era a soluo do problema. Abaixo, observam-se alguns procedimentos que podem ser adotados por professores e at mesmo pelos pais de crianas dislxicas: A criana dislxica deve sentar-se junto professora, a fim de que a professora possa observ-la e ajud-la nas suas tarefas; Cada contedo deve ser revisto sempre que necessrio. Mesmo que a criana esteja atenta na hora da explicao, porm isso no garante que ela lembre do contedo na prxima aula. Educadores devem evitar insinuar ou chamar o aluno de lento, preguioso ou pouco inteligente, bem como fazer comparaes com outros colegas; Evitar que a criana leia em voz alta na frente dos colegas; Seus conhecimentos devem ser avaliados pelas respostas orais e no pelas respostas escritas; No esperar da criana que ela tenha habilidade para utilizar o dicionrio. O uso do dicionrio deve ser cuidadosamente ensinado; Evitar dar vrias regras ortogrficas ao mesmo tempo. Como por exemplo: os vrios sons do c ou do g ou dar uma lista de palavras com uma mesma regra para o aluno aprender; Sempre que possvel, solicitar a criana para repetir o que a professora pediu para ela fazer, pois isso ajuda na memorizao; A apresentao de atividade de escrita deve ser cuidadosamente analisada, com cabealhos grandes, letras claras, maior uso de diagramas pouco uso de palavras escritas; O ambiente em que o aluno est inserido deve ser calmo e quieto sem muitas distraes; 25. 25 A escrita de forma mais difcil do que a cursiva. A escrita cursiva facilita a velocidade e a memorizao da forma ortogrfica da palavra; preciso despertar na criana a autoconfiana, e despertar nela o prazer por outras reas tais como msica, esporte,artes e tecnologia etc. (CAPOVILLA &CAPOVILLA ,2004) A criana dislxica apresenta dificuldades na construo fonolgica, neste caso, o professor pode auxiliar o aluno a perceber os sons das palavras. Segundo Sampaio (2010) o professor pode auxiliar a criana trabalhando com rimas, de forma que identifique os sufixos e prefixos de um determinado grupo de palavras ou que comeam com determinada letra. Confeccionar cartes, contendo figuras de palavra que rimam, de forma que as crianas possam fazer esta diferenciao, buscar em revistas palavras que rimam, trabalhar canes e poesias que rimam, so formas por meio das quais o educador pode auxiliar uma criana a desenvolver sua conscincia fonolgica, amenizando os problemas de leitura . A criana ao desenvolver sua conscincia fonolgica facilitar aquisio da leitura e da escrita. Compreende-se que o professor um instrumento para ajudar seu aluno dislxico a sanar suas dificuldades em sala de aula. Para isso, De Luca(2011) apud Teles (2011), aponta algumas estratgias tais como:dar um tempo maior para a execuo das avaliaes e aplic-las em sala separadas dos demais alunos; ler oralmente as questes para auxiliar na compreenso; realizar provas orais e, quando for prova escrita, explicar com detalhes em caso de confuso ou dvida em alguma questo; a utilizao de tabuadas impressas, frmulas ou calculadora conforme a srie; a integrao do aluno dislxico junto a classe. Desta maneira, o professor conseguir avaliar o quanto seu aluno aprendeu e assim o aluno dislxico tem grande chance de avanar no seu aprendizado. O professor no deve discriminar o aluno dislxico em sala de aula, ao contrrio, deve incentiv-lo a fazer todas as atividades e elogi-lo pelo esforo e pelos avanos; tirar as dvidas sempre que necessrio; lembr-lo de anotar os dias e horrios das provas, tarefas e pesquisas; solicit-lo que faa anotaes de determinadas explicaes; d nfase s provas orais. Na viso de Caldeira e Cumiotto (2004), algumas atitudes elevam a auto estima dos educandos dislxicos: 26. 26 Evitar discrimin-los diante dos colegas, no for-los a ler em voz alta, nem relatando seus erros ou notas baixas diante de todos; Repetir falas e mensagens sempre que necessrio; Ser paciente, quando estiverem copiando do quadro, dando-lhes mais tempo para concluir as tarefas e incentivando-os; Na leitura de palavras longas, ensin-los a separ-los com a ponta do lpis; Utilizar uma linguagem clara e, em lnguas estrangeiras, preparar trabalhos e pesquisa, pois eles apresentam muita dificuldade. O professor precisa ter um olhar diferenciado e flexvel para cada aluno que apresenta alguma dificuldade, e compreender a natureza desses transtornos, buscar o diagnstico e uma avaliao adequada, para melhorar o aprendizado do aluno, e se instrumentalizar , de forma que auxilie seu aluno da melhor maneira, pois h muitos professores que lecionam e no sabem o que dislexia. Dessa forma, importante ressaltar nesse processo a capacitao do professor, pois ele precisa conhecer tal distrbio e suas principais caractersticas para que possa saber diagnosticar e fazer os encaminhamentos necessrios. Quando lhe faltaM essas informaes, o trabalho em sala se torna mais difcil. Sampaio(2010,P.117) d algumas dicas para pais, professores e psicopedagogos: os softwares da coleocoelho sabido so excelentes para desenvolver reconhecimento de sons, de letras, fontica, rimas, vocabulrio, ortografia, alm de outras reas na matemtica, raciocnio lgico, cincias, artes etc., bem como a concentrao. (Sampaio,2010 p.117) preciso levar em considerao a interveno psicopedaggica no tratamento do dislxico. A funo do psicopedagogo de extrema importncia pois uma de suas contribuies de auxiliar a famlia no tratamento de um aluno dislxico. Ao diagnosticar o quadro de dislexia, a famlia deve ser informada do problema e ser orientada a lidar com tal problema, pois os pais so os principais responsveis pela ligao entre os especialistas envolvidos e a escola. O psicopedagogo deve intervir atravs de tratamento que realizado por meio de intervenes explcitas e intensas na leitura, e o tratamento varia de acordo com 27. 27 cada tipo de dislexia. Essas intervenes tem como objetivo promover o desenvolvimento do aluno dislxico. Neste sentido a ABD, apresenta algumas intervenes psicopedaggicas que so importantes no tratamento de um aluno dislxico como por exemplo : integr-lo em sala de aula como algum capaz de realizar as atividades com responsabilidade e competncia; reabilitao da leitura, dando condies ao aluno de adquirir a educao formal. Ao atuar com a criana dislxica, o psicopedagogo procura embasamento nos diversos tericos, para melhor atender e sanar as dificuldades, buscando novas tcnicas e habilidades que faam sentido para o aluno. preciso que o psicopedagogo associe o estmulo e desenvolvimento de suas inclinaes naturais, com o despertar das deficincias instrumentais, atravs de mtodos multissensoriais, como foi dito anteriormente, que parte da linguagem oral estrutura do pensamento da leitura espontnea, a anlise temtica, da construo crtica e gerativa das idias expresso escrita. A psicopedagogia encontra real significado quando atinge a famlia do dislxico onde pais ou responsveis podem cooperar com o tratamento. Conforme a Associao Brasileira de Dislexia, a interveno psicopedaggica com o portador de distrbio de leitura, tem por objetivo dar suporte s atividades de sala de aula; demonstrar apoio pedaggico aqueles que precisam desenvolver competncias acadmicas; incentivar a autonomia de cada um para vida social; levar o educando a construir seu prprio aprendizado, sendo ele mesmo o sujeito do seu conhecimento. A ABD chama de interveno psicopedaggica porque valoriza o aprender a aprender, uma educao para a vida, levando em considerao a realidade do aluno bem como sua prpria histria de maneira que o tratamento atenda cada um individualmente. Do ponto de vista de Vicente (2008) para uma interveno psicopedaggica eficaz necessrio que o profissional descreva a situao real do aluno bem como seu problema e dificuldade aos pais e escola e o que ocorre no crebro das crianas com transtornos de aprendizagem afim de representar fielmente o caso do dislxico em seu plano de trabalho. O psicopedagogo deve avaliar para intervir e a partir da buscar soluo que amenize as dificuldades do aluno. A interveno psicopedaggica deve acontecer 28. 28 quando o profissional sente-se seguro teoricamente para atuar diretamente diante dos educandos dislxicos. Lembrando que essa segurana vem a partir das trocas de experincias e do atendimento direto com o dislxico, ou seja, a interveno psicopedaggica uma capacidade, advinda da experincia, de realizar algo com eficincia e competncia. A psicopedagogia entende a dislexia como um processo integrativo onde valoriza os aspectos biolgico e psicodinmicos do indivduo bem como a ligao entre famlia e escola, buscando uma aprendizagem que lhe faa sentido de acordo com suas potencialidades. 3.2- INTERVENES PEDAGGICAS Para que o aluno dislxico tenha sucesso na sua vida escolar preciso basear-se em uma terapia multissensorial ligando a viso, a audio e o tato, utilizando atividades prticas tais como: Relgio digital Calculadora Gravador Produo do prprio material de alfabetizao Utilizar figuras e fotos, pois a figura fundamental para sua aprendizagem. (CALDEIRA E CUMIOTTO,2004) de fundamental importncia no tratamento da dislexia o tipo de mtodo que utilizado na fase de alfabetizao. Segundo Capovilla (2002), existem dois mtodos de alfabetizao indicados para alunos dislxicos: o mtodo multissensorial e o mtodo fnico. O mtodo multissensorial indicado para crianas mais velhas e o mtodo fnico indicado para crianas mais jovens e deve ser aplicado logo no nicio da alfabetizao. O mtodo multissensorial procura combinar vrias caractersticas sensoriais no aprendizado da linguagem escrita s crianas. Ao juntar as modalidades auditiva, visual, cinestsica e ttil, esta metodologia facilita a leitura e escrita ao estabelecer a conexo entre aspectos visuais que est relacionado forma ortogrfica da palavra, auditivos esto ligados forma fonolgica e cinestsicos aos movimentos 29. 29 adequados para escrever tal palavra. Este mtodo, apesar de ser mais longo, um dos mtodos mais eficazes para crianas mais velhas, que demonstram dificuldades de leitura e escrita h muitos anos e que possuem histrico de fracasso na sua vida escolar. O mtodo fnico tem dois objetivos principais: aprimorar as habilidades metafonolgicas e ensinar as relaes grafo-fonmicas. Este mtodo ajuda na comprovao de que crianas dislxicas tm dificuldades em distinguir , segmentar e controlar de maneira consciente, os sons da fala. Esta dificuldade pode ser amenizada com o inicio de atividades explcitas e sistemticas de conscincia fonolgica, durante ou mesmo antes da alfabetizao. Segundo Sampaio, algumas intervenes so importantes no tratamento de uma criana dislxica: O tratamento deve ser realizado por um especialista, ou algum que tenha noes de ajuda ao dislexo. Deve, ainda, ser individual e frequente; durante o tratamento, deve-se usar material estimulante e interessante; ao usar jogos e brinquedos, empregar tambm os que contenham letras e palavras; as atividades indicadas no livro de Capovilla(2000)- Problemas de escrita:como identificar, prevenir e remediar em uma abordagem fnica- so excelentes para serem desenvolvidos tanto em sala de aula, pelo professor, quanto em consultrios; trabalhar com rimas, visando desenvolver sua conscincia fonolgica. Brincar com as palavras; reforar a aprendizagem visual com o uso de letras em alto relevo, em diferentes texturas e cores. interessante que a criana percorra o contorno das letras com os dedos, para que aprenda diferenciar a forma da letra. Pode-se usar uma caixa de areia para que ele desenhe a letra com o dedo, usar tintas e pincis para que desenhe as letras que foram dita pelo especialista; deve-se iniciar por leituras muito simples, com livros atrativos,aumentando gradativamente, conforme o ritmo da criana. Neste caso, o psicopedagogo ir observar se h um 30. 30 vnculo inadequado com esta aprendizagem, pois sendo assim, no se aconselha trabalhar com leitura, imediatamente, at que este vnculo no esteja bem estabelecido, correndo o risco de aumentar sua rejeio pela leitura; no exigir que faa avaliao em outra lngua. Deve-se dar mais importncia superao de sua dificuldade, do que aprendizagem de outra lngua; o tratamento psicolgico no recomendado, a no ser nos casos de grave complicao emocional; no estimular a competio com colegas nem exigir que a criana responda no mesmo tempo que os demais; orientar o aluno, para que escreva em linhas alternadas, a fim de que tanto ele quanto o professor possam entender o que foi escrito, permitindo uma eventual correo; quando a criana no estiver disposta a fazer a lio, no a force. Procure alternativas, mais atrativas, para que ela se sinta estimulada; nunca critique negativamente seus erros. Procure mostrar onde errou, porque errou e como evitar tais erros. Mas ateno: no exagere nas correes, pois isso pode desmotiv-lo (mostre os erros mais relevantes); os pais devem reler o dirio de classe, sem criticar a criana por no conseguir faz-lo, uma vez que ela pode esquecer o que foi pedido e/ou no conseguir ler as instrues; evitar situaes em que a criana tenha de ler em voz alta, na frente dos colegas; se possvel, avaliar oralmente seus conhecimentos sobre cincias naturais, geografia e histria. (SAMPAIO,2010,p.115,116 e 117) As intervenes variam de criana para criana de acordo com o tipo de distrbios apresentados, mas dependendo da idade so utilizados materiais ldicos como computador,jogos e brincadeiras . 31. 31 Crianas com dislexia que recebem o tratamento logo que, detectado o problema, apresentam menos dificuldade no aprendizado da leitura. Utilizando-se mtodos adequados, a dislexia pode ser controlada. 32. 32 CONCLUSO Este trabalho de pesquisa aborda um dos problemas de aprendizagem, a dislexia, que um desafio para o profissional da educao no que se refere aplicao das intervenes pedaggicas necessrias a fim de que o educando no alcance o fracasso escolar. Para isso, requer, acima de tudo, muito conhecimento terico-metodolgico para distinguir com clareza o que est interferindo negativamente em seu rendimento escolar. Deste modo, este trabalho monogrfico visa refletir sobre esse distrbio de leitura mais comum em crianas de idade escolar e que perdura na fase adulta. importante ressaltar a contribuio significativa deste estudo acerca da dislexia uma vez que trouxe mais esclarecimentos quanto ao diagnstico dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, no por conta de desinteresse prprio, mas devido aos fatores neurolgicos, biolgicos e genticos que acarretam srias dificuldades na aquisio da leitura e da escrita. Deve-se levar em considerao, nessa busca constante para auxiliar um dislxico na sua vida escolar, a atuao de profissionais de diversas reas tais como psicopedagogo, fonoaudilogo e neurologista. Enfatizar a importncia do professor como instrumento valioso no diagnstico imprescindvel, pois atravs do seu olhar diferenciado torna-se possvel, desde muito cedo, detectar algum entrave no aluno durante a fase de alfabetizao. O professor junto com o psicopedagogo, fonoaudilogo far os encaminhamentos necessrios para auxiliar no tratamento do dislxico buscando construir as melhores estratgias que facilitem o desenvolvimento do aluno a fim de superar os obstculos para avanar cada vez mais na leitura e na escrita. A participao familiar durante esse processo contribui nos resultados, tornando-os ainda mais produtivos. Segundo Freitas (2009) o olhar e escuta do psicopedagogo compreendem a dislexia :sob os vis integrativo, onde se valorizam os aspectos orgnicos e psicodinmicos do indivduo, bem como a integrao da famlia e da escola nesse processo. Deste modo, esse trabalho nos remete a uma reflexo constante e um anseio pela busca de novos conhecimentos bem como um olhar diferenciado dos nossos alunos de forma individual e no coletiva, lembrando que cada um apresenta suas peculiaridades e, logo, aprende de maneira nica. 33. 33 Essa pesquisa, portanto, tem o objetivo de ajudar o aluno a vencer os obstculos que se levantam diante dele por meio de mais subsdios terico- metodolgicos para o profissional da educao, este que assume papel integrante desse processo de diagnstico da dislexia na fase escolar. 34. 34 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ALVES, Luciana Mendona,CAPELLINI Simone, MOUSINHO Renata. 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Disponvel em: http://www.psicopedagogia.com.br 38. 38 NDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMRIO 7 INTRODUO 8 CAPTULO I 10 Dislexia 1.1 Definio de dislexia 10 1.2 Tipos de dislexia 13 CAPTULO II Dislexia nos primeiros anos e escolaridade 2.1.Principais sintomas 17 2.2.Avaliao diagnstica 20 CAPTULO III Atuao em conjunto do docente e psicopedagogo no tratamento do dislxico 3.1.Papel do professor e do psicopedagogo 23 3.2.Intervenes pedaggicas 30 CONCLUSO 31 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37 NDICE 38 39. 39