Disfagia

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30/10/2014 1 Protocolo para avaliação do paciente traqueostomizado LICA ARAKAWA SUGUENO II Encontro de Disfagia: A utilização de protocolos na prática fonoaudiológica Seleção do instrumento depende do objetivo A seleção do instrumento deve levar em consideração o perfil do indivíduo assistido. Alguns centros especializados apresentam perfil de risco determinado para disfagia e já devem realizar o protocolo de avaliação clínica. Não há consenso sobre o protocolo ideal para rastreio ou avaliação em internados críticos. Scheep SK et al. 2012; Kertscher B et al. 2013. Você quer saber se o paciente tem risco para disfagia, se apresenta disfagia ou se apresenta penetração/aspiração?? Risco de aspiração Revisão sistemática sobre os fatores fisiológicos relacionados com o risco de aspiração Parâmetros relevantes para o risco de aspiração Medidas de força de língua Movimento do osso hióideo Tempo do trânsito do bolo na faringe enquanto a laringe permanece aberta Taxa respiratória Fase respiratória durante a deglutição Stelle C, Cichero JAY. Physiological factors related to aspiration risk: a systematic review. Dysphagia, Feb 2014, Vol. 29. A culpa é da traqueostomia... Aspiração em pacientes com traqueostomia 61 pacientes traqueostomizados por diferentes motivos Aplicação de 4 gotas de corante azul na língua do paciente traqueostomizado – Evan’s Blue Dye (4/4h) 69% tiveram resultado positivo num período até 30 horas Três fatores foram relacionados ao grupo que apresentou aspiração Presença de sonda nasogástrica Status de consciência alterado Presença de traqueostomia com balonete Aspiração após a traqueostomia é uma causa freqüente de febre, atelectasia, broncopneumonia e, às vezes, a morte. Cameron JL; Reynolds J; Zuidema GD. Plastic & Reconstructive Surgery.1973;52(2):206 Traqueostomia e Disfagia Redução do movimento ântero-superior da laringe (Logemann 1993, Dikeman e Kazandjian 1995). Irritação traqueal em repouso e durante a deglutição. Fechamento da laringe reduzida A compressão do esôfago pelo balonete do tubo de traqueostomia (Becker, Weitez, Dettenmeier 1994) O rompimento da pressão das vias aéreas de deglutição (Gross et al, 1992) A redução do fluxo de ar através da glote Eliminação de fluxo inspiratório quando manguito é inflado Embotamento do reflexo de tosse (Tippetts e Siebens, 1991) Traqueostomia e Disfagia Não coordenação da resposta fechamento glótico Reduzida sensibilidade da laringe (Cameron et al 1973, Bone et al 1974, Bonnano 1971, Sasaki et al 1977) Fonoaudiólogos estão envolvidos na avaliação e tratamento de pacientes com traqueostomia que apresentam dificuldades de deglutição. Estes pacientes necessitam de uma triagem antes do início da alimentação via oral, isto é reduzir o risco de aspiração, que pode levar a pneumonia de aspiração (Myers, 1995). Recomenda-se uma abordagem multidisciplinar para garantir atendimento adequado e eficaz para o paciente individual.

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30/10/2014

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Protocolo para avaliação do paciente traqueostomizado

LICA ARAKAWA SUGUENO

II Encontro de Disfagia: A utilização de protocolos na prática fonoaudiológica

Seleção do instrumento depende do objetivo

� A seleção do instrumento deve levar em consideração o perfil do indivíduo assistido.

� Alguns centros especializados apresentam perfil de risco determinado para disfagia e já devem realizar o protocolo de avaliação clínica.

� Não há consenso sobre o protocolo ideal para rastreio ou avaliação em internados críticos.

Scheep SK et al. 2012; Kertscher B et al. 2013.

Você quer saber se o paciente tem risco para disfagia, se apresenta disfagia ou se

apresenta penetração/aspiração??

Risco de aspiração

� Revisão sistemática sobre os fatores fisiológicos relacionados com o risco de aspiração

� Parâmetros relevantes para o risco de aspiração

� Medidas de força de língua

� Movimento do osso hióideo

� Tempo do trânsito do bolo na faringe enquanto a laringe permanece aberta

� Taxa respiratória

� Fase respiratória durante a deglutição

Stelle C, Cichero JAY. Physiological factors related to aspiration risk: a systematic review. Dysphagia, Feb 2014, Vol. 29.

A culpa é da traqueostomia...

� Aspiração em pacientes com traqueostomia

� 61 pacientes traqueostomizados por diferentes motivos

� Aplicação de 4 gotas de corante azul na língua do pacientetraqueostomizado – Evan’s Blue Dye (4/4h)

� 69% tiveram resultado positivo num período até 30 horas

� Três fatores foram relacionados ao grupo que apresentou aspiração

� Presença de sonda nasogástrica

� Status de consciência alterado

� Presença de traqueostomia com balonete

� Aspiração após a traqueostomia é uma causa freqüente de febre, atelectasia, broncopneumonia e, às vezes, a morte.

Cameron JL; Reynolds J; Zuidema GD. Plastic & Reconstructive Surgery.1973;52(2):206

Traqueostomia e Disfagia

� Redução do movimento ântero-superior da laringe (Logemann 1993, Dikeman e Kazandjian 1995).

� Irritação traqueal em repouso e durante a deglutição.

� Fechamento da laringe reduzida

� A compressão do esôfago pelo balonete do tubo de traqueostomia (Becker, Weitez, Dettenmeier 1994)

� O rompimento da pressão das vias aéreas de deglutição (Gross et al, 1992)

� A redução do fluxo de ar através da glote

� Eliminação de fluxo inspiratório quando manguito é inflado

� Embotamento do reflexo de tosse (Tippetts e Siebens, 1991)

Traqueostomia e Disfagia

� Não coordenação da resposta fechamento glótico

� Reduzida sensibilidade da laringe (Cameron et al 1973, Bone et al 1974, Bonnano 1971, Sasaki et al 1977)

� Fonoaudiólogos estão envolvidos na avaliação e tratamento de pacientes com traqueostomia que apresentam dificuldades de deglutição. Estes pacientes necessitam de uma triagem antes do início da alimentação via oral, isto é reduzir o risco de aspiração, que pode levar a pneumonia de aspiração (Myers, 1995).

� Recomenda-se uma abordagem multidisciplinar para garantir atendimento adequado e eficaz para o paciente individual.

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Mecanismo da tosse – o papel da laringe

• A tosse é um dos dois mecanismos de depuração para proteção das vias aéreas com relação à entrada de partículas procedentes do meio externo.

• O outro é o clearance mucociliar

• Os principais benefícios da tosse são

• eliminação das secreções das vias aéreas pelo aumento da pressão positiva pleural, o que determina compressão das vias aéreas de pequeno calibre, e através da produção de alta velocidade do fluxo nas vias aéreas

• proteção contra aspiração de alimentos, secreções e corpos estranhos

• é o mais efetivo mecanismo quando existe lesão ou disfunção ciliar, como acontece na mucoviscidose, asma e discinesia ciliar

• proteção contra arritmias potencialmente fatais (ao originar aumento de pressão intratorácica)

Fono

Mecanismo da tosse - laringe

• O ato de tossir está sob controle voluntário e involuntário

• fases inspiratória, compressiva e expiratória, seguindo-se a fase de relaxamento

• Quanto maior a fase inspiratória, maior será a eficácia da tosse

• Uma inspiração profunda permite um maior volume torácico e dilatação dos brônquios, o que torna mais eficiente a segunda fase

• Na fase compressiva existe fechamento da glote por cerca de 0,2 segundos, e ativação do diafragma e dos músculos da parede torácica e abdominal que, aumentando a pressão intratorácica até 300 mmHg, comprimem as vias aéreas e os pulmões

• Na fase expiratória há uma abertura súbita da glote com saída do ar em alta velocidade, podendo atingir fluxos de até 12 L/s, ocasionando o som característico da tosse

Fono

Mecanismo da tosse - laringe

• O fluxo expiratório na última fase da tosse é gerado mesmo mediante pequenas variações de pressão positiva intratorácica.

• Assim, a realização da tosse efetiva pode se dar mesmo em situações nas quais sejam obtidas pressões bem abaixo das que podem ser produzidas pela musculatura expiratória.

• Na fase de relaxamento, a musculatura relaxa e há retorno das pressões aos níveis basais. Dependendo do estímulo, essas fases podem resultar em tosse de intensidade leve, moderada ou grave.

Fono

Padrão?

expiração-apnéia-deglutição-expiraçãoexpiração-apnéia–deglutição-inspiraçãoinspiração-apnéia–deglutição-expiraçãoinspiração-apnéia–deglutição-inspiração

Martin-Harris et al, 2003

Mecanismo da tosse - laringe

• Mecanismos de diminuição da efetividade da tosse

• a presença de anormalidades ou alterações no arco reflexo, que podem tornar os receptores ineficazes ou pouco efetivos, principalmente após estimulação repetitiva

• pode ser observado em crianças ou idosos que aspiraram corpos estranhos e apresentam muita tosse nos primeiros dias e depois diminuição ou cessação do ato de tossir

• crianças com retardo de desenvolvimento neuropsicomotor grave e que apresentam aspiração de líquidos podem apresentar pouca tosse depois de um tempo prolongado de aspiração

• uso de medicamentos sedativos e narcóticos

• dano decorrente de aumento de pressão sobre o centro da tosse (tumores de SNC e hipertensão intracraniana)

Fono

Mecanismo da tosse - laringe

• Mecanismos de diminuição da efetividade da tosse

• Doenças neuromusculares, pela menor capacidade de mobilizar o ar na fase inspiratória, e comprometimento da musculatura respiratória expiratória

• Cirurgia abdominal e torácica

• Anomalias da laringe com ineficácia de abertura da glote (paralisia de pregas vocais)

• Ineficácia de abertura da glote por procedimentos médicos (traqueostomia, tubo nasotraqueal)

Fono

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Mecanismo da tosse - laringe

• Mecanismos de diminuição da efetividade da tosse

• Redução na velocidade do fluxo aéreo produzido na fase expiratória. A remoção do muco depende também da obtenção de elevada velocidade do gás, que pode atingir aproximadamente 2.500 cm/s, o que favorece a suspensão de partículas do muco no lúmen da via aérea.

Fono

Intubação Orotraqueal - IOT

Tolep et al., 1996; Kunigk e Chehter, 2007; Padovani et al., 2008; Camargo, 2010

� Há impacto da IOT eletiva prolongada ou por complicação na deglutição

� Alteração na relação inspiração-expiração no processo da deglutição

� Laringoscopia alterada

� Alteração na fase oral e faríngea da deglutição

� Risco aumentado para penetração e aspiração

� A disfagia após IOT não pode ser associada apenas à IOT. Quasesempre associado a outros fatores.� Considerar também a presbilaringe

o 7 pacientes adultos traqueostomizados (46-82 anos)

o Sem história de CCP, cognição normal, deglutição normal e habilidade para tolerar decanulação

o Videofluoroscopia digital (30 frames)

o Análise do máximo de movimento do osso hióide

o Análise da aproximação laringe x hióide

o Critérios de randomização:

o TQ insuflado (5cc)

o TQ desinsuflado oclúido

o Estoma presente, porém, decanulado

o Não houve diferença estatística significante nos dados analisados sob randomização.

o Não houve ocorrência de aspiração em 100%.

Traqueostomia e Disfagia

Terk AR; Leder SB; Burrell MI

Dysphagia;22(2):89-93, 2007 Apr.

o 22 pacientes adultos com câncer de CP tratados cirurgicamente

o Análise prospectiva com FEES pela narina e posteriormente análise da TQ até a carina

o Condições

o TQ presente

o TQ removida e estoma coberto com gaze

o TQ removida e estoma parcialmente descoberto

o Análise dos resultados por 3 juízes

o 100% concordância

o 59% deglutição funcional

o 41% aspiração

o Cânula ou decanulação não afetaram o status da aspiração no pós-operatório recente de CP

Traqueostomia x Disfagia

Leder SB; Joe JK; Ross DA; Coelho DH; Mendes J Head Neck;27(9):757-61, 2005 Sep.

Disfagia e traqueostomia

� Há impacto da traqueostomia na deglutição no período imediato (dia do procedimento) e recente por efeitos inflamatórios do procedimento

� Traqueostomia realizada após insucesso na IOT deve considerar sequelas de tentativas de IOT

� Há controvérsias sobre impacto do uso prolongado da traqueostomia na deglutição

� Não há evidência de disfagia em pacientes traqueostomizadossomente pelo uso da traqueostomia

Terk AR et al. Dysphagia;22(2):89-93, 2007Brookes JT et al. J Otolaryngol;35(2):77-82, 2006

Disfagia e traqueostomia

� Não há suporte na literatura embasada em estudos de evidência científica que a cânula traqueal aumenta o risco para aspiração.

� Não há evidência de que a decanulação melhora a função da deglutição.

� O que determina a necessidade da TQ (problemasrespiratórios, trauma, etc) devem ser considerados osfatores determinantes para disfagia ou aspiração.

Leder SB; Joe JK; Ross DA; Coelho DH; Mendes J Head Neck;27(9):757-61, 2005 Sep.

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Excursão laríngea e movimento do osso hióide e laringe x gravidade da disfagia

Steele et al., Clin Otolaryngol. 2011 Feb;36(1):30-6

o 28 indivíduos foram avaliados por meio da VF

o Avaliação de medidas de excursão laríngea e movimento do osso hióide

o Há variações para as medidas conforme altura do paciente

o Há relação entre aumento de risco para penetração-aspiração com movimento anterior de osso hióide

o Reduções no movimento anterior da laringe e de excursão vertical abaixo dos limites de primeiro quartil estão associadas com risco de penetração-aspiração.

Proposta de intervenção

Pacientes internados

� Traqueostomia –eletiva ou emergência

� Doença de base

� Estado

o Controle motor de OFAo Deglutição espontâneao Respiração o Via de alimentação o Comunicação o Complicações

o Estado de alertao Nível de consciênciao Sinais vitaiso Postura/posicionamentoo Audição, compreensão

� SPO2 – Saturação de oxigênio

�Normalidade >95%

� Investigar saturação de base

� Investigar velocidade de retorno após queda acima de 4%

Sinais vitais

� Freqüência Respiratória - FR

� adulto 12 a 20rpm

� criança 30 a 40rpm

� Pressão arterial

Sinais vitais

Sistolica (mmHg)

<130130-139140-159160-179>179>140

Diastolica (mmHg)

<8585-8990-99

100-109>109<90

NívelNormal

Normal limítrofeHipertensão leve

Hipertensão moderadaHipertensão grave

Hipertensão sistolica ou máxima

� Freqüência cardíaca

� adulto 60 a 100bpm

� RN 100 a 160bpm

� crianças de 1 a 10 - 70 a 120bpm

Considerações – “síndromes” geriátricas

o Delirium hipoativo

o Doenças neuropsiquiátricas

o Acidente vascular encefálico

o Demências

o Depressão

o Parkinson PKS

o Deficits motores – dependência?

o Incapacidade financeira

o Disfunções sociais

Cicerchia M et al. Surg Oncol 2009I Consenso Brasileiro de Nutrição e Disfagia em idosos hospitalizados da SBGG

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MINI MENTAL

Dr. Salomon Rojas

J. Pediatr.79(4),2003

Escala de Richmond - Agitação e Sedação - RASS

Dr. Salomon Rojas

� Via

� Nutrição/absorção

� Hidratação

� Sintomas e sinais relacionados

Alimentação

Identificar nível de assistência

� Presença de Cânula/cuff

� Necessidade de ventilação mecânica

� Característica da secreção

� Competência para expectoração

Respiração

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Tipos de cânulas

Tipos de cânulas

Complicações da traqueostomia

� Imediata

� Hemorragia

� Má colocação

� Pneumotórax

� Enfisema

� Perfuração esofágica

Complicações da traqueostomia

� Tardio pós traqueostomia

� Obstrução por secreção

� Infecção do estoma traqueal

� Infecção brônquica

� Ulcera traqueal

� Necrose traqueal

� Migração do tubo para espaço pretraqueal

� Risco de oclusão da traqueostomia em obesos ou dificuldade na extensão cervical

� Fístula traqueoesofágica

� Decanulação acidental

� Hemorragia

� Tardio após decanulação

� Granuloma

� Orifício persistente do estoma traqueal

� Dilatação traqueal

� Estenose traqueal (balonete)

� Feridas

� Traqueomalácia

Critérios de intervenção

� Prescrição de avaliação fonoaudiológica

� Paciente capaz de manter no mínimo 15 minutos de estado de alerta (SIGN Guideline, 2004)

� Consegue manter uma postura adequada, mais vertical possível

� Ausência de dor ou dor suportável

� Possibilidade de oxigenação menor ou igual a 40%

� Estabilidade de sinais vitais nas últimas 24h

� Sinais vitais dentro dos limites de normalidade

� FC, FR, saturação de O2 (95ª100%) ou saturação basal mínima 88% - contra indicação relativa

� Nível de consciência – Escala de Glasgow acima de 8 – critério relativo

� Seguimento de equipes médica e de Fisioterapia (especialmente em ventilação mecânica)

Materiais disponíveis para a avaliação segura

� Descartáveis (gaze, espátula, copo, luvas, soro, seringa de 20ml)

� Lanterna

� Estetoscópio

� Aspirador em funcionamento e sondas

� Oxímetro de pulso

� Cuffômetro

� Corante azul

� Alimentos

� Espessante

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Proposta de intervenção

� Precauções:

� Avaliação com alimento ou corante alimentício com restrições para hematopatas, ou pacientes com doença renal (Recomendações da ASHA, 2003)

� Laringectomizados totais até 10 dias de pós-operatório (ausência do risco para aspiração, porém, ao mesmo tempo, a deglutição de alimentos precoce pode aumentar risco para fístulas de Pcomplicação)

� Há restrição de teste de corantes e alimentos nas reconstruções microcirúrgicas até 15 dias de pós-operatório devido ao risco de perda de retalho por contaminação. Testes com saliva e água pura são frequentemente liberados.

� Cardiopatas tem restrição a uso de manobras de proteção de via aérea com apneia prolongada

� Seleção de alimentos a diabéticos, nefropatas, etc.

Proposta de intervenção

� Precauções:

� os pacientes são avaliados mesmo no período imediato, ou seja, no dia da traqueostomia, porém, na conclusão deve ficar clara a correspondência funcional pela avaliação precoce. Ideal esperar 24h, mas não é a realidade de encaminhamentos e de liberação de VO.

� Avaliação pode ocorrer mesmo em jejum se há possibilidade de oferecer a maior quantidade de informações da biodinâmica da deglutição. A proposta não é só avaliar o risco para aspiração.

Triagem

� OFA e controle motor

� Estímulos orais

� Audição/compreensão

� Presença de deglutição espontânea

� Respiração, via de alimentação

� Possibilidade de comunicação oral ou outra forma de comunicação

� Correlação entre qualidade de voz e deglutição

Proposta de intervenção inicial para risco de aspiração

� Cânula traqueal com balonete insuflado: observar inicialmente visualmente e manualmente a condição da pressão do balonete (semi-desinsuflada, hipoinsuflada, insuflada ou hiperinsuflada)

� Ausculta torácica prévia para observação de ruídos sugestivos que impeçam desinsuflação de cuff

� solicitar tentativa de expectoração de secreção traqueal observando valores de saturação e sinais de desconforto.

� Se houve queda de saturação acima de 4% apenas na intenção de expectorar, é importante identificar se o retorno à saturação base é lenta ou rápida e registrar essa informação no protocolo de avaliação.

� Auscultar novamente a região torácica para observar se houve redução de ruído. Identificar características da secreção pulmonar (coloração, consistência e volume)

Proposta de intervenção para risco de aspiração� Solicitar deglutição de saliva ainda com balonete insuflado para

observar se o paciente

� Compreende a ordem

� Tem presença de tosse reflexa mesmo com balonete insuflado (pode sugerir edema faríngeo)

� Apresenta escape oral ou estase oral e faríngea

� Tem refluxo nasal

� Tem dor (local e se suporta)

� Qualidade e auto administração da saliva (fluida, espessa ou ausente) e quantidade de saliva ou secreção

� Traqueostomia eletiva e de urgência (corada com 0,1ml de anilina-verificar contra-indicações)

� Solicitar expectoração de secreção pulmonar e observar se houve saída de secreção azulada e volume, que pode um sinal de eventual perda de pressão de balonete por dano do material. Neste caso, observar tolerância do paciente à aspiração e sinais de oximetria de pulso.

Critérios para desinsuflar balonete

� Necessidade de oxigênio suplementar inferior a 40%

� Estabilidade hemodinâmica

� Capacidade de tosse para limpar as secreções no peito usando pregas vocais

� Capacidade de manter posição vertical sentado ou em cama

� O paciente requer aspiração ocasional

� Não necessidade ária ventilação com pressão positiva

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Contra-indicações para desinsuflar balonete

� Desconforto respiratório

� Aumento da freqüência respiratória

� Taquicardia

� Hipotensão

� Instabilidade hemodinâmica

� Mudança no nível de consciência

� Dificuldade de remover secreções de sucção / expectoração

� Questões em andamento ou não resolvidas relacionadas com a via aérea

Proposta de intervenção para risco de aspiração

� Ausculta torácica deve identificar necessidade de aspiração endotraqueal mecânica (com cateter) antes de desinsuflarbalonete. Observar necessidade pelos traumas na parede traqueal.

� Higienizar a boca com gaze eliminando o máximo de secreção oral e desinsuflar balonete lentamente com seringa informando o paciente previamente sobre o desconforto possível.

� Solicitar tosse ocluindo levemente a cânula para expectoração de secreção faringolaríngea por boca. Caso ocorra a queda da secreção supratraqueal, solicita-se a expectoração para estimular saída pelo traqueostomia. Caso o paciente apresente queda de saturação acima de 4% com retorno lento, deve-se reinsuflar o balonete e imediatamente iniciar a aspiração endotraqueal com cateter.

� Caso paciente tolere a retirada de pressão do balonete, dar continuidade ao teste

Proposta de intervenção para risco de aspiração

� Cânula traqueal com balonete desinsuflado ou cânula plástica sem balonete ou cânula metálica (sem êmbolo): certificar-se de que o balonete está realmente desinsuflado.

� Ausculta cervical e torácica prévia para observação de ruídos – na presença dos mesmos, solicitação de tosse voluntária com leve oclusão traqueal e tentativa de expectoração oral.

� Em seguida nova ausculta para observar resultado de tentativa de higiene alta; posteriormente, solicita-se tentativa de expectoração de secreções baixas e condições voluntárias de higienização de baixa observando valores de saturação e sinais de desconforto.

� Se houver queda de saturação acima de 4% apenas na intenção de expectorar, é importante identificar se o retorno à saturação base é lenta ou rápida e registrar essa informação no protocolo de avaliação.

� Auscultar novamente a região torácica para observar se houve redução de ruído. Identificar características da secreção pulmonar (coloração, consistência e volume)

Proposta de intervenção para risco de aspiração

� Solicitar deglutição de saliva (corada com 0,1ml de anilina-verificar contra-indicações) mantendo oxímetro de pulso e uso de estetoscópio.

� Observar se o paciente compreende a ordem, se apresenta escape oral ou estase oral e faríngea, refluxo nasal, se tem dor (local e se suporta) e qualidade da saliva (fluida, espessa ou ausente). Identificar ruído de deglutição sugestivo de penetração ou aspiração.

� Solicitar expectoração de secreção pulmonar e observar se houve saída de secreção azulada e volume. Neste caso, observar tolerância do paciente à aspiração e sinais de oximetria de pulso.

� Ausculta torácica posterior deve identificar necessidade de aspiração endotraqueal mecânica (com cateter). Observar necessidade pelos traumas na parede traqueal.

� Testar manobras (postural, proteção, facilitador) durante a deglutição de saliva de acordo com a patologia de base.

Proposta de intervenção para risco de aspiração

� Caso a deglutição de saliva tenha ocorrido com moderada ou franca aspiração e/ou desconforto respiratório com queda de saturação sem rápida elevação à saturação base, a avaliação será interrompida

� Caso a deglutição de saliva tenha ocorrido sem aspiração ou discreta a moderada, sem desconforto respiratório e rápida elevação à saturação base, ou seja, paciente com tolerância (controle dos sinais vitais), terá seguimento com alimento (checando possibilidade no item de contra-indicações)

� Deglutição de 2ml néctar na colher (proporção 100ml + 1 colher de chá de espessante + 2 gotas de corante azul) com uso da manobra mais segura no teste com saliva - observar tolerância ao desconforto, capacidade de expectoração, queda e retorno da saturação (tempo).

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Proposta de intervenção para risco de aspiração

� Repetir com outra manobra indicada. Caso a deglutição de néctar tenha ocorrido com moderada ou franca aspiração e/ou desconforto respiratório com queda de saturação sem rápida elevação à saturação base, a avaliação será interrompida. Caso haja tolerância, será realizada a aspiração endotraqueal. Observar fadiga e questionar conforto do paciente e se o paciente quer continuar.

� Conclusão: Escala de gravidade e FCMs ASHA Swallowing

� Conduta: Aspiração endotraqueal tardia para eventual aspiração laringotraqueal tardia; novas avaliações com outras consistências; terapia, encaminhamento, outras avaliações específicas, discussão com outras equipes

Consistência Thick&Easy® Thicken up Clear®

Néctar 4,5g 1 colher medida (padrão)

Mel 6g 2 colheres medida

Creme, pudim 7,5g 3 colheres medida

Preparo das consistências líquidaspara 100ml de líquido fino

Algoritmo de avaliação clínica

Clave P et al.2008

Functional Communication Measures

Nível Functional Communication Measures - Deglutition

1 Indivíduo não é capaz de deglutir nada com segurança pela boca. Toda nutrição e hidratação é recebida por meio de via alternativa (SNE, PEG, etc)

2 O indivíduo não é capaz de deglutir nada com segurança pela boca para nutrição e

hidratação, mas pode ingerir alguma consistência com uso máximo e consistente de

pistas, somente em terapia. Método alternativo de alimentação é necessário.

3 Método alternativo de alimentação é necessário se o indivíduo ingere menos de 50% da nutrição e hidratação e/ou deglutição é segura com uso moderado e consistente de pistas para utilizar estratégias compensatórias e/ou necessita de restrição máxima da dieta.

4 A deglutição é segura, mas frequentemente requer uso moderado de pistas para utilizar as estratégias compensatórias e/ou o indivíduo tem restrições moderadas da dieta e/ou ainda necessita de alimentação por tubo e/ou suplemento oral.

5 A deglutição é segura com restrições mínimas da dieta e/ou ocasionalmente requer mínimas pistas para utilizar estratégias compensatórias. Pode ocasionalmente se auto monitorar. Toda nutrição e hidratação necessária são recebidas pela boca durante a refeição.

6 A deglutição é segura e o indivíduo come e bebe independentemente e pode raramente necessitar de mínimas pistas. Frequentemente se auto monitora quando ocorrem dificuldades. Pode necessitar evitar itens de alimentos específicos (ex.: pipoca e amendoim) ou requerer tempo adicional (devido à disfagia).

7 A habilidade do individuo de se alimentar independentemente não é limitada pela função de deglutição. A deglutição seria segura e eficiente para todas as consistências. Estratégias compensatórias são efetivamente utilizadas quando necessárias.

Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº1, p. 29-34,2014

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Nunes et al, Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº1, p. 29-34,2014

Obrigada

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20 de marçoDia Nacional de

Atenção à Disfagia