Disciplina Um Ato de Amor-O Us

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1 O assunto central desta apostila é a questão bíblica da vara. Contudo é importante lembrarmos que ela não constitui o único aspecto importante na criação dos filhos. A Bíblia instrui os país no sentido de que ensinem "a criança no caminho em que deve andar", e a vara deve ser analisada dentro desse contexto de formação dos filhos. A formação correta de uma criança deverá envolver quatro aspectos vitais: amar, disciplinar, ensinar e dar exemplo. Quando esses quatro elementos são conduzidos de forma correta, ao mesmo tempo, a formação da criança ganha o equilíbrio certo. Amor Disciplina (vara) Ensino "Ensina a criança no caminho em que deve andar e ainda quando for velho não se desviará dele." (Pv. 22.6.) Exemplo Se o emprego da vara não for visto dentro do contexto dos outros três elementos, constituirá um desequilíbrio. Em vez de produzir resultados positivos, criará no lar uma atmosfera de rigidez, gerando desespero. Entretanto, aplicada dentro do contexto do amor, ensino e do exemplo adequado, torna-se um elemento bastante eficiente na formação da criança. Nosso objetivo no presente trabalho é fazer uma análise detalhada e acurada do uso da vara, do ponto de vista de Deus, à luz dos dias em que vivemos. A vara é um aspecto da criação dos filhos que pode ser facilmente mal-entendido e mal aplicado. Tornou-se alvo de grandes críticas, sendo fortemente atacada, e até considerada ilegal em certas partes do mundo. No entanto, é Deus mesmo quem dá grande importância a vara. Vamos examinar algumas passagens das Escrituras nas quais; ele ordena aos pais que a utilizem como instrumento na criação dos filhos. Nos seminários que realizamos sobre a criação de filhos, a maioria das perguntas que os pais nos fazem focaliza essa questão de bater nos filhos. É meu desejo que, ao ler e estudar sobre esse importante assunto, a matéria aqui apresentada possa fornecer ao leitor as respostas desejadas quanto ao por quê, o quando e o como do uso da vara, e que ela possa ser realmente uma informação prática e uma palavra de estímulo. POR QUE A VARA É NECESSÁRIA? Uma senhora estava na fila do caixa de um supermercado com o carrinho cheio de compras, e discutia com o filhinho de quatro anos. - Carlinhos, já lhe disse para ficar aqui. Não pode ir à banca de revistas. - Mas eu quero. E o garoto deu um safanão, soltou-se da mão dela e correu de volta para a banca. - Volte aqui já, senão vai ter! - Não! berrou Carlinhos. A mãe de Carlinhos saiu da fila, agarrou-o pelo braço e puxou-o de volta para onde estava. 0 menino começou a gritar, contorcendo-se e fazendo força para soltar-se dela. - Me solta! - Cale a boca e fique quieto! dizia a mãe irritada. Mas o garoto continuou a insistir. E a luta continuou até o fim, quando a caixa registrou as compras e elas foram embaladas e colocadas num carrinho vazio e conduzidas até o carro. Desse modo, filho e mãe voltaram para casa irritados e frustrados. Um homem volta para casa após um dia cheio de tensões no escritório e descobre que seu filho de dez anos desobedeceu suas ordens e está brincando com suas ferramentas. - Ó menino impossível! berra ele. Já lhe disse para não mexer nas minhas ferramentas! Por que não aprende a obedecer? e dá aquele tapa no rosto da criança. Uma senhora estava numa biblioteca pública, aguardando na fila a sua vez de chegar à encarregada, para que ela carimbasse a pilha de livros que iria retirar. Ao seu lado, estavam seus dois filhos, em idade pré-escolar. Num dado momento, as duas crianças começaram a discutir. Daí a pouco estavam-se empurrando e trocando tapas. - Parem já com isso! disse a mãe em voz pouco firme. Não sabem que isso não é jeito de se comportar? Nesse momento, a bibliotecária começou a examinar e carimbar as fichas dos livros dela, e teve a atenção

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    O assunto central desta apostila a questo bblica da vara. Contudo importante lembrarmos que ela no constitui o nico aspecto importante na criao dos filhos. A Bblia instrui os pas no sentido de que ensinem "a criana no caminho em que deve andar", e a vara deve ser analisada dentro desse contexto de formao dos filhos. A formao correta de uma criana dever envolver quatro aspectos vitais: amar, disciplinar, ensinar e dar exemplo. Quando esses quatro elementos so conduzidos de forma correta, ao mesmo tempo, a formao da criana ganha o equilbrio certo.

    Amor

    Disciplina (vara) Ensino "Ensina a criana no caminho em que deve andar e ainda quando for velho no se desviar dele." (Pv. 22.6.) Exemplo

    Se o emprego da vara no for visto dentro do contexto dos outros trs elementos, constituir um desequilbrio. Em vez de produzir resultados positivos, criar no lar uma atmosfera de rigidez, gerando desespero. Entretanto, aplicada dentro do contexto do amor, ensino e do exemplo adequado, torna-se um elemento bastante eficiente na formao da criana. Nosso objetivo no presente trabalho fazer uma anlise detalhada e acurada do uso da vara, do ponto de vista de Deus, luz dos dias em que vivemos. A vara um aspecto da criao dos filhos que pode ser facilmente mal-entendido e mal aplicado. Tornou-se alvo de grandes crticas, sendo fortemente atacada, e at considerada ilegal em certas partes do mundo. No entanto, Deus mesmo quem d grande importncia a vara. Vamos examinar algumas passagens das Escrituras nas quais; ele ordena aos pais que a utilizem como instrumento na criao dos filhos.

    Nos seminrios que realizamos sobre a criao de filhos, a maioria das perguntas que os pais nos fazem focaliza essa questo de bater nos filhos. meu desejo que, ao ler e estudar sobre esse importante assunto, a matria aqui apresentada possa fornecer ao leitor as respostas desejadas quanto ao por qu, o quando e o como do uso da vara, e que ela possa ser realmente uma informao prtica e uma palavra de estmulo.

    POR QUE A VARA NECESSRIA? Uma senhora estava na fila do caixa de um supermercado com o carrinho cheio de compras, e discutia com o

    filhinho de quatro anos. - Carlinhos, j lhe disse para ficar aqui. No pode ir banca de revistas. - Mas eu quero. E o garoto deu um safano, soltou-se da mo dela e correu de volta para a banca. - Volte aqui j, seno vai ter! - No! berrou Carlinhos. A me de Carlinhos saiu da fila, agarrou-o pelo brao e puxou-o de volta para onde estava. 0 menino

    comeou a gritar, contorcendo-se e fazendo fora para soltar-se dela. - Me solta! - Cale a boca e fique quieto! dizia a me irritada. Mas o garoto continuou a insistir. E a luta continuou at o fim, quando a caixa registrou as compras e elas

    foram embaladas e colocadas num carrinho vazio e conduzidas at o carro. Desse modo, filho e me voltaram para casa irritados e frustrados.

    Um homem volta para casa aps um dia cheio de tenses no escritrio e descobre que seu filho de dez anos desobedeceu suas ordens e est brincando com suas ferramentas.

    - menino impossvel! berra ele. J lhe disse para no mexer nas minhas ferramentas! Por que no aprende a obedecer? e d aquele tapa no rosto da criana.

    Uma senhora estava numa biblioteca pblica, aguardando na fila a sua vez de chegar encarregada, para que ela carimbasse a pilha de livros que iria retirar. Ao seu lado, estavam seus dois filhos, em idade pr-escolar. Num dado momento, as duas crianas comearam a discutir. Da a pouco estavam-se empurrando e trocando tapas.

    - Parem j com isso! disse a me em voz pouco firme. No sabem que isso no jeito de se comportar? Nesse momento, a bibliotecria comeou a examinar e carimbar as fichas dos livros dela, e teve a ateno

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    voltada para a conduta indisciplinada das crianas. Quando olhou para elas, para ver melhor a discusso, a me falou:

    - Ali, desculpe a perturbao. Elas ainda no dormiram hoje, e quando no dormem tarde ficam impossveis.

    A encarregada voltou a ocupar-se de seu trabalho, enquanto a me tentava inutilmente acalmar os filhos. Assim que a moa terminou o servio, ela apanhou os livros e saiu em direo porta. Abanando a cabea,

    fez um ltimo comentrio para os filhos com relao ao comportamento deles: - 0 meus filhos, mame est muito triste com vocs - muito triste mesmo. Os pais desejam que seus filhos lhes obedeam, quando solicitam algo deles, e, no entanto, poucos obtm

    deles obedincia... Alguns ficam to desanimados e frustrados, que passam a achar que impossvel que os filhos obedeam. Perguntaram a uma senhora se ela sabia o que fazer para conseguir que os filhos obedecessem, e ela respondeu:

    - Pelo que sei, o nico modo de ter filhos obedientes no ter filho nenhum. Onde est o erro? Por que tantos pais no conseguem aquilo que desejam? Por que tantos acabam

    sucumbindo raiva, frustrao, desespero e crueldade no que tange criao dos filhos? Quando uma pessoa adquire um aparelho eletrodomstico, recebe com ele um manual de instrues,

    fornecido pelos fabricantes. Esse manual ensina como se usa o aparelho e como se pode mant-lo sempre em boas condies. Se alguma coisa der errado, o comprador deve procurar uma oficina especializada para os devidos ajustes. 0 mesmo se aplica famlia. Ela foi criada por Deus. Foi idia dele. E em sua Palavra ele nos fornece instrues claras sobre "funcionamento" dela. Portanto, quando os pais enfrentam problemas na criao dos filhos, devem recorrer a ele. Ele oferece abundante informao de sua sabedoria para orient-los e gui-los nessa importante tarefa da criao dos filhos.

    OBSTCULOS DISCIPLINA

    Muitos dos problemas e fracassos que os pais enfrentam na criao dos filhos derivam do fato de no buscarem a sabedoria e orientao de Deus para isso, e no as aplicarem em sua vida. Mas existem vrios obstculos que impedem que recebam a instruo divina e sua sabedoria, para sua informao quanto disciplina dos filhos.

    O Pensamento Humanista Um dos obstculos disciplina o pensamento humanista. Essa filosofia, muitas vezes, traz consigo a idia

    de que a autoridade e disciplina paternas so coisas erradas e que impedem a verdadeira liberdade humana. A noo de que as crianas so seres basicamente bons, e que, se forem deixadas vontade, crescero felizes e sero pessoas realizadas, outra doutrina do humanismo. E como a mentalidade deste mundo tem uma influncia muito forte mesmo entre os cristos, muitos pais passam a duvidar da disciplina e a pensar que, se usarem a vara, estaro prejudicando o desenvolvimento e a felicidade futura do filho.

    Entretanto, a Bblia diz que "A estultcia (qualidade de estulto, de nscio) est ligada ao corao da criana, mas a vara da disciplina a afastar dela" (Pv 22:15). A palavra estulto (nscio, tolo) qualifica um indivduo com inclinaes egostas, que desconsidera a sabedoria e a vontade de Deus, preferindo viver independentemente dele. A Palavra de Deus afirma que "a criana entregue a si mesma (deixada vontade, para seguir seu prprio caminho) vem a envergonhar a sua me" (Pv 29:15). A verdadeira liberdade vem de uma libertao desta atitude egosta, e no de ficarem livres dos pais e de sua autoridade. Essa libertao que produz uma felicidade real e duradoura, pois deixa a criana livre da culpa e da escravizao geradas pelo egosmo.

    importante compreendermos tambm o propsito de Deus ao estabelecer a autoridade paterna e a disciplina no lar. Sua inteno que ambos sejam utilizados para o bem dos filhos; devem exercer uma influncia positiva e redentora sobre eles. Deus quer que os pais exeram sobre o filho a liderana de que ele precisa, no que ele quer. Devido s limitaes de seu conhecimento e a sua pouca experincia de vida, as crianas no so capazes de discernir o que bom, ou o que melhor para elas. Precisam de certas diretrizes, e isso lhes fornecido pelo exerccio da autoridade paterna. Um menino de dois, anos pode querer tornar sorvete no caf da manh, por exemplo, mas ele no tem conhecimento sobre nutrio, para saber que o sorvete no uma refeio.

    O reino de Deus um reino de amor e de ordem. um reino de relacionamentos corretos. 0 desejo de Deus que a famlia conhea seu reino no lar e expresse ali a realidade dele. Seu objetivo ao conceder aos pais a posio de autoridade dentro do lar no que eles exeram uma liderana cruel, dura e injusta; tampouco deve ser indiferente,

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    desinteressada e permissiva. Antes, eles devem oferecer aos filhos a mesma liderana terna e amorosa que Deus dispensa a seus filhos espirituais. Nosso Pai celeste o perfeito exemplo de autoridade paterna.

    Falsa Noo de Amor Outro obstculo disciplina uma falsa noo de amor. Alguns pais dizem: - Amo meus filhos demais e no gosto de bater neles. primeira vista, isso pode parecer certo, mas fica muito aqum do verdadeiro amor que Deus quer que os

    pais demonstrem pelos filhos. Deus amor; e em seu amor, ele deseja o melhor para cada indivduo. E como o verdadeiro amor busca o

    que melhor para os outros, deve aplicar a correo a tudo que possa servir de empecilho, para que eles atinjam a melhor condio possvel. Sem a verdadeira disciplina no existe o verdadeiro amor, e sem o. verdadeiro amor no h a verdadeira disciplina. "O que retm a vara aborrece o seu filho, mas o que o ama, cedo o disciplina." (Pv 13.24.)

    Um exemplo: o pai que ama sabe que desobedincia, egosmo, ira ou ressentimento impediro que os filhos alcancem todo o bem que Deus deseja para sua vida. 0 verdadeiro amor diz: Amo demais aos meus filhos, por isso tenho de corrigi-los."

    Se os pais tomarem a Deus como seu exemplo de paternidade, tero necessariamente de disciplinar os filhos quando isto se fizer necessrio. E ao disciplin-los, estaro manifestando o amor de que as crianas realmente necessitam. "Filho meu, no menosprezes a correo que vem do Senhor, nem desanimes quando por ele s reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama, e aoita a todo filho a quem recebe." (Hb 12:5,6)

    importante lembrarmos que o maior desejo de todo pai que seus filhos aprendam a amar e a servir a Deus de todo o corao. Por meio da disciplina certa, o pai est trabalhando no sentido de preparar o corao dos filhos para desejarem fazer a vontade de Deus em tudo, na vida, e tambm para conhecerem a alegria e a paz que ele deseja dar a todos por meio de seu Filho Jesus Cristo.

    Crueldade com Crianas - Outro obstculo que leva alguns pais a no quererem usar a vara em seus filhos o espancamento de

    crianas. Esse problema tem sido uma fonte de preocupao para muitas pessoas. A violncia contra crianas apresenta-se sob vrias formas: abuso sexual, agresso verbal e fsica, e crueldade emocional. Estou certo de que todos ficamos muito chocados e indignados quando ouvimos falar de pais que, em nome da disciplina e num momento de descontrole, espancam os filhos, infligindo-lhes leses corporais, a ponto de fraturar ossos e deslocar juntas. Ocasionalmente, ficamos sabendo de casos de extrema crueldade com menores. Recentemente, soube-se de uma criana que ficara trancada num armrio por varias semanas, no tendo permisso para conversar com ningum, nem ver ningum.

    Muitos dos adolescentes que fogem de casa, o fazem para escapar crueldade emocional a que so submetidos em seu lar materialista, de classe mdia.

    "Mas ns demos a ela tudo que queria", a queixa amarga dos pais, sem a menor percepo de que o que faltou foi uma disciplina terna, amorosa.

    Que tragdia quando as crianas no possuem pais que buscam no Senhor a instruo e o exemplo de que precisam para exercer autoridade paterna! Mas seja qual for a forma em que se apresente a crueldade para com as crianas - negligncia, rejeio, espancamento, brutalidade - deve merecer o repdio de todos.

    Entretanto, os pais, mesmo rejeitando a idia de crueldade com os filhos, devem ter o cuidado de no rejeitar o mtodo divino de se exercer a disciplina com amor, atravs da vara, o que no deve ser confundido com espancamento. Os pais precisam afastar o temor de que a disciplina com amor seja uma forma de crueldade. Alm disso, devem procurar no julgar ou criticar aqueles que utilizam essa forma de disciplina.

    Deixar de aplicar a disciplina amorosa por meio da vara tambm uma forma de crueldade. Os filhos tem necessidade de uma correo feita em amor, pois ela afeta tanto sua vida temporal como a eterna. "No retires da criana a disciplina, pois se a fustigares com a vara, no morrer. Tu a fustigaras com a vara e livrar sua alma do inferno " (Pv 23.13,14)

    A palavra "fustigar" empregada no verso acima tem uma conotao diferente da que tem hoje. No significa machucar a criana nem espet-la com objeto pontudo. "Fustigar" significa bater, dar-lhe com a vara. Significa bater, mas de maneira correta, no com o objetivo de infligir-lhe leses fsicas, mas de exercer uma correo de amor sobre

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    a criana. A aplicao da vara no deve ser a ocasio em que pais a aproveitem para desabafar suas frustraes pessoais. "Porque a ira do homem no produz a justia de Deus. (Tg 1:20.)

    Enquanto a crueldade e o abuso contra as crianas o resultado de raiva, egosmo, frustrao e ansiedade, a disciplina correta, aplicada por meio da vara, motivada pelo amor.

    Embora a vara nunca seja realmente uma experincia agradvel, nem para a criana nem para os pais, se aplicada adequadamente, ela produz benefcios positivos e duradouros. "Toda disciplina, com efeito, no momento no parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz efeito pacfico aos que tm sido por ela exercitados, frutos de justia." (Hb 12:11.)

    Ns fomos abenoados com uma filha, uma menina sadia e feliz. Ela dormia, comia e balbuciava, como toda criana. Certo dia, quando j estava um pouco maior, minha esposa foi coloc-la no bero para o costumeiro soninho da tarde. De repente, ela soltou um grito de protesto, pondo-se a chorar como que a dizer:

    - No quero ir dormir! E nos dias que se seguiram, todas as vezes em que ia dormir, era a mesma choradeira. Eu e minha esposa

    resolvemos ento que precisvamos corrigi-la sempre que isso acontecesse, dando-lhe umas boas palmadas. Em menos de uma semana, sua atitude mudou, parou de protestar, e passou a ir para a cama de boa-vontade. Depois que esse ligeiro problema foi corrigido, a hora de dormir passou a ser um momento agradvel, calmo para todos ns, em vez de uma hora de conflitos e brigas.

    Depois aplicamos esse mesmo princpio (disciplina em amor) em todos os outros problemas apresentados pelos nossos filhos, e alcanamos os mesmos resultados. Sentimos que a obedincia passou a fazer parte da conduta deles, tornando-se sua atitude normal. Suas atitudes de irritao e teimosia transformaram-se em amabilidade e felicidade. Percebemos que pudemos apreciar melhor a criao deles, a cada fase da vida. No temamos lev-los a passeios ou visitas, nem reaes que pudessem ter quando lhes pedssemos para fazer alguma coisa. Eles se tornaram um exemplo constante da fidelidade de Deus para conosco: vimos os frutos pacficos da justia, que ele prometera cultivar neles. Isto no quer dizer que eram perfeitos, nem que no cometamos erros. A criao deles nos deu muito trabalho e consumiu muito de nosso tempo, principalmente nos seis primeiros anos. Mas os frutos vieram; e os resultados obtidos foram felicidade e obedincia.

    Recentemente, quando estvamos falando sobre a diferena entre exercitar disciplina e espancar uma criana, perante um grupo de pais, um senhor relatou o seguinte:

    - Quando eu era pequeno, meu pai costumava passar por perodos de grande frustrao e raiva. Nesses momentos, ele batia no que estivesse perto dele. Em vrias dessas ocasies, fui vtima de sua raiva. Ele me dava murros, chegando a machucar-me muito. Hoje que sou pai, tenho grande dificuldade em bater no meu filho, mesmo sabendo que ele precisa apanhar. Quando j estou quase para bater nele, lembro-me do que meu pai fez comigo, e acabo mudando de idia.

    A reao daquele homem conduta de seu pai bastante compreensvel, mas o fato que ele est deixando que essa experincia do passado o leve a tomar a posio do extremo oposto, com relao ao filho. 0 que Deus requer dos pais na criao dos filhos no nem crueldade fsica, nem negligncia na correo. A ilustrao a seguir serviu para mostrar quele homem o ponto de equilbrio que deveria manter em sua relao com o filho. Imaginemos um pndulo:

    Reao Errada Ponto de Equilbrio Reao Errada Crueldade Disciplina em Amor Crueldade Amor egosta resul- O ensino bblico Reao fortemen- tando em negligncia com relao te emocional, da da correo necessria vara nos fsicos e leses

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    Uma pessoa que na infncia passou por um desses extremos, pode adotar a posio do extremo oposto, - que uma reao errada - em vez de procurar o ponto de equilbrio no ensino de Deus sobre o assunto.

    Preguia Outro empecilho que os pais enfrentam para bater nos filhos a preguia de disciplinar. O uso da vara exige

    uma aplicao pessoal da vontade do casal, para que se torne um aspecto realmente positivo na criao dos filhos. Alguns pais dizem: "No gosto de bater nos meus filhos para corrigi-los, porque d muito trabalho." verdade que o exerccio dessa disciplina em amor, ao bater d trabalho, mas tem que ser feita em obedincia ao mandamento da Palavra de Deus. E vale a pena, para os pais que desejam ver os frutos da felicidade e obedincia na vida dos filhos. Ter uma horta tambm d muito trabalho. Preparar os canteiros, semear, colocar adubo, regar e capinar so coisas que exigem tempo e trabalho. Mas os resultados uma cesta cheia de verduras frescas na mesa da cozinha - fazem com que esqueamos rapidamente o trabalho que ela deu. Assim tambm, bater um aspecto necessrio no trabalho de criao dos filhos, se quisermos ver os frutos positivos na vida deles.

    Quero repetir uma coisa: a vara no simplesmente uma idia que o homem teve para criao e disciplina dos filhos. Tampouco coisa antiquada. Ela veio de Deus. Foi ele quem ordenou que os pais batessem nos filhos com uma expresso de sei amor por eles.

    Bater tambm no um mtodo disciplinar pelo qual se pode optar ou no. algo de que o amor no pode abrir mo. E a pergunta que se acha diante de ns, pais, a seguinte: ser que amamos a Deus o suficiente para obedecer-lhe, e amamos nossos filhos o bastante para aplicarmos a correo da vara, quando esta for necessria? Se formos fiis em obedecer a Deus nessa questo, e tivermos o cuidado de bater em nossos filhos de maneira certa e por razes justas, comearemos a ver os frutos positivos que Deus prometeu produzir na vida deles.

    Pensamento Chave deste captulo: Foi Deus quem instruiu aos pais que batessem nos filhos, como uma expresso de amor.

    Versculo Chave O que retm a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo o disciplina. Provrbios 13:24

    QUANDO USAR A VARA muito comum os pais no entenderem quando devem usar a vara, mesmo entre aqueles que reconhecem a

    importncia que Deus d a isso. Nunca foi inteno de Deus que a vara fosse aplicada ao acaso. Ela tem um objetivo direto e deve ser aplicada por razes especficas.

    CINCO OCASIES EM QUE NO SE CASTIGA Criancices

    A vara nunca deve ser aplicada nos filhos para for-los a fazer alguma coisa para a qual ainda no esto

    preparados. As crianas no devem apanhar somente por serem crianas, por fazerem coisas prprias da idade. No existe erro em uma criana que age segundo as limitaes prprias, dos dois anos, dos seis, ou de qualquer outra idade. Deus quer que os pais deleitem com os filhos em todas as fases do seu crescimento. As crianas, que so to interessantes e espontneas, s vezes tm idias ingnuas e inocentes, e dizem coisas com toda a sinceridade. No se pode esperar que tenham as responsabilidades de um adulto, ou que tomem as decises de um adulto. Sua imaturidade natural no motivo para serem castigadas.

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    Falta de Certas Habilidades

    Os pais devem ter o cuidado de no bater nos filhos para que eles tenham as habilidades de outrem. Forar

    uma criana, atravs de castigos, a ter um desempenho atltico e intelectual, por exemplo, igualando-se capacidade de uma criana vizinha, injustia e crueldade. Numa mesma famlia pode haver crianas que gostem muito de ler, nos momentos de folga. Outras, talvez, gostem mais de estar armando coisas, utilizando as mos. E outra talvez, mais talentosa, saiba tocar um instrumento. Os pais nunca devem, fazer comparaes entre os filhos, com o objetivo de forar um filho a assemelhar-se a outro.

    Isso pode criar frustrao e tenses tanto para as crianas como para os pais. Estes devem cultivar os dons naturais que Deus concedeu aos filhos, deixando que floresam. Cada criana tem suas prprias habilidades, aptides e personalidades prpria.

    Acidentes Esquecimentos e pequenos acidentes involuntrios tambm no so razes para uma criana apanhar.

    Os pais precisam aprender a distinguir entre conduta sem erro e sem culpa. Muitas vezes, uma criana, espontaneamente, tenta ajudar os pais e os resultados nem sempre correspondem motivao dela. Certa vez, uma senhora resolveu sair, logo aps o jantar, para fazer umas compras muito urgentes. Os dois filhos resolveram fazer-lhe uma surpresa, e lavar as vasilhas do jantar, antes que voltasse. Consultaram o pai, e depois puseram-se a executar a tarefa. Quando a me regressou, ficou encantada de ver a cozinha arrumada - todas as vasilhas lavadas e guardadas.

    Mais tarde, naquela noite, porm, quando foi jogar alguma coisa no lixo, descobriu ali, quebrado, um dos copos de que mais gostava. Mas reconheceu que isso no era razo para bater nos filhos. Sabia que, embora tivessem cometido um erro em seu esforo de lavar a loua, no havia culpa no que haviam feito.

    Informao Incompleta

    Outra situao em que um pai no deve bater num filho quando no est bem a par de todos os fatos

    implicados em certo incidente. No faa um "julgamento apressado", se tudo ainda no estiver bem claro. No devemos nos basear apenas em coisas que ouvimos dizer, mas precisamos averiguar bem o que aconteceu.

    Certo dia, minha filha entrou em casa chorando de dor, com uma das mos sobre os olhos. Perguntei-lhe o que havia acontecido e respondeu que o irmo machucara seu olho. Imaginando o pior, chamei o garoto e pus-me a repreend-lo, certo de que devia bater nele. Felizmente, antes de eu chegar a isso, descobri o que realmente havia acontecido: ele no atingira o olho dela propositadamente. Estivera batendo bola no quintal e, em dado momento, a bola repicara numa pedra, e fora em direo ao rosto dela, acertando-lhe o olho. Imediatamente, pedi desculpas a meu filho por Ter tirado uma concluso apressada, e ele tambm pediu desculpas irm por hav-la machucado, embora no intencionalmente.

    Raiva

    Um pai ou me nunca deve bater num filho quando levado pela raiva. Bater no tem como objetivo ser uma vlvula de escape para as frustraes paternas, e no deve se basear nas emoes dos pais.

    Esse tipo de correo que leva crueldade com crianas. Antes, a vara tem por alvo aplicar a correo em amor, com base numa obedincia Palavra de Deus.

    Para entendermos melhor essa questo de quando se deve bater, importante lembrarmos o propsito maior que os pais devem ter para os filhos. 0 mais elevado alvo que o amor paterno pode querer para os filhos v-los crer no Senhor Jesus, como seu Senhor e Salvador pessoal, bem como servi-Lo e obedecer-lhe com amor. O alvo secundrio que os pais tm para os filhos ver formadas neles as qualidades do carter de Cristo. Assim sendo, a aplicao da vara tem por objetivo corrigir na criana os elementos que podem impedi-la de obedecer ao Senhor com alegria. Em ltima anlise, bater uma forma de preparar o corao da criana para buscar o melhor que Deus tem para ela.

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    DUAS REAS A SEREM DISCIPLINADAS Duas reas da personalidade infantil que precisam ser corrigidas so a da desobedincia voluntria e a das

    atitudes erradas. Quando os pais esto ensinando os filhos a obedecer-lhes com uma atitude certa (de cooperao). esto tambm preparando-os para obedecer a Deus com uma atitude certa. "Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto justo." (Ef 6. 1.) Podemos ver a importncia que Deus d a essas questes nos seguintes versculos: "Ele te declarou, homem o que bom; e que o que o Senhor pede de ti, seno que pratiques a justia e ames a misericrdia, e andes humildemente com o teu Deus? (Mq 6:8.) "De tudo o que se tem ouvido a suma : Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto o dever de todo homem. ( Ec 12.11)

    Os aspectos da obedincia e a atitude certa enfatizados nesses versculos so os seguintes: Obedincia Praticar a justia Andar Guardar seus mandamentos Atitudes corretas Misericrdia Humildemente Temer a Deus Deus espera que todos ns lhe obedeamos e tenhamos a atitude correta para com ele. Os pais tambm

    deviam esperar o mesmo de seus filhos: obedincia e atitude positiva. Essas coisas devem ser um aspecto importante na criao dos filhos. Os pais devem esperar que os filhos lhes obedeam de bom grado, pois Deus assim o ordena. Isso faz parte da responsabilidade dos filhos para com Deus e para com os pais. por obedecer com alegria que as crianas agradam a Deus. A desobedincia voluntria e as atitudes erradas no devem ser aceitas pelos pais e precisam ser corrigidas com a vara.

    Os pais que lanam mo de subornos tais como dinheiro ou balas para conseguir a obedincia dos filhos esto procurando desenvolver o carter deles de maneira incorreta. Em vez de formar nos filhos a noo de que tm de obedecer porque isto certo e ordem de Deus, eles esto incutindo neles a idia: Vou obedecer porque posso tirar algum proveito disso.

    Certo dia minha esposa foi ao banco e quando estava na fila viu uma senhora chamar o filho de dois anos para ficar perto dela. E vrias vezes ela gritou para o garoto:

    - Venha aqui! Em vez de obedecer, ele corria para mais longe. Afinal desesperada, a me disse: - Venha aqui que lhe dou um pirulito. Imediatamente o menino foi para perto dela. Isso no ensinar a criana a obedecer. Pelo contrrio,

    premi-la pela teimosia. Para compreendermos melhor como a obedincia e a atitude certa so importantes para o relacionamento da

    criana com Deus com os pais e em todos os aspectos da vida vamos fazer uma anlise mais detalhada de cada uma dessas questes.

    Obedincia Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois faz-lo grato diante do Senhor." (Cl 3.20) Certa vez

    estvamos debatendo essa questo de os filhos obedecerem aos pais, e um senhor discordando, disse: - Talvez voc consiga que seus filhos lhe obedeam, mas com os meus, isso no dar certo. Eles tm

    personalidade diferente da dos seus, e obedecer no uma coisa natural para eles. No existe nenhum verso da Bblia que afirme que a obedincia e a atitude certa so naturais numa criana.

    O natural neles a desobedincia. Nenhum pai precisa ensinar Os filhos a mentir, a se revoltar ou a ficar com raiva; mas precisam ensin-los a obedecer, seja qual for a personalidade deles.

    Cada criana diferente, uma criao peculiar de Deus. Cada uma tem traos fsicos diferentes e distintos, sua personalidade, aptides e capacidades prprias. Mas no importa o grau de diferena entre uma e outra nessas reas, todas elas podem aprender a obedecer aos pais.

    Nosso filho era uma criana muito ativa, constantemente se mexendo. Mas teve que aprender a ficar quieto em certos momentos e a ficar calado. Quando lhe ensinamos a obedecer, ele adquiriu autodisciplina. Nossa filha era

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    bem mais quieta e reservada, mas possua urna vontade muito forte. Quando lhe pedamos para vir para perto de ns, ou lhe dizamos para no tocar em alguma coisa, muitas vezes ficava ali parada, olhando para ns, recusando-se a obedecer. Mas, quando aprendeu a obedecer, conseguiu tambm superar a teimosia. Cada um teve suas prprias fraquezas a serem corrigidas, mas a questo da obedincia foi a mesma para ambos. Nenhum tipo de temperamento ou de personalidade isento da obedincia ao mandamento divino para os filhos. E como Deus d muita importncia a essa questo, a desobedincia deliberada uma das coisas que mais precisam ser corrigidas pela aplicao da vara.

    Mas, para identificar uma desobedincia deliberada, os pais precisam entender o que uma criana capaz de fazer e o que ela no conseguir fazer. Se pedirmos a uma criana de dois anos para encerar a casa e ela no o faz, isso no pode ser considerado desobedincia deliberada, pois, com essa idade, ela no possui compreenso suficiente nem capacidade fsica para obedecer a essa ordem. Entretanto, se dissermos a um pequenino para "vir aqui", e ele se recusar e afastar-se na direo oposta, ignorando a ordem do pai ou me, isso desobedincia propositada. Est claro que a criana pode perfeitamente "vir aqui mas no quer.

    A Bblia ensina que a obedincia deve ser total. (Naturalmente essa orientao pressupe que os pais no iro dar ordens que encaminhem os filhos para o mal.) No diz que os filhos devem obedecer aos pais apenas quando sentirem vontade de faz-lo. Deus quer que eles atendam autoridade dos pais e que aprendam a obedecer-lhes em tudo. Os pais no devem aceitar uma obedincia parcial, e precisam corrigir os filhos, se assim o fizerem. Para as crianas pequenas, as ordens devem ser bem simples. Em vez de dizer: - Arrume seu quarto", a me pode ordenar: - Coloque cinco brinquedos na caixa". Depois que ela obedecer, dir: "Agora ponha mais cinco." (Com isso, a criana vai exercitando a contagem tambm.)

    Se pedimos a uma criana maior para jogar fora o lixo e varrer a calada, mas ela faz apenas a primeira, sua obedincia incompleta. Quando os filhos tm pequenos servios a realizar na casa, devem realizar suas tarefas por completo (o que implica em guardar os instrumentos usados para isso), antes de sarem para fazer outras coisas.

    Vemos a importncia da obedincia completa no caso da obedincia parcial do Rei Saul. Deus havia ordenado que ele destrusse todos os Amalequitas, inclusive o gado deles. Quando o rei se encontrou com Samuel aps a batalha, este lhe perguntou se havia obedecido a Deus em tudo. Ele respondeu afirmativamente e, naquele momento, Samuel escutou o balido de ovelhas por ali. Indagado a respeito, Saul justificou sua desobedincia, dizendo que as havia conservado para oferec-las em sacrifcio a Deus. E a resposta do profeta foi: "Eis que o obedecer melhor do que o sacrificar. e o atender melhor do que a gordura de carneiros. (Ver 1 Samuel 15.)

    Outro importante aspecto da obedincia a da presteza. A clssica afirmao: "Demorar a obedecer o mesmo que desobedecer" ainda verdadeira. Quando um pai ou me diz a uma criana para fazer determinada coisa, num tom de voz normal, a criana deve estar preparada para obedecer na primeira vez em que lhe do a ordem. Alguns pais talvez questionem a importncia de se ensinar a criana a obedecer prontamente. 0 princpio bsico da obedincia com presteza que a criana aprenda a atender palavra dos pais, quer seja um "No" ou uma ordem especfica como: "Guarde seus brinquedos". Se as crianas forem ensinadas a atender a essas ordens simples quando ainda so pequenas, quando ficarem mais velhas estaro preparadas para obedecer a Deus nos aspectos mais importantes da vida. Se um pai ou me disser a um filho: "No coma mais bolachas agora; j comeu muitas", mas trs minutos depois a criana vai e apanha um punhado de bolachas, isso desobedincia.

    Acontece tambm que muitas vezes os pais caem na armadilha de s castigarem depois de j terem feito vrios avisos, ou depois de chegarem ao ponto de ficarem com multa raiva e se sentirem frustrados. Os filhos devem aprender que os pais esto mesmo falando srio, e que esperam ser obedecidos na primeira vez em que do uma ordem. A razo por que muitas crianas obedecem aos pais depois que eles falam quatro ou cinco vezes, ou depois que ficam irritados e os ameaam, que os prprios pais criaram esse condicionamento. 0 fato que as crianas aprendem rapidamente a distinguir o momento em que os pais esto realmente falando srio.

    Uma senhora nos contou como ficava frustrada quando tinha que fazer a filha obedecer-lhe. Disse que pedia uma coisa, e pedia e pedia, sem receber ateno. Afinal, j irritada, dizia:

    - Acho melhor voc obedecer seno vai ter. Ao conversar conosco sobre isso, ela compreendeu por que s conseguia que a filha obedecesse depois de

    falar assim; ela prpria condicionara a filha a obedecer apenas quando ouvisse a frase: seno vai ter". A garota aprendera que esse era o sinal que lhe indicava que a me estava realmente falando para valer. Tanto para os pais como para os filhos, a melhor coisa que a criana aprenda a obedecer quando a ordem dada pela primeira vez. As conseqncias disso So um lar calmo e tranqilo, tanto para os pais como para as crianas.

    Vemos os efeitos de uma obedincia retardada tambm na vida de Jonas. Ele acabou indo ao lugar onde Deus ordenara que fosse, Nnive, mas o resultado de sua demora foi que colocou sua vida e a de outros em grande perigo. (Ver Jonas 1 e 2.) A obedincia pronta e completa uma importante caracterstica da vida que agrada a Deus.

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    Alm disso, ela vital para o bem-estar da criana em todos os sentidos. Quando um pai chama uma criana que est prestes a atravessar correndo uma rua movimentada, espera uma obedincia pronta e total dela, a fim de proteg-la de algum perigo.

    As crianas precisam aprender a obedecer palavra de seus pais, mesmo que outra pessoa adulta lhes d uma ordem diferente. Certo dia, eu e minha esposa fomos fazer uma visita a amigos, levando nossa filha, que ento tinha dois anos. Em dado instante, a menina foi at mesinha e estendeu a mo para puxar umas revistas que estavam empilhadas ali, muito bem arrumadas. Minha esposa chamou a ateno dela:

    - No mexa a! Enquanto nossa filha estava-se decidindo se iria ou no obedecer me, nossa amiga disse: - No tem importncia; deixe-a brincar com elas. Ao que minha esposa replicou: - Obrigada, mas eu j disse a ela que no pode, e quero que obedea minha palavra. Quando a criana muito pequena, importante que os pais fiquem firmes no que disseram, pois, se

    voltarem atrs, a criana poder ficar confusa quanto ao sentido do que dizem. Ficar firme em sua palavra uma forma de estabelecer a autoridade diante dos filhos.

    Alm disso, a obedincia deve ser inquestionvel. Ela no pode ser baseada na noo de que ela faz ou no

    sentido para a criana. No e preciso que uma orientao dos pais tenha sentido para a criana, para que seja obedecida. Os pais que tentam argumentar com os filhos com o objetivo de persuadi-los a obedecer, geralmente acabam frustrados e derrotados na discusso; e muitas vezes tm que recorrer a subornos, a fim de obterem o que desejam.

    Uma senhora chamou a filha de seis anos para almoar, Chegando janela disse: - Querida, quer entrar e vir almoar? - No, mame, foi a resposta, estou brincando aqui! - Mas, meu bem, pense como a comida est gostosa. - Depois eu vou, me. - Voc no acha que melhor vir almoar agora? - No. - Mame est com o almoo pronto. Por que no vem agora? Se vier, eu a levo ao parque depois para brincar

    nos balanos por uma hora. - Est bom, me, J vou. Em vez de simplesmente dar uma ordem filha esperando uma obedincia pronta, a me tentou convencer a

    menina a obedecer. Esse tipo de tratamento do problema, no qual preciso recorrer a um suborno para obter obedincia, pode realmente dar certo no fim, mas essa aquiescncia final no pode ser considerada obedincia; isso no serve para ensinar a criana a obedecer.

    A obedincia uma reao certa no somente s palavras de um pai, mas tambm Palavra de Deus. Problemas tais como mentira e roubos tambm precisam ser corrigidos com a vara. Assim fazendo, os pais estaro reforando a autoridade da Palavra de Deus na vida de seus filhos.

    Atitudes Outro aspecto importante na vida da criana que deve ser alvo de disciplina o das atitudes. Deus deseja no

    apenas uma obedincia imediata e total, mas tambm alegre, uma obedincia que nasce do corao. Servir ao Senhor com alegria." (Sl 100.2)

    No se trata de urna mscara, uma alegria aparente que a criana assume. Tampouco unia alegria baseada em circunstncias favorveis, sensaes boas ou satisfao da vontade. Se as crianas ficam alegres somente quando sua vontade satisfeita, ento no gozam de uma alegria verdadeira. A verdadeira felicidade resultante de uma deciso deliberada do corao que se compraz em obedecer. A alegria real aquela em que as crianas sabem que sua obedincia agrada a Deus e a seus pais.

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    Se uma me pede a um filho que arrume seu quarto, e a criana o faz, mas trabalha de cara amarrada e queixando o tempo todo, isso no obedincia com alegria. Se um pai diz ao filho que est na hora de ir deitar-se, e ele se dirige para seu quarto fazendo "beicinho", no obedeceu com alegria. Essas atitudes erradas requerem a, correo amorosa da vara. Uma criana que choraminga e reclama, est manifestando uma atitude de ingratido ou queixa, e isso precisa ser corrigido.

    As crianas precisam aprender a ter confiana de se expressar aberta e livremente com os pais e fazer perguntas a qualquer momento em que o desejarem, mas tm que ser ensinadas a falar com um tom de voz agradvel, demonstrando o respeito e a satisfao que vm de uma atitude certa. J que as atitudes certas esto relacionadas com a vontade e no com as emoes, a criana pode resolver ser feliz e contente.

    0s sentimentos, as emoes so o barmetro da vontade. Quando uma criana decide pela atitude certa, ter a reao emocional correspondente. Na hora das refeies, por exemplo, uma criana pode no gostar de certo alimento, mas pode aprender a com-lo com uma atitude de gratido. At mesmo a uma criana pequena podemos dizer: "Por favor, mude de atitude. Fique alegre", e ensin-la a agir assim.

    Tive uma experincia com meu filho, que me mostrou como um pai ou me pode ajudar uma criana a tomar a deciso de superar atitudes erradas. Quando ele era menor, costumava acordar de seu soninho da tarde meio irritado e choramingando. Em vez de procurar corrigir esse problema, aceitei-o. Arrazoei que era natural uma criana acordar irritadia e fazer pirraa aps o sono. Certo dia, uma pessoa que nos visitava e presenciou aquilo, fez um comentrio que me desafiou:

    Ah, voc sabe, Roy, ele no precisa ter essa atitude irritadia. Fiquei a pensar no que a pessoa dissera, e a verdade comeou a aclarar para mim. Compreendi que meu filho

    estava agindo assim, porque eu o permitia. E permitindo, no o estava amando como devia. Estava deixando que ele fosse dominado por suas emoes, que faziam dele um garoto infeliz depois da sesta. Percebi ento como era necessrio e importante corrigi-lo nisso. Na primeira vez em que ele acordou do sono da tarde irritadio e choramingando, disse-lhe:

    - Sei que voc acabou de acordar e ainda est sonolento, mas no quero que fique irritado e enjoado quando est-se levantando.

    Descobri que foram necessrias apenas algumas palmadas, e toda a sua disposio se modificou. Depois disso, ele ainda demorava um pouco para acordar totalmente da sesta, mas passou a ter uma atitude agradvel e boa. Ele realmente aprendera a tomar a deliberao de ficar alegre, e, em conseqncia disso, formou um novo hbito, um hbito muito melhor.

    Algumas das atitudes erradas das crianas muitas vezes so reveladas nos momentos em que brincam com amigos ou irmos. Essas atitudes egostas esto sempre se manifestando sob a forma de discusses, tapas, belisces e brigas. Mas as crianas podem aprender a ser gentis umas com as outras. Outras manifestaes de atitudes erradas tambm so os protestos e birras. Uma correo com a vara, dada em amor, necessria para se superar essas atitudes.

    Uma pirraa no algo que os pais devam ignorar; tambm no devem rir do filho, ou fazer brincadeiras para mostrar criana como est ridcula. As crianas sabem inventar os mais diversos meios para conseguirem que se satisfaa sua vontade. Algumas mostram-se meiguinhas e engraadinhas, outras suplicam, outras fazem pirraa. Algumas fazem de conta que no escutaram, outras fingem que no entenderam, enquanto outras recorrem quela velha ttica: "Esqueci..." As crianas precisam saber que suas atitudes erradas no sero acatadas. Se essas atitudes no forem corrigidas pronta e firmemente, no apenas ela se tornar infeliz, mas afetar toda a tranqilidade da famlia.

    Mame e papai vo dar um passeio com a famlia at ao stio do Tio Joo, mas Roberto, o filho de seis anos, diz que no quer ir; prefere ficar em casa e ir nadar. Para protestar, faz beicinho e resmunga:

    - No quero ir. Enquanto o resto da famlia est arrumando tudo e colocando as coisas no carro, Roberto continua a

    reclamar, a fazer birra e a protestar. Assim todo o passeio at o stio fica estragado, pois Roberto ao conseguiu o que queria. Antes de chegarem l, porm, Roberto resolve fazer uma ltima tentativa, e faz uma pirraa daquelas. Chegando ao stio, vendo que sua ltima tentativa falhou, ele resolve que vai estragar a festa de todo mundo. No quer participar de nada e fica de cara amarrada, conseguindo assim atingir seu objetivo. Infelizmente, esse fato se d em muitas famlias, pois as atitudes erradas dos filhos no esto sendo corrigidas de maneira adequada pelos pais.

    H um texto das Escrituras em que a obedincia e a atitude certa so focalizadas conjuntamente, e que salienta a importncia que Deus d a essas coisas: "Todas estas maldies viro sobre ti e te perseguiro, e te alcanaro, at que sejas destrudo; porquanto no ouviste a voz do Senhor teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te ordenou (obedincia). Sero no teu meio por sinal e por maravilha, como

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    tambm entre a tua descendncia para sempre. Porquanto no serviste ao Senhor teu Deus com alegria e bondade do corao (atitude), no obstante a abundncia de tudo." (Dt 28.45-47.) A na obedincia e as atitudes so questes instruo da "criana no caminho em que deve andar". Desse modo, estamos ensinando a nossos filhos os propsitos de Deus para sua vida. No quadro abaixo, damos urna diagramao desses propsitos.

    Propsito de Deus 1. Obedincia em amor: seguir a seu Filho Jesus Cristo 2. Atitudes certas: conformar-se imagem de Cristo. Estultcia 1. Desobedincia: seguir a sua prpria vontade 2. Atitudes erradas: manifestaes de egosmo. DESCULPAS PARA NO DISCIPLINAR (1) "Ele muito pequenino e no entende as coisas. Se uma criana j tem idade suficiente para entender palavras como "gatinho", "tchau" , "sorvete", ento j

    pode entender tambm a palavra "no". Tenho ouvido pais falarem da inteligncia dos filhos: - Ele j saber dar "tchau" - J sabe bater palminhas! Mas, quando se trata de uma desobedincia ou de um incomodo para outras pessoas, dizem que eles no

    compreendem bem as coisas, e, portanto, deve-se ter pacincia com eles. Mas isso no passa de desculpa. (2) Ah, ele est corri muito sono, e quando est com sono, fica muito pirracento." Essa urna desculpa que os pais do muitas vezes para encobrir a desobedincia dos filhos. impressionante

    como, dois minutos antes de a criana desobedecer, ela no estava com sono. Mas desobedeceu, pronto, de repente est "com tanto sono". Mesmo quando a criana est com sono, ela pode aprender a controlar sua conduta e sua atitude.

    (3) No culpa dele." Joozinho quer brincar com a bola que est com a irmzinha, Susie, por exemplo. Ento ele berra, sapateia,

    choraminga e faz manha, gritando: - Quero jogar bola! 0 pai, para desculpar aquele comportamento, raciocina: - Se a bola estivesse com ele, no faria essa birra, vou pedir a Susie para dar a bola para ele. Assim talvez pare

    de chorar. Esse tipo de raciocnio, obviamente, d a entender que a culpa de tudo a irm. Se ela no estivesse

    brincando com a bola, Joozinho se comportaria muito bem. Mas est claro que o comportamento do menino que est errado. E ele precisa ser castigado.

    Outro exemplo clssico aquele em que Joozinho est sempre mentindo para a me. Mas a me coloca a culpa dessas mentiras em Pedro, com quem Joozinho brinca. Ele aprendeu a mentir com o Pedro. Portanto, no e culpa dele.

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    Embora nossos filhos estejam em contato com pessoas que talvez tenham conduta errada, mesmo assim os pais devem exigir deles um procedimento certo. 0 princpio bsico nisso tudo castig-los por procedimento errado. Nem sempre fcil estabelecer com exatido a culpa ou responsabilidade de um ato. Mas o que os pais devem controlar a conduta do filho, o que fazem por meio de castigo.

    (4) Ele est agindo assim, porque estamos fora de casa. Essa tambm outra desculpa esfarrapada para encobrir uma criao falha. Quando estamos viajando ou

    visitando algum, no podemos culpar a mudana de ambiente pela desobedincia e birra dos filhos. A criana deve obedecer aos pais esteja onde estiver. Ns somos a segurana dos filhos; nossa palavra deve ser obedecida estejamos onde estivermos, seja fazendo compras, passeando no zoolgico, ou at mesmo na casa da vov.

    (5) Ah, ele no est passando bem; acho que est brotando um dentinho." verdade que os pais precisam estar atentos s necessidades que os filhos tm de um sono adequado e aos

    cuidados especiais, quando no esto-se sentido bem. lgico que no devem ser castigados por estarem doentes. Mas um ato de desobedincia no pode ser desculpado com palavras tais como "ele no est-se sentido bem. Quando uma criana est doente, no tem muita disposio para fazer pirraa. Mas, se trata apenas de um resfriado ou um dentinho novo a palavra "no" continua significando no, e a palavra "sim" deve continuar sendo sim.

    (6) "Ah, ele igual ao Tio Jaime. Jaime tambm tem um gnio muito forte." A vara da disciplina pode resolver esses problemas de caractersticas hereditrias que no sejam muito

    adequadas, mesmo que haja na famlia outra pessoa em quem a vara no foi aplicada. Talvez j seja muito tarde para o Tio Jaime. Mas pode ter certeza de que ainda no tarde para seu filho.

    (7) Isso da idade. Depois ele supera." A criana pode superar os atos externos de desobedincia, mas no superar as atitudes associadas com essa

    desobedincia. Quando ela entra para a escola, por exemplo, logo aprende que, se quiser ter amigos, no pode beliscar nem bater nas outras crianas. Aprende a adaptar-se, exteriormente, a certas normas de conduta. Mas as atitudes interiores que a faziam beliscar ou bater iro se revelar em outras formas de comportamento agressivo. Uma disciplina iniciada cedo na vida poder corrigir essas atitudes pecaminosas.

    Pensamento Chave

    A vara deve ser usada para corrigir as reas em que a criana desobedece deliberadamente e manifesta

    atitudes erradas. Versculo Chave Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois faz-lo grato diante do Senhor. (Col. 3:20) COMO APLICAR A VARA Os pais precisam compreender bem a importncia que Deus d a essa questo de bater, e quando bater. Mas

    importante tambm saber como bater. Alguns pais que dizem que batem nos filhos conseguem poucos resultados nos aspectos da obedincia e das atitudes certas. 0 problema talvez esteja no fato de que, quando eles falam que batem, esto-se referindo apenas a uma ou duas palmadas leves. No assim que se deve bater, pois isso no produz o efeito desejado. Existem oito fatos que precisamos entender, para que a correo realmente tenha valor. "A vara um acontecimento importante" diz Larry Christenson em seu livro A Famlia do Cristo; e assim sendo, preciso us-la com um objetivo definido e com um alvo certo.

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    OITO INSTRUES SOBRE A CORREO FSICA 1. Utilizar o instrumento certo. "A vara e a disciplina do sabedoria, mas a criana entregue a si mesma vem a envergonhar sua me." (Pv

    29.15) 0 que retm a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo o disciplina." (Pv 13.24.) "A estultcia est ligada ao corao da criana, mas a vara da disciplina a afastar dela." (Pv 22.15.) No retires da criana a disciplina, pois se a fustigares (bateres) com a vara no morrer. Tu a fustigars com a vara e livrars a sua alma do inferno." Pv 23. 13,14.)

    Deus instruiu os pais a m a vara e no as mos, quando precisarem dar uma correo de amor aos filhos. ( A vara um galho flexvel, um basto ou ponta de um ramo de rvore.) A mo um membro do pai ou da me e deve ser utilizada apenas para expressar afeio e atos de amor.

    Certa vez, um homem que havia batido no filho com as mos, estendeu o brao para abra-lo. Em vez de aceitar o carinho do pai, a criana se retraiu e se afastou, quando viu as mos dele estendidas para ela.

    A vara um objeto neutro, tem sua funo certa e deve ter uma identificao prpria para a criana. Minha

    esposa diz que ainda se lembra do respeito que tinha por aquela varinha" que ficava na prateleira da cozinha em sua casa, na fazenda onde morava, em Minnesota. Embora se lembre de que tinha um certo medo dela, no tinha nenhum medo dos pais, apenas amor e gratido.

    Deus instruiu aos pais para que batam nos filhos com uma vara, porque, em sua sabedoria, ele sabe que esse o modo mais eficaz de dar aos filhos a correo de que precisam. A razo disso que a varada, embora seja um ato externo, em ltima anlise, atua nos problemas internos da alma da criana. Bater no uma experincia agradvel, mas uma ao que tem por objetivo a formao do carter da criana. Pela dor que a criana sente ao apanhar, ela dever arrepender-se do que fez de errado. A vara o instrumento mais eficaz, porque apesar de bastante dolorida, no provoca leso fsica. Bastes duros como remos ou colher de pau no causam dor e ainda existe a probabilidade de ferirem a criana. A correia, embora seja flexvel, no to eficaz quanto a vara, e tambm pode machucar a criana.

    Outras formas de castigo, tais como colocar a criana quieta num canto, proibi-la de jantar ou mand-la para seu quarto no so correes adequadas, pois no corrigem a desobedincia deliberada nem atitudes erradas. Muitas vezes, quando as crianas so postas de castigo num canto, ou so mandadas para seu quarto, comeam a cultivar ressentimentos e amarguras. Do mesmo modo, palavras de depreciao ou de desamor, como "imprestvel", "moleque", tm uma ao destrutiva sobre a criana, e no devem ser consideradas formas corretas de disciplinar. Alguns pais que no batem nos filhos, por acharem tal atitude muito cruel e injusta, dirigem a eles palavras duras, em momentos de raiva, que causam mgoas interiores, que levam s vezes a vida toda para sarar.

    Tenho ouvido vrios pais falarem das mudanas positivas que ocorreram nos seus filhos, depois que passaram a bater neles com uma vara, quando foi necessrio disciplin-los. Eu prprio levei algum tempo para reconhecer a importncia de se usar a vara. Agora que meus filhos esto maiores, dizem-me que respeitavam e temiam a vara mais que qualquer outra coisa que eu usasse para bater neles.

    Ser bom lembrar tambm que talvez possa haver ocasies em que a vara deixar marcas no traseiro da criana, principalmente se ela precisar apanhar duas ou mais vezes seguidas, com pequenos intervalos. Contudo, essas marcas so temporrias, e os pais no precisam ficar preocupados com isso. Ser melhor que as crianas tenham algumas marcas temporrias, exteriormente, do que abrigarem no corao a desobedecia e as atitudes, erradas que talvez deixem marcas indelveis em seu carter. Os verges das feridas purificam do mal, e os aoites o mais ntimo do corpo. (Pv 20.30)

    2. Bater imediatamente As varadas devem ser dadas o mais imediatamente possvel depois de a criana ter praticado a falta. No se

    deve adiar a correo para "depois que papai chegar". Por outro lado, o pai tambm, quando esta em casa e a esposa no, precisa assumir sua responsabilidade de efetuar a correo pela vara. A criana tem o dever de obedecer aos dois, pai e me, e assim sendo os dois devem aplicar a correo quando necessrio. No plano de Deus para o lar, importante que o pai apoie totalmente a autoridade da esposa, para que ela possa realizar satisfatoriamente sua responsabilidade de disciplinar.

    Uma razo por que a vara deve ser aplicada imediatamente que as crianas menores s vezes se esquecem do motivo por que esto apanhando. Se uma criancinha de dois anos no quer ficar quieta na reunio da igreja, mas

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    s, vai ser disciplinada depois que chegar em casa, em vez de ser levada para fora e castigada ali mesmo, o objetivo do castigo no ser atingido. Ela fica completamente confusa, sem saber o que os pais querem dela.

    A vara tem que ser aplicada imediatamente tambm por causa dos sentimentos negativos que podem brotar no corao da criana. Quando o castigo e retardado, costumam brotar nela ressentimentos e amarguras. Visto como no se executa logo a sentena sobra a m obra, o corao dos filhos dos homens est inteiramente disposto a praticar o mal." (Ec 8:11) "Castiga o teu filho, enquanto h esperana, mas no te excedas a ponto de mat-lo." (Pv 19:18.)

    Uma famlia est-se dirigindo para o parque onde pretende passar algumas horas alegres, e uma das crianas comea a desobedecer ainda no carro. 0 pai ou me nunca deveria dizer: "Quando chegarmos em casa, voc levar uma surra!" Isso coloca um peso terrvel sobre a criana e estraga todo o seu prazer. As crianas precisam do escape emocional que a vara proporciona. Por isso, a surra nunca deve ficar pendente sobre a cabea delas.

    3. Bater num lugar recluso. A correo e uma questo particular, apenas entre pai e filho. Seu objetivo e disciplina da criana e no seu

    constrangimento. Por isso, o pai ou me deve levar a criana a um local recluso antes de bater. Se esto fora de casa, e a criana precisa apanhar, ele deve ter o cuidado de procurar um local adequado, onde tenha privacidade. Isso pode implicar em que ele ter de interromper por instantes o que est fazendo, as compras, por exemplo; mas, quando as crianas percebem que os pais consideram sua criao como um fato mais importante do que uma atividade particular dele, aprendem mais depressa que tem de obedecer, mesmo quando esto longe de casa.

    Certa ocasio, minha esposa estava com um grupo de amigos fazendo um piquenique num parque. Em dado momento, uma das crianas desobedeceu e precisou apanhar. Nesse parque no havia cabines nem outros compartimentos, ento a me do menino levou-o para o carro, fechou as portas e aplicou-lhe a correo que merecia. Talvez no tenha sido o local mais conveniente, mas, pelo menos, era recluso. "Corrige o teu filho, e te dar descanso; dar delcias tua alma." (Pr. 29:17)

    4. Esclarecer bem os fatos. Antes de bater importante que o pai faa a criana entender claramente a razo disso, para que ela possa ser

    levada a arrepender-se do ato praticado. Quando Deus corrige seus filhos espirituais, ele sempre tem razes especficas para isso. Nunca age de uma forma vaga ou oculta. Quando o Rei Davi pecou, Deus mandou-lhe um profeta, para debater com ele a questo de uma maneira clara, que pudesse entender. (Ver 2 Samuel 12) 0 pecado precisa ser externado, trazido a luz. A tendncia natural do corao humano escond-lo, encobri-lo, mas "o que as confessa e deixa, alcanar misericrdia". (Pv. 28:13)

    A criana precisa entender que a varada no uma agresso contra ela pessoalmente, mas uma correo pelo que fez de errado. o egosmo que atrapalha a o desenvolvimento da auto-estima infantil e no a correo dele.

    Quando um pai est explicando ao filho a razo do castigo, deve usar palavras simples e diretas. A explicao deve estar focalizada sempre no que a criana fez. Os pais devem evitar comentrios vagos tais como: "Foi bonito o que voc fez?" ou Como voc pde fazer isso comigo?" ou "0 que seu pai vai pensar disso?" Esses argumentos podem apelar razo ou sentimento da criana, mas nunca ao seu corao. 0 melhor a fazer identificar logo o erro praticado: "Mame disse que no podia e voc desobedeceu." Eu disse para voc parar de fazer birra." "Voc mentiu, quando disse que no pegou o biscoito." Quando no se tem certeza do que realmente aconteceu, deve-se perguntar criana: "0 que voc fez?" Muitas vezes, as crianas tentam transferir a culpa para outro, numa tentativa de esconder seu erro, e contam ao pai o que outra criana fez. Haver algumas vezes em que levaremos algum tempo para descobrir o que "realmente aconteceu", mas normalmente a verdade acaba vindo tona.

    5. Ficar na posio adequada. Muitas vezes os pais no conseguem bater direito nos filhos, porque no os colocam numa posio boa.

    Quando a criana ainda pequena a posio de bruos no colo do pai talvez seja adequada, mas quando so maiores melhor deit-las de bruos numa cama, ou fazer com que se inclinem sobre uma cadeira.

    A posio correta tambm reflete uma atitude de disposio por parte da criana para receber a correo. As crianas que esperneiam, ou se contorcem, ou estendem as mos para evitar o castigo precisam aprender a submeter-se a ele. Certa vez, quando minha filha ainda estava em idade pr-escolar, e precisei bater nela, comeou a lutar para resistir ao castigo. Isso nunca tinha acontecido antes, e fiquei sem saber direito como agir. Alguns dias

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    depois, eu estava no trabalho, e aconteceu o mesmo com minha esposa, que precisara bater nela por desobedincia. Continuei a procurar a soluo para o fato, e alguns dias depois, dei com o texto de Provrbios 15.10: "Disciplina rigorosa h para o que deixa a vereda, e o que odeia a repreenso morrer." (Neste versculo, senti a gravidade de uma rebelio contra a correo). Percebi que isso precisaria ser corrigido em minha filha, como uma questo parte. Conversei com ela e expliquei que no queria que ela resistisse mais, quando precisasse apanhar. E se ela resistisse, teria que bater nela outra vez por isso. Depois deste aviso, ela ainda apanhou diversas vezes por causa do erro, mas, afinal, acabou mudando de atitude com relao disciplina. Em vez de lutar e resistir, ela j tomava a posio certa, que revelava uma disposio interior de receber a punio. Essa mudana tornou a questo da disciplina muito mais fcil para mim, minha esposa e para ela prpria; e, por causa disso, o temperamento dela adquiriu uma doura e alegria toda especial.

    6. Bater no Lugar certo Deus forneceu aos pais o lugar ideal para ministras as varadas - o traseiro da criana. um lugar que no

    oferece perigos porque bem "recheado", mas, mesmo assim, bastante sensvel. Para que o castigo tenha valor, importante um bom toque fsico. Se se trata de uma criana pequena com fraldas grossas, ou de uma maior com uma grossa cala jeans, a vara no ir adiantar de nada. Entretanto, nesse aspecto, os pais precisam ter muita sabedoria, se a criana for maior e precisarem tirar algumas peas de roupa. Lembremos que bater no tem por objetivo constranger ou humilhar o filho.

    Certa vez, minha esposa precisou bater em nosso filho, que ainda era pequeno. Ela estava com certa pressa, pois iria sair, e no queria perder muito tempo com o castigo. Levou-o para o quarto, mandou que se inclinasse sobre a cama, e rapidamente deu-lhe umas varadas. Quando terminou, o garoto virou-se para ela e disse:

    - Mame, quer me bater de novo? S que desta vez a senhora espera eu tirar minha cala, pois no doeu quase nada.

    Quando soube do incidente, fiquei to surpreso quanto ela ficara no momento, mas isso nos mostrou como as crianas precisam de uma correo que seja mesmo para valer, para que possam sentir-se aliviadas.

    7. O alvo o choro certo. O objetivo da vara levar a criana ao arrependimento. Arrepender-se significa mudar de idia com relao

    ao erro cometido, sentir tristeza genuna por ele. Isso difere do remorso, que muitas vezes o que resulta quando a criana colocada de castigo num canto, ou privada de um privilgio qualquer. Esse tipo de punio gera uma sensao de tristeza por ter sido apanhada, em vez de arrependimento pelo erro.

    Tapinhas e palmadas no so correo fsica. Essas coisas apenas geram raiva e ressentimento nas crianas, e no as levam ao arrependimento. A aplicao da vara tem que ser bem sria e demorar o suficiente para provocar na criana o choro de arrependimento, aquele choro que parece dizer: "Me perdoa" 0 pai ou me deve ter a capacidade de reconhecer no choro da criana o momento em que ela se quebrantou e se arrependeu do ato cometido. 0 choro de arrependimento diferente do de protesto, que geralmente o do comeo das varadas. No choro "falso", que a criana as vezes tem, para no levar a surra toda. s vezes elas berram alto logo que os pais comeam a bater. Geralmente o fazem, porque j perceberam que, quando gritam assim, eles param de bater.

    A Bblia adverte aos pais para que no provoquem a ira dos filhos. "E vs, pais, no provoqueis vossos filhos ira, mas criai-os na disciplina e na admoestao do Senhor." (Ef 6.4).

    Larry Christenson lembra que uma das maneiras pelas quais os pais provocam a ira dos filhos quando batem neles, mas no os levam ao arrependimento. Este princpio pode ser visto no diagrama abaixo.

    Choro de raiva Choro de Arre- ou Protesto pendimento

    O objetivo da aplicao da vara fazer o ponteirinho ir do choro de protesto para o de arrependimento. Se o pai parar de bater logo, a criana ficar apenas com raiva.

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    Contudo, a durao exata de cada correo e a fora com que ser aplicada devem ser questes que os pais precisam descobrir por si mesmos. Elas podem varias, dependendo da intensidade da fora de vontade de cada criana.

    8. Ter um momento de reconciliao.

    Certa vez, depois de haver batido em meu filho mais velho, voltei sala para continuar o que estivera

    fazendo. Mas minha esposa olhou para mim e disse: - No terminou ainda. - 0 que quer dizer com isso? indaguei. - Voc deixou seu filho no quarto em prantos, explicou. Precisa ir l e terminar o que comeou. Entendi o que ela queria dizer. Voltei ao quarto e passei alguns instantes com ele, no importante e necessrio

    aspecto de completar a disciplina. Aps o castigo, o pai ou me precisa dar criana alguns minutos para chorar um pouco. Mas depois temos

    que dizer-lhe para parar de chorar e orient-lo at que consiga controlar-se. Se sairmos do aposento logo aps bater na criana, deixando-a ali chorando, suas lgrimas podem transformar-se em autopiedade. E se isto acontecer, ela ir procurar conquistar a compaixo de outra pessoa, provavelmente da me, ou do pai, se foi a me quem lhe bateu. Essa situao no apenas impede que a criana chegue ao arrependimento, como tambm tende a jogar os pais um contra o outro.

    Esses momentos de reconciliao necessrios aps a aplicao da vara constituem um instante de carinho e de intimidade, de comunho entre pai e filho. So momentos em que a criana confortada e acalmada, quando ela readquire o autocontrole e a liberdade. Os instantes que o pai passa ali em companhia do filho aps a punio servem para mostrar criana que o assunto est resolvido e encerrado. O problema agora coisa do passado e no ser retomado mais, para ser usado contra ela em situaes futuras. Os pais podero fazer isso abraando-a com carinho, dizendo palavras de conforto e orando com ela.

    Alm disso, esses minutos que os pais passam com um filho aps a correo servem para que sintam se o corao da criana realmente est arrependido. Para isso, eles podem instru-los para que tomem as providncias necessrias para reparar o erro cometido. Se seu erro foi uma atitude negativa para com algum, eles precisam procurar essa pessoa e dizer:

    - Estou arrependido. Perdoe-me! Se o problema foi de desobedincia, tm que voltar e fazer o que lhe fora ordenado. Isso d criana a

    chance de retornar ao caminho certo da obedincia e da atitude apropriada. "Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento." (Lc 3:8).

    Pensamento Chave A correo fsica deve Ter o rigor e a durao necessrios para levar a criana ao arrependimento. Versculo Chave Toda disciplina, com efeito, no momento no parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois,

    entretanto, produz fruto pacfico aos que tm sido por ela exercitado, frutos de justia. (Hb 12:11) CONCLUSO medida em que as crianas vo aprendendo a obedecer aos pais, vo-se tornando realmente felizes. A

    felicidade e contentamento so fruto da obedincia. Pelo uso da vara, a criana instruda de forma a no somente praticar atos corretos, mas tambm a ter atitudes corretas. A correo fsica a melhor forma de disciplina, a que mais amor revela, pois realmente liberta a criana do senso de culpa. A criana que no experimenta essa libertao comea a demonstrar uma disposio irritadia e birrenta. Pela correo fsica, ela liberta do egosmo, e isso faz com que sua personalidade, bem como os dons de Deus para ela, floresam. A vara, quando adequadamente ministrada, ir reprimir o esprito de rebelio e teimosia que h no corao infantil, sem destruir seu esprito. As crianas que so disciplinadas pela correo fsica sabem que seus pais as amam, e tero uma imagem prpria certa e

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    adequada. O que esmaga o esprito infantil e a auto-estima dos filhos so as palavras descaridosas e atos negativos dos pais.

    A vara tambm produz nas crianas o tipo certo de medo - no medo dos pais, mas medo do mal. "0 temor

    do Senhor consiste em aborrecer o mal." (Pv 8.11). As crianas tm medo dos pais, quando estes, erradamente, os castigam com raiva, e no quando eles os disciplinam em amor.

    E, finalmente, devemos lembrar que importante que os pais sejam coerentes entre si no bater nos filhos. Para ser coerentes, eles tm que operar em harmonia, em unidade de pensamento. Devem resolver entre si em que situaes iro bater nos filhos, e um deve sempre apoiar o outro em suas decises. Se assim no o for, os filhos comearo a jogar um contra o outro, causando diviso no lar, em vez de unio.

    Se os pais no forem coerentes quanto aos motivos pelos quais iro bater e quanto ao momento certo quando iro bater, os frutos de obedincia e felicidade no se desenvolvero neles como devem. Os filhos ficaro inseguros e confusos, pois no sabem ao certo como devero agir em certas situaes, e nem distinguem com clareza o que os pais querem deles. Algum afirmou:

    - As crianas pequenas no importam muito se a orientao que os pais estabelecem para a famlia so boas

    ou no; elas s querem saber quais so as regras que tm de obedecer. Uma criana feliz aquela que sabe exatamente como deve agir em cada situao e sabe o que os pais

    querem dela. A criana obediente aquela que sabe que os pais esto falando srio quando lhe dizem alguma coisa. Sabe que "no" quer dizer "no" e "sim" quer dizer "sim", tanto hoje como amanh. As crianas felizes e obedientes so aquelas cujos pais no negligenciam nem rejeitam as responsabilidades que Deus colocou sobre eles na criao dos filhos, para que os ensinem no caminho em que devem andar. "At a criana se d a conhecer pelas suas aes, se o que faz puro e reto." (Pr. 20:11).