DISCIPLINA - UEPB · Lembramos, ainda, que o estudo do meio está situado na fase de execução de...
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Sandra Kelly de Araújo
Instrumentação para o Ensino de Geografi a II
Ensinando vegetação através
de estudo do meio
Autora
aula
04
D I S C I P L I N A
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Aula 04 Instrumentação para o Ensino de Geografi a II
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Apresentação
Em todo mundo, as florestas sofrem pressões ocasionadas por diversas causas:
desmatamento, crescimento urbano, expansão de atividades agrícolas e pecuárias, entre
outras. O impacto que tais atividades exercem sobre a vegetação produz efeitos sobre
o clima, sobre os solos, sobre a qualidade de vida, como tivemos oportunidade de discorrer
nas aulas 5 e 9 da disciplina Instrumentação para o ensino de geografi a I.
Atualmente, dada a abrangência e a repercussão que os efeitos do desmatamento e das
queimadas das fl orestas operam sobre a humanidade, tais problemas converteram-se em
questões ambientais mundiais. Assim, também vamos encontrá-las bem perto de nós. Talvez
em menor abrangência espacial, mas não menos graves.
É nessa direção que está organizada esta aula – você vai identifi car a ocorrência de
problemas ambientais advindos da exploração econômica das fl orestas e, também, observar
como esse tema pode ser desenvolvido em sala de aula ou promovido pedagogicamente através
do estudo do meio. Bom trabalho!
Objetivos
Identifi car atividades potencialmente impactantes sobre
a vegetação em nível local.
Desenvolver procedimentos metodológicos para promoção
desse tema no ensino de geografi a.
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Estudando/ensinando a
exploração da vegetação
através do estudo do meio
Figura 1 – Lenha para fornos da produção de cerâmica, Carnaúba dos Dantas, RN, 2008
Fonte
: Fo
to d
e S
andra
Kel
ly d
e A
raújo
.A pesquisa de dados primários tem sido uma estratégia privilegiada em nossas aulas
de Instrumentação para o ensino de geografi a. É uma resposta metodológica a ausência de
informações locais tão frequentes em nosso meio escolar. Assim, durante as disciplinas
Instrumentação para o ensino I e II, exercitamos a experimentação, o monitoramento, a
observação e o uso de instrumentos para gerar dados primários e a partir daí gerar refl exões
sobre esses para produzir conhecimentos científi cos.
Também, é o caso do estudo do meio. Essa metodologia permite que aluno e professor
se embrenhem num processo de pesquisa desvendando como os conteúdos livrescos ou o
conhecimento científi co são produzidos, conforme esclarece Nídia Pontuschka (2007 p. 173).
Aula 04 Instrumentação para o Ensino de Geografi a II 3
Tivemos oportunidade de sugerir o estudo do meio na Aula 12 da disciplina Instrumentação
para o ensino de geografi a I (Gaia, mãe Terra), como estratégia de promoção do ensino do meio
ambiente através da visitação a uma unidade de conservação. Desta vez, vamos lançar mão
do estudo do meio para conhecer atividades econômicas de exploração da vegetação local e
promover sua aprendizagem/ensino de geografi a.
Lembramos, ainda, que o estudo do meio está situado na fase de execução de um dado
projeto. Segundo suas características, ele permite compreender o espaço em suas múltiplas
faces: social, físico e biológico, um movimento de apreensão da realidade de forma combinada,
principalmente de for realizado interdisciplinarmente.
Finalmente, orientamos as seguintes etapas de planejamento e execução do estudo.
Etapas preparatórias
do Estudo do meio:
Essas etapas são realizadas antecipadamente pelo professor e são preparatórias ao
desenvolvimento do estudo do meio:
1ª Etapa: Defi nindo objetivos
que se pretende alcançar:
Estudo do meio é uma metodologia, portanto, deve está vinculada ao alcance de
dado objetivo. Não é um fi m em si mesmo, é o meio para se alcançar certo fi m. Desse modo,
a primeira pergunta a ser respondida é: qual é o objetivo do estudo do meio? Em nosso caso
particular, é identifi car causas e efeitos da exploração da vegetação local.
2ª Etapa: Identifi cando locais e sujeitos da pesquisa.
Nessa etapa, identifi camos quais locais atestam o uso exploratório da vegetação e a
quem podemos recorrer para informar acerca de tal atividade (sujeitos da pesquisa). Assim,
podemos ter uma área rural como campo de estudo, uma unidade de conservação, uma área
experimental de certa instituição ou mesmo a periferia da cidade. Já os sujeitos da pesquisa
podem ser trabalhadores rurais, carvoeiros, técnicos ou moradores de áreas periféricas.
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3ª Etapa: Roteiro de campo
Nessa fase, é importante que os alunos conheçam previamente o assunto que será
aprofundado em campo e participem da elaboração de um roteiro com informações sobre o
local que será visitado, os objetivos da visita, o que será visto, quem será entrevistado e qual o
papel de cada aluno ou de grupo de alunos no trabalho de campo. Os alunos estarão motivados
em participar do planejamento da atividade com tarefas defi nidas antes, durante e depois da
atividade de campo. Assim, eles podem nos ajudar na checagem das condições de segurança
do local, bem como a forma de transporte de todos até a área de estudo, por exemplo.
Realizando o estudo do meio:
Defi nidos os locais de visitação, as pessoas que serão contatadas, enfi m, o roteiro de
viagem, realiza-se o estudo do meio.
4ª Etapa: Coletando dados:
Os dados podem ser coletados por meio de entrevista, fotografi as, registros, relatos etc.
São os dados ou informações primárias acerca do assunto que se pretende conhecer coletados
em campo ou através de entrevistas.
Figura 2 – Entrevista com morador de uma comunidade rural, interior do RN, 2008
Fonte
: Fo
to d
e S
andra
Kel
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e A
raújo
.
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Relatando resultado
do estudo meio:
5ª Etapa: Interpretando dados.
Essa etapa pode ser realizada em sala de aula. Os dados são organizados em grupos de
tendências afi ns.
6ª Etapa: Relatando resultados.
Os resultados do estudo do meio que são as respostas sobre o objetivo que se formulou,
inicialmente, podem ser relatados em sala de aula na forma de relatório, debate, seminário,
mesa redonda, encontro etc.
Figura 3 – Seminário para apresentação de resultados de pesquisa, Trilhas Potiguares/UFRN.
Serra Negra do Norte, 2007
Fonte: Foto de Sandra Kelly de Araújo.
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Atividade
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É oportuno que o professor desenvolva previamente as etapas do desenvolvimento
do estudo do meio para que possa aplicá-lo em sua sala de aula. Assim,
solicitamos que realize cada uma das etapas descritas, anteriormente, para
desenvolvimento do estudo do meio. Relate suas conclusões.
Leitura complementar
A sugestão de leitura é a reportagem publicada na Revista Nova Escola, edição 161,
de março de 2003. Essa reportagem apresenta um conto de Clotilde Tavares, aconteceu na
Caatinga, inspirado na introdução da algaroba nos sertões nordestinos.
2003
Disponível em <http://
revistaescola.abril.
com.br/geografi a/
fundamentos/aconteceu-
caatinga-426893.shtml>.
Acesso 18 nov. 2009.
Figura 4 – Algaroba
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Para saber mais ...
Segundo a reportagem, a algaroba é uma árvore originária do Chile e chegou à
caatinga nos anos 1940. Nas décadas seguintes, seu cultivo foi incentivado pelo
governo para combater a desertifi cação. A medida piorou a situação: as raízes
da planta absorvem a água da superfície do solo prejudicando outras espécies.
A algaroba - que é utilizada, principalmente, para a produção de lenha e carvão e
para a alimentação de rebanhos - pode representar 99% das plantas existentes
em alguns pontos da caatinga.
A reportagem também informa que espécies animais também podem causar
desequilíbrio. Um exemplo é o lagarto teju, introduzido em Fernando de
Noronha. O animal foi levado à ilha com o objetivo de exterminar os ratos
trazidos por embarcações desde os tempos coloniais. Porém, ratos não fazem
parte do cardápio dos lagartos. Além disso, roedores têm hábitos noturnos;
e os tejus, diurnos. O resultado é que os lagartos se tornaram predadores de
ovos de aves e tartarugas.
Nossa sugestão é que você utilize essa reportagem em sala de aula para promover
o ensino da Caatinga, seguindo os seguintes passos: Dê início à discussão sobre o
tema que inspira a reportagem - o desequilíbrio ecológico - informando a garotada
sobre o problema ocorrido na caatinga com a algaroba. Leve alguns textos para
a sala e faça uma leitura compartilhada. Em seguida, discuta o impacto causado
pela planta. Mostre imagens da caatinga e de outras paisagens do Brasil.
Questione em que região brasileira aparece a caatinga e por que ela é tão
seca. Pergunte também por que uma espécie estrangeira pode causar
desequilíbrio ecológico. Anote as respostas no quadro. Elas ajudarão os
alunos a fazer perguntas na hora de pesquisar. Vá com os alunos à biblioteca
e peça que indiquem fontes que desejam usar para obter outras informações
sobre a caatinga e os desequilíbrios ecológicos. Mapas, enciclopédias,
revistas, jornais, sites e livros didáticos são alternativas. Analise os materiais
e distribua-os entre os grupos para que todos possam oferecer contribuições
próprias na hora de socializar as descobertas.
Distribua os mapas físicos do Brasil e peça que a garotada identifi que as
regiões da caatinga, estabelecendo uma relação entre a vegetação e o clima.
Explore a linguagem cartográfi ca, seus símbolos, cores e signifi cados. Para
aprender a ler textos cartográfi cos, é preciso utilizá-los durante a resolução
de problemas como esse.
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Resumo
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Retome as questões apresentadas antes de iniciar a pesquisa: em que pontos
do Brasil podemos encontrar a caatinga? Por que essa é uma região tão
seca? Por que uma espécie de fora pode causar desequilíbrios em um
ecossistema? Os estudantes devem escrever as respostas. Questione: as
espécies competem entre si? Como se dá isso?
Aprofunde a discussão mencionando os outros casos de desequilíbrio
apresentados. Cada equipe amplia a pesquisa em casa e, com base
nas anotações, elabora um texto. Reserve uma aula para supervisionar
o trabalho fi nal, que deve incluir, além do texto escrito, mapas, fotos e
as ilustrações preparadas pelos próprios estudantes. Ajude a garotada a
montar a apresentação oral. Após o seminário, faça uma aula expositiva para
sistematizar o resultado dos estudos dos alunos, aprofundando o conceito
de equilíbrio ecológico.
Em linhas gerais, os objetivos são apreciar o texto literário, aprender a tomar
notas e a pesquisar, localizar nos mapas do Brasil diferentes tipos de vegetação
e relacionar informações sobre fl ora e clima da caatinga. Também, compreender
os impactos provocados pela algaroba na região e refl etir sobre o desequilíbrio
ecológico causado pela ação do homem na natureza.
Para realizar esse trabalho, os materiais que você vai precisar são mapas físicos
do Brasil, livros e textos sobre meio ambiente, imagens sobre a vegetação do
país, papel, lápis de cor e canetas hidrocor.
Leia a reportagem na íntegra e bom trabalho!
Nessa aula, apresentamos o estudo do meio para a promoção do ensino da
vegetação, especialmente na identifi cação de agentes causadores de impactos
sobre a vegetação local. Destacamos a necessidade de vincular o estudo do meio
com um dado projeto e, portanto, com o alcance de um objetivo previamente
definido. Por fim, você viu como sugestão de leitura complementar uma
reportagem publicada na Revista Nova Escola sobre introdução da algaroba nos
sertões nordestinos. Bons estudos!
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Autoavaliação
Quais as atividades impactantes sobre a vegetação local, aí na sua cidade? Descreva
estas atividades e relate detalhadamente as causas destes impactos
A partir do que você estudou nesta aula, elabore um plano de aula em que o estudo
do meio possa ser utilizado como estratégia de promoção do estudo da vegetação.
Apresente aqui seu plano.
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Geografi a.
Brasília: MEC/SEF, 1998.
FREIRE, Eliza M. Xavier (Org.). Recursos naturais das caatingas: uma visão multidisciplinar.
Natal: EDUFRN, 2009.
MAIA, Gerda Nickel. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. São Paulo: D & Z
Computação Gráfi ca e Editora, 2004.
PONTUSCHKA, Nídia N.; PAGANELLI, Tomoko L.; CACETE, Núria H. Para ensinar e aprender geografi a. São Paulo: Cortez Editora, 2007.
ROMANIZ, Dora de Amarante. Aspectos da vegetação do Brasil. 2. ed. São Paulo: Edição da
autora, 1996.